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Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 Aula 2 - 12/08 Exame Físico do Aparelho Respiratório ❖ O exame do tórax se inicia pelas mãos: baqueteamento digital, impregnação pela fumaça de cigarro, cianose (fenômeno de Raynaud); Exame de Tórax ❖ Posicionamento adequado do paciente: sentado, deitado, semi-recostado ou de pé; ❖ Ex.: no paciente com derrame pleural, na posição semi-recostado, o líquido fica na base do pulmão; ❖ Exposição do tórax; ❖ Inspeção estática e dinâmica; Projeções Pulmonares na parede anterior do tórax ❖ Limite superior anterior: 2cm acima da borda medial da clavícula; ❖ Limite inferior anterior: ao nível do 6º arco costal na linha hemiclavicular - apêndice xifóide; ❖ No 4º espaço costal na linha paraesternal direita: divisão do lobo superior e lobo médio; ● Mediastino: coração, traquéia, esôfago e grandes vasos. Fica localizado entre os 2 pulmões; ● Linhas tracejadas delimitando o parênquima pulmonar direito e esquerdo; ● Pulmão direito: 3 lobos (superior, médio e inferior) e 2 fissuras (horizontal e oblíqua). O lobo médio só tem referência anterior, posteriormente não tem essa divisão; ● Pulmão esquerdo: 2 lobos (superior, incluindo a língula e inferior) e 1 fissura (oblíqua); ● Lobo superior direito e esquerdo; ● Lobo inferior direito e esquerdo; ● Sem lobo médio; ● Na altura de T4 ocorre essa divisão dos lobos superiores e inferiores; ● Limite inferior: 4 dedos horizontais abaixo da ponta das escápulas Sequência do exame do tórax ❖ Sequência: inspeção, palpação, percussão e ausculta; ❖ Inspeção estática: ● Posição da traqueia: observar se está centralizada em relação ao esternocleidomastoideo. Mas, geralmente, as alterações torácicas só provocam desvios traqueais dentro do tórax, pouco visível na região cervical. ● Abaulamentos, retrações, lesões cutâneas: quando achar alterações, como cicatriz, é necessário descrever a localização, se está inflamada, se tem os sinais flogísticose etc; ● Formas de tórax: ➢ Tórax normal: o diâmetro ântero-posterior é menor do que o latero-lateral; ➢ Tórax em tonel: comum em pacientes com DPOC, diâmetro ântero-posterior está aumentando por aumento da retenção aérea. O pulmão fica hiperinsuflado empurrando o Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 esterno para frente e o diafragma para baixo (região abdominal). Há aumento do diâmetro ântero-posterior por causa do aumento da retenção aérea. A hiperinsuflação empurra o esterno para frente e o diafragma para baixo (radiografia); ➢ Tórax de pombo ou peito em quilha: alteração da forma do esterno, protraído. Pode ser uma má formação sem relação com doenças, ou pode estar relacionado a doenças; ➢ Pectus escavatum ou tórax em funil: processo estético, não há doenças relacionadas (raro ter); ➢ Cifoescoliótico: a cifoescoliose é um desvio anterior-lateral da coluna vertebral que provoca deformidade torácica e altera a dinâmica ventilatória dentro da caixa torácica. A capacidade de gerar pressão negativa fica muito comprometida e os pacientes puxam menos ar (ventilam menos) e ao longo prazo os gases sanguíneos são alterados e começam a reter CO2 e diminuir o O2. Com isso, a artéria pulmonar sofre vasoespasmo e começa a longo prazo a trazer alteração dessa troca gasosa e os pacientes começam a evoluir para um quadro de cor pulmonale (insuficiência do ventrículo direito causada por uma doença pulmonar), podendo levar a falência cardíaca direita e até respiratória; ➢ Ginecomastia: é a presença de tecido glandular desenvolvido no paciente do sexo masculino; ➢ Linhas do tórax: ● Região supraclavicular direita e esquerda; 2 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ● Região infraclavicular direita e esquerda; ● Região mamária direita e esquerda; ● Região infra mamária direita e esquerda; ● Região esternal; ● Região supra escapular direita e esquerda; ● Região escapular direita e esquerda; ● Região infra escapular direita e esquerda; ● Região interescapulovertebral direita e esquerda; ● Região axilar; ● Região infra axilar. ❖ Inspeção dinâmica: ● Não podemos avisar ao paciente que iremos analisar sua frequência respiratória; ● É necessário que o paciente retire a camisa para melhor visualização do tórax; ● Ritmo respiratório: ➢ Normal/usual: é atípico; ➢ Taquipnéia: acima de 20 rpm; ➢ Dispnéia Suspirosa: volume corrente usual, inspira mais profundamente, não é associada a patologia; ➢ Ritmo de Biot: volume corrente se altera/sem regularidade, não tem ritmicidade/valores homogêneos. Está relacionado a doenças do SNC - traumatismo cranioencefálico, AVC; ➢ Ritmo de Cantani: não tem pausas inspiratórias e expiratórias, ritmo rápido e amplo, o volume corrente aumentado. Está relacionado a cetoacidose diabética; ➢ Ritmo de Kussmaul: volume grande, pausa, volume grande, pausa. Está relacionado a acidose metabólica (cetoacidose diabética); ➢ Ritmo de Cheyne-Stokes: volume corrente pequeno e vai aumentando aos poucos, depois vai fazendo o caminho inverso até dar uma pausa (apneia) e vai crescendo de novo. Está associado a insuficiência cardíaca grave; 3 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ● Sinais de esforço respiratório: ➢ Tiragem intercostal: retração da pele entre um arco intercostal e outro; ➢ Tiragem subcostal: limite inferior torácico (rebordo costal) retraído na inspiração; ➢ Retração na fúrcula esternal: no ângulo do manúbrio; ➢ Uso de musculatura acessória cervical: esternocleidomastóideo e os escalenos; ➢ Batimentos de asas do nariz; ➢ Respiração paradoxal: há tiragem intercostal. O paciente inspira e o abdome retrai, porque o diafragma já perdeu sua função, entrou em fadiga. Só a musculatura intercostal está funcionando de maneira mais intensa, aí quando o paciente inspira, o diafragma é sugado para dentro do tórax; ➢ Cornagem: gera um ruído por causa do esforço respiratório (mais intenso na fase inspiratória) - sinal de obstrução de vias aéreas inferiores (laringe ou traqueia) - é sinal de urgência ou emergência; ❖ Palpação: ● Pontos dolorosos: perguntar ao paciente se tem algum ponto no tórax que está doendo. Se tiver é necessário identificar o que é: processo inflamatório da parede torácica, fratura costal, distensão de musculatura torácica. A dor pleurítica não piora com a palpação; ● Expansibilidade torácica: é avaliada nas regiões superiores e inferiores do tórax (anteriormente e posteriormente). ➢ Observar se, na inspiração, o tórax expande em ambos os lados em quantidade e simetria; ➢ Quando o paciente insufla o tórax carrega os polegares para distante da linha média, caso a mão afaste pouco é porque está insuflando pouco e se afastar significativamente é porque está insuflando bem; ➢ Na região anterior é mais difícil identificar a expansão e na região inferior posterior é o melhor local para ser avaliado; 4 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ● Frêmito toracovocal: percepção da vibração da parede torácica gerada a partir da vocalização do paciente (fala em voz alta “33”); ➢ Colocar os dedos apoiados firmemente na parede torácica, pode ser na horizontal ou vertical (tem que ser em cima do parênquima pulmonar, não pode ser sob estrutura óssea); ➢ É necessário avaliar se está simétrico nas mesmas regiões (direita e esquerda), se estiver assimétrico é porque tem algum problema; ➢ Ele é mais intenso nas regiões centrais do tórax, próximo a região esternal, e nas regiões superiores. Nas porções mais inferiores e periféricas o frêmito fica menos intenso; ➢ Pesquisa em “barra grega”: faz um lado, vai para o outro lado e desce. ● Frêmito pleural: percepção do processo inflamatório pleural com frêmito localizado na parede torácica. É mais raro; ❖ Percussão: ● Som claro atimpânico: pulmão/parênquima pulmonar normal; ● Som maciço: é muito comum em pacientes com: derrame pleural, condensação - pneumonia, atelectasia - colapso pulmonar; ● Som submaciço (quase maciço): exemplo em pacientes com superposição do pulmão com fígado; ● Hiper-ressonante (enfisematoso): o volume de ar é maior/além do normal, o pulmão está hiperaerado. Ex.: na DPOC; 5 Ana Júlia Ornelas Piedade- MED 104 ● Timpânico (pneumotórax): é difícil diferenciar do hiper-ressonante. No pneumotórax não tem parênquima pulmonar, ele está colapsado pois o espaço pleural foi preenchido por ar e comprimiu o pulmão. ● Técnica: apoiar apenas a falange distal do dedo médio na horizontal, no espaço intercostal. O que mexe, do dedo que vai percutir, é apenas o punho e não o braço inteiro. Percutir 2 vezes no mesmo local e depois passar para o próximo local; ● Não é necessário percutir na região supraclavicular, pode começar pela infraclavicular; ● Na região 4, do lado esquerdo, vai gerar um som submaciço, pois é a localização do coração com o pulmão recobrindo ele; ● Anteriormente: a percussão é feita na linha hemiclavicular; ● Posteriormente: a percussão é feita na linha interescapulovertebral. ❖ Ausculta: ● Regiões: torácica anterior e posterior; ● Localização anatômica; ● Sons normais: ➢ Murmúrio vesicular: na periferia - gera menos ruído; ➢ Broncovesicular: no terço superior do tórax/pulmão; ➢ Bronquial: região esternal; ➢ Traqueal: na região cervical (não usamos). ● Ruídos adventícios: associados à doença. ➢ Contínuos: sibilos (asma) e roncos (secreção nas vias aéreas); ➢ Descontínuos: crepitações finas e grossas (gerados pelas pequenas vias aéreas - bronquíolos terminais); ➢ Ruídos gerados durante a fala do paciente: broncofonia, egofonia, pectorilóquia afônica (ler a teoria no livro); ➢ Grasnido: som particular de pequenas vias aéreas e da respiração. 6 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ● Ruídos anormais: ➢ Grandes vias aéreas (traquéia/brônquios fonte): estridor (não precisa de estetoscópio); ➢ Pleura: atrito pleural. ● Crepitantes Finos: audíveis ao final da inspiração, sons agudos, de curta duração e não se modifica com a tosse; ● Crepitantes Grossos: audíveis no início da inspiração e toda expiração, sons graves e modificam-se com a tosse. ❖ Particularidades ● Cuidados com a biossegurança: proteção com a máscara; ● Observar a manobra ventilatória orientada: estimule o paciente a respirar profundamente pela boca; ● A memória auditiva é importante (o que é normal ?): importante saber identificar o ruído pulmonar normal e anormal; ● Considere as características anatômicas e o biotipo do paciente. Ex.: na obesidade mórbida a transmissão do ruído pulmonar é reduzida por causa do panículo adiposo aumentado; ● Realize a ausculta com conhecimento da anatomia. 7