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- -1 MICROBIOLOGIA E BIOTECNOLOGIA AMBIENTAL UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À MICROBIOLOGIA Dra. Danila Vedovello - -2 Introdução Nesta unidade, iniciaremos o aprendizado da Microbiologia, ciência que estuda os seres microscópicos, ou seja, aqueles que são visíveis apenas com o uso de microscópio. Como você imagina que ocorreu o desenvolvimento da Microbiologia? Sabe o que se pensava sobre microrganismos no passado, antes do advento do microscópio? Você verá as etapas do desenvolvimento da Microbiologia, desde as primeiras teorias, que sugeriam a presença de seres invisíveis na geração de doenças, os estudos iniciais de visualização dos microrganismos em microscópio, e a comprovação científica de sua existência, e conhecerá os cientistas que participaram desses avanços. Como você já deve saber, conhecemos os microrganismos como seres patogênicos, mais especificamente como agentes infecciosos, ou etiológicos. Eles são, muitas vezes, chamados de “germes” pela população leiga, por sua capacidade de provocar doenças, ou de “micróbios”, por seu tamanho diminuto. Mas será que eles trazem algum benefício ao ser humano e ao meio ambiente, ou só malefícios? Uma pesquisa rápida pela palavra “microrganismo” em sistemas de busca da Internet resultará em imagens de fungos, bactérias e vírus patogênicos. Porém, você verá nas próximas páginas que sua atuação se dá em diferentes esferas. Veremos também a grande diversidade dos microrganismos, suas características, grupos distintos e classificação. Além disso, conheceremos diversos locais em que habitam e a importância deles na manutenção do equilibro ambiental. Será possível a adaptação deles a qualquer tipo de ambiente? Para obter as respostas a essas e outras questões, prossiga com a leitura. Bons estudos! 1.1 Histórico da microbiologia, seus objetivos e aplicações Os microrganismos são utilizados pelo homem desde a antiguidade, mesmo que de forma não intencional. A longo dos anos, com o desenvolvimento da ciência e com o aumento do conhecimento do ser humano sobre as relações com outros seres vivos, os microrganismos foram revelados à humanidade. Inicialmente como responsáveis por produzirem doenças, sendo depois compreendido seu emprego na produção de alimentos e bebidas. Atualmente, é conhecida a sua permanência em praticamente todos os ambientes da Terra. O avanço da ciência não permitiu apenas que conhecêssemos os microrganismos, mas também que conhecêssemos sua importância para o meio ambiente, sua preservação e manutenção do equilíbrio ambiental. Também foi possível compreender seus mecanismos de reprodução, crescimento e metabolismo, o que é importante nos processos biológicos de produção. 1.1.1 Microrganismos na Antiguidade Os microrganismos eram utilizados com fins alimentícios muito antes da descoberta de sua existência. Na Antiguidade, utilizava-se o processo de fermentação para a produção de pães e vinhos de forma desconhecida (MADIGAN et al., 2004). Acredita-se, por exemplo, que o vinho tenha sido produzido inicialmente na região da Turquia, 6.000 a.C., produção que somente depois ocorreu na Europa, mais especificamente na Grécia, 6.500 anos (a.C.) atrás. Já os pães eram produzidos no Egito Antigo, em torno de 4000 a.C., de forma semelhante à produção atual. Porém, estudos eficientes de compreensão e de identificação desses microrganismos só vieram a ocorrer após a suposição de que eles eram responsáveis por doenças como a peste negra e a cólera, que devastaram populações na Idade Média europeia. - -3 1.1.2 Descobertas científicas O estudo dos microrganismos foi possível apenas após o melhoramento dos microscópios, instrumentos inventados no século XVI por Hans Janssen e Zacharias Janssen (GUERRA, 2016). A invenção dos Janssen foi aperfeiçoada pelo holandês Antony van Leeuwenhoek, que, com isso, conseguiu fazer as primeiras descrições científicas dos microrganismos. Por essa razão, van Leeuwenhoek é conhecido como o pai da Microbiologia (TRABULSI; ALTERTHUM, 2015). Figura 1 - Reprodução dos desenhos encontrados na Tumba de Ramesses III, mostrando várias formas de preparação de pães. Fonte: Wikimidia Commons, 2007. No século XIX, ainda se acreditava que a vida era gerada de forma espontânea, prática conhecida como “Teoria da Geração Espontânea”, ou Abiogênese. Essa teoria, defendida pelo filósofo Aristóteles, considerava a existência de um princípio ativo responsável pelo desenvolvimento da vida (GUERRA, 2016). Acreditava-se que a vida poderia ser gerada espontaneamente, a partir de diversos tipos de materiais inanimados e da matéria bruta. Uma vez que a ciência é constituída por provas e formada por um método que inclui formulação de hipótese, experimentação e observação dos resultados, a Teoria da Geração Espontânea não poderia ser comprovada. Louis Pasteur, cientista francês, realizou diversos experimentos para derrubá-la. Em seus experimentos, Pasteur criou um frasco que continha uma dobra que impedia a passagem do ar do ambiente externo para o ambiente interno, conseguindo, dessa forma, confirmar a presença de microrganismos no ar (MADIGAN et al., 2004). No modelo de frasco criado por Pasteur, o conteúdo interno se mantinha intacto, sem contaminação por nenhum microrganismo. Além desse experimento, Pasteur criou um método de por meio do aquecimento de uma solução até antes do ponto de ebulição, seguidaeliminação de microrganismos de resfriamento rápido. Esse processo é conhecido como “Pasteurização”, sendo utilizado até hoje para esterilização de leite e derivados, e para esterilização de outros produtos alimentícios (MADIGAN et al., 2004). - -4 Figura 2 - Tubos produzidos por Louis Pasteur, que comprovaram a existência de microrganismos no ar. Fonte: MADIGAN et al., 2004, p. 12. - -5 Tenha em mente que antes mesmo da comprovação científica da existência dos microrganismos, os naturalistas apontavam que algumas doenças eram causadas por germes. A primeira investigação epidemiológica de uma doença ocorreu em Londres, 1854, quando o médico John Snow traçou um percurso de disseminação da cólera através dos condutos de água da cidade, mostrando que existia um agente causador dessa doença, chamado por ele de “veneno mórbido”, que era transmitido pela água (TIETZMANN, 2014). Fundamentado pelos estudos de Pasteur, Robert Koch, médico alemão, desenvolveu métodos de cultivo de bactérias e, assim, conseguiu isolar e descrever a bactéria causadora do Carbúnculo, o ,Bacillus anthracis descobrindo também a bactéria causadora da Tuberculose, o (Bacilo de Koch)Mycobacterium tuberculosis (GUERRA, 2016). Koch criou os “Postulados de Koch”, uma metodologia que usa quatro critérios para estabelecer a relação causal entre um agente etiológico e uma doença (TRABULSI; ALTERTHUM, 2015). Para conhecê-los, clique nos itens abaixo. Os microrganismos devem estar presentes em todos os casos de doença. Os microrganismos devem ser isolados do hospedeiro com a doença e cultivados em cultura pura. A doença deve ser reproduzida quando o microrganismo for inoculado em um hospedeiro suscetível saudável. Os microrganismos devem ser recuperáveis a partir do hospedeiro infectado experimentalmente. Perceba que são, portanto, o melhoramento do microscópio e o cultivo de bactérias os dois pilares que construíram a Microbiologia atual. Porém, a ciência continuou evoluindo: os primeiros tratamentos contra esses agentes infecciosos microscópicos foram desenvolvidos pelo bacteriologista alemão Paul Ehrlich, por meio de um macerado de tinturas que coravam bactérias, base para a criação da metodologia de identificação de Gram, utilizada até hoje (TRABULSI; ALTERTHUM, 2015) Após essa primeira experiência de formulação de um o biólogo britânico principaltratamento específico para bactérias, Alexander Fleming, de forma acidental, criou o antibiótico utilizado no tratamento enquanto estudava o produto de excreção de um fungo que curiosamentematava bactérias (MADIGAN et al., 2004). Esse fungo passou a se chamar “ ”, por suaPenicillium notatum capacidade de excretar penicilina. 1.2 Características dos microrganismos Como você já deve saber, os microrganismos mais conhecidos são as bactérias, mas existe uma ampla variedade deles. Protozoários, fungos e vírus são exemplos de outros microrganismos que, como apresentado anteriormente, têm sua visualização possibilitada pelo uso de microscópio, devido ao seu reduzido tamanho. Conheceremos suas características ao longo das próximas páginas. VOCÊ QUER VER? O documentário dramático “ ” de Frank Gillard, Arthur Lowe e James GroutMicrobes and Men conta história e as descobertas de Louis Pasteur e Robert Koch. Esse documentário foi inicialmente apresentado como série de TV, com seis episódios, em 1974. Saiba mais em: < >.https://www.imdb.com/title/tt0884759/ - -6 1.2.1 Classificação dos Microrganismos Apensar de diminutos, além dos microrganismos unicelulares (formados por apenas uma célula), existem também microrganismos pluricelulares (formados por um conjunto de células). Essa variedade não está apenas na quantidade de células presentes no organismo, mas também no tipo dessas células, que podem ser primitivas ou especializadas. Entenda que o conhecimento de cada umas das características dos microrganismos é importante para sua identificação, comparação com outros grupos e classificação. Figura 3 - Esquema de classificação dos cinco reinos dos seres vivos. Fonte: Elaborada pela autora, adaptada de TRABULSI; ALTHERTUM, 2015. VOCÊ SABIA? Células primitivas não possuem a membrana que separa o material genético do resto dos componentes celulares (organelas). Essa membrana chama-se “carioteca”, e, por não apresentarem carioteca, essas células são chamadas de “células procariontes” (do Latim “ ”,pro primitivo, e “ ”, carioteca). Células procariontes também não apresentam organelas,carionte como as Mitocôndrias (que fazem a respiração celular), Complexo de Golgi (com função de secreção de proteínas) e o Fuso Mitótico (que separa os cromossomos durante a divisão celular). Já as células mais desenvolvidas possuem carioteca, e diversas organelas adicionais com funções bem definidas. Por essa razão, são denominadas células “eucariontes”. - -7 Fonte: Elaborada pela autora, adaptada de TRABULSI; ALTHERTUM, 2015. A área da Biologia que caracteriza, descreve e classifica os seres vivos é a Sistemática, composta pela taxonomia convencional, que, em geral, utiliza a morfologia para classificação dos seres vivos em “ ”, isto é, grupostáxons com características semelhantes. A Sistemática atual também se orienta de acordo com características genéticas dos seres vivos e suas relações evolutivas, inferidas por meio de estudos de Filogenia (TRABULSI; ALTHERTUM, 2015). Até a segunda metade do século XX, eram conhecidos cinco grandes reinos de seres vivos (TRABULSI; ALTHERTUM, 2015), os quais listamos a seguir; clique nas abas e confira! R e i n o Monera Que incluía seres procariontes como as bactérias, as cianobactérias e as arqueobactérias (bactérias primitivas). Reino Fungi Que incluía seres eucariontes unicelulares, como as leveduras, e pluricelulares, como os bolores e cogumelos. R e i n o Plantae Que agrupava seres pluricelulares e eucariontes que apresentam cloroplastos, como as plantas. R e i n o Animalia Que incluía os animais, seres pluricelulares e eucariontes. R e i n o Protista Seres eucariontes que não se enquadravam em nenhum dos outros reinos, como os protozoários. Os vírus, por sua vez, eram classificados em um reino à parte, por não serem considerados “seres vivos”. Figura 4 - Fluxograma de táxons dos organismos de acordo com sua complexidade. Fonte: Elaborada pela autora, 2019. A nova classificação, proposta em 1977 por Carl Woese, microbiologista norte-americano, incluiu a classificação VOCÊ O CONHECE? Carl Nilsson Linnaeus, ou Carlos Lineu (1707-1778), médico e botânico sueco que foi o criador do sistema de nomenclatura dos seres vivos, a nomenclatura binária (ou binomial). Seu sistema de nomenclatura definia o nome científico de uma espécie com o uso apenas do gênero e da espécie, sem necessidade de utilizar os outros níveis de classificação, como família, ordem e outros. Esse sistema binário, criado para identificação de plantas, é utilizado até hoje para nomear cientificamente qualquer ser vivo, com exceção dos vírus. - -8 A nova classificação, proposta em 1977 por Carl Woese, microbiologista norte-americano, incluiu a classificação dos “domínios” acima dos “reinos”. Assim, são atualmente conhecidos os domínios “Archaea”, “Bacteria” e “Eukarya”. • Domínio Archaea: inclui os organismos procariontes e unicelulares. São organismos morfologicamente semelhantes às bactérias, porém primitivos geneticamente, habitando ambientes extremos (alta salinidade e temperatura e baixo pH), ricos em enxofre e metano. • Domínio Bacteria: inclui as bactérias. • Domínio Eukarya: inclui todos os organismos eucariontes como protozoários, algas, fungos, plantas e animais, independente da complexidade. • Um quarto domínio, denominado , é conhecido por compreender os vírus, que Aphanobionta apresentam classificação diferenciada. Figura 5 - Comparação da classificação dos seres vivos antes e após estudos filogenéticos. À esquerda, a filogenia baseada na classificação dos cinco reinos, e, à direita, a nova classificação com base na diferenciação genética dos seres pertencentes aos três domínios. Fonte: Elaborada pela autora, 2019 Conhecendo a classificação dos microrganismos, passamos agora à diversidade microbiana. 1.3 Diversidade Microbiana Tenha em mente que os microrganismos se encontram em praticamente todos os ambientes da natureza. Em ambientes com presença ou não de oxigênio, com temperatura amena, boa umidade do ar e com disponibilidade nutricional, ou em ambientes extremos. Dentre os grupos conhecidos, estão os protozoários, as bactérias, os fungos e os vírus, sendo que cada um deles pode habitar diversos ambientes. Vamos saber mais a respeito desse assunto a partir de agora. 1.3.1 Protozoários Os protozoários são eucariontes que vivem de forma isolada ou em colônias. A reprodução pode ocorrer de forma assexuada (por simples divisão celular) ou sexuada, (com união de gametas). São seres autótrofos (obtêm energia com a fotossíntese) ou heterótrofos (que se alimentam de outros organismos). Esse grupo varia muito • • • • - -9 forma assexuada (por simples divisão celular) ou sexuada, (com união de gametas). São seres autótrofos (obtêm energia com a fotossíntese) ou heterótrofos (que se alimentam de outros organismos). Esse grupo varia muito quanto à forma, dimensões, estrutura e características fisiológicas. De acordo com o meio de locomoção, são divididos em quatro grupos (NEVES, 2016): ciliados; flagelados; rizópodos; e esporozoários. Saiba mais sobre cada um deles clicando nas setas a seguir. Ciliados: que possuem pequenos e numerosos cílios usados na locomoção. Flagelados: que possuem um único flagelo usado na propulsão. Rizópodos: que formam estruturas denominadas “pseudópodos”, que servem tanto para locomoção como para alimentação. Esporozoários: que não apresentam estruturas de locomoção, mas formam esporos que são transportados no ambiente pelo ar. Uma característica diferenciada dos protozoários é que, em uma fase do ciclo de vida, eles podem se tornar inativos no ambiente, formando cistos que os protegem de temperaturas baixas ou ressecamento. Essa forma de cisco ocorre no protozoário flagelado , que causa a giardíase, e com o protozoário esporozoário Giardia lamblia causador da Toxoplasmose (RUPPERT; FOX; BARNES, 2005).Toxoplasma gondii, Figura 6 - Ilustração de uma Entamoeba histolytica, protozoário unicelular responsável pela amebíase, infecção no intestino grossoque provoca fortes dores abdominais, febre e diarreia. Fonte: Lukiyanova Natalia, Shutterstock, 2019. - -10 Veremos, agora, as bactérias! 1.3.2 Bactérias As bactérias são microrganismos unicelulares e procariontes, que podem ser autotróficas, produzindo energia por meio de fotossíntese ou quimiossíntese, ou heterotróficas, que retiram energia dos alimentos adquiridos de outros seres vivos. Podem apresentar diversas morfologias, como bacilos, cocos e espirilos. • Bacilos: formato de bastões. • Cocos: formato esférico. • Espirilos: bactérias espiraladas. As células bacterianas apresentam uma membrana plasmática que é preenchida por citoplasma, contendo organelas e material genético. Além da membrana plasmática, existe uma parede celular formada por peptideoglicanos, com função de proteção. Devido à sua diferente composição, a parede celular é ou não sensível a corantes, como o cristal violeta. Essa característica tornou possível a separação das bactérias em dois grupos, dependendo da capacidade de reter ou não o corante (TRABULSI; ALTHERTUM, 2015). Para conhecê-los, clique nas abas abaixo. • Gram-positiva Parede celular simples, mas com grande quantidade de peptidoglicano. • Gram-negativa Parede celular complexa, com menor quantidade de peptidoglicano, mas com presença de lipopolissacarídeo, o que aumenta a patogenicidade (capacidade de causar doenças mais graves). A reprodução se dá de forma assexuada, por meio de divisão binária. Porém as bactérias apresentam um DNA circular, denominado “plasmídeo”, que tem duplicação independente e pode ser transmitido para outras bactérias, criando bactérias resistentes (MADIGAN et al., 2004). Saiba, desde já, que plasmídeos são muito utilizados em Biotecnologia. VOCÊ SABIA? “Poluição biológica” é o termo utilizado para designar um ambiente contaminado por microrganismos patogênicos, como rios, lagos e reservatórios de água potável. Esses microrganismos provocam doenças nos seres humanos pela ingestão da água contaminada. Parasitas, principalmente protozoários, são as principais causas dessas doenças de veiculação hídrica. Contudo, saiba que a presença desses parasitas na água pode também ser indicativo de outras formas de poluição devido à acumulação de metais (SURES et al., 2017). • • • • • - -11 Figura 7 - Ilustração de uma bactéria Gram-negativa, do tipo bacilo, como o Vibrio cholerae, causador da cólera. Fonte: Lotus_studio, Shutterstock, 2019. A respiração e busca energética pode ocorrer de forma anaeróbia, ou seja, sem a presença de oxigênio (por processos fermentativos), aeróbia, com a presença de oxigênio, ou, em alguns casos, de forma anaeróbia facultativa (TRABULSI; ALTHERTUM, 2015). Agora, chegou a vez de estudarmos os fungos. 1.3.3 Fungos Os fungos são seres eucarióticos heterotróficos, que captam energia por meio do consumo de matéria orgânica. São seres aeróbios em sua maioria, porém existem fungos anaeróbios, que buscam oxigênio pelo processo de fermentação, da mesma forma que as bactérias anaeróbias. Figura 8 - Ilustração de leveduras do tipo Saccharomyces cerevisiae, que obtêm energia por meio de fermentação alcoólica, sendo amplamente utilizadas na produção de cerveja. Fonte: Knorre, Shutterstock, 2019. - -12 alcoólica, sendo amplamente utilizadas na produção de cerveja. Fonte: Knorre, Shutterstock, 2019. Seres do grupo dos fungos apresentam parede celular composta por quitina e material genético (DNA) envolvido por carioteca. Podem ser pluricelulares, como os bolores, ou unicelulares, como as leveduras. No caso dos bolores, ocorre a produção de hifas, que são conjuntos de células ligadas com finalidade de proteção. O conjunto dessas hifas chama-se “micélio”, componente que pode ser observado a olho nu (ESPOSITO; AZEVEDO, 2010). A alimentação é realizada por meio da liberação de enzimas digestivas, que degradam o material orgânico para que ele seja absorvido. Por essa razão, muitos deles são saprófagos (organismos que decompõem matéria orgânica). Outras espécies de fungos são parasitas e podem estabelecer relações mutualísticas com outros organismos, ou relações de simbiose, como no caso dos líquens. Os líquens são organismos simbióticos formados por fungos e cianobactérias (tipo de alga rudimentar), e podem ser observados na casca das árvores (ESPOSITO; AZEVEDO, 2010). 1.3.4 Vírus Os vírus pertencem a um grupo de microrganismos incomum, sendo parasitas intracelulares obrigatórios. Em outras palavras: para se replicarem, eles precisam de uma célula hospedeira. Não são formados por células vivas e, por essa razão, agem como organelas extracelulares, infectando a célula hospedeira e determinando que ela faça a replicação do seu genoma (FIELDS; KNIPE; HOWLEY, 2013). Sua classificação taxonômica, perceba, também não segue os princípios de classificação binária de Lineu. Os vírus são nomeados de acordo com o sintoma produzido, o hospedeiro infectado, seguido da terminação “vírus”. Um exemplo típico de nomenclatura de vírus é o que provoca a AIDS, que tem como nome oficial “Vírus da Imunodeficiência Humana”, ou Human Immunodeficiency Virus (HIV) (ICTV, 2018). Apresentam diversos formatos e material genético formado por RNA ou DNA, que pode ser de fita dupla ou fita única. São classificados de acordo com o material genético em sete grupos distintos (ICTV, 2018). Clique nos itens para conhecê-los. Grupo I CASO As enzimas são proteínas versáteis e fáceis de manipular, que atuam como catalisadoras de reações químicas, sendo utilizadas em processos biológicos (bioprocessos), área em expansão na Biotecnologia (ORLANDELLI et al., 2012). Como sabemos, fungos, como as leveduras, são produtores de enzimas. Por meio de seu processo fermentativo, eles excretam enzimas que podem ser de interesse para diversas áreas (agronegócio, Medicina, diagnósticos, meio ambiente etc.). Na indústria, após a fermentação das leveduras, é retirado o material excretado e, a partir daí, as enzimas são purificadas e empregadas em funções específicas. Atualmente, enzimas como xilanases estão sendo utilizadas na indústria de papel e celulose, para branqueamento das pastas. Isso ocorre porque o composto utilizado anteriormente para esse objetivo era o cloro, que é tóxico ao ambiente (PAIVA; SÁ-PEREIRA, 2008). Temos aqui, portanto, um exemplo do uso da Biotecnologia e de bioprocessos no melhoramento industrial e na preservação do ambiente. - -13 Grupo I dsDNA: vírus de dupla fita de DNA. Grupo II ssDNA: vírus de DNA em fita única. Grupo III dsRNA: vírus de dupla fita de RNA. Grupo IV (+)ssRNA: vírus de RNA em fita única sentido positivo. Grupo V (-)ssRNA: vírus de RNA em fita única sentido negativo. Grupo VI ssRNA-RT: vírus de RNA em fita única com transcriptase reversa. Grupo VII dsDNA-RT: vírus de DNA em fita única com transcriptase reversa. As partículas virais são formadas por ácido nucleico, que pode ser DNA ou RNA, como já mencionado, e um envoltório proteico chamado “capsídeo”, que quando acoplado ao ácido nucleico passa a se chamar “nucleocapsídeo”. Algumas espécies apresentam um envelope glicoproteico. Podem ser icosaédricos ou helicoidais, mas existem alguns com estruturas mais complexas, como os que infectam as bactérias (KORSMAN, 2014). Figura 9 - Ilustração de um vírus icosaédrico, mostrando as proteínas de superfície que servem como meio de fusão do vírus na célula hospedeira. Um exemplo desse tipo de vírus é o vírus da influenza, que provoca a gripe comum. Fonte: Rost-9D, iStock, 2019. - -14 Os vírus são patógenos importantes em Saúde Pública, pois não possuem tratamento específico, como no caso das bactérias e fungos, para as quais existem antibióticos e antifúngicos. Algumas espécies, causadores de doenças de grande impacto, já possuem antivirais específicos, mas o tratamento das doenças ocorre na maioria dos casos pela melhora dos sintomas.Apesar de serem um sério problema de Saúde Pública, sua simplicidade estrutural é muito aproveitada em Biotecnologia, como forma de vetores de clonagem e vetores de expressão de proteínas, além da utilização na produção de vacinas. 1.4 Microrganismos bioindicadores do ambiente Os microrganismos estão presentes em todos os ambientes do planeta e são adaptados a diversas situações. Como você já deve saber, são conhecidos por sua capacidade de produzir doenças, porém eles também apresentam grande importância na manutenção do equilíbrio ambiental. Esses microrganismos são muitas vezes utilizados como indicadores de qualidade do ambiente, e, por essa razão, são conhecidos como biondicadores, ou biomarcadores. A presença ou ausência desses organismos, ou de produtos de seu metabolismo, pode indicar se o ambiente está em condições abióticas ou bióticas (com ou sem vida). Fatores que influenciam na qualidade do ambiente são, portanto, a presença ou ausência de microrganismos específicos, que pode ocorrer por meio de contaminação humana, fecal, pelo supercrescimento de patógenos ou contaminação pós-processos. 1.4.1 Microbiologia aquática A água é um habitat para muitos microrganismos, tanto o ambiente salino (mar) quanto a água dos rios, lagos e estuários, como lençóis freáticos. Alguns desses microrganismos são habitantes naturais de ambientes aquáticos, enquanto outros são transportados para a água pelo solo ou pelo ar. Os microrganismos presentes na água podem mudar a composição química da água, abastecendo outros organismos com seus nutrientes, ou funcionando como veículos de transmissão de doenças. A população desses microrganismos está intimamente relacionada às condições físicas e químicas desses ambientes. Os fatores relacionados à permanência dos microrganismos no ambiente são (MADIGAN et al., 2004): • temperatura; • pressão hidrostática; • disponibilidade de luz; • salinidade; • turvação; • concentração hidrogênica (pH); • constituintes orgânicos e inorgânicos. Normalmente, há baixa diversidade de microrganismos em um ambiente aquático. Porém, com aumento da disponibilidade de matéria orgânica, organismos encontram mais alimento e se proliferam, provocando superpopulação. O aumento dessa superpopulação provoca desequilíbrios e morte do ambiente, como no caso VOCÊ QUER LER? “ ” livro de Stefan Cunha de Ujvari, da editoraA história da humanidade contada pelos vírus Contexto, traça um paralelo entre o desenvolvimento da sociedade humana em relação ao seu contato com micróbios, como vírus, bactérias e outros parasitas (UJVARI, 2009). • • • • • • • - -15 superpopulação. O aumento dessa superpopulação provoca desequilíbrios e morte do ambiente, como no caso da eutrofização. Ambientes aquáticos apresentam camadas denominadas como zona litoral, em contato com o solo (onde há troca de organismos entre a região do solo e da água), zona limnética, ou zona fótica (onde há luminosidade e penetração de luz), zona profunda ou afótica (onde não há penetração de luz), e, por fim, a zona bêntica ou bentônica (região no fundo do ambiente aquático, onde há contato com o solo e existem sedimentos) (MADIGAN et al., 2004). Em cada uma dessas zonas há uma especialização de tipos plantas, animais e microrganismos. Em relação à zona limnética, é comum a presença de protozoários flagelados, diatomáceas (algas unicelulares) e plânctons (fitoplânctons – algas e cianobactérias; e zooplânctons – protozoários). Na zona profunda, por não haver disponibilidade de luz, há a presença de microrganismos heterotróticos ou autotróficos quimiossintéticos. Já na zona bêntica, encontram-se os microrganismos bentos, que vivem em contato com o substrato (fundo dos lagos, rios e mares), sendo essa região composta principalmente por bactérias (REICHARDT; TIMM, 2016). 1.4.2 Microbiologia do solo O solo é o substrato onde ocorre a vida animal e vegetal. Pode ser classificado como solo mineral (composto matéria sólida inorgânica) e solo orgânico (composto principalmente por matéria orgânica e quase nenhum composto inorgânico). A quantidade de água presente depende da região geográfica em que se encontra, e a atmosfera interna depende dos processos biológicos que ocorrem no interior. Saiba que, nos solos, a grande quantidade de microrganismos encontrados pertence ao grupo das bactérias. No entanto, são encontradas também centenas de espécies de fungos e protozoários, principalmente os flagelados, que se alimentam pela ingestão de bactérias (NEPOMUCENO, 2015). Os microrganismos do solo são responsáveis pelas transformações biogeoquímicas essenciais para a manutenção da vida no planeta. Nesse ambiente, encontram-se as bactérias fixadoras de nitrogênio e os fungos micorrízicos arbusculares, que auxiliam a entrada de oxigênio nas raízes de plantas (GOI; SOUZA, 2006). As atividades biogeoquímicas que os microrganismos promovem no solo estão relacionadas ao ciclo do nitrogênio, do carbono e do enxofre, que explicaremos a seguir. Clique nas abas e confira! Ciclo do nitrogênio A ação de enzimas proteolíticas de algumas bactérias auxilia na quebra de proteínas e na disponibilização de aminoácidos no ambiente, além da oxidação da amônia e transformação da mesma em nitrato, fundamental para a fertilidade do solo. A matéria orgânica é formada fundamentalmente por carbono. O carbono fixado nas VOCÊ SABIA? O processo de morte dos rios, chamado de eutrofização, ocorre devido ao aumento de matéria orgânica, como nitrogênio e fósforo, desejada nos rios por esgotos domésticos ou industriais. Com esse aumento, microrganismos encontram abundância de alimentos e, por consequência, sua população aumenta. Quando isso acontece, esgota-se a fonte de oxigênio da água, promovendo o aumento de microrganismos anaeróbios e decompositores, o que causa o odor típico de rios como Tietê e Pinheiros, em São Paulo (BARROS, 2014). - -16 Ciclo do carbono A matéria orgânica é formada fundamentalmente por carbono. O carbono fixado nas plantas por meio da celulose serve de alimento para bactérias, estabelecendo um equilíbrio no ambiente. Ciclo do enxofre Alguns microorganismos oxidam ou reduzem compostos de enxofre, assim esses compostos podem ser absorvidos por vegetais. Além das transformações citadas acima, outros elementos (como cálcio, ferro e alumínio) são produzidos no solo pela ação de microrganismos. Também há a oxidação de ferro e manganês em sais solúveis ferrosos e manganosos, o que aumenta a disponibilidade de nutrientes no solo. Algumas bactérias agem na degradação de pesticidas e podem ter importante ação na recuperação de ambientes (NEPOMUCENO, 2015). 1.4.3 Microbiologia do ar Tenha em mente que a microbiota do ar é transitória e variável, sendo o ar veículo de transporte de esporos de fungos, de bactérias e vírus. Alguns microrganismos têm o ar como parte do seu ciclo de vida, seja para transporte, seja para reprodução. Esse transporte pode ocorrer pela ação de correntes de ar ou por gotículas, como no caso de doenças causadas por patógenos de transmissão pelo ar. Exemplos são: o vírus da gripe; do sarampo; e da tuberculose (FIELDS et al., 2013). Os microrganismos contaminantes do ambiente aéreo são principalmente os responsáveis por doenças, conhecidos como “agentes patogênicos”. Esses patógenos podem ter facilidade de dispersão devido à poluição do ambiente, pois se agregam a partículas em suspensão. Portanto, podem ser importantes indicadores de poluição do ar. Hoje, métodos de estudo e identificação de microrganismos levam em conta o fato de que o ar é um de seus meios de transmissão. Diversas técnicas foram padronizadas com objetivo de isolar apenas um microrganismo, sem que aqueles presentes no ar possam interferir ou contaminar os experimentos, gerando resultados incorretos. Síntese Chegamos ao final desta unidade, que abordou a classificação dos microrganismos e suas características,bem como a ação dos bioindicadores e o histórico da Microbiologia, ciência que estuda esses seres. Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • conhecer o uso da Microbiologia na Antiguidade, em processos como a produção de pães e vinhos; VOCÊ QUER VER? O filme “Contágio”, de 2011, dirigido por Steven Soderbergh é um dos filmes que mostram mais precisamente a real situação de uma epidemia provocada por um vírus de transmissão pelo ar. Ao contrário de outros filmes que enfocam esse tema, “Contágio” não é sensacionalista e ressalta a ciência de forma mais realista. Saiba mais em: <https://www.imdb.com/title >./tt1598778/ • - -17 • conhecer o uso da Microbiologia na Antiguidade, em processos como a produção de pães e vinhos; • conhecer o “pai” da Microbiologia, Antony van Leeuwenhoek, que aperfeiçoou os microscópios, permitindo a visualização dos microrganismos; • conhecer mais sobre Louis Pasteur e sua importância para os estudos da Microbiologia, com a criação do método de “pasteurização”; • aprender sobre a classificação dos microrganismos e comparar a metodologia clássica de classificação nos cinco reinos com a nova metodologia que está sendo utilizada atualmente, a classificação dos três domínios; • identificar a estrutura e as características de cada um dos principais grupos de microrganismos, que são os fungos, as bactérias, os protozoários e os vírus; • conhecer os grupos de microrganismos que habitam diferentes ambientes, como solo, água e ar. Bibliografia BARROS, F. M. . 1 ed. Vitória da Conquista, BA: UESB, 2014.Qualidade da água e eutrofizaçao BINSFIELD, P. C. . Rio de Janeiro: Interciência, 2014.Biossegurança em Biotecnologia COMITÊ INTERNACIONAL DE TAXONOMIA DE VÍRUS. , 2018. Disponível em: < Taxonomy Release https://talk. >. Acesso em: 30/06/2019.ictvonline.org/ CONTÁGIO. . Direção. Steven Soderbergh. Produção: Warner Bros. Califórnia - Estados Unidos, 2011.Contagion Duração: 106min. ESPOSITO, E.; AZEVEDO, J. L. de. : uma introdução à biologia, bioquímica e biotecnologia. Fungos Caxias do Sul: EDUCS, 2010. FIELDS, B. N; Knipe, D. M.; HOWLEY, P. M.Fields Virology. 6. ed. Philadelphia: Wolters Kluwer Health/Lippincott Williams, 2013. GALDINO, A. M. R. . Curitiba: Intersaberes, 2015.Introdução ao estudo da poluição dos ecossistemas GOI, S. R.; SOUZA, F. A. Diversidade de microrganismos do solo. Revista digital EMBRAPA: Floresta e Ambiente , v. 13, n. 2, p. 46-65, 2006. GUERRA, A. F. : breve história da Microbiologia. 1 ed. 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