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UFRJ Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Fisiologia Ventilação e perfusão Perfusão normal • A perfusão é a quantidade de fluxo sanguíneo em determinada região. • Há duas unidades respiratórias, o lado arterial e o lado venoso. Quando não há nenhuma restrição do lado ventilatório, não há nenhuma dificuldade com relação à passagem, essa relação ventilação-perfusão é ideal. • Logo, ambos os alvéolos vão ser igualmente ventilados. Recebem a quantidade de ar inspirado igual. • As pressões são de O2 e CO2 são adequadas. • A pressão dentro do lado arterial para oxigênio é baixa, porque o sangue está vindo do átrio direito, ou seja, é o retorno venoso sem O2. • Quando passa pelo capilar, o O2 sai da região de maior pressão para a de menor pressão. Perfusão anormal • Há situações que trazem anormalidade. Desvio direito-esquerdo • Nessa situação, os alvéolos não têm nenhum problema. • Existe um caminho que não passa pelos alvéolos. • O sangue é venoso e não passa por nenhum alvéolo. Há contribuição de sangue desoxigenado para sangue que foi oxigenado. • Esse desvio acontece naturalmente, mais comum nas câmaras do coração. Desvio fisiológico • Pode haver uma obstrução da via respiratória. • Se o alvéolo não tem oxigênio, vai ser priorizado o alvéolo normal. • Nesse momento, o fluxo do sanguíneo do capilar com o alvéolo normal que será priorizado. Assim, o capilar que tem o alvéolo não funcional é fechado. Efeito descompasso da ventilação-perfusão • Se há uma restrição na via de condução: um alvéolo recebendo O2 numa proporção menor. • Esse alvéolo vai contribuir com sangue oxigenado, mas em uma quantidade inferior. • A perfusão é inadequada porque o alvéolo está pouco oxigenado. Fisiologia respiratória: Perfusão e Ventilação UFRJ Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Fisiologia Em síntese, se o alvéolo for pouco ventilado, sua perfusão será diminuída. Sempre será priorizada a via que está com maior eficiência. UFRJ Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Fisiologia Composição atmosférica do ar • Predominantemente de Nitrogênio, 78% do ar. O oxigênio é o segundo gás em maior quantidade, equivalente a 21%. • Chama-se de pressão parcial de O2 porque o ar que respiramos não é 100% de O2. • Quando a temperatura é constante, a quantidade de um gás que se dissolve num líquido vai depender da solubilidade desse gás no líquido, e da pressão parcial. • O oxigênio é um gás que tem baixa solubilidade, então tem dificuldade de se dissolver no líquido. Além disso, sua pressão parcial na atmosfera é baixa. • O CO2 possui uma solubilidade maior. Então, ele vai se dissolver mais no líquido do que o oxigênio. • Os gases envolvidos na fisiologia respiratória são moléculas simples, livres, que se movem aleatoriamente, geram energia cinética e uma pressão. Quando dissolvidos na água ou nos tecidos, vão exercer uma pressão parcial, determinada pelos fatores mencionados anteriormente (coeficiente de solubilidade etc.). • Os gases sempre vão se mover das regiões de maior pressão para regiões de menor pressão. Isso também se aplica dentro do organismo, para o O2 e para o CO2. Difusão • A difusão efetiva vai ser em decorrência dessas regiões de diferentes pressões, entre o alvéolo e os capilares em um ponto, e entre os capilares e os tecidos em outro ponto. • Na inspiração captamos o ar e o oxigênio precisa passar para a corrente sanguínea. Alvéolos bem perfundidos vão facilitar a captação de oxigênio. • O oxigênio sairá dos alvéolos para o sangue por essa diferença de pressão que existe. Da mesma forma, a circulação sistêmica levará esse sangue para os tecidos. • Se a pressão parcial do gás for maior no extrato dissolvido no sangue, a difusão ocorrerá no outro sentido. Esse é o caso do CO2. Ele precisa sair do sangue para ser exalado, então sua pressão dentro do capilar tem que ser maior do que no alvéolo. Fatores que vão determinar a difusão • Se houver facilidade, melhor. Assim eles se movimentam de uma região para outra sem dificuldade. • Seguindo o gradiente de pressão. Maior pressão → Menor pressão. • Constância de difusão está levando em consideração o peso molecular e a solubilidade. • Na primeira etapa: se o alvéolo e o capilar tiverem muitas barreiras, a difusão vai ser dificultada. Logo, a constância de difusão é inversamente proporcional à espessura. • A difusão é diretamente proporcional à superfície de contato, ou seja, enquanto mais alvéolos e capilares presentes, melhor será a ventilação/perfusão e melhor o transporte. • CO2 é 20x mais solúvel que o O2. Ou seja, dentro do estado líquido, esse gás vai se dissolver muito mais fácil do que o oxigênio. Para isso, não é necessário diferenças de pressões muito maiores para o CO2 se deslocar. Fisiologia respiratória: trocas gasosas UFRJ Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Fisiologia Fatores que facilitam a difusão • Em repouso, cada hemácia permanece 0.75s. Isso está relacionado com o fluxo na região dos alvéolos. Nela, o fluxo é diminuído, o que permite o maior tempo de contato na troca. Barreira hemato alveolar • Há uma barreira hematoalveolar bem fina, com surfactante recobrindo a superfície do endotélio alveolar, as membranas basais fundidas e o endotélio do capilar. • Essa barreira é bem fina. • As membranas também são bem finas. Isso tudo para facilitar a difusão dos gases. • Há uma fina lâmina de água e surfactante, diminuindo a tensão superficial. Unidade respiratória • Altamente vascularizada. • Cada saco alveolar terá sua rede de capilares. • Haverá uma alta perfusão. • A resistência ao fluxo sanguíneo é bem menor (resistência vascular pulmonar). • Esses fatores também vão facilitar a captação de oxigênio pelo organismo. Sentido da difusão • O oxigênio está em maior pressão dentro do alvéolo e se desloca para o sangue. • O CO2 está em maior pressão dentro do vaso e se desloca para o alvéolo. Fatores que podem atrapalhar a difusão • Membrana respiratória com sua espessura aumentada, por causa de edema ou inflamação. • Área de superfície da membrana diminuída, devido a perda tecidual. • Coeficiente de difusão diminuído, por diferença de pressão. • Diferença de pressão. Ex: regiões de grande altitude vão atrapalhar na captação de O2. Dinâmica • O sangue venoso que chega no capilar possui pressão parcial de O2 em torno de 40 mmHg. • O alvéolo possui o oxigênio com pressão parcial de 100 mmHg. • O O2 sai dos alvéolos e passa para os vasos. • Ocorre a troca gasosa e o sangue passa a ser oxigenado. Ele vai para o lado esquerdo do coração e é distribuído pelo corpo. • Conforme ele vai passando pelas outras redes capilares, vai deixando oxigênio. • No tecido, o oxigênio passa por difusão para os tecidos. A pressão parcial que permanece nesse sangue é inferior, sai de 100 para em torno de 4º. Quando isso acontece, o sangue deve retornar (retorno venoso) para chegar ao lado direito do coração e ser enviado aos pulmões. • Com o CO2, o processo é o mesmo. Há diferença nos valores, ele não precisa de tanta diferença entre as pressões. • A pressão parcial de CO2 nos tecidos que o sangue desoxigenado leva é de 46 mmHg. Quando esse sangue chega a nível dos alvéolos, a pressão parcial dentro deles para o CO2 é 40 mmHg. UFRJ Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Fisiologia • Então, a diferença de pressão para o CO2 é de apenas 6 mmHg. Isso porque seu coeficiente de solubilidade é muito alto e tem facilidade de se modificar. Esse fato do CO2 não variar muito, ajuda como um mecanismode defesa, já que se aumentasse sua concentração, aumentaria a acidez sanguínea, promovendo desnaturação proteica. • Em nível de tecido, o CO2 está sendo produzido e por diferença de pressão, ele passa por difusão para os capilares e é levado até os alvéolos. Capacidade de difusão do oxigênio • A capacidade de difusão dos gases vai depender do volume do gás, da diferença parcial e de um período suficiente para que ocorra a perfusão. • A capacidade de uma pessoa jovem de difusão de O2 em repouso é em torno de 21 ml/Min mmHg. • No exercício, essa capacidade aumenta. Acontece uma demanda metabólica muito alta. Ocorre uma hiperventilação, aumenta a perfusão, a resistência vascular pulmonar diminui, indo de 21 para 65 ml/min mmHg: - Abertura de capilares, alveolares. - Dilatação. - Aumento da proporção e perfusão. - Recrutamento de mais vasos, para que o oxigênio que está sendo requisitado, possa chegar até os músculos mais rapidamente. Transporte de oxigênio e dióxido de carbono no sangue e nos tecidos. • Uma vez que o oxigênio consegue passar para os capilares, precisa chegar até os tecidos. Isso acontece por meio de duas formas: Dissolvido no próprio sangue ou acoplado a uma proteína transportadora. • Dissolvido no plasma não é a melhor maneira de se transportar o oxigênio, visto que ele é pouco solúvel. Então, a maior parte desse transporte vai ocorrer atrelado à proteína transportadora, que é a hemoglobina. • O uso da proteína aumenta de 30 a 100x a eficiência do transporte do O2. Difusão do O2 dos alvéolos para o capilar • Conforme o sangue vai chegando no terminal arterial, vai ocorrendo as trocas gasosas e a pressão parcial do O2 vai aumentando, conforme chega no terminal venoso. • A pressão parcial de O2 que chega ao lado esquerdo do coração é muito maior do que quando ela chega nos alvéolos. • A pressão de O2 no sangue desoxigenado é baixa, em torno de 40. O sangue chega no pulmão e acontece a hematose, então a pressão parcial de O2 sobe. Num trecho, vai haver uma queda, a pressão parcial de O2 caiu, mas não bruscamente, sai de 100 para um pouco abaixo. Nesse período ocorre a mistura de um sangue que não passou pela troca gasosa (derivação pulmonar). • Há uma contribuição de sangue desoxigenado para um sangue oxigenado. Então a saturação de O2 sofre uma ligeira queda. • Nesses casos, o sangue arterial sistêmico vai seguir com uma baixa da pressão parcial de oxigênio (não tão baixa assim). UFRJ Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Fisiologia Difusão de CO2 do tecido para o capilar • A pressão do CO2 varia em função das difusões. • Quando o sangue chega nos alvéolos, está com uma pressão parcial de CO2 elevada e a pressão dentro do alvéolo é mais baixa. Conforme vai passando o fluxo sanguíneo entre o alvéolo, esse CO2 se desloca do vaso para o alvéolo, saindo na expiração. • As pressões necessárias para que sua difusão ocorra não precisam ser tão grandes. Papel da hemoglobina • Na hemácia tem a proteína transportadora que vai levar o oxigênio, a hemoglobina. • Ela é formada por 4 cadeias de globina (duas alfa e duas beta). • Cada cadeia de globina tem em si um anel contendo íon de Ferro, o grupamento Heme. • O oxigênio vai se ligar ao grupamento Heme. Com isso, a hemoglobina tem capacidade de transportar até 4 moléculas de O2. • Essa configuração aumenta a eficiência do transporte de oxigênio. • O oxigênio é melhor transportado acoplado à hemoglobina (98%). • Quando o oxigênio se liga ao grupamento Heme é uma ligação reversível (oxi- hemoglobina), o que significa que qualquer coisa desliga essa conexão. Tem que ser assim, já que o O2 deve estar em movimento de uma região para outra. A ligação do gás carbônico (CO) com a hemoglobina não é reversível. Curva de dissociação O2-Hemoglobina • Com a pressão parcial de O2 elevada, aumenta a afinidade dele com a hemoglobina. • Quando a pressão parcial de O2 é baixa, a ligação se desfaz e o oxigênio é liberado. • Quando o sangue sai do pulmão, depois de ter realizado as trocas, a saturação da hemoglobina é alta, alcançando a capacidade máxima da proteína. UFRJ Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Fisiologia • Conforme vai passando pelos capilares, vai diminuindo a pressão arterial e facilitando esse desligamento da hemoglobina. • Em atividade física, a pressão parcial de O2 aumenta e a saturação também. • Sobre condições normais, apenas 5 mL de O2 são transportados dos pulmões para os tecidos, a cada 100 mL de sangue. • Em atividade física, a demanda é maior e consequentemente o fluxo aumenta em 3x. • Em condições normais, tem um alvéolo e a pressão parcial de oxigênio que é em torno de 100 mmHg. • Se não há hemoglobina, o transporte é feito só dissolvido. Então a capacidade de transporte é de apenas 3 mL de O2. Há poucas moléculas de O2 difundidas no plasma sanguíneo. • Com a hemoglobina, sob uma pressão parcial elevada, de 100 mmHg, a capacidade de transporte aumenta. A quantidade de O2 transportada no plasma é igual, contudo, pela presença da hemoglobina, consegue transportar mais O2. Capacidade em torno de 200 mL de O2 por litro de sangue. • Numa situação onde a pressão parcial inicial não é tão elevada, de 28 mmHg. Esse indivíduo tem hemoglobina. A capacidade de transporte diminui porque a pressão parcial está baixa, diminuindo a difusão. Sua capacidade total é em torno de 100 mL de O2 por litro de sangue. Por isso em regiões de alta altitude consegue haver um melhor transporte (com hemoglobina) do que em regiões normais, porém sem Hb. Fatores que desviam a curva de dissociação do O2 • A afinidade do O2 com a hemoglobina pode ser modulada. Efeito Bohr • O pH sanguíneo trabalha na faixa de 7,4. • Se o pH se torna mais ácido, a curva é deslocada e a afinidade da hemoglobina com o O2 diminui. • Se aumenta a PCO2, aumenta a quantidade de H+ disponível, deixando o sangue mais ácido. • A acidez modifica a estrutura da proteína e diminui a afinidade. • Em casos de alcalose, a curva aumenta e a afinidade também. Efeito Haldane • Influência da PCO2. • Se a PCO2 aumenta, a curva se desloca para a direita e diminui a afinidade do O2 pela hemoglobina. • Se a PCO2 diminui, a afinidade aumenta. • A PCO2 pode aumentar por hipoventilação, já que ao diminuir a frequência respiratória dentro de um período, acontece o acúmulo de UFRJ Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Fisiologia CO2 no sangue. Esse acúmulo vai interferir na ligação da hemoglobina com o oxigênio. • A PCO2 pode diminuir por causa de hiperventilação. Efeito da temperatura • Se aumenta a temperatura corporal, diminui a afinidade da hemoglobina pelo oxigênio. • Se a temperatura diminui, aumenta a afinidade. 2.3 difosfoglicerato • Essa substância é formada em decorrência do metabolismo. • Se o metabolismo é acelerado, fazendo muita glicólise, a subst. é muito produzida. O excesso dela vai diminuir a afinidade do O2 com a Hb. • O tecido muscular precisa obter energia e vai fazer glicólise, gerando 2 ou 3 DPG, diminuindo a afinidade. Hemoglobina fetal • Composta por cadeias diferentes de globina. • Tem a eficiência aumentada no transporte de oxigênio. A captação nesse indivíduo é diferente. • A hemoglobina fetal tem uma associação mais forte com o O2. • Ao passo que a criança nasce, ela vai trocando aos poucos sua hemoglobina. Para de produzir a hemoglobina fetal e começa a produzir a hemoglobina adulta. Percebeu-se que quando havia competições em regiões de grande altitude, os atletas não residentes eram afetados. Para evitar isso, o grupo teria que ir dias antes para o local, para produzir mais hemácias e compensar a diminuição da pressão deO2, pelo fato do ar ser mais rarefeito. Também podem fazer transfusões, mas é considerado dopping. Transporte de CO2 no sangue • Sua participação sendo transportado dissolvido no plasma é maior que do oxigênio. • Apenas 7% dele vai correr livre pelo plasma (O2 é 2%). • Ainda assim, ele tem mais duas formas: acoplado à hemoglobina ou convertido em outros elementos. • O CO2 vai entrar na hemácia por difusão, reage com a água e forma um ácido carbônico instável. Se dissocia em dois íons importantes: H+ e HCO3- (íon de bicarbonato). • Quem realiza essa reação é uma enzima chamada Anidrase carbônica. Ela que catalisará essa reação, na qual o CO2 dá origem a um íon de hidrogênio e um íon de bicarbonato. UFRJ Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Fisiologia • Nos tecidos, há atividade metabólica elevada, o CO2 é produzido, passa para os capilares por diferença de pressão e segue de três formas: dissolvido no sangue, entrando na hemoglobina. • Na hemoglobina, a maior parte se associa com a água, forma o ácido carbônico e sobre a ação da anidrase carbônica dá origem aos íons já mencionados. • Ele também pode se associar à hemoglobina. • Para evitar a acidificação da célula, o h+ é tamponado pela hemoglobina. Ou seja, a Hb também pode se ligar ao H+. • Quando chega nos alvéolos, o CO2 que está dissolvido no plasma passa por difusão para o alvéolo. • Na hemácia, o H+ acoplado a uma hemoglobina se dissocia, ficando livre. O íon de bicarbonato dissolvido no plasma retorna para a hemácia, se combinando com os íons de H+. Assim, formam o ácido carbônico, para originar CO2 e água. Esse CO2 formado sai da hemácia por difusão e vai para os alvéolos (pela diferença de pressão). QUESTÃO DE PROVA: Sobre a ação da enzima anidrase carbônica, o CO2 vai reagir formando ácido carbônico. Como esse ácido é instável, vai dar origem a íons de H+ e de bicarbonato. O bicarbonato vai sair da hemácia e fará parte do plasma. Esses íons são chamados de solução tampão, já que eles estão disponíveis para reagir com os íons de H+ (na acidose). Já nos alvéolos o bicarbonato vai retornar à hemácia para se juntar ao H+, formando ácido carbônico e dar origem ao CO2 e a água. O gás vai sair por difusão para os alvéolos.