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- DPOC - Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica Disciplina de Pneumologia DPOC • A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma enfermidade respiratória prevenível e tratável. • Se caracteriza pela presença de obstrução crônica do fluxo aéreo, que não é totalmente reversível. DPOC • A obstrução do fluxo aéreo é geralmente progressiva e está associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões à inalação de partículas ou gases tóxicos. • Produz consequências sistêmicas significativas Causas de mortalidade nos EUA Causas de Morte 1. Doença cardíaca 2. Câncer 3. Doença cerebrovascular 4. Doenças respiratórias (DPOC) 5. Acidentes 6. Pneumonia e influenza 7. Diabetes 8. Suicídio 9. Nefrite 10. Doença hepática crônica 11. Outras causas Número 724.269 538.947 158.060 114.381 94.828 93.207 64.574 29.264 26.295 24.936 469.314 Dados sobre a DPOC Brasil Variação percentual da taxa de mortalidade ajustada para a idade nos EUA entre 1965 e 1998 0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 Proporção da taxa de 1965 1965 - 1998 1965 - 1998 1965 - 1998 1965 - 1998 1965 - 1998 –59% –64% –35% +163% –7% Doença coronariana AVC Outras doenças cardio- vasculares Outras causas DPOC Dados sobre a DPOC Entre 1985 e 1995, o número de consultas por DPOC nos EUA aumentou de 9,3 milhões para 16 milhões. Em 1995, ocorreram 500.000 hospitalizações por DPOC. As despesas médicas foram estimadas em 14,7 bilhões de dólares. Prevalência da DPOC - 1990 Países desenvolvidos 6,98 3,79 Economias anteriormente socialistas 7,35 3,45 Índia 4,38 3,44 China 26,20 23,70 Outros da Ásia e Ilhas 2,89 1,79 África sub-saariana 4,41 2,49 América Latina e Caribe 3,36 2,72 Países em desenvolvimento do norte da África e do Oriente Médio 2,69 2,83 Mundial 9,34 7,33 Masculino/1000 Feminino/1000 Prevalência da DPOC - 2005 Visitas médicas por bronquite crônica e inespecífica nos EUA Fonte: National Ambulatory Medical Care Survey, NCHS 15 Número (Milhões) Ano 1980 10 5 0 1985 1990 1995 1998 Custos diretos e indiretos da DPOC, 1993 (em bilhões de dólares) Custo Médico Direto: $14,7 Custo Indireto Total: $ 9,2 – relacionado à mortalidade 4,5 – relacionado à morbidade 4,7 Custo total $23,9 DPOC – Fatores de Risco DPOC – Fatores de Risco Dados sobre a DPOC ▪ O tabagismo é a principal causa de DPOC. ▪ Nos EUA, há 47,2 milhões de fumantes (28% dos homens e 23% das mulheres). ▪ A OMS estima em 1,1 bilhão o número de tabagistas em todo o mundo, com aumento para 1,6 bilhão em 2025.Em países onde a renda é baixa e média, o crescimento dessas taxas é alarmante. Dados sobre a DPOC 15% ? Patogênese da DPOC AGENTE NOCIVO (fumaça de cigarro, poluentes, agentes ocupacionais) DPOC Fatores genéticos Infecções respiratórias Outros Patogênese da DPOC Stress Oxidativo Patogênese da DPOC Proteinases / Antiproteinases INFLAMAÇÃO Doença das pequenas vias aéreas Inflamação das vias aéreas Remodelamento das vias aéreas Destruição do parênquima Ruptura das ligações alveolares Redução do recolhimento elástico LIMITAÇÃO AO FLUXO AÉREO Patogênese da DPOC Partículas e gases nocivos Inflamação Fatores individuais Patologia da DPOC ProteinasesStress oxidativo Anti-proteinasesAnti-oxidantes Mecanismos de reparo ASMAASMA Agente sensibilizante DPOCDPOC Agente nocivo inflamação asmática das vias aéreas Linfócitos-T CD4+ Eosinófilos Inflamação das vias aéreas da DPOC Linfócitos-T CD8+ Macrófagos Neutrófilos Limitação ao fluxo aéreo Completamente reversível Completamente irreversível DPOC – História Natural DPOC – História Natural SINTOMAS Causas de limitação do fluxo aéreo Limitação irreversível Fibrose e estreitamento das vias aéreas Perda do recolhimento elástico devido à destruição dos alvéolos Destruição do suporte alveolar que mantém as vias aéreas desobstruídas DPOC DPOC Causas de limitação do fluxo aéreo Limitação reversível Acúmulo de células inflamatórias, muco e exsudado plasmático nos brônquios Contração da musculatura lisa das vias aéreas centrais e periféricas Hiperinsuflação dinâmica durante exercícios físicos DPOC – Fenótipos DPOC – Fenótipos DPOC – Fenótipos DPOC – Hiperinsuflação Estática vs. Dinâmica Quatro componentes da conduta na DPOC 1. Avaliação e monitorização da doença 2. Redução dos fatores de risco 3. Conduta na DPOC estável Educação Farmacológica Não- farmacológica 4. Conduta nas exacerbações Objetivos da conduta na DPOC Prevenir a progressão da doença Aliviar os sintomas Melhorar a tolerância a atividades físicas Melhorar o estado da saúde Prevenir e tratar exacerbações Prevenir e tratar complicações Reduzir a mortalidade Minimizar os efeitos colaterais do tratamento Quatro componentes da conduta na DPOC 1. Avaliação e monitorização da doença 2. Redução dos fatores de risco 3. Conduta na DPOC estável Educação Farmacológica Não- farmacológica 4. Conduta nas exacerbações Avaliação e monitorização: pontos fundamentais O diagnóstico da DPOC é baseado em uma história de exposição a fatores de risco e na presença de limitação do fluxo aéreo que não é totalmente reversível, na presença ou não de sintomas. Pacientes que apresentam tosse crônica e produção de expectoração e que tenham história de exposição a fatores de risco deverão ser submetidos a uma espirometria, mesmo na ausência de dispnéia. Avaliação e monitorização: pontos fundamentais A espirometria é o padrão-ouro para o diagnóstico e a avaliação da DPOC. Os profissionais de saúde envolvidos no diagnóstico e na conduta da DPOC devem ter acesso à espirometria. Avaliação e monitorização: pontos fundamentais A realização da gasometria arterial deve ser levada em consideração para todos os pacientes com VEF1 < 40% do previsto ou com sinais clínicos sugestivos de insuficiência respiratória ou insuficiência cardíaca direita. Ecocardiograma (?) Avaliação e monitorização: pontos fundamentais SINTOMAS Tosse Expectoração Dispnéia EXPOSIÇÃO A FATORES DE RISCO Tabagismo Ocupação Poluição extra e intradomiciliar ESPIROMETRIA Diagnóstico da DPOC Espirometria: Normal e DPOC 0 5 1 4 2 3 Li tr os 1 65432 CVF CVF VEF1 VEF1 Normal DPOC 3.900 5.200 2.350 4.150 80 % 60 % Normal DPOC CVFVEF1 CVFVEF1/ Segundos VEF1 / CVF < 70% Fatores determinantes da gravidade da DPOC ▪ Gravidade dos sintomas ▪ Gravidade da obstrução brônquica ▪ Freqüência e gravidade das exacerbações ▪ Presença de complicações da DPOC ▪ Presença de insuficiência respiratória ▪ Comorbidades ▪ Estado se saúde geral ▪ Número de medicamentos necessários para o tratamento da doença 1 Internação ou ≥ 2 exacerbações/ano < 2 exacerbações/ano (sem internação) mMRC 0-1 CAT <10 mMRC > CAT > 10 GOLD Strategy Document 2017 (http://www.goldcopd.org/) Classificação da Gravidade da DPOC História de Exacerbação SINTOMAS Avalie o grau de obstrução FEV1 pós-BD (%) GOLD 1 ≥ 80 GOLD 2 50-79 GOLD 3 30-49 GOLD 4 < 30 GOLD1-4, A/B/C/D C D A B Quatro componentes da conduta na DPOC 1. Avaliação e monitorização da doença 2. Redução dos fatores de risco 3. Conduta na DPOC estável Educação Farmacológica Não- farmacológica 4. Conduta nas exacerbações Redução dos fatores de risco • A redução da exposição à fumaça do tabaco, a poeiras e produtos químicos ocupacionais e à poluição extra e intradomiciliar são metas importantes para a prevenção do surgimento e da progressão da DPOC. • A cessação do tabagismo é a medida mais efetiva e com melhor custo-efetividade na redução do risco de desenvolvimento de DPOC e na interrupção de sua progressão. ▪ A abordagem baseada na intervenção breve na dependência do tabagismo é efetiva e deveria ser oferecida a todos os tabagistas em cada visita a profissionaisde saúde. ▪ Três tipos de aconselhamento são efetivos: aconselhamento prático, o apoio social ao paciente como parte do tratamento e o apoio social estabelecido fora do tratamento. Redução dos fatores de risco ▪ Existem várias terapias farmacológicas efetivas para a dependência do tabaco e pelo menos uma dessas deveria ser adotada junto com o aconselhamento, caso necessário, desde que não haja contra-indicações. Redução dos fatores de risco Estratégias breves para ajuda a pacientes que queiram parar de fumar ARGÜA ACONSELHE AVALIE AUXILIE ACOMPANHE ✓ Identifique sistematicamente todos os fumantes a cada visita ✓ Aconselhe firmemente todos os fumantes a abandonarem o vício ✓ Avalie a disposição para se fazer uma tentativa de abandonar o vício ✓ Ajude o paciente a parar de fumar ✓ Esquematize o acompanhamento ▪ A progressão de muitas doenças respiratórias ocupacionais pode ser reduzida ou controlada por meio da utilização de várias estratégias que tenham por objetivo a redução do impacto da exposição a partículas e gases nocivos. Redução dos fatores de risco Quatro componentes da conduta na DPOC 1. Avaliação e monitorização da doença 2. Redução dos fatores de risco 3. Conduta na DPOC estável Educação Farmacológica Não- farmacológica 4. Conduta nas exacerbações Conduta na DPOC estável A abordagem global da conduta na DPOC estável deve ser caracterizada por um avanço gradual do tratamento, dependendo da gravidade da doença. Educar os pacientes sobre a DPOC pode ser uma medida importante no sentido de melhorar não só habilidades específicas, mas também a condição de se lidar com a doença e a qualidade de vida. A educação é eficaz para se alcançar certos objetivos, incluindo a cessação do tabagismo. Nenhuma das medicações existentes para o tratamento da DPOC se mostrou capaz de modificar o declínio da função pulmonar a longo prazo, que é a característica fundamental da doença. O tratamento farmacológico da DPOC é utilizado para reduzir os sintomas e/ou as complicações. Conduta na DPOC estável Conduta na DPOC estável Tratamento Farmacológico Conduta na DPOC estável Tratamento Farmacológico MMRC Conduta na DPOC estável Tratamento Farmacológico CAT – “COPD Assessment Test” Conduta na DPOC estável Tratamento Farmacológico Conduta na DPOC estável Tratamento Farmacológico Conduta na DPOC estável Tratamento Farmacológico Conduta na DPOC estável Tratamento Farmacológico Pacientes com Exacerbações Freqüentes Declínio mais rápido da função pulmonar Pior qualidade de vida Maior inflamação das vias aéreas Maior mortalidade Conduta na DPOC estável Os broncodilatores são fundamentais para o tratamento sintomático da DPOC. Eles podem ser prescritos com base na necessidade ou de forma regular, a fim de prevenirem ou reduzirem os sintomas. Os principais tratamentos broncodilatadores são os beta2 agonistas (LABA) e os anticolinérgicos (LAMA), isolados ou em combinação. Conduta na DPOC estável As medicações broncodilatadoras são fundamentais para o tratamento dos sintomas da DPOC. A via inalatória deve ser a preferida. A escolha entre LABA e/ou LAMA, depende da disponibilidade das drogas e da resposta do paciente em termos do alívio dos sintomas e efeitos colaterais. Conduta na DPOC estável Os broncodilatores são prescritos com base nas necessidades, ou de forma regular, a fim de prevenirem ou reduzirem os sintomas. Os broncodilatadores de ação prolongada são mais convenientes (LABA e/ou LAMA). Em comparação com o aumento da dosagem de um único broncodilatador, a combinação de broncodilatores pode melhorar a eficácia e reduzir o risco de efeitos colaterais. Broncodilatores em DPOC estável O uso regular de corticóides inalatórios E/OU LAMA deve ser prescrito para pacientes com resposta espirométrica documentada ao uso de corticóide, ou em pacientes exacerbadores, que necessitem de tratamento com antibióticos e/ou corticóides sistêmicos. Conduta na DPOC estável O tratamento crônico com corticóides sistêmicos deve ser evitado devido a uma relação risco-efetividade desfavorável. ▪ Todos os pacientes com DPOC se beneficiam de programas de treinamento físico, melhorando a tolerância ao exercício, os sintomas de fadiga e dispnéia (REABILITAÇÃO PULMONAR) Conduta na DPOC estável A administração de oxigênio a longo prazo (> 15 horas por dia) aos pacientes com insuficiência respiratória crônica tem se mostrado eficaz no aumento da sobrevida dos mesmos. Tratamento da DPOC estável Tratamento da DPOC estável Alternativas Cirurgia Redutora de Volume Pulmonar Transplante Pulmonar Tratamento Endoscópico do Enfisema - Conduta na DPOC - todos os estádios Evitar os agentes nocivos - cessar tabagismo - reduzir a poluição intradomiciliar - reduzir a exposição ocupacional Vacinação contra gripe Quatro componentes da conduta na DPOC 1. Avaliação e monitorização da doença 2. Redução dos fatores de risco 3. Conduta na DPOC estável Educação Farmacológica Não- farmacológica 4. Conduta nas exacerbações Conduta nas exacerbações As exacerbações de sintomas respiratórios que requerem intervenção médica são eventos clínicos importantes na DPOC. As causas mais comuns de uma exacerbação são a infecção das vias aéreas e a poluição do ar; no entanto, a causa de um terço dos casos das exacerbações graves não pode ser identificada. Os broncodilatadores inalatórios (beta2 agonistas e/ou anticolinérgicos), e os corticóides sistêmicos, de preferência por via oral, são efetivos no tratamento da exacerbação da DPOC. Conduta nas exacerbações: pontos fundamentais Pacientes que apresentam exacerbação da DPOC, com sinais clínicos de infecção das vias aéreas (aumento do volume e mudança da cor da expectoração e/ou febre) podem se beneficiar do tratamento antibiótico. Conduta nas exacerbações: pontos fundamentais Conduta nas exacerbações A ventilação não-invasiva por pressão positiva intermitente (VNPPI) nas exacerbações agudas melhora os gases arteriais e o pH, reduz a mortalidade hospitalar, diminui a necessidade de intubação e ventilação mecânica invasiva e reduz a permanência hospitalar.