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PAULUS
N BILLINGS DRA. EVEWLYESTMORE EANN
O MÉTODO
BILLINGS
da fertilidade
Controle dispositivos d gasesem
sem ro artificiais
PAULUS
Titulo original
The Billings Method
© Evelyn L. Billings and Anne Westmore, 1980
ISBN 0-908476-09-4
Tradução
Guilherme Gibbons
Revisão
Pietro Bise/li
Cecília Bhering
Impressão e acabamento
PAULUS
1 a edição, 1983
16ª reimpressão, 2013
© PAULUS - 1983
Rua Francisco Cruz, 229
04117-091 São Paulo (Brasil)
Fax (11) 5579-3627
Tel. (11) 5087-3700
www.paulus.com.br
editorial@paulus.com.br
ISBN 978-85-349-0424-7
JJ,
FSC
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MISTO
Papel produzido
a partir de
fontes responsáveis
FSC- C108975
1
O que é o Método
da Ovulação - Billings
Ao longo da história as mulheres têm buscado controlar e
dirigir sua fertilidade.
Muitos métodos primitivos têm sido utilizados. Neste
século, grandes somas de dinheiro foram investidas no de-
senvolvimento de métodos químicos e mecânicos de anticon -
cepção. Porém produtos tais como a pílula, condons e dia-
fragmas têm suas desvantagens. No caso da pílula a extensão
e a severidade dos seus efeitos colaterais se fazem cada vez
mais patentes. Muitas mulheres estão deixando a pílula por
causa de seus efeitos abrangentes no corpo.
A esterilização está sendo praticada em muitos lugares.
Mas muitos casais não a consideram um modo aceitável para
controlar a fertilidade.
Eles veem um vácuo, que não tem sido preenchido pelos
métodos naturais tais como o Ritmo e a Temperatura, méto-
dos que têm gerado desconfiança e são grandemente restri-
tivos.
Conscientes dessa lacuna, um grupo de doutores e pes-
quisadores médicos de Melbourne (Austrália) tem trabalha-
do num simples, mas substancial descobrimento: as mulheres
mesmas podem reconhecer quando estão férteis ou inférteis
pelas características do muco que elas podem sentir e ver no
orifício vaginal.
O reconhecimento da importância do muco como um in -
dicador de fertilidade é um descobrimento de notável signi-
5
ficado. Durante os últimos vinte e sete anos, meus colegas e
eu temos nos dedicado ao estudo e desenvolvimento de um
sistema de fácil compreensão, preciso e científico, para que
esta informação revolucionária possa ser utilizada por qual-
quer mulher.
A base do método é o reconhecimento do muco. Este
muco pode indicar se você está fértil ou infértil, por sua sen -
sação e aparência. É produzido pela cérvix (colo uterino), que
é a parte do útero que o une à vagina e que está sob o controle
dos hormônios reprodutivos.
Só na última década é que o significado do muco na histó-
ria maravilhosa da reprodução humana tem sido amplamente
reconhecido.
Estudos científicos mostraram que o muco não só assinala
o estado de fertilidade, mas também é essencial para que a
concepção possa ocorrer. Isso porque, sem o muco, o trans-
porte dos espermatozoides é impedido, e essas células germi-
nativas masculinas morrem rapidamente no ambiente ácido
da vagina.
Quando o muco indica possível fertilidade, é necessário
evitar o coito, se não for desejada gravidez. Para muitos ca-
sais, isso implica que mais ou menos a metade dos dias de
um ciclo típico estão disponíveis para o coito. Em geral, os
dias disponíveis para relações sexuais estão espalhados pelo
ciclo de tal forma que a abstinência sexual não seja exigida
por longo tempo em nenhum ciclo. Em ciclos mais longos,
uma maior proporção do ciclo fica disponível.
Se o casal desejar uma criança, o método pode ajudá-los
a consegui-la. Aliás, muitas senhoras com dificuldade para
engravidar têm encontrado sucesso precisamente por ficar
atentas ao muco que indica fertilidade e por manter relações
nessa época.
Este método, agora conhecido como o Método Billings ou
Método da Ovulação, é um método natural no qual não se re-
6
quer o uso de remédios (drogas) nem de aparelhos - somen-
te um reconhecimento simples das modificações no muco e a
aplicação desse conhecimento.
Se utilizado corretamente, o método é tão eficaz como
qualquer método de controle da fertilidade. Os fatos cientí-
ficos são amplamente comprovados. Examinaremos as ba-
ses científicas no capítulo 15. Como vários outros métodos,
é suscetível ao fator humano, mas os casais que estão moti-
vados para que neles o método funcione achá-lo-ão segu-
ro, confiável e simples de usar. Para assegurar confiança no
uso do método, bastam uns poucos ciclos, e, por isso, um
gráfico com anotações diárias é essencial, especialmente no
princípio.
Muitas mulheres já descobriram elas mesmas o signifi-
cado do muco e o utilizaram como sinal da sua fertilidade
ou infertilidade, ainda mesmo antes de contar com as bases
científicas que, hoje, o método apresenta. Por exemplo, pelo
menos três tribos africanas (os Taita, Kamba e Luo) usaram
o muco produzido pela cérvix como indicador da fertilidade
durante muitas gerações. E um velho da tribo aborígene aus-
traliana, os Nirangi, recentemente descreveu como as moças
da sua tribo foram levadas a um lugar santo pelas mulheres
mais velhas e instruídas acerca do muco.
Nas sociedades do Ocidente, não é fora do comum ouvir
uma mulher dizer que descobriu por si mesma a mensagem
do muco.
A eficácia do método foi demonstrada recentemente por
um estudo em cinco países, patrocinado pela Organização
Mundial de Saúde (p. 227). O informe preliminar indica uma
eficácia de cerca de 97 por cento. Isto quer dizer que entre 100
casais que seguem as indicações do método durante um ano,
três gestações podem suceder. Isto compara-se favoravelmen-
te com a eficácia de métodos anticoncepcionais incluindo a
pílula e o DIU.
7
Os resultados do estudo patrocinado pela OMS também
mostraram que mais do que 90 por cento das mulheres pro-
duzem um gráfico reconhecível de seu muco após só um
ciclo.
Sabemos que a qualidade de ensino afeta significativa-
mente o sucesso no entendimento e uso do método. A grande
maioria das mulheres poderá aprender o método deste livro,
mas algumas encontrarão uma ajuda extra consultando uma
instrutora experimentada no método, discutindo com ela
suas dúvidas ou circunstâncias especiais. (Damos uma lista
de centros de ensino do MOB nas pp. 234ss).
Que outros fatores são importantes para o uso certo do
método? Mais que muitos outros métodos de controle de
fertilidade, este método requer um alto nível de motivação e
cooperação.
Casais com um relacionamento estável ordinariamente
se adaptam mais facilmente a este método, que requer abs-
tinência das relações sexuais por alguns dias no caso de não
desejarem uma gravidez. O uso com êxito do método pede
que os casais atuem de acordo com os sinais de fertilidade
ou infertilidade do muco. Isto quer dizer que às vezes você
terá que mostrar seu amor de outra maneira, sem relações
sexuais.
O planejamento familiar natural funciona melhor quando
os casais estão claramente decididos a respeito de ter outro
filho ou não. Quando não estão bem decididos a respeito, às
vezes utilizam o tempo fé~til ou se desviam das indicações de
outra forma.
O método atrai os casais que sentem que o controle da fer-
tilidade é uma responsabilidade em comum e que, por isso, a
nenhum dos dois deve ser requerido acarretar um peso para
_,, a saúde.
O Método Billings é aplicável durante todas as épocas da
vida reprodutiva de uma mulher - sejam seus ciclos regula-
8
res ou irregulares, durante a adolescência, quando abando-
nando o uso da pilula, durante a amamentação ou acercan-
do-se da menopausa. Estaremos discutindo cada uma dessas
situações especiais nos capítulos seguintes.
O método não causa efeitos colaterais porque não altera
os processos naturais do corpo. Isto pode trazer rejuvenesci-
mento a mulheres que tomaram medicamentos anticoncep-
cionais que alteram padrões normais dos hormônios e que
podem causar irritabilidade, depressão, enjoas e às vezes de-
sordens mais sérias.
Os casais também estão livres de possíveis objeções es-
téticas que podem apresentar contrao uso de aparelhos tais
como condons, diafragmas e DIUs. Com este método não se
precisa de nenhum equipamento. Toda informação que você
necessita para regular sua fertilidade vem de seu próprio pa-
drão de muco, que você vai poder reconhecer e interpretar.
Mais um incentivo deste método é o sentido de admiração
e profunda satisfação que provêm de estar em sintonia com
ritmos naturais de seu próprio corpo.
O método também serve para indicar o estado da sua
saúde ginecológica. Irregularidades do ciclo menstrual agora
não lhe vão ser mistérios. Ao se desenvolver uma anormali-
dade, seu muco lhe servirá como sinal numa etapa precoce,
quando tratamento eficaz é mais viável.
A insatisfação de mulheres com todos os outros méto-
dos anticoncepcionais conhecidos pode ser ouvida por todo
mundo. Só recentemente conseguimos perceber que a pró-
pria natureza nos dá a resposta. Reconhecer estes sinais de
fertilidade é como recordar algo de nós mesmos esquecido
por muito tempo.
Dra. Evelyn Billings
9
Depois de ler este livro, você poderá:
• reconhecer os sinais de fertilidade e infertilidade;
• aplicar essa informação às suas próprias necessidades;
•experimentar, entre os benefícios do método, a sa-
tisfação, a alegria e a melhor comunicação com seu
esposo.
Observação:
Para entender as palavras mais difíceis deste livro, veja o Glos-
sário da página 248 e seguintes.
10
2
O descobrimento do muco
Na década de 1950, a "Tabela de Ritmo" era o único méto-
do natural disponível para o planejamento familiar.
O Método do Ritmo se baseia no fato de que a ovulação
ocorre num só dia, dez a dezesseis dias antes do começo da
menstruação. Isto dá à mulher, com ciclos bastante regulares,
um modo de calcular os dias em que está apta à fertilidade.
Baseando seus cálculos nos ciclos mais curtos e longos, expe-
rimentados durante seis a doze meses, ela pode saber melhor
os dias de possível fertilidade.
O Método do Ritmo é satisfatório enquanto a duração do
ciclo não se altera muito. Porém tem uma falha inerente. Ne-
nhuma mulher é sempre regular. Inevitavelmente há varia-
ções significativas ao longo do ciclo - causadas por tensão
emocional ou física, após uma gravidez, ou perto da meno-
pausa.
O Método do Ritmo se mostrou insatisfatório e por
demais restritivo especialmente quando os· ciclos eram
longos e irregulares. Isto é o padrão natural para algumas
mulheres e não requer tratamento, a menos que exista uma
anormalidade qualquer. Mas as mulheres C<?m tais ciclos
precisam saber interpretá-los, se elas quiserem controlar
sua fertilidade.
Certamente o que se precisava era de um indicador que as
próprias mulheres pudessem reconhecer.
Com isto em mente o Dr. John Billings estudou a literatu-
ra médica a respeito em 1953. Não sendo um ginecólogo, foi
grande sua surpresa ao encontrar vários informes sobre um
11
muco filamentoso e lubrificante, produzido pelas células da
cérvix (colo uterino) perto do tempo da ovulação. 1,z,3•4
Ainda que este muco fosse observado por médicos du-
rante muitos anos, os ginecologistas nunca teriam ques-
tionado as mulheres sobre seu próprio conhecimento a
respeito.
Aliás, há mais de um século (em 1855), Smith5 afirmou
que a concepção tem a maior possibilidade de ocorrer quan-
do o muco está "na condição mais fluidà: Sims,6 em 1868,
também apontou a importância do muco, quando ele descre-
veu um teste pós-coital para determinar a saúde dos esper-
matozoides, dizendo que o teste deveria ser feito quando o
muco é "claro e translúcido e de consistência como de clara
de ovo".
Em 1913 Hühner7 investigou mais a fundo o trabalho
de Sims, e confirmou a importâncià de um tipo especial de
muco para o teste de Hühner (cf. p. 144). Experimentos por
Seguy e Simmonet,8 na França em 1933, envolvendo a ci-
rurgia chamada de laparotomia, onde o ovário é visto di-
retamente, confirmou o tempo da ovulação e o relacionou
com precisão ao tipo fértil do muco e ao ápice do hormônio
estrógeno.
O Dr. John Billings reconheceu o possível significado do
muco como indicador da ovulação. Era possível também
que o muco tipo fértil pudesse ser usado como sinal de fer-
tilidade.
Depois de questionar um grupo pequeno de mulheres so-
bre o assunto, o Dr. John Billings se convenceu de que a ocor-
rência de diferentes tipos de muco durante o ciclo menstrual
era uma observação comum. Daí em diante, era necessário
determinar se um padrão típico existia durante o ciclo e se as
mulheres podiam identificar sua fase fértil.
Com a cooperação de centenas de mulheres, um padrão
típico de muco foi encontrado rapidamente. Era evidente
12
que a sensação produzida pelo muco, tanto como sua apa-
rência, serviriam para que as mulheres pudessem reconhe-
cer o começo da fertilidade. Nem a cegueira era uma barrei-
ra para aprender. E o padrão era parecido para mulheres de
diferentes locais e diferentes níveis sociais. (Isto foi confir-
mado no recente estudo em cinco nações, patrocinado pela
OMS.)
Comecei a participar diretamente dos estudos e do ensino
do método em 1966.
Era óbvio que o ensino de mulher para mulher era a ma-
neira mais eficaz para a divulgação da mensagem. O proble-
ma básico para homens que tratam de ensinar o método é
que eles não podem experimentar a ovulação e, por isso, só
teoricamente podem transmitir as ideias das observações e
sensações do muco cervical, que é a chave do êxito no uso
do método. Ademais, para algumas mulheres, é difícil falar
abertamente do muco com instrutores masculinos.
Pelos meados de 60, um longo estudo clínico do muco ti-
nha sido completado, e um elenco de normas ou diretrizes foi
formulado para o controle da fertilidade.
Nessa época, somente o padrão do muco associado com a
ovulação, e a seguir a fase infértil, foram identificados. Cálcu-
los baseados no "ritmo" ainda foram usados na primeira par-
te do ciclo. Tudo isso mostrava-se inadequado para mulhe-
res com ciclos irregulares ou com atraso da ovulação, como
acontece com as que estão no tempo pré-menopáusico e as
que estão amamentando.
Ademais, notou-se que muitas mulheres usando o mé-
todo não tiveram necessidade de tomar sua temperatura
basal, e desistiram de fazê-lo. Elas acharam que receberam
informação adequada apenas através das transformações
no muco; em algumas mulheres a mudança de um padrão
de secura para um padrão de muco era sinal de fertilidade.
Em outras, a mudança de um padrão de muco contínuo e
13
sempre igual, para muco diferente, também era sinal de
fertilidade.
O reconhecimento dos padrões pré-ovulatórios de infer-
tilidade, ou de secura ou de muco contínuo, era ao mesmo
tempo um descobrimento fascinante e um alívio tremendo,
porque resolveu o problema de abstinência prolongada. En -
quanto uma mulher fica com secura ou com muco sempre
igual, o que ela identifica corretamente com o seu padrão in-
fértil, o coito não pode resultar em concepção.
Cada passo no caminho para estabelecer normas confiá-
veis e universalmente aplicáveis para o controle da fertilidade
foi comprovado muitas vezes e correlacionado com estudos
hormonais.
Em 1971 abandonou-se o uso de medidas de temperatura
e de cálculos de ritmo. O Método da Ovulação - Billings,
agora aperfeiçoado por muitos estudos e pesquisas, poderia
responder sozinho em todas as circunstâncias da vida repro-
dutiva.
Mães, sabendo se estavam férteis ou inférteis, podiam
continuar a amamentar seus bebês. Não foi considerado ne-
cessário o desmame para que ocorresse a ovulação. As mu-
lheres nos anos pré-menopáusicos poderiam agora reconhe-
cer, com confiança, suas longas fases de infertilidade, livres da
ansiedade de uma prolongada espera para uma elevação de
temperatura que possivelmente jamais ocorreria.
A oposição ao Método de Ovulação veio de pessoas que o
confundiram com o método de ritmo, ou de pessoas a quem
faltou informação correta e experiência para poder ensiná-lo
com sucesso. Essa oposição estimulou as contínuas investi-
gaçõescientíficas e as várias provas que estabeleceram sem
dúvida a validade do método.
~ Inicialmente as investigações científicas trataram de obter
um perfil dos vários hormônios reprodutivos com medições
bem sensíveis. Os participantes de estudos hormonais incluí-
14
raro mulheres com ciclos normais, mães lactantes, mulheres
pré-menopáusicas, e mulheres com distúrbios no ciclo, tais
como falta de ovulação, padrão de mucosidade não comum,
e mulheres com dificuldades para conceber. Os estudos abor-
daram também as características do muco cervical durante
as fases férteis e inférteis do ciclo. Essas investigações têm
ajudado muitos casais com problema de infertilidade, para
conseguir a gravidez. Nos anos recentes estes casos recebe-
ram ajuda adicional das modernas técnicas de ultrassom e
laparoscopia, onde as mudanças na superfície dos ovários se
podem ver diretamente.
Esses e outros projetos de investigação estão detalhados
no capítulo 15, que explica a base científica do método.
Os estudos de laboratório, os dados laparoscópicos, os
hormônios e as investigações acerca da infertilidade, to-
dos confirmaram que o próprio reconhecimento da mu-
lher proporciona uma indicação extremamente precisa
ao seu estado de fertilidade.
Nos capítulos que seguem, o significado prático desse des-
cobrimento do muco está delineado - o como, o quando e o
porquê do uso do Método da Ovulação.
15
3
Conhecendo
seu ciclo menstrual
A possibilidade de conceber uma criança em qualquer ci-
clo menstrual é limitada a um período de dias férteis.
Essa fase fértil usualmente é de cerca de cinco dias num
ciclo típico, o qual pode durar de vinte e três até trinta e cinco
dias.'
Ciclos mais curtos do que vinte e três dias, e ciclos longos
de mais que trinta e cinco dias ocorrem, às vezes, em muitas
mulheres. Mas a fase fértil fica relativamente constante.
Ciclos irregulares são muito mais comuns nos dois extre-
mos da vida reprodutiva - adolescência e pré-menopausa -
do que na idade de aproximadamente vinte a quarenta anos.
Irregularidades menstruais também são comuns depois de
desmame, ou quando as mulheres estão largando o uso da
pílula.
É natural para algumas mulheres serem muito irregulares,
mas normalmente férteis . Elas não requerem tratamento mé-
dico para regular-se. O Método da Ovulação serve igualmen-
te bem se os ciclos estiverem regulares ou irregulares.
As fases do ciclo menstrual
A menstruação. - O número de dias de sangramento
menstrual em cada ciclo é comumente de quatro a cinco, em-
bora muitas variações sejam conhecidas.
16
QUANDO OCORRE A OVULAÇÃO
menstruação ovulação menstruação
menstruação ovulação menstruação
1 I ' X
menstruação ovulação menstruação
X 1
O intervalo entre a ovulação e o sangramento menstrual tem pe-
quenas variações de mulher para mulher, mas tende a ser cons-
tante para uma mesma mulher.
A duração do ciclo é determinada pelo momento em que ocorre
a ovulação.
No início dos dias de sangramento - que é tomado como
o início do ciclo menstrual- os ovários, que são órgãos den-
tro dos quais os óvulos amadurecem, estão em um nível baixo
de atividade. Nesse tempo do ciclo, somente pequenas quan-
tidades dos hormônios femininos, estrógeno e progesterona,
estão circulando no sangue.
A fase pré-ovulatória. - Como resultado desse baixo nível
de atividade ovariana, o hipotálamo, uma coleção de células
cerebrais bem especializadas, manda uma mensagem quími-
ca, um hormônio, à glândula pituitária na base do cérebro.
A pituitária reage, produzindo seus hormônios que vão
atuar nos ovários. Vários grupinhos de células chamadas de fo-
lículos, cada um contendo um óvulo primitivo, começam a de-
senvolver-se dentro dos ovários, e produzem outro hormônio
do tipo estrógeno, conhecido por estradiol. Este é o hormônio
que ativa a cérvix (ou colo uterino) para produzir muco, o qual
aparece na abertura da vagina e assinala o estado de fertilidade.
17
18
O SISTEMA DE MENSAGEIROS HORMONAIS ENTRE O
CÉREBRO, O ÚTERO E A PRODUÇÃO DE MUCO NA CÉRVIX
glândula pituitária
influencia os órgâos
reprodutivos
mensageiros ovarianos
estrógeno e progesterona
Usualmente só um dos folículos no ovário chega à plena
maturidade em um ciclo. Os outros, depois de um curto tem-
po de atividade, cicatrizam -se, e aparentemente não servem
a outra função.
No entanto, o folículo, que está se desenvolvendo, segrega
maiores quantidades do hormônio estradiol, assim aumen-
tando as características férteis do muco e, ao mesmo tempo,
migrando até a superfície do ovário. O óvulo, dentro do folí-
culo, também está crescendo. Além disso o endométrio (que
forra o interior do útero) começa a crescer também.
Ovulação. - Em qualquer ciclo há somente um dia no
qual ocorre a ovulação. A ovulação é o processo no qual o
óvulo sai do ovário e está pronto para ser fertilizado por um
espermatozoide.
Respondendo ao estradiol do ovário, as células que for-
ram a cérvix - que está na base do útero e abre para ava-
gina - estão produzindo um tipo muito especial de muco:
o "muco fértil': Este muco é essencial para manter a capaci-
dade fertilizante dos espermatozoides. Facilita o movimento
dos espermatozoides, formando canais pelos quais eles po-
dem subir, e dando um ambiente protetor e nutritivo duran-
te sua passagem para as trompas de Falópio. Ademais retêm
os espermatozoides defeituosos. Tudo indica que a concep-
ção não pode suceder se o muco fértil não for produzido
pela c~rvix.
Quando o óvulo deixa o folículo, as células restantes de-
senvolvem-se em uma estrutura amarela chamada de "corpo
lúteo" que produz o hormônio progesterona e continua a pro-
dução de estradiol.
Estes hormônios levam o endométrio a crescer mais e tor-
nar-se mais grosso e espesso em preparação para uma possí-
vel gravidez.
19
A progesterona altera marcantemente as características do
muco produzido, de sorte que a mulher mesma pode identi-
ficar a mudança. A progesterona também aumenta a tempe-
ratura do corpo.
A fase pós-ovulatória. - Após sua saída do ovário, o ó-
vulo tem uma sobrevivência, de mais ou menos doze horas,
se não for fertilizado por um espermatozoide. Os numerosos
"dedos" no extremo do tubo escovam suavente a superfície
do ovário, resultando a condução do óvulo dentro da trompa.
Nessas doze horas de vida, o óvulo começa a se mover pela
trompa de Falópio, que é estruturada como um funil. Vai na
direção do útero, ajudado pelas contrações ondulatórias da
trompa e movimento dos cílios, ou pelos microscópicos que
forram o tubo.
A fertilização. - A união do óvulo com um espermatozoi-
de ocorre no terço superior da trompa de Falópio, menos de
um dia após a ovulação.
A última etapa do amadurecimento do óvulo não ocorre
senão depois da fertilização. Esse fato é consolador, porque
demonstra a vitalidade do óvulo e evita o desenvolvimento
de um óvulo velho.
Quando o espermatozoide penetra na membrana externa
do óvulo, seus vinte e três cromossomos se juntam com os
vinte e três cromossomos do óvulo e uma nova vida (nessa
época chamada de zigoto) começa, com um potencial de du-
ração de uns setenta anos.
20
FERTILIZAÇÃO
ovo em desenvolvimento
trompa de Falópio
21
Quando o espermatozoide e o óvulo se fundem, as carac-
terísticas hereditárias do novo ser, tais como cor do cabelo e
constituição física e bioquímica, estão estabelecidas.
O zigoto desenvolve-se rapidamente, enquanto viaja pela
trompa. Perto do sexto dia começa a aninhar-se na camada
nutriente do útero chamada de endométrio. Essa implantação
é completa cerca de doze dias após a ovulação.
O crescimento do endométrio nutritivo é estimulado tan-
to pelo estrógeno como pela progesterona, sendo que a con -
tínua secreção deles está assegurada pelos hormônios pro-
duzidos pelo zigoto que se está implantando. Em qualquer
ciclo, o tempo no qual o endométrio é de grossura adequa-
da e está suficientemente cheio de nutrientes e, assim, apto
para receber o zigotoque está em processo de desenvolvi-
mento, é somente cerca de trinta e seis horas. Correspon-
dência precisa entre as etapas de desenvolvimento do ovo (o
óvulo fertilizado) e do endométrio é essencial para o êxito
da implantação.
Se o óvulo não estiver fertilizado, morre e se desintegra.
Cerca de quatorze dias depois (com variações de dez a de-
zesseis dias), o endométrio começa a se descamar, resultan-
do a menstruação. Essa descamação do endométrio ocor-
re quando diminuem os níveis dos hormônios estrógeno e
progesterona.
O processo da menstruação assemelha-se a uma árvore
que perde suas folhas no inverno; com o próprio ciclo, novo
crescimento começa outra vez. Novos folículos se desenvol-
vem, estrógeno é produzido e um novo endométrio cresce,
pronto para uma possível gravidez.
Às vezes ocorre menstruação sem que o óvulo se despren-
da. Entãb o ciclo é chamado de anovulatório. Tais ciclos são
mais comuns no tempo da puberdade ou na pré-menopausa,
quando os níveis de hormônios são insuficientes para causar
a ovulação.
22
/
Todavia, sob a influência do estrógeno, a camada interior
do útero ainda cresce, e perde-se depois sob a forma de mens-
truação, quando o nível do hormônio diminui.
Outras mudanças durante o ciclo menstrual
Os acontecimentos hormonais do ciclo menstrual causam
mudanças tanto psicológicas como físicas que variam de mu-
lher para mulher. Muitas mulheres estão conscientes de que
alterações em seu estado de humor bem como variações nas
características físicas correspondem às diferentes etapas do
seu ciclo. Altos e baixos de emoção antes e durante a mens-
truação têm sido documentados, registrando desde irritabi-
lidade, depressão, ansiedade e fadiga até estados de euforia.
É comum ocorrer sensibilidade maior nos seios antes da
menstruação, e isto pode incomodar. Algumas mulheres sen -
tem enxaqueca durante o primeiro dia de sangramento. Do-
res de barriga refletem uma variável relação à ovulação.
Perto do tempo da ovulação, o muco na abertura da vagi-
na mostra mudanças significativas. Esse muco - produzido
pela cérvix - é a chave da sua fertilidade. Será discutido com
mais detalhes no próximo capítulo.
Estando conscientes dos acontecimentos do ciclo mens-
trual e especialmente das mudanças no muco, as mulheres
podem aprender a reconher sua fertilidade ou infertilidade
com precisão.
23
4
A chave do controle
da fertilidade - o muco
Quando a terra está seca, uma semente não germina.
Mas quando as chuvas vêm, preparam-se para a colhei-
ta. Na mulher também: quando ela está úmida com o
muco e por três dias depois, pode esperar a colheita de
uma criança. - Informe do Ensino do Método da Ovu-
lação na pesquisa da Organização Mundial de Saúde,
em El Salvador, América Central.
Usualmente representamos o ciclo menstrual começando
com o sangramento e terminando com o início do próximo
tempo de menstruação. No ciclo fértil, você ovula em um dia
só. Mesmo quando dois óvulos se desenvolvem (como pode
suceder no caso de gêmeos), os dois são soltos no mesmo dia.
Se não ocorrer uma gravidez, seu sangramento menstrual co-
meçará cerca de duas semanas após a ovulação.
A sensação de umidade associada com a menstruação
amiúde é sua primeira indicação do sangramento. Assim é
também com o muco de tipo fértil.
Às vezes durante o ciclo pergunta-se se começou a mens-
truação. Você sente algo úmido e escorregadio fora da vagina.
Quando investiga, encontra um muco que pode ser branqui-
24
nho ou claro e distensível. Talvez pense: ''Ah! não é nada!"
Mas, longe de não ser nada, este muco - o muco fértil -
é um sinal importantíssimo de boa saúde e de fertilidade. É
produzido pelas células da cérvix (também chamada de colo
uterino) durante um período de aproximadamente seis dias
antes da ovulação.1
O muco tipo fértil parece essencial para a fertilidade. Pes-
quisas tanto de laboratório como de clínica mostraram que
o tempo mais fértil no ciclo coincide com o muco tipo fértil,
e que a infertilidade está associada com a ausência do muco
desse tipo nas mulheres que são normais noutros aspectos.
Esse muco dá aos espermatozoides um invólucro prote-
tor no qual eles retêm sua capacidade fertilizante por três e
às vezes até cinco dias (mas só se o muco estiver presente).
Sem muco, os espermatozoides deterioram rápido: o ambien -
te normalmente ácido da vagina poderia incapacitá-los em
minutos.2
O muco tipo fértil nutre os espermatozoides suprindo-os
da energia que eles requerem. De maneira ainda não enten-
dida plenamente, o muco poderia capacitar o óvulo. O muco
atua como filtro, destruindo espermatozoides danificados.
Cada ejaculação contém uma proporção destes.
Além de fornecer proteção e nutrição, o muco também
forma canais para guiar os espermatozoides em sua trajetó-
da pela vagina, pela cérvix e útero e nas trompas de Falópio.
Aliás, o muco fora da vagina poderá ajudar os espermatozoi-
des a chegarem ao óvulo. (Assim é que uma gravidez pode
resultar de um contato genital sem que ocorra plena pene-
tração.)
Durante o tempo de aprendizagem dos tipos de muco
que indicam infertilidade ou fertilidade, é importante fazer
um registro diário de suas observações. Sobretudo quando o
casal está decidido a não ter logo outro filho.
25
26
OS ESPERMATOZOIDES E O MUCO
Dia 2 3 4 5
Dia 2 3 4 5
Figura 3
IJ?I ·~J
~
li
Dia 2 3 4 5
Figura 4
1 Ili
Dia 2 3 4 5
Dseco ºMuco -Mudança
fértil no muco 1X1 Ápice []Ovulação
Os espermatozoides usualmente retêm sua capacidade fertilizante
por três dias (figura 1 ), mas sob condições ótimas do muco, às vezes
até por cinco dias (figura 2). Se o coito ocorrer num dia seco (figura
3), a capacidade fertilizante dos espermatozoides é rapidamente di-
minuída. Se o coito ocorrer no dia de Ápice ou imediatamente depois
(figura 4), a concepção é o mais possível.
Não se aflija se seu padrão não for conforme o pa-
drão de outras mulheres. Tempos de muco tipo fértil
podem ser mais longos ou mais curtos e a quantidade
pode ser maior ou menor. Cada mulher reconhecerá
que ela tem seu próprio padrão, que é tão individual
como ela é.
Esteja atenta para mudanças na sensação e na aparência
do muco. Essas mudanças são indicadores vitais de alteração
em sua fertilidade.
Quase todas as mulheres entendem rapidamente o padrão
de sua fertilidade, mas uma instrutora experimentada lhe as-
segurará que está interpretando seu registro corretamente. Às
vezes, é também uma boa ajuda falar com outras mulheres
que estejam usando o método.
Durante o aprendizado é necessário evitar relações se-
xuais (qualquer contato genital) durante o primeiro mês da
anotação. Isso facilita a percepção e o bom entendimento do
seu padrão de muco. Isso porque a associação de fluido semi-
nal com secreções vaginais no coito poderia confundi-la no
seu aprendizado durante o período de conhecimento do seu
padrão de muco.
O padrão básico de infertilidade (PBI)
Num tipo comum de ciclo, a sensação que você experi-
menta após o sangramento menstrual é secura. Nenhum
muco se vê ou se sente; isto se descreve como o Padrão Básico
de Infertilidade, tipo seco.
No outro tipo comum, não ocorrem dias secos após a
menstruação. O muco usualmente visível é espesso e em pe-
• Fotografia das págs. seguintes: espermatozoides movendo-se através do muco
fértil.
27
quena quantidade. Pode produzir uma sensação de viscosi-
dade (ou de "pegajoso"). E pode continuar dia após dia sem
alteração. Isto se descreve como Padrão Básico de Infertilida-
de, tipo mucoso.
No ciclo típico de 28 dias, o PBI de secura ou de muco
dura dois ou três dias após a menstruação.
Enquanto os dias secos podem ser determinados durante
o primeiro mês de registro das observações, é possível que
você precise de mais alguns ciclos para que possa interpretar
com confiança o PBI de muco e o ponto de mudança para
muco de tipo fértil.
O muco de tipo fértil
A primeira indicação da mudança para a ovulação pode-
ria ser mucode tipo pegajoso e filamentoso depois dos dias
secos; ou poderia ser a sensação de umidade depois de uma
série de dias secos.
Essas sensações são experimentadas na região da vulva.
Você poderá notar um coágulo de muco escuro que estivera
descansando como um tampão no colo uterino. Com o pas-
sar dos dias, notará que o muco se torna menos espesso e
mais claro, filamentoso e abundante.
As mulheres descrevem este muco fértil de várias manei-
ras: como fios de clara de ovo cru, liso ou escorregadio.
Pode ser claro, turvo ou manchado de sangue; neste caso
aparecerá um pouco rosado, cor de café, vermelho ou ama-
relo.
Esse muco fértil sempre aparecerá como úmido e escorre-
gadio, devido à sua própria estrutura e composição química.
Um cheiro característico do muco fértil é notado por mui-
tas mulheres, especialmente as senhoras cegas.
28
A fase fértil começa com a mudança do PBI, nos seis dias,
mais ou menos, antes da ovulação.
Muitas vezes o muco se apresenta e perdura, dando sufi-
ciente aviso da vinda da ovulação e da necessidade de evitar
completamente as relações e todo contato genital se uma gra-
videz não é desejada, porque os espermatozoides se conser-
vam vivos e sadios por meio desse muco fértil.
O muco fértil pode ser acompanhado pela sensação de in-
chaço e intumescência nos tecidos ao redor da abertura da
vagina. É como se os tecidos estivessem maduros, algo que
muitas mulheres associam claramente com fertilidade. Ou-
tros sinais da fertilidade, tais como a dor ou as manchas de
sangue, não são tão precisos nem seguros como é o muco.
Quando a região vaginal em geral está lubrificada por este
muco fértil, o desejo de relações sexuais pode ser maior. Mas
ao contrário da opinião de algumas mulheres, a secreção não
é produzida pelo desejo sexual.
O ápice, ponto máximo da fertilidade
O último dia de qualquer das características férteis do
muco - isto é, o último dia em que ele aparece filamentoso
e distensível ou produz a sensação de lubrificação - é o dia
mais fértil do ciclo.
Você o conhecerá como o último dia somente em retros-
pecto (quando já passou). Tal dia se chama o Ápice ou Pico
de fertilidade, porque é o dia em que o coito é mais apto para
resultar numa gravidez. É importante entender que não é ne-
cessariamente o dia de máxima quantidade do muco. Pensar
assim é um erro comum.
A chave do dia de Ápice está em que ele é o último dia de
qualquer das características do muco fértil - isto é, o último
29
O SISTEMA REPRODUTIVO FEMININO, INDICANDO O EFEITO
DO MUCO NO MOVIMENTO DOS ESPERMATOZOIDES
válvula biológica fechada - fase pré-ovulatória
válvula biológica aberta - ovulação
espermatozoides normais
chegam ao óvulo;
células anormais
são filtradas pelo
muco no colo uterino
mistura de espermatozoides
normais, velhos
e anormais
(cerca de 300 milhões)
30
formando canais
e dando proteção
aos espermatozoides
1 f.
1
'
dia em que o muco na abertura vaginal aparece filamentoso
ou é sentido como lubrificante. A sensação lubrificante pode
durar mais um dia ou dois depois do desaparecimento de fios
de muco, indicando que você ainda está altamente fértil. A
sensação é o sinal de mais valor. Algumas mulheres não verão
nenhum muco.
Estudos mostram que o sinal Ápice do muco usualmente
ocorre dentro de um dia após a ovulação (veja p. 206s).
Mais de 90 por cento das mulheres podem identificar a
fase fértil e o dia Ápice no primeiro mês de observação (estu-
do da Organização Mundial de Saúde, p. 227). Encorajamen-
to e prática podem aumentar essa estatística. A ocorrência de
um período menstrual aproximadamente duas semanas após
seu reconhecido dia do Ápice confirmará suas observações, e
sua confiança crescerá com os ciclos seguintes.
O pequeno número de mulheres que não podem iden -
tificar um padrão de muco reconhecível requer assistência
especial; elas têm que estar especialmente alertas para a sen -
sação que o muco produz fora da vagina. Às vezes só uma
pequena quantidade de muco é produzida e a sensação será
a guia principal. Isto é importante para uma mulher que está
encontrando dificuldade em conceber.
Umas poucas mulheres podem ter dificuldade, no início,
em crer que existam sinais de fertilidade; elas podem pensar
que não têm muco. Podem ter-se enganado nas observações
eventuais de umidade como se fossem resultantes do coito,
estímulo ou ainda de infecção.
Não desanime. Se você estiver alerta para a mudança nas
sensações produzidas por apenas uma mínima quantidade
de muco, você aprenderá logo os sinais de sua própria fer-
tilidade.
Se você está com dificuldade em determinar sua fase fértil,
a tomada diária de sua temperatura durante uns poucos ci-
clos pode auxiliá-la a indicar se está ou não ovulando.
31
A fase pós-ovulatória
Num ciclo típico, o tempo entre a ovulação e o começo da
menstruação é de cerca de quatorze dias. Esse intervalo tende
a ser constante em cada mulher individualmente.
Durante os três dias após o sinal de Ápice, deve observar
as características do seu muco com muito cuidado. Se o muco
de tipo fértil reaparecer dentro de três dias de um Ápice duvi-
doso, isto sugere que a ovulação atrasou.
Quando a ovulação ocorre, o muco se torna pegajoso, es-
curo e seco até o fim do ciclo. Ou pode parar completamente.
Quando a mulher estiver completamente seca ou com este
muco pegajoso e contínuo de tipo infértil durante três dias
sucessivos após o dia Ápice, pode-se assumir que a ovulação
ocorreu e que o óvulo já está morto.
32
5
Mantendo
o registro do seu muco
A maneira mais adequada para aprender a reconhecer
os sinais do seu muco é anotar suas observações diariamen-
te num gráfico. O propósito é identificar se o coito em um
dia determinado pode ou não resultar numa gravidez. Você
estará pronta para usar o método depois de um mês de ob-
servações.
Para facilitar o registro, um jogo de selos coloridos foi
criado para recordar as observações. No início, as observa-
ções são feitas usando somente selos de cor vermelha, verde
e branca. Após esta etapa de aprendizagem, os padrões do
muco podem ser identificados e anotados como infértil ou
possivelmente fértil. Sempre as observações devem ser anota-
das, não as interpretações.
Manter a registro do seu muco torna-se logo uma coisa
bastante natural. Requer apenas que você cole o selo apro-
priado ao registrar cada tarde, e junte algumas palavras para
descrever a sensação produzida pelo muco fora da vagina, e a
aparência dele, durante esse dia. Gráficos e selos encontram-
-se nos centros de ensino do MO (ver pp. 234ss). Se você não
puder encontrá-los, poderá tentar desenhar seu próprio grá-
fico utilizando lápis de cor.
Vários sistemas de registro foram desenvolvidos para re-
cordar os ciclos. Algumas cegas põem botões ou contas de
formas diferentes num fio. Instrutores em países em desen-
volvimento adaptaram o sistema de registro às necessidades
33
da comunidade local. Mulheres em algumas partes da Índia
fazem nós num cordão ou faixa levada à cintura, enquanto
em outros países a informação é marcada no tronco de uma
árvore. As mulheres em Papua-Nova Guiné põem pérolas co-
loridas num fio.
Anotações diárias ajudam a familiarizar-se com seus pa-
drões de muco em ciclos normais, quando emoções retardam
a ovulação; e em circunstâncias reprodutivas alteradas, tais
como quando uma gravidez é desejada, ou durante a ama-
mentação ou na pré-menopausa. Exemplos típicos de gráfi-
cos de mulheres que estão aprendendo o método e para ciclos
longos e curtos, são ilustrados nas figuras 1, 2 e 3 (veja p. 82).
34
Código de cores, Método da Ovulação
Vermelho
Verde
Branco
Amarelo
Para dias de sangramento ou manchas
Quando o muco não é observado e quando
há uma sensação de secura
Para o muco que pode ser fértil
Para muco infértil, isto é, muco que fica
constante dia após dia. Muco infértil pode
ser reconhecido só depois de observar um
ciclo ou dois. Depois, o selo amarelosig-
nifica infertilidade e o selo branco possível
fertilidade.
A distinção entre muco infértil e muco
possivelmente fértil é necessária quando o
muco ocorre frequentemente antes da ovu-
lação. Selos amarelos são usados também
para muco após a ovulação.
Estes dias são inférteis porque o óvulo está
morto.
O primeiro e mais importante passo para aprender o mé-
todo é desenvolver o conhecimento do muco e das mudan-
ças nele.
Se seus sinais mucosos não são claros, seria útil falar deles
com uma instrutora do Método da Ovulação. Há muitas delas
no mundo. Para informação escreva ao mais próximo Centro
do Método da Ovulação.
Se está ovulando apenas raramente, por exemplo quando
acercando-se da menopausa, ou se não ovulou desde o nas-
cimento de um filho, pode aprender a reconhecer seu Padrão
Básico de Infertilidade após marcar seu gráfico mais ou me-
nos por duas semanas. Qualquer mudança desse padrão signi-
fica uma possível volta à fertilidade.
Durante o mês inicial, quando está aprendendo a deter-
minar seus sinais mucosos pelas anotações no seu gráfico, é
recomendado que não tenha relações sexuais e que evite todo
contato genital, incluindo coito interrompido. Aparelhos an -
ticoncepcionais, tipo barreira, tais como o condom ( camisi-
nha-de-vênus) e o diafragma, não devem ser usados, porque
o padrão de muco cervical pode ser escurecido pelo fluido
seminal ou pelas secreções vaginais produzidas durante a ati-
vidade sexual.
Muitas mulheres deixam de fazer a anotação diária
quando têm confiança na sua habilidade para interpretar
seu muco com precisão. Porém é aconselhável manter um
registro do muco, se houver uma razão séria para evitar a
gravidez.
Como você observa o muco?
Sensação. - O muco produz uma sensação na pele fora da
vagina. Esta é a observação mais importante.
35
Durante suas atividades normais no corre-corre diário,
você pode reconhecer uma sensação de umidade, de viscosi-
dade ou de nada (secura).
Uma quantidade mínima de muco, ainda não visível, pode
mudar a sensação de seca até não seca, pegajosa, apenas úmi-
da, escorregadia ou muito úmida. Algumas mulheres ficarão
desanimadas se esperam ver muco que se parece com a clara
de ovo cru e que é distensível sem se romper.
Aparência. - Quando você sentir a presença do muco,
você deve reparar na aparência dele. Cada mulher tem sua
maneira própria para fazer isso. Algumas passam um pedaço
de papel (higiênico) na abertura vaginal antes de urinar. Uma
mulher aprende assim a avaliar suas observações pessoais. É
recomendável fazer suas observações habitual e consistente-
mente.
Se existe muco suficiente para ver e recolher, ele deve ser
observado com atenção quanto à sua clareza, distensibilida -
de, mudanças na cor (por exemplo, pode ser manchado com
sangue), ou notando se é pegajoso, com grumos ou com mu-
danças na quantidade.
O muco altamente fértil tem uma fluidez que permite dis-
tendê-lo facilmente e que assegura a presença fora da vagina
logo depois da sua produção no colo uterino. Você não tem
que examinar dentro da vagina. Confusão pode resultar de
proceder assim, porque lá sempre é úmido.
Roupa de baixo bem apertada às vezes não permite sentir
as sensações fora da vagina. Porque tais sensações são indica-
dores extremamente importantes do seu estado de fertilida-
de, é preferível usar roupa de baixo suficientemente solta para
você estar em sintonia com suas sensações.
36
Quando se revisa o muco?
Não há um tempo especial. Muitas das mulheres que usam
o método automaticamente anotam mentalmente qualquer
muco que ocorra quando urinam. Aliás estão alertas em qual-
quer tempo para as sensações que percebem na vulva.
Utilize suas próprias palavras, ao fim do dia, para anotar
as sensações e a aparência do muco, especialmente o sinal
mais fértil que experimentou durante esse dia.
Sua descrição não tem de ter sentido para outras pessoas.
Simplesmente anote suas observações acerca do muco sem
tratar de interpretá-las no princípio. Mulheres que dizem que
não sentem nem veem muco nenhum se surpreendem amiú-
de pelo que notam assim que recebem a informação básica
sobre o que procurar. Elas amiúde produzem um padrão clás-
sico já na primeira observação.
Numa situação nova, tal como durante amamentação ou
pré-menopausa, é aconselhável continuar registrando no seu
gráfico. Em tais circunstâncias, infertilidade pode ser o esta -
do dominante; ápices de fertilidade podem ocorrer raramen -
te, ou podem não ocorrer. Reconhecimento de infertilidade é
agora a chave para controlar sua fertilidade.
Uma vantagem importante do gráfico para alguns casais
é que isto abre áreas de discussão entre os esposos acerca de
assuntos íntimos e vitais, incluindo a regulação da fertilidade.
Já que o método requer comunicação acerca de emoções e
sexualidade, isto amiúde enriquece o relacionamento.
Alguns homens gostam de ver o gráfico para se acomodar
ao comportamento que ele requer. Por exemplo, saberão se é
ou não desejável ter o coito neste tempo particular do ciclo,
se a intenção é evitar uma gravidez. Dessa forma, eles podem
dar força e segurança às esposas para seguir as indicações do
método.
37
Esse empenho comum dos esposos para o controle da fer-
tilidade está na linha da conscientização do que é a fertilidade
combinada de ambos os parceiros, homem e mulher, o que
determina se num tempo particular pode ou não ocorrer uma
gravidez. Partilhar a responsabilidade pela gravidez remove o
peso do controle da fertilidade de um parceiro, e estimula a
atitude de se amar mútua e responsavelmente, que é a base do
êxito e do inteligente planejamento familiar.
Quando você está fértil?
O prazo da fase fértil depende da fertilidade combinada
de você e seu companheiro.
Quer dizer, depende do rápido transporte e manutenção
da capacidade fertilizante dos espermatozoides (tipicamente
dois ou três dias e às vezes até cinco dias), o que está rela-
cionado diretamente com a presença do fértil muco cervical
tanto como do tempo preciso da ovulação e da sobrevivência
do óvulo (o óvulo vive mais ou menos doze horas).
Para a média dos casais, o tempo durante o qual a concep-
ção pode resultar de coito em qualquer ciclo é de três a seis
dias.
Isso pode estender-se a sete dias em casais de alta fertili-
dade. Em outros casais o tempo pode ser apenas de meio dia,
devido à curta duração da presença do muco, e porque esta
curta fase fértil pode ocorrer somente em alguns ciclos.
As normas descritas no próximo capítulo dão um amplo
fator de segurança para minimizar a possibilidade de uma
gravidez não planejada.
38
6
Aplicando o Método
.
as normas gerais
Nessas normas, abstinência de relações sexuais inclui
evitar todo contato genital. A razão é que espermatozoides
sadios podem mover-se de fora da vagina até as trompas de
Falópio, quando o muco tipo fértil está presente. Assim, sem
intenção, poderá ocorrer uma gravidez.
Quando relações sexuais não são aconselháveis, não evite
toda expressão de amor.
"Temos encontrado uma série ilimitada de possibilidades
em nosso relacionamento sexual, usando o Método da Ovu-
lação. A sexualidade dá-se amando, entendendo, tocando,
estando perto e explorando uma vasta gama de experiências
em comum."
Normas para evitar a gravidez
Os primeiros dias inférteis - as normas dos primeiros dias.
Os primeiros dias inférteis são os dias antes de ocorrer qual-
quer mudança. Tais dias podem ser secos, sem qualquer sinal
de muco, ou pode ocorrer algum tipo de muco que, sendo
quase seco, pegajoso ou espesso, fica constante dia após dia.
Ambos os padrões são chamados de Padrão Básico de ln -
fertilidade (PBI). O primeiro é um PBI de secura, o segundo
é de muco constante sem mudança. Ambos indicam que você
39
está infértil. Uma mudança em qualquer caso indica possível
fertilidade.
Relações sexuais devem ocorrer só nas noites dessa pri-
meira parte do ciclo para que o PBI se possa confirmar du-
rante o dia.De outro modo uma mudança ao muco tipo fértil
pode ocorrer durante a noite, e você e seu companheiro, sem
terem conhecimento de que sua fertilidade está aumentan-
do, tendo relações sexuais pela manhã, podem incorrer numa
gravidez.
O coito em noites alternadas dará segurança maior, por-
que o sêmen e as secreções vaginais tendem a obscurecer o
muco no dia após o coito. Vinte e quatro horas bastam para o
sêmen desaparecer completamente.
Se seu PBI é de dias secos, e estes são interrompidos por
um dia de muco, é aconselhável evitar coito nesse dia e nos
três dias depois. Esse período de três dias permite que opa-
drão mude ou para possivelmente fértil ou para obviamente
infértil. Se o PBI de secura voltar sem que você reconheça o
Ápice, mais uma vez deve-se usar as noites alternadas para
relações sexuais.
Se o PBI é de muco contínuo sem mudança, e isto é in-
terrompido por um dia em que o muco mudou, evite o coito
neste dia e nos três dias depois. Se seu PBI de muco volta a
ocorrer, pode ter relações sexuais com segurança nas noites
alternadas. O PBI ocorre só antes da ovulação.
Dias férteis - a norma do dia Ápice. - Qualquer mudan-
ça na quantidade, cor, viscosidade, filamentosidade ou umi-
dade do muco indica alguma atividade nos ovários e a possi-
bilidade de que você esteja fértil.
Abstinência de coito deve começar tão logo qualquer mu -
dança no PBI seja observada ou sentida. Continue a evitar
relações sexuais durante os dias de muco tipo fértil e nos três
dias após o último dia de qualquer sinal fértil. O último dia de
uma sensação de lubrificação ou do aparecimento de muco
40
claro ou filamentoso, se chama de dia Ápice de fertilidade.
Esse dia coincide de perto com a ovulação (ver cap. 15).
Os últimos dias inférteis. - Esses dias começam no quarto
dia após seu Ápice (o que quer dizer, depois de você reco-
nhecer o Ápice e evitar o coito pelos três dias seguintes) e
continuam até o fim do seu ciclo. Nesses dias, a sua fertilidade
combinada (a sua e a de seu companheiro) é zero. A ovulação
já terminou e o óvulo está morto. Uma vez que o Ápice já foi
identificado corretamente, não se requer abstinência depois
do terceiro dia completo após ele. Relações sexuais em qual-
quer hora do dia ou da noite não levam a possibilidade de
gravidez.
Durante o sangramento menstrual. - Os casais devem evi-
tar o coito durante esses dias. Isso assegura que os sinais da
ovulação não sejam obscurecidos pelo sangramento. Durante
um ciclo curto, a ovulação pode acontecer antes do sangra-
mento terminar; e o conselho para evitar o coito nesse tempo
já está levando isso em consideração.
Durante qualquer dia de sangramento antes da menstrua-
ção. - Evite o coito no dia em que aparecerem quaisquer
manchas de sangue e nos três dias seguintes. É que tal sangra-
mento pode coincidir com a ovulação e pintar o escorregadio
e distensível muco rosado, cor de café, vermelho ou amarelo.
A identificação correta do muco é difícil se o sangramento
estiver forte.
Situações de stress. - Ansiedade, stress, viagens, enfermi-
dade ou mudanças de ambiente podem retardar ou suprimir a
ovulação num ciclo, mesmo que a cadeia de eventos que levam
à soltura do óvulo comece a mover-se. Se você experimentar
sério stress, por exemplo, deve contar com a possibilidade de
41
uma ovulação retardada, e tomar precaução especial para ava-
liar o Ápice de fertilidade. Em caso da confusão do padrão de-
vido ao stress, adiar o coito seria uma tática de bom senso.
''Minha razão para utilizar o método é que não desejo mais
filhos, por enquanto. Acho que minha capacidade para cuidar
de meus três queridos filhos já está bastante sobrecarregada.
Acho que se alguém quiser usar o método por esta razão,
deve entendê-lo bem, e não sair fora das normas para não cor-
rer riscos.
No princípio meu marido e eu achamos o método muito
limitante, e certamente nem tudo era doçura e luz. O não po-
der ter relações sexuais em toda ocasião é uma situação que
tem que ser plenamente compartilhada e aceita por ambos os
parceiros. Contudo, com o correr do tempo, achamos este as-
pecto menos frustrante; sentimos que ficamos mais sensíveis às
necessidades e sentimentos de um para outro. Sinto que nosso
relacionamento se desenvolveu e nosso amor se aprofundou.
Já faz quatro anos desde que a Dra. Lyn Billings explicou o
método para mim, e acho que agora estou numa posição muito
melhor para enfrentar a situação da família, e que a vida desta
família é muito mais pacífica e estável. (É certo que outros fato-
res entram nisso também.)
Quero acrescentar que antes de começar com o método de
ovulação, tomava a pílula por doze meses. Não gostei disso de
nenhuma maneira, me senti mais como uma coisa do que como
uma pessoa. Não gostei de usar produtos químicos que sabia
poderiam ter efeitos colaterais e prefiro saber em qual fase do
ciclo normal estou".
Normas para engravidar
Tente ter relações sexuais duas ou três vezes por semana
antes que apareçam os sinais de fertilidade, e mantenha uma
42
vigilância sobre o padrão do seu muco para poder notar os
sinais de fertilidade.
Se ordinariamente você tem vários dias de muco fértil
num ciclo, tente ter relações sexuais nesses dias, o mais perto
possível do dia Ápice.
Se você produz muco tipo fértil só em alguns ciclos, e só
por um tempo curto no ciclo, tenha o coito nesse tempo, pre-
cisão é importantíssimo para a concepção. Muco presente
durante apenas uma parte do dia é, em algumas mulheres,
suficiente para a concepção acontecer.
43
7
Perguntas mais frequentes
P. O método da Ovulação Billings é mais adaptável a al-
guns casais do que a outros?
R. É, sim. Casais com relacionamento estável geralmente
acham mais fácil aceitar um método que exige uns dias sem
relações sexuais.
O método requer compromisso. Apela mais fortemente a
casais que estão motivados a usar um método natural e com
vontade de assumir responsabilidade em comum pelo con -
trole da fertilidade.
O método é mais indicado para um homem e uma mulher
que se amam. Ajuda a gerar o amor. Na ausência do interesse
amoroso, não funciona.
P. Como vou saber quando estou fértil?
R. Seu muco cervical lhe indicará se está fértil ou infértil
por suas características.
• Uma sensação de secura, sem muco, indica infertilidade.
• Muco que é quase seco, opaco, pegajoso e pouco em quan-
tidade, e que continua sem mudança dia após dia também
indica infertilidade.
• Muco que se distingue desses dois padrões sugere que
já veio uma alteração a nível de fertilidade. Se o muco se
apresenta liso (escorregadio) e úmido, parecido com clara
de ovo cru e pode distender-se para formar um fio delica-
44
do antes de romper, provavelmente você está no seu tem-
po mais fértil.
Manter um gráfico diário ajuda a mostrar a você como
o muco muda com o decorrer dos dias. A avaliação do
comportamento do padrão do muco durante vários dias é
a melhor maneira para reconhecer tanto a fertilidade como
a infertilidade, em vez de fazer avaliação acerca de um tipo
particular de muco. O padrão do muco de cada mulher é
um pouco diferente, mas ela mesma rapidamente aprende
a reconhecê-lo.
P. Como encontro o muco?
R. Encontrará o muco na abertura da vagina. Você não
tem que procurar dentro da vagina, o que provocaria con-
fusão porque a vagina sempre é úmida. Revise-se rotineira-
mente durante o transcurso do dia. Esteja alerta à sensação
que o muco produz e também à sua aparência. Sintonizan-
do-se com a sua fertilidade, logo ela se tornará familiar a
você.
P. Devo manter um registro do meu padrão do muco?
R. Quase todas as mulhers acham que algum tipo de re-
gistro é necessário durante sua aprendizagem no reconheci-
mento dos vários tipos de muco associados com a fertilida-
de ou a infertilidade. É melhor não confiar somente na sua
memória.
Um gráfico pode ajudar seu companheiro também, dan-
do-lhe conhecimento das mudanças do muco e comunican-
do-lhe seu estado de fertilidade.Com o propósito de apren-
der, é aconselhável manter o gráfico por vários meses.
Uma vez que tem confiança no reconhecimento do seu
padrão de muco, pode continuar com o registro ou concen-
trar sua atenção na sensação e na aparência do seu muco
quando quiser saber seu estado de fertilidade. É aconse-
45
lhável continuar com o registro se tiver uma razão grave
para evitar uma gravidez, ou numa situação de fertilidade
alternada, tal como a pré-menopausa, ou então quando
quiser gerar uma criança.
P. Quando estiver aprendendo o método, devo manter o
gráfico do meu muco por um ciclo menstrual ou por um mês do
calendário?
R. É necessário registrar seu muco somente durante um
mês do calendário; e é recomendável abster-se de relações se-
xuais durante este tempo. (Se a ovulação for retardada por
longo tempo num ciclo, o ciclo completo pode requerer vá-
rios meses; mantendo seu registro por tanto tempo, isso im -
plicaria muita abstinência desnecessária.) Um mês é tempo
suficiente para você avaliar seu estado de fertilidade.
P. Durante quantos dias no ciclo menstrual o casal é fértil?
R. Três a seis dias. Estudos científicos mostram que o óvu-
lo vive cerca de doze horas, e que os espermatozoides podem
manter sua capacidade fertilizante de três a cinco dias se sus-
tentados pelo muco tipo-fértil que vem do colo uterino. Por
isso, relações sexuais no dia Ápice da fertilidade ou dentro de
três a cinco dias anteriores ao Ápice, tanto como antes da mor-
te do óvulo após o Ápice, podem resultar numa gravidez.
P. Quantos dias estão disponíveis para relações sexuais
num ciclo típico de vinte e oito dias? Isto varia segundo a du-
ração do ciclo ou as circunstâncias da vida reprodutiva - por
exemplo, durante a amamentação ou na pré-menopausa?
R. Resultados preliminares do estudo da Organização
Mundial de Saúde acerca do método indicam que cerca de
46
metade dos dias de um ciclo de vinte e oito dias geralmente
estão disponíveis para o coito. Os dias de abstinência incluem
o período menstrual, o tempo em que o muco indica possível
fertilidade e uma margem segura de dias para levar em con -
ta as situações da fertilidade individual. Com experiência no
método, os casais sabem que podem aumentar o número de
dias disponíveis para o coito.
Em ciclos curtos, menos do que a metade dos dias po-
dem ser disponíveis, enquanto em ciclos longos (por exem -
plo, quando está amamentando ou na pré-menopausa, muito
mais dias estão disponíveis.
Séries de dias de abstinência intercalam -se com séries de
dias disponíveis para o coito, de tal forma que a abstinência
não é exigida por longos períodos num mesmo ciclo. Isso é
uma grande vantagem sobre outros métodos naturais e é uma
importante ajuda psicológica para levar os casais a guarda -
rem as normas.
Quando o coito não é aconselhável, não evite outras de-
monstrações de amor. Existem muitas maneiras para você
mostrar seu amor, e com imaginação esses dias podem ser
tão revigorantes como os outros.
Pensar positivamente acerca dos tempos sem coito ajuda
muito: a fase fértil, com sua capacidade para gerar um filho, é
um tempo posto de lado por decisão mútua. Depois, durante
a fase il).fértil, você pode manifestar amor totalmente espon -
tâneo, livre de remédios ou de aparelhos anticoncepcionais.
Muitos casais acham que seu relacionamento sexual fica
revitalizado após um pequeno intervalo sem coito.
P. Você diz que os espermatozoides podem sobreviver até
cinco dias. E se eu .não tiver cinco dias de muco fértil para me
avisar que a ovulação está se aproximando?
47
R. Sem a presença do muco fértil, os espermatozoides
não podem passar pelo colo uterino para fertilizar, porque o
ambiente vaginal nessas circunstâncias é hostil para eles.
Assim, se você tem muco fértil só por dois dias, ou só por
meio dia no ciclo, a sobrevivência dos espermatozoides estará
igualmente reduzida. O importante para lembrar é que quan-
do você vê ou sente o muco filamentoso ou lubrificante, deve
evitar o coito então e por três dias completos depois. Mesmo
sendo poucos os dias em que você vê ou sente o muco fértil,
sempre terá aviso suficiente da aproximação da ovulação pela
mudança no seu padrão de infertilidade.
P. Por que é importante ter relações somente à noite du-
rante a primeira parte do ciclo, antes do aparecimento do
muco fértil?
R. Você tem de estar em pé por algumas horas para que o
muco fértil se faça ver ou sentir. O coito de manhã, ao acordar,
não lhe facilitaria reconhecer uma mudança para o muco fértil
que ocorresse durante a noite; e assim uma gravidez pode re-
sultar. Porém, após ocorrida a ovulação e passados os três dias
seguintes, então o dia e a noite são disponíveis para o coito.
P. Por que você recomenda abstinência tão logo apareça a
mudança do muco infértil ao tipo fértil?
R. É impossível predizer para um ciclo precisamente
quando vai ocorrer a ovulação. Por exemplo, num ciclo curto
de vinte e um dias, a ovulação pode ocorrer próximo ao séti-
mo dia.
O muco fértil facilita o movimento dos espermatozoides
nas trompas de Falópio e mantém a vitalidade deles até por
cinco dias. Sem o muco, a capacidade fertilizante deles dimi-
nui rapidamente. A regra para evitar o coito desde o início
48
dos sinais férteis assegura que os espermatozoides não rete-
nham sua capacidade fertilizante até a ovulação.
Os sinais de fertilidade podem começar mais do que cinco
dias antes do Ápice (a média é seis dias antes). Por não se
saber num ciclo dado, quando aconteceu exatamente a ovula-
ção, é que existe a regra dos três dias completos após o desapa-
recimento da umidade.
Em alguns ciclos, o muco só aparecerá próximo da ovu -
lação. As mesmas regras se aplicam nessas circunstâncias,
porque o transporte dos espermatozoides e a vitalidade deles
diminui rapidamente sem o muco fértil. A única diferença é
que, durante tais ciclos com um número pequeno de dias fér-
teis, o tempo de abstinência será mais curto.
P. Você sugere três dias de abstinência após o Ápice ou o
último dia de muco fértil. Mas o óvulo não morre dentro de
doze horas após a ovulação? Assim não é impossível conceber
tão tarde após a ovulação?
R. Estudos mostram que o Ápice, identificado pela
mesma mulher, é bastante correlato à ovulação. Em cerca
de 85 por cento das mulheres, ocorre dentro de um dia da
ovulação e em 95 por cento dentro de dois dias (veja p.
208).
Após o Ápice, sua fertilidade diminui rapidamente en -
quanto o muco fértil é substituído pelo tipo infértil. Um
intervalo de três dias após o Ápice dá tempo suficiente para
sua fertilidade voltar a zero: dentro desses três dias, morre
o óvulo. Esse intervalo de três dias (a regra do Ápice) é um
pouco excessivo com relação ao tempo de sobrevivência
do óvulo e dos espermatozoides. Contudo, é proposital; dá
uma margem de segurança contra um erro na avaliação do
seu Ápice.
49
P. Quanto precisa meu marido saber sobre o método?
Devo contar-lhe quando noto o muco fértil, para ele saber que
não podemos fazer amor?
R. Essa é uma das vantagens de um gráfico. Juntos podem
verificar o desenvolvimento do seu padrão de muco. Quando
seu companheiro entender o significado dele, saberá quais
são os melhores dias para o coito.
Ambos os parceiros podem sentir às vezes que gostariam
de abandonar as cautelas, apesar de o muco indicar fertili-
dade.
Se o casal decidiu anteriormente que este não é o tempo
propício para gerar um filho, os esposos podem se ajudar e se
encorajar para seguirem as normas.
Usuárias que obtiveram sucesso no método arranjaram
maneiras diversas e individuais para indicar ao compa-
nheiro que é o tempo fértil: uma rosa num vaso, o gráfico
em lugar bem visível, ou uma palavra acerca da presença
do muco fértil. Muitos maridos experimentados no méto-
do "já sabem".
Essa experiência em conjunto é extremamente importan-
te. Os casais podem tolerar a abstinência, mas não a confusão.
P. As normas podem ser mais flexíveis quandoa mulher
tiver longa experiência na avaliação do seu próprio padrão de
fertilidade?
R. Várias mulheres, depois do uso do método por algum
tempo, descobrem que podem ter, no relacionamento sexual,
bem mais liberdade do que se recomenda nas normas.
As normas foram formuladas para máxima segurança e
por isso contêm uma margem confiável de segurança. Con-
50
tudo os casais que adotam uma atitude mais flexível devem
estar preparados para a possibilidade de uma gravidez.
P. Posso aprender o método com confiança por este livro? É
importante a revisão de minhas observações com uma instru-
tora?
R. Muitas mulheres aprenderão o método deste livro.
Não obstante, algumas encontrarão ajuda ao consultar uma
instrutora experiente no Método da Ovulação, especialmente
se seu padrão é difícil de interpretar, tal como pode acontecer
após deixar a pílula ou na pré-menopausa.
P. Com quem posso revisar meu gráfico, para saber se es-
tou interpretando corretamente meus sinais mucosos?
R. A melhor pessoa para lhe orientar acerca de seu re-
gistro é uma instrutora experimentada no Método da Ovu-
lação. Se uma instrutora não estiver disponível na sua área,
uma mulher que tenha usado o método com êxito poderia
dar muito boa informação.
(CENPLAFAM, Av. Bernardino de Campos, 110, cj 12,
São Paulo, pode ajudá-la a encontrar uma instrutora acredi-
tada perto de você, no Brasil.)
P. Este método não tira a espontaneidade da vivência se-
xual?
R. O uso de qualquer método natural implica que você
não pode ter o coito sempre que o deseje. Para evitar uma
gravidez tem que evitar o coito quando você é fértil. Essa ati-
tude tem que ser discutida e mutuamente aceita pelos dois
parceiros, quando o casal decide utilizar o método. Ao con-
trário, há muitos dias em que você pode viver o sexo comple-
tamente espontâneo, livre de drogas e aparelhos e de qualquer
dúvida acerca de seu estado de fertilidade.
51
P. Que relação tem o muco fértil com a ovulação?
R. O muco começa mais ou menos uma média de seis
dias antes da ovulação. Logo torna-se filamentoso e lubrifi-
cante e aparece como clara de ovo cru.
Esse muco - o muco tipo fértil - é causado pela ação do
hormônio estrógeno no colo uterino (isto é, na cérvix). Toda
evidência sugere que o muco é essencial para o movimento
dos espermatozoides e para manter a capacidade fertilizante
deles, e, ao mesmo tempo, é um confiável aviso e sinal de que
você é fértil.
O Ápice de fertilidade - que corresponde de perto ao
tempo da ovulação - é o último dia da sensação ou apare-
cimento do muco fértil. Não é o dia da máxima quantidade
de muco. Isso é um erro comum. (A sensação de lubrificação
pode continuar mais um dia ou dois após o desaparecimento
do muco, mas essa continuação da sensação indica que você
ainda é fértil).
P. Como se explicam as mudanças no muco cervical?
R. Vários estudos investigaram as alterações no muco e
as ligam aos hormônios. Basicamente, os diferentes tipos de
muco são produzidos em resposta aos diferentes níveis dos
hormônios estrógeno e progesterona. Esses hormônios vêm
dos ovários. Atuam diretamente na cérvix (colo uterino) para
estimular a formação dos diferentes tipos de muco que você
vê e sente. O muco fértil aparece enquanto o óvulo começa a
amadurecer em resposta à subida do nível do estrógeno. Após
a ovulação, a progesterona força a cérvix a produzir o muco
que é pegajoso e grosso e que traz uma alteração dramática
na sensação. Fotos na página 88 mostram as diferentes carac-
terísticas do muco.
P. Posso reconhecer as mudanças na aparência do meu
52
muco, mas não confio na minha habilidade para notar mu-
dança. Isto quer dizer que não devo usar o método?
R. Não. Enquanto ambas, a sensação e a aparência do
muco, são indicadores importantes do estado da sua fertili-
dade, a percepção e o reconhecimento ~eles podem requerer
tempo para se desenvolver. Persevere com o método e conti-
nue a registrar seu padrão de muco. Muitas mulheres acham
que sua habilidade para apreciar as sensações se desenvolve
rapidamente. Estudos mostram que quase todas as mulheres
produzem um reconhecível padrão de muco após somente
um mês de aprendizagem no método.
P. O muco fértil sempre é claro?
R. Não, este muco pode ser turvo ou pode ter colorido
vermelho, rosado ou café; isto vem de sangue, gotas que po-
dem ser produzidas no tempo da ovulação.
Enquanto a aparência desse muco varia, sua consistência
aparece como clara de ovo cru, e sempre tem a qualidade de
ser escorregadio ou lubrificante. Às vezes, algumas mulheres
não veem nenhum muco, mas percebem a sensação lubrican-
te, indicando-lhes que são férteis .
P. Sempre é fácil ver o muco?
R. Muitíssimas mulheres veem e sentem os diferentes ti-
pos de muco durante seus ciclos. Muito poucas dizem que
veem bem pouco ou nenhum muco, mas percebem uma sen-
sação inegável devida a pequenas quantidades de muco.
P. Uma mulher pode conceber se ela não produz o muco
tipo fértil?
R. Toda evidência sugere que o muco fértil tem que ser
produzido pela cérvix para a concepção ocorrer (veja capítu-
lo 15). Isto é porque o muco ajuda no transporte de esperma-
53
tozoides e dá o ambiente necessário na vagina para manter a
capacidade fertilizante deles. Baseada nessa evidência, muita
dúvida tem que expressar-se acerca da possibilidade de uma
gravidez quando a mulher não produz o muco.
A importância do muco fértil é reconhecida por pesqui-
sadores da infertilidade em todo o mundo. Eles estão acon -
selhando os casais que estão experimentando dificuldade na
concepção que fiquem alerta ao muco com características
férteis e que utilizem esses dias para o coito.
P. Perturbação ou stress muda o padrão de muco?
R. A agitação - possivelmente causada por excitação,
enfermidade ou emoção - pode retardar a ovulação ou eli-
miná-la completamente de seu ciclo. Também uma viagem
pode atrasar a ovulação. Não existe nenhuma evidência de
que a agitação acelere a ovulação.
Qualquer atraso na ovulação se reflete no seu muco. Por
exemplo, se grave stress ocorrer nos dias imediatamente antes
da ovulação, você notará que seu muco fértil passa subi ta -
mente e é substituído ou por um padrão de muco infértil ou
por secura.
Porque pode ser difícil ter certeza se nessas circunstân-
cias a ovulação ocorreu ou não, um intervalo de três dias
deve passar antes de reassumir o coito, e seguir as normas
dos primeiros dias (p. 41) utilizadas até reconhecer o Ápice.
Uma grave tensão poderia até produzir um padrão confuso
de muco; é recomendável adiar o coito durante esse tempo.
P. O coito pode causar a ovulação?
R. Estudos hormonais nos humanos não demonstram
nenhuma relação entre o coito e a ovulação.
54
Se os casais não querem gerar outro filho por enquanto,
coito deve ser evitado desde o aparecimento dos sinais de
fertilidade e por três dias completos após o Ápice.
P. O conhecimento do meu padrão de muco pode ajudar-
-me a identificar infecção ou enfermidade?
R. Pode, sim; mulheres que reconhecem os processos
normais do seu corpo amiúde notam imediatamente se algo
funciona mal.
Se o padrão de muco muda notavelmente - por exemplo,
um aumento súbito na quantidade do muco ou uma alteração
na cor ou no cheiro do muco - seria uma boa ideia consultar
um médico. Um padrão alterado pode resultar de moléstias
tais como ovários policísticos ou uma infecção.
Ginecologistas estão se dando conta dessas mudanças,
porque podem indicar uma anormalidade ou infecção dos
órgãos reprodutores, um problema hormonal ou um efeito
colateral de medicação. Quanto mais cedo se faz o diagnósti-
co, mais provável é o êxito do tratamento.
P. Alguns medicamentos alteram o muco?
R. Os seguintes medicamentos alteram o padrão de
muco, com efeitos variáveis em diferentes mulheres:
• Alguns tranquilizantes, por exemplo cloropromazina, que
causa uma subida na prolactina, resultando no atraso da
ovulação. (Contudo quando a ovulação ocorrer, se reco-
nhece pelopadrão mucoso usual) .
• Hormônios, por exemplo progesterona e estrógenos.
• Anti-histamínicos (somente algumas mulheres sofrem al-
teração com estes; os registros individuais descobrirão isto
logo).
• Remédios citotóxicos utilizados contra câncer. Estes im-
pedem a prodµção do muco por uma ação direta sobre os
ovários.
55
• Antibióticos. As mulheres que tomam antibióticos contra
uma enfermidade grave às vezes notam uma mudança no
padrão de muco. Isso pode ser efeito da perturbação cau-
sada pela enfermidade e não do remédio. Mulheres que
tomam antibióticos continuamente numa enfermidade
crônica podem interpretar seu padrão de muco com su-
cesso.
P. Os sprays e lavagens vaginais alteram o muco?
R. Alteram, sim. Produzem uma umidade artificial que
pode confundir sua interpretação do muco. Também podem
causar reação alérgica ou inflamação, resultando num corri-
mento infeccioso que altera o padrão do muco.
Embora a limpeza seja essencial para boa saúde e um fa-
tor importante num relacionamento sexual, não é necessário
nem recomendável utilizar tais produtos para limpar a vagina.
A própria vagina limpa-se por si e a lavagem externa basta.
P. Quais são as mudanças que posso esperar depois de
uma curetagem? Ainda posso usar o Método da Ovulação Bil-
lings efetivamente?
R. A perturbação duma curetagem pode atrasar a ovula-
ção e por isso adiar a produção do muco fértil.
É aconselhável evitar o coito até que o Ápice seja reconhe-
cido, porque o padrão de muco pode estar temporariamente
perturbado e não na sua forma habitual. Aplique as normas
do método como de costume.
As mulheres que recentemente sofreram uma cureta-
gem é possível que não se sintam suficientemente bem para
gozar do coito. Discutindo antecipadamente isso com seu
companheiro, esse desinteresse pode ser aceitado com com-
preensão.
56
P. Existe uma razão por que meu esposo e eu não devemos
usar o coito interrompido durante meu tempo fértil?
R. Coito interrompido não é uma boa ideia por duas razões.
Primeiro, seu companheiro pode perder uma gota de sê-
men antes do orgasmo; esta gota usualmente contém esper-
matozoides (as sementes masculinas), que poderiam produ-
zir uma gravidez sem vocês quererem.
Segundo, o coito interrompido não satisfaz, amiúde, nem
ao homem nem à mulher. Seu companheiro não pode rela-
xar porque sabe que ele tem que retirar antes da ejaculação;
e você não pode relaxar porque sabe que ele pode malograr
nisso. Essa ansiedade não vale a pena, porque agora é esta-
belecido que o muco fértil fora da vagina facilita o transpor-
te das sementes masculinas até as trompas de Falópio onde
o óvulo está esperando. A penetração não é necessária para
efetuar-se a concepção.
Também, o coito interrompido ocorre antes de uma mu-
lher chegar ao orgasmo. Isso pode levar a uma frustração no-
tável e a um desagrado mútuo.
Informes clínicos indicam que o coito interrompido pode
ser responsável pela passividade sexual nas mulheres que pre-
feririam suprimir suas reações em vez de aguentar repetida
frustração quando o coito termina antes do orgasmo.
P. Posso combinar os métodos físicos anticoncepcionais,
tais como a camisinha de vênus e o diafragma, com o Método
da Ovulação?
R. Não. Existe uma boa razão biológica para não usar
métodos de barreira durante sua fase fértil. O fluido seminal
e as secreções vaginais associadas com o coito podem con-
fundir seu padrão de muco e assim dificultar notavelmente
a possibilidade de avaliar corretamente seu estado de fertili-
dade. Não existe uma maneira mais segura para evitar a gra-
57
videz que evitar o coito durante o tempo fértil. Além disso,
todos os métodos de barreira têm sua taxa de falha e usando
um condom ou um diafragma no tempo fértil pode resultar
numa gravidez.
P. Parece que tenho pouco muco. É importante a quantida-
de de muco produzido?
R. Para a concepção ocorrer, é essencial que algum muco
seja produzido, porque sem ele os espermatozoides não so-
brevivem para alcançar e fertilizar o óvulo. Contudo, fre-
quentemente as mulheres pensam que têm pouco ou nenhum
muco até elas começarem a manter um registro diário. Então
ficam alertas ao muco e notam que produzem muito mais do
que pensavam.
Se, depois de registrar, você acha que está produzindo so-
mente um pouco de muco, isso pode ser normal. Seu Padrão
Básico de Infertilidade (PBI) pode ser um de secura; quando
muda o seu nível de fertilidade, você vai notar uma pequena
quantidade de muco fértil. A sensação também mudará.
Se está completamente seca durante o ciclo, sua fertilidade
pode ser baixa e seria prudente consultar um médico.
P. Experimento bastante umidade antes de relações se-
xuais depois de sentir-me seca todo o dia . É isso o muco
fértil?
R. Pode ser o muco fértil que a cérvix já está começando
a produzir. Mas pode ser o muco lubrificante produzido pela
vagina como resposta à excitação sexual.
Se revisasse o seu muco durante o dia e na tarde, ainda
antes de pensar em ter relações, teria uma indicação clara do
estado da sua fertilidade.
Os dias férteis usualmente começam com um muco que é
turvo e pegajoso depois de uns dias secos. Ou você pode notar
58
um tampão de muco. Esse padrão muda-se em muco distensível
e lubrificativo, mais perto do dia Ápice. Mantendo seu gráfico,
ele revelará seu padrão individual. Logo vai poder reconhecer o
efeito do coito no seu padrão de muco. Um gráfico que mostra
o efeito de coito no padrão mucoso é ilustrado na p. 83.
P. Eu sinto mais interesse no sexo quando meu muco é do
tipo fértil. Há uma explicação biológica para isto?
R. Há, sim. O muco é intensamente lubrificativo no tem-
po da ovulação e por isso ideal para o coito. Isso pode ser a
razão do aumento da sua libido nesse tempo. Outros fatores
que alguns casais notam são um cheiro provocativo associa-
do com o muco fértil e um inchaço ao redor da vagina. Estas
características se devem ao alto nível do hormônio estrógeno
produzido pelos ovários quando você está fértil.
P. Após a fase fértil, às vezes sinto-me desinteressada em
relações sexuais. Por que isto? Pode ser superado?
R. A razão básica por esse desinteresse é hormonal. De-
pois da ovulação, o nível do hormônio estrógeno diminui.
Associada a isto, há uma diminuição do muco lubrificante
produzido pela cérvix, o qual ajuda o coito. Este é substitui-
do por um muco que é mais grosso e seco, produzido pela
cérvix sob a influência de progesterona. A secura que resulta
pode ser superada por uma preparação para o amor sem
pressa; isso permite secreções desenvolverem-se nas glân-
dulas ao redor da abertura da vagina e também permite a
lubrificação da vagina.
O nível de progesterona cresce após a ovulação. Isso
pode trazer uma queda nas emoções também. "Não devia
fazer quando queria, agora já não quero" é amiúde uma rea-
ção inicial. É possível que se tenha de fazer um esforço para
ser amável. Essa capacidade é algo que cresce; o marido tem
59
que entender isso e estimulá-la com sua atenção especial
nesse tempo.
Mudanças hormonais durante o ciclo são apenas um fator
no bem-estar emocional da mulher e do seu gozo nas relações
sexuais. Fazer amor na parte infértil do ciclo pode dar mui-
ta satisfação porque é baseado na consideração amorosa dos
dois cônjuges.
P. Posso engravidar com uma relação sexual no primeiro
dia depois de notar uma mudança do meu Padrão Básico de
Infertilidade?
R. A mudança de um padrão infértil indica uma alteração
nos níveis dos hormônios e por isso indica possível fertilida -
de. Assim, você aumenta suas possibilidades de engravidar se
tiver relações sexuais nessas circunstâncias.
Alguns casais experimentam nesses primeiros dias de
muco fértil e verificam que não concebem.
Mas se os esposos estão fortemente motivados para evitar
uma gravidez, devem evitar o coito em qualquer dia quando
o muco indica possível fertilidade, porque tarde ou cedo o
relaxamento dessas normas pode resultar em concepção.Isto
pode acontecer como uma surpresa aos casais que regular-
mente acharam tal dia infértil.
P. Uma amiga me contou que ela concebeu em uma re-
lação durante sua regra (isto é, durante sua menstruação). É
possível?
R. Sim, é possível conceber durante a menstruação, espe-
cialmente se seus ciclos são curtos. Quanto mais curto o ciclo,
mais cedo você ovula, porque ovula cerca de duas semanas
antes do seguinte período menstrual. Por exemplo, se tiver
relações no sexto dia do sangramento e ovular no dia nove de
um ciclo de vinte e quatro dias, você pode ficar grávida.
60
MANEIRAS SIMPLES PARA EXPLICAR O MÉTODO
Sangramento Secura Muco 1 2 3
o o
".:f:,,:::, i ~ ~
semente em Chuva chega; Chuva termina a flor morre
chão seco flor cresce chão úmido ainda
~ ~ ~ ~ ~
Uma ilustração utilizada para explicar o método às mulheres
aborígenes em Darwin, Austràlia
Ensinando o método às mulheres num povoado em Ruanda
Ensinando o método em EI Salvador, América Central
Um gráfico - de uma missão perto de Darwin, Austrália - mostrando
semelhanças dos tempos do ano com o ciclo da mulher.
61
Seu muco lhe avisará do aumento na sua fertilidade, tor-
nando-se filamentoso e lubrificante. Contudo, porque pode
ser escurecido pela menstruação, é aconselhável evitar o coito
durante o tempo da menstruação.
P. Quase todos os livros dizem que a menstruação ocorre
quatorze dias após a ovulação, mas você cita de dez a dezesseis
dias. Não é certo que quase todas as mulheres experimentem
uma fase pós-ovulatória de quatorze dias?
R. Cerca da metade de todas as mulheres férteis quase
sempre têm treze ou quatorze dias na fase pós-ovulatória. As
outras têm dez a doze ou quinze ou dezesseis dias entre a ovu-
lação e a menstruação. A mulher tende a conservar o mesmo
intervalo entre a ovulação e menstruação.
P. Venho usando a pílula já há três anos. Posso mudar
para este método imediatamente?
R. Pode, sim. O primeiro passo é parar de tomar a pí-
lula. Então, comece a registrar seu padrão de muco. Depois
de mais ou menos um mês de registrar no gráfico você deve
poder reconhecer se está fértil ou não. Durante esse mês é
aconselhável evitar o coito, para que seu padrão não seja es-
curecido pelo fluido seminal ou pelas secreções associadas
com o coito. Depois desse tempo você poderá usar as normas
do método.
Muitas mulheres são inférteis por vários meses após dei-
xar a pílula, e o padrão de muco terá características inférteis
que você reconhecerá logo. Qualquer mudança desse padrão
sugere uma alteração na fertilidade e a necessidade de um pe-
queno período sem relações sexuais no tempo em que a fer-
tilidade está voltando. As circunstâncias especiais acerca de
deixar a pílula são discutidas no capítulo 9. O gráfico de uma
mulher que deixou de lado a pílula está na p. 84.
62
P. Quando estou deixando a pílula, devo esperar minha
primeira menstruação antes de começar o gráfico do meu pa-
drão de muco?
R. Não, não é necessário esperar a primeira menstruação,
que pode se atrasar por vários meses. Tão pronto tiver deixa -
do a pílula, comece a registrar. Será capaz de reconhecer se
está fértil ou não pelo padrão do seu muco.
P. Tenho vinte e três anos e meus ciclos são longos e irregu-
lares. Para poder utilizar o Método da Ovulação, eu precisaria
de tratamento hormonal para reduzir os ciclos aos do tipo mais
regular?
R. Irregularidade de ciclos não é nenhum obstáculo ao
uso do método. Isso porque avaliará seus sinais mucosos de
fertilidade ciclo por ciclo em vez de fazê-lo por uma rígida
regra baseada no calendário.
Não há necessidade de alterar a duração dos seus ciclos.
Tratamento hormonal com esse propósito, para eminentes
autoridades médicas, não é aconselhável agora porque rompe
o normal dos padrões físicos e emocionais. Em alguns casos,
a perturbação causada pelo tratamento hormonal pode ser
tão grande que resultaria numa infertilidade prolongada. A
medicação hormonal elimina o padrão normal do muco, por
isso é impossível usar o Método da Ovulação durante tal tra-
tamento.
Uma possível causa de ciclos irregulares é que você não
está ovulando. Isso pode resultar de muitos fatores (veja p.
147s). Se seu gráfico indica que não está ovulando, uma in-
vestigação médica é necessária.
P. É necessário continuar a abstinência durante a mens-
truação se seu corpo, durante longo tempo, não tem ciclos cur-
tos?
63
R. Não há garantia de que seu corpo seguirá sempre no
mesmo padrão. Amiúde o começo da pré-menopausa está
indicado por um ciclo curtíssimo no qual a ovulação ocorre
durante a menstruação. Assim, se você relaxar as diretrizes
tendo relações sexuais durante a menstruação está abrindo-
se a possibilidade de uma gravidez.
P. Meus ciclos são de vinte e um dias em média. Logo após
os dias do sangramento menstrual, noto o muco de tipo fértil.
Posso usar o Método da Ovulação?
R. Pode, sim. A duração do ciclo não altera a aplicabilida -
de do método. Sua precoce ovulação, indicada pelo muco fér-
til, significa que você tem poucos dias inférteis, ou nenhum,
na primeira parte do ciclo. Porém, o coito pode ser reassumi-
do depois de três dias após o dia Ápice. Se os ciclos são curtos,
sua infertilidade pós-ovulatória, que é livre de toda limitação,
volta mais frequentemente.
P. Estou tentando ter um nenê há um ano, mas sem suces-
so. Posso usar o Método da Ovulação para consegui-lo?
R. Para aumentar ao máximo suas possibilidades de
ter um nenê, é preciso seguir as normas do método, mas
ao contrário. Uma vez que leu este livro com cuidado e en-
tendeu os princípios da fertilidade, comece a registrar seu
muco para averiguar se e quando está ovulando. O muco
fértil indicará sua fase fértil. Possivelmente não ocorrerá em
cada ciclo. O muco fértil pode durar por vários dias ou ape-
. nas meio dia num ciclo; assim é que terá que observar-se e
procurá-lo com cuidado. Trate de ter relações sexuais com
intervalos de poucos dias, enquanto está observando bem
o muco; quando o muco fértil aparecer, utilize esses dias.
Quando o muco é filamentoso como clara de ovo cru e dá
a sensação lubrificante, os espermatozoides terão a ótima
possibilidade de fertilizar o óvulo.
64
Clínicas para fertilidade no mundo inteiro agora reconhe-
cem a importância do muco cervical. Por exemplo, os médi-
cos que trabalham na inseminação artificial acham que é inú-
til inseminar uma mulher a não ser que ela esteja produzindo
muco fértil.
P. O Método da Ovulação pode ser usado para escolher o
sexo do nenê?
R. A evidência científica a respeito é discutível.
Algumas usuárias dizem que relações sexuais cedo no pe-
ríodo de desenvolvimento do muco fértil - sem outro coito
durante o ciclo - resultaria em menina, enquanto o coito res-
tringido ao dia do Ápice da fertilidade resultaria em menino.
Uma pesquisa recente na Nigéria parece confirmar este
ponto de vista. O estudo baseou-se na teoria de que um úni-
co ato de coito no Ápice resultaria em menino, enquanto o
coito perto do tempo de mudança do muco antes do Ápice,
sem outro até depois da fase fértil, resultaria em menina. Se-
gundo a coordenadora do estudo Dra. I. Leonie McSweeney: 1
"Sucesso na pré-seleção de um menino foi logrado por 310
casais; de uma menina por 90 casais. Falha na pré-seleção de
um menino ocorreu para quatro casais; de uma menina para
dois casais':
Outros que tentaram usar o método para pré-selecionar o
sexo do nenê, geralmente informam sobre um índice de su -
cesso mais baixo. Pré-seleção do sexo do nenê provavelmente
nunca será 100 por cento confiável.
P. O uso de hormônios ou outros tratamentos ajudará a
mulher a produzir o muco fértil e assim poder conceber?
R. O uso do produto químico etinilestradiol tem obtido
sucesso na produção do muco com qualidades lubrificantes
e filamentosas. Contudo, o sucesso em engravidar não acon-
65
teceu. Pesquisas sobre essa forma de tratamento estão conti-
nuando.
P. Em casos de violentação, qual a razão da taxaestatisti-
camente baixa de gravidez?
R. Segundo as estatísticas, são mínimas as possibilidades
de que a violentação coincida com a ovulação ou com o muco
fértil. Pode ser também que a severa agitação pela violência
do ataque retarde o processo da ovulação. Assim as células
espermáticas morreriam antes do óvulo ser solto do ovário.
Muitas vezes se pensa que a curetagem tira os espermatozoi-
des. Isso não é verdade. A curetagem tira a camada interior
do útero de forma que, se um óvulo fertilizado vier, não há
local adequado onde se possa implantar.
É importante que cada mulher saiba identificar os sinais
de fertilidade, para que, no caso de violentação, ela possa jul-
gar imediatamente a possibilidade de concepção.
P. Às vezes vejo a perda de um pouco de sangue cerca de
duas semanas antes da menstruação. Que significa isso?
R. Tais manchas podem indicar a ovulação. São devidas
ao alto nível do hormônio estrógeno atuando sobre o endo-
métrio, a camada interior do útero, causando a exsudação do
sangue, um dia ou dois antes da ovulação.
A perda de sangue usualmente é pouca e dá ao muco um
leve colorido. Às vezes está mais forte, especialmente durante
um ciclo longo, e pode escurecer o muco. Por isso é impor-
tante a norma de evitar o coito em qualquer dia de sangra -
mento e por três dias depois. Ainda que essa perda de sangue
usualmente ocorra perto da ovulação, não se nota em grande
porcentagem de mulheres; por isso, não é uma indicação con-
fiável da ovulação.
P. Tenho um corrimento crônico devido a quistos na cér-
vix. Posso usar o Método da Ovulação?
66
/, ,•
R. Pode, sim. Registrando seu muco cada dia, você apren -
<lerá logo a reconhecer o padrão de muco associado a uma
condição crônica. Ainda que um corrimento crônico exista,
nota-se uma mudança no padrão quando o estado de fertili-
dade se altera.
O corrimento acompanhando quistos na cérvix é variá-
vel e pode ser um muco contínuo, úmido e escorregadio. A
anormalidade deve ser retificada, daí resultando a volta do
seu padrão normal.
No caso de uma infecção aguda, tal como monília (cau-
sada pelo fungo ou cogumelo Candida albicans), seu padrão
de muco será alterado, como pode ser alterado também pelas
infecções de T-micoplasma, gonorreia e tricomonas. Estas
requerem tratamento médico, durante o qual é aconselhável
evitar as relações sexuais. A razão é que o coito pode atingir e
romper as colônias dos organismos patológicos e causar sua
difusão, por exemplo, ao sistema urinário ou ao seu compa -
nheiro. Remédios locais usados no tratamento de monília
usualmente secam o corrimento e o muco. Por isso, espere
até depois do tratamento e da volta ao seu padrão normal de
muco antes de reassumir as relações sexuais.
P. É possível ovular duas vezes no mesmo ciclo? Isso afeta a
confiabilidade das normas?
R. É possível soltar dois ou mais óvulos no mesmo ci-
clo, mas estudos mostram que isso sempre ocorre no mes-
mo dia. Assim é que todos os aspectos do Método da Ovu-
lação são válidos: as normas não são afetadas pela múltipla
ovulação.
P. Durante meu ciclo, às vezes sinto dor aguda nas costas
ou abdome. Isso é um sinal de ovulação?
R. Algumas mulheres comumente experimentam tal tipo
de dor durante seus ciclos. Pesquisas mostram que isso pode
67
ser relacionado com o aumento geral de hormônios associa-
do com a ovulação. A dor pode ser aguda ou fraca, parecida à
dor da menstruação.
O mecanismo da produção dessa dor não é completamen -
te conhecido. Em muitos casos ocorre com o aumento de es-
trógeno ainda que não ocorra a ovulação. Pode resultar de
contrações de tecidos musculares no útero, reagindo aos hor-
mônios; ou a dor pode resultar de químicas (como as prosta-
glandinas) encontradas no fluido seminal. Estas sensibilizam
os músculos e podem iniciar uma reação hormonal e afetar a
atividade dos músculos nos órgãos reprodutores femininos.
Porque a dor nem sempre coincide com a ovulação, não é
um indicador confiável da ovulação.
P. Quão precisa é a elevação de temperatura para indicar
a ovulação? Registrar a temperatura ajuda no reconhecimento
da fase fértil? Tem valor a medida de temperatura no controle
de nascimentos por métodos naturais?
R. Temperatura não é completamente confiável ou preci-
sa, como indicador da ovulação. Pesquisas revelam que eleva -
ção de temperatura pode ocorrer de quatro dias antes até seis
dias após a ovulação2, ainda que em alguns ciclos ocorra no
dia da ovulação. Uma febre pode dar uma temperatura alta
que confundiria. Se confiar nessa temperatura como prova de
ovulação, você pode engravidar. E em alguns ciclos, nenhuma
elevação de temperatura ocorre no tempo da ovulação.
A tomada de temperatura não tem valor para predizer
quando vai ovular, o que é uma necessidade em qualquer mé-
todo eficaz de controle natural da fertilidade.
Outra desvantagem é que adiar o coito até depois do tem-
po em que ocorra uma elevação de temperatura, e se demorar
68
para ocorrer no seu ciclo, o tempo disponível para relações
sexuais é desnecessariamente curto.
Além disso, há a desvantagem no ato de tomar a tempe-
ratura: você é aconselhada a fazê-lo por alguns minutos cada
manhã depois de pelo menos três horas de sono e antes de
sair da cama, comer ou beber. Isso pode ser pesado e aborre-
cido, e pode ser impossível no caso de uma mãe que tem que
atender as crianças que acordam durante a noite.
Ainda quando a medida de temperatura está combinada
com a percepção do muco, o resultado não é sempre satis-
fatório. Isso porque a elevação da temperatura pode ocorrer
durante vários dias depois de você ver ou sentir o muco fértil.
Assim é que o gráfico da temperatura pode causar confusão
e pode distrair a atenção do muco, que é o indicador mais
confiável a respeito do estado da sua fertilidade.
Em circunstâncias normais, a tomada rotineira da tempera-
tura não é indicada. Contudo, a medida de temperatura pode
ser de valor quando nenhum padrão reconhecível de muco
aparece (por exemplo, no caso de um defeito na cérvix ou
quando o muco está temporariamente escurecido por um cor-
rimento errante), no caso em que a ovulação está ocorrendo.
Quando uma mulher está tentando conceber e não reco-
nhece um padrão de bom muco, uma elevação de temperatu-
ra basal do corpo lhe indicaria que está ovulando e que deve
investigar mais o assunto.
P. P.osso ovular sem produzir nenhum muco fértil?
R. É possível, sim. O ciclo então será infértil, porque
a capacidade dos espermatozoides para fertilizar diminui
rapidamente sem o muco fértil. Estudos clínicos mostram
que essa situação ocorre em algumas mulheres que têm di-
ficuldade em conceber. O problema está recebendo intensa
investigação.
69
Não é incomum que uma mulher jovem experimente oca-
sionalmente um ciclo sem muco. A ocorrência de ciclos infér-
teis é mais comum nas mulheres pré-menopáusicas, quando a
cérvix se torna não responsável por aumento de hormônios.
Isso é uma das razões para a diminuição da fertilidade.
P. Acho o coito doloroso e incômodo e uso lubrificante para
ajudar a superar esse problema. Enquanto quero conceber, é
aconselhável o uso deles?
R. Lubrificantes artificiais amiúde contêm químicos que
matam as células reprodutoras masculinas ou tornam-lhes
prejudicial o ambiente na vagina. Assim, é melhor evitar o
uso de lubrificantes artificiais se você quiser um nenê.
Aliás, os lubrificantes são propensos a escurecer o muco
fértil pela sua umidade artificial. Assim torna-se mais difícil
escolher o tempo de coito para coincidir com seu Ápice de
fertilidade. Se está desejosa de conceber, deve poder reco-
nhecer quando seu muco é filamentoso e lubrificante, como a
clara de ovo cru, e assim saber que está na época de máxima
fertilidade.
P. Tive três filhos em rápida sucessão, sem notar uma
menstruação nesse tempo. O Método da Ovulação pode aju-
dar-me a saber quando volta a fertilidade depois do nascimen-
to de um filho?
R. Pode, sim. A percepção do seumuco lhe ajudaria a
reconhecer quando sua fertilidade volta após dar a luz. Se-
guindo as normas do Método da Ovulação, você e seu esposo
poderão espaçar seus filhos como vocês quiserem.
O nascimento de seus filhos bem próximos indica que
concebeu durante seu primeiro ciclo fértil depois de dar à
luz.
70
P. Estou amamentando e não tive períodos ainda; por isso
estou confiando nas mudanças do muco para avisar-me de mi-
nha primeira ovulação. Contudo, parece que estou produzindo
muco úmido todo o tempo. Isso quer dizer que já estou fértil?
R. Se seu muco é continuamente úmido e tem ficado
igual dia após dia por duas semanas ou mais, isso é seu PBI
(Padrão Básico de Infertilidade) e indica infertilidade.
Tão logo haja qualquer mudança dessa situação constante,
você saberá que os níveis dos seus hormônios estão subindo.
Os estrógenos .flutuam por um mês ou dois antes da primeira
ovulação e menstruação. A volta de fertilidade depende mui-
to da idade e dos hábitos do seu nenê.
Se desejar evitar a gravidez, aplique as "normas dos pri-
meiros dias''. Se seu padrão de muco muda frequentemen-
te, assim causando confusão, adie as relações sexuais até o
quarto dia depois do Ápice. Uma instrutora experimentada
no Método da Ovulação é a melhor pessoa para guiá-la nesse
tempo de ajuste hormonal.
Quando está se preparando para uma experiência agradá-
vel e com êxito na amamentação da sua criança, é muito im-
portante entender a infertilidade associada com esse tempo.
Se for necessário um período temporário sem coito quando
sua fertilidade está voltando, os casais podem evitar a frustra-
ção discutindo antecipadamente essa possibilidade.
P. Depois do nascimento da minha filha, notei que as
menstruações começaram aproximadamente uma semana
após a ovulação, segundo as indicações do muco fértil e do dia
Ápice. Esse seria um ciclo fértil?
R. O ciclo não é fértil se a menstruação começa menos
de dez dias após a ovulação. Essa situação é comum duran-
te e após a lactação e é devida aos efeitos do "hormônio do
leite", prolactina. Um intervalo mais curto entre a ovulação e
71
a menstruação pode ocorrer também quando você se aproxi-
mar da menopausa.
P. Meus períodos menstruais vêm apenas cada poucos me-
ses agora que tenho quarenta e três anos de idade. Que deveria
fazer para evitar a gravidez?
R. Se não tem período menstrual frequente, então tam-
bém não está ovulando com frequência; ou pode ser que nem
esteja ovulando.
Você pode confiar no muco cervical para lhe informar da
possível fertilidade. Estando alerta às mudanças do muco e
seguindo as normas do método, você pode evitar uma gra-
videz.
Depois de ler este livro, registre seu muco por um mês
enquanto evita o coito, para assegurar um claro reconheci-
mento do seu padrão de muco. Tipicamente, o padrão na pré-
-menopausa é de longas fases de infertilidade interrompidas
com episódios ocasionais de possível fertilidade.
O reconhecimento de infertilidade é de máxima importância.
Uma instrutora experiente no Método da Ovulação a aju-
dará a passar por essa fase da sua vida reprodutiva, se estiver
com dificuldades. Ela poderá dar-lhe informação sobre como
superar qualquer problema; soluções para esses problemas
usualmente não são difíceis.
P. Tenho quarenta e seis anos de idade e meus ciclos são
muito irregulares. Estou preocupada a respeito de gravidez,
embora meu médico não aconselhe a pílula porque sofro de hi-
pertensão. Eu poderia usar o Método Billings?
R. Pode, sim; o Método da Ovulação é de grande ajuda
em situações tais como a sua. Após a idade de quarenta, a
fertilidade diminui substancialmente e os ciclos se tornam ir-
regulares enquanto os hormônios flutuam.
72
Registrando seu muco, verá que, apesar de seus períodos
continuarem, você está ovulando raramente e que está quase
sempre infértil.
Assim, você precisa reconhecer a infertilidade. Esse positi-
vo reconhecimento de infertilidade é um elemento do Méto-
do da Ovulação não oferecido pelos outros métodos naturais
tais como o Ritmo ("tabelinha") e o Método da Temperatura.
Depois de registrar por um mês, poderia reconhecer
quando está infértil. Qualquer mudança no muco sugere
possível fertilidade. Não há necessidade para ansiedade sobre
a pergunta se já chegou à menopausa. Tudo o que tem que
reconhecer são as mudanças no padrão de infertilidade. Às
vezes virão dias de muco para lhe recordar que sua fertilidade
ainda está flutuando.
P. Pesquisas do Método da Ovulação indicam uma "efi-
cácia do método" entre 97 e 99 por cento. O que significa
isso?
R. Esses índices baseiam-se em um número de pesquisas
em várias partes do mundo (veja capítulo 16). Indicam que
se cem casais usarem o método de acordo com as normas
durante um ano, uma a três gestações poderão ocorrer. Não
sabemos por que isso acontece, mas estudos estão continuan -
do para investigá-lo.
A eficácia desse método compara-se muito bem com a de
outros métodos: a pílula (99 por cento), a minipílula (96 por
cento), DIU (94 a 96 por cento), Ritmo ou "tabelinha'' (53 a
86 por cento).
P. A taxa atual de gravidez em algumas pesquisas do Mé-
todo de Ovulação éde cerca de 20 por cento. Por que isso?
73
R. A grande maioria das gestações ocorre quando reco-
nhecidamente os casais não observam as normas do método.
Isso se dá porque eles não estão bem definidos com respeito
ao desejo de ter ou não filhos. Outras razões existem que são
muito complexas e pessoais. Os casais estão livres para usar o
método como quiserem.
Uma minoria das gestações resultam de ensino inade-
quado; outras, quando os casais interpretam mal o muco. A
gravidez é extremamente rara entre os casais que cooperam
entre si e que estão bem informados sobre o método e moti-
vados para que ele funcione.
P. A expressão "taxa de continuação" é mencionada mui-
tas vezes nas discussões acerca de métodos de controle da ferti -
lidade. O que é?
R. Estatisticamente a frase se refere à porcentagem das
pessoas que ainda usam um método mesmo depois de um
tempo determinado. A taxa de continuação pelo Método da
Ovulação era 98 por cento após quatro anos num estudo em
Melbourne (Austrália) com mulheres pré-menopáusicas,3 80
por cento após um ano na Índia,4 99 por cento após um ano
em outro estudo na Índia,5 e 70 por cento após dois anos em
uma pesquisa nos Estados Unidos. 6
P. Existem ou são disponíveis alguns aparelhos para regis-
trar se a ovulação está iminente ou se já ocorreu?
R. O Professor J. B. Brown, da Universidade de Mel-
bourne, está desenvolvendo um equipamento simples de
teste para indicar quando a ovulação está próxima, e depois
para confirmá-la.
Os níveis hormonais básicos para essa prova foram deter-
minados com a cooperação de um grupo de mulheres, das
quais a maioria são instrutoras do Método da Ovulação.
74
As fases de infertilidade e de fertilidade, julgadas pelas
mucanças no muco, foram correlacionadas com análises hor-
monais.
O equipamento de teste será de valor especial para confir-
mar o ponto de mudança quando alguma anormalidade, tal
como dano cervical ou uma infecção, altera o padrão típico.
Também ajudaria as mulheres que estão com qualquer dúvi-
da acerca do significado do seu muco, e por isso será um sub-
sídio confiável no ensinamento. Não seria necessário utilizá-
-lo mais do que uma ou duas vezes num ciclo.
O equipamento simples de teste será de grande valor para
fornecer uma demonstração rápida e fácil da mudança do
Padrão Básico de Infertilidade à fertilidade, e proverá mais
evidência do relacionamento entre as características do muco
e a sobrevivência dos espermatozoides.
Outros pesquisadores, em várias partes do mundo, estão
investigando o uso de sistemas como papel de teste, para me-
dir os níveis dos vários hormônios, a viscosidade do muco,
substâncias na saliva, ou químicas no muco cervical, assim
indicando o estado de fertilidade.
A busca minuciosa também está continuando para de-
senvolver aparelhos que predizema ovulação medindo, por
exemplo, mudanças na quantidade do sangue vaginal ou car-
gas elétricas do corpo. Essas pesquisas necessitarão investiga-
ção completa e comprovação cuidadosa.
Para a maioria das mulheres, sua observação do próprio
muco é um simples e confiável indicador de sua fertilidade;
nao precisam de nenhum aparelho.
75
8
Aprendendo
sobre fertilidade
na adolescência
Quando uma menina nasce, cada um de seus ovários con-
tém mais ou menos meio milhão de folículos que são esferas
de células contendo todos os óvulos que serão soltos durante
sua vida fértil.
Apenas trezentos a quinhentos deles se desenvolverão em
óvulos maduros. Outros folículos degeneram antes do desen -
volvimento, muitos antes da puberdade.
Cada moça tem seu próprio "relógio biológico", localizado
no cérebro, que inicia seus ciclos menstruais. Na puberdade,
geralmente entre a idade de 11 e 14 anos em moças, a glându -
la pituitária localizada na base do cérebro, influenciada pelo
"relógio", manda sinais aos ovários para começarem a pro-
dução do hormônio estradiol, em quantidade suficiente para
causar engrandecimento dos seios, maturação dos órgãos se-
xuais e mudanças emocionais. Ocorrem mudanças também
no útero, o que torna possível a menstruação.
O início dos períodos menstruais se chama menarca, que
usualmente ocorre por volta dos 13 anos de idade, ainda que
possa ocorrer cedo, como 9 anos ou tarde, como 17 anos.
O primeiro ano ou segundo é um tempo de irregularidade
menstrual para quase todas as moças; mas então o ciclo chega
a um padrão (usualmente de vinte e três a trinta e cinco dias)
76
desde o começo do sangramento até o último dia antes do co-
meço do próximo período. Essa fase da flutuação de hormô-
nios tem influência importante nos processos de crescimento
e na futura reprodução. Irregularidades naturais do tamanho
do ciclo não devem sob nenhum pretexto ser manipuladas
pela pílula e outros hormônios no esforço de promover regu-
laridade. As mulheres podem ser bem saudáveis e ter ciclos
irregulares durante toda sua vida reprodutiva; nenhum trata-
mento é necessário.
Muitas moças não ovulam durante o primeiro ano, mais
ou menos, depois do começo da menstruação; isto é, seus
ovários não soltam um óvulo pronto para fertilização e uma
possível gravidez.
Os hormônios estão preparando o sistema reprodutor,
capacitando-o para ser fertilizado mais tarde.
Assim, no início, os sinais da fertilidade podem não estar
presentes. Sabendo acerca das mudanças no muco que avi-
sam do desenvolvimento da fertilidade do corpo, ela poderá
reconhecê-la quando chegar. No princípio haverá presença
de muco pegajoso ou flocoso vindo da vagina. Gradualmente,
durante vários meses o padrão cíclico do muco liso e disten-
sível será notado. (Veja capítulo 4 onde o muco está descrito
em detalhes.)
Com a ovulação, o segundo hormônio do ovário, proges-
terona, começa a influir, produzindo uma mudança do pa-
drão de muco fértil.
Às vezes, quando começa a ovulação, as menstruações
podem ser incômodas, até dolorosas. Tratamentos com hor-
mônios para parar a ovulação terminarão com o incômodo,
mas sabe-se que tal tratamento também tem efeitos perigosos
estendendo-se ao futuro. Um dos piores é o dano à fertilida-
de, tanto que sua capacidade para ter um filho pode ser atin-
gida. Outros tratamentos contra a dor estão disponíveis e não
são nocivos.
77
É importante entender claramente os sinais de fertilidade.
Tal compreensão é saudável e útil durante toda a vida. Tam -
bém uma mulher se sente bem podendo estar em sintonia
com os ritmos do seu corpo. Além disso, é conveniente poder
prever a data do sangramento menstrual. Ademais é impor-
tante saber que o muco fértil não é uma enfermidade que re-
queira tratamento: é um sinal normal e saudável.
Os primeiros quatro capítulos deste livro explicam o ci-
clo menstrual e descrevem como você pode desenvolver sua
percepção do tempo fértil, entendendo os sinais do muco.
O muco não somente dá o sinal, mas também é importan-
tíssimo na fertilidade, porque ele é essencial para manter a
vitalidade dos espermatozoides. O muco fértil é tão favorá-
vel aos espermatozoides, que eles podem viajar através dele
para dentro do corpo, alcançar o óvulo e fertilizá-lo, mesmo
no caso de contato sexual íntimo sem coito. Tudo isso pode
acontecer quando o muco está presente na superfície do cor-
po fora da vagina.
Não confie o registro do seu muco à memória. É funda-
mental manter um gráfico quando está aprendendo acerca de
sua fertilidade. Contudo, cada pessoa é um pouco diferente, e
seu padrão pode aparecer um pouco diferente também.
Lembre-se que a ovulação ocorre cerca de quatorze dias
(com variações de dez a dezesseis dias) antes de seu período
menstrual e será indicada com antecipação pelo muco. Al-
gumas mulheres foram induzidas a crer que a ovulação sem-
pre ocorre no meio do ciclo. Embora isso possa ser verdade
num ciclo de vinte e oito dias, não é assim num ciclo curto
de dezoito dias, por exemplo (quando a ovulação pode ocor-
rer perto do dia quatro, talvez antes do fim da menstruação);
tampouco num ciclo longo de trinta e cinco dias, por exem -
plo (quando a ovulação ocorreria aproximadamente no dia
vinte e um).
78
DIAS
MENSTRUAÇÃO POSSIVELMENTE
ÚLTIMOS DIAS
INFÉRTEIS
FÉRTEIS
O CICLO MENSTRUAL
O padrão mucoso de fertilidade e infertilidade
CÓDIGO DE CORES DOS GRÁFICOS
1 algum sangramento
D
muco, tipo
possivelmente
fértil
1\71 ápice: máxima
~fertilidade
padrão infértil
de secura
D padrão infértil de muco
Selos com números
1, 2, 3 são dias
de possível ferti lidade
Primeiro registro de ciclo
10 1 11 1 12 1 13 1 14 1 15 1 16 1 17 1 18 1 19 1 20 1 21 1 22 1 23 1 24 1 25 1 26 1 27 1 28 1 29
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2 . , 3
Figura 1(c) Aplicando as normas ao ciclo
::g,';ó~~iE X 1 INFÉRTIL Menstruação PBI
(:~:ó~1:n~~ ~ 1 2 3 óvulo morto após 3° dia
aumentam)
+--- REGRAS DOS
PRIMEIROS DIAS
-~ ÁPICE +------ REGRA DO ÁPICE
APLICA-SE
11 1 12 1 13 1 14 1 15 1 16
GRÁFICOS:
ALGUNS EXEMPLOS COMUNS
Figura 1 (a) Primeiro registro de um ciclo.
Registre o que você vê e sente:
vermelho = sangue; verde = secura;
branco= qualquer muco. Tente identificar
o Ápice (X).
Figura (b) Registre com selo amarelo
muco após o Ápice.
Figura 1 (c) Refere-se ao Capítulo 6 onde
se explicam as normas.
Figura 2 Um ciclo curto com o Ápice no
dia 5. O coito deve ser evitado em todos
os dias de sangue porque a ovulação pode
ocorrer cedo.
Figura 3 Um ciclo longo com o Ápice
no dia 23. Cuidadosa marcação após o
presumido Ápice, porque às vezes as
características de fertilidade voltam.
Figura 4 O efeito de coito no muco. Note o
efeito do fluido seminal no dia após o coito,
e aplicação das regras dos primeiros dias
(capítulo 6).
Desde três dias após o Ápice todos os dias
estão disponíveis para relações sexuais.
10 1 11 1 12 1 13 1 14 1 15 1 16 1 17 1 18 1 19 1 20 1 21 1 22 1 23 1 24 1 25 1 26 1 27 1 28 1 29 1 30 1 31 1 32 1 33 1 34 1 35 1 36
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O efeito do coito no muco
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18
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o
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19
19
2 3
g liso seco liso
~~ .. -~------------
20 21 22 23 24 1 25 26 27 28
c e e
20 21 22 23 24 1 25
20 21 22 23 24 1 25 26 27 28
10 1 11 1 12 1 13 1 14 1 15 1 16 1 17 1 18 1 19 1 20 1 21 1 22 1 23 1 24 1 25 1 26 1 27
Gravidez conseguida
10 1 11 1 12 1 13 1 14 1 15 1 16 1 17 1 18 1 19 1 20 1 21 1 22 123 1 24 1 25 1 26 1 27 1 28 1 29
o 1 o 00 00
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,§ .§~ .§~ .§
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Um ciclo com perturbação (stress)
~
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:~
.§ úmido
o
"O
:~ úmido
2
1.g[.02
:~ ~
3
pouco
úmido
3
Figura 5 Muco contínuo. Quando o muco
é contínuo, possivelmente se precisaria
de vários ciclos para identificar o ponto de
mudança do muco infértil para muco fértil.
Neste ciclo, uma mudança na sensação
(dia 8) marca o começo da fase fértil.
Figura 6(a) Dois ciclos inférteis. Análises
hormonais confirmam a ovulação (dia
14/15) em ambos os ciclos, mas o coito
nessa época não conseguiu a concepção
para estas duas mulheres. Nenhum muco
ocorreu em 6(a); muco foi constante em
6(b ), mas faltaram características férteis.
Figura 7 Gravidez conseguida. O uso de
dias alternados para o coito facilitou a este
casal reconhecer o início da fase fértil. (Isto
é importante se há pouco muco). O casal
então utilizou vários dias para o coito para
conseguir gravidez.
Figura 8 Um ciclo sob stress. Perturbação
no dia 9 avisou esta mulher da possibi-
lidade de um atraso na sua ovulação. O
casal utilizou as "Normas dos Primeiros
Dias" durante o ciclo inteiro, porque não
houve um Ápice identificável.
e
2
3
4
5
6
Figura 9 Ciclos mostrando a volta à fertilidade após a pílula
2 1 3 1 4 1 5 1 6 1 7 1 8 1 9 110 1 11 112 l 13 l 14 115 l 16 l 17 118 119 1 20 1 21 1221231241251261271281291301 31 1 32 1 33 1 34 1 35
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 ~ ~ 1 1 1 1 l_J_I ---1-i-t--t-r u·~I 1 1 1 1 1 1 e. flocoso flocoso
eg
I floc~so 1 1 1 P~I 1 1 1~·11 1 1 J 1 1 Pbl 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1
Padrão básico infértil
1 1 1
PSI 1
PSI
PSI
'' 'W~!
1 pegajos: f .f /
o
"O .E
·::>
dor
PSI
pegajoso
t.........pegajoso ~
Figura 9 Depois de deixar a pilula no primeiro ciclo de aprendizagem esta
mulher registrou suas observações com selos brancos. Depois da sua pri-
meira menstruação ela pode reconhecer seu Padrão Básico de Infertilidade
1 1 1 1 PSI
PSI dor
pegajoso
de muco (veja capítulo 6) e registrou estes dias com selos amarelos. Então
usou selos brancos para indicar possível fertilidade quando qualquer mu-
dança no muco apareceu. Ela ovulou no último ciclo .
~~~~~~~~~~~- ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~·
2
3
4
5
6
Figura 10 Distúrbios no ciclo normal devidos a um quisto ovariano
9 l 10 l 11 l 12 l 13 l 14 l 15 l 16 l 17
~I~
•::J •::J
o o o
"O "O "O
E .E E
·::i '•:J 1 •:J
t---+---+---1 t n 1 1 l 1 f ~ ~ 1
o
~I~
·:::::i. ü
e lºIº 0:2:20 :!2 E E cn
E ·:o ·:o 1 = u pegajoso ·:O o
opaco
Figura 10 Um ciclo anormal - um quisto ovariano. A primeira linha mostra
o padrão normal desta mulher. Então ocorreu um ciclo longo (linhas 2 a 4 ),
complicado com manchas de sangue, um padrão anormal de sangue, um
padrão anormal de muco e sangramento que ela reconheceu como diferente
de sua menstruação normal. Esta mudança do normal alertou a mulher para
úmido
procurar um médico. Um quisto ovariano foi diagnosticado e então extraido
(linha 4). O padrão melhorou imediatamente, mas nenhum Ápice apareceu
no próximo ciclo. Embora um padrão de possível fertilidade tenha sido re-
gistrado no último ciclo (linha 6), a volta à fertilidade demorou até o seguinte
ciclo , quando ocorreu gravidez como o casal desejava.
2
3
4
5
6
Figura 11 Amamentação
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
1>'
·~""·li--'•·
' ·- ., ' H ·e ·,: . . _,
e
e e e e e
e e
'a
menos dois períodos de
amamentação; sólidos
menos outra mamatjla aumentados
e ... ."'.·: _ ... ... 1 2 3 !'.:_-~ 1 2 3 .
-Figura 11 A amamentação - Este é o gráfico de uma mulher que aprendeu
o método enquanto amamentava seu nenê de três meses. Duas semanas
de registro, e sem relações sexuais, foi tempo suficiente para determinar
um padrão de contínua secura (selo verde), muco com características sem
mudança foi registrado com o selo amarelo. Todos os dias após o coito fo-
18
e
19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35
• uma colherinha de cereal
'
e " e
1_. 2 3
"
menos um período de
amamentação; sólidos
aumentados
e ... .. .
1 2 3 ...
Fim da amamentação
IX
,-,
f;~ i?:
l . .c,
1 2 3
X1
e ~
_çf; ?~ 1r2 ~'if,: ,:' I(~
'
l"'k ' . 2 3
ram registrados com selo branco. Quando o padrão mudou (linha 3) com
um sangramento e cinco dias de muco, tipo fértil, o coito foi adiado até três
dias após a volta do Padrão Básico de Infertilidade. O Ápice foi reconhecido
{linha 5), indicando a volta da fertilidade. (Veja cap. 10 para as normas do
método durante a amamentação).
-~~~~~~ ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
2
3
4
5
6
7
8
9
14 l 15 l 16 117 1 18 l 19 1201 21 122 123124 125 126 1 27 1281291 30 1 31 132 1 33 1 34 1 35
2
1 1 2
1 2 3
1 2 3
3 ... ... .. .... ... ... .. ....
2 1 3
2
2
2 1 3
Figura 12 Na menopausa - Quando uma mulher está se aproximando
da menopausa, seu padrão normal muda, chegando finalmente á inferti-
lidade. Esta mulher experimentou irregularidade, sangramento menstrual
prolongado (ciclos 6 e 7), um curto intervalo entre o Áp ice e a menstruação
1 2 1 3
2 3 2
2 3
(ciclo 6) e sangramento pré-ovulatório (ciclo 7). Seguindo as normas do
método, resumido nos capítulos 6 e 11, esta mulher pôde avaliar seus dias
inférteis e possivelmente férteis. Após o ciclo 9 ela reconheceu infertilidade
continua.
1. Muco pré-ovulatório não
se distende; rompe-se
3. Muco claro, tipo
fértil , perto do Ápice
2. Muco distensível
tipo fértil
4. Muco após o Ápice
A CHAVE DO CONTROLE DA FERTILIDADE: O MUCO .
As fotos acima mostram exemplos do muco de uma mulher. Seu próprio
muco possivelmente aparecerá um pouco diferente, mas você reconhecerá
depressa o que é fértil e o que é infért il.
O muco e as normas para o método são descritos nos
capítulos 4, 5 e 6.
Enquanto valem as observações visuais, deve-se
também levar em conta a sensação produzida pelo
muco. Alta fertilidade é indicada pela sensação lubrifi-
cante que pode durar um dia ou dois depois do muco
perder sua qualidade distensível.
Na mesma mulher o tempo da ovulação pode variar nota-
velmente de ciclo a ciclo. Por isso, é importante que você pos-
sa determinar, pela observação do muco, quando você está
ovulando em cada ciclo, sem levar em conta se a ovulação
ocorre no mesmo tempo cada mês.
O sistema reprodutor feminino amadurece lentamente
durante vários anos. Uma mulher jovem deve considerar os
riscos à saúde provocados por precoce atividade sexual. Já se
sabe que o risco de câncer da cérvix é mais alto entre as mu-
lheres que iniciam relações sexuais numa idade precoce e que
têm mais do que um parceiro sexual. 1
A fertilidade, no futuro, pode ser prejudicada por uma
enfermidade venérea, especialmente gonorreia, se esta não
for diagnosticada e tratada cedo. 2 Ao aparecerem os sintomas
ou mesmo severa enfermidade, a delicada camada interior
das trompas de Falópio pode já estar danificada, impedindo
o transporte dos espermatozoides e óvulo, ou levando o ovo
(óvulo fertilizado) à implantar-se na trompa ao invés de no
útero. Dano às trompas causado por enfermidade venérea
não pode ser reparado. Muitas pessoas pensam que a enfer-
midade venérea é coisa de pouca importância e é facilmente
curável. A verdade é que várias enfermidades sérias com -
põem o grupo e algumas delas não se podem curar facilmente
porque os remédios conhecidos são cada vez menos eficazes
no tratamento delas.
Se você estiver comprometida num relacionamento se-
xual, o maior problema a enfrentar poderia provir-lhe de uma
gravidez. Cada ato de coito na fase fértil leva a possibilidade
de uma gravidez. Assim é que a possibilidade de conceber
um nenê tem que ser considerada com muito cuidado, se a
perspectiva do coito se apresentar.
Algumas das informações dadas a adolescentes enfoca
métodos de contracepção, sem mencionar que o maior e maisseguro método de evitar a gravidez é a abstinência.
87
Se uma gravidez ocorrer e se pensar em aborto, vale a
pena considerar que o dano à cérvix no processo de aborto
pode incapacitá-la para levar ao fim uma gravidez posterior.
Mesmo depois de superar os perigos de um aborto, frequen -
temente se precisa de apoio e conselho para se recuperar
dessa experiência e para encarar o futuro com realismo e
esperança.
É muito importante pensar a respeito das possíveis con-
sequências desses problemas agora. Parece que muitas jovens
entendem sua responsabilidade pelo próprio corpo e pelo que
a ele acontece. Essas jovens têm o direito de esperar que um
dia encontrem um companheiro que pense e tenha ambições
como elas, em vez de ceder às pressões para aceitar ideias de
outras pessoas sobre quando deve começar a atividade sexual.
Se quiser, ponha-se em contato com um centro de ensina-
mento perto de você. No Brasil, pode-se pedir o endereço de
um centro de treino ou de uma instrutora experiente e perto
a você ao: CENPLAFAM.
CENPLAFAM (Confederação Nacional de Centros
de Planejamento Natural da Família)
Av. Bernardino de Campos, 110 Conj. 12, 1 º andar
04004-040 São Paulo - SP
Os conselhos de uma instrutora experiente no Método da
Ovulação a ajudarão a interpretar seu padrão de muco. Go-
zará dessa experiência de reconhecer em si mesma o tesouro
da sua fertilidade.
88
9
Deixando a pílula
Deixar a pílula pode levar você a uma nova fase do seu re-
lacionamento. Muitos casais que estão adiando ou espaçando
a família, e que estão usando a pílula para controlar sua fer-
tilidade, encontram-se numa situação em que nem falam de
anticoncepção. Há uma tendência em assumir que a mulher
continuará a se responsabilizar pelo controle da natalidade e a
carregar sozinha o peso dele na sua saúde. O que inicialmen -
te entendiam como uma medida contraceptiva temporária,
tende às vezes a se tornar um hábito arraigado, de tal forma
que decisões a longo prazo acerca de controle da natalidade
podem ser prolongadas indefinidamente.
Essa situação pode gerar infelicidade e ressentimento, es-
pecialmente entre as mulheres cuja saúde piorou com o uso
da pílula. Em tal caso, a mulher que sofre efeitos colaterais da
pílula amiúde responde positivamente bem quando aprende
o Método da Ovulação, e seu marido fica muito contente por-
que ela está novamente em bom estado de saúde e de espírito.
Se o homem admitir que uma parte da responsabilidade
pelo controle de natalidade cabe a ele, usualmente ele coo-
pera e aceita os dias sem coito necessários para o sucesso no
uso do método.
O primeiro passo
Se você decidiu usar o Método da Ovulação, o primeiro
passo é abandonar a pílula. Não tem que esperar até terminar
89
a série atual de comprimidos ... quanto mais cedo a abando-
na, mais cedo pode registrar seu padrão de muco. Não adian-
ta tentar aprender o método enquanto está tomando a pílula,
porque os hormônios sintéticos da pílula alteram o padrão
de muco.
Não precisa esperar até você ficar menstruada ou ovular,
nem que seus ciclos voltem à regularidade que tinham antes
do uso da pílula. Ademais, irregularidade dos ciclos antes do
uso da pílula não é um problema, porque você vai aprender a
julgar sua fertilidade agora ciclo por ciclo.
Mantendo seu gráfico
Precisará manter um registro diário do seu muco, du-
rante um mês, enquanto evita relações sexuais e todo con-
tato genital. Isso lhe assegurará que o padrão do muco não
será confundido com fluido seminal ou pelas secreções va-
ginais associadas com o coito. Um mês basta para obter a
informação necessária para aplicar o método, tenha volta-
do ou não sua fertilidade, tenha vindo ou não seu período
menstrual.
O aparecimento do muco lhe indicará se você está fértil ou
infértil. (Um gráfico de uma mulher que deixou a pílula está
demonstrado na figura 9, p. 84) .
O que esperar depois de deixar a pt1ula
Dentro de poucos dias depois de abandonar a pílula, você
terá seu sangramento como ordinariamente tem após cada
série de pílulas (sangramento de afastamento). Isto é devido à
remoção rápida dos hormônios sintéticos da pílula.
90
A camada interior do útero cresce em resposta aos hor-
mônios sintéticos e geralmente derrama-se quando eles estão
descontínuos.
O próximo sangramento pode acontecer um mês depois.
Contudo, nem todas as mulheres menstruam tão cedo. Es-
tudos mostram que, depois do sangramento de afastamento
inicial, 30 por cento das mulheres tipicamente menstruam
dentro de trinta dias, outros 60 por cento dentro de sessenta
dias, outros 8 por cento entre dois a seis meses, e 2 por cento
menstruam só depois de seis meses. 1
Não há uma maneira de predizer quanto tempo necessita
o corpo de uma mulher em particular para voltar à norma-
lidade e para reassumir os ciclos ovulatórios. Geralmente a
ovulação volta depois de uns poucos ciclos. Mas algumas mu-
lheres ovulam no primeiro ciclo depois de deixar a pílula, por
isso é necessário estar alerta aos sinais de fertilidade durante
esse primeiro mês.
Demoras prolongadas na ovulação acontecem mais co-
mumente entre mulheres jovens que usaram a pílula e aquelas
que tiveram períodos irregulares antes de começarem a tomar
a pílula. Ainda que essa situação anovulatória não constitua
perigo para a saúde, ela torna impossível a concepção e im -
plica um significativo problema metabólico. Tratamento com
remédios para a fertilidade às vezes tem sucesso em reiniciar
a ovulação e a menstruação, e cerca de 50 por cento das mu-
lheres concebem após tratamento.2 Como consta no capítulo
12, é prudente permitir o correr de doze meses de espera para
o recomeço dos ciclos naturais antes de considerar o uso de
remédios para a fertilidade.
91
O muco após deixar a pílula
O tipo de pílula que você estava usando afetará o padrão
de muco que você vai ver. Provavelmente durante o primeiro
mês de registro você reconhecerá um padrão de muco que
indica infertilidade.
Esse padrão infértil será de um dos dois tipos. Ou não
verá nenhum muco e experimentará secura, ou terá um muco
que é constante e sem mudanças, que é pegajoso e em pouca
quantidade ou é contínuo e úmido e parece leitoso ou aquoso.
Diferentes mulheres descrevem esse muco infértil de várias
maneiras, mas todas notam que se caracteriza por ser inalte-
rável (constante, sem mudanças).
Ambas as situações se descrevem como um Padrão Básico
de Infertilidade. O primeiro é PBI de secura; o segundo é o
PBI de muco. Este muco (ou ausência dele) é o sinal de infer-
tilidade; fica igual dia após dia, sem mudança.
Algumas mulheres experimentam uma saída úmida que
varia significativamente de dia para dia. Em tal caso é acon-
selhável ter uma consulta médica, porque esse tipo de muco
pode resultar de cérvix danificada que requer tratamento.
A primeira ovulação depois de deixar a pílula
Inicialmente o corpo faz vários esforços para ovular; es-
tes são reconhecíveis por uma mudança do Padrão Básico de
Infertilidade. Os níveis dos hormônios podem subir e baixar
sem atingir o nível necessário à ovulação. Cada subida está
associada com uma mudança no muco.
A mudança pode tomar a forma de uma alteração na sen -
sação ou no aparecimento do muco ou na presença de man -
chas de sangue. Você saberá que não ovulou porque de dez a
dezesseis dias depois não virá uma menstruação.
92
Porque qualquer dessas mudanças pode levar à ovulação,
é importante a observância das normas descritas nas pági-
nas seguintes. Amiúde a primeira ovulação depois de deixar
a pílula é acompanhada de dor abdominal, de tipo severo em
algumas mulheres. Não obstante, a dor não é um confiável
indicador de ovulação e não deve ser permitido contradizer
os sinais do seu muco.
Sendo mais consciente do seu particular padrão de muco,
você vai distinguir o muco infértil - seja tipo seco, pegajo-
so, escuro, úmido, e sem mudanças dia após dia de qualquer
muco que é diferente. Reconhecimento do padrão infértilini-
cial e a abstenção do coito durante, e por três dias depois da
mudança no padrão, lhe darão a possibilidade de ver a volta
da sua fertilidade sem engravidar. Quase todas as mulheres
usando o Método da Ovulação pela primeira vez depois de
deixar a pílula necessitariam de uns poucos ciclos normais
para poderem reconhecer com confiança o Ápice de sua fer-
tilidade.
Naturalmente é de grande ajuda, quando se está apren-
dendo o método, falar com outras mulheres que o estão usan-
do com sucesso.
Pondo o Método em prática
Após manter o registro durante o mês inicial e, se possível,
com os · conselhos de uma instrutora experiente para ajudar
você a interpretar seu padrão, você estará em condições de
aplicar o método. Eis as normas para evitar gravidez:
Menstruação. - Evite o coito e todo contato genital nos
dias de forte sangramento. (O sangramento pode escurecer
o muco fértil que pode ocorrer durante a menstruação em
ciclos curtos.) Se você não reconhecer o muco fértil e o Ápice
93
antes da menstruação, evrite o coito por três dias após o san-
gramento.
O Padrão Básico de Infertilidade. - Durante dias secos
ou dias de seu padrão característico de muco infértil, noites
alternadas estão disponíveis para relações sexuais. Se a ovu-
lação estiver atrasada, você experimentará um longo período
durante o qual essas "normas dos primeiros dias" se aplicam.
Deixando um intervalo de um dia após o coito você se asse-
gura que seu padrão de muco não está escurecido pelo fluido
seminal ou pelas secreções vaginais associadas com relações
sexuais. O uso da noite para o coito, ao invés do amanhecer
ou durante o dia, ajuda você a julgar sua fertilidade com pre-
cisão, pelas observações do muco durante o dia.
Alteração do muco. - Em qualquer dia de muco diferente
do seu padrão usual infértil, ou quando manchas de sangue
ocorrerem, evite o coito então e por três dias depois. Se ne-
nhum Ápice foi identificando, continue limitando o coito às
noites alternadas.
O Ápice de fertilidade é o último dia de muco com qua -
lidades férteis, isto é, muco filamentoso ou lubrificante. No
outro dia, começará muco pegajoso ou secura.
Muco fértil e o Ápice. - Depois de reconhecer o muco tipo
fértil e o Ápice, aguarde um intervalo de três dias. Após isso,
o coito durante o dia ou à noite, como for desejado, não apre-
senta nenhum risco de gravidez.
Se você está usando o Método para engravidar. - É aconse-
lhável evitar a concepção por três ou quatro meses depois de
deixar a pílula.5 Isso porque existe uma tendência para abor-
tos espontâneos após o uso de hormônios anticoncepcionais.
94
1 '
I
/
Porém, uma gravidez que não aborta geralmente prossegue
normal.
Suas chances de conseguir engravidar são maiores en-
quanto o tempo de coito coincidir com o Ápice de muco fértil.
"Deixei a pílula porque meu esposo e eu queríamos começar
uma família.
Avisaram-nos para não tentar conceber por alguns meses,
para evitar a possibilidade de um aborto. Durante este tempo
aprendemos e praticamos o Método Billings.
Não vi nenhum muco fértil até dois meses depois de deixar
a pílula. Mas quando apareceu, não tive nenhuma dificuldade
para reconhecê-lo. Exatamente como esperava, tive minha pri-
meira menstruação treze dias depois.
Assim minha fertilidade voltou, e eu me senti bastante ani-
mada. Não só poderia ter um nenê, mas era agradável saber
como funcionou meu corpo."
O Método na balança
Muitas mulheres que deixam a pílula, o fazem depois da
idade de trinta e cinco anos, quando aumenta o risco de efei-
tos colaterais nocivos. Esses riscos possíveis à saúde incluem
trombose, infarte e hipertensão (pp. 167-169).
Então os casais podem sentir-se precipitar num dilema
quanto '.lº controle da fertilidade. Devem passar a outro mé-
todo artificial de anticoncepção que pode alterar as funções e
ritmos normais do corpo ou a um método natural que pode
dar a solução?
O propósito de alguns dias de abstinência pode implicar
algum reajuste do casal acostumado à pílula. Contudo, o tem -
pode abstinência necessária para evitar a gravidez é compen-
sado pelos dias de completa liberdade sexual.
95
Deve-se resistir à tentação de aumentar as oportunidades
para o coito pelo uso de métodos anticoncepcionais de bar-
reira durante a fase fértil em vez de utilizar ao máximo os
dias inférteis, especialmente se existir uma razão importante
para evitar a gravidez. Qualquer contato genital, se estiverem
ou não usando barreiras, confundirá o padrão de muco e au -
mentará a possibilidade de uma gravidez no tempo fértil.
Mudando para o Método da Ovulação você terá muitos
benefícios para a sua saúde. Durante o mês inicial, ao manter
o registro, e nos meses seguintes, você provavelmente notará
que as infecções vaginais desaparecerão. Essas comumente
estão associadas com o uso da pílula.
Muitas mulheres notam uma alta psicológica e uma ime-
diata melhora no seu estado de ânimo. É porque a pílula pode
contribuir para irritabilidade, depressão, dor de cabeça e per-
da de libido.
É bastante comum ouvir mulheres falarem da sua profun-
da satisfação em poder sincronizar-se com seus ciclos pela
primeira vez, depois de mudar da pílula para o Método da
Ovulação. Entendendo sua fertilidade, armazenam muitas e
valiosas informações com respeito ao seu corpo, que lhes ser-
virão ao longo da sua vida fértil.
"Depois de tomar por seis anos a pílula, tendo ocorrido
trombose em minhas pernas, fui insistentemente aconselhada
por meu médico a deixar a pílula. Isto nos pôs numa situação
difícil, porque muito tempo antes meu marido e eu decidimos
que nossa família de três era o limite de nossas possibilidades.
A ideia de usar um método não confiável de anticoncepção
foi causa de angústia para ambos. Nesse meio tempo ouvi-
96
)
mos falar do Método Billings. Foi difícil no princípio, até ter
confiança no reconhecimento de meus sinais de muco. Mas
após poucos meses, quando meus ciclos tinham voltado à nor-
malidade e eu já tinha confiança na minha habilidade para
interpretar meu muco, fiquei muito mais feliz e relaxada do
que tinha estado anos a fio."
97
10
Amamentação e o Método
da Ovulação (Billings)
A amamentação e o Método da Ovulação são mutuamen-
te recíprocos. A mãe, o pai e a criança, todos se beneficiam.
Após o nascimento do nenê, quase todas as mulheres ex-
perimentam um período natural de infertilidade, prolongado
por meses ou até anos se a mãe amamenta seu nenê. O plano
da natureza parece dar-lhe facilidades para cuidar da nova
criança sem ter as ocupações de outra gravidez cedo demais.
Mas assim que a necessidade de seu leite diminui, seu corpo
responde com a ovulação.
O Método da Ovulação lhe dá o poder de reconhecer os
meses de infertilidade, para que possa gozar de um relacio-
namento sexual livre de aparelhos anticoncepcionais e livre
de ansiedade acerca dos possíveis efeitos dos hormônios da
pílula em seu leite e em seu nenê.
A ovulação costuma ocorrer antes da primeira menstrua-
ção, por isso é extremamente importante desenvolver tão
cedo quanto possível um conhecimento acerca do muco que
é o sinal da ovulação.
Da mesma maneira as mulheres que não estão amamen-
tando após o nascimento dos seus nenês ou sofreram um
aborto, podem utilizar seus sinais de muco para reconhecer
a mudança desde a infertilidade à fertilidade. A fertilidade
usualmente retorna dentro de seis semanas após o nascimen -
to, se o nenê não está sendo amamentado.
98
"Era um grande alívio estar livre da preocupação acerca de
Condons, Diafragmas, DIUs ou Pílula, enquanto meu nenê e
eu nos estávamos conhecendo e a família estava fazendo as ne-
cessárias adaptações após o nascimento".
"Revisando todos esses meses, gostaria de ter sabido do
M.O. (Método da Ovulação), usamos tudo e eu fui infértil todo
o tempo".
A amamentação e a pi1ula
Por muitos anos a pílula sob várias formas, incluindo os
anticoncepcionais injetáveis, foi administrada a mães ama-
mentantes.Pouca consideração foi dada ao possível efeito
nocivo dos hormônios artificiais dos anticoncepcionais que
podem se transferir aos nenês no leite materno. Contudo,
nota-se já uma quebra nessa prática.
Isto segue-se de cuidadosos estudos do leite materno
que mostram que tanto sua qualidade como sua quantida-
de estão aptas a sofrer danos causados pelos medicamentos
anticoncepcionais (veja p. 173). Esse dano às vezes força o
desmame precoce dos nenês, o que aumenta o risco de in-
fecção para eles.
Outros medicamentos também podem acarretar dano à
qualidade do leite materno. É uma prática saudável evitar qual-
quer droga, enquanto for possível, durante a amamentação.
Quanto tempo você estará infértil durante a ama-
mentação?
O número de meses em que você estará infértil dependerá
de vários fatores, incluindo a demanda do nenê pelo leite ma -
terno e s~a própria constituição física e psciológica.
99
Uma pesquisa com oitenta mães amamentantes mostrou
que aquelas que permitem ao nenê depender exclusivamente
do leite materno para sua nutrição durante seis meses, e que
amamentam parcialmente depois, e que também utilizam o
peito como tranquilizante, só estão aptas a ovular doze meses
após o nascimento. 1
Na África, a continuação de amamentação das crianças
até cerca de cinco anos por curtos tempos durante o dia e à
noite ajuda a espaçar os nascimentos naturalmente, no inter-
valo de cerca de quatro anos.2
Outro estudo de mães de quarenta e dois nenês que foram
alimentados completamente pela amamentação mostra que
nenhuma era fértil (comprovado isso por testes hormonais)
até seis meses após o parto. Duas das mães tiveram um san-
gramento sem ovulação durante esse tempo. 3
Aliás, se alimentos sólidos estiverem sendo dados dentro
dos primeiros meses da vida, ou se as mães estiverem espe-
cialmente ansiosas acerca da quantidade do seu leite materno
ou se a quantidade diminuir por qualquer razão, a ovulação
geralmente ocorre mais cedo.
A chave do sucesso no controle da fertilidade é o não
arriscar-se e não deixar nada ao acaso. Observe o seu
muco com cuidado e siga as normas do Método da
Ovulação.
O que causa a infertilidade durante o período de
amamentação?
Os estrógenos estão num nível baixo enquanto você está
amamentando. Isto é devido ao efeito do hormônio prolacti-
na, que controla a produção do leite materno.
100
Com o passar do tempo, a glândula pituitária na base do
cérebro diminui essa produção de prolactina. Gradualmente
se reinicia o ciclo hormonal que levará à ovulação. Isso pode
ocorrer numa sucessão de começos e paradas umas vezes,
como se o corpo estivesse sendo tentado a ovular. Você pode
ver as oscilações dos hormônios refletidas nas mudanças do
muco. Não presuma que o primeiro sangramento é a mens-
truação. Manchas ou um leve sangramento podem resultar
de uma subida de estrógenos que coincide com a ovulação e
a volta à fertilidade.
A produção do leite materno
A sucção inicia uma cadeia de acontecimentos reflexos
nas vias nervosas envolvendo o cérebro, a glândula pituária
e os seios. Então o hormônio ocitocina é liberado pela pitui-
tária e causa o reflexo da descida do leite. Isso resulta num
fluxo do leite do bico quando células especiais ao redor dos
duetos do leite se contraem. Vendo ou sentindo o cheiro do
bebê ou pensamento no bebê pode se iniciar esse reflexo
bem sensível.
Prolactina, o hormônio que é responsável pela produ -
ção contínua do leite, já está funcionando, em união com
os estrógenos e a progesterona, causando o crescimento dos
tecidos glandulares dos seios, preparando-os para a ama-
mentação. Esse hormônio continua operando em resposta
à sucção do nenê.
A habilidade do nenê para sugar se desenvolve ao mesmo
tempo em que os seios estão crescendo durante a gravidez.
Fotos de um feto de quatorze semanas mostram amiúde
que o nenê está sugando o polegar. Dessa maneira há exercí-
101
cio dos pequenos músculos da face e da boca, e há prática no
complexo mecanismo do sugar.
A sucção instantânea e rigorosa do nenê quando amamen -
tado pela primeira vez após o nascimento, frequentemente
leva os pais a comentarem que sua criança "sabe o que tem
de fazer". De fato, o nenê vem praticando há meses. As mães
que pensam que devem desabituar seus nenês de chupar o
polegar têm que entender que estão enfrentando um hábito
de longo tempo.
Após o parto, se as mães quiserem amamentar, é acon-
selhável que elas tenham acesso aos nenês para alimentá-
-los segundo sua necessidade. A prática de dar sedativos às
mães por um período prolongado para lhe assegurar o sono,
com a adição insensata de substitutos ao leite materno no
berçário do hospital, tem sido a causa de muitas falhas na
amamentação.
A intumescência dos seios com leite, depois de um sono
prolongado, não pode ser esvaziada por um nenê que não
tem fome; assim é que logo uma abundância de leite está con-
vertida numa quantidade inadequada. Ademais, a produção
do leite está mais ameaçada se a mãe se aflige quando, duran-
te uma prova de amamentação, uma enfermeira lhe conta que
ela não tem suficiente leite.
Uma amiga ou parente pode sugerir, "Por que você se in-
comoda?" E'o nenê sai do hospital com mamadeira.
O leite materno é o ideal para as necessidades do nenê.
Nas primeiras mamadas, uma substância chamada de colos-
tro é produzida pelos seios. Isso prepara o sistema digesti-
vo da criança para o leite que virá mais tarde e fornece an -
ticorpos importantes para proteger o nenê contra infecção.
A amamentação ajuda também a proteção da criança contra
alergias às proteínas estranhas nessas primeiras semanas em
que o sistema digestivo está vulnerável. Além disso, o colostro
102
beneficia a pele delicada dos bicos, e não deve ser removido
com sabonete e água.
Padrões de muco durante a infertilidade
Pela observação cuidadosa você pode aprender a reco-
nhecer seu Padrão Básico de Infertilidade enquanto estiver
amamentando.
Não importa se não usou o Método da Ovulação anterior-
mente. Você pode aprender a reconhecer seu padrão de infer-
tilidade, observando-se diariamente.
Se estiver infértil, seu padrão pode ser:
• Seco todo o tempo, sem nenhum muco;
• O mesmo tipo de muco dia após dia;
• Dias de muco tipo infértil com dias secos intercalados.
Neste caso, as características do muco ficam iguais. De-
pois de observar durante duas semanas pode-se ver que qual-
quer muco que apareça sempre é do mesmo tipo. Ainda que o
muco de tipo infértil possa variar de mulher a mulher, a chave
para reconhecê-lo é o padrão inalterável dele.
Assim é que uma mulher pode notar um fluxo leitoso e
úmido cada dia por meses e meses. Outra pode notar muco
seco ou pegajoso ou grumoso que se torna habitual, sendo
encontrado dia após dia. A percepção disso torna-se roti-
neira e mudanças (alterações) podem ser reconhecidas e
avaliadas por comparação com o Padrão Básico de Inferti-
lidade costumeiro.
Durante essa fase prolongada de infertilidade, os casais
podem precisar de conselhos para poder conseguir satisfa-
ção no coito. Problema comum é o de vagina excessivamen-
te seca devido à produção diminuta do muco pela cérvix.
Isso pode ser evitado por uma preparação amorosa e sem
103
pressa para o coito, o que permite à vagina produzir secre-
ções lubrificantes.
Entenda-se que a satisfação física e emocional do coito
não depende somente de um nível elevado dos hormônios;
compreensão amorosa entre os esposos é sumamente impor-
tante. Estão em ação sensíveis reflexos nervosos que depen-
dem de excitação tanto emocional como física.
Preparação com um altíssimo grau dessa compreensão
amorosa é de grande ajuda também para o tempo da meno-
pausa, quando uma secura semelhante pode ocorrer. Passar
assim com sucesso pelo tempo infértil da amamentação pode
ser uma boa preparação à menopausa, quando os estrógenos
apresentam-se também em pequena quantidade.
Registrando padrão de muco
Deve-se começar a manter o gráficodo seu muco desde
três semanas após o parto, quando a perda de sangue (ló-
quia) ordinariamente para (veja p. 35 onde o método de man-
ter o gráfico é descrito).
Ainda que a infertilidade possa continuar por muito tem-
po, o registro é recomendado porque sua percepção dos si-
nais de muco cresce e qualquer alteração é facilmente notada.
Assim também você reconhecerá com confiança o padrão
que indica infertilidade.
Enquanto você mantiver o registro diário, é conveniente
descrever as observações do muco e as sensações com suas
próprias palavras. Anote também o número de mamadas diá-
rias, o intervalo maior entre elas, qualquer alteração na rotina
da amamentação ou enfermidade, dentição e irritabilidade
do nenê. Tudo isso ajuda você (e a instrutora do Método da
Ovulação, se uma estiver disponível) a julgar com precisão o
estado da sua fertilidade.
104
As mães de crianças alimentadas exclusivamente por ama-
mentação, saudáveis e contentes, e no caso do leite materno
servir de tranquilizante, não estão aptas a ser férteis. Se seu
nenê depender inteiramente do leite materno para sua nu-
trição, se estiver mamando frequentemente e sempre que
queira, você provavelmente não ovulará nem menstruará por
vários meses.
Entretanto pode ter relações sexuais com segurança se-
gundo sua inclinação, excluindo os dias vetados pelas Nor-
mas dos Primeiros Dias (veja p. 41). Tais dias incluem o dia
após o coito, quando o padrão do seu muco pode ser escure-
cido pelo fluido seminal ou pelas secreções vaginais associa-
das ao coito, também em qualquer dia de sangramento ou no
dia em que você nota qualquer alteração no padrão de muco.
Se você estiver amamentando parcialmente, ou se seu
nenê tiver três meses ou mais ou se seus períodos mens-
truais já voltaram, é preciso evitar o coito por duas ou três
semanas enquanto está começando seu registro para perce-
ber claramente o padrão do seu muco e assim o estado da
fertilidade.
Após isso, se seu padrão indicar que ainda está infértil,
você pode ter relações sexuais com segurança em noites al-
ternadas. É recomendável o coito só de noite para verificar
sua fertilidade baseada no padrão de muco de um dia inteiro
(porque é possível o muco fértil aparecer durante as primei-
ras horas da manhã antes de você notá-lo).
Alguns casais procuram mais oportunidades para o coito
usando um condom ou diafragma, sem respeitar o intervalo
de um dia seco depois do coito. Mas relações sexuais com es-
tes aparelhos resultariam em secreções que podem escurecer
o padrão do muco.
Na p. 86 há um gráfico mostrando a volta à fertilidade de
uma mulher que estava amamentando seu nenê.
105
A volta da fertilidade
Qualquer mudança no muco ou qualquer sangramento
pode ser o sinal das alterações dos níveis dos hormônios que
acompanham a volta à fertilidade.
Você deve estar especialmente atenta às mudanças no pa-
drão de muco, quando:
• Não dá de mamar à noite.
• É introduzida alimentação complementar para nenês.
• O padrão de alimentação do nenê está alterado devido a
enfermidade ou irritabilidade, tal como durante a denti-
ção.
• O desmame está em processo, ou após o desmame.
Todos estes eventos podem iniciar alterações hormonais
que estimulam o processo de ovulação e portanto a volta da
fertilidade.
A menstrução não será provavelmente o primeiro sinal da
sua volta à fertilidade. Você pode ovular antes do seu primei-
ro período, mas deve observar o muco com cuidado.
O primeiro período, às vezes, é bastante difícil, especial-
mente quando não vem precedido de ovulação.
Alguns ciclos, depois da longa fase sem períodos, podem
ser anovulatórios, isto é, nenhum óvulo é liberado. Isto fre -
quentemente ocorre se a menstruação volta dentro dos pri-
meiros nove meses depois do parto. 4
Ou então você pode experimentar ciclos com uma fase
pós-ovulatória de menos de dez dias. Esses ciclos são infér-
teis. A razão para este intervalo curto entre o Ápice do muco
e o próximo período menstrual pode ser a interação entre um
nível elevado do hormônio prolactina, que estimula a produ-
ção do leite materno, e seus níveis dos hormônios estrógeno
e progesterona. Logo depois da volta à ovulação, seus ciclos
retornarão à duração normal dos períodos anteriores.
106
O primeiro sinal de uma modificação no seu estado de
fertilidade pode ser o de dias intermitentes de muco que in -
terrompem um Padrão Básico de Infertilidade de tipo seco.
Você poderá não ter ovulação, porque seu corpo pode estar
"ensaiando" para voltar à plena fertilidade.
Se estiver observando seu muco, você estará avisada com
bastante antecipação da volta à fertilidade. Um estudo de
quarenta e duas mães amamentantes mostrou que trinta e
oito tiveram seis ou mais dias de muco fértil antes da ovula-
ção, isto foi confirmado por exames hormonais.5
Se o muco se alterar, a tática mais segura é evitar o coito
nesses dias de muco alterado e por três dias depois. Essa
também é a melhor maneira de agir no caso de qualquer
dia de manchas de sangue ou sangramento que pintar o
muco com sangue, dando-lhe uma aparência rosada ou cor
de café.
Algumas mulheres começam a menstruar cedo (dentro
das primeiras seis semanas) embora estejam amamentando
completamente seus bebês. O reconhecimento do padrão de
muco e a prática das normas do método ajudarão você a con-
trolar a fertilidade nessa situação.
Se estiver em dúvida acerca da fertilidade, é mais prudente
esperar e observar por umas poucas semanas. Esse tempo de
abstinência não trará problema se os casais estiverem prepa-
rados para ele; é usualmente aceito sem dificuldade em razão
da liberdade e da segurança possibilitadas pelo Método da
Ovulação durante os meses que precederam.
Quando a ovulação finalmente ocorrer, será acompanha-
da com muco fértil. Se o ciclo estiver fértil, a menstruação
ocorrerá de dez a dezesseis dias após a ovulação. Observando
cuidadosamente os sinais do seu muco, você poderá predizer
essa primeira menstruação com precisão; isto será uma indi-
cação encorajante de que está dominando o método.
107
Mantendo a produção do seu leite
Às vezes parece que os próprios nenês percebem os es-
forços do corpo para ovular. Eles se tornam mais irritáveis
e mostram menor inclinação para o leite materno perto do
tempo da ovulação quando o sabor e o cheiro do leite se alte-
ram. A menstruação da mãe também parece causar ao nenê
motivos de queixa.
Muitas mães notam que estão produzindo menos leite do
que o usual quando as crianças chegam aos três meses de ida-
de. O aumento de peso do nenê está interrompido e há sinais
de que a fertilidade está voltando, sinais como dias intermi-
tentes de muco lubrificante podem aparecer.
A introdução de sólidos ou de comida enlatada ou de lei-
te de outras fontes na alimentação do bebê nessa etapa pode
parar precocemente a produção do seu leite materno. Esse é
o momento para dedicar atenção especial à mãe. É muito ú-
til que as pessoas da casa arrumem tudo de modo que você
possa dedicar todo seu tempo e toda sua atenção ao seu nenê.
Um período de vinte e quatro horas na cama, com frequentes
mamadas é de enorme importância para você poder manter a
produção do leite materno.
Com frequentes mamadas para o nenê, líquidos, comida
e descanso para a mãe, o fluxo de leite materno melhora e
se torna mais adequado. Isto adia o começo da fertilidade e
o padrão de infertilidade volta. Uma vez que esse obstáculo
do terceiro mês esteja superado, a amamentação usualmente
retorna à normalidade e a infertilidade é prolongada.
Outro acontecimento semelhante frequentemente ocorre
quando as crianças chegam a cerca de nove meses. Se você e
seu nenê desejarem continuar a amamentação nessa etapa,
encontrarão a chave do sucesso na provisão de mais opor-
tunidades para mamadas e num descanso da mãe por uns
poucos dias.
108
O departamento de Saúde e Segurança Social da Grã- Bre-
tanha recentemente publicou um informe sobre alimentação
de nenês no qual recomendouque a introdução de sólidos
deve ser adiada até quatro a seis meses de idade do bebê.6
Se você está bem nutrida e seu nenê está aumentando de
peso, feliz e contente, não há necessidade de introduzir sóli-
dos enquanto o nenê não tiver pelo menos quatro meses.
A ''dieta educacional"
A necessidade de uma "dieta educacional" frequentemen-
te se conhece pelas reações dos próprios nenês.
Aos cinco meses de idade, mais ou menos, eles mostram
interesse por vários sabores e consistências de alimentos que
outros estão comendo. Pequenas quantidades de sólidos in -
troduzidas na dieta do seu nenê não afetarão marcantemen-
te o padrão do seu muco, enquanto os requisitos de líquidos e
calorias principais estejam cobertos pelo leite materno. Essas
experiências, tão sociais como educacionais, estão preparan -
do as crianças para aceitarem com prazer a comida de adultos
mais tarde.
Do ponto de vista de nutrição, o leite deve ser o compo-
nente mais importante da dieta de um nenê dos nove meses
até um ano. Alguns nenês resistem à introdução de outra co-
mida e preferem continuar mamando. Nenês mostram com-
portamento individual, e parece que alguns requerem quanti-
dades substanciais de sólidos meses antes de outros.
109
O desmame
A volta da fertilidade pode ser provocada por uma re-
dução no número de mamadas, enquanto o nenê recebe ou
demanda comida adicional e outros líquidos. Também pode
seguir-se logo após uma indisposição ou enfermidade que
você ou a criança experimente, durante a qual a insuficiência
do leite materno ou demanda inadequada causa uma redução
na produção do leite.
O efeito de desmame no padrão de muco varia de mulher
para mulher.
Se o desmame for gradual ou se o nenê mesmo está sendo
encorajado a desmamar-se, podem ocorrer vários episódios
de muco fértil antes da ovulação acontecer. Por um curto
tempo o padrão pode ser confuso. A tática prudente é adiar
as relações sexuais temporariamente até o reconhecimento
do padrão.
Uma vez que o desmame esteja completo, a ovulação
usualmente segue logo; isto é reconhecível pela presença do
muco fértil e do Ápice. Note especialmente a sensação. Nem
todas as mulheres verão muco abundante.
''Amamentei meu nenê por três meses. Depois ele ficou
descontente e chorou muito. Eu estava usando o Método da
Ovulação, e depois de umas semanas repentinamente tive um
sangramento. Isto era o começo do fim. O nenê recusou meu
leite e eu lhe dei a mamadeira. Ele parecia tão faminto. Então
notei bastante muco. Sabia que eu ia ter uma menstruação, o
que aconteceu. Nesse tempo, pouco leite materno existia, por
isso, desmamei. Meus ciclos então voltaram ao normal. Con-
taram-me que eu podia ter perseverado com mamadas mais
frequentes, porque alguns nenês agem dessa maneira aos três
meses, especialmente quando muco ou menstruação voltam.
Da próxima vez vou tratar de encorajar mais mamadas. Sinto
110
ter terminado tão cedo. Não era difícil reconhecer o Ápice e en-
tender o que estava acontecendo com minha fertilidade, ainda
que fosse a primeira vez que realmente notei o muco.
Aplicando as normas para o muco
Do parto até agora, você usou as normas que se aplicam a
um padrão infértil. Com a volta da ovulação e da menstrua -
ção é preciso aprender a reconhecer o Ápice de fertilidade e
aplicar a "norma do Ápice':
Manter seu gráfico por um mês sem relações sexuais aju -
dará você a interpretar seu padrão com precisão, e dará in -
formação acerca da fertilidade que lhe seria útil durante toda
sua vida fértil.
Às vezes, quando os ciclos começam, o padrão de fluxo
mucoso que indicou infertilidade enquanto você estava ama-
mentando agora será substituído por algo bastante diferen -
te. Por exemplo, um Padrão Básico de Infertilidade de muco
contínuo pode ser substituído, agora, por um Padrão Básico
de Infertilidade de dias secos. O ponto importante aqui é que
o tipo de muco que indicou infertilidade, quando você estava
amamentando, não indica necessariamente a mesma coisa,
uma vez que retornam os ciclos normais.
Isso indica novas circunstâncias, por isso é necessário
manter o gráfico sem relações sexuais durante um mês.
Depois desse mês inicial de registro do seu padrão de
muco, continue as observações diárias e aplique as normas
do método.
• Evite coito nos dias de sangramento.
• Use noites alternadas para coito se não houver muco visí-
vel e se a sensação for de secura.
• Evite coito tão logo apareça o muco e nos três dias con -
secutivos após a volta da secura. Este período de três dias
111
permite ao padrão tornar-se evidentemente fértil ou indi-
car a infertilidade.
• Quando o sintoma do Ápice for reconhecido, adie relações
sexuais por mais três noites. Após isso, o restante do ciclo
é disponível dia e noite.
''Minha menstruação voltou só quando minha primeira fi -
lha, Maria, estava com dezesseis semanas. Após o tempo do
desmame, aos nove meses, houve quatro ciclos, o primeiro com
duração de quarenta e três dias, depois trinta e nove, trinta
e oito e trinta e seis. Ao terminar o desmame, voltei ao ciclo
normal de vinte e oito dias. Maria dormiu toda a noite desde
dez semanas e começou urna dieta educacional aos três meses
e meio.
Tendo tido sucesso com Maria, não duvidei da minha ha-
bilidade de lograr o mesmo com Lucy. Entretanto, não calculei
bem as necessidades da criança de dois anos quando tratava de
amamentar a nova.
Lucy teve leite materno somente até seis meses. Comecei a
desmamá-la aos oito meses. Foi nesse tempo que veio meu pri-
meiro período. Quarenta e três dias depois houve o segundo
período. Desde então os ciclos voltaram ao costumeiro.
Quando Lucy fez três anos, chegou Lorena. Aprendi o Mé-
todo da Ovulação durante o tempo de amamentá-la. Ela era
um nenê que quase nunca dormiu. Seu padrão habitual era de
frequentes mamadas pequenas. Recordou-me os cachorrinhos
de Pavlov: cada vez que tocava o telefone, ela pensava que era
hora de comer.
Estas mamadas frequentes me mantiveram infértil por de-
zessete meses e meio. Não alimentei esta criança com sólidos até
seis meses, e até esse tempo não notei nenhum muco; depois,
notei pequenas quantidades só em raras ocasiões.
É de lembrar que quando Lorena fez doze meses tivemos
umas férias, viajando por duas semanas numa caravana.
112
Como ela ficou mais irritável no carro enquanto estávamos
viajando, amamentei muito mais amiúde durante essas duas
semanas com o resultado que eu fiquei inteiramente sem muco
nessa quinzena.
Contudo quando as férias terminaram e voltamos à nor-
malidade, comecei novamente a ter pequenas quantidades de
muco de vez em quando. Era possível predizer minha primeira
menstruação, reconhecendo o sintoma do Ápice após dois anos
sem menstruar, incluindo o tempo da gravidez.
Nessa época quando meus períodos voltaram, Lorena dei-
xou de mamar durante o dia, mas continuou a mamar ao dei-
tar por mais doze meses. Então, quando ela fez dois anos e meio,
ela e eu tivemos uma longa conversa e ela aceitou desmamar."
113
11
Aproximando-se
a menopausa
A mulher é uma raridade entre as criaturas, já que ela vive
além do seu tempo reprodutivo.
Desde a idade de cerca de cinquenta anos, quase todas as
mulheres são inférteis e têm esperança de cerca de mais de
vinte e cinco anos de vida. A passagem da fertilidade à infer-
tilidade é geralmente gradual, acontecendo no transcurso de
vários anos. Este período de alteração é chamado de "idade
críticà' ou "climatério': e comumente é marcado por ciclos
menstruais que são extremamente variáveis de duração e com
aparecimento de muco cada vez menos frequente.
Amiúde a idade crítica traz problemas para a mulher e
para seu marido. A irregularidade dos ciclos nesse tempo que
se vai aproximando da menopausa tem trazido a alguns casais
a abstenção do coito por meses ou anos seguidos. Isso causa
grave transtorno no relacionamento dos esposos, resultando
daí sensações de rejeição e de confusão para os dois.
Às vezesmedicamentos anticoncepcionais são usados
pela primeira vez. Ou praticam a esterilização ou aceitam,
as mulheres mais pobres, fazer uma histerectomia - como
indicações ginecológicas ... tudo isso num tempo em que a
mulher é infértil quase todo o tempo e logo ela será de todo
infértil.
Nessa época da menopausa, a mulher pode se sentir opri-
mida por sensações de rejeição e pode ver seu futuro sem
114
entusiasmo. Ela pode tornar-se alienada e introspectiva,
sentindo que nenhuma pessoa tem interesse por ela. Explo-
sões de irritabilidade, aparentemente sem motivo algum, são
postas de lado pelos parentes que dizem: "isso vai passar".
Os membros da família podem ficar iludidos e embaraçados
por mudanças na disposição dela. O marido pode achar que
a solução mais simples é ir embora, sem entender que essas
explosões são um pedido de socorro e que um presente de
flores, um novo vestido, um cartão de amor ou um convite
para jantar fora de casa seriam muito apreciados, especial-
mente se o marido também puder animá-la, num ambiente
de entendimento e amor, a discutir os problemas e ansiedades
que ela enfrenta.
Nesse tempo, a mulher pode descobrir necessidade de
ajustar seu papel, tanto na sociedade como na família.
Ela pode não se sentir interessante, porque a gente pa-
rece ter menos interesse nela. Ela pode aumentar de peso e
sentir-se sozinha e sem atrações. A inclinação sexual pode
diminuir devido a causas físicas. Menstruações fortes podem
resultar em anemia, fadiga e depressão. A diminuição de es-
trógenos pode causar secura na vagina, o que pode tornar o
coito doloroso. É possível agora que os problemas sexuais que
tenham sido suprimidos durante os anos ativos de reprodu-
ção cheguem ao clímax, tudo provocado por essas experiên-
cias físicas ingratas.
Pode experimentar sentimentos de inutilidade juntamen-
te com o de culpabilidade. Frequentemente as linhas de co-
municação entre os esposos ficam interrompidas e alguns dos
problemas são puramente imaginários. Pode ser também que
o marido seja mais exigente no coito, porque sente que ele
está perdendo sua juventude ou porque ela o está recusando
e, por isso, parece não ter amor por ele. Essa situação para -
doxal de pouca satisfação com aumento de demandas sexuais
resulta em mal-entendidos de ambas as partes.
115
De outra parte pode acontecer um aumento de inclina-
ção sexual por parte da mulher, e o casal tem que ajustar-se
a isso.
Comunicação amorosa entre os esposos pode superar
muitas dificuldades. Outros passos positivos para vencer os
problemas da menopausa serão discutidos mais tarde, neste
capítulo. É certo que, em muitos casos, os casais ajustam-se
felizmente à nova situação.
É impossível generalizar sobre esse aspecto do tema, e
pode levar a erro. Enquanto os anos menopáusicos podem
causar alguns problemas, muitas mulheres encontram opor-
tunidades para um novo estilo de vida e criativo que as ajuda
a autorrealizar-se, já que as reponsabilidades maiores com
respeito à família estão terminadas, medo acerca de gravidez
não esperada já não existe e porque há mais tempo disponível
para seguirem seus próprios interesses.
O Método da Ovulação na pré-menopausa
O Método da Ovulação pode trazer segurança no controle
da fertilidade durante esse tempo de alterações.
Se a mulher não tiver usado o Método da Ovulação ante-
riormente, isto não é obstáculo.
Não há necessidade de predizer o fim da fertilidade: a
chave do sucesso na regulação da fertilidade nessa época
é o reconhecimento positivo da infertilidade que se tor-
nará absoluta no fim .
116
Uma mulher pode reconhecer se está fértil ou infértil por
seu muco cervical. Se acontecerem algumas dificuldades,
uma instrutora experiente no método ou outra mulher que
tem usado o método com sucesso poderá ajudá-la a percorrer
esse tempo de irregularidade.
"Na idade de quarenta e cinco anos, com meus ciclos tor-
nando-se sempre mais irregulares e mais longos em duração,
minha vida parecia um jogo monstruoso de roleta. Resultaria
uma gravidez inesperada de um ato ocasional do coito? Per-
guntei-me ansiosamente.
Meu médico, eufórico, me contou que eu não poderia conce-
ber mesmo que me esforçasse por fazê-lo. Mas quando consultei
outro médico, este recomendou o uso da pílula. Quando ouvi
falar do Método da Ovulação pensava que não poderia usá-
-lo em razão da ausência de algum padrão aparente do muco.
Pude lembrar do muco semelhante à clara de ovo que ocorreu
dois anos atrás, mas não em tempos mais recentes. Mantendo
cuidadosamente um registro durante as quatro semanas se-
guintes e ficando alerta ao meu muco depois, sabia que eu era
infértil. Esse entendimento me deu novamente a paz mental e a
libertação de abstinência quando não era necessária."
Os acontecimentos que precedem a menopausa
A diminuição da fertilidade de ordinário ocorre gradual-
mente enquanto se alteram as funções dos ovários e da cérvix
(colo uterino). Quase todos os óvulos disponíveis já amadu-
receram e saíram dos ovários. Ainda que a camada interior do
útero possa continuar a crescer e desfazer-se e o sangramento
possa continuar por meses ou anos devido às alterações nos
117
níveis dos hormônios, a ovulação está ocorrendo cada vez
menos frequentemente.
Segundo as estatísticas, uma vez que chegue a meia ida-
de, você está numa faixa etária de baixa fertilidade. Pesquisas
mostram que, entre a idade de quarenta e cinco e cinquenta
anos, somente uma mulher em 700 pode engravidar; depois
da idade de cinquenta, o número baixa a cerca de uma em
25.000. 1
Padrões típicos no tempo de pré-menopausa
Os padrões fisiológicos da pré-menopausa variam de
mulher para mulher. Contudo, algumas experiências são co-
muns.
Estas incluem:
• Os períodos menstruais podem terminar sem aviso e não
recomeçar. Menopausa é o nome do fim dos períodos
menstruais.
• Os ciclos podem tornar-se extremamente irregulares e
podem variar de duração desde períodos curtos como de-
zessete dias até seis meses ou mais. A quantidade de san-
gramento menstrual também pode variar marcadamente.
• A ovulação pode ocorrer infrequentemente, enquanto a
menstruação pode continuar. Não confie na menstruação
como indicador da sua fertilidade. Os períodos mens-
truais podem continuar por meses ou anos após o tempo
da sua capacidade para conceber.
• A produção de muco fértil pelo colo uterino pode terminar,
ainda que você possa continuar ovulando e menstruando.
A ausência do muco fértil indica que você é infértil porque
este muco é essencial para os espermatozoides (sementes
118
masculinas) reterem sua capacidade fertilizante e para eles
chegarem ao óvulo.
• A camada nutritiva do útero - o endométrio - pode des-
camar-se dentro de dez dias após o dia Ápice. Essa precoce
dissolução do endométrio - resultando num ciclo infértil
- é devida à diminuição nos hormônios produzidos pelo
corpo lúteo. Vários fatores podem ser responsáveis.
Variações entre mulheres
A duração da pré-menopausa e a severidade dos sinto-
mas associados variam notavelmente de mulher para mulher.
Pode estender-se por meses ou anos, durante o qual a ferti-
lidade parece desaparecer, mas volta novamente uns meses
depois.
É impossível predizer quando sua fertilidade terminará;
porém seu padrão pode ser semelhante ao padrão da sua mãe
e suas irmãs. O tempo de menopausa não está relacionado ao
tempo em que começaram seus períodos menstruais ou ao
número de filhos que você tem.
Assessorando o estado de sua fertilidade
Um completo histórico médico indicará o estado da sua
fertilidade. Fatores relevantes incluem:
• Idade. Se você tem quarenta e cinco anos ou mais, está
estatisticamente menos apta a engravidar.
• Número de filhos e de abortos espontâneos. Isto é uma
indicação de seu nível de total fertilidade.
119
• Idade do filho caçula. Isto indica quando você foi mais
recentemente comprovadamente fértil. Contudo não diz
nada de certo acerca da fertilidade subsequente.• Uso prévio do método para controlar a fertilidade. As mu-
lheres que usaram a pílula e o DIU são passíVeis de setor-
narem inférteis mais cedo.
• Duração de recentes ciclos menstruais, em comparação
com o que experimentou há cinco ou dez anos.
• Data aproximada do começo da irregularidade nos ciclos.
• Alterações no sangramento menstrual, tais como sangra-
mento reduzido ou prolongado ou a presença de coágulos
associados com sangramento forte. Períodos com dor po-
dem ter sido costumeiros anteriormente, agora muitos ou
todos são sem dor.
• Sangramento intermenstrual. Isto é mais comum em lon-
gos ciclos pré-menopáusicos. Às vezes coincide com a
ovulação e pode ser uma experiência nova.
• Mudanças com respeito a dor ou sensibilidade nos seios.
Pode ser muito forte, pode perturbar o sono e durar por
duas ou três semanas em qualquer ciclo, ou, se anterior-
mente experimentou dores, tumefação ou nódulos nos
seios uns dias antes da menstruação, isto pode desapare-
cer agora. O desaparecimento dessa tensão nos seios pode
estar relacionado com a diminuição no muco fértil.
• O registro de temperatura pode indicar, pela ausência de
elevação, que a ovulação não está ocorrendo em alguns
ciclos.
• Ondas de calor. Estes são os acontecimentos breves duran -
te os quais uma sensação de calor sobe do corpo para a ca-
beça, produzindo enrubescimento do pescoço e do rosto e
um suor generalizado, que termina depressa. Essas ondas
de calor podem acontecer até trinta vezes por dia e depois
desaparecer por várias semanas. Ou podem não ocorrer.
120
Podem acontecer durante o dia ou durante a noite, em ca-
sos agudos causando um suor esgotante e perturbação do
sono. Ainda que estejam associadas com baixos níveis de
estrógeno (o nível de estrógeno sobe com a ovulação) e
por isso indicam um dia de infertilidade, não é um indica-
dor confiável do fim da fertilidade.
• Alterações em outros sinais usuais da ovulação tais como
sensação de inchaço ao redor da vagina no tempo da
ovulação ou a dor abdominal associada com a ovulação
podem desaparecer. Isso indica que a ovulação não está
acontecendo.
• Recente aumento de peso. Isso comumente está associado
com a diminuição de fertilidade, mas pode ser exagerado
por fatores emocionais tais como depressão e letargia, que
levam a um apetite exagerado.
• Mudanças nas características físicas do muco cervical. Um
padrão de muco infértil ou de dias secos substitui cada vez
mais o padrão de muco fértil. As mulheres que já conhecem
o Método da Ovulação dizem: "O Ápice não está tão claro
como era antes': Isso é compreensível e certamente não é
razão para buscar um método de anticoncepção para dar
mais segurança no caso. Agora você começa a reconhecer
sua infertilidade.
O muco durante a pré-menopausa
Você pode experimentar dias secos por semanas ou por
meses, ou pequenas quantidades de muco grosso que não va-
ria. Tipicamente o padrão do muco na pré-menopausa indica
infertilidade por ficar sem mudanças dia após dia.
Em algumas mulheres há pouco ou nenhum muco; isso
produz uma sensação de secura. Ou o muco pode ser grumo-
so, opaco, turvo, amarelo, com coágulos ou ainda aquo- so e
121
contínuo, sem apresentar a qualidade escorregadia do muco
fértil. Toda mulher experimenta um padrão individual de in -
fertilidade que ela pode aprender a reconhecer.
É comum que os dias secos aumentem em número, e que
ciclos ou meses inteiros passem sem que nenhum muco seja
visto ou sentido. Qualquer volta à possível fertilidade será re-
fletida pelo seu muco. Se você estiver fértil, o muco fértil se
fará evidente por suas observações ou pela sensação que ele
produz.
Aprendendo a reconhecer a infertilidade - regis-
trando o muco
O primeiro passo é manter um registro diário do seu
muco por um mês, evitando o coito e todo contato genital
nesse tempo. Isso assegura que o padrão do seu muco não é
escurecido pelo sêmen ou pelas secreções vaginais associadas
com relações sexuais.
Não é necessário esperar a menstruação antes de começar
seu gráfico. Você possivelmente nunca terá outro período.
O gráfico de uma mulher que está chegando à menopau-
sa é mostrado na p. 87. Não se perturbe se não aparecer um
padrão de muco que seria típico dum ciclo fértil. Seu padrão
está mais apto a indicar infertilidade. Não espere o sintoma
do Ápice; possivelmente nunca mais haverá. Simplesmente
registre suas sensações e observações com suas próprias pa-
lavras. Uma instrutora no Método da Ovulação a ajudará na
interpretação do padrão, se for necessário.
Se está infértil você logo aprenderá a reconhecer seu pró-
prio padrão característico de infertilidade; e se está fértil,
você aprenderá a reconhecer o Ápice de fertilidade. Ponha -
se alerta a qualquer alteração no seu muco, a qual indicará a
possibilidade de fertilidade .
122
Um mês depois de começar seu gráfico você poderá apli-
car as normas do Método da Ovulação, se menstrua ou não e
se está fértil ou infértil.
Alguns casais que se casam tarde na sua vida reproduti-
va podem desejar uma família. Uma vez que a fertilidade de
uma mulher diminui notavelmente após os quarenta anos, ela
precisará observar seu padrão com muito cuidado para utili-
zar seus dias mais férteis, assim aproveitando ao máximo suas
possibilidades para conceber.
Normas para evitar gravidez
Essas normas cobrem todas as variações dos ciclos no
tempo da pré-menopausa, e são as mesmas que se aplicam
a outras fases da sua vida reprodutiva. (Para uma explicação
mais completa das normas veja capítulo 6).
Menstruação. - Durante a menstruação, evite o coito e
todo contato genital nos dias de sangramento forte (para que
o sangramento menstrual não escureça o muco que pode vir
cedo nos ciclos bem curtos). Se você não reconhecer o muco
fértil e um Ápice antes da menstruação, evite o coito por três
dias após o sangramento.
O padrão básico de infertilidade. - Durante a fase de dias
secos ou dias de seu tipo característico de muco infértil, pode
usar noites alternadas para relações sexuais.
A mudança. - Em todos os dias de manchas de sangue
ou de muco que seja diferente de seu característico padrão de
infertilidade, evite o coito então e por três dias depois.
Muco fértil e o Ápice. - Depois de reconhecer o muco
fértil e o Ápice, passe três dias completos após o Ápice antes
123
de reassumir o coito. A fertilidade combinada entre você e
seu marido é zero agora, e não há possibilidade de gravidez
resultando de coito de dia ou de noite até sua próxima mens-
truação.
Outros métodos de controle da fertilidade durante
a pré-menopausa
A pílula. - A evidência mostra bem, agora, que a pílula
pode causar graves moléstias entre mulheres que estão che-
gando à menopausa. Pesquisas mostram que o risco de enfer-
midades de coração e vias sanguíneas aumenta notavelmente
com a idade entre usuárias da pílula. Quanto maior o tempo
de uso da pílula tanto mais a predisposição a efeitos secun-
dários.
Com o início da infertilidade, o muco fértil desaparece.
Mas esse sinal de infertilidade não estará evidente para você
se estiver usando a pílula, porque a pílula escurece o padrão
normal do muco. Se não tiver consciência de seu padrão de
muco, poderia estar tomando a pílula sem necessidade por
vários anos, arriscando sua saúde. Não saberia quando não
precisaria da pílula se não a deixar para registrar o padrão
de muco. Essa é a única maneira de averiguar se está infértil.
O DIU (Dispositivo intrauterino). - As autoridades mé-
dicas são contra o uso do DIU especialmente nessas condi-
ções:
• Anormal sangramento uterino. DIUs estão associados
com sangramentos fortes e por isso podem piorar essa
condição.
• Fibroides do útero. Fibroides às vezes causam sangra-
mento excessivo e um DIU pode aumentar essa perda
de sangue.
124
• Enfermidades atacando as válvulas do coração. Válvulas
já atingidas no coração podem ser infectadas através da
corrente sanguínea após uma infecção intrauterinadevida
ao uso de um DIU.
• Infecção pélvica no passado ou atual. Um dos maiores
problemas com os DIUs é que eles podem introduzir in-
fecções no sistema reprodutor. O risco de tal infecção é
considerado três vezes maior entre usuárias do DIU do
que entre as não usuárias.2 Mulheres que não tiveram fi -
lhos são as mais propensas a infecção.
Esterilização, ligadura das trompas e histerectomia. - O
problema mais comum depois da esterilização pela ligadura
ou pela cauterização da trompas de Falópio é sangramento
forte e prolongado. Várias pesquisas indicam que essa com-
plicação ocorre em 8 a 25 por cento dos casos; tal situação
pode necessitar de uma histerectomia. Essa operação, como
bem se sabe, salva a vida de algumas mulheres (por exemplo,
se o câncer estiver presente). Além disso, não deve ser feita
sem uma boa razão. Após uma histerectomia, depressão pós-
-operatória e disfunção sexual podem acontecer, amiúde com
perda da libido e com dor durante o coito e com medo de
perder a feminilidade.3
Gravidez ectópica é uma complicação bem conhecida da
ligadura das trompas.
Os métodos de Ritmo e da Temperatura. - Ambos estes
métodos provaram ser insatisfatórios no tempo de pré-me-
nopausa.
Num estudo de noventa e oito mulheres pré-menopáu-
sicas usuárias do método de Ritmo, dezessete ficaram grá-
vidas no começo de irregularidade. 4 Isso aconteceu porque
o método de Ritmo depende de ciclos aproximadamente
constantes em duração ou que se enquadram dentro do
125
observado durante nove a doze meses. Quando a duração
dos ciclos varia, tal como acontece quando a mulher está
se aproximando da menopausa, os cálculos aritméticos têm
que falhar.
O método da Temperatura, que se baseia numa elevação
da temperatura basal do corpo perto do tempo da ovulação,
também é insatisfatório. A razão é que a ovulação ocorre
cada vez menos frequentemente enquanto a fertilidade está
diminuindo na pré-menopausa. Portanto, elevações na tem-
peratura são poucas e bem espaçadas; os casais podem estar
esperando, sem necessidade, há meses ou anos pela elevação
de temperatura que indique que a ovulação já aconteceu. Isso
é muito insatisfatório para o relacionamento dos esposos e
pode gerar muita mágoa e confusão.
Os casais sentem-se frustrados quando entendem, só por
retrospecto, que um ciclo longo era infértil - e que eles se
abstiveram sem necessidade ao longo do ciclo.
Às vezes em tal situação os esposos podem decidir "cor-
rer o risco", com a possibilidade, mas não a intenção, de uma
gravidez. A vantagem do Método da Ovulação nessa situação
é que o método facilita o reconhecimento positivo de infer-
tilidade.
Tratamento com estrógenos (terapia de reposição)
Às vezes, perto do tempo da menopausa, estrógenos sinté-
ticos são ministrados para suprir os estrógenos naturais que
os ovários agora não estão produzindo nos níveis de antes.
Esse tipo de tratamento não deve ser levado em consideração
logo no início do processo.
A diminuição na produção dos estrógenos naturais pode
ser acompanhada por distúrbios emocionais, aumento na fre -
126
quência e no incômodo da urinação, infecções vaginais, seve-
ras ondas de calor, coceira, secura vaginal que leva a dor nas
relações sexuais e fragilidade dos ossos.
Cerca de 25 por cento das mulheres procuram alguma
ajuda médica nesse tempo e precisam de um sábio e sim-
pático tratamento de seus problemas.5 Terapia para admi-
nistração de hormônios deve ser considerada com cuidado,
porque nem todos os sintomas se devem ao nível baixo de
estrógenos. Os sintomas que provêm daí podem ocorrer de
vez em quando, quando o nível dos estrógenos sobe e baixa
naturalmente, às vezes por anos após a menopausa. Essa é
uma razão pela qual é aconselhável atrasar tal tratamento
até bem tarde após a menopausa, e então usá-lo somente
se os sintomas são acentuados e após um assessoramento
completo dos hormônios.
Enquanto o tratamento com estrógenos alivia alguns sin-
tomas de menopausa, contém alguns riscos. Esses riscos po-
dem aumentar se a terapia durar mais do que seis meses. Os
riscos incluem câncer do endométrio. Vários estudos suge-
rem que o risco de câncer aumenta de quatro a oito vezes em
mulheres que sofrem tratamento prolongado com estrógenos
sem a adição de progesteronas. 6'7
A tendência no tratamento com hormônios na meno-
pausa é alterar o estrógeno sintético e o progestógeno (uma
substância sintética com qualidades parecidas às do hormô-
nio natural, progesterona), assim induzindo a menstruação
cada mês ou dois meses. O propósito desse procedimento é
impedir o crescimento excessivo e prolongado do endomé-
trio. A remoção intermitente do endómétrio é uma precau -
ção contra o risco elevado do câncer do endométrio que pa -
rece associado com o uso somente de estrógeno. Contudo, a
progesterona sintética tem seus próprios efeitos colaterais que
incluem sangramento do útero.
127
Outros possíveis efeitos colaterais do tratamento de re-
posição hormonal incluem câncer dos seios, enfermidade da
vesícula biliar, distúrbios das vias sanguíneas, dor aguda da
cabeça (causada, se pensa, pela progesterona), aumento rá-
pido do peso e sangrámento uterino incômodo e incontrolá-
vel.8 Sangramentos fortes e frequentes podem causar anemia
e, mais tarde, cansaço e depressão. Uma investigação pode ser
indicada, e possivelmente uma curetagem ou uma biópsia do
tecido uterino.
Quando estrógenos artificiais são administrados, o pa-
drão de muco é perturbado; hormônios sintéticos, influindo
nos centros no cérebro, suprimem hormônios naturais. O
colo uterino produz um fluxo contínuo que se assemelha a
um muco fértil e que pode conter manchas de sangue. Assim,
se você está usando o Método da Ovulação, tal tratamento
resultará em abstinência desnecessária.
Progestógenos na menopausa
Progestógenos (amiúde na forma de pílula) às vezes são
receitados para mulheres pré-menopáusicas para tornar os
seus ciclos mais típicos em duração, especificamente por pro-
longar a fase pós-ovulatória, a qual usualmente é mais curta
com a diminuição de fertilidade. Porém, esse tratamento não
é recomendável por várias razões.
Por uma perturbação da interação primária entre a glân-
dula pituitária e os ovários, a ovulação frequentemente é su-
primida. O progestógeno, quando utilizado para prolongar a
duração do ciclo, altera o desenvolvimento normal do endo-
métrio e pode causar sangramento errático e incontrolável.
No caso raro de uma implantação, há risco de dano ao feto.
O progestógeno altera o muco produzido pela cérvix, quase
impossibilitando o assessoramento da fertilidade.
128
Por sua ação nas células do centro dos ossos que têm a
ver com a coagulação do sangue, o progestógeno pode cau-
sar a produção de numerosos pequenos coágulos que podem
obstruir vasos sanguíneos no cérebro, que por sua vez po-
dem causar severas dores de cabeça. Esses pequenos coágulos
também podem formar-se nos ossos, causando áreas de ne-
crose nos ossos9 e dor nos braços e nas pernas. Maiores coá-
gulos em vasos vitais podem resultar em derrames cerebrais,
cegueira e enfermidades do coração.
Alternativas à terapia hormonal
Vale a pena pensar em alternativas à terapia hormonal que
não alterem as químicas e funções normais do corpo.
Se uma mulher está feliz e contente, a lubrificação natural
ocorrerá na sua vagina antes do coito. O homem deve saber
disso e empregar o tempo adequado antes do ato sexual. En-
tão não é necessário o uso de cremes ou geleias lubrificantes,
ou cremes estrogênicos; todos eles perturbam o padrão de se-
creções naturais. É fácil iniciar um círculo vicioso: uma vagi-
na seca torna o coito doloroso, faz com que haja resistência e
isto leva a desarmonia e impede o fluxo de secreções naturais
na vagina.
Às vezes é necessário recorrer a um aconselhamento ade-
quado para identificar problemas que nada têm a ver com a
menopausa, mas que, por ter causado ansiedade e tensão, po-
dem piorar os sintomas da menopausa.Um aumento de esforços para melhorar a comunicação
entre os esposos pode ajudar nessa situação.
Dar aos maridos uma explicação da menopausa traz gran-
des vantagens. Descanso todos os dias e atenção à saúde em
geral são importantes. Uma mulher nessa época tende a ser
muito menos ativa. Mas é importantíssimo que exercícios
129
regulares sejam feitos; músculos saudáveis ajudam a manter
articulações e ossos em boas condições.
Depois da menopausa, se perdurarem os sintomas físicos
agudos como desconforto urinário e coceira constante, trata -
mento com estrógenos em pequenas dosagens deve ser consi-
derado. Cremes estrogênicos para aplicar localmente podem
se tornar valiosos.
O problema de osteoporose (um enfraquecimento dos os-
sos), que está associado a hormônios relacionados à tensão
que interage com os baixos níveis dos hormônios sexuais fe-
mininos, acontece em algumas mulheres após a· menopausa.
Pesquisas clínicas estão sendo feitas para determinar se estró-
genos seriam úteis no controle dessa condição.
Ondas de calor usualmente 'são apenas moléstias e não
merecem tratamento com estrógenos a menos que existam
circunstâncias de notável severidade. Elas não respondem
sempre a estrógenos e há remédios alternativos. Clonidina
hidroclorida, um medicamento não hormonal, às vezes é efi-
caz. É natural que uma mulher perca suas ondas de calor por
várias semanas seguidas sem tratamento.
O muco cervical e sua saúde ginecológica
Uma vez que você reconhece seu padrão normal de muco,
qualquer alteração significativa - tal como muco abundan-
te ou manchado com sangue - indica a necessidade de um
exame médico.
Qualquer sangramento fora do comum também deve ser
investigado até se obter uma explicação satisfatória.
Sangramentos irregulares, mas naturais, podem ser expli-
cados quando uma pessoa entende o padrão de muco. Assim
a mulher pode evitar a curetagem desnecessária. Um diag-
130
nóstico precoce dos problemas oferece a maior possibilidade
para tratá-lo com sucesso.
Se todos os exames forem satisfatórios e você não estiver
tomando hormônios sintéticos (como explicamos acima, es-
tes confundem o diagnóstico por causar sangramento do úte-
ro e mudanças no muco), seu gráfico pode indicar que opa-
drão do muco que você está observando agora significa uma
nova situação de infertilidade.
"Durante os últimos cinco anos - desde a idade de qua-
renta e três - meus ciclos menstruais têm sido irregulares. No
princípio desse tempo estava usando o Método de Temperatura.
A duração de meus ciclos às vezes era de sessenta dias e, às
vezes não havia uma elevação na temperatura, o que indicava
que eu não estava ovulando.
Quando a ovulação ocorria, estávamos usando os dias pós-
-ovulatórios para o coito tanto como os dias do tempo do san-
gramento menstrual.
Meu último nenê - agora com dois anos de idade - resul-
tou dum coito no primeiro dia de sangramento após um ciclo
longo; agora entendo que o sangramento foi associado com a
ovulação e não com o começo dum período menstrual.
Após o nascimento desse filho, meu esposo e eu fomos
aconselhados a abster-nos de relações sexuais por seis meses.
Segundo o que nos disseram, se não ocorresse uma mens-
truação durante esse tempo eu poderia presumir que estava
permanentemente infértil. Pensávamos que teria que haver
uma melhor maneira para resolver nosso problema. Então
consultei um obstetra que me receitou uma forma sintética
do hormônio progesterona. O propósito desse remédio era
produzir ciclos de. duração típica, para que eu pudesse usar o
Método de Ritmo com a ajuda da temperatura para indicar
ciclos férteis. Contudo, não tive sangramento por seis meses e
131
então experimentei uma série de perdas muito fortes. Depois
tive dores de cabeça, dores nos braços e nas pernas e, o que
era natural, muita ansiedade. Tudo estava correndo mal -
incluindo meu matrimônio.
Nessa época ouvi falar do Método da Ovulação. Ainda que
eu duvidasse, procurei o conselho de uma instrutora do Método
da Ovulação.
Meu primeiro gráfico depois de deixar o hormônio ar-
tificial indicou um Padrão Básico de Infertilidade de muco
pegajoso e constante. Não foi difícil convencer-me e seguir a
Norma dos Primeiros Dias (o coito permitido nas noites al-
ternadas) enquanto continuasse o Padrão Básico de Inferti-
lidade. Depois de observar o muco fértil em várias ocasiões,
meu padrão tornou-se do tipo de infertilidade constante, e eu
soube com segurança que podia pôr de lado toda a ansiedade
acerca de uma gravidez."
Cada mulher tem que tomar decisões sobre como contro-
lar sua fertilidade quando a menopausa está se aproximando.
Para algumas leitoras, a.menopausa é iminente; para outras,
acontecerá algum dia no futuro.
Seja qual for sua idade, você tirará benefícios aprenden-
do agora os sinais de sua fertilidade e infertilidade. Não é
difícil aprender o método, ainda que você esteja quase sem-
pre infértil.
Se estiver num dilema sem saber quando deixar a pílula
ou pensando que a esterilização é a única solução, não desa-
nime. Lembre-se que depois de manter seu registro por um
mês quase todas as mulheres podem reconhecer os dias em
que o coito não resultará em gravidez.
O entendimento dos fatores fisiológicos e emocionais que
acompanham a diminuição de fertilidade lhe explicará muitas
dúvidas, protegerá sua saúde e poderá abrir o caminho para
melhorar seu relacionamento com os membros da família.
132
12
Dificuldades
para conceber
Aproximadamente 15 por cento dos casais que estão
tentando gerar um filho não podem fazê-lo. 1 Outros 10 por
cento têm um número de filhos menor do que desejam.
Contudo, muitos casais estão totalmente despreparados
para a infertilidade e não sabem que, em muitos casos, ela
pode ser superada.
Infertilidade pode produzir muitas sensações estranhas
- isolamento, frustração, culpabilidade, enfado, desespero e
tristeza por causa de um nenê não nascido. Pode provocar
acusações mútuas entre os esposos e suscitar perguntas nos
parceiros, parentes e amigos cujos conselhos são procurados.
Entretanto, o conselho recebido nem sempre é adequado
ou simpático. E se não for bem fundamentado cientificamen -
te, o conselho sobre remédios para infertilidade pode preju-
dicar ainda mais um relacionamento já perturbado.
Assim, é importante procurar médicos ou conselheiros
experientes nesse campo.
Infertilidade usualmente se define como a incapacidade
de conceber depois de doze a dezoito meses de relações se-
xuais sem anticoncepcionais.
A capacidade de conceber e dar à luz chega ao máximo
mais ou menos na idade de vinte e cinco anos tanto em ho-
mens como em mulheres. Em mulheres a capacidade repro-
dutiva diminui entre trinta e quarenta anos e depois bem rá-
133
pido com o advento da menopausa. Nos homens, a fertilidade
diminui gradualmente desde a idade dos cinquenta. 2
Muitos casais que querem uma criança e procuram ajuda
de um médico, conceberão e darão à luz. Podem ter se assus-
tado pela demora em conseguir engravidar. Em muitos ca -
sos tudo que se precisa é sentir amparo e segurança dos com
quem discutem os processos envolvidos na reprodução. Têm
que entender que o coito sem anticoncepcionais não garante
uma gravidez imediata. Estudos mostram que, nos esforços
para conceber, menos de uma terça parte o conseguirá no pri-
meiro mês, apenas 50 por cento até seis meses e 80 a 90 por
cento até dezoito meses. 3
O conselho acerca de sincronização das relações se-
xuais com o tempo da ovulação é de grande valor. Al-
gumas mulheres produzem o muco fértil apenas por
um ou dois dias perto do tempo da ovulação e somente
em alguns ciclos.
Lembre-se de que esse muco fértil é essencial para os
espermatozoides chegarem ao óvulo e reterem sua
capacidade para fertilização. O Método da Ovula-
ção ajuda você a reconhecer esse tempo de fertilida-
de e assim aumentam ao máximo suas possibilidades
para engravidar. O coito feito quando você reconhece
o muco fértil, dáessa máxima possibilidade de concep-
ção. Essa simples informação ajudou muitos casais a
conseguir a concepção.
Uma subida de temperatura lhe dará confirmação da ovu-
lação, mas não lhe ajudará a sincronizar o coito com a ovu-
lação porque usualmente essa subida ocorre um dia ou dois
após a ovulação (de quatro dias antes até seis dias depois da
ovulação) quando o óvulo já está morto.
134
Causas de infertilidade
Infertilidade pode ser um problema temporário ou per-
manente. Deve ser visto como problema do casal, ainda que
o componente maior do problema seja de um dos parceiros.
Várias pesquisas indicam que fatores masculinos são respon -
sáveis pelo problema em cerca de 30 por cento dos casos, e
fatores femininos em cerca de 45 por cento.
No resto, não se encontra nenhuma causa de infertilida-
de, os dois esposos podem contribuir para isso. Enquanto a
possibilidade de lograr uma gravidez se situa em 20 por cento
nos casos onde a causa de infertilidade não é conhecida, uma
consulta com um conselheiro experiente pode aumentar o
sucesso notavelmente.
À medida que novas técnicas para assessorar a infertili-
dade estejam disponíveis e melhoramos nosso entendimento
dos vários aspectos do problema tanto psicológico como fí-
sico, a taxa de sucesso está aumentando. Hoje, por exemplo,
se calcula que 60 por cento das mulheres com problemas de
ovulação possam ser ajudadas a engravidar. 4
Neste capítulo trataremos de algumas das causas comuns
de baixa fertilidade e infertilidade que podem ser ajudadas
pela percepção do muco. Para muitas causas, é o muco cervi-
cal que dá a primeira identificação da existência de um pro-
blema. Quando o tratamento tem sucesso, o muco outra vez
atua como um sinal agora indicando a volta da fertilidade.
Método da ovulação e infertilidade
Estudos, tanto clínicos como experimentais sobre o muco
cervical, que é a base do Método da Ovulação, são de muito
valor também no tratamento da infertilidade.
135
O reconhecimento do muco fértil, combinado com a sin-
cronização precisa do coito para coincidir com o Ápice, pro-
varam ser fatores importantes, nos últimos anos, na melhoria
do tratamento da infertilidade.
Quando você sabe que a ovulação é iminente pela obser-
vação dos sinais do muco, você tem a informação para au-
mentar ao máximo as possibilidades de conceber (veja p. 37
para uma descrição dos sinais do muco).
Em alguns casais, condições propícias para lograr uma
gravidez - tal como a presença de muco capaz de sustentar
os espermatozoides e de ajudar no transporte deles - ocor-
rem somente nuns poucos ciclos por ano, e possivelmente
por apenas meio dia em tais ciclos. Se você tem dificuldades
para conceber, precisa estar especialmente alerta para essas
ocasiões.
"No princípio pensava que não estava produzindo nenhum
muco. Então, um dia depois de seis meses de observação, o vi.
Não houve dúvida na minha mente. Aproveitamos esse dia
para relações sexuais. No outro dia esse muco fértil tinha de-
saparecido. Seis semanas depois, os médicos confirmaram que
nosso nenê já estava a caminho."
Não obstante, nem mesmo o maior conhecimento acerca
do Método da Ovulação pode restaurar o funcionamento das
trompas de Falópio que estão obstruídas, ou tirar quistos dos
ovários ou retificar dano testicular que está afetando a pro-
dução dos espermatozoides. O Método da Ovulação não é a
resposta a cada problema de infertilidade, e seria decidida-
mente incorreto pospor uma completa investigação médica
em razão de uma ideia exagerada sobre o que o método po-
deria conseguir. Uma vez que o problema físico subjacente,
tal como trompas obstruídas, seja remediado, o Método da
Ovulação pode ser utilizado com vantagem.
Cada vez mais os especialistas que tratam do problema de
infertilidade estão reconhecendo o valor dos sinais do muco
136
e estão indicando casais para instrução pelos experientes no
Método da Ovulação, enquanto eles prosseguem suas investi-
gações independentes.
É essencial que a instrutora seja competente e que ela ani-
me o casal e lhe dê a oportunidade de entrar em discussão
sobre os sinais do muco e sua relação com a reprodução.
A importância de informação correta
A informação incorreta pode contribuir com a aparente
infertilidade. Algumas mulheres, não sabendo do significa-
do do muco fértil, o consideravam um sinal de infecção que
poderia ser transmitida ao esposo. Por isso, evitaram relações
sexuais nesse tempo mais fértil delas.
Outras perturbadas pela abundância do muco fértil e não
reconhecendo sua importância, adiaram o coito.
Esforços para tirar o muco com lavagens e cremes pro-
duziram na vagina um ambiente hostil aos espermatozoides,
assim contribuindo para o problema de infertilidade.
Alguns casais tentam técnicas complicadas e desnecessá-
rias em seus esforços para alcançar uma gravidez. Por exem-
plo, têm coito diariamente, o que pode ser contraproducente.
Isso porque enquanto alguns homens podem manter uma
alta qualidade de produção de espermatozoides com coito
frequente, ainda que diário, outros homens não o podem.
Quando o coito frequente ocorreu durante a fase fértil do
ciclo sem resultar gravidez, é possível que seja benéfico um
descanso de relações sexuais por uns dias antes do apareci-
mento do muco fértil.
137
Fatores envolvidos em concepção
Conseguir uma gravidez implica uma cadeia complexa
de acontecimentos. O óvulo tem que ser saudável e tem que
encontrar seu caminho do ovário para dentro da trompa de
Falópio. Espermatozoides saudáveis têm que chegar à vagi-
na num momento em que o muco cervical pode mantê-los
e canalizá-los pelo útero. Não deve haver obstáculo à passa-
gem dos espermatozoides pelas trompas de Falópio; os movi-
mentos musculares do útero e das trompas têm que cooperar
devidamente. Uma vez ocorrida a fertilização, o ovo (zigoto)
tem que viajar pela trompa na direção do útero, chegando lá
precisamente quando tanto ele como o endométrio (a cama-
da interior do útero) estão em uma etapa de desenvolvimento
apta para a implantação.
A precisão no tempo e as condições ótimas são funda-
mentais em inúmeros desses acontecimentos. A perturbação
de qualquer dos processos fisiológicos delicados pode tornar
a gravidez difícil ou impossível.
Muitos elementos podem influir favoravelmente incluin-
do correta informação e fatores psicológicos.
Durante as investigações iniciais, usualmente se descobre
se o problema básico é físico ou psicológico, e se, com tempo
e encorajamento poderia resolver o problema.
Fatores psicológicos: ansiedade e tensão
A investigação e o tratamento de infertilidade podem pro-
duzir tensão no casal. Não é surpresa que isso pode aumentar
sua ansiedade, a qual por sua vez pode afetar a fertilidade.
138
Casais à procura de ajuda podem ser tímidos e ansiosos. A
virilidade do homem e a feminilidade da mulher podem pa-
recer questionadas e as investigações podem parecer extensas
e ameaçadoras.
O fato de que a gravidez frequentemente ocorre quando
desaparece a ansiedade indica quão importantes podem ser
os fatores psicológicos. Uma indicação da sua importância é
o dado estatístico de que 30 por cento das mulheres que rece-
bem inseminação artificial não ovulam ou ovulam inadequa-
damente durante as tensões do período do tratamento, ainda
que anteriormente ovulassem normalmente. 5
"Depois de tentar conseguir uma gravidez por seis anos sem
sucesso, meu esposo e eu decidimos adotar um nenê. Dentro de
seis meses fiquei grávida. Só podemos concluir que, de uma ou
outra maneira, nossa ansiedade acerca da concepção obstruía
o curso normal dos acontecimentos."
A fadiga, às vezes, é um fator que contribui para os proble-
mas de fertilidade. E um descanso do trabalho pode efetuar
a "curà: Indevida tensão de excessivo trabalho ou de pertur-
bações emocionais está associada com uma baixa fertilidade
tanto em homens como em mulheres.
Quando o problema de infertilidade desperta um exces-
sivo interesse, amulher pode sentir-se considerada apenas
como uma reprodutora e não como uma pessoa amada por
si mesma. É um erro pensar que tudo sairá bem se pudermos
ter um filho. Quando os esposos se tomam tão importantes
um para o outro "sem condições, venha o que vier': a concep-
ção pode acontecer inesperadamente, como se o nenê estives-
se esperando por isso.
"Tudo ia caminhando mal. Tinha feito tantos testes, e Filipe
também. Mantive um registro por oito meses e todos nos di-
ziam que éramos nàrmais ... A melhor coisa que você me disse,
depois de ensinar-me acerca do muco, foi que eu esquecesse o
139
gráfico e me absorvesse na nossa vida a dois. Larguei o tra-
balho fora da casa, tomei algumas lições para aperfeiçoar-me
na cozinha, tratei um pouco melhor de nós dois e ... aconteceu.
Tive certeza que era fértil. Quando relaxei, também o fez nosso
relacionamento - se tornou natural, não um exercício."
Às vezes aparente infertilidade ocorre quando há uma
ruptura na comunicação entre os esposos. Isso pode se refle-
tir numa sensibilidade nervosa quando um toca o outro. Essa
tensão pode causar uma barreira à concepção. Em tais casos,
são de grande ajuda os esforços conscientes dos dois parcei-
ros para mostrar uma atitude de amor e interesse sem buscar
recompensas sexuais.
Fatores psicológicos podem operar na produção de um
espasmo doloroso da vagina, chamada de vaginismo, ou uma
inibição das secreções que ordinariamente lubrificam a vagi-
na. Ambas estas condições dificultam o coito e o fazem emo-
cionalmente insatisfatório para os dois esposos, e isso pode
afetar a fertilidade.
Além disso, o funcionamento normal das trompas de Fa-
lópio pode ser perturbado pela ansiedade.
No homem, influências psicológicas podem contribuir
para a impotência, quando uma ereção não se mantém ade-
quadamente para permitir sucesso na penetração na vagina,
orgasmo e ejaculação. Aconselhamento altamente especiali-
zado pode ser indicado nesse caso.
Quando os dois esposos estão envolvidos na procura de
solução do problema, podem-se esperar benefícios mais du-
radouros. E quando boa informação está disponível, outros
casais são os melhores conselheiros. Na situação em que o
problema de infertilidade não pode ser superado, os esforços
feitos em conjunto amiúde produzem um fortalecimento do
140
relacionamento entre os esposos e um inquebrantável vínculo
de mútuo amor e apoio.
Investigações
No início a investigação de infertilidade deve envolver os
dois esposos. Deve incluir:
• Um histórico médico de ambos os parceiros incluindo de-
senvolvimento sexual, uso de anticoncepcionais no tempo
passado, tuberculose ou enfermidade inflamatória pélvi-
ca, situações de agitação, cansaço exagerado, problemas
com o peso e enfermidades venéreas.
• Exame físico dos dois, incluindo um exame completo gi-
necológico da mulher.
• Registro do ciclo menstrual segundo o Método da Ovu-
lação. O muco cervical dará informação acerca de alguns
elementos essenciais da fertilidade. Também fornece in-
formação sobre a saúde ginecológica da mulher que pode-
ria ajudar na resolução do problema da infertilidade. Por
exemplo, perturbações no padrão de muco podem sugerir
a presença de infecção, quistos ovarianos, endometriose
ou outras anormalidades, especialmente do colo uterino.
Uma alteração nos hormônios pode ser suspeitada na au-
sência do muco fértil e requererá investigação.
Outras investigações incluem um assessoramento de ní-
veis dos hormônios, um teste (pós-coital) de Huhner, um his-
terossalpingograma e laparoscopia.
Assessoramento hormonal. - O tipo de procedimento a
seguir depende dos sintomas do problema da fertilidade. Na
ausência de um padrão reconhecível do muco, os hormônios
ovarianos são estudados. Estes e as demais investigações re-
querem a atenção de um especialista.
141
Teste de Huhner. - Este exame envolve a coleta de uma
amostra do muco da região do colo uterino ( cérvix) ao redor
de quatro até doze horas após o coito perto do tempo Ápice
da fertilidade, determinado este Ápice pelo muco. Uma análi-
se dos espermatozoides é feita, estudando o número, ativida-
de e forma deles com alta ampliação microscópica.
O valor primordial do teste de Huhner está em que ele
assessora a compatibilidade dos espermatozoides do seu ma-
rido com o seu muco fértil e confirma que no coito houve
sucesso na colocação deles na vagina.
O teste tem que coincidir em tempo com o muco fértil
perto do ou no Ápice da fertilidade, porque os espermatozoi-
des morrem rapidamente num ambiente não propício.
O teste de Huhner pode indicar compatibilidade na in-
teração dos espermatozoides com o muco, ou pode sugerir
desordens na produção de espermatozoides, infecções na
vagina ou na cérvix, muco hostil no tempo de ovulação ou,
muito raramente, a presença de anticorpos que destroem ou
danificam os espermatozoides.
Histerossalpingograma. - Este procedimento implica a
tomada dumas fotografias com raio-X dos órgãos reprodu-
tores enquanto uma matéria radiopaca é injetada pela vagi-
na e útero nas trompas de Falópio. O processo ajuda a de-
terminar se as trompas estão obstruídas, por exemplo, por
cicatrizes ou após uma inflamação que causou aderências
internas nelas.
O histerossalpingograma mostra a configuração da cavi-
dade uterina, o estado de cada trompa e o local de obstrução,
se existir. Tal obstáculo pode se suspeitar após qualquer in-
fecção na pélvis ou no abdome.
Às vezes o processo de fazer o histerossalpingograma lim -
pará as trompas de um obstáculo pequeno e uma gravidez
seguirá logo depois.
142
Laparoscopia
Médicos podem utilizar as técnicas de laparoscopia ou
de culdoscopia para averiguar se as trompas de Falópio es-
tão abertas e para investigar anormalidades físicas, tais como
quistos ovarianos, tumores, fibroides do útero ou aderências
tubárias que podem estar afetando sua fertilidade. Nesses
procedimentos se introduz um instrumento, como um teles-
cópio em miniatura, pela parede do abdome ou vagina para
observar diretamente os órgãos internos. Uma tinta especial
pode ser introduzida também durante a laparoscopia para fa-
cilitar o assessoramento dos órgãos internos.
Causas físicas de infertilidade
Enquanto se sabe muito mais acerca de infertilidade na mulher do
que no homem, existem ainda grandes lacunas em nosso entendi-
mento tais que, apesar de esforços extensivos e sofisticados, a causa
de infertilidade continua obscura em uma proporção significativa.
As anormalidades congenitais do sistema reprodutor e as anorma-
lidades dos cromossomos geralmente são consideradas como novas
causas de infertilidade.
Mais comuns são as causas endócrinas, tais como a deficiente pro-
dução de alguns hormônios pela glândula pituitária (o FSH e o
LH); excessiva produção pela pituitária de prolactina (o hormônio
que estimula a produção de leite materno); e outros mecanismos
menos específicos e menos entendidos (World Health, Revista da
Organização Mundial de Saúde, set. de 1978, pp. 30/33).
Calcula-se que anormalidades das trompas de Falópio são
as causas de cerca de 25 por cento dos problemas da inferti-
lidade das mulheres, transtornos dos ovários e da ovulação
cerca de outros 1 O por cento e outras causas que se podem
identificar também cerca de 10 por cento.6
143
Frequentemente nenhuma anormalidade significativa
pode ser descoberta como causa do problema de infertilida-
de. Contudo, pesquisas atuais indicam que infecções dos ór-
gãos reprodutores estão envolvidas mais do que entendemos
anteriormente. Apesar de essas infecções frequentemente não
apresentarem sintomas, elas podem causar danos sérios.
Anormalidades nas trompas
Essa é a causa mais comumente identificável de infertili-
dade e, em geral, difícil de ser corrigida.
As trompas de Falópio são especialmente vulneráveis a
infecção, e qualquer cicatrização ou distribuição do delicado
tecido interior da trompa pode afetar a passagem dos esper-
matozoides ou do óvulo, tornandoimpossível a concepção.
Os cílios microscópicos dentro dos tubos são vitais para o
movimento dos espermatozoides e do óvulo; se esses cílios
estão danificados, isso pode romper a sincronização necessá-
ria para a implantação do ovo no endométrio nutriente. No
ser humano essa mútua aptidão do útero e o ovo existe apenas
cerca de trinta e seis horas.
Aliás, a musculatura das trompas contribui para movi-
mentos dos espermatozoides e do ovo e tem que estar em
boas condições também. Se o movimento através da trompa
é lento demais, o zigoto pode se aninhar e desenvolver dentro
da trompa, assim resultando numa gravidez ectópica. Essa
leva o alto risco de ruptura e destruição da trompa, perda do
feto e fertilidade reduzida (porque só uma trompa ficará em
função). Ou, se o movimento através do tubo é mais rápido
o ovo pode chegar ao útero antes que o local de implantação
esteja preparado para recebê-lo. Hormônios naturais regulam
esse mecanismo com precisão e hormônios sintéticos podem
perturbá-lo.
144
Diagnóstico e tratamento. - Que fazer em caso de ambos
os esposos estarem com boa saúde e o gráfico do muco in-
dicar um padrão normal, se a concepção não ocorrer após o
coito durante a fase fértil de dois ou três ciclos?
Os primeiros passos são: o teste de Huhner e a investiga-
ção para determinar se as trompas estão bloqueadas ou não,
praticando um histerossalpingograma ou uma laparoscopia
ou as duas.
O histórico médico pode indicar como se danificaram
as delicadas trompas. Possíveis causas incluem infecções,
cirurgias, apêndice rompido, tuberculose, enfermidades ve-
néreas especialmente gonorreia, bem como outras infecções
pélvicas.7
Aderências - bandas fibrosas de tecidos que podem se
desenvolver após cirurgia ou inflamação - podem requerer
cirurgia para removê-las.
O sucesso do tratamento depende da extensão do dano,
especialmente se existe dano nas "fímbrias': as partes sensí-
veis dos tubos próximos aos ovários.
Se a causa de infertilidade foi uma esterilização prévia que
envolveu cauterização ou ligadura das trompas e se uma re-
versão é procurada agora, isso pode ser possível. Contudo,
somente sucesso limitado tem sido conseguido nesse tipo de
operação até hoje.
Problemas associados com os ovários e a ovulação
Distúrbios associados aos ovários podem ser sugeridos
por anormalidades do padrão do muco ou por perturbação
do padrão normal da menstruação. (Uma simples alteração
na duração do ciclo não indica nenhuma anormalidade.)
145
A falha no soltar óvulos pode indicar um problema dos
ovários ou de um ou ambos os hormônios provenientes da
glândula pituitária (FSH e LH). Análises da urina ou do san-
gue para determinar o nível dos hormônios pode dar infor-
mação sobre a ovulação.
Esses hormônios, por sua vez, podem ser deficientes em
quantidade por falta de outro fator, um "hormônio soltante"
que deve ser produzido pelo hipotálamo para iniciar o pro-
cesso.
Raramente os ovários "secam'' precocemente e nenhum
óvulo está disponível. Nenhum muco fértil é produzido. Isso
acontece a cada mulher nos meses ou anos antes da menopau-
sa, o que ocorre perto da idade dos cinquenta. Mas às vezes
ocorre muito mais cedo e então se chama de "falha ovariana
precoce". Se nenhum óvulo está disponível para a ovulação,
nada pode ser feito para superar esse problema.
Algumas mulheres têm períodos menstruais regularmen-
te, mas não ovulam (os ciclos nesse caso se chamam de ano-
vulatórios ). No registro desses ciclos, se nota a ausência do si-
nal do Ápice de muco. Investigações dos hormônios mostram
uma persistente baixa produção do hormônio progesterona
durante o ciclo, e ausente elevação da temperatura basal do
corpo, o que indicaria que a ovulação ocorreu.
Outras mulheres notarão que têm muco fértil raramente e
que os ciclos delas são muito irregulares. Investigação médica
é necessária para determinar se a falta de muco em muitos ci-
clos é devida a uma falha na ovulação ou a uma anormalidade
do colo uterino.
Tratamento com remédios para induzir a ovulação ajuda
às vezes. Esses medicamentos para promover a fertilidade se-
rão detalhados mais tarde neste capítulo.
146
Outro problema relacionado com os ovários existe quan-
do o intervalo entre o Ápice de fertilidade e a seguinte mens-
truação é menos do que dez dias. Isso é devido a uma defi-
ciência no corpo lúteo. Nessa situação o endométrio se desca-
ma precocemente. Tratamento para superar essa precoce des-
camação está disponível com o hormônio HCG (Hormônio
Gonadotropina Coriônica Humana; p. 150ss).
Às vezes a menstruação não ocorre (uma condição cha-
mada de amenorreia). A menos que o útero seja anormal, isso
indica que a ovulação já falhou.
Amenorreia é definida como ausência de menstruação
por seis meses ou mais. Agitação, fadiga, perturbações psico-
lógicas, obesidade, perda de peso, anorexia nervosa, enfermi-
dade da tiroide, diabete, um crescimento anormal da glându-
la pituitária ou o uso da pílula estão entre as causas.
Um número notável de mulheres com nenhum sangra-
mento ou só infrequente sangramento em um período de
menos do que um ano ou com amenorreia depois de deixar
a pílula, ovulam durante o tempo de investigação. Isso pode
ser resultado da confiança implantada por simpáticos e sábios
conselheiros e médicos.
Outra possível causa de amenorreia é um excesso do hor-
mônio prolactina produzido pela glândula pituitária no cé-
rebro. (Prolactina é o hormônio que estimula a produção de
leite materno.) Essa situação requer hábil tratamento médico
para excluir a possibilidade de um tumor da glândula pituitá-
ria. Tratamento com a droga Bromocriptina tem tido sucesso
para conseguir uma taxa de 95 por cento de ovulação e de 75
por cento de concepção.8
Uma causa comum de infertilidade se chama de ovários
policísticos. Assim quando ambos os ovários estão aumenta-
dos em tamanho por múltiplos quistos, o resultado é um pa-
drão desviado de muco bem como a ausência de um sintoma
147
Ápice de muco e a presença de sangramentos intermitentes.
Uma mulher que entende seu padrão normal de muco pode
reconhecer logo a existência de uma anormalidade.
Outros sinais às vezes associados com essa condição são a
tendência a excesso de pêlo e peso.
Tratamento com o medicamento Clomifene, ou remoção
cirúrgica dos quistos, tem ajudado mulheres com essa condi-
ção a engravidar.
Diagnóstico e tratamento. - Por meio de vários testes, seu
médico tentará indicar em que nível o problema existe. Essas
provas podem incluir análise de amostras de sangue e urina
para determinar a quantidade dos seus hormônios.
Medicamentos que promovem a fertilidade
Em algumas mulheres, a ovulação pode ser promovida
por alguns remédios. Estes incluem Clomifene, Bromocrip-
ti- na e as gonadotrofinas. Esses remédios servem somente
se o probléma básico é uma falha na ovulação, indicada pela
ausência de muco fértil e pela avaliação dos níveis dos hor-
mônios. Os resultados das medicações dos hormônios, utili-
zando amostras de urina ou sangue, determinarão qual o me-
dicamento que servirá no tratamento ou se nenhum remédio
servirá no caso.
Clomifene. - Este é um sintético antiestrogênico que pa-
rece induzir a ovulação provocando a soltura de FSH e LH
da pituitária. É usado frequentemente para mulheres cuja
fertilidade foi danificada pela pílula e que agora querem en-
gravidar.
148
A paciência é altamente aconselhável. É preferível per-
mitir a volta natural da fertilidade, ainda que isso requei-
ra dois anos, do que usar um remédio como Clomifene
prematuramente, porque os efeitos colaterais dele não são
completamente conhecidos. Sabe-se que essa droga reduz
a produção de muco que pode estar presente por apenas
pouquíssimo tempo na ovulação. Por isso uma mulher que
recebe este tratamento tem que pôr-se especialmente alerta
para o muco fértil.
Taxas de ovulação de 80 por cento podem lograr-se com
Clomifene, com taxas de gravidez de cerca de 40 por cento.
Essataxa baixa de gravidez parece devida ao efeito diminui-
zante do Clomifene no muco cervical, o qual tem um papel
essencial na capacitação de espermatozoides para fertilizar.
Br~mocriptina. - Este remédio deve ser usado só após
uma investigação médica completa para excluir a possibili-
dade de um tumor da pituitária. Bromocriptina é útil para
parar a excessiva produção do hormônio prolactina, o leite
materno, assim deixando os outros hormônios envolvidos na
ovulação agirem.
Gonadotropinas. - Esses estimulantes de fertilidade são
os remédios mais fortes e caros que temos disponíveis. São
usados quando a produção do corpo é insuficiente para cau-
sar a ovulação, por exemplo depois de remover a glândula
pituitária. As gonadotropinas são reservadas para os casos
nos quais os ovários são capazes de responder, mas não têm
respondido aos outros remédios.
Esse grupo inclui gonadotrofina coriônica humana
(HCG), gonadotropina menopáusica humana (HMG) ego-
nadotropina pituitária humana (HPG). Funcionam fazendo
um desvio ao redor do hipotálamo e da pituitária - substi-
tuído pelos dois hormônios da pituitária, FSH e LH.
149
A eficácia das gonadotropinas depende do estudo dos
ovários se puderem ser estimulados. Existem informações de
casos nos quais os ovários estiveram inativos por vários anos,
mas responderam com plena ovulação dentro de 1 O dias após
o começo do tratamento.
A supervisão de perto é extremamente importante, por-
que a estimulação excessiva dos ovários pode causar o rápido
desenvolvimento de grandes quistos ovarianos ou, às vezes,
múltiplas gestações.
Uma taxa alta de 90 por cento de ovulação pode ser conse-
guida sob supervisão cuidadosa; 60 por cento ou mais dessas
mulheres ficaram grávidas. E 20 por cento dessas gestações
resultaram em partos múltiplos, especialmente de gêmeos.
Se o problema é uma fase pós-ovulatória curta de dez dias
ou menos (como se pode verificar no registro de muco), HCG
fortalece a ação do corpo lúteo e assim ajuda na prevenção da
descamação precoce do endométrio.
Infecções
A fertilidade de uma mulher pode ser prejudicada por
"enfermidade inflamatória da pélvis': um termo que se refere
à infecção dos órgãos reprodutores e especialmente das trom-
pas de Falópio.
Essa enfermidade pode provir de procedimentos como
curetagem ou inserção de um DIU ou pode ser transmitida
sexualmente.9
Uma infecção pode ou não produzir sintomas. Amiúde
ocorre dano antes das investigações encontrarem os micró-
bios responsáveis. Tratamento precoce é essencial.
Muitos fatores podem afetar o ambiente interno. Lava-
gens, cremes vaginais e, às vezes, o uso da pílula criam um
150
ambiente propício ao crescimento de certos organismos. Vá-
rios micróbios causadores de enfermidade inflamatória da
pélvis então podem subir ao útero onde a presença de um
DIU possa ajudar o seu estabelecimento.
Uma pesquisa recente mostra que o risco de infecção ute-
rina em mulheres abaixo de trinta anos de idade e com DIUs
é cinco vezes maior do que
0
entre as que não usam o DIU. 10
Pensa-se que o DIU agride por romper a superfície doendo-
métrio assim permitindo a invasão bacterial nele e nas vias
sanguíneas linfáticas da área.
Outra possibilidade é que alguns DIUs tenham organis-
mos ainda antes da colocação e que estes produzam infecção
que pode ser associada a sintomas de irritação, alta sensibili-
dade e uma sensação de ardor no ato de urinar. O muco pode
ser contínuo e com mau cheiro.
Recentes investigações sugerem que o que mais causa
enfermidade inflamatória da pélvis é o organismo T-mico-
plasma. 11 Micoplasmas são os menores organismos vivos e
independentes conhecidos; são intermediários entre os vírus
e as bactérias. Antibióticos podem curar a infecção causada
por eles. Porém, como é que este tipo de infecção se relaciona
com a infertilidade e a perda do feto não está claro ainda.
Alguns investigadores pensam que estes organismos tornam
o endométrio hostil ao ovo fertilizado e em desenvolvimento.
Lavagens e químicas usadas na vagina
Lavagens (duchas), desodorantes vaginais e geleias lubri-
ficantes têm sido associados com a diminuição da fertilidade.
Essas preparações podem conter químicas capazes de matar
os espermatozoides; ou podem perturbar o ambiente vaginal,
causando alergias ou reações inflamatórias que impedem a
151
sobrevivência dos espermatozoides. Também podem escure-
cer o padrão do muco, dificultando a distinção da fase do seu
muco. Não os usando, haverá maior possibilidade de aconte-
cer uma gravidez.
A cérvix danificada
Recente informação indica que uma condição necessá-
ria para a fertilidade é uma quantidade perceptível de muco
cervical. A natureza lubrificativa do muco assegura que ele
apareça logo na entrada da vagina, se quantidades suficientes
dele estiverem sendo produzidas pelo colo uterino.
Uma cérvix danificada pode falhar na produção do muco.
Esse dano pode resultar de tratamento de várias condições do
colo uterino, seja de tumores cancerosos ou pré-cancerosos
ou de erosão, na qual a superfície da cérvix é anormal e pode
ser infectada. Tratamento da erosão pode envolver a remoção
cuidadosa da área danificada, por meio de diatermia (calor),
criocirurgia (frio) ou, às vezes, com raios laser.
No caso de remover cânceres precoces, a cérvix volta pra-
ticamente à normalidade e quase todas as mulheres podem
ter filhos após esse tipo de tratamento. Se o procedimento é
extensivo, pode remover toda a área que produz o muco, as-
sim tornando a concepção impossível.
Um método relativamente suave de tratamento da ero-
são cervical implica a repetida aplicação de nitrato de prata.
Esse processo permite o saneamento do colo uterino com
o mínimo de dano, de tal modo que volta a ser produzi-
do o muco, que é tão importante para a vitalidade e para o
transporte dos espermatozoides e para o reconhecimento da
fertilidade.
152
Produção de muco infértil pela cérvix
Se a cérvix produz muco somente do tipo infértil, isso
pode ser devido ao compol'!ente progestogênico na medi-
cação anticoncepcional (p. 163), um efeito que desaparece
espontaneamente meses ou anos depois de deixar o uso de
anticoncepcionais orais ou injetáveis.
Esforços têm sido feitos para estimular a produção de
muco fértil com dosagens pequenas da química etinil-estra-
diol. Ainda que isso resulte em muco que parece fértil no as-
pecto e na sensação, sucesso em conseguir gravidez não se
obteve. Isso pode ser devido à ação desse medicamento em
suprimir a ovulação, salvo em dosagens bem pequenas.
Endometriose
Endometriose é o crescimento de tecido endometrial nas
trompas, ovários ou órgãos urinários ou intestinais. Os sinto-
mas variam. Mas as mulheres que sofrem a moléstia de dores
menstruais fortes ou do coito doloroso e de prolongado san-
gramento menstrual devem buscar conselho médico.
Uma mulher que conhece bem seu padrão de muco nor-
mal pode detectar essa anormalidade numa etapa precoce
por meio do padrão perturbado ou por sangramento prolon-
gado e pelas manchas.
Se endometriose é identificada como causa da infertilida-
de, tratamento por cirurgia ou por hormônios pode ajudar. O
tratamento cirúrgico é longo e minucioso. A recente introdu-
ção de um hormônio sintético (Danazol) contribuiu signifi-
cativamente ao tratamento dessa condição.
Nos casos onde a condição não é marcantemente avan-
çada, médicos podem aconselhar as mulheres a ter suas fa-
153
mílias tão pronto quanto possível, porque há possibilidade
de um crescimento anormal obstruir as trompas de Falópio
de modo irreversível mais tarde. Tratamento anormal pode
contribuir também para a infertilidade. Em alguns casos, a
própria gravidez tem efeito benéfico na parada da endome-
triose.
Infertilidade masculina
É importante entender a distinção entre fertilidade e a ou-
tra característica masculina chamada de virilidade ou potên-
cia. A maioria dos homens inférteis são normalmente viris. ·
Há muito para aprenderainda sobre as causas e o trata-
mento da infertilidade masculina.
Causas reconhecidas de infertilidade no homem incluem
fatores genéticos, anormalidades congênitas, obstruções nos
canais deferentes (os tubos que levam os espermatozoides
desde os testículos ao pênis); infecções tais como cachumba
após a puberdade, tuberculose e enfermidades venéreas, má
saúde crônica e varicocele (uma anormalidade das vias san-
guíneas da região dos testículos). Raramente a infertilidade
resulta de uma perturbação hormonal.
Enfermidades agudas com febre, choques emocionais
e relações sexuais muito frequentes também podem baixar
temporariamente o número de espermatozoides. Por essa ra-
zão não se deve supervalorizar um teste que só indique um
número baixo de espermatozoides.
A investigação da infertilidade no homem deve incluir:
• histórico médico completo e exame físico;
• teste de Huhner. Este determina a qualidade do sêmen e a
quantidade dos espermatozoides e indica como estes estão
interagindo com o muco fértil;
154
• determinação de fatores psicológicos que possam contri-
buir para a infertilidade, tais como indevida agitação ou
fadiga.
O teste de Huhner é mais uma indicação precisa da saú-
de dos espermatozoides do que tão só a contagem deles. Isso
porque a contagem dos espermatozoides não indica se eles
poderão sobreviver no sistema genital feminino ou se a técni-
ca do coito é eficaz.
Além disso, a contagem de espermatozoides de uma eja-
culação pode variar desde 40 até 900 milhões (estes dados
foram reportados de amostras masturbatórias, e indicam a
variação que depende do estado de ansiedade ou de saúde
geral ou da frequência do coito).
Os critérios para normalidade na contagem de espermato-
zoides às vezes têm sido postos alto demais; em alguns casos,
homens avisados de que são inférteis, com base na quanti-
dade de espermatozoides, tornam-se pais mais tarde. Não se
deve dizer a nenhum homem que ele é infértil, a menos que
não esteja produzindo nenhum espermatozoide.
O relacionamento entre infertilidade e os anticorpos an -
tiespermatozoides todavia não está claro. Contudo, mesmo
em mulheres que produzem anticorpos aos espermatozoides
do seu marido, a gravidez às vezes ocorre.
O tratamento de infertilidade masculina é insatisfatório
amiúde porque, em mais da metade dos casos, nenhuma cau -
sa pode ser encontrada. Onde uma causa é identificada, o tra-
tamento frequentemente é bem limitado ou ineficaz.
155
Inseminação artificial
Uma enfermidade ou trauma podem causar ausência de
espermatozoides ou dificuldades na produção deles, como
pode até tornar impossível o coito, ainda que a produção de
espermatozoides sadios continue normalmente.
As opções para os casais são: aceitar a infertilidade, adotar
uma criança, ou recorrer à inseminação artificial. Esta técnica
tem bom resultado somente se espermatozoides sadios foram
introduzidos em muco fértil; isso confirma mais uma vez a
necessidade do muco fértil.
Inseminação artificial de um doador que não seja o mari-
do tem importantes aspectos éticos, médicos, psicológicos e
legais que devem ser considerados.
Fertilização "in vitro" - ("Nenês de proveta")
Se suas trompas de Falópio estão danificadas,, mas você
está ovulando normalmente, outro procedimento para efe-
tuar concepção pode ser sugerido.
O espermatozoide do seu marido fertiliza - numa pro-
veta - o óvulo recolhido do seu ovário durante a ovulação.
É preciso grande precaução para se evitar infecção no trans-
curso do processo. Isso requer o uso de antibióticos, e eles
mesmos são prejudiciais à nova vida.
Se a fertilização ocorrer, o ovo em processo de desenvolvi-
mento pode ser transferido ao útero quando este for julgado
estar na mesma fase receptiva.
Esse procedimento está na etapa preliminar de desenvol-
vimento, por causa da complexidade das reações naturais e
da dificuldade em alcançar a sincronização precisa. Embora
essa possibilidade de fertilização de proveta possa oferecer
156
esperança a muitos casais inférteis, o procedimento tam~ém
suscita perguntas filosóficas, psicológicas e sociais que amda
têm de ser respondidas.
Enfrentando a infertilidade
Depois de muitas investigações, as possibilidades de um
casal conceber podem parecer mínimas, o que pode ser difícil
de aceitar e pode causar desânimo. Mas se os esposos podem
pensar nisso como algo que devem enfrentar juntos, percebe-
rão que isso, em vez de separá-los, irá uni-los.
Dificuldades não causam ruptura nos relacionamentos se
os parceiros estiverem voltados um para o outro com amor.
Podem ser criativos de muitas maneiras. Se olharem ao re-
dor, é possível que vejam muitas crianças que precisam deles.
Acontece amiúde que, quando os esposos se conformam
com a infertilidade e desenvolvem uma verdadeira satisfação
um pelo outro, ocorre uma gravidez inesperada, que confun-
de os médicos mais espertos.
157
13
Tecnologia
e anticoncepção
Conquanto a pílula tenha facilitado para muitas mulhe-
res um controle efetivo da fertilidade, não o fez sem danos.
Nos anos recentes uma tendência para evitar a pílula tem sido
notada. O entusiasmo da década dos anos 1960 já cedeu à
crescente precaução, devido ao perigo dos efeitos colaterais
do uso da pílula tanto de curto como de longo prazo.
Isso especialmente para as mulheres acima de 35 anos de
idade; elas são avisadas, agora, pelas autoridades da saúde,
para que encontrem um método alternativo de controle da
fertilidade.
Há uma tendência para a esterilização e o aborto, porém
muitas mulheres acham que esses métodos são insatisfatórios
ou inaceitáveis.
O ideal no controle da fertilidade é um método que seja
confiável, inócuo, imediatamente reversível e barato. Não
deve diminuir o prazer do coito e deve estimular um bom
relacionamento emocional e sexual dos esposos. Como os
anticoncepcionais artificiais atualmente disponíveis se con-
formam com esses critérios?
Apesar da grande inversão de dinheiro e investigação de
novos métodos nos anos recentes, quase todos os métodos
falham em um aspecto ou mais. Portanto, casais que buscam
uma maneira para limitar ou espaçar suas famílias enfrentam
um dilema real.
158
Devem alternar métodos de barreira física, tal como o
condom ou o diafragma, com a pílula ou com métodos na-
turais? Devem confiar na pílula ou no DIU e correr o risco
de seus efeitos colaterais? Ou apenas a esterilização oferece a
única solução?
Contudo, há um quadro não atraente de drogas, aparelhos
e esterilização cirúrgica. Para cada casal, é uma decisão séria e
pessoal. Um fator fundamental nas considerações é a eficácia
dos vários métodos.
Na prática, todo método de controle da fertilidade tem
sua taxa de falhas, e estas são discutidas neste e no próximo
capítulo. Alguns métodos têm uma taxa de falha notavelmen-
te menor do que outros; por exemplo, o DIU é menos apto a
falhas do que, digamos, o spray anticoncepcional.
Mas há uma crescente consciência de que a taxa de falha
não é a única consideração. Quais são os efeitos colaterais no-
civos? Existem objeções estéticas? Até que ponto o sucesso no
uso de um método depende de motivação?
É o balanço dessas considerações que finalmente ajudará
os casais a se decidirem por um método de controle da ferti-
lidade apto para eles.
Caminhos gerais para chegar ao controle da ferti-
lidade
Até hoje houve vários caminhos para chegar ao controle
da fertilidade:
• Métodos naturais, nos quais os casais evitam relações se-
xuais durante a fase fértil do ciclo menstrual e assim não
alteram os processos naturais do corpo. Estes métodos são
detalhados no próximo capítulo.
159
• Métodos de esterilização, nos quais as trompas de Faló-
pio ou os vasos deferentes são bloqueados ou o útero re-
movido ou, no caso das várias pílulas, a produção de ó-
vulos é inibida.
• Métodos anticoncepcionais (propriamente ditos), nos
quais uma barreira física ou química é posta entre os es-
permatozoides e o óvulo(por exemplo, um diafragma ou
condom, ou um creme espermicida) ou tornando o muco
cervical impenetrável.
• Métodos abortivos, nos quais o ovo (o óvulo já fertilizado)
é impedido de continuar seu desenvolvimento normal.
Neste capítulo, examinemos a segurança e a eficácia dos
vários métodos artificiais de controle da fertilidade.
A pi1ula anticoncepcional oral
Regular. - Esse é o tipo mais comum e usualmente cha-
mado simplesmente de "pílula''. É uma combinação de dois
hormônios sintéticos, estrógeno e progestógeno. Progestó-
no é uma substância parecida com o hormônio progestero-
na, que é produzido naturalmente pelos ovários.
A quantidade (dosagem) de estrógeno e progestógeno va-
ria em aproximadamente trinta marcas de pílulas já disponí-
veis.
Nos anos recentes, vários governos votaram leis para re-
duzir os níveis de hormônios nas pílulas geralmente dispo-
níveis.
A eficiência da pílula, se tomada segundo as indicações, é
calculada em cerca de 99,5 por cento.
160
Dosagem baixa. - Esta é semelhante à pílula regular,
mas pode ser pouco menos eficaz do que aquela, por conter
dosagens mais baixas de um ou dois dos hormônios com-
ponentes.
Minipílula. - Esta é a pílula que contém somente um
hormônio, um progestógeno. Deve ser tomada cada dia apro-
ximadamente na mesma hora, ou dentro de três horas do
tempo determinado para manter sua eficácia (com a pílula
regular uma variação de doze horas é permissível). Assim é
que se você esquecer de tomar esta pílula, está mais apta a
engravidar do que quando esquecer de tomar a pílula regular.
A eficácia calculada é 97 por cento. Essa minipílula frequen-
temente é dada a mulheres amamentantes.
Como a pílula funciona?
A pílula regular atua simultaneamente de várias maneiras.
Primeiro, inibe a ovulação. Os hormônios na pílula substi-
tuem a produção normal de estrógeno e progesterona pelos
ovários. Suprimem o mecanismo no cérebro que solta FSH (o
hormônio que estimula o folículo) e LH (o hormônio lutei-
nizante) e assim previne ovulação em cerca de 98 por cento
dos ciclos.
Segundo, o componente progestogênico da pílula regular
estimula a produção de muco infértil, que serve de barreira. O
propósito aqui é prevenir a penetração dos espermatozoides e
a sobrevivência deles; assim atua como um anticoncepcional.
Terceiro, a pílufa perturba o padrão de crescimento nor-
mal do endométrio, tanto que não é capaz de nutrir o ovo (no
caso em que um óvulo esteja solto e fertilizado).
161
Nas pílulas de uma baixa dosagem de estrógeno (por
exemplo, 30 microgramas), os efeitos na penetrabilidade
do muco pelos espermatozoides e os efeitos no endométrio
(impedindo a implantação) assumem maior importância. Al-
guns estudos indicam que a pílula de baixa dosagem previne
ovulação somente em 50 por cento do tempo.
A minipílula, contendo apenas un progestógeno, suprime
a ovulação somente em 40 por cento dos ciclos. Recebe sua
eficácia anticoncepcional do fato de estimular a produção do
muco tipo-barreira e de modificar o crescimento normal do
endométrio para não poder suportar um ovo. Também pode
alterar as contrações normais das trompas de Falópio e a fun-
ção do corpo lúteo.
Eficácia da pi1ula
A variedade da eficácia de diferentes formas da pílula se
deve mormente à quantidade de estrógeno presente. Quan-
do o conteúdo de estrógeno é de 50 microgramas ou mais,
calcula-se que a pílula tenha uma eficácia de 99,5 por cento
na prevenção de gravidez. 1 Pílulas com 20 a 35 microgramas
de estrógeno têm uma eficácia de cerca de 97 por cento.
Na prática, muitas mulheres às vezes esquecem de tomar
a pílula, o que resulta numa taxa total de gravidez de cerca
de sete-por-cem-mulheres-ano. Isto é, entre cem mulheres
usando a pílula por um ano, sete engravidarão.2
Para serem eficazes, os anticoncepcionais orais têm que
ser tomados todos os dias, porque o componente de estróge-
no é destruído pelo corpo dentro de vinte e quatro horas. Se
mais do que uma pílula for esquecida, provavelmente haverá
uma subida no hormônio LH que levará à soltura de um ó-
vulo mais tarde no ciclo.
162
Aceitação
É importante lembrar que as taxas de eficácia se aplicam
somente ao grupo de mulheres que podem tolerar a pílula.
Muitas mulheres não podem usar anticoncepcionais orais em
razão de condições médicas pré-existentes ou pelos efeitos
colaterais da pílula.
Muitos dos efeitos nocivos à saúde estão relacionados à
dosagem de estrógeno: mais alto o conteúdo de estrógeno,
mais possíveis os efeitos severos. Mas, progestógenos tam-
bém podem causar problemas.
É em razão desses efeitos colaterais que muitas mulheres
deixam de tomar a pílula. Por exemplo, um estudo de mulhe-
res australianas usuárias da pílula descobriu que depois de
um ano 5 por cento tinham deixado o uso da pílula.3
Segundo Sir Richard Doll, uma autoridade britânica sobre
estatísticas com relação à saúde, de cem mulheres usuárias de
anticoncepcionais orais: ao fim de um ano, 70 estariam usan-
do a pílula; 4 teriam substituído por DIU; 2 estariam com
diafragma; 6 já grávidas; e 18 teriam deixado qualquer forma
de anticoncepção.4
Segundo o Professor Harvey Carey, da Universidade de
New South Wales, até 33 por cento das usuárias dos anticon-
cepcionais orais deixam o uso por outras razões que não o
desejo de gravidez.5 As razões principais incluem aumento
de peso, dores de cabeça, diminuição da libido e depressão;
algumas mulheres notam múltiplos efeitos colaterais.
Quando existem contraindicações à pi1ula?
A FDA (Agência de Administração de Alimentos e Medi-
camentos, dos EUA) aconselha as mulheres a não utilizarem
a pílula se apresentam as seguintes condições:6
163
• Coágulos nas pernas ou no pulmão;
• Angina pectoris (dores do coração);
• Câncer reconhecido ou suspeito nos seios ou órgãos re-
produtores;
• Sangramento vaginal, fora do comum, que ainda não tem
diagnóstico.
Ademais a FDA avisa toda mulher, que anteriormente teve
um infarte cardíaco ou um derrame ou tromboses nas pernas
ou no pulmão, que evite a pílula. Condições que seu médico
vai querer observar com cautela se você está usando a pílula,
ou que sugeririam o uso de um método alternativo incluem:
• História familiar de câncer no seio;
• Nódulos no seio, enfermidade fibroquística do seio, ou um
mamograma anormal;
• Diabetes;
• Pressão alta de sangue;
• Alto nível de colesterol;
• Fumar cigarros;
• Enxaqueca;
• Enfermidade de coração ou rins;
• Epilepsia;
• Tumores fibroides do útero;
• Doenças da vesícula biliar;
• Depressão.
As mulheres que fumam correm um risco maior quando
usam a pílula. Segundo a FDA:
164
O risco aumenta com a idade e com a alta quantidade
(quinze ou mais cigarros por dia); é notável em mulheres que
têm mais de trinta e cinco anos.
As mulheres que utilizam anticoncepcionais orais não de-
vem fumar. Elas são cinco vezes mais aptas para um ataque de
coração do que as usuárias da pílula que não fumam e cerca
de dez vezes mais aptas para esse ataque do que as mulheres
que não fumam nem usam anticoncepcionais orais.
Efeitos nocivos da pílula
A pílula sem dúvida faz o que propõe - evita gravidez.
Mas ao mesmo tempo a pílula pode fazer muitas outras coisas
a seu corpo, algumas das quais não são agradáveis. O aspecto
mais desconcertante da pílula é que ela pode afetar virtual-
mente todo sistema de órgãos do corpo. Mais do que trinta
efeitos colaterais têm sido documentados nas revistas mé-
dicas, nos boletins de informações dos ministérios da saúde
de vários países, e nos conselhos de eminentes organizações
médicas (tais como a Organização Mundial de Saúde, o Co-
légio Real Britânico de Médicos Gerais, e a Administração de
Alimentos e Medicamentos nos EUA).
Detalhados avisos de possíveis efeitos colaterais que
preencham duas páginas agora são obrigatórios com a receita
da pílula nos EUA É aconselhável e importante levar em con-
ta estes avisos.
Somente agora estamos recebendo dados sobre o uso dapílula a longo prazo. A pílula tem sido utilizada numa gran-
de escala há menos de vinte anos; poucas mulheres têm ex-
periência pessoal no uso prolongado dela. Nem existe um
acompanhamento nem intensivo seguimento médico reque-
rido para avaliar devidamente os efeitos a longo prazo.7
165
O EFEITO DA PILULA NOS NÍVEIS DOS HORMÔNIOS
Hormônios normais dos ovários
20
21 25
Efeitos de anticoncepciona 1 oral
20
M
~
~ 10
~
g> Estradiol
lij Progesterona
z o i..------..=..~-4'"-'-.:.P-=.-..-----+---...l
Dia 5 9 13 17 21 25
Hormônios normais da pituitária
aor--------'--------------
13 17 21 25
Efeitos de anticoncepcional oral
aor---__;,~~~=:..;:.;.=: __________ ~
--- ----- LH
O .__ ____ -_-..,.----- ----.... ---------,...---------,_-_-_-_-_-... -.:..F.:::.SH:..:___J
Dia 5 9 13 17 21 25
Esses gráficos mostram os níveis dos hormônios dos ovários e da pituitária
de uma mulher antes e durante o uso da pílula. A pílula suprime níveis nor-
mais desses hormônios.
166
l
I
'j
1
/
Sabe-se que muitas das complicações a curto prazo, que
ocorrem ao tempo de iniciar o uso da pílula ou logo depois,
estão associadas com o coração, vias sanguíneas, pressão de
sangue ou alterações na química do corpo. 8
Muitos dos efeitos colaterais são tão comuns ou são tão
graves, que vale a pena mencioná-los.
Trombose. - Um dos problemas mais graves que se en-
contra entre usuárias da pílula é que o componente estróge-
no tem a tendência de aumentar a formação de coágulos no
sangue (trombose).9
O progestógeno também pode ser envolvido nesse proces-
so, especialmente quando a mulher está agitada ou ansiosa. 10
O problema veio à luz tarde, no decênio de 60, após oito
anos de uso geral da pílula. Naquele tempo, pesquisadores
na Universidade de Oxford mostraram uma associação en-
tre o uso de anticoncepcionais orais e o aumento de risco de
tromboses afetando as veias e artérias das pernas, pulmão e
cérebro.
Agora se calcula que as usuárias da pílula são quatro até
oito vezes mais aptas a morrer de tromboses, especialmente
na presença de "stress': 11
Desde 1970 pela recomendação do Comitê Britânico de
Segurança dos Medicamentos, o conteúdo de estrógeno tem
sido reduzido nas novas fórmulas da pílula para não exceder
30 microgramas, assim reduzindo o risco de trombose. 12 O
nível de progestógeno também foi reduzido.
A formação de coágulos pode ser um problema grave
quando se precisa de cirurgia de emergência numa mulher
usuária da pílula. Em razão do relacionamento com a coa-
gulação, os cirurgiões agora recomendam que a mulher que
precisa sofrer cirurgia eletiva (isto é, não urgente) deixe o uso
da pílula quatro a oito semanas antes da operação.
167
Ataques do coração. - A identificação clara do relaciona-
mento entre ataques de coração e uso da pílula veio tarde no
decênio de 1960.
O cálculo do risco do ataque de coração é 2,8 vezes maior
entre usuárias da pílula do que entre as não usuárias. 13
Outros fatores que aumentam esse risco são pressão alta,
fumar mais do que quinze cigarros ao dia, altos níveis de co-
lesterol no sangue e diabetes. Pesquisadores calculam que o
efeito combinado da pílula e dois ou mais dos outros fatores
de risco aumentam 128 vezes a possibilidade de um ataque
de coração. 14 A duração do uso da pílula parece uma con-
sideração importante, e as mulheres que deixaram de usá-la
são mais propensas aos ataques do que as que nunca usaram
a pílula.
Resumindo, os dados sugerem que existe um aumento
anual de risco de uma morte a cada 5.000 mulheres que têm o
costume do uso da pílula. O risco é maior entre mulheres de
mais idade, especialmente as que utilizaram a pílula por uma
longa temporada e que fumavam também.
Hipertensão. - Calcula-se que 5 a 10 por cento das usuá-
rias da pílula apresentarão um aumento de pressão, variando
de pouco a grave. 15
O estrógeno parece produzir esse efeito, alterando a ca -
mada interior dos vasos sanguíneos. Em geral, usuárias mais
idosas e gordas estão mais propensas a sofrer de hiperten -
são. Enquanto hipertensão é um fator conhecido de risco de
doenças do coração entre usuárias da pílula, médicos fre-
quentemente recomendam uma alternativa como método de
controle de fertilidade.
Derrame. - O risco de derrame cerebral se calcula como
9,5 vezes maior entre usuárias da pílula do que entre não
168
/
/
/
;.
usuárias. 16 O risco aumenta com a idade e duração do uso
da pílula, mas ainda na faixa de quinze a trinta e quatro anos
o excesso previsto na taxa anual de mortes é comparável ao
número de mortes de acidentes de tráfego entre mulheres da
mesma idade. 17 Numa mulher jovem, o derrame pode não ser
fatal, mas pode chocar devastadoramente a paciente e a sua
família em razão do longo período necessário para reabilita -
ção e do dano residual físico ou mental.
Doenças da vesícula biliar. - Em Boston, o Programa Co-
laborativo pela pesquisa de Medicamentos demonstrou uma
relação entre o uso da pílula e o desenvolvimento de enfermi-
dades da vesícula biliar. 18 A relação parece válida para todas
as faixas de idade e parece ser um efeito do estrógeno.
Estudos americanos e britânicos indicam que pedras bilia -
res (comprovadas pela cirurgia) são duas vezes mais frequen-
tes em usuárias da pílula. 19
Tumores do fígado. - Em anos recentes várias pesquisas,
devidamente controladas, confirmaram a relação entre o uso
da pílula e o desenvolvimento de um tumor do fígado dum
tipo potencialmente perigoso. Enquanto o tumor usualmente
não invade outros tecidos, o perigo surge se o tumor se rompe
e sangra excessivamente.
Segundo um informe em 1977 do Centro para o Controle
de Doenças, com sede em Atlanta (EUA)2º aproximadamente
quinhentos casos desse tipo de tumor raro têm sido doeu -
mentados, mas não todos entre usuárias da pílula. Alguns dos
casos foram fatais.
Tipicamente, o tumor aparece com um inexplicável entu-
mescimento do fígado e com dor na parte superior do abdô-
men numa mulher que tenha usado a pílula por sete anos ou
mais.
169
Determinou-se que o risco de desenvolver um tumor do
fígado é cinco vezes mais comum entre mulheres que usavam
a pílula durante cinco a sete anos, e vinte e cinco vezes mais
comum nas que tomaram a pílula por nove anos ou mais, do
que em mulheres que nunca a tomaram.21
Deformidades congênitas. - A FDA aconselha às mulhe-
res que presumem que estão grávidas a não tomarem anti-
concepcionais orais em razão de possível dano à criança em
processo de desenvolvimento. 22
Um aumento de risco de defeitos congênitos, incluindo deformidades
de coração, braços e pernas, tem sido associado com uso de hormônios
sexuais, incluindo anticoncepcionais orais, durante gravidez.
Ademais, a menina que se está desenvolvendo e cuja mãe recebeu DES
(dietilstilbesterol), um estrógeno (anteriormente utilizado para pre-
venir aborto precoce), durante a gravidez corre o risco de câncer da
vagina ou da cérvix durante a adolescência ou quando for uma jovem
adulta. O risco se calcula como 1 em 1.000 casos ou menos.
Anormalidades dos órgãos sexuais têm sido constatadas também nos
nenês masculinos que também correm este perigo. É possível que outros
estrógenos, tais como os dos anticoncepcionais orais, possam afetar o
nenê de igual maneira se a mãe estiver tomando-os durante sua gravidez.
Autoridades de saúde hoje em dia aconselham as mulhe-
res que querem engravidar que usem outro método de con-
trole da fertilidade por três ou quatro meses após deixar a pí-
lula antes de tentar conceber. Isso porque existe um aumento
de anormalidades em fetos que sofreram aborto espontâneo
e cujas mães usavam a pílula imediatamente antes de engra-
vidar. Se você engravidar logo depois de deixar o uso de an-
ticoncepcionais orais e se não tiver um aborto espontâneo,
não existe evidência de que o nenê terá um maior risco de
anormalidade. O maior risco está nos casos onde pílulas de
170
baixa dosagem são usadas depois do começoduma gravidez
que ainda não é reconhecida.
Leite materno - qualidade e quantidade. - Segundo a
OMS, há evidência de que a pílula reduz a quantidade de leite
materno disponível ao nenê. 23
A qualidade da proteína no leite também pode ser afetada.
Algumas autoridades nacionais aconselharam as mulhe-
res a não usarem a pílula durante a amamentação ou usarem
somente quando a lactação esteja bem estabelecida.
Por exemplo, o Departamento de Saúde da Austrália não
recomenda que mães lactantes usem a minipílula, e isso por-
que há evidência que este produto interfere no conteúdo de
proteínas do leite materno como também altera a quantidade
de cálcio, sódio, potássio, fósforo, magnésio e colesterol. 24
Os hormônios contidos na pílula, segundo informes, en-
tram no leite materno, e assim podem ser absorvidos pelo
nenê lactante. 25 Sabe-se que a progesterona sintética atua no
hipotálamo, um centro importante no cérebro. Que efeito
isso tem no nenê que está se desenvolvendo não se estabele-
ceu ainda.
Não é prudente nem aconselhável receitar anticoncepcionais orais a
mães que amamentam. Isto porque os esteroides componentes (hor-
mônios) como no caso de muitas drogas, são expelidos no leite ma-
terno. Seus efeitos no recém-nascido variam e dependem da dosagem.
Por exemplo, um progestógeno de tipo androgênico pode masculinizar
uma criança feminina; e produtos metabólicos dos esteroides podem
contribuir à icterícia do recém-nascido. (Dr. W N. Spellacy, Diretor
Depto de Obstetrícia e Ginecologia, Faculdade de Medicina, Universi-
dade de Miami, Flórida).
Gravidez ectópica. - O transporte nas trompas normal-
mente está sob controle do estrógeno e da progesterona. Hor-
mônios sintéticos alteram esse mecanismo. A minipílula está
171
associada com o aumento de risco de gravidez ectópica (com
implantação na trompa em vez de no útero).26
Câncer dos órgãos reprodutores. - Alguns tipos de pílula
têm sido tiradas de circulação em razão de uma possível vin-
culação com câncer do endométrio, especialmente no caso de
prolongado uso da pílula.
A pílula também tem um efeito no colo uterino, e pode
promover a progressão para o câncer de células já anormais.27
Erosão grave da cérvix, requerendo tratamento, também está
associada com uso de pílula.
Tumores do seio. - Muitos estudos indicam que usuárias
da pílula têm um reduzido risco de enfermidade benigna
(não cancerosa) dos seios tal como quistos. E várias pesqui-
sas não encontraram nenhum aumento em câncer dos seios
nas mulheres que já tiveram a enfermidade benigna. Contu-
do, a FDA recomenda cautela quando há casos na família de
enfermidade dos seios. 28
Mulheres com uma história de câncer dos seios ou que têm nódulos ou
quistos nos seios ou mamogramas anormais, ou que foram expostas a
DES durante a gravidez de sua mãe, devem ter um acompanhamento
de perto pelos médicos se elas optam pelo uso de anticoncepcionais
orais em vez de outro método de anticoncepção.
Irregularidades menstruais. - Sangramento intermens-
trual ocorre comumente com o uso da pílula de baixa do-
sagem contendo 30 microgramas ou menos de estrógeno.
Isso pode desaparecer durante os primeiros meses de uso. A
minipílula (apenas progestógeno) é apta a causar manchas,
sangramento inesperado ou a menstruação pode cessar com-
pletamente em um pequeno grupo de usuárias. Aproxima-
damente 25 por cento de mulheres para quem foi receitada a
minipílula deixam-na em razão de sangramento inaceitável.29
172
Infertilidade pós-pílula. - Esta condição pode se reconhe-
cer pela ausência de menstruação ou ovulação ou pela pertur-
bação da produção de muco fértil.
Pós-pílula amenorreia é o termo usado para a falha de
menstruação até seis meses depois de deixar a pílula.
Num estudo típico, Evrard e colegas informaram que 30
por cento de mulheres que largam a pílula menstruaram an-
tes de trinta dias, outros 60 por cento dentro de sessenta dias
e 2 por cento não tinham menstruado após seis meses. 30
A FDA aconselha mulheres com ciclos irregulares a não
usarem a pílula, avisando que elas podem ter dificuldade
mais tarde quando quiserem conceber.31
Em algumas pesquisas, mais do que 50 por cento das mu-
lheres que sofreram de amenorreia pós-pílula32 tiveram no-
tável irregularidade antes de tomar a pílula. Mulheres mais
moças e de fertilidade ainda não comprovada, e mulheres de
pouco peso parecem mais dispostas a graves perturbações do
ciclo menstrual depois de deixar a pílula.
Um editorial recente na revista British Medicai Journal
disse:33
A amenorreia pós-pílula não ameaça a vida e raramente é per-
manente, salvo quando coincide com outras causas de amenor-
reia secundária.
Mas julgado pelo critério de uma gravidez levada com sucesso,
o prognóstico não é tão otimista. Ainda que 80% das mulheres
que sofrem de amenorreia pós-pílula ovularão em resposta a
tratamento, um estudo recente notou apenas vinte e dois nasci-
mentos vivos entre cinquenta casos tratados.
Parece que, depois · de uso prolongado de anticoncepcio-
nais orais uma grande proporção de muco do tipo infértil está
173
solta, ou insuficiente muco fértil é produzido. Sendo neces-
sário o muco lubrificante do tipo fértil para transportar os
espermatozoides e fortalecer sua capacidade de fertilizar, a
concepção falha nesse caso ainda que a ovulação possa estar
ocorrendo. Até hoje não há remédio para esse problema.
Estado de vitaminas e minerais. - Cerca de um terço das
usuárias da pílula mostram reduzidos níveis de vitamina c
no sangue, ademais são deficientes em algumas vitaminas do
grupo B, incluindo Bl2 que é essencial para prevenir anemia.
Reduzidos níveis de ácido fálico (necessário para o funciona-
mento adequado das hemácias) também ocorrem em cerca
de uma terça parte das usuárias da pílula.34
Dieta pode superar essas deficiências uma vez identifica-
das; mas quando as dietas são inadequadas ou a deficiência de
vitamina não esteja identificada, o resultado pode ser fadiga e
menos resistência a infecção.
A OMS está estudando o "status" de usuárias da pílula em
várias partes do mundo, e investigando a possibilidade de
suplemento às deficiências. Cápsulas contendo vitamina B6,
ácido fálico, C e Bl2 agora são recomendadas a mulheres que
tomam a pílula.
Níveis de elementos que influem nos muitos processos
químicos do corpo, ainda com pouquíssima quantidade dele
também sofrem alterações pelo uso da pílula.
Infecções. - Alterando o ambiente normal do sistema re-
produtor, a pílula pode estimular o crescimento dos organis-
mos que causam monilíase e gonorreia. Vaginite monilial é
frequentemente irritante e repetida entre usuárias da pílula,
devido aos progestógenos que interferem no crescimento
normal das células que forram a vagina. 35
174
Aumento de peso. - Anticoncepcionais orais alteram o
metabolismo de carboidratos em 15 e até 40 por cento da
usuária da pílula. Os hormônios da pílula tendem a aumentar
o apetite, facilitar a deposição de gordura e causar a retenção
de fluidos, aumentando assim o peso. 36
Enxaqueca. - Se a pílula provocar fortes dores de cabeça,
deve ser deixada de lado. As dores às vezes estão relacionadas
com a retirada de estrógeno na semana de cada ciclo quando
não se toma a pílula.
Náusea. - Muitas usuárias da pílula se queixam de náusea,
especialmente nas primeiras semanas após começar a pílula.
Mulheres jovens que nunca estiveram grávidas e as que sofrem
de náuseas durante a gravidez parecem mais propensas.
Diabetes. - Os requisitos de insulina para as usuárias da
pílula têm que ser observados com precaução. Algumas mu-
lheres com diabetes pré-clínico (não descoberto, todavia) ou
com um caso de diabetes na família podem apresentar sinais
óbvios do transtorno ao começar o uso da pílula.
Depressão, irritabilidade, perda de interesse sexual. - In-
forma-se que 6 por cento das usuárias da pílula sofrem de
irritabilidade, depressão e perda de libido.37 Uma história de
depressão anterior parecedispor algumas mulheres a um au -
mento de tais sintomas. Você estará mais sujeita a tais incô-
modos, de maneira proporcional ao tempo do uso da pílula, à
sua idade e ao nível de progestógenos na pílula.
Minha geração tinha trinta anos em 1975, e usava a pílula desde os
dezoito. Há doze anos estamos experimentando-a. A maioria de nós
cresceu pensando que pílula era sinônimo de contraceptivo; não tínha -
175
mos experiência de nenhum outro método senão a abstinência. Agora
conhecemos algumas mulheres que ainda tomam a pílula, mas todas
as minhas amigas e conhecidas rejeitaram-na, porque não conseguem
suportar a depressão, o ganho de peso, as constantes sensações de irri-
tabilidade, a perda das sensações sexuais.
A última razão tem muita importância para o abandono dos contra-
ceptivos orais.
Uma das promessas da pílula era livrar as mulheres do medo de que
cada encontro sexual pudesse produzir uma gestação; então elas pode-
riam relaxar e aproveitar o sexo. Mas o que a pílula oferecia com uma
mão, acabou tomando com a outra.
Se a pílula protege a mulher das consequências da relação sexual, muito
frequentemente faz com que ela nem deseje a relação ... Não adianta ter
proteção contra os efeitos de algo que nem se deseja. Não é de admi-
rar que muitas mulheres se sintam enganadas; sentem que aquilo que
era chamado de libertador das mulheres é apenas mais um agente de
opressão. (Anne Summers, Damned Whores ond God's Police, Penguin).
Riscos em geral
Passaram-se quase dois decênios para chegar a contagens
científicas dos riscos à saúde e à vida e do dano irreversível à
fertilidade, associados com a pílula.
Quase todas as pesquisas sobre os efeitos daninhos foram
feitas na Inglaterra e nos EUA Os resultados estão resumidos
pela OMS desta forma: 38
Mulheres britânicas de 15 a 49 anos de idade e que não usam a pílula
têm uma taxa acumulativa de mortes de doenças cardiovasculares de
cerca de 5,5 por 100.000 pessoas por ano.
Comparando, a taxa de morte entre usuárias da pílula e que não fumam
é de 13,8 por 100.000 por ano; entre as usuárias que fumam se calcula
de 39,5 por 100.000 por ano.
O risco de morte sobe notavelmente entre mulheres acima de 35 anos
de idade, especialmente se fumam, são obesas, têm diabetes e usaram a
pílula por longo tempo.
176
A OMS diz que alguns pontos dos informes referem-se a
marcas da pílula que contêm altas dosagens de estrógeno e
que agora não são usadas.
A limitação da análise dos efeitos daninhos da pílula ape-
nas ao número de mortes, internações em hospitais e compli-
cações médicas é inadequada. Dessa forma não leva em conta
o fardo pessoal que têm tantas usuárias da pílula. Quem pode
avaliar todos os problemas de uma mãe de várias crianças que
sofre constantemente em razão de dor de cabeça, depressão,
sangramento irregular e perda do interesse sexual?
O dispositivo intrauterino (DIU)
DIUs vêm em dois tipos principais. Os dois funcionam
causando uma reação inflamatória do endométrio de tal for-
ma que um ovo não pode se implantar.
Dispositivos inertes. - Estes são considerados mais aptos
para mulheres que já tiveram uma criança (por exemplo, o
espiral Lippes).
Dispositivos bioativos. - Estes contêm ou cobre ou um
progestógeno sintético e têm que ser renovados a cada três
anos (por exemplo, Cobre 7, Cobre T, progestasert).
Após uns poucos anos o DIU está propenso a perder sua
eficácia; assim é que a renovação é recomendada. Estudos so-
bre DIUs que contêm cobre mostram que uma parte do efeito
deles está na redução de sobrevivência dos espermatozoides.
Não obstante, após dois anos mostram a tendência a se cobrir
com cálcio, por isso têm que ser substituídos por um novo
DIU.
177
Eficácia
A "eficácia do método" dos DIUs é calculada entre 94 e 99
por cento. 39
Essa estatística não leva em conta as mulheres que rece-
bem conselhos para não usar o DIU (por exemplo, por razão
de infecção pélvica, sangramento interno anormal ou doença
cardíaca valvular); ou aquelas que expulsam o aparelho; ou
aquelas que têm que deixar o uso em razão de efeitos cola-
terais.
Efeitos colaterais do DIU
A incidência de gravidez, expulsão e remoção devida aos
efeitos colaterais é mais alta no primeiro ano de uso e baixa
depois.
O DIU pode ser expulso do corpo logo após a colocação
ou mais tarde. Em quatro mulheres em cada cem, o DIU será
expulso espontaneamente, com um número maior nas mu-
lheres que não tiveram filhos e para alguns tipos de DIU. O
aparelho pode sair do corpo sem a mulher saber do assunto,
dispondo-a à possibilidade de uma gravidez inesperada.
A taxa de continuação depois de um ano é 70 por cento.40
Alguns DIUs foram retirados de circulação em razão de
problemas discutidos nas próximas páginas. Estes incluem o
aparelho M, o Resorte Majzlin e o Escudo Dalkon.
Perfuração. - Alguns tipos de DIU levam o risco de
perfuração do útero ou da cérvix. Isto é, o DIU é propenso
a migrar nos tecidos ao redor do útero. Isso pode resultar
numa obstrução intestinal ou sangramento marcado, espe-
178
cialmente nos casos quando o aparelho contém cobre. No
mínimo a perfuração resulta na dificuldade da remoção e
às vezes requer histerectomia ou põe em perigo a vida. O
aparelho perfura o útero em cerca de uma mulher em cada
300 que usam o Escudo Dalkon e uma em cada 3.000 que
usam o Cobre T. 41
Infecção. - O Escudo Dalkon foi retirado após o conhe-
cimento de sua associação com pelo menos dezessete mortes
nos EUA entre 1972 e 1974. Parece que a cauda do escudo
levou bactéria ainda que a superfície da cauda tenha sido es-
terilizada.
Infecções pélvicas são um problema comum e potencial-
mente perigoso associado com DIUs. O risco desse tipo de
infecção entre usuárias do DIU se calcula três vezes maior do
que entre não usuárias.42 Parece que mulheres que não tive-
ram filhos correm um risco maior.
Estudos recentes indicam que DIUs podem introduzir in-
fecção nos órgãos reprodutivos ou, pela mera presença, po-
dem facilitar o estabelecimento de organismos invasores.
Possíveis indicações de uma infecção relacionada com
DIU são: sangramento anormal e excessivo, dor ou sensibi-
lidade no abdômen, cãibras fortes, ou um corrimento que é
persistente, profuso e com mau cheiro.
Se não é tratada, a infecção pode danificar o delicado re-
vestimento das trompas de Falópio. Esses canais estreitos pe-
los quais os espermatozoides e o óvulo (e ovo) têm que viajar
se tornam cicatrizados irreparavelmente, resultando um obs-
táculo irremediável e consequentemente a infertilidade. Por
isso, alguns médicos aconselham mulheres que todavia não
geraram sua família a não usarem o DIU.
Se severa infecção danificar o útero, uma histerectomia
(remoção cirúrgica do útero) pode ser necessária.
179
Tratamento com antibióticos duma infecção causada
pelo DIU sem remover o DIU é má prática de medicina.
Não leva em conta o princípio básico: no tratamento de in-
fecção causada por um corpo estranho, primeiro retire o
corpo estranho.
Gravidez e complicações. - Como mencionamos acima, o
DIU tem uma eficácia de 94 até 99 por cento. Isto é, até 6 por
cento por ano das usuárias de DIUs terão uma gravidez. Se
uma gravidez ocorre com o DIU colocado, a possibilidade de
aborto espontâneo é de 30 até 50 por cento. 43
O aparelho deve ser removido, se for possível, quando a
gravidez for confirmada. A remoção pode ser um risco para a
criança. Infecção pode complicar a situação. Cinco até 10 por
cento das gestações entre usuárias do DIU (isto é, 3 gestações
em cada 1.000 usuárias) são ectópicas - o ovo se implanta
na trompa de Falópio. 44 Tipicamente, isso resulta numa rup-
tura da trompa cerca de 8 até 12 semanas depois, requerendo
remoção cirúrgica. Após uma gravidez trompa!, a concepção
ocorre menos frequentemente e pesquisas indicam a possibi-
lidade de 50 até 60 por cento de nunca mais conceber.
Uma pesquisa recente informa pela primeira vez dois
aumentos em esterilidade e umadiminuição em habilidade
geral de ter filhos de parte de mulheres de Formosa usando
DIU.45 Parece que esse efeito aumenta com a duração do uso
do DIU. Enquanto muitas gestações chegam ao término ain-
da com o DIU colocado, há um risco notável de interrupção
da gravidez em qualquer estágio.
Dano ao colo uterino. - Mulheres que não tiveram fi-
lhos amiúde acham a inserção do DIU extremamente do-
lorosa. Esse processo envolve a dilatação da cérvix com
instrumentos.
180
No processo a cérvix é predisposta a se rasgar, e isso
pode resultar mais tarde num aborto espontâneo devido à
"cérvix incompetente". Uma reação severa de choque anafi-
lático com a hipotensão também pode acontecer na ocasião
da inserção.
A razão pela qual a inserção é menos dolorosa para uma
mulher com filhos é que, sob circunstâncias normais, a pri-
meira dilatação da cérvix dá-se no começo do parto. Nesse
tempo, vários hormônios naturais atuam para amolecer os
tecidos da cérvix para ela não sofrer danos.
Transtornos menstruais. - Usuárias de DIU estão aptas
a sofrer um aumento de fortes períodos menstruais, espe-
cialmente nos primeiros meses de uso. Isso pode resultar em
anemia. Uma vez removido o DIU, o sangramento usualmen-
te volta à normalidade, salvo no caso de uma infecção que
complica a situação.
Cãibras e dor nas costas são queixas comuns entre usuá-
rias do DIU, especialmente entre as mulheres cujo útero não
foi distendido previamente com uma gravidez. Fortes contra-
ções musculares são sentidas quando o corpo tenta rejeitar o
corpo estranho.
Apesar de mais e mais mulheres preferirem o DIU em ra-
zão de não estarem satisfeitas com a pílula, o DIU não parece
resolver o problema delas. Além da possibilidade de cãibras
dolorosas, desordens menstruais e infecção interna, algumas
mulheres exprimem sentimentos de indignação ante a ideia
de ter que tolerar por anos e anos aparelhos de metal ou plás-
tico dentro dos seus órgãos reprodutores.
181
Diafragmas e químicas espermicidas
Até a década de 1960, quando a pílula e o DIU começaram
a tornar-se populares, o diafragma foi comumente usado.
Quando colocado devidamente - e a colocação requer
treinamento médico - o diafragma ajusta-se como uma cú-
pula sobre a cérvix, formando uma barreira física aos esper-
matozoides.
O uso de espumas, geleias ou pessários espermicidas
acrescenta uma barreira química.
A "eficácia do método" está calculada em 95 por cento,46
mas esta cifra varia muito, dependendo da química espermi-
cida utilizada, ajustamento adequado e cuidado do diafragma
e uso dele com cautela e constância.
Na prática, a eficácia total é mais ou menos de 80 por cen-
to, devido mormente ao mau posicionamento do diafragma
ou à espuma espermicida inadequada.
A taxa de continuação depois de seis meses é de apenas
35 por cento,47 o que indica que muitos casais não encontram
satisfação nesse método.
Mulheres se queixam dizendo que o diafragma rompe a
espontaneidade; se não planejou bem, a mulher tem que in-
troduzir o diafragma imediatamente antes do coito. Algumas
mulheres superam esse problema inserindo um diafragma
cada noite.
Alguns casais acham que a sujeira de espumas ou geleias
espermicidas, acompanhando o uso do diafragma, é uma
desvantagem.
Esforços para combinar o uso do diafragma com o Méto-
do da Ovulação não têm tido sucesso.
O padrão de muco é escurecido pelo fluido seminal e o
creme espermicida dificulta o diagnóstico de fertilidade ou
de infertilidade.
182
O condom (camisa de vênus)
Usado segundo as indicações, um condom de alta quali-
dade tem aproximadamente 97 por cento de eficácia.48 Falha
no uso cauteloso, tal que algum fluido seminal escape ou na
vagina ou na área fora da vagina, reduz a eficácia para cerca
de 80 por cento.49
A taxa de continuação aos seis meses de uso é de cerca de
56 por cento e ao ano apenas 22 por cento.50
Isto é uma indicação de que muitos casais acham o méto-
do nem satisfatório nem esteticamente atraente.
O uso de condons pode inibir a espontaneidade e pode
provocar perda de ereção, resultando em frustração.
A sensação pode ser diminuída porque o pênis não toca a
vagina diretamente.
A fricção de um condom insuficientemente lubrificado
pode produzir irritação na vagina. Esforços para superar esse
problema com químicas lubrificantes podem causar outras
reações: agentes artificiais introduzidos na vagina costumam
causar irritação nas delicadas células que a forram, causando
infecção e sensibilidade.
Coito interrompido, retirada
Esse método tem uma longa história cultural e envolve a
retirada do pênis da vagina imediatamente antes da ejacula-
ção. A ideia é depositar os espermatozoides fora da vagina e
bem longe dos tecidos ao redor dela. O uso do método fre-
quentemente resulta em uma gravidez porque é comum que
alguns espermatozoides sejam soltos quando o pênis chega
à ereção, algum tempo antes do orgasmo. Se os espermato-
zoides estão depositados nos tecidos ao redor da vagina na
presença do muco fértil, eles podem subir pela vagina, pelo
183
útero e depois às trompas de Falópio onde a fertilização pode
acontecer.
A eficácia do método do coito interrompido se calcula de
70 até 80 por cento.51 Com o baixo nível de eficácia, esse mé-
todo tem outras desvantagens. Muitos casais acham que não
podem relaxar completamente em razão da ansiedade acerca
de retirar fora. Se usado por muito tempo, o método da reti-
rada pode causar ejaculações precoces nos homens. Para as
mulheres, o coito pode ser insatisfatório em razão da falha
contínua na consecução do orgasmo.
Injeções anticoncepcionais
Depo-Provera (medroxi-progesterona) é tomada na for-
ma de injeção de três em três meses. Evita a gravidez alteran-
do o crescimento normal do endométrio, entre outros modos
de ação. Pensa-se que altera também a inter-relação hipotá-
lamo-pituitária-ovariana. Calcula-se que o método é 99 por
cento eficaz. A taxa de continuação após um ano é de cerca
de 56 por cento. 52
Complicações
Depo-Provera pode causar uma diminuição progressiva
no sangramento dos ciclos. Se se usa por mais de dois anos,
os períodos menstruais podem cessar, provavelmente porque
o endométrio já não seja capaz de crescimento normal. A vol-
ta à fertilidade pode demorar por meses ou anos ou nunca
acontecer. Não obstante, às vezes o anticoncepcional injetável
causa sangramento forte e imprevisível.
Outros problemas incluem o risco de anomalias congê-
nitas nas crianças se a injeção falhar e uma gravidez ocorrer.
Sabe-se também que Depo-Provera atua adversamente no
leite materno. Dor de cabeça, depressão, perda de libido e
184
dores nos braços e pernas estão incluídas entre as reações
adversas.
Alguns países limitaram a disponibilidade dele. Por exem -
plo, a FDA não aprova o uso dele para anticoncepção nos Es-
tados Unidos, porque "seus benefícios para este propósito às
pacientes nos EUA não justificam o risco:'53 E na Austrália, o
departamento de saúde proibiu o uso dele salvo com licença
especial. Contudo, algumas agências interessadas em contro-
le da população ainda estão distribuindo a droga amplamente
em países em desenvolvimento.
Preocupação existe também porque câncer do útero foi
vinculado com Depo-Provera em animais experimentais.
Implantações subcutâneas
Esse é um novo processo no qual químicas anticoncepcio-
nais estão envolvidas numa cápsula e inseridas por baixo da
pele. Parecem atuar por inibir a ovulação.
O propósito é administrar suficiente anticoncepcional
para que o implante seja eficaz por cerca de um ano.
Uma pesquisa recente sobre dois diferentes progestógenos
concluiu que os maiores problemas eram distúrbios mens-
truais, com sangramento irregular ou prolongado ou com
amenorreia; infecção no lugar do implante; um pequeno au -
mento de peso; dor de cabeça e acne.
Uma terceira parte das usuárias deixaram de usar o méto-
do durante o primeiro ano.
Esterilização
Esterilização é urpa mudança fundamentalna vida e assim
é um passo extremamente difícil e sério.
185
Com as técnicas cirúrgicas atuais, esforços para restaurar a
fertilidade conseguem sucesso raramente. Isso pode ser uma
fonte de tristeza quando a situação da família se alterar - por
exemplo, no caso de morte de um filho ou no caso de um
novo casamento - e outro filho for desejado. Praticamente, a
esterilização deve ser considerada como irreversível.
Procedimento para esterilização na mulher
Histerectomia. - Isso envolve a remoção do útero e usual-
mente da cérvix também. A mulher continua a ovular, mas
menstruação, fertilização e implantação não podem aconte-
cer agora.
Laqueadura ou ligação das trompas. - Há duas maneiras
para efetuar isso, ambas requerendo anestesia local ou geral.
Em um tipo de operação, uma incisão relativamente grande é
feita no abdômen, um pedaço de cada trompa de Falópio reti-
rado, e ambos os terminais de cada trompa são dobrados nos
tecidos adjacentes. Esse método frequentemente é usado após
o parto. O segundo método implica penetração no corpo pela
vagina para cortar as trompas. Depois desses procedimentos
a menstruação continua porque o útero está íntegro ainda.
A técnica de endoscopia ou eletrocoagulação. - Isso envol-
ve a cauterização (queimadura) das trompas com um peque-
no instrumento introduzido no corpo ou pela vagina ou por
uma incisão abdominal.
Uso de um clip ou anel para fechar as trompas de Falópio.
- Esse procedimento predispõe a trompa a tornar-se fibrosa.
Num pequeno número de casos esse tipo de esterilização tem
revertido e uma gravidez posteriormente conseguida. Não
186
obstante, quase todos os médicos comunicam que a operação
é permanente.
Microcirurgia está sendo usada agora com mais frequên-
cia para tentar efetuar a reversão da esterilização. Mas ainda
os melhores cirurgiões não têm tido sucesso em mais do que
50 por cento dos casos.
Agora é norma de alguns hospitais não fazer esterilizações
logo após o parto, ainda que esse tempo possa ser melhor
para a mãe que não tem de se ausentar do lar por um perío-
do longo, porém esse é um tempo de muita emoção, durante
o qual uma decisão pode ser facilmente tomada e posterior-
mente causar arrependimento.
Eficácia. - O que não causa surpresa, a eficácia do mé-
todo da esterilização em homens e mulheres é quase 100 por
cento.
Complicações de ligação das trompas (laqueadura). -
Complicações físicas de esterilização trompal incluem san-
gramento severo, infecção pélvica e gravidez ectópica. A taxa
de gravidez ectópica após laqueadura das trompas de Falópio
é calculada em 20 vezes mais do que ocorre ordinariamente.
A incidência de problemas menstruais tal como sangramen-
to forte varia de 8 até 25 por cento.54 Em cerca de um terço
das mulheres que sofreram uma ligação, a interferência com
os vasos que suprem sangue às trompas de Falópio produz
também um distúrbio no suprimento de sangue ao útero. Isso
pode tornar necessária uma histerectomia.
Complicações de histerectomia. - Depressão e disfunção
sexual são mais comuns após histerectomia do que após ou-
tras operações. Depressão que requer tratamento psiquiá-
trico é cerca de três vezes mais comum do que após outra
cirurgia.55 Medo relacionado à histerectomia parece profun-
damente arraigado na mulher. Esse medo prende-se a uma
possível perda de feminilidade, a perda da habilidade para
gerar filhos e os efeitos na sexualidade.
187
Os dois maiores problemas após histerectomia são perda de
interesse em sexo e dispareunia (cópula dolorosa para mulher).
Num estudo de atividade sexual após histerectomia e ex-
tirpação dos ovários, uma terça parte das mulheres se queixa-
ram de uma deterioração das suas relações sexuais, que elas
atribuíram à operação. 56 Infecção pélvica é uma complicação
em cerca de um por cento dos casos.
Esterilização masculina
A operação de esterilização do homem se chama deva-
sectomia. Esta envolve uma anestesia local seguida por inci-
sões no escroto. O médico localiza os dois vasos deferentes
(os canais ou tubos através dos quais passam os espermato-
zoides saindo dos testículos); um pedaço de cada um é remo-
vido e as pontas são ligadas.
Após a vasectomia, a presença de espermatozoides tem
sido comprovada de três semanas até três meses, possibilitan-
do concepção durante esse tempo. 57,58,59.60
Técnicas para reunir os tubos deferentes estão sendo de-
senvolvidas por microcirurgiões mas, ainda quando as opera -
ções tiveram sucesso, não voltam sempre ao funcionamento
normal a elaboração e transporte dos espermatozoides. Mé-
dicos sugerem que os homens que pensam em fazer esta ope-
ração considerem-na irreversível.
Complicações. - Complicações de vasectomia incluem
infecção e hemorragia. Uma pesquisa recente também indica
que os espermatozoides não ejaculados do corpo são destruí-
dos e absorvidos pelo sangue. Ali produziriam uma reação
imunitária, induzindo a produção de anticorpos contra eles.
Suspeita-se que entre as consequências disso haja doenças da
tireoide, das articulações, coração, circulação e diabetes. 61
188
Calcula-se que 10 por cento dos homens que sofreram
uma vasectomia experimentam alguns problemas psicológi-
cos depois . Por exemplo, alguns homens sentem que já não
estão inteiros após a operação, e sentem profunda ansiedade
e perda de estima de si mesmos.
De um amplo número de casos há evidência alarmante de que a va-
sectomia pode causar alterações notáveis no volume das químicas do
corpo de maneira que pode contribuir para doenças do coração e da
circulação.
Estas são questões que urgentemente precisam de mais estudo em pes-
soas humanas.
A vasectomia parece uma operação muito simples, mas a gente a está
vendo de um ponto de vista limitado demais.
O corpo não gosta de ser atacado, ainda que em uma simples operação,
e pode reagir.
(Dr. Malcolm Carruthers, Chefe do Serviço Clínico de Laboratório,
Maudsley Hospital e Instituto de Psiquiatria, Londres).62
Conclusão
Esforços tecnológicos para encontrar novas formas de an-
ticoncepção estão prosseguindo. Mas a cada passo a saúde e
o bem-estar de um grupo ou vários grupos de homens e mu-
lheres parecem prejudicados.
A boa notícia é que, durante o último decênio, mais e mais
atenção foi dada aos métodos naturais de controle de fertili-
dade. Essa pressão para encontrar uma solução natural veio
da comunidade em geral, bem como de equipes de investiga-
dores científicos.
Esses esforços para procurar o natural, aplicável em todas
as circunstâncias da vida reprodutiva, deram bons resultados,
como indica o próximo capítulo.
189
14
Métodos naturais de
controle da fertilidade
Paralelamente a seu desencanto com drogas e aparelhos
anticoncepcionais, é crescente o número de mulheres que es-
tão buscando um método natural para controlar a fertilidade,
um método que não interfira com os processos normais do
corpo.
Agora sabemos que a natureza providencia várias indica-
ções de que a ovulação está acontecendo ou que já aconteceu.
Essas indicações foram investigadas e vários diferentes méto-
dos de controle natural da fertilidade foram desenvolvidos.
Os principais destes métodos naturais são: o Método de
Ritmo, o Método da Temperatura Basal do corpo, o Método
Sintotérmico e o Método da Ovulação. Como se comparam
entre si?
Este capítulo pretende mostrar as diferenças entre esses
quatro tipos principais de controle natural da fertilidade. É
importante distinguir entre eles porque são bastante diversos
e porque há muita confusão em torno deles.
O sucesso no uso de qualquer desses métodos naturais
depende do grau de reconhecimento que ele lhe dá das fases
férteis e inférteis do seu ciclo menstrual.
Ademais, a motivação e a cooperação são essenciais, isto
porque todo método natural requer que se evite o coito (e
contato genital) quando você reconhecer fertilidade.
190
O Método de Ritmo
O Método de Ritmo (também conhecido como Método
do Calendário ou Método da Tabelinha)baseia-se no fato de
que a ovulação usualmente ocorre dez a dezesseis dias antes
da próxima menstruação.
Quando ciclos são regulares, o método funciona bem.
Casais podem calcular quando a ovulação vai acontecer e
podem evitar o coito por uns dias antes e depois dela.
A mulher faz seus cálculos depois de estudar a duração de
seus próprios ciclos durante seis a doze meses, tomando em
conta o ciclo mais longo e o ciclo mais curto que ela experi-
mentou.
Por exemplo, se tem ciclos que v11riam de vinte e sete até
trinta e um dias, você calcularia que o mais cedo que pode
ocorrer a ovulação será no dia 11 do ciclo ( 2 7 -16 = 11), ou o
mais tarde será o dia 21 (31 - 10 = 21). Assim, a abstinência
será recomendada entre os dias 11 e 21, e, além disso, por
outros três a cinco dias antes do dia 11, à razão de possí-
vel sobrevivência dos espermatozoides. Isto significa, com
a variação do ciclos de 27 até 31 dias, que os primeiros dias
seguros seriam 1 até 6 e os últimos dias seguros desde 22
até o fim do ciclo. Se o ciclo fosse de vinte e sete dias, isto
permitiria seis dias para o coito antes de ovulação e seis dias
depois. Se fosse de trinta e um dias, o número dos últimos
dias seguros seria dez.
Porém, tão logo ocorra qualquer irregularidade - que
pode acontecer simplesmente como resultado de um choque
emocional, viagem, doença, após uma gravidez ou na pré-
menopausa - o cálculo torna-se desconfiável.
Estudos da duração dos ciclos mostram que nenhuma
mulher é regular por natureza todo o tempo, ainda excluindo
situações de "stress" identificável.
191
A eficácia do método é 99 por cento quando os ciclos
são regulares; com irregularidade pode baixar a 53 por
cento.1
O método de Ritmo não é suficientemente confiável para
muitos casais que querem evitar uma gravidez. Ademais, é
desnecessariamente restrito. Tem sido abandonado em quase
todos os programas de planejamento familiar natural como
método para usar isoladamente; não obstante, é usado em
combinação com o registro de temperatura e de muco no
Método Sinto térmico. 2
O Método de Temperatura Basal do Corpo
No tempo da ovulação ou logo depois, há uma pequena,
mas definida, elevação na temperatura basal do seu corpo.
Como você lembra do capítulo sobre o ciclo menstrual, essa
elevação é devida ao aumento no hormônio progesterona.
A temperatura basal, registrada diariamente na mesma
hora e sob as mesmas condições, quando possível depois de
um período de descanso ou sono, é mínima antes da ovu-
lação.
Após a ovulação, a temperatura normalmente sobe com
uma alteração significativa de pelo menos 0,4 ºF (cerca de
0,2ºC).3
As mulheres práticas no Método da Temperatura deter-
minam de várias maneiras os dias seguros após a ovulação.
Algumas dizem que a elevação além de um certo nível (de-
terminado por cada pessoa) indica que a ovulação já ocorreu;
outras identificam este evento quando notam três leituras da
temperatura registradas mais altas do que as seis leituras an-
teriores. Algumas aconselham a tomar a temperatura oral,
outras a vaginal, outras a retal.
192
Se está usando o Método da Temperatura, é prudente ter
dois termômetros e comparar a leitura dos dois, um com
outro. Assim assegura-se a continuidade de um registro pre-
ciso se se partir um termômetro durante uma parte crucial
do ciclo.
Há vários problemas associados com o uso do Método da
Temperatura.
Primeiro, a alteração da temperatura dá somente uma
indicação retrospectiva de que a ovulação ocorreu, assim é
que não recebe aviso prévio da ovulação e da crescente fer-
tilidade. Isso significa que, para ter segurança em evitar uma
gravidez, você tem que evitar relações sexuais durante a pri-
meira parte do ciclo até que a pequena subida da temperatura
indique que a ovulação tenha ocorrido. Isso pode envolver
períodos de abstinência que são longos e desnecessários espe-
cialmente quando os ciclos são longos ou quando não ocorre
a ovulação, o que pode ser o padrão comum quando se deixa
de usar a pílula, ou quando se está amamentando ou na pré-
-menopausa.
Segundo, as tomadas de temperatura podem causar equí-
vocos. Uma temperatura aparentemente alta pode provir de
febre ou após a ingestão de muito álcool. Se você confiar nes-
ta leitura como indicação de que a ovulação já ocorreu, uma
gravidez poderá resultar daí. Algumas pesquisas indicam
também que, ainda quando a ovulação ocorre, a temperatura
sobe ou não de maneira notável ou pode subir em passos que
dificultam muito uma precisa interpretação.4
Terceiro, o requisito de que a temperatura deve ser to-
mada na mesma hora sob condições de descanso pode ser
difícil em muitas situações familiares, tais como quando
uma mãe tem que acordar durante a noite para atender as
crianças, ou quando uma mulher está trabalhando em dife-
rentes turnos. É importante medir a temperatura tão logo
você acorde, antes de qualquer atividade. O trinômio "tem-
193
peratura básica do corpo" refere-se à temperatura do corpo
durante descanso completo.
A eficácia do Método da Temperatura depende em grande
parte da motivação dos casais e da precisão das medidas da
temperatura sob condições de descanso.
Três dos primeiros estudos demonstram uma eficácia do
método de 76 a 86 por cento (isto é, de cem mulheres usan-
do o método da temperatura durante um ano para evitar a
gravidez, 14 a 24 ficaram grávidas).5 Um estudo mais recente,
feito em 1968, achou uma taxa de eficácia de cerca de 93 por
cento, quando o coito foi praticado apenas após a subida da
temperatura. 6
O método da temperatura tem valor quando uma mulher
está ovulando, mas tem uma anormalidade (por exemplo,
uma cérvix danificada) que destrói o padrão de muco e torna
impossível o Método da Ovulação.
O Método Sintotérmico
O Método Sintotérmico combina vários elementos do
Método da Temperatura Basal do Corpo e do Método da
Ovulação. Isto é, tanto a temperatura como o muco cervical
são usados para entender o estado de fertilidade.
Os primeiros dias seguros são calculados depois de estudar
os ciclos de seis a doze meses. Esses cálculos e a avaliação da
alteração em temperatura estão modificados em algumas va-
riações deste método à razão das observações do muco. Outros
indicadores fisiológicos da fertilidade são levados em conta
(por exemplo, dor, tensão nos seios, condição da cérvix etc.).
Muitas pessoas acham que o Método Sintotérmico é satis-
fatório durante circunstâncias normais. Quase todas as mu-
lheres ovulam regularmente durante uma grande parte de sua
194
vida reprodutiva. Contudo, quando uma mulher está ama-
mentando ou na pré-menopausa, tem que enfocar o muco
(em vez dos cálculos de Ritmo e de Temperatura e dos outros
elementos do Método Sintotérmico ).
Nos primeiros dias do ciclo, se se der precedência às ob-
servações do Ritmo, a abstinência aumentará enquanto os
ciclos duram progressivamente mais tempo devido a ovula-
ção estar ocorrendo mais tarde no ciclo. Quando não houver
ovulação, a abstinência será total.
O problema principal com a combinação dos métodos é
que, se os diferentes sinais de ovulação estão em discordân -
eia, há uma tendência para confusão, ansiedade e abstinên-
cia resultarem; assim o controle da fertilidade se torna muito
mais conplexo do que tem que ser.
Estudos hormonais mostram que o muco é o sinal mais
confiável da fertilidade. Se um indicador menos exato vier a
assumir importância primordial, será difícil transferir con-
fiança aos sinais de muco quando a ovulação falhar e quando
a temperatura parar de subir.
As taxas de gravidez com o uso do Método Sintotérmico
variam segundo o estudo e segundo a variação do método
usado no estudo. Uma pesquisa dos Centros de Planejamento
Familiar Natural na Austrália calcula uma taxa de gravidez
relacionada ao Método Sintotérmico de 2,5 por cento, e uma
cifra cumulativa de 12,3 por cento depois de um ano de uso,
incluindo gestações devidas à má compreensão do método ou
à opção deliberadade não seguir as indicações do método.7
O Método da Ovulação
Como foi detalhado nos capítulos anteriores, a base do
Método da Ovulação é a percepção própria da mulher do
muco produzido pela cérvix (colo uterino). Esta percepção
195
lhe dá uma indicação reconhecível e cientificamente compro-
vada de seu estado de fertilidade.
O método se aplica a todas as fases da vida reprodutiva,
ciclos regulares, ciclos irregulares e anovulatórios, amamen -
tação, pré-menopausa, e depois de deixar o uso da pílula.
Outros métodos naturais que confiam em ciclos regulares
são inadequados em muitas dessas situações, e podem falhar
em tempo de necessidade crítica.
Estudos repetidamente comprovam uma taxa de gravidez
relacionada ao método de 1a3 por cento (veja o que o capítu-
lo 16 descreve acerca de pesquisas do método) . Isso significa
que em cem casais que usam o método segundo as normas,
por um ano, entre uma e três gestações ocorrerão.
A taxa de eficácia sai extremamente bem em comparação
com outros métodos de controle da fertilidade tais como a
pílula e o DIU (veja capítulo 13).
No uso atual, mais gestações podem acontecer, devido a
mau entendimento do método ou ensinamento inadequado
(O a 6 por cento, taxa de gravidez) ou uma decisão do casal de
não seguir as normas, dando uma taxa acumulativa de gravi-
dez de cerca de 20 por cento.
Quase todas as mulheres poderiam aprender o método,
lendo este livro com cautela e, no caso de qualquer dificulda-
de ou incerteza, procurando a assistência de uma instrutora
credenciada do Método da Ovulação.
Não há dúvida de que as mulheres têm um conjunto de
sinais inatos referentes à sua fertilidade. Está continuamente
crescendo o número de mulheres que estão encontrando no
uso desses sinais uma experiência libertadora.
196
15
Investigação científica
sobre o
Método Billings
A importância do muco como sinal natural da fertilidade
tem sido reconhecida durante os últimos vinte anos. Passo a
passo, investigações científicas têm descoberto a parte vital
desse muco no início de toda nova vida humana. Examine-
mos os resultados fundamentais dessas investigações.
Fases do ciclo
O Método da Ovulação baseia-se em comprovados acon-
tecimentos do ciclo menstrual. O ciclo menstrual pode ser
dividido em quatro fases:
1. A fase de sangramento ou menstruação: Esta é um indi-
cador conveniente do começo e fim do ciclo.
2. Os primeiros dias inférteis: O número desses dias va-
ria de mulher para mulher. A fase pode durar muitas
semanas em ciclos longos; pode ser mínima em ciclos
muito curtos.
3. A fase fértil: Durante esse tempo a cérvix (colo uterino)
produz muco fértil e o ovário solta um óvulo. Essa onda
197
de fertilidade varia no tocante à duração de casal para
casal (variação de 5 a 7 dias).
4. Os posteriores dias inférteis: Estes começam após a ovu-
lação e a morte do óvulo. A infertilidade continua du-
rante o resto do ciclo e até a cérvix produzir muco fértil
no próximo ciclo.
Ovulação e fertilidade
Logo no início do ciclo as possibilidades da gravidez são
praticamente zero. Então, se o coito ocorre cerca de doze ho-
ras antes da ovulação, até 50 por cento dos casais conseguirão
uma gravidez. A fertilidade diminui rapidamente a zero no-
vamente nas vinte e quatro horas após a ovulação.
Nem todo ciclo menstrual tem uma fase fértil. Vários es-
tudos indicam que 6 a 11 por cento dos ciclos em mulheres
sadias são anovulares (isto é, nenhum óvulo está solto e, por
isso, a gravidez não pode acontecer).
A concepção pode ocorrer somente em ciclos ovulató-
rios, por suposto, e nestes apenas se o coito acontecer em um
tempo apropriado do ciclo e se o muco de um tipo idôneo for
produzido pela cérvix.
Acontecimentos hormonais do ciclo
As alterações do muco cervical refletem uma cadeia muito
complexa de acontecimentos no sistema hormonal do corpo.
No início do ciclo, a glândula pituitária na base do cérebro
começa a produzir duas químicas mensageiras, hormônio lu -
teinizante (LH) e hormônio estimulante do folículo (FSH).
198
Há um centro superior de controle dessa produção de FSH
e LH localizado na área cerebral chamada de hipotálamo.
O hipotálamo atua como um computador; analisa os si-
nais nervosos de outras áreas do cérebro, inclusive os gera -
dos pelas emoções e pelos fatores ambientais tais como luz e
penumbra; também analisa os sinais hormonais referentes à
fertilidade.
Os folículos (isto é, os grupos de óvulos imaturos, cada
um envolto numa esfera de células) dentro dos ovários têm
um requisito limiar de FSH baixo do qual nenhuma estimu-
lação ocorre (isto é, o FSH tem que chegar a um certo nível
no sangue, antes que os folículos comecem a se desenvolver).
Durante os primeiros dias do ciclo, o nível de FSH está
abaixo do limiar; o muco usualmente é pouco e viscoso ou
totalmente ausente. Esses dias, quando não há mudança, são
reconhecidos como o Padrão Básico de Infertilidade, ou de
secura ou de muco (veja capítulo 4).
Uma vez que o nível de FSH chega ao limiar, um grupo de
folículos começa a se desenvolver. Estes folículos produzem
o hormônio estrógeno. Nessa fase, você notará uma mudan-
ça: se até esse ponto tinha dias secos, agora notará muco; se
até esse ponto tinha muco, agora notará que o muco está se
alterando.
Se a produção de FSH está parada nesta fase intermediá-
ria, os folículos ficam em um estado de estimulação crônica
que poderá levar à aparência intermitente de muco fértil e
episódios de sangramento, indicando algum crescimento do
endométrio, a camada interior do útero.
A ovulação demora-se até uma subida posterior de FSH.
Essa situação de ovulação demorada ocorre em alguns ci-
clos devido a "stress" ou doença e é comum ao fim da ama-
mentação, quando deixam o uso da pílula e quando se apro-
xima a menopausa.
199
Quando um folículo está se desenvolvendo de uma ma-
neira satisfatória, ele produz o hormônio estradiol, um estró-
geno, que atua como um sinal para avisar o cérebro do nível
da atividade ovariana.
Como resposta ao alto nível de estradiol, a glândula pitui-
tária diminui sua produção de FSH e produz pequenas quan-
tidades de LH numa série de emissões durante um período
de quarenta e oito horas. O folículo dominante amadurece
rapidamente e alterações importantes ocorrem nos cromos-
somos do óvulo, que contêm a matéria hereditária genética.
Esse pico ou Ápice de nível de LH provoca a ovulação cer-
ca de dezessete horas depois. O LH também é responsável
pela produção do corpo lúteo (corpo amarelo) que se forma
do folículo vazio e das células vizinhas do ovário após a libe-
ração do óvulo.
Após a ovulação, o corpo amarelo produz os hormônios
progesterona e estradiol. Estes são necessários para o cres-
cimento e desenvolvimento continuado do endométrio nu-
tritivo em preparação para uma possível implantação, se um
espermatozoide fertilizar o óvulo.
Na ausência de gravidez, a produção desses hormônios di-
minui após cerca de dez dias, assim removendo a ajuda hor-
monal ao endométrio. Quando este está descamado, ocorre
o sangramento menstrual, e o ciclo começa novamente com
uma subida de FSH.
Vários outros hormônios poderiam influir no ciclo
menstrual, mas a importância deles ainda não ficou deter-
minada.
200
Desenvolvimento do Método da Ovulação Billings
No desenvolvimento do método houve quatro estágios
contemporâneos:
• Cuidadosa observação clínica de mulheres durante muitas
centenas de ciclos para estabelecer um padrão de muco
reconhecível pela mulher e um conjunto de diretrizes ou
normas para controle efetivo da fertilidade.
• Verificação científica dessas normas.
• Estudos para avaliar a eficácia do método.
• Proposta de um programa do ensino e treinamento de
instrutores do Método da Ovulação.
O primeiro avanço
Em meados da década de 1960, o muco foi considerado
um indicador de fertilidade reconhecível apenas em cerca de
80 por cento das mulheres. Como resultado, os cálculos de
Ritmoe as medidas de temperatura também foram ensina-
dos, quando a percepção de muco não pareceu adequada.
Contudo, dois problemas existiam ainda. Usando os cál-
culos do Ritmo, sete dias no máximo, no início do ciclo pu-
deram ser considerados inférteis e assim disponíveis para
relações sexuais. Isso impôs limitações sérias durante ama-
mentação, ciclos longos que ocorrem naturalmente e nos
anos pré-menopáusicos quando os ciclos são dispostos a ser
longos e a ovulação é um acontecimento cada vez mais raro.
(Alguns esforços foram feitos para reduzir ciclos artificial-
mente, usando hormônios - um plano que nós rejeitamos.
Também resistimos à prática de aconselhar mães jovens a ces-
sar a amamentaçãb para poder ovular.)
201
Casais que confiavam na subida da temperatura para indi-
car infertilidade pós-ovulatória frequentemente enfrentaram
longos períodos de abstinência desnecessária quando a ovu -
lação não ocorria em alguns ciclos.
As soluções para esses problemas se encontraram em va -
lorizar mais as observações do muco e as sensações das mes-
mas mulheres.
Tornou-se óbvio que, quando mulheres ensinavam o
Método da Ovulação a outras mulheres, praticamente todas
as mulheres (não apenas 80 por cento, como tinham pensa-
do instrutores masculinos) souberam produzir um padrão
reconhecível de muco. Isso significou que as observações de
muco por si só foram adequadas para o reconhecimento da
ovulação.
Notou-se também que, antes do muco começar seu desen-
volvimento rápido levando-o ao Ápice de fertilidade, muitas
mulheres experimentavam uma "sensação positiva de nadà'
que elas chamavam de "dias secos''.
A investigação em forma concentrada de todos os "casos
difíceis" - isto é, mães amamentantes e mulheres pré-me-
nopáusicas - levou a um estudo detalhado das situações de
ovulação prolongada. Gradualmente se entendia que secura
ou uma pequena e constante quantidade de muco continuava
por um longo tempo até uns poucos dias antes da ovulação,
quando era então substituído por um muco com as caracte-
rísticas bem reconhecidas de fertilidade.
Notou-se afinal que as observações e as sensações de muco
poderiam avisar a mulher de tudo o que ela precisava saber
sobre fertilidade tanto antes como depois da ovulação. O pro-
blema de um ciclo longo, ou de um ciclo no qual não ocorre
ovulação, ficou assim resolvido.
O refinamento final do Método da Ovulação aconteceu
em 1971, quando foi eliminada a necessidade de medidas de
202
temperatura como parte do ensino do método: toda a atenção
foi dada aos sinais do muco. Após isso, ocorreu rapidamente
um aumento no entendimento do muco como indicador da
fertilidade e de anomalias ginecológicas. Pela primeira vez, os
"casos difíceis" foram resolvidos. Somente faltou a verificação
e difusão dessa informação pela organização de um serviço
de ensinamento competente.
Investigação de gestações
Um aspecto importante do estudo clínico foi a investi-
gação cautelosa de todas as gestações, planejadas e não pla-
nejadas, entre usuárias do Método da Ovulação. De uma
maneira especial, muita atenção está dirigida agora ao en-
tendimento da razão pela qual ocorrem gestações em cerca
de 1 a 3 por cento dos casais que seguem as normas para
evitar uma gravidez.
Estudos hormonais
Muitas das primeiras investigações-chave no método fo-
ram feitas pelo Professor James Brown, da Universidade de
Melbourne, e pelo Professor Henry Burger, da Universidade
de Monash.
Entre si eles observavam os hormônios reprodutores de
centenas de mulheres usuárias do Método da Ovulação du-
rante mÚhares de ciclos.
Em 1962, o Professor Brown começou estudos hormonais
em Melbourne com o propósito de determinar a validez das
observações e sensações do muco cervical como indicadores
de fertilidade.
O Professor Brown fora apelidado de "Senhor Estróge-
no" quando era diretor-assistente da Unidade de Investigação
203
de Endocrinologia Clínica, na Universidade de Edinburgo.
Seu trabalho lá implicou ajuda a casais inférteis para conse-
guirem a gravidez. Isto foi possível por sincronizar o coito
com os níveis mais altos do hormônio estrógeno registrados
nos exames de sangue pelo laboratório.
Isso teve sucesso. Não obstante, mais tarde o professor
Brown confirmou que a percepção do muco cervical pelas mu-
lheres pode indicar ovulação com precisão maior do que as me-
didas dos estrógenos.
Enquanto trabalhava com outros investigadores envolvi-
dos na direta visualização dos órgãos do abdômen e pelve por
laparoscopia, o professor Brown também ajudou a estabele-
cer o relacionamento entre os hormônios estrógeno e proges-
terona, as alterações do muco e a ovulação.
Conclui que o uso do muco como indicador da fertilidade
ou infertilidade e as normas do Método da Ovulação tiveram
uma base científica firme.
Enquanto o professor Brown trabalhava nos hormônios
estrógeno e progesterona, o professor Burger (atualmente di-
retor do Centro de Investigações Médicas do Hospital Prín-
cipe Henrique, em Melbourne) trabalhava pioneiramente
em outros hormônios que regulam o ciclo menstrual. Estes
incluem o hormônio estimulante do folículo (FSH) e o hor-
mônio luteinizante (LH).
Utilizando amostras de sangue de usuárias principiantes
do Método da Ovulação, foi possível para o professor Brown
estudar as alterações em LH (que provoca a ovulação mesma)
e FSH (que estimula o desenvolvimento do folículo que con-
tém o óvulo) durante os ciclos de mulheres normalmente fér-
teis. Os professores Brown e Burger, trabalhando com o Dr.
Kevin Catt, também mostraram que a soltura de LH seguia o
pico do estrógeno no meio-ciclo.2
O primeiro informe da investigação relacionando altera-
ções nos hormônios ao sintoma do muco foi publicado em
204
"' o
13
"()
Q)
"O
"' >
~
:;
E
:J o
E
Q)
Ol
.l!l
e
Q)
e
o
o..
CORRELAÇÃO ENTRE NiVEIS DOS HORMÔNIOS E OBSERVAÇÕES
DO MUCO PELAS MULHERES
100
80
60
40
20
o
Primeira mudança do muco
Primeira elevação do estrógeno
.•
-12 -10 -8 -6 -4 - 2 o
Dia de ciclo referente ao Ápice de estrógeno = Dia O
Este gráfico, baseado em 43 ciclos, mostra a estreita correlação entre o re-
conhecimento por uma mulher das alterações no muco (e assim da possível
fertilidade) e a primeira subida significativa nos estrógenos (Brown e Burger).
100
80
"' o
13
"()
Q) 60
"O
"' >
~
:; 40 E
:J o
E
Q)
20 Ol
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Q) e .. o
o.. o
-4 -2
• • ·' ·'
.1'
.'
I ;'
' · Ápice de estrógeno
·=::t==::=t=, na urina
1
,' último dia de muco fértil
; j (ápice)
~ / __ ; _ primeira subida
1 ! de progesterona ,, , __ _
: ,' f--- subida do TBC
1/ 1
: J ,, /
,' ~·' , , .
o 2 4
Dia de ciclo referente ao Ápice de hormônio luteinizante (LH) = dia O
Este gráfico mostra o alinhamento próximo entre as observações por uma mu-
lher de seu dia Ápice e a identificação da ovulação feita por avaliação de níveis
hormonais em 23 ciclos (Brown e Burger).
205
1972 na revista médica britânica Lancet.3 Este informe esta-
beleceu a relação entre o alto nível de LH, ovulação e a ob-
servação de um grupo de mulheres do sinal do seu muco no
Ápice.
Esses resultados foram confirmados por Flynn4, na Ingla-
terra, Casey5, na Austrália, Cortesi6, na Itália e Hilgers7 nos
Estados Unidos.
Estudos posteriores dessas relações foram feitos sob opa-
trocínio do programa de investigação de reprodução humana
da Organização Mundial de Saúde.
A evidência disponível indica:
• A subida inicial de estradiol, que resulta em muco tipo
fértil e que dá aviso da possível fertilidade, começa aproxi-
madamente seis dias antes da ovulação.
• O pico ou Ápice de estradiol ocorre cerca de trinta e sete
horas antes da ovulação.
• O nível de LH começa a subir cerca de trinta a quarenta
horas antes da ovulação, chegando ao máximo cerca de
dezessete horas antes da liberação do óvulo.
• O sinal do Ápice de muco, determinado pelas próprias
mulheres, ocorre aproximadamente 0,6 dia (catorze ho-
ras) antesda ovulação. Em cerca de 85 por cento das mu-
lheres, o Ápice ocorre dentro de um dia da ovulação, e em
95 por cento, dentro de dois dias. Veja o diagrama (pág.
209) que ilustra estas relações.
Estudos sobre o muco
Estudos acerca do muco cervical, particularmente em re-
lação à investigação de infertilidade, têm confirmado que o
206
UMA CORRELAÇÃO ESQUEMÁTICA
1(a)
1(b}
30
20 ---- FSH -LH
10
----- ----- --- __ .,. -- -------------o
1(c) --- progesterona na urina 1
... --\ ----- estrógeno na urina
, 1
/ \ ;"'
,' " --.,..,,..,, ......... /,, ' ' ' '
40 ... ~- -- - - ---
20
o L....:::::::=====::::::::. ________ _J
1 (a) O gráfico de uma mulher mostrando o Ápice de fertilidade como ela
o identificou
(b} Os hormônios da pituitária, FSH e LH (Brown e Burger).
(c) Os hormônios do ovário na forma de progesterona e estrógeno na
urina (Brown e Burger).
100 .- -·- - - - - - - ·- ·-"
80 -·--·-·-- .• . _ ,----- ,.,.,
60 ·-·-....... / ', /
40 ,,><.:_ ' .'
20 ................. __ ... ... ... --' \\
- muco-S
--- muco-L
·-·-- muco-G
o
-10 o 10
2 Tipos de mudo cervical, mostrando quando o muco está mais penetrá-
vel pelos espermatozoides (Odeblad).
3
125
80
60
40
20
o
-10 10
Números de canais, indicando quando o muco mais favorece o trans-
porte de espermatozoides (Hilgers).
207
muco tem que ter características especiais para ajudar os es-
permatozoides a alcançar e fertilizar um óvulo.8
Essas características especiais dão ao muco fértil a qua-
lidade lubrificante e sua aparência filamentosa e de clara de
ovo cru.
Desde os anos 50, o professor Eric Odeblad e seus colegas
na Universidade de Umea na Suécia investigaram as proprie-
dades biológicas e físicas do muco cervical.9 Eles mostraram
que três diferentes tipos de muco são produzidos por par-
tes especializadas do colo uterino durante o ciclo menstrual.
Esta produção de muco é controlada por hormônios, espe-
cialmente por estrógeno e progesterona.
Os diferentes tipos de muco ou impedem ou facilitam o
movimento dos espermatozoides através do sistema reprodu-
tivo. A quantidade relativa de cada tipo é decisiva na determi-
nação do estado da fertilidade da mulher.
Durante os primeiros dias inférteis o muco é composto
mormente de fibras de proteína que formam uma barreira
impenetrável aos espermatozoides. Este muco de tipo barrei-
ra tem a qualidade de ser opaco e pegajoso. É chamado de
"tipo-G" pelo professor Odeblad.
O próximo tipo que aparece apresenta grumos ou pé-
rolas que lhe dão uma contextura grossa e como coágulo.
Quando distendido entre os dedos o muco mostra essa es-
trutura perolina. O professor Odeblad nomeou este muco
o "tipo-L".
Quando posto numa lâmina e examinado com um mi-
croscópio, este tipo-L demonstra um arranjo floral de cristais
que tem ramos perpendiculares.
É a percepção deste muco tipo-L que sinaliza uma mu-
dança no Padrão Básico de Infertilidade.
No princípio, este muco tipo-L mistura-se com o muco
tipo-barreira. Depois, passa a substituí-lo completamente.
208
muco tipo-S
muco tipo-L
PRODUÇÃO DE MUCO NA CÉRVIX
- muco-S
- muco-L
- muco-S
- muco-L
- muco-S
- muco-L
Muco filamentoso tipo-S numa
lâmina, mostrando pérolas de
muco tipo-L
Estas ilustrações mostram a estrutura distinta dos três tipos de muco
produzidos pela cérvix_
O muco tipo-S forma canais para o transporte fácil dos espermatozoi-
des_ O tipo-L permite penetrabilidade parcial e a filtração de espermato-
zoides defeituosos_ O tipo-G forma uma barreira impenetrável.
Na ovulação, o tipo-S predomina_ Após a ovulação, a proporção do im-
penetrável tipo-G aumenta depressa_ (Desenhos adaptados de Ode-
blad)_
O muco tipo-L tem um número de funções bem impor-
tante. Primeiro, neutraliza a vagina ácida para que os esper-
matozoides possam sobreviver. (Normalmente a vagina é
hostil à sobrevivência dos espermatozoides; somente na pre-
sença do muco protetor os espermatozoides podem reter sua
habilidade de fertilizar um óvulo). O muco tipo-L também
caça e coa espermatozoides defeituosos. Outra função impor-
tante é fornecer um suporte estrutural para o terceiro tipo de
muco, conhecido por muco fértil tipo-S.
209
Quando o muco pode ser distendido (uma propriedade
do muco tipo-S), o muco tipo-L pode ser visto como pérolas
ou grumos em intervalos ao longo dele.
O muco tipo-S indica um alto nível de fertilidade e tem
uma qualidade lubrificante, semelhante à clara de ovo cru.
Devido a sua natureza lubrificante, aparece depressa na en-
trada da vagina onde produz a sensação de molhada. Quando
distendido, ele forma fios ou curvas.
Mulheres com fertilidade normal notam o começo de
muco tipo-L e tipo-S cerca de seis dias antes da ovulação (a
variação é de três a dez dias). 10
Outras notam ou sentem o muco fértil só por meio dia e
só em alguns ciclos.
Estudos com casais inférteis mostram que a presença des-
te muco tipo-S (que produz desenho característico em forma
de samambaia quando extendido numa lâmina) é essencial
para a concepção ocorrer. 11
Em exame microscópico, este padrão de samambaia re-
vela-se como devido à presença de canais dentro do muco
tipo-S.
O professor Thomas Hilgers da Universidade Creighton
em Omaha, Nebraska (EUA) examinou a natureza exata des-
ses canais e sua participação em facilitar o transporte rápido
dos espermatozoides nas trompas de Falópio.12
Ele notou que paralelamente ao aumento de fertilidade
durante a fase fértil do ciclo, é maior o número de canais.
Estes canais, que se formam dentro do muco tipo-S, são sus-
tentados pelo muco tipo-L.
O professor Hilgers estudou a relação entre o número de
canais de muco extraído da cérvix e o diagnóstico de mulhe-
res sobre seu estado de fertilidade ou infertilidade baseado
nas suas próprias observações e sensações.13
210
PRODUÇÃO DE MUCO NA CÉRVIX
Copo de muco capturando o
espermatozoide defeituoso
111~~~-- cripta
LJ~~~-- muco tipo-S
~R>-- muco tipo-L
'-"--'--- muco tipo-G
O interior da cérvix mostrando a formação dos três tipos de muco em criptas
separadas. O tipo mais fértil , o S, produzido nas criptas mais elevadas, forma
canais úmidos para o transporte do espermatozoide. Este tipo é produzido
nas proximidades do dia Ápice de fertilidade.
O muco coposo L elimina os espermatozoides defeituosos e provê a estrutura
necessária para apoiar os canais formados pelo tipo fértil S.
O tipo impenetrável, o G, forma-se nas criptas mais inferiores da cérvix. (De-
senhos adaptados de Odeblad).
Nestas investigações fez-se uso de uma técnica especial
para obter e estudar o muco. Na técnica, tira-se uma amostra
do muco do centro do canal cervical, preparando-a para exa-
me microscópico, e então estudando-o sob ampliação.
As mulheres participantes nestes estudos não fizeram exa -
mes internos em si mesmas.
211
O professor Hilgers encontrou uma correlação muito es-
treita entre os dados dos canais e o diagnóstico das mulheres
sobre o próprio estado de fertilidade.
No tempo de ovulação, cerca de 400 desses canais estão
tipicamente presentes na área do colo e da vagina. O número
é maior no dia do Ápice (este dia sendo determinado pelas
próprias mulheres).
O professor Hilgers confirmou que estes canais dentro do
muco fértil permitem à cérvix atuar como um tipo de porta
ou válvula biológica, fornecendo um caminho através do qual
os espermatozoides se movem até as trompas de Falópio onde
ocorre a concepção.
O Professor Odeblad também deu evidência confirmató-
ria de que esses canais atuam como passagens perto do tempo
do Ápice e que sua ausência após o Ápice remove a possibili-
dade da entrada dos espermatozoides. Também mostrou que
espermatozoides podem ir diretamente ao útero e às trompas
de Falópio, ou podem ficar por um tempo nas glândulas da
cérvix onde o muco tipo-S é produzido.
Esses espermatozoides parecem ser reativados pelo con-
tato com fluído do útero. Este mecanismo de descanso e rea-
tivação explica comoa vida dos espermatozoides pode ser
prolongada por vários dias após um só ato do coito.
Uma vez que os espermatozoides conseguem entrar no úte-
ro e nas trompas de Falópio não sobrevivem por muito tempo.
O professor Odeblad achou que o muco fértil tipo-S usual-
mente começa a ser substituído pelo muco tipo-G (muco
tipo-barreira) bem antes da ovulação. Mas alguns canais per-
duram por um dia após a ovulação, possibilitanto a fertiliza-
ção de um óvulo durante a vida inteira dele, isto é cerca de
doze horas. 14
O muco infértil tipo-G gradualmente escurece e então
substitui o muco fértil. O professor Hilgers e outros demons-
212
trararil um conteúdo maior de água no muco no tempo de
ovulação. 15 ' 16 Isto assegura a chegada rápida do muco na en-
trada da vagina, eliminando a necessidade de a mulher exa-
minar sua própria cérvix.
A predição da ovulação pelas observações do próprio
muco da mulher pode ser confirmada por uma ultrassono-
grafia. Trata-se de nova técnica "não invasiva" para a obten-
ção de uma imagem de vários órgãos do corpo por ondas
sonoras. Durante a semana antes da ovulação,.o folículo que
contém o óvulo cresce até um diâmetro de 24 mm. O diagra-
ma abaixo ilustra um exemplo prático. Uma ultrassonografia
tomada diariamente fornece estas medidas que mostram a
relação estreita com o registro do muco da mulher.
CORRELAÇÃO DE ULTRASOM
Ê
li m 111111 1 §Rt±l 111111 1111111
A validade das observações e sensações do muco
Investigações têm fornecido evidência indisputável de que
os acontecimentos hormonais e do muco durante o ciclo se
relacionam extremamente bem com as observações e sensa-
ções da mulher.
213
Enquanto quantidades ainda pequenas de muco fértil po-
dem ser vistas ou sentidas na entrada da vagina, a percepção
do muco pela mulher lhe dá uma indicação eficaz e confiável
dos primeiros e dos últimos dias inférteis e do tempo fértil
perto ao Ápice de fertilidade.
214
16
Estudos sobre o Método
A variedade de métodos e termos usados em estudos clí-
nicos dificulta extremamente a avaliação e comparação dos
métodos de controle da fertilidade. Este capítulo pretende
abrir um caminho através de uma selva de palavras para que
você possa julgar sobre a eficácia, segurança e aceitabilidade
do Método da Ovulação relativo a outros métodos. Primeiro,
uma explanação de alguns dos termos frequentemente usa-
dos em estudos e pesquisas.
Terminologia dos Estudos
Taxa de gravidez relacionada ao Método. - Este termo in -
dica o número de gestações, expresso em porcentagem, que
ocorrem quando os casais cumprem as diretrizes corretas de
um método particular. A taxa, corretamente determinada, in -
dica que o método não cobriu uma porcentagem de circuns-
tâncias biológicas.
Todo método de controle de fertilidade apresenta tais fa-
lhas, incluindo a pílula, o DIU e ainda a esterilização (veja
capítulo 13). As razões dessas falhas em geral são desconhe-
cidas.
Estudos indicam que a taxa de gravidez relacionada ao
método pelo Método da Ovulação é 0,5 a 2,9 por cento. Isto
significa que, de 100 mulheres usando o método por um ano
215
e consistentemente seguindo as normas, entre uma a três po-
dem engravidar.
Taxa de gravidez relacionada ao Ensino. - Este item se apli-
ca a gestações que resultam de ensino incorreto de um método,
ou a uma falha de entendimento pela usuária do Método.
A usuária cumpre as instruções como ela as entende, mas
a falta de entendimento é evidente a um instrutor experiente
ou a um médico.
Com respeito ao Método da Ovulação, este item varia en-
tre O e 6 por cento.
A variação depende mormente da qualidade do ensino.
Quando a instrutora é comprometida com o sucesso do mé-
todo e é competente e experiente, a taxa de falhas relaciona-
das ao ensino tem sido reduzida a zero.
Taxa de Continuação. - Isto é uma indicação da aceita-
bilidade do método e é julgada pela prontidão de usuárias
a continuarem com o método por um longo período e ao
voltarem ao uso do método após a gravidez. A vontade para
continuar com um método após a gravidez mostra que as
circunstâncias da gravidez foram entendidas e ficaram sob o
controle do casal.
Porque sua fertilidade é íntegra, ambas as opções estão
abertas a usuárias - ou para evitar ou para conseguir uma
concepção - e elas podem decidir mudar suas opções de
tempo em tempo.
Em geral, quando o ensino é bom, as pesquisas do Método da
Ovulação mostram uma taxa alta de continuação (veja p. 76s).
Taxa total de gravidez. - Este item inclui gestações que
resultam de falha de um método particular em considerar
todas as circunstâncias biológicas, falta de entendimento do
216
método, riscos enfrentados pelos casais, indecisão quanto a
evitar gravidez, e a decisão do casal de exercer a segunda op-
ção e conseguir uma gravidez.
Dentro desta categoria podem estar um número de gesta-
ções que resultam do coito quando falta um acordo entre os
esposos.
Em qualquer pesquisa de qualquer método de controle de
fertilidade um casal pode optar e não seguir as normas.
Razões pessoais ou familiares podem levar um casal a sair
de um estudo, simplesmente não seguindo as instruções para
o uso eficaz do método sob investigação. Este é um direito de
todo casal: sem esse princípio fundamental, as necessidades
dos indivíduos não são tomadas em conta.
A taxa total de gravidez em pesquisas do Método da Ovu-
lação varia de 14 e 25 por cento. Isto significa que de 14 a 25
gestações ocorrem entre cem casais participantes em estudo
do Método da Ovulação por um ano.
O Método da Ovulação permite a opção ou para evitar uma
gravidez ou para consegui-la e, assim, a taxa total é relativa-
mente alta, e varia muito de pesquisa a pesquisa. Alguns outros
métodos de controle de fertilidade não permitem a segunda
opção aos casais no mesmo grau, por isso, é de se esperar que a
taxa total de gravidez relacionada com eles seja menor.
O índice de Pearl. - Quase todas as taxas citadas pela pílu-
la, DIU, condom e outros métodos de controle de fertilidade
são números expressos no índice de Pearl. Estes referem-se a
vários tipos de taxa de gravidez e indicam o número de gesta-
ções que ocorrem por "100 mulheres-ano" de uso (isto é, 100
mulheres por um ano, 50 mulheres por dois anos, 1 O mulhe-
res por dez anos).
Um problema com este item é que quanto mais longo o
tempo de seguim.ento das usuárias, melhor parece ser o ín -
217
dice de Pearl. Isto porque as mulheres que engravidam estão
dispostas a fazê-lo logo no início - ou porque correm riscos,
entendem mal o método, não têm uma decisão firme sobre a
questão de mais filhos ou porque o método em estudo falha
na cobertura de suas circunstâncias biológicas.
Quanto mais tempo o investigador estudar as mulheres, mais baixo o
índice. Ademais, iniciando estudos para medir a eficácia, se às usuá-
rias com vários anos de uso do método for permitido inscreverem-se,
a eficácia aparente será muito maior do que se o estudo for limitado
apenas a novas usuárias. Isto é verdade ainda tomando em conta a
idade, a paridade e todas as demais variáveis demográficas que sabe-
mos influir no índice de Pearl.1
Robert Potter, da Universidade Brown, EUA, comenta:
"Permitindo anticonceptoras bem-sucedidas contribuí-
rem com seu histórico durante um período suficientemente
longo, pode-se obter de quase quaisquer amostras uma exce-
lente taxa de gravidez no índice de Pearl:'2
Taxa de gravidez
exprimida
em porcentagem
FÓRMULA DO ÍNDICE DE PEARL
Nº de gestações
Nº de "meses-mulheres"
de exposição á possibilidade
de gravidez
1200 (ou 1300,
que está
relacionado
a meses lunares)
Para superar deficiências do índice de Pearl, outros méto-
dos de medição foram desenvolvidos, com o propósito prin-
cipal de encampar a taxa de "largar o uso do método" bem
como a taxa de "gravidez': Tais métodos se chamam de ''Aná-
lise de tabela de vidà' e são usados mais frequentemente em
informes atuais.
218
A taxa de abandonodo método fornece indicação se efei-
tos colaterais são comuns e se casais acham o método satisfa-
tório no uso.
Avaliação completa
Na avaliação do valor de qualquer método de controle de
fertilidade são importantes muitos fatores: exame cauteloso
dos dados dos estudos, materiais do ensino, atitudes de ins-
trutores, motivação dos casais, aceitabilidade, também quais-
quer efeitos colaterais físicos ou psicológicos. Tais avaliações
completas estão apenas começando.
Assim, por exemplo, resultados das pesquisas para a pílu-
la usualmente não incluem a taxa total de falhas. (A citação
frequentemente feita de uma falha de um por cento no uso da
pílula se refere à taxa de falha biológica relacionada com os
métodos).
Em estudos que incluem às mulheres que eram incapazes
ou sem vontade de tolerar a pílula e a abandonaram como
método de anticoncepção, a taxa total de gravidez é de 20 por
cento em um ano. 3
Tonga
Um dos primeiros estudos obtidos do Método da Ovula-
ção foi conduzido em Tonga, no Pacífico, em 1970-1972.4
Entre 282 mulheres de Tonga que usaram o método por
um total de 2.503 meses, uma gravidez resultou de uma apa-
rente falha do método e duas foram classificadas como falhas
relacionadas ao ensino.
219
Uma gravidez relacionada ao método foi notada quando o
casal entendeu e cumpriu as instruções a rigor. Uma gravidez
relacionada ao ensino foi notada quando houve um erro da
parte do casal, o qual a instrutora pôde explicar-lhes satisfa-
toriamente.
Outras cinquenta mulheres optaram pelo coito num dia
que elas mesmas reconheceram como dia de muco fértil; fi-
cando grávidas, elas não tiveram dificuldade em entender
porque a gravidez ocorreu: quarenta e nove dessas mulheres
disseram que pretendiam usar o método após o nascimento
de seus nenês.
Nesse estudo, a taxa de gravidez relacionada ao método
(baseada em cálculo do índice de Pearl) era 0,5 por cento por
100 "mulheres-anos" de uso (isto é, se 100 mulheres usaram
o método segundo as diretrizes, no máximo ocorreria num
ano somente uma gravidez). O índice de Pearl para o total de
gestações era 25 por cento.
Às vezes se precisa de uma gravidez para um casal entender que o
método funciona ... O estabelecimento do método se acompanha por
sentimentos de alívio e liberdade. Muitas mulheres se apressam a in-
formar outras mulheres do método e especialmente em ensinar as
próprias filhas para que elas também possam espaçar suas famílias.
(M.C.Weissman, investigador-chefe, "Estudo em Tonga").
Austrália
Bali (1976)3 estudou 122 usuárias do Método da Ovula-
ção, que vieram de Centros de Planejamento Familiar Natu-
ral, em várias partes da Austrália. Um total de 1.626 ciclos
foram investigados, cada mulher contribuindo com cerca de
treze ciclos.
220
Toda participante foi de fertilidade comprovada tendo le-
vado pelo menos uma gravidez ao término e todas observa-
ram pelo menos um ciclo ovulatório desde o último parto.
A taxa de gravidez relacionada ao método era 2,9 por cen -
to (quatro gestações). Exame das gestações, depois de apa-
rente fidelidade às normas, indicou que os espermatozoides
teriam vivido cinco a seis dias em um caso, seis a sete dias em
dois casos e sete a oito dias em outro caso.
Um tempo de 5 ou 6 dias de sobrevivência de esperma-
tozoide é possível na presença de quantidades adequadas de
muco, mas o atual conhecimento científico não autoriza uma
ideia mais clara sobre a viabilidade dos espermatozoides por
mais tempo do que isso. Considerável dúvida deve ser levan -
tada acerca da sobrevivência de espermatozoides além de cin-
co dias quando nenhum muco fértil estiver presente.
O que parece mais possível é que as gestações não resulta-
ram dos atos do coito indicados, e que a taxa de falha relacio-
nada ao método foi ainda mais baixa do que os 2,9 por cento
anunciados.
A taxa de gravidez relacionada ao ensino era 5,9 por cento.
Essa taxa foi considerada inconvenientemente alta devido a
mau entendimento de uma inovação no ensino.
A taxa total de gravidez foi 15,5 por cento, resultando dos
casais que não obedeceram as regras do método, ou que deci-
diram usar sua segunda opção de ter um filho.
Coreia
Esta pesquisa envolveu 2.548 casais usando o Método da
Ovulação por um total de 11.064 ciclos.6
A taxa de gravidez relacionada ao método foi calculada
em 1,7 por cento. A taxa relacionada ao ensino era 5,3 por
cento e a taxa total era 13,6 por cento, usando o índice de
221
Pearl (incluindo as que correram riscos e casais que decidi-
ram exercer a segunda opção).
Outras oito pesquisas envolvendo 2.949 casais duran-
te quatro anos indicam que o método é altamente eficiente
quando os casais seguem as normas. Essas pesquisas deram
uma taxa total de gravidez de 11 por cento.
Índia - Tiruchirapalli7
Mil casais participaram desse estudo durante 1978 e 1979.
Aproximadamente dois terços dos casais eram cristãos, o res-
to eram hindus (292 casais) ou muçulmanos (26 casais). O
propósito de 187 casais era obter uma gravidez usando o Mé-
todo da Ovulação. Quarenta e seis por cento dos casais (86)
alcançaram a gravidez desejada. Entre os outros 813 casais
que desejaram evitar uma gravidez, três gestações ocorreram.
Na análise, estes três casos foram vistos como gravidez rela-
cionada ao ensino do método.
Esse estudo é notável porque contém uma alta proporção
de mães amamentando (195) e algumas mulheres próximas
à menopausa. Ambos os grupos acharam que o método fun-
cionou bem. Até a conclusão do estudo, que durou um ano,
seis casais deixaram; a taxa cumulativa de continuação assim
era 99,52 por cento.
Austrália - Sydney8
A taxa de gravidez relacionada ao método obtida nessa
pesquisa era 11,2 por cento; quando comparada com O a
2,9 por cento taxa de gravidez em outras pesquisas, esta
mostra problemas de inadequado ensino e de julgamen-
222
to de gestações. Esse resultado foi prognosticado após um
exame dos materiais usados nessa pesquisa para ensino de
instrutores.
Austrália - Melbourne9
Este estudo envolveu noventa e oito mulheres que foram
julgadas pré-menopáusicas na base de exames hormonais e
que desejaram uma solução natural para seus problemas de
planejamento de família. As mulheres variavam em idade de
trinta e oito a cinquenta e quatro anos, e cada uma foi acom -
panhada no estudo por cerca de três a quatro anos. Houve
somente uma gravidez, que aconteceu quando uma mulher
comprovou as normas e teve relações sexuais num dia dentro
da fase identificada como fértil.
A taxa de gravidez relacionada ao método era zero, confir-
mando que o padrão de muco cervical fornece às mulheres,
que estão se aproximando da menopausa, meios confiáveis
para julgar seu estado atual de fertilidade ou infertilidade.
Com respeito à aceitabilidade, uma mulher necessitou de
histerectomia quando anormalidades foram encontradas; ne-
nhuma outra saiu do estudo.
Irlandn - Dublin10
O método pode ser usado com sucesso após o parto? Esse
estudo era de cinquenta e cinco mães com oitenta experiên-
cias de amamentação. Elas usavam o Método da Ovulação
para identificar infertilidade e fertilidade.
A investigação encontrou:
223
• Todas as mulheres identificaram o padrão de muco ante-
cedendo seu primeiro Ápice de fertilidade após um tempo
prolongado de infertilidade, enquanto amamentavam. Oi-
tenta e quatro por cento disseram que acharam a identifi-
cação "fácil':
• Vinte e um por cento das mulheres tiveram um sangra-
mento menstrual, antes do aparecimento de qualquer
muco fértil, indicando um primeiro ciclo que era certa-
mente infértil.
• Mães que introduziram sólidos na dieta das crianças após
seis meses e usaram o seio como um pacificador estavam
aptas a ficar inférteis por doze meses ou mais.
Esse estudo demonstra que durante a amamentação as
mulheres podem reconhecer sinais da aproximação da fertili-
dade, não importa quanto demore. Essa informação pode ser
usada para evitar ou conseguir uma gravidez.
Estados Unidos- Los Angeles, Califórnia
Este estudo, conduzido no Hospital Cedars-Sinai, com
fundos do Departamento Nacional de Saúde, Educação e
Bem-estar, pretendeu comparar o Método da Ovulação com
Métodos Sintotérmicos de planejamento familiar natural.
A taxa total de gravidez para o Método da Ovulação era
24,8 por cento e para os métodos Sintotérmicos 11,2 por
cento. 11
Embora as gestações não tenham sido classificadas nas ca-
tegorias das relacionadas ao método, ao ensino ou à decisão
de gerar um filho, sabe-se que a taxa de gravidez relacionada
ao método foi baixa e comparável com a taxa de outros estu-
dos do Método da Ovulação.
224
A taxa de abandono do método foi bastante elevada (36,6
por cento) e diverge dos resultados de outros estudos. Pare-
ce que a instabilidade de relacionamento foi responsável por
esta elevação da porcentagem. Métodos de barreiras, que o
pessoal que recrutou participantes disse serem admissíveis
durante a fase de aprendizagem, produziram confusão e mais
abandono.
Estados Unidos12
Entre 1975 e 1977, a Dra. Hanna Klaus conduziu um es-
tudo envolvendo seis centros do Método da Ovulação e 1.139
mulheres participantes. Destas, 1.090 desejaram evitar uma
gravidez, 44 desejaram engravidar e 5 mulheres aprenderam
o método durante sua gravidez, pretendendo usá-lo depois
do parto.
Entre as 1.090 usuárias desejando empregar o método
para evitar, a taxa de gravidez relacionada ao método era um
por cento. A taxa de gravidez, incluindo as que não seguiram
as diretrizes do método, era 21 por cento.
Após dois anos, 56 por cento continuavam usando o mé-
todo para evitar gravidez, 4 por cento agora planejavam gra-
videz, 107 das que engravidaram pretendiam usar o método
após o parto.
Estudos da Organização Mundial de Saúde13
Essa avaliação clínica do Método da Ovulação, levada a
cabo simultaneamente em 5 países, é um projeto de OMS
(Organização Mundial de Saúde) no seu programa de inves-
tigação sobre reprodução humana.
225
Em agosto de 1976, o recrutamento começou com os pro-
pósitos de:
• determinar a porcentagem de mulheres que pudessem
reconhecer mudanças no muco cervical durante o ciclo
menstrual;
• correlacionar as alterações no muco com indicadores ob-
jetivos da ovulação, isto é, com níveis do hormônio pro-
gesterona;
• determinar a eficácia do método.
Para obter um juízo transcultural do método, centros em
Nova Zelândia, Irlanda, Índia, as Filipinas e El Salvador fo-
ram escolhidos. Esses centros tiveram experiências prévias
com o método e instrutoras experientes estavam disponíveis.
Até junho de 1978, 875 mulheres participaram do estudo.
Elementos especiais do estudo incluíram:
• Seleção de mulheres que não aprenderam o método pre-
viamente, e mulheres de fertilidade comprovada.
Inclusão apenas de mulheres com ciclos menstruais regu-
lares (de 23 a 35 dias).
• Sucesso em completar um período de treinamento de três
até cinco meses antes de entrar na parte principal do estu -
do da eficácia.
• Inclusão de mulheres de cidades e zonas rurais em cada
centro dos cinco países.
Resultados preliminares indicam que:
• Pelo menos 90 por cento das mulheres pode produzir um
gráfico reconhecível da sua fertilidade no mês após uma
sessão de ensino. Até a terceira sessão, pelo menos 94 por
cento podem reconhecer seu padrão.
226
• A taxa de falha deste e semelhantes estudos é entre um e
três por cento.
• A taxa total de gravidez é cerca de 20 por cento. A grande
maioria dessas gestações resultou de relações sexuais du-
rante a fase de fertilidade reconhecida. (A taxa de gravidez
relacionada ao método era 0,9 por cento para os três ciclos
de observação durante a fase de ensino, um período curto
demais para poder fazer julgamentos sobre a eficácia acu-
mulativa de um método. A taxa de gravidez relacionada
ao ensino foi 5,3 por cento. A não observância das normas
do método produziu 12,9 por cento das gestações, sem ex-
plicação era 0,9 por cento).
Conclusão
Os estudos demonstram que o método é aplicável em to-
das as fases da vida reprodutiva e em uma larga variedade de
condições sociais.
Os investigadores da Organização Mundial de Saúde e ou-
tros concluíram que, falando biologicamente, o método tem
uma taxa de sucesso de 97 a 99 por cento e que as mulheres
podem identificar com precisão e rapidez o padrão de muco
que corresponde à fertilidade ou infertilidade, como estas são
estabelecidas por exames hormonais.
A grande maioria de gestações que ocorrem durante as
pesquisas não são devidas a uma falha do método. Ensino
inadequado tem sido um fator em algumas gestações. A causa
principal é uma decisão consciente de não seguir as normas.
O método da Ovulação é um método eficaz de regulação
da fertilidade se as mulheres estiverem motivadas a sintoni-
zar-se com seus próprios corpos e, então, se elas e seus espo-
sos atuarem de acordo com as sensações e observações do
muco.
227
Essencial para o sucesso no uso do método ou para evitar
gravidez ou para consegui-la é o interesse sincero dos esposos
um pelo outro. O fator biológico é quase perfeito, e fornece
um fundamento confiável no qual basear-se o relacionamen-
to humano.
A coleção "Planejamento Familiar" (veja lista na
pág. 2 deste livro) tem publicações de caráter popular
e algumas mais científicas. Se você quiser aprofundar
o estudo do método, aconselhamos:
• Controle da natalidade pelo Método da Ovulação
(as últimas conquistas para a obtenção de uma gra -
videz por meios naturais), de Mercedes A. Wilson;
268 pp., com muitos gráficos e ilustrações.
• Generosidade e criatividade no amor (I Congresso
Internacional para a Família das Américas, Guate-
mala); 190 pp.
228
Autoexame
Perguntas
1 Como se pode usar o Método Billings para conseguir a gra-
videz?
2 Como se pode usar o método para evitar a gravidez?
3 O Método Billings pode ser usado quando você não está
ovulando?
4 Todos os gráficos do muco parecem iguais?
5 Seus gráficos consecutivos serão semelhantes?
6 O que se entende por "registrar seu ciclo normal"?
7 Exame interno é uma maneira útil de observar o muco?
8 Descreva os dois tipos de sensação que você experimenta
durante o ciclo.
9 Descreva o muco fértil.
10 Por que evitar o coito durante o mês em que você faz seu
primeiro gráfico?
11 Quando deve fazer suas observações do muco?
12 Quando deve registrar suas observações do muco?
13 O que deve registrar no seu gráfico?
14 Quanto tempo se precisa para estabelecer um Padrão Básico
de Infertilidade numa situação nova, por exemplo, na pré-
-menopausa? E na amamentação?
15 O que é o Ápice do muco?
16 Como se identifica o Ápice?
17 Por quanto tempo após o Ápice deve-se evitar o coito?
18 Como é possível que o contato genital sem o coito pode re-
sultar em uma gravidez?
19 O que é o Padrão Básico de Infertilidade?
20 Os dias de -menstruação são disponíveis para relações se-
xuais?
229
21 Que momento do dia é disponível para o coito durante o
Padrão Básico de Infertilidade?
22 Como é que "stress" ou emoção podem afetar o ciclo mens-
trual?
RESPOSTAS
Pela identificação dos dias férteis do ciclo menstrual,
especialmente dos próximos do dia Ápice de muco, e
pelo uso desses dias para o coito.
2 Pela identificação dos dias férteis do ciclo menstrual e
evitando o coito e todo contato genital nesses dias.
3 Sim; o método é aplicável a todas as circunstâncias da
vida reprodutiva. Na ausência da ovulação, o método
indicará a menstruação e uma fase infértil quase sem
interrupção.
4 Não; os gráficos variam em alguns detalhes porque cada
mulher tem seu próprio padrão.
5 Semelhantes padrões podem aparecer consecutivamen -
te; mas isso não ocorre necessariamente.
6 Percebendo, durante suas atividades normais, as sensa-
ções que o muco provoca, e notando as características
visuais do muco que aparece na abertura da vagina.
7 Não; o exame interno pode causar confusão porque o
interior da vagina é sempre úmido.Também pode cau-
sar infecção ou pode ser culturalmente inaceitável.
8 Uma sensação de secura e a sensação de umidade ou de
molhado escorregadio e lubrificante.
9 Pode ser molhado, claro, distensível, filamentoso e pos-
sivelmente manchado com sangue. Dá uma sensação
lubrificativa e tem a consistência de clara de ovo cru.
Uma mulher pode ter pouco muco; nesse caso, ela pode
não vê-lo, mas sentirá a lubrificação.
230
10 Isto é necessário para obter uma clara percepção do
muco, porque o sêmen e as secreções vaginais podem
sair da vagina durante o dia após o coito, assim con-
fundindo o reconhecimento do muco fértil.
11 Várias vezes durante o dia, no curso de atividades nor-
mais.
12 Ao fim do dia.
13 Todas as observações pertinentes, mais o selo apropria-
do, mais uma descrição das características mais férteis
do muco desse dia.
14 É necessário um período de duas semanas.
15 Este é o último dia de muco fértil, que ocorre quando a
fertilidade é máxima.
16 Retrospectivamente; no dia seguinte, quando o padrão
de muco infértil ou de dias secos começa a voltar.
17 Três dias.
18 Uma gota de sêmen pode escapar do pênis e misturar-
-se com o muco fértil, assim possibilitando a subida
dos espermatozoides aonde o óvulo está esperando a
fertilização.
19 O padrão de dias secos e/ou de dias de muco infértil
sem mudança.
20 Não, porque num ciclo curto a ovulação pode ocor-
rer antes do fim do sangramento ou imediatamente
depois. Assim é que o sangramento pode esconder o
muco fértil.
21 Se você não deseja uma gravidez, o coito deve ser pra-
ticado somente à noite nesse período. Assim todo o dia
é disponível para reconhecer e confirmar o Padrão Bá-
sico de Infertilidade.
22 Podem ser adiadas a ovulação e as acompanhantes in -
dicações no muco.
231
Glossário
ADERÊNCIA ou ADESÃO - banda fibrosa de tecido que anormalmente
une órgãos ou outras partes do corpo.
AMENORREIA - prolongada ausência de menstruação.
ANTICORPO - proteína produzida para responder a um corpo estranho.
ÁPICE (ou PICO) - último dia do ciclo menstrual no qual se nota muco
com características férteis. Este dia corresponde, de perto, ao tempo
de ovulação.
CAUTERIZAÇÃO das trompas - forma de esterilização cirúrgica na qual
as trompas de Falópio são queimadas e assim fechadas à passagem do
óvulo e dos espermatozoides.
CÉRVIX ou COLO UTERINO - parte inferior do útero, que se projeta
na vagina.
CICLO ANOVULATÓRIO - ciclo no qual ovulação não ocorre.
CICLO MENSTRUAL - intervalo do tempo desde o começo da mens-
truação até a próxima. Durante o ciclo o endométrio se desenvolve,
termina seu crescimento e se descama.
CICLO OVARIANO - série cíclica de acontecimentos nos ovários durante
a qual um óvulo amadurece e é solto.
COLOSTRO - primeiro leite dos seios maternos.
CONCEPÇÃO - união do óvulo com o espermatozoide.
CONTATO GENITAL - contato do pênis com a abertura da vagina ou
com os tecidos ao redor.
COLPOSCOPIA - técnica para ver a cérvix sob ampliação.
CORPO LÚTEO (ou CORPO AMARELO) - estrutura formada no ová-
rio, após a saída do óvulo. Se o óvulo é fertilizado, o corpo lúteo, cresce
e produz hormônios que ajudam a manter a gravidez nos primeiros
meses. Na ausência de fertilização, o corpo lúteo degenera logo.
CRIOCIRURGIA - congelação de tecido anormal sem danificar estrutu-
ras normais anexas.
CROMOSSOMO - uma das quarenta e seis unidades microscópicas den-
tro de cada célula, que leva a matéria genética responsável pelas cara-
terísticas hereditárias.
246
DANAZOL - medicamento sintético semelhante ao hormônio masculino
testosterona e usado no tratamento de endometriose.
DEPO-PROVERA - hormônio sintético, semelhante a progesterona e
usado como anticoncepcional.
DIAFRAGMA - aparelho de borracha em forma de cúpula; posto sobre a
cérvix durante o coito para prevenir a concepção.
DIAS FÉRTEIS - dias do ciclo menstrual em que o coito pode resultar
em gravidez.
DIATERMIA - técnica na qual calor é produzido nos tecidos do corpo
abaixo da superfície.
DILATAÇÃO E CURETAGEM - procedimento cirúrgico no qual a cérvix
é aberta gradualmente com instrumentos; então o interior do útero e
da cérvix é raspado com uma cureta.
DISPARENIA - cópula difícil ou dolorosa.
DIU (Dispositivo Intrauterino) - aparelho posto dentro do útero para evi-
tar gravidez.
EJACULAÇÃO - emissão do sêmen no coito.
EMBRIÃO - nenê nos primeiros estágios de desenvolvimento.
ENDOCRINOLOGISTA - especialista nas funções dos hormônios.
ENDOMÉTRIO - camada interior do útero.
ENDOMETRIOSE - Condição causada pela presença de pedaços de en-
dométrio em áreas fora do útero.
ENFERMIDADE INFLAMATÓRIA PÉLVICA - infecção envolvendo os
órgãos reprodutores internos femininos; comumente refere-se a qual-
quer infecção aguda, recorrente ou crônica das trompas e ou ovários.
ENFERMIDADE VENÉREA - infecção transmitida mormente pelo coito.
ESPERMA - líquido fecundante masculino que contém as células repro-
dutoras ou ESPERMATOZOIDES; sêmen.
ESPERMATOZOIDE - célula reprodutora masculina que unindo-se com
o óvulo resulta em um novo indivíduo.
ESPERMATICIDA - geleia, creme vaginal ou outro produto que pode
imobilizar ou destruir os espermatozoides.
ESTERILIDADE - inabilidade para conceber.
ESTERILIZAÇÃO - procedimento para tirar duma pessoa sua capacida-
de reprodutora.
ESTRADIOL - tipo natural de estrógeno.
ESTRÓGENO - hormônio produzido principalmente nos ovários e res-
ponsável pelas características sexuais femininas; tem um papel impor-
tante na ovulação.
247
ETINILESTRADIOL - forma de estrógeno eficaz na produção de muco
cervical com características férteis.
FERTILIDADE - habilidade de reproduzir.
FERTILIZAÇÃO - união de um óvulo e um espermatozoide.
FETO - nome para o nenê desde o terceiro mês de vida intrauterina.
FIBROIDE - tumor de tecido muscular do útero.
FOLÍCULO - pequena estrutura no ovário, que contém o óvulo que está
se desenvolvendo. Na ovulação, o folículo rompe pela superfície do
ovário, soltando o óvulo maduro.
GENITAL - refere-se aos órgãos de reprodução.
GINECOLOGISTA - especialista no tratamento de problemas que afetam
o sistema reprodutor feminino.
GONORREIA - tipo de enfermidade venérea, altamente contagiosa.
GRAVIDEZ ECTÓPICA - gravidez que se desenvolve fora do local nor-
mal do útero, por exemplo na trompa de Falópio.
GLÂNDULA - órgão que produz químicas naturais que afetam outras
partes do corpo.
HEMORRAGIA - excessivo sangramento.
HIPOTÁLAMO - importante centro de controle, localizado perto da
glândula pituitária na base do cérebro.
HISTERECTOMIA - remoção cirúrgica do útero.
HISTEROSSALPINGOGRAMA - procedimento para estudar o interior
do útero e das trompas de Falópio.
HORMÔNIO - química produzida naturalmente no corpo e que estimula
ou afeta outras partes do corpo.
HORMÔNIO FOLICULAR ESTIMULANTE (FSH) - hormônio produ-
zido pela glândula pituitária, que estimula os ovários para produzirem
óvulos maduros e o hormônio estrógeno.
HORMÔNIO LUTEINIZANTE (LH) - hormônio produzido pela glân-
dula pituitária, que estimula a rotura do folículo e a ovulação.
IMPLANTAÇÃO - anidação do ovo (óvulo fertilizado) no endométrio.
IMPOTÊNCIA - falha no homem em obter ou manter ereção.
INCOMPETÊNCIA DA CÉRVIX - refere-se a uma cérvix fraca demais
para aguentar o peso de uma gravidez.
ÍNDICE DE PEARL - tipo de medida estatística de gestações que ocorrem
durante uma pesquisa.
INFERTILIDADE - ausência temporária ou permanente da habilidade de
conceber ou reproduzir.
INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL - deposição do sêmen na vagina, de outra
maneira que não aquela por cópula.
LACTAÇÃO - produção de leite pelos seios maternos.
248
LAPAROSCOPIA - procedimento para ver dentro do abdômen e espe-
cialmente para ver os ovários, utilizando um instrumento que parece
com um telescópio em miniatura.
LAPAROTOMIA - operação cirúrgica para abrir o abdômen.
LIBIDO - força ou desejo sexual.
LIGAÇÃO DAS TROMPAS - forma deesterilização na qual um fio ci-
rúrgico é atado ao redor das trompas de Falópio, assim prevenindo o
encontro do óvulo com o espermatozoide.
LÓQUIA - descarga do útero e da vagina durante as primeiras semanas
após o parto.
MEMBRANA - forro interior úmido das passagens e cavidades do corpo.
MENARCA - idade em que a menstruação começa.
MENOPAUSA - cessação permanente de menstruação.
MENSTRUAÇÃO - período de sangramento do útero que ocorre aproxi-
madamente cada mês durante os anos reprodutores da mulher.
MÉTODO BILLINGS ou MÉTODO DA OVULAÇÃO - técnica de con-
trole natural da fertilidade na qual os dias de infertilidade, possível fer-
tilidade e máxima fertilidade são identificados pelas observações que
faz uma mulher do muco ao redor da abertura da vagina.
MINIPÍLULA - tipo de pílula anticoncepcional que contém um progestó-
geno, mas nenhum estrógeno.
MUCO CERVICAL - secreção das células revestindo o interior da cér-
vix.
MUCO FÉRTIL - muco produzido pela cérvix perto do tempo de ovula-
ção. Dá uma sensação escorregadia e lubrificante, tende a formar fila-
mentos e aparece como clara de ovo cru.
MUCO INFÉRTIL - muco cervical que é flocoso, granular e opaco e que
forma uma barreira contra os espermatozoides.
NORMA DO ÁPICE - diretrizes do Método de Billings para os dias fér-
teis do ciclo menstrual.
NORMAS DOS PRIMEIROS DIAS - diretrizes do Método Billings para
os dias do ciclo antes de ocorrer o muco fértil.
OBSTETRA - médico especialista que acompanha gestações e partos.
ONDAS DE CALOR - enrubescimento repentino da pele acompanhado
por suadouro e a sensação de intenso calor.
OSTEOPOROSE - perda de cálcio e outras substâncias dos ossos, causan-
do amolecimento e enfraquecimento deles.
OVÁRIO - órgão sexual feminino no qual óvulos amadurecem e hormô-
nios especiais são produzidos.
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OVÁRIO POLICÍSTICO - condição na qual os ovários contêm muitos
pequenos quistos.
OVULAÇÃO - soltura do óvulo maduro do ovário.
ÓVULO - célula reprodutora feminina que unindo-se com um esperma-
tozoide resulta em um novo indivíduo.
PADRÃO BÁSICO DE INFERTILIDADE - padrão do muco cervical que
indica relativa inatividade dos ovários antes de um folículo começar a
amadurecer.
PITUITÁRIA - glândula na base do cérebro, que produz vários hormô-
nios importantes, incluindo os essenciais para a reprodução.
PÓLIPO - pequeno tumor, com a forma de uma lágrima, frequentemente
encontrado no útero ou na cérvix.
PROGESTERONA - hormônio feminino produzido pelo corpo lúteo;
protege a gravidez nas primeiras semanas.
PROLACTINA - hormônio da pituitária que estimula a produção de leite.
PROSTAGLANDINAS - grupo de químicas que ocorrem naturalmente
no corpo e são capazes de provocar contrações musculares do útero.
PUBERDADE - idade na qual os órgãos reprodutores dos jovens e das
jovens tornam-se funcionais.
QUISTO - estrutura semelhante a um saco que contém fluido ou matéria
parcialmente sólida.
REMÉDIOS PARA AUMENTAR A FERTILIDADE - grupo de medica-
mentos naturais e sintéticos capazes de facilitar a concepção em algu-
mas mulheres.
SAMAMBAIA - padrão ou desenho que o muco cervical tende a formar
quando seco numa lâmina microscópica.
SANGRAMENTO DE RETIRADA - primeiro sangramento depois de
deixar a pílula.
SÊMEN - esperma; fluido ejaculado por um homem durante o coito; con-
tém milhões de espermatozoides.
TEMPERATURA BASAL DO CORPO - temperatura mais baixa do cor-
po, tomada sob condições de descanso absoluto imediatamente após
acordar e antes de sair da cama.
TESTE DE HUHNER - exame do muco cervical logo após o coito, para
determinar como interage com o sêmen.
TESTÍCULOS - órgãos sexuais masculinos nos quais espermatozoides e o
hormônio testosterona são produzidos.
TROMBOSE - oclusão, parcial ou completa, de um vaso sanguíneo.
TROMPAS DE FALÓPIO - os dois pequenos tubos musculares através
250
dos quais o óvulo viaja do ovário ao útero e em que o óvulo é fertili-
zado.
ULTRASSOM - técnica diagnostica que utiliza ondas de som para produ-
zir imagens dos órgãos internos do corpo.
ÚTERO (ou MATRIZ ou VENTRE) - órgão muscular vazio no qual o ovo
(óvulo fertilizado) se implanta e desenvolve.
VAGINA - órgão ou passagem feminina na qual o sêmen é depositado
durante o coito.
VAGINISMO - espasmo doloroso da vagina.
VASECTOMIA - forma de esterilização no homem na qual cada vaso
deferente (canal que leva os espermatozoides dos testículos) é corta-
do e as pontas separadas, para que os espermatozoides já não possam
passar.
VULVA - parte externa dos órgãos genitais femininos.
ZIGOTO - nome para o ovo no estágio de implantação e nas primeiras
etapas de desenvolvimento.
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ÍNDICE
' 5 1.
O que é o Método da Ovulação - Billings
J 11 2. O descobrimento do muco
16 3. Conhecendo seu ciclo menstrual
16 As fases do ciclo menstrual
23 Outras mudanças durante o ciclo menstrual
24 4. A chave do controle da fertilidade - o muco
27 O padrão básico de Infertilidade PBI
28 O muco de tipo fértil
29 O ápice ponto máximo da fertilidade
32 A fase pós-ovulatória
33 5. Mantendo o registro do seu muco
35 Como você observa o muco?
37 Quando se revisa o muco?
38 Quando você está fértil?
39 6. Aplicando o Método - as normas gerais
39 Normas para evitar a gravidez
42 Normas para engravidar
44 7. Perguntas mais frequentes
76 8. Aprendendo sobre fertilidade na adolescência
89 9. Deixando a pílula
89 O primeiro passo
90 Mantendo seu gráfico
90 O que esperar depois de deixar a pílula
92 O muco, após deixar a pílula
92 A primeira ovulação depois de deixar a pílula
93 Pondo o Método em prática
95 O Método na balança
98 10. Amamentação e o Método da Ovulação (Billings)
99 A amamentação e a pílula
99 Quanto tempo você estará infértil durante a amamenta-- ( çao ..
100 O que causa a infertilidade durante o período da ama-
... mentação?
101 A produção do leite materno 153 Endometriose
103 Padrões de muco durante a infertilidade 154 Infertilidade masculina
104 Registrando o padrão de muco 156 Inseminação artificial
106 A volta da fertilidade 156 Fertilização "in vitro" - "Nenês de provetà'
108 Mantendo a produção do seu leite 157 Enfrentando a infertilidade
109 A "dieta educacional" 158 13. Tecnologia e anticoncepção
110 O desmame 159 Caminhos gerais para chegar ao controle da fertilidade
111 Aplicando as normas para o muco 160 A pílula anticoncepcional oral
114 11. Aproximando-se a menopausa 161 Como a pílula funciona?
116 O Método da Ovulação na pré-menopausa 162 Eficácia da pílula
117 Os acontecimentos que precedem a menopausa 163 Aceitação
118 Padrões típicos no tempo de pré-menopausa 163 Quando existem contraindicações à pílula?
119 Variações entre mulheres 165 Efeitos nocivos da pílula
119 Assessorando o estado de sua fertilidade 176 Riscos em geral
121 O muco durante a pré-menopausa 177 O dispositivo intrauterino (DIU)
122 Aprendendo a reconhecer a infertilidade - registrando 178 Eficácia
o muco 178 Efeitos colaterais do DIU
123 Normas para evitar gravidez 182 Diafragmas e químicas espermicidas
124 Outros métodos de controle da fertilidade durante a 183 O condom (camisa de vênus)
pré-menopausa 183 Coito interrompido, retirada
126 Tratamento com estrógenos (terapia de reposição) 184 Injeções anticoncepcionais
128 Progestógenos na menopausa 184 Complicações
129 Alternativas à terapia hormonal 185 Implantações subcutâneas
130 O muco cervical e sua saúde ginecológica 185 Esterilização
133 12. Dificuldades para conceber 186 Procedimentos para esterilização na mulher
135 Causas de infertilidade 188 Esterilização masculina
135 O Método da Ovulação e infertilidade 189 Conclusão
137 A importância de informação correta 190 14. Métodos naturais de controle da fertilidade
138 Fatores envolvidos em concepção 191 O Método de Ritmo
138 Fatores psicológicos: ansiedade e tensão 192 O Método de Temperatura Basal do Corpo
141 Investigações 194 O Método Sintotérmico
143 Laparoscopia 195 O Método da Ovulação143 Causas físicas de infertilidade 197 15. Investigação científica sobre o Método Billings
144 Anormalidades nas trompas 197 Fases do ciclo
145 Problemas associados com os ovários e a ovulação 198 Ovulação e fertilidade
148 Medicamentos que promovem a fertilidade 198 Acontecimentos hormonais do ciclo
150 Infecções 201 Desenvolvimento do Método da Ovulação Billings
151 Lavagens e químicas usadas na vagina 201 O primeiro avanço
152 A cérvix danificada 203 Investigação de gestações
153 Produção de muco infértil pela cérvix 203 Estudos hormonais
206 Estudos sobre o muco
213 A validade das observações e sensações do muco
215 16. Estudos sobre o Método
21 5 Terminologia dos estudos
219 Avaliação completa
219 Tonga
220 Austrália
221 Coreia
222 Índia - Tiruchirapalli
222 Austrália - Sydney
223 Austrália - Melbourne
223 Irlanda - Dublin
224 Estados Unidos - Los Angeles, Califórnia
225 Estados Unidos
225 Estudo da Organização Mundial de Saúde
227 Conclusão
229 Autoexame
229 Perguntas
230 Respostas
232 Centros de ensino do Método de Ovulação
238 Notas
246 Glossário
O Método Billings é uma importante inovação no campo do con-
trole da fertilidade: método confiável, seguro, sadio, tão eficiente
quanto a pílula, mas sem efeitos colaterais.
Dois médicos australianos, Evelyn e John Billings, descobriram que
a natureza provê as mulheres com sinais observáveis de fertilidade
em cada ciclo, e que as mulheres podem usar desse conhecimento
de seu corpo para evitar ou conseguir a gravidez.
Com este livro de fácil leitura, qualquer mulher aprenderá como
usar o método, tenha ela ciclos regulares ou irregulares, esteja ela
abandonando a pílula, amamentando ou chegando à menopausa.
Quaisquer que sejam suas convicções pessoai s a respeito de con-
tracepção, este conhecimento do próprio corpo é indispensável
para toda mulher.
Dra. EVELYN BILLINGS ANN WESTMORE
O MÉTODO BILLINGS - pag001 -119
O MÉTODO BILLINGS - pag120 -187
O MÉTODO BILLINGS - pag188 -256