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Ano 04, no 02 R$ 0,00 Solstício de Inverno 21 Junho, 2013 e.v. A in c, B in h, Dies D Anno IV:xxi O AMOR DO ANJO A relAção do Adepto com o SAgrAdo Anjo guArdião pode Ser compreendidA como umA relAção de Amor – e de AmAnteS. pág. 6 Revista da Loja Quetzalcoatl, Ordo Templi Orientis Índice Editorial pág. 3 Notícias pág. 3 Guro, Quem é Esse? pág. 4 Estudos A Árvore da Vida pág. 12 Biblioteca Thelêmica O Chamado do 8º Aethyr pág. 15 Hooráculo pág. 18 O Amor do Anjo escreva para nós! Além de ajudar a melhorar nosso trabalho com sua opinião, apro- veite nosso espaço de comunica- ção para tirar dúvidas, dar ideias e manter contato com os membros da O.T.O. no Brasil. E-mails para: estrelarubi@quetzalcoatl-oto.org 6 ExpEdiEntE Ano 04, Num 02, Ed nº 12, 21 de Junho de 2013 e.v. Ordo Templi Orientis Internacional Frater Superior ................. Fra. Hymenaeus Beta Grande Secretário Geral ........................ Fra. Aion Grande Tesoureiro Geral .........................Fra. SQL O.T.O. Brasil Repr. do Fra. Superior .... Sor. Tara Shambhala Loja Quetzalcoatl Maestria ................................ Fra. Apollôn Lycaeus Secretaria ..........................................................Fra. Eros Tesouraria ....................................................Fra. Kin Fo Editoria Editor ......................................Fra. Apollôn Hekatos Jornalista ...........................................................Fra. Eros Design Editorial ................Fra. Apollôn Hekatos Ilustrações .................................. Loja Quetzalcoatl Assinaturas Assinatura anual (4 ed./ano) ..................R$ ??,00 Edição atrasada ..............................................R$ ??,00 Pedidos .....estrelarubi@quetzalcoatl-oto.org Estrela Rubi é uma publicação trimestral da Loja Quetzalcoatl, Corpo Local Oficial da Ordo Templi Orientis internacional para a cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Todos os direitos reservados. 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Sucesso seja a nossa prova. Três anos da Revista Estrela Rubi É com muita satisfação que, nesta edição 12, comemoramos três anos de existência da Revista Estrela Rubi. Gostaríamos de agrade- cer a todos os leitores que têm nos acompanhado e que contribu- íram para nosso desenvolvimento com comentários, sugestões e críticas. Não seria possível produzir um material desta qualidade sem todos vocês! Esperamos sempre continuar informando, gerando debate, divul- gando a Lei de Thelema e atendendo a demanda de nossos Irmãos, Irmãs e estudantes sérios. Solstício de Inverno Celebramos mais um Solstício de Inverno. Como na hora da meia- -noite do Sol, a Natureza recolhe suas forças e se refugia em si mes- ma, formulando-se pacientemente. Assim como Kephra conduz o Sol através da madrugada, a semente de um novo ciclo se prepara, em silêncio. Seu florescer será aguar- dado em paz por todos nós. A Loja Quetzalcoatl deseja um calmo inverno a todos. S empre polêmico, o tema do Sagrado Anjo Guardião é um assunto recorrente dentro de Thelema tanto devido a sua importância como também à natureza individual de sua ex- periência. O S.A.G. é nossa centelha Divina, nosso Deus Pessoal, nosso(a) Bem Amado(a) a cujos braços nós ansiamos retornar e finalmente encon- trar União. Esta é nossa Religião. Em Thelema a Grande Obra se dá através do conhecimento e con- versação com o S.A.G., sendo este o portal para a identificação de nossa Verdadeira Vontade e que nos possibilita o cumprimento da mesma. Certamente encontaremos em nosso caminho Individual outras es- trelas em suas próprias trilhas e seus raios nos trarão um pouco mais de luz, no entanto é preciso cuidado com os budas que andam por aí vendendo caminhos, certezas e soluções às multidões perdidas e camableantes em seu sonambolismo... pois se seguires suas pega- das certamente não será a Tí que encontrarás. Então se vires o buda na rua, mata-o! editorial Frater apollôn lycaeus Mestre da Loja QuetzaLcoatL - rio de janeiro O rd o Te m pl i O rie nt is — Lo ja Q ue tz al co at l 4 A rt ig o Uma breve conversa, Um simples estUdo qUe bUsca resgatar nas origens hindUs do termo, o significado da palavra gUrU e sUa correlação com o objetivo de trabalho dentro de thelema gUrU, qUem É esse? E m janeiro, ministrei uma das palestras abertas da Loja Quet-zalcoatl com o tema de Cakras. Esse artigo será bem inte-ressante para aqueles que estiveram presentes, porém, para não deixar os demais leitores “na mão”, farei um pequeno resumo do material apresentado: Caríssimos amigos! Faze o que tu queres será o todo da Lei. Hoje falaremos sobre um assunto que talvez seja novo para alguns, mas que provavelmente será simples para outros. Fa- laremos de uma figura muito falada, mas pouco conhecida na sociedade desse lado do planeta Terra. Hoje falaremos sobre o papel do guru. Om namo deva devesa paratpara jagadguro Sadasiva mahadeva gurudiksam pradehi me. Disse então a deusa: “Saudações, Oh Deus, senhor dos deuses, altís- simo entre os altos, professor do universo, benevolente, Oh grande Deus, que me iniciou no conhecimento do meu Guro”. Essa passa- gem vem de uma antiga escritura hindu que narra uma conversa entre o deus Shiva e a deusa Parvati. Nela são descritos e afirmados os princípios norteadores do guru dentro da filosofia hindu. Quem é o guru? Podemos buscar mais informações em outras fon- tes. Uma bem elucidativa sobre o assunto é o Advaya Taraka Upa- nishad, outro livro sagrado da Índia antiga, que diz: Um professor realmente competente é versado nos Vedas, um devoto de Vishnu, livre de inveja, puro, um conhecedor de Yoga, dedicado a Yoga, sempre tendo a natureza do Yoga. Ele, que é equipado com devoção ao seu próprio professor, que é espe- cialmente um conhecedor de Si - aquele que possui estas virtudes é de- signado como um guru. A sílaba gu significa escuridão. A sílaba ru significa o destruidor dessa escuridão. Por causa da capacidade de destruir as trevas, ele é chamado de guru. O professor sozinho é o supremo Absoluto. O professor sozinho é o cami- nho supremo. O professor sozinho é o conhecimento supremo. O profes- sor sozinho é a suprema estância. O professor só é o limite supremo. O professor só é suprema riqueza. Por- que ele é o professor da Realidade não-dual, ele é o mestre maior do que qualquer outro professor. Ele faz com que as escrituras sejam recitadas, mesmo já estando libera- do do triste ciclo de existência. Naquele instante o pecado cometido em todos os nascimentos desaparece. Ele obtém todos os desejos. Para tal yogi há consecução do objetivo final de toda a humanidade. Ele é quem conhece, verdadeiramente conhece a doutrina secreta. O que é Yoga? “Yoga significa união”, escreveu Aleister Crowley anos atrás em suas lições sobre Yoga. Que união é essa?Faze o que tu queres será o todo da Lei. Amor é a lei, amor sob vontade. Esse amor é união. A criação é movimento. Cada ser, peça, pedaço, partícula que seja, tudo no universo se move constantemente. Como o fluir das ondas, a criação vem e vai, atraindo e se afastando. O amor é a força que move essa criação, desde a menor partícula do elétron atraído pelo próton. Olhando para as pequenas partículas, vemos átomos que buscam seu equilíbrio energético e se juntam com outros átomos e esses formam moléculas, que por sua vez se juntam a outras molé- culas e assim sucessivamente. Assim, união está ligada tanto ao princípio da Yoga quanto Religião. O praticante da yoga, o yogi, busca a união com o Brahma – este mais do que um deus personificado, é a própria criação triforme em Estrela Rubi 5 A rtigo etapa no caminho para a consecução da verdadeira vontade. Todo o ser humano nasce desprovido das ferramentas mais básicas, necessárias a sua sobrevivência. Através dos outros que o homem toma consciência de si e de seu corpo, e aprende a crescer e evoluir. Todos precisam de um professor, de uma voz que não siga seu caminho, mas que ajude na hora de escolher qual caminho seguir. O sábio Swami Maheshwarananda disse que na vida encontramos seis tipos dife- rentes de gurus. Os primeiros gurus que temos são os nos- sos pais. Não necessariamente nossos pais biológicos, mas os nossos pais de fato. Aqueles que cuidam de nós em nossos pri- meiros meses, nos dão carinho, comida e proteção que vão nos influenciar pelo resto de nossas vidas. O segundo tipo de guru são os amigos e pessoas que conhecemos quando passa- mos a ter contato com seres de fora da al- çada dos nossos pais. Nas crianças de hoje, esse contato ocorre na escola, nas séries fundamentais, onde o ser passa a ter con- tato com as regras da sociedade. O terceiro tipo de guro são os nossos pro- fessores da vida, desde o professor que lhe alfabetizou até aquele que você conheceu na faculdade, pois são eles que nos trans- mitem o conhecimento legado da huma- nidade. O quarto tipo de guro são os sacerdotes, nossos professores espirituais que nos au- xiliam em nossos primeiros passos, ou nos aspectos mais exotéricos de nossa vida es- piritual. Seguido deles temos o quinto tipo de guro, que são os aqueles que nos auxi- liam a buscar nosso Dharma, nosso dever espiritual. São aqueles que nos apontam os caminhos pelo qual nós podemos traba- lhar nossa ligação divina. O sexto tipo e mais importante, é o guro interno, que existe em cada um de nós. Esse guro é aquele que mais e melhor nos conhece, do que qualquer outro guro Brahma, Vishnu e Shiva. Aquele que segue esse caminho busca sua união com toda a criação e existência. Não à toa, disse o Buda que “Tudo é sofri- mento” e a “causa do sofrimento é o dese- jo”. Amor é desejo. Quando mais se ama, mais se deseja se aprofundar no objeto amado. Quando esse objeto é a criação, o Brahman, mais se quer mergulhar e se per- der em seu seio, como um louco apaixona- do de desejo ou de amor. Mas, o que isso tem a ver com o guru? man-mana bhava mad-bhakto mad-yaji mam namaskuru mam evaisyasi satyam te pratijane priyo ‘si me No Bhagavad Gita, Shri Shri Krishna diz: “Sempre pense em Mim e se torne Meu de- voto. Adore a Mim e preste homenagens a Mim. Assim, você virá até mim sem falhar. Eu lhe prometo isso, pois você é Meu ami- go mais próximo”. Quando Krishna comeu um punhado de terra, sua mãe Yasoda ra- lhou com o jovem, que negou a acusação. Yasoda decidiu conferir e olhou dentro de sua boca. Lá não havia terra, mas havia toda a criação. Foi esse mesmo Krishna, repre- sentação do todo da criação, que durante a batalha de Kurukshetra convidou Arjuna a mergulhar em si. Esse mergulho rumo à criação é o gran- de desafio de todo aquele que se propõe a dura tarefa de atravessar o abismo da criação e enfrentar a criatura da dispersão. Através dessa união, o adepto caminha rumo à busca da consecução de sua Gran- de Obra. om ajnana-timirandhasya jnananjana-sa- lakaya caksur unmilitam yena tasmai sri-gurave na- mah “Nasci na escuridão da ignorância, e meu Guru iluminou-me com o archote do co- nhecimento. A ele eu ofereço as minhas mais humildes referências”. O guru é voz divina que conduz o praticante diligente rumo a seu objetivo de união. Ele é uma externo, e esse guro não é outro se não o próprio Sagrado Anjo Guardião. Por tal mo- tivo, a obtenção da conversação com esse é parte da grande tarefa que o adepto deve empreender em sua vida. Assim, esqueça aquela imagem estereo- tipada dos filmes sobre o guro como um sábio todo poderoso divinatório espalha- fatoso. O guru não é isso. O guro é são os professores que nos auxiliam em diversos estágios de nossa vida. Tal como passamos do ensino fundamental, médio, superior, mestrado, doutorado e sucessivamente, assim passamos com nossos professores. A cada nova etapa travamos contato com um novo professor, até atingirmos aquele que será o nosso professor ultimo. Temo que nosso tempo esteja se esgo- tando. Espero ter sido capaz de mostrar a vocês de maneira breve qual o propósito e objetivo do guro em nossas vidas. Faço votos para que possamos nos reen- contrar em breve. Amor é a lei, amor sob vontade. Fraternalmente, Frater Hanuman Bibliografia geral: The Hidden Power in Humans – Chakras and Kundalini, por Swami Maheshwaranandaji; Orasyon Meditation – A Warriors Path to Enli- ghtenment, por Datu Shishir Inocalla. Science of Self Realization, por Swami Prabu- phada. Eight Lessons of Yoga, por Aleister Crowley O Baghavad Gita como Ele é, por Swami Pra- buphada. A Libertação da Mente Através do Tantra Yoga, por Shri Ananda Murti. O rd o Te m pl i O rie nt is — Lo ja Q ue tz al co at l 6 A rtigo Frater eros Frater eros a relação do adepto com o sagrado anjo gUardião pode ser compreendida como Uma relação de amor – e de amantes o amor do anjo Estrela Rubi 7 M atéria de C apa esta Inteligência, obtido por meio de intensa disciplina de- vocional, seria responsável por alçar o Mago a um novo pata- mar de iluminação. Ao longo da história, outras nomenclatu- ras se afinaram a este conceito, como o termo neoplatônico Augoeides, o grego Daimon e o hindu Atman. O conceito de “Sagrado Anjo Guardião” foi ampla-mente difundido graças à tradução de “O Livro da Sagrada Magia de Abramelin, o Mago” por MacGre- gor Mathers, proeminente líder da Hermetic Order of Golden Dawn (Ordem Hermética da Aurora Dourada). O contato com “ I dream of your fIrst kIss and then I feel upon my lIps agaIn a taste of honey... tastIng much sweeter than wIne. I wIll return, yes, I wIll return, I’ll come back for the honey and you.” (“a taste of honey”, de bobby scott e rIc marlow) O rd o Te m pl i O rie nt is — Lo ja Q ue tz al co at l 8 M at ér ia d e C ap a Muito ainda se divaga sobre a natureza Anjo. Seria ele o nos- so “mestre interior”, ou um ente iluminado independente, o qual devemos atrair através de nosso esforço iniciático? – ou, ainda, nenhuma escolha linguística seria capaz de dar cabo de sua experiência? Lon Millo DuQuette, em seu livro “Illus- trated Goetia”, não está falando especificamente do Sagrado Anjo Guardião, mas quando diz: “Essa questão fundamental pode nunca ter uma resposta satisfatória devido ao fato de que ninguém realmente entende a natureza da ‘matéria’”, talvez possamos aproveitar sua citação. Não há consenso mesmo entre aqueles que reconhecidamente tiveram a experiência do Anjo. Em “Magick without tears” (Magia sem Lágrimas), Crowley intitulou o capítulo 43 de “O Sagrado Anjo Guardião não é o ‘Eu Superior’, mas um Indivíduo Objetivo”, e cogita que ele seria um ser de outra ordem: “mais que um homem, possivelmente um ser que já passou pelo estágio de huma- nidade”. Neste momento dos escritosde Crowley, considerar o Anjo como “Eu Superior” seria uma “heresia condenável e um perigoso delírio”. Em outros momentos, como no Liber Samekh e nos Comentários Mágicos e Filosóficos do Liber AL, Crowley o define como o “verdadeiro Self ” – aquilo que nós verdadeiramente somos. Fato é que um “perigoso de- lírio” seria se ater à opinião de Crowley – ou de qualquer outro – sobre uma experiência tão íntima. Assim, ninguém que não tenha atingido a maestria dessa experiência deve- ria arriscar especular sobre a natureza do Anjo. O presente texto, portanto, não pretende responder essa questão, mas servir como ode ao Amor que inspira os Adeptos a se diri- girem a Ele. Nos ancoramos na evidência – mesmo que pálida, para a maioria de nós – de que a Sua consecução produz uma expansão de consciência tão significativa que Crowley a considerou como o próximo passo essencial para o desen- volvimento da humanidade. O motivo para isso pode ser en- contrado ao longo de sua bibliografia: “Isto não tendo sido atingido [a Consecução], o homem não é nada além do mais infeliz e cego dos animais. Ele é consciente de sua própria incompreensível calamidade e desajeitadamente incapaz de repará-la. Tendo sido isto atingido, ele não é nada mais que o co-herdeiro dos deuses, um Senhor da Luz” (“Uma Estrela à Vista”). “(...) Pois seu Anjo é uma imagem inteligível de sua própria ver- dadeira Vontade, cuja realização é toda a lei de seu Ser”. (Liber Samekh). “Esta Grande Obra é a Consecução do Conhecimento e Conver- sação de teu Sagrado Anjo Guardião” (Liber Aleph, cap. 90). “O caminho da Perfeição é assim duplo: primeiro, a Verdadeira Vontade precisa ser conscientemente apreendida pela Mente, e este trabalho é similar àquele chamado de o Conhecimento e Conversação com o Sagrado Anjo Guardião. Segundo, como está escrito: “Não tendes direito algum senão fazer a tua von- tade”, cada partícula de energia que o Instrumento está apto a desenvolver precisa ser direcionada à execução desta Vontade”. (“O Coração do Mestre”, de Aleister Crowley). O Sagrado Anjo Guardião surge, então, como revelador de nossa própria Verdadeira Vontade. No entanto, essa explica- ção, de tão difundida, pode já ter caído no sedutor e falso conforto do intelecto. Todos já a conhecem – e, de tanto se falar sobre o Anjo e a Vontade, fingimos nos aproximar de sua experiência. Facilmente caímos na tentação de con- fundir o mapa, ou o discurso, com o caminho a ser trilhado. Facilmente se produzem intelectuais ou historiadores da Ma- gia, em vez de Magos. Com esperança, o presente texto, em- bora recorra à literatura, vai inspirar mais devoção à prática do que às citações de Aleister Crowley ou de qualquer outro. Também por isso, vamos preferir neste momento recorrer à poesia e ao simbolismo – linguagens que podem sugerir um pouco da grandeza do Anjo e motivar a sua busca: “Não veja distinção. O poderoso oceano de amor terá entrado dentro de nós, e nós não iremos ver nem homens, nem animais, nem árvores, ou o sol, lua ou estrelas, mas iremos ver nosso amado em todo lugar e em todas as coisas.” (Swami Viveka- nanda). O Amado, ou o Bem-Amado, é um dos Seus nomes, confir- mando sua execução da Lei de Thelema: “Amor é a lei, amor sob vontade”. O Amor é fórmula fundamental de todo o pro- cesso iniciático. É também a fórmula de Samadhi: a união do sujeito com o objeto adorado, ou do Adepto com seu Deus. Posto o Amor em marcha, de êxtase em êxtase, a consciência da divindade se expande até a completa dissolução. Cada beijo do Amado nos alça através dos gozos de sua morada – homens, animais, árvores, o sol, a lua e as estrelas, até que não haja mais nada disto. “Sua boca é mais vermelha que quaisquer rosas que você já viu. Eu acordo significativamente quando nos beijamos, e não há mais sonho. Mas quando sua boca não está tremendo sobre a minha, eu vejo beijos em seus lábios, como se ele estivesse bei- jando alguém que não se pode ver”. (“O Mundo Desperto”, de Aleister Crowley). Através dos libri de Thelema, podemos perceber como o contato do Anjo com seu Adepto foi vivido por Crowley, de forma inspirada, como uma relação de amantes. Mais que uma pista da vivência específica do homem Aleister Cro- wley, o que está sendo revelado é a importância espiritual da experiência do amor. A própria estrutura do Livro da Lei expressa como o Universo é criado a partir do amor entre Nuit e Hadit: e Hórus é a manifestação desse sacramento. Na Missa Gnóstica (Liber XV), a Congregação é conduzida pelas Estrela Rubi 9 M atéria de C apa etapas da jornada do Sacerdote e Sacerdotisa, que protago- nizam uma história de amor. Não seria, então, exagero dizer que todo amor é uma imagem daquele amor maior: o que gera a criação de absolutamente tudo. O amor é, portanto, uma imagem daquilo que chamamos de Deus. E se o Sagra- do Anjo Guardião é o elo entre a Vontade divina e a alma humana – este elo, ou esta imagem, é amor. Outro texto protagonizado por amantes lendários é o “Cân- tico dos Cânticos”, parte do Velho Testamento destacada por sua sutileza – elemento raro neste livro –, que costuma ser entendido como versos trocados entre o Rei Salomão e a Rainha de Sabá. No momento em que superamos suas fi- guras e entendemos que este Rei e a Rainha somos todos nós, tomamos consciência que a nossa própria relação com o amor é lendária. E que, além disso, por trás de cada um de nossos amores está nossa relação com o Amado arquetípico – o Sagrado Anjo Guardião. Assim, os versos dos amantes facilmente passam a ser a troca entre o adorador e seu Deus. “Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho”. (Cânticos 1:2) “Levou-me à casa do banquete, e o seu estandarte sobre mim era o amor”. (Cânticos 2:4) Saltam aos olhos um paralelo com Liber Tzaddi: “Vos beijarei, e vos trarei às núpcias: darei uma festa para vós na morada da felicidade” (vers. 5). Tais núpcias podem ser entendidas como as “bodas químicas” (descritas pela Alquimia) do Anjo e seu Adepto. Além disso, também no “Cântico dos Cânticos” as juras trocadas prosseguem místicas e eróticas, numa forma exemplar de união dessas esferas: “De noite, em minha cama, busquei aquele a quem ama a mi- nha alma; busquei-o, e não o achei.” (Cânticos 3:1) “Eu dormia, mas o meu coração velava; e eis a voz do meu ama- do que está batendo: abre-me, minha irmã, meu amor, pomba minha, imaculada minha, porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos das gotas da noite.” (Cânticos 5:2) “O meu amado pôs a sua mão pela fresta da porta, e as minhas entranhas estremeceram por amor dele.” (Cânticos 5:4) “Já entrei no meu jardim, minha irmã, minha esposa; colhi a mi- nha mirra com a minha especiaria, comi o meu favo com o meu mel, bebi o meu vinho com o meu leite; comei, amigos, bebei abundantemente, ó amados.” (Cânticos 5:1) “És a fonte dos jardins, poço das águas vivas, que correm do Lí- bano!” (Cânticos 4:15) Comparemos tais símbolos com o Liber 65 (Cordis Cincti Ser- pente): “Sim, também em verdade Tu és a fresca quieta água da fonte encantada. Eu me banhei em Ti, e me perdi em Tua quietu- de” (cap 3. vers. 49). E ainda: “Eu cheguei à casa do Amado, e o vinho era como fogo que voa com asas verdes pelo mundo das águas”. (cap. 4, vers. 30). A aparição frequente dos símbolos do mel e do vinho são indícios importantes da doçura e em- briaguez do Anjo. Fazem lembrar o enigma de Sansão: “Que coisa é mais doce que o mel, que coisa é mais forte que o leão ? ” (Juízes 14:18). O beijo, o mel, a água, o vinho e o orvalho surgem todos constelados como emblemas sexuais de um amor divino e do processo de transformação alquímica. Por sua vez, o Rei dos Cânticos – cujos cabelos estão cheios do orvalho e das “gotas da noite” – evidencia um emblema de Nuit: “Então o sacerdote respondeu & disse para a Rainhado Espaço, beijando suas adoráveis sobrancelhas, e o orva- lho de sua luz banhando seu corpo inteiro em um perfume adocicado de suor (...)” (Liber AL I:27). Todos esses símbolos podem ser entendidos como imagens arquetípicas do pro- cesso criativo do amor. Em seu livro “Iniciação no Aeon da Criança”, J. Daniel Gun- ther escreve a respeito da fase alquímica da fermentação (Fermentatio) no processo de Iniciação: “uma operação Al- química resultando na transformação da Matéria pela Intro- dução de um agente fermentador”. E ainda diz: “A primei- ra interação entre o Anjo e o adepto equivale à operação Alquímica chamada Fermentatio”. Seus beijos fermentam o aspirante com o êxtase da devoção a Ele, e esta devoção é endossada pelos Adeptos como método de consecução. Na fermentação do pão, o trigo é morto para ressurgir como ali- mento do corpo. Na fermentação da uva, ela é transformada em vinho, ou na embriaguez do sangue de Deus. A matéria- -prima original é, assim, transformada num sacramento: um modo de dizer que o humano desperta para sua natureza divina. A ação do Anjo realiza tal transmutação. Em carta de Karl Germer (Frater Saturnus) para Jane Wolf (Soror Estai), da- tada de 1951, nós lemos sobre o Sagrado Anjo Guardião e a busca pela transformação de Sua presença: “Se você ao menos soubesse como 666 tateou frequentemen- te pela luz, e não apenas ele, todos nós o fazemos! Na melhor das hipóteses podemos atingir um único raio de luz daqueles bilhões e trilhões que são enviados pelo Sol – de graça – dia- riamente. Nós podemos apanhar apenas aquele raio particular que jaz em nossa natureza como indivíduo. O raio que podemos agarrar é diferente daquele do próximo. O de Van Gogh era dife- rente do de Gauguin, e assim por diante. Não se desanime! Você não é inferior a ninguém! Você possui o amor de todos, respeito e admiração! É outra coisa, você estar insatisfeita consigo mes- ma. Tal estado é a condição que precede um nascimento.” (“In the continuum” vol 4., ed. 9). Em seu aspecto de “Filho do Homem”, o Sagrado Anjo Guar- dião se manifesta em nossa vida e nosso corpo através de O rd o Te m pl i O rie nt is — Lo ja Q ue tz al co at l 10 M at ér ia d e C ap a nosso esforço. Esse trabalho pode ser entendido como um parto, que é a encarnação do espírito na matéria, ou o Inicia- do criando a si mesmo: processo do qual nós somos o sujeito e também o caldeirão alquímico. Além disso, percebemos como o Anjo atua como gênio individual, ou iluminação pes- soal num Universo essencialmente impessoal. Também por isso, Ele nos conduz a uma fórmula única de relação com a impessoalidade desse Universo: “A Grande Obra é a união dos opostos. Isto pode significar a união da alma com Deus, do microcosmo com o macrocosmo, da mulher com o homem, do ego com o não-ego”. (Magick wi- thout tears, Introdução, Carta C.) Deste modo, se somos homens, temos de nos unir à mulher. Se somos ego, temos de nos unir ao não-ego. A divindade, nesse sentido, se coloca oposta a nós pela chance da união. Assim, isto é uma oportunidade e uma estratégia do amor. Graças a isso, podemos conectar conscientemente as diver- sas partes da natureza. Karl Germer continua falando sobre o Anjo, em sua carta a Jane Wolfe: “(...) É onde entra a fórmula de 0 =2 (...) O estado de “estar apai- xonado” apenas pode ser alcançado com a assistência de um segundo parceiro (falando estritamente, até o tipo Narcísico se enquadra nessa categoria).” A busca do amante que se inquieta pelo Amado é parte na- tural de nosso processo de Iniciação. Nos movimentamos porque sentimos uma falta: uma sensação de incompletude ou a saudade de algo que não sabemos especificar. A relação gradual com o Sagrado Anjo Guardião nos põe em contato com o mundo divino e redimensiona a visão que tínhamos Dele e de nós mesmos. Paradoxalmente, a noção de uma incompletude – que motiva a esperança de reencontro com esse Amado que, inicialmente, nos é uma promessa ou uma diáfana visão – pode exatamente representar a cisão com o Anjo. Afinal, enquanto houver as idas e vindas da relação, como poderíamos realizar uma identidade, ou uma comu- nhão? “Eu esperei com paciência, e Tu estavas comigo desde o início” (Liber Cordis Cincti Serpente, cap. 2, vers. 60). Nos comentários deste escrito, Crowley atesta o que talvez seja o mais difícil de realizar: “É igualmente inútil chamar o que a gente deseja ou sair à sua procura. Isto apenas afirma a au- sência da coisa desejada, e a verdade é que está com a gente o tempo todo, se apenas extinguimos a nossa inquietação”. A nossa inquietação, então, precisa servir para nos instruir sobre seu próprio absurdo, do mesmo modo que o desejo instrui sobre sua natureza nunca ser saciada. A devoção ao Anjo deve excitar a alma a ponto de que seu gozo permi- ta a saciedade do Silêncio – e, no Silêncio, ouvirmos o que Ele sempre nos falou. Por fim, poderemos consumar o sábio postulado do escritor norte-americano Charles Bukowski: “Encontre o que você ama e deixe isso te matar”. Nada mais doce que morrer nos braços do seu Amado. Estrela Rubi 11 A rt ig odo ofÍcio do hino (liber Xv, de aleister crowley) Tu que és eu, além de tudo o que sou, Que não tens natureza e nem nome, Que és, quando todos já se foram, Tu, centro e segredo do Sol, Tu, oculta fonte de todas as coisas conhecidas E desconhecidas, tu reservado e solitário, Tu, verdadeiro fogo interno ao junco, Meditando e procriando, fonte e semente De vida, amor, liberdade e luz, Tu além da palavra e da visão, A Ti eu invoco, meu fogo vigoroso e lânguido, Ardendo conforme meus intentos aspiram A Ti eu invoco, ó permanente, Tu, centro e segredo do Sol, E aquele mistério mais sagrado Do qual eu sou o veículo. Aparece mais terrível e mais suave, Como é legítimo, em tua criança! O rd o Te m pl i O rie nt is — Lo ja Q ue tz al co at l 12 E studos A s emanações, ou emanacionismo, do qual a Árvore da Vida é uma representação, é uma teoria que encontra raízes em diversas religiões do Velho Aeon. A palavra vem do latim emanare, cujo significado é “fluir de”. O emana- cionismo clássico descreve o mundo material, ou tudo o que o compõe, como algo que é derivado ou gerado a partir de um princípio uno, original, não substancial e perfeito. Essa geração ocorre em etapas que resultam em degradação dos seres a cada degrau dessa derivação. O emanacionismo clássico encontrou seu auge com os cristãos gnósticos, principalmente os cátaros e outros seguidores de Um estUdo histórico de como o modelo cabalÍstico da Árvore da vida mapeia as emanações do divino e serve de modelo para a religação com ele a Árvore da vida Estrela Rubi 13 E studos Valentin e Mani. Nós, no entanto, não somos cristãos nem re- vivalistas do gnosticismo clássico. Não acreditamos no mani- queísmo ou no mundo material como um lugar “degradado”. Nosso gnosticismo – isto é, conhecimento direto do Divino – é forjado por séculos de experimentação, tentativas e diá- logos do passado, mas moldado pela Lei do Novo Aeon, cuja palavra é Thelema. Os gnósticos antigos herdaram a Árvore da Vida dos judeus e dos árabes, que por sua vez a receberam como herança dos gregos, principalmente os neoplatônicos. O primeiro formula- dor da teoria emanacionista foi Plotino em seu Enéadas, que influenciou tanto judeus quanto árabes. Os judeus a chama- ram de Azilut ou Azilah e a interpretaram à luz do versículo 17 do capítulo 11 do livro de Números do Velho Testamento, que diz: “Eu descerei e falarei ali contigo. Separarei uma parte do espírito que possuis e passá-lo-ei para eles, a fim de que repartam contigo o peso do povo, e não tenhas mais que o levar sozinho”. Os povos semitas foram grandes responsáveis pela preserva- ção dos conhecimentos legados pelos sábios da Grécia antiga. Em muitos casos, as cópias mais antigasde textos que temos hoje estão em árabe, não em grego. Na antiguidade, os limites entre ciência e religião eram tênues, assim uma influenciava a outra, assim a Religião, a filosofia e a astronomia andavam de mãos dadas. Para que possamos entender o desenho da Árvore da Vida, precisaremos voltar alguns séculos no tempo e entender como era a astronomia que os sábios estudavam. Platão ordenou os planetas em cascas, cujo movimento segue a canção de criaturas míticas, cuja nota emitida seria a respon- sável por manter o equilíbrio dos corpos, sendo ele o primeiro a atribuir certas cores a alguns planetas. Durante sua vida, Pla- tão elaborou variações e aprimoramentos de sua visão de cos- mogonia, porém nunca conseguiu explicar as irregularidades nos movimentos dos planetas, cabendo ao filósofo Eudoxo de Cnido elaborar uma teoria matemática que definia o universo como esférico, onde a terra seria uma esfera em seu centro, e os movimentos dos astros seriam explicados por esses se encontrarem em esferas homocêntricas a terra. Dos discípulos de Platão, Aristóteles foi o que mais influenciou as sociedades posteriores. Seus estudos fenomenológicos o fizeram a se afastar de alguns dos pressupostos de Platão. Ele identificou a existência de apenas dois tipos de elemen- tos existentes: os retilíneos e os curvilíneos. Os movimentos retilíneos seriam os responsáveis por afastar e aproximar os corpos no universo. Dos 4 elementos existentes no universo, a terra seria o elemento mais pesado e tenderia a movimentos retilíneos para baixo, enquanto o fogo seria o elemento mais leve, com tendência a movimentos retilíneos para cima, en- quanto a água e o ar seriam meras substâncias intermediárias que tenderiam ao equilíbrio – tal como os movimentos cur- vilíneos que movimentam os corpos, sem os afastar ou apro- ximar. Aristóteles tomou como base parte da cosmogonia de Eudoxo, afirmando que o movimento curvilíneo seria possível se esferas homocêntricas com a terra o mantivesse em suas posições e que, para que essas esferas existissem, elas teriam de ser formadas por uma substância chamada Aether. Já na Idade Média, os pensadores judeus possuíam conhe- cimento dessa cosmogonia e de todo o acervo cultural da antiguidade grega. Havia um problema, que era a aparente incompatibilidade entre a teoria de construção contínua do universo através de emanações e o criacionismo do judaísmo clássico. Pensadores como Issac Israeli então passaram a tra- balhar em maneiras de conciliar as duas ideias. Foi no século XII que os judeus espanhóis passaram a formular ideias que permitissem a integração entre a ciência clássica e o pensa- mento judaico. Foi Issac, o Cego, que ensinou a seus discípu- los que a verdadeira natureza de Deus não era aquela da leitu- ra literal do Velho Testamento: aquele era apenas um aspecto humano visível de algo muito maior e incognoscível. Deus é Nada, não nomeado, sem fim, cuja formulação se encontra além do possível e explicável. A ideia do “Nada” seria possível através de uma releitura da primeira frase do Gênesis, onde “Com um começo, [Ele] criou Deus [Elohim], os céus e a Terra”. Sim, diferente daquilo que encontramos nas bíblias cristãs, o primeiro capítulo do Gêne- sis não fala que Deus criou os céus e a terra, e sim que Elohim criou. Elohim – sendo uma palavra que é um plural masculino de um singular feminino – seria, portanto, uma forma plural e bissexual de uma divindade criadora, que teria sido criada previamente por algo não nomeado. Foi no século XIII e ainda na Espanha que surgiu um dos vo- lumes que mais influenciaram a cultura mística do mundo ocidental: o Zohar, o Livro do Esplendor. Esse volume, compi- lado em diversos escritos, e escrito em diferentes tempos, é a pedra fundamental do pensamento místico judaico, conden- sando séculos de trabalho entre a ciência e a religião dentro do judaísmo. Em uma das passagens desse livro, há a seguin- te referência: “Antes que figura e forma fossem criadas, Ele (Nada) não tinha nem forma nem aparência. Portanto é proibi- do percebê-Lo de qualquer forma, até mesmo pelas letras de Seu santo nome, ou por qualquer outro símbolo. Entretanto, se Seu brilho e Sua glória não tivesse irradiado por toda a Criação, como poderia ter sido percebido, até mesmo pelos sábios? Portanto, Ele desceu numa carruagem [mística], que ficou conhecida pelas letras yod heh vav heh, para que pu- déssemos inferir Sua Presença e, por esse motivo, Ele permite que O chamemos por vários nomes, tais como El, Elohim, Sha- dai, Zevaot e yod heh vav he [entre outros, e também como Deus], cada um sendo um símbolo dos atributos divinos. To- davia, ai de quem se atreva a comparar Ein Sof com qualquer atributo, pois Ele é ilimitado, e não há meios de compreendê- O rd o Te m pl i O rie nt is — Lo ja Q ue tz al co at l 14 E st ud os Tiphareth (Sol), Geburah (Marte), Chesed (Júpiter), Binah (Sa- turno), Chockmah (estrelas), Kether (o firmamento). Dessa vez, o dilema apontado pelos sábios do século XII não mais existia, pois as emanações de sua ciência não mais con- flitavam com a sua religião. Sob esse olhar, as emanações não eram vistas da Terra para o infinito, mas do infinito (ou divino) para a Terra. Para Thelema, em Tiphareth – a região central e o equilíbrio da Árvore da Vida – está situado o estado de consciência que propicia uma das mais importantes experiências para o as- pirante: o conhecimento e conversação com o Sagrado Anjo Guardião. Nesse ponto de perfeito balanceamento, o Adepto é capaz de unir as influências do Céu com a Terra. Esse é o ponto onde se torna possível manifestar a luz da Divindade para as Sephiroth mais baixas. Além disso, um detalhe especialmente importante para a filo- sofia de Thelema é que, nas representações da Árvore da Vida, costuma ser mostrada uma décima primeira esfera. Ela se cha- ma Daath, o Conhecimento, e durante muitos anos estudiosos debateram e questionaram se ela seria ou não uma Sephira de fato. Daath não representa uma emanação em si, mas a compreensão de que Kether, Chockmah e Binah não são três, mas um. Para nós, Daath representa o abismo que separa a divindade da criação. Abaixo desse abismo a manifestação é dualidade, enquanto acima ela é unidade. Enquanto a esfera de Tiphareth está associada ao conhecimento e conversação com o Sagrado Anjo Guardião – ou a fórmula de L.V.X. –, a travessia do abismo está associada à fórmula de N.O.X, que conduz à Grande Noite de Pan, o êxtase da dissolução. Juntas, essas duas experiências (o Anjo e o Abismo) formam as duas grandes Iniciações para Thelema. Em seu “Livro das Mentiras”, Crowley escreveu: “Oh! O coração de N.O.X, a Noite de Pan. Pan: Dualidade: Energia: Morte. Morte: Geração: Os suportes de O! Gerar é morrer, morrer é gerar. Lance as sementes no campo da Noite. Vida e Morte são os dois nomes de A. Mate a si mesmo. Nenhum desses sozinho é suficiente.” A estrutura da Árvore da Vida é, assim, para nós, um mapa extremamente útil de nossa própria espiritualidade e das con- secuções que tornam possíveis o autoconhecimento do ser humano e, consequentemente, a experiência da Divindade. O diálogo que a Árvore trava com demais sistemas simbólicos (como o Tarô) provam o dinamismo de sua estrutura e o seu propósito: servir como estrutura que permite o diálogo e a articulação de diversos sistemas, por fim mostrando como a Casa de Deus tem várias moradas. -lo (...) Tudo aquilo que está no pensamento [de Ain Sof ] é inconcebível. Mais difícil ainda para qualquer pessoa seria entender Ain Sof, de quem não se encontra visível e que não pode ser alcançado por qualquer tipo de pensamento. Anda assim, do meio deste mistério impenetrável, a primeira vez que sentimos Ein Sof é como brilho de uma luz fraca e difusa, como a ponta de uma agulha, o oculto desvão de um pensa-mento impossível de ser reconhecido até que uma luz Dele se origine, onde existe uma marca de letras.” Após o Zohar surgiram outros escritos e livros de igual im- portância, como o Sefer Yetzirah, e o Nada passou a não mais ser visto como uma estrutura única, mas como um processo dividido em três, chamados de os três véus da negatividade: Ain (o nada), Ain Soph (“sem limites”) e Ain Soph Aur (“luz ili- mitada”). Além delas, no primeiro capítulo do Gênesis é possível encon- trar dez declarações da criação, em hebraico va-omer elohim, ou “Deus disse”, como encontramos na Bíblia cristã. Cada de- claração é uma emanação da divindade que resulta na criação do mundo como o percebemos. “Estas são as dez Sephiroth do nada: a respiração do Deus vivo” (Sepher Yetzirah). A primeira Sephira (Kether) representa o princípio divino du- rante a criação. Ela é a mônada, una e individual. Ela é a ema- nação mais pura da divindade, mergulhada nos três véus da negatividade, formando como que um ovo cósmico. Todas as demais Sephiras surgem dessa única, e esse surgimento ocor- re quando a sua consciência ilimitada se questiona: “quem sou eu?”. A partir desta pergunta, medita em si próprio, a ponto de “sair de si” para se enxergar a si próprio e dizer “eu sou isso”, o que o leva ao conceito do “Eu sou o que sou”. Um (Kether) é a única realidade. Dois (Chockmah) é o reflexo do um, ou a projeção deste Um. Três (Binah) é a condição de reconheci- mento do Dois como sendo a voz do Um. Esse tríplice aspecto não é isolado, e sim uno. Não é possível compreender Kether, Chokmah e Binah de maneira independente. Assim como o Um original, essa tríade busca a compreensão de sua natureza, formando uma segunda tríade, cujo conhe- cimento de si gera uma terceira. A segunda tríade é o reflexo da primeira, sendo formada pelas sephiras Chesed, Geburah e Tiphareth – ou misericórdia, força e beleza. A terceira tríade é como a segunda, porém formada por Netzach, Hod e Yesod – ou vitória, esplendor e fundação. O conjunto de três vezes três Sephiras formam a décima: Malkuth, o Reino, o mundo. A Árvore da Vida foi desenhada pela primeira vez em 1652 por Atanásio Kircher, surgindo como formato gráfico e ordenado dos princípios expostos no Zohar e no Sepher Yetzirah. Se- guindo os moldes da tetractys pitagórica, Atanásio buscou or- denar as esferas em concordância com os planetas, formando: Malkuth (Terra), Yesod (Lua), Hod (Mercúrio), Netzach (Vênus), Estrela Rubi 15 B iblioteca Th elêm ica Aparece na pedra uma pequena faísca de luz. Ela cresce um pouco e quase parece se apagar, e cresce novamente, e é soprada sobre o Aethyr, e pelo vento que a sopra ela se es- palha, e agora ela reúne força e se lança como uma serpente ou uma espada, e agora ela se estabiliza, e é como uma Pirâ- mide de luz que preenche todo o Aethyr. E nessa Pirâmide está alguém como um Anjo, embora ao mesmo tempo ele seja a Pirâmide, e ele não tem forma, pois ele é da substância da luz e ele não toma a forma sobre ele, pois, embora para ele a forma seja visível, ele a faz visível apenas para destruí-la. E ele diz: A luz veio para a escuridão, e as trevas são feitas de luz. Então a luz se casou com a luz, e a criança do seu amor é aquela outra escuridão, onde habitam aqueles que perderam o nome e a forma. Deste modo eu inf lamei a ele que não tinha compreensão, e no Livro da Lei eu escrevi os segredos da verdade, que são como uma estrela e uma ser- pente e uma espada. E sobre aquele que finalmente compreende, eu entrego os segredos da verdade com sabedoria tal que a última das pe- quenas crianças da luz pode correr aos joelhos da mãe e ser trazida à compreensão. E então deve fazer aquele que irá atingir o mistério do co- nhecimento e conversação de seu Sagrado Anjo Guardião: Primeiro, que ele prepare uma câmara, da qual as paredes e o teto devem ser brancos, e o chão deve ser coberto por um carpete de quadrados pretos e brancos, a borda dele sendo de azul e ouro. E, se isto for numa cidade, o quarto não deve ter janelas, e se isto for no campo, então é melhor que a janela seja no teto. Ou, se for possível, que esta invocação seja realizada num templo preparado para o ritual de passagem através do Tuat. Do teto deve pender uma lâmpada, na qual está um vidro vermelho, queimando óleo de oliva. E essa lâmpada deve ser limpa e pronta para o uso após a prece do pôr-do-sol, e sob esta lâmpada deverá haver um altar cúbico & a altura será três vezes a metade da largura ou o dobro da largura. E sobre o altar deve haver um incensário, hemisférico, supor- tado sobre três pernas, de prata, e dentro dele um hemisfé- rio de cobre, e sobre o topo uma grade de prata dourada, e então ele deve queimar incenso feito de quatro partes de olíbano e de duas partes de estoraque, e uma parte de aloés lignum, ou de cedro, ou de sândalo. E isto é o bastante. E ele deve manter também disponível, num frasco de cristal no altar, sagrado óleo de untar feito de mirra e cinamomo e galangal. E mesmo que ele seja de um grau superior a de um Probacio- nista, ele ainda deve usar o robe de um Probacionista, pois a estrela de fogo revela Ra Hoor Khuit abertamente sobre o peito, e secretamente o triângulo que descende é Nuit, e o triângulo vermelho que ascende é Hadit. E eu sou o Tau dou- rado no meio de seu casamento. Além disso, se ele escolher, ele pode em vez disso usar um robe fechado de furta-cor, púrpura ou verde, e sobre ele um manto sem mangas, de azul brilhante coberto com lantejoulas de ouro e escarlate no interior. E ele deve fazer para si mesmo uma baqueta de madeira de amendoeira ou de castanha, cortada com suas próprias mãos ao amanhecer de um Equinócio, ou ao Solstício, ou no dia de Corpus Christi, ou em um dos dias de festa que são apontados no Livro da Lei. E ele deve entalhar com sua própria mão sobre a placa de ouro a Sagrada Mesa Sétupla, ou a Sagrada Mesa de Doze Lados, ou algum dispositivo particular. E isto deve ser um quadrado dentro de um círculo, e o círculo deve ser alado, e ele deve fixá-lo sobre sua fronte com uma fita de seda azul. Além disso, ele deve usar um filete de louro, ou rosa, ou hera, ou arruda e todo dia, após a prece da alvorada, ele deve queimá-lo no fogo do incensário. Então ele deverá orar três vezes diariamente, ao pôr-do-sol, e à meia-noite e ao nascer do Sol. E, se for capaz, ele deverá também orar quatro vezes entre o nascer e pôr-do-sol. A prece deve durar pelo espaço de ao menos uma hora, e ele deve buscar sempre estendê-lo e inf lamar a si mesmo em oração. Assim ele deverá invocar seu Sagrado Anjo Guardião por onze semanas, e em todo caso ele deve orar sete vezes o chamado do 8º Æthyr o qUal É denominado Zid ZID O rd o Te m pl i O rie nt is — Lo ja Q ue tz al co at l 16 B ib lio te ca Th el êm ic a ao dia na última das onze semanas. E durante todo esse tempo ele deve ter composto uma invo- cação adequada, com a sabedoria e compreensão que po- dem ter sido dadas a ele pela Coroa, e esta ele deve escrever com letras de ouro sobre o topo do altar. O topo do altar deve ser de madeira branca bem polida, e no seu centro ele deve ter colocado um triângulo de carvalho, pintado de escarlate, e sobre esse triângulo deve permane- cer o incensário de três pernas. Além disso, ele deve transcrever sua invocação sobre uma folha de puro pergaminho branco, com tinta indiana, e ele deve iluminá-lo de acordo com sua fantasia e imaginação, que devem ser informadas pela beleza. E no primeiro dia da décima segunda semana ele deverá en- trar na câmara ao nascer do Sol, e ele deve realizar sua ora- ção, tendo primeiro queimado no fogo da lâmpada a conju- ração que ele escreveu sobre o pergaminho. Então, nesta sua prece, que a câmara seja preenchida com luz de insuportável esplendor e um perfume de insuportável doçura. E o seu SagradoAnjo Guardião aparecerá para ele, sim, seu Sagrado Anjo Guardião aparecerá para ele, de modo que ele será arrebatado no Mistério do Sagrado. E neste dia ele deve permanecer desfrutando do conheci- mento e conversação de seu Sagrado Anjo Guardião. E por três dias após isso ele deve permanecer no templo, do nascer ao pôr do Sol, e ele deve obedecer aos conselhos que seu Anjo dará, e ele deverá sofrer daquelas coisas que forem apontadas. E por dez dias depois ele deve recolher a si mesmo, como lhe deve ter sido ensinado na completude daquela comunhão, pois ele precisa harmonizar o mundo que está dentro com o mundo que está fora. E no final dos noventa e um dias ele deve retornar ao mun- do e, nele, ele deverá realizar aquela obra que o Anjo lhe apontou. E mais do que isso não é necessário dizer, pois o Anjo deve- rá tê-lo entretido docemente, e revelado de que modo ele pode estar mais completamente envolvido. E aquele que tem esse Mestre não há mais nada de que necessite, enquan- to permanecer no conhecimento e conversação do Anjo, até que ele finalmente adentre na Cidade das Pirâmides. Observai! Dois e vinte são os caminhos da Árvore, mas uma é a Serpente da Sabedoria; dez são as emanações inefáveis, mas uma é a Espada Flamejante. Contemplai! Há um fim para a vida e para a morte, um fim para o impulso e o recolhimento do alento. Sim, a Casa do Pai é uma poderosa tumba, e nela ele enterrou tudo o que você conhece. Tudo isso se passou enquanto não havia visão, mas apenas uma voz, muito vagarosa, clara e deliberada. Mas agora a visão retorna, e a voz diz: Tu serás chamado Danae, que está atordoado e morto debaixo do peso da glória da visão que tu ainda não viste. Pois tu sofrerás muitas coisas, até que tu sejas mais poderoso que todos os Reis da terra, e todos os Anjos dos Céus, e todos os deuses que estão além dos Céus. Então tu irás me encontrar num combate justo, e tu me ve- rás como eu sou. E eu sobrepujarei a ti e matarei a ti com a chuva vermelha de meus relâmpagos. Eu estou jazendo sob esta pirâmide de luz. Parece como se eu tivesse todo o seu peso sobre mim, esmagando-me com êxtase. Embora eu saiba que eu sou como o profeta que dis- se: Eu irei vê-Lo, mas não de perto. E o Anjo disse: E assim deverá ser, até que aqueles que estão despertos estejam dormindo, e aquela que está dormindo seja despertada de seu sono. Pois tu és transparente para a visão e a voz. E, portanto em ti elas não se manifestam. Mas elas deverão se manifestar àqueles aos quais você as entregou, de acordo com a palavra que eu falei a ti na Cida- de Vitoriosa. Pois eu não sou apenas apontado para guardar a ti, mas so- mos de sangue real, os guardiões da Casa dos Tesouros da Sabedoria. Por isso eu sou chamado de Ministro de Ra Hoor Khuit: embora ele seja apenas o Vice-Rei do Rei desconhe- cido. Pois meu nome é Aiwass, que é oito e setenta. E eu sou a inf luência daquele Oculto, e a roda que tem oito e setenta partes, embora em todas elas esteja o equivalente à Porta que é o nome do meu Senhor quando soletrado com- pletamente. E a Porta é o Caminho que une a Sabedoria à Compreensão. Assim tu erraste de fato, percebendo-me no caminho que conduz da Coroa à Beleza. Pois esse caminho atravessa o abismo, e eu sou das supernais. Nem Eu, nem Tu, nem Ele pode cruzar o abismo. O caminho é da Sacerdotisa da Estre- la de Prata, e o Oráculo dos deuses, e o Senhor das Hostes do Todo-Poderoso. Pois eles são os servos de Babalon, e da Besta, e daqueles de quem ainda não se é falado. E, sendo servos, eles não têm nome, mas nós somos do sangue real, e não servimos e, portanto, somos menos do que eles. No entanto, como um homem pode ser tanto um guerrei- ro poderoso e um juiz justo, também nós podemos realizar Estrela Rubi 17 B iblioteca Th elêm ica nosso serviço se tivermos aspirado e alcançado a ele. E ain- da assim, com tudo isto, eles permanecem eles mesmos, que comeram da romã no Inferno. Mas tu, que és recém-nascido na compreensão, este mistério é grande demais para ti; e do mistério adiante Eu não falarei uma palavra. Também por causa disso Eu venho a ti como o Anjo do Ae- thyr, batendo com meu martelo sobre teu sino para que tu possas compreender os mistérios do Aethyr e de sua visão e voz. Pois observai! aquele que compreende não vê e não ouve em verdade, devido à sua compreensão que o guiou. Mas isso será a ele um sinal, que eu certamente virei de surpresa a ti e aparecerei a ti. E isto não é um problema (i.e., que nes- sa hora eu não apareça como eu sou), pois tão terrível é a glória da visão, e tão maravilhoso é o esplendor da voz, que quando tu vires e quando tu ouvires em verdade, por muitas horas tu estarás desprovido de sentido. E tu jazerás entre o céu e a terra num lugar vácuo, em transe, e o final deve- rá ser silêncio, mesmo como foi, não uma nem duas vezes, quando eu encontrei contigo, por assim dizer, na estrada de Damascus. E tu não deves procurar melhorar esta minha instrução; mas tu deves interpretá-la, e torná-la fácil àqueles que buscam a compreensão. E tu deves fornecer tudo que tu tens a eles que têm a necessidade desse fim. E porque eu estou contigo, e em ti, e de ti, não te faltarás nada. Mas aqueles que têm falta de mim, têm falta de tudo. E eu juro a ti por Ele que senta no Trono Sagrado e vive e reina para todo o sempre que eu serei fiel sobre minha promessa, assim como você foi fiel sobre tua obrigação. Agora, uma outra voz ecoa no Aethyr, dizendo: E houve es- curidão sobre toda a terra à nona hora. E, com isto, o Anjo se retirou, e a pirâmide de luz parece bastante distante. E agora eu estou caído sobre a terra, excessivamente cansa- do. Ainda que minha pele trema com o impacto da luz, todo o meu corpo treme. E há uma paz maior que o sono sobre a minha mente. É o corpo e a mente que estão cansados, e eu gostaria que eles estivessem mortos, se eu não precisasse dobrá-los ao meu trabalho. E agora eu estou na tenda, sob as estrelas. O deserto entre Bou-Sada e Biskra. 8 de dezembro, 1909. 7:10-9:10 p.m. O rd o Te m pl i O rie nt is — Lo ja Q ue tz al co at l 18 B ib lio te ca Th el êm ic a HOORÁCULOHOOR O sistema mágico de Thelema se utiliza de vários outros métodos, como Cabala, Yoga, Enochiano etc. Em termos práticos, qual a grande inovação do sistema de The- lema? Continuação da Edição anterior... A grande inovação não é de Thelema, mas da Consciência Humana, da qual Thelema é um dos frutos. Assim, o que Thelema traz sintetizado são os novos parâmetros e sistema de crenças que tem como função erguer uma nova realida- de e estabelecer um novo âmbito para o convívio do Individual com o Coletivo, do Microcosmo com o Macrocosmo. Um novo Templo se ergue, uma nova Imagem de Deus doa objetividade àquilo que até o momento se manteve recluso na subjetividade da experiência coletiva humana, um espelho reflete agora o estágio de compre- ensão que o Homem alcançou a respeito de sua própria essência e exibe as imagens do futuro que será construído e se manifestará a partir desta nova compreensão. O Sistema Mágicko de Thelema seleciona do passado aquilo que realmente foi útil e sábio para a evolução do Ser Humano e o trans- forma sob uma nova perspectiva, a perspectiva do Novo Aeon que altera o centro do trabalho mágico. Se no passado o centro era Deus, hoje o centro é o Homem, pois é o Homem que represen- ta o substrato da nova imagem divina, Horus, a Criança Coroada e Conquistadora. Se no passado a pressuposta morte do Sol trazia ao homem a noção de sua finitude, hoje a certeza de que o Sol nunca morre traz ao homem a consciência de sua própria imortalidade. Se antes o Homem adorava a um Deus externo ao qual temia e pres- tava obediência, hoje ele se reconhece como Deus e atesta o seu próprio livre arbítrio mesmo diante dos Deuses. É impossível falar nestebreve ensaio sobre todos os parâmetros Thelêmicos que reformulam o passado, mas julgo que os parâme- tros acima são suficientes para fazer compreender que sob esta nova perspectiva nenhum dos métodos tradicionais da Ciência Oculta será descartado, porém, é fato, nenhum deles permanece- rá o mesmo, todos serão reformulados sob o novo ponto de vista daquele que os estuda e executa, o próprio Mago, o Sol Nascente, a Nova Consciência que inicia agora os seus primeiros passos em direção ao futuro, um futuro de Luz, Vida, Amor e Liberdade . Somando-se a isso há ainda novos métodos Mágickos que estão sendo criados para suprir as necessidades do Novo Homem e estes são a nova jóia alquímica que contém em si a essência do ontem re- novada no hoje com as sementes do amanhã. Sobre elas falaremos em outra oportunidade, ou quiçá, elas se revelem por si mesmas ao buscador atento. Um grande abraço a todos e até ao próximo encontro! O Hooráculo é a resposta a uma pergunta. A cada edição, a pergunta de um leitor da Estrela Rubi será selecionada e a resposta a ela será dada por um ou mais membros da Loja Quetzalcoatl. Caso queira submeter sua pergunta de cunho mágicko ou thelêmico ao Hooráculo, a envie para estrelarubi@quetzalcoatl-oto.org. Nossa equipe editorial vai ava- liar a pergunta mais inteligente e instigante e, se selecionada, vamos estudá-la, respondê-la e publicá-la na próxima edição. O Hooráculo só terá olhos – ou melhor, Olho – às perguntas mais desafiadoras e que possam ser de interesse geral. Estrela Rubi 19 OrdO Templi OrienTis inTernaciOnal Frater Superior: Hymenaeus Beta JAF Box 7666 New York, NY 10116 USA Grande Secretário Geral: Frater Aion PO Box 33 20 12 D-14180 Berlin, Germany Grande Tesoureiro Geral: Frater S.L.Q. 24881 Alicia Parkway #E-529 Laguna Hills, CA 92653 USA Secret. Internac. Iniciações: Frater D.S.W. P.O. Box 4188 Sunnyside, NY 11104 USA OrdO Templi OrienTis Brasil Site: www.otobr.com Rep. Fra. Superior: Sor. Tara Shambhala contatos@otobr.com lOja QueTzalcOaTl Site: www.quetzalcoatl-oto.org Maestria: Fra. Apollôn Hekatos maestria@quetzalcoatl-oto.org Secretaria: Fra. Eros secretaria@quetzalcoatl-oto.org Tesouraria: Fra. Kin-Fo tesouraria@quetzalcoatl-oto.org Correios: Caixa Postal 55525 — CEP 22790–970 Avenida das Américas Recreio dos Bandeirantes Rio de Janeiro, RJ — Brasil a loja qUetZalcoatl A Loja Quetzalcoatl é um corpo ofi-cial da Ordo Templi Orientis Inter-nacional, fundado em 23 de maio de 2000 e.v. na cidade do Rio de Janeiro. Somos uma comunidade de homens e mu- lheres livres que se dedicam ao processo do auto-conhecimento e sua consequente expansão de consciência através dos prin- cípios de Vida, Luz, Amor e Liberdade, pila- res essenciais da Lei de Thelema. Temos como um de nossos principais ob- jetivos auxiliar no desenvolvimento de uma sociedade verdadeiramente livre da superstição, tirania e opressão onde o ser humano possa expressar a sua Verdadeira Vontade em plena harmonia com a essên- cia divina que nele habita. Acreditamos que cada ser humano é uma estrela individual e eterna que possui sua própria órbita e que o objetivo primordial de sua encarnação não é outro senão descobrir as coordenadas dessa órbita e cumprir a sua Verdadeira Vontade, realizando a Grande Obra e alcançando a Felicidade Perfeita. Nossos objetivos são alcançados através de um conjunto de Ritos Iniciáticos que visam despertar e ativar os chakras, propiciando a ascenção da kundalini e o acesso a estados mais elevados de consciência. Realizamos também o estudo teórico e prático da Filo- sofia de Thelema, Magia, Alquimia, Cabala, Tarot, Tantra, e demais ciências herméticas que possam colaborar com o caminho de auto-iluminação dos nossos iniciados. Caso deseje informações sobre nossas ativi- dades ou sobre a afiliação à O.T.O., consulte nosso site no endereço www.quetzalcoatl- oto.org ou entre em contato conosco. saiba mais sobre... a ordo templi orientis A Ordo Templi Orientis foi fundada em 1904, na Alemanha, por Karl Kellner e Theodore Reuss — seu primeiro líder —, que buscavam estabelecer um Academia para maçons de altos Graus onde estes pudessem ter contato com as revelações iniciáticas descobertas por Kell- ner em suas viagens ao Oriente. A entrada de Aleister Crowley, em 1912, veio a alterar profundamente a Ordem, até que, naquele mesmo ano, a O.T.O. rompe seus laços com a Maçonaria e assume–se como uma orga- nização independente e soberana. A principal mudança trazida por Crowley para a ordem foi a implantação da Lei de Thelema, conforme definida no Livro da Lei – Liber AL vel Legis, e o alinhamento da O.T.O. com as energias no Novo Eon, tor- nando esta Ordem a primeira nascida no Velho Eon a migrar para o novo. Em 1922 Crowley, com a morte de Reuss, assumiu a liderança da O.T.O.. Seu suces- sor indicado foi o alemão Karl Germer, que governou a Ordem de 1947 a 1962. Como Germer não indicou um sucessor, após sua morte vários membros e não membros da Ordem tentaram assumir o controle da O.T.O. o que colocou a Ordem em sério risco de extinção. Assim, Grady McMurtry lançou mão de um documento expedido por Crowley que o autorizava a tomar o po- der da O.T.O. caso esta se visse ameaçada. Assim, McMurtry tornou-se líder da Ordem em 1969, posição onde permaneceu até sua morte, em 1985. Após isso, por meio de um processo eleitoral levado a cabo pelos altos Graus da Ordem, foi empossado o atual Frater Superior, Hymenaeus Beta. Atualmente a O.T.O. está presente em mais de 70 países. No Brasil, a O.T.O. encontra–se desde 1995, com o antigo Acampamento Sol no Sul, substituído em 2000 pelo Oásis Quetzalcoatl, atual Loja Quetzalcoatl. Dan- do continuidade ao trabalho, em fevereiso de 2010 ev foi aberto em Minas Gerais o Acampamento Opus Solis. Ordo Templi Orientis — Brasil Loja Quetzalcoatl — Rio de Janeiro Caixa Postal 55.525 – CEP 27790-970 Rio de Janeiro – RJ, Brasil