Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

Ano 04, no 02
R$ 0,00
Solstício de Inverno
21 Junho, 2013 e.v.
A in c, B in h, Dies D
Anno IV:xxi
O AMOR
DO ANJO
A relAção do Adepto com o 
SAgrAdo Anjo guArdião pode Ser 
compreendidA como umA relAção 
de Amor – e de AmAnteS. pág. 6
Revista da Loja Quetzalcoatl, Ordo Templi Orientis
Índice
Editorial 
pág. 3
Notícias 
pág. 3
Guro, Quem é Esse? 
pág. 4
 
 
Estudos 
 A Árvore da Vida 
pág. 12
Biblioteca Thelêmica 
O Chamado do 8º Aethyr
pág. 15
Hooráculo 
pág. 18
 O Amor do Anjo
escreva para nós!
Além de ajudar a melhorar nosso 
trabalho com sua opinião, apro-
veite nosso espaço de comunica-
ção para tirar dúvidas, dar ideias e 
manter contato com os membros 
da O.T.O. no Brasil.
E-mails para: 
estrelarubi@quetzalcoatl-oto.org
6
ExpEdiEntE
Ano 04, Num 02, Ed nº 12, 21 de Junho de 2013 e.v.
Ordo Templi Orientis Internacional
Frater Superior ................. Fra. Hymenaeus Beta
Grande Secretário Geral ........................ Fra. Aion
Grande Tesoureiro Geral .........................Fra. SQL
O.T.O. Brasil
Repr. do Fra. Superior .... Sor. Tara Shambhala
Loja Quetzalcoatl
Maestria ................................ Fra. Apollôn Lycaeus
Secretaria ..........................................................Fra. Eros
Tesouraria ....................................................Fra. Kin Fo
Editoria
Editor ......................................Fra. Apollôn Hekatos
Jornalista ...........................................................Fra. Eros
Design Editorial ................Fra. Apollôn Hekatos
Ilustrações .................................. Loja Quetzalcoatl 
Assinaturas
Assinatura anual (4 ed./ano) ..................R$ ??,00
Edição atrasada ..............................................R$ ??,00 
Pedidos .....estrelarubi@quetzalcoatl-oto.org
Estrela Rubi é uma publicação trimestral da 
Loja Quetzalcoatl, Corpo Local Oficial da Ordo 
Templi Orientis internacional para a cidade do 
Rio de Janeiro, Brasil.
Todos os direitos reservados. Proibida cópia, 
utilização ou alteração dos textos e/ou imagens 
contidos nesta publicação sem expressa 
autorização dos Oficiais da Loja Quetlzalcoatl 
ou outro representante autorizado pela Ordo 
Templi Orientis Brasil ou Ordo Templi Orientis 
Internacional.
As informações e opiniões aqui contidas são de 
inteira responsabilidade de seus autores e não 
são necessariamente compartilhadas pela O.T.O., 
seus Oficiais ou os demais membros da Ordem. 
Em caso de dúvidas, entre em contato com a 
Secretaria da Loja Quetzalcoatl.
© 2013, Loja Quetzalcoatl, Ordo Templi Orientis 
Brasil e Ordo Templi Orientis Internacional
Estrela Rubi 
3
notÍcias
 Aniversário da Loja Quetzalcoatl
No dia 23 de maio e.v., a Loja Quetzalcoatl comemorou 13 anos de 
existência: treze anos de trabalho iniciático e promulgação da Lei de 
Thelema no Rio de Janeiro e no Brasil!
Registramos aqui mais uma homenagem a todos da nossa Loja, que 
fazem e fizeram parte do trabalho que nos trouxe até aqui.
Parabéns a todos nós! Sucesso seja a nossa prova.
 Três anos da Revista Estrela Rubi
É com muita satisfação que, nesta edição 12, comemoramos três 
anos de existência da Revista Estrela Rubi. Gostaríamos de agrade-
cer a todos os leitores que têm nos acompanhado e que contribu-
íram para nosso desenvolvimento com comentários, sugestões e 
críticas. Não seria possível produzir um material desta qualidade 
sem todos vocês!
Esperamos sempre continuar informando, gerando debate, divul-
gando a Lei de Thelema e atendendo a demanda de nossos Irmãos, 
Irmãs e estudantes sérios.
 Solstício de Inverno
Celebramos mais um Solstício de Inverno. Como na hora da meia-
-noite do Sol, a Natureza recolhe suas forças e se refugia em si mes-
ma, formulando-se pacientemente. 
Assim como Kephra conduz o Sol através da madrugada, a semente 
de um novo ciclo se prepara, em silêncio. Seu florescer será aguar-
dado em paz por todos nós.
A Loja Quetzalcoatl deseja um calmo inverno a todos.
S empre polêmico, o tema do Sagrado Anjo Guardião é um assunto recorrente dentro de Thelema tanto devido a sua importância como também à natureza individual de sua ex-
periência. 
O S.A.G. é nossa centelha Divina, nosso Deus Pessoal, nosso(a) Bem 
Amado(a) a cujos braços nós ansiamos retornar e finalmente encon-
trar União. 
Esta é nossa Religião. 
Em Thelema a Grande Obra se dá através do conhecimento e con-
versação com o S.A.G., sendo este o portal para a identificação de 
nossa Verdadeira Vontade e que nos possibilita o cumprimento da 
mesma.
Certamente encontaremos em nosso caminho Individual outras es-
trelas em suas próprias trilhas e seus raios nos trarão um pouco mais 
de luz, no entanto é preciso cuidado com os budas que andam por 
aí vendendo caminhos, certezas e soluções às multidões perdidas e 
camableantes em seu sonambolismo... pois se seguires suas pega-
das certamente não será a Tí que encontrarás.
Então se vires o buda na rua, mata-o!
editorial
Frater apollôn lycaeus
Mestre da Loja QuetzaLcoatL - rio de janeiro
O
rd
o 
Te
m
pl
i O
rie
nt
is 
—
 Lo
ja
 Q
ue
tz
al
co
at
l 
4
A
rt
ig
o
Uma breve conversa, Um simples 
estUdo qUe bUsca resgatar nas 
origens hindUs do termo, o 
significado da palavra gUrU e 
sUa correlação com o objetivo 
de trabalho dentro de thelema
gUrU, 
qUem É 
esse?
E m janeiro, ministrei uma das palestras abertas da Loja Quet-zalcoatl com o tema de Cakras. Esse artigo será bem inte-ressante para aqueles que estiveram presentes, porém, para 
não deixar os demais leitores “na mão”, farei um pequeno resumo 
do material apresentado:
Caríssimos amigos!
Faze o que tu queres será o todo da Lei.
Hoje falaremos sobre um assunto que talvez seja novo para 
alguns, mas que provavelmente será simples para outros. Fa-
laremos de uma figura muito falada, mas pouco conhecida na 
sociedade desse lado do planeta Terra. Hoje falaremos sobre o 
papel do guru.
Om namo deva devesa
paratpara jagadguro
Sadasiva mahadeva
gurudiksam pradehi me.
Disse então a deusa: “Saudações, Oh Deus, senhor dos deuses, altís-
simo entre os altos, professor do universo, benevolente, Oh grande 
Deus, que me iniciou no conhecimento do meu Guro”. Essa passa-
gem vem de uma antiga escritura hindu que narra uma conversa 
entre o deus Shiva e a deusa Parvati. Nela são descritos e afirmados 
os princípios norteadores do guru dentro da filosofia hindu.
Quem é o guru? Podemos buscar mais informações em outras fon-
tes. Uma bem elucidativa sobre o assunto é o Advaya Taraka Upa-
nishad, outro livro sagrado da Índia antiga, que diz:
Um professor realmente competente é versado nos Vedas, um devoto de 
Vishnu, livre de inveja, puro, um conhecedor de Yoga, dedicado a Yoga, 
sempre tendo a natureza do Yoga.
Ele, que é equipado com devoção ao seu próprio professor, que é espe-
cialmente um conhecedor de Si - aquele que possui estas virtudes é de-
signado como um guru.
A sílaba gu significa escuridão. A sílaba ru significa o destruidor dessa 
escuridão. Por causa da capacidade de destruir as trevas, ele é chamado 
de guru.
O professor sozinho é o supremo Absoluto. O professor sozinho é o cami-
nho supremo. O professor sozinho é o conhecimento supremo. O profes-
sor sozinho é a suprema estância.
O professor só é o limite supremo. O professor só é suprema riqueza. Por-
que ele é o professor da Realidade não-dual, ele é o mestre maior do que 
qualquer outro professor.
Ele faz com que as escrituras sejam recitadas, mesmo já estando libera-
do do triste ciclo de existência. Naquele instante o pecado cometido em 
todos os nascimentos desaparece. Ele obtém todos os desejos. Para tal 
yogi há consecução do objetivo final de toda a humanidade. Ele é quem 
conhece, verdadeiramente conhece a doutrina secreta.
O que é Yoga? “Yoga significa união”, escreveu Aleister Crowley anos 
atrás em suas lições sobre Yoga. Que união é essa?Faze o que tu 
queres será o todo da Lei. Amor é a lei, amor sob vontade. Esse 
amor é união.
A criação é movimento. Cada ser, peça, pedaço, partícula que seja, 
tudo no universo se move constantemente. Como o fluir das ondas, 
a criação vem e vai, atraindo e se afastando. O amor é a força que 
move essa criação, desde a menor partícula do elétron atraído pelo 
próton. Olhando para as pequenas partículas, vemos átomos que 
buscam seu equilíbrio energético e se juntam com outros átomos e 
esses formam moléculas, que por sua vez se juntam a outras molé-
culas e assim sucessivamente.
Assim, união está ligada tanto ao princípio da Yoga quanto Religião. 
O praticante da yoga, o yogi, busca a união com o Brahma – este 
mais do que um deus personificado, é a própria criação triforme em 
Estrela Rubi 
5
A
rtigo
etapa no caminho para a consecução da 
verdadeira vontade.
Todo o ser humano nasce desprovido das 
ferramentas mais básicas, necessárias a 
sua sobrevivência. Através dos outros que 
o homem toma consciência de si e de seu 
corpo, e aprende a crescer e evoluir. Todos 
precisam de um professor, de uma voz que 
não siga seu caminho, mas que ajude na 
hora de escolher qual caminho seguir.
O sábio Swami Maheshwarananda disse 
que na vida encontramos seis tipos dife-
rentes de gurus.
Os primeiros gurus que temos são os nos-
sos pais. Não necessariamente nossos pais 
biológicos, mas os nossos pais de fato. 
Aqueles que cuidam de nós em nossos pri-
meiros meses, nos dão carinho, comida e 
proteção que vão nos influenciar pelo resto 
de nossas vidas.
O segundo tipo de guru são os amigos e 
pessoas que conhecemos quando passa-
mos a ter contato com seres de fora da al-
çada dos nossos pais. Nas crianças de hoje, 
esse contato ocorre na escola, nas séries 
fundamentais, onde o ser passa a ter con-
tato com as regras da sociedade.
O terceiro tipo de guro são os nossos pro-
fessores da vida, desde o professor que lhe 
alfabetizou até aquele que você conheceu 
na faculdade, pois são eles que nos trans-
mitem o conhecimento legado da huma-
nidade.
O quarto tipo de guro são os sacerdotes, 
nossos professores espirituais que nos au-
xiliam em nossos primeiros passos, ou nos 
aspectos mais exotéricos de nossa vida es-
piritual. Seguido deles temos o quinto tipo 
de guro, que são os aqueles que nos auxi-
liam a buscar nosso Dharma, nosso dever 
espiritual. São aqueles que nos apontam os 
caminhos pelo qual nós podemos traba-
lhar nossa ligação divina.
O sexto tipo e mais importante, é o guro 
interno, que existe em cada um de nós. 
Esse guro é aquele que mais e melhor 
nos conhece, do que qualquer outro guro 
Brahma, Vishnu e Shiva. Aquele que segue 
esse caminho busca sua união com toda a 
criação e existência.
Não à toa, disse o Buda que “Tudo é sofri-
mento” e a “causa do sofrimento é o dese-
jo”. Amor é desejo. Quando mais se ama, 
mais se deseja se aprofundar no objeto 
amado. Quando esse objeto é a criação, o 
Brahman, mais se quer mergulhar e se per-
der em seu seio, como um louco apaixona-
do de desejo ou de amor.
Mas, o que isso tem a ver com o guru?
man-mana bhava mad-bhakto
mad-yaji mam namaskuru
mam evaisyasi satyam te
pratijane priyo ‘si me
No Bhagavad Gita, Shri Shri Krishna diz: 
“Sempre pense em Mim e se torne Meu de-
voto. Adore a Mim e preste homenagens a 
Mim. Assim, você virá até mim sem falhar. 
Eu lhe prometo isso, pois você é Meu ami-
go mais próximo”. Quando Krishna comeu 
um punhado de terra, sua mãe Yasoda ra-
lhou com o jovem, que negou a acusação. 
Yasoda decidiu conferir e olhou dentro de 
sua boca. Lá não havia terra, mas havia toda 
a criação. Foi esse mesmo Krishna, repre-
sentação do todo da criação, que durante 
a batalha de Kurukshetra convidou Arjuna 
a mergulhar em si.
Esse mergulho rumo à criação é o gran-
de desafio de todo aquele que se propõe 
a dura tarefa de atravessar o abismo da 
criação e enfrentar a criatura da dispersão. 
Através dessa união, o adepto caminha 
rumo à busca da consecução de sua Gran-
de Obra.
om ajnana-timirandhasya jnananjana-sa-
lakaya
caksur unmilitam yena tasmai sri-gurave na-
mah
“Nasci na escuridão da ignorância, e meu 
Guru iluminou-me com o archote do co-
nhecimento. A ele eu ofereço as minhas 
mais humildes referências”. O guru é voz 
divina que conduz o praticante diligente 
rumo a seu objetivo de união. Ele é uma 
externo, e esse guro não é outro se não o 
próprio Sagrado Anjo Guardião. Por tal mo-
tivo, a obtenção da conversação com esse 
é parte da grande tarefa que o adepto deve 
empreender em sua vida.
Assim, esqueça aquela imagem estereo-
tipada dos filmes sobre o guro como um 
sábio todo poderoso divinatório espalha-
fatoso. O guru não é isso. O guro é são os 
professores que nos auxiliam em diversos 
estágios de nossa vida. Tal como passamos 
do ensino fundamental, médio, superior, 
mestrado, doutorado e sucessivamente, 
assim passamos com nossos professores. 
A cada nova etapa travamos contato com 
um novo professor, até atingirmos aquele 
que será o nosso professor ultimo.
Temo que nosso tempo esteja se esgo-
tando. Espero ter sido capaz de mostrar a 
vocês de maneira breve qual o propósito e 
objetivo do guro em nossas vidas.
Faço votos para que possamos nos reen-
contrar em breve.
Amor é a lei, amor sob vontade.
Fraternalmente,
Frater Hanuman
Bibliografia geral:
The Hidden Power in Humans – Chakras and 
Kundalini, por Swami Maheshwaranandaji;
Orasyon Meditation – A Warriors Path to Enli-
ghtenment, por Datu Shishir Inocalla.
Science of Self Realization, por Swami Prabu-
phada.
Eight Lessons of Yoga, por Aleister Crowley
O Baghavad Gita como Ele é, por Swami Pra-
buphada.
A Libertação da Mente Através do Tantra 
Yoga, por Shri Ananda Murti.
O
rd
o 
Te
m
pl
i O
rie
nt
is 
—
 Lo
ja
 Q
ue
tz
al
co
at
l 
6
A
rtigo
Frater eros
Frater eros
a relação do adepto com o sagrado anjo gUardião pode ser 
compreendida como Uma relação de amor – e de amantes
o amor 
do anjo
Estrela Rubi 
7
M
atéria de C
apa
esta Inteligência, obtido por meio de intensa disciplina de-
vocional, seria responsável por alçar o Mago a um novo pata-
mar de iluminação. Ao longo da história, outras nomenclatu-
ras se afinaram a este conceito, como o termo neoplatônico 
Augoeides, o grego Daimon e o hindu Atman.
O conceito de “Sagrado Anjo Guardião” foi ampla-mente difundido graças à tradução de “O Livro da Sagrada Magia de Abramelin, o Mago” por MacGre-
gor Mathers, proeminente líder da Hermetic Order of Golden 
Dawn (Ordem Hermética da Aurora Dourada). O contato com 
“ I dream of your fIrst kIss and then
I feel upon my lIps agaIn
a taste of honey... tastIng much sweeter than wIne.
I wIll return, yes, I wIll return,
I’ll come back for the honey and you.”
(“a taste of honey”, de bobby scott e rIc marlow)
O
rd
o 
Te
m
pl
i O
rie
nt
is 
—
 Lo
ja
 Q
ue
tz
al
co
at
l 
8
M
at
ér
ia
 d
e 
C
ap
a
Muito ainda se divaga sobre a natureza Anjo. Seria ele o nos-
so “mestre interior”, ou um ente iluminado independente, o 
qual devemos atrair através de nosso esforço iniciático? – ou, 
ainda, nenhuma escolha linguística seria capaz de dar cabo 
de sua experiência? Lon Millo DuQuette, em seu livro “Illus-
trated Goetia”, não está falando especificamente do Sagrado 
Anjo Guardião, mas quando diz: “Essa questão fundamental 
pode nunca ter uma resposta satisfatória devido ao fato de que 
ninguém realmente entende a natureza da ‘matéria’”, talvez 
possamos aproveitar sua citação. Não há consenso mesmo 
entre aqueles que reconhecidamente tiveram a experiência 
do Anjo. Em “Magick without tears” (Magia sem Lágrimas), 
Crowley intitulou o capítulo 43 de “O Sagrado Anjo Guardião 
não é o ‘Eu Superior’, mas um Indivíduo Objetivo”, e cogita 
que ele seria um ser de outra ordem: “mais que um homem, 
possivelmente um ser que já passou pelo estágio de huma-
nidade”. Neste momento dos escritosde Crowley, considerar 
o Anjo como “Eu Superior” seria uma “heresia condenável e 
um perigoso delírio”. Em outros momentos, como no Liber 
Samekh e nos Comentários Mágicos e Filosóficos do Liber 
AL, Crowley o define como o “verdadeiro Self ” – aquilo que 
nós verdadeiramente somos. Fato é que um “perigoso de-
lírio” seria se ater à opinião de Crowley – ou de qualquer 
outro – sobre uma experiência tão íntima. Assim, ninguém 
que não tenha atingido a maestria dessa experiência deve-
ria arriscar especular sobre a natureza do Anjo. O presente 
texto, portanto, não pretende responder essa questão, mas 
servir como ode ao Amor que inspira os Adeptos a se diri-
girem a Ele.
Nos ancoramos na evidência – mesmo que pálida, para 
a maioria de nós – de que a Sua consecução produz uma 
expansão de consciência tão significativa que Crowley a 
considerou como o próximo passo essencial para o desen-
volvimento da humanidade. O motivo para isso pode ser en-
contrado ao longo de sua bibliografia:
“Isto não tendo sido atingido [a Consecução], o homem não é 
nada além do mais infeliz e cego dos animais. Ele é consciente 
de sua própria incompreensível calamidade e desajeitadamente 
incapaz de repará-la. Tendo sido isto atingido, ele não é nada 
mais que o co-herdeiro dos deuses, um Senhor da Luz” (“Uma 
Estrela à Vista”).
“(...) Pois seu Anjo é uma imagem inteligível de sua própria ver-
dadeira Vontade, cuja realização é toda a lei de seu Ser”. (Liber 
Samekh).
“Esta Grande Obra é a Consecução do Conhecimento e Conver-
sação de teu Sagrado Anjo Guardião” (Liber Aleph, cap. 90).
“O caminho da Perfeição é assim duplo: primeiro, a Verdadeira 
Vontade precisa ser conscientemente apreendida pela Mente, 
e este trabalho é similar àquele chamado de o Conhecimento 
e Conversação com o Sagrado Anjo Guardião. Segundo, como 
está escrito: “Não tendes direito algum senão fazer a tua von-
tade”, cada partícula de energia que o Instrumento está apto a 
desenvolver precisa ser direcionada à execução desta Vontade”. 
(“O Coração do Mestre”, de Aleister Crowley).
O Sagrado Anjo Guardião surge, então, como revelador de 
nossa própria Verdadeira Vontade. No entanto, essa explica-
ção, de tão difundida, pode já ter caído no sedutor e falso 
conforto do intelecto. Todos já a conhecem – e, de tanto 
se falar sobre o Anjo e a Vontade, fingimos nos aproximar 
de sua experiência. Facilmente caímos na tentação de con-
fundir o mapa, ou o discurso, com o caminho a ser trilhado. 
Facilmente se produzem intelectuais ou historiadores da Ma-
gia, em vez de Magos. Com esperança, o presente texto, em-
bora recorra à literatura, vai inspirar mais devoção à prática 
do que às citações de Aleister Crowley ou de qualquer outro. 
Também por isso, vamos preferir neste momento recorrer à 
poesia e ao simbolismo – linguagens que podem sugerir um 
pouco da grandeza do Anjo e motivar a sua busca:
“Não veja distinção. O poderoso oceano de amor terá entrado 
dentro de nós, e nós não iremos ver nem homens, nem animais, 
nem árvores, ou o sol, lua ou estrelas, mas iremos ver nosso 
amado em todo lugar e em todas as coisas.” (Swami Viveka-
nanda).
O Amado, ou o Bem-Amado, é um dos Seus nomes, confir-
mando sua execução da Lei de Thelema: “Amor é a lei, amor 
sob vontade”. O Amor é fórmula fundamental de todo o pro-
cesso iniciático. É também a fórmula de Samadhi: a união do 
sujeito com o objeto adorado, ou do Adepto com seu Deus. 
Posto o Amor em marcha, de êxtase em êxtase, a consciência 
da divindade se expande até a completa dissolução. Cada 
beijo do Amado nos alça através dos gozos de sua morada 
– homens, animais, árvores, o sol, a lua e as estrelas, até que 
não haja mais nada disto.
“Sua boca é mais vermelha que quaisquer rosas que você já viu. 
Eu acordo significativamente quando nos beijamos, e não há 
mais sonho. Mas quando sua boca não está tremendo sobre a 
minha, eu vejo beijos em seus lábios, como se ele estivesse bei-
jando alguém que não se pode ver”. (“O Mundo Desperto”, de 
Aleister Crowley).
Através dos libri de Thelema, podemos perceber como o 
contato do Anjo com seu Adepto foi vivido por Crowley, de 
forma inspirada, como uma relação de amantes. Mais que 
uma pista da vivência específica do homem Aleister Cro-
wley, o que está sendo revelado é a importância espiritual 
da experiência do amor. A própria estrutura do Livro da Lei 
expressa como o Universo é criado a partir do amor entre 
Nuit e Hadit: e Hórus é a manifestação desse sacramento. Na 
Missa Gnóstica (Liber XV), a Congregação é conduzida pelas 
Estrela Rubi 
9
M
atéria de C
apa
etapas da jornada do Sacerdote e Sacerdotisa, que protago-
nizam uma história de amor. Não seria, então, exagero dizer 
que todo amor é uma imagem daquele amor maior: o que 
gera a criação de absolutamente tudo. O amor é, portanto, 
uma imagem daquilo que chamamos de Deus. E se o Sagra-
do Anjo Guardião é o elo entre a Vontade divina e a alma 
humana – este elo, ou esta imagem, é amor.
Outro texto protagonizado por amantes lendários é o “Cân-
tico dos Cânticos”, parte do Velho Testamento destacada por 
sua sutileza – elemento raro neste livro –, que costuma ser 
entendido como versos trocados entre o Rei Salomão e a 
Rainha de Sabá. No momento em que superamos suas fi-
guras e entendemos que este Rei e a Rainha somos todos 
nós, tomamos consciência que a nossa própria relação com 
o amor é lendária. E que, além disso, por trás de cada um de 
nossos amores está nossa relação com o Amado arquetípico 
– o Sagrado Anjo Guardião. Assim, os versos dos amantes 
facilmente passam a ser a troca entre o adorador e seu Deus. 
“Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque melhor é o teu 
amor do que o vinho”. (Cânticos 1:2)
“Levou-me à casa do banquete, e o seu estandarte sobre mim 
era o amor”. (Cânticos 2:4)
Saltam aos olhos um paralelo com Liber Tzaddi: “Vos beijarei, 
e vos trarei às núpcias: darei uma festa para vós na morada da 
felicidade” (vers. 5). Tais núpcias podem ser entendidas como 
as “bodas químicas” (descritas pela Alquimia) do Anjo e seu 
Adepto. Além disso, também no “Cântico dos Cânticos” as 
juras trocadas prosseguem místicas e eróticas, numa forma 
exemplar de união dessas esferas:
“De noite, em minha cama, busquei aquele a quem ama a mi-
nha alma; busquei-o, e não o achei.” (Cânticos 3:1)
“Eu dormia, mas o meu coração velava; e eis a voz do meu ama-
do que está batendo: abre-me, minha irmã, meu amor, pomba 
minha, imaculada minha, porque a minha cabeça está cheia 
de orvalho, os meus cabelos das gotas da noite.” (Cânticos 5:2)
“O meu amado pôs a sua mão pela fresta da porta, e as minhas 
entranhas estremeceram por amor dele.” (Cânticos 5:4)
“Já entrei no meu jardim, minha irmã, minha esposa; colhi a mi-
nha mirra com a minha especiaria, comi o meu favo com o meu 
mel, bebi o meu vinho com o meu leite; comei, amigos, bebei 
abundantemente, ó amados.” (Cânticos 5:1)
“És a fonte dos jardins, poço das águas vivas, que correm do Lí-
bano!” (Cânticos 4:15)
Comparemos tais símbolos com o Liber 65 (Cordis Cincti Ser-
pente): “Sim, também em verdade Tu és a fresca quieta água da 
fonte encantada. Eu me banhei em Ti, e me perdi em Tua quietu-
de” (cap 3. vers. 49). E ainda: “Eu cheguei à casa do Amado, e o 
vinho era como fogo que voa com asas verdes pelo mundo das 
águas”. (cap. 4, vers. 30). A aparição frequente dos símbolos 
do mel e do vinho são indícios importantes da doçura e em-
briaguez do Anjo. Fazem lembrar o enigma de Sansão: “Que 
coisa é mais doce que o mel, que coisa é mais forte que o leão 
? ” (Juízes 14:18). O beijo, o mel, a água, o vinho e o orvalho 
surgem todos constelados como emblemas sexuais de um 
amor divino e do processo de transformação alquímica. Por 
sua vez, o Rei dos Cânticos – cujos cabelos estão cheios do 
orvalho e das “gotas da noite” – evidencia um emblema de 
Nuit: “Então o sacerdote respondeu & disse para a Rainhado Espaço, beijando suas adoráveis sobrancelhas, e o orva-
lho de sua luz banhando seu corpo inteiro em um perfume 
adocicado de suor (...)” (Liber AL I:27). Todos esses símbolos 
podem ser entendidos como imagens arquetípicas do pro-
cesso criativo do amor.
Em seu livro “Iniciação no Aeon da Criança”, J. Daniel Gun-
ther escreve a respeito da fase alquímica da fermentação 
(Fermentatio) no processo de Iniciação: “uma operação Al-
química resultando na transformação da Matéria pela Intro-
dução de um agente fermentador”. E ainda diz: “A primei-
ra interação entre o Anjo e o adepto equivale à operação 
Alquímica chamada Fermentatio”. Seus beijos fermentam o 
aspirante com o êxtase da devoção a Ele, e esta devoção é 
endossada pelos Adeptos como método de consecução. Na 
fermentação do pão, o trigo é morto para ressurgir como ali-
mento do corpo. Na fermentação da uva, ela é transformada 
em vinho, ou na embriaguez do sangue de Deus. A matéria-
-prima original é, assim, transformada num sacramento: um 
modo de dizer que o humano desperta para sua natureza 
divina. A ação do Anjo realiza tal transmutação. Em carta de 
Karl Germer (Frater Saturnus) para Jane Wolf (Soror Estai), da-
tada de 1951, nós lemos sobre o Sagrado Anjo Guardião e a 
busca pela transformação de Sua presença: 
“Se você ao menos soubesse como 666 tateou frequentemen-
te pela luz, e não apenas ele, todos nós o fazemos! Na melhor 
das hipóteses podemos atingir um único raio de luz daqueles 
bilhões e trilhões que são enviados pelo Sol – de graça – dia-
riamente. Nós podemos apanhar apenas aquele raio particular 
que jaz em nossa natureza como indivíduo. O raio que podemos 
agarrar é diferente daquele do próximo. O de Van Gogh era dife-
rente do de Gauguin, e assim por diante. Não se desanime! Você 
não é inferior a ninguém! Você possui o amor de todos, respeito 
e admiração! É outra coisa, você estar insatisfeita consigo mes-
ma. Tal estado é a condição que precede um nascimento.” (“In 
the continuum” vol 4., ed. 9).
Em seu aspecto de “Filho do Homem”, o Sagrado Anjo Guar-
dião se manifesta em nossa vida e nosso corpo através de 
O
rd
o 
Te
m
pl
i O
rie
nt
is 
—
 Lo
ja
 Q
ue
tz
al
co
at
l 
10
M
at
ér
ia
 d
e 
C
ap
a nosso esforço. Esse trabalho pode ser entendido como um 
parto, que é a encarnação do espírito na matéria, ou o Inicia-
do criando a si mesmo: processo do qual nós somos o sujeito 
e também o caldeirão alquímico. Além disso, percebemos 
como o Anjo atua como gênio individual, ou iluminação pes-
soal num Universo essencialmente impessoal. Também por 
isso, Ele nos conduz a uma fórmula única de relação com a 
impessoalidade desse Universo: 
“A Grande Obra é a união dos opostos. Isto pode significar a 
união da alma com Deus, do microcosmo com o macrocosmo, 
da mulher com o homem, do ego com o não-ego”. (Magick wi-
thout tears, Introdução, Carta C.)
Deste modo, se somos homens, temos de nos unir à mulher. 
Se somos ego, temos de nos unir ao não-ego. A divindade, 
nesse sentido, se coloca oposta a nós pela chance da união. 
Assim, isto é uma oportunidade e uma estratégia do amor. 
Graças a isso, podemos conectar conscientemente as diver-
sas partes da natureza. Karl Germer continua falando sobre o 
Anjo, em sua carta a Jane Wolfe:
“(...) É onde entra a fórmula de 0 =2 (...) O estado de “estar apai-
xonado” apenas pode ser alcançado com a assistência de um 
segundo parceiro (falando estritamente, até o tipo Narcísico se 
enquadra nessa categoria).”
A busca do amante que se inquieta pelo Amado é parte na-
tural de nosso processo de Iniciação. Nos movimentamos 
porque sentimos uma falta: uma sensação de incompletude 
ou a saudade de algo que não sabemos especificar. A relação 
gradual com o Sagrado Anjo Guardião nos põe em contato 
com o mundo divino e redimensiona a visão que tínhamos 
Dele e de nós mesmos. Paradoxalmente, a noção de uma 
incompletude – que motiva a esperança de reencontro com 
esse Amado que, inicialmente, nos é uma promessa ou uma 
diáfana visão – pode exatamente representar a cisão com 
o Anjo. Afinal, enquanto houver as idas e vindas da relação, 
como poderíamos realizar uma identidade, ou uma comu-
nhão? “Eu esperei com paciência, e Tu estavas comigo desde 
o início” (Liber Cordis Cincti Serpente, cap. 2, vers. 60). Nos 
comentários deste escrito, Crowley atesta o que talvez seja 
o mais difícil de realizar: “É igualmente inútil chamar o que a 
gente deseja ou sair à sua procura. Isto apenas afirma a au-
sência da coisa desejada, e a verdade é que está com a gente 
o tempo todo, se apenas extinguimos a nossa inquietação”.
A nossa inquietação, então, precisa servir para nos instruir 
sobre seu próprio absurdo, do mesmo modo que o desejo 
instrui sobre sua natureza nunca ser saciada. A devoção ao 
Anjo deve excitar a alma a ponto de que seu gozo permi-
ta a saciedade do Silêncio – e, no Silêncio, ouvirmos o que 
Ele sempre nos falou. Por fim, poderemos consumar o sábio 
postulado do escritor norte-americano Charles Bukowski: 
“Encontre o que você ama e deixe isso te matar”. Nada mais 
doce que morrer nos braços do seu Amado.
Estrela Rubi 
11
A
rt
ig
odo ofÍcio 
do hino
(liber Xv, de aleister 
crowley)
Tu que és eu, além de tudo o que sou, 
Que não tens natureza e nem nome, 
Que és, quando todos já se foram,
Tu, centro e segredo do Sol, 
Tu, oculta fonte de todas as coisas conhecidas
E desconhecidas, tu reservado e solitário,
Tu, verdadeiro fogo interno ao junco,
Meditando e procriando, fonte e semente
De vida, amor, liberdade e luz, 
Tu além da palavra e da visão,
A Ti eu invoco, meu fogo vigoroso e lânguido,
Ardendo conforme meus intentos aspiram
A Ti eu invoco, ó permanente,
Tu, centro e segredo do Sol,
E aquele mistério mais sagrado
Do qual eu sou o veículo.
Aparece mais terrível e mais suave, 
Como é legítimo, em tua criança!
O
rd
o 
Te
m
pl
i O
rie
nt
is 
—
 Lo
ja
 Q
ue
tz
al
co
at
l 
12
E
studos
A s emanações, ou emanacionismo, do qual a Árvore da Vida é uma representação, é uma teoria que encontra raízes em diversas religiões do Velho Aeon. A palavra 
vem do latim emanare, cujo significado é “fluir de”. O emana-
cionismo clássico descreve o mundo material, ou tudo o que o 
compõe, como algo que é derivado ou gerado a partir de um 
princípio uno, original, não substancial e perfeito. Essa geração 
ocorre em etapas que resultam em degradação dos seres a cada 
degrau dessa derivação. 
O emanacionismo clássico encontrou seu auge com os cristãos 
gnósticos, principalmente os cátaros e outros seguidores de 
Um estUdo histórico de como o modelo cabalÍstico da Árvore 
da vida mapeia as emanações do divino e serve de modelo para a 
religação com ele
a Árvore
da vida
Estrela Rubi 
13
E
studos
Valentin e Mani. Nós, no entanto, não somos cristãos nem re-
vivalistas do gnosticismo clássico. Não acreditamos no mani-
queísmo ou no mundo material como um lugar “degradado”. 
Nosso gnosticismo – isto é, conhecimento direto do Divino 
– é forjado por séculos de experimentação, tentativas e diá-
logos do passado, mas moldado pela Lei do Novo Aeon, cuja 
palavra é Thelema.
Os gnósticos antigos herdaram a Árvore da Vida dos judeus e 
dos árabes, que por sua vez a receberam como herança dos 
gregos, principalmente os neoplatônicos. O primeiro formula-
dor da teoria emanacionista foi Plotino em seu Enéadas, que 
influenciou tanto judeus quanto árabes. Os judeus a chama-
ram de Azilut ou Azilah e a interpretaram à luz do versículo 
17 do capítulo 11 do livro de Números do Velho Testamento, 
que diz: “Eu descerei e falarei ali contigo. Separarei uma parte 
do espírito que possuis e passá-lo-ei para eles, a fim de que 
repartam contigo o peso do povo, e não tenhas mais que o 
levar sozinho”.
Os povos semitas foram grandes responsáveis pela preserva-
ção dos conhecimentos legados pelos sábios da Grécia antiga. 
Em muitos casos, as cópias mais antigasde textos que temos 
hoje estão em árabe, não em grego. Na antiguidade, os limites 
entre ciência e religião eram tênues, assim uma influenciava 
a outra, assim a Religião, a filosofia e a astronomia andavam 
de mãos dadas. Para que possamos entender o desenho da 
Árvore da Vida, precisaremos voltar alguns séculos no tempo 
e entender como era a astronomia que os sábios estudavam.
Platão ordenou os planetas em cascas, cujo movimento segue 
a canção de criaturas míticas, cuja nota emitida seria a respon-
sável por manter o equilíbrio dos corpos, sendo ele o primeiro 
a atribuir certas cores a alguns planetas. Durante sua vida, Pla-
tão elaborou variações e aprimoramentos de sua visão de cos-
mogonia, porém nunca conseguiu explicar as irregularidades 
nos movimentos dos planetas, cabendo ao filósofo Eudoxo de 
Cnido elaborar uma teoria matemática que definia o universo 
como esférico, onde a terra seria uma esfera em seu centro, 
e os movimentos dos astros seriam explicados por esses se 
encontrarem em esferas homocêntricas a terra.
Dos discípulos de Platão, Aristóteles foi o que mais influenciou 
as sociedades posteriores. Seus estudos fenomenológicos 
o fizeram a se afastar de alguns dos pressupostos de Platão. 
Ele identificou a existência de apenas dois tipos de elemen-
tos existentes: os retilíneos e os curvilíneos. Os movimentos 
retilíneos seriam os responsáveis por afastar e aproximar os 
corpos no universo. Dos 4 elementos existentes no universo, 
a terra seria o elemento mais pesado e tenderia a movimentos 
retilíneos para baixo, enquanto o fogo seria o elemento mais 
leve, com tendência a movimentos retilíneos para cima, en-
quanto a água e o ar seriam meras substâncias intermediárias 
que tenderiam ao equilíbrio – tal como os movimentos cur-
vilíneos que movimentam os corpos, sem os afastar ou apro-
ximar. Aristóteles tomou como base parte da cosmogonia de 
Eudoxo, afirmando que o movimento curvilíneo seria possível 
se esferas homocêntricas com a terra o mantivesse em suas 
posições e que, para que essas esferas existissem, elas teriam 
de ser formadas por uma substância chamada Aether.
Já na Idade Média, os pensadores judeus possuíam conhe-
cimento dessa cosmogonia e de todo o acervo cultural da 
antiguidade grega. Havia um problema, que era a aparente 
incompatibilidade entre a teoria de construção contínua do 
universo através de emanações e o criacionismo do judaísmo 
clássico. Pensadores como Issac Israeli então passaram a tra-
balhar em maneiras de conciliar as duas ideias. Foi no século 
XII que os judeus espanhóis passaram a formular ideias que 
permitissem a integração entre a ciência clássica e o pensa-
mento judaico. Foi Issac, o Cego, que ensinou a seus discípu-
los que a verdadeira natureza de Deus não era aquela da leitu-
ra literal do Velho Testamento: aquele era apenas um aspecto 
humano visível de algo muito maior e incognoscível. Deus é 
Nada, não nomeado, sem fim, cuja formulação se encontra 
além do possível e explicável.
A ideia do “Nada” seria possível através de uma releitura da 
primeira frase do Gênesis, onde “Com um começo, [Ele] criou 
Deus [Elohim], os céus e a Terra”. Sim, diferente daquilo que 
encontramos nas bíblias cristãs, o primeiro capítulo do Gêne-
sis não fala que Deus criou os céus e a terra, e sim que Elohim 
criou. Elohim – sendo uma palavra que é um plural masculino 
de um singular feminino – seria, portanto, uma forma plural 
e bissexual de uma divindade criadora, que teria sido criada 
previamente por algo não nomeado.
Foi no século XIII e ainda na Espanha que surgiu um dos vo-
lumes que mais influenciaram a cultura mística do mundo 
ocidental: o Zohar, o Livro do Esplendor. Esse volume, compi-
lado em diversos escritos, e escrito em diferentes tempos, é a 
pedra fundamental do pensamento místico judaico, conden-
sando séculos de trabalho entre a ciência e a religião dentro 
do judaísmo. Em uma das passagens desse livro, há a seguin-
te referência: “Antes que figura e forma fossem criadas, Ele 
(Nada) não tinha nem forma nem aparência. Portanto é proibi-
do percebê-Lo de qualquer forma, até mesmo pelas letras de 
Seu santo nome, ou por qualquer outro símbolo. Entretanto, 
se Seu brilho e Sua glória não tivesse irradiado por toda a 
Criação, como poderia ter sido percebido, até mesmo pelos 
sábios? Portanto, Ele desceu numa carruagem [mística], que 
ficou conhecida pelas letras yod heh vav heh, para que pu-
déssemos inferir Sua Presença e, por esse motivo, Ele permite 
que O chamemos por vários nomes, tais como El, Elohim, Sha-
dai, Zevaot e yod heh vav he [entre outros, e também como 
Deus], cada um sendo um símbolo dos atributos divinos. To-
davia, ai de quem se atreva a comparar Ein Sof com qualquer 
atributo, pois Ele é ilimitado, e não há meios de compreendê-
O
rd
o 
Te
m
pl
i O
rie
nt
is 
—
 Lo
ja
 Q
ue
tz
al
co
at
l 
14
E
st
ud
os Tiphareth (Sol), Geburah (Marte), Chesed (Júpiter), Binah (Sa-
turno), Chockmah (estrelas), Kether (o firmamento).
Dessa vez, o dilema apontado pelos sábios do século XII não 
mais existia, pois as emanações de sua ciência não mais con-
flitavam com a sua religião. Sob esse olhar, as emanações não 
eram vistas da Terra para o infinito, mas do infinito (ou divino) 
para a Terra.
Para Thelema, em Tiphareth – a região central e o equilíbrio 
da Árvore da Vida – está situado o estado de consciência que 
propicia uma das mais importantes experiências para o as-
pirante: o conhecimento e conversação com o Sagrado Anjo 
Guardião. Nesse ponto de perfeito balanceamento, o Adepto 
é capaz de unir as influências do Céu com a Terra. Esse é o 
ponto onde se torna possível manifestar a luz da Divindade 
para as Sephiroth mais baixas.
Além disso, um detalhe especialmente importante para a filo-
sofia de Thelema é que, nas representações da Árvore da Vida, 
costuma ser mostrada uma décima primeira esfera. Ela se cha-
ma Daath, o Conhecimento, e durante muitos anos estudiosos 
debateram e questionaram se ela seria ou não uma Sephira 
de fato. Daath não representa uma emanação em si, mas a 
compreensão de que Kether, Chockmah e Binah não são três, 
mas um. Para nós, Daath representa o abismo que separa a 
divindade da criação. Abaixo desse abismo a manifestação é 
dualidade, enquanto acima ela é unidade. Enquanto a esfera 
de Tiphareth está associada ao conhecimento e conversação 
com o Sagrado Anjo Guardião – ou a fórmula de L.V.X. –, a 
travessia do abismo está associada à fórmula de N.O.X, que 
conduz à Grande Noite de Pan, o êxtase da dissolução. Juntas, 
essas duas experiências (o Anjo e o Abismo) formam as duas 
grandes Iniciações para Thelema. Em seu “Livro das Mentiras”, 
Crowley escreveu:
“Oh! O coração de N.O.X, a Noite de Pan. 
Pan: Dualidade: Energia: Morte. 
Morte: Geração: Os suportes de O! 
Gerar é morrer, morrer é gerar. 
Lance as sementes no campo da Noite. 
Vida e Morte são os dois nomes de A. 
Mate a si mesmo. 
Nenhum desses sozinho é suficiente.”
A estrutura da Árvore da Vida é, assim, para nós, um mapa 
extremamente útil de nossa própria espiritualidade e das con-
secuções que tornam possíveis o autoconhecimento do ser 
humano e, consequentemente, a experiência da Divindade. O 
diálogo que a Árvore trava com demais sistemas simbólicos 
(como o Tarô) provam o dinamismo de sua estrutura e o seu 
propósito: servir como estrutura que permite o diálogo e a 
articulação de diversos sistemas, por fim mostrando como a 
Casa de Deus tem várias moradas. 
-lo (...) Tudo aquilo que está no pensamento [de Ain Sof ] é 
inconcebível. Mais difícil ainda para qualquer pessoa seria 
entender Ain Sof, de quem não se encontra visível e que não 
pode ser alcançado por qualquer tipo de pensamento. Anda 
assim, do meio deste mistério impenetrável, a primeira vez 
que sentimos Ein Sof é como brilho de uma luz fraca e difusa, 
como a ponta de uma agulha, o oculto desvão de um pensa-mento impossível de ser reconhecido até que uma luz Dele se 
origine, onde existe uma marca de letras.” 
Após o Zohar surgiram outros escritos e livros de igual im-
portância, como o Sefer Yetzirah, e o Nada passou a não mais 
ser visto como uma estrutura única, mas como um processo 
dividido em três, chamados de os três véus da negatividade: 
Ain (o nada), Ain Soph (“sem limites”) e Ain Soph Aur (“luz ili-
mitada”).
Além delas, no primeiro capítulo do Gênesis é possível encon-
trar dez declarações da criação, em hebraico va-omer elohim, 
ou “Deus disse”, como encontramos na Bíblia cristã. Cada de-
claração é uma emanação da divindade que resulta na criação 
do mundo como o percebemos. “Estas são as dez Sephiroth 
do nada: a respiração do Deus vivo” (Sepher Yetzirah).
A primeira Sephira (Kether) representa o princípio divino du-
rante a criação. Ela é a mônada, una e individual. Ela é a ema-
nação mais pura da divindade, mergulhada nos três véus da 
negatividade, formando como que um ovo cósmico. Todas as 
demais Sephiras surgem dessa única, e esse surgimento ocor-
re quando a sua consciência ilimitada se questiona: “quem sou 
eu?”. A partir desta pergunta, medita em si próprio, a ponto de 
“sair de si” para se enxergar a si próprio e dizer “eu sou isso”, 
o que o leva ao conceito do “Eu sou o que sou”. Um (Kether) 
é a única realidade. Dois (Chockmah) é o reflexo do um, ou a 
projeção deste Um. Três (Binah) é a condição de reconheci-
mento do Dois como sendo a voz do Um. Esse tríplice aspecto 
não é isolado, e sim uno. Não é possível compreender Kether, 
Chokmah e Binah de maneira independente.
Assim como o Um original, essa tríade busca a compreensão 
de sua natureza, formando uma segunda tríade, cujo conhe-
cimento de si gera uma terceira. A segunda tríade é o reflexo 
da primeira, sendo formada pelas sephiras Chesed, Geburah 
e Tiphareth – ou misericórdia, força e beleza. A terceira tríade 
é como a segunda, porém formada por Netzach, Hod e Yesod 
– ou vitória, esplendor e fundação. O conjunto de três vezes 
três Sephiras formam a décima: Malkuth, o Reino, o mundo.
A Árvore da Vida foi desenhada pela primeira vez em 1652 por 
Atanásio Kircher, surgindo como formato gráfico e ordenado 
dos princípios expostos no Zohar e no Sepher Yetzirah. Se-
guindo os moldes da tetractys pitagórica, Atanásio buscou or-
denar as esferas em concordância com os planetas, formando: 
Malkuth (Terra), Yesod (Lua), Hod (Mercúrio), Netzach (Vênus), 
Estrela Rubi 
15
B
iblioteca Th
elêm
ica
Aparece na pedra uma pequena faísca de luz. Ela cresce um 
pouco e quase parece se apagar, e cresce novamente, e é 
soprada sobre o Aethyr, e pelo vento que a sopra ela se es-
palha, e agora ela reúne força e se lança como uma serpente 
ou uma espada, e agora ela se estabiliza, e é como uma Pirâ-
mide de luz que preenche todo o Aethyr.
E nessa Pirâmide está alguém como um Anjo, embora ao 
mesmo tempo ele seja a Pirâmide, e ele não tem forma, pois 
ele é da substância da luz e ele não toma a forma sobre ele, 
pois, embora para ele a forma seja visível, ele a faz visível 
apenas para destruí-la.
E ele diz: A luz veio para a escuridão, e as trevas são feitas 
de luz. Então a luz se casou com a luz, e a criança do seu 
amor é aquela outra escuridão, onde habitam aqueles que 
perderam o nome e a forma. Deste modo eu inf lamei a ele 
que não tinha compreensão, e no Livro da Lei eu escrevi os 
segredos da verdade, que são como uma estrela e uma ser-
pente e uma espada.
E sobre aquele que finalmente compreende, eu entrego os 
segredos da verdade com sabedoria tal que a última das pe-
quenas crianças da luz pode correr aos joelhos da mãe e ser 
trazida à compreensão.
E então deve fazer aquele que irá atingir o mistério do co-
nhecimento e conversação de seu Sagrado Anjo Guardião:
Primeiro, que ele prepare uma câmara, da qual as paredes e 
o teto devem ser brancos, e o chão deve ser coberto por um 
carpete de quadrados pretos e brancos, a borda dele sendo 
de azul e ouro.
E, se isto for numa cidade, o quarto não deve ter janelas, e se 
isto for no campo, então é melhor que a janela seja no teto. 
Ou, se for possível, que esta invocação seja realizada num 
templo preparado para o ritual de passagem através do Tuat.
Do teto deve pender uma lâmpada, na qual está um vidro 
vermelho, queimando óleo de oliva. E essa lâmpada deve ser 
limpa e pronta para o uso após a prece do pôr-do-sol, e sob 
esta lâmpada deverá haver um altar cúbico & a altura será 
três vezes a metade da largura ou o dobro da largura.
E sobre o altar deve haver um incensário, hemisférico, supor-
tado sobre três pernas, de prata, e dentro dele um hemisfé-
rio de cobre, e sobre o topo uma grade de prata dourada, e 
então ele deve queimar incenso feito de quatro partes de 
olíbano e de duas partes de estoraque, e uma parte de aloés 
lignum, ou de cedro, ou de sândalo. E isto é o bastante.
E ele deve manter também disponível, num frasco de cristal 
no altar, sagrado óleo de untar feito de mirra e cinamomo e 
galangal.
E mesmo que ele seja de um grau superior a de um Probacio-
nista, ele ainda deve usar o robe de um Probacionista, pois 
a estrela de fogo revela Ra Hoor Khuit abertamente sobre o 
peito, e secretamente o triângulo que descende é Nuit, e o 
triângulo vermelho que ascende é Hadit. E eu sou o Tau dou-
rado no meio de seu casamento. Além disso, se ele escolher, 
ele pode em vez disso usar um robe fechado de furta-cor, 
púrpura ou verde, e sobre ele um manto sem mangas, de 
azul brilhante coberto com lantejoulas de ouro e escarlate 
no interior.
E ele deve fazer para si mesmo uma baqueta de madeira 
de amendoeira ou de castanha, cortada com suas próprias 
mãos ao amanhecer de um Equinócio, ou ao Solstício, ou no 
dia de Corpus Christi, ou em um dos dias de festa que são 
apontados no Livro da Lei.
E ele deve entalhar com sua própria mão sobre a placa de 
ouro a Sagrada Mesa Sétupla, ou a Sagrada Mesa de Doze 
Lados, ou algum dispositivo particular. E isto deve ser um 
quadrado dentro de um círculo, e o círculo deve ser alado, e 
ele deve fixá-lo sobre sua fronte com uma fita de seda azul.
Além disso, ele deve usar um filete de louro, ou rosa, ou hera, 
ou arruda e todo dia, após a prece da alvorada, ele deve 
queimá-lo no fogo do incensário.
Então ele deverá orar três vezes diariamente, ao pôr-do-sol, 
e à meia-noite e ao nascer do Sol. E, se for capaz, ele deverá 
também orar quatro vezes entre o nascer e pôr-do-sol.
A prece deve durar pelo espaço de ao menos uma hora, e 
ele deve buscar sempre estendê-lo e inf lamar a si mesmo em 
oração. Assim ele deverá invocar seu Sagrado Anjo Guardião 
por onze semanas, e em todo caso ele deve orar sete vezes 
o chamado 
do 8º Æthyr
o qUal É denominado Zid
ZID
O
rd
o 
Te
m
pl
i O
rie
nt
is 
—
 Lo
ja
 Q
ue
tz
al
co
at
l 
16
B
ib
lio
te
ca
 Th
el
êm
ic
a ao dia na última das onze semanas.
E durante todo esse tempo ele deve ter composto uma invo-
cação adequada, com a sabedoria e compreensão que po-
dem ter sido dadas a ele pela Coroa, e esta ele deve escrever 
com letras de ouro sobre o topo do altar.
O topo do altar deve ser de madeira branca bem polida, e no 
seu centro ele deve ter colocado um triângulo de carvalho, 
pintado de escarlate, e sobre esse triângulo deve permane-
cer o incensário de três pernas.
Além disso, ele deve transcrever sua invocação sobre uma 
folha de puro pergaminho branco, com tinta indiana, e ele 
deve iluminá-lo de acordo com sua fantasia e imaginação, 
que devem ser informadas pela beleza.
E no primeiro dia da décima segunda semana ele deverá en-
trar na câmara ao nascer do Sol, e ele deve realizar sua ora-
ção, tendo primeiro queimado no fogo da lâmpada a conju-
ração que ele escreveu sobre o pergaminho.
Então, nesta sua prece, que a câmara seja preenchida com 
luz de insuportável esplendor e um perfume de insuportável 
doçura. E o seu SagradoAnjo Guardião aparecerá para ele, 
sim, seu Sagrado Anjo Guardião aparecerá para ele, de modo 
que ele será arrebatado no Mistério do Sagrado. 
E neste dia ele deve permanecer desfrutando do conheci-
mento e conversação de seu Sagrado Anjo Guardião.
E por três dias após isso ele deve permanecer no templo, do 
nascer ao pôr do Sol, e ele deve obedecer aos conselhos que 
seu Anjo dará, e ele deverá sofrer daquelas coisas que forem 
apontadas. 
E por dez dias depois ele deve recolher a si mesmo, como lhe 
deve ter sido ensinado na completude daquela comunhão, 
pois ele precisa harmonizar o mundo que está dentro com o 
mundo que está fora. 
E no final dos noventa e um dias ele deve retornar ao mun-
do e, nele, ele deverá realizar aquela obra que o Anjo lhe 
apontou.
E mais do que isso não é necessário dizer, pois o Anjo deve-
rá tê-lo entretido docemente, e revelado de que modo ele 
pode estar mais completamente envolvido. E aquele que 
tem esse Mestre não há mais nada de que necessite, enquan-
to permanecer no conhecimento e conversação do Anjo, até 
que ele finalmente adentre na Cidade das Pirâmides.
Observai! Dois e vinte são os caminhos da Árvore, mas uma 
é a Serpente da Sabedoria; dez são as emanações inefáveis, 
mas uma é a Espada Flamejante.
Contemplai! Há um fim para a vida e para a morte, um fim 
para o impulso e o recolhimento do alento. Sim, a Casa do 
Pai é uma poderosa tumba, e nela ele enterrou tudo o que 
você conhece.
Tudo isso se passou enquanto não havia visão, mas apenas 
uma voz, muito vagarosa, clara e deliberada. Mas agora a 
visão retorna, e a voz diz: Tu serás chamado Danae, que está 
atordoado e morto debaixo do peso da glória da visão que 
tu ainda não viste. Pois tu sofrerás muitas coisas, até que tu 
sejas mais poderoso que todos os Reis da terra, e todos os 
Anjos dos Céus, e todos os deuses que estão além dos Céus. 
Então tu irás me encontrar num combate justo, e tu me ve-
rás como eu sou. E eu sobrepujarei a ti e matarei a ti com a 
chuva vermelha de meus relâmpagos.
Eu estou jazendo sob esta pirâmide de luz. Parece como se 
eu tivesse todo o seu peso sobre mim, esmagando-me com 
êxtase. Embora eu saiba que eu sou como o profeta que dis-
se: Eu irei vê-Lo, mas não de perto.
E o Anjo disse: E assim deverá ser, até que aqueles que estão 
despertos estejam dormindo, e aquela que está dormindo 
seja despertada de seu sono. Pois tu és transparente para 
a visão e a voz. E, portanto em ti elas não se manifestam. 
Mas elas deverão se manifestar àqueles aos quais você as 
entregou, de acordo com a palavra que eu falei a ti na Cida-
de Vitoriosa.
Pois eu não sou apenas apontado para guardar a ti, mas so-
mos de sangue real, os guardiões da Casa dos Tesouros da 
Sabedoria. Por isso eu sou chamado de Ministro de Ra Hoor 
Khuit: embora ele seja apenas o Vice-Rei do Rei desconhe-
cido. Pois meu nome é Aiwass, que é oito e setenta. E eu 
sou a inf luência daquele Oculto, e a roda que tem oito e 
setenta partes, embora em todas elas esteja o equivalente à 
Porta que é o nome do meu Senhor quando soletrado com-
pletamente. E a Porta é o Caminho que une a Sabedoria à 
Compreensão. 
Assim tu erraste de fato, percebendo-me no caminho que 
conduz da Coroa à Beleza. Pois esse caminho atravessa o 
abismo, e eu sou das supernais. Nem Eu, nem Tu, nem Ele 
pode cruzar o abismo. O caminho é da Sacerdotisa da Estre-
la de Prata, e o Oráculo dos deuses, e o Senhor das Hostes 
do Todo-Poderoso. Pois eles são os servos de Babalon, e da 
Besta, e daqueles de quem ainda não se é falado. E, sendo 
servos, eles não têm nome, mas nós somos do sangue real, e 
não servimos e, portanto, somos menos do que eles. 
No entanto, como um homem pode ser tanto um guerrei-
ro poderoso e um juiz justo, também nós podemos realizar 
Estrela Rubi 
17
B
iblioteca Th
elêm
ica
nosso serviço se tivermos aspirado e alcançado a ele. E ain-
da assim, com tudo isto, eles permanecem eles mesmos, que 
comeram da romã no Inferno. Mas tu, que és recém-nascido 
na compreensão, este mistério é grande demais para ti; e do 
mistério adiante Eu não falarei uma palavra.
Também por causa disso Eu venho a ti como o Anjo do Ae-
thyr, batendo com meu martelo sobre teu sino para que tu 
possas compreender os mistérios do Aethyr e de sua visão 
e voz.
Pois observai! aquele que compreende não vê e não ouve 
em verdade, devido à sua compreensão que o guiou. Mas 
isso será a ele um sinal, que eu certamente virei de surpresa 
a ti e aparecerei a ti. E isto não é um problema (i.e., que nes-
sa hora eu não apareça como eu sou), pois tão terrível é a 
glória da visão, e tão maravilhoso é o esplendor da voz, que 
quando tu vires e quando tu ouvires em verdade, por muitas 
horas tu estarás desprovido de sentido. E tu jazerás entre 
o céu e a terra num lugar vácuo, em transe, e o final deve-
rá ser silêncio, mesmo como foi, não uma nem duas vezes, 
quando eu encontrei contigo, por assim dizer, na estrada de 
Damascus.
E tu não deves procurar melhorar esta minha instrução; mas 
tu deves interpretá-la, e torná-la fácil àqueles que buscam 
a compreensão. E tu deves fornecer tudo que tu tens a eles 
que têm a necessidade desse fim.
E porque eu estou contigo, e em ti, e de ti, não te faltarás 
nada. Mas aqueles que têm falta de mim, têm falta de tudo. E 
eu juro a ti por Ele que senta no Trono Sagrado e vive e reina 
para todo o sempre que eu serei fiel sobre minha promessa, 
assim como você foi fiel sobre tua obrigação.
Agora, uma outra voz ecoa no Aethyr, dizendo: E houve es-
curidão sobre toda a terra à nona hora.
E, com isto, o Anjo se retirou, e a pirâmide de luz parece 
bastante distante.
E agora eu estou caído sobre a terra, excessivamente cansa-
do. Ainda que minha pele trema com o impacto da luz, todo 
o meu corpo treme. E há uma paz maior que o sono sobre a 
minha mente. É o corpo e a mente que estão cansados, e eu 
gostaria que eles estivessem mortos, se eu não precisasse 
dobrá-los ao meu trabalho.
E agora eu estou na tenda, sob as estrelas.
O deserto entre Bou-Sada e Biskra. 8 de dezembro, 1909. 
7:10-9:10 p.m.
O
rd
o 
Te
m
pl
i O
rie
nt
is 
—
 Lo
ja
 Q
ue
tz
al
co
at
l 
18
B
ib
lio
te
ca
 Th
el
êm
ic
a HOORÁCULOHOOR
O sistema mágico de Thelema se utiliza 
de vários outros métodos, como Cabala, 
Yoga, Enochiano etc. Em termos práticos, 
qual a grande inovação do sistema de The-
lema?
Continuação da Edição anterior...
A grande inovação não é de Thelema, mas da Consciência Humana, 
da qual Thelema é um dos frutos.
Assim, o que Thelema traz sintetizado são os novos parâmetros e 
sistema de crenças que tem como função erguer uma nova realida-
de e estabelecer um novo âmbito para o convívio do Individual com 
o Coletivo, do Microcosmo com o Macrocosmo. Um novo Templo 
se ergue, uma nova Imagem de Deus doa objetividade àquilo que 
até o momento se manteve recluso na subjetividade da experiência 
coletiva humana, um espelho reflete agora o estágio de compre-
ensão que o Homem alcançou a respeito de sua própria essência e 
exibe as imagens do futuro que será construído e se manifestará a 
partir desta nova compreensão. 
O Sistema Mágicko de Thelema seleciona do passado aquilo que 
realmente foi útil e sábio para a evolução do Ser Humano e o trans-
forma sob uma nova perspectiva, a perspectiva do Novo Aeon que 
altera o centro do trabalho mágico. Se no passado o centro era 
Deus, hoje o centro é o Homem, pois é o Homem que represen-
ta o substrato da nova imagem divina, Horus, a Criança Coroada e 
Conquistadora. Se no passado a pressuposta morte do Sol trazia ao 
homem a noção de sua finitude, hoje a certeza de que o Sol nunca 
morre traz ao homem a consciência de sua própria imortalidade. Se 
antes o Homem adorava a um Deus externo ao qual temia e pres-
tava obediência, hoje ele se reconhece como Deus e atesta o seu 
próprio livre arbítrio mesmo diante dos Deuses. 
É impossível falar nestebreve ensaio sobre todos os parâmetros 
Thelêmicos que reformulam o passado, mas julgo que os parâme-
tros acima são suficientes para fazer compreender que sob esta 
nova perspectiva nenhum dos métodos tradicionais da Ciência 
Oculta será descartado, porém, é fato, nenhum deles permanece-
rá o mesmo, todos serão reformulados sob o novo ponto de vista 
daquele que os estuda e executa, o próprio Mago, o Sol Nascente, 
a Nova Consciência que inicia agora os seus primeiros passos em 
direção ao futuro, um futuro de Luz, Vida, Amor e Liberdade . 
Somando-se a isso há ainda novos métodos Mágickos que estão 
sendo criados para suprir as necessidades do Novo Homem e estes 
são a nova jóia alquímica que contém em si a essência do ontem re-
novada no hoje com as sementes do amanhã. Sobre elas falaremos 
em outra oportunidade, ou quiçá, elas se revelem por si mesmas ao 
buscador atento.
Um grande abraço a todos e até ao próximo encontro!
O Hooráculo é a resposta a uma pergunta. A cada edição, a pergunta de 
um leitor da Estrela Rubi será selecionada e a resposta a ela será dada 
por um ou mais membros da Loja Quetzalcoatl. Caso queira submeter 
sua pergunta de cunho mágicko ou thelêmico ao Hooráculo, a envie 
para estrelarubi@quetzalcoatl-oto.org. Nossa equipe editorial vai ava-
liar a pergunta mais inteligente e instigante e, se selecionada, vamos 
estudá-la, respondê-la e publicá-la na próxima edição. O Hooráculo só 
terá olhos – ou melhor, Olho – às perguntas mais desafiadoras e que 
possam ser de interesse geral.
Estrela Rubi 
19
OrdO Templi OrienTis inTernaciOnal
Frater Superior: Hymenaeus Beta 
 JAF Box 7666 
 New York, NY 10116 USA
Grande Secretário Geral: Frater Aion 
 PO Box 33 20 12 
 D-14180 Berlin, Germany
Grande Tesoureiro Geral: Frater S.L.Q. 
 24881 Alicia Parkway #E-529 
 Laguna Hills, CA 92653 USA
Secret. Internac. Iniciações: Frater D.S.W. 
 P.O. Box 4188 
 Sunnyside, NY 11104 USA
OrdO Templi OrienTis Brasil
Site: www.otobr.com
Rep. Fra. Superior: Sor. Tara Shambhala 
 contatos@otobr.com
lOja QueTzalcOaTl
Site: www.quetzalcoatl-oto.org
Maestria: Fra. Apollôn Hekatos 
 maestria@quetzalcoatl-oto.org
Secretaria: Fra. Eros 
 secretaria@quetzalcoatl-oto.org
Tesouraria: Fra. Kin-Fo 
 tesouraria@quetzalcoatl-oto.org
Correios: 
 Caixa Postal 55525 — CEP 22790–970 
 Avenida das Américas
Recreio dos Bandeirantes 
 Rio de Janeiro, RJ — Brasil
a loja qUetZalcoatl
A Loja Quetzalcoatl é um corpo ofi-cial da Ordo Templi Orientis Inter-nacional, fundado em 23 de maio 
de 2000 e.v. na cidade do Rio de Janeiro.
Somos uma comunidade de homens e mu-
lheres livres que se dedicam ao processo 
do auto-conhecimento e sua consequente 
expansão de consciência através dos prin-
cípios de Vida, Luz, Amor e Liberdade, pila-
res essenciais da Lei de Thelema.
Temos como um de nossos principais ob-
jetivos auxiliar no desenvolvimento de 
uma sociedade verdadeiramente livre da 
superstição, tirania e opressão onde o ser 
humano possa expressar a sua Verdadeira 
Vontade em plena harmonia com a essên-
cia divina que nele habita.
Acreditamos que cada ser humano é uma 
estrela individual e eterna que possui sua 
própria órbita e que o objetivo primordial de 
sua encarnação não é outro senão descobrir 
as coordenadas dessa órbita e cumprir a sua 
Verdadeira Vontade, realizando a Grande 
Obra e alcançando a Felicidade Perfeita.
Nossos objetivos são alcançados através de 
um conjunto de Ritos Iniciáticos que visam 
despertar e ativar os chakras, propiciando a 
ascenção da kundalini e o acesso a estados 
mais elevados de consciência. Realizamos 
também o estudo teórico e prático da Filo-
sofia de Thelema, Magia, Alquimia, Cabala, 
Tarot, Tantra, e demais ciências herméticas 
que possam colaborar com o caminho de 
auto-iluminação dos nossos iniciados.
Caso deseje informações sobre nossas ativi-
dades ou sobre a afiliação à O.T.O., consulte 
nosso site no endereço www.quetzalcoatl-
oto.org ou entre em contato conosco.
saiba mais sobre...
a ordo templi orientis
A Ordo Templi Orientis foi fundada em 1904, na Alemanha, por Karl Kellner e Theodore Reuss — seu 
primeiro líder —, que buscavam estabelecer 
um Academia para maçons de altos Graus 
onde estes pudessem ter contato com as 
revelações iniciáticas descobertas por Kell-
ner em suas viagens ao Oriente. A entrada 
de Aleister Crowley, em 1912, veio a alterar 
profundamente a Ordem, até que, naquele 
mesmo ano, a O.T.O. rompe seus laços com 
a Maçonaria e assume–se como uma orga-
nização independente e soberana.
A principal mudança trazida por Crowley 
para a ordem foi a implantação da Lei de 
Thelema, conforme definida no Livro da 
Lei – Liber AL vel Legis, e o alinhamento da 
O.T.O. com as energias no Novo Eon, tor-
nando esta Ordem a primeira nascida no 
Velho Eon a migrar para o novo.
Em 1922 Crowley, com a morte de Reuss, 
assumiu a liderança da O.T.O.. Seu suces-
sor indicado foi o alemão Karl Germer, que 
governou a Ordem de 1947 a 1962. Como 
Germer não indicou um sucessor, após sua 
morte vários membros e não membros 
da Ordem tentaram assumir o controle da 
O.T.O. o que colocou a Ordem em sério 
risco de extinção. Assim, Grady McMurtry 
lançou mão de um documento expedido 
por Crowley que o autorizava a tomar o po-
der da O.T.O. caso esta se visse ameaçada. 
Assim, McMurtry tornou-se líder da Ordem 
em 1969, posição onde permaneceu até 
sua morte, em 1985. Após isso, por meio de 
um processo eleitoral levado a cabo pelos 
altos Graus da Ordem, foi empossado o 
atual Frater Superior, Hymenaeus Beta.
Atualmente a O.T.O. está presente em mais 
de 70 países. No Brasil, a O.T.O. encontra–se 
desde 1995, com o antigo Acampamento 
Sol no Sul, substituído em 2000 pelo Oásis 
Quetzalcoatl, atual Loja Quetzalcoatl. Dan-
do continuidade ao trabalho, em fevereiso 
de 2010 ev foi aberto em Minas Gerais o 
Acampamento Opus Solis.
Ordo Templi Orientis — Brasil
Loja Quetzalcoatl — Rio de Janeiro
Caixa Postal 55.525 – CEP 27790-970 
Rio de Janeiro – RJ, Brasil

Mais conteúdos dessa disciplina