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RESUMO – DIREITO EMPRESARIAL II 
2021.1 
 
 
TEORIA GERAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITO 
 
I. CONCEITO: O primeiro passo é conceituar título de crédito: "Documento 
necessário ao exercício literal e autônomo do direito nele contido" (conceito de Cesare 
Vivante). 
 
Dizer que título de crédito é um documento é dizer que ele representa algo. Mas o 
que representa? Uma obrigação creditícia, é a resposta. 
 
Daqui se extrai uma característica dos títulos de crédito: exclusividade; porque os 
títulos de crédito só podem representar obrigações creditícias. 
 
II. CARACTERÍSTICAS/ATRIBUTOS 
 
Acima vimos uma: a exclusividade. Ao lado dela têm-se a executividade e a 
negociabilidade/circularidade: 
 
1. Exclusividade -> os títulos crédito representam somente obrigação creditícia; 
2. Executividade -> os títulos de crédito podem ser diretamente executados, sem a 
necessidade de passar por um processo de conhecimento antes; 
3. Negociabilidade/circularidade -> os títulos de crédito circulam facilmente, isto 
é, são fáceis de negociar. 
 
III. PRINCÍPIOS 
 
A importância dos princípios para qualquer ramo do Direito é inestimável. Eles 
ensinam ao estudante toda a lógica que norteiam o ramo estudado. Então, o que será 
apresentada agora é a lógica dos títulos de crédito: 
 
1. Cartularidade -> quer dizer que o credor do crédito deve estar em posse do 
documento para poder exercer os direitos contidos nele, seja judicial, seja extrajudicialmente; 
Em síntese, o princípio da cartularidade nos permite afirmar que o direito de crédito 
mencionado na cártula não existe sem ela, não pode ser transmitido sem a sua tradição e não 
pode ser exigido sem a sua apresentação. Atualmente, faz-se necessária a releitura deste 
princípio, porque quando se fala em cartularidade, refere-se de forma direta a um documento 
físico, ocorre que com o desenvolvimento da tecnologia é possível a criação, a emissão e até 
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mesmo a circulação e negociação de títulos eletrônicos, que são criados e mantidos em 
caracteres de computador. 
 
2. Literalidade -> quer dizer que o título de crédito vale tudo e tão somente aquilo 
que nele estiver contido; 
Em síntese, é o princípio que assegura às partes da relação cambial a exata 
correspondência entre o teor do título e o direito que ele representa. Por um lado, o credor 
pode exigir tudo o que está expresso na cártula, não devendo se contentar com menos. Por 
outro, o devedor também tem o direito de só pagar o que está expresso no título, não admitindo 
que lhe seja exigido nada mais. 
 
3. Autonomia -> quer dizer que as diversas obrigações representadas no mesmo 
título não dependem uma da outra. 
Assim, as relações jurídicas representadas num título de crédito são autônomas e 
independentes entre si, razão pela qual o vício que atinge uma delas não contamina a(s) outra(s). 
Melhor dizendo: o legítimo portador do título pode exercer seu direito de crédito sem depender 
das demais relações que o antecederam, estando imune aos vícios ou defeitos que 
eventualmente as acometeram. 
 
OBSERVAÇÃO: Há quem diga que outro princípio dos títulos de crédito é que ele 
deve ser escrito, porém outros não dizem isso porque acreditam que esse 
mandamento está inserido no próprio princípio da cartularidade, já que neste caso o 
credor tem que estar com o documento para exercer o direito. Além disso, hoje são 
permitidos títulos de crédito eletrônicos, como é o caso da duplicata eletrônica, dessa 
forma o documento, que antes era escrito, passa a ser eletrônico, informatizado. 
 
4. Legalidade: não há um título de crédito sem uma regra. 
 
5. Independência: O título de crédito se banca, ele basta em si mesmo, ele não 
precisa estar acompanhado de ninguém, ele não precisa estar acompanhado de uma outra 
documentação. 
 
6. Abstração: O título de crédito é abstrato, ele surge por qualquer motivo, ele se 
desvincula do negócio jurídico principal. 
 
7. Princípio da Inoponibilidade das Exceções Pessoais: Não cabe a alegação de 
exceções pessoais ao terceiro de boa-fé, a fim de evitar o pagamento do título. 
 
 
IV. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO 
 
IV.I. FONTE OBRIGAÇÃO CAMBIÁRIA: São duas teorias principais: 
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IV.I.I. teoria da emissão (a obrigação apenas surgirá com a assinatura do título e 
entrega voluntária do subscritor); 
IV.I.II. teoria da criação (basta a assinatura do título, não importando como o título 
entrou em circulação). 
Art. 905, p. único, CC – Concepção da teoria da criação, porque ainda que entre 
em circulação contra a vontade do emitente, termos a obrigação cambiária 
existente. 
Pela teoria da emissão, tem que ter a entrega voluntária do subscritor. 
 
IV.I. DEVEDORES CAMBIÁRIOS: 
 
devedor direto (DD); 
devedor indireto (DI); 
devedor principal (DP); 
devedor de regresso (DR). 
 
Devedor direto: assume a obrigação cambiária, independentemente do protesto do 
título. Ex.: emitente de nota promissória e aceitante da letra de cambio. 
 
Devedores indiretos: são devedores cambiários, mas só podem ser cobrados se tiver 
o protesto do título, para atestar formalmente que o título não foi honrado no pagamento. Ex.: 
Sacador da letra de câmbio. 
 
Devedor principal: uma vez realizando o pagamento do título, não existe ação 
regressiva. Não há mais nenhum outro devedor. 
 
Devedor de regresso: é aquele que é devedor solidário e faz o pagamento do título 
e tem direito a ação regressiva. Ex.: caso do aceitante da letra de cambio, ele é o devedor 
principal. Se ele fizer o pagamento ele não tem contra quem regredir. O sacador da letra de 
cambio pode ser devedor principal ou devedor de regresso, vai depender da figura do aceitante 
na letra de cambio. Se não houver a figura do aceitante, então o sacador é o devedor principal, 
porque não terá contra quem regredir. 
 
V. CARACTERÍSTICAS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO: 
 
V.I. DOCUMENTO FORMAL; 
V.II. BEM MÓVEL; 
V.III. TÍTULO DE APRESENTAÇÃO; 
V.IV. TÍTULO LÍQUIDO CERTO; 
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V.V. EFICÁCIA PROCESSUAL ABSTRATA; 
V.VI. OBRIGAÇÃO QUESÍVEL; 
V.VII. PRO SOLVENDO. 
 
VI. CLASSIFICAÇÕES DOS TÍTULOS DE CRÉDITO 
 
A) Quanto ao modelo: 
A.1. Vinculado – padronizado: cheque e duplicata 
A.2. Livre – não existe padrão: nota promissória e letra de câmbio 
 
B) Quanto à estrutura 
B.1. Ordem de pagamento: cheque, duplicata, letra de câmbio 
B.2. Promessa de pagamento: nota promissória e cédula de crédito bancário – art. 
26, Lei 10931/04 
 
C) Quanto às hipóteses de emissão 
C.1. Causais: duplicatas (compra e venda ou prestação de serviço) e cédulas de 
credito bancário (operação de financiamento bancário) 
C.2. Não causais: oriundos de qualquer negócio jurídico subjacente – nota 
promissória e cheque 
C.3. Ilimitados: o título limitável é a letra de câmbio. O Fábio Ulhoa Coelho diz 
que se formos na lei de duplicata no art. 2 diz que no ato de emissão da fatura dela poderá ser 
extraída uma duplicata para circulação como efeito negocial não sendo admitida outro título de 
crédito para o saque do devedor. A interpretação é a seguinte: quando tiver uma hipótese em 
que haverá um contrato de compra e venda e o vendedor irá emitir o título, então ele só pode 
emitir a duplicata. Se for o vendedor só pode emitir a duplicata, não pode emitir a letra de 
câmbio ou qualquer outro título. Mas em um contrato de compra e venda é possível que as 
partes pactuem que o comprador irá emitir o título, e então pode ser outro título e isso não 
viola o art. 2º. 
 
D) Quanto à circulação 
D.1. Ao portador: quando não identifica o beneficiário 
D.2. Nominativo à ordem: quando você faz a transferência por endosso 
D.3. Nominativo não à ordem: quando o título circula por termo de cessão de 
crédito. 
 
VII. ESPÉCIES 
 
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VII.I. DUPLICATA 
 
Duplicata é a modalidade de título de crédito criado pelo ordenamento 
jurídico brasileiro para as vendas por atacado, onde o vendedor era obrigadoa extrair em duas 
vias uma relação de mercadorias vendidas. As vias eram assinadas pelo comprador e pelo 
vendedor, ficando cada uma das partes com uma via. 
 
É utilizada para a venda mercantil a prazo, por partes domiciliadas no Brasil, para 
emissão de fatura (relação de mercadorias detalhadas), e obrigatória pelo vendedor para 
apresentação ao comprador. 
 
A sua emissão só é possível para representar crédito decorrente de uma determinada 
causa prevista por lei, e o aceite é obrigatório, independente da vontade do sacado. O prazo 
para a emissão da duplicata mercantil é até o vencimento da obrigação. 
 
O local do protesto é o do pagamento constante da duplicata e o prazo do protesto é 
de trinta dias a contar do vencimento, sendo que o protesto é condição de exigibilidade contra 
o sacador. 
VII.II. LETRA DE CÂMBIO 
 
A letra de câmbio consiste em uma ordem de pagamento que o sacador dirige ao 
sacado, e este pague a importância consignada a um terceiro denominado tomador. 
 
Pode ser sacada sobre o próprio sacador: a mesma pessoa é sacador e sacado, 
depende do aceite e pode ser endossada. A letra de câmbio possui como requisitos de validade 
e produção dos efeitos cambiais: 
 
• Expressão Letra de Câmbio no texto do título do documento na língua 
empregada na redação do título; 
• O mandato puro e simples (sem nenhuma condição) de pagar quantia 
determinada; 
• O nome do sacado e sua identificação pelo número do RG, CPF, título eleitoral 
ou carteira profissional; 
• Lugar do pagamento; 
• O nome do tomador; 
• Assinatura do sacador. 
Sobre o vencimento, se não constar na letra de câmbio, será a vista e não admite 
chancela mecânica ao invés de assinatura, mesmo que seja por procuração através de 
instrumento público. 
https://www.aurum.com.br/blog/ordenamento-juridico/
https://www.aurum.com.br/blog/ordenamento-juridico/
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VII.III. CHEQUE 
 
O cheque consiste em uma ordem de pagamento à vista, em favor próprio ou de 
terceiros, contra fundos disponíveis em poder do sacado. Atualmente, está sendo substituído 
pelo cartão de débito ou crédito, mas ainda é utilizado. Com o não pagamento pode haver 
protesto e execução do título. 
VII.IV. Nota promissória 
 
A nota promissória é uma promessa de pagamento formal e escrita, na qual o emitente 
se obriga a pagar a outrem certa soma em dinheiro. 
 
Para que haja a validade da nota promissória é necessário que ela tenha todos os 
requisitos formais: 
 
• Expressão nota promissória; 
• Promessa incondicional de pagar quantia determinada; 
• Nome do beneficiário da promessa; 
• Assinatura do emitente; 
• Data e local do saque ou da emissão; 
• Data e local do pagamento. 
 
Este título de crédito depende da assinatura do devedor para ser emitida, e se 
a nota promissória tiver vencimento a certo termo da vista, o prazo de apresentação será de um 
ano. 
 
VII.V. COBRANÇAS E TÍTULOS DE CRÉDITO ELETRÔNICOS 
 
Os títulos de crédito podem ser protestados por falta de pagamento, ou por falta de 
aceite no caso da duplicata e letra de câmbio, até a data do vencimento do título. 
 
Ainda pode ser protestado por falta de devolução. No caso de o devedor não 
devolver o título original, está autorizada a emissão, pelo credor, de uma segunda via, sendo 
esta, assim como a primeira, um título executivo. 
 
O Código Civil de 2002, no art. 889 em seu parágrafo terceiro, trouxe à utilização 
dos meios eletrônicos para confecção dos títulos de crédito. Vejamos: 
 
Art.889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação precisa 
dos diretos que confere, e a assinatura do emitente. 
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§1º É avista o título de crédito que não contenha indicação de vencimento. 
§2º Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado no 
título, o domicílio do emitente. 
§3º, apregoa o seguinte: “O título poderá ser emitido a partir de 
caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que 
constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos 
previstos neste artigo.” 
 
O aval e o endosso eletrônicos ainda não são possíveis, mesmo com a existência 
de assinatura digital, haja vista o requisito formal de assinatura para sua validade. 
 
Podemos citar como exemplo de título eletrônico as duplicatas, que já são emitidas 
por meio eletrônico ou magnético, proporcionado maior comodidade tanto para o vendedor 
quanto ao comprador. 
 
O título pode ser cobrado ou até mesmo protestado por meio eletrônico, sem a 
necessidade de materializá-lo. É o que prevê a Lei 9.492, no artigo 8º, parágrafo único: 
 
Poderão ser recepcionadas as indicações a protestos das Duplicatas Mercantis 
e de Prestação de Serviços, por meio magnético ou de gravação eletrônica de dados, 
sendo de inteira responsabilidade do apresentante os dados fornecidos, ficando a 
cargo dos Tabelionatos a mera instrumentalização das mesmas.” 
 
A tecnologia proporciona segurança e celeridade, fazendo com que a economia possa 
crescer com mais rapidez, através das transações cambiais de maneira eletrônica. 
 
ATOS CAMBIAIS 
 
I. ENDOSSO: É um ato de transferência do direito cambiário, sendo feito pelo 
endossante para o endossatário, e este passa a ser o titular do direito cambiário. 
 
Natureza Jurídica: É uma declaração cambiária unilateral de vontade, sucessiva e 
eventual. 
 
I.I. ENDOSSO PRÓPRIO: É o endosso que faz o endossatário ser o titular do 
direito cambiário. 
 
I.II. ENSOSSO IMPROPRIO: Não existe a transferência do direito cambiário para 
o endossatário. Aqui existe apenas a transferência da cartula, em que o endossatário terá apenas 
a posse da cartula, não será o titular do direito cambiário, que continua sendo titularizado pelo 
endossante. 
https://www.aurum.com.br/blog/endosso/
https://www.aurum.com.br/blog/assinatura-digital/
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I.II.I Endosso impróprio mandato: Um verdadeiro contrato de mandato. O 
endossatário é o mandatário e o endossante será o mandante. 
 
Art. 682, CC – possibilidade da extinção do mandato quando houver morte das 
partes, mas não se aplica aos títulos de crédito por força do art. 917, CC e art. 18, 
aliena 3º, LUG. A morte do mandante não extingue o mandato, de maneira que o 
mandatário pode cumprir e depois presta contas com os herdeiros. Nem a morte 
e nem a incapacidade do mandante. 
 
I.II. II. Endosso improprio penhor/pignoratício/caução: Faz com que a cartula 
seja transferida em favor do endossatário, mas este não será o titular do direito cambiário, ele 
terá apenas a garantia (caução). Ex.: uma garantia no contrato de mútuo como um titulo de 
crédito. Expressamente deve constar no verso do título. 
 
I.III. ENDOSSO EM BRANCO: Haverá o endosso, mas não haverá indicação do 
endossatário – não se nomeia o endossatário. 
 
I.IV. ENDOSSO EM PRETO: haverá a indicação do endossatário. 
 
I.V. ENDOSSO TARDIO ou PÓSTUMO: Para entendermos o endosso tardio, 
temos que nos lembrar dos prazos para protesto dos títulos de créditos. O endosso será tardio 
porque foi realizado após o protesto do título ou quando decorrido o prazo para o protesto do 
título. O protesto cambiário tem prazo para ser realizado. 
 
Quando temos um endosso que é realizado, por exemplo, após o prazo do protesto, 
temos que saber qual o prazo do protesto para saber se houve endosso tardio ou não. (Estudar 
prazos do protesto). 
 
Nota promissória e letra de cambio: 1º dia útil seguinte ao vencimento – o 
fundamento é o art. 28 do Decreto 20444/1908 – não falamos aqui na LUG, não aplicamos o 
art. 44, III da LUG porque a LUG é dividida em dois anexos: I e o II (que contem as reservas), 
o Brasil tornou-se signatário da LUG através do DL e foram escolhidos os artigos como 
reserva, e um dos artigos foi o art. 9 do anexo II. No qual diz que se o Brasil quiser aderir a 
LUG, mas se não estiver satisfeito com o art. 44, alínea III, poderá usar uma lei interna. O 
Brasil já possuía uma lei de nota promissória e uma lei de letrade cambio, justamente o Decreto 
20444/1908, por isso aplicamos o art. 28. Por isso que o protesto para esses dois títulos é usado 
ao primeiro dia útil ao vencimento. 
 
 O endosso feito após o prazo do protesto também é considerado tardio, e o 
endosso tardio tem efeito de cessão de crédito. Ou seja, é um endosso, porque é feito 
atrás do título de crédito, mas os efeitos serão de cessão de crédito. 
 
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E no caso de cessão de crédito, a responsabilidade é diferente, ou seja, no caso 
de cessão de crédito, o cedente não é responsável pelo pagamento (art. 296, CC) a não 
ser quanto a existência da obrigação. Ou seja, não responde solidariamente pelo 
pagamento, tão somente pela existência da obrigação. 
 
LUG / RESERVA / DEC. 2044/1908 
 
ART. 44, ALÍNEA 3ª, DA LUG: O protesto por falta de pagamento de uma letra 
pagável em dia fixo ou a certo termo de data ou de vista deve ser feito num dos dois dias úteis 
seguintes àquele em que a letra é pagável. Se se trata de uma letra pagável à vista, o protesto 
deve ser feito nas condições indicadas na alínea precedente para o protesto por falta de aceite. 
RESERVA DO ART. 9º, ANEXO II, LUG: Art. 9º. Por derrogação da alínea 
terceira do artigo 44 da Lei Uniforme, qualquer das Altas Partes Contratantes tem a faculdade 
de determinar que o protesto por falta de pagamento deve ser feito no dia em que a letra é 
pagável ou num dos 2 (dois) dias úteis seguintes. 
ART. 28 DEC. LEI 2044/1908: Art. 28. A letra que houver de ser protestada por 
falta de aceite ou de pagamento deve ser entregue ao oficial competente, no primeiro dia útil 
que se seguir ao da recusa do aceite ou ao do vencimento, e o respectivo protesto, tirado dentro 
de três dias úteis. 
 
 
II. AVAL: O aval é uma declaração cambial, claro, uma declaração do título de 
crédito, onde o avalista garante o pagamento do avalizado. 
EXEMPLO: A (+ avalista) → B 
 
DIFERENÇAS ENTRE AVAL E FIANÇA 
 
O Aval é uma declaração unilateral de vontade que servirá de garantia fidejussória no 
direito cambiário, ou seja, é específica dos títulos de crédito. 
 
“Art. 30 - O pagamento de uma letra pode ser no todo ou em parte garantido por 
aval. Esta garantia é dada por um terceiro ou mesmo por um signatário da letra”. “Art. 897. O 
pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar soma determinada, pode ser 
garantido por aval. Parágrafo único. É vedado o aval parcial”. 
 
O local apropriado para a realização do aval é o anverso do título, caso em que basta 
a simples assinatura do avalista. Nada impede, todavia, que o aval seja feito no verso da cártula, 
bastando para tanto, além da assinatura, a expressa menção de que se trata de aval (art. 31 da 
LUG e art. 898, § 1º do Código Civil). 
O instituto da fiança é muito semelhante pois se trata de garantias pessoais, mas há 
diferenças relevantes em relação ao aval. Estas diferenças precisam ser conhecidas porque 
geralmente são cobradas em prova. 
 
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O aval constitui uma obrigação autônoma em relação à dívida assumida pelo 
avalizado. Assim, se a obrigação do avalizado, eventualmente, for atingida por algum vício 
(salvo vício de forma), este não se transmite para a obrigação do avalista (art. 32 da LUG e art. 
899, § 2º do Código Civil). 
 
Na fiança, isso não ocorre: como a fiança é uma obrigação acessória, ela leva a mesma 
sorte da obrigação principal a que está relacionada. 
 
O aval não admite o benefício de ordem, razão pela qual o avalista pode ser acionado 
juntamente com o avalizado, tendo, pois, responsabilidade solidária (art. 32 da LUG e art. 899 
do Código Civil). Na fiança, todavia, o benefício de ordem assegura ao fiador a prerrogativa de 
somente ser acionado após o afiançado. 
 
A responsabilidade do fiador é, portanto, subsidiária (art. 827 do Código Civil). “Art. 
827. O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até a contestação da lide, que sejam 
primeiro executados os bens do devedor”. 
 
RESPONSABILIDADE DO AVALISTA 
 
OBRIGAÇÃO AUTÔNOMA: o aval representa uma obrigação autônoma e 
independente em relação ao seu avalizado. O avalista responde mesmo que o avalizado não 
tenha responsabilidade. Art. 30, 31 e 32, LUG. 
 
O AVALISTA PODE SER DEVEDOR DIRETO OU INDIRETO: tudo irá 
depender da posição em que estiver o seu avalizado. Assim, por exemplo, se for devedor direto, 
o avalista também será. (devedor direto: aceitante ou emitente da letra de cambio – dispensam 
o protesto, então o avalista também dispensará) (devedor indireto: sacador da letra de câmbio 
ou o endossante, o avalista também será devedor indireto) 
 
AVAL PARCIAL: o Código Civil proíbe o aval parcial, conforme artigo 897, p. 
Único. No entanto, tal vedação não se aplica para os títulos que sejam regidos por leis especiais: 
cheque, letra de câmbio e nota promissória. Duplicata é ponto controvertido! 
Art. 30, LUG e art. 29 da Lei de Cheque – diz que o pagamento pode ser em 
todo ou em parte garantido por aval, ou seja, existe a possibilidade do aval parcial. 
Em caso de conflito entre as leis, prevalece a lei especial. 
 
1. OUTORGA CONJUGAL: INF. STJ 604: O aval dado aos títulos de créditos 
nominados (típicos) prescinde de outorga uxória ou marital. Título de crédito regido pelo CC 
exige a outorga conjugal, mas se o titulo não for regido pelo CC não precisa da outorga conjugal. 
É claro que vamos ter que pensar sobre o ingresso na meação do cônjuge que não autorizou, 
porque só é possível ingressar na meação se houver a demonstração que se enriqueceu, que se 
beneficiou. 
 
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2. AVAL E SUSPENSÃO AÇÕES REC. JUD: Súmula do STJ 581:“a 
recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento das ações e execuções 
ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em geral, por garantia cambial, 
real e fidejussória” 
 
Imagine uma sociedade LTDA emitente de uma nota promissória, e um dos seus 
sócios é avalista da nota promissória que foi emitida pela PJ. Essa sociedade ltda conseguiu o 
deferimento do processamento da recuperação judicial, então haverá a suspensão da execução 
da nota promissória. Mas não irá suspender a obrigação em relação ao avalista, porque a 
obrigação é autônoma e independente, conforme art. 49, §1º e sumula 581, STJ. 
 
Considerando o regime de bens que exige a outorga. 
 
III. SAQUE 
 
Conceito: É o ato de emissão da letra de câmbio pelo sacador. Através do saque, o 
sacador dá uma ordem de pagamento ao sacado, para que ele pague uma determinada 
 
QUANTIA EM DINHEIRO AO BENEFICIÁRIO. (é o ato de emissão da letra 
de câmbio – ato originário). O beneficiário é o tomador 
 
A ordem de pagamento é para o sacado. Se o sacado aceita, ele passa a ser devedor 
cambiário e passa a ser aceitante. E isso influencia na classificação de devedor principal. 
 
Se houver o aceite, o sacador é devedor de regresso, porque se ele fizer o pagamento 
ele poderá fazer ação de regresso. 
 
Se não houver o aceite, o sacador é o devedor principal. 
 
NATUREZA JURÍDICA: É uma declaração cambiária unilateral de vontade, 
originária e necessária. 
 
SAQUE DE LETRA DE CÂMBIO: 
 
SACADOR DEVEDOR INDIRETO: A sua cobrança dependerá da realização 
do protesto, e sempre para a sua cobrança precisa do protesto. Mas ele pode dispensar o 
protesto. 
 
SACADOR DEVEDOR PRINCIPAL/REGRESSO 
a) Principal: quando não há aceite – aquele que paga e depois não tem ação 
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regressiva. 
b) Regresso: quando há aceite – quando o sacador faz o pagamento e depois faz 
a ação de regresso. 
 
CLÁUSULA SEM GARANTIA: é aquela em que o sacador afasta sua 
responsabilidade pelo pagamento. Não admite essa cláusula em letra de câmbio – art. 9º, LUG. 
O sacador não poderá afastar a sua responsabilidade pelo pagamento. Toda cláusula que afaste 
sua responsabilidade de pagamento é considerada não escrita. 
 
Art. 9º. O sacador é garante tanto da aceitação como do pagamento de letra. O sacador podeexonerar-se da garantia da aceitação; toda e qualquer cláusula pela qual ele se exonere da garantia 
do pagamento considera-se como não escrita. 
 
Cláusula proibitiva de aceite: é possível afastar a apresentação para o aceite. Art. 
22, LUG. 
 
Quando uma letra de cambio é apresentada para o sacado para fins de aceite (antes 
do pagamento), se houver a recusa de aceite, haverá o vencimento antecipado da letra. Mas 
quando há a cláusula proibitiva de aceite, você apresenta a letra e esta letra só poderia ser 
apresentada no vencimento da letra e se o sacado recusa o aceite, isso não ocasiona o 
vencimento antecipado da letra. 
 
IV. ACEITE: Art. 21 e seguintes da LUG. 
 
CONCEITO: Declaração unilateral de vontade pela qual uma pessoa aceita uma 
obrigação cambiária, comprometendo-se a pagar determinada quantia. Trata-se de declaração 
cambiária eventual e sucessiva. 
 
ACEITE RECUSADO: Ocorrerá o vencimento antecipado da obrigação. 
 
O aceite na letra de cambio pode ser: 
 
I. Aceite m odificativo: quando você modifica as condições da letra, como por 
exemplo, local de pagamento, valor. Esse aceite modificativo acontece quando o sacado não 
acata a ordem na forma que lhe foi dada. O aceite modificativo é considerado como recusa de 
aceite. 
 
II. A doutrina fala em “Aceite qualificado”, que tem duas espécies: I. aceite 
modificativo e II. Aceite limitativo. O aceite limitativo é aquele em que o sacado aceita apenas 
parte da obrigação, da ordem de pagamento, e o título deve ser protestado entoa pela parte que 
foi objeto da recusa, para que seja possível cobrar dos demais obrigados. 
 
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Quando temos um aceite modificativo, temos o vencimento integral da obrigação – 
corrente do professor André Santa Cruz, com base no art. 26, LUG. 
 
O professor Rubens Requião entende que na verdade houve a recusa parcial, e 
então deveria ser feito um protesto pela falta de aceite dos 5 mil reais e a ação seria contra o 
sacador que não teria ação de regresso. E sobre os 10 mil, deveria aguardar o dia do vencimento 
para cobrar, e na falta de pagamento haveria o protesto pela falta de pagamento e o sacador 
neste caso teria ação de regresso contra o sacado, porque houve aceite. Art. 51, LUG. 
 
Art. 51. No caso de ação intentada depois de um aceite parcial, a pessoa que pagar a 
importância pela qual a letra não foi aceita pode exigir que esse pagamento seja mencionado na 
letra e que dele lhe seja dada quitação. O portador deve, além disso, entregar a essa pessoa uma 
cópia autêntica da letra e o protesto, de maneira a permitir o exercício de ulteriores direitos de 
ação. 
 
Ele tem apenas a entrega de uma cópia da letra de cambio, e não há a entrega da letra 
porque precisa da letra para a apresentação no dia do vencimento para pagamento do valor 
restante. (ver slide 32) 
 
ACEITE QUALIFICADO 
 
Aceite modificativo: Ocorrerá quando o sacado não acata a ordem nos termos em 
que ela foi dada, modificando algum requisito da mesma, como por exemplo, o seu vencimento, 
o lugar de pagamento ou a moeda em que se deva pagá-la. É considerado como recusa do 
aceite. No entanto, devemos saber que o aceitante irá ficar responsável pelo pagamento da letra. 
Assim, o portador poderá escolher protestar o título e cobrar imediatamente dos coobrigados 
ou, deixar de protestar e demandar o aceitante. 
 
Aceite limitativo: O sacado irá aceitar apenas uma parte do valor da obrigação. O 
título deverá ser protestado em relação à parte objeto da recusa para que seja possível cobrar o 
sacador e os demais coobrigados. 
 
Aceite por intervenção: Ocorrerá quando uma terceira pessoa se disponha a aceitar 
uma obrigação cambiária no lugar do sacado. Se no momento da criação do título não for 
autorizada a intervenção de terceiro, o aceite por intervenção dependerá do consentimento do 
beneficiário. 
 
Cláusula proibitiva de aceite: O sacador poderá inserir a cláusula proibitiva de 
aceite, com vistas a impedir que o título seja apresentado para aceite. Neste caso, deverá o 
beneficiário apresentar o título no momento do vencimento. Esta cláusula não poderá ser 
inserida naquelas letras de câmbio que possuam vencimento à certo termo de vista, pois jamais 
ocorreria o seu vencimento. 
 
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V. PAGAMENTO: É o adimplemento, o cumprimento da obrigação descrita no 
título de crédito. É a razão de ser dos títulos, já que todos representam um débito a ser quitado 
pelo devedor ou co-devedor. 
 
VI. VENCIMENTO DE TÍTULO: É o prazo final para quitação da obrigação 
determinada na cártula. Possui vários tipos na prática de mercado: 
 
 
 
TÍTULOS DE CRÉDITO EM ESPÉCIE 
 
I. DUPLICATA 
 
A duplicata mercantil é um título de crédito criado pelo direito brasileiro muito 
utilizado por conta da pouca utilização da letra de câmbio no comércio nacional. 
 
Ela nasceu como instrumento de controle de incidência de tributos. No fim dos anos 
1960 a prática do controle de incidência tributária foi extinta, fazendo com que a função jurídica 
da duplicata passasse por mudanças. A edição da Lei n. 5. 474/68 (LD) e o Decreto-Lei n. 
436/69 alteraram parcialmente a duplicata. 
 
A partir destas mudanças a duplicata passou a ter funções de natureza comercial 
relacionadas à constituição, circulação e cobrança do crédito nascido de operações mercantis 
ou de contratos de prestação de serviço, desprendendo-se dos aspectos fiscais que tinha 
anteriormente. 
 
A principal característica que diferencia a duplicata da letra de câmbio é está no que 
se refere ao regime aplicável ao aceite. Na letra de câmbio o ato de vinculação do sacado é 
facultativo, isto é, mesmo que devedor, o sacado não é obrigado a documentar sua dívida por 
meio da letra de câmbio, já na duplicata é obrigatório, ficando o sacado obrigado ao pagamento 
da duplicata, mesmo que não a assine. 
 
Existem duas duplicatas: A duplicata mercantil e a de prestação de serviços. 
 
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Com relação à duplicata mercantil temos o entendimento do Amador Paes de 
Almeida, que muito se identifica com a causalidade da duplicata em sua emissão, apenas, 
desaparecendo então esse traço com o aceite do sacado e com a circulação mediante endosso. 
Para Amador a duplicata mercantil é um título causal, alicerçado no contrato de compra e venda 
mercantil ou na prestação de serviços. Não havendo estes a duplicata mercantil é, portanto, 
inexistente. Assim, apesar de guardar semelhanças com a letra de câmbio, a duplicata mercantil 
diferencia-se por ter sua origem ligada a um contrato mercantil, necessariamente. Disso decorre 
sua natureza causal. 
 
Por conta dessa natureza ela admite apenas com relação ao sacador as exceções 
fundadas em devolução de mercadoria, vícios, diferença de preço, etc., sendo que estas 
exceções não são arguíveis contra terceiros. 
 
A duplicata mercantil se torna abstrata por conta do aceite, desfazendo-se o vínculo 
do negócio jurídico implícito, principalmente com o estabelecimento da circulação por meio 
de endosso. 
 
Esclarecendo melhor sobre a emissão de duplicata, averba Fábio Ulhoa Coelho (2007, 
p.287): “embora não fixe a lei um prazo específico máximo para a emissão do título, deve-se entender que ele 
não poderá ser sacado após o vencimento da obrigação ou da primeira prestação”. 
 
A emissão de duplicata é facultativa, ou seja, não há a necessidade do vendedor sacá-
la em nenhum momento. “Mas não poderá emitir, também, letra de câmbio, diante de expressa vedação 
legal (LD, art. 2º) [...]” (COELHO, 2007, p.287). 
 
Fábio Ulhoa Coelho, acerca da causalidade da duplicata mercantil leciona que "sua 
emissão somente é possível para representar crédito decorrente de uma determinada causa prevista por lei" 
(COELHO, 2010, p.290). 
 
É de notar-se que, sendo a duplicata mercantil um título de crédito, que traz consigo 
desde sua gênese os elementos tempo e confiança, não raro se observará sua circulação no 
mercado, vez que é característica sua poder ser negociada.Saliente-se, porém, que uma vez 
tratando-se de título de crédito causal, sua existência deve partir da premissa de que ocorrera a 
situação específica necessária à sua emissão, ou seja, a compra e venda mercantil ou a prestação 
de serviço. 
 
Com relação ao aceite da duplicata mercantil, Ulhoa ressalta sua obrigatoriedade: “O 
aceite da duplicata é obrigatório porque, se não há motivos para a recusa das mercadorias enviadas pelo sacador, 
o sacado se encontra vinculado ao pagamento do título, mesmo que não o assine.” (COELHO, 2011, p. 483) 
 
EM SUMA: 
 
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DUPLICATA: (Lei nº 5474/68). Trata-se de uma ORDEM DE PAGAMENTO. 
Transfere-se por endosso; Garante-se por aval; O aceite na duplicata é OBRIGATÓRIO, pois 
é requisito formal, porém, nas situações expressas nos Art. 8º e 21, não será necessário o aceite. 
 
Art. 8º O comprador só poderá deixar de aceitar a duplicata por motivo de: 
I - avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não expedidas ou não 
entregues por sua conta e risco; 
II - vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das mercadorias, 
devidamente comprovados; I 
II - divergência nos prazos ou nos preços ajustados. 
 
Art. 21. O sacado poderá deixar de aceitar a duplicata de prestação de serviços 
por motivo de: 
I - não correspondência com os serviços efetivamente contratados; 
II - vícios ou defeitos na qualidade dos serviços prestados, devidamente 
comprovados; 
III - divergência nos prazos ou nos preços ajustados. 
 
Forma duas posições jurídicas: 
 
I) Sacador (Credor/emitente): é aquele que vendeu um determinado produto ou 
prestou um serviço. 
II) Sacado (Devedor): é aquele que comprou um determinado produto ou tomou 
um serviço. 
 
Título causal: só pode ser estabelecida nas duas causas permitidas na lei: compra e 
venda mercantil ou serviço. Não se tratando de um título abstrato quanto a sua emissão. 
 
DUPLICATA MERCANTIL: Em todo contrato de compra e venda mercantil 
entre partes domiciliadas no Brasil, com prazo não inferior a 30 dias, contado da data de entrega 
ou despacho das mercadorias, emitirá o vendedor a respectiva fatura para apresentação ao 
comprador. No ato da emissão desta fatura poderá ser extraída a duplicata para circulação. 
Atenção: uma só duplicata não pode corresponder a mais de uma fatura. 
 
Prescrição: Artigo 18 da Lei nº 5474/68. 
 
Art. 18 A ação de execução prescreve: 
I- contra o sacado e respectivos avalistas, em 3 (três) anos, contados da data do 
vencimento do título; 
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II - contra endossante e seus avalistas, em 1 (um) ano, contado da data do 
protesto; 
III- de qualquer dos coobrigados contra os demais, em 1 (um) ano, contado da 
data em que haja sido efetuado o pagamento do título. 
 
II. LETRA DE CÂMBIO 
 
CONCEITO 
 
Letra de câmbio é uma espécie de título de crédito que se trata de algo negociável 
no mercado. Em outras palavras, incide em uma ordem de pagamento em que um indivíduo 
ordena que um segundo realize o pagamento determinado por um valor para terceiro. Desse 
modo, deve trazer, de forma clara as informações importantes, como: o valor do pagamento, a 
data e o local, entre outros. 
 
DOUTRINA 
 
Nas palavras do André Luiz Santa Cruz Ramos, em sua obra Direito Sistematizado 
Empresarial, o termo Letra de câmbio significa: 
 
“Trata-se, talvez, do título de crédito com origem histórica mais remota, já 
mencionada, em linhas gerais, no tópico inicial do presente capítulo. No período italiano da 
evolução do direito cambiário, situado na Idade Média, a descentralização do poder político 
favoreceu o surgimento de cidades (burgos) com relativa autonomia, a qual se manifestava, 
sobretudo, na utilização de moeda própria. Isso, por sua vez, exigiu o desenvolvimento das 
operações de câmbio, dado o fato de que as moedas de cada cidade eram diferentes. 
 
A letra de câmbio, pois, surge como decorrência dessas operações cambiais 
(câmbio trajetício). Com efeito, quando um determinado comerciante realizava negócios em 
determinada cidade, acumulava uma soma de riqueza representada por moeda local. Ao chegar 
a outra localidade, todavia, a moeda era diferente. Ele, então, sempre que deixava uma cidade 
na qual negociara, trocava todo o seu dinheiro com um banqueiro, que lhe entregava uma carta 
(littera cambii), ordenando que outro banqueiro pagasse a quantia nela fixada ao seu portador. 
 
A letra de câmbio é considerada pelos doutrinadores como o título mais apropriado 
para servir de referência no estudo da teoria geral dos atos cambiários, em razão de sua estrutura 
permitir, com mais facilidade, o exame dos aspectos mais relevantes relacionados à constituição 
e à exigibilidade do crédito cambial. Trata-se, todavia, de título que não vingou no Brasil, tendo 
sido substituído, na praxe comercial, pela duplicata. 
 
Alguns autores afirmam que a letra de câmbio não teria tido aceitação no Brasil 
por possuir uma sistemática interessante: é emitida por alguém para que outro Çlceite e pague. 
Enfim, é um título de crédito que depende sobremaneira da boa-fé”. 
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III. NOTA PROMISSÓRIA 
 
A nota promissória assim como a letra de cambio, tiveram origem em comum, em 
meados da Idade Média no século XVII, este título de credito fora utilizado por banqueiro, que 
recebia valores de uma pessoa e prometia pagamento em outra praça onde estivesse um 
representante seu. Como se fosse uma promessa de pagamento. 
 
Portanto teria como operação de câmbio, o depositante visa resguardar de futuros 
saques, pois não vai de um comercio a outro transportando consideráveis valores, mas sim 
promessa de pagamento que representa o valor. Este título teve seu papel muito importante no 
comercio, ou seja, a troca imediata de valores nas próprias feiras, a entrega de uma moeda não 
comercializável naquele local por outra que fosse. Tal ato se dava em virtude do grande número 
de moedas circulantes nos mercados, dificultando o comercio. 
 
CONCEITO 
 
A nota promissória contém uma promessa de pagamento com a presença de dois 
intervenientes fundamentais, o emitente (aquele que cria o documento) e o beneficiário do 
crédito, ao contrário da letra de câmbio, na qual se observa a presença de três intervenientes: 
beneficiário, sacado (aquele que é indicado para pagar) e o sacador (aquele que emite uma 
“ordem” de pagamento a um sacado para que pague certo o valor ao beneficiário). 
 
Contudo é importante destacar que na nota promissória a promessa é feita 
diretamente pelo devedor, a favor de um beneficiário. Ao contrário da letra de câmbio, na qual 
sacado da ordem ao sacado para efetuar o pagamento a um beneficiário, sendo que o sacado 
não é obrigado a acatar ordem que lhe foi dada pelo sacador, assim o ultimo não se obriga 
diretamente nesse título de credito, por sua responsabilidade vai ser subsidiaria ao não aceito 
pelo sacado. 
 
A partir disso, verifica-se que a nota promissória o credito vai ser estabelecido em 
função da subscrição do título de credito, o que não ocorre na letra de cambio em que o crédito 
existe antes da própria criação do título. Bem como não há que se falar em aceite neste 
instrumento creditório como ocorre na letra de cambio, vez que é o devedor que se obriga 
pessoalmente à satisfação do credito, não existindo uma ordem a terceiros, mas uma promessa 
de pagamento direta do devedor. 
 
Os princípios que são aplicados a este título de credito são: o da cartularidade, este 
princípio não aceita que bases como a madeira ou metal sejam instrumentos sério a consolidar 
um direito creditório, bem como mostra que a assinatura de próprio punho, sendo 
fundamental, a não possibilidade de grafia no modo de perfuração ou relevo, o mais importante 
é que o credito esteja documentado em uma base para receber as demais declarações cambiaria 
e para que ao final tenha-se um adimplemento nos moldes da legislação aplicável; o princípio 
da autonomia, a nota promissória é um título autônomo, ou seja,cada declaração cambial 
lançada na cártula enseja um direito próprio, bem como há um desligamento com a causa 
original de emissão do título no que tange aos portadores futuros, somente admitindo exceções 
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entre credor e devedor originário, ou em caso de má-fé do portador; e por último o princípio 
da abstração, ou seja, cuja estrutura conceitual nenhuma papel possui o negócio de base, aquele 
que fundamentou a sua criação, dessa forma o título em sua condição e qualidade de declaração 
unilateral da vontade, guarda em tese, autonomia em relação ao negócio originário. 
 
FORMALISMO E REQUISITOS E A FALTA DELES 
 
Para que uma cártula seja considerada nota promissória deve atender a certos 
requisitos legais, pois ao contrário estará despida de cambiaridade, não lhe permitindo dispor 
das benesses oferecidas por um título de crédito, valendo apenas como um meio de comprovar 
uma relação de crédito e débito. 
 
A cártula da nota promissória deverá conter certos requisitos considerados 
essenciais, sendo que sua falta poderá invalidar o documento como título de credito. 
Primeiramente serão analisados os requisitos essenciais separadamente, para ao final comentar 
os não essenciais de forma conjunta. 
 
Quando em uma nota promissória na qual seu criador omita algum requisito, 
principalmente se essencial, leva invalidação do instrumento creditório, pois todos os requisitos 
devem estar presentes não no momento da emissão do documento, mas a validade ou 
invalidade é apurada no momento em que o título é exigido, contudo pode ser o título 
confeccionado com acertos requisitos em branco a serem preenchidos sem abuso até o 
momento da satisfação, seja judicial ou extrajudicial. E se caso houve abuso de preenchimento 
caberá ao devedor ingressar judicialmente exigindo indenização, seja ela material ou moral, 
dependendo do dano causado. 
 
IV. CHEQUE 
 
(Lei nº 7.357/85) 
Trata-se de uma ordem de pagamento em dinheiro e a vista. Transfere-se por endosso 
e pode ser garantido por aval, porém não comporta aceite. 
 
Data que começa a contar o prazo de apresentação: a partir da emissão do cheque. 
 
Três posições jurídicas: 
 
I) Sacador (Emitente); 
II) Sacado (Banco); 
III) Tomador/Beneficiário. 
 
O cheque admite o aval parcial, conforme estabelece o artigo. 29 da Lei do cheque. 
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Art. 29 O pagamento do cheque pode ser garantido, no todo ou em parte, por 
aval prestado por terceiro, exceto o sacado, ou mesmo por signatário do título. 
 
PRAZOS: 
 
a) Apresentação: 
a.1) 30 dias: cheque apresentado na mesma praça da agência em que o cheque 
foi emitido; 
a.2) 60 dias: cheque apresentado em praça DIFERENTE da agência em que o 
cheque foi emitido 
 
b) prescricional: 06 meses a partir da expiração do prazo de apresentação. 
c) Ação de regresso de um obrigado ao pagamento do cheque contra outro prescreve 
em 06 meses, contados do dia em que o obrigado pagou o cheque ou do dia em que foi 
demandado 
d) Ação de enriquecimento ilícito contra o emitente ou outros obrigados, que se 
locupletaram injustamente com o não-pagamento do cheque, prescreve em 02 anos, contados 
do dia em que se consumar a prescrição prevista no art. 59, da Lei do Cheque. 
 
V. CONTRATO EMPRESARIAL 
 
Contrato é um acordo de vontades entre duas ou mais pessoas, sobre objeto 
lícito e possível, com o fim de adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direitos. É 
preciso que as partes contratantes sejam capazes para que o contrato seja válido. A liberdade 
de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. A formação dos 
contratos se dá através da proposta, seguida da aceitação. 
 
CONTRATO DE COMPRA E VENDA 
 
É o contrato em que uma das partes (vendedor) obriga-se a transferir o domínio de 
uma coisa, e a outra (comprador) a pagar-lhe o preço em dinheiro (se for entrega de coisa 
diversa não será compra e venda, mas troca). É um contrato consensual, bilateral e oneroso; e 
será formal quando tiver por objeto bem móvel de valor superior a 30 salários mínimos. É 
condição de validade a anuência expressa dos demais descendentes e do cônjuge do alienante; 
ainda, entre cônjuges só poderá ocorrer caso seja vendido bens excluídos da comunhão. Por 
fim, não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva (art. 426 CC) 
 
Possuem as partes certas obrigações. O vendedor, por exemplo, deve transferir o 
domínio da coisa, seja pela tradição ou outorga de instrumento apto ao registro da nova 
titularidade; tem responsabilidade por vício e pela evicção. Na outra mão, o comprador deve 
pagar em dinheiro, seja à vista ou a crédito, e arcar com as despesas de escritura e registro. 
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Pode ser: 
 
Compra e venda civil = particular X particular 
Compra e venda empresarial = empresário X empresário 
Compra e venda de consumo = fornecedor X consumidor 
 
O conceito de fornecedor engloba o conceito de empresário, pois é mais amplo e, 
também, abrange o Estado. 
 
Como cláusulas especiais possui: venda a contento do comprador (a coisa é apreciada 
subjetivamente), venda sujeita à prova (ex: vinho), retrovenda (compra e venda de imóvel, onde 
o vendedor pode recomprar o bem no prazo de no máximo 3 anos) e preempção (tem o 
vendedor preferência na hipótese de revenda do bem adquirido). 
 
A venda ‘ad mesuram’ é aquela em que se determina a área do imóvel vendido, 
estipulando o preço pela medida de extensão. Por outro lado, venda ‘ad corpus’ é a alienação 
do imóvel como certo e determinado (não há complementação da área nem devolução de 
excesso). 
 
CONTRATOS EMPRESARIAIS (‘TEORIA DA APARÊNCIA’) 
 
Essa teoria visa proteger o terceiro de boa-fé, que contrata com quem, aparentemente, 
pelas circunstâncias em que atua, tem poderes para tal. 
 
O CC cita algumas características particulares dos contratos empresariais; assim, 
apresenta normas gerais a serem seguidas tantos nos contratos empresariais quando nos civis. 
→ Ex: validade e defeitos do negócio jurídico, princípio da função social do contrato, princípio 
da boa-fé objetiva, contrato de adesão, formação dos contratos, vício redibitório e evicção. 
 
CONTRATOS DE COLABORAÇÃO (‘DISTRIBUIÇÃO’) 
 
São contratos utilizados entre empresários para a colocação, no mercado, das 
produções ou serviços produzidos ou prestados por um deles. São exemplos de contratos de 
colaboração: comissão, agência, representação comercial autônoma, concessão mercantil 
(devido a Lei Ferrari) e franquia. Por fim, são contratos típicos onde a lei impõe a inclusão 
de cláusula obrigatória a tutelar a distribuição (regra: o distribuidor fica adstrito). 
 
São distribuidores (‘colaboradores’) aqueles que colaboram com o empresário, ou seja, 
são intermediários profissionais que tem por atividade a colocação e a divulgação da marca 
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alheia no mercado. São intermediários entre aqueles que fabricam e os que consomem; e 
realizam a compra para revenda. 
 
→ NÃO SE CONFUNDE: O distribuidor fica vedado de distribuir produtos 
do concorrente (fica adstrito a ele), o que é diferente da chamada autonomia de 
distribuição, a qual não possui vínculo de subordinação, pois não há contrato de 
trabalho. O distribuidor aqui ainda é autônomo e pode representar marca do 
concorrente se o seu empresário adstrito permitir. 
 
As partes possuem as seguintes obrigações: submeterem-se aos preços e condições de 
pagamento e a um modelo de publicidade pré-determinada pelo fabricante ou produtor, ‘metas 
de venda’ a serem realizadas, controle do fabricante ou fornecedor (o franqueado se submete 
ao controle do franqueador; entre outras). 
 
CONTRATOS DE REPRESENTAÇÃO COMERCIAL AUTÔNOMA 
 
É consensual, bilateral, oneroso, não solene (mas deve ser escrito) e de duração. É o 
contrato pelo qual uma das partes (representante comercial autônomo) se obriga a obter 
pedidos de compra e venda de mercadorias fabricadas ou comercializadas pela outra parte 
(representado).Pode ser representante todo empresário habilitado que não seja falido ou esteja 
reabilitado, também, não pode ter sido condenado por crimes patrimoniais nem crimes punidos 
com perda de cargo público. Inexiste vínculo de emprego entre o representado e o 
representante comercial autônomo. 
 
Indistinção entre a agência e a representação: pelo contrato de agência um 
representante ou agente (pessoa física ou jurídica), sem vínculos de subordinação e em caráter 
não eventual, assume a obrigação de promover, por conta de outrem, mediante certa 
retribuição, negócios do interesse desta (art. 710 CC). 
 
Cláusulas: inexiste cláusula de fidelidade, salvo quando convencionado, e a 
exclusividade de zona deve ser considerada implícita nos contratos omissos (um representante 
não pode invadir a zona de outro). 
 
Lei 4.886/65 (alterada pela Lei 8.420/92) não estabeleceu diferença entre 
representante comercial autônomo e agente comercial 
 
Deveres do representante: obter com diligência, pedidos e compra e venda, em nome 
do representado, ajudando-o a expandir o seu negócio e promover os seus produtos; seguir as 
instruções fixadas pelo representado, prestar contas e não conceder abatimento, descontos ou 
dilações. Deveres do representado: pagar a retribuição devida ao representante, respeitar a 
cláusula de exclusividade de zona e indenizar na rescisão injusta. 
 
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Nos contratos de representação comercial é vedada a cláusula ‘del credere’, não 
respondendo o representante pelo risco do negócio e pela solvabilidade dos clientes 
contratados (≠ contrato de comissão). – Art. 43, Lei 4.898/65, § 3 
 
RESCISÃO DO CONTRATO: 
 
I. Resolução pelo representado (art. 35) = ocorre quando o representante incorrer 
em determinadas práticas como desleixo no cumprimento das obrigações contratuais, atos que 
importem em descrédito comercial do representado ou condenação definitiva por crime 
infamante. Fora do art. 35, o representado deve pagar ao representante as indenizações 
indevidas. 
II. Resolução pelo representante (art. 36) = mora no pagamento da comissão, 
força maior e inobservância do representado da cláusula de exclusividade. 
 
CASOS DE INDENIZAÇÃO: 
 
I. No silêncio do contrato = 1/12, calculados sobre o total da retribuição recebida 
durante o tempo em que durou a representação. 
II. Contrato por prazo determinado = a medida de retribuição até a data da rescisão 
X os meses em aberto do contrato 
III. Contrato com prazo indeterminado (firmados há mais de 6 meses) = a parte 
que o denunciar está obrigado a conceder aviso prévio de 30 dias ou pagar indenização 
correspondente a ⅓ das comissões referentes aos últimos 3 meses (resolução sem culpa de 
qualquer uma das partes). 
 
CONTRATO DE COMISSÃO MERCANTIL (ART. 693 CC) 
 
É um contrato típico, real (há divergência doutrinária), bilateral, oneroso, comutativo, 
personalíssimo e não solene. Nele, o comissário atua em nome próprio, obrigando-se 
pessoalmente perante o terceiro com quem contratou (tem direito a todas as ações que 
incumbiria ao comitente para ver cumprida a obrigação). O comissário não tem a propriedade 
da coisa e, por ser um contrato personalíssimo, ele não pode se fazer substituir na execução do 
contrato, salvo urgência. 
 
Cláusula del credere = o comissário não responde perante o comitente pela 
solvabilidade das pessoas com quem contratar, a não ser na hipótese de culpa ou dolo de sua 
parte. Deve ser expressa no contrato. À Exceção: o comissário fica dispensado de dizer o 
nome de com quem contratou. Mediante paga, é constituído garante de terceiro com 
quem contratou, respondendo diretamente perante o comitente, caso o terceiro não 
cumpra, sem justa causa (ex: defeito na coisa), com o pagamento no tempo e modo 
devido. O comissário terá direito a remuneração mais elevada para compensar o ônus 
assumido (art. 698 CC). 
 
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Obrigações do comitente = pagar a comissão ajustada ou conforme os usos e locais 
uma vez cumprida a negociação ajustada, reembolsar o comissário por todos os aditamentos 
feitos e despesas na execução da comissão e indenizar o comissário pelos serviços prestados e 
perdas e danos por dispensa injusta. 
 
CONTRATOS DE DISTRIBUIÇÃO OU CONCESSÃO MERCANTIL 
 
Em um sentindo amplo, ele abarca todos os tipos contratuais de que um determinado 
produtor pode se servir para realizar o escoamento de sua produção. Ex: agência ou 
representação, franquia. Já em um sentido mais estrito, é aquele contrato pelo qual um 
empresário, chamado concessionário ou distribuidor, exerce a atividade de revenda dos 
produtos disponibilizados pelo outro comerciante ou industrial, denominado concedente, sob 
supervisão e com assistência deste último, em território determinado, com vantagens especiais 
e obrigações ligadas à formação de um mercado e a conquista da clientela. 
 
Pelo artigo 2º, § 1, ‘a’, da Lei Ferrari (distribuição de automotores) o produtor é, 
também, intitulado concedente e o distribuidor, concessionário. 
 
Contratos de Distribuição: 
• O distribuidor realiza compra para revenda. 
• O distribuidor age em nome próprio. 
• O distribuidor ganha margem obtida na revenda dos produtos. 
 
Contratos de Representação Comercial: 
• O representante comercial presta um serviço (intermediação de negócios). 
• O representante age em nome do mandante. 
• O representante recebe comissão. 
 
LEI FERRARI (Lei 6.729/79) 
 
Trata da concessão para revenda de veículos automotores. As obrigações das partes 
dependerão de sua estipulação em instrumento próprio. 
 
Obrigações do distribuidor: abastecer o mercado, mantendo estoque suficiente e, 
eventualmente, atingir metas de vendas; prestar informações de mercado, enviando relação de 
clientes; manter sigilo sobre informações estratégicas; prestar assistência pós-venda; não realizar 
a distribuição de produtos concorrentes (inclusive no período pós-contratual, que é de 5 anos). 
 
Obrigações do produtor: assegurar o fornecimento, inclusive de produtos novos; 
investir na publicidade da marca com eventual reembolso parcial ao distribuidor; prestar apoio 
técnico; etc. 
 
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Sobre preços de compra, em princípio, eles não são definidos no contrato e veda-se a 
prática de discriminação de preços contra qualquer integrante de rede de distribuição (ex: 
distância entre o local de fornecimento e a área de distribuição). Sobre preços de revenda, é 
aquele praticado pelo distribuidor em suas operações com os atacadistas, varejistas e 
consumidores finais. O fornecedor não pode fixar o preço de revenda a ser praticado pelo 
distribuidor, nem estabelecer preços mínimos (somente recomendá-los). 
 
Cláusula de exclusividade: 
• Territorial = o distribuidor será o único em sua área 
• Aprovisionamento = o distribuidor obriga-se a só se abastecer junto ao 
próprio fornecedor 
• Abastecimento (Lei Ferrari)= só vale para a compra de veículos novos (o 
concessionário pode vender veículos usados de qualquer produtor) 
 
RESPONSABILIDADE CONTRATUAL 
 
O contrato de distribuição é fonte de litígios consideráveis (ex: não pagamento do 
preço, desrespeito à cláusula de exclusividade, prática de vendas casadas pelo fornecedor; etc.). 
Como principal alegação há a resilição abrupta e imotivada do contrato por prazo 
indeterminado, sem que se conceda ao distribuidor tempo suficiente para conversão de sua 
estrutura empresarial para outra atividade. Aplica-se o art. 473 CC, onde se exige a concessão 
de prazo razoável para a extinção do contrato por prazo indeterminado; ou a Lei Ferrari, que 
versa sobre a indenização ao concessionário de veículos automotores (art. 21 a 26). 
 
REDE DE CONCESSIONÁRIAS 
 
A característica dos contratos de distribuição é darem origem a redes, integradas por 
vários concessionários e centradas no fornecedor. Duas relações jurídicas derivam das redes: 
 
• Verticais = entre o fornecedor e cada um dos distribuidores. Aqui, o 
fornecedor tem a obrigação de zelar pelaorganização e disciplina na rede de 
distribuição. Não há responsabilidade solidária do distribuidor e fornecedor 
perante terceiros, principalmente em relação a empregados ou ao FISCO. 
• Horizontais = entre os distribuidores integrantes da rede. Aqui, não há 
vínculo contratual direito entre distribuidores. 
 
PROTESTO DE TÍTULOS E AÇÃO CAMBIAL 
 
Para a melhor compreensão do instituto do protesto cambial devemos analisar seu 
conceito e finalidade dentro do ordenamento jurídico, especificamente atendo-se ao regime 
jurídico de direito privado aplicável. 
 
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Vejamos que há, basicamente, dois tipos de devedores de um título cambial: o devedor 
principal e o coobrigado. Para que um crédito se torne exigível, basta que ocorra seu 
vencimento; mas para que possa ser cobrado dos demais é preciso que seja comprovado o não 
pagamento através do protesto. 
 
O vencimento do título ocorre com o ato ou fato jurídico definido em lei como 
essencial para que o crédito se torne exigível, enquanto o pagamento corresponde ao ato pelo 
qual extingue-se a obrigação em si mesma. 
 
Conforme dispõe a lei 9.492/1997, em seu artigo 1º, o protesto é o ato formal e solene 
pelo qual se comprova a inadimplência e o descumprimento da obrigação originada em títulos 
e outros documentos de dívida. 
 
A finalidade primordial do instituto é a comprovação do não pagamento da dívida, 
sobretudo para responsabilização dos coobrigados ao pagamento do título. Pode se legalmente 
realizar o protesto de títulos de crédito e de outros documentos representativo de dívida. 
 
Assim, entenda-se o protesto como ato de natureza cambiária, público, unitário, 
formal e extrajudicial pelo qual se prova a falta ou recusa de aceite e de pagamento, estando 
disciplinado nos artigos 44 e 46 da Lei Uniforme de Genebra. 
 
Sua natureza primordial é cambial, ou seja, relativa a títulos de crédito que representem 
promessas de pagamento de dívida, tais como a letra de câmbio, cheque, duplicata, notas 
promissórias. 
 
O protesto por falta de aceite é extraído contra o sacador, enquanto o protesto por 
falta de data do aceite ou por falta de pagamento é extraído contra o aceitante. A lei define 
prazos específicos para realização do protesto e, caso não realizado no prazo, o portador do 
título perde o direito do crédito contra os coobrigados pela obrigação. 
 
O protesto por falta de aceite ao portador deverá ocorrer até o dia seguinte ao término 
do prazo de apresentação ao sacado ou no dia seguinte ao término do prazo se requerido o 
prazo para respiro. No caso de protesto por falta de pagamento, o credor deverá entregar o 
título em cartório nos dois dias úteis seguintes a data prevista para pagamento 
 
O cancelamento do protesto pode ter por base o pagamento posterior do título, 
hipótese em que o próprio interessado entrega no cartório o título ou, caso o título não possa 
ser exibido, poderá haver o cancelamento através de anuência do credor originário ou mediante 
endosso. Se o cancelamento tiver por base causa diversa do pagamento somente poderá ser 
realizada por ordem judicial, mediante cautelar de sustação de protesto. 
 
Assim, pode-se afirmar que o protesto tem por finalidade específica a comprovação 
do inadimplemento, ausência ou recusa de aceite em dívidas originadas em título de crédito ou 
outros documentos de dívida. 
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I. MODALIDADES DE PROTESTO: 
 
I.I. Protesto judicial – É um procedimento cautelar específico, previsto no CPC, 
nos artigos 301 e 726, §2° destinado a prevenir responsabilidades, prover a conservação e 
ressalva de direitos. 
 
I.II. Protesto falimentar – O artigo 10 do revogado Decreto-lei n. 7.661/45, atual 
artigo 94, § 3° da Lei 11.101/05 estabelece um protesto especial para os fins de requerimento 
de falência do empresário e da sociedade empresária. Mesmo aqueles títulos não sujeitos a 
protesto necessário para os fins da ação cambial, devem ser protestados para o requerimento 
de falência com fundamento na impontualidade, prevista no art. 94, inciso I, da Lei n. 
11.101/2005. 
 
I.III. Protesto cambial – A princípio, só aplicável a títulos de crédito. Está regulado 
pela Lei n. 9.492/9, que ampliou sua abrangência para outros documentos de dívida. 
 
Finalidade – É meio de prova insubstituível da apresentação do título. 
 
Conceito – O Protesto é um ato: 
➢ Formal – segue um procedimento, um rito. 
➢ Público – não aderiu à reserva do artigo 8° do Anexo II; 
➢ Extrajudicial – praticado por serventuário da justiça; 
➢ Unitário – tem fé pública. 
 
O artigo 1° da Lei 9.492/97 enfatiza que o protesto prova a inadimplência do devedor, 
não mencionando, como na LUG, o caso do protesto por falta de aceite e o protesto do artigo 
35 da LUG – protesto da letra a certo termo de vista. 
 
MODALIDADES – artigo 5° e 35 da LUG 
 
Protesto por falta ou recusa de aceite – só pode ser feito antes do vencimento, de 
acordo com o artigo 21 § 1° da LP. 
 
O protesto por falta de aceite é facultativo até a data do vencimento e é obrigatório 
na letra com vencimento a certo termo de vista. 
 
Protesto por falta de pagamento – artigo 21 § 2°. 
 
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Protesto por falta de devolução – artigo 21 § 4°. 
O protesto por falta de devolução pode ser efetivado mediante a apresentação da 
triplicata (Lei 5.474/68, artigo 13, § 1°) 
 
Protesto por indicação do apresentante do crédito – artigo 21 § 3º. 
O protesto pode ser ainda classificado em: necessário (duplicata não aceita) ou 
facultativo (cheque). 
 
Prazo – artigo 12 da Lei n. 9.492/97: 
 
Letra de cambio e nota promissória: artigo 44, 3° alínea da LUG prevê que deve 
ser tirado nos dois dias úteis seguintes ao vencimento, contudo a reserva do artigo 9° do Anexo 
II ao artigo 44 aplica-se o artigo 28 do Decreto 2.044/1908, ou seja, o prazo é o 1° dia útil após 
o vencimento. 
 
O Protesto por falta de devolução ou por simples indicação do portador – Só se 
aplica às duplicatas: artigo 21, § 3°, da lei 9.492/97 c/c artigo 13, § 1°, da Lei 5.474/68. 
 
Lugar do protesto – A LUG foi omissa, aplica-se o artigo 28, parágrafo único do 
Decreto n. 2.044/08. 
 
EFEITOS CAMBIÁRIOS: 
 
➢ Endosso após o protesto – LUG artigo 20, 1° alínea – cessão ordinária de 
créditos; 
➢ Protesto por recusa ou falta de aceite – direito de ação contra os 
coobrigados; indiretos antes 
do vencimento (artigo 43, 1 LUG) 
➢ Protesto por falta de pagamento – assegura ao portador acionar os 
coobrigados indiretos (artigo 43, LUG). 
 
Cláusula “sem protesto” – O artigo 46 da LUG, como também o artigo 44 do Decreto 
n. 2.044/1908, considerava não escrita à cláusula proibitiva de protestos, contudo a LUG a 
permitiu. É uma exceção à regra. 
 
 
 
 
 
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RECUPERAÇÃO E FALÊNCIA DE EMPRESAS 
 
I. LEGISLAÇÃO E INCIDÊNCIA DA LEI 
 
Os institutos de recuperação extrajudicial, judicial e falência são regidos pelo disposto 
na Lei 11.101/05, denominada Lei de Recuperação e Falências – LRF. 
 
Estão sujeitos a tais institutos, o empresário e a sociedade empresária. Ocorre que o 
artigo 2º da LRF exclui de sua incidência algumas sociedades. São elas: 
 
• empresa pública e sociedade de economia mista; 
• instituição financeira pública e privada; 
• cooperativa de crédito; 
• consórcio; 
• entidade de previdência complementar; 
• sociedade operador de plano de assistência à saúde; 
• sociedade seguradora; 
• sociedade de capitalização; 
• outras entidades legalmente equiparadas; 
• sociedades irregulares e os proibidos de atuar empresarialmente. 
 
Imperioso destacar que o referido artigo será interpretado conjuntamente com os 
demais dispositivos da lei, pois existem sociedades que são excluídas da falência ou apenas da 
recuperação. 
Exemplo: empresário e sociedade empresária irregular estão sujeitos à falência, mas 
não serão alcançados pela recuperação. 
 
A recuperação é instituto de corrente de favor legal conferido peloórgão judiciário as 
que preenchem os requisitos abaixo: 
 
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• regularidade; 
• não estar excluído do regime de recuperação; 
• empresário ou sociedade empresária de boa-fé. 
 
JUÍZO COMPETENTE 
 
O juízo competente para conhecer as questões envolvendo o empresário e/ou a 
sociedade empresária em crise é o do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial 
da empresa sediada fora do Brasil. 
 
• Considerar-se-á o principal estabelecimento aquele onde o empresário exerce 
maior volume de negócios, o de maior expressão patrimonial. É o ponto central das atividades, 
de onde partem todas as ordens que regularizam o movimento econômico dos 
estabelecimentos. 
 
O juízo de recuperação e falência seguem dois princípios: o da indivisibilidade e o da 
universalidade: 
 
• pelo princípio da indivisibilidade tem-se que a recuperação, a falência e todas 
as ações sobre bens, interesses e negócios do falido serão processadas perante um 
único juízo; 
• pelo princípio da universalidade todos os credores do devedor comum 
devem concorrer no mesmo juízo. 
 
Inobstante a existência do princípio da indivisibilidade, o art. 76 da LRF exclui alguns 
casos em que a ação não será processada no juízo falimentar: 
 
• causas trabalhistas que se submetem ao juízo especial. Após encerrado o 
processo de conhecimento, o crédito trabalhista poderá ser habilitado nos processos 
falimentares; 
• causas fiscais; 
• causas nas quais o falido figure como autor ou litisconsorte ativo, que não sejam 
reguladas pela Lei Falimentar. Nesses casos, apenas a figura do autor será substituída 
pelo administrador judicial; 
• causas em processamento que demandarem obrigações ilíquidas. 
 
II.I CREDORES NÃO-ADMITIDOS 
 
De acordo com o art. 5º LRF não serão admitidos no processo de falência e na 
recuperação da empresa: os credores titulares de obrigações a título gratuito e os credores 
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titulares de despesas que fizerem para tomar parte na recuperação ou na falência, salvo as custas 
judiciais decorrentes de litígio com o devedor para reconhecimento da existência do seu crédito. 
 
II.II VERIFICAÇÃO E HABILITAÇÃO DE CRÉDITOS 
 
A LRF estabelece o mesmo procedimento de verificação de créditos para a 
recuperação e para a falência. Tal procedimento, de acordo com o doutrinador Waldo Fazzio 
Júnior, se divide em três fases: 
 
• num primeiro momento, deferido o processamento de recuperação judicial ou 
decretada a falência ocorrerá a verificação dos créditos pelo administrador judicial 
com base na escrituração do devedor e nos documentos apresentados pelos credores. 
Uma vez verificados, os autos da relação dos credores será publicado através de edital 
no Diário Oficial. Os credores que não foram declinados na relação deverão, no prazo 
de 15 dias contados da publicação, apresentar seus créditos perante o administrador 
para a habilitação. No mesmo prazo, os créditos já verificados poderão ser 
impugnados. 
• O administrador, considerando pedidos de inclusão e as discordâncias 
apresentadas, publicará, no prazo de 45 dias, novo edital contendo a relação de 
credores. Inicia-se então a segunda fase do procedimento, na qual os credores, o 
comitê, o devedor, os sócios da sociedade devedora, os acionistas ou o Ministério 
Público poderão apresentar, perante o juiz, impugnações contra os créditos e os 
credores. 
• Cada impugnação será autuada em separado com os documentos a ela relativos. 
Sendo que, no caso de apresentação de várias impugnações versando sobre o mesmo 
crédito será realizada apenas uma autuação. 
• Os titulares de créditos impugnados serão intimados para contestar a 
impugnação, no prazo de 5 dias, podendo juntar novos documentos indicando, ainda, 
provas que reputem necessárias (art. 11 LRF). Depois o juiz abrirá vista ao Comitê 
de Credores (art. 12 LRF), ao administrador judicial e ao Ministério Público no que 
tange aos créditos que não forem impugnados serão automaticamente julgados, 
habilitados pelo juiz. 
• Após as devidas contestações e manifestações do Comitê, do administrador e 
do Ministério Público chega-se à terceira fase: decisão judicial e consolidação do 
quadro geral. 
• Os autos devidamente instruídos serão encaminhados ao juiz competente que 
decidirá a controvérsia ou determinará a produção de provas, designando audiência 
de instrução e julgamento, se necessário. 
• Com a sentença julgando improcedente a impugnação, o crédito será incluído e 
a decisão remetida ao administrador para a consolidação do quadro geral de credores, 
que será homologado pelo juiz e publicado em cinco dias. 
• Cumpre destacar que, uma vez tratar de processo contencioso é cabível a 
condenação de honorários do vencido na impugnação de crédito. 
• Da decisão que julgar as impugnações cabe agravo de instrumento no prazo de 
dez dias a contar da publicação (art. 17 LRF) são legitimados para recorrer: o 
impugnante, o impugnado, o devedor, o administrador judicial, o Comitê, qualquer 
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credor habilitado e o representante do Ministério Público. 
• Via de regra, o agravo não tem efeito suspensivo, por isso deve o recorrente 
solicitar a reserva do suposto crédito impugnado. 
• Se eventualmente for descoberto algum dolo, falsidade, simulação, fraude ou 
erro essencial ignorados na época do julgamento, caberá ao administrador judicial, ao 
Comitê de credores ou ao Ministério Público, até o encerramento da recuperação ou 
da falência ajuizar ação rescisória, buscando a exclusão, a reclassificação ou a 
retificação de qualquer crédito. Referida ação seguirá o rito ordinário previsto no CPC 
e será processada no juízo falimentar. 
 
II.III Formalidades da habilitação de crédito 
 
A habilitação do crédito deverá conter: 
 
• o nome e o endereço completo do credor, bem como o local onde receberá as 
comunicações sobre o processo; 
• o valor do crédito, atualizado até a data da decretação da falência ou do pedido 
de recuperação judicial, sua origem e classificação; 
• os documentos comprobatórios do crédito e a indicação das demais provas a 
serem produzidas. Os documentos deverão ser originais ou fotocópias autenticadas 
se aqueles estiverem juntados em outro processo. 
• a indicação da garantia prestada pelo devedor, se houver, e o respectivo 
instrumento; 
• a especificação do objeto da garantia que estiver na posse do credor. 
 
II.IV Habilitação retardatária de credores 
 
Os credores que não apresentarem suas habilitações de crédito no prazo de quinze 
dias a partir da publicação do edital do administrador poderão fazê-las posteriormente e serão 
considerados retardatários (art. 10 LRF). Por serem retardatários, sofrerão quatro tipos de 
restrições, sendo que, somente a primeira delas é comum ao regime de recuperação e falência e 
as três últimas aplicam-se apenas a falência: 
 
• direito a voto: os credores retardatários não têm direito a voto nas deliberações 
da assembléia geral de credores, salvo os trabalhistas (art. 10, § 1º LRF). Somente 
poderão votar após a homologação do seu crédito no quadro geral. 
• direito a rateio: os credores retardatários perderão o direito a rateios 
eventuamente realizados antes de sua habilitação (art. 10, § 3º LRF). 
• direito à integralidade do débito: os credores tardios não receberão os acessórios 
compreendidos entre o término do prazo e a data do pedido de habilitação (art. 10, § 
3º LRF). 
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• direito à isenção de custas: os credores retardatário não terão direito ao 
pagamento de custas e emolumentos. 
 
ADMINISTRADOR JUDICIAL 
 
O juiz da falência ou da recuperação judicial nomeará um administrador judicial, que 
será uma pessoa de sua confiança, escolhida, preferencialmente, entre advogados, economistas, 
administradores, contadores ou empresas especializadas. 
 
A função do administrador judicial é remunerada e indelegável, sendo vedada sua 
substituição sem autorização judicial (art. 21 LRF). 
 
I Remuneração: 
 
O juiz fixaráo valor e a forma de pagamento da remuneração do administrador 
levando em conta o grau de complexidade dos trabalhos por ele desenvolvidos. Tanto na 
falência, como na recuperação judicial, a remuneração não ultrapassará 5% do valor de venda 
dos bens e dos créditos submetidos à recuperação, respectivamente (art. 24, § 1º). 
 
O administrador receberá 60% da remuneração no curso da falência e 40% após a 
conclusão da realização do ativo e do julgamento das contas da administração. 
 
II Funções dos administradores: 
 
São funções dos administradores: 
 
• Na recuperação judicial e na falência: 
 
• enviar correspondência aos credores; 
• fornecer todas as informações requeridas pelos credores interessados; 
• dar extratos dos livros do devedor; 
• exigir informações; 
• elaborar relação de credores; 
• consolidar o quadro geral de credores; 
• requerer convocação de assembléia geral; 
• contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou
 empresas especializadas para, quando necessário auxiliá-lo; 
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• manifestar-se nos autos. 
 
• Na recuperação judicial: 
 
• fiscalizar o devedor; 
• requer a falência no caso de descumprimento do plano de recuperação judicial; 
• apresentar relatórios. 
 
• Na falência: 
 
• fazer publicações; 
• examinar os livros do falido; 
• relacionar os processos e assumir representação judicial da massa falida; 
• receber e abrir correspondências; 
• apresentar relatórios; 
• arrecadar os bens do falido; 
• avaliar os bens arrecadados; 
• requerer a venda de bens; 
• praticar atos conservatórios de direitos e ações, diligenciar a cobrança de dívidas 
e dar quitação; 
• remir, em benefício da massa e mediante autorização judicial, bens apenhados, 
penhorados ou legalmente retidos; 
• representar a massa falida em juízo; 
• requerer diligências; 
• apresentar demonstrativo de administração; 
• entregar a seu substituto todos os bens e documentos da massa em seu poder. 
 
III Destituição e substituição: 
 
O administrador será destituído se deixar de cumprir suas obrigações, for omisso ou 
negligente, ou praticar ato lesivo às atividades do devedor ou a terceiros. Quando destituído, o 
juiz nomeará novo administrador judicial (art. 31 LRF). 
 
O administrador destituído fica impedido de exercer o cargo em novo processo de 
falência ou recuperação, não podendo ainda se candidatar a membro do Comitê de Credores. 
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COMITÊ DE CREDORES 
 
Ao contrário do administrador judicial, o Comitê de Credores é órgão facultativo na 
recuperação judicial e na falência, cabendo aos credores decidir pela conveniência ou não de 
sua instalação. 
 
De acordo com o art. 26 LRF, o Comitê é composto por: um representante dos 
empregados (classe trabalhista), um representante dos credores com direitos reais de garantia 
ou privilégios especiais e um representante dos credores quirografários e com privilégios gerais. 
Ressalta-se que todos os membros que compõem o Comitê serão eleitos com dois suplentes. 
 
I Remuneração 
 
Por ser um órgão facultativo, os membros do Comitê de Credores não terão sua 
remuneração custeada pelo devedor nem pela massa falida. Na realidade, a função dos membros 
do Comitê pode, ou não, ser remunerada. Quando for remunerada, o pagamento será efetuado 
pelos credores, que deverão cotizar para levantar recursos necessários ao pagamento que a 
assembléia aprovou. 
 
II Funções do Comitê 
 
- Compete ao Comitê de Credores: 
 
• Na recuperação e na falência: 
 
• fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial; 
• zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei; 
• comunicar o juiz, caso constate, violação dos direitos ou prejuízo aos interesses 
dos credores; 
• apurar e emitir parecer sobre quaisquer reclamações dos interessados; 
• requerer ao juiz a convocação da assembléia geral de credores; 
• manifestar-se nas hipóteses previstas na LRF. 
 
• Na recuperação judicial: 
 
• fiscalizar a administração das atividades do devedor, apresentando, a cada 30 
dias, o relatório de sua situação; 
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• fiscalizar a execução do plano de recuperação judicial; 
• submeter à autoriza;ao do juiz a alienação de bens do ativo permanente, a 
constituição de ônus reais e outras garantias. 
 
III Destituição dos membros e dissolução do Comitê de Credores 
 
Os membros do Comitê que forem negligentes ou que praticarem atos lesivos às 
atividades do devedor ou de terceiros serão destituídos. Todavia, se tais atos forem praticados 
por todos 
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os membros, o Comitê será dissolvido. A destituição de um membro e a dissolução do Comitê 
sempre decorrerá de decisão judicial. 
 
ASSEMBLEIA GERAL DE CREDORES 
 
A assembleia geral de credores será convocada pelo juiz nas hipóteses previstas na lei, ou a 
pedido de credores que representem, no mínimo, 25% do valor total dos créditos de uma determinada 
classe. 
 
A convocação será realizada por edital publicado no Diário Oficial e em jornal de grande 
circulação com antecedência mínima de 15 dias (art.36 LRF). Na publicação deve constar local, a data e 
hora e a ordem do dia. 
 
A assembleia será presidida pelo administrador judicial e secretariada por um credor (art. 37 
LRF). 
 
I Funções da assembléia 
 
Cabe, especialmente, à assembleia deliberar sobre: 
 
• a constituição do Comitê de credores, escolha de seus membros e sua substituição; 
• adoção de outras modalidades de realização do ativo; 
• qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores. 
 
 
II Quorum de instalação: 
 
a assembleia geral dos credores será instalada, em primeira convocação, com a presença de 
credores que detenham mais da metade dos créditos de cada classe e em segunda, com qualquer número 
de credores. 
 
Os credores poderão ser representados por procuradores e os credores trabalhistas pelo 
sindicato. 
 
III Quorum de deliberação: 
 
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A regra geral é o quorum de deliberação por maioria simples, ou seja, por credores detentores 
de mais da metade do valor total dos créditos presentes à Assembleia (art. 42 LRF). Todavia, os votos de 
cada credor serão proporcionais ao valor de seu crédito admitido na falência ou na recuperação judicial. 
 
Não obstante a regra geral da maioria simples para deliberações, existem situações para as quais 
a lei prevê quórum qualificado: 
 
• aprovação do plano de recuperação; 
• venda extraordinária de bens do falido; 
• deliberação acerca da constituição e escolha dos membros do Comitê dos credores. 
 
RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
 
I Conceito 
 
É uma ação que tem por objetivo sanear a crise econômica financeira da empresa permitindo 
sua preservação e a satisfação dos credores, empregados e do Poder Público. 
 
II Legitimidade ativa 
 
Com base nos artigos 1º e 48, parágrafo único da LRF, são legitimados para requerer a 
recuperação judicial o devedor empresário, a sociedade empresária, o cônjuge do empresário falecido, 
seus herdeiros, o inventariante e o sócio remanescente. 
 
III Requisitos 
 
O empresário apenas terá direito à recuperação judicial se preencher os requisitos previstos no 
art.48 LRF: 
 
• exercer atividade regular há mais de 2 anos; 
• não ser falido e, se tiver sido, estarem extintas suas responsabilidades; 
• não ter obtido concessão de recuperação judicial a menos de 5 anos; 
• não ter sido condenado por crime falimentar. 
 
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IV Credores sujeitos aos efeitos da recuperação judicial 
 
A regra é que todos os credores existentes na data do pedido de recuperação, ainda que de 
créditos não vencidos, estão sujeitos aos efeitos desse instituto. 
 
V Meios de recuperação 
 
O legislador trás no art. 50da LRF um rol exemplificativo dos meios que poderão ser adotados 
pelo empresário devedor na recuperação da sua empresa. Poderá o empresário optar por mais de um 
meio previsto na lei, que são: 
 
• dilação do prazo ou revisão das condições de pagamento; 
• operações societárias; 
• alteração do controle societário; 
• reorganização da administração; 
• concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e do poder 
de veto em relação às matérias que o plano especificar; 
• aumento de capital social; 
• trespasse ou arrendamento de estabelecimento empresarial; 
• redução salarial, compensação de horários e redução de jornada; 
• dação em pagamento ou novação; 
• constituição de sociedade de credores; 
• venda parcial dos ativos; 
• equalização dos encargos financeiros; 
• usufruto da empresa; 
• administração compartilhada; 
• emissão de valores mobiliários; 
• adjudicação de bens. 
 
VI Processo de recuperação judicial 
 
O processo de recuperação judicial surge com o pedido formulado pelo devedor ou outro sujeito 
legitimado, perante o juiz, que determinará seu processamento. 
Havendo oposição ao pedido de recuperação formulado pelo devedor, o juiz convocará a 
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assembleia geral de credores que poderá, ou não, referendar a proposta do empresário. 
Se a assembleia sujeitar a solicitação o juiz decretará a falência deste. Porém, se a 
assembléia aprovar o plano, indicará membros do Comitê de Credores. 
 
Uma vez cumpridas as exigências, o juiz concederá a Recuperação judicial do devedor, 
nomeando no mesmo ato o administrador judicial. 
 
Imperioso lembrar que da decisão judicial, o recurso cabível é o agravo de instrumento, no prazo 
de 10 (dez) dias. 
 
Superada a fase de processamento, o empresário deparar-se-á com a fase de execução do plano, 
que, ao contrário da fase anterior, não possui previsão detalhada na Lei de recuperação e falência. 
 
VII Plano de recuperação 
 
O plano de recuperação judicial é o documento de maior importância num processo de 
recuperação, devendo ser apresentado ao juízo no prazo, improrrogável, de sessenta dias da publicação 
da decisão que deferiu o seu processamento. 
 
O não-cumprimento do prazo para apresentação acarretará a convolação da recuperação judicial 
em falência. 
 
O plano de recuperação deve conter: detalhamento dos meios de recuperação, demonstração 
de sua viabilidade econômica e o laudo econômico-financeiro e de avaliação do ativo do devedor. 
 
O plano será publicado por edital, sendo fixado prazo de trinta dias para a apresentação de 
eventuais objeções/impugnações (art.55 LRF). 
 
Impugnação do plano: 
 
• havendo objeção de qualquer credor, o juiz convocará a assembléia geral de credores para 
deliberar sobre o plano de recuperação. Nesse caso, quem decidirá sobre o plano será a 
assembléia e, não, o juiz. 
• A realização da assembléia deverá ser realizada no prazo, máximo, de 150 dias contados 
do deferimento do processamento da recuperação judicial. 
• Uma vez aprovado o plano de recuperação em assembléia, o juiz concederá a recuperação 
judicial do devedor. 
 
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VIII Cumprimento da recuperação judicial 
 
Concedida a recuperação judicial, o devedor deverá cumprir todas as obrigações previstas no 
plano aprovado no prazo de 2 (dois) anos. 
 
• Caso não as cumpra, ocorrerá a convolação da recuperação em falência. 
 
Caso cumpra todas as obrigações, o devedor deverá requerer ao juiz que decrete encerramento 
a recuperação judicial. Neste momento, caberá ao juiz determinar: 
 
• pagamento do saldo dos honorários do administrador judicial; 
• saldo de custas judiciais não recolhidas; 
• apresentação de relatório sobre a execução do plano; 
• dissolução do comitê, se houver, vez que é facultativo; 
• exoneração do administrador judicial; 
• comunicação ao Registro de empresas. 
 
RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL 
 
A recuperação extrajudicial decorre da negociação entre devedor e credores, de meios que 
propiciem a recuperação de seu empreendimento. Nesses casos, o devedor deve preencher os requisitos 
previstos no artigo 161 da LRF, para que a negociação com os credores seja passível de homologação em 
juízo. 
 
Os requisitos do artigo 161 da LRF são: 
 
• exercer sua atividade de forma regular há pelo menos dois anos; 
• não ser falido e, se foi estarem extintas suas obrigações, por sentença transitada em 
julgado; 
• não ter sido condenado, assim como seu administrador ou controlador, por crime 
falimentar; 
• não haver nenhum pedido de recuperação judicial; 
• não ter obtido recuperação judicial ou extrajudicial há menos de dois anos; 
 
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I Procedimento do pedido de homologação 
 
Distribuído o pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial, o juiz ordenará a 
publicação de edital no Diário Oficial e em jornal de grande circulação convocando todos os credores 
para a apresentação de suas impugnações no prazo de 30 dias. 
 
As impugnações devem limitar-se às seguintes delegações: 
 
• não preenchimento do percentual mínimo; 
• prática de atos de insolvência, revogáveis; 
• descumprimento de requisito previsto na LRF. 
 
Uma vez apresentadas as impugnações, o devedor terá o prazo de 5 dias para se manifestar. 
 
Após manifestação, os autos serão conclusos para o juiz homologar ou indeferir o plano de 
recuperação, prolatando sua sentença. Da sentença cabe recurso de apelação, sem efeito suspensivo. 
 
Efeitos da homologação: 
 
• Homologado por sentença, o plano produz efeitos imediatos que não se suspendem pela 
interposição de recursos. 
 
FALÊNCIA 
I. Conceito 
 
Comumente falando, falência é a cessação (encerramento) da atividade de uma empresa 
decorrente de uma ordem judicial, em razão da impossibilidade de continuidade do seu funcionamento 
em função de dificuldades financeiras. 
 
Falência é um processo de execução coletiva movido contra o empresário insolvente, com 
reflexos na ordem pessoal, patrimonial e contratual. 
 
II Legitimidade ativa 
 
São legitimados para requerer a falência do devedor: 
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• o próprio devedor; 
• cônjuge sobrevivente; 
• qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante; 
• acionista/sócio devedor; 
• qualquer credor. 
 
Ao afirmar que qualquer credor é legitimado para requerer a falência do devedor estaremos nos 
referindo à falta de distinção entre credores quirografários, trabalhistas ou com garantia real. 
 
No que tange ao credor fiscal, ou seja, à Fazenda Pública, ainda há discussão doutrinária de sua 
legitimação. 
 
III Critérios para a caracterização da falência (procedimentos pré- falimentares) 
 
A decretação da falência pressupõe a insolvência do devedor empresário, podendo esta ser 
caracterizada de três formas: 
 
• impontualidade ou frustração de execução (art. 94, I e II LRF). No caso de 
impontualidade, o autor do pedido de falência deverá provar através de título protestado, que o 
devedor deixou de pagar obrigação líquida, superior a quarenta salários-mínimos. Já no caso da 
frustração de execução presumir-se-á que o simples fato do devedor não ter bens passíveis de 
penhora, justifica a presunção de insolvência e por consequência o pedido de falência; 
• ocorrência de atos denominados falências (art. 94, III LRF). Os atos denominados 
falências estão previstos no artigo 94, inciso II e são: 
• liquidação precipitada de seus ativos ou lançar mão de meio ruinoso ou fraudulento para 
realizar pagamentos; 
• realização ou, por atos inequívocos, tentativa de realização, com o objetivo de retardar 
pagamentos ou fraudar credores, de negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de 
seuativo a terceiro, credor ou não; 
• transferência de estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de 
todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; 
• simulação de transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a 
legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor; 
• dação ou reforço de garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com 
bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; 
• ausência sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os 
credores, abandono de estabelecimento ou tentativa de ocultar-se de seu domicilio, do local de 
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sua sede ou de seu principal estabelecimento; 
• descumprimento, no prazo estabelecido, de obrigação assumida no plano de recuperação 
judicial; 
• pedido de autofalência (art. 105 LRF). Trata-se de confissão do empresário devedor em 
crise econômico-financeira que julga não atender os requisitos para a recuperação judicial. 
Nesses casos o devedor apresentará petição inicial com as razões da impossibilidade de 
prosseguimento da atividade empresarial juntando ainda documentos comprobatórios. 
 
IV Juízo competente 
 
O juízo competente é aquele cujo devedor tem o principal estabelecimento. 
 
V Processo de falência 
 
O processo de falência, na sua fase de conhecimento, seguirá o rito ordinário previsto no Código 
de Processo Civil. No entanto, o prazo para a apresentação de defesa pelo devedor é de 10 (dez) dias. 
 
A defesa na falência consiste em: 
 
• depositar e apresentar contestação; 
• depositar e não apresentar contestação; 
• não depositar e apresentar contestação. 
 
Como ocorre no procedimento previsto no CPC, o autor do pedido de falência pode desistir 
do mesmo antes da citação válida do devedor. 
 
Recebidas e cumpridas as diligencias, o juiz proferirá a sentença. O pronunciamento judicial 
pode ser concessivo ou denegatório de falência. 
 
Quando denegatório o juiz poderá se restringir as questões formais ou chegar a análise do 
mérito. Se não houver condições de desenvolvimento do processo perante a falta de requisitos da inicial, 
o autor poderá ajuizar a mesma ação fundada no mesmo título. 
 
Quando concessivo (declaratório) a sentença, necessariamente, conterá: 
 
• fixação do termo legal; 
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• nomeação do administrador; 
• prazo de habilitação; 
• suspensão de ações e execuções; 
• impedimento de alienação de bens; 
• determinações de publicidade. 
 
VI Recursos 
 
A Lei Falimentar tem previsão expressa dos recursos cabíveis num processo de falência. Ainda 
que o pronunciamento jurisdicional seja chamado de sentença, o recurso cabível quando a decisão for 
declaratória de falência será o agravo de instrumento, no prazo de 10 (dez) dias, contados da data de sua 
publicação (art. 100 LRF). Entretanto, quando a decisão for denegatória caberá o recurso de apelação, 
nos moldes previstos no CPC. 
 
VII Efeitos da falência sobre os credores 
 
Suspensão do curso da publicação: os prazos prescricionais das ações em face do devedor serão 
suspensos a partir da decretação da falência, sendo a sua fluência reiniciada a partir da data em que 
transitar em julgado a sentença de encerramento da falência (art. 157 LRF). 
 
Suspensão das ações e execuções individuais dos credores: as ações e execuções individuais em 
face do devedor serão suspensas durante o tramite do processo de falência. Tal suspensão comporta 
exceções, podendo as seguintes ações prosseguir normalmente: ações referentes a créditos trabalhistas, 
créditos fiscais, créditos ilíquidos e execuções individuais, com bens em praça, com dia definitivo para a 
arrematação. 
 
Vencimento antecipado das dívidas: com o decreto falimentar as dívidas do falido e dos sócios 
com responsabilidade ilimitada vencem-se antecipadamente. 
 
Suspensão da fluência de juros: a falência suspende a incidência de juros nos débitos do falido 
a partir da sua decretação. 
 
VIII Efeitos da falência sobre a pessoa do falido e sobre aos bens 
 
Perda da legitimação para agir: o empresário perde o poder de representação dos interesses da 
massa falida, que passará ser exercido pelo administrador judicial. 
 
Perda da posse indireta e administração dos bens: decretada a falência, o empresário perderá, 
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imediatamente, a posse indireta sobre os seus bens. A posse será transferida para o Estado e os bens 
ficarão sujeitos ao regime de depósito. A administração de tais bens, que passam a integrar a massa falida, 
ficará a cargo do administrador judicial. 
 
IX Pedido de restituição 
 
Todos os bens que se encontrarem na posse do devedor, independentemente de sua 
propriedade, serão arrecadados pelo administrador, para compor a massa falida. 
 
Uma vez arrecadados, os bens que estiverem protegidos por direito real ou em decorrência de 
um contrato, serão passíveis de pedido de restituição ou embargos de terceiros pelo legítimo proprietário 
(art. 85 LRF). 
 
Ressalta-se que o bem ou a quantia reclamada poderá ser restituída ao requerente antes do 
trânsito em julgado da sentença, sendo necessária nesse caso a prestação de caução (garantia). 
 
Da decisão que julgar o pedido de restituição caberá recurso de apelação, com efeito devolutivo 
(art. 90 LRF). 
 
X Classificação dos créditos na falência 
 
A classificação dos créditos, ressalvados os créditos trabalhistas, limitados a 150 salários-
mínimos por credor e os acidentários, obedece a ordem prevista no art. 83 da LRF: 
 
• créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado; 
• créditos tributários; 
• créditos com privilégio especial (art. 964 C.C.); 
• créditos com privilégio geral (art. 965 C. C.); 
• créditos quirografários; 
• multas contratuais e penas pecuniárias; 
• créditos subordinados. 
 
XI Liquidação e pagamento dos credores 
 
O processo de falência, após a sentença declaratória, passará, ainda, por duas etapas: a 
informativa e a executiva. 
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• Na primeira, verificar-se-á o ativo e o passivo da massa, arrecadando-se os bens e 
documentos do falido para a verificação e classificação dos créditos. 
• Na segunda fase ocorrerá a realização do ativo e conseqüentemente o pagamento do 
passivo. 
 
A realização do ativo consiste na conversão dos bens do devedor em dinheiro para pagamento 
de suas dívidas. 
 
Realizados os bens, serão convertidos para seu valor em moeda, e o montante arrecadado 
será utilizado para pagamento dos credores nos moldes previstos no quadro geral de credores. 
 
XII Encerramento do processo de falência 
 
Uma vez liquidado o passivo e julgadas as contas do administrador judicial, o juiz encerrará 
por sentença o processo de falência. 
 
Da sentença de encerramento caberá recurso de apelação.

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