Prévia do material em texto
F
Montesquieu
Os Pen.sadoiés
O s P e n s a d o i é s
Monlcsqiiicu
'Nos Estados despóticos, onde
não há leis fundamentais, não há tam
bém 'cposífórro das lors DÍSSO d̂ COfro
que, nesses países, comumeritt a reli
gião possui grande poder pois crinsti-
TUt uma espécie de repositórío c He per
manência: e,, se não ê a religião, são
os costumes que ai se veneram em lu
gar das leis.
‘Para que o governo monárquico
ou despótico se mantenha ou se susten
te não é necessária muna probidade
A força dá lei, no primeiro, o braço do
principe sempre levantado, no segun
do tudo regulamenta riu contém.
Mas, num Estado popular, ô preciso
uma torça a mais: a Virtude
"Se o povo em geral possui om
princípio, as partes que o Compõem,
isto ó, as famílias, também o terão.
Portanto, em cada tipo de governo as
leis da educação wrão diferentes. Nas
monarquias, terão- por obicto a honra;
nas repúblicas, a virtude; no despotis
mo, o medo,"
‘'Quando os selvagens, da Luisia-
na querem colher uma ímla, cortam a
árvore embaixo e apínham-na. Eis o
governo despótico.
MONTESQUHU: (? £çpfriíodas Leis
Os Pensadoiés
C l P - 3 m i l . C u U lo g a ça n -n a -P iib lie a çã o
Câm ara B r& iicfra do L iv r o . S P
M 7f(9d
3 .c d .
M nfttf& quitti, C h a rle s l-ou is d e S ccn n d tu . barun de l.t Brfide cí d e.
1 6 8 9 -]7 5 5 .
l>fj espírito das leu. / M o n icsq u icu ; introdução e notas de G o o u -
g o c T ruc ; traduções de Fernando Henrique C a rd o so c L-còtwio M artins
R txtn jiu es. — 3. ed S ã o P au lo A b ril C u ltu ra l. 1985-
(O s pensadores)
Inclui vida c obra de M o n te s q u ic t .
B ib lio g rafia .
1, D ire ito F ilo so fia 2. 0 Estudo 3. M c n ic s q u ic u . C h arles Lotus
de S r c o n d a t, haioti de tu Krrtie et de, ÍÚ Í9 -I7 5 3 4. P olitiea - T eoria I.
T r u c , G o n g u e Je s e p h . 1877-1972 11 T ítu lo . III Série
8 + 1004
C D D * 320.01
-194
320,1
C D U - 3 4 0 ,12
índices para catálo go sistem ático:
1. D ireito ; F ilo so fia 3 4 0 .1 2 ( C D U )
2. E siailo r C iê n c ia polliicu 320.3 ( C D D )
3. F ilo so fia do d ireita 3 4 0 .1 2 ( C D U )
4 . F iló so fa s franceses : B io g ra fta c obra 194 { C D D )
5 poder político do Estad o 320.1 ( C D D )
ri. P o lítica T eoria 320.01 ( C D D )
MOIMTESQUIEU
DO ESPÍRITO
DAS LEIS
buraduçúo e notus dc (roíixa^ui1 fruc
Traduções de
t < niüiido Hcnrútur Cardoso e Lcõncíu Martin* Rodrigues
1985
EDrTO R: V IC T O R C IV IT A
Tiailo ortgiaaL
ftp l'Eíprít dc> Loif. du ftapf>ort !*:■■ foi? Pai‘vmi \w ir
ijwr fa CónsJitution tfr rhtajue Gotnvrncmenl, les fttarurs te
( limar, ia ftfligiQn. tf f « f W , efC< i I ç4i$<b, l?-1»)
"= Copyrijjtil dchla cijii;io. Aliril S,A Cultural,
«Üía PimiI... I*m > I J7U .v u.Jifi», l.ix?
TrwliJÇjK! pub[sLncla :-;ol> licorça ric Difel
DitÜsiü Hiitnáíil S, A. Siii» Piuiki
Dub-iki» Bjurlusivos sglwc '1 Mom[esquieu — VUti c Obra” .
Ahnl -S.A Cultural Ski Piub.
MONTESQUIEU
VIDA E OBRA
Consultoria: José Américo Mottn F$iS;inha
t ítnlivar Lãniímuíêr
L
N um dia qualquer dü ano de 1719. em Paris, um nobre da P£r*i3 travou conhecimento com urra figura que lhe paro ceu muito estranha: um geômetra profendamentc absorto a pensar,
há dias, em determinada questão de matemática* Um amigo comum
fez: as apresentações c os três dirigiram-se para um cato, onde a estra
nha personagem foi recebida com muita solicitude peio> presentes,
chegando mesmo a ser alvo de maiores atenções do que alguns co
nhecidos espada chirts que a li bebericavam, 6 espanto do persa era
cada ve? maior, pois a conversação do geôrnetra era a mais singular
que seu espirito oriental jamais tinha ouvido. O geõmetra insistia pa
ra que tudo fosse dito com exatidão e ofendia-se com a falia de rigor
de pensamento, Qualquer fato, por mais corriqueiro, era explicado
ao atônito persa através de estranhas comparações. Um violento en-
contrno entre o geórnetra e outro homem que passava fez com que os
dois síí projetassem ao chão. O gcômctra explicou .i ocorrênc ia como
u choque e a deslqçação de dois corpos, em função de suas respecti
vas massas e velocidades, Q persa não entendeu a explicação, nem o
diálogo que sc seguiu entre os dois desastrados. O oulro homem era,
por coincidência, um velho amigo do geômetra, e tinha acabado de
publicar uma tradução das Odes dt Orácio, Aproveitou o encontro
para contar a novidade, mas obteve como resposta a Censura severa
do geômetra, que considerava inútil tentar fazer renascer os ilustres
homens do passado As traduções poderíam dar-lhes um corpo, mas
náo sedam suficientes para fazê-los viver de novo. O arremate dn cen
sura, feita pelo geômetra, assumiu forma de Interrogação: por que o
amigo ruiu sl ik-dicava „) tarefe mais úpE de pesquisar verdades novas,
que um simples cálculo permitida descobrir todos os diasí
Esse episódio ertcüntra-se nas Cartas Persas de Mortiesqurou, c,
embora fíclíqio, não é por isso menos característico da época em que
é situado: o século XVlll, chamado o Século rias l uzes.
O Século das Luzes
A filosofia do século XVII inaugurara as principais vertente do
pensamento moderno: de um lado, o nacionalismo, que, partindo dt"
Descartes (1596-1650), pretendia reduzir todo o conhecimento cientí
fico a idéias claras e distintas, sob a inspiração das matemáticas; de
outro, o empirismo inglês, que, desde Francis Bacon 0561-1626),
mostrava que iodas as idéias se originavam na experiência sensível,
nada havendo no intelecto que antes não houvesse existido nos senti
dos. Apesar de divergirem quanto à origem do conhecí mento, c ŝas
VIII MÜNTESQUÍEU
duas correntes concordavam num ponta fundamental: a verdade é
obra do homem. Consequentemente, o critério de legitimidade dos
conhecimentos seria a evidência inteligível ou sensível — , c não a
autoridade. O desvendamento dos segredos da realidade estaria ao al
cance das condições humanas, naturais, de conhecimento: abolia-se
o sentido de mistério que envolvera a visão de mundo medieval e em
seu lugar colocava-se a noção de problema, como algo que podería
ser resolvido desde que para tanto se dispusesse do instrumento meto
dológico adequado O próprio Deus que aparece como peça Funda
mental da construção metafísica do cartcsiancsniu é gm Deus entendi
do como fundamento último da validade do conhecimento científico
e como garantia para a correspondência existente entre as evidências
subjetivas e o objetividade.
A confiança 11a ciência aprcsenta-Se como característica do espíri
to moderno, herdeiro de Descartes c dc Bacon. Essa confiança ali
menta uma expectativa que passou a animar a modernidade: a de
que todos os problemas, em quaisquer setores, viessem a ser elueida-
duN, esclarecidos, Iluminados. O avanço da ciência — passou-se a
acreditar firmemente — afastaria iodas as sombras e instauraria a clari
dade, A lúcida compreensão Em lugar do mistério, das crendices, da
cega submissão ã autoridade, seria instalado o primado da raítao, o
reino das luzes. Lr se ,n o ‘plano do conhecímento isso significam o
fim da ignorância e da superstição, no plano social c política repre
sentaria a base para a defesa da liberdade e da igualdade entre os ho
mens. Tal otimismo é que alimenta a raiz do pensamento do século
XVIII, que se torrou conhecido como a época do íluminismo, da ilus
tração, ou como o Século das Lu/es, Ihmicul armente nu França, na
Inglaterra e na Alemanha, esse período histérico caracterizou-se por
um estado dc espírito que manifesta não apenas na reflexão filosófi
ca como também nos diversos aspeaus da atividade humana. O oti
mismo é Q traçq fundamental dessa generalizada atmosfera cultural:
otimismo que transpareço tanto na convicção de que a razão, cm seu
progresso, esclarecerá todas as questões, quanto nn esperança de que
seja possível reorganizar as bases da sociedade ATravés de princípios
eslritamente racionais.
o desenvolvimento da*. Uéncias naturais permite aos pensadoresda Ilustração concluir que o domínio efetiva da natureza constitui n
tarefa principal do hornem. Por outro lado, a idéia de progresso contí
nuo dos conhecimentos leva-os a considerar a história como reluto
dos erros cometidas pela humanidade erros compreensíveis en
quanto significam ã precária expansão da razão no passado O líumi-
nismo — como mostra Voltaire em sua critica a Leibniz — não advo
ga uni otimismo metafísica; snu otimismo decorre tão-somente do ad
vento e do progresso da consciência que a humanidade terra de seus
proprios erros e aterros E é tnf otimismo que transparece nos diferen
tes campos de investigação ou de atividade- No aspecto social c polí
tico manifçsta-se através do despotismo esclarecido"; no terreno da
ciência exprime-se na pressuposta de que o conhecimento da nature
za é o meto para sua dominação; na campo religioso e murai jpresen-
ta-se pot intermédio da tese de que o esclarecimento das origens dos
dogmas e das leis seria o único recurso para se chegar a uma J'reli
gião natural”, igual para todas os homens.
VIDA E OBRA IX
Uma nova razáo
A confiança na razão manifestada pelo lluminísmo não significa
a simples adoção do rationalismo do século XVII, Este abriu o cami
nho para o Século das Luzes,, mas, na verdade, 0 século XVII! teve
sua própria concepção cie razão, Em primeiro lugar, a Ilustração, em
geral, valoriza o conhecimento sensível, embora admira que a realida
de apreendida pelos sentidos é, no fundo, racional. Ma< 5 razão mes
ma é entendida de forma diferente: no racimalismo cartesiano, típico
do século XVII a razão era vista como urna faculdade capaz de con
duzir aos princípios constitutivos da realidade: sua função era funda
mental mente a de decompor a complexidade dos dados aparentes até
atingir seus componentes mais simples c a partir deles reconstruir a
realidade. A razão analítica do cartosianismo ú uma razão de alcance
metafísico, que, justamehle por isso, opera dedutivamente a partir de
princípios. que não estariam fora do sujeito, mas em seu próprio inte
rior, como ‘'idéias inatas'1. Por isso é que Descartes podia prescrever
a sondagem da Subjetividade tomo caminho de acesso as verdades
científicas. )á a razáo do íluminfemo 6 de outro tipo: tra tav não dp
um princípio, mas de uma força, de uma faculdade que se desenvol
ve com a experiência. í uma razão operativa, que atua sobre dados
provenientes dos sentidos, K uma razâo-atividacle, não uma razão-
subsrência ienrno a rvs cagitâns de Descartes}; v uítw raziu sem meta
física, g que se converte até num instrumento de combate à$ entida
des metafísicas O racionalismo do século XVII tendi.1 a constnjir siste
mas fechados, por via dedutiva todos os conhecimentos decorreríam
ric princípios básicos o evidentes, através da pura demonstração lógi
ca, Os filósofos do Século das Luzes renunciam a essa pretensão siste
mática c procuram outro conceito de verdade e de filosofia, emendi-
das como construções livrps e móveis, ao mesmo tempo com rela ̂ ê
vivas A razão não é mais concebida como repositório de verdades
eternas, mas antes como fonte de energia intelectual. Mais que um
"fundamento", a razao da Ilustração constitui um "caminho" que,
em princ ípio, podería e deveria scr percorrido por todos os homens.
As fontes inspíradoras da transformação do conceito de razão en
contram-se rias regras de investigação científica contidas na física
newtoniana, O caminho trilhado por Newtán (1642-1727) não é a de
dução lógica, mas a óbservaçSü dos fenômenos conjugada h análise
matemática, Núo começa estabelecendo determinados princípios Ou
conceitos gerais para dirigir-se até o conhecimento de cada fenôme
no particular, mas procede de maneira exatamente inversa: os fenõ-
menos constituem o dado, enquanto os princípios são o inquirido. Os
pontos de partida do conhecimento da natureza são a observação e a
experiência, e o que su coloca comu objetivo final não é o fenômeno
concreto tal como sc dá i medi atam ente. mas sua legalidade matemáti
ca, ou seja, sua estruturação segundo número e medida.
Aliam-se, assim, os dados provenientes. dos fenômenos naturais e
os princípios e leis matemáticas da razão. As duas ordens de coisas
implicam-se mutuamente, de tal forma que legalidade ou razão não
constitui um conjunto de regrai passíveis de serem captadas e enun
ciadas antes dos fenômenos como se fossem elementos apriorísticus,
isto é, independentes rio conhecimento sensível. Tampouco os fenô
X MONTESQUIEU
menos podem ser apreendidos em estado puro. Consequentemente, a
nova lógica procurada pelos filósofos do século XVIII náo podería
mais ser a dos escoíâstrcos — criticada como mero jogo de palavras
— nem a dos conceitos matemáticos puros, mas sim uma lógica dos
fatos, O espírito — pensam os filósofos do século XVIII — deve aban
donar-se aos fenômenos e regular-se incessantemente por eles. nos
quais encontraria sua própria verdade e medida. Assim seria possível
alcançar as autênticas correlações entre sujeito e objeto, intelecto e
realidade, estabelecendo-se entre esses pólos as formas de adequação
e correspondência que são as condições do conhecimento científico.
Herdada da física ncwlonrana c radical mente diferente do racio-
nalismp dos filósofos do século anterior, essa nova maneira de conce
ber a razão caracterizou o pensamento do século XVIII pela amplitu
de que ganhou em todos os domínios da reflexão, podendo aplicaí-se
A outros domínios além do dos fenômenos naturais, A confiança na
ciência passou a alimentar a esperança dr que todos os problemas po
deríam scr resolvidos, "iluminados".
Expressão característica do lluminismo foi Monlesquieu.
Da província afé Paris
Charles Louis de Secondat, Senhor de La Brêde e Barão tle Mon-
tesquiem, nasceu no dia 18 de bfieiro dê 16R9, no Castelo de La Brè-
de, arredores dr Bordeaux A mãe chamava-se Marie Frànçoise dr
Reinei c provinha de família de origem inglesa e tledrcada a produ
ção de vinhos. O pai, lacques de Secondat, descendia de família no
bre não muito antiga, que ganhou maior importância nos primeiros
anos do século XVI,
O menino Charles Louis aprendeu as primeiras letras no próprio
br e, quando completou onze anos de idade, foi enviado paro o Colé
gio dc juilly, na Diocese de Meaux, A escola abrigava os filhos das
mais ricas farraltas da região e era dirigido polos padres oraíorivmos, Is
so foi decisivo para a formação intelectual dc* Charles Louis, pois es
ses sacerdotes orientavam u?do a ensino pelas coordenadas do espíri
to iluminista.
Em 1703, com dezesseis anos, Monlesquieu continuou os estu
dos na Faculdade de Direito da Universidade dc Bordeaux o, rrês
anos depois, ènçontrava-sc cm Paris adquirindo experiência prática
na profissão de advogado. Na capital estagiou por dois anos, até
1713, quando foi obrigado a voltar para Borrieaux, em virtude da
morte do pai. Passou, então, a dirigir os negócios da família e, dois
anos após. contrata núpcias com a jovem Jeanine efe Lanigue. que lhe
daria tres frlhos, duas meninas e um menino Com a esposa parece
ter vivido bem. muito embora não fosse um marido ínteiramente fiel,
tendo tido alguns casoí amorosos fora do casamento. Admirava, con
tudo, a habilidade de leanne nos negócios, e com isso a forruna fami
Irar caminhava a contento Um ano após o casamento os bens do ca
sal foram aumentados com o falecimento de um tio paterno, Jean-Bap-
tiste, do qual Charles Louis de Secondat hprdou consideráveis proprie
dades, o cargo de président à monfer dq Parlamento de Sorcfeaux &
também o titulo de Barão de Montésquieu (o de Senhor de La ftrêde
provinha da mãe).
VIDA E QBRA XI
Consobdada a posição financeira para o resto da vida, ü arnda jo
vem JVtontesquieu passou a dedicar-se, ao lado da administração da
tortura, ao estudo do direito romano e às ciências naturais, espccial-
mente biologia, geologia e ffsica, na recém-ftmdada Academia dc Bor-
deaux. Firmava-se, assim, aquela formação iluminista. iniciada no Co-lêgro de Juilly, e que procurava aliar o domínio das ciências físicas ao
das questões h urda nas. Em Bordeaux, MontesquieiJ redigiu, em
1716. uma Dissertação Sobre a Política dos Romanos no Domínio da
Rdigião, e fez inúmeras comunicações sobre assuntos vários, como o
fenômeno físico do eco e a função das glândulas renais. Além íIjsso.
projetou escrever uma História física da Terra Anirga e Moderna,
U m crítica rrjordaí
Ao lado do cientista, germinava em Momeequieu o talento artís
tico, c, em 1721, aparece sua primeira obra literária: as Cartas f-f-o
sas. A obra surpreendeu A Iodos, que nao esperavam dele tio bri-
Ihíintd humor.
As Cartas Persas retratam saiiricamenre toda a civilização france
sa, através da suposta correspondência dc dois viajantes persas em
andanças por ParU t? desejosos de Jfinstruir-sc nas ciências do Oci
dente"; Em Paris cünleruplam uma cidade onde as casas são lãu al
tas que sc as julgaria habitadas por astrólogos1' e fào exlremamente
povoada* que, "quando lodo mundo desce para as ruas, faz-se uma
bela confusão".
0 rei d.i França parece-llves J'o mais podorn^o príncipe da Europa.
Não rem minas dc ouro como o rei da Espanha, seu vizinho; mas tem
mais riquezas do que ele, porque as tira da vaidade dos súditos, inesgo
tável mais que as minas. , Esse rei ó um grande mágico: exerce- seu im
pério sobre o próprio espírito dos súditos, fazendo-os pensar como
quer. Se náo lem mais que um miíháo de escudos em sou tesouro e tem
necessidade de dois, nâo precisa fazer meis do que persuadi-los de
que um escudo vale dois, e todo mundo acredita",
A crítica da autoridade política, característica do Século das Lu
zes, ajunta «c j da autoridade religiosa, quando <*. persas erwoniiam
"um outro mágico, mais forte que o rei e não menos mestre dc seu pró
prio espírito quanto do espírito dos outros, Esse mágico chama-se Papa
e faz crer aos súditos que trés não ê mais do que um, que vinho náo é
vinho, que pão nâo é pão, e mlf uuuas coisas da mesma espécie. Para
não dar descanso aos súditos c não deixá-las perder o hábito da cren
ça, fornece a Hcs, dc quando em quando, certos artigos de fé".
O sarcasmo estende-se aos costumes, e Montesquieu pcx: na bo
ca dos persas palavras de admiração ao encontrarem mulheres muito
habilidosas, que afazem da virgindade uma íEor que perece e renasce
todos os dias, e que se colhe nn centésima vez mais dolorosamentc*
do que na primeira". Os caprichos da moda entre os francesa pare
cem-lhes surpreendentes, o "não se acreditaria em cjuanto custa ao
marido colocar sua mulher na moda".
Assim vai passando pelos olhos admirados dos viajantes tudo
aquilo que tvlontesquteü desejava Criticar na sociedade de seu tempo,
fossem os costumes sociais u políticos, fossem teorias filosóficas. co~
XII m q n tesq u ieu
mu a do Leviatã de Hobbes íl 588-1679), ou as doutrinas teológicas
da Igreja Católica Romana.
Ao renome literário, alcançado com as Cartas Persas, seguiu-se o
êxito social rvos saiões parisienses, e Montesquieu passou a frequentar
os círculos da corte, nos quais foi introduzido polo Duque de Ber
vvick, que já conhecera antes coma governador militar dc Bordedux.
O salão de Mmc. de Lambert o leve como figura proeminente, r no
Clube de Ertlresol conheceu o Marquês 0 ‘Argensan e o político, notá
vel orador c historiador Bolingbroke (1678-1715).
A Academia de Bordeaux continuava a merecer suas atenções e,
em 1725, ali reveiou alguns fragmentos de um Tratado Cera/ dos De
veres. primeira manifestação de suas intenções nu sentido de dedicar-
se a trabalhos dc grande fôlego. Enquanto isso não se concretizava,
redigiu, em 1725, um pequenò ensaio sobre erotismo, intitulado O
Templo dc Gnrdo.
Um ano depois, desinteressou-se pelas rotínriras tarefa?; no Parla
mento de Bordeaux. Voltou, então, a Paris, a fim de tentar o ingresso
na Academia Francesa. Apesar da oposição do Cardeal Fleury, por
causa de alguma'- passagens das Cartas Persas, em que a Igreja era cri
ticada, conseguiu elcger-so, c? tomou posse dc sua cadeira cm 24 de
janeiro dc 1728, seis dias após completar 39 anos de idade,
Apesar de rtâu ser mais um jovem Montesquieu acreditava ser
necessário completar sua formação, c passou a viajar com esse objeti
vo. A primeira ulapj foi cumprida em abril de 1728, em Viena, acom
panhado apenas por Lorde Waldegrave. Da capital austríaca preten
dia partir para uma expedição Is minas da Hungria, juíUamente com
o Príncipe Eugênio. Em seguida, percorreu as cidades italianas e to
mou contalo com as obras do filósofo Gíambattista Vico (1668-1744)
e do historiador Pietro Giannone (1676-1748). Da Itália seguiu para a
Alemanha c a Hõlanda, uté chegar á Inglaterra, onde permaneceu até
1731, num dos mnix íórteis períodos de sua vida. Ali foi admitido co
mo membro da Academia Real c entrou em contato com os escritores
Wdlpole* (17 f7-1797), Swift (1667-1745) e Pope (1688-1744), Rela
cionou-se amplamente com os círculos políticos da capita) brininica,
tornou-se maçom e recebeu todu o importante influxo do pensamen
to inglês, i iiraaerfsllco do lluminismo.
Completado n driulo de viagens a que se propusera para enri
quecer o conhecimento das cubas e dos homens, voltou ao Castelo
dc La Brêfte, passando 3 dedicar, durante dois anos, exclusivpmen-
te ás atividades literárias Fruto desse recolhí mento foi um pequeno
tratado sobre A Monarquia Universal, puhiicado em 17Í4, um ensaio
sobre a Constituição inglesa, que só veio à luz um 1748, c as Conside
rações Sobre as C ausas da Grandeza e Decadência dos Romanos, im
pressas em 1734, obra em que atingia a maturidade intelectual Mâo
foi o mesmo retumbante êxito de publico que as Carus Persas, mas
conferiu reputação de grande seriedade ao autor; especialistas viram
no trabalho uma brilhante tentativa de aplicação do mótodo científico
ao estudo dos fatos históricos.
O maior fruto dessa seriedade, entretanto, ainda não tinha sido
produzido, mas estava em germe há muito tempo no espírito dc Mon-
tesquieu A constante vivência e meditação sobre as leis e a política
pouto a pouco fizeram crescer cm sua mente o projeto de uma gran
VIDA E OBRA XIII
de obra l ogo dopoi; da publicação das Considerações, dispôs-se a
realizá-la. Para tanto, formulou um extenso programa de leituras so
bre direito, história, economia, geografia c teoria política, e contratou
uma equipe de secretários [às vezes, seis trabalhavam simultaneamen
te), como leitores c amanuenses, que deveríam preparar parte do ma
terial. Por volta de 1741.), o plano geral estava pronto e boa parte já re
digida; em 1743 o texto estava completo, faltando ainda uma demora
da revisão, que se estendeu até 1746. Em novembro de 1746, rinal-
mente. a obra foi publicada pelo editor suíço j Barrillot com um ox-
tenso título: Do Espírito drs Leis nu Das Relações que as Leis D eveio
Ter com a Constituição de Cada (inverno, Costumes, Clima, Kelt-
gtão, Comércio et(
homem tranquilo
O êxito Ha obra foi tão grande ou maior do que a extensão dos
assuntos tratados. O público, que não esperava um tratado compará
vel a Política de Aristóteles, foi tomado de surpresa. Todavia, reações
contrárias logo começaram a aparecer, e o auror viu ^ atacado por
todos os lados. Extenso número de panfletos e artigm na imprensa fo
ram escritos, e as denuncias sucediam-se na Sorbonne e entre o clero
francês, para culminar em Rornu com a colocação da obra no rodes
dos livras proibidos, em 1751.
Moriiesíjuieu respondeu a onda de protestos com o mais brilhan
te de seus escritos, a Defeso do Espírito das Lci$t cm 1750
Como resultado, aumentou ainda mais a fama e as solicitações
dos círculos cultos do Paris, onde possuía amigos e admiradores. Fre
quentava os concorridos salões de Mmç, de Ceoffrin, Mmc. du Tçn-
cin e Mine. du Deílancl, onde de deliciava torn os prazeres da .socie
dade r mantinha relações no mundo das letras
Os editores du Encyclopédtc uu D k iionnairc Raisonnv dvs Scien
ces solicitavam-lhe a colaboração:quando convidado por DAlem-
bprt para escrever sobre* assuntos políticos, declrnou do convite e pro
pôs-lho um artigo sobre o gosto. Seria sua última obra.
Os últimos anos passou cm La lirêdc, embora viajando constantc-
mente. Nas terras que sempre amou com especial carinho, vivia tran
quilamente a cuidar das vinhas, cujo produto sabia vender muito
bem. A única coisa que o preocupava ora o lento enfraquecimento da
visão, que aos poucos o tornaria cego. Faleceu em Parts a 10 do feve
reiro de 1 755, com sessenta e >eis anos de idade.
Em 5 de iunho do mesmo ano. Maupertuis pronunciou um elo
gio fúnebre na Academia Real de Ciências du tJerhm, retratando com
precisão o que tora o homem Montesquleu: "Sempre inclinada à
brandiira e ã humanidade, receava mudanças das quais os maiores gê
nios nem sempre podem prever as conscqüências Esse espírito de
moderação, cum u qual via as coisas na calma de seu gabinete, dpii-
cava-o a tudo e conservava-o no tumulto da sociedade e no ardor das
conversações. Enconírava-sc sempre o mesmo homem com iodos os
tons. Parecia então ainda mais maravilhoso do que em suas obras:
dmplc;, proíundo, iublimp, encantava, instruía e nunca ofendia.
Foi muito negligente em seus hábitos e desprezou tudo o que estava
XIV MÜNTESQUIEU
além do asseio. Só vestia os tecidos mais simples e nunca acrescenta
va oura ou praia. A mesma simplicidade encontrava-se em sua mesa
e em todo o resto de sua economia..."
O caminho da ciência
Os ataques a Montesquieu, logo após a publicação do Espírito
das Leis, foram em muito maior número e mais contundentes do que
os que sofrerá ao puhlicar as Carias Persas. A preocupação das adversá
rios tinha razão de ser. Nas Cartas a destruição dos valores tradicio
nais, embora rnlel (gente e espirituosa, não vai muito além da superfí
cie das coisas. O Espírito das Leh, ao contrário,, procura analisar exten
sa c profundameme a estrutura u a conexão interna dos fatos humanos
e formular um rigoroso esquema de interpretação do mundo histórico,
social c político. Isso foi sentido como capaz do abalar os alicerces du
sistema social 0 político, de maneira muito mais perigosa do que a sim
ples crítica sarcástica. Era uma atitude dp ciência teórica diante do uni
verso político que estava nascendo. Seu objeto são "as leis, os costu
mes e os diversos usos de iodos os povos, da terra", assunto evidente-
mente imenso, pois abarca "todas as instituições humanas".
O mais importante, contudo, não reside na extensão dos assun
tos abordados, mas na maneira pela qual o autor os tratou A mais sig
nificativa originalidade de Mootesquieu consiste na revolução meto
dológica representada pelo Espírito <Jas Leis.
O método de Montesqtiieu comporta dois aspectos rntér-relac io-
nados, mas que podem ser disttnguidos com suficiente clareza. O pri
meiro exclui da ciência social luda perspectiva religiosa ou moral; 0
segundo afasta o auior das teorias abstratas e dedutivas e o dirige para
3 abordagem descritiva e comparativa dos fatos sociais.
Quanto ao primeiro, constituía um solapamento do finalismo teo
lógico e moral que ainda predominava na época, segundo o qual to
do 0 desenvolvimento histérico do homem estaria subordinado ao
cumprimento de desígnios divinos, tal como- Santo Agostinho
(354-430) tinha expressado na Cidade de Deus, e líossuet
Í1Í>27-1704) repelia, em suus linhas essenciais, na Histórh? Universal,
Montesquieu, ao contrário, reduz as instituições a causas puramente
humanas e não leva em consideração a providência divina. Segundo
ole, introduzir princípios teológicos no domínio da história, como fa
tores explicativos, é confundir duas ordens distintas de pensamento e
confundir duas disciplinas. Como consequência, tanto uma quanto
outra permaneceríam para sempre nu infância. O propósito de Mon-
tesquleu nâo é contribuir para esu, fazendo-se de teólogo Delibera-
damente dispôo-se .1 permanecer nos estritos domínios dos fenôme
nos políticos, e jamais abandona tal projeto.
Assim como 0 religioso ó excluído como fator determinante dos
fatos sociais, da mesma forma o juízo mural deve ser eliminado na
apreciação do mundo histórica, lá nas primeiras páginas do Espírito
das Leis adverte o leitor contra um possível mal entendido no que diz
respeito á palavra Virtude", que emprega amiúde com significado ex
clusivamente político e não moral
Em suma, para Montesquieu, n correto conhecimento dos fatos
VIDA E OBRA XV
humanos só pode ser realizado çicntificamente na medida em que
eles sejam visados como são e não como deveríam ser, Enquanto não
forem abordados como independentes de fins religiosos e morais, ja
mais poderão ser compreendidos. As ciências humanas deveríam li
bertar-se da visão finalista. COTTIO fá haviam feito as ciências naturais,
que só progrediram realmente quando se desvenc ilha ram do fínalís-
mo ar islotêlico-escotástico.
Hobbes e Espinosa (1632-1677) apresentam portos comuns com
Monlesquicu na medida em que, como de, estabelecem como princi
pio preliminar à ciência política o não julgar a história segundo crité
rios religiosos e morais. Opinam que a religião e a moral, ao contrá
rio, devem ser inseridas no conjunto dos fatos humanos que podem
ser tratados cicittificamenle.
O projeto e a linguagem de Mantesquieu, por um lado, e de
Hobbes e Espínosa, por outro,, são idênticos. Diferem, contudo, na
maneira de abordar o objeto da ciência social, ü autor das Cartas Per-
sas parte dos fatos, tais corno se dão concreta e purikularmente, e ten
ta extrair hipotéticas leis que os governam; Hobbes e Espinosa proce
dem dc maneira abstrata e dedutiva. O Espírito das Leis almeja ser
uma obrn dc ciência positiva; o Leviatâ de Hobbes e o Traiado 7eo/ó-
grCó Político de Espinosa sao construções teóricas sobre a essência da
sociedade.
Lei e totalidade
Recusando submeter-se aos princípios religrosos e morais, e dis-
tanc.iando-se do racional ismo abstrato do século XVII, Montesquiou
deu início ao estudo descritivo e comparativo dos iatos humanos, for
mulando um novo conceito de lei, que constituía, entáo, uma inova
ção teórica o representava sua principal contribuição para a formação
da ciência social. Ató nntão, o significado da noção dc lei estava im
pregnado de finaltsmo. O jpensa mento antigo, tanto quanto o medie
val, ao utilizar a noção de lei, supunha seres humanos, ou semelhan
tes a eles, aos quais a lei se aplicaria como mandamento. Supondo
uma vontade legrsladora e 0 respeito dê súditos a ela. a lei se defini
ría em termos efe alvos a serem atingidos de maneira obrigatória, pos
suindo, assim, estrutura de ação humana consciente.
Montesquiuu afasia-se radical mente de tal concepção e aproxí-
ma-st: deliberadamente dos criadores da metodologia das ciências físi
cas. Lei, para ele, é uma relação necessária que deriva da natureza
das coisas, de t.il forma que "cada diversidade é uniformidade, cada
modificação é constância". Nesse vertido, Lodos os seres têm suas
leis: a divindade... o mundo material... as inteligências superiores ao
homem.., os animais,,, os homens.,."
Tendo cada domínio de seres suas próprias leis, etas não podem
ser apreendidas senão u partir dos próprios fatos, pela comparação e
pesquisa, pelo tateio, e não pela intuição de essências. Mantesquieu
não pretende extrair princípios de preconceitos, mas cJü natureza mes
ma dus coisas.
O proíeto de investigação das coisas humanas em suo legalidade
específica lui o caminho que levou Montosquieu a outra inovação,
XVI MONTESQUIEU
que se articula com a noção de lei: a categoria de tutiilidade. Ela se
encontra nos capítulos do Espírito das Leis dedicados à instituição en
tre natureza e princípio d os Estados e prefiguta a concepção dialética
da história, que só no século XIX semi levada até suas Úllimas conse
quências pelo filósofo Hegel (T770*1531 J.
Para Monlesquiou, natureza de um Estado é aquilo que ele é (re
pública, monarquia, despotismo), ou seja, é certa forma Principio é
tuna disposiçãodos homens no sentido de realizar determinada for
ma e não outra; è. portanto, uma paixão específica. Na república es
sa paixão é a virtude (entendida em sentido político, e não moral); na
monarquia é a honra; e no governo despótico ê o temor,
Os elementos que configuram as formas e os princípios compo
nentes do Estado vinculam-se entre si, não de maneira somatória,
mas como total idade viva. O Estado, para Montesquieu, é uma tola li
dado mal, em que todos os pormenores da legislação, instituições e
costumes são efeitos e expressões de uma unidade interna Isso siRniEi-
ca dizer que o desenvolví monto histórico das sociedades não lem co
mo motor este ou aquele fator particular mas decorre cfj dinâmica
própria .10 conjunto do sistema.
Analisando 0 dinâmica interna desses sistemas, Montesquieu che
gou a algumas generalizações que, do ponto d<* vista da <. íénci.i ms
ciai dos tifas de hoK\ parecem primárias Alguns desses fatores — se*
gundo o autor do Pípérío t/js £eij> podem predominar solu-c- < de
mais, A dimensão geográfica,, entre outros: quanto maior <1 território
dominado por um I stado, tanto maiores as possibilidades de vir a con
figurar um governo despótico. Quanto menor, tanto mais Tenderá a
ser Ltma república. A moTmrquía fica no meio-termo, Outro fator físi
co ô o clima: quanto mais violento e cruel. Muro mais Londiciunariu
o surgimento de governos despóticos Um len eiro fator v 0 lipu de so
lo (montanhoso du plano, continental ou insular! ç sua maior nu me
nor fertilidade
Tais fatores físicos, embora predominantes, não seriam, cntivian-
itç dementes que possam determinar compleínmonte <1 natureza do
Estado fatores pura mente sociais, como a rnligião, as leis, as Sr.ido
ções, os cos?umes, seriam o poder dc corrigi-los.
Wroníesquteu nunca perde, asóru, a visão ria totalidade unitária
di' todos os fatores como princípio cientifico fundamental para o estu
do das sociedades, O conceito de totalidade permite compreender
um momento da existência de um Estado, mostrando a vincularão in
terna dentro da aparente diversidade do suas leis c instituições
As totalidades políticas, ou unidades farma-prrncípio no surgi
mento e desenvolví menta dos fslndos. sân cla*rsificarias par Mnntes-
quieu em três tipos: rc-pLitnliĉ , monarquia e governo dospóticu, Aban
dona, assim, a tradic ional divisão arislotélka cm monarquia, aristocra
cia 0 dcnjocraria, muito embora restassem algumas semelhanças de
forma, Não eram, contudo, as formas políticas o que mu is interessava
a Montesquíeu, ruas us espíritos correspondentes, for outro lado, a
classificarão resultava do uma inspeção histórica muito mais ampla du
quoii realizada, na Antiguidade, pur Aristóteles (384-322 a.C;).
O autor do Espírito das Lpis dá o nome de república àquelas socie
dades encontradas no mundo grego e Itálico da Antiguidade, caracteri
zadas pola organização em cidades-Estados, e acrescenta a elas as «ida-
VIDA E OBRA XVII
des italianas medievais. Tanto umas qjanto outras caracterizam-se geo
graficamente pela pequena extensão do território sob domínio, nno po
dendo esfender-se para afém desses estreitos limites. Os cidadãos da re
pública são todos iguais (salvo nas tranformações que dão lugar ã aris
tocracia), formando um conjunto cujos elementos são da mesma natu
reza e justapostos sem hierarquia. Todos cuidam igualmente do Item
comum, e mesmo os magistrados componentes do corpo de direção
não são superiores, pois desempenham seu papel apenas temporaria
mente, Mesmo na vida privada os magistrados não são mu rio diferen
tes dos demais, na medida em que é principio da república cena igual
dade de recursos materiais entre os cidadãos. A igualdade política su
põe igualmente igualdade econômica. Cada cidadão, devendo ler a
mesma felicidade pode fruir os mesmos prazeres e íormar jv mesmas
expectativas; coisa impossível dc ser alcançada* a não ser com a fruga
lidade geral. V divisão dc trabalho entre os membros da república í? re
duzida à expressão mínima, c o comercio, que supõe para Montes-
quieu desigualdade econômica, ó pouco desenvolvido.
A*, monarquias seriam, historicamente, características da luropa e
terijrp surgido quando os povo; germânicos invédirnm o Império Ro
mano p partilharam seus despojas. Um lermos de extensão geográfica
encontram-se a meio caminho entre as repúblicas e os governos despó
ticos. As funções públicas tanto quanto as da vida privada são nelas dl
vididas entro os membros das diferentes classes soc ais Uns 5áo agri
cultores. outros artífices e outros comerciantes. Alguns dedicam-se n fa
zer tuis. outros a executá-las. Ninguém podo recusãr-se a cumprir suas
íunçóes específicas c interferir nas rios outros. Put uvsa razão as mondi-
quias podem ser definidas como governo de um só, no sentido de que
cada um é responsável por suas tareias ü tem sobre elas todo o poder,
Es.sc- poder contudo, csUurj condicionado a relações ftxas 0 constan
tes, que não podem ser mudadas pelos governantes, hso ^gnifica dizer
que existem ordens constituídas que impõem limites ao exercício do
poder As leis possuem força própria, A sociedade monárquica é, para
Montcsquieu, como uni organismo vivo, cujos elementos, segundo
suas naturezas, exortem funções diferentes; nela a divisão orgânica do
trabalho o levada ao máximo desenvolvimento, ao contrário do que
ocorre nas repúblicas. As ciasses, órgãos do corpo social, náo só limi
tam a autoridade do príncipe, como limitam-se reciproca mente. Cada
uma delas, estando impedida de crescer ao infinito, pode desenvolver
sua natureza particular sem quaisquer obstáculos.
O princípio que constitui a fonte de energia das monarquias seria
diferente do encontrado nas repúblicas, Não é o sentimento da pólrin
comum que ocupa OS indivíduos, mas o de classp. Cada classe social
tende a desenvolver-se ao máximo, e a fortuna pessoal adquire gran
de importância Na monarquia existem graus diferentes de honras,
dignidades, riquezas e poder, de tal forma que cada membro tom
diante de sí uma ordem superior que almeja alcançar. A diversidade
das funções é responsável pela coesão, na medida em que a vontade
que move as ordens e os indivíduos é responsável também pelo aper
feiçnamento de cada um, Assim, todos contribuem para o bem geral,
embora acreditem vibar apenas às vantagens pessoais.
O princípio animador das monarquias é a honra, segunda Mon-
tesquieu. Designa os anseios específicos dos indivíduos e das classes.
XVIII M0NTE5QUIEU
A honra não permite ao seu possuidor açoitar diminuição em sua cate
goria e pode tornar-se um defeito quando origina o excessivo amor
dc si próprio.
Ü governo despótico seria uma espécie de monarquia, na qual
todas as ordens tonam sido abolidas, e não subsistisse a divisão do tra
balho; ou então uma democracia em que todos os cidadãos se tomas
sem iguais lão-somenfc na servidão a um chefe de Estado O governo
despótico 6 como um ser monstruoso no qual subsiste com vida ape
nas a cabeça, por ter usurpado para si todas as forças das pados res
tantes. Seu princípio é o lemor.
Além das formas precedentes, Montesquíeu descreve um quarto
tipo de sociedade, encontrado entre os povos caçadores ou do pasto
reio, Caracteriza-se petn restrito número de seus membros, pela ine
xistência de propriedade do terra, pela ordenação do vida social atra
vés dos costumes e nàc das lets, e pela autoridade dos mais velhos.
Essas sociedade* constituem uma espécie dc democracia inferior.
Montesquíeu desígna-as pela expressão "povos selvagens", quando
seus membros estão dispersos em pequenas comunidades, e "povos
bárbaros", quando se reúnem num todo.
A opção política
Ao pintar o quadro dos tipos de sociedade e do organização poli
tira, Moniesquiou procur.i manter a maior fidelidade possível ao pro
jeto que se propusera de fazer uma rigorosa ciência positiva, limitada
aos fatos humanos tais como realmente aconteceram Apesar díss»,
seu pensamento transita aos poucos do pummenio fátlco para o nor
mativo,u desenha-sc um projeto político no Espfriiç õas teis, Quan
do descreve os sistemas republicanos, monárquicos c despóticos. sen
te-se suo simpatia pelos segundos Mas é nu lamosa teoria da separa
ção dos poderes que vem ã luz mais d ara mente sua opção política,
A teoria da separação dos poderes encontra-so no livro XI do Es■
pinto das Leis (concebido muno depois dos dez primeiros livros), e
foi inspirada pelo sistema político constitucional, conhecido quando
ric sua viagem â Inglaterra, r*m 1729. Ali encontrou um regime cujo
objetivo principal cru u liberdade.
A partir dessa experiência, Montesquíeu formulou a tese que vi
ría a ser integrada na Constituição americana c expressa no artigo 17
da Declaração Universal dus Direitos do Homem ü do Cidadão. Des
de então, a teoria da separação dos poderes passou a ser princípio po
lítico de todos os governos que sofreram a influência da Revolução
Francesa.
Essa teoria estabelece a separação dos poderes Legislativo. Execu
tivo o Judiciário, cada um com r-oû órgãos específicos e compostos
por pessoas diferentes. Essa supuração não ê, contudo, lâu rígida ca
mo pode parecer à primeira vista. Montesquíeu admite o poder dc* ve
to do monarca sobre as decisões do Legislativo; por outro lado, o Le
gislativo invade as atribuições do ludiciário, quando a autor estabele
ce que os nobres só pbderãp ser julgados petos seus pares e nunca
por magistrados populares.
Assim, a separação dos poderes é relativa, e o mais importante
VIDA E OBRA XI X
do* aspecto* da teoria é a relação de forças entre os detentores do po
der o rei, os nobres e os burgueses. Aqui se atinge todo o significado
do projeto político de Montesquieu e sua inserção dentro do quadro
dos conflitos sociais por ele vividos. O autor do Espírito das l&is opta
duramente pelos interesses da nobreza, quando põe a aristocracia a
salvo tanto do rei quanto da burguesia. Do rei quando a teoria da se*
par ação dos poderes impede o Executivo de penetrar nas funções judi
ciárias; do* burgueses, quando estabelece que os nobres não podem
ser julgados por magistrados populares
Montesquieu sonha com o renascimento daquelas monarquias
primitivas da Europa germânica, em que os reis eram eleitos eníre os
nobres e tinham $eu poder limitado por eles. Esse tipo de monarquia
moderada foi transformado desde os fins da Idade Média, vindo a
constituir as monarquias absolutistas, e é contra estas que Montes-
quieu se opõe, limitando o âmbito do ação dos monarcas através do
princípio de separação dos poderes
Por outro lado, como autêntico aristocrata, desagradava-lhe a
idéia de 0 povo todo poç-suir poder. Por isso estabeleceu ,j necessida*
de de uma Câmara Alta no Legislativo, composta por nobres. A nobre*
s.à, além de contrabalançar o poder dã burguesia, era vista por de co
mo capacitada, por sua -superioridade natural, a ensinar ao povo que
as grandezas são respeitáveis e que a monarquia moderada é o me
lhor regime político.
Montrsquieu riáo foi portanto, o arauto disfarçado da burguesia
que* deveria triunfar nu Revolução Francesa. como chegou a ser inter
pretado. Suas criticas profundas ,10 despotismo ubfolutista visam à m-.-
taurãçáo do espírito das primitivas monarquia*, e a separação de po
deres que teorizou constitui expressão daquela ordem que sempre ad
mirou nus monarquia* medievais. Conservador por temperamento e
condição social, esteve sempre a serviço de sua classe.
Paradox* (mente, foi a ngslalgia dú passado que fez dele um dos
instrumentos para a Revolução Francesa, Criticou a ordem vigente do
despotismo em nome dos valores da monarquia moderada primitiva,
e a crítica serviu como um iíos estopins para a revolução que instaura
ria a forma republicana e burguesa, que ele? sempre desprezou
ü Importante, contudo, foi a contribuição que deixou para o es
tudo du historie e da sociedade, em termos científicos, ao mostrar o
caminho «i ser seguido: a inspeção das relações necessárias omre os
fatos humanos e sua compreensão em termos de totalidade*
Cronologia
I 689— Morttesqutou nasce no Câtfeb de Li Brède, perto de Bordeanx.
1690 — Huvghcru (-•,<; rovo o Tratado J j Lu j e Purcell Cümpúe Kin% Arthut
1694 — Aparece o Dicionário da Acadeoua Eranctrsa e La Foniaire escreve
as Fábulas.
1695 — Vem ã In/ o Dinnnjno Histórico e* Critico de Bayfe,
1705 —* A bula Vioeam Domim c o n d o o jansenismo.
1715 — Montesqufeu casa-se ct;m ieaimede Lartifim moça protestante. Mor
rí.- dc Luís XtV e consequente ascensãQ de Luís XV.
171b — MopwsQuíeu herda o titulo de Barão de Montesquieu.
XX MÜNTE5QUIEU
1719 — Damcl Dçkw? pvb‘icd Rohtnson Crusoé.
1721 — Montescjtiieu publica jç Cariai Percas. Funda-se a primeira lo;a n>a-
çõnica na França.
1722 — Vem d luz-o iraiado de H&monia de Hamivu e bacr compõe £3 Cra-
vo Bem ipmperado
1725 — Monfesquieu puhlica Templo de Gnidu. Vico escreve os Príncfpioi
de Fitosofírr d.i História.
1726 — Montipquifij deixa a Cãtgo que OCLpava no Pdrldtvpfttu J<. Boí-
deau* Bernuuillt publica o Tratado das Leis de Comunicação do Moi ''men
to, Vico a Ciência Nova e Jonathan Svbfr 4s Viagens de Culiiver
1728 — Montesquieu ô eleito pdra ã Academia Francesa o meia ttnr prfiodo
de viagens pela f.urppa,
173*4 — Pública Cunsi iterações iabre as Cautt* dá Grandeza e L>radéiv
cia do? Romanos.
1X43 — È publicado o Tratado de Dinâmica cio D^AIembert.
1747 — Franlklin descobre o principio do pára-raíos.
1748 — MoMosquteu publica Dó Espírito das Leis Dt^eobrem-se as ruínas
di? Rompera v tu ler torna pública a introdução ã Anúíifiê dos tnfiftiló.
1750 — Montesquleu escreve a Defesa do Espírito rias Lee.
1751 — Suiiív o primeiro volume cia EnciclopCdi.t
1754 — Condi llac publica o Tratado dos Sensaçtios.
1755 — Moniesqüktu (dfece em Paris, no dia lü de fevereiro t om sew-nra p
$é*ft ao os de idade.
Bibliografia
Softri A Mantesqufcnj, Hachettv. Frim s, 1HUÜ.
Barkhausin H : Morjfcsr̂ jipi,1 s« trfees et se.-. Oeuwe.s dJapm fas Rapters de
L Qrêdc, Paris. 1707
Kcwmm V, tufonlevquieu, 2 volumes. 19111911.
□ceitu. |.. MontenqiJho, Paris, 1913,
Cakíwmjmnj. l ,: MontesQuieu et te Probiètne de U Canultuiuon f-ranç.,í>c- «ju
■Wlfl. Ncde. Paris, 1927
CAS>mrR,lt!iKM Fílo$affo rin b Ifudracidn, i ondo rín Cultura Econômica, Mí>w
co e Buenos Airc*, 1910 (original alemão, 1932).
Lwmvm, G : Muntcztfuicu, 1932.
SucMtSfMb. O wku > Li Sèparatton cfo R&uvúr/s itluricr de Polilique et cTHbíoi-
P®}, Paris, 1914,
V«?c.han C Studies m lhe Hismry af Polhkal Phiin.sophy, tomo t, Manches-
ler, 1939.
hiAjíAsu P̂ m íts Penstv tvrapéenne jü XV/II. ' Siède Oc Monte?quieu d Ler-
sfng, Parts, 195b.
LfROv Maíimj HJstoirc des idees Socialçs entrance, Gallimard, Paris, 194 b
CRon>«ivsí«, Riknarh Mrwíesçtríeu, Introduction à un Chuix de Textos Colk*
tion les Classiquiis dc Ia Liberté, Trote Collines. Genebra. 1947.
Vm.u. E,: Saggiv &u Montesquiett, Mílâo, 1950.
$taROSíw$Kv. | : Montesquieu par Luhmême, LeSeuil, Paris. 1953.
L oi ia, 5 : Montesqweu e Ia Sdenza deifa Sodeiã, Turim, 1953
DlrkhIiw E Múnlesquieu et Rousseaii Précurseurs de b Sacioiogie. Riviôre,
Paris, 1053.
Auhusser, Louts: Xiotjusqu/eu, Ia Pofitiqoeei 1'rtmtnire, P.U.I-., Paris, 1950.
5r*Rh, W : MoniwrjíJ^Lj. Pioneerpf the Sociologyof Knowiedge, 1960.
INTRODUÇÃO
MONTESQUÉU E O ESPÍRITO DA5 LEIS
m o n t e s q l n e u
I. A vk!íl — IT O homem. — 1IJ. O pensador e o escritor.
IV. A influência e a glória.
L — Charles-Louis de Secondat, Barão de L a Brède e de M oníesqvieu.
nasceu no castelo de L a Brède. que ainda existe cerca de cinco léguas de Bor
déus, no dia 18 de Janeiro de 1689. Em bora ú pai fo sse militar na guarda dn
corpo do rei, a magistratura dominava em sua fam ília e seu OVÕ e tio paterno
ocuparam, no Parlamento de Bordéus. a fu n çã o de presidente com barrete, onde
ele os sucedeu sem entusiasmo F o i educado com os Qratorianos de Ju iJlv e fe z ,
nessa célebre instituição, estudos nos quais adquiriu sobretudo o gosto pela H is
tória. O pai, aliás,segtíia-o atentamente em seu trabalho e não o desencorajava
em suas tendências. O jovem L a Brède f o i recebido com o Conselheiro do Parla
mento de Bordéus um ano depois da tnorie do pai„ ocorrida em 1713; em 1716,
herdava o cargo de seu tio Jca n B a p tiste e recebia o nome de Montesquíeu. C u m
priu hvnradamt ftte suas fu nções sem apaixonar-se por elas e ele próprio declara
va, HoneS!amente, nada entender de processos. N a verdade, entediou-se, logo
aborreceu-se e, assim que possível, demitiu-se dn que se lhe tornava um trabalho
penoso.
Outras preocupações solicitavam-no mais. tornando-lhe mais pesada aque
la: a paixão pela antiguidade, estudos históricos pelos quais estava mais cs ti mu
lado desde o colégio. E ssa paixão explica o fa to de ter entrado de tão boa vonta
de e voluntariamente numa Academ ia provinciana que acabava de se form ar em
Bordéus e que ele contribuiu com sua atividade para desenvolver e transformar.
A í , lia duas semanas depois de sua admissão, em abril de 1716. sua Disser t a lion
sur Ia Poliiique des Romains d;ms !a Rcligion; enveredou em seguida para as
aências puras, fu n dou um prêmio de anatomia, fazendo ele próprio com unica
ções sobre certas doenças, sobre o eco. sobre a fu n çã o das glândulas renais e
pretendendo escrever uma “ História Física da Terra Antiga c M od ern a" Essas
preocupações, das quais f o i fe liz mente afastado por outras, permanecem
significativas.
Vendeu seu cargo em 1726. A lg u n s anos antes, em 1721, haviam aparecido,
com o êxito que conhecem os, as Letlres Persanes. Pudera até essa época repre
sentar o papel de grande homem de província. L o g o Paris o adotou e ò festejou.
F o i recebido na casa do A bade A tary no "C lu b de 1'Entresol"' eparticipou com
arrojo das discussões e dos estudos políticos com que essa assembléia se deleita
va. Teria lido, em 1722, o Discours de Sylla et dliuerate, mostrando o que se
podería esperar dele em assuntos sérios. Entretanto, explorava ainda o caminho
' É poüavct, como pretende Viar, que nomeadamentp não fez paríe dele; ma* £ difíci] acr-edítos que nüo a
uvesse freqüenradò,
4 INTROD UÇÃO
que conseguira abrir com as Lettres. publicando, em 1725, Le Tempte de Gníde.
Pretendia assim agradar aos fam iliares da irmã do D u q u e de Bourbon, Srta.
Clerm um , entre os quais encontrava uma sociedade mais frívola.
Sua recepção na Academ ia Francesa f o i um pequeno drama. Fora esco
lhido desde 1725, mas o rei, ba&eando-SC no relatório do Cardeal Fleury, recu
sara sua aprovação. Discuriu-se, esforçou-se, exerceram se felizes influências,
notoriamente a. da Srta. de Lam bert. Pretende-se que f o i feita uma edição especial
das Lettres Persanes, com emendas ou supressões, de m odo que pudesse ser m os
trada ao ministro, m as trata-se de uma lenda. Simplesmente Fleury ouviu o autor
desculpar-se por ter publicado anonimamente um livro que sua qualidade de
magistrado o impediría de assinar, recebeu garantias e, enfim, cessou 0 ostra
cism o. Montesquieu entrou para a A cadem ia no dia 24 de janeiro de 1728, onde.
aliás, apareceu muito pouco.
N esse mesmo ano, empreendeu longas viagens que fo ra m , sobretudo, via
gens de estudo. Passou p or Viena, atravessou a Hungria, deteve se em Veneza,
onde encontrou duas personalidades ilustres e singulares: La w T o hom em do "sis
tema ", e o Con d e de Bonneval, que, oficial francês, depois general austríaco,
com pletava sua carreira fazendo-se m uçulmano e lornando se paxá de dois
rabos. D epois visitou M ilã o . Turim, F b r e n ç a ; em 1729r R om a , Nápoles, o Tirol,
a Baviera e as margens do R eno até os Faíses-Baixos, voltando dai para Londres,
em fin s de outubro, no iate do Lorde Chesterfleíd.
A Inglaterra era seu objetivo principal e aí permanecería dois anos. Tal
com o outros viqjam es antes dele — Voltaire.por exemplo — , fico u surpreendido
e depois seduzido. Entretanto, não perdeu o discernimento. Surpreendia-se que.
nessa nação. Se pudesse criticar livremente o governo e que este subsistisse.
Com praz ia se pelo fa to de não haver Bastilha. Todavia, não deixou de observar
e de notar os excessos a que pode levar a lula entrú partidos. , . e entre homens.
M a s a impressão, no conjunto, f o i ião fa vorável quanto profunda e podem os ver
a que ponto q Espírito das Leis sofreu sua influência.
F o i recebido da maneira mais lisonjeira. Tornou-se membro da A cadem ia
Real de Londres, travou conhecimentos com Walpole; Swtft, Pope. Encantava-se
com o que via e com o que os novos costumes políticos lhe permitiam descobrir.
Retornando à França, em 173i . rettra-se para L a Brède, organizando suas
informações e meditando sobre elas. Quase não sai durante três anos. L ê , na
A cadem ia de B ord éis, duas memórias, uma, Sur les Intempéries de la Campagne
de Romç* e outra. Sür la Sobriéte des Habitams dc Rome Comparée à
flntcmpérance des Anciens Romains. Esses títulos dizem de suas preocupações
e sua atividade intelectual. Ü resultado fo i , em 1734, as Considéraüons sur les
Causes dc la Graridcur des Romains et leur Dccadence.
Esse livro não teve a mesma repercussão das Lettrês Persanes e mesmo só
obteve êxito relativo. M as conferiu ao autor uma reputação de seriedade e fe z
com que muito se esperasse da grande obra que se sabia estar sendo preparada.
Esse trabalho, ao qual nos referiremos adiante mais amp lamente, apareceu em
1748.
Entretanto. M ontesquieu continuava u viver em L a Brède e dispensava espe
ciais Cuidados a esse domínio a que amava, melhorava, e onde cultivava vinhas,
cujo produto vendia bem, N o entanto, esse provinciano estava hnge de desprezar
ou negligenciar Paris, para onde viajava urmúde. to mando contato com a socie
INTROD UÇÃO 3
dade. Possuía admiradores e amigos. Frequentava os salões mais cékbres, os da
Sra, Geojfrin, da Sra. du Tencin e da S t a, du D ejjnnd, e ntammha suas relações
no difícil mundo das Letras. Se Voltaire tinha lhe p ou ca estima — certas glórias
dificilm ente suportam outras — , d A rgensón, o protetor de Valtaire, dedicava-
lhe muita afeição. N a Europa, onde já era hem conhecido , após a publicação do
Espírito das Leis. sua reputação aumentava. F o i nomeado, em 1746, membro da
A cadem ia Real de C iene ias de Berlim .
Su a vida, entretanto, decorria sem grandes tributações e sem outros aconte
cim entos além dos espintuais. A velhice poupava-oT com exceção de sua vista
que se enfraquecera mu tio. M orria em Paris, durante uma de suas viagens, após
curta doença, a 10 de fevereiro de 1755. com sessenta e seis anos.
Esposara, em 1715> Jetum e de Lartigue, filh a de um tenente-coronel, que lhe
dera um filh o e duas filh as.
I I . — “Sempre inclinado tf br an dura e à humanidade, receava mudanças
das quais os maiores gênios nem sempre podem prever as consequências. Esse
espírito de moderação com o qual via as coisas na calm a de seu gabinete, aplica
va-o a tudo e conservava-o na tumulto da sociedade e no ardor das conversações.
Encontrava-se sempre o mesmo homem com todos o í tons. Pareciar então, ainda
mais maravilhoso do que em suas obras: simples, profundo, sublime, encantava,
instruía e nunca ofendia. Tive a felicidade de viver nas mesmas rodas que ele. Vir
partilhei a impaciência com que era sempre esperado, a alegria com que o viam
chegar.
“Sua figura modesta íí desembaraçada a&Sèmelhava-se à sua conversa; seu
porte era bem proporcionado. Em bora tivesse perdido quase inteiramente uma
vista e a outra tivesse sido sempre muito fra ca . nada se percebia; sua fisionom ia
reunia a doçura e a sublimidade
" F o i muito negligente em seus hábitos e desprezou tudo o que estava além
do asseio. S é vestia os tecidos mais simples e nunca lhes acrescentava ouro e
prata, A mesma simplicidade encontrava-se em sua mesa e em todo 0 resto de
sua econom ia; apesar das despesas advindas de suas viagens, de sua vida na alta
sociedade, da debilidadede sua visto c da impressão de suas obras, não consu
miu absnlutamente a medíocre herança de seus pais e desdenhou aumentada,
malgrado todas as ocasiões que se lhe apresentavam num país e num século em
que tantas vias para afortuna estavam abertas ao menor mérito. "
A ssim se exprim e M aupertuis no elogio fúnebre a Monte&quieu, pronun
ciado em 5 de ju n h o de 1755, na assembléia pública da Academ ia R eal de Ciên
cias de Berlim ' . Empenhamo-nos em citar todo o trecho porque ele nos parece,
com ju steza e moderação, expressar a verdade. Qualquer que seja a opinião que
examinarmos acerca das idéias ou da arte do autor do Espírito das Leis. nao lhe
podem os recusar a homenagem devida a dignidade, ã perfeita perseverança, <5
bondade que uma grande reserva nas maneiras nem sempre logrou dissimular, e
m s escrúpulos extremos e muito louváveis nos exercícios da inteligência.
Considerando o conjunto desse caráter, vemos que o que ai dominou f o i
essa inteligência mesma- Montesquleu viveu sobretudo pelo espírito. F o i real
mente um homem honesto, bom pai, provavelmente bom esposo, generoso, pron
to a se dedicar ao bem público e, de outro lado, homem de pensamento, apti-
' Enconcrá to sinua ilj ediy-iu LâbüuLu>c, t, I, paga, | a 2í,
6 INT R O D UÇÃO
cando sua inteligência nas diversas circunstâncias da vida: sua obra micialmenle
0 solicita, o dirige e permanece sva principal preocupação.
N ã o que nesse jo g o de inteligência ele se despoje da sensibilidade ou mesmo
de uma certa vivacidade de impressões. E le é essen ciai mente bom , embora de sin
gular pudor ou de singular prudência na sua bondade; gosta de fica r txnôn imo na
prática da virtude e contaram nos que, para se subtrair ao reconhecimento, recu
sava confessas se autor de um benefício*. M u ito abertamente declara se a fa vo r
de uma justiça estreita ou contra os abusos, e vemo-lo escrever â M arquesa de
Pom padour em fa v o r de Piron que um poder muito circunspecto afasta da A c a
demia. Agradável e benevolente na sociedade, por outro lado, ai se coloca em seu
lugar e não se proíbe a necessidade de uma malícia bastante picante. Tem plena
consciência de seu valor e talvez não tenha agido de form a mais direta do que
pelos escritos por fa lta de ocasião. Num a época, p o r exem plo, desejou "ser
empregado numa corte estrangeira". ' ‘A s razões pelas quais se dá atenção a
mim escreve ao A b a d e d Q íiv e t* . "devem-se ao fa to de que não sou mais idiota
que os outros, de que tenho minha fortuna fe ita e de que trabalho pela honra e
não para viver, e porque sou sociável e bastante curioso para ser instruído em
qualquer país em que esteja, " E , tendo o Padre Tournemme o amofinado a p ro
pósito das Lettrcs Per sanes, vingou-se desse jesuíta ávido de popularidade, repe
tindo na sociedade com um jeito friam ente escarnecedor: " Quem é esse Padre
Tàurncm ine? N unca ouvi falar dele "
Devem os dizer agora, para uma apreciação correta nesta visão moral de
M ontesquieu. que f o i eie um homem fe liz c de um otimismo inacreditável nesta
vida cujos fundam entos tão bem discernia, Se pôde dizer. numa fra se célebre, que
a leitura o consolou de roda mágoa, é porque, evid&i temente, nunca conheceu
mágoas, E estas linhas espantosas de seu "diário " o confirm am :
"Parece-m e que a Natureza trabalhou para os ingratos: som os fe lizes e ijo í-
sos discursos são tais que parece que não O suspeitamos. Entretanto, encon
tramos prazeres em roda parte; estão ligados a nosso scr e as penas não são
xenão acidentes .E m toda parte, os objetos parecem preparados para nossos pra
zeres: quando o sono nos chama, as trevas agradam-nos, t quando despertamos,
a luz do dia encantamos. A Natureza é enfeitada de mil cores; os sons agradam
nossos ouvidos; as iguarias têm gostos agradáveis, e, com o se não bastasse a fe li
cidade da existência, cumpre ainda que nossa máquina necessite ser reparada
para nossos prazeres “6.
Por essa euforia, com prazersc-ia em saudar um contemporâneo de R ou s
seau. Entretanto, pelo tom da sensibilidade, com o pela fe içã o de espírito,
Montesquieu permanece na primeira parte do século. Púr mais distinta, por mais
decente, pode se dizer, que seja sua libertinagem, eia existiu, c se ele teve algumas
observações corretas sobre a amor, se tão elcgantcmenre notou, de passagem, o
frescor de seu nascim ento6, sentimos bem que não teve hi&tóría amorosa. Tam
bém aqui. o espirito ê que o conduziu.
' Uma comprovação disso c -3 oputi&o de Bmnctièce, muito insurieiertLcmenrLí matizada mui que riàó se subtrai compteuuncntc k Virdade: "LJ.lt \ Maniesquieu] srn de uma umabilidadc jeca ç de uma beneficência magnânima. A ií nas fórmulas de Sins polidei colocava não sei que de iícnico; existe algo de enigmático c desdenhoso aié em soa arte de afcmdítr". ft.rudn Critiques xur ítfístóire <)< ict Ltiiérature FrmÇOfíe, I,' serie, pig. 251.)
1 10 de maio de 1128.
s Cúkters, cd. Grassei. pá&. 20.
u Vçde também C.nhicrs, púg tÇ»
INTRODUÇÃO 7
Q uai era. pois, a natureza desse espírito? Em sua estrutura — e qualquer
que lenha sido sua originalidade — ele permaneceu um homem de sua época.
M ontesquieu — se alguma vez pertenceu a alguma seita, se nunca se encerrou
muito esrreitamente em algum sistema — mesmo o seu tem todas as tendên
cias, as inclinações, as prevenções e, ousemos dizer, as insuficiências de um “/dó
safo*', rto sentido em que esta palavra é entendida na história do século. Em p olí
tica, orientou-se pelo horror ao despotismo; em religião, pelo horror ao
fanatism o. E cumpre observar que ele deixa transparecer quê, desse despotismor
vê alguns exemplos na história ainda muita recente do último reinado, e que,
desse fanatism o, vê traços sensíveis e presentes na Igreja. D isso não tirará todas
as consequências e não desejará qualquer revolução, et se prepara uma, quase
não lería suspeitado nem de sua extensão nem, talvez, de sua possibilidade." não
pudem os dizer que tenha sido abertamente racionalista, mas evita elevar-sc
acima da razão. E . em seu com bate, com moderação e decência, enconnra-se com
os enciclopedistas; estes, de fa to , o reconhecem, e Voltaire escreve com alegria,
satisfazendo ao mesmo tempo sua malícia e sua paixão: "Montesquieu, em rela
ção aos sábios, esteve sempre errado, porque ele não o era; mas sempre teve
razão contra os fanáticos e os promotores da escravidão " f .
Esta maneira de pensar não deixou de marcar sua maneira de ser; certa con
cepção do mundo e certa concepção do homem o influenciam reciprocamente.
AJirrnem o-lo claramente: M ontesquieu não p ossu i sentimento religioso e não pa
rece supor a possibilidade da ação do sobrenatural na econom ia do universo,
opondo sc assim a Bassuet, do qual não se aproxima sem imprudência. Tem uma
alta concepção do homem p lhe impõe um belo destino: não lhe permite ultra
passar o homem. S c sc refere às coisas da metqfísica. a D eu s, à alma. à imortali
dade, inclina se e as considera com o dados úteis, mas cuja utilidade não implica
necessariamente a existência. Sainte-Beuve, chocado com o fa lo , disso extraiu
um julgam ento decisivo.
“H á «essas palavras ", escreve ele depois de ter citado o texto, "a medida da
crença de Montesquieu e de seu nobre desejo; até na expressão desse desejo intro-
duz-sc sempre a suposição de que, mesmo quando a coisa não existe, seria me
lhor crer nela. N ão lamento esta homenagem rendida, cm todo caso, à elevação
e ô idealização da natureza humana, mas não me posso impedir de observar que
isso significa tomar e aceitar as idéias de ju stiça e de religião antes pelo aspecto
político e social do que virtualmente c nelas próprias. Montesquieu, à medida que
se despoja da ironia das Lettres Persanes. penetrará cada vez mais nesta via
respeitosa, pelos objetos da consciência e da veneração humana: não creio que
ele tenha entrado por este caminho mais intimamente. Q ue resulta disso? É que,
no meiode suas parles majestosas, uma espécie de aridez penetrará. E le tem
idéias ntas não tem, jú se ubservuu, sentimentos políticos. Falia uma espécie de
vida, um liame, e sentimos mais um cérebro poderoso do que um coração, fies
salto, se não o lado débil de um grande homem, pelo menos o lado fr io ” H.
III . — Hão justamente estes os limites de M ontesquieu. Talvez fo sse
conveniente acentuá-los de m odo menos sensível; talvez os escrúpulos do pensa
dor e do artista tenham levado o homem a ocultar parcialmente sua generosidade
7 Dictiüfinaire Phüúfophüfue, La is ÍEsprit des).
■ JLc j C rw r f í jfíTÍVffiBS Fralçais, por SwftlC fteuve (ed. A liem . s£c. X V III. ' ‘ P h ib sap h es et S iv a n ts " * tom e
t, pag* 39 ±0)-
8 INTROD UÇÃO
Ou sua profundeza. M ontesquieu dirige-se a seu objeto que é uma demonstração.
Pretende-se experimental e permanece sobretudo dogm ático. Parte de princípios
e. embora eu não afirme que estes princípios sejam seus humores, deles muitas
vezes se ressentem, com o é o caso de seu duplo ódio contra o despotismo e o
fanatism o, que desempenha um importante papel. C ita vários exemplos mas nem
sempre parte deies, frequentemente os arruma. É preciso que o clim a disponha
coisas de uma certa maneira — e eis que elas assim se encontram dispostas. A
natureza pôde querê-lo, e p od e ocorrer também que a inteligência aí descubra
mais do que ela colocou e pague, de um lado. sua engenho sidade. D a í a impres
são que nos fic a — principalmente da leitura do Espirito das Leis — de uma
filo so fia política amiáde polêm ica. mais do que de uma verdadeira filo so fia da
história. M as levado assim por seu temperamento, sua paixão, sua paixão de
espírito, Montesquieu ttâo deixa de dominar sua matéria, atendo-se apenas a seus
objetivos, mantendo-se dentro dos limites da tradição clássica, não pondo seu
pensamento a serviço de interesses ou de ódios. N ós o aproximamos dos enciclo
pedistas. mas cuidaremos de não o confundir com estes: eie adotaria, segundo
sua necessidade, algumas de suas condusòes. N ã o há nisso m á f é . Partidos pode
rão reclamar tê-lo consigo, sem que ele possa alguma vez ser acusado de partidá
río. O que ele procura, tanfo quanto é capaz, sem prevenção e sem medo das
consequências, é a verdade; exerce sua inteligência com a única preocupação de
satisfazè la, Apenas isso o colocaria muito oito.
Cênsuram -se-lhe os erros de docum entação mas permaneceremos indul
gentes se considerarmos que a tendai, p or vezes, ilustra melhor a verdade do que
a História a ilustraria e que um mau exemplo p od e provar algo tão bem quanto
um bom exemplo. Sou be Montesquieu esboçar, do mundo ou das partes do
mundo que examinou, uma construçâq engenhosa e soube des lindar, com uma
ciência muito perspicaz, as m olas da política. Estas análises que, no século ante
rior, haviam sido bem desenvolvidas, a fim de descrever a vida moral, ele as apli
ca ás coisas da sociedade, às leis, aos acontecimentos da História e n isso reside
seu papel específico e sua novidade.
F o i dito e rédito — com razão — que a frase clássica, harmoniosa e em
períodos divídiu se na época seguinte, e que a escrita viva e aguda substituiu a
eloquência grave. A Igo de análogo ocorreu no que diz respeito ao conteúdo e ao
pensamento. Renunciou se às grandes considerações c às máximas universais
para examinar a minúcia c o puro jo g o das força s naturais. N a História. por
exem plo, acompanharam-se mais pormenorizadamente os acontecimentos e real
çaratn-se os traços da matícia humana mais do que a Providência Divina. Se isso
não f o i completamente benéfico, ttâo deixou de ter sua utilidade. Também aqui
podem os ver em Montesquieu um homem e um grande homem de sua época. Se
suo fra se cortada e cortante não possui o briiho maravilhoso da de Vohairc. per
manece ela suficwntemente fin a . sóbria, penetrante, incisiva e perfeitamente ade
quada ij espécie de dialética em que ele a emprega: sua meditação igual mente
segue 0 ritmo dos novos movimentos. Montesquieu não mais examina nos desti
nos do homem c s desígnios de D eus; o hom em , ele só o procura em si mesmo,
em sua natureza, em seus apetites, em seu gênio. Porém , a essa tarefa mais com e
d\da, acrescenta uma grande perspicácia e abre o caminho — ou p elo menos
perspectivas novas — aos brilhantes pugiios de historiadores ou de filó so fo s que
mais tarde o seguiríam.
INTROD UÇÃO 9
I V . — Montesquieu f o i devidamente apreciado p or seus contemporâneos;
sua glória cresceu com ele e desenvolveu-se na medida em que se desenvolviam
as consequências de sua doutrina. Nada mais namral que a R evolução a adoras
se. e ela o fe z com essa espécie de estrépilo que insere em rodas as coisas- M a r ai.
coisa que o íeria envaidecido p ou co, concorreu para seu louvor. Um decreto.
aliás sem efeito, concedeu-lhe o Panteon. Um funcionário das duanas com pôs
um poem a de vinte e seis cantos para o celebrar e os livreiros regozijavam-se
com as reedições anuais de suas obras. O s legisladores das novas legislações
aplicavam seus princípios e, se Montesquieu deveria sofrer um eclipse esperado
durante o im pério. readquiriu seu lugar nos debates parlamentares da Restaura
ção. Sabem os o que a Constituição republicana francesa lhe deve com seus três
poderes e suas ilusórias separações dos poderes.
Pensador, político, para nós ele permanece sobretudo um literato. Vim os já
a apreciação justa que dele fa z ia Sainte-Beuve. Taine, retomando-o nesse terreno
da arte, assim escreve;
"P elo tom e pelas maneiras. Montesquieu é soberano. N ão há escritor que
seja mais senhor dc si, mais calm o exteriormentç. mais seguro de sua palavra.
N unca sua voz é tumultuosa; diz comensuradamente as coisas m ais fortes. N ada
de gestos; exclamações, arrebatamentos de estro, tudo o que seria contrário ao
decoro repugna a seu tato, à sua reserva, a seu orgulho. Parece que ele fa la sem
pre diante de um pequena círculo escolhido de pessoas tnuito fm a s c de maneire
a lhe dar. em cada momento, ocasião de sentir a sua fineza. Nenhum a lisonja
mais delicada; sentimo-nos gratos por nos tomar contentes de nosso espírito. E
é necessário possuído para o ter, pois, proposltadamente, ele abrevia os desenvol
vimentos, omite as transições; cabe a nós suplementá-ios, entender seus suben
tendidos. N ele. a ordem é rigorosa, mas está oculta e suas frases descontínuas des
fila m , separadamente, com o caixas ou cofres, ora simples e sem ornamentos, orc
m agnfiçam ente decoradas e cinzeladas, mas sempre cheias. Abra-as .* cm cada
uma há um tesouro
H á efetivamente, nesse trecho um pouco carregado, o que M ontesquieu
também nos fa z sentir. Confessem o-lo, ele é lido talvez um pouco menos — t
sem razão — em suas partes sérias, e demoramo-nos mais nas Lcures Pcrsanes
do que no Espírito das Leis. M a s conserva seu prestígio e seu êxito. D e fa to .
vemos isso atualmente quando o Sr. B cm ard Grassei publicou uma engenhosa
seleção de seus Cahiers onde o filó so fo de Brède anotava seus pensamentos, seus
projetos ou já preparava seu texto. E , efetivamente, revelava-se aí, num primeiro
Impulso e na exteriorização imediata do pensamento, uma espontaneidade parti
cular. E com essa recrudescência de popularidade o público iucrau tanto quanto
a memória do próprio escritor,
O s descendentes de Montesquieu haviam entregue, tardia e muito discreio-
mente, para uma tiragem limitada, em JS 8 9 , uma edição desses Cahiers. E a
obra de seu ilustre antepassado ê aumentada em edições sucessivas, cuja mais
com pleta era a de Laboulaye, publicada de 1875 a 1879, c com as Mélanges do
Barão de Montesquieu, aparecidas em 1892, em diversas partes. F o i assim que se
tomaram conhecidas, cm 1782, a "história oriental" Arsace et Isménic, com
posta desde 1754, e, em 1757, o E&sai sur le Goüt dans les Choses de Ia Nature
B Origines de lo Frasee Contemporaine.1.1 .
10 INTRODUÇÃO
et de ?Art. E muitas coisas obscuramente contidas nessas Mél auges — com o,
por exemplo, uma curiosíssima Hístoirc Véritable — mereceríam ser mais bem
conhecidas. Esperam os poder apresentá-las a um público mais amplo.
D o E s p ír it o d a s L e is
I. Sua composição. — II, Seu conteúdo. — III. Sua publicação.
IV. Seu alcance.
/. — Apenas escrevemos um livro em nossa vida ou reescrevemos várias
vezes 0 mesmo livro. O de Montesquieu f o i o Espírito das Leis, no quai pensava
desde sua juventude, para o qual recolhia elementos durante sua carreira de estu
dioso, o qual confrontava antecipadamente, em suas viagens, com « realidade.
N esse livro M ontcsquieu expressa todo o seu pensamento, se ê que seu pensa
mento tinha aflorado em mais de um ponto em suas obras anteriores. M a g is
trado. enfim, e filó so fo , fo r a levado por sua fu n çã o e por sua fineza de espirito a
elevar este monumento a legislação e a mostrar, em a explicando, de que maneira
se poderia pensar em aperfeiçoá-la.
’*0 Espírito das Leis", escreve Vian1 c, “f o i vislumbrado nós bancos da es
cola de direito de Bordévs, esboçado nas Lcttrcs Pct sana*, fecundado nas viagens
de seu autor, e parulisado na época da Grandeur des Romaíns. Entretanto, supo
nho que Montesquteu, para a com posição de sua grande obra. m uito aproveitou
de suas relações. ” Com preendam os que ele se documenta em tudo que pode; não
podem os duvidar disso que já transparece em suas notas. Utilizou tanto as fontes
1 orais com o as escritas, sem as controlar sempre com rigor, ç delas retirando
complacememente o que o podia melhor servir. É assim que, entre muitos outros.
consultou o erudito Barbai, um de seus antigos condiscípulos. presidente da
Cour des Aides*1 de Bordéus, e utilizou as pesquisas efetuadas pelo seu secre
tário d*Arcei.
Sabem os o momento em que essa longa preparação terminou. Em de
agosto de 1744, M ontesquleu escreve de Bordéus ao Padre- G u a sco: . C ô n s u l
tur vos ei sobretudo a respeito de minha grande obra que progride a passos de
gigante desde que não mais sou distraído pelos jantares e ceias de Earis D e
fa to . por essa época, ele se retirara para Brède para trabalhar co n tin u a d a m en te.
Em 12 de fevereiro de 1745, efetuava uma leitura de conjunto para seu fd h o e
para o padre, em casa do presidente Barbot. Em 1747. podia pensar na impres
são, fazendo a última revisão nos derradeiros capítulos, com um ardor qnp o
esgotava.
“ Várias vezes com ecei e várias vezes abandonei esta obra", escreve ele em
seu prefácio, “ m il vezes abandonei ao vento as fo lh a s que escrevera: sentia todos
115 Obra citada na nota bibliográfica.11 No regime feudal francas, as fiútoi (do lnrirn. uuxiiiumf constituíam prCsta-ÇOts pecuniárias que OS vassa
los dever iara pag.3ir ao súUaam) cm csuos e*ctpciúnais (quando este pania para cruzada, quando casava -SCU
filho ou filha primogênita etc.). Em meados do século XTV as eides passaram a ser arrecadadas regular
mente etn favor d» monarquia. A&Caura JesAtdtt, instituídas rU) começo do século X V T eram tribunais que
deverianijuJjjar ,v respeito de todas as “ ajudas” e também ias gabelas. talhas, etc (N do T.)
INT RO D UÇÃO 11
os dias as mãos paternais tombarem; seguia meu objetivo sem form ar desíg
nio . . . "D e v e m o s ver aqui os tateamentos, as perturbações e as dúvidas da ges
/ação, e também um certo m élodo de trabalho que possui seus inconvenientes:
proposiladamente Montesquieu procede por partes separadas. D esde 1736
d Argcnson tivera, assim, conhecim ento de uma parte da obra. TalVêz tSSO expli
que melhor, então, certa incerteza no plano, essa acumulação fatigante dos capi
tulos, reduzidos, p or vezes, a algumas linhas, o que dispersa um p ou co a atenção.
M a s o procedimento não é apenas um procedim ento; ele tem sua razão pro
fu n d a e relaciona se com a própria constituição da inteligência que dele fa z uso.
Montesquieu ainda no Io ensina. "Porém , quando descobri meus princípios",
escreve ele ainda na mesma passagem, "tudo quanto procurava a mim m e veio e,
no curso de vinie anos, ví minha obra com eçar, crescer, progredir e termi
n ar . , * " Veremos o que são esses "princípios ”, o que eles valem e aonde conéu
zem na concepção; esperando, veremos o que eles Fazem e qual o seu papel na
execução: representam eles algumas opiniões gerais do espírito em torno das
quais as observações, as noções e os conhecim entos ordenam-se à medida que
este espírito progride na diversidade das coisas. E è assim que aparece todo um
sistema claro e múltiplo de deduções onde os fa to s particulares vêm confirmar as
idéias gerais c o n d e as idéias gerais dão uma coerência por vezes muito rigorosa
aos fa to s particulares. E tal é a armadura — de onde o Espírito das Leis extrai
uma fo r ça C um aspecto de regularidade - que algo de arbitrário quase não
p od e deixar de passar.
I I . — O s dez primeiros livros do Espírito das Leis, depois de terem defi
nido a natureza das leis próprias ao hom em, as consideram em relação à form a
do governo; sabe-se que M ontesquieu distinguiu três fo rm a s de governo: a tira
nia, a monarquia e a democracia, com seus fundam entos, respectivamente, no
m edo. na honra e na virtude, com a condição de serem estas palavras entendidas
num sentido político, sendo a "virtude", a virtude cívica. A partir do livro V IU
considera Montesquieu a corrupção dos princípios dos três governos e a maneira
pela qual esses governos se consentam . O s livros X t , X t l e X I J J examinam as
condições da liberdade política e o capítulo V I do livro X I é a exposição apolo-
gética da Constituição inglesa; do livro X I V ao X X temos a fa m o sa teoria da
" c lim a " c suas consequências O s livros X X a X X I I I relacionam-se às circuns
tâncias ou aos efeitos mais exteriores da indústria, do com ércio e da demo grafia;
os livros X X V I e X X I X são uma conclusão geral; encontram-se ligados aos li
vros X X V I I e X X V I I I , sobre as revoluções das leis em R om a e em França; os
livros X X X e X X X I — teorias das leis feu dais — constituem tratados especiais
em fo rm a de apêndice. E esses quatro livros, na afirmação do autor, são efetiva
mente adições. Eles dao a esse f im uma aparência de desordem que prejudicou o
plano de M ontesquieu, mas quando se considera o conjunto da obra vê-se que. se
ela está excessivamente parcelada, não deixa de se delinear em linhas assaz
nítidas.
Por que meios e com que intenção é tratada esta vasta matéria? É aqui que
retornamos a esses "princípios "q u e esclareceram o caminho do autor desde que
ele os co ncebeu, e basta também tomar emprestado suas próprias palavras. Veja
mos o capitulo I I I do primeiro livro. " A lei, em geral, dizem os, ê a razão huma
na, na medida ertl que governa todos os p ovos da terra, e as leis políticas e c m s
de cada nação devem ser apenas os’ casos particulares em que se aplica essa
12 INTRODUÇÃO
razão hu m a n a .” E la s serão, portam®, relativas à geografia, à geologia da país, a
seu clim a, à raça, a os costum es, às crenças, às '‘inclinações ”, aos recursos dos
habitantes E la s p ossu em , enfim , relações entre si e quanto a sua origem c seu
destino. " E preciso COnsiderá-iaS em todos esses aspectos", acrescenta o escri
tor. ,r " Ê isso que pretendo realizar nesta obra. E xa m in a rei todas essas relações;
fo r m a m elas, no seu con ju n toT o que cham am os d e Espírito das L e i s ."
É o que denominaríamos uma filosofia da jurisprudência. Trata se. com
efeito, de examinar a disposição dom éstica, política, social, que reclama a natu
reza das coisas, de v e r se a realidade está conform e a essa disposição e justificar
sua necessidade pelo êxito ou pelo malogro. E is p o r que a exposição teórica sc
duplica e se apoia num conteúdo histórico tão extenso quanto possível e mima
pesquisa de legislaçãocomparada. H á. p ois, no Espírito das Leis um quadro
ideológico e um conteúdo documentário. Utn e outro podem ter envelhecido ou
podem parecer, o primeiro muito sistemático e o outro insuficientemenie crítico.
A novidade consistia em procurar o laço que os unia e em indagar suas razões
em códigos arbitrários ou contraditórios, para descobrir com o um código ideai
paderia concordar com a razão.
í í í . — D ep ois de ter hesitado entre Basiléia. Sóíeure e Genebra. M om es-
quieu decidiu se a escolher esta última cidade para a publicação de sua obra.
Con fiou o s cuidados de revisão das provas ao ministro Ja c o b Vernet que as exa
minou escruputosamenie, apresentando suas objeções ou reservas. A sslm é que
achou deslocada a "invocação às M u sa s", colocado d fren te do X X livro, obten
do de seu amigo a supressão. E le o encorajou, p or outro iodo. a manter um capí
tulo sobre as ordens régias que M ontcsquicu não desejava, e nisso não obteve
ganho de causa. Enfim . Montesquieu não temia tomar se de responsabilidade,
durante a impressão, das correções de pormenores sobre as quais f o i necessário
retomar nas edições ulterU/res. N o últim o m om ento, acrescentou os dois livros
de adições, aos quais ja nos referimos, O livro apareceu em novembro de 1748
em dois in-4.if sob o seguinte título: Do espirito tias leis ou das relações que as
leís devem ter com a constituição de cada governo, com os costumes, o clima, a
religião, o comercio cic. Ao que o autor acrescentou pesquisas novas sobre as
leis romanas referentes à$ sucessões, sobre as leis francesas e sobre as leis
feudais,
Quanto ao êxito da obra. M ontesquieu permaneceu cético. “S e me é perm i
tido predizer a fortuna dc meu trabalho ", escrevia então em seus Calticrs, “ele
será mais aprovado do que lido; semelhantes leituras podem ser um prazer mas
nunca serão um divertimento- " E r a bem sutil, mas se enganava;foi mais lido do
que aprovado, ou pelo menos uma aprovação retumbante encontrava Còntradí
çôes. Vinha a Genebra onde era necessário quase imediaiameme reimprimir,
H ouve vinte e duas edições em menos de dois anos e traduções em quase todos
os países, A obra não era tampouco menosprezada pelos conhecedores, apesar
d c seus amigos lamentarem que eles não a tivessem acolhido com a reverência
que a gravidade dô assunto com portava e que gracejassem e respeito dela. E é
verdade que a fra se da Sra. du D effand dizendo que o Espírito das Leis era “o
espírito sobre as leis " era sohremdo dito espirituoso. M a s Voltaire, suscitando
reservas muito interessadas, colocava a coroa sobre a cabeça dú triunfador, llO
gênero hum ano", proclam ava ele, “perdera seus títulos: M ontesquieu íhos
restiiuiu. ”
INTROD UÇÃO
H ou ve, p ois, em forno desse acontecimento literário o iipo de repercussão
que deveria wr esperado, tagarelices, falatórios, palavreados. Um magistrado
ridículo deplorava que o livro fo sse chão e que ele próprio tivesse sido plagiado.
Um a oposição mais perigosa surgiu por outro lado. Monresquieu tivera que locar
na religião e em certas ordens religiosas; não nos devem os espantar que tivesse
resposta. O s jesuítas fo ra m decentes e as Mémoires de Trévoux. em f 749, p ela
pena d o Padre Berthler. exprimiam-se em termos moderados; criticou-se prirtei-
pa!mente ao filó so fo ter reduzido demasiadamente o homem a si m esmo e tê-lo
privado dos auxílios de Deus: Oi' jansenistasforam mais violentos O Padre de ía
R o ch e, em Nouvcl |çç Ecclés iasíiques, de 9 e 16 de outubro, acusou Montesqviau
de impiedade, de ateísmo e de espinozism o, denunciou sua obra com o escanda
losa e pretendeu ver nela o fru to da Constituição Unigenitus. Outros fora m mais
longe na invectiva c um Padre Bonita ire, em 1751, no íísprit des Lo is Quintes-
sencié par une Suite de Lettres, A mal fiq u es, tratava Montesquieu de "hom em de
quimeras que brinca Com a razão, com os costum es e com a religião, de político
que desarrazoa. de retórico sofista, de pensador volúvel, de D o m Q uixotc e de
C u p id o . . . " Vian lembra que, por volta do mesmo período, outro jansenísia, o
Padre Gautier, em suas Lcurcs Persancs Convaincucs d ímpiétc. simplesmemç
chamava Montesquieu dc "porco " ê de "alma lodosa. . . "
M ais didático, o PadreD eiaporie, f 750, publicava uma Coletânea de artigos
sob o título: Obscrvations sur PEspríl des Lois ou 1’ Ari dc Ure ce Livre, dc
rEniendrc et d'crt iuger. O Padre Cústel, no Hymmc Morai (1756), acusava
M ontesquieu de ser anglicana. O contratador geral Claude Dupin, genro dc Sa
muel Bernard, apresentava üs Réílexions sur Qtielques Parties d'tm Livre Iratilu
lé: Dc PEspric des Lois, cuja oportunidade se explica quando se pensa na livre
maneira em que as fo rça s do dinheiro sâo consideradas no Espírito das Leis.
Finalmente as autoridades foram despertadas. M as foram benignas. Uma
censuro de Rom a. muito discreta, em 1752, passou discretamente; a Sorbanne,
após o inquérito„ não parece ter-se pronunciado.
Montesquieu. pelos conselhos insistentes do Padre G u a sco . decidiu-se a res
ponder às objeçâes mais graves que lhe eram dirigidas, isto é, as que diziam res
peito à religião, e publicou, também em Genebra, em 1750. urna Délensc de
1'Esprit des Lois anônima. Era uma resposta demasiado longa, pormenorizada,
em que ele procede principalmente opondo seus próprios textos u seus acusado
res. Procura desfazer-se Intclalmente das grosseiras criticas de ateísmo ou de
espinozism o que lhe acumularam. E delineia nitidamente sua atitude a respeito
dc uma f é que reivindica. "São passagens form ais " escreve ele, depois de ter cita
do a s i próprio, '‘onde vemos um escritor que não somente crê na religião cristã
mas ú ama. " Urna declaração tão manifesta deve ser conservada. S e nos atemos
simplesmente ao tom . cis aqui algumas linhas onde encontramos o melhor da
ve:'a e do espírito do escritor. Trata-se de B ayle, do qvaf o acusaram de louvá-lo
muito.
“E verdade que a autor cham ou Bqyle de grande hom em ; m as censurou
suas opiniões; se as censurou, é porque não as aceita. E , uma vez que as com ba
teu, não o chama de grande homem por causa de sitas opiniões. Todos sabem que
Bayte tinha um grande espírito, do qual abusou; mas esse espírito, do qual abu
sou, ele o possuía O autor combateu seus sofismas e lamenta seu dexregram&uo.
N ã o aprecio as pessoas que derrubam as leis de sua pátria: mas dificilm ente
13
14 INTROD UÇÃO
acreditaria que César e Çrom w eü fossem espíritos medíocres; não aprecio os
conquistadores, mas dificilmente podería persuadir-me que Alexandre e Gêngis-
C ã tenham sido gênios com uns. N ão teria sido necessário m uiio espirito ao autor
para dizer que Bayle era um homem abominável, mas ele parece não gosiar de
injuriar. seja porque tem esta disposição por natureza, seja porque a recebeu pela
educação. ”
Montesquieu dividira sua "defesa” em três partes. “ N a prim eira", escreve,
“ respondeu-se tis criticas gerais endereçadas ao autor de L ’Esprit des Lois. Na
segunda, respondeu-se às críticas particulares. A última contém reflexões sobre
a maneira pela qual o criticaram . , . "Apresentam os, com o apêndice, esta última
parte que, ultrapassando as particularidades do assunto, permite completar
nosso conhecimento da doutrina, do método e do próprio espirito do escritor.
O s adversários, mesmo após a condenação pelo Index, em 1752, retorna
vam à carga. Tom avam com o pretexto uma Suite de la Défense de IT.sprit des
Lois, surgida em Berlim em 175!. atribuída « Montesquieu e obra do plagiador
L a Bauntelle, que não tratava menos engenhosamente o Presidente do que o teria
fe ito a Sra. de M aintenon, da qual falsificara a correspondência, c alguns outros.
Surgiu também, em resposta às Observaúons do Padre Delaportc. que já assina
lam os, uma Apologie de HEsprit des Lois, de Boulanger de R ivery, c uma Re
pouse aux Observations sur PEsprít des Lots,de Risteau. negociante em Bordéus.
de menor valor. L a Baumelle. desta fe ita mais abertamente, publicava, em 1752.
cinco cartas apolagéticas sobre o Espirito das Leis, que são também uma apoio
gia da monarquia, tal com o existia na Dinam arca onde ele então vivia. E teremos
que redizer algumas palavras dó Comentário de Voltaire que utilizava o livro
refundido, e consideravelmente aumentado, do controlador geral Dupin.
IV . - Logo que apareceu, e apesar de todo este movimento, o Espirito das
Leis entrou para o nosso patrimônio de obras-primas. F o i discutido, mas teve
prestígio, Fot posto cm prática, ou, mais ou menos diretamente., ins
pirou diversas legislações que sucederam sua publicação. A lguns de seus p rín cí
p io s , ou os princípios dele derivados a classificação dos regimes, por exem
p io , c suas características, e distinção dos poderes — , tornaram-se clássicos, A s
discussões, ou as reticências, quando prosseguiram ou reapareceram, adquiriram
maior amplitude ou revestiram $ç de maior serenidade.
Elas eram ainda vivas logo após a morte de M ontesquieu. com Crévier, p ro
fesso r de retórica no colégio de Beauvais que, ern 176-1, nas Obscrvaiions sur Ic
Livre de PEsprít des Lois, retomava a argumentação, senão o tom, das Nouvelles
Eeelésiastiqitcs, çom 0 protestante E iie L u z ac que, no mesmo ano, anotava uma
edição da obra. Volta ire era mais amável mas, levado por seu gênio ou por seu
humor, parecia na verdade não ter compreendido a obra. Julgado p or e h quando
vivo, Montesquieu o havia, por sua vez, ju lgado. "Quanto a Voltaire ", escrevia
ao Padre Gtiasco, em 17521 "ele é muito espirituoso para me compreender.
Todos o s livros que lê. ele os constrói, depois do que aprova ou crilica o que
constrói. . . " Efetivamenie, após O magnífico elogio relatado mais acima, Val-
lairê declara em seu artigo Lo is (Esprit des) do Dictionnairc Philosophiquü: "Já
se disse que a letra matava t que o espírito vivificava, mas no livro de M ontes
quieu o espirito confunde e a letra nada ensina E , ocupando-se do pormenor,
esm iuça com tão pouca piedade quanto possível. Retom ou ao assunto em seux
INTRODUÇÃO 15
Dialogues de 1'A.B.C. c. depois, num Commentaire, publicado em 1778, e em
seguida, cansado ou distraído, abandonou aprcsa-
N ã o passaremos um revista todos os julgamentos da posteridade. Retere
m os apenas o do melhor ju iz e. aqui com o em outras questões, um soberano ree-
xarne. Sainte Beuve, depois de ter salientado certos excessos da documentação
ou do parcelamento, concepção do quadro muito ampla para não permanecer um
pouco ambiciosa, depois de ter dito que, nesse quadro, uma parle suficiente tal
vez não tenha sido concedida a malícia humana e que as opiniões políticas profe
ridas cderam apresentadas de maneira muito vantajosa, acrescenta:
““Tomemos o Espírito das Leis pelo que é, por uma obra de pensamento c
civilização. 0 que ha de belo em Alontesquieu ê o homem atrás do livro. !Wão
cum pre pedir a esse livro mais método, mais consequências, mais precisão < ma rs
certeza no pormenor> mais sobriedade na erudição t imaginação, mais conselhos
práticos do que existe realmente: fa z-se mister ver em sua obra o caráter de
moderação, de patriotismo e de humanidade que o autor inseriu em todas os
belas partes, e que revestiu de muitas palavras magnânimas. H á muitas dessas
palavras que, transportadas alhures, ilustram a matéria. É justamente nesse sen li
do que ele tem razão de referir-se ã majestade dê seu assunto e acrescentar: ‘Não
creio que o gênio une tenha faltado Lotalmenic'. E m todas essas belas passagens,
tão frequentemente citadas, sentimos o homem que desejo a verdadeira liberdade,
a verdadeira virtude do cidadão, todas as coisas das quais ele em parle alguma
via a imagem perfeita entre os modernos e das quais acabava dê form ar a idéia
no estudo de gabinete c diante de bustos dos antigos ” 1
Consideram os, todavia, que é necessário cart ceder um pouco mais ao Espí
rito das Leis, Trata-Sê dê uma “filo s o fia '' das leis. ou seja e é precisamente
esta a intenção do autor — , uma "exp lica çã o"d a s leis consideradas em seuprin
cípio e em sua origem. Semelhantes empreendimentos conservam sua utilidade,
mas têm também um Inconveniente no qual quase sempre incidem. Eles esclarc
cem mas algumas vezes falseiam . Orientado por seu sistema, o filó so fo quer inte
grar nele todas as coisas e, se elas resistem, não teme fo rçá -la s. . , e falseá-las. £
OSSifíJ que se estabelecem tantas conveniências notáveis, tantas relações espera
das, e assim que tudo s c j u s t f c a perfeitamente e que se chega a esta tefeofogia,
a esse ftnatismo de Bernardin de Saint-Pierrc que diz que os melões têm fatias
para que possam ser cortados mais facilm ente e com idos em fam ília. M ontes-
quieu nâo chega a isso. Porém r mais de uma vez, acontcce-lhe, levado por suas
deduções, tomar esse ou aquele regime político responsável por excessos que
ocorrem sob todos os regimes por uma disposição natural do homem, ou atribuir
a determinados climas fenôm enos morais ou sociais q u e são encontrados cm
todas as latitudes.
Salientam os também a parte da filosofia da época que entra em sua filo so fia
e também os abusos a que cia o leva, ou a tnsuficiência em que d a o deixa. Seus
contraditares eclesiásticos criricavam-lhe não se ter dado com a dc certos dados
da religião c ele defendia-se respondendo que n ão fora sua intenção escrever um
tratado de teologia. M a s a teologia leva a verdades ou a perspectivas das quais
não nos privam os sem prejuízo; penetra ü fu n d o pecam inoso da natureza huma-
1 * Lm CrandsÊertoiWH trançou, dé Siintc-Bcuve íed. Aliem, séc, XV IIL ~Phílosuphes et Savanis", tomo I. pâg- 65).
na e postula que eia nao é tudo e que outra natureza pode agir sobre ela-. Morttps-
qufeu nao quer levar em conta nem o pecado original, nem qualquer transcen
dência, nem mesmo o mistério que envolve noxsa natureza e nosso destino.
Também raeionalisia e historiador, devia e deve aceitar os limites assaz estreitas
desta condição intelectual
S ó consegue safar-se p or seu gênio próprio, e quando este gênio se exerce
sobre os coisas em sua medida. S e éfiló so fo , ê também moralista e. desde que o
moralista deve bastar à tarefa, ele mostra-se de uma saborosa penetração- D eixe
m odo errar sobre o clim a, dizer que o fr io fa vorece a indústria üu a coragem c o
calor favorece a indolência, e esquecer, com o lhe censura Valtttfrti, que os árabes,
que não vinham, entretanto, do setentnão, "conquistaram em oitenta anos mais
países que o Império Rom ano possm a A d miremos antes que, depois de terfixa
do à democracia condições tais que toda dem ocracia surge quase com o tm possí
ve!, ele aparente não perceber isso; salientemos numerosos observações sagazes
sobre os costum es; saboreemos, p o r exem plo, no capítulo I I I do livro X X I X ,
esta mordaz interpretação da lei de Sólon que obrigava à tomada de posição nas
quereias públicas; " N as sedições que ocorriam nesícs pequenos Estados, o gros
so da cidade parí icipa\ra da querei a ou a fazia- N a s nossas grandes monarquias,
os partidos são form ados por poucas pessoas e o p ovo desejaria viver na inação.
N este caso. é natural afrair as sedidosos ao grosso da população e não ò grosso
dos cidadãos aos sed id o so s; no outro, cumpre fa z e r entrar o pequeno número de
pessoas prtidétltes c tranquilas entre os Sêdtdosos: á assim que a ferm entação de
um licor pode ser paruiisüda por apenas uinu gota de outro
E l71 semelhantes trechos encontramos M ontcsquieu. N o restante, sua obra
conser\'a um v a b r de fu n d o com o de circunstância. Pretendeu-se que cie teve
predecessqres através da história e rem ontou-se até Buda e Con fú cio , passando
por Jeu n Bodin, H o tm u n . Tkomas More* Pufcndorf, M aquiavd. Cícero. Platão.
Esta impressionante série não impede sua originalidade. £ fet ivamente, ele fe z. o
sua maneira, uma coisa única e decisiva: separou a legislação do arbitrário do
Capricho dos hom ens, d o acaso das circunstâncias, e a relacionou, tanto pela
moral enitto pela psicologia é pela história, ao tronco comum da natureza hum a
na. P õ d t ser incompleto, inexato, tendencioso: em sua con cep çã o co m o em sua
excCução, o Lspírito das Leis nao deixa de permanecer um monumento da arte c
do pensamento.
GONZAtiL.h T kuc
D O ESPIRITO
DAS LEIS
Notas de Gonxçguc Truc TSnduçi^ <Jc Fernando Henrique Cardowa C Lcvrticiu Martins Rodrigues
As primeiras ndiçruw tra?fm este tíiub, que è uma de liuilo-programa: Da espirito das teto tm dai
relações que as leis devem ter tem a constituição de rafa governa, çom os costumes, ,y tfitna, a rctíglòú,
C túmircio e/c. Aa que o autor acrescentou pesquisas novos sobre &v íeij romana1, referentes às ívccs
sões. sabre as !eis francesas c sabre as leis feudais-
►
P r e f á c i o
Se, no número infinito de coisas contidas neste livro, houver uma que,
contra minha vontade, possa ofender, não há, pelo menos, uma SÓ que lenha
sü/o escrita com má intenção- N ão renho natwralmente o espirito desaprova-
dor. Platão agradecia ao céu por ter nascido no tempo de Sócrates; e eu rendo-
lhe graças por me ter fe ito nascer no Governo em que vivo e p or ter querido
que eu obedecesse aos que me fe z amar.
Peço uma graça que receio não me seja concedida: de não julgar, pela lei
tura de um mom ento, um trabalho de vime anos, de aprovar ou condenar o
livro inteiro e não algumas frases. Se se quiser descobrir a intenção do autor,
só a poderemos descobrir na intenção da obra.
Exam inei, de início, os homens c ju lg u ei que, nesta infinita diversidade de
leis e costumes, não eram eles orientados unicamente por seus caprichos.
Coloq u ei princípios e v i o s casos particulares submeterem-se a eles com o
por si mesmos, as histórias de todas as nações serem apenas sequências c cada
lei particular ligada a outra lei, ou depender de outra mais geral.
Quando remontei à Antiguidade. e$forcei-me por captar seu espírito a fim
de não tomar, com o semelhantes, casos realmcnte diferentes e não omitir as
diferenças dos que se mostrassem semelhantes.
N ão extrai meus princípios dc meus preconceitos mas da natureza das
coisas.
A q u i. muitas verdades só se farão sentir depois que se tenha visto a cadeia
que as liga a outras. Quanto mais refletirmos sobre os pormenores, mais senti
remos a validade dos princípios. Esses próprios pormenores, não os apresentei
todos, p o is quem podería apresenta los todos sem um tédio m ortal?
N ã o encontraremos aqui os traços marcantes que parecem caracterizar as
obras atuais. Por p ou co que se observem as coisas de uma perspectiva m ais
ampla, esses traços marcantes desaparecem; geralmente, eles apenas surgem
porque os espíritos voltam-se só para um lado, abandonando todos os dem ais2.
Não escrevo para censurar o que está esinhelecido em qualquer país.
C a d a naçao encontrará nesta obra as razões de suas m áximas: e extrair-se-á
naiuralmenie esta conclusão: que só cumpre propor mudanças aos que são
assaz qfortunadamente nascidos para apreender, num rasgo de gênio, ioda a
constituição de um Estado.
N ã o é indiferente que o p ovo seja esclarecido. O s preconceitos dos m agis
trados começaram por ser os da nação. N um a época de ignorância, não temos
qualquer dúvida, mesmo quando se cometem os piores males; numa época de
1 Aproximou-sc justamen te essa passagem às opiniões expressas por BuíTon mim Discoun sur tf Siyle.
20 PREFÁCIO
luzes, trememos ainda quando são perpetrados os maiores bens. Sentim os os
antigos abusos, vemos a sua correção, porém vemos também os abusos da pró
pria correção. Deixam os o m al. se tememos o p io r; deixamos o bem, se duvida
m os do melhor. S ó olhamos as partes para Julgar o todo reunido, examinamos
todas as causas para ver iodos os resultados.
Se pudesse f a z e r com que todos tivessem novas razões p a r a apreciar seus
deveres, seu príncipe, sua pátria, suas leis; que pudessem melhor sentir sua f e li
cidade em cada ptiís, em cada governo, em cada posto em que nos encontra
m os, acreditar me-ia o mais fe liz dos mortais.
S c pudesse fa zer com que os que comandam aumentassem seu conhecí
mento sobre o que devem prescrever e Os que obedecem encontrassem um novo
prazer em obedecer, acreditar-meda o mais fe liz dos mortais.
Acreditar-m e-ia o mais fe liz dos mortais se pudesse fa z e r cam que os ho
mens se pudessem curar de seus preconceitos. Entendo p or preconceito, não o
que fa z com que ignoremos certas coisas mas o que f e z com que ignoremos a
nós próprios-
Procurando instruir os homens é que poderemos praticar esta virtude
geral que compreende o amor de todos. O homem, este ser flexível, dobrando
se na sociedade aos pensamentos e impressões de outrem, é igualmente capaz
de. conhecer sua natureza própria, quando lha mostram„ e de perder até o senti
mento, quando Iho r o u b a m ,
Várias vezes com ecei e várias vezes abandonei esta obra; m il vezes aban
donei ao vento as fo lh a s que escrevera3; sentia todos os dias as mãos paternais
tom barem 4; seguia meu objetivo sem form a r desígnio; não conhecia regras
nem exceções; só encontrava a verdade para tomar a perde la ; porém, quando
descobri meus princípios, tudo quanto procurava a mim me veio e. no curso de
vinte anos. vi minha obra começar, crescer, progredir e terminar.
S e este trabalho obtiver êxilò . muito deverei à grandiosidade do assunto;
entretanto, não creio que o gênio me tenha faltado. Quando vi o que tantos
grandes hom ens, na França, na Inglaterra e na A íemanha, escreveram antes de
m im . fiq u e i admirado mas não perdi a coragem. " E eu também sou pintor \
disse, com C o r rég io*.
3 Ludibria vauis, (N. cio A.)4 Bispatriae ceddere manus (N. do A.) a Bd tu anchc íort pinam. (N. do A,)*" Atfibuem-se estas palavnu * Co-rrcjiío, d encobrindo « « vocação di&iic dc um quadrei dc Rafael*
A u v k r t e n c i a d o A u t o r 1
Paru compreensão dos quatro primeiros livros des/a obra, é preciso obser
var que o que cham o virtude na república é o amor à pátria, isto é , o amor ã
igualdade. N ã o é absolutamertie vfrtude m ora i nem vifiude crista, é virtude polí
tica; e essa é a mola que fa z mover o governo republicano, com o a honra é a
mola que fa z m over a monarquia. Ch am ei portanto de virtude política o amor à
pátria e à igualdade. C o n ce b í novas idéias; f o i necessário encontrar novas pala
vras ou dar às antigas novos acepções. O s que. não compreenderam isso fizeram -
me dizer coisas absurdas e que seriam revoltantes cm todos os países do m undo;
pois, em todos os países do mundo, exige-se m orai
2 ,v Cum pre notar que há grande diferença entre dizer que cerra qualidade,
m odificação da alma, ou virtude, não é a mola que fa z agir o governo e dizer que
eia não existe ubàvlutamenie nesse governo. Se eu dissesse: esia roda, este carrete
não são a mola que fa z mover este relógio, disso deveriamos concluir que eles
não existem no relógio? Pouco importa que as virtudes morais e cristãs estejam
excluídas da monarquia e que a própria virtude política não o esteja. Num a pala
vra, a honra existe na república, embora a virtude política seja sua m ola: a virtu
de política existe na monarquia, embora a honra seja sua mola.
Enfim , o homem de bem ao quaf nos referímos no livro U I. capitulo V. não
ê o homem de bem cristão ma$ c homem dc bem político, que p ossu i a virtude
política à qual me referi Ê o homem que ama as leis de seu país e que age peto
amor às leis de seu país. Lancei uma nova luz cm todas essas coisas nesta edição,
prfc/stiaJo ainda melhor as idéias; e, na maior parte das passagens em que me
servi da palavra vtrttide cofoquei virtude política.
1 fiJSâ “Àdverwaicii", observa a Cd içao L.Ahflulaye. "não Pítsie nas primeiras edicòís Foi rseriia para res-
pomitT ir-, críticos<fâ épotu. que cimsnier aram um insulto ao goveíno r quase um prime ie kii-itiii.fess.adc,,qiíé um francês do século X V III não fizesse da viriude a princípio (La monarquia” . ALíás-, Montesquieu ele próprio 0 assinala nc final dfssp-s linhas prcEiminare?: eonfoví a p a lavrai. viriude. honra, umsentida bem tíetimiuda. quase técnico.
PRIM EIRA PARTE
LIVRO PRIMEIRO
DAS LEIS EM GERAL
* A s primeiras cdi-gãeí n i« comportam essa d iv id e em scls panas que aparei» ntifnn ísdtçao de 1750, reco
nhecida por Montcsquieu. numa curti» a Grosíey.«ntw> a mais exala.
C a p i t u l o I
Das leis em suas retações com os diversos seresAs leis, no seu sentido mais amplo, são relações necessárias que derivam da natureza das coisas3 c- nesse seu tido. todos os seres icm suas; ieis: 3 divindade^ possui sitas 1ei?q 0 mcndo material possui suas leis; as tntefci gêiieias superiores ao homem possuem suas leis: Os animais possuem suas leis; 0 homem possui suas Leis
O s q u e a firm a ra m que uma fatalidade cega
produziu tvdox os efeitos qur vemos na mundo
d isse ra m um grande a b s u rd o , p o is <.|uc m aior
absurdo do que uma fatalidade eega ter produ
/ id o scre*. in teligentes?L klsic, portanto, uma razão primeira e tis leis sáo aü relações, que se enconirum entre ela c O* difcrenio seres, c ,r. rdnçõtíü desnus diver sos seres cnlrc si.Deus povKui relrtçocs com o universo, como Criador o cumò conservador; ris Io is, segundo ;is quais Criou. Sai) as mesmas pelas quais COP- serva. Ace sejuuulo essas repras porque as conlicw ; conhece as porque as fu/.; fe ia s por que elas st relacionam com sua sabedoria cseti poder,
C o n s id e r a n d o que v e m o s o m u n d o , fo r m a d o
p d o ■ movimento d.a m a te rir r d estitu íd o dc inteligência. subsistir sem pre, e prwiiuo que
seus m o v im e n to s te n h a m leis in v a riá v e is ç , se
p u d é sse m o s im a g in a r o u tro m u n d o diferente- Déftvw cie i f .vyiri/ dts LoiS observa: "O autor tem em mira atacar <> sistema de Hohhcs, sisrema rcrrivçl que, fazendn depender iodas a -, víriudos e os vícios do estabelecimento de leis que os homens fiixriun paru si, í Ltjercrvcta provar que os humanos nasoem todos cm citado dc g u e r r a , c que a primeira
le i nmucal è a g u e r r u de todos eonira lCs.lvs , ilcrru ba. como Spirvozy, não só toda religião turno toda moral"
■ " A lei” , diz PSusarea, "é a rainha de to ío ^ os mormis c imortais '" Nv cr a-ado: O que M irn
sário para que um Pr/nripr Sejc SAbkr. (M do A, >
deste, ou ele lona regras crin^tamcs ou seria destruído.As.si.rn, □ criação. que parece scr um alo arbitrário, supõe regras lüu invariáveis quanto
3 Fatalidade dos nleus. Absurdo mria dizer que o criador. sem essas rcgra.v. pudesse governar cs mundo, poiso mundo não suhsisiiri* sem e!;ts,I ssas regras sfiu 1.1 ma relação o:-i nbçícvtda evnfitantcmeiue, Entre dois corpos cm moví mento, t tlc mordo asm as relações da massa e da velocidade que iodos os movimentos são recebidos, aumentados, diminuídos, perdidos; iiudii diversidade i Unf/vrmiiíad^ cada mudança ê constância.O s seres particulares inteligentes podem possuir leií feitas por eles mus possuem inrn bê® as h 11 u não fizeram, Aincvda existência dc seres inteligentes, esses eram possíveis: ti nhorn, portanto, relações possíveis e. cunsc- qiiaiitmente. Ias possíveis. Ames de Jiavcr leis tcílas. existiam relações dc jutliç-i possíveis. 151/,er qin. não há liada dc justo nem dc injusto senão o que «x leis positivas ordenam õu proi btrn. c di/.cT que ames de sçr traçado 0 círculo todos os iseus raios não eram iguais.
£ preciso, portanto. rcconhecêr relações dc
equidade anteriores a lei positiva que as esta
belece *: como. por exempla, paru se supor que
existiram soçialudcs dc homens, seria justo
conformar-a: ás suas leis; coma, se existiram
seres inteligentes que tivessem recebido algum
bcnclício de oulra scrr eles deveríam scr-lhc
gratos por isso; como. sc imt ser inteligente
criou outro »er ínidigcnic, a criatura deveria
permanecer na dependência existente desde
sua origem; como, se um xcr inteligente causou
um mal a outro ver inteligente, merece receber
0 m e sm o m a l, c assim por d ia n te .Mas Falta multo para quu o mundo mieis gente veja tão hem govemado quarno o mundo
1 Que us esCuhf.iet-f cjuc as Lixa pela Lcgixiii^üu.
físico, pois àimlíi que o mau do inteligente possua lambem leis que por Sua natureza sào
invariáveis. não as segue oonstantemente,eemo 0 mundo físico segue as suas. A razão disso reside no Tato de estarem os seres parti cularc:v inteligentes limitados por sua natureza c- corseaiíeniemcnic. sujeitos a erro: er por outro Lado, é próprio dc sua natureza agirem por si mesmos. Não sepuem. pois. constante mente suas leis primitivas c, mesmo as que eles próprios criam, nem sempre as seguerruNão se sabe se os animais são governados pelas leis gerais do movimento ou por uma moção parlicLilar. Dt1 qualquer forma, nno mantem com Deus relações mais íntimas do que o resto do mundo material, e o sentimento sã Lhes serve nas relações que mantem entre ai ou com nutres Seres particulares. OU Consigi) mesmos.P ch atração do prazer, ou animai? conservam seu ser particular; e. pela mesma atração,
conservam sua espécie. Possuem leis naturais pnrque estão unidos pelo wnaiincnco; não por suem leis positivas porque não estão unidos pelo conhecimento. Contudo, nao seguem invariavelmente :-u,r> leis naturais; a> plunlas.
nas quais não encontramos netn conhecimento. nem sentimento, seguem-oas mdhor.O s animais nao possuem às supremas vantagens que nns possuímos: possuem outras que não possuímos. Não tem as nossas esperanças mas também não icm os nossos temores: estáo. como nós, sujeitos ã morre, mas sem cwnhccc- la: a maioria conserva se mesmo melhor do que nós c não faz íâo mau uso de suas paixões.
O homem, como ser tísico, c. tal como os Outros corpos» governado por k is invaruiveis. Com o ser inteligeme, viola incessantcmeme as
Leis que Deus estabeleceu e modifica as que cie próprio estabeleceu, Cuirtprc que cie se oriente
c, entretanto, é um scr limitado; está sujeito. Como todas as íntcligcrtcias finitas, à ignorância e ao erro, c perde ainda. os, frágeis conhecimentos que possuí; torna-se. como criatura sensível, sujeito a mil paixões. Tnl sar poderia, a tudo instante, esquecer seu criador Deus, pelas leis da religião. chamou-o a si; um taí ser podería. a todo instante, csqucccr-sc dr si mesmo 05 filósofos advcrtiram-tiu pelas IcLs da moral, Feito para viver em socic dads. podería esquecer os outros — os legisladores devolveram no a seu:, deveres pclaç kis
políticas c civ is.
C a pítu lo II
D as leis da natureza
Antes dc todas essas leis, existem as da natureza. assim chamado* porque decorrem unicamente da constituição de 110340 kw Para conhece Ias. bem, é prceisô considerar o homem umes do estabelecimento das Mtoicda ties-. As kis; da natureza seriam as que cie rcoe- beriaem tal caso.Essa lei. que. inculcando nos a idéia dc um criador. leva nos a ele. é. por sua importância, ma-, não pèJa ordem das leis, a primeira das leis naturais, Ü homem cm estado natural terul dc preferência a faculdade dc conhecer a icr conhecimentos. É evidente que su.ts primeiras idéias ítiu senam cspecaJativas*; procuraria
co n se rv a r seu ser antes d e p ro cu ra r se a o r i
g e m . T a l h o m em icniÍTÍ.a, a m e s de iu d o , su a
fra q u e z a c seu m ed o .seria gran d e; e. se tívrs
11 Isto c, não flosofaria.
semos necessidade da experiência pnra com provar isso, encnntrarnm. se. nas florestas, ho iftcm .selvagens"- iud<» os fa* uemer, tudo cs faz fugir.Nesse CtUarln, todfis se sentem inferiores; c dificilmente alguém se wnte igual. Ninguém procuraria, portanto, atacar c a paz seria a pt; metra lei natural.Não é razoável o desejo que ilobbes atribui aos. homens dc subjugarem-sc imituamcme. A idéia de supremacia e de dominação é tão complexa c dependente de tantas outras que nàu seria cia a primeiraidéia que 0 homem
teriu.Hubbes indaga7: "Pnr que os homens.0 DíSSO ê testemunho o srívagt-tn encontrado nau florestas de H snóm , visto nu Inglaterra durante o reinado dc Jorge I. (N. do A.)7 }n p raíf. lib■ <Je Clve.
DO ESPÍRITO DAS LEIS I 27
mesma quando não tsLãü niilurálinenlê Otil guerra, estão sempre armados? E por que utilizam chaves paia cerrar suas Casas?” Mas nàôpcrçciw que alribuímtis aos hoiHÈnü, antes doestabelecimento de sociedades, o que só podería acontecer-lhes após esse estabelecimento.fato que cs leva a descobrir motivos para ata car e defender-se mutiumente-A o sentimento dc sua fraqueza, O homem acrescentaria o sentimento dc suas nccessida des. Assim, outra lei natural sena a que o incitaria a procurai alimentos.
Disse que a medo Levaria os homens a afas
tarem -SC uns d o s o u tr o s , m a s a c o m p r o v a ç ã o dc Um medo recíproco levá-los-ia logo a se
apíosim-íirem. Aliás, eles seriam levados pelo
pra7.er que sente um fmirnal à nprnxirnnçãn de outro da mesma espécie. Dem ais, este encanto que os dois sexos, pela sua diferença, inspiram-se nvuiuamcme aumentaria esse prazer, e o pedido natural que sempre fazem um ao outro seria ema terceira lei.Alcm do sentimento que os homens inicial mente possuem, conseguem eles também ter conhecimentos: assim, possuem um segundo liame qm? os outros animais não tem Existe, portanto, um novo motivo para se unirem, e o desejo de viver em sociedade constitui a quarta lei ti aturai3.
■ Aristóteles, Política. liv. I, cap. t.
C a p i t u l o I I I
Das leis positivas
Logo que os homens estão em sociedade, perdem o sentimento dc suui. fraqueza.: u
igualdade que existia entre eles desaparece, c o
estudo dc guerra começaC ad a sociedade particular passa n sentir sua força: isso gera um esLado de guerra de nação para nação Os indivíduos, cm cadn sociedade, começam a sentir sun força: procuram reverter cm seu favor as principais vantagens da sociedade; isso cria. entre cies, um catado dc guerra.Essas duas espécies dc estado dc guerra acarretam o estabelecimento dc leis entre os homens. Considerados como habitantes de um planeta tüc grande, a ponto dc ser necessária u existência de diferentes povos, existem leis nas relações qUC esses povos mamem entre si; é u Direito das Gentes*. Cor.sidcr.wlov com o vivendo numa sociedade que deve ser mantida, possuem leis nas relações enLre os que governam e nv I|iir sàn governados: t i o Pireito Político. Possuem-nus ainda nas reiaçòex que iodos os cidadãos maniêm entre si; e u Direito C iv il.0 direito das gemes está naiuralmenté baseado neste principio: as diversai nações devem fazer-se. na paz, tamo hem quanto for
a Direito dáS gCrltCS, direito das naçães (no ucirtudi
u s a d o c-in L a ú m ,.gemes, n a ç õ e s ) .
possível e. na guerra, o mínimo dc mal possível. <;cm prejudicar seus verdadeiros interesses,O objetivo da Eiicrra c tt vitória; ú da vitória, ti conquista: o da conquista, n conservação. Desse principio e do precedente devem derivar todas as leis que formam o direito das gentes.Todas as nações têm um direito das gentes, c os próprios iroquesesi1 í , que devoram seus prisioneiros, possuem um Enviam c recebem embaixadas. conhecem o direito dn guerra c da paz; o mal c que este direito das gentes nào se baseia cm princípios verdadeiros,Fora o direito das gentes, que diz respeito a todas as sociedades, existe um direito políticopara cada uma. Sem um governo, nenhumn sociedade podería subsistir. A reunião de iodos
as forças individuais, diz muito corrcnameme G ra v ira ’ 1 .fo rm a 0 ({UV denominamos Estado Político.A força geral potle ser colocada nas mãos de erpenas um ou nas mãos de muitos.
1D Os iroqueses, tribo guerreira, entào muito heü
COsa. depois degenerada, que habitava o Norte dosEstados Unidas e o Sul do Canadá.11 G ravina, jurista, nascido em Rogliano (Calábria), I6ba-I7l8,
A lgun s11 pensaram que. tenrfd a Natureza estabelecido o poder paterno, o governo dc um só estaria mais- de acordo oom a Natureza. Porem, n exemplo do poder paterno nada prova. pois. se o poder do pm eaLÍa relacionado com o governo dc um ou, depois da morte do pai. o poder dos irm ão s ou. depois da morte dos irmãos. 0 dos primos coirmãos está rela cionudo com o governo de muitos. O poder1 político implica, necessariamente, a união de muitas Famílias.fc melhoe dizer que n governo mais de acor do com a N atureza ir aqude cuja dbpoüição parliculur melhor se relaciona com as disposições do povo para o qual foi estabelecido.A s forças individuais não sc podem reunir >cm que Iodas as vontades se reúnam. A rru
niüt) ífeiíai' vanmdes. diz G f avifla amda inuíto Corrcíamente. tf rt que iienmninamu% Fstado C ivil.A lei, e.r geral, c a razão humana. nu medi dn em que governa todos os povos da terra, ç as leis políticas c civis de cada nação devem ser apenas os casos, particulares em que se aplica essa razão humana.Devem ser das tão adequadas ao povo para o qual Juram feitas que. em ente por um grande aca.su. :>s Eci.s de um» nação r*>deni convir a out.ru.Cumpre que se relacionem à natureza e ao princípio do governo estabelecido ou que se
15 Filmcr, par exemplo. vierHUf polílioo inu.lê;.. nascido 10 roriiiadíi i!c Kent c amue iln-, PàtriaKha (1604-1 AH fi).
pretende estabelecer, quer elas u formem, com.- uü leis políticas, quer cias o mamqnliüin. como fazem as leis civis.Devem as leis ser relativas aoJTsictt do país. ao clima frio, quente ou temperado; à qualidade du solo. ã sua situação, ao seu tamanho: ao gênero de vida dos p o v o s, agricultores, caçadores ou pastores; devem fdacnm ar se com o grau de liberdade que a constituição pode permitir; <um a religião dos habitantes, suas inclinações, riquezas.' rtúmero, comércio, costumes, maneiras» P o ssu em elas. enfim, rela ções entre si c com m:u origem, com Oh desígnios do legislador c com a ordem das coisas sobre as quais. são cias estabelecidas. É preciso Considera Ias em todos esses aspectos.É isso que pretendo realizar ncsLa obra- Examinarei todas essas relações; formam dns.
nr> conjuntu, o que dianmmus de Espirito das
Lei».Nàò separei dc modo algum as leis políticas das civis, pois. como absoluLamcntc não trato dc leis rna , do espírito das lei . c coCrto esse espirita cnnsisic nas diferentes relações que as deis podem ter com diversas coisas» devo seguir iiitntis a urdem n mural das leis que a dessas relações c dessas coisas.Fvxamin,irci. primeirtifwertte. as relações que us leis possuem com a natureza c com u pnnuí pio de cada governo e. como esse princípio pns.su i sobre as leis uirta suprema influência, aplicar rnc-ci cm bem conhece Io c , uma vez que consiga estabelece Io. dclc ver -se ;'t fluírem :ts lei Passarei, cm seguida, às outras relações, que parecem ser mais particulares.
LIVRO SEGUNDO
□AS LEIS QUE DERIVAM DIRFIAMENTE
DA NATUREZA D O GOVERNO
C a p i t u l o 1
D a natureza de ires diferentes governos
Existem lies espécies de governo: o Rnpubli cano. O Monárquico e n Despótico13. Par» descobrir llies a naturtílra, c suficiente a idéia qitc deles- Cem ns homens menm instruído?, ítupouho tris definições* ou antes, Ire? fatOST
u m q u e ii " g o v e rn o re p u b lica n o é aquele em
1 s Lembr-uu-wi. a remetia tteww dlvtsio. a d= AHv
lóiclçs. distinguindo a monarquia, a arisiocraci.i e a icpiibtic.i (finlirietr, liv. III, c-ir> V. 2 ç ?>, Tara Vol
laíre. comentando fio Espirito das /.rfv.moturqm.ii c dcsfw.ii'.mo i .isseiMdhum :■ tmmu de se vonfiiftdi
rem,
que a povo. como um todo, em in ten te uma parecia do povo, possui o poder soberano; a monarquia c aquele cm que Ltm sti governo,
mais de acordo com leis fixas e êstabiííecidííS. enquanto, no governo despótico. uma so pessoa. scrti nbcdecçr o leis e regras, rçalúra tudo
pnr sun v o n ta d e c seus caprichos*'*.bis ai n que der o mino ii natureza de cada governo. F prvvisu conhecer quais são as leis que derivam üirctamcni? dessa Aaturc/d c que. Consequentemente. são as primeiras Ids. funda mentais.
C a p í t u l o II
D o governo republicanoe das
leis relativas à democracia
Quando, fVMtiia republica. u povo como um
todo possui o poder soberano, eram-se dt uma
Dem ocracia. Quando o poder soberano esta
nus mãos de uma psuic do povo, instü-sc dii
uma Aristocracia. O povo. na democracia é,
sob alguns aspectos, o monarca; sob outros. o
slhJíLo,O povo sii podo ser monarca petos «ulrò- gios. que constituem suas vontades, A vontadedO soberano é o prnprm soberíUtO A 1- leis que estabelecem o direito de iufrá&iu são, portamu,fundamentais nesse governo, Com efeito, aqui í tão uniportaiue regulamentar com a, par
qtitm, a quem, m tre 0 que os sufrágios devem s&r atribuídos, quanto o é. numa monarquia.íab ír quem é 0 monarca e de que maneira deve
tjnvemfir.
Libánto1 4 afirma que em ,Mortos um eurauJJfífP que £G imiscuísse na minem hivin do povo
era punido com a morfç» É que esse homem
usurpava o direito de soberania,É CMenctíd Usar o número dc cidadãos que devem compor a.% nsscmbleias; sem isso,
fh id er-sc ia ign o rar sc o pcjvo. ou som en te u m a parte dele. opinou. Na Laccdemorda, eram necessários der rnt| cidadãos. Cm Rtimii, que nasceu pequena para tomar-se poderosa; em Rom a, feita para experimentar todat. uk vieíssi- tudes; da ftirtuna; cm Roma, que tinha, ora qua.se: iodos os seus cidadãos fnrr? do suas muralhas, ura toda a Itália e uma pane da
1 4 Dcclamaçòcx, 17 c 3 8. (N du A.) "
' I.ibáfiirj. =rf>fir,:a Èíciio Ü ]4 3íí!i, imutn acredi- iodo junui a J ultimo, o Apostara
32 MONTESQUIEU
terra nu interior de suas muralhas, não se espe
cificam cs.se número* 5. sendo essa uma tias
principais causas de sua ruína.
O p<>vo que possui tj poder soi>erano deve
fazer por si mesmo tudo a que pode realizar
CorreüunenEc c. aquilo que não pode realizar
ccrrctaincnte, oimprc que u faça por inter
médio de seus ministros
Seus ministros só lhe pertencem se ele os
íioriidu; c. pois. uma máxima fundamental
deste governo que o povo nomeie seus minis
tros. istu é, ççiik magistrados.Tal como os monarcas e mesmo mais dt)
que cies. o povo necessita ser conduzido por
um conselho ou senado' ft. Mas. para que haja
confiança nesse, c rtcccssário que eleja seus
membros. :-.ujs escolhendo-os direiamcnte.
emito cm Atenas, seja através de magistrados que tenha escolhido para os ekgcr, corno s.e
fazia cm Roma, em algumas ocasiões,0 povo é admirável para escolher aquele:, a
quem deve çqnfiar píitoe dc sua autoridade' 1. Sú pode decidir-se por coisas que não pode ignorar c por l‘np>*> que csaãc ao 4i.kunce dc SCUS «CMÍdos. Sabe rum o botl que dclcflíli nado Inimçin esleve muitas, vezes em guerra e que obteve itiis c tais êxitos; c. emãu. capaz dc eleger am general. Sabe que um jui)í é assídtltt. que muita gente sai de seu tribunal satisfeita com ele. que não se pode corrompê-lo: isso ê ■ íuficlento para que eleja um pretar. Se cvtã impressionado com u magnificência ou com ns riquezas de um cidadão isso é suficiente paru
que ppxKi escolher um edil, Todas essas coisa> são fatos que o povo aprende melhor nn praça pública d« que um monarca em -líu palácio. Entretanto, saberá õ povu dirigir um negócio, conhecer os lugares, as ocasiões, os momentos CAproveitá-los? Nàfi: nüo saberá.Sc pudéssemos duvidar da capactUade nam ml que li povu possui para discernir o mérito, bastaria atentar paro c m » serie continua de escolhas espantosas que fizeram os atenienses e os romanos, fato que. induhii avclmeme. não pode ^ r atribuído ao acaso
Sabe-se que em Roma. apesar de o povo se ter arrugado o direito dc alçar plebeus pum os
1 11 Vede as Canstdéraíions sur íe\. Cau&es dc ia
G rm d m r des Kom &as et d i Icur Déoadencc, cap. IX . (N. do A.)1 * Ansióietes. Política, liv. VI, cap. II.
' J A experiência parece tet ju stificado p o u c * é.ssc
mim km o.
cargos, não st decidiu a dciçc-tof i! e apesar
de. em A líi1u í+ poder se, pclfl. k i dc AriSlides,
extrair magistrados de toda* as ciasses. rolam
Xcnofom e'5 que nunca aconteceu de o baixo
povo escplhcr os que pudessem defender sua
segurança e sua eicrirLTal como u. rrtnionã dos cidadãos que possuem suficiente capacidade para eleger mas não a possuem para ser eleitos, igualm^nw o
povo. que possui suficiente capacidade para julgar da gestão do:, outros, não estã apto para
governar por si próprio.
F necessário que Os negócios SC desen
volvam e que se desenvolvam rum certo ritmo,
nem multo lento nem muito rápido. Más o
povo sempre tem, ou muita, ou pouca ação.
Afgumas vezes. com ccm mil braços, tudo
transforma; outras, luiti cem mil pcv sôcutni- nh.i como os insetos,
No Estado popular. divide- se » povo çm ccr
ms ciasses, é nu minciru dc realizar essa dívj
suo que ys grandCH 'ugi:. ruklre.s sç rcVClUT) C c disso que sempre dependeu a continuidade da
democracia e sa.i prosperidade.
Serviu túlio acompanhou, na composição
de suas classes. o espirito da aristocracia.
Vemos, cm TiiO Lívii>^* C cm Oionísio dc
Halicamíisst)J ' . como ele coloca n direito dc
.sufrágio nas nulos dos principais cidadãos.
Dividiu Sérvio Túlio o pavo dc Komt cm ÜJj
centúrias. formando seis ciasses, h colocando
ns ricos, mns cm menor número, nas primeiras
ecntiiribs. ok menos ricos, mr^ cm maior nu
mero, seguintes, lançou ioda 3 multidão
dtu; indigente1: nn última; e Cftdn ecnlúría leitdi,
sómcntc um viun-'J , eram os meios a as rique
zas, mais do que as pessoas, qtc votavam.Sóíon dividiu o ptiro dc Atenas cm quatro elavies. Levado peto espírito da democracia, não o tez parti estipular os que ccrinm direito « votar ma1: os que poderíam ser eleitos e, dut xímdo a eudu uidadào 0 direito dc votü. qui.S
1" M*quiavd,XJbcwsí3 sobre TUú Ltvfo. lív. I, cap
XLV11 Can síeférã iío n s xu r l i s C a u s e s d c la llr a n
üeur des R n m a in s et de Icur P e c ü d c n c e , eitp.VJll11 Págs. riÇ I e SÇ3, ediçüf) Ar Wrehdsus, A> »no dc i m . <N. do A.)
I l) Liv, L ÍM. do A .)
Jl I.iv IV, art 15 e wgs. ÍN, da A.)
12 Vcdc nas Cunsidçratioflí :xir tev Causes de la
Grandcur des Romains et de ieur Déeade/tee, c a p .
LX, como esse cspirílo dc ãervio Tulw se OOnsefVft
■ ui rcpúhliçft. (N, do A.)
DO ESPÍRITO DAS LEIS 1 33
que*3, cm cada uma dessas quatro ciassem se púdesss eleger juizes.. Entretanlo. Foi apenas nas três primeiras, onde se localizavam ns cidadãos de Fortuna, que se ptkle eximir ns magistrados2 4.Como a divisão dos que tem direito a voto c, na república, uma lei fundamental, a maneira dc o dar é outra leí fumiuinctitíiiÜ sufrágio pelo sorteio é da natureza da democracia2 5; o sufrãgiu pela escolha c da naturez a da aristocracia.O sorteio è uma maneira dc eleger que a nín guem aflige: deixa a cada cidadão uma esperança razoável de servir à sua pátria.Entretanto, como essa maneira ccm si defeituosa. foi tia sua regulamentação c correção que os grandes legisladores se esmeraramSólon estabeleceu, em A temia. que sc no mearia através da escolha para todos os cargos militares e que os senadores c juizes seriam escolhidos por sorteio.Quis cie que sc atribuíssem através da esco lha as magistraturas civis, que exigiam uma grande despesa. c que as demais fossem atribuídas peto sorteio.LntreUuiLo, pura corrigir a .sorte, estipulou se que só se podería eleger entre aqueles que se apresentassem: o que tivesse sido eleito seria examinado petos ju izes*0 t cada um poderíaacusa Io de ser indigno3 1. Isso sc relacionavatanto ao sorteio como .1 escolha. A o término da magistratura era necessário submeter-se aoutro julgamento sobre a maneira pela qual as pessoas se naviam comportado. A s pessoas sem capacidade deviam sentir muita repug nãncia em apresentar « u nome para serem sorteadas.A lei que determina a maneira dc conceder as cédulas dc sufrágio é ainda na democracia uma lei fundamenta]. Constitui um sério problema saber se os sufrágios devem ser púbLicos
33 Dionisio de H&hcârnftsso, Elogia d* Isócraies, pãg. 93, mmo n, edição dc Wcchehus, Pollux, liv. VItl, cap, X . an. 130, (N. do A.)
* * Aristóteles. PoíiUca, hv. II. cap. X ll .*» y<f,.;iÍÉ/..iiv.iv.cap.ix.3 • Vede o discurso deDemôste-nes. De Falsa
Lc&at.. e (i diuíursç. Contrit Timarco. (N, do A.)
1 ? Tiravam se mesmo duas cédulas para cada lugar: uma dclcrmnutvn o lugar, outra indicava quem deveria suceder, caso 0 primeiro fosse rejeita
da. (N. da A.)
ou secretos. Cícero25 escreveu que as leis73 que tornaram secreios os sufrágios no último período da república romana constituiram uma das causas principais de sua queda. Conio isso se pratica de diferentes maneiras nas diversas repúblicas, eis. creio, algo em que é necessário pensar.Está fora de dúvida que, quando o povo vota. seus votos devem ser públicos3 c. c isso deve ser considerado como uma lei funda mental da democracia. Ê preciso que a plebe «eja esclarecida pelos principais c comida pela seriedade de certos personagens, Assim, na república romana. estabelecendo-se o sufrágio secreta, destruiu-se tudo, nnn sendo torís pos 5Ívcl esclarecer um populacho que sc corrom pia. Mas quando, numa aristocracia, o corpo de nobres vota3' nu. numa democracia, vota o senado33, c sendo apenas unia questão de pre vemr os conluios, os sufrágios não poderíam ser muito secretos,O conluio c perigoso num senado c também cnlre o c<>rpy dos nobres; não o é. porém, entre o povo, cuja natureza c agir pela paixão. Nos Estados em que não participa do governo, o povo entusiasmar-se-in por um ator» assim como o faria pelos negócios. A desgraça dc uma república advem quando não há mais conluios c isso acontece quando se corrompe o povo pelo dinheiro: ele torna-se indiferente c afeiçoa-sc ao dinheiro, porém não mais sc afei* çon aos negócios: sem se preocupar com o governo c com o que nele sc propõe, espera tranquilamente seu salano.íi ainda uma lei fundamental da democracia que só 0 povo imrtitun leis. H á, contudo, mil ocasiões em que o -senado deve estatui Ias; é mesmo frequente experimentar oporiunamcmc uma lei ames <tc estabclccé-hi, A constituição dc Roma c a de Atenas eram muito sábias. Os decretos do senado33 tinham força de leidurante um ano e as leis só se tomavam perpetuai pela vontade do povo.
3 • Liv. I c III das Ltis. (N. do A )3* Pllmnnvnm •■r- /eh rtiknfo'+* (leis n*hi-lírin>.) Davam se a cada cvdadâa duas tábuas (tabulem*) ou boletins; a primeira ftssimiUda.com um A . para significar antiquo; a outra assinalada com um U e com um R. uri rogas, <N. do A.)30 Em Atenas, Icvoniavain-H; as rnãcu, (N.do A.)5 ’ Como em Veneza. (N. do A.)51 O s u ú u a tira n o t Mc A tenas quiseram que os sufrágios dos artopaguas fossem públicos, a íim dc
os dirigir a seu bel prazer Lísías, Orar contra Ago-
rai, cap VIII, (N-dü A.)
33 Vede D ionistode H alicam asso, liv. I V c I X , ÍN ,
Jú A.)
C a p í t u l o 311
D as leis relativas à natureza da aristocracia
N a aristocracia7 4 ú poder suberano cncor? tia se errt mãos de um número certo de pes soas. S ã * cias que estipulam as lí is c as fazem executar, O resto do povo está, em relação a d a s , simplesmente como numa monarquia os súditos estão em relação ao monarca.Nesta forma de governo nim deve existir o sufrágio pelo sorteio pois dele só existiríam os inconvenientes. Com efeito, num governo qtre estabeleceu as distinções mais opressivas-, não sc será menos odiado quando sc for escolhido pela sorte: ao rtobre é que se inveja e não ao magistrado.Quando os nobres aào minto numerosos é necessário um senado que regulamente os negócios- que n corpo de nobres não poderio.resolver c que prepare os que de resolve, Ntsle caso, pndemos dizer que a arislocraci i existe, de ulgurna forma, no sentido, a democracia no corpo de nobres c qms o povo nada ê.Nurrm aristocracia seria algo muito htjm se,
por algum meio indireto, tirássemos o povo tfc sua prostração: assim, em Gênova, o Banco de São Jorge, administrado em grande parte pelos principais dn povo**, confere a este certa influencia sobre o governo, o que ftu ioda a nua prosperidade.O s senadores não devem ter o direito de -Mtibstituir os que fatiam »o *;cnnd*. pois nada perpetuaria tanto os abusos. Km Koirt-u. que foi nus primeiros tempos uma espécie de nristo cracia. o senado nào sc completava por si mesmo: os novos senadores eram nomeados1 8 pelos censores.A autoridade exorbitante conferida subitamente a um cidadão, numa república, cotutitui uma monarquia ou mais que uma monarquia. Nessas, as leis proveram a constituição ou a eia se acomodaram; n principio de governo lí
a * Aqui. e no que segue, MíWUCSquicu pensa prinçi palmeruc cm Venej.a,' 4 Vede Adissan, Viaftrrts na Itália, pág. |f>, (K. do A.)J 4 De mie to, dei o foram pelos cônsules. (N. tk> A.)
m ita -0 poder d-o monarca mas, numa republica em que um cidadão sc faz atribuir3 7 um poder exorbitante. o abuso desse poder c maior. pojs as leis que fluo o proveram nada fizeram para limitá-loOcorre uma excoçiü a essa regra quando a constituição do Estado ê tal que ele necessita de uma magistratura que tenha um poder exor bitante, Assim era Roma com seus ditadores, assim c Veneza com seus inquisidores de Estado; essas são magistraturas terríveis que- ecn- du/.em. violciuarrienic. o Estado a liberdade M as por que essas magistraturas sc mostram tão dtfércntcs nessas duas republicas? 6 que Som a defendia, contra o povo, os restos de soa aristocracia, enquanto Veneza sc serve de seus inquisidores de Estado para manter sua ar isto cracia contra os nobres. Resulta daí que. cm Roma. a ditadura sn deveria durar por pouco tempo porque o povo agia guiado por suu impetuosidade c não por seus desígnios, Cum pria que essa magistratura fosse exercida com brilhy pois se tratava de intimidar o povo C não de puni-lo; cumpria que o ditador só fosse criado para uma única fumçào c só tivesse autoridade ilim-ilnetn cm razão dessa função, uma v « que era etc sempre criado para um caso imprevisto, Km Veneza, pelo contrário, era necessário magistratura permanente: é ai que os planos podem ser iniciados, continua dos, suspensos, retomados; que a ambição de um só sc torna a de uma família, c a ambiçãode uma família, a de muitos- Necessita se de uma magistratura oculta porque os crimes quechi pune. sempre profundo*. Formam-se nt> sepredo e no silencio. Essa magistratura deve icj urra "inquisição geral, pois deve não apenas cxiinjrjjr os males conhecidos como também prevenir os males desconhecidos. Finalntcaic, cswa ultima c estabelecida para vingar os cri mes de que ela suspeita: e a primeira utilizava mais as ameaças do que as punições pura os
1 7 Foi isso que derrubou .i república romana. Vede ai- Ctrnskiéreíions sut !t-s Causes de !a Gfíttídeur des
Ramaim et de leur Dêeadeniv, eap. X lV e X V I. (N.
tks A .)
35
LTimc ̂ mesmo os confcssgdos por seus auto
res.h mister compens.nr. era toda magistratura, a E.íftfidçta de seu poder pela brevidade de sua duração33. Um ano é u prazo que a maíoríu dOS legisladores determinou; um prazo mais lon go seria perigoso, urn mais curto seria coa trãrio à naturctii das coisas. Quem desejaria f Ovem ar assim seus interessei partieul.ireá'! Erra Ragusa3 s muda Sc o chcfc da república todaa os mews, os outros oficiais todas as semanas c 0 govefnador do castelo todos os dias. Isso sev pwdt ocorrer numa república pequena**. cercada dc potências formidáveis, que co rro m p e ría m facilmente os pequenos
m agitar ados-A mcUior forma dc aristocracia ê aquela ont que a parte do povo que não participa do
1" Aristóteles, Polifica. tiv. V , eap. VIII 1!‘ Vçyages, dc TpumcPori. (N. do A.)
A< A duríiçíio da mjigistraiuríu cm Luua, é dc apc.
nasdois rtim̂ Cí (fí. dit A.)
poder é tão pequena e iao pobre que a parte dominante não tem qualquer interesse em opri mi ]a. Assim, quando À rtip atcr*’ csrabele ceu> cm A tc n a i que o& que não possuíssem deis mil draefflíí perderíam o direito dc voto, Formou a melhor aristocracia possível, pciis este censo era lâo baixo que só excluiría poucas pessoax n nunca uma pessoa que possuísse algiinia consideração na cidade.Portanto, as famílias arisioCratÍLus. na mc- dídn do possível, devem fazer parte do povo- Quantw mais utna aristocracia aprosimar sc ds- democracia, tanto mais perfeita$e?á ela; tom ar-se á iftenos perfeita u medida que 5C aproximar da monarquia.A mais impei fe l í a dc Iodas é ítquria cm que ü parte: do povo que obedece permanece na escravidão cjvjl dos qur com andam, como na aristocracia da Polônia, cm que ou camponeses são escravos da nobreza.
' 1 OiwSoro. liv. XVIII. pag, 60t. ediçáo de Miudo- man.í N. du A.)
C a p i t u l o IV
Das leis em sua relação com
a natureza do governo monárquico 42
C)s pcxktoM intermediários, Subordinadas c
dependentes, constituem a natureza do gciver
no monárquico, isto ê, dnquçlc cm que uma mí
jjcsson governa, buscada cm leis fundamentais,
Dirtrtcnnoa o* poderw intcrtnciíinrins. subordi
nados c depende nics; eoni efeito, na monar
quta o príncipe ú a fonte de tudo poder político
e civil Essas leis fundamenfais supõem neces*
sd^iamente canais médios por onde o poder sc
manifesta, por. sê rui Eüládü apenas CXÍStC a
vontade momentânea e arbitrária de uma to
pessoa. JtJíla pode sçr fixo. Consequentemente,
lambern nãu a poderá ser nenhuma lei fursda-
mçmtnl,O poder intermediário subordinado mais.
natural é o da nobreza. De cerro mndo, cia Taz
parie da essência da monarquia, cuja máxima fundamental é: sem monarca não hà nobreza,
12 Hora □ guveinu monárquico c n França qut
steve dc modelo a Montesqu-icu.
w nefbrcza não hé monarca ‘ J , M as há um
déspota,Há pessoas que imaginaram, na Europa, etn alguns ü s u í Icjs. abolir toda justiça dos senho res. Não p-crcchiatn que pretendiam fazer o que A:* u pml.iiiLcriio inglês. Aboli noEma monarquía as prerrogativas dos bcnhorcs, do clero. d:i nobrezn e das cidades e lereis um Estado papular uu uni fi:,ludo díspótie<>, Os tribunais dc um grande bstado europeu *■* goljteiíim incessaruetnçntç, hã muitos séculos, a jurisdi ção pacrimonia! dos senhores c u wlcslústico. Não desejamos censurar tàii subLos magis trados naus deixamos ainda pnra scr decidido itté que ponto .1 constituição, nesse C ito . pode ■ ser mudada.Não m< dirijo cnnLra os privilégios ecleíiás- ticos- mas desejaria que dcfinitiyamcntc sc113 lisa icrahra a máxima dé Carbi 1. da Inglaterra; Sem bispo não hã euroa: .Vn crass, no croivn.
* ■“■ A J-ronça, nuiuraírticrtic.
rixEisac bom sua jurisdição. Não se uata. de saber se hã moüvos para estaheíece-la mas sim se ela está estabelecida, sc ta í parte das leis do pois. se c relativa cm toda parte. SC entre dois poderes reconhecidos como ia dependentes as condições raio defera ser reciprocas % se não é a mesma coisa para um bom súdito defender a justiça do príncipe ou os limites que cia. cm todos os tempos, se prescreveu.Assim como, numa república, o poder do clero c perigoso, e k é conveniente numa
monarquia, sobretudo nas que caminham para o despotismo Onde estariam a Espanha e Por- Lugal, desde a perda. dc suas leis, sem esse poder que. sozinho, contém i> poder arbilrmrio? Burreira sempre útil quando não csisíem outras, pois, coma o despotismo causa á naíu rcia humana males horríveis, o próprio ma] que o limita c um bem.Com o o mar que parece cobrir ioda a terra c Contido pelas ervas e pequenos seixo* que sc encontram sobre a praia, lanbém os monarcas cujo poder parece í]imitado são barrados p doí menores obstáculos c submetem sua altivez natural às lamentações* aoa rogos.O n ingleses, para favorecer a liberdade, suprimiram iodos os poderes intermediários que compunham sua monarquia. Têm muiEn razão em conservar essa liberdade; sc a per* dessem seriam um dos povos mais escravizados <la terra.Law, por ignorar Loniü a. constituição repu blicana com o a monarquia, foi um das maiores promotores do despotismo jã vistos na Europa, Além das transformações que promoveu, tão bruscas, inusitadas c espantosas, pretendia suprimir jis posições intermediárias c dissolver
Os corpos políticos; dissolvia4 4 a monarquia por seus reembolsarnentos q ui mé ricos e parecia querer comprar a própria constituição.P4uma monarquia não c suticicme a exis tcncia dc posições intermediárias; ê necessário ain-da um repositório de leis. Esse repositório só pode existir rios corpos políticos que anun ciam âs leis. quando são feitas, e relembram nas, quando ç5íj esquecidas11 B, A ignorância natural da nobreza, sua desatenção, seu desprezo pelô governo civil, exigem que haja um Órgão que inccssantememc Faça sair as leis da poeira õnde estariam enterradas. O Conselho do príncipe não é um repositório conveniente.
por sua ri aturez.a, o repositório da vontade momentânea do príncipe que cxecura t não a repositório das leis fundamentais. Além disso, o Conselho do monarca modifica-se constante mente; não e de modo algum permanente; não poderiu ser numeroso, não tem. cm alio grau. a confiança do povo; não está. pois. cm condi ções dc c&cJarecê-lo nos momentos difíceis, nem de chamá-la á obediência.N os Estados despóticos, onde não hã leis fundamentais, nào há cnmbém repemtórk) das leis. Disso decorre que, nesses países, comu* mente a religião possui grande poder, pois constitui uma espécie dc repositório c de permanência: c, se não c a religião, são os COS tuincs que ui sc veneram cm lugar das letS.
* * Fernando, rei dc Aragào. fea-« grão-mestre das ordCfls é somente « jo sliwou a constituíçio. (N. do
A.)* ' Alusái>i»spaflarneíit6i,cornvrui!irçitoõcas!i«i lu n de itdmoestiçlo*.
“ EnS francês, remniriranca: traia vc dos discurso;, dirigidos aur. reis pelos amigos parlameniov, capon do os inconvenicntcs.de um edito ete.(N dt>T.)
C a pitu lo V
Das leis relativas à natureza
do Estado despótico
D a natureza d» poder despótico resulta que o único homem que o exerce„ o fuça também cwreet por um só. Um homem cujos cincosentidos dizem inccssarKineMC que etc é tudo e os outros nada são. è naturalmente prçgui-CCMí. ignorante e voluptuoso. Abandona então os negócios públicos. Entretanto, sc os cnn
fiasse a diversos homens, havçria disputas
entre eles.; intrigar-se-ia pars <rr o primeiro escravo; o príncipe seria -obrigado a cuidar dá administração. Será portanto mais simples que de o entregue a um vízir* 1 que tería, inicial'
4 ? Os reis do Oriente sempre possuem viriies, afu-
n a Chardin (N-dloÀ.)
DO ESPÍRITO DAS LEIS í 37
mente, n mesmo poder que ele. O c&ubcfcci- mcnco de urti v iãr ê, nesse listado, unwi Iei fundamental.Conta-sc que um papa, em sua eleição, compenetrado de Tua Incapacidade, aprescn- 4tru, de início, dificuldades Enrtnásrs. Aceitou por fim e entregou a seu sobrinho iodos os negóckis. F di-riu, admirado: “ Nunca pensei que íhhi fosse tão simples1'’. O mesmo ocorre cyrn us príncipes do tíriente. Quando os tiram dessa prisão onde os cunucos lhes enfraque
ccrain o coração c o espirito, e onde. aniúdti, os dtsisaram ignorar sua própria mndtçãn — para coloca los no Ircmo, ficam in içialnneete
alordrmSos. Entretanto, depois de escolherem um VLíir e depois dc. cm seus itarens, se lerem entregado ás mais brutais paixões t depois de. numa corte corrompida, terem cumprido todos os seus caprichos. jamts is ter mm pensado que isso fosse lati tacjl.Quanto mais o império cresce, mais o harém aumenta e, conneqücn temente. mais o príncipe está embriagado dc prazeres. Assim , nessesEstados, quanto mais súditos o príncipe possui para governar, menos pensa nti governe: quajito m rm se a v o lu m a m n.s n e g ó c io s . stlcjuic -c delibera sobre ck s .
LIVRO TERCEIRO
DOS PRINCÍPIOS d o s três govern os
C a p ít u l o 1
Diferença entre a natureza do governo
e seu princípio
Depois dc Ler examinado qliãis são as leis relativas ã naiurer.it dc cada governo. cumpre ver quais sip relulivas a cm* principio.
Entre a natureza do governo c seu princípio,
ha esta diferença*®: sua natureza c o que n lar
** Fvta distinção c muitn importante c dela extrai
remos muitas consequências, pois c a chave de uma
infinidade de feó. (N, do A )
stír como é« c *£u principio c 0 Cjilfi 0 faz agir.
A primeim constitui sua estrutura particular e. a iytígunda. Lis paixões, humanas que o movj m entam .
Ora, av lets não devem ser menos rdativas uu principio de coda governo do quen sua
n a tu re za , t m iste r, p o rta n to , p ro cu rar qual e o principio. F o que faremos neste livro.
C a p i t u l o II
Do princípio dos diversos governos
Dissemos que é da natureza do governo repubSicuno que todo o povo, ou certas fami lias. possuam o poder soberano; da natureza do governo monúrquien que o príncipe possua O poder soberano m m que u exerça de acordo n t n leis estabelecidas; da natureza do governo
despótico que um só governe, segundo suas vontades e caprichoa. N«da mal:. mç ê hcccs-sário para encontrar os ires princípios desses governos, pois eles dai derivam naturalmeme. Com cçw cm y» pelo governo republicano, vra- lande» inicialmentc do governo democrático.
C a p i t u l o III
Do princípio da democracia
Para que o governo monárquico ou despo tico se mantenha uu se sustente não é treces sána muita probidade. A força da lei. no pri m oro. o braço do príncipe sempre Eevamado, no segundo, tudo regulamenta ou contem. M as. num Eslado popular, c precisa uma força a mais: a Virtude*'-*.* 11 rScvcmoii entender, peta palavra “virtude'J, a virtude Ju cídadãu que Aristóteles já accesccmava as de húmem honestu, mesinu as distinguindo. Poli
tka, cap- III, 2-
lsso c confirmado por toda a íltsióna e está muito de acordo com a natureza das coisAS. Pois é claro que numa monarquia, onde quem manda executar as leis se julga acima das leis. tem se rEbcessidactc de menos virtude do que num governo popular, onde quem manda executar as leis sente que ele próprio a élas está submetido c que delas sofrerá O peso
ê claro ainda que o monarca que por mausconselhos ou negligencia deixa dc mandar executar as leis pode facilmente reparar O mal:
basta modificar o Conselho ou se corrigir
dessa negligencia. Entretanto, quando nyiu governo popular as leis não mais são executadas, t COmo isso só pude ser consequência da
corrupção da república, o Estado já está
perdido 5 5.
Foi um belo espetáculo observar, no século
passado, os esforços impotentes dos ingleses
para implantar, entre des. ,t democracia.
Como os que participavam dos negócios não
Linham virtude, como sua ambição irritava-se
com o exitodu quç era mais ousado * '. como o
espírito de uma facção só cra contido pelo
espírito de outra, o governo mudava incessan
te mente; perplexo, o povo procurava a demo
cracia c não n encontrava em purt« alguma.
Enfim ., após muitos movimentos, choques c
abafos, foi necessário confiar no próprio
governo que sc prescreveraQuando Sila quis devolver a Roma sua
liberdade, essa não pôde mais rcccbê-la, pois
não possui a maís do que um tênue resquício de
virtude e. como a ptisss.ua cada v a menos, em
v a de despertar após César, Tibérió. Caio.
Clktdio. Nero, f>nmiciai%o. tornou se eudít vç/.
maLs escrnva; todos os golpes foram dirigidos
Cofitrn os tiranos mas nenhum conirn n. tironiu.
Os imlítkos gregos, que viviam no governo
popular, só reconheciam üttin força capaz dc
mante fos: ;t força da virtuden. Os políticos
aluais só nos ffllam dc manufaturas, dc comer
cio, dc finanças, dc riquezas c até de luxo.
Quando esta virtude desaparece, a ambição
penetra o coração dos que podem acolhe 1a c n
avareza apodera se de todos. Os desejos
mudam dc objeto: não mais se ama aos que se
amava; era se livre com as loç, quer se ser livre Cõrttm elas; cada cidadão é cumo um
esc cavo que fugiu da casa de seu senhor, cha
mu-se rigor o que era máxima; çhlUPa st4 impú
lição o que era regra, chama se temor o que
cra rexpetio, A frugal idade agora c avareza e
rtio desejo dc possuir, Qutrero. os hens dos
particular es const tiuíam o tesouro publico
mas, então, o tesouro torna se patrimônio dos
particulares. A república è um despojo mas
1,1 Aristotdts, Politku. liv. V. c«p. VIII.
CromwcJ. (N. do Ar)” fd., ibid ,, liv. II, cap. 11
sua fonça não é tnais-do que o poder dc alguns cidadãos e a licença dc todos.Ateu as possuiu em seu ieio as mesmas forças enquanto dominou com tanta glória e enquanto humilhou se com tamo opróbrio. Ps>ssuía vinte tmJ cidadãos5,3 quando defendeu os gregos contra os persas, quando disputou a imperto ã Lacedirmôn ia c quaildo atacou a Sjçília. Alertas possuía vinte mil quando Dome trio de Fíilcrcs os encime rim s 4. tal como, num mercado. se enumeram os escravos, Quando Filipe ousou submetera Grécm. quando clf apareceu nas poria* de Atenas1 r‘ . de perdido esta -õ tinha u tempo. Podemos verificar, cm Demòstenes. quanto csfotço íoi necessário para dep en á-la: lemía-sc Filipe nuu como o inimiga da liberdade más como n inimigo dos prazeres5 Esta cidade, que resistira a tantos reveses, que vímos renascer após as desiruiçócs. Fui derrotada em Quefcmcra e paru sempre Nau importa que Filipe devolva todos Os prisioneiros, pois nao devolve homens. Era sempre tão fáciF vencer as forças çtc Atenas m m o dificil vencer jua virtude.C om o CüTíago podería manter se1? Quando Aníbal, que :o: tomara pretor, qttis irrtpudir Os magistrados de pilhar a republica, não fórum d c L tRUtsá Io aos mmanos? Infelizes, queriam ser tidadsos sem que existisse u, cidade c enan ter suas riquezas graças no potíerto de seus destruidores! Cedo Roma exigiu lhes como reféns trezentos dc sçus principais cidadãos, fer com que se lhe entregassem suas armas c navios c depois lhes declarou gucria. Feias cot su que o desespero fc/ na C am igo desarma d a * T, podemos imaginar o que ela terja feito com sua virtti.de, quando ainda possuía suas forças.
Plutarar, in Pãníciw Pluláci iit CWffa.s. (N.iktA ,5‘ Eneontraraitl-se. cm Atenas, vime e um míl Cidadãos, de? mil estrangeiros c quatrocentos mil eseruvos. V«Jc.A/mra J i v V l t N . d n A )1 * Possuiu ela vinte mil cidadãos. Vede Demóste- riCB. r>t ál riSUffC- (N. do Á . >'" Ides tinham CNtábeteoido uma lei pura pujiít com a morte q u e m p r o p u s e s s e u t i l iz a r p a ru a g u e r r a l> dinheiro destinado aos teatros. (M. <lu A )1 r tista guerra durou trév anos, {N. do A.)
DO ESPÍRITO DAS LEIS I 43
C a p í t u l o !V
D o princípio da aristocracia
A virtude e tão necessária fio governo popu
lar q u a n to n a aristocracia. É verd ad e q u e aqui da não é tão a b so lu ta m e m e requerida.
O povo, que é para os nobres o que os súdi
tos são para o mçn&rCa. é coibido por suas
leis. Aqui o povo icm menos necessidade de
virtude do que na democracia. Porem, oom> sc
cmbiràrt os nobres? Os que devetn mandar
exctitttar as Jcis contra jaius colegas sentem
imedíatamente que agem cnmra cies próprios.
Cumprii portanto que. neste corpc, haja virtu
de. pela natureza da constituição.O governo aristocrático possui, por si mesmo, uma certa Fôrça que a democracia mm
possvi. Os ttobrea formam um corpo que, por mi,i prerrogativa c interesse píullíailar, icprímc
o povo: basta que úJiistam Leis paíU que, a es*ü
r c s p íitó , "itjLirtri c x c cu la d u v
Porém, assim como ó fácil para essÈ ctsrjH)
reprimir ns demais, c difícil que cie reprima a
si pTÓprio*8. A natureza dessa constituição c
tal que parece colocar as mesmas pessoas SOb a força das leis e dela as retirar.
Ora um corpo semelhante apenas pode
reprimir-se de duas maneiras: ou por uma
grande virtude que Ta.z com que os nobres se
achem de algum modo Iguais a soo povo, coisa
que pode forma; uma grande república: ou por
uma virtude menor, isln é, certa moderação
que toma os nobres, pckn menos, iguais entre
si, o que lay. a sua oon^rvaçãti.A mnàfraçào é portanto a alma desses governos. Refiro-mc a que sc baseio sobre a virtude e não ã que decorre de uma covardia e preguiçada alma.
5" Os crimes puhlieos. aí poderio mi punidos pms
constituem iim assunto coletivo', os crime- purticu
Inres não wrüo punirlo-, porque o interesse dc lentos
£ fl.iO pum tos, (N. do A.)
C a p i t u l o V
De como a virtude não é o princípio
do governo monárquico
N a í monarquia*. a polilicn manda fazer as grandes coisas- com o mínimo dc virtude possível. ria mesma maneira com o, nas maquinas
mais perfeitas, a arte emprega n menor número possível dc movimentos, fOTÇâití rodas.OEstado subsiste indepcndenLerrtçTiíe de amor pela pãiria, do desejo da verdadeira glú ria. da renúncia a si mesmo, do sacrifício aos interesses mais caros e dc todas estat viriudus heróicas que encontramos nos Antigos c das quais apenas nu vimos falar.«As leis ocupam o lugar de rodas essas virtudes. das quais não sr tem qualquer ncccssi dade, pois o Estado üclúà vos dispensa; uma ação que se fas silenciíiiajricnte s qirc é. de certo modo. sem consequências.
Emhnrn, por sua natureza, iodos 05 crimcv
sçjam públicos, dtssirpuimos os cr unes vçrda
dfiirnmenrc públicos dos crime-, particulares, assim chamndos porque atingem mais uma pessoa do que toda a sociedade
Ora, na.-, republicas, os crimes particulares
SÃO- os mais públicos, isto é, nteniam maís con
ltj a eonsüuiiçiu do Estado do que os indivi
duos: v, nas monarquias, os crimex públicos
S36 mais particulares, isto e, atingem mais as
fortunas particulares dçi que a coriütituiçáo di>
prapriu Estado.Peço que não se o rendam com o que acabei
de dizer pnis refiro-me a rodas aí heitorra*. Sti
muito bem que não raro eabtcm príncipes vir
44 MONTESQUIEULuosos mas- digu que. numn monarquia, é muito difícil que a povo o seja, s .T.-çia sc o <jue disseram 03 hiElonudOres de
Iodas a.5 cpocas sobre a cone dos monarcas.; recordem- w as narrativas d ó i homens dE todos irs países sobre o earáicr vj[ dos cortCSüCrS: riUO se in sta dtj coisas dc especulação"0 mas de orno triste capcncncia.A anfihvçào na ociosidade, y baLxezu noorgulho, o desejo de enriquecer .sem trabalhar, a aversão pela s cr Jade. a Ir&onja. a traição, a perfídia. (s abandnnn <fp todos OS COmpromi- sos. o desprezo pelos deveres do cidadão, o medo pela virtude rio príncipe, a esperança sm suas fraquezas c , mais do que usdq is,vo, o per pétuo ridículo lançado sobre a virtude, for
a* Refiro-me aqui à vjrlndt* pvliisco, que é a virui
de morai, nci sennde de que ela ve otreoia p.-i.r,i o
bwtt (israh Ia]ei muito pouco das viriudes marafr
pafliciil&riií. b nada dvssa virtude que se rriacjpna com as Vtíídaüus reveiadas, Ver se ã bem riso no liv.
V. cap, II. [N, do A.) ** Vede a rii.uu <U- Motltcsquicu c q nota -19 ■ " Cotta» dt' especuJwád. deduçoe* dkiS filo-colóí..
rnam, creio, o caráter da maioria dos cortesãos. observados em todos os lugares e em todos 03 tempos. Ora. t muito lamentável que a maioria dos principais de um Estado sejam pessoas desonestas e que seus mferiores sejam pessoas de bem: que aqueles sejam mentirosos r estes só aceitam ser tolos.
Porque, se entre o povo encontramos algum
infeliz homem honesto15 ’ , o Cardeal de Richc-
‘teu insinua, em seu testamento políticoftí. que
um momjrçíi deve evitar servir se dele 6 ri de tal
modo c vtrdaddro que a virtude não é a mola
desse gOvemo J Certamente a virtude ri nào
«stá üílalinentç «K d unh ; mas ela não constÍLui
a sua mola.
* ’ Emendei isso no sentido da nota procedente. ÍN.
du A . I
’ r Lembramos que Müntesquieu aqui insere cama
nota. nas primeiras edições: "fcste livro foi prepa
rado sqh os olhas c sobre as memórias do Cardeal
tlc Ricflriicu, pelas Srs, de Rnurscií ç . . que lhe crjon ligados” .
w Não é necessário, está dito aí. servir « dus pes
soas de bruxa cmraçSo; eítta são muito ausiern* c
muiln difíceis (Textamrnt, cap. IV), i N dn A.)
C a p i t u l o V I
Com o se supre a virtude no governo
monárquico
Apresso mc c caminho a passos la rg o s a fim
de que não se creia que faço uma sal ira do
governo monárquico, Nâo, gc a ele falca uina
m o la , p o ssu i o u tra : a H o n r a , isto é . o preçon
erito de cadn pessoa e de caúa condição,
ocupa o lugrir dfl virtude política à qual já mu
referi a a representa era ioda parte. Pode ela
inspirai as mais heias ações; pude. lig a d a ã
força das leis. levar o governo aos «eus objeti
vo s c o m o a própria virtude,
Assim, nas monarquias bem rcgulamen
todas. todos serão qtutsc bons cidadãos mas rnrnmeme encontrar se- á alguém, que seja homem lie hem, pois para ser homem de bem r’ 4 é neceesãrto ter a inlcnçào du se Io 6 " c iimar tt F.stado mais cm si mesmo do que em interesse próprio.* * !■ tu palavra, humem de ifvrn, só c cnicndKia nc|ui rum senudo politioo. (S , cto A.)
‘ 9 Vede ,i nota í da pagtda 129 da antina edição. IN, do A.J
C a p ít u l o V II 45
Do princípio da monarquia
■ O governo rrt<nla-(|uicc supõe, como disse-
mo?., p-r&eirtinèRCiíEa. categorias c mesmo uma
nobre? st de origem A natureza da honre >: a i gir preferências e distinções; ela.cmul porlímip, pela própria coisa, situada neste governo.A ambição é perniciosa numa república mus
acarreta bons resultados, na monarquia: dá
vida a esse governo com a vantagem de não ser perigosa porque pode aí ser incessante menlc reprimsdíuDireis que isso sc assemelha ao utitenta, do universo, em que ha uma força que afastainecsiíintem ente todos tis corp os do çe.rrtrç. d osisLoma* c uma força de gravidade que para aj'
os recúndLí?.. À honra movimenta todas as: par tes (to corpo político. íièa-as por sua própria Mçãn, fazendo com que cada uma caminiu' pnra o bem comum acreditando ir em direção de seus interesses particulares.É verdade que. filosoFicatneaíe falando, i uma falsa honra que dirige Iodas as partes do Estado, Porem, esta falsa honra é tão útil ao
púhlico como a seria a verdadeira honra para os indivíduos que pwdessem iê Ia,
E jú não basta obrigar os homens a Lnirnpri-
todas as ações difíceis que requerem força, sem
o-utTa recompensa que a repercussão dessas ações?
C a p i t u l o V III
De como a honra não é o principio dos Estados despóticos
A honra não constitui u principio dos Lsta
d o s d e s p ó tic o s : sendo io d o s o s h o im m i ig u a is , não se pode anlepor une aos outrost sendo todos OS fio trens cscruvos. ninguém pode ante
p o r -« j a c o is a a lg u m a .Demais, como n hyrvra possui sua? k*is c rcgulnmcruos. nòo poderia transigir; corro depende muito de scti prõpnu capricho c não do de outra coisa, só pode ser cncoairadn nos F.stados cm que a constituição é fixac que por
suem leis eortp.s,
Como seria dn suportada pelo déspota? Ela
vímglrtrip-se dç menospreze ■ vidri v o déspol n
sõ c poderoso porque pode suprimi-Ia, C om a podería ela líilcmr o déspota? Tem regras determinadas c caprichos obstinados: o déspota não observa regulamento alçam e seus caprichosdcstroem todos OS demíisii,
A honra — desconhecida nós Estados dcspúiicor onde atníúde não existe: nicsmu iimo palavra para expressa Ia ®41 reina nas monarquias, dando vida a todo o corpo político . às leis c às próprias virtudes.4 * Pen y, 4 4 7 , (M . tlp A .)
C a p i t u l o Í X
D o princípio do governo despótico
TaJ como a virtude c neetiiáría numa repú biica e a honra necessária numa monarquia, o
Medo è necessário num governo despótico; nesse governe. a virtude c lotalm cait desnecessária. e a lionrâ, perigosa,
A qui. o imenso poder do príncipe passa irteiramenie àqueles a quem ele o confia, ç pessoas capares de cuidar muito de si mesmas seriam Capancs de promover revoluções. Cum pre portanto, que o medo aniquile todas as
46 M0NTESQU1EU
coragens c cxüngu ate o menor sentimento dc
ambição.
Um governo moderado pode. .se o quiser. e
sem se arriscar, distender çuas molas. pois .se
mantém por suas leis c por 5.11a própria Força.
Mas quando, num governo despótico, o prín
cipe deixa, por um instante, de levantar o
braço e quando fiao pode destruir miediata-
rticnte os que ocupam os postos mais impor
Lantcs * 7 tudo está perdido, pois não mnts exis
tindo a mola do governo, que é o medo. u ps-vo
nào mais possui protetor.
É provavelmente nes-sc sentido que os tíádis
afirmaram que n griio-senhor não cra absoluta.-
mente obrigado a manter sua palavra ou seu
juramento quando isso implicava uma limítit-
çiiode sua autoridade nn." ' Como congantcrtWíile acontece r:i nminrracia militar. [N. do A.)
®* RtCülUt. Dc ITSmpfrc Ouofpan. l!v. I. cap. II. fN.
do A .1
O povo deve scr julgado dc acordo com leis e os poderows pelo arbítrio do principe;a ca beça do súdito mais inferior deve estar cm segurança e a dos paxás sempre ameaçada. Não se pode falar sem estremecer desses gnvemos monstruosos. O sufi da Pérsia, destronado, cm nossos dias, por Mirivèis, viu 0 governo perecer antes da conquista porque não Fe?, verter bastante snnguc K?A História conta-nos como a.s horríveis crueldades dc Domicíano aterrorizaram os jjovemadores. de tal modo que 0 povo pôde refazer sc um pouco son seu reinado t deste modo que uma torrente que. numa margem, tudo d e v a s t a , deixa, n a o u t r a , tampos- onde oolhar pcrccbc, dc longe, alguns prados.57 Vcdc H história dessa rcvotuçüo pelo Padre <Jn Ccr«att. (N .tb A.>70 Suei , D&mít.. iap. Vtlt. Seu governo era nrili
lar. íi qtie vunvlitui um dos lipos dc goVeírio dvipõ
iico fN, do A i
C a p i t u l o X
De como a obediência é diferente nos governos
moderados c nos governos despóticos
A natureza do governo, nos i ".latiu s despi ticos. exige um# extrema obediência, e a vontn dc do príncipe, uma vez conhecida, deve ler lã o ünfaiivetineruc seu e fe ito quanta uttjii bula mirada contra outra deve icr o seu,Nõn In» temperamento, mcxiífrcuçúo. accr dos, termos, cquivuicuicv, conferências. ad- mocst&çõcs; não há nada igual nu melhor a ser proposto; o homem é um» criatura que obedece u outra criatura que manda.Nào mais pode expressar seus temores por um acontecimento futuro, nem atribuir seus nudOgim u-u* caprichos Oo acaso. O quinhão tias homens, tal como 0 dos animais, é o ins- iinio, a obediência, o castigo.D c nada vale uolotar ohsiáciltos tais eemn os sentimentos naturais, n respciio paterno, a ternura pelos filhos c pelas mulheres, as leis da Juntra, 0 esiado de saúde: rçoçbeu-sç ordem e isso basta.Na Pérsia. quiuido u rei condena alguém, nàõ mais sc pode falar lhe, nem suplicar per-
dãiu. Sc ele escava hebníln Ou Ibra dc si, a sen tença deve ser executada do mesmo modo ’ ’ sem isso. ele ve eonirtulírin c a lei náo pode comrudizcr-ac. Esse modo de pensar existiu sempre nesse pais: não podendo ser revogada 0 sirdem que A.ssuero deu dc exterminar os
judeus, preteriu se dar tt cies permissão para sc defenderem.Hít, porém. uma coisa que pode ãs vezes ser oposta à vontade do p r í n c i p e ' a religião. Pode sc abandonar e nvísnio matar a pai. sc y prinejpc assim 0 ordenar, mas nãn vc beberã vinho, ainda que etc assim queira e ordene. As leis da rclíp Lão são de preceito superior porque recaem tanto sobre o príncipe como sobre Seus s 11 ünos, E n tm am c. não .sucede o mesme com0 direito natural: supõc-sc que o príncipe nao rraisé homem..Nos Lstados monárquicos e moderados, o poder c limitado pelo que constitui seus funda
1 Vedf Chardin. ÍN- du A.J
11 Vçdç Chardin. (N, do A.,-
DO ESPÍRITO DAS LEIS I A 7
tQCniOS; (íftíO-iHí à llüflra que- reina tomei ilmmonarca sobre o príncipe c sobre o povo. Mjn
guém lhe alegará as leis da rdígián; um cortesão aereditar-se-á ridículo: ser-lhe 5o alegadas as da 'honra. Daí resultam modaficações neces
sárias na obediência; a honra está rmturnl- mc-ntc sujeita o singularidades, e a obediência cumprira iodas.
N e s s e k d o is g o v e r n o s , apesar de ser üi l-c-
rèníc a maneira de obedecer, o poder ê. apesas disso. O mesmo.. Para qualquer lado que o monarca ac volte, ele decide e precipita a balança, e é obedecido. Toda diferença reside, no rato de que, na monarquia, o príncipe é esclarecido e os ministros são infinitamenie naait hábeis e mais versados nos- negócios pu blíccsdo que no Estado dEspoiico.
C a p ít u l o X I
Reflexão sobre tudo tsso
Tais são os princípio s dos ucs pivcm os. n qnc' não significa -que, em determinada repú blica, tw sájíi virtuoso» mas sim que se deveria sc lo. isso tainbcm não prova que, numa certa
monarquia. a honra reine c que. num dnde Es tado despótico, o medo vigore; mas sim que a honra c o medo deveríam existir» sem O que ú governo seria imperfeito.
LIVRO QUARTO
DE COM O AS LEIS DEVEM SER RELATIVAS
AOS PRINCÍPIOS DO GOVERNO
C a p i t u l o I
D as leis da educação
A s Jeis da educação são as primeiras que recebemos. K. como elas nas preparam para sermos cidadãos, cada famátÍQ particular deve ser governada de acordo çgm o plano da grande família que abrange io d a s13.9 7 Aristóleles. Potíifc», liv. V . crqp. IX
Se n povo em geral possuí um principio, as partes que o compõem, isto c, ns famílias, tam bem o lerão, Portanto. em cadu LiptJ de gover no as leis da educação serão diferentes, Masmonarquias, terão por objeto íi honra; nas
republicas, a virtude; no despotismo. fr medo:
C a p í t u l o I I
D a educação nas monarquias
Na% monarquin*. não i rum escola.-, públicas que : c mstrui u infunda. que se recebe a principal educação; a educação começa de alguma maneira quando se participa d» vidn. I: aqui está a escola do que chamamos honra. esta. prcccpioru universal que deve, em ioda parte,
r o s o rien tar.Lá é que sempre vemos c ouvimos dizer ires coisas: "N a s virtudes dCvCmos inserir ccrln nobreza; nos costumes, tu-rin rranqinuv: nas maneiras, certa polidez” .A s virtudes que al: nos, sàú mostradas iãr> sempre menos o que devemos aos outros elo que o que devemos a nós próprios; não s3ü umio o que nos úpro.rim» de nossos, ermeidn dàos mas o que deles nos diferencia.Não -SC jviig« a ação dos homens corno boas ittrui uomo belas, não coimi justas mas como grandiosas, não como razoáveis mas corna extraordinárias.Desde que a honra, nas monarquias, pode encururar alguma coisa nobre, ela é o juít que â j toma legitimas ou o sofista que as justifica.Permite a gjlanietlíi quando está associada a idéia dos sentimentos do coração, ou á idéia de conquista, e c ts ie u verdadeiro motivo pelo
qual os costumes nunca süu ião puros nas monarquias como nos governos republicanos,Pwmitc ri astúcia quando CSlü unsd.l á idéia lia grande?n do espírito ctu da grandeza da questão, como. por exemplo, na política, cuja . m tilcnasntb «ofendem.A honra nó coíbe a adulação quando esta está Iso la d a da idéia de uma grand e fo rtu n a tquando nó nl- associa no sentimento de sua pró pría baíKCsa. A firm ai, a ccepeiip COsLumeü.que a educação das monarquias; deve neles introduzir um» certa franqueza. Pretende-se. portanto, que a vçrdode cxi&ta nas palavra-,. Mas será que isso ê por amor a ela? De modo algum. Desejamn-líi porque um homem acostumado a proclamá la parece %er audacioso c
liv re . C o m e fe ito , tal h o m em p are ce depender ãpOnas das coisas c não da?; nwmctrrts pelas quais, outm nr. recebe.Isso fjtz com que, taiiio como recomendamos esta espocte ele franqueza, desprezemos a do povo. que só possui como objetivo a ver dade c a simplicidade.Ftnalmcnte. a educação, nas monarquias, requer uma ccrm polidez nas iniuicirasi Gs homens, nascidos para viver em sociedade,
52 M ONTESQUIEU
nasceram também para se agradar mut.ua mente, e quem nàct observasse :t.x convcriíên cias, of.ndt.ndo todos, com quem convivesse, dcsacrediiar-sfi-ia a ponto de se uiriiar incapaz dc praticar qualquer bem.Porem não <: de (àu pura fonte que a polidez cusitima extrair sua origem. Na-seccla do dese jo de se distinguir. <-! pelo orgulho que somos delicados: sentimo nos lisnnjcados de possuirboas maneiras que provam que não perten cemos às camadas baixas e que não convive mos com este tipo Je pçnlc que. cm iodas as épocas, sc desdenhou.Nas monarquia*, v nu uurh: que a poiidcz. esta implantada. Um homem cxccssivamcnic grande toma pequenos Iodos o* demito. Decorre dai' o res perto que devetmJ-S a Iodos; dai nasce a polidez que lisoricm turno os que sao polidos como aqueles com quem o somos, porque u polidez faz cotn que sc compreenda que somos da coric ou «wc somos dignos de sedo,O vtí/11 dn corte consiste çm substituir sua grandeza própna pur u n a grnndeza empres Indrt. Hssa Itsonjeta mais um cortesão do que n Sun própria. F.ln confere uttifi ísrln m odòliu desdenhosa que -c propala ao Imige mas curo orgulho diminui insCOsÍMílmcrtc na proporção da distância cm que sc está da fonte dessa grandeza.
Encontramostia corle uma delicadeza dc
gosto em todas as coisas que dccorrc de um
usn continuo das mpcrfluidadcs de uma gr nr
de forlunu, du variedade c sobretudo tio tédio
dus prazeres, *in multiplicidade, dn própria
confusão das fantasias que. quando süo agí*#,
dúvtíis. Suú sempre bem recebidas.A educação baseia sc sobre uaia» c s í.í s coa sm> para constituir o que chamamos homem de
bem, senhor dc iodas .is qualidades e virtudes
exigidas nesse iipi> de governo.Aqui a honra, imiscuindo se em tudo, penetra, em iodos os modos de pensar e em todas n-. maneiras dc sentir, orientando ate mesmo os princípios.Essa honra extravagante faz com que As virtudes não sejam o que d a deseja e como ela as deseja: introduz, por sua própria com a, regula mento*, Cni tudo o que nos t prtSCíilO; amplia ou limita, a seu hei praser. nossos deveres, quer esses se originem du religião, da política ou da moral.
\ a . monarquias, nru, há nada que prescreva tanta obediência ux vontades du prmcipc como as leis. a religião e a llOgíâ. Porém, esta honra nfi.í afirma que o príncipe nunca nusdgvu pru-v CfCvcr uma uvàu que nos desonre, pois ela tornar-nos ia incapazes de servi lo.Críllon rceusou-se a assassinar o Duque de Guise mas se ofereceu a Henrique III para bater-se contra ele. Depois da iioitc dc São Hariotomcu, tendo Carlos IX ítele*rmmado a
todo-S. OS gifvíiTa d o r e s que exterminassem osliugiicnntcs. n Visconde tTOrLe. que governava nu Hayiwrac, CMtfCVCU Ufl r e i7 *: “ Sirc. encon treí entre o:. habitantes c militares a|>cnük bons cidadãos c valentes soldados e nenhum carras co: assim, eu ç eles suplicamos a Vossa Majes tude emprepar nosiios braços c nossas vidas em coisas factíveis ‘ Essa grande c generosa coragem considerava uma covardia com a aipo impossível.Não bh nada que a honra prescreve mais à
nobreza do que servir ao príncipe nu guerra. Com efeito, c :t profissão duiingsoda porque seu-, acftxíiL seus .lucvvíoa '. rucs.mii seus rt-vt- ves conduzem a grandeza. Mns a honra. ik»
impor csia le-i dela quer wr c árbitro c, hc sc julgar vbtada. exige ou permite que nos retire mos do pais.Pretende a honra que possamos indiferente mente aspirar uojs empregos nu recusá-los e míintêm csíft I iherdade acima da própria fortuna.Possui n honra, portanto, suas regras supre mas u ;i educação é obrigada a sc conformar n tdns 1 u. A s principais vâo: c nos permitido niri buir importância ;i nossa fortuna porem nos c soberiLnumente vedado atribuir qualquer im portância à nossa v id a 1 *.A segunda e.-aipula que, quando lenhamus pnr uma vez ocupado uma piisiçio, nâo deve mos fazer, nem tolerar nada quí revele que surrms inferiores a esta mesma posição
’ A Vede ,1 /livlnínf lIo d ‘ Aubif.n-c t N, do A í
1 ,J Dizemos aqui u que é t nào o que dcvciia ser; a
lianrn c um preconceito que i* rctigiao trabalha, ora
para destruir, ora para iq^ularncniar, (N. ckj A.j
■ • Lemos cm Uo-.sucç (QJjçoarj aur /V/faloirel.víjivriWJí1, 3,“ parte. cap. V|): "Que Lorau nossa
nobreza tão altiva nos combates c tão ousada nos
empitÉfldimenluH? É a opinião rectbida desde a
.infáflCta ê estabelecida |n:lo srntlinír.io unanime da
noção, que um gentil ãuincm sem coração | siv.s
corn̂ írMl depraia a si prnprus <; não i digno ilc vir
jk> nuindri” .
DO ESPÍRíTO DAS LEIS I 53
A terceira diz que as coisas que a honra proíbe sào mais rigornsnmpruc proibidas quart do as leis não contribuem paru proscreve Ias c que a q u e la s q u e a h o n ra ex ig e são m a is fo rte m ente e x ig id a s q u a n d o as leis n ã o as rcq ü csLam.
C a p i t u l o I I I
D a educação no governo despótico
C o m o n a s m o n a rq u ia s a e d u c a ç ã o n ã o se
a p lic a senão em enobrecer Os se n tim e n to s. nus
E s ta d o * d e sp ó tico s cta p ro cu ra a p e n a s aviltá-
lo s . C u m p r e q u e á e d u c a ç ã o , n esses E s ta d o s ,
seja servil. S e r á u m a v a n ta g e m ter tid o sem e
lh ante e d u c a ç ã o , m e sm o no c o m a n d o , pois ai
n in g u é m será tiran o sem ser ao m e sm o tem po
e s c r a v o .
A e x tre m a o b e d iê n cia supoe ig n o r â n c ia cm
q u em o b e d e c e ; su p u e -n a m e sm o em quem
c o m a n d a ; este uuihi tem a d e lib e ra r, a duvidar,
nem a r a c io c in a r ; b asta q uerer.
N o s E s ta d o s d e sp ó tico s, c a d a c a s a é um
im p é rio a p a r a d o , A e d u c a ç ã o , q u e co n siste
prineipaImcnte cm viver com os OUlfOS. é por
tanto muito limitada; reduz se u iturodueir o
medo no c o r a ç ã o c a conferir ao espirito o
conhecimento de a lg u n s p rin cíp io s muito sim
ples d e re lig iã o . O sab er aí será p e rig o so , a emulação, funesta, c, no que sc refere ãs virlu des, Aristóteles não pode acreditar que exista alguma própria aos escravos7 7, fato que muito
lim ita ria a e d u c a ç ã o nesses g o v e rn o s .
Portanto a educação, nessas formas de governo, c d c a lg u m a m a n eira nula. P r e c isa
tirar tudo a fim dc dar algo e. para formar um
bom escravo, começa por formar um m a u
sú d ito .
A h ! P o r q ue sc esm era tia a e d u c a ç ã o c m formar um hom cidadão que participasse do
d e s g r a ç a p ú b lic a ? S c c íc am asse o E s ta d o seria
te n ta d o a so la p a r o s fu n d a m e n to s d o g o v e rn o : s* nào o lograsse, perder-se-ia; se o consc
g u isse . co r rc ria o risco d c se perder, c lc . o prin
c ip c c o im pério,
r f Política, liv. I. C«p, 111, <N, do A.)
C a p í t u l o IV
D os diferentes efeitos da educação
entre os Antigos e nós
A m a io ria d o s p o v o s a n tig o s v iv ia cm
g o v e r n o s c u jo p rin cip io era a virtu d e ; e . desde
que e sta e sta v a no au ge d c seu v ig o r . fa z ia m se
c o is a s que ho je n ào m a is v e m o s c q u e a s s o m
b ram n oSsu s frá g e is a lm a s.
Sua educação poár.uia uutia vunlujjcrn sobre
a n o s s a : n u n ca era d e sm e n tid a . E p a m m o n d s s ,
a o d errad eiro an o d e sua v id a . d iz ia , e sc u ta v a ,
v ia e fa z ia as m e sm a s c o is a s q u e n a id ad e cm
que c o m e ç a r a a ser instruído.
H o je , re ce b e m o s três e d u c a ç õ e s d iferen tes
ou co n trá rio s: a de n o sso s p a is , a d c n o s s o s
m estres c a do so c ie d a d e . O que n o s é d ito n a
ú ltim a dçsrtrói todas, as id eias d a s p rim eiras.
Isso d e co rre , em parte, d o c o n tr a ste existen te
em n o sso m eio entre o s c o m p r o m is s o s d a reli
g iã o e o s d a so cie d a d e , fa to que Os A m i g o s
d e s c o n h e c ia m
54 M ONTESQUIEU
C a p í t u l o V
D a educação no governo republicano
É no governo republicana que sc tem neces
sidade de (oda a força da educação, O temor
dos governos despóticos nasce de si mesmo,
entre as ameaças e castigos; u honra das
monarquias é favorecida pelas paixões e favo
rece as par sua vez, Mas a virtude política é
uma renuncia a si próprio, que c sempre algo
niuito penoso.Podemos definir esta virtude Cnríio o amor
pela* leis e pvla pátria 7ff. H«tC ainor, exigindo
sempre a supremacia do interesse público
sobre -o interesse particular, proiusí todas as
virtudes individuais; elas nadu mais são do que
esta supremacia7* "A essénâfo de um romano era o anuir pqr sua
libcrri.uk c poi sua pátri.i, Uma dessas eoisfls o
fa/.i.a amar a outra purque. coiTHJ amava suji l:ber-
Jade, ninava também sua pátria corno nttta miteque
o nutria nos se mimem os ijtualinroic generosos <■
livres. .Ssit> o nome liberdade. ps romanas imagl-
novüin. tal como os gregos, uir Es Indo em que
todos só súditos da fci. c cm que a lei iW c
mais ptxJçmiit que os hom ens(B usm t. ifn</J
Lste .amor e sirtr.ularmcnte característico das democracias. Somente nelas o governo é confiada a cada cidadão. O ra, o governo é como todas lís coisas do mundo: pura conservá-lo c necessário amá-lo.Nunca ouvimos dircr que cs reis não atras’ sem a monarquiae que os déspotas odiassem o despotismo,Tudo depende, portanto, de implantar nn república esse amor, e ê paru inspirá-lo que a educação deve estar atent» M as para que as crianças possam tc In há um meto seguro: c que os próprios p sk o possuam-Somos gerai mente sínhores para inctuir cm nossos filhos nossos conhecimentos: somo Io ainda mais para incutir neles nossas paixões.S l isso não acontece e porque o qqc foi fêilo na casa paterna c destruído pcEaa impressões externas.N io c a nova geração que se degenerai essa SÓ se perde quando os homens maduros já estão corrompidos.
C a p í t u l o VI
De algumas instituições dos gregos
O s a n tig o s g r o jo s , cn m p crieíru d u s d a n cc c s
''idade de q u e o$ p o v o s que v iv ia m so b um
g o v e rn o popular fo sse m e d u cad o s, nu virtu de,
c r ia r a m , p ara inspira lu, m sticu içck s s in g u la
res. Q u a n d o vedes, na v id a de L ic u r g o , as leis
q u e ele d e u a o s la c c d c m é n io s , julgais ler a b is
ló r ia d o s scvarãm bcs: r ,‘ A s leis de C r e ia crarn ü o rig in a l das da L a c e d e m ó n in . e as. de P la tã o , sua c o r r e ç ã o .
P e ço que se atente um p o u c o p a ta a g r a r
de/, a de gê n io que fo i n e ce ssá ria a e sse s legisla dores ji fim de que se vejn que, ao conLrariai uejiA Híiíairc He* Sêvarambe.i i um foi mui uc apa-
peciíki pŝ f vfiltn de 3671 de jv lona de VairitSSt d’ AI|di-S. T.r* um a im iiaçScí vulgar d a U tuftia deThotnas Moras.
iodos os hábitos recebidas, ao confundirem
to d a s as virtu d e s, m o stra ria m ao u n iverso sua
sab ed o ria . U e u r g u , a s s o c ia n d o o lu rto ao espi
rito de justiça, a m a is severa e sc ra v id ã o à
ex trem a lib erd ad e, o s sen tim en tos m a is iii.ro z ç s
à m aior m o d e ra ç ã o , deu ç s ia b ilid a d c ri suy
c id a d e , P areceu suprim ir lh e to d o s o s re cu rso s,
as a rie s , o c o m é r c io , o d in h e iro , as m u ra lh a s:
lin h a -s c a m b iç ã o som e sp e ra n ça d ç p ro gred ir:
p o ssu ía m .se o s sc n u tn e p io s n a tu ra is m as n ã o S£ era nem criança, nem m a r id o , nem p a i: ate n
ca stid a d e e sta v a d estitu íd a de p u d or. Pur esses
c a n tin h o s E sp u rta fo i levada ã g r a n d e x a c áglória; mas a infalibilidade de suas instlltlIÇÕCSera tal que nada se obtería contra cia vencendo
DO ESPÍRITO O AS LEIS r 55
bàLalhas. m; n lo se conseguisse suprcnvir suapol£cinslíCreia e a Lacôrua foram governadas por CÍÍ4S leis. A LaCédérrwmia foi ,i ultima a capi lular perante os macedõníos e C r e u 91 foi a
tlL-rradrira presa dns rnmafiOS- t>$ SBHinitas
possuiram essa. ̂ niestnna instituições c elns foram pata esseii rum aneso motivo de vtntc c quíttro írsunFos1**.Rita singularidade qut encontramos nas instituições tia Grécia, vimo-la na escória e na corrupção dos târnpox modernos*3. Um legislador honesto formou um povo no Ljiial a probidade parecia Eao nataral quanto a bravura entre os espartanos. PennB4 ê um verdadeiro Licurgo c apesar dc o primci.ro Ler lido a par por Objetivo como O Outro teve a guerra, ambos se assemelham pelo caminho singular pelo qual conduz ir.im scü povo, na ascendência qtie tiveram sobre homens livres, nos preconceitos que venceram, nas paixões que dominaram.O Paraguai pode oferecer-nos outro exemplo. Quiseram impuiar ú Com panhia* \ como um srimç, o fato de cln ter considerado o pra
txt de votn^nünr como o únscct bem da vida; porém será sempre bafo governar os; homens
tornando-as mais felizes * B.É glorioso para ela ter .sido a primeira que1,0 F d c p i i n c n „d >rigG n o -, lu v e d e r m in io s » a b u n d o ntirem i\ muncir.T de alienem ir .çur filho íi, .Uisrtdo feçfrt |Uç, *íffi asse, lerjftm sempre um# njffllt grande
a u «Ji Jiçim ekvüdo, Ptuturon, Vi4x úk Htüpimcn.Vede T I» t.ívki, liv. XXKV1II. (N. tlu A.j
“ Defendeu. Uur.tnlc ties anus, hu#k leis c sualitardadc. Vede os livras X C V U i, X C IX c C Jc Tim Livjo. no Epáottfa dc Floro. Oferece u mais
rcvsicnein que os prurides reis. {N.do A.>Hon>. U v .h w p .X V I.tN .d o A .)" ‘ In I-vçv Rum tL Cícero, Cartw aÁi fco, II, I. (N. da A.)' 1 Wciíi^m Pcrm, lesisfadcrr d# P-cnsilvãr ia* 3 íçsuíUs.
1 ' Ou índios cku Paraguai rüo dependem de em se
nhor particular; pagam itpemu uni quinto. «!**« ir.bu I c possuem árnias Uc fcujo pa.r-5 se defender. {M.
do A.)
mostrou, nesx&â Tcgjõcb, a idiria da religião unida ii da nurtanidade. Reparando as devas-
Tações dós Cspanhóis, começou por sanai umadas grandes praga? que o gênero humano ja
ra ais recebeu,L m sentimento raro que essa sociedadt tem por tudo O que se denomina honra. seu seio í>oi aircu religião que humilha muito mais os que áScutam do que os que a pregam, fí/eran: ra empreender grandes coisas: c cia obteve evito. Retirou das florestas povos dispersos; garantiu-lhes uma suhsisrência; vesliu-os. E
mcssiitj qut uim isso nado rugís tivesse feito do
que cimentar a indústria entre os homens, lería fiíElo iruitofl 7.Os que quiserem criar instituições Jitrnc' Ihaules. dcvçpi estabelecer a comunidade dt bens da Rofiublica de Platão, n respeito que esse yxigia para com os deuses, a separa-çào dos cstriingeiros para a conservação dos costumes, cabendo o comércio a cidade e nõo aos Çftftdipflí irtlplaiuarân nossas artes sem nosso luso c nfó-sas necessidades sem nossos desejos.
Deverão pjrOscrevcr o dinheiro, cujo efeito é
aumentor n fortuna para além dos limites que :i
naiureau e^iabdcecL; ensinar a conservar
truttilmente o que sc acumulara do mesmo
modo; multiplicar u:i inünitb os desejos C íii
prir a naturc/,a que rios dem mcn>5 multo ÈJltlt
irtdqs da estimular nossas paixões c de nos cor
romper rmiiuíimemc.
” Os cpldamnÍLinosn *, (rendo -.eu ■ coitumcs
cormmperem-se por causa de seu comato com
os biirhnro.!, dcBerann um rnuiii^trud-ci pura efv
luar iodas aí tronsaçôcs cm nome da ckJadc e
para íj cidade," Assim, a comércio não cor
rompe a çnnstimiçào <; -i consiituição não
priva o sociedade da.s vantagens do comercio.
* * 0& januínistas reprovaram todo esse tredin por
svr l a s í i r i v . I íu s -- jc x m ir .r , 06 q u a i s , p e r sem
lado, niu o consideraram suficiiinieirumLe respei tosu. !Cf VlocuçcquiL-Lj. jLefrr? à M dr Siainvtíit. 71
efe uiflio de |750,)
“• Pluiq/co. QitM lfcs Cn-Küv, «ip X X IX . (N. ilu
A.)
56 M ONTESQUIEU
C a p i t u l o v r i
Em que caso essas instituições singulares
podem ser boas
Estas tíSpccies de instituições podem convir às repúblicas porque a virtude política é seu
principio. Entretanto, nas monarquias, para Chegar á honra, ou tios Estados despóticos, para inspirar o temor, nàtí são necessários Lan tos cuidados.A liás, elas só podem ocorrer num pequeno Estado9a. onde se pode dar uma educação geral e educar como uma família todo um povo.
As leis dc Mi nos, de Lietirgt» c. dc Platão
"s Como irrarti as cidades Ja Grécia. ÍN. do A,1
supõem um.i atenção especial de iodos os cidadãos uns para com os outros. Isso não pode ser assegurado na confusão, nas negligências, na extensão dos interesses de um grande p»wo.Cuirspre, come se disse, abolir. nessa*
tuições, o dinheiro. Porém, nas grandes sociedades, y número, a variedade, os obslácvlost a importância dos negócios, ti facilidade das aquisições, a lentidão das trocas, exif.cm uma medida comum. Para cxcreer seu poder ou defendê-lo petr toda parte, é mister possuir aquiIn a que, cm toda paríe. os homens associaram a poder.
C a p í t u l o VIII
Explicação de um paradoxo dos Antigos
com rclaçao aos costumes
PoUbio. o judicioso Polibfo, conta-nos*B
que a música era necessária paru suavivar m
Costumes dos arcádio* que habitavam tuim
região onde o clima era inste c frio; «uc o,s de
Cirtctu. que negligenciaram a música, excede
ram em crueldade lüdo*. os grego* C que liòrtí há
cidade cm que se umíirim vjslo lunlos crimes
Platão*’ não receia dizer que não se pude
íur.cr alteração no música sem que haja outrana consiiuiição do Estado. Aristóteles, que p:i
rece só ter escrito sua Política p íru opor seus
semitoemos çiua de Platão, está, -contudo. de
acordo com ele quanto a influencia da música
sobre i« casLumes’J í . ToofraMu, Pluiarco*1.
Ksirabão11 4. Iodos os Antigos pensaram do
mesmo modo. Nau c uma opinião lançada sem
reflexão; c um dos prtndpios. úc stw política,
"o História, Hv I V.cap. X X , X X L
'J Du República, lív. IV. Inçluiám se na ‘‘música” n
□oquçnciti. u Pocsin c n I Ihtórla.
Polttica, liv. VIII, cap. V.,3 V id a ti<i P e ló p iâ a í. ( N , tks i\ò
* ' Liv. l.lN .lk» K.)
Asiím dnhoraram ns leis: assim queriam que se gtovernassem as cidades.Creio que podería, caplicar isso. Deve se ter em m ouc c|uc. nas cidades grepris. especial inenie as que tiniram a guerra por finalidade prméip>»4.l. todos os trabalho* e todas n* proíi.s. sôes que pocteria.ni acarretar lucro monetário eram considerados indignes de um homem livre. “ A maioria dos o fie io C , úíf. Xcnefcin tc9 \ "corrompe o corpo dos que os exercem; etôs obrigam a sentar w à sombra nu peru* du fofiõ: não se icm tempo nem par.s ys amidos nem pura a republica,’1 Foi somente quando da corrupção de alguma* democracias que o* artesãos obegurum n ser cidadão*, f . o que nos ensina Aristóteles9 * ; afirma ele que uma boa república nunca lhe* darú o direii.? de cidadã nia9 T.' Liv V, Sentença* Memoráveis, (Feonômica. cap, IV.» (N. do A.)
* ■ Palirica, liv. III. cap. [V. | N. <Io A.»'' ' Diofantó, afirma Aristóteles, Política, liv. II, cap
VII, floierminou úutroro. cm Arenas, que os ajxc sàm ícriam escruvos tii» públk-*.. (N.du A.)
D O E S P ÍR IT O D A S LEIS I 57
Era Lambam a agricultura uma profissão servil. sendo geral mente rilít.um povo vencido que a exercia: os lia Lotas-, entre cs iaecdcarii.' nios; ou periecoa, entre ott crctcngcsc os pen estos, entre os tessãliôs; outros5 B povos cscra voa. eiu outras republicais.Enfim. Ludo o baixo CDflicrcIio^ era degradante entre os gregos. Para cxcrcé-lo Lcna sidonectrss.úrm que um cidadão presinssti serviço-; aum escravo, a um arrendatário. a um aslrait- gem i: tal idéia contrariava o espírito da liber d ade grega. Desta maneira. Platão fll°. em suas leis. pretende que sc casrigue c.s çjdqclão que prpiique o eoniércio.fic a v a k , poruinio. íxirem am ciuc confuso n.is repúblicos grtigas. Não sr desejava que os cidadãos trabalhassem no comércio, na jgri cultura, nem nos ofícios, c também não se desejava que fossem ociosos101, Encontravam ck s ocupsiçâp nas exercícios que dependiam tia gínãsikn c nos que sc relacionavam com a guerra1 C ;. A instituição rcno lhes ofcrccm,outras, Portanto, devç sc «nisidunu os gregos como uma sociedade de atletas e de guerreiros.
Ora. csscS exercícios. làn adequados para lor rtiir os homcita duros c selvagens1 a i , rscuessiIkrtartC, Platão- e ÀrisLtilek;, querem que os escravas cultivem as terras. Leis. Jiv. VII: Pútitfca. liv VJL cap, X , £ verdade uue a :n*f î -ulcurn rtãoerá wçicljt em tudii parte pelos escravos: ,v> conirárin.
cnnin eEãv. Aristóteles, (Pot., Ifv, VI. eap, ]V"j, nu
malhares republicas crua ijqucfn’, cujos catadínv;, -u rlii sc dddk-nv.im PiSiOm. l-.-ai 'A iiliitti.-u COrtl ;i CUr rupems íJüs liiiiiçc ̂ gi>veriusN ipie * iL'm.irarr docnoarBEkàn, pois, nus primeiros («mfMfc, aí cM»des d« Grécui vmiim nn aristocmeia, (N, du A.J 'u ( “uUpurtutm, <N, du A .}' a a L iv ,ll (W.du A.)Aristóicloí, Política, hv. X . IN do A .3
1,1 Hr.v corpüfum cX£fCCndr)rum, gymnivjictt, i:tí- tjj.v (W/aminjíiuji ímutiorutr. pantuiritrieu. Arisu>
1 clci.Pttiittea, Itv- Vltl,cap. 111 trí.du-A.),<JJ Aristóteles íiw que -hs crianças Irimtfemõniiis, que começavam c.sük exercícios díiecLr tx mais íçnrn idade, adquiriam muita ferocidade! PqÍÍiícg. hv Vtíl, cap IV. (N, do A,)
lavam ser moderados por outros que pudessem ameni/ar os costumes. A música, que sc transmite ao espírito- pelos órgãos do corpo, era muito adequada para Isso. .Constitui um areio termo çnire os exercícios do corpo que fazem os homens duros e as ciências de especulação que 05 tornam selvagens. Não pudemos dizer que a musica inspirasse virtude; isso seria inconcehivd Frttretanto. impedia o efeito da brutalidade da instituição c farda com que 0 alma tivesse na educação uma parte que não l-cTía tãdo.Imagino -qu-e hóuve&M? entre nós uni grupo de pessoas tão apaixonadas pela caçâ que j i se ocupassem dela: indubitavelmente adquiririatn certa rudeza, Se essas rnesma? pessoas passas sem a apreciar .1 música, veriamos logo urna diferença nas suas maneiras e nos wus coslu mcs. Finalmcntc. us exsrdcios dos grcgOs csli mu 1avam apenas uni gênero de paixões: n rudeza, ri çctlcfli. a crueldade. A musica, csti tniila iodas elas, c pníte t.iacr com que a a,!musiiiLii a doçura, a piedade, a ternura, 0 príeter suave. WdsHói autores moralistas que. entre rtõ-s, proscrevem tão energicamente os ic.mros fazem tios sentif daram ciuc 0 podei tpic u mil- sica possui sobre nossos cspíriio-í.íie déssemos ut> grupo a que mr referi ituE í eu suave cm ve/, de upcnah uunborei e árias dc trombe ui nãt* é verdade que jilçançunumos uidbiir no«-ir« objedvo? Pciriianto, eu, Antigos (ülbartl razüíi quundo. cm ccrias circunstitr. cias. preferiam, parq os costumes, uma modati ilqdí Ã AUtfH.Mu:,, d 11 ae ü. por que dar prçlçrçnçia ú rnú sica? f: que, de todos nc pra/eres dos scniidos, não hü nenhum qut Ciorrompa menos a alma, Enrubcsecmos no termos cm PlutíHTCO1® 4 queys tebtâJiox. paru suavizar oa cuiiumEE de seus jovens, csut3clcccra.il. por meio de leis:, um omoj qutí dívtriíi ser pruserity por tyd&s o.snações do mnrtílti.,p * yitia de Pi‘ió;iiJitsr c:ip X (N. çto A,)
*
LIVRO QUINTO
DE COM O AS LEIS DECRETADAS PEIO LEGISLADOR
DEVEM SER RELATIVAS A 05 PRINCÍPIOS DO GOVERNO
C a p i t u l o I
Idéia deste livro
Acabamos, dc verificar que as Ieík da educa çüu devem relacionar sc com o princípio dc cada governo, assim como as que o Scpisiadur pmmulRíi para ioda a sociedade. Esta relação das leis com caie princípio fortalece todos os rursdanwnios do governo c esse principio recc-
Kl- daí. por sua vez. uma nova força. É assim que. nos movimentos físicos, »; ação c sempre seguida ele uma reação.Examinaremos essa relação em cada gover no; começaremos pçln Estado republicano que tem a viriude como principio.
C a p ít u l o II
O que é a virtude no Estado político
À virtude, numa república, é algo mimo simples; c o amor pela republica, c uni senti muruo c nâo uma .série de coniieámcnteit’. canto o última dos homens do Estudo quanto o pnmciro podem possuir esse semimeaio. O povo, uma ve/ que tem boas máximas, a elas se além por trais tempo que as chamada* per. oas de bcni. Riiraincruc a corrupção começa fhn ele. Ercqíicmcmcnic extrai da nlcdioe:í- tladc de seus cunhccimentov um apego mais furte pelo que calú eslabçLee ido,O amar pcU pátria acarrci.it a pureza dos
ci-slune .. e :i pureza dçs.i Costumes acarreta o amor pela pátria, Quanto menos podemos satisfazer nossas |jaixuen individuais, tanto mais nos entregamos às gernis, Por que oh monges amam Uutto sua ordem'.' Uxatamctitc pelo que ela tem dc insuportável. Seu regia In mento os priva dc todas as coisas em que se ,qx>iani ãs paixões comuns; resta, puis. essa paixuo pelo próprio rcgulamcmo que os nrtortj fkri. Quanto mais austero for ele, isto é. quatt tu mais restringir-lhes as inclinações, canto mais torça dará as que lhes deixa.
C a p í t u l o III
O que é o amor pela republica na democracia
O amen pela república, numa democracia, c o amor pela democracia; o amor pela demo craeui é o amor pela igualdade.O amor pela democracia é Uimbcm o amor pela fr u g a lid a d e . Nesse regime, devendo todos gozar tia mesma felicidade e das mesmas rcg;i lias, devem fruir dos mesmos prazeres c aca
lemar as mesmas esperanças, ’ coisa que só se pode esperar da frugalidade geral.O amor pela j^uuLiladc, numa democracia, limita a ambição unicamente ao desejo, a felicidade de prestar à sua pátria serviços maiores que as outros cidadãos. Todosnão podem presuu ihc serviços iguais; mas todos devem
62 MONTESQU1EU
ig u a lm c n tc prcstar-lhos, A o n a sc e r co n tr a ím o s para com ela uma imensa divida da qual nunca
podem oii d ís u b n j;a r nús,Assim , nas democracias, as distinções nas cem dn primapm da imunidade, mesmo quando essa parece destruida por serviços CXCCpClO nais ou por talemos superiores.Ü amor pela frugalidade limitei cj desejo dç possuir u atenção exigida pelo necessário para .i família e ale puto supêrflun para a pátria. As riquezas oferecem um poderio de quç um u d a dão não pode beneficia» se sob pena de prejudicar a igualdade: pTnporciànnm delícias de que tampouco dçvç fruil puíquu. du mesmo modo. senam contrárias à igualdade.Des;arte. as boas democracias, eslabele ççndo a fruftaiid.uk doméstica, abriram a porta ãs despesas públicas como se fez « n
Atenas e em R o m a . N e s s a é p o c a , a m a g o ifi cência c a abundância nasciam do seio da pró prin frugalidade. E, assim como a religião exige que se Lcniiam as mãos puras paru pres tar oferendas aos deuses, as leis erigiam cosiu mes frugais para que pudesse ofertar a pátria.
O bom senso c a felicidade dos in d ivíd u o s consiste muito rta mediocridade105 de seus
lakmos e de suas fortunas. Uma república onde .is leis tenham formado m u ita s pessoas
medíocres, orientada por pessoas sábias, go veraar-sr-a sabia mente. nrientadâ por pessoas felizes, será felicíssima10 * A rnediocritÍÀide. Devútnas afastar iodo sentido
pejorativo desta palavra & não quisermos que ela se voEic terrfrélmeme contra tudo o que Montesquieu parece querer elogiar,
C a p it u l o IV
Com o se inspira o amor pela
igualdade e pela frugalidade
O a m o r pelo ip ualdn de e n pela fru g a lid a d e
são extrem am en te e stim u la d o s pela própria
ig u a ld a d e c fr u g a lid a d e , q u a n d o se v iv e n u m a
so c ie d a d e ond e as leis e sta b e le ce ra m u m a e
o u tra .
Na*, monarquias c nos Estados despóticos,
ninguém aspira â igualdade; isso nem ocorre
aos espíritos; cada um almeja a superioridade,
A s pessoas das mais baixas condições delas desejam sair apenas para serem senhorns de
o u tra » .
O m e sm o o co rre c o m u fr u g a lid a d e ; pura
a m á -la 6 n ecessário « t e r e i Ia. O s que sã o
corrompidos pelo deleite não apreciarão a vida
frugal c. se isso fosse natural ou comum, A lei
bíades r io icrin provocado a admiração do
universo. Não serão também os que invejam
ou admiram o luxo dos outros que apreciarão
a frugalidade; indivíduos que só têm diurno dos
olhos homens ricos ou miseráveis como des
odeiam sua miséria sem amar ou conhecer d
que extermina a miséria.
Logo. e bem verdadeira u seguinte máxima:
numa república, para que se ame « igualdade c
a frugalidade, é mister que as leis as tenham
estnhelecido.
C a p it u l o V
Com o as leis estabelecem
a igualdade na democracia
Alguns legisladores amigos, como Licurgo c
Ròmuli'., dividiram igualmente as terras. Isso
só poderia ler acontecido na fundação de uma
república nova ou, então, quando a Jei antiga
estava tão corrompida c os espíritos numa ial
disposição que os pobres se consideravam
obrigadas a procurar semelhante solução e os
ricos a ela resignar se.
Se, quando o legislador rcalLta tal partilha, nãe elabora leis para assegura Ia, cria apenas
u m a cflnstituição efêmera: a desigualdade LnliUrEir sc ã pelo lado em que as leis não a tenham obstada, e a república estará pcrdida.Cumpre, portanto. ncs.ie caso. que sc regula mcTi .em os ilcnes das mulheres. a:-. doações. as heranças» os testamentos, enfim, todas as formas. de contrato, püó, se fosse pen-nitido doar os bens carro tr a quem se intendesse, cada vontade particular perturbaria a disposição da lei fundamental.Sóloti, que permitia, cm Atenas, quê se legassem os bens por testamento a quem 5e entendesse. desde que não se tivessem fl Ihos’ 06. contrariava as leis arriigaíj, as quais ordenavam que OS. bens permanecessem na famil ia do Icstador10 7. Cnnlrndixin vui» pró prias leis porque. ao abolir as dividas, procurara a igualdade.Era uma boa lei para a democracia a que interditava a pns$.ç de duas heranças10*. Kla originara se na divisão cqúitativa das terras c dos lotes Outorgados a cada cidadão A lej nao pretendera que um só homem possuísse vários lutes.
A lei q ;iç o r d e n a s íi qui: ti p u rcm c m ui:, p ró
xim o d esp o sasse a herdeira tin h a u m a o rigem
« m e l h a c t c . Fira a p lic a d a entre os ju d e u s a pó?
tnl p a r tilh a . P la tã o * 0 * , que fu n d a m e n to u suab
luis n e ssa p artilh a , tgu a ltn cn tc a in stitu iu : c etn uma lei u lcn te n sc.Existia em Arenas uma lei cujo espirito n:iu
sei se alguém compreendeu. Era permitido des> posar a irmã con sanguínea mas nato íi irmãiitrrirtn11 “ F*.sp enciume ■ *i ipinuru - c ijíir,repúblicas, cujo espírito era evitar que duas
p ic h a s , c conscqúenlL-mnuç duns heranças.
ILl * Pluiarcü, YidadeSÓfon. (M.tlti A J
i Pluufev, i 'Wa tie Srikm. (N. do A.>' u" t-Jilolau lit Coriitlu estabeleceu em Atinas Iteúe: em Tíbasi que o núincn- dos lutes tíc terra c das heranças «rí» Kinprc a mesmo, (Aristóteles.
PfílÜtee. Hv. tl.eap. X IlU N .d o A .i
' ° ,J República, [iv, VIII (N.do A }' 1 u Coméltó NepOs, w pfarfai. (Ncquv enim Ct
rrvtni fu it lu rp e. A .t h t n in x iu m su m m o vir**, sprorenr
Serm a n a m h a b ite ín m afrim anã>, »,-wyye q w r t rh<?
Çpj.t eadtirrt «íws/Mf irstitu to . A i k i quietem n osiris
moribux nrfas knhehtr.) Este tra o uso dos primei
ros iempas. Assim, Jir Abr.iSo 41 Sm a: t'7« ê nr/ntut
Irm â. f i l h a dú m eu pa i c não d e miriMa m ãe. (ú'caexi\e«p, V X j As meí,rtiSã ratões oeasiünuram 0 Cítabc Iccimtiato de uma mesma lei entre diferentes povos (N.do A .1
coubessem a uma mesma pessoa. Quando um hõinem desposava a imnâ do ranvo paternn. ?ó podia ter urna herança, que era a de seu pai: porem, quando d esposava a irmã uterirm. podia ocorrer que 0 pai desta irmã. não lendo fíihos varões, lhe -deisasse & sucessão c, por consequência, seu irmão que a desposava teria duas.Não se mu objete t> que di? F ilo n ' ' ' que.
cm turra em Atenas se desposasse a irmã consartgüiíicn e não a uterina. podia-se. na Laccdemónua. despflsar a irmã uterina u não a eonsanguíneu. pois encontro cm Eslrabãc1 ' J que. na Lacedemònitt. quando uma irmã des posavn o irmão. rccchia. por dote a metade da parte dele. Ê patente que esta .segunda lei tinha sítio estabelecida para evitar as consequências negativas dn prurteíra. A fim dc se impedir que as bens da família da irmà passassem i\ do iTTTLao, díu-u-sc ca n o dote pnra n irmã :i meta de dys bens do irmão.Scricca*,3 . referindo se n Silano. que deí.po sara u irmã. conln que cm Atenas a pcrriissãu era restrita c que, em Alexandria.era geral1' \ No jtovxrno úniço quase nã<> era necessário manter a paniJIiu dos bens.Para assegurar, na democracia, çssu divisão das terras, cra boa a lei que estipulava que pai dc mudos filhos encolhesse um pnru hcrtlut a sua parte11 ’ c desse os outros em adoçao a alpuérn que não tivesse filhos» n Htn de v|ue o número dns cidadãos fosse sempre igual no das partilhas.FnJeas dn C ak etk ib ia11 * imaginara um mmJo de ijHüilar as fortunas numn república Cm que cias iiilo CTnin iguais, Dcscjavn que OS ricos mio rtícebcsseiii e oférccessem titucs aos pobres e qu<- <>s pobres recebessem dirbeiro pela üiias filhft?, s não o dessern Porem, que eu saiba, náo hâ república que se lenha confor
mado Com |.ll regulamenta Mc coloca 0 eiduduas. uujoi diferenças são tão H a^raiues, sub condições tai.s qut cies odiaruim esta própria1,1 De Sptvíoíibuf L egtbui cjuue Rerlificw úd
Praeeepia Deentfigi. (b! da A J 11 * L iv .X . IN, do A,}" 7 .-1 f^enõ1 dimidiurn licei, .*1 teXándfka tu (um. St ncv«n l i * M u ric ÇSuudd. <W, cio A ,j 11 * Sênctü dcíjsa simpteamente auender uma sus pena dc inctsiu, Oficialmcmc. semelhante cusn menu; nunca tcríA sieo lofcredo cm Roma.' 1 r‘ Platão k tuma lei wmçlbantt. lis llí das Lefa. |N.dt> A.?1 1 “ AriMÓtalís. Pfilitifv. liv. II, cap. VII (N do
A.)
64 MONTESQIIIEU
igualdade que se senta introduzir. Cumpre, algumas vezes, que as leis nau pareçam ir lio dirctamcníc ao f nn que sc propõem.Hmbora na democracia a igualdade real seja a alma do Estado, d a c lào difícil de ser esta belecida que um rigor exagerado a res peito nem sempre ê conveniente. Basta que scestabeleça um CCOSO11 * reduzindo as difcrcn ças a um « n o ponto; cm seguida, cabe ás leis particulares nivelar, por assim dizer, as desi gualdades. através dos encargos que impõem aos ricos c tio alivio que conccdcm aos pobres, Só as riquezas medíocres podem dar ou xu portar csijis espúdes dc compensações, pois, p.ira as fortunas moderadas. tudo o que não lhes concede poder e honra é encarado como uma ofensa.11 ' Sólon estabeleceu quxtro classes: a primeira, dos que possuam quinhentas minas de rendimento, etn grãos ott cm frutos líquidos; a segunda, dos que possuíam trezentas e podiam manter um cavalo: a terceira, dos que só possuíam duzentos: a quaria, <Jc todos os que viviam de seu trabalha. Plutarco, Vida
rir Sékw. < N. do A.l
Toda desigualdade numa democracia deve ter sua origem na natureza da democracia c no próprio pnnctpiu da igualdade. Por exemplo, podc-sc temer que pessoas que. para viver, iciri necessidade dc um trabalha continuo fiquemrtluito empobrecidas por uma magistratura ou ncgLigcncicm suas funções: que os artesãos se tornem orgulhosos-, que os escravos forros sc .ornem mais poderosos que os próprios am igos cidadãos. Nesses casos a igualdade entre os cidadãos1 1 s deve scr suprimida na demo cracia para o bem da democracia. Entretanto, suprime-se apenas uma igualdade aparente porque um homem arruinado por uma magis
traiura estaria numa situação pior que a dos outros cidadãos c eSse mesmo homem que seria obrigada a negligenciar as funções colo
caria OS demais cidadãos numa condição pior
do que a sua;c assim por diante.
' 111 Sólon excluí dos imposioü lõdos os que pc r
icnccm ao quarto «n*<>. (N. do A.)
C a p it u l o VI
Com o as leis devem manter a Frugal idade
na democracia
Numa bou democracia, não hasta que as glebas acjitrr iguais; é preciso que sejam
pequenas, como entre os romano:,. “ Não pvr truta D eus", dizia Cúrio :i seus soldados*'" , “ que um cidadão julgue insuficiente ;i icira que
c s afie Leme para nutrir um homem,"FnJ como a igualdade das riquezas mantém a frugalidade, a frugalidade mantém a igualdade das riquezas, Essas coisas, embora diferentes. são tais que nao pode subsistir uma sem a outra: cada uma delas é causa e efeito: sc uma desaparece da democracia, a outro sem pre a acompanha.h verdade que, quando a democracia baseia sc no comércio, pode muito bem acontecer que os individuov sejam iviuitOi ricos e que Os costumes não sejam corrompidos. E que of 13 Eles exigiam uma parcela maiur dii terra conquistada- Plutsirag, Obras Morais, Svnimças
JVmávttis dos Amigos Reis e Capitães. (N. do A. )
espirito dc comercio traí consigo o dc frugali dade. dc economia, dc moderação, de trabalho,
dc prudência, dc tranquilidade, dc ordem c dc
m é to d o . A s s im , e n q u a n to esse esp irito su b sis
te, uh riquezas que pioduz. não acarretam nC
uhum cfciiu perniciosa. O mal surge quando o
ex ce sso dc riq u eza s d cstro l este espirito d c
c o m é r c io , ve se su b itam en te su rgirem as de
sordens d:t d e sig u a ld a d e , q u e u in da n ã o sc t i
n h a m feito sentir.Paru conservar o espirito dc comércio, cum pre que os principais cidadãos o pratiquem: que esse espirito veja o único a reinar c que não seja contrariado por nenhum outro; que Lodaa as leis o favoreçam: que essas mesmo* leis. por seus dtsposilivos, dividindo us forlu nas ã medida que o comércio as aumenta, propiciem a cada cidadão pobre um certo bem-estar para que ele possa trabalhar como os outros, c a cada cidadão rico uma Situaçao medíocre, 3 fim ele que ele tenha necessidade
KJwl
dc seu trabalho para conservar ou para adquirirNuma republica comerciante. C muilu boa a lei que dá a ludos os filhos uma parte igual na herança dos. pais. Decorre daí que. seja qual for a Fortuna que o pai tenha acumulado, o» filhos, sempre menos ricos que d e , ^erào leva
dos a fugir do luso C a trabalhar como o pai. Só mc refiro as repúblicas comerciantes, pois. para as que não o 530.0 legislador terá muitos oulros regulamentos a prescrever1 JC1 J0 Deve-se ai limitar bnnanie os dotes,-das triulht res, tN, do A.)
N a Grécia* existiam duis tipos de repúbli cas: umas eram militares, como a Lacedemó ria : oulras eram comerciam et como Aienat.. Nras primeiras, desejava se que os cidadãos fossem ociosos; nas segundas. procurava se inculuur o amor peto trabalho. SoLçn fez da ociosidade um crime e pretendeu que todos os. cidadãos prestassem comas da maneira pela qual ganhavam a vida. Com efeito, numa verdadeira. democracia, em que só se deve gastar paru r necessário, cada um deve té Io, pois de quem o recebería?
C a p í t u l o V II
Outros meios de favorecer o princípio
da democracia
Não se pode csiabclccer em todas as demo
cracias umn divtsào igu.nl dn turra. Ha cucuns
tâncins cm que tal medidu seria impraticável,
perigosa, atentando mesmo contra a constitui ção M «n sempre su & obrigado a adotar os
métodos extremados. Sc gç verifica que. numa
democracia, esta partilha, que deve servir pura manter os costumes, não é conveniente, Cum
pre recorrer a outros meios.
Sc se csiiibelect1 um corpo permanente que
por si mesmo aya o regulamento dos costu
m o . um senado cm que a idade. & virtude. a
circunspecção, os serviços permitem o acesso,
qr. senadores, expostos á visi.v do povo cerno
eh simulacros dos deuses, inspirarão venli
memos que atingirão 0 seio de usdas iu;
famílias.
i\ necessário, sobretudo, que esse senado
cuide das instituições antigas e proceda de
modo que o povoe os magistrados delas nunca
se alaslcm.No que di/ respeito aos costumes, há muito que lucrar na preservação J ir wní^os.. Cuino os povqs corrompidos raramente realizam grandes- cai sus. como quase não haviam esta beiecido sociedades, fundado cidades, criado leis, e com o. ao contrário, os que possuíam costumes simples e austeros criaram j mmnrin dns instituições, lembrar aus homens us rrváxi mas amigas .significa- pwalmente. reconduz.! Ips ã virtude.
Além disso, se alguma revolução ocorreu dando ao Esliidn uma nova lorma. isso geral mçnie sú pijde ser leito com sofrimentos ç ir j bnlhós lufirtitn*; r ram mente w m ociosidade « costumes corrompidos. 0.\ niesmot que firc rim a revolução a quiseram experimentar c . cm geral. &ó a conseguiram Jiiravcs de boas leis, Portanto» as instituições antigas são. coinumcnie. correções c as novas* abusos. Durante um l&ttflO governo, chega ve íio mal por um declive imperceptível c sú se retorna ao bem por um esforço.ISáo se sabe çmitnrricnte os membros aos quais nos referimos devem sei' vitalícios. ou escolhidos por um certo praza f- fora de dúvídíi que devem ver vitalicloi, tal como se fa/.m cm Rom u111, na Laccdcm õnia''* e na prú pria Acenas, puis não devemos confundir t. que, em Atenas, se denominava senado, que cr» um corpo que se modificava de Ires em irüs rnescs. cum u Arcõpago, cujos mcmhrov eram vitalícios, como modelos perpétuos.Máxima geral: num SCiuido escolhido para1 ' t)ui magistrado. eram escolhidas pur um ano e OS tenadores eram vitalícios. IN. do A.)' Licutgf narra WnotniMc, De Rrpitbl Lace
dtu-m., exp. X . §§ l e 2. pretendia "que se clcxessuiiTi evs senad-orOA érttre os uricjitcs, paia que. mesmo no lim Ja ridu, dta não se ircgligciricia.sscm: c. Iij.cn dv. os juí/cs du cor agem dos jovens, tornava a velhi ce dos prtirdrüs mais honrada que a força das últi mas” . <N. io A,)
MONTESQUIEU66
ser o exemplo e, por assim dizer. o repositório dos cosiumcs, os senadores devem ser vitalícios. Num senado fedo para preparar os negócios. os senadores podem ser subsiUuídos.O espirito, di? Aristóteles1 tal conio acorpo, envelhece. F.sJa reflexão so c valida AO que diz respeito a um único magistrado e nào pode ser aplicada .1 uma assembléia de senadores.A icm do A reu p ago. existiam em A tenasguardiães dos costumes e guardiães das leis1” N a Lacedemôrtiii. todos os anciãos ciam censores. Ltn Ruma. dois magisirudoa particulares ocupavatn-sc da censura. Considerando sê que o icflndtr Vela pelo ptiVO, eürrt pre que os censores vigiem o povo e o senado, í nCcessíirio que eles restabeleçam fui repn blic-a tudo n que foi corrompido. que apontem a indolência. julguem as negligências c com jam os erros, do mesma mntto como as lets punem os crimes.A tei romana, que desejava que a acusação de adultério fosse fiúhlien’ 1 8, era admirável porque mantinha u integridade dos costume*: imimidavn as muthcrcs c também os que dc vinm zelar por das.Coisa alguma mantém mais os costumes do que uma extrema subordinação dos jovens nus anciãos. Ambos moderar se no: os primeiros pelo respeito que sentirão pelos velhos c os itcgundos pdo respeito que sentirão por si próprios,Coisa alguma dá mais força ãs leis do que n extrema Mibordinuçúu dos cidadãos aos magistrados. “ A çtrtinde diferença que Lieurgo colo cou entre a Luccdcmãnia e as demais cidade*” .!í> Pahiica, Ih If. eap IX.
' 1 * O próprio Afaipoiito estava submetido a lxiimi
u l ( N . d ó A . l1! * Pública, 1 ■ ■ to de rnudu u puJct ser fe>lu por qualquer um.
com a XenoFontc' ■ G. consiste basicamente no fato dc essa ter feito com que os cidadãos obedecessem às leis: eles acorrem quando o magistrado os solicita. Entretanto* cm Atenas, um homem nco dcscspcrar-scia dc receio dc
que se pensasse que ele depeildiâ de ummagistrado*”A autoridade paterna c ainda muito eficaz na manutenção dos costumes. Já afirmamos que, numa republica, não há uma força tão repressora como nos outros governos, h mister. portanto, que n:- leis procurem supri 1 a: tonseguern-no pela autoridade paterna.hm Rom a, os pais tinham direito dc vida c de rnnrlc sobre os filh os'* 7. Na Lacedemania, Lodo pm unha direito de punir o filho dc nutro.ü poder paterno, em Rom a, desapareceu com a republica. Nas monarquias, cm que ilàri c necessário estabelecer costumes tão puros, pretende se que todos vivam sob o poder dos magistrados.
A s leis de* R o m a . que h a b itu a ra m Jo v e n s
à d e p e n d ê n cia , e stab ele ce ram u m a k>nga m in »
rí d ad e T a lv e z c a ía m o s n u m erro a o ad o tar
esse c o s tu m e ; u m a m o n a rq u ia n ào requer
t i n t a im p o siçã oNuma república, essa mesma subordina vão poderm exigir que 0 p,n permanecesse, durante sun vida, como proprietário dúS bens dv seus filhos. uó como foi estabelecido cm Romu Mas isso itãú é do espirito da monarquia.
,J * Republica de Luccdvm óntc. cap VIII. < N üm Ad
J 1 Pòdcmos observar na história rornnrni com que vanlaKem pam 1 república utilizaram M desve
píkpcr. Ketiin nu- apenas no períoclf.i tia muior
corrupção. buto Fúlvitj se 1 Inhn posto cm marcha
para tr encontrar Cmllina; ei pai chamou o c man
dou mata ln. Sajú&tiu, De Riflo Caíd., cup
X X X iX. Muitos outros cidadão-, lucram o mesmo,
Dion, IIy . X X X V IÍ.cap , X X X V I. IN. du A j
C a p í t u l o V I I I
Como as leis devem relacíonar-se com o princípio do governo na aristocracia
Se, na aristocracia, o po vo c virtuoso, desfrutar se â quase dn felicidade do governo popular c o Estado tornar se á poderoso. Porém, como é raro que onde as fortunas dos
homens são tão desiguais haja muita virtude, è necessário que as leis tendam a dar, tanto quanto possam, espirito dc moderação c procurem restabelecer essa igualdade que a consli
Luíçao do listado necessariamente -.uprimc.O éspírho dc moderação chama sv virtude na aristocracia, t subsLiLiii o espírito de ir.ual- dade no fíçtado popular.St: o fausto c o esplendor que envolvem os ruES ennsíilucm seu poderio, a modéstia e a simplicidade das maneiras Fazem a força dos. nobres aristocráticos'' :: Quando não uparen u m qualquer distinção. quando se vertem
como ele- quando o í ’ a y . L > m conipaíLilhar Jciodos os seus prazeres, o povu esquece sua fraqueza.C ad a governo tem sua natureza e seu princípio. Não é- pois. preciso que a aristocracia adquira :i natureza e o princípio «ia monarquia, lato que aconteceria se os nobres tivessem algumas pfefrúgativas pessoais c partiCnlare-!. diferentes das dc seus corpos. Oh privilégios devem ser rc&crvjjdus para o vao.ido. c u sim pies respeito, para os senadores.Ni.ii hnlados aristocráticos ha duas fontes
principais dc doofdetp: n extrema desigual deuk etnre governantes c governados, c ;t mesma desigualdade entre diversos membros do corpo que governa Oísítas dua* ilcuí v.ualdudes originam-SC ódios i invejas que as leis devem prevenir ou deier.h.neoritrti-sc a primcirti desigualdade rrmcM- p;tImentc quando os privilégios dos principais ó são hnnrtwos porque vergonhosos pma o povo, Assim for. em Jtom a, u Icí que proibiu 40v patrícios, unirem .c pelo casamento nn% p k h e u :1 v ‘3. falo que nfu*s levr ouio. eíéito senão tornar, ót um l.iJo , os patrício-, nuns vqberbofl. tu tk* outrru mais odiosos. É de ver as vanupen-, que disso rirarrtm os tribunos em hu» s ítretigas.F. isíi desigualdade encontra se ainda, ‘-c a condição dos cidadãos é diferente, com rclaçao nos -.iihsjdLos Uni acontece de quatro nwKlos: quando os nobre-, se arrogam o direito de nfiu pwgá tos; quando cometem fraudes para sc
11 * Em nos to v ct»a* <K ««íW-zianc. que. Mm rol a
qno a vã rin.-, q«e,-.L5ci, sc çcinduzium muito ■..■ihin
mente, decidiram, nutriu diaputu ciHrê um nobre
v . r n i f z i n r i o t u m j r c i i d l h o m e u n . 1 . L - m n i u i L - n i e , p o i
unm precedértCiá numa íürcji», que, fura dc Veneza, urn nobre vtncitann nio possuía qualquer preemi nénciã -vibre nutro cidadão- (N, tio A.)14 Foi redigida pelos decáivjros nas ultimas duas libu at fonsulte « EMonriio de HalitJi.rnH.siu, lõ .
X. I N. do A.i
isentarem1 3D; quando. os reclamam para si. sob preresto de retribuições ou honorários pelos empregos que exercem: Unalmcnte.
quando ínm am O povo tributário c repartem ui Lie si os impostos que dele retiram. Esse úlii mó caso é raro; uma aristocracia, ém caso semelhame é o rnaãs rigoroso de todos os
Ç.u vcrnOa.Enquanto inclinou sc pura a aristocracia.Rom a evitou pciTeiuimsmte W3C5 incortve
mentes. Nunca usufruiram os magistrados n
eros pela magistratura. O s principais da Repú
blicu foram taxados da mesma maneira que os
danais; e, ás vezes, o fornrri ainda mais, ífuan
do- não fnram os únicos taxados. Enfim, longe
de partilharem das rendas do EsltLd», tudo o
que puderam retirar do tesouro publico, tudo n
qu< n fortuna lhes enviou Je riquezas, efes
dtslribmratin au poVí>. a fim de que suas honra
rias fossem perdoadas1 ‘ ' .F uma máxima fundamental que os resulta dos das distribuições fcilUh ao povo *âu tão prcjudici.us. nu democracia, quanto úteis no governo aristocrático. A s primeiras fazem per der o espírito do cldadãüt us segundas, 3 d c conduzem.Se as rendas iieíj' s;lu dj-.l: ihuidii-. uo povo, ê necessário ut/.ê Io vçr que são hen adrun ;v irndus: mostrii Ias Hotcidirn. dc aij,unti modo, permitir At) povo participai defns, A cadCltt dc ourg csumülda em Vcne/a, as riquezas que sc carregavam nos inunfns. em Rortiir. os lesou ro-s guuriiudos no templo dc Saturou cratn verdadeiras rique/.as do povol- sobretudo essencial no aristocracia que os nobre* nuo arrecadem tributos. A primeira
ordem dt> listado, cm Rom a. neles n«c se nnix
-ui:«, encarfCgava %c delas a MgPfttSau masmesmu isso ocasionou, posleriormertii; p.mn des inconvenientes. Numa £u ixmcracín o ade o nobres urrecaUna-setn Iríbvtos. csidos os purtr éularcs estariam ú tncrcê dos homens de negõ a o s , Nau ha veria qualquer iribuna! uperior que t>s corrigisse. Aqueles dentre efee:. quu fossem crtcarrcjtudys dc suprimir <is atHi>os prefe ririam urde:-; uprnveitn lós, Qs nobre* seriam
. tiino n-. prineíptVi dos 1'sttulos despsãiieu , ^uccontisQim os bens Jc quemdesejam.,Ao C im a c n alguma-, rrisrisctririas ;nuj:;-_ Nada enfraquece tanto o Estado. (N. do A.)
1 11 Vctjc. um I -iiraUiõ. Iiv XIV. COOU» os rsuJu::,
proccdemm a rstír«xpeito, (N. do A.i
68 M ONTESQUIEU
Rapidamente us lucros que dai auferiríam seriam considerados coma um patrimônio que a avareza ampliaria ã vontade. Far se-iam cair os arrendamentos, reduzir-se-iam a nada sk rendas públicas- B por bso que alguns Esta dos. mesmo sem terem sofrido reveses que possam ser notados, enfraquecem se., surpreen dendo us vizuihos e cspuriLunJu os prúprtoh cidadãos.Cumpre que as Icls lambem Lies proíbam o comércio: comerciantes muito conceituados fariam toda classe de monopólios. O comércio é a profissão das pessoas iguais: e. entre os F.stados despóticos, os mais miseráveis sào aqueles cm que o príncipe c comerciante.As leis de Venesta11* proibiam aos nobres o comercio que lhes poderiu proporcionar, mesmo honestamente, riquezas exorbitantes.A s lei? devem utilizar os meios mnis cfica zes u fim de que os nobres fuçam justiça ao povo. Sc não estabeleceram um tribuno, c pre ciso que elas. próprias t» sejam.Bodo tipo de astlo contra a execução dnsIbik a rfu in n n a r is to r m c ia c n tim n itl çstá
próxima.Elas. devem combater, cm Todas as épocas, o orgulho da dominação, f . mister que haju. temporariamente ou sempre, um magistrado que fnçn tremer os nobre ., como os éforos nn Laccdemónia, c os inquisidores de Estado, magistraturas que não estão submetidas » quaisquer formalidades. Ksse governo ticec:. sttft de regul.imenius violentos. Uma hoca de pedra’ J J abre se. em Veneata. para todo dclú tor. Dirícn que c a da tirania.
Na aristocracia, essir. magistraturas tirãnjcas relacionam se com a censura da dcmoçra cia que. por sua natureza, não é menos inde pendente. Com efetto. os censores não devem ser perseguidos pelas coisas que ftzerum durante sua censura. F necessário infundir lhes confiança c nunca desânimo. O s romanos eram admiráveis; podia se reclamar dc uxlos
' J l Ameioi de li Houssayc. Ou Gouvm em eM dt
Irenisc, parte II t. A Lei Claudia proibia jotk senadores terem no mar qualquer navio que possuísse mais de quarenta m to nos (THo l.i% io, 11 v ÍC. jC I. eu p*. L X lI t ) . (N . do A .)
, '1’ L.uj.n onde o» dciaturca depositam suas denúncias. (N. do A.) •* Vê se nirula um aparelho desse gencro no Palácio dos Doges.
os magistrados13 * as razoes de seu procedí
mentn, enceto aos cerwires13 V
\ n aristocracia. duas coiens sào pernieiosas: u pobreza extrema dos nobres c suas riquezas exorbitantes. Para evitar sua pobreza cumpre, sobretudo, obriga los a. pagar, desde o início. Para moderar suas riquezas, tlisposi ções sábias c insensíveis são necessárias: nao confiscos, nem leis agrárias ou abolição de di vidas, que ocasionam males infinitos.As leis devem abolir o direito de pnnrtugeni tnra entre os nobres11 a fim de que. pela divisão continua dns sucessões, as fortunas permaneçam sempre iguais.De modo algum são necessárias substituições, rc/ruits fígnagcrst3 T. morgadios, adoções. Iodos os meios inventados para perpe luar a grandeza das Famílias nos Estados monárquicos não poderiam ser utilizados na aristocracia’ 3'1.Quando as leis tiverem igualado as famílias, resta lhes manter a união entre elas As desa venças dos nobres devem ser rapidamente resolvidas; sem isto, as cimCcslaçucs entre prs ume trnnsfprrmr se ão cm contestações entre famílias, Árbitros podem ob.star us processos ou impedi-los de surgir.Enfim, nào devem as leis favorecer as dislin ções que & vaidade desenvolve entre as fim i lias. sob pretexto de serem elas mais nobres ou mais antigas. Isco deve ser cla rificad o como mesquinharias dos parucularc?.Basta uma vista d'olhos sobre a LaoedemtV ni.t. Ver-sc-á aim o os éforos souberam mortifi tar :is fraquezas doe reis. dos poderosos e dit povo.
• ■> * Veja :.c Tilo L ivhi, tiv. XL1X. Urn «tvser tt-íki
podia úk-nith» sér influenciado por outro Cada ura
trttVtevii -íuu ni iin '.i-m oonhcccr a opútiào de i*u en
Tega c quando procedia de modo diferente n censura
era, por assim dizer, anulado., (N. do A |
II * F.m Atenas, os "logistas1"*, que faziam todo.
os magistrados prestarem contas, não as prestavam
eles prõprlOâ. (N. do A )• Membros de uma comissão composta de dez c «1 adãos, escolhidos anualmente por sorteio, cnca: regados de verificar as contas dos magistrados após u término tlc seu cargo. I Do grego lugmes, de logi>K, coma,) (N dos T.j
13" Assim esiá estabelccKlo cm Veneza, Araelot de
Io Houssaye. págs, 30 e 31. (N_ dx» A.j
I I I Não há, para essa expressão. correspondente
eni português. Ve<le a explicação dada na nota 139
< N, dos T.)
1 s" O objetivo de certas arbtOCíacias c. au que
parece, menos manter o Estado ck> que u que chamam nua "nubroa". (N. do A.)
C a p í t u l o I X
Com o as leis são relativas a seu princípio
na monarquia
Sendo :i honra o principio desle .̂uvçrrcu, as leis devem relacionar-se com ela.
É necessário que atuem para sustentar esta nobreza, tuja honra ê, por assim dizer, a filha c a mãe.Hlas devem torna Ea hereditária, não pt>r set0 limite entre o poder do príncipe e a fraqueza do povo, mas por ser o liamc de ambos.As substituições, que conservam os bem, no seio das famílias, serão utilissimus nesse goVerno. apesar de não o serem em outros.O s retrain Usnagers'3 9 rcsiituirâo às fami- lias nobres att terras que a prodigalidade de um parente tenha alienado.Tal como us pessoas, as ierras, nnhrçs lerão privilégios. Não se pode separar a dignidade do monarca da do reino; do mesmo modo, quase não nc pode separar a dignidade do nobre da do seu feudo.Iodas estas prerrogativas serão esperiFiens da nobreza c, de medo algum, passarão tio povo. u. menos que se queira contrariai o priit tpipio do governo, ;t menos que se queira dirttt nuir a força da nobre/.,i c n do povo.As substituições constrangem o comerem; o
retrai! Hgricgçf pr&vocn uma infinidade de pm1 da ” Aç»rí rela qual um parente do Indo do vendedor poderiu retomar, num prazo fixo. e -cm roembolso, n herança vendida.'’ (Línrô)
ccssm necessários; c todos os fundos vcndtdtis do reinn permanecem, de certo modo, w t t i •Jono, pelo menos durante: uni ano1 " D, Prerrogativas associadas a feudos outorgam um poder repleto de responsabilidades nara os que as suporiam. São inconvenientes específicos, n nobrc/.a, que desaparecem diante utilidade geral que ela proporciona, mas quando c r e n didos ao povo. todos os princípios são inttli 1 mcnlç abafados.Nas monarquias pode p e r m i t i r k g a r a mator parte dos bens a um dos fiihus, mas só nelas c.s La permissão è boa.£' ncótíssáfln que as leis Favoreçam lodo o comercio1 * ‘M que a constituição desse governo pode conceder, a fim de que os súditos possam, sem perecerem, satisfazer ns necessidades sem pre miu-vec-nlcs do príncipe c de sua corte.fi mister que coloquem cerlu ordem na maneira de arrecadar os tributos a fim de que firiõ sejam mats pesados dó que os próprios tfficttrgos,0 peso doa encargos produz primeiro o ira bolbo; o trabalho, o esgotamento; o esgota mento, o espírito de’pft*puiça.1 *& Tinha se es»e prato determinado, um hiio c ufn
dm. piiru vxer«r u rcJruk Itfitltígirf'.
' * • Rln e perante «penai 4u povu. Veja d lei tercei ia, no Código, Or carnrrr n mcrctííorlòus, repleta de bom senso, ÍN . do A.l
C a p í t u l o X
D a presteza da execução na monarquia
O governo monárquico icm uma grande vantagem sobre o republicano; sendo os negó cios públicos conduzidos por um só, há mais presteza ru execução. Mas, como esta podería degenerar em rupttle?, as leis aí introduzirão M rla morosidade, Lias não devem somente
favorecer a n a tu re za d e c a d a c o n s titu iç ã o , m a sainda remediar os abUSOs que. poderíam TCSUl tar dessa mesma natureza.
O Ciirtlcal de Richctiflu1 4- quer que sç evi-
1 * J Ttfgiammtpoliiiqu»•, tN, Ju A.i
70 M QNTESQlíIEU
tem, nas tnnn^-qitías, os- inconvenientes Ja s companhias. li-iu utdo diíicuÍLa.m. Ainda que esse homem não tivesse lido o Jtspoii•;mo no coração.lo-Eo-ia na cabeça.Os ónrpos depositários ctaa k is nunca obc deccm melhor uu? quando se de envolvem leu
lamente l* quando traxem para ok negócio*; do príncipe casa reflexão que quar.tr não 5C pode esperar da falta de compreensão da corte com relação às leis do listado, nem da precipitação de seus Conselho**Que sucedería, e«m a mais bela monarquia
dei mundo1 4 4 se os magistrados, por sua morosidade, lameriLos e súplicas, não od^tas sem o cursn das próprias virtudes de seus reis. quando estes monarcas, consultando apenas suas grandes alm iu. quisessem tcconapciiíar, desmesuradaraente. se rv iço s p re sta d o s c o m coragem e fidelidade também desmesLwadrw?
4 5 tin rh a riv ç m c l a t i f í JKTVífÉí. Slatirrt t jç e q v t re
Zturn videtvr. Tácito. .dmn.r. liv. V. cap. X X X I] * N dt> A .)
• * * A monarquia francesa. É ela ainda que vai ser
rir de exemplo an irapiiuí.v v-iiií.rKc
C a p itu lo XI
Da excelência do governo monárquico
O governo monárquico tem uma grande vantagem sobre o despótico Torno é próprio de :.ua uatLuc/a csislireni, sob ,i dependência dn príncipe, várias orden-- que se rdacionam cõixi a cnnsiilitiçpo. o f-tad o C mais estável. u eoritiiuiçüiii maii ■ «úlkki. a pc-esou dov quegovernam mais garantida.Ciecro1 ,1 ’ aerediUi que o citubcleediieuto dus tribuno^ de Roma IVii u salvação da rcp-n biica " l ie fato” , di/ ele. “ n Força dn povo que não tem chefe ê trais terrível. Um chefe .ume sua responsabilidade c reflete sobre isso; mus o povo. cm sita impeiuosidfulc, nào cnnliece o perigo em que *£ lança.1' P ode aplicar .ve tísiía reflexão a um F.Madst despótico. que é um povo sem tribuimv. e a urrsn monarquia, a n que o |Hjv o tem, de algum rmuio, irúsunos' 11 ‘IJc iam . ve se por tndfl parle que. nos ninvi mentas dn gaverrto despótica. o pov<i, guindo por m próprio, |çv;i sempre ns coisas táo longe qicirilo podem ir: Ioda. .is desordens que co meie s3<» extrema;!, ao pouso que. n ai mon.ur quiíW, as coisas são ramuniorncnie levadas- ao excesso Os chefes temem por si mesmos: lêm* Liv. ||t. riu- t,rl.y cup, X . .\trttia putezia'; <r.sl
inbvnorum ptebis? Quis negar;' ücd ns popuü
mutifí !vãevãír fnu!/tupi<- vchem&tiinr. quer Jur,'n\
quod habvS. In Mdum temor est quãoI Si nuihim
habertí. D üx 4HtJn suit pericu&tprngreifi pogiim:
pojnilí mrpeJtrí pmruti núlkuivm mi r.rtn rmhnt. íN du A.)1 411 Alusão aos fiar lamentos |V;inccscs.
medo de ser abandonados: os poderes interme
diário?. dcpCúdtntes1 * ' nó querem que o povo levante mutin a cabeça- tf raro que asoT
tl.Tr-. <Je I .títdo seinm ínlctrnmcnie çftrrompj dus. O príncipe itepcrwle deixa-, ordens c os
MsUicinyiis, qqr oãu tem nem vontade nem esperança de derrubar o Fstadr. não podem nem querem derrubnt o príncipe.Ncss;is cincun.stindas. pessoas prudente , c que dispóem de autoridade intervém: re lYeinm se os ânimos, concilia sç. eorrtpg se; :is lei» rccupcruui seu vigor e se fa/.eni ouvir.Assim, todas as nossas historias estão reple Ias de guerras civis sem revoluções; u - dos Kstpdos dcspoticos estão refpltias de revolu ções sem guerras, civis.O:, que lèm cserlio a históríii l1;is guerra*- civis Jc itrguns Ifimdoii e mesmo os que as lêm ilitrcrtado prosam muito bem como u antori d ade que os príncipes úetX nm a cenas ordens paru o serviço d d cs deve >cr-lbcs pítueo m i.-. pcitíu pois., r;,:t própria conflisão. eles apenas aspiravam à>- leis < a seu dever, c retardavam n lagosidadc e a impeiuusiciiutc dos fueu n sos' ■i ". mais do que podermm servi Ia.O Cardeal de RicKclieu, pensando lalveg que aviltara muítu us ordens do tistodo. reccr rcu. paru MJstcniá-liK as virtudes do príncipe e
* * Vede. .iciniii. n nota lí liv II cp|i IV iN, iln A-51 "* Menta ires tíu Cardeal iic Reiz. ç o c iras InsLÒ- rias (N. dn À.l
de seus ministros1 * 3; c deícs exigiu tais coibas que. na verdade, só um anjo podería tec tanta soliciiude, tanto saber. Lartla segurança, tíuilOs conhecimentos: e, quando muno. podemos nos
vangloriar daqui à dissolução das mnnar quíâs fiou ver um príncipe c mtniiLros 5cmc- Ihíuncí,
i '' t Tesíamení Ptiiitiqitr IN. dn A i
Com o os povos qm; vivem sob um bom regí n c são mais felizes que 05 que. sem lei e semctiefo., vagam nas. florestas, lambem os emonar eaa que vivem sob a-, leis fundamentais de seu Estado são mais felinos que Oi príncipes despó- liceu*, desprovidos dv ludo que possa regular LaitLo sl’ í.i';; próprios corações como os de seus pcWos
C a p i t u l o X I I
C o n t in u a ç ã o d o m e sm o a ssu n to
Que náfj se procure magnanimidade nos
Kllntlfts despóticos: n príncipe de modo algum ofcíflCeríu uma grandcía que não po.vs.ui. Nele nãtl, existe glória,É oas moruirqutas que se versuem torro do
príncipe. [iw ródicoR receberem sua influênciat.ê nii que CuiJii um. ocupando. por assim dizer,
maior espaçe. pvíle escrcef essas virtudes que dão á .lima. nào i'ndcpcndêneiu. rruie çrrmdezu.
C a p i t u l o X I I í
Id é ia d o d e s p o tis m o
Q u .tn d o o s M ílvagetis d .: U ij^ ia u u querem a p a n h a m n a ' L i s o girvem o d e sp ó tic o ,
co lh e r u m a Truta. « r t « m a árvore e m b a ix o c . *„ Leílrn faVUauex, w fe çito ít . pág. M S , i N do
A.»
C a p í t u l o X I V
Como as leis são relativas ao
princípio do governo despótico
0 governo despóiion rem por principio n medo. Mas, paru povos tímidos ijertorumer,. decaído-'. aiW são n«cL-.várias muitas leis.Tudo. ab. deve girar cm turro de duns ou ires idétav. as idéias novas não são, portanto, nec5cs.vLi.rias. Quanilo «nsinals utu animai. cuidai de não tine substituir o doiui. as lições e as
a rd a d u rn -,impressionai -eu cérebro com dois ou três movimentos c nada m;i]sQuando 0 príncipe vive fechndo. não pode
sair desor estado de vo ipiuusídndc seui afligir tudoM t»s que uh o retêm. tiSMtf não podem liderar qiiL sua pessoa e seu poder passeai a nuiras
mio.1, ' 51 Portanto, i ttramonte purueipu ptfi.scíalmcniv du guerra c quase nãu ousa fu/c Io através de seus lugar lencnlesSemellianEC príncipe, acostumado a n.íu çneonirar. em seu palãeco. resistência alguma, indigna se com n que lhe é feita a mão armada.deixa-se. portanto-, ordinariamente, levar pdn
cólera 011 pela vingança. Aluo:, nán pod- ter idéia dn verdadeira glória. As guerra., devem, pois. Ta/er-sc neste ecisu em iodo seu furor natural c 0 direito dns pessoas deve. no gover
1 D ■ Cf. dwdjjn» l ’oj?age rn Av.fi?.
72 MONTESQUIEUNo governo despótico, ser mais reduiido que alhures.
Tal príncipe possuí tantos defeitos que deve
ría temer expor pubEícamciHC sua estupidez
natural Fseundc-SC e o estado em que se
ertCUntra fica ignorado, Fdizrtitíntc. os homens
sao de tal modo nesse pais que necessitar:: ape-
nab um nome que os governe.
Estando Carlos XH cm Bcndcr1 cencun
traodo alguma resistência nu senado du Sué
cia. escreveu que lhes enviaria uma de suas
boias pa.ea governar lista hotu ter ia com wi
dado cpnio um rei dcsDoLicç.Se o príncipe esta prisioneiro, c dftsxifícádo como morto e outro sobe ao trono. Os tratados leitos pelo prisioneiro são nulns,. seu succsíjor não Os ratificaria Com efeito, corro ele ê a lei.
0 Estado c o príncipe, desde que deixa dc scr
príncipe, nada mais ê. c. se não Ib&sc dado como morio, o Estado estaria destruído.Um a d a 1- coesas que itiais obrigaram ua tur
c o s a fazer ,i paz cm separado c o m P edro I fo i
n raio de o s rn o scov n .o: dizerem ; v vizir q ue
h a v ia , tlri ü u k i o . o u tro rei no ( in iiu 1 63À conservação do Estudo mídu mais é Ou que n conservação do príncipe, ou ante*., do palácio cm que está encerrado. Tudo o que não ameaça dlrctamcntc este palácio ou « cidade capital a&solularrtenic nàô impressiona 05 espi ritos ifnornmcs, orgulhosos c prevenidos. F., quanto- ao encadeamcnio dos acomcíimeniõÂ. des. não podem scr ui In. prevê-ta c nem pensar nisso. A política, seus rurtdajnentor. c sua*, leis devem ser liiniiiidcii c o governo polilico c lào simples como o civ il1 * 4.
T u d o se reduz a c o n c ilia r o g o v e rn o políticoe uivít com 0 governo d o m é s tic o e- os oficiais do Ksiach com os do serralho,Tal Estudo csiiitú cm melhor s: tu ação quan do puder considerar se único no mundo. quando estiver eerendo de desertos e separado dos povos., j í >n quais chamará de bárbaros. Não podendo confiar na milícia, será hom que des irua uma parte de sí mesma.Com o u princípiu du governo despótico é 0
medo, o objetivo ê a tranquilidade, mas isto não è absolutamente um;t paz; é a silêncio dasyt Observemos que náo era cm Ücoder, mas etn Dt-múitca.1 sa Sérií de PuíTcmlcrf. HiSírina Uníversai, no itji tado cia Suécia, cap. X , (N, do A.)1 '■ 4 Segundo Cl,ardia, absalutamená não existe
Conselho de Estado na Hcr.:,-r. 1; tv do a..>
cidades que 0 inimigo está prestes a ocupar.Não esuutdo a fo r ça no E s ta d o mas no exor
c ito q ue o fu n d o u , sír ia n ecessá rio , p a r a d c íc n
der ü h s ia ílo . c o n se r v a r este e x e rc ita . P o rem
ele c tem ível p ara o p rín cip e. C o m o . e n tã o ,
c o n c ilia r a seg u ran ça d o E s ta d o co m a se g u
ra n ça d a p e sso a 1?Vede. peço voi. ctirn que expedientes o governo moscovita procura saiir do despotismo que lhe C mais pesado do que aní. m-sis próprios povos. Destituíram se os grandes corpos de guarda' ' ' r', diminuíram-se as, |>ec3ay dos crimes; estabeleceram se Inbunais; começou-se a conhecer ns leis: instruíram-se os povos. M as íliá cansas particulares que « reconduzirão. talvez, â infelicidade da qual queria escaparNesses Estados, a religião tem mais in fluência do que em qualquer outro; é um temor adicionado ao tentar. Nos impérios m semeia nos. 6 da religião que os povos extraem, cm parte, 0 extraordinário rcspeiki que icm por seu príncipe.fí a religião que corrige. um pouco. u constituição turca, O s súditos. que não cMão ligados a gteriu e a grandeza do l .stâdc pela honra, o estão peln força c pelo piíuctpio du religião.De todos os governos despóticos nno existe um que arrume lanio a si próprio como aquele cm que o príncipe Jcclnru se proprietário de iodos os berts fundiHrios c herdeiro de todos os szsus. súditos. Isso sempre ocasiona o ahandnno do cultivo das icrras- c se. díinuia u príncipe é mcrcrulcir, toda espécie dc irdústriu arruina-seNesses Estados nnvía se repuru. ciudc hc melhora1 Conatroem-sc casas upcrms para uma vida; não se plnnta árvore algumri; ním se cavam fnssos Retira-se nulo dn terra c nada %e lhe restiuri. tudo permanece abcndonndo c deserto.Pensais que as leis que anulam a propriedade d.cs temia c a TLtcCfJtÒC dos bens diminui ráü a avareza c a cupidez das poderasos? Nfttv; elas exasperarão esta cupidez Í- lista Hvnrexii. Ser-se-á levado j carnctcr mit vexames porque não se acreditará ler dc seu sertão õ ouro ou a prma que se poderá roubar <ni esconder.Para que tudo não se perca e eonveniêrttc sjiie a avidez do príncipe seja moderada por
algum COHUHIC. Assim, na Turquia, u príncipe1 s b A llíãn acs Slreltsy.* * Vede Ricuut, f tnt da ! 'Empirr OStomun i«ií. .-Jr ín-l pág, i^6. íN . tki A,)
U K J t S E lK I I u UA!> L E IS I 73
sc comenta com tomar txês por cento das herançasr * f das pessoas do povo,M as como o grão-senhor dâ a maior pane das terras n sua milícia e de]as dispõe a seu bel-prazer, como tse apodera de iodas as suces- socs Ju s oficiais do intpci io; como?quando um homem morre sem dentar íãlhos varões, ao grào senhor pertence a propriedade, e ramo as filhai possuem apenas o usufruto, acontece que a maior parte dos bens do Estado c pos
suída de maneira precária.Pela Jei de Baniam 15S. o rei adquire a sucessão * inclusive a mulher. os filhos t as. rasas' s&. f" sc obrigado, para eludir a disposí çãó mais cruel desta lei. a casar as criança.? aos oito. nove ou de/ anos. c algumas vlvcj mais jo rras, a fim dc que nào sejam Iransliir madas n u m a p arte infeliz da sucessão do pai.Nos listados em que não há leis fundíunen tais, El SltCCíisãü dn império nfiu poderíri sct fixa. A coroa c eletiva pelo príncipe. em sua família uu fofa dela. F.m vão seria estabelecido que o primogênito sucedería, o príncipe sem pre podería escolher outro. O sucessor c decln rado pelo próprio príncipe, por seus ministros ou por uma gurírrri civil Assim, esse Estado possui uma ra/ãü a rriaià dc dissolução do que uma monarquia,Tendo cada prinerpe du fumiliü real iulu.iI capacidade para scr eleito, nccmccc que miem sobe no iruntj manda. cm primeiro lugar, estrangular seus irmãos, como :ta Turquia, ou mandh ctgú los. como na Perita, ow tornn os lOiieoj, como n.i Mongólia nu, sc níi ■> íomtt precauções, como nu Marrocos. e.ula vaga do trono c stp.uidn dc utrnz guerra civilPela constiiuiçào de M u saívia” c'-\ u czar pode escolher quem quiser pura seu sucessor, em sua família ou fora dcln, Tal sísucmn dc sucessão acarreta mil revoluções e torna o iionn tão oscilante quanto .irhiirúria a stiecs- são. Sendo a ordem de sueçasao uma Jn sco i1 % 7 V « lc . iiobtc as heranças dos UifCüs, Lac&tt'
rrune Attcitnne ei fJauvtifa ç também Ricaut, lh-
1'í.mpirv Oltotnm . (N. do A.)
1 h * Baaiam. Reino ila itlia de Jitv ,i
1 r'-' Recuei! des Voycsos qui Ont Servi à
CÊiabtiH wnw/ii de iti Cumpagrue d rs Ittdes. t. I A Iw dc Pcgu é menos cruei; sc se tètti filhos, o rei herda apenas doó terços- Ibid i III, põfl I, l N Ju A.)1 6u Vede as diferçnics íonsiituições, sobretudo a du n n . (N.do A.)
sas mais importantes a de ser conhecida pelo
povo. a melhor é u que âmpr«ssH.ina mais OS olhos, cortiu o nascimento c uma certa ordem
de nascimento. Uma disposição de tal tipo faz.
cessar as conspirações, reprime u ambição:
não sc cativa mais o espírito tle um príncipe fraco e não se faz üs morebundos falarem.Quando 2. sucessão c estabelecida por uma lei fundamental, apenas um príncipe herda. c seus irmãos não têm nenhum direito real ou úparente de dispuLar-lhç a corou. Não sc pode presumir uu fazer valer uma vontade parlioj lar dü pai. Portanto. não é mais necessário prender ou mandar matar o irmão do rei, assim com a qualquer Outro suddo. seja quem fqr.
M a s . n e s Ertaduíd tle sp ó tíro s cm que o s
irm ã o s do prín cipe ra o igusdm entc seus e s c í i
vo s c r iv a is . m an d a □ p ru d ên cia que <w se
lurranta cnricm íuitu p e s s o a s . so b retu d o i w j
países in aL im e taro s. cm que a re ligião convi
dera a v itó ria ou o êxito c o m o ju lg a m e n to de
D e u s : de m o d o q ue ttinguem ali é so b e ran o dc direito m a s so m en te d e Falu.A ambiçao è bem mais exásperada nos Estados crr. que príncipes dc sangue vêem que, se não sobetn «o trono, serão encarcerados ou levados á morte, do que cm rc nós, onde or príneipe? dc sangue gozam de uma situação que. se :i ambição nau c tão satisfatória. 0 e. latvez, aos deitupos nmdcrndosO.S príncipes dos Estados despóticos sempre absisarnm do casnmtnto, lon tam gcralmentc variíu> mulheres, sobretudo cta parte do mundo onde o despotismo cslá. por assim di/.er, natu rali/.udu, que é .1 Asia. Têm tantos filbos que quase nâo podem ler afeição por des. ncin esves |hir seus irmãosA família reiiumtc asseniclha sc .10 Estado é nauÍLo fraca c voj chefe muito fone; parece grande mus sc reduz a nada. Â ruxcrxcs' 1,1 mandou matar todos us seus flflios por terem conspirado eontru e k 1 iu Não ê verossímil que cinquenta filhos conspirem contra o pai e ainda menos que conspirem porque e-ue não quis ceder sua concubina ao filho mais velhn. È anais simples «creditar que ai exista alguma inirigfl desses .erralhov- do Oricm c. desses lugares cm que a astúciâ, a malevolência, a
' Vrüc Jusurw. (N, flo A-)' ^ Diz se que ArUmenicj tinJia een(t> c quinze
filhos. Somente cinquenta conspiraram coiiLru ele c
foram casuóenados n morte.
74 MONT ESQUI EUrnrrip.a reinam no silêncio e sê OCulLnm liunii cafW.iiHd noilcr; Ortílc um vdho príncipe, que cada dia sc toma mais imbecil, c o primeiro prisioneiro dn palácio.Dcpòtíi J-s lLieise que acabamos de dizer, parecería que j natureza humana ergucr-se-ía bresuMtemfiUc contra o. jíovêrno despótico.
M a sapL.su:- dy «mor dos homens pela libcrda dc. apesar de seti ódio contra a violência, ;« maioria dos homens esta submetida a da_ Compicc.fidc sr r . , i,i racümcntc. Para formai um governo moderado, c mister combinar os
poderes. regulam cniã Ias, nsoderã-los* c I l i e Ihs agir; oferecer, por assim dizer, mm 1 aistrõ~a
usn para coloci lo cm condição de rcsisirr a
outro; i uma nhra «rima de legislação qut a
ílC-LUO rarumente produz e que também rj-a
mente deixa se à orudénciu I nzer. Um qovcrilOdespótico, pulo contrário. salta, por assim dizer, uos olhos*, é uniforme cm ioda parte;como iqícii.if. pnÍAÕcr são necessárias para estabelecí:- Irr, todas ás pessoas são úteis paraisso,
C a p i t u l o X V
C o n tin u a ç ã o d o m e sm o a s s u m o
Nos ctíffias quentes, onde rdna peruImeutr o d e s p o a s paixões rtvdam sc mais* ççdy, c mais cedo são também emorteudas1 1,3; o espi 'iiy e rti mais. desenvolvido; os perigoi áa dksí paçàu ilos hens são menores: hã menos fuciti dades dc sc .sobressair, menus comercio entre os jovens encerrados em sutis casas: easrmi se maii, cedo; podem, porlsinto, lornur se adulro". muA <cdd que nos elirias J .t l .umpn, N aT u r quia, a maioridade mieia-se aos quinze anos1 * ,1.Neste caso. a cessão dos hetis não pode realizar se, Num governo cm que ninguém iem fortuna fissepiirada. empresta se mais à pessoa, do que arr. beiir..Ela enirn, rmtur&lTntiiEc, ncts governos mu
d cr ados1 11 #. r priiicipslmeoiv rtn- rrpúblsc:i:.por causa da maior confiança que st: deve kt na probidade dos cidadãos e da doçura que deve inspirar uma forma dc governo cm que cadu um poiccc sc ter doUo,Sc na república mmnna es Icgisltidore-, livesscm eíasbeículdii u ces&õ» dos bem 1 " ", «èo sc wriu mudo em tantas sedi^iics e dsscúr-1 11! Vede o UvíCi XIV tias. Lcw, l)a tfflacão com j
Natureza do Clima. ÍN ao À.)1 " 4 Lj . iíuill.litrc, L a c é d é v \ c u e A t u - i m n r e t N t .iit
iw.fla.piig -Ifit {N.-doAÓ1 ü s A mttma coi l;i acorucct com as moratória*
ISJln hiin^iirmtaü dc boíi l’A (N do A. )1 h " Sõ Im L!r.tabclçcid:i [%l-U t-cí I uI Í I . A l* CCÂxkinrjSurtfinírn. Evitava-se a prisão, e a cessão dê bens
irão era igrmmirtosü, Coo . l|v, II, dl. XII. (N. dü
A.)
dnis civis, nem sc teria OXptfrímfinSittlO o perigo do.s males, nem os risCys dt>s remédios
A pobre/a e ü idsc^uranÇa das forltinns. ntu Estados dcsjAiLscos. natntaUzíim u u .u ia , uu-
menttmdo enda um o preço dc seu dinhcirti a
proporção dej perigo que bã cm etnpresiã Io.
Ewrllirtlo. n m ise rta v e m dc Hidns ns p a n e s nes
les p;«\es infelizes: indo ai c negado, ue <• recursrt a empréstimos.
Su ce d e tlití que em n egftci.m ii’ i ú í i poder ia la/er ^rnnde ooméretu; ocupo ss .ipcnas ciMb o
Jiu ,i diíi: ac comprasse m u ito 1, m e rc a d o ria s, li
luüftl que o b tiv e r cótn -S.uu vúndn não compensarlík Os juros que Teria que papur pura
tua c o m p r a . A s s im , ci:- leis q n ç rc& ulM nen lam o eomcrçio quase nãu icm razão dc ser; nnlu ?nn sc ;t simples vijtiíàrtdri,
O governo não podería st: injusta san ter
mfias que exerçam suas injustiças U-a. c
impossível que essas mãos não operem em seu
próprio interesse Ponaniu, é naiufál o pcrij lato nos Fstados despi ctctts.
fientío essç crime comum, Lis conliscm sàó
tnntcis. £ qcd isso sc cotisjulao povoiQ difltUíffO
que daí è ivtiradil é um tribtúo consider&vet
qiie 0 príncipe dffícilmcnie Cobraria dos v̂ídi
tos amunados. Nán hí mesmo, nei&es poises,
nenhuma família que queir? conservá Ju,Nos Ehlaãos moderado- tudo é Utíereiite. A ̂corilisc-ações [<>m:anam s propriedade dos. he-m: incerta; espoliariam; Lnoccntcs crianças; *les Lrcinam uma ramilia f\nítmjo apenas bastaria
punir um Culpado. Nas repúblicas, ocasiona ruim o mal dc suprimir a igualdade que Jhesconstitui 3 alniiÇ privando mil Cpdüdão dc su?is rieoes-itdades materiais1 l' '
Um a tei romana' UB dett-rmina que oon-
* ‘ Parccc mi queob confiscos eram mais aprecia iJob na EcpúbLskMi d i Awna*. í N. do A.).c 11 Autêaticu. B o n n a D a r r t f ía io ru m . Ç-rvd. D e bt.in
proscript. seu darnn. (N, «lu A, I
risque apenas no caso dc crime de lesa ma jcstaUc em primeiro grau. Muitas vezes seria prudente seguir o espírito ctesía lei. e iimitar o i-ru-ifisco u Círio* Crimes. Numa região onde um costütnc local dispôs dos bens dc iaiz. Bodm ' *,J atlrrra corretâmanic que seria suli-
cãente confiscar os bens adquiridos.1 “ s í) e ia R ê p u h V tq w . !K- V, eap. III, (N. du \.i
C a p í t u l o X V I
D a com unicação do poder
Nu govenw dCspólícu, o poder passa inie ttruliTJer.te ar- anãos daquele ti quem c confiado.0 v 17 ii ê o próprio désputa. c cada oficial pnr
tiCularé o vr̂ sr No Auvcrflo monárquico, apli
ca. se o poder menos imcdutiainctue; otilorgan du-o. o monarca o m o d e r a 1 r(i. Ka?. tal
dv irihuição de sua autoridade que s<3 concede
um.i parte dela quando retém uma maior.Assim, nus testados monárquicos, os gover nos particulares das cidades não são ião dependentes d ’ governo da província, o qual depende aindii menos do príncipe: e os oficiais particulares dependem ainda menos do prin utpc do que do gcAcral.
Na maior porte dos his lados monárquicos.
esUbcleícll-sc sabiamentc qtK- os que dispõemdc um vurr ítntlti im pauco amplo n:‘n- -.cj-inn ligados a qualquer corpo dc milícia: de um e que, dispondo do cornando x penas pela vonta dc particular rio príncipe, podendo ser empítgados ou náu. çstàu. dc algum rruxly. no servi ço e, dc outro, fora delt
li.íiu c iiicompattvçl com u governo despe*
tico, pois, sc os que atualmente não rcm empre
go tivessem, pelo menus, prerrogativas c titu’ *5 U t eSAe P ftttcb t J u J c iu s íu tu e n .m le t
Jarryarn caàentis . . i N, vKi A.>*
“ NOneéii. A í Troianas, verstm I U ll 1 14 I.
Ii>s, httverin no F.s tudo. por st in tim o grandes honnens: t'iiLO que chocaria a natureza desse governo.Pois. sc o governador de uma cidade fí&ssc independente, do paxá- iodos os dias seriam necessárias concessões mútuas paru os acorro dar. coisa absurda nutr governo despótico, li. além disso, o governador particular pntlciidu nãu obedecer, como poder ia o outro responder pola provirei i sob seu govèrim?N üssc governo, a autoridade não pode scr posta em dívida: n dn mnpivtrncb mais riibal temo não o é mais do que .i do déspota No-, pniscs moderados, a lei é síihln em ioda parle, conhecida cm Iodos os liqttirev c invsino os mcnorci umgisliadus podem segui In, Mu-, no despotismo, cm que a Iwi c apenas a vontade do príncipe, quando este fosse sábio, como o magistrado podería obedeoer u um.i vontade que deseonhCCC? É preciso seguir a sua,A le m disso, sendo a L i aperta- :i vontade d o príncipe, põdcitdo c-stc querei apenas u que conhece, e muito necessário que exista uma infinidade de pessoas que queiram U”. mesmas coisas por ele c como d e .,
I nfim. vendo a Ict ít vpntudc momemanca
do príncipe, c aeecsbno que os que querem
pos dc. queiram gubit+tmcnie Como de.
76 M ONTESQUIEU
C a p í t u l o X V I I
Dos presentes
P. costume, nos países ttcíípòticos- que sc> ic íc dirija a quem está acima dc si olcrccçndo- Ihe um presente, inclusive aos reis. O impera
dor dt>-- mongúis1 71 apenas rc«b c pctiçòcs dos súditos que ih€ tenham oferecido algum» coisa. Estes príncipes ehègam mesmo a cor romper nulbs próprios invores.Uevc ser assim imin governo em que nin guém c cidadão, num governo imbuído da idéia de <quc á superior nadn deve üo inferior, num governo cm que Os homens se aeredilcm ligados apenas pelos castir.cs que uns infligem aos outros, num {roverny onde hd pouCOSncjió tio s . sendo rara a ncccsstiindr de se apresentar dirime de um poderoso, fazer Ilie petições e. ronda mentis, quefans.Numa república, ns presentes sâo coisa odiosíi, porque a virtude não tem» necessidade deles. Numrv monarquia, a honru c motivo mais forte que ús presentes M as no lisUido
' n R e c u e i ! d e u V e y a t r t s q u i O n l S e r v i à
I tftd b iiísetn ettf de ia C ^ m p a n a ie des im lv * . «. I. piip..Kf>,tN. d» A.j C a p it u l o
Das recompensas que
Nos governes despóticos, çru que. comodiihcrtus, c ijc apenas levadu u agir pein espr runçu de facilidades dc vidu. o príncipe que recompensa po^nui apenas dinheiro para ofere cct Numa monarquia. oride apenas reina a honra. !is distinções seriam as únicas rowim pensas oferecidas pelo príncipe, se m distinções que a honra estabelece nio estivessem unidas ;i um luui que. necessariamente, cria necessidades, O príncipe recompensa, portan k i. com honrarias que levam à fortuna, Porém, numa republica em que a virtude reina, rm?lívo suficiente em si mesmo, c que mcuíui iodos os demais., o Lstado ,w rijoompcnsa com festemu nbo* dttsa virtude.
despótico, cm que na© existe honra nem virtude, pode se. apenas, ser levado a afiir pela esperança de Facilidades de vida.Nas idéias da república, Platão1 72 queria que os que recebem presente: para cumprir seu dever fossem punidos com a morte, "N ão se deve recebê kw", dizia ele. "riem pebs comas
boas, nem pelas mas."F.ra má a lei romana' 73 que permitia aos magistrados aceitarem pequenos presentes' 1 * . conquanto nãct ultrapstssasserrt cem escudos por ano, Aqueles n quem nada se dá. rada desejam; aqueles a quem se dá um pouco, k»go desejam um pouco mais e. cm seguida, muito. A liás, é mass fácil convencer quem, iliidu devendo reçehçr, rcccbc alguma coisa, dn que quem recebe mais quando deveria reoeher menos, c que, por isso. sempre cnconli.ii prete* to*-, desculpas, motivos c raíiôcs plausíveis.1 ' 2 Ltv. XII das Lei*,, IN. do A.)1 13 L 0, § 2. Dig, «J/.ejf. Jui, Reptt. (N Jn A.)' 1 Muftuxeuía. il>as Hipécies.HN do A )
xvni
o soberano oferece
£ regra gcinl que, numa nioruirquiu c numa republica as grandes recompensas são um sinjil de sua decadência.. poi> provam que os príncipe* estão corrompidos, que ;« ídé»n dc honra.de utn lado, não tem mm-, carsrii força ç que a quulidade do cidadão, dc outro lado. enfraqueceu y.-O s piores imperadores romanos furam ns que mais ofereceram recompensas. Por csctn pio. Caligula. Cláudio. Ncro, ó ta o , Viiélio. Côm odo. Heliogúbalo e Caracula. Qs melhores. como Augusto, Vespasiano, Aiunnino Ibo, Mnrcn Aurélio e Pertiriax. feiram comedidos. Sob a direção dos bons imperadores, o bstâdo recuperava seus princípios; a tesouro du honra supria os. dentais-
C a p ít u l o X IX
Novas consequências dos princípios
dos três governos
Não pciiso resolver me a reiYrtínar este livro
sem efetuar. ainda. algumas aplicações dc
meus tTcs princípios.Primeira Questão. Devem as leis forçar os cidadãos a aceitar empregos públicos? Respondo que o d«vcm ntrni governa republicano c não num monárquico. No primeiro, ns magistraturas são testemunho?, de virtude, depósitos que a pátria confia a uni cidadão, que só devç viver, agir e petisar por ela; não pode. porianto, r«u sã4 o *1 1 V No segundo, as magistraturas são testemunhos dc h o n r a r ia s ;
o r a . as singularidades das honrarias siui tais. que sc sc compra.; a aceitar algumas somente quando c da rnanejracílinu sc quer.O falecido rei da Sardinha1 7 ' punia os que recusavam as dignidade* ç empregos dc seu Estada; sçm sabe-Io’ J \ -seguia idéies republí cimas.. Sua maneira do governar, aliás, prova muito Iscm que essã não era sua intenção.Segunda Questão. É boa fflfoimn que um cidadão possa obrigado a aceitar, no exér cito . um posto inferior ao que ocupou? Entre os romanos, via-sc frequentemente o capitão servir, no ano seguinte, sob as ordens dc seu tcnnme1 ,a . É que, nes repúblicas, a virtude exige que sc ftiçn ao Estado sacrifício contínuo dc si mesmo e de jun* repugnância.*. M m . nas rnonarqui;u, u Irunru verdadeira ou falsa - não pode sofrem que cbamamos degrndnçíio.
N o s g o v e rn o s d e sp ó tico » , onde sc a b u sa ,
ig u a lm c n te , d a honra, d o s p o sto s c d a s h ierar
1 Platão. em sua fttptíbffca. liv. Vtll, inclui
recusas no numero dpi indícios da corrupção
da república Km som* LciS, lív. Vj, quer i|uc as
punam com ema multa. Em Ventra, são punidas
com O exílio, (N. do A.)
1 ’ 4 Vítor Amadeu. (N do A.)1 1 ' Víilij Amadeu foi o primeiro rei da Sieítia e da Surdmha <I6P6 1732).Tendo alguns centunbes apei.rcln ao puyo que solicitasse o emprego que cies unham i ido - "F. justo, meus companheiros” , dia. um qenwríio, “ que vóv ca-nsidCfÈis honrosos rodes os postos rins quais defendereis a rtpáplica." Tito lavio. liv. XLM , cap. X X X IV . (N-do A,.\
quias. faz-sc indiFerentemeate de um príncipe um criado c dc um criado um príncipe.I Terceira Questão. Colocar sc ão soh a responsabilidade de uma mesma pessoa empregos civis c militares? É mister uni-los na república c separã los na monarquia. Nas repúblicas, seria m u ilo p e rig o so fa z e r da profissão das armas um estado particular, dife rente do da* funções civis; t . nas monarquias,
nâu havería m en n s p e rigo em o u to r g a r ais dun s funções ã mesma, pessoa,N a república, nàn vc tomam armas a não ser na qualidade dc defensor das leis e da pátria; porque vottios cidadão* è que, por algum icmpu, fasemo-nos soldados, Se houvesse dnis CStados diferentes. far-M-ia Sentir an que. nu exercita, se acredita cidadão, que ele è apenas soldado.Nas monarquias, os mifiurcS tein apenas corno finalidade a glória, ou, pelo menos, a honra ou a Fortuna. Deve se evitar complete mente oferecer emprego* civis a tais homens; cumpre, pelo contrário, que sejam contido* pelos magistrados civis c que as mesmas pes was. não tenham, ao mesmo tempo, a con fiança do pov-o e força para dele abusar1 111Vede, num.i nação cm que a república se esconde sob a fbrma dc monarquia1 quanto se teme um estado particular dc mílilAics c como o guerreiro continua setnpfc cidadão ou mesmo magistrado, a Hm dc que tuas qtiulítla des sejam um penhor paru a pátria e que cie
nunca seja esquecido.Essa divisão das magistral uras em civis e militares, Feita pelos romanos apôs ;s perda da república, nào foi coisa arbitrária, Foi conti nu ação da reforma d« constituição dç Rom a; cia era da natureza do governo monárquico e o' J * tm p e r ín m mel o p / im o u n e b x liu m i r u n t á v
reiur, ienim tm tnÜltie i etu íí GaJfíertuiv cliarn tii/ire
cxoreiJu/?/ Aürçlio Vsçu.r, Dc Caesürtiwi, IN. do A.)
(#q Trata se da Inglaterra.
78 M ONTESQUfEU
que só foi começtidu na é p o c a cie Augusto19 o 1; imperadores seguintes’ B* Foram obrigados u concluir, para moderar o governo milhar.Assim, Prpcópíç. concorrente de Valente ao Império, nada disso sabia quando, dando a Hcrm istlas. príncipe de sangue rea! da Pérsia, a dignidade de procõnsul ’ flJ. rcstiLui o comando dos exércitos a magistratura que outrora o possuíd. ít menos que tivesse razões partícula res. Um homem que aspira a soberania procura menos o que í útil ao Estado do qüc o que é
útil ã sua causa.Quarta Questão. Convêm que os cargos sejam venais? Não devem sê lo nos Estudos despóticos, onde c necessário que os súditos sejam colocados e substituídos instantanea mente pelo príncipe,Esta venal idade * boa w s Estados monár quicos. porque obriga a fazer, como um oficio de família, o que não sc querería empreender pela virtude, porque, a coda um. destina se.u dever e torna as ordens de Estado mais permanentes. Suidas,Sfl diz correiamtmlc que Aruiv rãcin fizera do império uma espécie de aristocracia vendendo Iodas as magistraturasPlatão1" 0 nâo pode admitir esta venal idade, “ É ” . diz d c . “ como sc. num navio, tomássemos alguém piloto ou marinheiro a troco de dinheiro. Seria concebível que u regra fosse má paro qualquer uutro emprego existente, c boa somente para conduzir uma república?'1 Mas Platão refere se ,1 uma república baseada na virtude c nós falamos de uma monarquia. Ora. numa monarquia em que. quando os cargos
11,1 Augusto felirou. íris senadores, procnri sulc-, cgovernadores, v direito de portar ru ínas. Dior»., ló . X X X H U N .d o A.)1 Consumino. Veste zúxhho, liv, [|, <|s. du A.)
'"-1 A m t a n í i Murcdtno, Iiv, XXXVI, £r ctviliu,
nu>rv vewrvm. a bella n v w t , t N . d o A . )"í‘. um trecho dc Joio dc Antioqum, que foi conservado igual mente no Extraio dax Vinudtx e
âos VÍck>S, de Constantino Pnrfirngêaetn, mns com
uma mudança ito texto que lhe faz dizer, mais
cxaiamencc. que Anastácio perverteu ludo o que
havia de bom OO fRtvcmu. Tomo asa ubMirv&çiio dc
Ctêvicr.” Por nossa vez tomamo-la dc LabouUiye.
República, liv. VIII,<N.do A.)
não sé vendem através de um acerto de contas público, a indigência < a avidez dos corte sins vendê-los iam da mesma maneira, o acaso dará melhores súditos do que a escolha do príncipe. Enfim, a maneira de progredir petas riquezas inspira c. sustenta a indústria1 * coisa muito necessária nesta espécie de govern o1 * 7.Quinta Questão. Em que tipo dc guvemu sào necessários censores? Fies são necessários numa república cm que o principio do governo é a virtude. Náo sao apenas os crimes que des- troem a virtude, mas tambem as negligências, os erros, uma certa tibícza i>o amor u pátria, exemplos perigosos, sementes dc corrupção, tudo que rtào contraria as leis mas as elude: o que nãu as destrôi mas as enfraquece: tudo issO devç scr corrigido pelos censores.Surpreenderão nr>$ com a punição desse areopag.ita que matara um pardal que. perse gutdo por um gavião, sc refugiara cm seu colo. Pasm amo-nos que o Aroâpago icnlut mandado matar uma criança que furou os olhos dc seu passaro. Observe-se que, absoluta mente. ftfio sc traia aqui dc uma condenação por crime mas Uc um julgamento dc costumes numa republica baseada nos costumes.
Nas monarquias nao sao necessários censo rus; das sâu baseadas na honra c a natureza da honra é tci por censor todo o universo. I txlo liorrcm que falta com a honra c alvo das reprovações até mesmo dos que não a tem.Nas monarquias, os censores seriam cot rompidos por tiquclcx miMiioi que deveríam corrigir. Não seriam úteis contra a corrupção mima monarquia. pois a corrupção dc uma
m onarquia vería muito forte COntfA ch's,Percebe se facilmente que não são necessú rios censores nos governos despóticos, ü exemplo da China parece derrocar esta regra, mas veremos nu desenvolvimento desta obra as razões especificas desta verificação.1 • Nota tomada, observa ainda Lnboulave. do
Testament Poli tique de RicKelieu.
*■ ' Indolência da Espanha, wúvJe tõtloi os crrpic
Kh s s ã o d a d o s . ( N , d o A . )
LIVRO SEXTO
CON5EQÜÊNCIAS DOS PRINCÍPIOS DOS DIVERSOS
GOVERNOS EM RELACAQ À SIMPLICIDADE DAS LEIS CM S
E CRIMINAIS A FORM A DOS IU1GAMENTOS
E AO ESTABELECIMENTO DAS PENAS
C a p it u l o !
D a simplicidade das leis civis
nos diversos governos
O governo monárquico não comporta !t?is Láti simples como o despótico. ívào ncoessário?, Irihiirnr,. Estes tribunais lavram ar. docisícs que devem ser conservadas, aprendidas para que se ju lfue hoje como se julgou ornem c para quü i propriedade c a vida dos eidadàos ••viam asseguradas c gaiamidas uomr própria cons- líluição do Estado.Numa rmin.-irquta. a jd lilillislr.ie.JO dc uma justiça q ue não decide somente da sida e d<v> bens mas também da Hotirn exigr investigações cuidadosas. O escrúpulo do juiz iium cna ã medida que d c tem maior responsabilidade c
iiitp.a sobre gruntfcs imere. ^Portam n. nào rios devemos espantar ao
cngmur turno* nas IcK desses lAiados iani:i'.
reguliimcninçôcs, restrições, çsuitMii-., que multiplicam v*- casos pnr li guiarás c pnrecem
fa / e r .d n própria r a z ã o . u m a arte.A diferença dc posição sociíiddc oripcm. Uc
c o n d iç ã o . cstabeleckla nu governo rumar quico. a ca rre ta . mudas vozes, c!is.iiiiçõçs nu namrczn dos bens; v leis relativas ri constitui ção deste Estado podem aumentar o número dessas disiinçôe^. Assim, cnire mis os k m são próprios. adquiridos uu oonqufouuloá*ÍB; dmuss, parafermiis'’ "t paternos ou maternos, móveis de vários rípos; livres, substituídos; de linhagem ou não; nobres em terras alodi.lis1'JM ou dc ungem plebéia: rendas latifundiárias ou consumidas em dinheiro. Cada cs pé tio de bens está submetida .•» regulamentações especificas;
'* ‘ Em franco, conquei: n q«e n[n £ Adquirido c
ruo vem po* sucesjno
' tim francês, parttphernairx; bens da mulher cuia adm inistração ejsconserva
' Em fríflcls./rcric- aitru: bem hereditário i sen tu
de qualquer dircitfi senhoria! tt.iltré)
Cube observa ias para deles dispor, o que suprime ainda mais a simplicidade.I:m nossos governos, os Teudos tornaram sc hereditários. fo i preciso que a nohrczn possuísse determinados bens. quer di/er, que o feudo uvcs.se certu curtsiMénau. a fim de que 0 proprietário feudal estiveíse em condição dc servir o príncipe, isso acarretou riiu»ar varie d ades; pm exemplo, existiram regiões onde os. feudos pão puderam ser repartidos cmrc «vs irmãos; cm mur i'..or, irtuàus mais novos pude- i.im dispor dc um pouco mais paru sua
su b sistê n c ia .O rílOnurcn. que conhece cud.i uma de suas províncias, pode estabelecer diversas leis ou
subnflcler se :i difértmies costumes. Porém, u lIl"-.|>o in ruída coiifiutL' e pur nada icrii conside r jç á u : é Iht nect.ssãrío um procedimento geral: governa de um modo iniraiu-iiurnia que é o mesmo cm iodes us lugares: mdo ic apkiinii
sob vçus pés
A medida que os Julgamentos dos tribunais multiplicam se nn-. monarquias, a jurispm
dcncia cncarrcgEi-se das dtJCirócs que. algumas
ve/es. se concndi/rn seja porque os jui/rs, que ac sucedem. pensam difei vrttuiWEUC, suja
porque t)s mesmos processos são tira bem. ora
maf defendidos, ou. enfim, em consequência de
uma infinidade de abusús que se insinuam cm
tu d o que passa pelas nãos tios homens, t um
mal neeessâTÍo que o legislador corrigí dc
quando cm quando, como contrário até ao
espirito dos governos moderados. Porque,
quando se é obrigado a recorrer ao:, irikirují .
c nnister que is.va decorra do natureza da eonç-liOjiçào c não tias cnniradiçÒK c incertezasdas leiv
Noü governos c m que, n e ce ssa ria m e n te . há
82 MONTESQUIEU
distinções cmrc as pessoas, privilégios sau necessários. Iste diminua aind; mais a rimpli
cídaUc c cria mil cxvcçõv».Um dos privilégios menos pesados á swcie dade e. sobretudo, a quem o confere, c n de pleitear perante um tribunal, de preferência a outro. Kis ai novas, questões, isto é. saber perante qual tribunal se deve pleitear.O s povos dus listados despóticos cncon tratr-se em situação Ivm -difererile. N'ãn sei sobre (i que o legislador podería estatuir ou u magistrado julgar nessas regiões. Com o as ter ms perteccm ao prinçipc rtüo bã quase leis ci
vi •; sobre u propriedade d as-terras. D o direito que o soberano tem dc succdcr resulta que lambem nnn hn leis sobre as sucessões A exclusividade dos negócios que exerce em certas regiões toma inútil toda espécie dc Icts sobre o comer cio. Os casâmciitos que aí sào cuntraiaelne com ^ cravas determinam que quase nuca exis ram leis civis sobre os d o to « direitos das mulheres, Resulta a in d a dessa prodigioso rtUíl lidou dc escravo*, quuM. n5« existirem pessoas que possuam vonuuc própria e que. conxc c|LÍcn tem ente. possam responder por sim con diica perante um jui/. A ntuioriu das ações
morais, que são apenas vontade do pai. do
marido, do senhor, sào por estes regulamen Lados e aài> por intermédio de magistrados.lisqucçiíi dc dizer que o que chamamos honra, sendo ma! conhecido nesses Kstados. todas as questões a ela relacionadas. capíiulo tào importante entre nós. neles não encontram lugar. 0 despotismo b asta a si mesmo; tudo ê vazio cm torno dele Destarte, quando os via jantes nos descrevem as regiõev onde ele impera. raramente falam nos de leis ciVts1 .Portpnto. todas as possibilidades de disputa c dc processo aí desaparecem, t o que, parcial- mente, fa í com que se maltrate tanto aos liti gnnlcsi .i injustiça dc sua demanda surge aber tamente. não sendo escondida, diminuída ou protegida por uma infinidade dc leis.19' No Masulipaião rí»o se conseguiu descobrir sc existiu lei escrita Vede Rteuvi) dex Vnvaget qut Ont
Stttvi à rÉtabhsicrncn! de lú Compdgnte dcx Irtdcs. I IV. parte I. púgi 391 No:, jutgamcnios. os hindus upenasie baseiam cm ecrtus costumes. Os Yctlam (iede n% fVtíffji c outros livros semelhantes nüo cou icrn Icts civis mas preceitos religiosos. Vede l.ctrrrt
fid[f"íaiiifs. eoiciancu quadragésima quuri:i. IN, dn A.f** Ja observamos que Montcquicu è, aqui, precipi tudo c que, enire os árabe*. por exemplo, existe dcfívadà da lei rrlip.tnsíi, uma lei civil, c juriscou sllitns muito sul IV.
C a p í t u l o II
D a simplicidade das leis criminais
nos diversos governos
Incc&samcmente, ouvc-sc dir.cr que ve deve riu admitiislrur a justiça por toda parte. COÍtto na Furquia. Emrcuwtn. xera que npenas o mais atrasado dc todos os povos viu claro na coisa mais importante do mundo para os homens saberem?Se examinardes as formalidade:, dtt justiça cm relação ao esforço que um cidadão cem que empregar paru obter :i restituição dr seus bens.
ou paru obter vatisfação por algum ultraje, indubitaveíineiuc encontrareis munas delas. Se as considerardes na relação que têm cotr a liberdade c a segurança dos cidadãos, enco-JV trareis. umiúde. muito poucas e vereis que os
e s fo r ç o s , as despesas, as d ila çõ e s, os próprios
perigos du justiça são ti preço que cada cidad ã o p u g u por Sua lib e rd a d e .
Na lurqula. em que sc atribui muito pouca atenção a fortuna, à vida. a honra dos súditos. I«m inam sc prontumente, de uma maneira oudc outi u. iodas as disputas. A maneira de ac a bã ias é indiferçtuc, desde que sejam icmuna- dnv O paxá. logo informado, manda distribuir, a seu capricho, bas tonadas nus plumas d o , pés dos litigantes e os manda embora.Ser ia muito perigoso ter, nli. as paixões dos litigantes: cias supõem um ardente desejo dc obter justiça, um ódio. uma ação no espirito, ama constância em perseguir Tudo isso deve ser evitado num governo cm que se deve ter o medo como único sentimento, e em que tudo conduz, rcpemtirtamertie. t sem que se possa prever, u revoLuçoes. Cada um deve saber que não c necessário que u magistrado ouça falar
ddc, e L)uc apenas Conserva sua segurança porsua obscuridade.M as, rtos Estados moderados, onde a cabeça do mais humilde cidadão c considerada, nào se lhe retirara a honra e os bens senão após um longo exame., não se lhe tira a vida senão quart da a própria pitria i> asaça c ela 30 ataca Cfuan- da llic possibilita iodos os meios de defesa Assim, quando um li ornem se toma mais absoluto’ a = . imagina, ames de mais nada. Simplificar as leis. Com eça se, nesse Hstadn, a' César, Crtjmwell « tantos outros. {N . do
A .)
atribuir mais importância aos inconvenientes narticulares do que á liberdade dos súditos,
para os quais não se concede qualquer importância.Vê-se que. nas republicas, sâo necessárias
pcío menos tantas Formalidades quanto nas
monarquias.Num e noutro governo, eias aumentam cm
razão da importância que se atribui à honra, á fortuna. .1 vida c õ liberdade dos cidadãos.Iodos ps homens são iguais no governo republicano: são lambem iguais no governo despótico: no primeiro, por serem tudo. nç segundo, par serem nada.
C a p í t u l o III
Em que governos e em que casos se deve julgar
segundo os termos precisos da lei
Quanto mauv o governo se aproxima da república, lantu mais rígida se torna a maneira de julgar. Lru um vício da república da Lace demônia o fato de os éloro.s julgarem arbitra riameme sem que houvesse leis paru oríentã los. Km Rom a, os primeiros çônsulc* julgaram COmu os éforos senti ram-se os inconvenientes fi fizeram-se leisçxntas
N o s b .s ia d o s d e s p ó tic o * . n ã o ex iste lei: a
re gra ê o p róprio ju iz . N o s E s ta d o s twonárqui cos. existe uma lei c, õRde esta é vKulH, o juiz a
o b s e r v a : o n d e não exutte. etc p ro cu ra -lh e o espirito. Noy governos republicano* c da nmu reza da conxtilutção que os juiv.es observem
lileralmíntc a lei. Nào existe um cidadão contra O qmil se possa interpretar um:i lei quando ve rrntn de seu* bens. de sun lionra au de sua vida1 *■ *.Em Rom a. os jui/es apenas decidiam se o acusado era culpado de um certo crime c n pena encontrava se u:k lei. como perectwmos em diversas leis que foram feilas. Da mesma maneira, na Tnglmcrra. os jurados decidem ve n acusado é culpado ou iuui do fato que o trou xe perante eles: se é declarado culpado, o juiz prenuncia a pena que a lei inflige para uvtc lato e. paru isto. hasinm llu* olhos,1 * ’ Bcceurlu. Do ,v Delitos <• des Penoj. ciip. iv
C a p ít u l o IV
Da maneira de formar os julgamentos
Disse resultam as diferentes maneiras de
formular a sentença. Nas monarquia*., os juí
/es adoiam a maneira dós árbitros deliberam
cm conjunto. comunicam seus pensarnentos,
conciliam se: modificam sua opin ião pura tor
ná-la conforme n de Outro; os pareceres menosnumerosos são reduzidos aos dois m a io res. Isso não é da natureza da república. Km Roma
c nus u idades gregas, ov j-ulíus Jlãu se Com uni
cavam entre si; cada qual dava seu votei por nmn dessas Lréa maneiras; absolvo. condeno,
não mc parece claro1 * * : c que o povo julgava ou esperava se que o fizesse, M as o povo não é jurisçon^ulto; ioda* essa* modificações e mo deriiçóés de árbitros não são para ele: c necessário apresentar se-lhe um só objeto, um e um
,\7}/l f i c f u e t . I, N , ito A )
04 iviijirN i
só faiO-. ií que ele prccisc apenas decidir se deve condenar, absolver ou pracrastiRar o julga mcnco.Os romanos, a exemplo dos gregos, ãnLrudu íiram fórmulas de açâolç '■ « estabeleceram a necessidade de -conduzir cada demanda pdaação que lhe era própria, Imiíj er.-i nç-çí^ãrio cm eocsequièriCLit da sua maneira de julgar; cumpria fixar o csLado da questão, para que o povo ü livusse sempre diante dos -olhos. De rntíru modo, ran curso tle ucn grande litígio, o estudo da questão tfarsForitt&r-se-ia continua mente e não síria mais reconhecido.
, ’ <iaa-* actktnes. ne popu/us, pruuí vetiei, ifístt
tucrct, certas M i i c m n e . r q u i cxre votuervfíf, L-, í . $ fj,
DigCsl.. U t Orifi. Jur. (N.-ikl A.i
Decorria dai que os JUÍZCS, entre OS roíca-
íSOs. sò aceitavarm uma demanda específica.
sem nada autuem ar, diminuir nu modiliL-ar. Mas tis preteres imaginaram outras fórmulas
dc ações que sc chamaram dc boafc** s. cm
que a maneira de pronunciar estava rna-i-1: à disposição do juiz- Isso estava mais dc acordo
com o espírito da monarquia. Por j$so os juris- cíirsutJc> franceses dizem; “ Hm França, todas as ações são íie boa fé’ 3
’ q* Na*- quais cmprejtavani sc estas palavras: e.r
bon^ftrtt, (N.do A.>' ’ : Condena-sc, aí, is castas daquele a quem se re- quer mais dr> que deve. se nau ofereceu c nau cuti signou o que deve. ÍN. ík> A.)
C a p í t u l o V
Em que governos pode o soberano ser Juiz
Maquinvel1 741 nlrihui a perda du liberdade dc riorcnça ao fato dc l> povo não julgar em C&rpo. cam a cm R rem . dns crimes dc lesa inn ji;vtade CO-melidíK contra cie. Para lsiso hfuóa rtiut juixes estabelecidos: “ M us", diz Maquia Vct, “pôuctlti são corrompidos por pouco" Aíloiurín dc honi nfatin » tnóstma desse grau dc homem, inas como neste ea.xi <j intcreSNC' pohtíco força, por assim dizer, o interesse civil (porque é sempre uni inconveniente que o pró prio povo julgue suas ofensas), cumpre, pata rcmediar Isso. que as leis provejam, tanto
quanto possam, a s u jin r a n ç » c íd a d a o sC om uiSc csptriLo. us legisladores dc Roma i ir eram tinas coisas: permiLtram aos acusado* esilurem sc* tUKCS do julgam ento**8, c determin tiram que os bens dos exilados f t w m consagrados para que ó povo não tivesne o confisco. Ver-se-ão, no livro X I , a* demitis limitações que foram impostas ao poder quv o povo tinha dc julgarSólúrt Sõube m uito bem prevenir u ubuso
que c povo podería Jtucer dc seu poder nos
11 * Distntrvo tttbrv a Pnmfira Década d? Tifo
Lívia . tiv. I, eap VII (M. du A.)
1 u* Istts i ocm «xpik'»do rva oração dc Cícero. Pm
Caeeinsi. na fim, citp. C, (N. tto A.)
íoa fcr« uma lei de Atenas, cpmo sc ixrccbc porLJemóstcncs. Sdcrates recusou servir-sc dela. (N . doA.)
julgam íntos de crimes; quis que n Areõptijjo revísse u processo, pois, se esteacreditava que n actisndo hftVin sidn isiiiistamentr ubeolvi-do;,IJ1 acusijv.-i-o rwvamcme diame do povo,sc acreditava que y acusado havia sido injusta mente condenadoao i. Xioípcmlia a exeeniçâis c o í-mia rcjiiCjc.úir n questão; k i aümirfivel. que submetia u povo ã tensura da má|tifratura que mais respeitava. C ã sua própria.Será mil retardar um poueo a pruccsso em mis casas, wsbrcwclP quítndb » íteusado rslavcr prcíM, a íim de que o povo possa acalmar xc a iulgftf Com .sunituc frio.Mos F.stados d<s.pf'itlccs, n próprio príncipe pude ]Lilir;tr. Não o p,xlu nas monarquias: a constituição seria destruída, os poderes mter medianos depentlçines, aniquilados: ver-se ia cessarem todas ui» formalidades doa julgamentos; o medo ftpy.svar se-ia dc todos os espirito*: vct sc ia a pa.lidtv em Urdas as faces; não mais havería contíança, honra, amor. segurança, memarqusa,Fis aqui outras reflexões. Nos Lstitrins monárquicos, o principc e a pane que acusa
réus e os puno ou OA absolve; sc etc pnãpriu iul1B1 Dcmôstencs, ÍPfrrc tí Conta. pág. 434, sKJ. dc Frankfurt, do afio L604. (N. do- A.); úi V«lc Fik>straLü. vida. das Sofistas, fjv, I, Vida
d? Éwuitrt-s, ÍN. do A.)
gas'sc. seria. concom itanumeiut. ju í/ e parte.Nestes mesmos Estados, o príncipe ín,‘quente mente possuí os confiscos: se julgasse os crí mcs. seria, ainda, juiz c parte.Além disso, perderão o atributa mais nobre de sua soberania que c de concedei irr.it;,-r *: scfía insensato que flve^c c desfizesse seus julgamentos; não gastaria de esiar cm çorttra- dição consigo mesmo. Além ele qi>e ii&o confundiría todas a i idéias, não se saKcria se usn homem seria absolvido mj sc reccbcrin sua graça.Qiiantín I nís X III .quis ser ju iz no processo ücj IXique de Ia VaEcttc1' 0 4 c contesta intenção chamou ao seu gabinelsr uigun:> uíÊciai.s do par ksmeni'.* tí alguns conselheiros dn Fslado. lendo o rei •;>.*, i Tçado a opinai sobre o decreto de prisão, n presidente de Reíliévrç deçl.ttrmj: “ Que via neste caso uma coisa cstf-ariha, utr príncipe opinar no processo de um de seus síi ditos; que aos reis apenas as graças eram reservadas f: que eles remetiam as Condenações para seus oltccm . t V os.« Majestade desejaria ver. nu banco dns réus diante de si. um homem que. por seu julgamento, em unia hora sorin lç víllLi.s .i morte? Q lec a láee do princijK, que It.o :js graças, F13I.1 pmit* "CUMÇntaT ifcsrr: que apentts ncu olhai su.speiKkriíi os num blos dus igrejast que apenas se deveria sair comeme da pre sença do príncipe” Quando se julgou dos fundamentos da questão, o mesmo presidente disse ris> seu parecer: "Este c um jiiIpnmftUO -.em exérnplt», até mesmo co-nira 1 ridos m cxcm ploi do passado até hoje, que um rei de Fronte na qunliditde de aitr e por sr i voto lenha condenado um gtiniÜ homem ü. morte"O s julgamentos proferidos pelo p rm cw se
Jfll Platão Ciaria VIIrj tiswO uvrxsliUi que os reis que Man, á'\í sk , sítoerdoics jwsjiiut) ssshitu aü julga memo em que se umiU-iu .1 mune. w exílio c a pri sfm, (N. do A.)“ * Veae a relação do processo licito ao Duque ac la Vnleuc. f i ia impressa nas Mimoirex de M^riiíe so rj. I'[.pág. Ü M N . do A.I ■ 111 isso rn modificado posieríomacnte, VaJc n mesma rçlaçno.í. II. páfi. 33õ. IN, do A,)
ríarn uma ftmU: inesgotável de injustiças c abusos; os cortesãos, com sua impertinência, extorquírirtm seus julgamentos. Alguns impe radores roítlj.iKis tiveram a fúria de julgar; reinado algum alarmou tanso o miíversu pnr suas injustiças.'Ci áudio , di£ Tãcilü110 b. “ lendy tomado 3 seu carga o julgamenio dos negócios públicos e funções dus cTiu^istraílçjs, permitiu toda soríc de rapinas," Por isso Ncro. assumindo a direção do império depois de Cláudio t querendo apn/tguur Oi, espíritas, declarou: “ Que evitaria ser o juiz dc ludos os casos, pnrtt qiic acusado res e aciisadtjte, tios muros dos palácios, não fossem expostos ,10 iníquo puder de algunslibm osÍC r‘\llN(i rcinndü dc Á rcâdio". nnrra Zósinno31111, "a nação düs caluniadores expandiu-se. cnvol vcu .! corte e a Iflfcctou. Quando um hnmrrn toorria. supunha-se que não tivesse deixado filho - ' seus bens eram dados por um titscii lo. Pois. sendo 0 príncipe cstrHnhamcnte estúpido c a impcrairÍ7 esccssívAitifinte empreende d(jr;i, cJ;\ favorecia a avarera insaciável de stu , domcsiistus e tuiifid.cntc.v; de maiiciru c|uo pttr:i .ao füissixcs modÈradas mvda havia d« maisdesejável du que n ninnc "“Hliivia outroru”. conta Procõpifi-'1"mudii poucas pessoas na oonct mas. nucpcc,i dc JusEitlifllKi. Como us jui/.e.s nãu mqispusjuiswm liberdade de administrar justiça, seus tribuna is pcrmancci-im desertos, cnquitmo o palácio do príncipe ressoava cum us clamo res d ws panes que ;u solicitavam í^us casos." loda-í Síibem como ni sc vendiaro os julçia m enus e, bclusivc, kis.As lus 5áp OS olhos do príncipe; u por dns is que. u m elas. nâo pndrri.i vçr. Quer d t w,-.u msr .1-. funçõíi düb tnbujLai:,,1 Cum i.v,u tialiu lha nÍK> p:i*a si. mas para scu.s scdUtqfCS, con l.ra si mesmo,*9 " .■‘inaií, iiv, x i , cap, v, i;n , do A j' Taeitcr, Arou. iiv. XIH, csp. IV. {M, dt> A.)Jtl* M B * Hv. V tN.dO A j ■ ’ !K mfiMYia desirrílem uo- remaito cic Icoiki^io, a Jovem. (N.-do A t *" J /tàtória Secreta. í N , do A l
C a p it u l o VI
De como, na monarquia, os ministros
não devem julgar
Nus múriarquimí, é ainda um grande ineon venienie que o> proprios ministros do pmicipe julguem cií casas corticnciosos. A inda Imjc Vím ui E üLiuíoíí! ' ' onde há tnúnncroí ju ílçs
pur ll decidir >s üastts fiscais nnids ds ministras quem n ncredí(ari;i1 — íimdsi querem julgá-los, As reflexões jorram cm bíirbotõ-rs: farei apenas esta.I lã, pela n ature/3 d»s wma espéciedç contradição entre o Conselho <k> monarca e* " Ainda a Franca,
mius tribunais- O Conselho dos reis deve ttçr composto de poucas p e sso a s e os trib u n a is de judicaiura exigem muitas.A raiãó disso é que. no primeiro, se deve receber ox casos com uma ccna paixão c
seguí lox da mesma mandr;i. o que quase nao :,e pode pretender de quatro nu cinco homens que dif Mi Íayúi'0 avo ofício. Rcqiicfcm-sc, pelo ounLrark!, tribunais de judicatura de sangue frio pjra o qual Iodas us dem andas sejam. Jc
alguma maneira, indiferentes
C a p i t u l o V II
Do magistrado único
T;ll mjiyiscradó wi pude CxiMÍr rto gcivurnn
dcíqKHieo. Ve ic, nu lorudím romana* a que [X>íUtí llni ÚniCO ju tí ]>nde ;ihus,-ir cie v u piiíú.r, C om o não lerin Apio, em seu iríbunal, despre
«cujo a. li*i5. j«i qtic violou mesmo .!■ • que
rcxf1 J? Titn 1 ívio informa nos sobre n iníqua
distinção do doecnviro Mie linha lubnrnado
uní homem que. diante dele. recEaiítftva Virgi
■ '14 YeCe j teu 1. £ 24. De í>rrg. JtrM N . do A.)
rst.i aw rai ffw rn vci;o5 puis de V irgín ia lhe stali citaram que. cm virtude dc sua lei, cia lhes foste confiada aié o julgamento definitivo. Declarou de que r.n;t lei apetiui» fora feita em favor dc ptii c que. estando Virgínia ausente, nfio poder ia ter aplicação*'1J .
■ Qiwií patlt pueitài' iJjbi .vvc J. JVvum injtí.nthf j .íü
ftnus. Ti to Lívío. Ü&eada Pnweim, liv. IIL eap. X L IV .fN do AP
C a p í t u l o V III
D '4ü acusações nos diversos governos
Mm R(imnJ 4. pormirin sc a uíh cidadão acusar outro, hiu c j . í estabelecido segundo u espírito da república, cm que cada cidadão devería ilt um /.do thinicftdo pelo bem público, em qqu cíttltl c id a d ã o ti reputado como tendo lodui direitos da pátria nns mãos. Cumpri; ram ve. n;i éjxjui das imperadorís. as máximas da república e, ;t principio, viu-se surgir um gèE cm mudas outras uitltuks. (N. tks A.)
ncro de homens funestos, unia turba dc delato ces. Quem quer que tivesse rrmitos vícios e tíilcnt(>s, uma alma vil e espírito ambicioso, procura vo uni eriitiiifotto utja condenação pudesse agradar ao prirteipe: era o caminho para as honrnrbis w fotítaigÕ *-f m isa quç abíõliiiamccttc não vemos entrí ros.J 1 ■- Vede, em !'aciio. as recompensas ccncedidiis ;<
toses delatores. U mív. Iiv. IV, cap. X X X - IN do
A.)J I 1
temo* atualmente UIIU leiadmirável: .1 que dctcrmirtS -üue õ prírtoipt:. estabelecido para laxer executar as leis. designe um represen
tante"' 1 i 1 m cada tribunal, para processar. ens seu mime, tpdoH.o» crimes, Assina. u função -Jus delacnrev é desconhecida emrc rscis s sc este l-ingador público fo-isc :-:ejxpír-i: de abisvnr1 “ Traia se também do elicio de procurador geral;erá o do procurador do ra_
de seu ministério, obriga limam a nomear seu
de nun cia dor.Mas k is de Platão-?1 . os que n cr b pene iam de advertir ns magistrados ou de prestar llic1- w xilio devem rer punidos. Moje. isso não sa ia conventenie. A pane pública vela por seus ádsutâoM ela atua <t ekji estoo tronqíiilçs.J1 r Livro IX . IN. do A.)
C a p i t u l o I X
D a severidade das penas nos diversos governos
A vevcridnde das pennv convim mcllku ao governo dcspõi ico, cujo firiiicípiu- é “ tcm*r, do que à monarquia ou ã república, qttç tettl por mola a tio-nra c íi viriude.Nos Estados tiiodcrudóí. o amor ã pu.tr ut, a vergonha e n rccçio d?i cçnsura sào molivos coercitivos, que podem deter muitos crimes, O maior castigo para uma mâ ação sçrá o reconhecimento dessa. Nos Estados modem
dos, porlrinto. o; Lcr. cetíripiiTsu rrm fácilmente e níi-a necessitarão de tantaenergia.
M esscs IN l lidos, u m hn m Icp.r.Sjirli nJ currin cgar-se-â menos, de punii os crimes do que de
prevçni Io*; aplicar se h m^i* a lonaleccr os ■ cosl ume* do que n inflieir suplícios,
fi umu peiiíêlii.t 1 tb.servaÇnu dos autores
el i i ncMs- ' que. quanui tnau se via aumentar
lh suplícios em seu império, mais prôsima es
Lttvu a levolvc;m, I que mc aiamcmiLvain ns
suplícios i medida que o.s costumes desapart
ei nmScri» fácil provar que. cm to4 o o U quase
iodos os Estados da Europa, os castigos tlnai- nuiram ou aumcniartun a medida que st npiv virruni ou se alá-sLou du IIherdade.
Nos países despóticos ê se tão iniclk. que se
leinu n morte mais Ju que st- ..i nrna u perdei
■‘ ' N Karci ver, cm scp.uida, que ;i Chiou, (lesse
nçpecto. toá no esso de uma rcpahbcs ou de uma
monarquia- (N do A i
d;i vida-, uí os suplícios J cvceti ser. portanto, mais rígurovos, Nos listados moderados, k nre-w rníiií. perder n vida d o que se receia a morte em si mesma; os suplícios que simplesmente tiram a vida sãu elí. portanto, suficientes,O- homens cxtrcmii mente Icfi/cs c os çKtrç tnamente inlcli/es lormnn st- igualmenie úiáteik qveis: íLtcsiam-nos. os mondes c os conquista dures. Apenas .1 mediocridade c u uiiMiira dn boa u mà su-rte produzem adoçara c o piedade.O qtiC parLicularnlstUc se vê no-, homens, se Chiotilr-'. túis diversas nnçTws. fintre ns pnvos selvtigL-ns que tcvaib tinia vidn muiid dura c entre os povos Jo s governos despóticos çm que há apenas um homem cvorbítanwmente Ta vo rtícidu peta fimama, cttquamo os dcibuia soo ultrajados, v se Egualcnome crucil. A hrandurn reina nu-, guvemos tandcrailos,Qtmjtdo ntts histórias encontramos c.vum pios do niris? Histiça tios <iultóCH. «íUÍm os ns
males ün natureza huntima com uma ec«pécic
de «murgurct.Nos EésiadtK moderatlos. para em hom licpiriluiiísr. Uido pode servir paru constituir c;i-. lipns Nfh) é es irai Tsl nl ;:jío que liiS F.spiirla nnt do* igus principais fosse itúo pivdtr em prestar n esposa a auim , r»eni receber a do Oulru t rume a permanecer cm su;t ctlSil íl riito ver com sitÊCíis? Numu paSiivr-j., ludo que a lei chama cântico, ê eL.ijvamcine casit^o,
MONTESQUIEUU
C a p i t u l o X
Das antigas leis francesas
Ú pfcd&ftteme nas anligas leis Trance.sas que sc encontra o espirito da monarquia. Nos
casos relacionados a penas pcc uni árias. os
J , í “ Assim, ií.i caso dc os nãonabnc.s dL-vsiem pagar lim a mulia Jc quarenta -r-ldos partí -,l' livra ii-rn dc um mgr.ijado de prisão, os nobres devem
pagar sessenta í iU us," Summc Ritmíc. liv [[, pãg. 198, cd. gq,L dt> ,mo 151 c fe iiimartoir, eap. LX L
pág. .'04. (N.do A.l
nào nobres *ãu menos punidos que os nobres21 Nos casos de crimes, acontece juslfc merue u coiurárioJ j a : u nubre perde d honra c e levado diante de um tribunal, enquanto o
vilão, que nao tern honra, c punido írrl ->cu corpo.
iK Vede .3 CtWiíf/ de Pierre Dcsíonuines, cap. X!11, príncipiilmcrttc o aritgo 22 (N. do A.l
C a p i t u l o X I
De com o, quando um povo é virtuoso,
bastam poucas penas
O povo romano Unha probidade. I-sta prohí d:idc posvuín lantts força, vjLiie rnuilas vctícs
bastava ií legislador indicar o bem. parti que csiv fosse seguido Parecia que. em vez dc tirtlenançíis. bastavam çonsêlhos.Quase iodos us castigi». prescritos pelas Leis regias c peladas H o » Tábuas foram abolidas mi república, quer em eiuisequcnaa d;i lei Valéria-'J1 . quei cm L-tinseqüèpcia d;i lei Põr cia- ■ • Nftn se ti.vL.iii que p>r isso ;i repúbliea ficasse mnl re^ul amem tida c qyv a ordem ti v o ve vido prqjudic:i(t:iEssa lei Valêrí», proibindo aos rrmgisiradns
ioda violência COfltra um eulndíin que livc •-e
ap e lad o a o p o v o . som ente a flig ia a q u em acom raviosc, com a pena dc ver reputado perverso.
) J ' Foi vm . iIk IcchJ u por Vnictiu Publtóiln, logo ;ip«'rt .i tspululu do ri’ is1 foi reflóvôilj duas vtares. SCítipre pelos tm fisti.ulns dii mesma fnmílin. como Jiv fito liv io , Ms- X . Cap 1X Nis» era ittcvasarfo diir-lhc fti.nis força mas aperfeiçoai* lliç a dinposl çriçv DiftCfttllttt xaitCMmá diz T«n l.iVict, ibúl (N do A .l
' * ' LtíX P f t f d a Jjrrr ív r g v c tv ú tm tare l-oi cslrtbíle
Cidli no ano a sa da Fundtuf&rt dc Rosna {N d .. A .)
C a p í t u l o X I*
D o poder das penas
A vapcricmaa tem inusiradb qiut rios países onde as penas são leves o espírito d.o cidadão c atingido por rias como o é alhures pelas Lis severas.
Quando algum m conve iiicnLc se fai sentir
n um L íta d c i. um geverné» vUdçjnio q u er COri i -
gí Io subitamente ts, cm vez. dc procurar exeen lar as an.ti.gss leis. eütabelece-sc «ma pena cruel que detém o m d icrcdiatarncmc. Porém desgastam SÉ as bases do governo: :j imagina
ção acostuma;se com esta grande pena como se tinha acostumado com a menor e, como
U J
diminui o itrTiür por esia. lago é-se forçado a utilizar a outra para todos, os casos. O i assai tos na:, estradas eram comuns em alguns Esta d os-í i , quiseram termina ias: inventaram o suplício da roda que os paralisou durante algum tempo. M a s. depois disto, os assaltos nas estradas continuaram tal como nntes.A deserção fúi em nossos dias muito frequente; estabeleceu se a pena de morte con rra os desertores mas d a não diminuiu. A explicação ê muito simples: um soldado acns- luinadn diariamente a expor sua vida despreza ou gaba-sc de desprezar u perigo Mas ele foi
d ia ria m e n te educado para lemcr a desonra: bastava, portnmo. estnbcfeccr uma pena' i * que o estigmatizasse durartle toda a vida. Pretenderam aumentar a pemi ruas. n.i rcolida de. diminuiram-na.Os homens não precisam, ribsofui amente, str levados pefrs caminhos exiremos: déve se procurar os meios que a natureza nas oferece paru os conduzir, Que sc examine a causa dt>s rclaxaiTtcnins: ver sc á que eles se originam da impunidade dov crimes c não da moderação dín penas,hnitemos a Natureza qur deu aos homens a
vçrg,onhn como seu flagelo c a itlfiãmia dc
so frê-ta c o m o o m a io r c a s tig o ,Sc hã países cm que a honra nâô c uma cãntinuúçàn do suplício, isco se clçve d tirania que infligiu os mesmos castigos aos ccloradns ç às pessoas dc bem
F . ne cncotttrsiídcr* uuiros países çm quv npc-
*j J MontewtíPCnj Convidem ainda ,;i França, eeinin
■ sc verá mais abaixo, uup, XVI
iJ * Fendia m o narit. Coriavnm se jis «telham. IN
d* A.)
nas suplícins cruéis contêm os homens, corsi dcriii que isto d, cm grande parle, devido à viu lèncía do governo que utilizou esses suplícios piirn punir pequenas faltas.Amitidc um legislador que quer corrigir cm mal pensa apenas nesta correção; k u e olhos estão abertas para este objetiva e fechados para os inconvenientes, Quando o mal for corrigido, repara sc apenas na severidade do Icei-s- ladnr ma1' subsiste um u[cio no F.stada,produzido por csLa severidade: os «pin tos estão corrompidas, acostumado!» ao despotismo.Tendo Lisant)rn,! ' 6 sida vitorioso contra as atenienses, foram julgados os prisioneiros; os atenienses foram acusados de ter lançado ao mar todas as cativos de duas g.ak‘rav c resol vcu se, cm plena assembléia- decepar o punlin dc Lodos os prisioneiros, que capturassem. furam iodos degolados, enceto. Adim cnlo que
a opusera a csic dccrcto. Ames de mandar matá Io, Lisandro exprobrou Fitoeles dc ler depravada os espiritas e ter dado liçòes de crueldade n toda íí G recta."Tendo os argienscs *\ coma Plut#rco’' ,! •. “ mandado matar mil í quinhentos de seus cidadãos. i>s alcnienve^ Hzeram sacrifícios dc
e x p ia ç ã o . a llm dc que tv» deuses desviassem do coração dns atenienses tno cruel pen fUnr.cn to.”Hã dois gciicrros de corrupção: um quando o povo não observa as leis c outra quando c cor rompido por cias; mal incurável porque reside mi práprui remédioJ í * Xcrofoma. História, liv, IJ, enp. tl. ÜS 20 22.
{N.ito Ap
i 1 ■ Oiut.ijí jVí/.r«(4 "D as quç Manipulam o*. Ncjyí
ctrtí, itn r.r.i Lito", cap, XIV. <N. da A )
C a p í t u l o X I I I
Impotência das leis japone&as
As. penas excessivas podem corrumper n próprio (lcüpoitsmo Vetamos o Japão
Nesse país punem se com u mane quase to
cios os crimes2 2 f r pois, a desobediência a um
imperador [ão poderoso. como o rin Japão, ê um crime horrível.
!J? Vede Kempfcr. CN-do A.)
Nâo se traio de corrigir o culpado ram de
viu^ur u príncipe. Ll.sui'- idcios sao extraídas da
servidão o provém sobretudo dc que. sendo u
imperador proprietário de iodos a s bens, todas
as cnmçs aiírtjjem dircrfirrientc aeus interesses.
Punem se com u morte lênlas as mentiras
pronunciadas diante dc>s magistradoí- ’
coisa contrária à defesa natural.
O que não lutti aparência ele crime é severa ■‘ricrtic pumdo: por exemplo, um homem que
arrisca dinheiro no jogo è punido com a morre,
Ê verdade que o singular Caráter desse pnvo
obüiínaçlo. caprichoso, disposto. extravagante,
e que arrosta iodos os pcri;gc>s e letdos oü tnfor
üinios, pftreee- ;í primeira vista, absolver seus legisladores da airocidudcdas leis. Porém, pes-
sius que rtúturalmentc desprezam a morte C
que frequentemente rangam o venire pelo
capricho mais msignificanU-1 serão curritidtis
Oü Kinsjran^iJa:-. pdn viüiu coniiíiLia dos suplícios? Será que não •*: familiarizam cunt
eles?A respeito du educação dos japoneses as Relações informam que é necessário iraiar as
crianças com doçura, pois elas « tomam obstinadas dizime uus camiijns,. que irs escravos não devem ser tratados com dcrruiuadu rude /;l. peri eles logo se preparam para resistir. Pêlo espírito que deve reinar no jovernn doméstico não se lería podido julgar o que existiría no governo político ç c iv il1Um legislador ar^uli'1 ICriú procurado eon pr.tçiir os espíritos a traves de uinn nindcruçno justa dás penas e das recompensai de máxí- mus de filosofia, moral c relígiio. adequada» « o se s caf a c im » pcUi aplicação justa das reu i dn luHira pelo suplício >.t,i YVt jtorthíL, pflo gdío de urtisi fc-lle idade duradoura « de Lintit doce trunqdílidadi:. M as, se ele tivesse temido que ■j s espíritos acosiurnaõos a serem refreados unicamente através de um st pena cruel não pudessem mtus se lo pw una msm suave, teri;i mricln- ■ de maneira surda c nscn.dv-clt icria. íiiih easos particularmente mtos perdoãvots, moderado íl pena elo crime, .içé que pudesse «liegá* -i modifica Ia cm todos os casos.
M us o despotismo não conhece iní*. iimpul sOs u nãó procura cais caminhos. Pode abusar
de m mas iilo c a única coisa que pode Inzer.
■' ■' ■ Kmtrii ú#í ífut Onl 0'cryf d
ít-iabJixsvfrutiJ í/ds Ctmpuípití# ife# (odes. fome IE. parte I I. nãg. 42&, (N do A.l ■ póocsi bem is-fio comí) um3 mínima ne prailesi
no. çsikos ,-isa qm< tss es|ríritiis Inrarr esi rasados pnr
mqiiu rigurcum. 1. SI dn A.)
No Japão, fez um esforço e excedeu a si prn prío em crueldade.Ar. almas, por toda parte cupavoridas e tor nadas- m i s aLroíes. apenas podem ser orienta das por .inu atrocidade ainda maior.F.is íi origem, eis o espírito das lC sd o Japão, Fntrciaruç). possuem mais furor que força. Conseguiram destruir o cnsLiuntSmo fiMS seus es.forços iiãi inauditos corflrmarn sua impctcn cia. Quiseram impor uma suves:j diííiplinit c sua fraqueza revelou se ainda mais.t importante ler » relação da unirL--.o-.ij doimpcrailiir c: do dairiri3* em MeacoJ31, Foi incrível n rui mero doe que foram sufocados mi martes por vaga bina d os; raptaram moças e rapazes que eram reendunlratlos. iodos os dnis.cXposlQ-s cm luv.r.rcs poHIiçn;.. em horas nopró priaí- irlejramenlc nu*, cosidos em sados de pano. a fim de qlec nào dESCobrissetn os luga res por onde tínlcim pgss;idn: rnubava sco que bem se pretendia, para ik-MltuitUir os cavalei ros. abriam re vu iirti du cavalos; lotltbaram- s« carruagens paia dcsywijar as damas. Os holandeses, u quem di.sseruill que não podium passar a noite em tablados sem que fossem «sMissinjidns. deles desceram, etc.Pnssarei fupidiimvriLC a outro falto, 0 impe rudor. entregue a prá?çrcs infames, não se cusavu: etirriu u risco de morrer sem soedSsor,0 dtiiro enviou «lio du??. moças hclíi.hiima-. UíspOSOu Vítia cm smsil de revpdto mus n;iu.s teve nenhumu rdiiçSo com cia Sua ama mnn dou buiçur.as ntuLheres mai^ Iselas du império:
1 udo era inútil; a filha de um unneito impres sionou^1 seu govior decidiu se, c deb teve um llllio, As darruo da corte sufocaram a erj;mç:i. irdum:tç|ftí por erçm ',nln preteridas por uinu postou de inn hnixn condição social Fste crime n;io foi revelado tio imperador, pois CMe icr ia léiio verter uma torrente de sangue. Pm Innlo. n Uríiddade d êí Icn impede suo excéll ção. Quando ;■ lei cdcsiiiedldA. frequentemente se c obrigado a optur prl.i imptiridadeJ,!l“ imperador e-pirutiBi du Japtiu ojHíèo, (N. UosJ ,1
■ J 1 R tr u m l dvs Yayaffeit çüi Uni Ji'ri'1 ú 'V: 'fjfíj'rv.nTí,rrii r/t-s lái.t lllüéí I. V.p«a. 2, (N. tío à ,i
n i fb iií.iN . d o A d
C apítulo XIV
D o espírito do senado de Roma
No eüitsu.Iiido de Avílio Glàbrio c de Pisyn. nnra uCabar com hs conjurações. fc2 se a lei A cília , 3 j - Dion1-14 ídlrnia. que r> senado obri
liou os uõnsutcs a propô-la. pois u Iribura.» C .*13 A condenação dos culpados era nina multa-
cles não podiam ser sdmirjdos ru ordem doc senn
dores c n-omeados para qualciucr tfa&islnittira. D io n .lm X X X V l.c a p X X I IN.do A l
tbid. ÍN .do A.)
C tH tic lio tin h a re so lvid o esta b ele ce r p en as ler
nvei w r u r n csu; e r í m c , para o qual *• povo efii
fb rtcm en te im p e lid o O se n a d o acreditava que
as penas d e sm e d id a s lançariam o iÇTTUr n o sespíritos mas ter iam o efeito de nào se e ti coe
trai mais ninguém para acusai nem pura eon deitar, ao passo que. propondo penas leves, aparcccriam juir.es c acusadores.
C a p i t u l o X V
Das leis romanas em relação às penas
Sím o mc seguro cm rrunlus máximas quando me ocupo dos romanos c ereto que os cusli gos dependem d;i natureza do governo quando vejo cs.m; grande povo modificar, a esse rcsywí to. as leis civis, ã medida que alterava as leis políticas,Foram muilo ^everns as icis reais feiras para um povo composto de fugitivos, de escravos c de IndròçF.. O espírito da rc pé bisca requeria •l.iiu os deccnviros n,in inserissem csi:is leis nas sitas D oüc Tábuas. IVwérru pessoas que aspira vam :j tirania não possuíam n preocupação dc seguir ti cspiriiti du república,
T itn Lívio* ja ttrx. referindo-no ao suplício tlc Mõcio Sulcei. . dinxlur de Albu. condenado ]hii Túlio ! iostflk» a ser arrastado pnt dois enr ros, que: esse fui o primeiro e üliimo suplício cm que se icúemunhít uma perda de respeito pela humanidade. file -.c cng.ann: as I.eis das Doze Tábuas estão repletas de disposições muito cruci sJ 1A pena capital pronunciada curtira, os auto res de libelos c os poetas c .1 que melhor rcvcín o propôsito dos deçcnviro.s. Imij quase nàu C próprio do espirito da república, em que n povogosta de ver os poderosos humilhados' - Uv, cap. XXVIII. (N.du Aú J * Nelas, encontra se o suplicj» do fogo. penas qutttic sempre capiuis, o iouIm punido com a morte etc. (N. do A .l
Ma-, as pessoas que queriam destruir a Eiber dade temiam nr. escritas que podiam reanimar oespíriut da iihcrdudc^^ f ,
A p o .1 e x c lu s ã o d o s d e ce n v iro s . q u ase
io d a s as leis. que tinh am e sta b e le cid o as pcrttts
fu ram re v o g a d a s. N ã o foram ab ro g a d a s ex
p rcK sam cm e. rrms d a s nàct liv e ra m a p lic a ç ã o ,
pois ti k i Pn reiu p ro ib iu n c o n d e n a ç ã o a m o rte
de um c id a d ã o m tn a n u .l is. ai ti época cm que .se pode aplicar n que Tiio Lívio*’ 3 * disse dos romanos: nunca puvo algum amou mais a moderação das penas, Acrescentando se a suavidade das peras o direito que o acusado possuía de refugiar se antes dn julyjunenio, ver se á elaramemc que
OJt romtUUHií seguiram o espíritii que eu disse ser natural i república.Silo . que confundiu a tirania, ti anarquia c a liberdade, foi »> responsável polas Icts comei ia nas. Parecia quu ücus, regulamentei hó eram Feitos puni estabelecer crimes. Assim , qualifi candu uma infinidade de ações comn nssassí rios. encontrou por roda porte «-«assiro.s. E, umu pratica logo minada, preparou arma d ilhas/ semeou espinhos, abriu uhe.cmjs» mi caminho <ie todo* on Cidadinu-- ' Sila, animado do mesmu espirito que asdeeén viras, aumernou, aim eles. as penas contra os e$cri lares satíricos, (N. do A.) ílB l.iv .kcap , X X X V IH (N .doA .)
MONTESQUTEUy2
Quase todas as leis de Si Ia sõ continham a interdição da água e dú fogo. A isso César acrescentou o confisco dos bens***. pois os rtm.;. conservando íiú esíiio seu patrimônio, eram mais audaciosos para co m e te r crimes, Tetldo OS imperadores estabelecido um governo militar, logo pçrcebíry.rn que este cru menos terrível para seus súditos da que paraeles. Assim , procuraram moderá-lo. Julgaramque as dignidades c o respeito qut antes gozavam etârn necessários.,Aproximaram sc um pouco da monarquia c
d iv id ira m as p a ia s c m três c la s s e s * , g : as que ^ relacionavam com as principais personagens do Estado2 ■ *1 e que eram as&az suaves; as que eram cnfligidas às pcssnaç de categoria inferior4 a ̂ t que eram mata severas; final mente, as que diziam respeito às pessoas de3:r* Paèticís fatinorum ütíxií, cu/ti locupieieit &>
fa c t ih t s x c c ic r e vtr n frlig a ru n t, q u o d ín te g rix p a ír ím o -
ntiS ejetífórcnf. Sitetóltic tu Júlio Caevsre, cap L X Il.C N .d c A.)- 1(1 Veds a lei 3. £ à.srri, ad legem Camcl. de ifrn
rtis. c um grande número tk outras, no Digesto e no C ^ íp M N do A.)■ ‘ 1 Sub fim «jj-es. (N . do A .)
* , f Medias. (N.do A.)
baixa condição sociâF t3 . que furam as penas mass rigorosas.Q feroz e insensato Maximino ilTÍtOlK por
assim dizer, O governo militar, quede deveriater acalmado. O senado era informado, diz Capitoiino* 0 *, de que una Lirtliarn sido zruc.ificadoí, outros lançados às feras.. ou embrulhados em peles de animas* reeentímcnic mortos, Min nenhuma consideração por suas digíiidudei. Ele parecia querer exercer a disciplina militar do mesmo modo como pretendia
ad m in istra r os negócios civis.Encontrar-sc-ã. nas ConsuieraoJes xobrt a
Grandeza dos Rom anos e1 Su a Decadência- * s,como ConstanLino transformun o despotismo militar num despotismo militar e civil, aproximando-sc da rnon;uqinn. Pode sc acompanhar as diversas revoluções desse Estado e ver como sc passou do rigor u indolência c da indolência. à impunidade.
1 4 * ínfimos. I... 3, § icgis, ad Irg. Cornei, tie .sie*
fia. |N . do A.i
; 4 * Jul, Cap.. Sfaxim ini Duo, cup V11J. ÇN. cks A.)2 4 * C a p . X V t l . (N, da A.)
C a p i t u l o X V I
D a justa proporção das penas com o crime
É essencial que as penai estejam Itarmonkv samcnLe relacionadas entre si, pois. è mais importante tviuir anw i um grande crime do que tun menor, aquily que omen. a sociedade .tiuus daquilo que a prejudica menos."I ‘m impostor2 * ®, que ic apresentara cim o ConsLoíllino líucas,, suscitou grande sublevu çito ern Consumiinopta. Foi preso e crmden&do
no açoite; ma*, como acusasse pessoa» impor lentes, Foi condenado u scr queimado como caluniador." É singular aí sim que se tivessem colocado cm proporção :is penas entre o crime dc lesa majestade c o de calunia.Este tatu nos relembra uma frase de Carlos 11 rei da Inglaterra- Viu. ao passar, um hrnuein no pelourinho v perguntou por que ele estava
1 q História, Je AíicêfíiEa, pnLnmrcn dc Coníianri nopta. (N. dei A.)*
*Pérry (Juba], vi.ijitnlc mglrs. rugçnhcHO Je Pedro, ú Grande (IÉ Í0-1732X
lá, "S irc" , responderam-lhe, "é porque ele lan çoti alguns libelos contra vossos ministros,'’ “ Çrandv to lo !" , rctorquíu o rei, “ píir qgç aâo os lançou contra mim? Nada lhe teria aeorttc-
cido,”■ 'Setenta pessoa.̂ cóiiipiriuam tontra o
Imperador Bastlio*' \ que determinou que elas
fossem itçoitadas; queimaram IKcs oscubelcis é
o pelo. T c m Jo um c c r v o lhe p ren d id o o cinto
c o m su a itn lJia n a . â lg u à m do pequito tomou da
■ lispudit, çqftou c cinta c o liberto a. O impcfJs
dor m tuidtm d cccp u r lh t a c a b e ç a , p o is , c o m o
esplicou, uüüíü iln capada eonlrn s k ." QuCúi
pudci ia pensar que no govdrnti do meimo prin
cipe estes d o is ju lg a m e n to s p u d e r e m ser
proferidos?
É„ entre nós, ujh grande erro aplicar o
mesmo eaiiigo ao que asialta esmadas i ai>
' 4 5 Hh>6-rfa, dc Ni&tfsiru, (rs tJn \
DO ESPÍRITO DAS LEIS I 93
que rouba e assassina. £ evidente, para a segurança pública, que sc deveria estabelecer alguma diferença na pena,N a C h in a, os ladrões cruéis são esquartejados* -B , os outros n essa diferença faz com que se roube mas que não se assassine.Na Moscóvía. onde a pena para ladrões e assassinos é a mesma, sempre se assassina2 *•*. Os m onos, dizem, nada revelam.
‘ *" P. du Halde, t_ I. pág. 6. (N. do A.)• O Estaria Atuai da Gruttdê R ússtc, por Perry.
< N- do A.|
Quando não há diferença na pena, é. necessário colocá-la na esperança do perdão. Na Inglaterra, não se assassina porque as ladrões podent esperar scr transportados para as colônias, mas os assassinos nàa.Outro grande ãpojô para os governos moderados são as cartas de perdão. Esse poder queo príncipe tem de perdoar, executado com sabedoria, pode ter efeitos adm iráveis. O princípio do governo despótico, que não perdoa e não perdoará nunca, priva-o destas vantagens.
C a p i t u l o X V I I
D a tortura ou da questão1 “ contra
os criminosos
J á que os homens são perversos, a lei c obri gada a supo-los melhores do que são. Assim , o depoimento de duas testemunhas c suficiente para a punição de todos os crimes. A tei crí nelas como se falassem pela boca da verdade. Ju lga sc, deste modo. que ioda criança conce bida durante o casamento c legítima. A Jci con fia na rnàe como se d a fosse a pruprla pudid- Cia. Mas a qufx:ào contra OS criminosos nao se inehii em óasOn extrem os órtitio esse. V em os atualmente uma nação' " 1 muito civilizada rcpciià Ia sem qualquer inconveniente Portjin to, ela n àoc natui-jjlmente necessária2 Temas, pessoas notáveis e cantos gênios
escreveram contra cm a prática que nào ouso falar depoi:, deirs, Ia dizer que cias põdernun çnnvir nos governos despóticos. orÜC Ilido 0
que o medo inspira participa dos fundamentos do governo. Ia dizer que os escravos, entre os gregos e qr romanos Mas ouça u voz dia natureza que grita wrtlra mim,
IM Quesláo", aqui. com c icnttdo dc interroga- târio. seguido de suplício*. IN. dos T.)
ÍÇ1 A nnçao inglesa. ÍN. do A.)
: * f Os cidadãos dc Alente. não podiam scr supmç-
lido? ári qucBtí.ís (LinIbí, O rar tn A r g v r a t j , rsorto por eriffle de b l mjycnado. As quesiòes er«n spli- cadus trinta dias npòs a condenação (Curió Furtu nato, Rfutior,. Scot., liv. II). Não existia questão prcpuratòíia. Quaiiio aos rOrnancí, a lei 3 e i aci
itg: Ju i. mtp fci ver que o nascimento, a dignidade,a pinfisiào de militii iscnmvajn da questão. se niu> sc tratasse dt crime de Jesa-majestade, Vede *s sí NwrM trjÇíSei Que n In dos vmgiwíet colocava a»n. cra csia prálífia. <NL do A.)
C a p i t u l o X V I I I
Das penas pecuniárias c das penas corporais
<% germanos, nossos antepassados, apenas admitiam castigos pecuniários. Esses homens belicosos e livres consideravam que seu sangue apenas podia scr vemdo cm combate, Inversamente. OS japoneses3 13 rejeitavam tais espé cies de castigos sob pretexto dc que os ricos3,4 Vede Kempfer (N. do A.)
burlariam as punições. Mas não receiam os ricos perder seus bens? Nào podem as penas
pecuniárias scr proporcionais às fortunas? E , final mente, não pode a intamia ser somada a
estas pen&s?Um bom legislador adota justo meio-termo:
nem s e m p r e o r d e n a p e n a s p e c u n i á r i a s , n e m
s e m p r e a p l i c a p e n a s c o r p o r a i s .
C apítulo X IX
D a lei de talião
O s Lsiades despóticos. que aprecinm as ItiS simples, u tiliza m amiude u lei dc taliau* ’J V Os
listados moderados aceitam na algumas v c ícs .
Kntruturito. existe esta diferença: os primeiros
a exercem rignrnRamente, e ns. segundos a ulili
iam moderadamcnic.A Lei das Doze Tábuas admitia duas delas:
• r' * L esuib-ekeiila no AIcvrâti. Vcdc t> capiluJo Do
Vaca. (N. do A.)
só condenava á pena de talião quando t»üo pod3u apaziguar o suplicante-'115. Podia se, apôs a condenação. pagar danos c perdas ̂ 5 4.
COflVeriettdo a pena corporal em pecuniã-ria-1 5 \
J c * S ; m cm hrum rttpsi. ns cum <v> peucii. raiin fíio .AuJo Gélio. liv. X X .ca p . 1. (N. do A.)J S * !bià. (N. do A,)
1 5 ' Vccíc também a lei dos visigodos, livro VI, tit.
IV. g-§ 3 c 5. <!V do A.l
C a p i t u l o X X
D a punição dos pais em lugar dos filhos
Na China, punem se os pais pelas faltas dos
filhos. Isso cra. costume tjo PefuJ Tal proce dimento lambem é irKpirudo pnr idéias despóticas.D iz sc comumcnic que. rui China, sc pune o pai por não utilizar o poder paternal estabelecido pela Natureza e aumentado pelns própria s<u* Vetle Gurcilnw. ffistórw ths G o erra* Cnt<
(k<i Espatibdis <N. Ju A.)
leis, Isto sempre supòe que nàu há honra entre os chineses. Entre nos, os pais cujos filhos são condenados ao suplício c os filhos- cujos pais solVeram a mc.smii sorte são punidos pela desonra, tato que corresponde a perda da vida na ChinaLm lugar dc puni-los, djzin‘ Hanio. deve se elogia los por não se assemelharem a seus pai* fltv. IX d os. /.eh). IN . do A . 5
C a p í t u l o X X I
D a clemência do príncipe
A clemência v a qualidade distintiva dos monarcas. N a l- menos necessária na re p ú b lica cujo principio é a virtude. N< Esliidu despo lico. vta que predomina o Lcnmr. c menos ulili /ada. pms c preciso comer os grandes do Esta do com exemplo; dc severidade. Nas monarquias, cm que se é governado pela honra, que exige frequentemente o que u lei proíbe ela c mais necessária. A desgraça cqui vide, nas monarquias, ao castigo, t as próprias formalidades dos julgumentuü são ai punições: a vergonha surge dc iodos ns lados paru lor mar gêneros particulares de penas.
Os poderosos são tão severa mente punidos pelo desvalimçnio. pela perda muitas vezes imaginária de nua fortuna, dc seu crédito, dc seus hábitos, de seus prazeres, que o rigor em relação a eles é inútil: só serve para cxiin guir o amor dos súditos pelo príncipe c o rc-s peito que deveríam ter pelas hierarquias.Com o a instabilidade dos poderosos é da natureza do governo despótico, sua segurança la/ parle da natureza da monarquia,U s monarcas lucrarão tanto com a elemeneia. -ela ■! seguida de tanto amor, dela tiram
lama glória, que quase sempre é Uina felici-
tliide parn clf' lerem ocasião ic cverei' la: t-des quase sempre podem exercê-la cm nnssns paísesSer-Utc-á disputada. ia3ve/. alguma parcela da autoridade, mas quase nunca toda a aaiioii- dade c. se algumas veies combatem pela corou, de furniil alguma combatem |>clit vida. M as. dir-se-á. quando sc deve punir? Quanüo se deve perdoar? K uma coisa que c meUior sentir do qus prescrever. Quando há perigos na dem entra, eles são mu rio visíveis; distingue st* lacilmcnie :i çlçntCTlda des.Su fraqueza que IcVa
o príncipe no desprezo c ate à impotência de
puilil.O Imperador Maurício resolveu tlmtCa ver ler o sangue de seus súditos- Anastácio* *° não puniu Oi erime.'i. Isaac. o Anjo, jurou que nau mandaria matar pessoa alguma erti seu reinado. Os inípCr rui ores grego. esqueceram que não era em vao que usavam etpada.nc Fragincntnt dos saídas | que sc encontram| ■■ o
CoílSltinlinn Porfiropêrtrto- (N. do À.)*
* uO sentido dn origínul” , diz Crcvrcr. “ t? qur
Àn tslãcto dava o? carpos a súditos indignos. A an
Luia versão l.ilina dnt mútav cng.uiou Monies q U rCu.“
I
UVRO SÉTIM O
CONSEQUÊNCIAS DOS DIFERENTES PRINCÍPIOS
DOS TRÊS GOVERNOS EM RELAÇÃO AS LEIS SUNTUÁRIAS
AO LUXO E Ã CO N DCÃO DAS MULHERES
C apitulo I
Do luxo
O luxo sempre c proporcional desigual d:ulç (JdlS furtunas. S t . fjuir: Estado. a-, riquezas são distribuídas proporcionalmeme n.uj haverá luxo, po is ílc ê baseada som ente sobre ns
liuvtrres obtidos pelo o ahnlhn alheio.Para que :ts riquezas continuem iou,ilmeni
divididas cumpre que a leí apenas euiartruc .1 cada um o necessário nunerial Se st- nbiivcr majs do que isso. uns gastarão. outros adquiri rrín ç n desieualdajc c$tabcfcCCT-se-á.
Supondo o necessário físico gual m uma soma. dada. o luso do* que apenas terão o
ncCBSfcário verá igual 11 rcrçi- o que tiver q
dobra possuirá urn luXo igual íj um: o que pas
,mr o dobra dos bens deste illireio lirre um luxo ip.ua! 2» três; quando sc tenha ainda a dobra. ter-ve ij um luso i£u:ii :■ stító; de mudei
rs que as bens dn indivíduo imcdiatamenie superior, c sempre unnsidentulos o dobro dos dn precedente. 0 luso aumentam do dobro mais n unidade. nest» progressão: 0. t. 3, 7, 15. 31 T O 127,Nu republica de Platão' n Suxo podería wr calculado cxaiamente. Havia quatro espe- cies cie eensc esinbclecídus. O primeiro eta preeisítmcnie o termo onde .1. pnlxcra lermini: vív. 0 segLiiWio ífa o dobro, o terceiro a tripln, a quarta a quádruplo do primeira. Na prL menu censo. a luxo cr a igual a zero, no sentir d<>. ipsmt um, i d'iis ii" lercsiru. a tres no quarto: e ele seguia, assim u proporção [rtimétiea.
( ‘ansiderandô n luxa dos diversos povos. UrtK em relação rme outros, ulç se revela em cada Estado ntt razão composta da desigual (Jade elns turtunim que h;i nire os cidadãos e u■‘ - 1 O primeiro censo er» j condição Imrcdiiarij detenras c Platào nlo queria que sc pudesse fer com» outros Ixns mais do tripm tía cwidkráo heredstária- Vcdc siius í bík, liv IV (N. do A.)
desigualdade de riquezas dos diversos Estados. Nu Poldnt», por exemplo. as fnrturuts sün extrema mente desiguais mas a pobrc7.il do es r junto impede que haja tanto luxa qu.irUo nlim tsLudtí mais rica,O luxo é ainda praporciOA^l .1 giandeta das cidades e sobretudo ela capitai: de maneira que está na razão composta das riqueza* do Est? d.O, da desigual ilude da fortuna Jo s parttCU- 3ares c do numera de homens que se aglomeram cm delermínados lugares.Quanto maj-s houver homens reunidos, tanto mais esses serão liitcis e sen lerão nascer neles o desejo dc sc totiibílizur ptrf pequenas cni sus-- a-', Sc cstdq em número litu grande que a maioria sc desconheça entre si, o desejo dc se diviifigutr redobra, porque h i mais esperança dc cxílo. O luxo confere estíi esperança; cada um iiiiltza ns airibülãs iin condigãa que prece de ri sua. M as. ii força de querer se distinguir. Iodes sc tornam i^tmisc ninguém mais stitotu- foiliza: cotno todas querem atrair ri atenção para si. nrio se nota pessçm flljtumflR ew lia dc ludo isso um transtorria geral. Os qnv ac notábiliZiim numa profissão estipulam pura seu ofício i> proço que bem entendem; a& mlen iLit> menores .scyucrn esse exemplo ç nfm h.i mnis harmonia entre as ,« • « !« idades c recursós. Qucindo -.uu rerçada u liiigm , ç necessário que passa pajtnr uri advojtado:quando eiifm tloenic, c necessário que possa chamar um medico.Pensaram alguns que. reunindo lamas pvs sons numrt capital, diminuir se ia o comercio- ü: Numa grande cid«d&cli# M.imjlqrvillc. autor d:i
J-abie dtiJi A r. I p if 133. vesic h" acims iU-suli qualidade para -^r mais cm «•«.hIu pelu n>ult< dào. Ê um pra2ír pmni um espirito fraco, qun.se i"r> grande como o pra/.er da rcili/rtçâoseir, dexcjí??-, í Si. dn A. I
porque 05 homens nào mais estiio distanciados mais necessidade, mais eaprichu quandii se ufo dos oulros, INào erck): ha mais desejo, estã reunido.
C a p i t u l o II
Das leis suntuárias na democracia
Acabo Jv dizer que ria* repúblicas em que ;.is riquezas sâo distribuídas Lgualmcme nâo pode existir Illxo c. como se viu no livro V ’ que esta igualdade na distribuição fazíu a exee lêncía de uma república, conclui « que quanto meros luxo haja numa república. tanto inass perfeita será cia. N ão havia Hixo entre os pri metros romanos corno também entre os ] acede- Tnõnius e. Uas repúblicas em que n igualdade
nno e r̂h eomplmnmailc perdida, o espirito dc comércio, dc trabalho c dc v trt udc faz com que Iodos possam e todos queiram viver de acordo nim spas posses a que, consequentemente.íx h til pouco Iiixhi.
As leis da nova partilha dos campos, rccla muda irsistcntcmcmc erm algumas repúblicas, eram itaturalmcncc salutares. f ia s apctias ■ ■ ilo perigosas como ação súbita, Suprimindo rc pentinamemt* as riquezas de vns e aumentando tio tticsmo modo as dos OUttoí. produzem em cad.i familia uma revolução c devem produzir outra, garul, no Estado.Á medida que o luxo se e s ta b e le c í numa
Cíps.111 c IV, (N.do A.)
república, o espiritu volLu ve para u interesse particular, Para as pessttas a quem o necessário é suficiente, só rena desejar u glória da pálriu e ,i sua própria. Purcm. uma alma cor rompida pelo luxu muitos outros desejos: cedo sc torna inimiga das. ícis que a constrangem O luxo que a guarnição dc Régio Começou a conhecer arruinou os seus habilun tes.Logo que os romanos sc corromperam, seus desejos tomaram-se imenso^. Isso pode ser jul gado pelo preço que deram às coisas. Um cán irirn de vinho de Inlcrno- ‘ ü era vendido po: cem denãrios mm anos; siro barril dc eurnc sal pad.i do Ponm custava quatrocentos; um bom cozinheiro, quatro talentos; us jovens nào ti nhan preço, Quando por uma impetuosidade- * geral Iodos sc cmreçavnm â vnl uplUCSi dade. cm que sc transformava u virtude?
- " ■ > íuy,mento ilo livio XXX VI dc Uiodprui cila do por Constarttmo Shvílmp.crteki. &Mtrcúti ãsxs Vh
nrársüdov Vícios.ÍN. rfo A.)1B h Cw m majtfmtts omnhiin impe sua mi lujcisnam m el. ibiri <N do A,l
C a p í t u l o 111
Das leis stmluárias na aristocracia
A aristocracia mal conüiituida possui esta desgraça: os nobres suo ricos e. entretanto. não devem gastar; o luxo contrário ao espiriio dc moderação deve ser banido, Sõ hâ. portanto, pobres que não poefttn receber e neos que não podem gastar.Em Veneza, as leis obrigam os nobres a modéstia. Acostumaram se de tal modo a economizar, que apenas as cortcsàs podiam
tirar lhes dinheiro. Utiliza sc este meio pura apoiar a indústria; mulheres mais desprezíveis gastam sem perigo, enquanto seus tributários levam a v id a inaL-, obscura do mundo.As boas repúblicas grega* tinham, y este respeito, instituições admiráveis, O s ricos
empregavam dinheiro cm festas, cm coros. -dc música, carroi, cavalos de corrida, magistraturas onerosas. As riquezas eram tão pesadas C ún o a pobreza.
C a p ít u l o IV
D a s leis suntuárias nas monarquias
■“ O s suiãos. povo germânico, rendem homenagem às riquezas” , diz Tácito2 6 6. "‘o que faz com que vivam sob 0 governo dc um y i ” Isto significa que o luxo é singularmente característico das monarquias e que nelas não « necessita de leis suntuárias,C om o. pela constituição das monarquias, as riquezas são distribuídas dc manciru desigual.
i rcalmcmc necessário que exista luso. Se os ricos não despendem muito, os pobres morre rão de fome. É mesmo indispensável que os ricos gastem proporcionalmcme à desigual datle das Fortunas e. Como dissemos, que n luxo aumrruc na mesma proporção. A s rique zas particulares só aumentam porque suprimi ram a uma parcela dos cidadãos o necessário fis co; cumpre, portanto, que este lhe scjii devoh ido,Assim , para que o Estado monárquico se sustente, o luxo deve ir HimrcnLaudo, du lavrador ao artesão, ao negociante, aos nobres, aos magistrados, aos grandes senhores, nos contra tadores principais, aos príncipes, wm o que tudo sc perdería.No scnpdo dc Rom a. composto dc graves magistrados, de juriscoR-sultOs c dc homens imbuídos da idéia dos primeiros tempos, propos se, rui época dc AUguxlO. a uorrcçãu üívs costumes c do luxo das mulheres. Ê curioso ver em DiOfl* * 7 Cfim âu£ arte ele eludiu as demandas importunas desses senadores. É que cie fundava uma monarquia e dissolvia uma república-N a cpuea dc Tibcrio os edis propuseram, no
i * tí He Mfrribus Gert/itínfirum. cap X LIV . (N. do
A.)* * 7 Dií*n CàSsb. Inr. L IV, cno. X V I. (N- do A.)
senadp, o resta beleeimcn.cc das antigas leis suntuárías2 €a. Este príncipe erudito opós-sc- “ O Estado não podería subsistir” , dizia ele, “ no atual estado de coisas. Com o podería Roma viver? Com o as províncias poderíam viver? Tínhamos a Frugalidade quando éramos cidadãos de umu unica cidade; boje Consumi mos a riqueza dc todo o universo; Fazemos senhores c escravos trabalharem para nós." Ele vin hem que não mak.se necessitava de less sunluórias.Quando, no reinado do mesmo ímpcradot, prrspõs-$e ao senado proibir os governadores dc levarem suas mulheres para as províncias por causa òos desregramentos que ai introdu íia m .c sta proposta foi rejeitada. Diz-se “ que os exemplos da inflexibilidade dos antigos ti nliam sido modificados cm Favor de um modo dc vida mais agradável"1 Sentiu-sc que havia necessidade de outros costumes.0 luxo L portanto, necessário nos Estados monárquicas c também nos Estados dcspchi-
ÍOS. Nos primeiros, c um USO que se faz du grau dc liberdade poSMUÍda; iu a outros, ê um abusô leito das vantagens de sua ;>crvidão. Quando um senhor, inseguro quanto ao Futuro dc sua Fortuna de cada d ia, escolhe um escravo para tiranizar os outros escravos, a única feli cidade que possui é saciar o orgulho, os desejos e tts volúpias diárias.Tudo isso conduz a uma reflexão A s repúblicas morrem pelo luxo c as monarquias, pela pobreza- T0.T&citc. A n a is.Hv. Hl.cap. X X X IV . {N. du A.) ,< l fí.ut(a durifki v fttnm M&tius c( /artlus mura- f * l wito, Anais, üv. III, Cip. X X X LV , (N, du A.)
1 r ° O /ru/fft/idt p a r i l t t r a m o x e g c f t j f ie m . F b r o . tiv.,UI. cap. r n (N. do A.)
C a p ít u l o V
Em que casos as leis suntuárias
sâo úteis numa monarquia
Koi no espirito da republica. ou cm alguns casos particulares, que, cm ratados do scculo X I 11 ae estabeleceram Lis suniu i r A r ; , gão. Ja:m c I ordenou que usíhü o rei como seussúditos nao poderíam cntticr mais vk duns espécies dc carne eiit cada tefeição e que endri uma ’.cna preparada npeniisde uma maneira, n merio?: que fosse -da caça que a própria pessoa
li V esisC iiml iJtkf: f 1,Na. Suécia, efn nossos dias. fazem-se Iam bém teis auntu irias, «ias c :us possuem um
Objetivo diferente das de Arapãe.Uril ts-ladu pode estabelecer leis suntuiiriaií objetivando uma frugalidade absoluta; c o espirito das leis sunlu irias rias repúblicas.; e a nauurczii da coisa revela que esta foi a finali cia de da-; leis tle Aragan.A i leis suiUüárias umbétl púdem ler urra frugalidade relativa como objetivo. quando um
’ r C n finO lu iíiid dv áiunr- l .-dn nnn rfi; 17.14, ;irl
(\ ns Mtif-CC HLipà/iita, pún l 42ú. (N. de A,.i
Estado, verificando que mercadorias estran
y.uiras de preço muito íSevíad-u ixigiri.ljtl Lima
ial exportação de suas próprias que ele se pri
varia dessa6- mais do que se sglisfaria com
aqueles, proibe LcrminiuiurrauiiLc a entrada dus
mercadoria* vindas de Ibra. Lite ê w espírito
dãs leis feitas atualmente na Suceia2r-‘ São asu m e a ; . li. i i i m l u a r i . i s q u e C o n v e r t í a s r n o n a r
quias.Em geral, qutuito mais pobre c um Esiadc.
lamo ciuis é arruinado por seu luso relativo c tanto mais, consequentemente. necessita de leis sun monas rdaiivas-. Quanio mais um Estado érico, tanta rtnies seu luxo relativo o enriqueça: c, ncisc caso. c muno necessário evitar leis suriuàrias relativas. Explicaremos melhor esta questão rtó livro sobre õ comércio' ? í . TrnLn uuife aqui apenas do luxo absoluto.3 T* Interditai ani se os vinhos requintados c «s outras mercadorias precínRTks. ÍIM do a . j ,a ! rU rtx f\ r x a n r x , f VI. Vede tnfra4 hv. XX, cap.
X X fN.do M
C a PÍTULO V I
Do luxo na China
Razôea particulares reclamam leis sutsiuii riusern alguns Estadas. Pelíi lórqn dó clima, 0 povo pode torrliir se Lm numeroso c de ouim Indo os meie,1! de subsistência tno precários, quç é conveniente aplicá-lo integral mente á euhum da lerra- Nesses Estados, o [toco é pt-ri goso e as leis suntuárias dçvem ser rigürosa.s. Assim , para saber se c necessário encorajar ou proscrever o luxe, primara mente se deveobservar a relação entre o nuincin de liabiuutic:, c a fácil idade de obtenção dtp.s meios dc fazê los viver, Nn Inr.íaicn u i> sedo prnthiv muito iroiir, cereai-; do que l necnsúrki purn nutrn üh que culiivstm as terras c m que proçu ram vestimaitto;. Portanto, [sodem se ai cultivrir artes frívolas a ctuiscMpentcmenic. o lusa, NLi
t rança. Jiá iríg-u ern quantidade su fic íc m c paru
n u ín r o s lavradores e o s cm p rcfu id ax de tnunu-
faturuv. Além disso. 0 c o m é r c io com os oscran
^eirsu ptuJc obter c o m c o is a s fn v ó la s la m n s
coisas necessárias, que; qyasc não *l- deve
temer o lixo.Na China. neLi coniráno. as mulheres são lão fveumlaã c a espécie humana mulliplicn se ;t tul pontu. quu as terras, por mais cultivadas que sejam, mal chegam para a cilimemnçào do:.
hubilanlCN. O luxu c portamo. pernicioso e o
espirito de trabalho e de eoanorma c tán neccs
sÍ tlú com o eru qii^lqucr ouirn república1, f J f-
' 1 O Iujlü foi sempre dmdü, [N. do A.i
mister que dediquem aos ofícios necessários e que se afastem da vnluptuosidade.Eis aqui o espirito das belas ordenanças dos imperadores chineses: “ Nossos antepassados” , diz um imperador da família dos Tanp7 7 “ ti nhum pur máxima que. existindo um homem que não lavrasse a terra, uma mulher que a;to fiasse, alguém sofreria frio ou fome no impé rio. . " E. baseado ncsic principio. mandou arrasar uma infinidade dc monasterios dc bonzos.Um terceiro imperador da vigésima primeira dinastia2 7 s. a quem levaram pedras pre-
* 1 • Suma ordenança citada pelo Padre du liukku tomo II. pág. 197. (N. do A.t
f " Hist&tre dc ía Cfrw . vigésima primeira ilmns lia. nu obra do Padre du Katcíe, 1.1. < N. tln A .1
ciosas achadas numa mina. não querendo que seu povo se fatigas.se trabalhando por umacoisa que uãt» o poder ia nutrir nem vestir, mandou fechar a mia a.“ Nosso luxo c lao grande", diz Kiayven- tr 7 1. "que c povo orna com bordados as san dálias dos mancehos c donzelas, que é obri gado a vender." Havendo tantos homensocupados cm fazer roupas par? um único, como nào haver muitas. pessoas sem roupas?Ha dez homens que usufruem a renda das ter ras p ara um Snvrudyr: como não haver tarén cia dc alimentos para muitas pessoas?
1' J Num discurso citado pelo Padre du Halrlr. i. II. pàg dU M N .d o A i
C a p i t u l o VII
Fatal consequência do luxo na China
Na história du China vê se que ela possuiu
vinte c duas dinastias sucessivas; quer dizer,
cia experimentou vm:c c duas revoluções
gerais, sem contar uma infinidade dc revolu
çôes menores. As uès primeiras dinastias
duraram muito tempo, pois foram sabiameme
governados c o império era menos extenso do
que o for mais tarde. Mas, dc um modo geral,
pode se dizer que iodas essas dinastias come
çararn muito bem. Na China, a virLudu, a vigí
lincia .i atenção »}«» necessárias Ml**-, existí
ram no iníulo das dinastias c faltaram no final.
Dc fato. era natural que os imperadores, edu
eados nas fadigas da guerra, conseguissem
destronar uma família mergulhado numa vida
cômoda, conservassem virtudes que tinham
verificado ser inn úteis c temessem as volúpia* que tinham verificado wr lão funestas. Porem, upóx esses tres ou quatro primeiros príncipes, a corrupção, o luxo. o ócio. as delicias apodera rum se de seus sucessores; encerravam sc cm seus palácios. Seu espirito enfraquecia se, sua vida encurtava, a família declinava; os podern sos fortulecvm sc. os cunucux adquirem repn taçào c apenas crianças sobem an trono; o palácio torna se inimigo do império: um ptivo ocioso que u habita arruina os que trabalham. «3 imperador é mono ou destruído por ntr
usurpador que estabelece u m a d in a stia , c u jo
terceiro ou q uarto herdeiro ain d a se e n ce rra rá
n o m e sm o p a lá c io .
C a p ít u i .o V Iü
D a continência pública2 7 8Há tontas imperfeições relacionadas á perda da virtude nas mulheres, toda a sua alm aé tão foiiciTteritc degrududa pur csU perda c. supri mindo este ponto capital, fa? se cair tantos outros, q u e sc pode considerar, num Estado popular, a inuununéncia pública corro a úlli
ma das desgraças c a ccrtczn dc uma reforma
na cnim iiiiição.Destarte, os bons legisladores exigem das mulheres, certa severidade de costumes. Pros
t >s Vu» Q assumo retomado ru> liv XVI.cap, Xlt
104 MONTESQUIEUCréverair. da república não somente o vicio
como rrnmbém sua própria aparência. Eaniran; ate mesmo esse comercio de galam-eria que produz: a ociosidade, uuc faz com que as mulheres coríumpam antes mesmo de ÉCrèm
CflffOrnpida 5., que d i um preço a toda:- as irsig.
n tficiuicjar. t rebaix^ ú que é importante, fazendo omn que as põRSüas se orientem apenas
petas maximas do ridículo que a , mulheres ju l
gam tão ncccssárcocstalielectír-
C a p i t u l o I X
D a condição das mulheres nos diferentes governos
A s mulheres têm pouco recaio nas mnnnr quiris. pois as distinções sociais, çli.tmandu as ã corfe onde P espírito de lihcrclade í quase o único tolerado, por ele tornarão goíts?. Todos
sc servem dc seus prazeres c de suas paixões
pnrn aumctVIttr .1 fortuna . ç. cumo sua fraquuzâ
não íhcr, [K-rmíte n orgulho mas a vaidade. 0
luxo Sempra impera com ela.
Nos hslados -despóticos;, as mulheres não
introduzem n luxo, po-is elas próprias são umobjeto de luxo e devem ser eâmpietnniertte cwruvizadas. C ad a um acompanha o espíritodo governo e leva Pára easn n que vê cxtabclc «sido alhures. Com o as lei.s. são severas e de imcdiíUit execução, teme se que a liberdade das mulheres crie prübkniu*. Suas tolices, suasindiscrições., sutis rcpuínãncins. suas Icnclén cias, seus ciúmes, sutis implicâncias., esta urteque os espíritos insignificantes possuem dependí tpofflc contra os grandes, nsq- poderíam deixar dc ter conseqücnciasAlém disso, como nvr.svs r,Mudos os princi pes divertem se com ti natureza humana, d e i
possuem vária» mulheres ü mil txrosWcraçijCsobrigam-nos a conservá-las tsnfadas,Nas repúblicas, as -mulheres são livres, petas leis e prisioPcira-i pelos cttótiimcs; o luxo é ba nidn delas, levando consigo a cbrrupção c osvícios-Nas cidades gregas, em que nào se vivia sob esta religião que estabelece que a pureza dos costumes. Íticütnn entre 05 homens. c uma par cela da virtude; nus cidades gregas, cm que 0 vício cego remava desenfreadaitiénie, em que 0 ,imnr pnssuín apenas uma fúrnia que nào ouse dixcr qual seja, enquanto só ti amizade refugia*ra se nu casamento í j 9: a virtude, a castidade, a Simplicidade das mulheres firam tais. que dificilmente v encontrou povo que tiveg.se lido u esse respeito melhore*costumes1'
1 14 "Quanto ac» verdadeiro amor". diz Pltllvco*. “ ax rtrulhcfc. nflo cj possuem ClU parte ül fauna."
Obrou Ma mis, Ltncado t>o Amor, pág. fl<X>. Fie Tala va corno vcu século- Vede XcnofOide no dialojio Intitulado Mttfon. {N. do A.)* Üu pelo menos u.m dos perumagen » dv PluUreo.
J#0 Ltn Atenas existia um magistrado particular que velavapelo comportamento da-, mulheres. (N. do A,)
C a p i t u l o X
Do tribunal doméstico entre os romanos
O . romanos- não possuíam, como ys gregos,
magistrados particulares que inspecionassem n procedimento das mulheres. O s censores apenas as vig.ixt.vttm como o resi-y da república A insiiluúçào do tríbunai doméstico301 supiiu a
-*1 Secundo DbUiiísw üc HalicarnasskV r.- 11,
>i6. Rõrmilo instituiu tr;sc u ibutuil. (N. do A >
niagístrqJui a estabelecida entre os gregos-*O marido convocava os prtii da mulher e ;l
J B J Vede, cm Tíio Livio, liv. X X X I .X. o u-Síi que se Tíz de-se tribunal quando da conjuração da» bacanais. ás assembEctas, cm que se corrompiam os co stumes elas muJiieres c dos jovcn.n. eram tljamadsiv COdjurações ennirii a república. (N, do ,A,J
DO ESPIRITO DAS LEIS I 105
julgava diante delesÈBJ- Este irEbuna! mami iiiia os tos Lumes na república, mas esses mes moí costumes mantinham t -w tribunal que devia julgar não íCimiiitc da vmlaçua das leis Ct>ma também da dos costumes. Ora. para ju lgar da violação tltw costumes c preciso ié-los.A s penas desse tribunal deviam ser arbitra nas, e efetivamente o eram. pois tudo que se relaciona com, os costumes, com os manda
' Stg,untk> DiOnis-rci dl? Halicariinss.1, l|v. It, pela instituição de Rõmulo <i marido. eni CUMI?. irrJinjrios. julgava .sozinho drJjHe iins p.ii'. da espoja n o s ti ande?, criítlc» . p i lh a v a ■ eram c i r c o d a n r ç clv)
ÀssitTl UI piano, nu título VI, í$ 9. 12 c 1.1, distingue
no-. jul^amcmoi <Joi twlume» os que chama graves ilos que- o eram menosi morei ItraviiMis, mores
In k im I N, do A J
mentos da (nude-sita, quase não pode ser abrangido nunt código de Eeis. É fácil regulamentar com leis o que se deve aos outros: é flifí-cil abranger iias leis tudo que sç•■ deve a sí mesmo-
O ir»hun.nl d o m e s l í c n r e g u l a m e n ta v a o m m
purtamento ger.ul óus mulheres Forem lia via
um crime que. alem da nnirtiadversÜP desse iri
bunal. ctu aanda submetido a uma aeu^ação
publica: etu o íudulíêrio; . ĉju porque, numa
república, cão- grande violação dos costumes
interessasse ao y.overtio. seja porque o deste
gritrienlo da esposa levantasse suspeita wbie
ü do in-ifiilo, seja, enfim, porque se temesse
rglic as. próprias pessnns honesta» preferissem
uculurr esse crime puna-lc, ignorá-lo a
vingã Ir.
C a p i t u l o X í
Com o as instituições, em Rom a,
transformaram se com o governo
C nmo o tribunal doméstico supunha n cxis icnc;i;i óc costumes. a acusação pnblicu uira bem n supunha; e islo Juz Ctrm que estas duas Coisa?! caíssem cnm •**. com umes h Icsaputc cessem com a repObIioji j "O cxcubckcunctslo chis questões perpétuas. Kit) é. i Itt divisão d a jurisdição entre os preto
fes, l o cMílumu, l, iJ rj ve/ m im gcuerali/udo. de quo us-sos próprios pteiorçs julgassem todas ,is qutísuãus' * " cnfruqucceruio a pfal ic,i do fri bunal domestico. fato que se revela pela surpresa deu liisLuiMidnrc* que o lha vam OSjul:K;l mento-, que fiberin mandou proferir por esse tribunal comn acoruçdmttiUo singulares c como renovação ela antiga prâticíuO cstuhclcrimento da monarquia c as traiu- farmaçiwK dos costumes contribuiram iiiida
J 11 ’ Judicio iir mrirj/jut (cfitod ainra tfUUiem irt utttl-
tfnti legtbus poíiiurn arar, rum amem frequemu-
óaiur) penlltts ab&lito. Liv, tlT $ 2. C u J. />.*■ kepud. (N dt> A AJ B & Juúiriae.xirmrúmurm. {N. do A,)
rmnií paia o termino da acusação pública. Temia-se que um cidadão desonesto, ofendido pelo desprezo de uma mulher. indignado cnm viuii recusas c mesma eXaspe-rudn com sua vir iudc, resolvesse planejas sua perda. A lei Jirbu ordenava que só w podería acusar uma mulher de adultério depois de ler ucumvJ o seu marido de favorecer seus desregra mento*; isso muito restringiu esta acusação e. por íismíh dizer, anulou a * " * .
ã isto V pareceu querer renovar a Ficu^ação públitfaJ " er M.*:, basta rcíklír um pouco pura ver que esta lei. numa monarquia lal como a fiua, êrá ainda mtõs imprópria que em qualquerouira,• * a Cosutruinc supnmtU’ íi tiiiÈifumcnie, "f- uren smisa indigna'*, dizia ele. “que nasarnertUrv fe-li/as vejam perturbado» pçla audácia de e<«*«*(»..“ iN do A ,)
J * * S isuj V ordenou que uni niaridn yuc râo fosse lamentar se da demssidtio dn esposo seriu punido Cluií a ftiorií, Ve lie Leti. Fiiío de Sisto V. (N. sln A .)
C apítulo XLI
D a lutela das mulheres entre os romanos
A h instituições dos rnmjrajj colocavam ns
rmiltwrcs ;'.nh uma tutela pcrptuut. a menos
que estivessem <x.ò a autoridade do mandu-"1 * E. tsta tutela era outorgada :in parente maseu-
lirso mais próximo ç parece, por uma expressão
vulgar'sa, que elas ficavam ntuiui funstran
filias. Isto era Cunernicnutr na república e
desnecessário na moottrquia*'80.
- O iV j .w ç n / n y i! is s ç n t >>t m a ta m v ir f . <N. do A d- -'' iVc ■ .ís tt-ilhí p q i f u u nrw, iN .i ln A .)
Peioa diversos códigos das lejs dos bárbarospercebe- sc que. emre os primeiros germanos, a.s mulFieres ra.mbórrt estavam sob 1 ilida pCípc
lUã^' . t costume passou par ;i as rriOTtar quis* que des ftiEUÍaríuti. mas não subsistiu.
A ki pspíjjia ordenuu. na cpoca de Augusto,
que ;ts tmiibercs ijiir tivessem três filhos finariam "i
vte.s dussa lutclrt, <N do A.}lista tutela denominava sc emrr o* g.erm anos.
^ fw ttík b n n iiu m , ÍSi. dn A.l
C apítulo Xí l í
Das pena» estabelecidas pelos imperadores
contra a devassidão das mulheres
A lei Júlia tt-stubdccttLi iiffla penít contra o
adultério, Mas muita longe dc str éíL;i lei, c irs
que depois; foram cnleadm., sobre cln, Sinal de
retidão dos costumes. foniin. pcl«> çonlrãrio,
umft iToirea d+’ sua ílrpcaviR-Fo.
Na monarquia, toda lislgma política relís
li vo ús mulheres transformou sc. Nàu sc trata
va m is de flüüiheltfcer 11 pureza dos etnítumcx,
entrç cias, mar. <lc punir v- sSs critrws porque
uiio min* se puniam is viofuçdcs, que mim
eram absoLulamerisí esses crimes.
A espumosa dissoJuyào do-, 00.stt1m.es uhri
pnva muitos imperadores ;l estuixikííjur leis
pata deter, até cem poma, a impudiaeía. mas
r.ua intenqno não foi corrigir as costumes cm
geral. htiips positivos, relatadas par instaria
dares, provam tssp mais do que todas essas leis
poderíam provar .■ cuõtráno, botit se ver cpti
Dltm o procedintenta de Augusto r este res
peita e çomo ete se subtraiu, tanto em sua pré
iura CáCíU: ern miu cem ura. nos pedida;, que lhe
foram íuuisJ ■J-'
Nos historiadores enctíniratn sc relatos dc se v í m s julgamentos proferidos, na época de
Augusto a de Tlbirío, cor ira a impudiciciu iL algumas senhoras romanaM mus. ao flos futt
wm conhecer o espirito desses reinados, penni
tem nos lambem conhecer o espirito desses julgamentos,
Augusto c Tiburio pçnsftt 101 principalnicaic
cm puna as devassidões de seus familiares.'■ Como 3iic tivessem levado uni jovem que cies fio^ííi uma nniIlHT com quem tivera anicriormvme eliiqócs iliciin.v hciiCcm muito iqmps, nàfl ousaudo nviti iiprovi» u«m puisir cs.sn« coisas, FinBlmcmc, tomando coiiscícikiiu, disse. "A:, ssdijõçs Il-iii «ido u caiB.su ac grancLs males: tsqucvarno lus". {Dion. o-. l,ÍX,Cup. XVS.) Tendo os sctinclisres lhe pedido rtpulamentos «jhre os eosíumcí dus mulheres, Mfhcr.iiu ̂ 11 (Mu csurêntna diícruki-ISie■. que cottí gissem su;i-. mullitií i cumode ueimjsia a sun, Diun ic (fii . -1 roj-Kislii, y* scumOih cs lo^ai auHliç que (Eis ses.se como etv pmc^Ji.i com sva mulher (pernuiHq,
parece-nu, muito indiüerítaMN, do A i
Não puniam o dcsrccramcnlo dos costumesmas um certo crime de impiedade ou üe lesa majestade: 2 5 ' 3 que tinham inventado, utii para o respeito, útil paru sua vingança, fo r isso os autores romanos protestaram tão ardente mente contra esta tirania-A pena da lei Júlin era muito leve4'-’ *. Os imperadores quiseram que, nos julgamentos, se aumentasse a pena da lei que haviam feita. Isto
foi objeto Ja s invectivas dos historiadores. Eles não examinavam se as mulheres mereciam ser punidas, mas se para pum Ias i lei Linha sidoviolada.l'm a das. principais Lirartias de TibériO 2 s 5 foi o abuso que fc7 , cia? antigas leis. Quando q u em punir alguma senhora romana, alétn da
3 0 1 Cuipiurt intn viras effarttnas vulgutum gruvi
Hvminr iacsurum religioriam ac Viviaiae rnujcitalfo
appctimdn. denicrtliam majtirum smisquc ipse tê rs
Cjírrrlú-halur* I .iCiln, A tltt il, IlU. 1111. Cjip. X X I V . (ISI.do A.)* ” Airibuindo i uma falta que sc tomou tào comum entra os homens e ás mulheres essas desig nflçõe*. af,r«inies lio <acfilépítt c lesa majestade, ele ultrapassava os limilc.s fixados pcl.n clemência dc iuH mj* antepu-.s.tdos c r-uAS próprias leis "■ " " Hsta ki é citada rw> Díycthf ma.v nãü foi apáicu
dii J11lj5.ii x.- qtir «dll eru ftpenas d. rdeguçan, pois a i|ç ilKvstO At era depHUçãii.. I -V. quii vlJuam.
f f . f í c tfu rst. (N di i A.)
rí ' P ra priu tn tti T ib eria J u í t , yceh ta auf/cr rcyrrrfu
pena aplicada pela lei Júlio, restabelecia contra cia o tribunal doméstico7 ? ft.listas. disposiçwss concernentes as mulheres apenas diziam respeito às famílias dos senado res e não ás do povo. PfOCdravajn-sc pretextos para acusações contra 05 poderosos c. o mau comportamento da? mulheres podia fornecer in 11 meros,Líissc cu. fin.d mente. que a bondade do? costumes não é 0 principio do governo de umasc pessoa, fato que nunca sc verificou tão bem como na época desses primeiros imperadores; e, sc ex istisse dúvida quanto a iS-sti. bastaria ler Tácito, Suetonio, Juvenal c Marcial.
príscis verbis obtegere*. Tácito, A rafo, liv, IV, car- X IX .(N .d o A.)* 't-ra um aspecto caractcnsiico dc Tihcrio ocultnr snbtcrmcs. ancigos crimcr rcccntcs."£ T * AtíullttU jjrrm iw i fUMcnam ilcprecatm. ut,
exemplo majorum. propmquu rais ultra ducauc Sfwww lapidem removercrur rnaait. Aduitrrn Man-
tio fretk aique Africo inrmUetum cst*. Tácito. Arraii. liv. If.cap. L. (N. do A )* “ Ele fez baixar em seu favor (dc Vpirilla) ns penas
do .adultério e foi dc opinião que, wjtundn o uso do? unr<p:i:i.s;i<h>s, a tumília a depenasse a duzemas mi
llia*. dc Roma Mnnllo. seu cúmplice, viu sc prtii bldo dc penetrar na Itália c na África." Observou sc
que sc in u tv i dc um ahrandamenta c nüo dc um
ugrAVumvnh; da psns qutf Tibvriv cutlgifi,
C a p i t u l o X I V
Leis suntiiárias emre os romanos
Falam o? da incuni inércia pública porque
da caminha com o luxo, a qual sempre a
seguiu, c sempre por ela é seguido. Se deixar
dc? cm liberdiitlc os movimentos ü« coração,
como podcrcivcortlcr a>. fraquceus du espirito?Mm Rum a, alcro Ou*. instituições gerais, os
censores mandaram fa/cr. pelo? magistrados,
várias lei.? cbpcciub pura conservar a? mulltc
res na frugalidade. A? lei? I-âniu, Liurttu c
Úpia Tiveram c??c o b j e t i v o * 1-' necessário
ver em Fito Lívia 2 " 5 como a senado agitou se
quando cia-, exigiram a revogação da lei ôpiu.
Vaicrio Máximo atribui a época dc luxo cmrc
os romarui? ã ah rogAçãU dessa lei.“ t.m parie alguma sc dlr que cssa i ire? leis ic nliiim siJo levado? u solicstaçio nu requisição dos Cdisorev. O? cônsules c triliunos ijuc ns levaram cumpriram sua obrigAçski. ?cm que houvesse ticces xidade de ^rem estimulados pela intervenção dos censores. As leis Fãni» < Licinia n.io diziam res peito cüpcc tal mente às mulheres. Regulamentavam < moderavam a des.px.sa da mesa." (Nota de Crcvicr reiomada p o t L ü h u u l a v t . )
1» D é e ú d a I V . li?. IV. (N. do A.)
MONTESQU1EUJ08
C a p í t u l o X V
D os dotes e das vantagens nupciais
nas diversas constituições
Os dotes devem ser consideráveis nas. monarquias a fim de que on maridos possam conservar w a posição social ç o luxo estabelc ciiJo, Devem ser medíocres nas repúblicas em que o luxo nSo deve vigorar2* 8 D?sem ser quase nulos nos Estados dcspólícoü. cm que as mulheres são,de alguma maneira, escravas.A ram unidade ulos bens. irnroducida pelas lei:-, francesas entre o marido « a esposa, c muito conveniente no governo monárquico porque interessa as mulheres nos assuntos11 Marselha foi a república mais s-foia de s«:i época, Os dotes nao podiam ulirapassBT ccm eteu- üos cm dinheiro. e cinco etn vestuários, di/ li sir u bão, |jv. IV. ('N do A.)
domestico*, e us atrai, mesmo contra vontade, aos cuidntlos de suas casas. A comunidade dos bens não é menos conveniente na repútiltea.
onde us mulheres ão mais virtuosa;,: mus ela ■ icrui absurda nos bsiados despóticos onde. quase sempre, as próprias mulheres são utna pane da propriedade do senhor.Com o as mulheres, por sen estado, são deveras propensas lio casamento, a* punhos que a Id lhes confere sobre os bens de seus maridos são inúteis. Porém: isso seria muilO pernicioso numa república porque suas rique /as particulares produzem o ÊuJtu. Nos listados despóticos, os dotes de núpcias devem cimsti Uiir se da sua stihaistênda e ncnhi mai ■
C a p i t u l o X V í
B d o costume dos samnitas3 0 0
0-. mmnituv tinham um eoOumc que denu produ/ir efeitos admiráveis numa pequena república c sobretudo na situação em que se encontrava u deles. Todos os jovens eram reu nulos c julgados. O que fosse declarado melhor de uxli>'., tomava pura esposa a jovem que desejasse; n que livchsç mais VQtOK, depois dele, cscolhena a scgtar. c assim por djari- tLaq 1. Fira admirável considerar entre os bens
jfln **o -luimt” . observou Dupin, “ tomou .iqui os sumias, povm (Js Sam ok ia . por saiwmtas, povo <la Itália Stobes chsuiui o;. .'iwur/ue. “ t Nw a rcromadu
por LabauJaye.j301 Fragmenta de Nicotau de DirtiSsCO, extraído de Sutbcs, II a C o le tâ n e a , de CotUlanl iny PorfirORê neta. (N. do A,)
dos jovens apenas as belas qualidades c os ser viços prestados n patri» O que possuísse em maior grtui estas espécies de bens escolhia uma jovem em toda :t n içitt. O amor, a beleza, a castidu.de, n virtude, o nascimento, as próprias riquezas, tudo isto, por assim dizer, era o dute da virtude Seria difieal imnp.tnar uma reccim pensa mais nobre, mnior. menos onerosa par*a um pequeno Estado. nuns r.apr>/ de ti tu ar sobre ambos os sexos.
O t Sarm itas dvsnendiam d/l;i luccdemônios. e Platão, cujas instituições nada mais são do que o aperfeiçoamento das leis de Lietirgo, crinLi uma teú quase semelhante'03,PerrtiiLe-lhes mesmo vçrcir se mais freqiiente mente. (N. do A.)
DO ESPÍRITO DAS LEIS I 109
C a p i t u l o X V I I
D a administração das mulheres
L conira a ras.ão c contra a nature/a que as mulheres sejam swtiorus na casa. com ove estabeleceu entre os egípcio»31,1, r*naa> nãu o ê que ftnvcmcm um mtpcriu. Nu primeiro caso.
0 estado dc fraque/:! cm que sc encontram u.'iu
lhes permite a preemirtêneta: no segundo. nuü
própria fraqueza lhes dã muis suavidade e
moderação. virtudes que. inab do que a iniran
duéiiem c a ferocidade, podém permitir utn bom governo.Nas In d ias. acha ve muao ruiuir:d o governo das mulheres c estabeleceu-se que. sc os varões
1 ' ’ v«t a X X X V T H JaS Lcifra PrWTff i o v.inle
111 lin Tcmptc dr Vnidc.
não descendem de mãe do mesmo sangue, as
flllias que possuem nv,íc de sangue rcat sucr deinJ ' A Confere-sc-lí es um certo número de pessoas para ajudadas i suportar ■ peso do povernv, N j Á frica. segundo Sm irli71 1 r' . Lambem kl* encaram com naturalidade governos dc mulheres Sc acrescem.irntos a isso o exemplo (l.i Mosarvia e da Inglaterra, veremos que elas obtivçram ígunlractite êxito, tanto no governo moderado como no d e s n a to ,
1 LciirexEtitfjanws. |J,* COlCÇào. {N. ilo A .3
tv % i iagtm a Guiné. segunda parte, sobre o remi' dc Angola,na Costado Qurcs IN do A.)
LIVRO OITAVO
DA CORRUPÇÃO IX )S PRINCÍPIOS
NOS TRÉS GOVERNOS
C a p í t u l o I
Idéia geral deste livro
A. corrupção J l t jaIj . governo começa qur.se sempre pela tios priirdpiüv
C a p í t u l o II
Da corrupção do princípio da democracia
Corrompe sc u espirito da democracia nãu
som-ente quando sç perde o espirito de igualdii
•de. mas ainda quando se quer lavar o espírito
de íguakLidç ao extremo. procurando cada um
scr igual aquele que escolheu pura comartdá In.
Inião o povo. ruio podendo suportar 0 próprio
potlet que escolheu, quer fazer ludo por si só:
deliberar pilo senado. executar pçkn mugis
irados e Jesttunr iodeis os juirtc i
Não pode mais havei virtude tia republícu,
0 pôvo quer exercer as Furiçòe« cios mugis
irnidique nau '■ ;«>, portanto, iixílí* respeimdLis
A ■ JeIilK-ruçsius do senado nãn têm mais força,
ítáo havendo, assim, mais consísler.u;ào prlos
senadores ? consequenterrierue pelo-, anciaos.
1 w mui mais m* respeita aos anciúus. Luiubérn
nno st respeitará ms pais. c ttó maridos u.íu
riereee-rno. igualmente, m.iis ddcrèue-ius, nem
ns patrões uimpuucn mcrcccrio submissão;
Lodüi pítsctriio ;i apreciar oss-ti libertinagem; a
pressão Ju eumondo Ftiligurá lento emuo a da
obediência. As mulheres, ris çrtunçns. ov escra
vos não sc suhmcíc:r:in a pe\xou alguma, 0<-
costumes, o amor pela ordem dexapnrççisruii.
Rn Fim. nau mais uxisiirá a virtude.
Vê se nn flanqticrc de Xcnofonn?3 “■ “ uma
pintura muito irigônua tle umn rcpdblivu vrn
que o povp abusou da íruliEcJatdc hvplica cada
conviva, por siui ve?,, a rn?ào por que está con
leme coo sigo mesmo. “ hstou contente çuini
No eap. |V ; tf. Platão. Heptihlk-a. liv. V111.
po". Ji/ Cãrmídcs. “ por causa de minha
pobreza íjuandoera rico. era obrigado :i pres
tar btimertugen* ner. caluniadores. sabemiu
muiui txm que estuva m.tis em condição de scr
preuidicado por elet dn que prejudica los a república exibia U c .sempre alguma riovu oiTttribmçáo: não pxuliti ausentar rnç, Desde que Sou pobre, adquiri autoridade: ninyuétn nw ameaça mus eu omcaçivor, outros: posso partis
uu pcrmmitícei Os ricos jn ve Icvaniam dc scir Iti/urc i rre cedem a prioridade. Sm . um rei,
l-!.i escravo: pagava mu tributo a república.
In iç ela mc sustenta; nau rcccK) mais perder,
espero adquirir"O povo Um ncs.-.a dcsqni\n quando aqueles
eir quem confia, procurando IKUltitr sU.i p-rii-
pria corrupção, buscam corrompe Io Para que
uu ambição não x-vja visi.» pcln povo. cies a|H*
nas l.iliun Jn jtrartíczn do povo; paru que nik> sc perceba sun avareza, elogiam inees-ame
mente do povo.
A corrupção tiiuncinará enire os corruptores
i- inmbéri entre os que já cvião eurrompido%. O
povo distribuirá entre -.i ioda a l'4 /ciula pública
c, como uerti unido u jtestào dos negócios ii sua
preguiça, desejará reuní» ú ma pobru/u os
divertimento-. do to.su, M i:,, com sua prcgmçu
e seu luxo, lerá como objetivo apenas o lespu
m público,Siriguém deverá sc cspaniur sc viuos fnrem
comptados .1 dtnhíim Nâr se pode d ar muito
ao povo sem reurar dele ainda mais; pqiérnJ lí d
par a retirar d de t fiecessEirio subvei-vi i Fr la
do. Quanto mais o povo pensa aproveitar de sua liberdade, nuns se uproximurá do momeiv to cm que deve perde Ia. (.ri,'? pequenos, tiranos que |KK<vetn todos o vícios de um só. Rn» breve, o que resta da liberdade torna se
injdjpcrtávclt surge nm úrtieo LLrantM o povo perde itido. ptç mesmo as vniYUSjiens dc sua corrupção.A tlcmocraein devo. parüuuo. evitar dois excessos: n espirito d-_ desseiKdduJc. que a «oitdiu rl arisiireraciii e»L: m> governo de um-
c o espirito de igualdade estrema, que a crut
*Iu? mi de-spoLismi: de um sii. assim tomo o des|Kj. isrnn de um so acaba pela conquistoI . verdade que aqueles qm vmromperaitt as Itp ô h lii; , iirog.i . nem sempre s; lomitrilUI liriino-., I que eles eram mu s alixinulus a < ■ I l » l 111 õ ii l" ii do que a ihc militar além «Se cs is tir no coração de iodos o-, l regos um ódio implacável contra os que derrubavam o tirn-er no republicano. Isso ÍW enm que a vnartpiia degenerasse em aniquilamento. Bv) olvès d l se ransúu niar etn tirania.Mas Siraçiisa, que se enerutimii situada m meio de um grande umncm de pequenos i ' 1 ignrquitii- irtinslbmutd&s em tirani a í>i racusa. que linhn um scmtdcA" ' quase nunca
mencionado em sua história. cKpcrnticitUvj
dcsp.iraçás que a simples corrupção nàí) pru
duí. Jissa cidade, sempre na liccnçn-1 ua nu na
opressão ígüutfnente trabalhada por mio liber
d ade e por sua -.cr vidão, recebendo sempre a
uma e a outrn comn a una tempestade, e. ape
X,Ar de seu poderio no etcierio-, sempre condu
^ida u uma revolução pela mais fraca força
ex range ira, unha em seu seio um povo imenso.
:h> qual vó restava cs.su cruel aUernnovu de se
entregar a um tirano uu de sê-lp ele
mesmo*'
Ja ' Vtcl. I1 lutarvvs nas fjtfoui *h- '!Trnviiüo o e/e
THon. (N d.i A lv "! I: o ikis seiscentos. dc que lata Dkjditro. IIv. X tV . c.vp V. t N. do A I
J 1 Tífldn expulsado 1>- tiranos, Ii/erum eidad.íos
os MtTfisijtCiros c os ‘.oldnslfi iíiÉrtrnüricTss o qisc
acorrei mj guerpis eisA rlütócrk.s, Pn{{ticu. liv. V.
Cap. III Tentld • p»iwu iJi. ,i L'au-.:k il.i vllunsi sobre
o jti.oni'—• .c".. a rvfuiblicu liu ír.-insíurmadu. i v h i .
eiq>. IV. \ paixão il* iJoi jovem magistrados, mu
dos quais rouhnu no ..miro tini inartccho. icndn esw:
oJu/ido 'ii» mulher^niudiflctítl a forma dessa repá
blica. riírri,, liv VII,-ceijj, |V. i N. do A.t
Aqui Murircsquwu >niptni se era Cícero, /.3c
Rrp.. Ili I. cap XI III N U S L- cm 1'i.il.m Rpfnr
hticji. liv VIII A \cV.cs sepuc cmv ultinm ao pé daleirti.
C a p í t u l o III
D o espírito de igualdade extrema
Av.sim tíuimi o cévl esia n!:L .ukdu d,i tOrrn o
verdadeiro espirito dc igii:iUl:idc n esiu do espi
riio dc é»unldfldc cxircm .̂ O prime , n não vnl
xisto cm la/cr dc maricirni que iodos eoiuandcm
ou nngucrr seja otovernatln; mm, em o b eJa .
e oivm;u»d;n sciis igutnv Não procura itàii icr
senhores, mas openax icr xcus iguais por senhorrsNo eu e.siadn natural, os fiomcns nascem atinei vuTdadtíirn igual d ade mas |i;jo pedem permanecer nd;i A stícicdade Ia/ com que a
percam e upvmi.s reiortuim .= igurildildc pcl.is
leis.
r.tl ti . 1 difiarcnça «nr..- n democrticia regulu neratfula e a que rviln o è. que, na primetru, c so
ijiwwl apenas como oid.idãir. u na outra anula
:sc é igual como magistrado, venndor. juí/. pm,
mando c senhor.
O lugar nntural dq virtude cjuniin ;i lihcrsla- de. ma tflu não se encontra iiiüis perto da llbcrdude cjftreitiadoqueda servidão.
DO ESPÍRITO DAS LEIS 1 115
C a p í t u l o IV
Causa particular da corrupção do povo
0< JErtuliJr» cx iio s. .ohn u u l.i « |< ifle\ p:irn
tífi quais it pi.ívii con.irthi.il muíitt, ílui liiiq um
l.ll orgulho, qiif rum ■ mais ptvss.ivel cofidu/i
lu. Sua invejo, dos rTiüjlisLrüdos tríLrtsÍprmdse
ern ínveja dn, nisqiisEriUurii: irtiitttg.o dos qny
Relvemíliti, 1 ljt%i i li c da constituição. Píri ;mim
que a vitória de SaSaítiíra sohie ps petaiS, cor
rompeu i rcpiiHan de Attín;f--3 e loi desen
miuicir.t que ti derrotado-* utvniétises m umeu ,i tqmbltca ie Si raçusa ' 1 ' .A de Mursclhs» nunca expcrimçnloü cstns graiufcs cii! ;ç. e , dciadèrtcut a cramlc/a: íkjitartL ltJü povermtu ■*'- sempre com sahedo ria: nvmth. cia conservou vfus princípios.
' Arlsanvic-. Aíírfjru, iv V.cap IV IN.do A.)1 th iti í N íj.i A.3
C a p ít u l o V
D a c o r r u p ç ã o d o p rin cíp io d a a risto cra c ia
A an-.iiHLrnem on-rompe se i)UíirKÍo li poder
\l" . iiuliTL-i uirn.T se arb ititiú r tiãu nuns ixhIc
lits(»f virtude nos i|in- Ç',ov Crn.im ru-ni nos 1411c;
mIo yovcruadi
QnatKiu .is rtimiliiiN ruinnmes o b sm a m .is
lois. l.raiui sc J c timfi mc.rítrquja que possui va
1 « is fttoníitcii-- c que •• cxcvlvllle por Min unturv .1. quase iodos esse; nWUaréíW estão Itgudus
polns. Ir- ■ Mas quando d n s não Mm observa
das. irítl» •«. slc um I -.lado despótico que pós
vui vál ioh dc.spuliiv
Net.se INIMI. a |vpnMu-.i vi .iiheior em r< In
C-*'-s nu*. r-..ihr. j>meiTie tn i , e lv . L.l.i v ,..1
no corpo que gervçjrut l* o Estado despótico
CSlú 1)11 corpo qtlí r yi iVltsVkJo. I sso é o que 1,1?-
■ .um que eles sejam os dois «trpnn muis de-, 11
hílIus do mundo,
I .XIrrnin corrupção t-NÍM. quando Lis nobres
inrpfutt sc beredisàríos'’ 1 1 c qunse não podem
H-r rruslcra^a», Sc ■ ■ cm pequeno nÚHlvru,
,cu poder ú 1 m;.i«t>r mus sua seguntka diminui:
x sao em maior mimem, teu poder e mfcpnr. e
soa segurança. maior;dc maneira que seu
podej viii cTcskcndot a segurança dimineimíd,
■ ué o despiu a. em cuja cabeça <srft o cxccsso
dp poder t dn perigo.0 grande número dc nobres n:i aristocracia
A arsMucrsuHn ir LHitfoima se cm iiíiuaripib.
ÍN dis A )
Hercdhána loirm. pois, o vernn monos vsc
leiiio: mns. cnm ■ existe puuea virtude, cair so
ã num espirito tlc tteglí^.niuiti. de prcc.uiea c dc
rtbnndujio. o hl:v h u oeim que o fV-,;atlo n;"w>
lenlta irutix Ic)r ;:i ricn iniciaitv:i 1
Utrni irist.i- -.Leia podi m ania 1 li'iva dc
seu piiiieípivt s leis ão uii- que laçam snl
1 ir uos nobres mai.t os perigos e as IndipTs cl-
CHMlla-iido que sii,ís delicia^; e sc n I stitJo esi;'i
numa ud siiuxdu.j que lenha tdgo a temor: e
qi.«c ;i segurar(,‘ii cunha Jc dcnlrn c a mceric/a.
de Iara
Coifio uma cerrai c«'ii|j.meu ia t .1 gloria ç w
sJ ioji1'iiiie-i ■! -mia uionarL')nia ç miei-ar. no
çnntrnriei. que uiv.n rcpútilicn tema id^uMiii
co isa 1 ‘J O temor aos poisa, mímiõm a 'ei
ciirrc ús i-rceos. e iri:ii 0 c Kcima intimidai
ram se mmuatnunis e consnlidarrim -,e Coisa
sinpulrtr! Quartlo mais segurança esses EAia.
Jivs poisuein m.lis. como as úguas muito trtm-
qtiilas. eles esl.io sujcíins a se eorr<nnpct
J 1 * Verir/ii uma Jas retfiwlilicas qie muiv bem
eonrinlniTn. por mi».s lei-., a-, irio*nsvnienie- ún art-.
Locracia h « r e d i l í i s t . do A, 1 5 1’■ Jc.iina .ih iTimi morie cLc I píimin.nulas a
cuinçao da virtude Ctft ÀlervíP- Nãei mak i-visíçihIí;
Crtiultiçni . dcsjienderam stuts rendaü em !'CS’,3s.
fre q u ?ru iy .i em ita m q w m fSíiVü rr,vpr/i'í hJltftrt. ns
maceJi'11 ios aotrani da obseuridade |_ív, VI, cap.
IJC.ÍN, i]() A.I
116 M ONTESQ UIE L1
C a p í t u l o V I
D a corrupção do princípio da monarquia
Assim como as democracias. se arruinam qunndc n povo despoja de suas funções o senado. os magistrados e 0.5 juizes, as monarquias corrompem-se quando se suprimem pouco ã pouco as prerrogativas dos corpos ou os privilégios da* cidades, No primeiro caso. caminha-se para o despotismo de indrist no WRun der, para o despotismo de um só.■ ■ 'O que nrruinõtJ as dinastias de- Tsin u iluSu ín diz um autor chinês, foi o falo dc os príncipes. ao irvvús dú se limitarem, eumo os nmt- gos. a uma inspeção peraJ. 11 única digna do soberano, terem querido governar imediata mente por si mesmo1" O autor ehincs nus dã aqui a causa da corrupção dc quase todas as monarquias.
r C n m p ü a çã fi das O b r a s F i l i a s iru Ê p tiça t/bs
Mtng, citadas pelo Paclrc du Httldc. Descripifon di
ta Chint, [. rr. píiR. í>48, (N.do A.)
A monarquia arruina-se quando um príncipe crê que mostra mais seu poderio Lransfur mando a ordem das coisas do que a seguindo, quando suprime as funções naturais dc uns para outorga Ias arbitrariam eme a outros, c quando aprecia mais seus caprichos qtie suas vontades. monarquia artuínu se quando n príncipe, relacionando ludo unicamente a si. chama Es tadü a sua cspitaU capitai à sua corte, e norte n sua única pessoa-11 f .Enfim, ela sc arruina quando um príncipe desconhece sua autoridade, sua situação. 0 amo* dc seus súditos, e quando não percebe que ü monarca deve julgar sc em segurança, como um déspota deve erer-« ertl perigo,11 } Alusãrt mwiílo evidentí a I.mÍs XIV ,
C a p í t u l o V II
Continuação do mesmo assunto
O princípio da monarquia cnrroirtpe-sç qutitulo us priniLirtiri dmntdadcs sâo tts indjctos da primeirn servidão, quando se Pupriitifr ;ms
poderosos o respeito dos súditos, c quiuulu us torna vis instrumentos do poder arbiir.irio.Ele se corrompe ainda mais. quando a honru c colocada cm contradição com áí honrarias, quando se pude caiar no mesmo tempo coberto de infãmuu1 “ e de dignidade*5 ’ ‘
‘ 1" Sub .. rcui;idu dc Tü k sm . erigiram -ve. çmjílu:i*i e deram >c urciuiricntu» triunfais aos delatores: 0 que uvjlivrô , 11 irunjo ciaas liojit arias. que aqueles que us haviam merecido, dvsdcnliaram ntts, ffr»g manos de Dton. liv. I..V0I. <:rir X IV . tirado i '
Fxiralu dus Vitiudex 1 dos Vícios. de 1 onsianuno Porfirogêneio. Vede, ám Tácito, curtu» Nem, nu des coberta e punição de uma pretensa conjuração, deu a Pctrònio TurpiJiano. a Nerva, a Tifidino, os-oruu manos Lriunljus, dnail. liv. XIV . cap, I .X X It Vede
também icrnin us generais cksdanharajn guerreai. porque desprezavam as 4ta% honrarias. Pen-utgatis
(riumphi àisignibus. Tácito, .4iwrs, liv XMI, c-ap. r u i.(s i.d o a .)11" Mocuesquiçu perua dqui. cumo disseram. ms
Cardeal Uulxiis?
Corrompe se quando n príncipe troca vu.i justiça pclft severidade; quando poc. ccmo ou imperadores romanos.. uma cabeça dc Medusa cm seu peito8 quando ictma csSe aspecto ameaçador c terrível que Cômodo mandava idor ás suas esi iituns1: 1O princípio da mouarquitt corrompe sc quundo slmas singularmeme líi$$as ve envaide
cem da gr.mdczn que possa ter stm servidão, e julp.4m que o que faz com que se desui tudo ao príncipe faz com que nâo se deva nada á pátria,Mus se g verdade Io que se vín em todos os icmpos} que, á medida que o poder do morar Cil SC torita ímrnsu m -h segurança diminui, corromper esse poder ;>ic lôzç-ln mudar de natureza nãn é urr crime de lesa majestade
contra cler>S3?
1,0 Nçstc Estado. ,1 prúicifv sabia bem qual cca o principio de seu ^uvenut, (N. do A.)J - 1 tierodianu, [ N. do z\.>
13 ■ lUibuulayc ternsea que Bc.njamín ConstajU ‘ xt mmnu c sustetuna" essa ideia no seu Cours dc Dm ii
Consriitilíwuutl. r. f I. çáfc, 244.
DO ESPÍRITO DAS LEIS I 117
C a p í t u l o V III
Perigo da corrupção do princípio
do governo monárquico
O inconveniente não surge quando o Estado passa de um governo moderado a outro governo moderado, como d.i república a monarquia, ou da monHTquio A república, mas quando cajc se precipita do governo moderado ao despotismo.A maior porte dos povos da F.nropa c ainda
governada pelos costumes. Porem , se por um
longo abuso do poder, sc por uma grande con
quisla. o despotismo st estabelecesse ate um
certo ponro, não havería costumes nem clima
que o contivessem; e nesta beta parte do
mundo a natureza humana sofreria, ao menos
por algum tempo, os insulto* que lhe são feitos
nas outras três
C a p í t u l o I X
Até que ponto a nobreza
é levada a defender o trono
A nobreza inglesa nmortalhou sc com Car los I sob cts destroços do trono; ç, ames disso, quando Filipe II fez chegar ao* ouvidos dos francCM; n palavra dc liberdade-, J corou fui
sempre sustentada por esto nobreza que se atem a hórira dc obedecer a um rei. mas que £ons.idtira v u p rc n i;i infâmia pariilliur o poderctim o povo.Viu-se n ousa de Áustria irtibulhíif sem tré- guu pura oprimir a nobreza húngara. Ignorava de qtie valor ela lhe seria um dia. Procurava, entre essas populações, dinheiro que ai não
existia. Não viu os homens- que lã estavam,
Quando tantos príncipes dividiam entre si seus Euadoa. todas, as peças dc sua monarquia.miovcis c ícm ação. caiam, por assim dizer, umas sobre as outras. Sò havia vida nessanobreza que se indignou, esqueceu tudo para combater a âcraditou Que lhe éra glorioso pere rçr c perdoar1J1 .
3,1 HvídisriicmcnEe. Momciqtíicu considera aqui a
atitude dos fiobfçs húngards na ttuerra da succvsàod a Alisar Ia Uc 1741 u I 744 c nu À t u r iu m u r j/rrj re^c-
tiLnifti Aturla I herexa. rsorramo* por nosso rei
M sm leresa,
C a p í t u l o X
D a corrupção do princípio do governo despótico
O principio do governo despótico corrom
pe se sem cessíu’, porque é corrompidu por sua
natureza. Os outros governos perecem porque
acidentes particulares violam seu princípio;
este perece por seu víciu uiterior, quando cau
sas acidentais niiu impedem seu princípio d c se
cíjiromper. E-.1c só se mantém, portanto, quan
do circunstâncias provenientes. <iu clima, da
rdtgião, da situação ou <Jt> temperamento do
povo forçam-no a seguir alguma ordem c a
submeier se a alguma regra. Fssas coisas for
çam suo natureza sem mudá-la; sua ferocidade
permanece; essa está, por algum tempo, doma
da,
C a p ít u l o x j
Efeitos naturais da bondade
e da corrupçãodos princípios
Quando t> -i princípios 0" KvvtTno SÀO corrompidos uma ver.. :is mclharts leis Uir nam se mns. c vnliam se w ntra o P-stado; guando iCüíi princípios são sadios, as más têm o efetto <Jus bnas; a força do principio irrnsia
mio.O s creicnses, para rmatUcTcm os prinuriros masisÇrndns rui depcndéncãu d;is leis-. , mprcL1.;,.
vimt um meto muilo sin guiar; lt.i cs ci.i. !ruruni't
çao. Pune dos cidaiiün>s reViilLnva-sc. afugen savtL os mjiKtsíradtJS. e obíigtivji os :t voltar :i vida privada. Considerava sc j>v«s fcíio cm consequência da lei Uma ial institufcnn queesiaheleuut .i r<volLis pnr;e mn>cdn o :ébusu do l*i'der. purcciu devei amumii quiik|ucr repít btica. fosse qitnl Itissc. da n.v» destruiu u de Crotít. PEs por que1 ■' *Quando os :tni t|ii o queriam falnr dc um povo cpir mais nfuii lirviia pd;i p àirix colavam us wrcleuscv "A pátria", di/ia Píulan
'nnrnc ni<> f/b<r fittf ífWH.sv.s 'Chum . ,vani no m m um nome que exprimi? o nm n tis* uniu mãe por -.cu Ora. o umetr peu páiria corrige tudo.A s leis da Polônia tem também sua írrswnri-
ç ã o , M as os iritonveninucs que düln resuliaPI
t :i/erS1 ver r|UL. p.i rvnlidiwHf. npeno. o povo de ('."da irstcvc em condições du cniprcy>ir coltl üxrui tal icirtcdio.O s exercícios da cin jsiiea v iiihcdceidos erme to. grepos náu dependerum menos da Isundadv Urt principio do governo. "Foram íis. liiecdcmõnios c OS crcLcnses", du P lnlão1 "que abriram es-,as academias fumosas, que us fizeram ocupar no mundo um lugar itm ck-.io
1 “4 Uniam se sempre primeiro contra n iuirnijj/ri 1l>-
fora, o que •< ehnimvi» , ine*o vmtm Plumru, O h r m
Mttrajx, pájj BB. (N. do A j1 /{vprihfieu. I.v . IX (N-elu A l J r (Hmnivn, Ofjru.\ Mtprah. nu c ciimío: .V, <>
UniHLvn ifr triifjic pt.-1; i ‘<j fri/iVr st c:/i Aégtícvro
PúbliçQS, <N. Jt> A.)1 f ftefmblsda, ijv V .lfy do Ad
Ccldo. O pudor alarmou se :1 principies: mas cedeu a utilidade pública."A id tempo de Platão, essas instituições eram admiráveis*3 a c rdacidnavam wr com utn f,rande cksígnin. que era a a r tç in ditar. Mas, Quando os gregos deixar nm do Il-t virtude. d;t-. destruíram u própria arte tntliuir: não sc clcscia mais ;i irena para se educ o, mau pnra uí corromper3 J s.Kchttn no.s Plitiarc-i iJ ' que no seu tempo, os romanos julgavam que . .M jogir foram a causa pruicípal da servidão cm que os gregos tinham cuido. LnlrcMlIlti. ocorrer) o oilllrá- ri<T for;! ,i scrvidàn dir, prego:, que corrompera esses csitreitílos. N a época dc Pluianrci1 •*', :is
praças utidu s, cumbmist ttu e os eserçfcios tlt luta torUíivam covardes os jtivenv indu«Míiín nos m tím nmor degfAdanic. mi formando sfançarino j . psjrúm. nu época dc hpuniíntntiias. li prúLicu du !uu permitiu tios icbiinos vencer t
bui.dltn de I uueirsi: 3?.Knjieas sqo us Jeis que nns> siquiti hóíisquan do u Hv.ado náo perdeu seus prtRieipkt.s: t . como dj/m I pkuró. reterindo se as riquezas:"N :io è o licor que está esiraginSo: é o vaso"
líivK,lin s. • i* a-,i<mm viii itu.is i>.vics i tranva e u Juta. Lm Crctti, eurheçíEn se 4s dtuiyas armadas do, Cutciir-. na i t̂écdcimiTitn. as üc CúiMor e PòIiivl em Aicii;!.. .o w!:mc.T. mudas de I';iI - muiU-i ndeqo.U).«-. p.nu os que nfn* cstiio ainda rri idade de ir para o guerra. A luu 0 a nnuixrn d.i
■ ■ -.irrr.i di/ Fliuàu. .-Ia li#h| f lis, VII. ÇJç kmv.i c fio
giLi .i Artilguidudc por [tím ter evüihekeid.- mais qvs dltítS dr.iii::. ,i paci i. ■■ a r'" CI '■ d. . ,'111, o itiiinu.1 npékiuva-M .1 artç mitiiari P b iJo . íhui. (N. do A.)
' J "f \iff !tb>dlno.irh'
f rtiaatix /.<jçis(rrm*i7i.i pidrnrrutt,(Mftreinl, liv. t V . epig. 55.KN Uo A.j
1 1'■ Obrai 11,1 rAlltel, l/ax itetnutttíax *íu.:C 1 i/jüj.i Humanas, Quesi,»> M (N.do A 1 J J ' Plutnrco. rí»ríi, ÍN. éo A hPlu‘. Ú h r a \ A t u ra ti 1 ) { ( J , r/,‘ ||S'. tl,questão V iN .íio A .)
DO HSPiRTTO DAS L E I S ] 114
C a p it u l o X II
Continuação do mesmo assunto
Lm Rfsmifl. crsei>3liiiim n;i rri-dcmdos scnaOorcs, Os Gratos transferiram essa prerrogativa aos cavaleiros. D tuso outorgou a aori Gsvakirns c íhs.s senadores: Si-u. .vpccirts aos icn.iikjrts. C o la . aos scnaiioi&s. ;.sos cava Iciros t aos tesoureiros dn !-.r.inn. César eJíctum esses últiruos: Antônio criou ckciúrbn de senadores, de cavaleiros c de Cçtliuriõvs. Quando uma república se corrompe. só se
pode remediar uLg.uns do '.eli:. males nascente-,
supriijlindo a Corrupção v eslím iilandn os prm .ip ín v qüídqueT nutra cnrre^iio õ inútil oil um nvivri mal, F.nquaiUo Romii conservou seus prindpios. os julgamentos puderam pcmiane
cm sem iibnsv. r.ris mãos dfls sÈfladrmjs, mas. quilfislo ».líi st cerfompeu, qiudiquer que fosse n corpo ao qual se transferissem os julpam auos tios senadores, aos eavalurros. uos tesnu rvirò. do F.rárin. a dois desse corpo-, nu aos
ires em vvnjunlii. ou u outro turpsi truidqu^r. u mal sempre persistia. O s çovsleiroü fido possuíam mais virtude que os senadores, os le-SLUircirna do I .rãno nuas que CiiVUIciros c estes iao pouca quanto os eenitirioes.Quando o povo dc Roma obteve d direito de parliojpar das magistraturas patrícias, era natural pensar i|u.tí ü.S aduladores seriam «s âr- 5(■ rlrov Jlo ptivcmo. Não: vimos esw.- povo, que conseguiu ki eleíyân ilc plebeus para as magí:-.
fraturar. ouniuiis, eleger sçmpre patrícios, Pnr
ser vrrluoso, çr.i magnânim o; por ser livre, des
denlujva o poder. I itlrctanto. quando esse
povo jserdeu scvü princípios, quando possuiu
timím poder. ttnmóí. tíofltcmplaifao lesei aic que,püf rim. tornada seu próprio Urano < seu próprio CSCraVO. perdia » Jbrçn * Li liHçi-dadc pnm
tom bai mi troquem de de xregríi m ento.
C a p it u l o XI I I
Efeito do juramento num povo virtuoso
rsíio houve povo, d ir lim l.ívit>J ” . em que i devíissidÂp se tenha introduzida tão urdiu mente e -I modfflrnçãti c ,i pnhnazn IfinllnsVi r.jüu tão longarncnic honradas como entre os romanos,0 jurameiPo teve tantii força enire esse povo quv nada o lt|íuu mais ás Içis, Mu<itr> vertes, ele ler., para cumpri lo. coisas que nunca lería feito pela floria ou rxln píiirnoQuincio Cihcinalo. cônsul, desejando levan i.ir. nu vidaJc nu. everetw contra os equus s vulscos, chutem se contra a ojhísíçííü dos tn hunos., "Muiiei hem", exclamou ele. "que todos ns qu-e prestaram jura mento ao eòmuil do nm> prccedenU; marchem wob minha bwuleii aJ 1 1 1
1 ■ Uív. ]. Pr p^úíVúj, l N. do A.)J “ Tito Livio, liv. IIL cap. X X * (N, do A.)* Trata s£\ ila realidade, mnnila observiir Crevier, não de oúnsül de aim prceedeme os soldinJos ir riikm atdo desobrigados de seu jur^mfiim . mas do C0nr.ul do àfio em cssrsn. ipte fora mirln e sLibui tuido por Cine:n,ito
Inutilmente os tribunes pnfclamárum que. uun goéfin esiovii m:iis submetido a cs«c juransvuto. que quumlti u tinham feito Quinem mm .■ . i n- honwrn públicti: n povo foi mais religioso do •que os que prcKHuternm ortemá lo, rlío de» .uvidr*. iit-m qs distmvucii nem qs micrprcta Q(3c»dDS tribunos,Qimndo n mesmo povo quis rciitar se paru ti Mrtitlc Sagríído. '-eotiu se prew uo jurumemoque havia fetm ttos cônsules dc segm Io. na uiH i i ,1 ■ ; fe/. plrtnos Pe mula !os: H/erc n lliecoitipfeendtr qur o íqrurrento níndu subsistiu. PodcmoN íivaliitr, pçto crime que preicndm ciiriKter. a sdcirj que c w povo nnlin d:i viola çüo dó juramenion çpoL da batflllia de Cuncs. o povo uLcrro-
rtí.ado quis refugiar se uís SLciliq-1 J L Cipiin ohngou t> 3 |Ltr;ir que perrtiancceriii cm ftomn:
- “• I 00 Livio. liv. It. esp. K X X lt. (N. Ju À.1 ,J “ ■ slü>' o jwivo. míis siimoniü alguns inilitarcs dermlislas V']' Tito Livio. X X II ? j
o temor de violar n juramento superou qual por duas âncoras no meio <Ja tempestade: a quer outro temor. Ruma era um barco seguro religião e os coslume.s.
C a p i t u l o X I V
C o m o a m en o r m o d ific a ç ã o n a co n s titu iç ã o
acarreta a ru ín a dos p r in cíp io s
Aristóteles13 7 rala nos da república Jc Cur
tago como de uma república mune bem regulamentada Políbio diz um que, por oca £Íãa da Segunda ç uctTiJ púmca:!L1 existia cm Cartagoo t c inconveniente: o senado perdera quase toda a autoridade Tilo LiviA1-1'1 ensi na nos. que. quando Aníbal retornou a C arla £o. descobriu que os magistrados o os princí
pais cidadãos, desviavam em seu beneficio a renda pública i exorbitavam scu.S poderes. A virtude dos magistrados dccfiiix, rsirSanto. com a autoridade do senado: Indo decorreu do
mesmo principio.
J 1 * P itt it ic a , l! V 11. c ap. X 1
Í Jt Aproximadamente cerr ano:, dispo ij. IM di A.) n to L iv io ,X X III 4fr.
Conhecemos os prodígios da censura entre os romanos, Hotive época, porém, cm que ela se tommi molesta mas fui mantida parque existia mais tuxn do que corrupção. Cláudio afrouxou a c. com esse afrouxamenEo, a cor rupção kirnou-sc atada maior que o luxo: c a censura3 i0 abciliu, por assim dizer, a si mesma. Perturbada, exibida, retomada» abatí dnnada. a censura foi tom Intente interrompida,até a época ern qiie se tornou imiliF. isto c. ru>
reinado de Augusto e de Cláudio,
1 Vede liv XXXVI11; vija tk Cícero cmPintara?; Cictíín ,i Âtico. liv. IV. carias X c XV : Axcônip sobre Cícero. /?;• fiirmaiintw. (N do A,}
C a p i t u l o X V
Meios muilo eficazes pura a
conservação dos Irés princípios
Só me poderei fazer entender quando os quatro capítulos seguintes forem lidos
C a p i t u l o X V I
Propriedades distintivas da república
r da natureza Ue um., republica que sen território soja pequeno; sem issíi, elíi difícil menif pude subsistir, Numa grande república há grandes fortunas c. consequentemente,
pouca ruodci j Í̂jo nos CspiTLCOS: flrí ênOriPèS depósitos a se eu locar nas nulos. de um cida
dáci: i'x inlcrcvuni indivíduiilixtun se; umhomem eme. em primeiro lugar, que poderá ser reiiz. poderoso, sem sua patna; tí. logo, que «i poderá ser poderoso sobre as ruínas da pátria.
Numa grande republica o bem comum c sacrificado a nul considerações. c suhordinudo às exceções. depende dos acidetues. Numa republica pequena, u bem comum é mais bem percebido, mais hem conheado. mais próximo de cada cidadão: os abusos .-in menos amplo?, c. con scqíieoicmvric, menos protegidos.O que fez a Laccdcmúnia xubsisrir tamo tempo foi que. após todas as suas guerras, eh continuou sempre com seu lerriLÒiio, O único objetivo da Lacedemõni.-t era a liberdade: i
DO ESPIRITO DAS LEIS i 121
única vantagem dc ss.ja liberdade era 2 glória, Fot próprio tio espírito das republicai gre
gnr, COlUCalt.ir st com l:uas IcfTLIS C'J 113 iULiak is . Atcilij.s tornou-se amhicsosa e iníl uni ciou a Lacedemônia: mus isso foi mais para dirigirp o v o s liv-nrf fln q u e p a r a g o v c m i r e s c r a v o .;;mai.s para sei :s cabeça óa uri ao do que para rompe la. Tudo se perdeu qonndo uma monar quiji. governo cujo espirito CStá mais voltado para t> engr andccimcntú. surgiu,Som drcurtstãncisLS específicasH JI õ dílleil1 41 Co m o quandi* um [xquínü ioberujiu .se mun ccm epire dois gouiJc"- I -.'j J ilj 1;1t,h. . i . u inveja múiüLi deles; |isuém, *> aliste píttarlamenlc;, tN. doAó
que quaLquír ou Lio govcmtf que não fosse c
repubtiLsrio pudcs.se subsistir cm apenas uma
LÉdnde. U m p rín cip e 4u OT1< FÊL-Elick» la tí p eq u e
rio prucurana, naturalmcnie, Oprimir, porque
disporia ele um grande poder e de poucos
meios para 1‘ruí Io ou para fi.i/ç Io ríspçitítr:
iriptadiana, portanto. sobre mu nos dc seus
povys. Por outrn lado, tal príncipe seria facil
rnente oprimido por uma força estrangeira ou
mesmo por uma 2'orça interna, o povo |Xjdiíri:i.
a qualquer momcnln. cotigas se e reunir-se
contra ck Oru, quando um príncipe de uma
cidade é expulso dela. ti processo teribmoit: sc
cie possui varias erdades. o processo v i j> riprII,r, ttirmi^aTidii-
C a PÍTULO X V l í
P ro p rie d a d e s d istin tiv a s d a m o n a rq u ia
Um LsJudo monárquico deve ser de laraa nlio medíocre. Sc fosse pç<[tierio, trrindÂrmar vc íel cm rcpúblíe.-t; .s fosse muito exietiso. os
pnndpji:- di< I.sctdo. paderrtsns. por m i m s itios. não estando s«h av vistas do príncipe, lendo suus çprttrs fora da COTW dtí príncipe, protegidos alias, íHcliiis [eis u pelos costumes L-nuiru a i execuções rápidas, pocterinrn deitar de obedecer: nfu ictricnam uma punição muito Lcniac muito longínqua.AiSLifll. Carlos. MrtgiUu r»em bem lendo ;lcs liido dí líjin-Jnr seu império, foi obrigado .l dividi Io., sej-a porque o guvçriiímJyriC'1 dus províncias niio nhnlnjram. sçjn porque, p:m) úbrsgáÍÉis- a abedeccr melhor. fp,s.ir rLtocssísrio
dividir o ímperto em diversos reinade.s, Depois <ku morte de Alexandre, mcu império lói dividido. C ■ mm o> pude roícs dá Grécia c da MaCcdóntii. livres um pdo menos chefes de conquktadorev. espalhados nessn v.Tita cart
quisla, Iciiíim podido nbcckcer?Depois d;i morte de Átila, sen império dissolveu se: cintos rt-i■; que não ernrti mais
refreado i. nat) podiam reiomar ,«* rcdvus.O rápido cstabdoeímsnitt do poder ilimi Ciíln ■■ ú único remédio que, riev-icu buluí». pude e vii ar n dtismctnbríiruetiLo; novo flagelo depois do d o eng r andeeirwg nu > IOv rins correm psirn sc juntar aos mares: tus
mon.irmji.tí. perdem se nu desptsiismo.
C a p í t u l o X vm
D t como a monarquia espanhola
era um caso
Que nào cite u exemplo da Espanha, pais ele prova antes o que eu disse P;tr;t coaserv :ir !5 Amérseri, cia fe* o que o despotismo nunea 11/era: aniquilou os liabilaníes. Fora preciso, para Lonservar süa Cükmía, mame Ia rmdcpcíldcncí.1 0 ,'. .lia própriii ufir.is1 Crtci J
A monarquia espanhola capeiimernou im plantar o desporismo nos Países Baixos, mas
particular
logo que o abandonou suas dificuldades aumentaram. Ptsr um lado os vrdões nau qui ‘ úiain sen governados pdat c.spaalhlih e, jh t outro lado, os soldados espanhóis não qui.se ram obedecer aos oficiais valóes3 113.
-- Vede ;i m i t o i j v d e s p M v b i r r - i V t ii? s . por I .
Flrrc. (N. do A,)
H a W ac manteve, no Itália, á 1'orç» de cnn- querido desfazer se do rei da Espanha naoquece Ia e de se arruinar. pois o> que tivessem estariam dispostos a renunciar a &cu dinheiro
C A P Í T U L O X I X
Propriedades distintivas do governo despótico
1_.'m crntuk- Impcrio supõe uma autoridade
despótica naquele que governa C u m p re qn,
preste-/ ̂ nas fCsoluçõCs supra u dí&tãtiCki dos
lugares pura onde são enviadas: que o temor ímpeça u ncglig.ênctíi do governador ou do
m+jpistradn distante: que ;t Id seja ditada por
apenas uma pessoa e que ela s.C|a incessante-
mente ou txsi.it uilUi, lal cnmn rs acidentes que :<e multiplicam sempre no Estjido, nu prrporqão
de sua grandeza.
C a p í t i i o X X
Consequência dos capítulos precedentes
Sendo u propriedade nuiur;il dos pequenos Estados serem governados como repuhlica. i dos Estado* de tamanho mediucrc serçm sub metidos .i utn monarca, a dos. grande* impérios verem dominados pnr um déspota, «cpiu? ve
que pura manter os principais do governoesm lu tecido é necessário mmtiei o listad o na çran dtv.ü que pi tinSíi: c que esse Estado mude de tspifrto :i medida que seus Itmitev forem redu rid m íou am pliados
C a pit ü i o X X I
O o império da China
Antes cJ-e (ermínar este livro, rc-spotiilerei n
Itmfl ohjeçuu que se poderá fti/ct ' obn- tudo o que disse -ue aqui,
Sitissos missiúnãrgps f:il:im-;tos do vasto
império d.< Chjpa C0it>o sendo um p.n-verrn'5
admirável quv inclui an mesmo tempo em seu
espirito o temor, u. honra e :l virtude, lerei
estabelecido, portanto, uma diferenciação inú
lil quando CoJíKJUCÍ Os pfiriCipios tlçis três
governos.Ignoro o tpte seja í .su honra de qm sc In Ia entre povo qoe nada f.i/cm senão ;i golpes de bastão1 * \
3 ,:i f- o 1»í»m3u que governa n Chirin, afirma o Paire -du Halde. Üixc. <.V Ui C/rÔie. t. 11, pág I 14' (N. duA.I
• PaiCu. ufui que a idéia que.OS ■ "filósofos" unharr da Chin.i c das bstscs Ja ct\ iltiiaçãii cllirteso crar polo menos, tão superlscial como o iuc dela ofm* ciam os missionários,
I V-mai , nu-.su'. comerciante. estão longe üc
rv>s darem a iJciu tksu virtmk de que uo* Chiam os missionários: nnilcnns coasultá Io-, n
respeito das pilhagens.dosmsmdtiriris'1 ■' * ,
l-tCíôrm muda ao tesicnuínho do notável
Milorüe Anson,Aliás, as carias do P licite Pirínnm sobre o proccsMi que o impcnwJor moveu a-o.s prineipcs lIü sangue rtvófilos 1 * que lhe tinham d-csHE.ru dtidú. permitem mis pcrccher um plam-ci itms ..Lntémmuo seguido, c injúrias m uuútcfm ienie rs-iiíis a natureza hum anu, isto é . .« sunguc frio.T em o. ainda .o. canas do Senhor de Mairtin c do j« e iludo Padre Parçnmn sobre o governo du. China. Após perguntas o resposta» muno judícioia-s, o maravilhoso dissipa sg.
1 ■' * Vcdc, cnirr- outros rmu-.Tr- , i rçlH^úu Ue Lanf.e
|\'.dtJ A.)
1 * * Hn mu-.iTift fn.mili.-t Jc Suruiamu, I .t u rt .z £c/j
Jia ttt& í* IS .1 eotuçaçi, i N. da À.-.i
DO ESPIRITO DAS LEIS I 123
Não podería nçomeeer que o s missioriártos tivessem sido eludido-' jx’i uma aparência de ordem, que ve tivessem impressionado cu u vissü aplicação contínua da vontade dc uma única. pestoa. riula qual cies são governados c que tanto gcuutin de encontrar nas cortes dos re-i.s da índia'.’ Porque. Ia indo apenas parti rea ILzat prende, reformas. 1llC-> < tníüi cômodo convencer o>. príncipes dc que podem, fazer tudo. do que persuadir cr. povos que ekí. podem suportar tudo"1 * 6l.nllm há IrcqüewUrrpenic .J|ío dc verdade no*: próprio* urro*;. Cireunslàriciiií: específicas podem faz.cr c-nui que o governo da Cliinn n.õu suja tão corrompido como deveria se Io. O u s:o. originadas. nu maioria das vcz.cs. do físico riu clima. puderam forçar as causas mornis iteste pais c fazer espécies de prodígios.O clima d a China é de !nl ordem que favo reec prodirins.-imente ;i propagação da espécie humana. As mulheres sào dc uma lccuiididr.dc tão grande, que não encontramos, no mundo, nenhum exemplo semelhante. A mais cruel tirania não paralisa o progresso dn propaga ç jn . O príncipe não pode dizer, como um faraó: "Opriinartlci Ins Cnni prudência". Seria .irttCs (ctlu/.itíit .1 formular a aspiração deNern: que o gênero humano só possuísse unia cabeça. Apesar da tirania, a China, praça- ao clima, pciviim ,c á sempre c triunfará sobre a
liranin.A China, tomo uvdcv os países onde cresce0 arroz' * \ está sujeita a lumes consiarnes.
guando o povo morre dc fom e.d e se dispersapura procurar de que viver: cm ioda pnrie. fnr mam se bandos de ucs. quatro ou cinco issal tnntes. A minoria é logo cxlúrminaün: os dc nuiis avolumam se mas também são
11 ** ‘ Vede, no Padre du IluUk. ctnnu «n. mi .Miuiá nos serviam se da autoridade dc Can hi par i tlcn usai o.-, rnartdmins. us quais sempre itfirmuninii que. pelas leu. do pai., um etiio estrangeiro nuo podia estabelecer-se no impvnn f S. .,lu A i1 1 ’ Vede. tnais adiante. liv. X X III. cap XIV. (N. do A.f
cs terminados. Porém, com um número de províncias lão grandes c lão afã&iada». pode acontecer que algum grupo obtenha cxito. H e manter se a. fortificar se á. transformar se a em cxcrctio e marchará Jircramcmc para a capii.il e o chefe ascenderú au trono.A n.aturem díi coisa c tal. que o mati gover nt> uiírã o primeiro a ser punidc.1. A desordem nascerá repenltnamentc porque esse povo pro dirjnso carece dc meios de subsistência. O que lar eorn que. cm outros países, se corrijam ifm dificilmente os abuseis é que eles n:u> têm elei |{«s ncn.vvc-is! •• príncipe.' não í infeirtnnd.' ,Il- utt» mudo Uto rápido c repentino como na Chin?.Ele náo sentira. como nossos príncipes. que.governar mal, será m«no» feliz na outra vida. menos poderoso c menos rico nesta aqui. e saberá que. se c j governo não for bom. perdura o impciin c a vidaÇpm o. apesar do abandono dos filhos, u população, no Cbína. continua uumeuum do 1 è necessário uni trabalho infatigável para conseguir que u terra produza o que comer: isso exige uma grnnds; atenção pnr piii ie du governo, Ide está sempre interessado cm que todos possam trabalhar sem medo de serem frustrados em seus esforços Deve ser menos um yyverny civil do que um governo
domestico.t i*, o que produz a ordem dc que Inalo falam. Pretendeu se aplicnr a ■ leis com despo Itsrno ittíis n que está associado lio ckspOtisiUó não mais possui torça, htn vão es-sc despo lismo. utamndo por sua* desgruçus. quis .e encadear; arma se com suas cadeias c loflria se ainda m»i • terrível,A China é, portanto, um Estado despótico, cujo principio é o temor, í- possível que, nas primeiras dinastia», não sendo o império tiro extenso, o governo afrouxasse um pouco esse espirito Hciie. porém. tsso não acontece.
J 4 ‘ Vede as ntwmórías de um íonfviu, para que se emenda: Leitres tdtfLmies, 21.* coícçâo IN Uu -Vá
SEG U N D A PA R U
LIVRO N O N O
DAS LEIS EM SUA RELAÇÃO
COM A FORCA DEFENSIVA
C apitulo I
Com o as repúblicas garantem sua segurança
St lirrui república ■ : pequena da ç d>. Oraida
por uma força üdraíigcira; se é gramlio
destro i-se por um vicio intento.Esse diinIo irrnnvL-n ienk contamina igual menu- us democracias c a*. ctrisWÇfasiaH, st■ •.‘rtn clus boas ou más. O mal esiã na própria coisa; nada lià quü o poss.i re mediai
A wi. Iià r̂tmdu'< indicio. ik que us 1m itiens icrIam euln nhn^iuios a viver njirtprc sob0 governo de tim so sé flao LÍrésMiiti imugi nado um tipo >lé txinsLttuiçüo que possui iodar, as vantagens internas do governo rt;putilidania-
d a liaria ..Merna da rmmarqLua. Ke(in>mt- ii rcpúMícu federativa.Lsia forma de goverm C- mn.i convenção
pela fjuíil vários cornos polacos consentem em tomar-se cidadãos de uin lôsutdo itunwc que querem formar. £: uma sociedade de sochida des. que dela f-'U.cm nmn novn. que puiie ser aumcniudii pçlíi união de novos associados.
F-cn.im essa?. «.ssiicj ações quv, tlyruruc UUllo rempn. fi/eiam florescer o corpo «J:i (ireeici
Através Jelus os romariLi-. amaram o univçr
so, e somente .iiravés delas o universo d der
Jen-sc uintra cies: c. quantia Knma utinpi o
iipii.» d« poderio. foi flor do nutroluüo elo Danúbio c Ji.i Rentí. associações que o
icirnr tmrsiruíM, quv os bárbaros piidnrnm resistirL graças u uns a& oci ações que a H olanda ,i Alçniiuiha í ai Ligas Suíças são encarada*. 11a Europa, eomti republicai, eternas.
A-. usüreijMfões das cidades. ouicj-io, L.ron;
1 l:la < LompobUL de aproíimAdatriCíllf CiriiiiittHa
repúblicas, todas diferente: uma das mnris. Etaf
<}*•': fV. ir,',;tvj/-í 'rl,'r-, píM ! a a i i m IM, J .V I
mais mcee.s&àfaíis do que uiu&tmenw. Uma <cL
d ade debii corria os maiores perigo* A con
quisfp faria-lbe perder nãn m* mente >■ poder executivo c legislativo. >ul vomn acontece In ve.
eoitio .líiuJíi ludu o que lul dc propriedade Clltrc
m bomaiis^,Esse tipo dc república, capa:/ dc rusisiir à forca exterior, prtdc manter se cm Mia rrnn dcK.n sem que n inltrinr se corrompa: a forma
elcssii wicí-edudc previne uuJ ís* os incormunicntsN.Q uviú prvtciiücssc usurpar dificilmente pu der 111 strr acreditado cm (Oitos os K ix ln s
confederudov. Sr w lum.iosc iiiLiiiii po«Eçiovo ei* esm, alurtuuria. todos on dcimns: sç -iubju h:wmí uma parte, u que :tind;L estivesse livre poderio resistir com forças iniícpcwWic-. djo. que estariam usurpadas c vcncc Io antes que livcvsc itcab«l(idc tsltibutcocr-sc
S-r «pi.dqticT .edí̂ -fui w om - -.c cm um do*
membro,-, coiiicder.tdiis. os outros poderíam
npa/ítiuà Io. Sc ubuMís se imrodityisscm ont ul
Ktií” .’» pajóc. scriiim corrigidos pt-Jas oiuriis panes sLidia.s. I ■ sic Estada ptjderia pcrcccr rktnvn das parte-, sem que : i . i1cni..iv i.irubvm
fiercLi ,*.cmr, 1 cs-nfL-Jcraçiiit poderíu Scr disso I
vídn permanecendo os confederados vohcru
nov.Composia dc pcquciuis rcpúblJcii-s. f it a r ia da benignidode do governo imerno de cada
uma e. no que diz respeils» ar exterior, teritu,
r«-*la força da associEtição. tildas as vantagens das ?.randes mannrqtnaí .
•' Liberdade civil. bens. mulheres, crianças, tem pli'i c li jicópn» svpaliü 1 a . . » . Oi 1 ,\,i
C apítulo II
D e c o m o a c o n s titu iç ã o fed eral deve ser
c o m p o s ta d e E s ta d o s d a m e sm a n a tu r e z a ,
so b r e tu d o de E s ta d o s r e p u b lic a n o s
O s canancus foram destruídos porquecortk Utusíam pequenas monarquias que não csüivajT) confederadas c que não sc defenderam eomun tamente. Ê que a confederação não e da natureza das pequenas monurquuv.A república federativa da Alemanha com pòe-sc de cidades livres c à è pequenos Estado* submetidos a príncipes A CHpcrtOlCia demonstra. que ela é mais imperfeita tio que a da KoiJiílda e a da Suíça.O espirito da m oonrquifl c n guerra c 0
enerzindccímcniu: <> espírito da república c n par c h moderação 1 ssçs dois tipos de rover m ii só podem subsistir mima república federa uva de tnoílo anormal.Desta maneira, vemos tia Instaria romana
que. quando os 'retos escolheram um rct. Iodas as pequenas repúblicas da Toseaníc3 os aban donaram. Na Urecia. tudo malogrou quando os reis da Maccdònia obtiveram um lue.ar entre os íBlflctiõcs 4.A república federativa d.x Alemanha. com posta de príncipes e cidades livres, subsiste
porque possui um chefe B que é. por assim dizer. c mapr.sifado lIu umao «, por assim dtrer. n monarca
' U a í h f c m t í ' Muetesqjicu eisitrtitk' sempre, psur
I nseuruL a lúniria" Deputados I , listados ironicdcríulo...mem bra. das Itpns jtnfictiótticas. (N. dos T B bsto eíicfc era n imperador.
C a p i t u l o III
Outras coisas necessárias na república federativa
V i república d:t Holanda, urti;i província iuki ptxlc estabelecer umn aliança vtm u corscmiiuiéino das dem ais11. Hss» c umn lei
muno bou r mesmo necessária mi rcpúblieti federativa. F.la mio existe na constituição gçrmánicn. onde preveníria n*. desgraça* que podem ocorrer t> Indo . H‘. membro I petüimprudência, pela am bíçio ou pela avareza de
cad;t um. A rupúhltça que se une u uniu unnfç dcrnçâo política, enuegu ve truciramcnit c nada mais. tem u erire^ar
£ ditTeil que Eslndo.s que .c assueium
possuam n mesma gr ando: a c qm poderib igual. A república dos ticios' cru unut associa çâo composm de viülte í ires cidades: as mnío res pu»Hti»ri, no conselho comum, direito a
* Uixac coniesray «se pviUu, iDOMAndo as Quau
U m e s J u r a P u N ir i de Hymtersrnwi:*
3 lAirabàü. tív. XIV, (N do A.t
Ires votos: as medíocres. dois votos: e ar. pequena i. um, A república da Holanda csiá formada por sete províncias, grandes nu pequenas, possuincío.cada previnem, um votoAs cidades d:l Licia* pagavam tributos Je acordo vnm os sufrágios. A-, província-, lioluft devas não podem «laiielcccr esta proporção: c necessário tfiiç estabeleçam de acordo com vçu poderio.Na Licia", os juizes c os magistrados das cidades eram eleitos para o conselho com um na proporção que acabamos de diz.çr. Na repv blica da Holanda, eles uno são cknos para o COnselllii comum c cada cidade nomeia seus magistrado Se IVvüsc preUs-u uprcscrtUu um modelo de umn bela republica fçcteralivtt. oíe recei ta o da república tia U cia
13 Ibid. (N, dn A.)11 ibid. (N. do A.)
D O E S P I R I T O D A S LF.T5 II 129
C a p i t u l o IV
Com o os Estados despóticos garantem sua segurança
D a mesma maneira como as rcpjbHcas gnrnníem sua segurança. unindo-se, pa Furtados despóticos garaniem-na. separamlo-rSc e man líndo-se. por assim doer isolados. Sacrificam uma parte do país. devastam as fronteiras c tornam-nas desertas: o corpo do império tor na se inacessível.
Admite-se. em geometria, que. quanta mais
os corpos st emendem, mais sua circunferência
torna se rdaitvamcnte pequena. hsia prática
de devastar a$ fronteiras é. portanto. mais tale
rãvcl nos r̂uiidcs Estados do que nns rnedio-
eres.
Bssc Estado comete eonira c|c próprio todo o mal que podería cumetÉT um inimigo crud_ mas um inimigo que não se podería deter.
O Estado dcxpóltao se mantém por outra
espécie de separação, que é leita CO Locando m.
as províncias afastadas nas mãos Uc um prsntripé que fica como seu rcudatãrio, A Moagó- lia. a P é r s i us imperadores da China pns suem seu fetidaiárb: e os turcos ficaram muito • ntisfctíns por terem colocado, entre « u s iní migos l eles. os tártaros. os moidavos. os valã- quios e. tnitrora, os iramálvano»,
C a p i t u l o V
Com o a monarquia garante sua segurança
Á rronttrqtiiã não se dcslrõi a si mamn
como o Estado despótico. Entrciarco. um Et.
tado cic tnmanho medíocre pnderia ser inva
dido facilmente. Etc po-.-.u-L poriam», praças
furtes que defendem suns Irniut rus. c exércitos
para proteger cssqs praças fortes. A menor
porção de território c defandídü eorrt arte.
coragent, perseverança, Os í siados despóticos imadém ciurv st; nó as monarquias ftt/cm a guerra.
As praças furtes pertencem ás monarquias,
os I- -vindos despóticos temem possuí Ias. Mnnsc atrevem n cunfiá Iris a iiinjsttêm. pois um gucti» uma ei I -.slodo c n ptíniãpc.
C a p j t u i o VI
Da força defensiva dos Estados em geral
Para que um Fstudo ttstcja C1Y1 pltrlu poderiu. LLtiTipre que sua gr:mdez:i seja tal. que exts ta umn relíiçãr» entre a rapidez com a quró se pode executar contra ele qualquer ataque c a prontidão que ele pude cniprc&ar para neutraliza b . Com o <» agressor podç atacar am qucil quer parte, é necessário que os defensores também passam defender sc em qualquer parte e, eünseqúiemerrcnte, que o F^stadú sejn de üirna nho medíocre a fim de que seja projxircionul uo grau de rapidez que a natureza ofereceu uo.s iKímens para se transpurlaruiri de um lugar a outro.A França c íl Espanha são preci^i mente do
tamanho requerido, As forças comunicam-se
tão hçm. que -t“ rranspnnjin m> primeiro
■ rrmenu) pura onde se pretendí:, os exércitos Tcuncm-se e passani rapidamente de uma fron
teira n outra e não se teme nenhuma das coisri-. que precsisnm ser executadas m m CltUi prazo.Ma França, por admirável felicidade, a capi tal liftcfmtra .se mais perto das itiferenie» fron tetras. jtm am ctut rui proporção da fraqueza deliu,, st pnitçjpc vç mcllior cada pane üt XCU país. nu medida cm que esta mats exposta10
1 1 1 Isso não deixa dc ler iis inconvenientes que vi meu.
Porem, quando um vasto E-suidu. tal e o n » i Perdia, ê atacado. são necessários vários mcsís
para. que a:» tropas dispersas possam reunirxe e ti ao sc pode forçar sus marcha durante tanto lemDü íijmci sc faj durante quinze dias 3e o exército que guarnece .Vi fronteiras é derrota do. cerUamentí ck- dispcrsar-sc ú porque suas rctLrada& não pudem ser cu n ai. O exército vitorioso. que não encontra resistência, avança rapidamente, surge diante d.» capital e esLahe kce o sítio, quando os governadores das provirtci as mal puderam ser avisados para en vtaur wocorn:. Os que julgam estar próxima n revolução apressiWHia não obedecendo mais. pois ús súditos. fiéis unicamente porque a
punição está. prrutima, eiào imnS o serão ,i pur tir do rmimenu» em que a punição está afasta
du: trabalham jror seus interesses, particulares. 0 império dissolve-se. a capital e conquistada c o conquistador dispute, as províncias aos governadores.
G verdadeiro poder de üm príncipe não çótv sistç íamo a a suu facilidade de conquistar mas r s dificuldade que há cm atacá-lo c, se assim HU5Q falar, na imuíabilidade de sua condição. Ma? o cngrandccimcnto dos Estados lhes reve Ia novos lados por omic podem ser conquista dos.Desta forma, com o.os monarcas devem agir com sabedoria para aumentar seu poder, não devem ler menos prudência a fim de Eimnâ-lo. Fltzend" cessar os inconveniente;, da pequenez, ê mister que tüaiham irm m entem inconvenientes da grandeza.
C A P 111 I O V I I
Reflexões
O s iniitfiijos de um grande piinccpv. que rei min durante longo período" . acusaram no mil vezes. anus.. creio ,pelos temores que alimenta vam t.ln que par suas razòex. dc li-r formado l-
Icvatln odtorne o projeto da moaarqum univot Mtl, Sc ele uvuxxc- obtido éniíu, nathi íurig sida mais funesto á Hu/ftpa, \ -eus antigos súditos, a c k . à sua lãffiíli:! O céu. que conhece tis verdadeirus vantagens. serviu o melhor pelas dcrroLisdO que 0 lería feito pelas Vitórias, Pm lugar de torTisi Io o unien rei da Europa, favo receu n mais, tcruando o .. míitr, podemau tli- LOdO&i
" Luís XIV,
Seu povo. que. nos piasea estrangeiros sõ se comove fior aquilo que abandonou;que. Mim dt) dc uh casa, considero a glória corno o supremo bem c. ruis pru*c* diitafiUv, como um nbsl&culci u seu retorno; que descontem a por Mioe próprias boas qualidades, porque a cltt& parece acrescentar o desprezo; que pode suportar o.s Im m em es. as perigos c as fadigas, mas não u perda d< seus- prazeres: que nada aprecia inntu como sua alegria, c sc consola de uma batalha perdida louvando o general, Jiunc;i ti-r ia chegado até u fim de urra emprega.
que nào pedç falhar num país sem falhar um
mtlus us demais. nem falhar u m m o m e r t o sçm
Idlhitr para sempre,
C a p ít u l o V III
C a s o e m que a fo rça d e fe n siv a de u m
fcstado è inferior à su a fo r ç a o fe n s iv aDisse o Senhor 4e Ctniey ao Kci C a rlo s 13 “ que os ingleses nunca foram ü o fracos nem
tirv fiecís dé sex vencidos Com» cm Seu pais” .11 No fim Ju seu reinado ( J J& F J3UQ), Carlos V conseguira a quase camplcta expulsão dos ingleses
do icrritóric- franccs. {N- do h t
íi o que sc dizia dos romanos; foi o que os carLagiije&cs experimentaram fazer; é o que sucederá a toda poièncsa que enviar crtérciSOs para longe a run de reunir, pçla força da disci plinu e do |Kider militar, os que estão divididos enirc s3 por interesses pnliticoeou f»VÍ3. O Es
D O F& PJRÍTO DAS LF1S H 13!
tada acha sc enfraquecido pnr eausíl. do mal que subsiste sempre, e e ainda enfraquecido pelo remédio.Á máxima tk> Scntrui de Cuuoy c u m a m e
çào a regra gerul. quo crisma que não sc empreendam guerras longínquas, e esta e * « - çân epníirrna bem a rc&ra. vísto que sõ se aplica àquctc-s mesmos que a violaram.
C a f i t t j l o I X
D a Força relativa dos Estados
toJ.L grandeza, toda [orça, lodo poderio c rdativo. F mister tomar cuidado para que, no sc procurai aumentar a grandeza real. não se d iminua a jtrantleítu relativa.Feios meados do reinado dc Lu ir X IV . aF ra n ça atingiu o |>uitlo rtiaib alto de sua ir.ru.ri dc7.á rclíitivi. À Alemanha não pmsuin ainda
os grandes imuiarcns que postcriormctlte possuiu, A Itãlia estavn no mesmo caso- A Uscó- eia c a Inglaterra nao formaVatsi um corpo de uionsirquia. Á n c íu t nàn caiava unido a Casie Ia: ns fiartcs separadas da Espanha estavam enfraquecida!; pnr isso c enfraqueciam 11a A Mosuôviu rum era mais eonhcctdn na Lnrapa do que uã Críméia.
C a p i t u l o X
Da Fraque?:* dos Estados vizinhos
Quando sc tem pot vizinho um l^udo que sc cnatruni em dccndíiKiV \ deve-se afuièr de apressar sua cuia a. porque «r rsiá. n c vi.v res peito, nct mais feliz silvarão, iiudir havendo dc
' Supir. st qic MorlLCitquieu cMivcmc aqui refc rinckfsu .í EipanDa
mais cumudo pum um príncipe que estar juntodt! otJLríi t|tií rceçbít por d ç lodn:- os pvs vivndOh iís uliriifes da Inriuna, f raro que, pdaconquista dc Tíd Hsintkj. se aumento tanto rmpoder efetivo quanto sc pvrikn cin ptidcr rdfilivu.
LIVRO DÉCIMO
DAS UEÍS EM SUA RELAÇÃO
COM A FORÇA OFENSIVA
C a p i t u l o I
Da força ofensiva
A força ofensiva c t egu W a pes» direito das gentes, Lf-uc C a lei política da^ nações. considera l3us na relação que possuem entre si.
C a p í t u l o l l
D a guerra
A vida dos Estados c como a dos humens. tísics icrn direito de matar em c;lw dc defesa natural: aqueles têm direito de f.n/cl .1 &ticrrn p:ir:i a --ua própria conservaÇÃO.No caso de defesa u.itural. tcnlto direito de matar porque ininbri vida me pertenefc, in n » n vida da que m t ataca Jhc pertence: do inculto mudo. um írstudo faz a guerra porque sua conscrvaçic £ justa como qualquer ouira çornscrviação.L:nirc cidadãos, u ditcíio Ue defesa natural fláo sé rdaciona com a necessidade de ataque, Etfi lugar de maçar, basta recorrer nos tribunais» St» podem, portanto, exercer 0 direito desta detona em casos momemâneos em que seOytariB perdido '.v sc tí<pcm .-,e «» uuxíüo dar*leis. M as, cm ire sociedades. 0 dirtttodc defesa natural acarreta, ulsumíis vúscs , a necessidade dc atacar, quando um povy vc que uma pa* mais. lonua poria o tiuiru cm condição do
destruído, s que o ataque «, neste caso. o ànieo meio de impedir esta destruição.U isyj resulta que ns pequenqs sociedades tc it 1 mais Jimitide n direito de ptierrerir do que as grandes, porque e«stSo nmis oonsianlcmcntc no caso dc umer ser destruídas.O direito dc guerra decorre, portanto. da neCcvãdsidc c dn justo exato. Sc in. que dirtp,em uanscicrtuiii ou conselhos dos príncipes não sc nem a Isso, tudo está perdido: c. quando nos baseamos cm princípios arbitrários dc glória,- conveniência, utilidade, ondas dc san ítuc inundarão a lerra.Sobretudo, que não sc fale du ylória do prin cipe: sua gloria >criu fvcu orgulho; é uma p:iixào c iiiiu uns direito tejüUmo.Verdade é que a reputação de seu poder podería aumentar as forças dc seu Estado. mas
.1 rcpuLâi,iUi ilc xuu justiça também as aumen
una.
C a p i t u l o 111
D o direito dc conquista
Du direito da guerra decorre o da conquista,
que lhe c consequente: deve. portnnto, Scyuir
ISc o espírito.Quando ujti povo c conquistado, o direito que o conquistador tem sobre ele obedece a
quatro yencros dc lcÍS-; u lei da Natureza, que determina que tudo tenda para a Conservação das espécies; a lei do saber natural, que deter mina que façamos aos cuuroã o que queremos que nths façam; a lei que foftílu a.s sociedades
políticas, que são de tal ordem que a Natureza não llies Iimitou a duração; finatmente, a íci extraída da própria corsa, A Conquista ê uma aquisição; o espírito de aquibição traz cunsigo o de conservação c de usufruto, e não n de destruição.Um Fitado que tunquisl<m ouiro trata ci de urna das quatro maneiras seguintes: continua a governá-lo segundo suas tei* <£ ró toma para si o exercício do g.uvcríío polisico e civil, ou lhe dá nuvo governo político e civjt; ou dçslroi a sociedade c a dispersa em outra: ou. enfim, extermina todos □ .<* cidadãos.O primeiro modo è conforme a direito das gentes t|ue observamos atualmente-, o quario é mais conforme aa direito da_s gentes dos roman o s1 4. no que deixo para julgar até oue ponto nos tornamos melhores. F necessário, aqui. render homenagem u nosír*» tempos modernos, a razão presentes ã religião de lioic. á nosso filosofia. a nossos cnslumcsO s autores de nosso direito público, baseados na;. binárias MJItigaS, tendo Silício dos cavus rígidos, incidiram em grandes erras. Opinaram arbitrunnmeme; presumiram nus conquistadores um útreito, nao sei qual. de matar; o que lhes fez inferir 0011 sequências Icrrívds. como o princípio Jv cstabclççei um vimas que n.v próprios conquistadores. quando liveram um mínimo dc juízo, jamniK üeiqiJrum. r evidente que. uma vez consumada a conquis in. • ► cuuquiModor perde o diicrto de mavar, já que iuic> se i í b u mais de dcfevi natural e dc Sua pmpn.i Cónservação,
O que os ftíá pensar desse modo loj rcrcn acreditado que n conquistador linha dirdto de destruir :i sociedade; dc iindc concluiram que linhu o dc destruir os homens que .1 compòqm,0 que ç consequência fáljcamcnte deduzida J c um principio falnü; pois. pelo fato dc ser uni quiladn :i sociedade, não decorre que íis hn mtns que u formam devam também ser nniqui lados. A sociedade é a união dos homens euão os Immcns; o cidadão pode desaparecer. e o hnipem iiibsísjir,
1 " i [4 tqui unis sixiemaitxaçna nuitlci bem (Vim para legitimar n ,'mema: os romniius nar» cxtemii nantiu ludo nos lujsajus que conquistar um.
Do direito de matar na conquista, os políticos inferiram o de reduzir á escravidão, mas a consequência é tão mal fundamentada quanto
0 principio.Não se tem o direito de reduzir ;i servidão, a não scr quando isso è necessário para a conservação da conquista. O objetivo da cem quista ií- a conservação; a servidão nunca c i> objetivo du conquista, mas pode acontecer que sejuum meio necessário para a conservação.Ncste caso. o contrário à naLuruza da coisa que csut serv idão seja eterna. È necessário que
0 povo uscravivado possa tomar sc sudiio. A escravidão na conquista c coisa acidental. Quondu. depois dc certo tempo. todas as par ;es do Jõtlrido