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FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANIDADES 
CURSO DE DIREITO 
DISCIPLINA DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
AULA -1 
OS LIMITES MATERIAIS DO PODER CONSTITUINTE 
Tópicos: 
Limites transcedentes; 
Limites imanentes; 
Limites heterónimos. 
 
Introdução 
Do ponto de vista lógico, o poder constituinte é anterior e superior aos 
poderes constituídos clássicos, designadamente, legislativo, executivo e 
judicial. 
Cabe ao poder constituinte definir e enquadrar formal e materialmente os 
poderes constituídos, os quais só podem agir dentro das normas e 
princípios constantes da Constituição formal. De todo o modo, o poder 
constituinte não é absoluto no sentido de colocar na Constituição quaisquer 
regras, pois está sujeito a limites. 
 
 
 
 
Esses limites podem categorizar-se em transcendentes, imanentes e 
heterónomos. 
 
1. Limites transcendentes 
“São os que, antepondo-se ou impondo-se à vontade do Estado (e, em 
poder constituinte democrático, à vontade do povo) e demarcando a sua 
esfera de intervenção, provêm de imperativos de Direito natural, de 
valores éticos superiores, de uma consciência jurídica colectiva
1
”. 
Dentre os limites transcendentes, podem apontar-se os relativos aos direitos 
fundamentais imediatamente ligados com a dignidade da pessoa humana, 
por exemplo, o direito a vida, a liberdade de crença, a liberdade pessoal, a 
igualdade de tratamento, etc. 
Assim o poder constituinte não pode conceber uma Constituição formal 
que preveja, por exemplo a escravatura, a desigualdade entre os seres 
humanos, sob pena dessa Constituição ser inválida e ilegítima. 
 
2. Limites imanentes 
 
1
 MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional: constituição e inconstitucionalidade. Tomo II, 3ª 
edição, Coimbra Editora, 1996, pp.107. 
São os que “decorrem da noção e do sentido do poder constituinte formal 
enquanto poder situado, que se identifica por certa origem e finalidade e se 
manifesta em certas circunstâncias. 
2
. 
São limites ligados à configuração do Estado à luz do poder constituinte 
material ou à própria identidade do Estado de que cada Constituição 
representa apenas um momento da marcha histórica
3
. 
Integra limites relativos à soberania do Estado, as vezes, à forma de Estado 
e à legitimidade política em concreto. 
 
3. Limites heterónomos 
Os limites heterónomos resultam da conjugação com outros ordenamentos 
jurídicos. Fazem parte desses limites, entre outros: 
(i) Os que provêm das regras ou certos actos de Direito 
Internacional; 
(ii) As regras resultantes de Direito interno, quando se trate de um 
Estado composto ou complexo; 
(iii) Os princípios gerais de Direito Internacional, maxime os 
princípios do jus cogens 
Limites heterónomos de Direito internacional: correspondem a limitações 
do conteúdo da Constituição resultantes dos deveres assumidos pelo Estado 
perante outros Estados ou perante a Comunidade internacional. Exemplo, 
as regras relativas as garantias de direitos de minorias nacionais e 
 
2
 MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional: constituição e inconstitucionalidade. Tomo II, 3ª 
edição, Coimbra Editora, 1996, pp.107-108. 
3
 MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional: constituição e inconstitucionalidade. Tomo II, 3ª 
edição, Coimbra Editora, 1996, pp.108. 
linguística impostas a certos Estados por tratado de paz apos a primeira e 
segunda Guerra mundiais. 
Limites heterónomos de Direito interno: fazem parte desses limites, as 
regras sobre a união federativa, por exemplo, uma vez que os Estados 
federados devem respeitar as razões da sua existência como federados e o 
Estado federal deve vincular com as razoes da sua criação. 
 
Exercícios: seguirão na próxima aula.

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