Prévia do material em texto
DIREITO AMBIENTAL ÍNDICE Direito ambiental constitucional. Meio ambiente como direito fundamental. Princípios estruturantes do estado de direito ambiental. Competências ambientais legislativa e material. Deveres ambientais. Instrumentos juris- dicionais. Ação civil pública, ação penal pública, mandado de segurança individual e coletivo, ação popular, mandado de injunção ambiental. Função ambiental pública e privada. Função social da propriedade. Art. 225 da Constituição Federal de 1988............................................................................................................................................................ 01 Conceito de meio ambiente e seus aspectos. Meio ambiente natural, artificial, cultural e do trabalho. Conceito de recursos naturais e meio ambiente como bens ambientais. Conceito de biodiversidade e desenvolvimento sustentável. Significado de direitos culturais..................................................................................................................................... 05 Princípios de direito ambiental. Prevenção, precaução, poluidor-pagador e usuáriopagador, cooperação, in- formação, participação, equidade intergeracional. Princípios da tutela do patrimônio cultural. Cooperação, solidariedade, participação e informação, preservação do sítio e proteção do entorno, uso compatível com a natureza do bem, pró-monumento, valorização sustentável................................................................................................. 07 Política Nacional de Meio Ambiente. Objetivos. Instrumentos de proteção (técnicos e econômicos). SISNAMA. Estrutura e funcionamento. Lei nº 6.938/1981 e suas alterações. Decreto nº 99.274/1990 e suas alterações. Resolução do CONAMA nº 1/1986 e suas alterações (Relatório de Impacto Ambiental - EIA-RIMA). Resolução do CONAMA nº 237 (Licenciamento Ambiental). Resolução do CONAMA nº 378 (empreendimentos potencial- mente causadores de impacto ambiental nacional ou regional)................................................................................................. 10 Recursos hídricos. Lei nº 9.433/1997 e suas alterações (instrumentos de gestão). Resolução do CNRH nº 16/2001 e suas alterações. Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH)........................... 19 Recursos florestais. Lei nº 12.651/2012 e suas alterações. Resoluções do CONAMA nº 302/2002 e 303/2002. Lei nº 11.284/2006 e suas alterações (Gestão de florestas públicas). Significado de gestão e de concessão florestal. 26 Espaços territoriais especialmente protegidos. Áreas de preservação permanente e reserva legal. Lei nº 9.985/2000 e suas alterações (SNUC). Tipos de unidades, objetivos e categorias................................................................... 37 Política urbana. Diretrizes, instrumentos e competência. Arts. 182 e 183 da Constituição Federal. Lei nº 10.257/2001 e suas alterações................................................................................................................................................................. 39 Responsabilidades. Efeito, impacto e dano ambiental. Poluição. Responsabilidade administrativa, civil e penal. Tutela processual. STF, STJ e Tribunais de Justiça Estaduais. Papel do Ministério Público na defesa do meio ambiente. Crimes ambientais. Espécies e sanções penais previstas. Lei nº 9.605/1998 e suas alterações. Decreto nº 6.514/2008 e suas alterações.............................................................................................................................................................. 41 1 D IR EI TO A M BI EN TA L DIREITO AMBIENTAL CONSTITUCIONAL. MEIO AMBIENTE COMO DIREITO FUNDAMENTAL. PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES DO ESTADO DE DIREITO AMBIENTAL. COMPETÊNCIAS AMBIENTAIS LEGISLATIVA E MATERIAL. DEVERES AMBIENTAIS. INSTRUMENTOS JURISDICIONAIS. AÇÃO CIVIL PÚBLICA, AÇÃO PENAL PÚBLICA, MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL E COLETIVO, AÇÃO POPULAR, MANDADO DE INJUNÇÃO AMBIENTAL. FUNÇÃO AMBIENTAL PÚBLICA E PRIVADA. FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE. ART. 225 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 A preocupação em conservar e proteger o meio am- biente sustentável é uma característica bastante recente, não só do brasil mas dos demais países do ocidente. De- vido as mudanças provocadas pelas ações do homem, bem como a forma que a natureza reage a essas mudan- ças, o meio ambiente passou a ser um tema amplamente debatido do mundo, pois sua preservação traduz-se na preservação da própria vida. Para evidenciar o caráter de direito fundamental da prote- ção ao meio ambiente, é importante fazer um breve histórico sobre a evolução da legislação brasileira sobre a matéria. A legislação brasileira sobre o meio ambiente natu- ral é bastante esparsa. No início, haviam apenas alguns dispositivos que apresentavam um conteúdo ambiental, como o art. 584 do Código Civil de 1916, que proibia as construções capazes de poluir, ou inutilizar para o uso ordinário, a água de poço ou fonte alheia, a elas preexis- tente; ou o Regulamento da Saúde Pública (Decreto nº 23.793/1934), que previu a possibilidade de impedir que as grandes indústrias prejudicassem a saúde dos mora- dores de sua vizinhança, possibilitando o afastamento daquelas consideradas mais nocivas ou incômodas. Mas é a partir da década de 30 que o Brasil passou a regulamentar a proteção ao meio ambiente de forma expressa. Há nesse período, a criação de diversas leis de proteção ambiental específicas, como o Código Florestal (antes era um decreto, mas atualmente vigora o Código Florestal disposto pela Lei nº. 4.771/1965), o Código das Águas (Dec. nº. 24.643/1934), assim como o Código de Caça e o de Mineração. A Lei de Proteção da Fauna (Dec. nº. 24.645/1934) estabelece medidas de proteção aos animais, e o Dec. nº 25/1937 organizou a proteção ao Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Há também um maior compromisso, por parte do Estado brasileiro como um todo (e não só o Legislativo) com questões ambien- tais, com sua participação na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo em 1972. No ano seguinte, temos a criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA). Na década de 1980, percebe-se um grande impul- so da legislação ambiental, produto dessa mudança de conduta que o Estado brasileiro passa a apresentar. O ordenamento jurídico, até então, tinha o objetivo de pro- teção econômica, e não ambiental. São quatro os mar- cos legislativos mais importantes: a Lei nº. 6.938/1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação; a Lei nº. 7.347/1985, que disciplina a ação civil pública de res- ponsabilidade por danos causados ao meio ambiente. A Constituição Federal de 1988, que abriu espaços à partici- pação/atuação da população na preservação e na defesa ambiental, impondo a todos o dever de defender o meio ambiente (art. 225, caput) e colocando como direito funda- mental de todos os cidadãos brasileiros a proteção ambien- tal determinada no art. 5º, LXXIII (dispositivo que regula a Ação Popular). Finalmente, temos a Lei nº. 9.605/1998, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Atendo-se ao conteúdo constitucional da referida matéria, o caput do art. 225 da CF/1988 deixa bastante claro o caráter de direito fundamental do meio am- biente, ao dispor que “Todos têm direito ao meio am- biente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo- -se ao poder público e à coletividade o dever de defen- dê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Observe que o Texto Constitucional também faz menção ao conceito de sustentabilidade, isso é, o ato de preser- var um meio para que as próximas gerações possam usu- fruir dele da mesma maneira. A proteção ao meio ambiente é conside- rado um direito difuso. Issosignifica que o direito ao meio ambiente é uma garantia atribuída a todas as pessoas, sejam elas brasileiras ou não, e as eventuais preten- sões de tal garantia podem ser pleiteadas por ações coletivas (um grande número de pessoas indeterminadas). Os direitos difusos são característicos dos direitos humanos de Terceira Geração, pois são aqueles direitos que extrapolam os limites territoriais de cada Estado, e são conferidos amplamente, para toda a humanidade usu- fruir. Outros exemplos de direitos difusos: direito a paz, direito ao desenvolvimento urbano, etc. #FicaDica PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES DO ESTADO DE DI- REITO AMBIENTAL A atual sociedade, marcada pela concomitância dos riscos concretos e dos abstratos, bem como pela crise ambiental, traz consigo a necessidade de pôr em perspectiva o desenvol- vimento tecnológico e cientifico juntamente com o viés am- biental. Sabe-se que a vida humana é profundamente depen- dente e ligada aos ecossistemas, portanto, as consequências imprevistas das ações intencionais humanas causam efeitos impactantes na natureza. Por este motivo, defende-se a Eco- logização do Estado e dos institutos imprescindíveis a efetiva proteção do bem ambiental, como o Direito. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 2 D IR EI TO A M BI EN TA L Conforme a problemática ambiental fica mais percep- tível, evidenciando, assim, a obrigação de uma reformu- lação dos alicerces do Estado e da adoção de um modelo de desenvolvimento que considere as gerações futuras e o estabelecimento de uma política com base no uso sustentável dos recursos naturais. Surge, então, a figura do Estado de direito ambiental. O Poder Público deixa de ser mero ente passivo, e passar a ter uma conduta mais proativa por visar rever o que já está formulado e disposto, inovando, então, atra- vés do pensamento reformador de melhores ajustes do que já está estabelecido. O Estado de Direito Ambiental é o resultado de novas reivindicações fundamentais do ser humano e é caracterizado pelo destaque que confere à proteção do meio ambiente. É o emprego do princípio da solidarie- dade econômica e social com o objetivo de atingir um desenvolvimento sustentável, orientado para buscar a igualdade substancial entre os cidadãos, através do con- trole jurídico do uso racionais do patrimônio natural. É importante ressaltar que esse conceito de estado de direito ambiental é puramente teórico, uma formula- ção abstrata que se projeta no mundo real apenas como dever ser. Porém, ele apresenta relevância pois sugere maior percepção sobre a crise ambiental e as exigências da sociedade moderna. O modelo de estado de direito ambiental, ainda que tenha natureza teórica, ele compreende uma gama de princípios estruturantes, quais sejam os princípios da so- lidariedade, da sustentabilidade, da precaução e da pre- venção, que formam uma política ambiental. Objetiva-se, portanto, verificar como eles se mostram frente as neces- sidades de novos modelos dos quais devem-se valer os Estados para superar a crise ambiental. Em linhas gerais, acredita-se que eles podem facilitar a interpretação de aspectos complexos do tema. O princípio da solidariedade gera a obrigação de relacionamento entre diversas gerações e espécies de vida, de forma que a temática fica complexa. Diante disto, percebe-se que a sustentabilidade é um desdobramento do citado princípio, haja vista que é um valor captado de maneira indutiva da crise ambiental e da sociedade de risco. O modelo sustentável, marco constitucional que abrange diversas áreas do conhecimento, resta funda- mentado no desenvolvimento econômico, na equidade social e no equilíbrio ambiental. Com efeito, o conceito de sustentabilidade informa que este é um princípio constitucional que define, inde- pendentemente de disposição legal, com eficácia direta e imediata, a responsabilidade do Estado e da sociedade pela efetivação solidária do desenvolvimento material e imaterial, socialmente inclusive, durável e equânime, ambientalmente limpo, inovador, ético e eficiente, com vistas à garantir, de forma preventiva, para o presente e futuro, a harmonia de todos e seu bem-estar. O princípio da prevenção é aplicado nos casos em que a ameaça constatada é certa, ressaltando que de- vem existir subsídios seguros para se concluir que de- terminada obra ou atividade apresenta consequências prejudiciais. É possível, portanto, aduzir que a prevenção se volta para o momento anterior ao dano e elucida os objetivos do Direito Ambiental. Prevenir significa agir antecipadamente. Sem infor- mação organizada e sem pesquisa não há prevenção. O autor prossegue e ensina que: a prevenção não é estatís- tica; e, tem-se que atualizar e fazer reavaliações, para po- der influenciar a formulação das novas políticas ambien- tais, das ações dos empreendedores e das atividades da Administração Pública, dos legisladores e do Judiciário. Já o princípio da precaução tem incidência quan- do não se tem informação científica suficiente, de forma que reste caracterizada a possibilidade de danos sobre o meio ambiente, a saúde das pessoas, dos animais e ou das plantas, ainda é necessário que os efeitos sejam graves e incompatíveis com a proteção adotada. Dessa forma, esse princípio visa trazer procedimentos para ra- cionalizar a decisão durante a etapa de incertezas. Seu escopo principal é, então, amenizar os custos da experi- mentação, de forma que é comum sua aplicação quando se trata de aquecimento global, engenharia genética e organismos geneticamente modificados. COMPETÊNCIA MATERIAL E LEGISLATIVA DE DI- REITO AMBIENTAL É importante traçar quais são os entes competen- tes para criar normas e políticas públicas de proteção ao meio ambiente. As primeiras são denominadas competências legislativas, e as últimas são denomina- das competências materiais. Adentrando no ponto da competência constitucional especificamente sobre meio ambiente, em um primeiro momento dever-se-á fazer abordagem à competência administrativa (material) comum constante do artigo 23, incisos VI e VII, visto que por muitas vezes é confundida com a competência legislativa, até mesmo pela doutrina. Dispõe o referido artigo que: Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: [...] VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; Competência comum, cumulativa ou paralela é aque- la que é conferida simultaneamente às entidades políti- co-administrativas. Significa que a união, os estados, o distrito federal e os municípios devem cooperar na exe- cução de tarefas e objetivos que lhes são correlatos. Portanto, a competência prevista no artigo 23, incisos VI e VII, da Carta Magna, trata da permissibilidade cons- titucional para que todos os entes possam, cooperada- mente, organizar-se administrativamente e reger o meio ambiente cujo interesse lhe alcança. O motivo ensejador da competência delineada no artigo 23 é a tentativa de desburocratizar, descentralizando os encargos relativos ao meio ambiente, objetivando o fim último de atuações efetivas conjuntas entre os entes públicos, com vista a resultados expressivos. A inclusão dos municípios como competentes para defender o meio ambiente há de ser enfatizada, visto que lhes foi concedida autonomia para, junto aos demais en- tes federados, instrumentalizar políticas públicas, coope- user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 3 D IR EI TO A M BI EN TA L radamente, em contraponto ao individualismo político. A competência material para dispor sobre meio ambiente possibilita aos entes administrarem suas riquezas natu- rais e defenderem seu ecossistema, com o apoio, mes- mo que em tese, dos demais entes. Diz-se em tese, pois na prática a cooperação não é tão fácil de se concretizarcomo o poder constituinte originário previu. Os Municípios apresentam um rol de competências próprias, previstas no artigo 30 da CF. Apesar de ser um rol pequeno, quando comparado ao da União, devemos fazer uma análise em conjunta desse dispositivo com o das competências materiais comuns. O artigo 30, em seus incisos I e II, da nossa lei maior, guardou competência aos Municípios para, respecti- vamente, “legislar sobre assuntos de interesse local” e “suplementar a legislação federal e a estadual no que couber”. Há uma discussão na doutrina sobre o signifi- cado da expressão “interesse local”, e qual o motivo de ter substituído a expressão “peculiar interesse”. O mais importante é que o Município possui uma atuação pre- dominantemente local, e busca atender as necessidades apenas daqueles que vivem concentrados em seu territó- rio. Sua atuação é, portanto, muito mais concreta do que a dos demais entes federativos. Esclarecida, portanto, a possibilidade do Município legislar sobre meio ambiente, dentro de seu interesse local e sem contrapor normas e regulamentos federais e estaduais, guarda grande importância o estudo introdu- tório da competência para dispor sobre direito minerário. Como constatado, considerando a competência co- mum material do artigo 23, incisos VI e VII e a concorren- te, prevista no artigo 30, incisos I e II, ambos da Constitui- ção Federal, concluiu-se pela possibilidade do Município legislar sobre meio ambiente. Todavia, o direito minerário, em que pese perfazer espécie pertencente ao direito ambiental, possui dispo- sições específicas. Com efeito, o art. 20, inciso IX, da Constituição Fede- ral, traz à baila que entre os bens da União encontram-se “os recursos minerais, inclusive os do subsolo. Somado a isso, o art. 22, inciso XII, também da Carta Magna, ex- põe que “compete privativamente à União legislar sobre jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia”. Ou seja, apesar da competência concorrente para legis- lar sobre meio ambiente, especificamente sobre recursos minerais, a União conta com competência privativa. A disposição expressa do Artigo 176, do mesmo re- gramento, vem corroborar: “As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e perten- cem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra”. Ainda neste artigo, o § 1º apresenta imprescindível redação ao prescrever que o exercício da atividade minerária exige autorização ou concessão da União, relativamente a cada caso. Com isso, é interessante levantar um questionamento sobre a possibilidade do Município ter competência para legislar sobre o exercício da atividade minerária, ainda que em caráter suplementar. A resposta parece estar pre- sente no Texto Constitucional, em seu artigo 224, § 4º: “A superveniência de lei federal sobre normas gerais sus- pende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário”. Com isso, pode-se concluir que não existe uma hie- rarquia entre a legislação federal em relação a estadual, ou municipal, ou distrital. De fato, havendo conflitos en- tre leis federais com leis estaduais e municipais, não há que se falar em sobreposição de uma sobre a outra. Não se trata de caso de ilegalidade, mas de inconstitucionali- dade. Por isso que o Texto Constitucional dispõe sobre a suspensão da eficácia da norma, ao invés de revogação da mesma. DEVERES AMBIENTAIS: OS INSTRUMENTOS JURIS- DICIONAIS De nada adiantaria se o Texto Constitucional procla- mar direitos sem afiançá-los por meio de garantias, disso dependendo a própria força normativa da Constituição. Utiliza-se a expressão “remédio constitucional” para de- signar uma espécie de ação judiciária que visa proteger uma categoria especial de direitos públicos subjetivos, as chamadas “liberdades públicas”, ou os direitos humanos fundamentais. As garantias constitucionais, assim, são instrumentos que, embora se assemelham aos próprios direitos huma- nos constitucionais, com eles não se confundem, pois são meios de concretização daqueles. Se a Constituição apresenta, por exemplo, o direito constitucional de livre locomoção (art. 5º, XV, CF/1988), ela também apresenta um instrumento hábil a concretizar tal direito, como é o caso do habeas corpus (art. 5º, LXVIII, idem). Esses “re- médios” são meios de reclamar o restabelecimento de direitos fundamentais violados. A apresentação desses remédios constitucionais, em regra isento de custas, tem por fundamento o que deno- mina-se direito de petição. Não se trata de uma ação judicial específica, mas consiste na garantia atribuída a todo e qualquer cidadão de apresentar petições junto ao Poder Público, o qual é obrigado a dar uma resposta ao seu pleito. O direito de petição é característico de um Estado de Direito. Passaremos a ver esses instrumentos jurídicos, sob o enfoque da matéria de direito ambiental. Na Carta Magna podemos encontrar a previsão de di- versos remédios constitucionais, que apresentam status de ações judiciais. Entre eles destaca-se: A) Mandado de segurança individual: tem previsão no art. 5º, LXIX, da CF/1988, embora também seja regulamentado pela Lei nº 12.016/2009. O manda- do de segurança é o remédio constitucional impe- trado para proteger direito líquido e certo contra ato ilegal ou que seja clara manifestação de abuso do poder pela autoridade coatora, quando não for cabível o uso do habeas corpus ou habeas data (critério residual). Assim, não é cabível mandado de segurança para proteger o direito de locomo- ção, e muito menos para tutelar direito de aces- so à informação. Denomina-se “direito líquido e certo” aquele que não exige prova mediante pe- rícia ou testemunha, apenas com a apresentação de um documento pode-se verificar sua existên- user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 4 D IR EI TO A M BI EN TA L cia. O mandado de segurança deve ser impetrado até 120 dias do ato resultante de abuso de poder ou ilegalidade, não havendo esse prazo quando se tratar de mandado de segurança preventivo, o qual se entende por ser aquele impetrado quando há receio de abuso de poder ou ilegalidade por parte da vítima. B) Mandado de segurança coletivo: apresenta as mesmas condições para sua impetração do man- dado de segurança simples. A única diferença con- siste no fato de que trata-se de uma medida que tutela direitos coletivos ou difusos. Nesse caso, os detentores do direito não é apenas uma pessoa in- dividual, mas qualquer grupo de pessoas, todas na mesma condição de vítimas de abuso ou ilegalida- de. Segundo o art. 5º, LXX, da CF/1988, o mandado coletivo pode ser impetrado por: a) Partido políti- co, desde que possua pelo menos um represen- tante no Congresso Nacional; ou b) Organização sindical, entidade de classe ou associação, na defe- sa dos interesses de seus membros ou associados, sendo para isso exigido que a associação seja le- galmente constituída e esteja em pleno funciona- mento há pelo menos um ano. C) Mandado de injunção ambiental: o mandado de injunção, nos termos do art. 5º, LXXI, da CF/1988, será concedido sempre que a falta de norma regu- lamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidada- nia. A presença da omissão do Poder Legislativo, sobre a regulamentação de tal direito, é condição essencial para sua proposição, mas o objeto princi- pal do referido mandado é a pretensão (pleito) do mandante. Qualquer pessoa nesta situação pode ajuizar o mandado de injunção. Não confundir com a ação declaratória de inconstitucionalidade por omissão (ADO), característico do exercício do controle de constitucionalidade concentrado, o qual não envolve a decisão sobre um caso concre- to. D) Ação Civil Pública: A CF/1988,em seu artigo 129, inciso III preceitua que cabe ao Ministério Público promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos. Mesmo não estando elencada entre as garantias constitucionais do art. 5º da CF, a ação ci- vil pública vem se transformando em um poderoso meio de combate às lesões dos interesses difusos e coletivos. E) Ação Penal Pública: se estamos diante da ocor- rência de um crime (a Lei nº 9.605/1988 trata so- bre os crimes ambientais e será objeto de nosso estudo em momento posterior), o Ministério Pú- blico também tem um dever de atuar (art. 129, I, CF/1988) para que os autores sejam devidamente responsabilizados. Os crimes ambientais, em regra, estão sujeitos a serem denunciados mediante in- terposição de ação penal pública, independente de representação das vítimas do ocorrido. F) Ação popular: conforme dispõe o art. 5º, LXXIII, da CF/1988, qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultu- ral. É um instrumento que também visa proteger direitos coletivos e difusos, tal qual a ação civil pú- blica, cuja diferença é o rol de legitimados: a ação popular pode ser proposta por qualquer cidadão, enquanto a ação civil pública é competência ex- clusiva do Ministério Público. Aquele que propõe ação popular é isento de custas judiciais e ônus de sucumbência, salvo comprovada má-fé. FUNÇÃO AMBIENTAL PÚBLICA E PRIVADA “Função” é o dever de satisfazer necessidade no in- teresse de outrem. O Poder Público, como um ente ga- rantidor das liberdades e demais direitos humanos, deve buscar satisfazer essas necessidades da população, co- locando-se em uma relação de superioridade em com- paração com os entes da esfera privada. Dá-se a esse fenômeno o nome de “função pública”. Dessa forma, a função pública ambiental traduz-se justamente nisso: é a atuação do Estado, de forma posi- tiva, que tem por escopo satisfazer as necessidades am- bientais de seus governados, pois tais necessidades são consideradas de interesse público. Sobre a matéria ambiental, dispõe o caput do artigo 225 da Constituição que “Todos têm direito ao meio am- biente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo- -se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê- -lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações”. Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público, na forma do § 1º do art. 225, almejar os seguintes objetivos: preservar e restaurar os proces- sos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscali- zar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencial- mente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; controlar a produção, a comercializa- ção e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; promover a educação ambiental em to- dos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; e também proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a cruelda- de. Esse grande rol de atribuições fazem parte da função ambiental pública, uma vez que são ações que tem por ponto de partida uma atividade estatal. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 5 D IR EI TO A M BI EN TA L Considerando o grande grau de importância da ma- téria, bem como os danos irreversíveis pela não preserva- ção do meio ambiente sustentável, é evidente que o Es- tado não tem condições de atuar, sozinho, para satisfazer as necessidades de todos. Por isso, confere-se liberdade para que a iniciativa privada (empresas) possa, também, atuar na gestão ambiental. O objetivo maior da gestão ambiental deve ser a busca permanente de melhoria da qualidade ambiental dos servi- ços, produtos e ambiente de trabalho de qualquer organi- zação pública ou privada. A busca permanente da qualida- de ambiental é, portanto, um processo de aprimoramento constante do sistema de gestão ambiental global de acor- do com a política ambiental estabelecida pela organização. A gestão ambiental empresarial está na ordem do dia da sociedade mundial, principalmente nos países industrializados e também nos países considerados em desenvolvimento. A empresa é a única responsável pela adoção de um SGA e, por conseguinte, de uma política ambiental. Só após sua adoção, cumprimento e confor- midade devem ser seguidos integralmente, como se ti- vessem “força de lei”. FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE Uma das grandes inovações trazidas pela Constitui- ção de 1988 diz respeito à propriedade privada, ou mais especificamente, a adição de uma faceta social. A pro- priedade não deixa de ter seu caráter privado, mas deve, também, cumprir sua função social. Esse é o comando previsto no art. 5º, XXIII, da Lei Maior. O princípio da função social da propriedade impõe que, para o reconhecimento e proteção constitucional do direito do proprietário, sejam observados os interesses da coletividade e a proteção do meio ambiente, não sen- do possível que a propriedade privada, sob o argumento de possuir a dupla natureza de direito fundamental e de elemento da ordem econômica, prepondere, de forma prejudicial, sob os interesses socioambientais. Um exemplo bastante corriqueiro de aplicação prá- tica da função social e ambiental da propriedade diz respeito à manutenção das áreas de preservação per- manente, cobertas ou não por vegetação nativa. Há uma obrigação legal imposta ao proprietário de preservar e/ ou recompor as áreas de preservação permanente, in- dependentemente de ter sido ele o responsável ou não pelo desmatamento e mesmo que jamais tenha existido vegetação na área assim classificada. A própria Constituição estabelece quando um bem imóvel cumpre a sua função social. O artigo 182, § 2º, dispõe que a propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. O não cumprimento da função social da propriedade urbana enseja na sua desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprova- da pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegura- dos o valor real da indenização e os juros legais (art. 184, § 4º, III, CF/1988). A desapropriação por descumprimento da função so- cial é também aplicável aos imóveis rurais, com a úni- ca diferença residindo no fato de que o pagamento de indenização será feito em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei (art. 185, CF). A observância do princípio da função social e am- biental da propriedade é obrigação propter rem que se prende ao titular do direito real do imóvel. Não importa, portanto, a alegação de queo atual proprietário do imó- vel não é responsável pela ocorrência anterior do dano ambiental. O mesmo raciocínio aplicado à necessidade de respeitar as áreas de preservação permanente pode ser estendido, com as adaptações que se mostrarem ne- cessárias, à imposição de averbação da reserva legal em áreas consideradas como rurais. O princípio da função ambiental da propriedade é, assim, o fundamento constitucional para a imposição coativa ao proprietário de exercer seu direito de proprie- dade em consonância com as diretrizes de proteção do meio ambiente. No atual estágio de evolução social, tor- na necessária a consolidação de uma consciência univer- sal no sentido de que a preservação do meio ambiente é condição crucial à sobrevivência da espécie humana, não se olvidando do fato de que, quando o proprietário promove o uso ordenado e ecológico de seus bens, não haverá apenas a preservação ambiental de uma área res- trita, mas sim a preservação do meio ambiente em sua totalidade. CONCEITO DE MEIO AMBIENTE E SEUS ASPECTOS. MEIO AMBIENTE NATURAL, ARTIFICIAL, CULTURAL E DO TRABALHO. CONCEITO DE RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE COMO BENS AMBIENTAIS. CONCEITO DE BIODIVERSIDADE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. SIGNIFICADO DE DIREITOS CULTURAIS. MEIO AMBIENTE NATURAL, ARTIFICIAL CULTURAL E DO TRABALHO A expressão “meio ambiente” (milieu ambiance) foi utilizada pela primeira vez pelo naturalista francês Geoffrey de Saint-Hilaire em sua obra “Études progres- sives d´un naturaliste”, de 1835, onde “milieu” significa o lugar onde está ou se movimenta um ser vivo, e “am- biance” designa o que rodeia esse ser. Apesar da ligeira redundância do termo, trata-se apenas de um aspecto de semântica. Mais do que trazer um significado, o ter- mo meio ambiente representa justamente essa mudança de consciência do ser humano em relação ao espaço em que vive, sendo difundido entre as pessoas mais simples e sendo utilizado até mesmo em organismos nacionais e internacionais. Assim, podemos afirmar que, lato sensu, meio am- biente é o conjunto de fatores exteriores que agem de forma permanente sobre os seres vivos, aos quais os organismos devem se adaptar e com os quais têm de interagir para sobreviver. Em sua acepção mais restrita, o meio ambiente apresenta-se como o conjunto de re- user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 6 D IR EI TO A M BI EN TA L cursos e condições naturais e de influências que atuam sobre os organismos vivos e os seres humanos. Está mais associado a ideia de um “meio ambiente natural”. No direito brasileiro, temos um conceito legal de meio ambiente, disposto no art. 3º, I, da Lei nº. 6.938/1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. Tal dispositivo diz que meio ambiente é “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Percebe-se que a legislação aproxima-se mais da acepção de meio ambiente natural. Dessa forma, o conceito de meio ambiente com- preende quatro aspectos, quais sejam: A) Meio ambiente natural: também denominado meio ambiente físico, é constituído pelo solo, a água, o ar atmosférico, a flora; enfim, pela intera- ção dos seres vivos e seu meio, onde se dá a cor- relação recíproca entre as espécies e as relações destas com o ambiente físico que ocupam; B) Meio ambiente artificial: constituído pelo espaço urbano construído; meio ambiente cultural, inte- grado pelo patrimônio histórico, artístico, arqueo- lógico, paisagístico, turístico, que, embora artificial, difere do anterior pelo sentido de valor especial que adquiriu ou de que se impregnou. C) Meio ambiente cultural: constitui o patrimônio cultural brasileiro, que inclui o patrimônio artísti- co, paisagístico, arqueológico, histórico e turístico. São bens produzidos pelo Homem, mas diferem dos bens que compõem o Meio Ambiente Artificial em razão do valor diferenciado que possuem para uma sociedade e seu povo. Encontra-se discipli- nado no artigo 216 da CF: Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjun- to, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tec- nológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edi- ficações e demais espaços destinados às manifes- tações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, ar- queológico, paleontológico, ecológico e científico. C) Meio ambiente do trabalho: previsto no art. 200, inciso VIII, da CF/1988, compreendido “o conjunto de fatores físicos, climáticos ou qualquer outro que interligados, ou não, estão presentes e envolvem o local de trabalho da pessoa”. Nossa legislação apresenta uma acepção bastante am- pla do referido termo, incumbindo ao intérprete fazer a de- vida adequação desse conceito para atender seus objetivos. CONCEITO DE RECURSOS NATURAIS E MEIO AM- BIENTE COMO BENS AMBIENTAIS Recursos naturais são bens que estão à disposição do Homem e que são usados para a sua sobrevivência, bem-estar e conforto. São os bens extraídos da natureza de forma direta ou indireta, e transformados para a utili- zação na vida do ser humano. Os recursos naturais poderão ser, também, renová- veis ou não renováveis. Recursos renováveis são recur- sos que podem ser renovados, ou seja, não se esgotam. Como exemplo disso temos a energia eólica, obtida atra- vés do vento. Também existe a energia solar, que pode ser acumulada com a utilização de equipamentos espe- ciais, como painéis solares. Por outro lado, existem os recursos naturais não re- nováveis, cuja exploração e utilização um dia chegará ao fim, porque são recursos limitados. Exemplos desses re- cursos são minerais como carvão, ferro, petróleo, xisto, gás natural, ouro, alumínio, etc. Há também os recursos considerados potencialmente renováveis, isso é, que em um primeiro momento, eles apresentam como infinitos, mas que dependem da atua- ção do Homem para manterem tal qualidade. É o caso da água, do solo e das florestas. Todos os recursos são considerados bens ambientais, que integram o meio ambiente. Justamente pelo fato de que há diversos recursos não renováveis que o Estado deve ter cautela com a utilização dos mesmos, impedin- do que tais recursos se esgotem do planeta. Quando dei- xamos de preservar os recursos naturais, ou seja, quando de alguma forma, através da ação humana, portanto, de sua interferência danosa ao sistema ecológico, permiti- mos que esses recursos se percam ou que sua capacida- de produtiva se reduza, ocorre a degradação ambiental. CONCEITO DE BIODIVERSIDADE E DESENVOLVI- MENTO SUSTENTÁVEL Biodiversidade é a grande variedade de formas de vida (animais e vegetais) que são encontradas nos mais diferentes ambientes. A biodiversidade é formada por espécies vivas que compreende plantas, animais e mi- cro-organismos, que povoam desde as profundezas dos oceanos até as mais altas montanhas. É composta por uma enorme diversidade de espécies compreendidas como indivíduos semelhantes, com capacidade para se reproduzir entre si e naturalmente. Essa é a grande diferença entre biodiversidade e os recursos naturais: os primeiros corresponde aos elemen- tos vivos do meio ambiente, enquanto que os recursos naturais são os elementos não-vivos do meio ambiente. A biodiversidade é responsável por garantir o equilí- brio das espécies em todo o mundo, e a ligação estreita que existe entre os seres e o ambiente resulta em sis- temas complexos, os ecossistemas, que reúnem fatores vivos (plantas animais – incluindo o ser humano e micro- -organismos) e por fatores não vivos (luz,água, ar, Sol etc.). Esses fatores encontram-se em relação de equilí- brio, realizando trocas de energia e de matéria. As flores- tas, a caatinga, a tunda, os cerrados, os rios, os oceanos, os lagos são alguns exemplos de ecossistemas. A soma de todos os ecossistemas existentes na Terra forma a biosfera. CONCEITO DE DIREITOS CULTURAIS Como já mencionamos, a cultura também é um ele- mento essencial do meio ambiente, integrando o que denominamos de “meio ambiente cultural”. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 7 D IR EI TO A M BI EN TA L Os Direitos Culturais estão previstos no artigo 215 e se- guintes da Constituição brasileira. Segundo o referido disposi- tivo, O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e in- centivará a valorização e a difusão das manifestações culturais. Há uma busca, com essa proteção constitucional, de uma aproximação do indivíduo com a cultura, utilizando- -se como defesa mecanismos gerados pelo Direito. Um exemplo de proteção ao patrimônio cultural está no ins- tituto do tombamento, que é o processo de intervenção da propriedade do particular, com o escopo de preservar bem, vez que este apresenta valor histórico, cultural, ar- queológico, artístico, turístico, paisagístico, entre outros. Os Direitos Culturais, dessa forma, são aqueles afetos às artes, à memória coletiva e ao repasse de saberes, que asseguram a seus titulares o conhecimento e uso do pas- sado, interferência ativa no presente e possibilidade de previsão e decisão de opções referentes ao futuro, visan- do sempre à dignidade da pessoa humana. PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL. PREVENÇÃO, PRECAUÇÃO, POLUIDOR-PAGADOR E USUÁRIO PAGADOR, COOPERAÇÃO, INFORMAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, EQUIDADE INTERGERACIONAL. PRINCÍPIOS DA TUTELA DO PATRIMÔNIO CULTURAL. COOPERAÇÃO, SOLIDARIEDADE, PARTICIPAÇÃO E INFORMAÇÃO, PRESERVAÇÃO DO SÍTIO E PROTEÇÃO DO ENTORNO, USO COMPATÍVEL COM A NATUREZA DO BEM, PRÓ-MONUMENTO, VALORIZAÇÃO SUSTENTÁVEL. Os princípios ambientais podem ser explícitos ou im- plícitos, ou encontrar-se na Constituição Federal, ou no ordenamento legislativo. São eles: a) Meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental; b) Solidariedade intergeracional; c) Natureza pública da proteção ambiental; d) Desenvolvimento sustentável; e) Poluidor pagador; f) Usuário pagador; g) Prevenção e precaução; h) Participação; i) Ubiquidade ou transversalidade; j) Cooperação internacional; k) Função socioambiental da propriedade. O Princípio do meio ambiente como direito funda- mental, como já vimos, é decorrência do direito à vida, quer sob o enfoque da própria existência física e saúde dos seres humanos, quer quanto ao aspecto da digni- dade dessa existência humana. Reconhecer o meio am- biente como direito fundamental significa que ele deve ser resguardado (forma passiva, abstenção), bem como deverá ser implementado (forma ativa, atuação positiva) pelo Poder Público, para acobertar todas as pessoas. O Princípio da solidariedade intergeracional Busca as- segurar a solidariedade da presente geração em relação às futuras, para que também estas possam usufruir, de forma saudável, dos recursos naturais. Este princípio está previsto no Princípio 2 da Declaração de Estocolmo e no Princípio 3 da ECO-92. O Novo Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) ex- pressou este princípio no inciso II, do art. 1º-A. O Princípio da natureza pública da proteção am- biental mantém estreita correlação com o princípio ge- ral, de direito público, da primazia do interesse público sobre o particular, e também, com o princípio do direito administrativo da indisponibilidade do interesse público. Decorre da previsão constitucional que consagra o meio ambiente ecologicamente equilibrado como bem de uso comum do povo incumbindo ao Poder Público e à socie- dade sua preservação e sua proteção (art. 225, CF). O Princípio do desenvolvimento sustentável põe em evidência o fato de que Os recursos ambientais são finitos, tornando-se inadmissível que as atividades eco- nômicas se desenvolvam alheias a essa realidade. O que se busca é a harmonização entre o postulado do desen- volvimento econômico, algo pretendido por todos nós, e a preservação do meio ambiente. A própria Constituição em seu art. 170, VI, estabelece que a ordem econômica também tem como fundamento a defesa e preservação do meio ambiente. O Princípio do poluidor pagador trata-se de impor- tantíssimo princípio, pois reflete um dos fundamentos da responsabilidade civil em matéria ambiental. Muitas ve- zes incompreendido, ele não demarca a tarefa de poluir mediante o pagamento de posterior indenização (como se fosse uma contraprestação). Ao contrário: reforça o comando normativo no sentido de que aquele que polui deve ser responsabilizado pelo seu ato. Assim sendo, esse princípio deve ser compreendido como um mandamento para que o potencial causador de danos ambientais pre- ventivamente arque com os custos relativos à compra de equipamentos de alta tecnologia para prevenir a ocorrên- cia de danos. Trata-se da internalização de custos. Complementar ao princípio anterior, o Princípio do poluidor pagador busca evitar que o “custo zero” dos serviços e recursos naturais acabe por conduzir o siste- ma de marcado a uma exploração desenfreada do meio ambiente. O Princípio da prevenção é um dos mais importan- tes do Direito Ambiental, sendo também considerado seu objetivo fundamental. Foi lançado à categoria de mega-princípio do direito ambiental, constando como princípio nº 15 da ECO-92. O princípio da prevenção re- laciona-se com o perigo concreto de um dano, ou seja, sabe-se que não se deve esperar que ele aconteça, fa- zendo-se necessário, portanto, a adoção de medidas ca- pazes de evitá-lo. Por outro lado, o princípio da precaução Trata-se do perigo abstrato, ou seja, há mero risco, não se saben- do exatamente se o dano ocorrerá ou não. É a incerteza científica, a dúvida, se vai acontecer ou não. Foi proposto na conferência Rio 92 com a seguinte definição: “O Prin- cípio da precaução é a garantia contra os riscos poten- ciais que, de acordo com o estado atual do conhecimen- to, não podem ser ainda identificados.” user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 8 D IR EI TO A M BI EN TA L O Princípio da participação (informação e educa- ção ambiental) está previsto no art. 225, § 1º, VI, da CF. O cidadão não depende apenas de seus representantes políticos para participar da gestão do meio ambiente. O cidadão tem atuação ativa no que toca a preservação do meio ambiente. Tem ele o direito de ser informado e educado (o que é dever do Poder Público) para que, assim, possa interferir ativamente na gestão ambiental, sendo que isso se concretiza por intermédio, por exem- plo, nas audiências públicas. Quanto maior a participa- ção dos cidadãos nas políticas de preservação ambiental, mais democráticas serão. O Princípio da ubiquidade ou transversalidade visa demonstrar qual é o objeto de proteção do meio am- biente quando tratamos dos direitos humanos, pois toda atividade, legiferante ou política, sobre qualquer tema ou obra, deve levar em conta a preservação da vida e prin- cipalmente, a sua qualidade. Esse princípio dispõe que o objeto de proteção do meio ambiente, localizado no epicentro dos direito humanos, deve ser levado em con- sideração toda vez que uma política, atuação, legislação sobre qualquer tema, atividade, obra, etc., tiver que ser criada. O Princípio da cooperação internacional configu- ra-se no esforço conjunto empreendido pela “aldeia glo- bal” na busca pela preservação do meio ambiente numa escala mundial. O inciso IV, do art. 1º-A, do Novo Código Florestal,em atenção a este princípio, consagra o com- promisso do Brasil com o modelo de desenvolvimento ecologicamente sustentável, com vistas a conciliar o uso produtivo da terra e a contribuição de serviços coletivos das flores e demais formas de vegetação nativa provadas. Por fim, o Princípio da função social da proprieda- de está elencado no artigo 186, II, da CF. O uso da pro- priedade será condicionado ao bem estar social. Ainda o legislador previu, como condição para o cumprimento da função social da propriedade rural, a utilização adequa- da dos recursos naturais disponíveis e a preservação do meio ambiente. PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DA TUTELA DO MEIO AMBIENTE CULTURAL Entendido como sinônimo de patrimônio cultural, o meio ambiente cultural pode ser definido como o con- junto de bens, práticas sociais, criações, materiais ou imateriais de determinada nação e que, por sua peculiar condição de estabelecer diálogos temporais e espaciais relacionados àquela cultura, servindo de testemunho e de referência às gerações presentes e futuras, constitui valor de pertença pública, merecedor de proteção jurídi- ca e fática por parte do Estado. A doutrina costuma evidenciar alguns princípios es- peciais, voltados para a tutela e proteção do meio am- biente cultural. São eles: 1. Princípio da preservação no próprio sítio e pro- teção ao entorno O Princípio da preservação no próprio sítio e a pro- teção ao entorno constitui um princípio jurídico aplicável à tutela do patrimônio cultural. Sua concepção mais co- nhecida consta na denominada Carta de Veneza, docu- mento produzido em 1964 por ocasião do II Congresso Internacional de Arquitetos e Técnicos dos Monumentos Históricos, realizado pelo Conselho Internacional de Mo- numentos e Sítios Históricos – ICOMOS. Segundo o arti- go 1º do referido documento, “o conceito de monumen- to histórico engloba, não só as criações arquitetônicas isoladamente, mas também os sítios, urbanos ou rurais, nos quais sejam patentes os testemunhos de uma civili- zação particular, de uma fase significativa da evolução ou do progresso, ou algum acontecimento histórico”. Este conceito é aplicável, quer às grandes criações, quer às realizações mais modestas que tenham adquirido signifi- cado cultural com o passar do tempo. O entorno de uma edificação, um sítio ou uma área de patrimônio cultural se define como o meio caracterís- tico seja de natureza reduzida ou extensa, que forma par- te de – ou contribui para – seu significado e caráter pe- culiar. Mas, além dos aspectos físicos e visuais, o entorno supõe uma interação com o ambiente natural; práticas sociais ou espirituais passadas ou presentes, costumes, conhecimentos tradicionais, usos ou atividades, e outros aspectos do patrimônio cultural intangível que criaram e formaram o espaço, assim como o contexto atual e dinâ- mico de natureza cultural, social e econômica. 2. Princípio do uso compatível com a natureza do bem Esse princípio, aplicável preferencialmente aos bens tangíveis, pode ser desdobrado em duas vertentes. Em primeiro lugar, a de que a todo bem cultural há de ser dado um uso (nada melhor do que o não uso para pro- vocar a deterioração de um bem cultural). Em segundo, a de que esse uso se harmonize com as características essenciais do bem. No Brasil, essas ideias vêm sendo disseminadas na teoria e prática conservacionista, embora ainda com grande dificuldade de concretização quando a proprie- dade de bem imóvel recai em particular. Nesses casos, tantas e tantas vezes o que se verifica é que o particular deixa de conferir um uso ao imóvel para justamente pro- vocar sua deterioração. Não sem razão a Lei de Crimes Ambientais tipificou a conduta de quem deteriora bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial. Por óbvio que a utilização não é regra geral. Por exemplo, a preservação de um sítio arqueológico pres- supõe sua intangibilidade, ao passo que sua descober- ta implica na realização de escavações que acabam por revolver o solo em busca dos achados de interesse dos pesquisadores. 3. Princípio pró-monumento Esse princípio está expresso na Convenção da Unesco para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Na- tural, assinada em Paris em 23-11-72, assinada em Paris em 23-11-72, aprovada pelo Decreto Legislativo 74, de 30-06-1977 e incorporada ao direito pátrio por força do Decreto 80.978, de 12-12-1977. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 9 D IR EI TO A M BI EN TA L Reza o art. 12 da Convenção: “O fato de que um bem do patrimônio cultural ou natural não haja sido incluído numa ou outra das duas listas mencionadas nos parágra- fos 2 e 4 do art. 11 não significará, em absoluto, que ele não tenha valor universal excepcional para fins distintos dos que resultam da inclusão nessas listas”. No direito brasileiro, em que pese o abismo existente entre a legislação, que consagra a mais ampla tutela ao meio ambiente, nele inserida a dimensão cultural, e a ju- risprudência, ainda em muito atada ao chamado “sistema proprietário”, já é possível identificar uma nova aragem em alguns julgados chancelando uma espécie de benefí- cio da dúvida, ao possibilitar que se busque no Judiciário a tutela de bens ainda não reconhecidos como culturais pelo Poder Executivo ou Legislativo. 4. Princípio da valorização sustentável Desenvolvimento sustentável é definido pela Comis- são Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no famoso “Relatório Brundtland”, como aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades. Enquanto processo de transfor- mação, “a exploração dos recursos, a direção dos inves- timentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessi- dades e aspirações humanas”. O princípio do desenvolvimento sustentável parte do pressuposto de que a sociedade humana não se limita às nossas gerações, sendo que a exauribilidade é uma característica dos recursos naturais, ao passo que o pere- cimento, a descaracterização, o esquecimento são males que assolam os recursos culturais. É por isso que se alia a essa ideia a de consumo sustentável. Sem uma alte- ração nos padrões de consumo, inclusive do consumo cultural, a preservação dos recursos essenciais ao com- pleto desenvolvimento humano será difícil, quando não impossível. No plano legislativo, a primeira referência a esse prin- cípio surgiu no Brasil com a Lei 6.803/80 que, no art. 1º, falava em compatibilização das atividades industriais com o meio ambiente. Também a Lei 6.938/81, ao insti- tuir a Política Nacional do Meio Ambiente com a previsão da avaliação de impactos ambientais, o acolhe. Na legis- lação que define a Política Nacional da Educação Am- biental, o princípio aparece pelo menos três vezes: no art. 1º, inserido no próprio conceito de educação ambiental; no art. 4º, inc. II, como princípio básico dessa política, e no art. 5º, inc. V, dentre os seus objetivos. Assim como a produção há de ser sustentável, tam- bém o consumo deve sê-lo. Sem uma alteração nos padrões de consumo, inclusive do consumo cultural, a preservação dos recursos essenciais ao completo desen- volvimento humano será difícil, quando não impossível. EXERCÍCIO COMENTADO 1 - (TRF2 – JUIZ FEDERAL – CESPE – 2013) Um pesca- dor artesanal profissional ajuizou ação indenizatória por danos materiais e morais contra empresa exploradora de petróleo, alegando prejuízos decorrentes de vazamento de óleo combustível em águas marinhas onde pescava. Provou-se que o rompimento do oleoduto fora causado por deslizamentos de terra decorrentes de chuvas tor- renciais. Essas mesmas chuvas causaram o rompimento das barreiras de contenção instaladas pela empresa ao tentar remediaro problema. O vazamento de óleo re- sultou na mortandade da fauna aquática e na imediata proibição de pesca na região, imposta pelo IBAMA, com duração de seis meses. Na fase de provas, restou cabal- mente comprovada a regularidade das instalações da empresa segundo as melhores tecnologias disponíveis e a idoneidade dos esforços para reparação do problema. Na situação hipotética descrita: a) por ter natureza punitiva, a condenação por danos morais será inviável se, no caso, for reconhecida a au- sência de dolo ou culpa do réu, ou seja, ausência de ilícito a ser punido. b) a força maior implica necessariamente ausência de culpa e, por isso, se for reconhecida processualmente, afastará a obrigação de indenizar. c) a pretensão indenizatória do pescador será imprescritível, porque está relacionada à ocorrência de dano ambiental. d) o princípio do poluidor-pagador é, em tese, aplicável ao caso porque, embora não esteja positivado na le- gislação brasileira, está previsto em documentos inter- nacionais de que o Brasil é signatário. e) não é cabível a inversão do ônus da prova quanto ao an debeatur e ao quantum debeatur do dano material, cabendo ao pescador provar também a ocorrência, mas não o quantum, do dano moral pretendido. Resposta: Letra E. A letra A está errada, a condenação por danos morais não possui natureza punitiva, uma vez que sua finalidade primordial é a reparação (ou compensação, quando a primeira não for possível) do dano. Há autores que não admitem o caráter punitivo em razão da inexistência de norma que preveja esta espécie de sanção. A letra B está errada, a força maior tem por finalidade a exclusão do nexo causal entre a conduta e o resultado danoso. Ela não tem o condão, por si só, de afastar a obrigação de indenizar, tratan- do-se de dano ambiental, hipótese em que temos a responsabilidade objetiva do infrator. A letra C está er- rada, A pretensão do pescador tem caráter individual, uma vez que ele é o único interessado pela proteção das águas onde ocorreu derramamento de óleo. Des- sa forma, incide sobre a pretensão do pescador o pra- zo prescricional do CC. O que vigora no âmbito do STJ é que a reparação por danos ambientais, pelo fato do meio ambiente ser um direito difuso e coletivo, é im- prescritível (AgRg no REsp nº 1150.479). A letra D está errada, O princípio do poluidor pagador encontra-se positivado no ordenamento, mais especificamente no art. 4º, VII, da Lei nº 6.938/1981. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 10 D IR EI TO A M BI EN TA L POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE. OBJETIVOS. INSTRUMENTOS DE PROTEÇÃO (TÉCNICOS E ECONÔMICOS). SISNAMA. ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO. LEI Nº 6.938/1981 E SUAS ALTERAÇÕES. DECRETO Nº 99.274/1990 E SUAS ALTERAÇÕES. RESOLUÇÃO DO CONAMA Nº 1/1986 E SUAS ALTERAÇÕES (RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL - EIA- RIMA). RESOLUÇÃO DO CONAMA Nº 237 (LICENCIAMENTO AMBIENTAL). RESOLUÇÃO DO CONAMA Nº 378 (EMPREENDIMENTOS POTENCIALMENTE CAUSADORES DE IMPACTO AMBIENTAL NACIONAL OU REGIONAL). LEI Nº 6.938/1981 E SUAS ALTERAÇÕES A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, é a lei que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Conforme dispõe o art. 2º, A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, vi- sando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recur- sos ambientais; VII - acompanhamento do estado da qualidade am- biental; VIII - recuperação de áreas degradadas; IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação; X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando ca- pacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. O artigo 3º traz alguns conceitos importantes para compreender a PNMA. Meio ambiente é o conjunto de condições, leis, in- fluências e interações de ordem física, química e bioló- gica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Degradação da qualidade ambiental é a alteração ad- versa das características do meio ambiente; Poluição é a degradação da qualidade ambiental re- sultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. Poluidor é a pessoa física ou jurídica, de direito públi- co ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental. Recursos ambientais é a atmosfera, as águas interio- res, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar ter- ritorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. 1. Dos objetivos da política nacional do meio am- biente Os objetivos da PNMA estão dispostos no artigo 4º. A Política Nacional do Meio Ambiente visará: I - à compatibilização do desenvolvimento econômi- co-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; II - à definição de áreas prioritárias de ação governa- mental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; III - ao estabelecimento de critérios e padrões de qua- lidade ambiental e de normas relativas ao uso e ma- nejo de recursos ambientais; IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais; V - à difusão de tecnologias de manejo do meio am- biente, à divulgação de dados e informações ambien- tais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico; VI - à preservação e restauração dos recursos ambien- tais com vistas à sua utilização racional e disponibi- lidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida; VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obri- gação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recur- sos ambientais com fins econômicos. As diretrizes da Política Nacional do Meio Ambien- te serão formuladas em normas e planos, destinados a orientar a ação dos Governos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios no que se relaciona com a preservação da qualidade ambiental e manutenção do equilíbrio ecológico, observados os prin- cípios estabelecidos no art. 2º desta Lei. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 11 D IR EI TO A M BI EN TA L 2. Do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SIS- NAMA) Dispõe o artigo 6º da referida Lei da PNMA que os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Fe- deral, dos Territórios e dos Municípios, bem como as fun- dações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteçãoe melhoria da qualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, pos- suindo a seguinte estrutura: I - Órgão Superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes go- vernamentais para o meio ambiente e os recursos am- bientais; II - Órgão Consultivo e deliberativo: o Conselho Nacio- nal do Meio Ambiente (CONAMA), com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Gover- no, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatí- veis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida; III - Órgão Central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República, com a finalidade de plane- jar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes governa- mentais fixadas para o meio ambiente; IV - Órgãos Executores: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBA- MA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Bio- diversidade - Instituto Chico Mendes, com a finalidade de executar e fazer executar a política e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente, de acordo com as respectivas competências; V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estadu- ais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental; VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas ativi- dades, nas suas respectivas jurisdições; O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, é o órgão encarregado de, nos termos do artigo 8º, es- tabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e cri- térios para o licenciamento de atividades efetiva ou po- tencialmente poluidoras, a ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA; determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das alternativas e das possíveis consequências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem assim a entidades privadas, as infor- mações indispensáveis para apreciação dos estudos de impacto ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa degradação ambien- tal, especialmente nas áreas consideradas patrimônio na- cional; determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de participação em linhas de financiamen- to em estabelecimentos oficiais de crédito; estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à ma- nutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos, entre outras atribuições. 3. Dos instrumentos da PNMA O artigo 9º elenca os instrumentos utilizados para a promoção concreta da política nacional do meio am- biente. São eles: I - o estabelecimento de padrões de qualidade am- biental; II - o zoneamento ambiental; III - a avaliação de impactos ambientais; IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; V - os incentivos à produção e instalação de equipa- mentos e a criação ou absorção de tecnologia, volta- dos para a melhoria da qualidade ambiental; VI - a criação de espaços territoriais especialmen- te protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Ins- trumentos de Defesa Ambiental; IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preser- vação ou correção da degradação ambiental. X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Re- nováveis - IBAMA; XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzí-las, quando inexistentes; XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades poten- cialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais. XIII - instrumentos econômicos, como concessão flo- restal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros. O artigo 9º-A e seguintes, introduzidos pela Lei nº 12.651/2012, traz um instrumento novo, que diz respei- to a limitação do uso da propriedade, no todo ou em parte, para preservar, conservar ou recuperar os recur- sos ambientais existentes, instituindo assim a servidão ambiental. Devem ser objeto de averbação na matrícula do imóvel no registro de imóveis competente: I - o ins- trumento ou termo de instituição da servidão ambiental; II - o contrato de alienação, cessão ou transferência da servidão ambiental (art. 9º-A, § 4º). A servidão ambiental poderá ser onerosa ou gratuita, temporária ou perpétua, com prazo mínimo de 15 (quin- ze) anos. O detentor da servidão ambiental poderá alie- ná-la, cedê-la ou transferi-la, total ou parcialmente, por prazo determinado ou em caráter definitivo, em favor de outro proprietário ou de entidade pública ou privada que tenha a conservação ambiental como fim social. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recur- sos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 12 D IR EI TO A M BI EN TA L capazes, sob qualquer forma, de causar degradação am- biental dependerão de prévio licenciamento ambiental. Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respec- tiva concessão serão publicados no jornal oficial, bem como em periódico regional ou local de grande circu- lação, ou em meio eletrônico de comunicação mantido pelo órgão ambiental competente (art. 10, caput e § 1º). O Poder Executivo incentivará as atividades voltadas ao meio ambiente, visando: I - ao desenvolvimento, no País, de pesquisas e proces- sos tecnológicos destinados a reduzir a degradação da qualidade ambiental; II - à fabricação de equipamentos antipoluidores; III - a outras iniciativas que propiciem a racionaliza- ção do uso de recursos ambientais (art. 13). O artigo 14, por sua vez, trata das sanções aplicá- veis pelo não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental. Tais transgressões sujeitam os infratores: I - à multa simples ou diária, nos valores correspon- dentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTNs, agravada em casos de reincidência específi- ca, conforme dispuser o regulamento, vedada a sua cobrança pela União se já tiver sido aplicada pelo Es- tado, Distrito Federal, Territórios ou pelos Municípios. II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fis- cais concedidos pelo Poder Público; III - à perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de cré- dito; IV - à suspensão de sua atividade. DECRETO Nº 99.274/1990 O Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, é o de- creto que regulamenta a Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981, e a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dis- põem, respectivamente sobre a criação de Estações Eco- lógicas e Áreas de Proteção Ambiental e sobre a Política Nacional doMeio Ambiente, e dá outras providências. Segundo o artigo 1º do Decreto, Na execução da Po- lítica Nacional do Meio Ambiente cumpre ao Poder Pú- blico, nos seus diferentes níveis de governo: I - manter a fiscalização permanente dos recursos ambientais, visando à compatibilização do desenvol- vimento econômico com a proteção do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; II - proteger as áreas representativas de ecossistemas mediante a implantação de unidades de conservação e preservação ecológica; III - manter, através de órgãos especializados da Ad- ministração Pública, o controle permanente das ativi- dades potencial ou efetivamente poluidoras, de modo a compatibilizá-las com os critérios vigentes de prote- ção ambiental; IV - incentivar o estudo e a pesquisa de tecnologias para o uso racional e a proteção dos recursos ambien- tais, utilizando nesse sentido os planos e programas regionais ou setoriais de desenvolvimento industrial e agrícola; V - implantar, nas áreas críticas de poluição, um sis- tema permanente de acompanhamento dos índices locais de qualidade ambiental; VI - identificar e informar, aos órgãos e entidades do Sistema Nacional do Meio Ambiente, a existência de áreas degradadas ou ameaçadas de degradação, pro- pondo medidas para sua recuperação; e VII - orientar a educação, em todos os níveis, para a participação ativa do cidadão e da comunidade na defesa do meio ambiente, cuidando para que os cur- rículos escolares das diversas matérias obrigatórias contemplem o estudo da ecologia. O CONAMA é estruturado da seguinte forma (art. 4º): I - Plenário; II - (Revogado pelo Decreto nº 9.806, de 2019) III - Comitê de Integração de Políticas Ambientais; IV - Câmaras Técnicas; V - Grupos de Trabalho; e VI - Grupos Assessores. O Plenário do CONAMA reunir-se-á, em caráter ordi- nário, a cada três meses, no Distrito Federal, e, extraordi- nariamente, sempre que convocado pelo seu Presidente, por iniciativa própria ou a requerimento de pelo menos dois terços de seus membros. A reunião será em sessão pública, com a presença de pelo menos a metade mais um dos seus membros e deliberará por maioria simples dos membros presentes no Plenário, cabendo ao Presi- dente da sessão, além do voto pessoal, o de qualidade. O Conama poderá dividir-se em Câmaras Técnicas, para examinar e relatar ao Plenário assuntos de sua com- petência. A competência, a composição e o prazo de fun- cionamento de cada uma das Câmaras Técnicas constará do ato do Conama que a criar. Para atender ao suporte técnico e administrativo do CONAMA, a Secretaria-Executiva do Ministério do Meio Ambiente deverá: I - solicitar colaboração, quando necessário, aos ór- gãos específicos singulares, ao Gabinete e às entida- des vinculadas ao Ministério do Meio Ambiente; II - coordenar, por meio do Sistema Nacional de In- formações sobre o Meio Ambiente-SINIMA, o inter- câmbio de informações entre os órgãos integrantes do SISNAMA; e III - promover a publicação e divulgação dos atos do CONAMA (art. 11). A atuação do Sisnama efetivar-se-á mediante articu- lação coordenada dos órgãos e entidades que o consti- tuem, observado o seguinte: I - o acesso da opinião pública às informações relati- vas às agressões ao meio ambiente e às ações de pro- teção ambiental, na forma estabelecida pelo Conama; II - caberá aos Estados, ao Distrito Federal e aos Mu- nicípios a regionalização das medidas emanadas do Sisnama, elaborando normas e padrões supletivos e complementares (art. 14). As licenças, de competência do Poder Executivo, es- tão dispostas no artigo 19 do Decreto. São elas: user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 13 D IR EI TO A M BI EN TA L I - Licença Prévia (LP), na fase preliminar do plane- jamento de atividade, contendo requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização, instalação e operação, observados os planos municipais, estaduais ou federais de uso do solo; II - Licença de Instalação (LI), autorizando o início da implantação, de acordo com as especificações cons- tantes do Projeto Executivo aprovado; e III - Licença de Operação (LO), autorizando, após as verificações necessárias, o início da atividade licencia- da e o funcionamento de seus equipamentos de con- trole de poluição, de acordo com o previsto nas Licen- ças Prévia e de Instalação. Os prazos para a concessão das licenças serão fixados pelo Conama, observada a natureza técnica da atividade. O artigo 20, por sua vez, prescreve sobre o recurso administrativo, sendo cabível: I - para o Secretário de Assuntos Estratégicos, das decisões da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN); e II - para o Secretário do Meio Ambiente, nos casos de licenciamento da competência privativa do Ibama, in- clusive nos de denegação de certificado homologató- rio. RESOLUÇÕES DO CONAMA A seguir, traremos o texto de algumas das principais resoluções do CONAMA. Seu conteúdo é bastante auto didático, e as questões de concurso público procuram exigir que o candidato tenha conhecimento literal de seus dispositivos. Por isso, não há a necessidade de traçar comentários sobre tais Resoluções. 1. Resolução CONAMA nº 1/1986 (Impactos Am- bientais) O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - IBAMA, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 48 do Decreto nº 88.351, de 1º de junho de 1983, para efetivo exercício das responsabilidades que lhe são atribuídas pelo artigo 18 do mesmo decreto, e Considerando a necessidade de se estabelecerem as definições, as responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Polí- tica Nacional do Meio Ambiente, RESOLVE: Art. 1º - Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das proprieda- des físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou in- diretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio am- biente; V - a qualidade dos recursos ambientais. Art. 2º - Dependerá de elaboração de estudo de im- pacto ambiental e respectivo relatório de impacto am- biental - RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA em caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificado- ras do meio ambiente, tais como I - Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento; II - Ferrovias III - Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos; IV - Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, arti- go 48, do Decreto-Lei nº 32, de 18.11.66; V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos cole- tores e emissários de esgotos sanitários; VI - Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV; VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irri- gação, retificação de cursos d’água, abertura de bar- ras e embocaduras, transposição de bacias, diques; VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); IX - Extração de minério, inclusive os da classe II, defi- nidas no Código de Mineração; X - Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos; Xl - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de 10MW; XII - Complexo e unidades industriais e agro-indus- triais (petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, des- tilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos); XIII - Distritos industriais e zonas estritamente indus- triais - ZEI; XIV - Exploração econômicade madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental; XV - Projetos urbanísticos, acima de 100ha. ou em áreas consideradas de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais e estaduais competentes; XVI - Qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou produtos similares, em quantidade supe- rior a dez toneladas por dia. XVII - Projetos Agropecuários que contemplem áreas acima de 1.000 ha. ou menores, neste caso, quando se tratar de áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental, inclu- sive nas áreas de proteção ambiental. XVIII - nos casos de empreendimento potencialmente lesivos ao Patrimônio Espeleológico Nacional. Art. 3º - (REVOGADO) Art. 4º - Os órgãos ambientais competentes e os ór- gãos setoriais do SISNAMA deverão compatibilizar os processos de licenciamento com as etapas de planeja- mento e implantação das atividades modificadoras do user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 14 D IR EI TO A M BI EN TA L meio Ambiente, respeitados os critérios e diretrizes es- tabelecidos por esta Resolução e tendo por base a na- tureza o porte e as peculiaridades de cada atividade. Art. 5º - O estudo de impacto ambiental, além de atender à legislação, em especial os princípios e ob- jetivos expressos na Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, obedecerá às seguintes diretrizes gerais: I - Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização de projeto, confrontando-as com a hipóte- se de não execução do projeto; II - Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de implantação e ope- ração da atividade; III - Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, denomina- da área de influência do projeto, considerando, em to- dos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza; lV - Considerar os planos e programas governamen- tais, propostos e em implantação na área de influên- cia do projeto, e sua compatibilidade. Parágrafo Único - Ao determinar a execução do estu- do de impacto ambiental o órgão estadual competen- te, ou o IBAMA ou, quando couber, o Município, fixará as diretrizes adicionais que, pelas peculiaridades do projeto e características ambientais da área, forem jul- gadas necessárias, inclusive os prazos para conclusão e análise dos estudos. Art. 6º - O estudo de impacto ambiental desenvolverá, no mínimo, as seguintes atividades técnicas: I - Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto completa descrição e análise dos recursos am- bientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando: a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime hidroló- gico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas; b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fau- na e a flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preserva- ção permanente; c) o meio sócio-econômico - o uso e ocupação do solo, os usos da água e a sócio-economia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e cultu- rais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos. II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prová- veis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, tempo- rários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais. III - Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a efici- ência de cada uma delas. lV - Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (os impactos positivos e negativos, in- dicando os fatores e parâmetros a serem considerados. Parágrafo Único - Ao determinar a execução do es- tudo de impacto Ambiental o órgão estadual com- petente; ou o IBAMA ou quando couber, o Município fornecerá as instruções adicionais que se fizerem ne- cessárias, pelas peculiaridades do projeto e caracterís- ticas ambientais da área. Art. 7º - (REVOGADO) Art. 8º - Correrão por conta do proponente do proje- to todas as despesas e custos referentes à realização do estudo de impacto ambiental, tais como: coleta e aquisição dos dados e informações, trabalhos e inspe- ções de campo, análises de laboratório, estudos técni- cos e científicos e acompanhamento e monitoramento dos impactos, elaboração do RIMA e fornecimento de pelo menos 5 (cinco) cópias, Art. 9º - O relatório de impacto ambiental - RIMA re- fletirá as conclusões do estudo de impacto ambiental e conterá, no mínimo: I - Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as políticas setoriais, planos e programas governamentais; II - A descrição do projeto e suas alternativas tecnoló- gicas e locacionais, especificando para cada um deles, nas fases de construção e operação a área de influ- ência, as matérias primas, e mão-de-obra, as fontes de energia, os processos e técnica operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados; III - A síntese dos resultados dos estudos de diagnósti- cos ambiental da área de influência do projeto; IV - A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, quantificação e interpretação; V - A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as diferentes situ- ações da adoção do projeto e suas alternativas, bem como com a hipótese de sua não realização; VI - A descrição do efeito esperado das medidas miti- gadoras previstas em relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam ser evitados, e o grau de alteração esperado; VII - O programa de acompanhamento e monitora- mento dos impactos; VIII - Recomendação quanto à alternativa mais favo- rável (conclusões e comentários de ordem geral). Parágrafo único - O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequada a sua compreensão. As in- formações devem ser traduzidas em linguagem aces- user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 15 D IR EI TO A M BI EN TA L sível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo que se possam entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as conseqüências ambientais de sua implementação. Art. 10 - O órgão estadual competente, ou o IBAMA ou, quando couber, o Município terá um prazo para se manifestar de forma conclusiva sobre o RIMA apre- sentado. Parágrafo único - O prazo a que se refere o caput deste artigo terá o seu termo inicial na data do recebimento pelo estadual competente ou pela SEMA do estudo do impacto ambiental e seu respectivo RIMA. Art. 11 - Respeitado o sigilo industrial, assim solicitando e demonstrando pelo interessado o RIMA será acessí- vel ao público. Suas cópias permanecerãoà disposição dos interessados, nos centros de documentação ou bi- bliotecas da SEMA e do estadual de controle ambiental correspondente, inclusive o período de análise técnica § 1º - Os órgãos públicos que manifestarem interesse, ou tiverem relação direta com o projeto, receberão có- pia do RIMA, para conhecimento e manifestação, § 2º - Ao determinar a execução do estudo de impacto ambiental e apresentação do RIMA, o estadual com- petente ou o IBAMA ou, quando couber o Município, determinará o prazo para recebimento dos comentá- rios a serem feitos pelos órgãos públicos e demais in- teressados e, sempre que julgar necessário, promoverá a realização de audiência pública para informação so- bre o projeto e seus impactos ambientais e discussão do RIMA, Art. 12 - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. 2. Reoslução CONAMA nº 237/1997 (Licenciamen- to Ambiental) O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CO- NAMA, no uso das atribuições e competências que lhe são conferidas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentadas pelo Decreto nº 99.274, de 06 de junho de 1990, e tendo em vista o disposto em seu Regimento Interno, e Considerando a necessidade de revisão dos procedi- mentos e critérios utilizados no licenciamento ambiental, de forma a efetivar a utilização do sistema de licencia- mento como instrumento de gestão ambiental, instituído pela Política Nacional do Meio Ambiente; Considerando a necessidade de se incorporar ao siste- ma de licenciamento ambiental os instrumentos de gestão ambiental, visando o desenvolvimento sustentável e a me- lhoria contínua; Considerando as diretrizes estabelecidas na Resolução CONAMA nº 011/94, que determina a necessidade de re- visão no sistema de licenciamento ambiental; Considerando a necessidade de regulamentação de aspectos do licenciamento ambiental estabelecidos na Po- lítica Nacional de Meio Ambiente que ainda não foram definidos; Considerando a necessidade de ser estabelecido crité- rio para exercício da competência para o licenciamento a que se refere o artigo 10 da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981; Considerando a necessidade de se integrar a atuação dos órgãos competentes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA na execução da Política Nacional do Meio Ambiente, em conformidade com as respectivas competências, RESOLVER: Art. 1º - Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições: I - Licenciamento Ambiental: procedimento adminis- trativo pelo qual o órgão ambiental competente li- cencia a localização, instalação, ampliação e a opera- ção de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais , consideradas efetiva ou poten- cialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, consi- derando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso. II - Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deve- rão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos re- cursos ambientais consideradas efetiva ou potencial- mente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental. III - Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estu- dos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco. IV – Impacto Ambiental Regional: é todo e qualquer impacto ambiental que afete diretamente (área de influência direta do projeto), no todo ou em parte, o território de dois ou mais Estados. Art. 2º- A localização, construção, instalação, amplia- ção, modificação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consi- deradas efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como os empreendimentos capazes, sob qualquer for- ma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental competente, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis. § 1º- Estão sujeitos ao licenciamento ambiental os empreendimentos e as atividades relacionadas no Anexo 1, parte integrante desta Resolução. § 2º – Caberá ao órgão ambiental competente definir os critérios de exigibilidade, o detalhamento e a com- plementação do Anexo 1, levando em consideração as especificidades, os riscos ambientais, o porte e outras características do empreendimento ou atividade. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 16 D IR EI TO A M BI EN TA L Art. 3º- A licença ambiental para empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa degradação do meio de- penderá de prévio estudo de impacto ambiental e res- pectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA), ao qual dar-se-á publicidade, garantida a realização de audiências públicas, quando couber, de acordo com a regulamentação. Parágrafo único. O órgão ambiental competente, ve- rificando que a atividade ou empreendimento não é potencialmente causador de significativa degradação do meio ambiente, definirá os estudos ambientais per- tinentes ao respectivo processo de licenciamento. Art. 4º - Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Am- biente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, órgão executor do SISNAMA, o licenciamento ambien- tal, a que se refere o artigo 10 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, de empreendimentos e atividades com significativo impacto ambiental de âmbito nacio- nal ou regional, a saber: I - localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; no mar territorial; na plata- forma continental; na zona econômica exclusiva; em terras indígenas ou em unidades de conservação do domínio da União. II - localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Es- tados; III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do País ou de um ou mais Estados; IV - destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN; V- bases ou empreendimentos militares, quando cou- ber, observada a legislação específica. § 1º - O IBAMA fará o licenciamento de que trata este artigo após considerar o exame técnico procedido pe- los órgãos ambientais dos Estados e Municípios em que se localizar a atividade ou empreendimento, bem como, quando couber, o parecer dos demais órgãos competentes da União, dos Estados, do Distrito Fede- ral e dos Municípios, envolvidos no procedimento de licenciamento. § 2º - O IBAMA, ressalvada sua competência supletiva, poderá delegar aos Estados o licenciamento de ativida- de com significativo impacto ambiental de âmbito re- gional, uniformizando, quando possível, as exigências. Art. 5º - Compete ao órgão ambiental estadual ou do Distrito Federal o licenciamento ambiental dos em- preendimentos e atividades: I - localizados ou desenvolvidos em mais de um Mu- nicípio ou em unidades de conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal; II - localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de vegetação natural de preservação perma- nente relacionadas no artigo 2º da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e em todas as que assim forem consideradas por normas federais, estaduais ou mu- nicipais; III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais de um ou mais Municípios; IV – delegados pela União aosEstados ou ao Distrito Federal, por instrumento legal ou convênio. Parágrafo único. O órgão ambiental estadual ou do Distrito Federal fará o licenciamento de que trata este artigo após considerar o exame técnico procedido pelos órgãos ambientais dos Municípios em que se localizar a atividade ou empreendimento, bem como, quando couber, o parecer dos demais órgãos competentes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- pios, envolvidos no procedimento de licenciamento. Art. 6º - Compete ao órgão ambiental municipal, ou- vidos os órgãos competentes da União, dos Estados e do Distrito Federal, quando couber, o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades de im- pacto ambiental local e daquelas que lhe forem dele- gadas pelo Estado por instrumento legal ou convênio. Art. 7º - Os empreendimentos e atividades serão licen- ciados em um único nível de competência, conforme estabelecido nos artigos anteriores. Art. 8º - O Poder Público, no exercício de sua compe- tência de controle, expedirá as seguintes licenças: I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próxi- mas fases de sua implementação; II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as espe- cificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambien- tal e demais condicionantes, da qual constituem mo- tivo determinante; III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação. Parágrafo único - As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do empreendimento ou atividade. Art. 9º - O CONAMA definirá, quando necessário, li- cenças ambientais específicas, observadas a natureza, características e peculiaridades da atividade ou em- preendimento e, ainda, a compatibilização do proces- so de licenciamento com as etapas de planejamento, implantação e operação. Art. 10 - O procedimento de licenciamento ambiental obedecerá às seguintes etapas: I - Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários ao início do processo de licenciamento correspondente à licença a ser requerida; user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 17 D IR EI TO A M BI EN TA L II - Requerimento da licença ambiental pelo empre- endedor, acompanhado dos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida publicidade; III - Análise pelo órgão ambiental competente, inte- grante do SISNAMA , dos documentos, projetos e estu- dos ambientais apresentados e a realização de visto- rias técnicas, quando necessárias; IV - Solicitação de esclarecimentos e complementa- ções pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, uma única vez, em decorrência da análise dos documentos, projetos e estudos ambientais apre- sentados, quando couber, podendo haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e com- plementações não tenham sido satisfatórios; V - Audiência pública, quando couber, de acordo com a regulamentação pertinente; VI - Solicitação de esclarecimentos e complementa- ções pelo órgão ambiental competente, decorrentes de audiências públicas, quando couber, podendo haver reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios; VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico; VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de li- cença, dando-se a devida publicidade. § 1º - No procedimento de licenciamento ambiental deverá constar, obrigatoriamente, a certidão da Pre- feitura Municipal, declarando que o local e o tipo de empreendimento ou atividade estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo e, quando for o caso, a autorização para supressão de vegetação e a outorga para o uso da água, emitidas pelos órgãos competentes. § 2º - No caso de empreendimentos e atividades sujei- tos ao estudo de impacto ambiental - EIA, se verificada a necessidade de nova complementação em decorrên- cia de esclarecimentos já prestados, conforme incisos IV e VI, o órgão ambiental competente, mediante deci- são motivada e com a participação do empreendedor, poderá formular novo pedido de complementação. Art. 11 - Os estudos necessários ao processo de licen- ciamento deverão ser realizados por profissionais le- galmente habilitados, às expensas do empreendedor. Parágrafo único - O empreendedor e os profissionais que subscrevem os estudos previstos no caput deste artigo serão responsáveis pelas informações apresen- tadas, sujeitando-se às sanções administrativas, civis e penais. Art. 12 - O órgão ambiental competente definirá, se necessário, procedimentos específicos para as licenças ambientais, observadas a natureza, características e pe- culiaridades da atividade ou empreendimento e, ainda, a compatibilização do processo de licenciamento com as etapas de planejamento, implantação e operação. § 1º - Poderão ser estabelecidos procedimentos sim- plificados para as atividades e empreendimentos de pequeno potencial de impacto ambiental, que deve- rão ser aprovados pelos respectivos Conselhos de Meio Ambiente. § 2º - Poderá ser admitido um único processo de licen- ciamento ambiental para pequenos empreendimen- tos e atividades similares e vizinhos ou para aqueles integrantes de planos de desenvolvimento aprovados, previamente, pelo órgão governamental competente, desde que definida a responsabilidade legal pelo con- junto de empreendimentos ou atividades. § 3º - Deverão ser estabelecidos critérios para agili- zar e simplificar os procedimentos de licenciamento ambiental das atividades e empreendimentos que im- plementem planos e programas voluntários de gestão ambiental, visando a melhoria contínua e o aprimora- mento do desempenho ambiental. Art. 13 - O custo de análise para a obtenção da licença ambiental deverá ser estabelecido por dispositivo le- gal, visando o ressarcimento, pelo empreendedor, das despesas realizadas pelo órgão ambiental competen- te. Parágrafo único. Facultar-se-á ao empreendedor acesso à planilha de custos realizados pelo órgão am- biental para a análise da licença. Art. 14 - O órgão ambiental competente poderá es- tabelecer prazos de análise diferenciados para cada modalidade de licença (LP, LI e LO), em função das peculiaridades da atividade ou empreendimento, bem como para a formulação de exigências complementa- res, desde que observado o prazo máximo de 6 (seis) meses a contar do ato de protocolar o requerimento até seu deferimento ou indeferimento, ressalvados os casos em que houver EIA/RIMA e/ou audiência públi- ca, quando o prazo será de até 12 (doze) meses. § 1º - A contagem do prazo previsto no caput deste ar- tigo será suspensa durante a elaboração dos estudos ambientais complementares ou preparação de escla- recimentos pelo empreendedor. § 2º - Os prazos estipulados no caput poderão ser alte- rados, desde que justificados e com a concordância do empreendedor e do órgão ambiental competente. Art. 15 - O empreendedor deverá atender à solicitação de esclarecimentos e complementações, formuladas pelo órgão ambiental competente, dentro do prazo máximo de 4 (quatro) meses, a contar do recebimento da respectiva notificação Parágrafo Único - O prazo estipulado no caput poderá ser prorrogado, desde que justificado e com a concor- dância do empreendedor e do órgão ambiental com- petente. Art. 16 - Onão cumprimento dos prazos estipulados nos artigos 14 e 15, respectivamente, sujeitará o licen- ciamento à ação do órgão que detenha competência para atuar supletivamente e o empreendedor ao ar- quivamento de seu pedido de licença. Art. 17 - O arquivamento do processo de licenciamen- to não impedirá a apresentação de novo requerimen- to de licença, que deverá obedecer aos procedimentos estabelecidos no artigo 10, mediante novo pagamento de custo de análise. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 18 D IR EI TO A M BI EN TA L Art. 18 - O órgão ambiental competente estabelecerá os prazos de validade de cada tipo de licença, especi- ficando-os no respectivo documento, levando em con- sideração os seguintes aspectos: I - O prazo de validade da Licença Prévia (LP) deve- rá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 5 (cinco) anos. II - O prazo de validade da Licença de Instalação (LI) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronogra- ma de instalação do empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 6 (seis) anos. III - O prazo de validade da Licença de Operação (LO) deverá considerar os planos de controle ambiental e será de, no mínimo, 4 (quatro) anos e, no máximo, 10 (dez) anos. § 1º - A Licença Prévia (LP) e a Licença de Instalação (LI) poderão ter os prazos de validade prorrogados, desde que não ultrapassem os prazos máximos esta- belecidos nos incisos I e II § 2º - O órgão ambiental competente poderá esta- belecer prazos de validade específicos para a Licença de Operação (LO) de empreendimentos ou atividades que, por sua natureza e peculiaridades, estejam su- jeitos a encerramento ou modificação em prazos in- feriores. § 3º - Na renovação da Licença de Operação (LO) de uma atividade ou empreendimento, o órgão ambien- tal competente poderá, mediante decisão motivada, aumentar ou diminuir o seu prazo de validade, após avaliação do desempenho ambiental da atividade ou empreendimento no período de vigência anterior, respeitados os limites estabelecidos no inciso III. § 4º - A renovação da Licença de Operação(LO) de uma atividade ou empreendimento deverá ser reque- rida com antecedência mínima de 120 (cento e vin- te) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença, ficando este automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental competente. Art. 19 – O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modificar os condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer: I - Violação ou inadequação de quaisquer condicio- nantes ou normas legais. II - Omissão ou falsa descrição de informações rele- vantes que subsidiaram a expedição da licença. III - superveniência de graves riscos ambientais e de saúde. Art. 20 - Os entes federados, para exercerem suas competências licenciatórias, deverão ter implementa- dos os Conselhos de Meio Ambiente, com caráter deli- berativo e participação social e, ainda, possuir em seus quadros ou a sua disposição profissionais legalmente habilitados. Art. 21 - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, aplicando seus efeitos aos processos de licenciamento em tramitação nos órgãos ambientais competentes, revogadas as disposições em contrário, em especial os artigos 3o e 7º da Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986 3. Resolução CONAMA nº 378/2006 (empreendi- mentos potencialmente causadores de impacto am- biental nacional ou regional) O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CO- NAMA, no uso de suas competências previstas na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo De- creto nº 99.274, de 6 de julho de 1990, e tendo em vista o disposto em seu Regimento Interno, anexo à Portaria nº 168, de 10 de junho de 2005; e Considerando a necessidade de se definir quais são os empreendimentos potencialmente causadores de impacto ambiental nacional ou regional para fins do disposto no inciso III, § 1º, do art. 19 da Lei nº 4.771, de 15 de setem- bro de 1965, alterado pelo art. 83 da Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006, que estabelece as competências dos entes federados para autorizar a exploração de florestas e formações sucessoras, RESOLVE: Art. 1º Para fins do disposto no inciso III, § 1º, art. 19 da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com reda- ção dada pelo art. 83 da Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006, compete ao Instituto Brasileiro do Meio Am- biente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA a aprovação dos seguintes empreendimentos: I - exploração de florestas e formações sucessoras que envolvam manejo ou supressão de espécies enquadra- das no Anexo II da Convenção sobre Comércio Inter- nacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção - CITES, promulgada pelo Decre- to nº 76.623, de 17 de novembro de 1975, com texto aprovado pelo Decreto Legislativo nº 54, de 24 de ju- nho de 1975; II - exploração de florestas e formações sucessoras que envolvam manejo ou supressão de florestas e forma- ções sucessoras em imóveis rurais que abranjam dois ou mais Estados; III - supressão de florestas e outras formas de vegeta- ção nativa em área maior que: a) dois mil hectares em imóveis rurais localizados na Amazônia Legal; b) mil hectares em imóveis rurais localizados nas de- mais regiões do país; IV - supressão de florestas e formações sucessoras em obras ou atividades potencialmente poluidoras licen- ciadas pelo IBAMA; V - manejo florestal em área superior a cinqüenta mil hectares. Parágrafo único. A exploração de florestas e forma- ções sucessoras deverá respeitar as regras e limites dispostos em normas específicas para o bioma. Art. 2º Os entes federados poderão celebrar instru- mentos de cooperação para exercerem as competên- cias previstas no art. 19 da Lei nº 4.771, de 1965, com redação dada pelo art. 83 da Lei nº 11.284, de 2006. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 19 D IR EI TO A M BI EN TA L Art. 3º A autorização para manejo ou supressão de florestas e formações sucessoras em zona de amor- tecimento de unidade de conservação e nas Áreas de Proteção Ambiental - APAs somente poderá ser con- cedida pelo órgão competente mediante prévia mani- festação do órgão responsável por sua administração. Parágrafo único. (Revogado pela Resolução CONAMA nº 428, de 17.12.2010, DOU 20.12.2010) Art. 4º A autorização para exploração de florestas e formações sucessoras que envolva manejo ou supres- são de florestas e formações sucessoras em imóveis rurais numa faixa de dez quilômetros no entorno de terra indígena demarcada deverá ser precedida de in- formação georreferenciada à Fundação Nacional do Índio - FUNAI, exceto no caso da pequena propriedade rural ou posse rural familiar, definidas no art. 1º, § 2º, inciso I da Lei nº 4.771, de 1965. Art. 5º Aplicam-se a esta Resolução, no que couber, as disposições da Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997. Art. 6º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. EXERCÍCIOS COMENTADOS 1 - (PETROBRAS – ENGENHEIRO DE MEIO AMBIEN- TE JUNIOR – CESGRANRIO – 2011) A Lei n° 6.938/81 e suas alterações dispõem sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Não consta(m) nessa Lei, como sendo um instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente: a) a avaliação de impactos ambientais. b) a conta de consumo de combustíveis fósseis (CCC). c) o zoneamento ambiental, embora o recomende. d) o sistema nacional de informações sobre o meio am- biente. e) os instrumentos econômicos, como concessão flores- tal, servidão ambiental e seguroambiental. Resposta: Letra B. A avaliação de impactos ambien- tais é um instrumento da PNMA, presente no art. 9º, III. O zoneamento ambiental está previsto no art. 9º, II. O sistema nacional de informações sobre o meio ambiente está previsto no art. 9º, VII. Os instrumentos econômicos também estão previstos na lei de PNMA, mais precisamente no art. 9º, XIII. 2 - (TRF3 – JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO – TRF3 – 2018) De acordo com o artigo 9º da Lei nº 6.938/1981, NÃO são instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: a) O estabelecimento de padrões de qualidade ambien- tal, o zoneamento e a avaliação de impactos ambien- tais. b) Os órgãos e entidades que constituem o Sistema Na- cional do Meio Ambiente – SISNAMA. c) Os incentivos à criação de tecnologia voltados para a melhoria da qualidade ambiental e os instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão am- biental e seguro ambiental. d) O sistema nacional de informações sobre o meio am- biente e o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental. Resposta: Letra B. Os órgãos e entidades que cons- tituem o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SIS- NAMA não são instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, pois são entes despersonalizados que prestam serviços auxiliares e de apoio ao SISNAMA. Além disso, não estão previstos no rol do art. 9º da Lei nº 6.938/1981. RECURSOS HÍDRICOS. LEI Nº 9.433/1997 E SUAS ALTERAÇÕES (INSTRUMENTOS DE GESTÃO). RESOLUÇÃO DO CNRH Nº 16/2001 E SUAS ALTERAÇÕES. SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS (SINGREH). LEI Nº 9.433/1997 – INSTRUMENTOS DE GESTÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS A Lei nº 9.433/1997 é a legislação que Institui a Polí- tica Nacional de Recursos Hídricos e também cria o Sis- tema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Trata-se de norma que procura regulamentar o artigo 21, XIX, da Constituição Federal, a qual prevê como com- petência material da União instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso. Logo no primeiro artigo da Lei nº 9.433/1997 apre- senta os principais fundamentos e objetivos da Polícia Nacional de Recursos Hídricos: a) a água é um bem de domínio público; b) a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; c) em situações de escassez, o uso prioritário dos re- cursos hídricos é o consumo humano e a desse- dentação de animais; d) a gestão dos recursos hídricos deve sempre pro- porcionar o uso múltiplo das águas; e) a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Geren- ciamento de Recursos Hídricos; f) a gestão dos recursos hídricos deve ser descentrali- zada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. Pode-se observar que a utilização da Política Nacional de Recursos Hídricos deve ser gerida por todos os entes estatais, e atribuir aos usuários do referido serviço o di- reito de participar dessa implementação. Em relação aos objetivos e as diretrizes gerais da Po- lítica Nacional de Recursos Hídricos, dispõem os artigos 2º e 3º que: user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 20 D IR EI TO A M BI EN TA L Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos: I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessá- ria disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; II - a utilização racional e integrada dos recursos hídri- cos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável; III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso ina- dequado dos recursos naturais. IV - incentivar e promover a captação, a preservação e o aproveitamento de águas pluviais. Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para im- plementação da Política Nacional de Recursos Hídri- cos: I - a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dis- sociação dos aspectos de quantidade e qualidade; II - a adequação da gestão de recursos hídricos às di- versidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País; III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental; IV - a articulação do planejamento de recursos hídri- cos com o dos setores usuários e com os planejamen- tos regional, estadual e nacional; V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo; VI - a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas costeiras. Art. 4º A União articular-se-á com os Estados tendo em vista o gerenciamento dos recursos hídricos de in- teresse comum. Pela leitura dos fundamentos e objetivos, pode-se concluir que a Lei nº 9.433/1997, de competência da União, é uma lei federal, e procura regulamentar o assun- to dos Recursos Hídricos do País atendendo aos interes- ses nacionais. A vigência dessa Lei Federal, todavia, não veda a criação de Leis Estaduais ou Municipais que regu- lem interesses regionais e locais sobre a referida matéria. Isso faz parte do processo de repartição de competências dos entes federativos, adotado pela atual Constituição. Importante destacar quais são os instrumentos uti- lizados na Política Nacional de Recursos Hídricos. Estão dispostos no art. 5º da referida Lei, e são eles: a) os Planos de Recursos Hídricos; b) o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água; c) a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; d) a cobrança pelo uso de recursos hídricos; e) a compensação a Municípios, que foi vetado; e f) o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos. Planos de Recursos Hídricos são planos diretores que visam a fundamentar e orientar a implementação da Po- lítica Nacional de Recursos Hídricos e o gerenciamento dos recursos hídricos. De modo geral, são implementa- dos a longo prazo, com horizonte de planejamento com- patível com o período de implantação de seus programas e projetos. O artigo 7º da Lei nº 9.433/1997 apresenta o conteúdo mínimo desses planos, devendo conter: a) diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos; b) análise de alternativas de crescimento demográfi- co, de evolução de atividades produtivas e de mo- dificações dos padrões de ocupação do solo; c) balanço entre disponibilidades e demandas futuras dos recursos hídricos, em quantidade e qualidade, com identificação de conflitos potenciais; d) metas de racionalização de uso, aumento da quan- tidade e melhoria da qualidade dos recursos hídri- cos disponíveis; e) medidas a serem tomadas, programas a serem de- senvolvidos e projetos a serem implantados, para o atendimento das metas previstas; f) prioridades para outorga de direitos de uso de re- cursos hídricos; g) diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos; h) propostas para a criação de áreas sujeitas a res- trição de uso, com vistas à proteção dos recursos hídricos. O enquadramento dos corpos de águas em classes, segundo os usos preponderantes da água, deve ter por escopo, na forma do artigo 9º, assegurar às águas qua- lidade compatível com os usos mais exigentes a que fo- rem destinadas; bem como diminuir os custos de com- bate à poluição das águas, mediante ações preventivas permanentes. O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como objetivos assegurar o controle quan- titativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exer- cício dos direitos de acesso à água. Interessante o texto do artigo 12 da referida Lei, que procura distinguir os direitos de uso de recursos hídricos os quais dependem de outorga do Poder Público, e quais não dependem de tal requisição. Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de recursos hídricos: I - derivaçãoou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produ- tivo; II - extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo; III - lançamento em corpo de água de esgotos e de- mais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final; IV - aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; V - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de água. § 1º Independem de outorga pelo Poder Público, con- forme definido em regulamento: I - o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, dis- tribuídos no meio rural; II - as derivações, captações e lançamentos considera- dos insignificantes; III - as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes. 21 D IR EI TO A M BI EN TA L Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo não excedente a trinta e cinco anos, renovável. Poderá, também, ter a outorga suspensa, na forma do art. 15 da Lei nº 9.433/1997: Art. 15. A outorga de direito de uso de recursos hí- dricos poderá ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo determinado, nas seguintes circunstâncias: I - não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga; II - ausência de uso por três anos consecutivos; III - necessidade premente de água para atender a situações de calamidade, inclusive as decorrentes de condições climáticas adversas; IV - necessidade de se prevenir ou reverter grave de- gradação ambiental; V - necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os quais não se disponha de fontes alternativas; VI - necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do corpo de água. O Sistema de Informações dos Recursos Hídricos é um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e re- cuperação de informações sobre recursos hídricos e fa- tores intervenientes em sua gestão. Os dados gerados pelos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Geren- ciamento de Recursos Hídricos serão incorporados ao Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídri- cos (art. 25, caput e parágrafo único, Lei nº 9.433/1997). Tem por objetivos, de modo geral, reunir, dar consistên- cia e divulgar os dados e informações sobre a situação qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos no Brasil, mas também atualizar permanentemente as informações sobre disponibilidade e demanda de recursos hídricos em todo o território nacional; e fornecer subsídios para a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos. Sobre a implementação da Política Nacional de Re- cursos Hídricos, o art. 29 expõe ser de competência do Poder Executivo Federal: a) tomar as providências necessárias à implementa- ção e ao funcionamento do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; b) outorgar os direitos de uso de recursos hídricos, e regulamentar e fiscalizar os usos, na sua esfera de competência; c) implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, em âmbito nacional; e d) promover a integração da gestão de recursos hídri- cos com a gestão ambiental. A Lei de Políticas Nacionais de Recursos Hídricos também procura estabelecer o Sistema Nacional de Ge- renciamento desses recursos, composto pelos seguin- tes membros, na forma do art. 33: Conselho Nacional de Recursos Hídricos; a Agência Nacional de Águas; os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal; os Comitês de Bacia Hidrográfica; os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais cujas competências se relacionem com a ges- tão de recursos hídricos; e as Agências de Águas. O artigo 35 trata das competências do Conselho Na- cional de Recursos Hídricos, a saber: Art. 35. Compete ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos: I - promover a articulação do planejamento de recur- sos hídricos com os planejamentos nacional, regional, estaduais e dos setores usuários; I - arbitrar, em última instância administrativa, os conflitos existentes entre Conselhos Estaduais de Re- cursos Hídricos; III - deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos hídricos cujas repercussões extrapolem o âm- bito dos Estados em que serão implantados; IV - deliberar sobre as questões que lhe tenham sido encaminhadas pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos ou pelos Comitês de Bacia Hidrográfica; V - analisar propostas de alteração da legislação per- tinente a recursos hídricos e à Política Nacional de Re- cursos Hídricos; VI - estabelecer diretrizes complementares para imple- mentação da Política Nacional de Recursos Hídricos, aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; VII - aprovar propostas de instituição dos Comitês de Bacia Hidrográfica e estabelecer critérios gerais para a elaboração de seus regimentos; IX – acompanhar a execução e aprovar o Plano Nacio- nal de Recursos Hídricos e determinar as providências necessárias ao cumprimento de suas metas; X - estabelecer critérios gerais para a outorga de di- reitos de uso de recursos hídricos e para a cobrança por seu uso. XI - zelar pela implementação da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB); XII - estabelecer diretrizes para implementação da PNSB, aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB); XIII - apreciar o Relatório de Segurança de Barragens, fazendo, se necessário, recomendações para melhoria da segurança das obras, bem como encaminhá-lo ao Congresso Nacional. Já os Comitês de Bacias Hidrográficas, compostos por representantes da União, Estados, Municípios, do Distrito Federal, dos usuários e das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia, possuem competências dispostas no artigo 38, in verbis: Art. 38. Compete aos Comitês de Bacia Hidrográfica, no âmbito de sua área de atuação: I - promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes; II - arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos hídricos; III - aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia; IV - acompanhar a execução do Plano de Recursos Hí- dricos da bacia e sugerir as providências necessárias ao cumprimento de suas metas; V - propor ao Conselho Nacional e aos Conselhos Es- taduais de Recursos Hídricos as acumulações, deriva- ções, captações e lançamentos de pouca expressão, para efeito de isenção da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos, de acordo com os domínios destes; 22 D IR EI TO A M BI EN TA L VI - estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os valores a serem co- brados; IX - estabelecer critérios e promover o rateio de cus- to das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo. Parágrafo único. Das decisões dos Comitês de Bacia Hidrográfica caberá recurso ao Conselho Nacional ou aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com sua esfera de competência. A criação de uma Agência de Águas, que exercem função de secretaria executiva do respectivo ou respec- tivos Comitês de Bacia Hidrográfica, é condicionada ao atendimento de certos requisitos, que encontram-se dis- postos no artigo 43: I - prévia existência do respectivo ou respectivos Comi- tês de Bacia Hidrográfica; e II - viabilidade financeira assegurada pela cobrança do uso dos recursos hídricos em sua área de atuação. Por fim, a Lei nº 9.433/1997 também prevê algumas infrações e penalidades no seu Título III. Art. 49. Constitui infração das normas de utilização de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos: I - derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade, sem a respectiva outorga de direito de uso; II - iniciar a implantaçãoou implantar empreendi- mento relacionado com a derivação ou a utilização de recursos hídricos, superficiais ou subterrâneos, que implique alterações no regime, quantidade ou qua- lidade dos mesmos, sem autorização dos órgãos ou entidades competentes; III - (VETADO) IV - utilizar-se dos recursos hídricos ou executar obras ou serviços relacionados com os mesmos em desacor- do com as condições estabelecidas na outorga; V - perfurar poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem a devida autorização; VI - fraudar as medições dos volumes de água utiliza- dos ou declarar valores diferentes dos medidos; VII - infringir normas estabelecidas no regulamento desta Lei e nos regulamentos administrativos, com- preendendo instruções e procedimentos fixados pelos órgãos ou entidades competentes; VIII - obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das au- toridades competentes no exercício de suas funções. Art. 50. Por infração de qualquer disposição legal ou regulamentar referentes à execução de obras e ser- viços hidráulicos, derivação ou utilização de recursos hídricos de domínio ou administração da União, ou pelo não atendimento das solicitações feitas, o infra- tor, a critério da autoridade competente, ficará sujeito às seguintes penalidades, independentemente de sua ordem de enumeração: I - advertência por escrito, na qual serão estabelecidos prazos para correção das irregularidades; II - multa, simples ou diária, proporcional à gravidade da infração, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais); III - embargo provisório, por prazo determinado, para execução de serviços e obras necessárias ao efetivo cumprimento das condições de outorga ou para o cumprimento de normas referentes ao uso, controle, conservação e proteção dos recursos hídricos; IV - embargo definitivo, com revogação da outorga, se for o caso, para repor incontinenti, no seu antigo esta- do, os recursos hídricos, leitos e margens, nos termos dos arts. 58 e 59 do Código de Águas ou tamponar os poços de extração de água subterrânea. Sempre que da infração cometida resultar prejuízo a serviço público de abastecimento de água, riscos à saúde ou à vida, perecimento de bens ou animais, ou prejuízos de qualquer natureza a terceiros, a multa a ser aplicada nunca será inferior à metade do valor máximo cominado em abstrato. No caso dos incisos III e IV, independentemente da pena de multa, serão cobradas do infrator as despesas em que incorrer a Administração para tornar efetivas as medidas previstas nos citados incisos, na forma dos arts. 36, 53, 56 e 58 do Código de Águas, sem prejuízo de responder pela indenização dos danos a que der causa. RESOLUÇÃO CNRH nº 16/2001 A Resolução do Conselho Nacional de Recursos Hídri- cos nº 16, de 8 de maio de 2001, dispõe sobre a outorga de direito de uso de recursos hídricos. Seu conteúdo é bas- tante auto didático, e as questões de concurso público procuram exigir que o candidato tenha conhecimento li- teral de seus dispositivos. Por isso, não há a necessidade de traçar comentários sobre tal Resolução. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos, no uso das competências que lhe são conferidas pelo art. 13 da Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997 , pelo art. 1º do Decreto nº 2.612, de 03 de junho de 1998 , e conforme o disposto em seu Regimento Interno, e: Considerando a necessidade da atuação integrada dos órgãos componentes do SNGRH na execução da Política Nacional de Recursos Hídricos, em conformidade com as respectivas competências, resolve: Art. 1º A outorga de direito de uso de recursos hídricos é o ato administrativo mediante o qual a autoridade outorgante faculta ao outorgado previamente ou me- diante o direito de uso de recurso hídrico, por prazo determinado, nos termos e nas condições expressas no respectivo ato, consideradas as legislações específicas vigentes. § 1º A outorga não implica alienação total ou parcial das águas, que são inalienáveis, mas o simples direito de uso. § 2º A outorga confere o direito de uso de recursos hídricos condicionado à disponibilidade hídrica e ao regime de racionamento, sujeitando o outorgado à suspensão da outorga. § 3º O outorgado é obrigado a respeitar direitos de terceiros. § 4º A análise dos pleitos de outorga deverá considerar a interdependência das águas superficiais e subterrâ- neas e as interações observadas no ciclo hidrológico visando a gestão integrada dos recursos hídricos. 23 D IR EI TO A M BI EN TA L Art. 2º A transferência do ato de outorga a terceiros deverá conservar as mesmas características e condi- ções da outorga original e poderá ser feita total ou parcialmente quando aprovada pela autoridade ou- torgante e será objeto de novo ato administrativo in- dicando o(s) titular(es). Art. 3º O outorgado poderá disponibilizar ao outor- gante, a critério deste, por prazo igual ou superior a um ano, vazão parcial ou total de seu direito de uso, devendo o outorgante emitir novo ato administrativo. Art. 4º Estão sujeitos à outorga: I - a derivação ou captação de parcela de água exis- tente em um corpo de água, para consumo final, in- clusive abastecimento público ou insumo de processo produtivo; II - extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo; III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final; IV - o uso para fins de aproveitamento de potenciais hidrelétricos; e V - outros usos e/ou interferências, que alterem o re- gime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de água. Parágrafo único. A outorga poderá abranger direito de uso múltiplo e/ou integrado de recursos hídricos, superficiais e subterrâneos, ficando o outorgado res- ponsável pela observância concomitante de todos os usos a ele outorgados. Art. 5º Independem de outorga: I - o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais dis- tribuídos no meio rural; II - as derivações, captações e lançamentos considera- dos insignificantes, tanto do ponto de vista de volume quanto de carga poluente; e III - as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes. Parágrafo único. Os critérios específicos de vazões ou acumulações de volumes de água consideradas insig- nificantes serão estabelecidos nos planos de recursos hídricos, devidamente aprovados pelos corresponden- tes comitês de bacia hidrográfica ou, na inexistência destes, pela autoridade outorgante. Art. 6º A outorga de direito de uso de recursos hídri- cos terá o prazo máximo de vigência de trinta e cinco anos, contados da data da publicação do respectivo ato administrativo, respeitados os seguintes limites de prazo: I - até dois anos, para o início da implantação do em- preendimento objeto da outorga; II - até seis anos, para conclusão da implantação do empreendimento projetado. § 1º O prazo de que trata o caput poderá ser prorro- gado, pela respectiva autoridade outorgante, respei- tando-se as prioridades estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos. § 2º Os prazos de vigência das outorgas de direito de uso e recursos hídricos serão fixados em função da natureza, finalidade e do porte do empreendimento, levando-se em consideração, quando for o caso, o pe- ríodo de retorno do investimento. § 3º Os prazos a que se referem os incisos I e II des- te artigo, poderão ser ampliados quando o porte e a importância social e econômica do empreendimento o justificar, ouvido o Conselho de Recursos Hídricos competente. § 4º A outorga de direito de uso de recursos hídricos para concessionárias e autorizadas de serviços públi- cos e de geração de energia hidrelétrica, bem como suas prorrogações, vigorará por prazo coincidente com o do correspondente contrato de concessão ou ato administrativo de autorização. Art. 7º A autoridade outorgante poderá emitir outor- gas preventivas de uso de recursos hídricos, instituídas peloart. 6º da Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000 , mediante requerimento, com a finalidade de declarar a disponibilidade de água para os usos requeridos, ob- servado o disposto no art. 13 da Lei nº 9.433 de 08 de janeiro de 1997 . § 1º A outorga preventiva não confere direito de uso de recursos hídricos e se destina a reservar a vazão passível de outorga, possibilitando, aos investidores, o planejamento de empreendimentos que necessitem desses recursos. § 2º O prazo de validade da outorga preventiva será fixado levando-se em conta a complexidade do plane- jamento do empreendimento, limitando-se ao máxi- mo de três anos, findo o qual será considerado o dis- posto nos incisos I e II do artigo anterior. § 3º A outorga de que trata este artigo deverá obser- var as prioridades estabelecidas nos Planos de Recur- sos Hídricos e os prazos requeridos no procedimento de licenciamento ambiental. Art. 8º A autoridade outorgante deverá estabelecer prazos máximos de análise dos procedimentos de outorga preventiva e de outorga de direito de uso, considerando as peculiaridades da atividade ou em- preendimento, a contar da data da protocolização do requerimento, ressalvada a necessidade da formula- ção de exigências complementares. Art. 9º As outorgas preventiva e de direito de uso dos recursos hídricos relativas a atividades setoriais, po- derão ser objeto de resolução, em consonância com o disposto nesta Resolução. Art. 10. A autoridade outorgante deverá assegurar ao público o acesso aos critérios que orientaram as toma- das de decisão referentes a outorga. Art. 11. Para licitar a concessão ou autorizar o uso de potencial de energia hidráulica, a Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL deverá promover, junto à autoridade outorgante competente, a prévia obtenção de declaração de reserva de disponibilidade hídrica, observando o período de transição conforme estipula- do na Lei nº 9.984, de 2000 . § 1º A declaração de reserva de disponibilidade hí- drica será transformada, pela respectiva autoridade outorgante, em outorga de direito de uso de recursos hídricos à entidade que receber da ANEEL a conces- são ou a autorização de uso do potencial de energia hidráulica. § 2º A declaração de reserva de disponibilidade hídri- ca obedecerá ao disposto no art. 13 da Lei nº 9.433, de 1997 , e será fornecida em prazos a serem regula- mentados. 24 D IR EI TO A M BI EN TA L Art. 12. A outorga deverá observar os planos de recur- sos hídricos e, em especial: I - as prioridades de uso estabelecidas; II - a classe em que o corpo de água estiver enquadra- do, em consonância com a legislação ambiental; III - a preservação dos usos múltiplos previstos; e IV - a manutenção das condições adequadas ao trans- porte aquaviário, quando couber. § 1º As vazões e os volumes outorgados poderão ficar indisponíveis, total ou parcialmente, para outros usos no corpo de água, considerando o balanço hídrico e a capacidade de autodepuração para o caso de diluição de efluentes. § 2º A vazão de diluição poderá ser destinada a outros usos no corpo de água, desde que não agregue carga poluente adicional. Art. 13. A emissão da outorga obedecerá, no mínimo, às seguintes prioridades: I - o interesse público; II - a data da protocolização do requerimento, ressal- vada a complexidade de análise do uso ou interferên- cia pleiteados e a. necessidade de complementação de informações. Art. 14. Os Planos de Recursos Hídricos de Bacias Hi- drográficas deverão considerar as outorgas existentes em suas correspondentes áreas de abrangência e re- comendar às autoridades outorgantes, quando for o caso, a realização de ajustes e adaptações nos respec- tivos atos. Art. 15. A outorga de direito de uso da água para o lançamento de efluentes será dada em quantidade de água necessária para a diluição da carga poluen- te, que pode variar ao longo do prazo de validade da outorga, com base nos padrões de qualidade da água correspondentes à classe de enquadramento do res- pectivo corpo receptor e/ou em critérios específicos definidos no correspondente plano de recursos hídri- cos ou pelos órgãos competentes. Art. 16. O requerimento de outorga, de uso de recur- sos hídricos será formulado por escrito, à autoridade competente e instruído com, no mínimo, as seguintes informações: I - em todos os casos: a) identificação do requerente; b) localização geográfica do(s) ponto(s) característico(s) objeto do pleito de outorga, incluindo nome do corpo de água e da bacia hidrográfica principal; c) especificação da finalidade do uso da água; II - quando se tratar de derivação ou captação de água oriunda de corpo de água superficial ou subterrâneo: a) razão máxima instantânea e volume diário que se pretenda derivar; b) regime de variação em termos de número de dias de captação, em cada mês, e de número de horas de captação, em cada dia; III - quando se tratar de lançamento de esgotos e de- mais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final: a) vazão máxima instantânea e volume diário a ser lançado no corpo de água receptor e regime de varia- ção do lançamento; b) concentrações e cargas de poluentes físicos, quími- cos e biológicos. Parágrafo único. Os estudos e projetos hidráulicos, geológicos, hidrológicos e hidrogeológicos, correspon- dentes às atividades necessárias ao uso dos recursos hídricos, deverão ser executados sob a responsabili- dade de profissional devidamente habilitado junto ao Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agro- nomia - CREA. Art. 17. O requerimento de outorga e seus anexos deverão ser protocolizados junto à autoridade outor- gante competente, de acordo com a jurisdição onde se localizarem os corpos de água objetos da outorga. Art. 18. O processo objeto do requerimento de outor- ga de direito de uso de recursos hídricos, poderá ser arquivado quando o requerente deixar de apresentar as informações ou documentos solicitados pela auto- ridade outorgante, após três meses contados da data da solicitação. Art. 19. Os pedidos de outorga poderão ser indeferi- dos em função do não-cumprimento das exigências técnicas ou legais ou do interesse público, mediante decisão devidamente fundamentada, devendo ser pu- blicada na forma de extrato no Diário Oficial. Art. 20. Do ato administrativo da outorga, deverão constar, no mínimo, as seguintes informações: I - identificação do outorgado; II - localização geográfica e hidrográfica, quantidade, e finalidade a que se destinem as águas; III - prazo de vigência; IV - obrigação, nos termos da legislação, de recolher os valores da cobrança pelo uso dos recursos hídricos, quando exigível, que será definida mediante regula- mento específico; V - condição em que a outorga poderá cessar seus efeitos legais, observada a legislação pertinente; e VI - situações ou circunstâncias em que poderá ocorrer a suspensão da outorga em observância ao art. 15 da Lei nº 9.433, de 1997 e do art. 24 desta Resolução. Art. 21. A autoridade outorgante manterá cadastro dos usuários de recursos hídricos contendo, para cada corpo de água, no mínimo: I - registro das outorgas emitidas e dos usos que inde- pendem de outorga; II - vazão máxima instantânea e volume diário outor- gado no corpo de água e em todos os corpos de água localizados a montante e a jusante; III - vazão máxima instantânea e volume diário dis- ponibilizados no corpo de água e nos corpos de água localizados a montante e a jusante, para atendimento aos usos que independem de outorga; e IV - vazão mínima do corpo de água necessária à pre- venção da degradação ambiental, à manutenção dos ecossistemas aquáticos e à manutenção de condições adequadas ao transporte aquaviário, quando couber, dentre outros usos. § 1º As informações sobre o cadastro e o registro das outorgas integrarão o Sistema Nacional de Informa- ções sobre Recursos Hídricos. § 2º A cada emissão de nova outorga a autoridade outorgante fará o registro do aumento da vazão e do volumeoutorgados no respectivo corpo de água. 25 D IR EI TO A M BI EN TA L § 3º Será obrigatório o cadastro para qualquer tipo de uso de recurso hídrico e deverá ser efetuada a comu- nicação à autoridade outorgante, da paralisação tem- porária de uso por período superior a seis meses, bem como da desistência do(s) uso(s) outorgado(s). Art. 22. O outorgado interessado em renovar a ou- torga deverá apresentar requerimento à autoridade outorgante competente com antecedência mínima de noventa dias da data de término da outorga. § 1º O pedido de renovação somente será atendido se forem observadas as normas, critérios e prioridades vigentes na época da renovação. § 2º Cumpridos os termos do caput, se a autoridade outorgante não houver se manifestado expressamente a respeito do pedido de renovação até a data de tér- mino da outorga, fica esta automaticamente prorro- gada até que ocorra deferimento ou indeferimento do referido pedido. Art. 23. As outorgas emitidas serão publicadas no Diá- rio Oficial da União, do Estado ou do Distrito Federal, conforme o caso, na forma de extrato, no qual deverá constar, no mínimo, as informações constantes do art. 20, desta Resolução. § 1º Fica facultada às autoridades outorgantes a adoção de sistema eletrônico para requerimento das outorgas, podendo dispensar a apresentação dos ori- ginais da documentação exigível, desde que seja as- segurada sua disponibilidade a qualquer tempo, para fins de verificação e fiscalização. § 2º Caso a autoridade outorgante verifique inexati- dão quanto à documentação apresentada pelo reque- rente, serão aplicadas as sanções cabíveis, previstas em lei. Art. 24. A outorga de. uso de recursos hídricos poderá ser suspensa pela autoridade outorgante, parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo determinado, sem qualquer direito de indenização ao usuário, nas seguintes circunstâncias: I - não-cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga; II - ausência de uso por três anos consecutivos; III - necessidade premente de água para atender a situações de calamidade, inclusive as decorrentes de condições climáticas adversas; IV - necessidade de se prevenir ou reverter grave de- gradação ambiental; V - necessidade de se atender a usos prioritários de interesse coletivo para os quais não se disponha de fontes alternativas; VI - necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do corpo de água; e VII - indeferimento ou cassação da licença ambiental. § 1º A suspensão da outorga só poderá ser efetivada se devidamente fundamentada em estudos técnicos que comprovem a necessidade do ato. § 2º A suspensão de outorga de uso de recursos hí- dricos, prevista neste artigo, implica automaticamente no corte ou na redução dos usos outorgados. Art. 25. A outorga de direito de uso de recursos hídri- cos extingue-se, sem qualquer direito de indenização ao usuário, nas seguintes circunstâncias: I - morte do usuário - pessoa física; II - liquidação judicial ou extrajudicial do usuário - pessoa jurídica; e III - término do prazo de validade de outorga sem que tenha havido tempestivo pedido de renovação. Parágrafo único. No caso do inciso I deste artigo, os herdeiros ou inventariantes do usuário outorgado, se interessados em prosseguir com a utilização da ou- torga, deverão solicitar em até cento e oitenta dias da data do óbito, a retificação do ato administrativo da portaria, que manterá seu prazo e condições originais, quando da definição do(s) legítimo(s) herdeiro(s), sen- do emitida nova portaria, em nome deste(s). Art. 26. Quando da ocorrência de eventos críticos na bacia hidrográfica, a autoridade outorgante pode- rá instituir regime de racionamento de água para os usuários, pelo período que se fizer necessário, ouvido o respectivo Comitê. § 1º Serão prioritariamente assegurados os volumes mínimos necessários para consumo humano e desse- dentação de animais. § 2º Em caso onde haja o não-atendimento da vazão outorgada, poderá o usuário prejudicado solicitar pro- vidências à autoridade outorgante, de modo a garan- tir providências que assegure o seu direito de uso ou o tratamento eqüitativo. § 3º Poderão ser racionadas, indistintamente, as cap- tações de água e/ou as diluições de efluentes, sendo que, neste último caso, o racionamento poderá impli- car restrição ao lançamento de efluentes que compro- metam a qualidade de água do corpo receptor. Art. 27. As Unidades da Federação a quem compete a emissão das outorgas dos recursos hídricos subter- râneos, deverão manter os serviços indispensáveis à avaliação destes recursos, ao comportamento hidroló- gico dos aquíferos e ao controle da qualidade e quan- tidade. Art. 28. Em caso de conflito no uso das águas subter- râneas de aquíferos que se estendam a mais de uma Unidade da Federação, caberá ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos arbitrá-lo. Art. 29. A autoridade outorgante poderá delegar às Agências de Água o exercício das seguintes atividades relacionadas à outorga de uso dos recursos hídricos situados em suas respectivas áreas de atuação: I - recepção dos requerimentos de outorga; II - análise técnica dos pedidos de outorga; III - emissão de parecer sobre os pedidos de outorga. Art. 30. O ato administrativo de outorga não exime o outorgado do cumprimento da legislação ambiental pertinente ou das exigências que venham a ser feitas por outros órgãos e entidades competentes. Art. 31. O outorgado deverá implantar e manter o monitoramento da vazão captada e/ou lançada e da qualidade do efluente, encaminhando à autoridade outorgante os dados observados ou medidos na forma preconizada no ato da outorga. Art. 32. O não-cumprimento ao disposto nesta Resolu- ção acarretará aos infratores as sanções previstas na Lei nº 9.433, de 1997 , e na legislação correlata. Art. 33. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. 26 D IR EI TO A M BI EN TA L SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RE- CURSOS HÍDRICOS (SINGREH) Um sistema de gerenciamento das águas é o conjun- to de organismos, agências e instalações governamen- tais e privadas, estabelecidos com o objetivo de executar a Política das Águas, através de um modelo de gerencia- mento das águas adotado, e com os instrumentos para o planejamento das águas. É o mecanismo que promove a dinâmica do arranjo institucional da gestão de recursos hídricos. O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SINGREH tem como objetivo coordenar a ges- tão integrada das águas, arbitrar administrativamente os conflitos relativos aos recursos hídricos, implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos, planejar, regular e controlar o uso, preservação e a recuperação dos re- cursos hídricos e promover a cobrança pelo uso da água. O Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos conta com uma estrutura que compreende o Conselho Nacional de Recursos Hídricos - CNRH, os conselhos de recursos hídricos dos Estados e do Distrito Federal, os comitês de bacias hidrográficas, as agências de água, a ANA (Agência Nacional de Águas) e os órgãos dos pode- res públicos Federal, Estaduais, do Distrito Federal e Mu- nicipais, cujas competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos é o ór- gão deliberativo e normativo mais elevado na hierarquia do Sistema Nacional de Recursos Hídricos, em termos administrativos, ao qual cabe decidir sobre as grandes questões do setor, além de dirimir as contendas de maior vulto. Regulamentado por meio do Decreto Federal n° 2.612, de 3 de junho de 1998, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos é o órgão máximo normativo e deli- berativo. A Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos é exercida pela Secretaria de Recur- sos Hídricos e Ambientes Urbanos do Ministério do Meio Ambiente, cuja competência é prestar apoio administra- tivo, técnico e financeiro ao Conselho Nacional de Recur- sos Hídricos e coordenar a elaboração do Plano Nacional de Recursos Hídricos eencaminhá-lo à aprovação do Conselho. O CNRH possui, também, 10 Câmaras Técnicas te- máticas para tratar de assuntos pertinentes às suas atri- buições, com o objetivo de subsidiar as decisões dos conselheiros em plenário. Para maiores detalhes sobre a estrutura e o funciona- mento do SINGREH, recomendamos uma leitura na ínte- gra da página da internet da Agência Nacional de Águas (ANA), o qual você pode acessar pelo seguinte endereço eletrônico: https://www.ana.gov.br/aguas-no-brasil/sis- tema-de-gerenciamento-de-recursos-hidricos/o-que-e- -o-singreh RECURSOS FLORESTAIS. LEI Nº 12.651/2012 E SUAS ALTERAÇÕES. RESOLUÇÕES DO CONAMA Nº 302/2002 E 303/2002. LEI Nº 11.284/2006 E SUAS ALTERAÇÕES (GESTÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS). SIGNIFICADO DE GESTÃO E DE CONCESSÃO FLORESTAL. LEI Nº 12.651/2012 E SUAS ALTERAÇÕES A Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012, tam- bém conhecido como o “Código Florestal Brasileiro”, es- tabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal; a exploração florestal, o suprimento de matéria- -prima florestal, o controle da origem dos produtos flo- restais e o controle e prevenção dos incêndios florestais, e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos. 1. Disposições gerais O parágrafo único do art. 1º-A dispõe dos princípios presentes no Código Florestal. Dentre esses princípios, temos: I - afirmação do compromisso soberano do Brasil com a preservação das suas florestas e demais formas de vegetação nativa, bem como da biodiversidade, do solo, dos recursos hídricos e da integridade do sistema climático, para o bem estar das gerações presentes e futuras; II - reafirmação da importância da função estratégica da atividade agropecuária e do papel das florestas e demais formas de vegetação nativa na sustentabilida- de, no crescimento econômico, na melhoria da qua- lidade de vida da população brasileira e na presença do País nos mercados nacional e internacional de ali- mentos e bioenergia; III - ação governamental de proteção e uso sustentá- vel de florestas, consagrando o compromisso do País com a compatibilização e harmonização entre o uso produtivo da terra e a preservação da água, do solo e da vegetação;. IV - responsabilidade comum da União, Estados, Distri- to Federal e Municípios, em colaboração com a socie- dade civil, na criação de políticas para a preservação e restauração da vegetação nativa e de suas funções ecológicas e sociais nas áreas urbanas e rurais;. V - fomento à pesquisa científica e tecnológica na bus- ca da inovação para o uso sustentável do solo e da água, a recuperação e a preservação das florestas e demais formas de vegetação nativa; VI - criação e mobilização de incentivos econômicos para fomentar a preservação e a recuperação da ve- getação nativa e para promover o desenvolvimento de atividades produtivas sustentáveis. O artigo 3º, por sua vez, traz alguns conceitos rele- vantes para a matéria. 27 D IR EI TO A M BI EN TA L Amazônia Legal é o complexo de Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e as regiões situadas ao norte do paralelo 13º S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridia- no de 44º W, do Estado do Maranhão. Área de Preservação Permanente – APP é a área pro- tegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a fun- ção ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisa- gem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegu- rar o bem-estar das populações humanas. Reserva Legal é a área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel ru- ral, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa. Área rural consolidada é área de imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipas- toris, admitida, neste último caso, a adoção do regime de pousio. Pequena propriedade ou posse rural familiar é aque- la explorada mediante o trabalho pessoal do agricultor familiar e empreendedor familiar rural, incluindo os as- sentamentos e projetos de reforma agrária, e que atenda ao disposto no art. 3º da Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006. Utilidade pública é: a) as atividades de segurança nacional e proteção sa- nitária; b) as obras de infraestrutura destinadas às conces- sões e aos serviços públicos de transporte, sistema viário, inclusive aquele necessário aos parcelamen- tos de solo urbano aprovados pelos Municípios, saneamento, energia, telecomunicações, radiodi- fusão, bem como mineração, exceto, neste último caso, a extração de areia, argila, saibro e cascalho; c) atividades e obras de defesa civil; d) atividades que comprovadamente proporcionem melhorias na proteção das funções ambientais re- feridas no inciso II deste artigo; e) outras atividades similares devidamente caracteri- zadas e motivadas em procedimento administra- tivo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto, defini- das em ato do Chefe do Poder Executivo federal. Interesse social, por, sua vez: a) as atividades imprescindíveis à proteção da inte- gridade da vegetação nativa, tais como prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão, erradicação de invasoras e proteção de plantios com espécies nativas; b) a exploração agroflorestal sustentável praticada na pequena propriedade ou posse rural familiar ou por povos e comunidades tradicionais, desde que não descaracterize a cobertura vegetal existente e não prejudique a função ambiental da área; c) a implantação de infraestrutura pública destinada a esportes, lazer e atividades educacionais e culturais ao ar livre em áreas urbanas e rurais consolidadas, observadas as condições estabelecidas nesta Lei; d) a regularização fundiária de assentamentos huma- nos ocupados predominantemente por população de baixa renda em áreas urbanas consolidadas, observadas as condições estabelecidas na Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009; e) implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e de efluentes tratados para projetos cujos recursos hídricos são partes inte- grantes e essenciais da atividade; f) as atividades de pesquisa e extração de areia, argi- la, saibro e cascalho, outorgadas pela autoridade competente; g) outras atividades similares devidamente caracteri- zadas e motivadas em procedimento administra- tivo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional à atividade proposta, definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal. 2. Áreas de Proteção Permanente (APP) Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei (art. 4º): I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natu- ral perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura; b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de lar- gura; c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que te- nham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de: a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros;b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas; III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água ar- tificiais, decorrentes de barramento ou represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento. IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topo- gráfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros; V - as encostas ou partes destas com declividade su- perior a 45º , equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior declive; VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabili- zadoras de mangues; 28 D IR EI TO A M BI EN TA L VII - os manguezais, em toda a sua extensão; VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e inclinação média maior que 25º , as áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determina- do por planície ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação; X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oito- centos) metros, qualquer que seja a vegetação; XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção ho- rizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta) me- tros, a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado. Nas acumulações naturais ou artificiais de água com superfície inferior a 1 (um) hectare, fica dispensada a re- serva da faixa de proteção prevista nos incisos II e III do caput, vedada nova supressão de áreas de vegetação na- tiva, salvo autorização do órgão ambiental competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente – Sisnama (art. 4º, § 4º). Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas de interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo, as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades: I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchen- tes e deslizamentos de terra e de rocha; II - proteger as restingas ou veredas; III - proteger várzeas; IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaça- dos de extinção; V - proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico; VI - formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; VII - assegurar condições de bem-estar público; VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares. IX - proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional. Nos pantanais e planícies pantaneiras, é permitida a exploração ecologicamente sustentável, devendo-se considerar as recomendações técnicas dos órgãos ofi- ciais de pesquisa, ficando novas supressões de vegetação nativa para uso alternativo do solo condicionadas à auto- rização do órgão estadual do meio ambiente, com base nas recomendações mencionadas neste artigo (art. 10). 3. Uso ecologicamente sustentável A Zona Costeira é patrimônio nacional, nos termos do § 4º do art. 225 da Constituição Federal, devendo sua ocupação e exploração dar-se de modo ecologicamente sustentável (art. 11-A). Os apicuns e salgados podem ser utilizados em ativi- dades de carcinicultura e salinas, desde que observados os seguintes requisitos: I - área total ocupada em cada Estado não superior a 10% (dez por cento) dessa modalidade de fitofisio- nomia no bioma amazônico e a 35% (trinta e cinco por cento) no restante do País, excluídas as ocupações consolidadas que atendam ao disposto no § 6º deste artigo; II - salvaguarda da absoluta integridade dos mangue- zais arbustivos e dos processos ecológicos essenciais a eles associados, bem como da sua produtividade bio- lógica e condição de berçário de recursos pesqueiros; III - licenciamento da atividade e das instalações pelo órgão ambiental estadual, cientificado o Instituto Bra- sileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Re- nováveis - IBAMA e, no caso de uso de terrenos de marinha ou outros bens da União, realizada regulari- zação prévia da titulação perante a União; IV - recolhimento, tratamento e disposição adequados dos efluentes e resíduos; V - garantia da manutenção da qualidade da água e do solo, respeitadas as Áreas de Preservação Perma- nente; e VI - respeito às atividades tradicionais de sobrevivên- cia das comunidades locais. 4. Área de reserva legal Dispõe o artigo 12 da referida Lei que todo imóvel ru- ral deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das nor- mas sobre as Áreas de Preservação Permanente, observa- dos os seguintes percentuais mínimos em relação à área do imóvel, excetuados os casos previstos no art. 68 desta Lei: I - localizado na Amazônia Legal: a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas; b) 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado; c) 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais; II - localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cento). Em caso de fracionamento do imóvel rural, a qualquer título, inclusive para assentamentos pelo Programa de Reforma Agrária, será considerada, para fins do disposto do caput , a área do imóvel antes do fracionamento. Quando indicado pelo Zoneamento Ecológico-Eco- nômico - ZEE estadual, realizado segundo metodologia unificada, o poder público federal poderá: I - reduzir, exclusivamente para fins de regularização, mediante recomposição, regeneração ou compensa- ção da Reserva Legal de imóveis com área rural con- solidada, situados em área de floresta localizada na Amazônia Legal, para até 50% (cinquenta por cento) da propriedade, excluídas as áreas prioritárias para conservação da biodiversidade e dos recursos hídricos e os corredores ecológicos; II - ampliar as áreas de Reserva Legal em até 50% (cinquenta por cento) dos percentuais previstos nesta Lei, para cumprimento de metas nacionais de prote- ção à biodiversidade ou de redução de emissão de ga- ses de efeito estufa (art. 13). 29 D IR EI TO A M BI EN TA L A localização da área de Reserva Legal no imóvel ru- ral deverá levar em consideração os seguintes estudos e critérios: I - o plano de bacia hidrográfica; II - o Zoneamento Ecológico-Econômico; III - a formação de corredores ecológicos com outra Reserva Legal, com Área de Preservação Permanente, com Unidade de Conservação ou com outra área le- galmente protegida; IV - as áreas de maior importância para a conserva- ção da biodiversidade; e V - as áreas de maior fragilidade ambiental (art. 14). O órgão estadual integrante do Sisnama ou institui- ção por ele habilitada deverá aprovar a localização da Re- serva Legal após a inclusão do imóvel no CAR, conforme o art. 29 desta Lei. Protocolada a documentação exigida para a análise da localização da área de Reserva Legal, ao proprietário ou possuidor rural não poderá ser imputada sanção ad- ministrativa, inclusive restrição a direitos, por qualquer órgão ambiental competente integrante do Sisnama, em razão da não formalização da área de Reserva Legal. Será admitido o cômputo das Áreas de Preservação Permanente no cálculo do percentual da Reserva Legal do imóvel, desde que (art. 15): I - o benefício previsto neste artigo não implique a conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo; II - a área a ser computada esteja conservada ou em processo de recuperação, conforme comprovação do proprietário ao órgão estadual integrante do Sisnama; e III - o proprietário ou possuidor tenha requerido inclu- são do imóvel no Cadastro Ambiental Rural - CAR, nos termos desta Lei. A Reserva Legal deve ser conservada com cobertura de vegetação nativa pelo proprietário do imóvel rural, possuidor ou ocupante a qualquer título, pessoa físicaou jurídica, de direito público ou privado (art. 17). Admite-se a exploração econômica da Reserva Legal mediante manejo sustentável, previamente aprovado pelo órgão competente do Sisnama, de acordo com as modalidades previstas no art. 20. Para fins de manejo de Reserva Legal na pequena propriedade ou posse rural familiar, os órgãos integran- tes do Sisnama deverão estabelecer procedimentos sim- plificados de elaboração, análise e aprovação de tais pla- nos de manejo. A área de Reserva Legal deverá ser registrada no ór- gão ambiental competente por meio de inscrição no CAR de que trata o art. 29, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, ou de desmembramento, com as exceções previstas nes- ta Lei (art. 18). É livre a coleta de produtos florestais não madeireiros, tais como frutos, cipós, folhas e sementes, devendo-se observar (art. 21): I - os períodos de coleta e volumes fixados em regula- mentos específicos, quando houver; II - a época de maturação dos frutos e sementes; III - técnicas que não coloquem em risco a sobrevi- vência de indivíduos e da espécie coletada no caso de coleta de flores, folhas, cascas, óleos, resinas, cipós, bulbos, bambus e raízes. O manejo florestal sustentável da vegetação da Re- serva Legal com propósito comercial depende de autori- zação do órgão competente e deverá atender as seguin- tes diretrizes e orientações (art. 22): I - não descaracterizar a cobertura vegetal e não pre- judicar a conservação da vegetação nativa da área; II - assegurar a manutenção da diversidade das es- pécies; III - conduzir o manejo de espécies exóticas com a adoção de medidas que favoreçam a regeneração de espécies nativas. 5. Da supressão de vegetação para uso alternativo do solo A supressão de vegetação nativa para uso alternativo do solo, tanto de domínio público como de domínio pri- vado, dependerá do cadastramento do imóvel no CAR, de que trata o art. 29, e de prévia autorização do órgão estadual competente do Sisnama (art. 26). O requerimento de autorização de supressão de que trata o caput conterá, no mínimo, as seguintes informações: I - a localização do imóvel, das Áreas de Preservação Permanente, da Reserva Legal e das áreas de uso res- trito, por coordenada geográfica, com pelo menos um ponto de amarração do perímetro do imóvel; II - a reposição ou compensação florestal, nos termos do § 4º do art. 33; III - a utilização efetiva e sustentável das áreas já con- vertidas; IV - o uso alternativo da área a ser desmatada. 6. Da exploração de florestas A exploração de florestas nativas e formações su- cessoras, de domínio público ou privado, ressalvados os casos previstos nos arts. 21, 23 e 24, dependerá de licen- ciamento pelo órgão competente do Sisnama, mediante aprovação prévia de Plano de Manejo Florestal Susten- tável - PMFS que contemple técnicas de condução, ex- ploração, reposição florestal e manejo compatíveis com os variados ecossistemas que a cobertura arbórea forme. O PMFS atenderá os seguintes fundamentos técnicos e científicos: I - caracterização dos meios físico e biológico; II - determinação do estoque existente; III - intensidade de exploração compatível com a ca- pacidade de suporte ambiental da floresta; IV - ciclo de corte compatível com o tempo de restabe- lecimento do volume de produto extraído da floresta; V - promoção da regeneração natural da floresta; VI - adoção de sistema silvicultural adequado; VII - adoção de sistema de exploração adequado; VIII - monitoramento do desenvolvimento da floresta remanescente; IX - adoção de medidas mitigadoras dos impactos am- bientais e sociais. 30 D IR EI TO A M BI EN TA L O PMFS será submetido a vistorias técnicas para fis- calizar as operações e atividades desenvolvidas na área de manejo. As pessoas físicas ou jurídicas que utilizam matéria- -prima florestal em suas atividades devem suprir-se de recursos oriundos de (art. 33): I - florestas plantadas; II - PMFS de floresta nativa aprovado pelo órgão com- petente do Sisnama; III - supressão de vegetação nativa autorizada pelo ór- gão competente do Sisnama; IV - outras formas de biomassa florestal definidas pelo órgão competente do Sisnama. É proibido o uso de fogo na vegetação, exceto nas seguintes situações: I - em locais ou regiões cujas peculiaridades justifi- quem o emprego do fogo em práticas agropastoris ou florestais, mediante prévia aprovação do órgão esta- dual ambiental competente do Sisnama, para cada imóvel rural ou de forma regionalizada, que estabele- cerá os critérios de monitoramento e controle; II - emprego da queima controlada em Unidades de Conservação, em conformidade com o respectivo pla- no de manejo e mediante prévia aprovação do órgão gestor da Unidade de Conservação, visando ao ma- nejo conservacionista da vegetação nativa, cujas ca- racterísticas ecológicas estejam associadas evolutiva- mente à ocorrência do fogo; III - atividades de pesquisa científica vinculada a pro- jeto de pesquisa devidamente aprovado pelos órgãos competentes e realizada por instituição de pesquisa reconhecida, mediante prévia aprovação do órgão ambiental competente do Sisnama (art. 38). 7. Do programa de apoio e incentivo à preserva- ção e recuperação do meio ambiente É o Poder Executivo federal autorizado a instituir, sem prejuízo do cumprimento da legislação ambiental, programa de apoio e incentivo à conservação do meio ambiente, bem como para adoção de tecnologias e boas práticas que conciliem a produtividade agropecuária e florestal, com redução dos impactos ambientais, como forma de promoção do desenvolvimento ecologica- mente sustentável, observados sempre os critérios de progressividade, abrangendo as seguintes categorias e linhas de ação: I - pagamento ou incentivo a serviços ambientais como retribuição, monetária ou não, às atividades de conservação e melhoria dos ecossistemas e que gerem serviços ambientais, tais como, isolada ou cumulati- vamente: a) o sequestro, a conservação, a manutenção e o au- mento do estoque e a diminuição do fluxo de carbono; b) a conservação da beleza cênica natural; c) a conservação da biodiversidade; d) a conservação das águas e dos serviços hídricos; e) a regulação do clima; f) a valorização cultural e do conhecimento tradicio- nal ecossistêmico; g) a conservação e o melhoramento do solo; h) a manutenção de Áreas de Preservação Permanen- te, de Reserva Legal e de uso restrito; II - compensação pelas medidas de conservação am- biental necessárias para o cumprimento dos objetivos desta Lei, utilizando-se dos seguintes instrumentos, dentre outros: a) obtenção de crédito agrícola, em todas as suas mo- dalidades, com taxas de juros menores, bem como li- mites e prazos maiores que os praticados no mercado; b) contratação do seguro agrícola em condições me- lhores que as praticadas no mercado; c) dedução das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR, gerando créditos tributários; d) destinação de parte dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso da água, na forma da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, para a manutenção, recuperação ou recomposição das Áreas de Preserva- ção Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito na bacia de geração da receita; e) linhas de financiamento para atender iniciativas de preservação voluntária de vegetação nativa, proteção de espécies da flora nativa ameaçadas de extinção, manejo florestal e agroflorestal sustentável realizados na propriedade ou posse rural, ou recuperação de áre- as degradadas; f) isenção de impostos para os principais insumos e equipamentos, tais como: fios de arame, postes de madeira tratada, bombas d’água, trado de perfuração de solo, dentre outros utilizados para os processos de recuperação e manutenção das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito; III - incentivos paracomercialização, inovação e ace- leração das ações de recuperação, conservação e uso sustentável das florestas e demais formas de vegeta- ção nativa, tais como: a) participação preferencial nos programas de apoio à comercialização da produção agrícola; b) destinação de recursos para a pesquisa científica e tecnológica e a extensão rural relacionadas à melho- ria da qualidade ambiental. É instituída a Cota de Reserva Ambiental - CRA, título nominativo representativo de área com vegetação nativa, existente ou em processo de recuperação: I - sob regime de servidão ambiental, instituída na for- ma do art. 9º-A da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981; II - correspondente à área de Reserva Legal instituí- da voluntariamente sobre a vegetação que exceder os percentuais exigidos no art. 12 desta Lei; III - protegida na forma de Reserva Particular do Pa- trimônio Natural - RPPN, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000; IV - existente em propriedade rural localizada no in- terior de Unidade de Conservação de domínio público que ainda não tenha sido desapropriada (art. 44). 31 D IR EI TO A M BI EN TA L RESOLUÇÕES DO CONAMA A seguir, traremos o texto de algumas das principais resoluções do CONAMA. Seu conteúdo é bastante auto didático, e as questões de concurso público procuram exigir que o candidato tenha conhecimento literal de seus dispositivos. Por isso, não há a necessidade de traçar comentários sobre tais Resoluções. 1. Resolução CONAMA nº 302/2002 (Áreas de Pre- servação Permanente) O Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA, no uso das competências que lhe são conferidas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, e tendo em vista o disposto nas Leis nºs 4.771, de 15 de setembro de 1965, 9.433, de 8 de janeiro de 1997, e no seu Regimento Interno, e Considerando que a função sócio-ambiental da pro- priedade prevista nos arts. 5º, inciso XXIII, 170, inciso VI, 182, § 2º, 186, inciso II e 225 da Constituição, os princípios da prevenção, da precaução e do poluidor-pagador; Considerando a necessidade de regulamentar o art. 2º da Lei nº 4.771, de 1965, no que concerne às áreas de preservação permanente no entorno dos reservatórios ar- tificiais; Considerando as responsabilidades assumidas pelo Brasil por força da Convenção da Biodiversidade, de 1992, da Convenção de Ramsar, de 1971 e da Convenção de Washington, de 1940, bem como os compromissos deriva- dos da Declaração do Rio de Janeiro, de 1992; Considerando que as Áreas de Preservação Permanen- te e outros espaços territoriais especialmente protegidos, como instrumento de relevante interesse ambiental, inte- gram o desenvolvimento sustentável, objetivo das presen- tes e futuras gerações; Considerando a função ambiental das Áreas de Preser- vação Permanente de preservar os recursos hídricos, a pai- sagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas, resolve: Art. 1º Constitui objeto da presente Resolução o esta- belecimento de parâmetros, definições e limites para as Áreas de Preservação Permanente de reservatório artificial e a instituição da elaboração obrigatória de plano ambiental de conservação e uso do seu entorno. Art. 2º Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições: I - Reservatório artificial: acumulação não natural de água destinada a quaisquer de seus múltiplos usos; II - Área de Preservação Permanente: a área marginal ao redor do reservatório artificial e suas ilhas, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e asse- gurar o bem estar das populações humanas; III - Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial: conjunto de diretrizes e pro- posições com o objetivo de disciplinar a conservação, recuperação, o uso e ocupação do entorno do reser- vatório artificial, respeitados os parâmetros estabele- cidos nesta Resolução e em outras normas aplicáveis; IV - Nível Máximo Normal: é a cota máxima normal de operação do reservatório; V - Área Urbana Consolidada: aquela que atende aos seguintes critérios: a) definição legal pelo poder público; b) existência de, no mínimo, quatro dos seguintes equipamentos de infra-estrutura urbana: 1. malha viária com canalização de águas pluviais; 2. rede de abastecimento de água; 3. rede de esgoto; 4. distribuição de energia elétrica e iluminação pública; 5. recolhimento de resíduos sólidos urbanos; 6. tratamento de resíduos sólidos urbanos; e c) densidade demográfica superior a cinco mil habi- tantes por km². Art. 3º Constitui Área de Preservação Permanente a área com largura mínima, em projeção horizontal, no entorno dos reservatórios artificiais, medida a partir do nível máximo normal de: I - trinta metros para os reservatórios artificiais situa- dos em áreas urbanas consolidadas e cem metros para áreas rurais; II - quinze metros, no mínimo, para os reservatórios artificiais de geração de energia elétrica com até dez hectares, sem prejuízo da compensação ambiental; III - quinze metros, no mínimo, para reservatórios ar- tificiais não utilizados em abastecimento público ou geração de energia elétrica, com até vinte hectares de superfície e localizados em área rural. § 1º Os limites da Área de Preservação Permanente, previstos no inciso I, poderão ser ampliados ou re- duzidos, observando-se o patamar mínimo de trinta metros, conforme estabelecido no licenciamento am- biental e no plano de recursos hídricos da bacia onde o reservatório se insere, se houver. § 2º Os limites da Área de Preservação Permanente, previstos no inciso II, somente poderão ser ampliados, conforme estabelecido no licenciamento ambiental, e, quando houver, de acordo com o plano de recursos hídricos da bacia onde o reservatório se insere. § 3º A redução do limite da Área de Preservação Per- manente, prevista no § 1º deste artigo não se aplica às áreas de ocorrência original da floresta ombrófi- la densa - porção amazônica, inclusive os cerradões e aos reservatórios artificiais utilizados para fins de abastecimento público. § 4º A ampliação ou redução do limite das Áreas de Preservação Permanente, a que se refere o § 1º, deve- rá ser estabelecida considerando, no mínimo, os se- guintes critérios: I - características ambientais da bacia hidrográfica; II - geologia, geomorfologia, hidrogeologia e fisiogra- fia da bacia hidrográfica; III - tipologia vegetal; IV - representatividade ecológica da área no bioma presente dentro da bacia hidrográfica em que está in- serido, notadamente a existência de espécie ameaça- da de extinção e a importância da área como corredor de biodiversidade; 32 D IR EI TO A M BI EN TA L V - finalidade do uso da água; VI - uso e ocupação do solo no entorno; VII - o impacto ambiental causado pela implantação do reservatório e no entorno da Área de Preservação Permanente até a faixa de cem metros. § 5º Na hipótese de redução, a ocupação urbana, mesmo com parcelamento do solo através de lotea- mento ou subdivisão em partes ideais, dentre outros mecanismos, não poderá exceder a dez por cento des- sa área, ressalvadas as benfeitorias existentes na área urbana consolidada, à época da solicitação da licença prévia ambiental. § 6º Não se aplicam as disposições deste artigo às acumulações artificiais de água, inferiores a cinco hectares de superfície, desde que não resultantes do barramento ou represamento de cursos d’água e não localizadas em Área de Preservação Permanente, à exceção daquelas destinadas ao abastecimento públi- co. Art. 4º O empreendedor, no âmbito do procedimen- to de licenciamento ambiental, deve elaborar o plano ambiental de conservação e uso do entorno de reser- vatório artificial em conformidade com o termo de re- ferência expedido pelo órgão ambiental competente,para os reservatórios artificiais destinados à geração de energia e abastecimento público. § 1º Cabe ao órgão ambiental competente aprovar o plano ambiental de conservação e uso do entorno dos reservatórios artificiais, considerando o plano de recursos hídricos, quando houver, sem prejuízo do pro- cedimento de licenciamento ambiental. § 2º A aprovação do plano ambiental de conservação e uso do entorno dos reservatórios artificiais deverá ser precedida da realização de consulta pública, sob pena de nulidade do ato administrativo, na forma da Resolução CONAMA nº 09, de 3 de dezembro de 1987, naquilo que for aplicável, informando-se ao Ministério Público com antecedência de trinta dias da respectiva data. § 3º Na análise do plano ambiental de conservação e uso de que trata este artigo, será ouvido o respectivo comitê de bacia hidrográfica, quando houver. § 4º O plano ambiental de conservação e uso pode- rá indicar áreas para implantação de pólos turísticos e lazer no entorno do reservatório artificial, que não poderão exceder a dez por cento da área total do seu entorno. § 5º As áreas previstas no parágrafo anterior somente poderão ser ocupadas respeitadas a legislação mu- nicipal, estadual e federal, e desde que a ocupação esteja devidamente licenciada pelo órgão ambiental competente. Art. 5º Aos empreendimentos objeto de processo de privatização, até a data de publicação desta Resolu- ção, aplicam-se às exigências ambientais vigentes à época da privatização, inclusive os cem metros míni- mos de Área de Preservação Permanente. Parágrafo único. Aos empreendimentos que dispõem de licença de operação aplicam-se as exigências nela contidas. Art. 6º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, incidindo, inclusive, sobre os processos de licenciamento ambiental em andamento. 2. Resolução CONAMA nº 303/2002 (parâmetros das Áreas de Preservação Permanente) O Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA, no uso das competências que lhe são conferidas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo De- creto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, e tendo em vista o disposto nas Leis nºs 4.771, de 15 de setembro e 1965, 9.433, de 8 de janeiro de 1997, e o seu Regimento Interno, e Considerando a função sócio-ambiental da proprieda- de prevista nos arts. 5º, inciso XXIII, 170, inciso VI, 182, § 2º, 186, inciso II e 225 da Constituição e os princípios da prevenção, da precaução e do poluidor-pagador; Considerando a necessidade de regulamentar o art. 2º da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, no que con- cerne às Áreas de Preservação Permanente; Considerando as responsabilidades assumidas pelo Brasil por força da Convenção da Biodiversidade, de 1992, da Convenção Ramsar, de 1971 e da Convenção de Washington, de 1940, bem como os compromissos deriva- dos da Declaração do Rio de Janeiro, de 1992; Considerando que as Áreas de Preservação Permanen- te e outros espaços territoriais especialmente protegidos, como instrumentos de relevante interesse ambiental, inte- gram o desenvolvimento sustentável, objetivo das presen- tes e futuras gerações; Considerando a conveniência de regulamentar os arts. 2º e 3º da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, no que concerne às Áreas de Preservação Permanente; (Conside- rando acrescentado pela Resolução CONAMA nº 341, de 25.09.2003, DOU 03.11.2003) Considerando ser dever do Poder Público e dos parti- culares preservar a biodiversidade, notadamente a flora, a fauna, os recursos hídricos, as belezas naturais e o equi- líbrio ecológico, evitando a poluição das águas, solo e ar, pressuposto intrínseco ao reconhecimento e exercício do direito de propriedade, nos termos dos arts. 5º, caput (di- reito à vida) e inciso XXIII (função social da propriedade), 170, VI, 186, II, e 225, todos da Constituição Federal, bem como do art. 1.299, do Código Civil, que obriga o proprie- tário e posseiro a respeitarem os regulamentos adminis- trativos; (Considerando acrescentado pela Resolução CO- NAMA nº 341, de 25.09.2003, DOU 03.11.2003) Considerando a função fundamental das dunas na dinâmica da zona costeira, no controle dos processos erosivos e na formação e recarga de aqüíferos; (Conside- rando acrescentado pela Resolução CONAMA nº 341, de 25.09.2003, DOU 03.11.2003) Considerando a excepcional beleza cênica e paisagís- tica das dunas, e a importância da manutenção dos seus atributos para o turismo sustentável; resolve: (Conside- rando acrescentado pela Resolução CONAMA nº 341, de 25.09.2003, DOU 03.11.2003) Art. 1º Constitui objeto da presente Resolução o esta- belecimento de parâmetros, definições e limites refe- rentes às Áreas de Preservação Permanente. 33 D IR EI TO A M BI EN TA L Art. 2º Para os efeitos desta Resolução, são adotadas as seguintes definições: I - nível mais alto: nível alcançado por ocasião da cheia sazonal do curso d’água perene ou intermitente; II - nascente ou olho d’água: local onde aflora natu- ralmente, mesmo que de forma intermitente, a água subterrânea; III - vereda: espaço brejoso ou encharcado, que con- tém nascentes ou cabeceiras de cursos d’água, onde há ocorrência de solos hidromórficos, caracterizado predo- minantemente por renques de buritis do brejo (Mauritia flexuosa) e outras formas de vegetação típica; IV - morro: elevação do terreno com cota do topo em relação a base entre cinqüenta e trezentos metros e encostas com declividade superior a trinta por cento (aproximadamente dezessete graus) na linha de maior declividade; V - montanha: elevação do terreno com cota em rela- ção a base superior a trezentos metros; VI - base de morro ou montanha: plano horizontal definido por planície ou superfície de lençol d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota da de- pressão mais baixa ao seu redor; VII - linha de cumeada: linha que une os pontos mais altos de uma seqüência de morros ou de montanhas, constituindo-se no divisor de águas; VIII - restinga: depósito arenoso paralelo a linha da costa, de forma geralmente alongada, produzido por processos de sedimentação, onde se encontram di- ferentes comunidades que recebem influência mari- nha, também consideradas comunidades edáficas por dependerem mais da natureza do substrato do que do clima. A cobertura vegetal nas restingas ocorrem mosaico, e encontra-se em praias, cordões arenosos, dunas e depressões, apresentando, de acordo com o estágio sucessional, estrato herbáceo, arbustivos e ar- bóreo, este último mais interiorizado; IX - manguezal: ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos baixos, sujeitos à ação das marés, formado por vasas lodosas recentes ou arenosas, às quais se associa, predominantemente, a vegetação natural conhecida como mangue, com influência flúvio-ma- rinha, típica de solos limosos de regiões estuarinas e com dispersão descontínua ao longo da costa brasilei- ra, entre os estados do Amapá e Santa Catarina; X - duna: unidade geomorfológica de constituição predominante arenosa, com aparência de cômoro ou colina, produzida pela ação dos ventos, situada no li- toral ou no interior do continente, podendo estar reco- berta, ou não, por vegetação; XI - tabuleiro ou chapada: paisagem de topografia plana, com declividade média inferior a dez por cento, aproximadamente seis graus e superfície superior a dez hectares, terminada de forma abrupta em escar- pa, caracterizando-se a chapada por grandes superfí- cies a mais de seiscentos metros de altitude; XII - escarpa: rampa de terrenos com inclinação igual ou superior a quarenta e cinco graus, que delimitam relevos de tabuleiros, chapadas e planalto, estando li- mitada no topo pela ruptura positiva de declividade (linha de escarpa) e no sopé por ruptura negativa de declividade, englobando os depósitos de colúvio que localizam-se próximo ao sopé da escarpa; XIII - área urbana consolidada: aquela que atende aos seguintes critérios: a) definição legal pelo poder público; b) existência de, no mínimo, quatro dos seguintes equipamentosde infra-estrutura urbana: 1. malha viária com canalização de águas pluviais; 2. rede de abastecimento de água; 3. rede de esgoto; 4. distribuição de energia elétrica e iluminação públi- ca; 5. recolhimento de resíduos sólidos urbanos; 6. tratamento de resíduos sólidos urbanos; e c) densidade demográfica superior a cinco mil habi- tantes por km2. Art. 3º Constitui Área de Preservação Permanente a área situada: I - em faixa marginal, medida a partir do nível mais alto, em projeção horizontal, com largura mínima, de: a) trinta metros, para o curso d’água com menos de dez metros de largura; b) cinqüenta metros, para o curso d’água com dez a cinqüenta metros de largura; c) cem metros, para o curso d’água com cinqüenta a duzentos metros de largura; d) duzentos metros, para o curso d’água com duzentos a seiscentos metros de largura; e) quinhentos metros, para o curso d’água com mais de seiscentos metros de largura; II - ao redor de nascente ou olho d’água, ainda que intermitente, com raio mínimo de cinqüenta metros de tal forma que proteja, em cada caso, a bacia hidro- gráfica contribuinte; III - ao redor de lagos e lagoas naturais, em faixa com metragem mínima de: a) trinta metros, para os que estejam situados em áre- as urbanas consolidadas; b) cem metros, para as que estejam em áreas rurais, exceto os corpos d’água com até vinte hectares de su- perfície, cuja faixa marginal será de cinqüenta metros; IV - em vereda e em faixa marginal, em projeção ho- rizontal, com largura mínima de cinqüenta metros, a partir do limite do espaço brejoso e encharcado; V - no topo de morros e montanhas, em áreas deli- mitadas a partir da curva de nível correspondente a dois terços da altura mínima da elevação em relação a base; VI - nas linhas de cumeada, em área delimitada a partir da curva de nível correspondente a dois terços da altura, em relação à base, do pico mais baixo da cumeada, fixando-se a curva de nível para cada seg- mento da linha de cumeada equivalente a mil metros; VII - em encosta ou parte desta, com declividade su- perior a cem por cento ou quarenta e cinco graus na linha de maior declive; VIII - nas escarpas e nas bordas dos tabuleiros e cha- padas, a partir da linha de ruptura em faixa nunca in- ferior a cem metros em projeção horizontal no sentido do reverso da escarpa; IX - nas restingas: a) em faixa mínima de trezentos metros, medidos a partir da linha de preamar máxima; 34 D IR EI TO A M BI EN TA L b) em qualquer localização ou extensão, quando reco- berta por vegetação com função fixadora de dunas ou estabilizadora de mangues; X - em manguezal, em toda a sua extensão; XI - em duna; XII - em altitude superior a mil e oitocentos metros, ou, em Estados que não tenham tais elevações, à critério do órgão ambiental competente; XIII - nos locais de refúgio ou reprodução de aves mi- gratórias; XIV - nos locais de refúgio ou reprodução de exempla- res da fauna ameaçadas de extinção que constem de lista elaborada pelo Poder Público Federal, Estadual ou Municipal; XV - nas praias, em locais de nidificação e reprodução da fauna silvestre. Parágrafo único. Na ocorrência de dois ou mais mor- ros ou montanhas cujos cumes estejam separados entre si por distâncias inferiores a quinhentos metros, a Área de Preservação Permanente abrangerá o con- junto de morros ou montanhas, delimitada a partir da curva de nível correspondente a dois terços da altura em relação à base do morro ou montanha de menor altura do conjunto, aplicando-se o que segue: I - agrupam-se os morros ou montanhas cuja proximi- dade seja de até quinhentos metros entre seus topos; II - identifica-se o menor morro ou montanha; III - traça-se uma linha na curva de nível correspon- dente a dois terços deste; e IV - considera-se de preservação permanente toda a área acima deste nível. Art. 4º O CONAMA estabelecerá, em Resolução específi- ca, parâmetros das Áreas de Preservação Permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso de seu entorno. Art. 5º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogando-se a Resolução CONAMA 004, de 18 de setembro de 1985. LEI Nº 12.284/2006 A Lei nº 12.284, de 2 de março de 2006, Dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentá- vel; institui, na estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o Serviço Florestal Brasileiro - SFB; cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal – FNDF; bem como altera os dispositivos de outras leis. 1. Princípios e definições Nos termos do artigo 2º da referida Lei, Constituem princípios da gestão de florestas públicas: I - a proteção dos ecossistemas, do solo, da água, da biodiversidade e valores culturais associados, bem como do patrimônio público; II - o estabelecimento de atividades que promovam o uso eficiente e racional das florestas e que contribuam para o cumprimento das metas do desenvolvimento sustentável local, regional e de todo o País; III - o respeito ao direito da população, em especial das comunidades locais, de acesso às florestas públicas e aos benefícios decorrentes de seu uso e conservação; IV - a promoção do processamento local e o incentivo ao incremento da agregação de valor aos produtos e serviços da floresta, bem como à diversificação indus- trial, ao desenvolvimento tecnológico, à utilização e à capacitação de empreendedores locais e da mão-de- -obra regional; V - o acesso livre de qualquer indivíduo às informa- ções referentes à gestão de florestas públicas, nos ter- mos da Lei nº 10.650, de 16 de abril de 2003; VI - a promoção e difusão da pesquisa florestal, fau- nística e edáfica, relacionada à conservação, à recupe- ração e ao uso sustentável das florestas; VII - o fomento ao conhecimento e a promoção da conscientização da população sobre a importância da conservação, da recuperação e do manejo sustentável dos recursos florestais; VIII - a garantia de condições estáveis e seguras que estimulem investimentos de longo prazo no manejo, na conservação e na recuperação das florestas. O artigo 3º traz algumas definições importantes para a presente matéria. Florestas públicas são as florestas, naturais ou planta- das, localizadas nos diversos biomas brasileiros, em bens sob o domínio da União, dos Estados, dos Municípios, do Distrito Federal ou das entidades da administração indireta. Recursos florestais: elementos ou características de determinada floresta, potencial ou efetivamente gerado- res de produtos ou serviços florestais. Produtos florestais: produtos madeireiros e não ma- deireiros gerados pelo manejo florestal sustentável. Ser- viços florestais são o turismo e outras ações ou benefí- cios decorrentes do manejo e conservação da floresta, não caracterizados como produtos florestais; Ciclo é o período decorrido entre 2 (dois) momentos de colheita de produtos florestais numa mesma área. Manejo florestal sustentável: administração da flores- ta para a obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de susten- tação do ecossistema objeto do manejo e consideran- do-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras, de múltiplos produtos e subprodutos não madeireiros, bem como a utilização de outros bens e serviços de natureza florestal. Concessão florestal: delegação onerosa, feita pelo poder concedente, do direito de praticar manejo flores- tal sustentável para exploração de produtos e serviços numa unidade de manejo, mediante licitação, à pessoa jurídica, em consórcio ou não, que atenda às exigências do respectivo edital de licitação e demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado. Unidade de manejo: perímetro definido a partir de critérios técnicos, socioculturais, econômicos e ambien- tais, localizado em florestas públicas, objeto de um Plano de Manejo Florestal Sustentável - PMFS, podendo conter áreas degradadas para fins de recuperação por meio de plantios florestais. Lote de concessão florestalé o conjunto de unidades de manejo a serem licitadas. 35 D IR EI TO A M BI EN TA L Comunidades locais são populações tradicionais e outros grupos humanos, organizados por gerações su- cessivas, com estilo de vida relevante à conservação e à utilização sustentável da diversidade biológica. Auditoria florestal é o ato de avaliação independente e qualificada de atividades florestais e obrigações eco- nômicas, sociais e ambientais assumidas de acordo com o PMFS e o contrato de concessão florestal, executada por entidade reconhecida pelo órgão gestor, mediante procedimento administrativo específico. Inventário amostral é o levantamento de informações qualitativas e quantitativas sobre determinada floresta, utilizando-se processo de amostragem. 2. Da gestão de florestas públicas para produção sustentável Dispõe o artigo 4º que A gestão de florestas públicas para produção sustentável compreende: I - a criação de florestas nacionais, estaduais e muni- cipais, nos termos do art. 17 da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, e sua gestão direta; II - a destinação de florestas públicas às comunidades locais, nos termos do art. 6º desta Lei; III - a concessão florestal, incluindo florestas naturais ou plantadas e as unidades de manejo das áreas pro- tegidas referidas no inciso I do caput deste artigo. O Poder Público poderá exercer diretamente a gestão de florestas nacionais, estaduais e municipais criadas nos termos do art. 17 da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, sendo-lhe facultado, para execução de atividades subsi- diárias, firmar convênios, termos de parceria, contratos ou instrumentos similares com terceiros, observados os procedimentos licitatórios e demais exigências legais pertinentes. Antes da realização das concessões florestais, as flo- restas públicas ocupadas ou utilizadas por comunidades locais serão identificadas para a destinação, pelos órgãos competentes, por meio de: I - criação de reservas extrativistas e reservas de de- senvolvimento sustentável, observados os requisitos previstos da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000; II - concessão de uso, por meio de projetos de assen- tamento florestal, de desenvolvimento sustentável, agroextrativistas ou outros similares, nos termos do art. 189 da Constituição Federal e das diretrizes do Programa Nacional de Reforma Agrária; III - outras formas previstas em lei (art. 6º). A destina- ção será feita de forma não onerosa para o beneficiá- rio e efetuada em ato administrativo próprio, confor- me previsto em legislação específica. O artigo 7º dispõe sobre a concessão florestal, que será autorizada em ato do poder concedente e formali- zada mediante contrato, que deverá observar os termos desta Lei, das normas pertinentes e do edital de licitação. Os relatórios ambientais preliminares, licenças ambien- tais, relatórios de impacto ambiental, contratos, relató- rios de fiscalização e de auditorias e outros documentos relevantes do processo de concessão florestal serão dis- ponibilizados por meio da Rede Mundial de Computado- res, sem prejuízo do disposto no art. 25 desta Lei. O Plano Anual de Outorga Florestal - PAOF, pro- posto pelo órgão gestor e definido pelo poder conce- dente, conterá a descrição de todas as florestas públicas a serem submetidas a processos de concessão no ano em que vigorar. O Paof será submetido pelo órgão ges- tor à manifestação do órgão consultivo da respectiva es- fera de governo. A concessão florestal terá como objeto a exploração de produtos e serviços florestais, contratualmente espe- cificados, em unidade de manejo de floresta pública, com perímetro georreferenciado, registrada no respectivo ca- dastro de florestas públicas e incluída no lote de conces- são florestal (art. 14). Fica instituído o Cadastro Nacional de Florestas Públicas, interligado ao Sistema Nacional de Cadastro Rural e integrado: I - pelo Cadastro-Geral de Florestas Públicas da União; II - pelos cadastros de florestas públicas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 14, par. úni- co). A concessão florestal confere ao concessionário so- mente os direitos expressamente previstos no contrato de concessão, sendo vedada outorga de qualquer dos seguintes direitos no âmbito da concessão florestal: I - titularidade imobiliária ou preferência em sua aquisição; II - acesso ao patrimônio genético para fins de pesqui- sa e desenvolvimento, bioprospecção ou constituição de coleções; III - uso dos recursos hídricos acima do especificado como insignificante, nos termos da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997; IV - exploração dos recursos minerais; V - exploração de recursos pesqueiros ou da fauna sil- vestre; VI - comercialização de créditos decorrentes da emis- são evitada de carbono em florestas naturais (art. 16, § 1º). 3. Do licenciamento ambiental A licença prévia para uso sustentável da unidade de manejo será requerida pelo órgão gestor, mediante a apresentação de relatório ambiental preliminar ao órgão ambiental competente integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA (art. 18). Nos casos potencialmente causadores de significati- va degradação do meio ambiente, assim considerados, entre outros aspectos, em função da escala e da intensi- dade do manejo florestal e da peculiaridade dos recursos ambientais, será exigido estudo prévio de impacto am- biental - EIA para a concessão da licença prévia. A licen- ça prévia autoriza a elaboração do PMFS e, no caso de unidade de manejo inserida no Paof, a licitação para a concessão florestal (art. 18 e parágrafos). Além de outros requisitos previstos na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, exige-se para habilitação nas licitações de concessão florestal a comprovação de au- sência de: I - débitos inscritos na dívida ativa relativos a infra- ção ambiental nos órgãos competentes integrantes do Sisnama; 36 D IR EI TO A M BI EN TA L II - decisões condenatórias, com trânsito em julga- do, em ações penais relativas a crime contra o meio ambiente ou a ordem tributária ou a crime previden- ciário, observada a reabilitação de que trata o art. 93 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (art. 19). Para cada unidade de manejo licitada, será assinado um contrato de concessão exclusivo com um único con- cessionário, que será responsável por todas as obriga- ções nele previstas, além de responder pelos prejuízos causados ao poder concedente, ao meio ambiente ou a terceiros, sem que a fiscalização exercida pelos órgãos competentes exclua ou atenue essa responsabilidade (art. 27). São cláusulas essenciais do contrato de concessão as relativas, segundo o artigo 30: I - ao objeto, com a descrição dos produtos e dos servi- ços a serem explorados e da unidade de manejo; II - ao prazo da concessão; III - ao prazo máximo para o concessionário iniciar a execução do PMFS; IV - ao modo, à forma, às condições e aos prazos da realização das auditorias florestais; V - ao modo, à forma e às condições de exploração de serviços e prática do manejo florestal; VI - aos critérios, aos indicadores, às fórmulas e aos parâmetros definidores da qualidade do meio am- biente; VII - aos critérios máximos e mínimos de aproveita- mento dos recursos florestais; VIII - às ações de melhoria e recuperação ambiental na área da concessão e seu entorno assumidas pelo concessionário; IX - às ações voltadas ao benefício da comunidade lo- cal assumidas pelo concessionário; X - aos preços e aos critérios e procedimentos para reajuste e revisão; XI - aos direitos e às obrigações do poder concedente e do concessionário, inclusive os relacionados a neces- sidades de alterações futuras e modernização, aper- feiçoamento e ampliação dos equipamentos, infra- -estrutura e instalações; XII - às garantias oferecidas pelo concessionário; XIII - à forma de monitoramento e avaliação das ins- talações, dos equipamentos, dos métodos e práticas de execução do manejo florestal sustentável e exploraçãode serviços; XIV - às penalidades contratuais e administrativas a que se sujeita o concessionário e sua forma de apli- cação; XV - aos casos de extinção do contrato de concessão; XVI - aos bens reversíveis; XVII - às condições para revisão e prorrogação; XVIII - à obrigatoriedade, à forma e à periodicidade da prestação de contas do concessionário ao poder concedente; XIX - aos critérios de bonificação para o concessioná- rio que atingir melhores índices de desempenho so- cioambiental que os previstos no contrato, conforme regulamento; XX - ao foro e ao modo amigável de solução das diver- gências contratuais. O artigo 41 disciplina o Fundo Nacional de Desen- volvimento Florestal – FNDF, de natureza contábil, ge- rido pelo órgão gestor federal, destinado a fomentar o desenvolvimento de atividades sustentáveis de base flo- restal no Brasil e a promover a inovação tecnológica do setor. Os recursos do FNDF serão aplicados prioritariamen- te em projetos nas seguintes áreas: I - pesquisa e desenvolvimento tecnológico em manejo florestal; II - assistência técnica e extensão florestal; III - recuperação de áreas degradadas com espécies nativas; IV - aproveitamento econômico racional e sustentável dos recursos florestais; V - controle e monitoramento das atividades florestais e desmatamentos; VI - capacitação em manejo florestal e formação de agentes multiplicadores em atividades florestais; VII - educação ambiental; VIII - proteção ao meio ambiente e conservação dos recursos naturais (art. 41, § 1º). Extingue-se a concessão florestal por qualquer das seguintes causas: I - esgotamento do prazo contratual; II - rescisão; III - anulação; IV - falência ou extinção do concessionário e faleci- mento ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual; V - desistência e devolução, por opção do concessio- nário, do objeto da concessão (art. 44). 4. Dos órgãos responsáveis pela gestão e fiscali- zação Dispõe o artigo 49 que abe ao poder concedente, no âmbito de sua competência, formular as estratégias, políticas, planos e programas para a gestão de florestas públicas e, especialmente: I - definir o Paof; II - ouvir o órgão consultivo sobre a adoção de ações de gestão de florestas públicas, bem como sobre o Paof; III - definir as áreas a serem submetidas à concessão florestal; IV - estabelecer os termos de licitação e os critérios de seleção; V - publicar editais, julgar licitações, promover os demais procedimentos licitatórios, definir os critérios para formalização dos contratos para o manejo flo- restal sustentável e celebrar os contratos de concessão florestal; VI - planejar ações voltadas à disciplina do mercado no setor florestal, quando couber. Caberá aos órgãos do Sisnama responsáveis pelo controle e fiscalização ambiental das atividades florestais em suas respectivas jurisdições: I - fiscalizar e garantir a proteção das florestas públi- cas; 37 D IR EI TO A M BI EN TA L II - efetuar em qualquer momento, de ofício, por soli- citação da parte ou por denúncia de terceiros, fiscali- zação da unidade de manejo, independentemente de prévia notificação; III - aplicar as devidas sanções administrativas em caso de infração ambiental; IV - expedir a licença prévia para uso sustentável da unidade de manejo das respectivas florestas públicas e outras licenças de sua competência; V - aprovar e monitorar o PMFS da unidade de manejo das respectivas florestas públicas (art. 50). Sem prejuízo das atribuições do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, fica instituída a Comis- são de Gestão de Florestas Públicas, no âmbito do Mi- nistério do Meio Ambiente, de natureza consultiva, com as funções de exercer, na esfera federal, as atribuições de órgão consultivo previstas por esta Lei e, especialmente: I - assessorar, avaliar e propor diretrizes para gestão de florestas públicas da União; II - manifestar-se sobre o Paof da União; III - exercer as atribuições de órgão consultivo do SFB (art. 51). O artigo 53, por sua vez, dispõe das atribuições dos órgãos gestores federais, estaduais e municipais, den- tre elas destacamos: I - elaborar proposta de Paof, a ser submetida ao po- der concedente; II - disciplinar a operacionalização da concessão flo- restal; III - solicitar ao órgão ambiental competente a licença prévia prevista no art. 18 desta Lei; IV - elaborar inventário amostral, relatório ambiental preliminar e outros estudos; V - publicar editais, julgar licitações, promover os de- mais procedimentos licitatórios, inclusive audiência e consulta pública, definir os critérios para formaliza- ção dos contratos e celebrá-los com concessionários de manejo florestal sustentável, quando delegado pelo poder concedente (...) XII - fixar e aplicar as penalidades administrativas e contratuais impostas aos concessionários, sem preju- ízo das atribuições dos órgãos do Sisnama responsá- veis pelo controle e fiscalização ambiental; XIII - indicar ao poder concedente a necessidade de extinção da concessão, nos casos previstos nesta Lei e no contrato; (...) XX - conhecer e julgar recursos em procedimentos ad- ministrativos; XXI - promover ações para a disciplina dos mercados de produtos florestais e seus derivados, em especial para controlar a competição de produtos florestais de origem não sustentável; XXII - reconhecer em ato administrativo as entidades que poderão realizar auditorias florestais. ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E RESERVA LEGAL. LEI Nº 9.985/2000 E SUAS ALTERAÇÕES (SNUC). TIPOS DE UNIDADES, OBJETIVOS E CATEGORIAS. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E ÁREA DE RESERVA LEGAL A Área de Preservação Permanente – APP é uma área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. As APPs podem ser classificadas em dois grandes grupos: APP hídrica, e APP de relevo. As áreas de preser- vação hídricas podem ser: Entorno de nascentes e olhos d’água perenes; Margens de cursos d’água naturais pere- nes e intermitentes; Margens de lagos e lagoas naturais; Margens de reservatórios d’água artificiais decorrentes de barramento ou represamento de cursos d’água natu- rais; Manguezais; Restingas; Em veredas, a faixa marginal a partir do espaço permanentemente brejoso e enchar- cado. As áreas de preservação de relevo poderão ser: Topos de morro, montes, montanhas e serras; Encostas ou parte destas com declividade superior a 45°; Bordas de tabulei- ros ou chapadas e as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros. Área de Reserva Legal, por sua vez, é aquela área lo- calizada no interior de uma propriedade ou posse rural – Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente, observados os percentuais mínimos em re- lação à área do imóvel –, com a função de assegurar ouso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fau- na silvestre e da flora nativa. A Reserva legal é, portanto, uma limitação adminis- trativa ao exercício do direito de propriedade em todos aqueles terrenos situados em regiões especificamente protegidas, de sorte a restringir o uso de parte deste imóvel de modo definitivo e imutável. Resumidamente, pode-se afirmar que a diferença en- tre Área de Preservação Permanente e Reserva Legal con- siste no fato de que as APPs são intocáveis, nas quais só é possível o manejo humano se tendente á preservação dos recursos naturais. Já a Reserva Legal é uma restrição ao limite de área construída, de forma a preservar a faunae a flora em um percentual mínimo. Apesar de serem distintas, ambas as APPs e áreas de reserva legal têm um ponto em comum. Ambas caracte- rizam-se como áreas cujas finalidades previstas em Lei são a preservação e a proteção, ou seja, estão amparadas 38 D IR EI TO A M BI EN TA L pela legislação pertinente como áreas de interesse am- biental desde que devidamente regularizadas conforme procedimentos próprios, específicos. As APPs e as áreas de reserva legal estão disciplina- das pela Lei nº 12.651/2012, bem como as Resoluções do CONAMA nº 302 e 303, ambas de 2002. LEI Nº 9.985/2000 E SUAS ALTERAÇÕES (SNUC) A Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, institui o Sis- tema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, regulamentando o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal. O artigo 2º apresenta alguns conceitos importantes para a referente matéria. Unidade de conservação é o espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente insti- tuído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. Conservação da natureza: o manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a manuten- ção, a utilização sustentável, a restauração e a recupe- ração do ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gera- ções, mantendo seu potencial de satisfazer as necessi- dades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral. Diversidade biológica: a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre ou- tros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecos- sistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas. Recurso ambiental: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. Preservação: conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem a proteção a longo prazo das espé- cies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas naturais. Proteção integral: manutenção dos ecossistemas li- vres de alterações causadas por interferência humana, admitido apenas o uso indireto dos seus atributos na- turais; Conservação in situ: conservação de ecossistemas e habitats naturais e a manutenção e recuperação de po- pulações viáveis de espécies em seus meios naturais e, no caso de espécies domesticadas ou cultivadas, nos meios onde tenham desenvolvido suas propriedades ca- racterísticas. Manejo: todo e qualquer procedimento que vise as- segurar a conservação da diversidade biológica e dos ecossistemas. Uso indireto: aquele que não envolve consumo, cole- ta, dano ou destruição dos recursos naturais. Uso direto: aquele que envolve coleta e uso, comercial ou não, dos recursos naturais. Uso sustentável: exploração do am- biente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, man- tendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável. Extrativismo: sistema de exploração baseado na cole- ta e extração, de modo sustentável, de recursos naturais renováveis. Recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição ori- ginal; Restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais próximo pos- sível da sua condição original. Zoneamento: definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com objetivos de manejo e normas específicos, com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz. Plano de manejo: documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma uni- dade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estru- turas físicas necessárias à gestão da unidade. Zona de amortecimento: o entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estão sujei- tas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade. Corredores ecológicos: porções de ecossistemas na- turais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movi- mento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manu- tenção de populações que demandam para sua sobre- vivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais. 1. Do sistema nacional de unidades de conserva- ção da natureza – SNUC O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC é constituído pelo conjunto das unida- des de conservação federais, estaduais e municipais, de acordo com o disposto nesta Lei. O artigo 4º dispõe sobre os objetivos do SNUC, den- tre eles destacamos: I - contribuir para a manutenção da diversidade bio- lógica e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais; II - proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional; III - contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais; IV - promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais; V - promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de desenvolvi- mento; VI - proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica; 39 D IR EI TO A M BI EN TA L VII - proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológi- ca, paleontológica e cultural; VIII - proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos; IX - recuperar ou restaurar ecossistemas degradados, etc. 2. Unidades de proteção integral e de uso susten- tável Sobre os tipos de unidades presentes no SNUC, o artigo 7º prescreve que As unidades de conservação in- tegrantes do SNUC dividem-se em dois grupos, com ca- racterísticas específicas: I - Unidades de Proteção Integral; II - Unidades de Uso Sustentável. O grupo das Unidades de Proteção Integral é com- posto pelas seguintes categorias de unidade de conser- vação: I - Estação Ecológica; II - Reserva Biológica; III - Parque Nacional; IV - Monumento Natural; V - Refúgio de Vida Silvestre. Constituem o Grupo das Unidades de Uso Sustentá- vel as seguintes categorias de unidade de conservação: I - Área de Proteção Ambiental; II - Área de Relevante Interesse Ecológico; III - Floresta Nacional; IV - Reserva Extrativista; V - Reserva de Fauna; VI – Reserva de Desenvolvimento Sustentável; e VII - Reserva Particular do Patrimônio Natural (art. 14). A Área de Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dota- da de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objeti- vos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais A Área de Relevante Interesse Ecológico é uma área em geral de pequena extensão, com pouca ou nenhu- ma ocupação humana, com características naturais ex- traordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação danatureza. A Floresta Nacional é uma área com cobertura flores- tal de espécies predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas. A Reserva Extrativista é uma área utilizada por popu- lações extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia- -se no extrativismo e, complementarmente, na agricul- tura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade. A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é uma área natural que abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de explo- ração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais e que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica. A Reserva Particular do Patrimônio Natural é uma área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica. POLÍTICA URBANA. DIRETRIZES, INSTRUMENTOS E COMPETÊNCIA. ARTS. 182 E 183 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. LEI Nº 10.257/2001 E SUAS ALTERAÇÕES. POLÍTICA URBANA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL O Poder Constituinte demonstra preocupação com diversos temas e matérias, ainda que tais matérias não sejam essencialmente “constitucionais”. Por isso, nossa Constituição de 1988 apresenta diversas matérias além da estrutura e organização do Estado. Um desses temas é referente a política urbana. Dispõe o artigo 182 da CF/1988 que a política de desenvolvi- mento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objeti- vo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. Essa lei que o dispositivo constitucional faz referência é o Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001), a qual vere- mos mais adiante. A Constituição também apresenta uma forma de me- lhor aproveitamento do solo urbano ao disciplinar sobre a função social da propriedade urbana. A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exi- gências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. O plano diretor é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana. Deve englobar todo o Município, e deve ser revisto, ao menos uma vez a cada dez anos. O plano diretor é obrigatório para as cidades: I - com mais de vinte mil habitantes; II – integrantes de regiões metropolitanas e aglome- rações urbanas III - onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os instrumentos previstos no § 4º do art. 182 da Cons- tituição Federal. O plano diretor é regulamentado pe- los artigos 40 e seguintes do Estatuto da Cidade. O artigo 183, por sua vez, instaura a possibilidade de usucapião de imóvel em área urbana. Dispõe o Texto Constitucional que, aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, uti- lizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir- 40 D IR EI TO A M BI EN TA L -lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de ou- tro imóvel urbano ou rural. Tal direito não será concedido se houver ocupação em imóveis públicos. ESTATUTO DA CIDADE – LEI Nº 10.257/2001 E SUAS ALTERAÇÕES A lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, é também co- nhecida como o Estatuto da Cidade, estabelece diretrizes gerais da política urbana, regulamentando os artigos 182 e 193 da CF. 1. Diretrizes gerais da política urbana A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da pro- priedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais, previstas no artigo 2º: I. garantia do direito a cidades sustentáveis. II. gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade. III. cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da sociedade no processo de urbani- zação, em atendimento ao interesse social. IV. planejamento do desenvolvimento das cidades, como forma de corrigir as distorções do crescimento desordenado dos centros urbanos. V. oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos adequados aos interes- ses e necessidades da população e às características locais VI. uso, ordenação e controle do solo, a fim de evitar: a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos; b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconve- nientes; c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso ex- cessivos ou inadequados em relação à infraestrutura urbana; d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como pólos geradores de tráfe- go, sem a devida infraestrutura e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que re- sulte na sua subutilização ou não utilização; f) a deterioração das áreas urbanizadas; g) a poluição e a degradação ambiental; h) a exposição da população a riscos de desastres. VII. integração e complementaridade entre as ativida- des urbanas e rurais - a intenção é não ter Municí- pio que acabe extinguindo sua área rural em favor da área urbana. VIII. adoção de padrões de produção e consumo de bens e serviços e de expansão urbana compatíveis com os limites da sustentabilidade ambiental, social e econômica do Município e do território sob sua área de influência. IX. justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do processo de urbanização. X. adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e financeira e dos gastos públicos aos obje- tivos do desenvolvimento urbano. XI. recuperação dos investimentos do Poder Público de que tenha resultado a valorização de imóveis urbanos. XII. proteção, preservação e recuperação do meio am- biente natural e construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico. XIII. audiência do Poder Público municipal e da po- pulação interessada nos processos de implantação de empreendimentos ou atividades com efeitos poten- cialmente negativos sobre o meio ambiente natural. XIV. regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda mediante o estabelecimento de normas especiais de urbanização, uso e ocupação do solo e edificação. XV. simplificação da legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo e das normas edilícias, com vistas a permitir a redução dos custos e o aumento da oferta dos lotes e unidades habitacionais XVI. isonomia de condições para os agentes públicos e privados na promoção de empreendimentos e ativi- dades relativos ao processo de urbanização, atendido o interesse social. XVII. estímulo à utilização, nos parcelamentos do solo e nas edificações urbanas, de sistemas operacionais, padrões construtivos e aportes tecnológicos que obje- tivem a redução de impactos ambientais e a economia de recursos naturais. Sobre o item XVII, este é a diretriz mais recente, sen- do adicionado no ano de 2013. Observe que, pela leitu- ra das diretrizes, o Poder Público deve agir com cautela para que possa garantir o desenvolvimento urbano das cidades, bem como se abster de praticar diversos atos que acabem por inibir o desenvolvimento sustentável desses espaços urbanos. 2. Instrumentos da política urbana Além de institutos já consagrados no Direito Urbanís- tico, como leis orçamentárias (com orçamento participa- tivo), a desapropriação, a servidão administrativa, etc., o Estatuto da Cidade inovou ao desenvolver os seguintes instrumentos (art. 4º): 1. Usucapião especial coletiva de imóvel urbano 2. Outorga onerosa do direito de construir 3. Operação urbana consorciada 4. Estudo de impacto de vizinhança O artigo 4º, na realidade, apresenta outros instru- mentos além dos apontados. Contudo, estes são os ins-trumentos que têm maior chance de cair em uma ques- tão de prova. Em seu art. 9º, o estatuto estabelece o usucapião pela posse ininterrupta e sem oposição de imóvel urbano de até 250m². Já o artigo 10 trata da usucapião coletiva especial. Dispõe o referido artigo que os núcleos urbanos infor- mais existentes sem oposição há mais de cinco anos e cuja área total dividida pelo número de possuidores seja inferior a duzentos e cinquenta metros quadrados por possuidor são suscetíveis de serem usucapidos coletiva- mente, desde que os possuidores não sejam proprietá- rios de outro imóvel urbano ou rural. A usucapião espe- 41 D IR EI TO A M BI EN TA L cial coletiva de imóvel urbano será declarada pelo juiz, mediante sentença, a qual servirá de título para registro no cartório de registro de imóveis. A outorga onerosa do direito de construir (art. 28), Permite que se exerça o direito de construir acima do coeficiente de aproveitamento básico adotado, desde que haja contrapartida a ser paga pelo beneficiário e que o plano diretor delimite a área objeto de construção aci- ma do coeficiente adotado. Para isso, tal instrumento trabalha com o coeficiente de aproveitamento, que é a relação entre a área edificá- vel e a área do terreno. O plano diretor poderá fixar áreas nas quais poderá ser permitida alteração de uso do solo, mediante contrapartida a ser prestada pelo beneficiário (art. 29). A operação urbana consorciada (art. 32), é um conjunto de intervenções e medidas com o objetivo de alcançar, em uma determinada área, transformações urbanísticas estruturais, melhorias sociais e valorização ambiental. É um bom aproveitamento local do Direi- to Urbanístico, e bastante utilizado em Municípios com grandes dimensões. Trata-se, então, de um plano diretor em menor escala (atinge apenas uma área local), atra- vés do qual podem ser trabalhados elementos de difícil tratamento nos planos mais genéricos tais como altura das edificações, relações entre espaço público e privado, reordenamento da estrutura fundiária, etc. O Estudo do Impacto de Vizinhança (EIV) está dis- posto nos artigos 36 e seguintes. Alguns empreendimen- tos ou atividades, do setor privado ou público, depen- derão de elaboração de estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV) para obter as licenças ou autorizações de construção, ampliação ou funcionamento. Isso porque Toda grande construção (estádio de futebol, shopping center, etc.) gera algum tipo de consequência naquele território urbano. Por isso um estudo dos impactos desse empreendimento é tão importante. Nos termos do artigo 37, O EIV será executado de for- ma a contemplar os efeitos positivos e negativos do em- preendimento ou atividade quanto à qualidade de vida da população residente na área e suas proximidades, incluindo a análise, no mínimo, das seguintes questões: I – adensamento populacional; II – equipamentos urbanos e comunitários; III – uso e ocupação do solo; IV – valorização imobiliária; V – geração de tráfego e demanda por transporte pú- blico; VI – ventilação e iluminação; VII – paisagem urbana e patrimônio natural e cultural. A elaboração do EIV não substitui a elaboração e a aprovação de estudo prévio de impacto ambiental (EIA), São dois instrumentos que não se confundem. RESPONSABILIDADES. EFEITO, IMPACTO E DANO AMBIENTAL. POLUIÇÃO. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA, CIVIL E PENAL. TUTELA PROCESSUAL. STF, STJ E TRIBUNAIS DE JUSTIÇA ESTADUAIS. PAPEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE. CRIMES AMBIENTAIS. ESPÉCIES E SANÇÕES PENAIS PREVISTAS. LEI Nº 9.605/1998 E SUAS ALTERAÇÕES. DECRETO Nº 6.514/2008 E SUAS ALTERAÇÕES O PAPEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE A Constituição de 1988 descreveu o Ministério Públi- co como uma instituição permanente de funções essen- ciais ao bom desenvolvimento da justiça, o qual deverá defender os interesses sociais indisponíveis, bem como manter a ordem jurídica e zelar pela ordem do regime democrático. A Lei Orgânica Nacional do Ministério Pú- blico, nº 8.625 de 12 de fevereiro de 1993, também de- finiu o Ministério Público como instituição permanente essencial a atividade jurisdicional, discorrendo acerca da sua organização interna, sua autonomia e seus princípios institucionais. Os Princípios que regem o Ministério Público também estão dispostos no artigo 127 da Carta Magna, sendo eles a Unidade, a Indivisibilidade e a Independência Fun- cional. Além disso, a Constituição Brasileira assegurou- -lhe autonomia funcional e administrativa, delimitando o ingresso na carreira através de concurso público e dando aos Promotores de Justiça garantias equiparadas à Ma- gistratura, quais sejam, a vitaliciedade, a inamovibilidade e a irredutibilidade de vencimentos. As funções cometidas ao Ministério Público através da Constituição, seus princípios, suas garantias, seus di- reitos e deveres, acabam projetando a Instituição, “no cenário nacional, como verdadeiro poder autônomo”, fazendo com que as funções realizadas pela instituição que eram chamadas atípicas desapareçam por completo, dando lugar àquelas decorrentes de sua missão constitu- cional de “defesa da ordem jurídica, do regime democrá- tico e dos interesses sociais e individuais indisponíveis”. Percebe-se que a Constituição de 1988 veio trazer a liberdade e independência necessária para que os pro- motores de justiça possam desenvolver seu papel de representantes do povo. Após ter recebido essa atribui- ção, o Ministério Público especializou-se, com a criação de curadorias de proteção ao meio ambiente, ao consu- midor, ao patrimônio histórico, sendo que atualmente já temos promotores e curadorias especializadas na defesa do meio ambiente. As formas de tutela ambiental que são desenvolvi- das pelo Ministério Público serão fruto de estudo deste trabalho, merecendo destaque especial e compondo os capítulos que seguem, quais sejam, o Ministério Público da tutela administrativa, civil e penal do meio ambiente. 42 D IR EI TO A M BI EN TA L O instrumento utilizado pelo parquet para a tutela do meio ambiente é a ação civil pública. Conforme dispõe o artigo 3º da Lei nº 7.347/85, a Ação Civil Pública tem como objeto o cumprimento de uma obrigação de fazer, de uma obrigação de não fazer ou, ainda, a condenação em dinheiro, podendo o juiz, determinar o cumprimen- to da obrigação, mediante a realização de uma atividade devida, bem como a cessação da atividade danosa e, se estas foram insuficientes, a cominação de multa diária (artigo 11, da Lei nº 7.347/85). Daí o caráter protetivo, preventivo e reparatório. É certo que o Ministério Público não poderá dispor do direito tutelado pois não é o titu- lar do direito defendido, agindo apenas como substituto processual da coletividade. O Ministério Público deverá verificar, sempre que possível, se o ajuizamento da ação é oportuno e conveniente ao interesse social. Outro instrumento a ser utilizado pelo Ministério Público na tutela civil ambiental é o Compromisso de Ajustamento de Conduta. Ele surgiu por força de uma modificação ao § 6º do artigo 5º, da Lei nº 7.347/85, tra- zida pela Lei nº 8.078/90, ou seja, o Código de Defesa do Consumidor, artigo 113. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajus- tamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extra- judicial. A formalização do compromisso de ajustamento pelo Ministério Público faz com que o inquérito fique suspen- so até a comprovação do efetivo cumprimento. Assim, a promotoria de justiça que firmou o compromisso de ajustamento de conduta tem a responsabilidade de fis- calizar seu cumprimento, a fim de evitar que sua atuação caia em descrédito. Por fim, o ministério público também poderá instau- rar inquérito civil. Trata-se o Inquérito Civil de um ins- trumento de investigação, concedido com exclusividade ao órgão do Ministério Público, destinado à colheitade elementos de convicção que auxiliem o Promotor a per- ceber acerca da existência, ou não, de dano ambiental que justifique a propositura da ação civil pública. Está previsto no artigo 129, inciso III, da Constituição Federal, regulado pela Lei Orgânica Nacional do Ministé- rio Público, nº 8.625/93, bem como pela Lei que discipli- na a Ação Civil Pública, Lei nº 7.347/85. Dá-se início ao Inquérito Civil a partir do momento em que o Promotor de Justiça toma conhecimento da ocorrência de dano ambiental, a qual pode se dar atra- vés de uma representação (verbal ou escrita) feita por qualquer pessoa do povo – cabendo, até mesmo, a ma- nifestação anônima, consoante art. 2º do Provimento nº 06/96 –, bem como por fato noticiado pela imprensa, por comunicação de funcionário público ou, ainda, por fato que o Promotor de Justiça tome conhecimento pessoal- mente. Tomando conhecimento da possível degradação am- biental, poderá o Ministério Público, de imediato, ingres- sar em juízo com a Ação Civil Pública ou instaurar o in- quérito civil para a melhor elucidação dos fatos. Portanto, o Inquérito Civil consiste num processo in- vestigatório prévio, incumbido ao órgão do Ministério Público e destinado a colher elementos de convicção que demonstrem a ocorrência de dano ambiental, que justi- ficará a propositura da Ação Civil Pública, a realização da recomendação ou do compromisso de ajustamento de conduta e, ainda, em não havendo elementos suficientes, o arquivamento das informações. LEI Nº 9.605/1998 – CRIMES AMBIENTAIS A Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, é a lei que dispõe sobre as sanções penais e administrativas deriva- das de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. 1. Da responsabilidade por danos ambientais Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de ór- gão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou manda- tário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta crimi- nosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la (art. 2º). As pessoas jurídicas serão responsabilizadas adminis- trativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu ór- gão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade (art. 3º). 2. Da aplicação da pena Para imposição e gradação da penalidade, a autorida- de competente observará, na forma do artigo 6º: I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente; II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimen- to da legislação de interesse ambiental; III - a situação econômica do infrator, no caso de mul- ta. As penas restritivas de direitos estão dispostas no artigo 8º: I - prestação de serviços à comunidade; II - interdição temporária de direitos; III - suspensão parcial ou total de atividades; IV - prestação pecuniária; V - recolhimento domiciliar. A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a par- ques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível (art. 9º) As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o condenado contratar com o Poder Públi- co, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros be- nefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos (art. 10). A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às prescrições legais (art. 11). 43 D IR EI TO A M BI EN TA L A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do mon- tante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator (art. 12). O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que deve- rá, sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória (art. 13). As circunstâncias atenuantes da pena estão previs- tas no artigo 14: I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente; II - arrependimento do infrator, manifestado pela es- pontânea reparação do dano, ou limitação significati- va da degradação ambiental causada; III - comunicação prévia pelo agente do perigo imi- nente de degradação ambiental; IV - colaboração com os agentes encarregados da vi- gilância e do controle ambiental. Por outro lado, temos também circunstâncias agra- vantes, isso é, que aumentam a pena aplicável. Estão dis- postas no artigo 15: I - reincidência nos crimes de natureza ambiental; II - ter o agente cometido a infração: a) para obter vantagem pecuniária; b) coagindo outrem para a execução material da in- fração; c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente; d) concorrendo para danos à propriedade alheia; e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso; f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamen- tos humanos; g) em período de defeso à fauna; h) em domingos ou feriados; i) à noite; j) em épocas de seca ou inundações; l) no interior do espaço territorial especialmente pro- tegido; m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais; n) mediante fraude ou abuso de confiança; o) median- te abuso do direito de licença, permissão ou autoriza- ção ambiental; p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais; q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relató- rios oficiais das autoridades competentes; r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções. A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida (art. 18). 3. Da apreensão do produto e do instrumento de infração administrativa ou de crime O artigo 25 da referida Lei prevê que, verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumen- tos, lavrando-se os respectivos autos. Os animais serão prioritariamente libertados em seu habitat ou, sendo tal medida inviável ou não recomendável por questões sanitárias, entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, para guarda e cuidados sob a responsabilidade de técnicos habilitados. Até que os animais sejam entregues às instituições mencionadas no § 1o, o órgão autuante zelará para que eles sejam mantidos em condições adequadas de acon- dicionamento e transporte que garantam o seu bem-es- tar físico. Os instrumentos utilizados na prática da infra- ção serão vendidos, garantida a sua descaracterização por meio da reciclagem (art. 25, parágrafos). 4. Da ação e do processo penal Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal é pública incondicionada. São as ações de competência exclusiva do Ministério Público, o qual pode apresentar, mesmo não havendo representação da vítima. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesmalei, salvo em caso de comprovada impossibilidade (art. 27). As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor po- tencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes modificações: I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5° do artigo referido no caput, dependerá de laudo de constatação de reparação do dano ambien- tal, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do mesmo artigo; II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a reparação, o prazo de suspen- são do processo será prorrogado, até o período máxi- mo previsto no artigo referido no caput, acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da prescrição; III - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo men- cionado no caput; IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à la- vratura de novo laudo de constatação de reparação do dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o período de suspensão, até o máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o disposto no inciso III; V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a decla- ração de extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação que comprove ter o acusado tomado as providências necessárias à reparação integral do dano (art. 28). 44 D IR EI TO A M BI EN TA L 5. Dos crimes contra o meio ambiente Há uma enorme gama de crimes previstos pela Lei nº 9.605/98. Esta divide os crimes em algumas categorias: a) dos crimes contra a fauna, b) dos crimes contra a flora, c) dos crimes relacionados a poluição, d) Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Pa- trimônio Cultural; e e) dos crimes contra a administração ambiental. 5.1 Dos crimes contra a fauna A) Crime de caça não autorizada (art. 29): - conduta do tipo penal: Matar, perseguir, caçar, apa- nhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, li- cença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: - Pena: detenção de seis meses a um ano, e multa. - Incorre nas mesmas penas: I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida; II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural; III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna sil- vestre, nativa ou em rota migratória, bem como pro- dutos e objetos dela oriundos, provenientes de cria- douros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente. - A pena é aumentada de metade, se o crime é pra- ticado: I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da infração; II - em período proibido à caça; III - durante a noite; IV - com abuso de licença; V - em unidade de conservação; VI - com emprego de métodos ou instrumentos capa- zes de provocar destruição em massa. B) Crime de exportação de peles e couros de ani- mais (art. 30): - conduta tipificada: exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a auto- rização da autoridade ambiental competente. - Pena: reclusão, de um a três anos, e multa. C) Crime de maus-tratos com animais (art. 32): - conduta tipificada: Praticar ato de abuso, maus-tra- tos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: - Pena: detenção, de três meses a um ano, e multa. - A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal. D) Crime de pesca não autorizada (art. 34): - conduta tipificada: Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente. - Pena: detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. - Incorre nas mesmas penas quem: I - pesca espécies que devam ser preservadas ou es- pécimes com tamanhos inferiores aos permitidos; II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, téc- nicas e métodos não permitidos; III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas. 5.2 Dos crimes contra a flora: A) Crime de destruição de floresta preservada (art. 38): - conduta tipificada: Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: - Pena: detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. - A pena é reduzida pela metade, se praticado na mo- dalidade culposa. - A pena será de detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente, se o crime for praticado no Bioma Mata Atlântica. B) Crime de destruição de árvore em floresta de preservação permanente (art. 39) - conduta tipificada: Cortar árvores em floresta con- siderada de preservação permanente, sem permis- são da autoridade competente: - Pena: detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. C) Crime contra Unidades de Conservação (art. 40): - Conduta tipificada: Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de que tra- ta o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente de sua localização: - Pena: reclusão, de um a cinco anos. - Entende-se por Unidades de Conservação de Pro- teção Integral as Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre. D) Crime de incêndio em florestas (art. 41): - Conduta tipificada: Provocar incêndio em mata ou floresta: - Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa. - Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa. E) Crime relacionado a balões (art. 42): - Conduta tipificada: Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento huma- no: - Pena: detenção de um a três anos ou multa, ou am- bas as penas cumulativamente. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 45 D IR EI TO A M BI EN TA L 5.3. Da Poluição e outros crimes ambientais Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde hu- mana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora, é crime o qual sujeita o infrator a pena de reclusão, de um a quatro anos, e multa (art. 54). Se o crime é culposo, a pena será de detenção, de seis meses a um ano, e multa. Se o crime: I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana; II - causar poluição atmosférica que provoque a re- tirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população; III - causar poluição hídrica que torne necessária a in- terrupção do abastecimento público de água de uma comunidade; IV - dificultar ou impedir o uso público das praias; V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líqui- dos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleo- sas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos, a Pena será de reclusão, de um a cinco anos. 5.4 Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural A) Crime de destruição de patrimônio: - Conduta: Destruir, inutilizar ou deteriorar: I - bem especialmente protegido por lei, ato adminis- trativo ou decisão judicial; II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisãojudicial. - Pena: reclusão, de um a três anos, e multa. - Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa. B) Crime construção em solo não edificável: - Conduta: Promover construção em solo não edifi- cável, ou no seu entorno, assim considerado em razão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida: - Pena: detenção, de seis meses a um ano, e multa. C) Crime de pichação: - Conduta: Pichar ou por outro meio conspurcar edi- ficação ou monumento urbano: - Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. - Se o ato for realizado em monumento ou coisa tom- bada em virtude do seu valor artístico, arqueológi- co ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa. - Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, quando cou- ber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional. 5.5 Dos crimes contra a administração ambiental A) Fazer o funcionário público afirmação falsa ou en- ganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental. Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. B) Conceder o funcionário público licença, autoriza- ção ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Po- der Público. Pena - detenção, de um a três anos, e multa. C) Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais. Pena - detenção, de um a três anos, e multa. D) Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contra- tual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental. Pena - detenção, de um a três anos, e multa. 6. Das infrações administrativas Considera-se infração administrativa ambiental, nos termos do artigo 70, toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá dirigir representação às autoridades relacionadas no parágrafo anterior, para efeito do exercício do seu po- der de polícia. A autoridade ambiental que tiver conhe- cimento de infração ambiental é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante processo administrati- vo próprio, sob pena de corresponsabilidade. O processo de apuração das infrações administrativas deve observar os prazos máximos previstos nos incisos do artigo 71, sendo: I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou impug- nação contra o auto de infração, contados da data da ciência da autuação; II - trinta dias para a autoridade competente julgar o auto de infração, contados da data da sua lavratura, apresentada ou não a defesa ou impugnação; III - vinte dias para o infrator recorrer da decisão con- denatória à instância superior do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, ou à Diretoria de Portos e Costas, do Ministério da Marinha, de acordo com o tipo de autuação; IV – cinco dias para o pagamento de multa, contados da data do recebimento da notificação. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 46 D IR EI TO A M BI EN TA L As infrações administrativas são punidas com as se- guintes sanções (art. 72): I - advertência; II - multa simples; III - multa diária; IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamen- tos ou veículos de qualquer natureza utilizados na in- fração V - destruição ou inutilização do produto; VI - suspensão de venda e fabricação do produto; VII - embargo de obra ou atividade; VIII - demolição de obra; IX - suspensão parcial ou total de atividades; X – (VETADO) XI - restritiva de direitos. A advertência será aplicada pela inobservância das disposições desta Lei e da legislação em vigor, ou de pre- ceitos regulamentares, sem prejuízo das demais sanções (art. 72, § 2º) A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo: I - advertido por irregularidades que tenham sido pra- ticadas, deixar de saná-las, no prazo assinalado por órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha; II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SIS- NAMA ou da Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha. A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente. A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no tempo. As sanções restritivas de direito são: I - suspensão de registro, licença ou autorização; II - cancelamento de registro, licença ou autorização; III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fis- cais; IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédi- to; V - proibição de contratar com a Administração Públi- ca, pelo período de até três anos (art. 72, § 8º). 7. Da cooperação internacional para a preservação do meio ambiente Segundo o caput do artigo 77, resguardados a so- berania nacional, a ordem pública e os bons costumes, o Governo brasileiro prestará, no que concerne ao meio ambiente, a necessária cooperação a outro país, sem qualquer ônus, quando solicitado para: I - produção de prova; II - exame de objetos e lugares; III - informações sobre pessoas e coisas; IV - presença temporária da pessoa presa, cujas de- clarações tenham relevância para a decisão de uma causa; V - outras formas de assistência permitidas pela legis- lação em vigor ou pelos tratados de que o Brasil seja parte. A solicitação será dirigida ao Ministério da Justiça, que a remeterá, quando necessário, ao órgão judiciário competente para decidir a seu respeito, ou a encaminha- rá à autoridade capaz de atendê-la, devendo conter: I - o nome e a qualificação da autoridade solicitante; II - o objeto e o motivo de sua formulação; III - a descrição sumária do procedimento em curso no país solicitante; IV - a especificação da assistência solicitada; V - a documentação indispensável ao seu esclareci- mento, quando for o caso. Para a consecução dos fins visados nesta Lei e espe- cialmente para a reciprocidade da cooperação interna- cional, deve ser mantido sistema de comunicações apto a facilitar o intercâmbio rápido e seguro de informações com órgãos de outros países (art. 78). DECRETO Nº 6.514/2008 – CONDUTAS INFRACIO- NAIS AO MEIO AMBIENTE O Decreto nº 6.514, de 22 de julho de 2008, dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio am- biente, estabelece o processo administrativo federal para apuração destas infrações. 1. Das infrações e sanções administrativas ao meio ambiente O art. 2º define infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente, conforme o disposto na Seção III deste Capí- tulo. As sanções previstas neste Decreto não exclui a pre- visão de outras infrações previstas na legislação. As infrações administrativas são punidas com as se- guintes sanções, nos termos do art. 3º: I - advertência; II - multa simples; III - multa diária; IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora e demais produtos e subprodutos objeto da infração, instrumentos, petrechos, equipa- mentos ouveículos de qualquer natureza utilizados na infração; V - destruição ou inutilização do produto; VI - suspensão de venda e fabricação do produto; VII - embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas; VIII - demolição de obra; IX - suspensão parcial ou total das atividades; e X - restritiva de direitos. A sanção de advertência poderá ser aplicada, me- diante a lavratura de auto de infração, para as infrações administrativas de menor lesividade ao meio ambiente, garantidos a ampla defesa e o contraditório (art. 5º). Consideram-se infrações administrativas de menor le- sividade ao meio ambiente aquelas em que a multa má- xima cominada não ultrapasse o valor de R$ 1.000,00 (mil reais), ou que, no caso de multa por unidade de medida, a multa aplicável não exceda o valor referido. Sanadas as user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 47 D IR EI TO A M BI EN TA L irregularidades no prazo concedido, o agente autuante certificará o ocorrido nos autos e dará seguimento ao processo estabelecido no Capítulo II (art. 5º, §§ 1º e 3º). A multa terá por base a unidade, hectare, metro cú- bico, quilograma, metro de carvão-mdc, estéreo, metro quadrado, dúzia, estipe, cento, milheiros ou outra me- dida pertinente, de acordo com o objeto jurídico lesado (art. 8º). O órgão ou entidade ambiental poderá especifi- car a unidade de medida aplicável para cada espécie de recurso ambiental objeto da infração. A multa diária será aplicada sempre que o cometi- mento da infração se prolongar no tempo, e seu valor deverá ser fixado de acordo com os critérios estabeleci- dos neste Decreto, não podendo ser inferior ao mínimo estabelecido no art. 9o nem superior a dez por cento do valor da multa simples máxima cominada para a infração. A sanção de apreensão de animais, produtos e sub- produtos da fauna e flora, produtos e subprodutos ob- jeto da infração, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos e embarcações de qualquer natureza utiliza- dos na infração reger-se-á pelo disposto nas Seções II, IV e VI do Capítulo II deste Decreto (art. 14). As sanções indicadas nos incisos V a IX do art. 3o se- rão aplicadas quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às determi- nações legais ou regulamentares (art. 15). O embargo de área irregularmente explorada e obje- to do Plano de Manejo Florestal Sustentável - PMFS não exonera seu detentor da execução de atividades de ma- nutenção ou recuperação da floresta, na forma e prazos fixados no PMFS e no termo de responsabilidade de ma- nutenção da floresta (art. 17). A sanção de demolição de obra poderá ser aplicada pela autoridade ambiental, após o contraditório e ampla defesa, quando: I - verificada a construção de obra em área ambien- talmente protegida em desacordo com a legislação ambiental; ou II - quando a obra ou construção realizada não atenda às condicionantes da legislação ambiental e não seja passível de regularização (art. 18). As sanções restritivas de direito aplicáveis às pessoas físicas e/ou jurídicas são: I - suspensão de registro, licença ou autorização; II - cancelamento de registro, licença ou autorização; III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fis- cais; IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédi- to; e V - proibição de contratar com a administração pú- blica (art. 20). Sobre os prazos prescricionais, o artigo 21 dispõe que prescreve em cinco anos a ação da administração objetivando apurar a prática de infrações contra o meio ambiente, contada da data da prática do ato, ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que esta tiver cessado. Considera-se iniciada a ação de apu- ração de infração ambiental pela administração com a lavratura do auto de infração. Interrompe-se a prescrição (art. 22): I - pelo recebimento do auto de infração ou pela cien- tificação do infrator por qualquer outro meio, inclusive por edital; II - por qualquer ato inequívoco da administração que importe apuração do fato; e III - pela decisão condenatória recorrível. 2. Das Infrações Administrativas Cometidas Con- tra o Meio Ambiente 2.1 Infrações contra a fauna A) Artigo 24: - Conduta: Matar, perseguir, caçar, apanhar, coletar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desa- cordo com a obtida: - Pena: Multa de I - R$ 500,00 (quinhentos reais) por indivíduo de espé- cie não constante de listas oficiais de risco ou ameaça de extinção; II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por indivíduo de es- pécie constante de listas oficiais de fauna brasileira ameaçada de extinção, inclusive da Convenção de Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção - CITES. - Incorre nas mesmas multas: I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida; II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural; ou III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou trans- porta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados, sem a devida permissão, licença ou auto- rização da autoridade ambiental competente ou em desacordo com a obtida. B) Artigo 25: - Conduta: Introduzir espécime animal silvestre, nativo ou exótico, no País ou fora de sua área de distribuição natural, sem parecer técnico oficial favorável e licen- ça expedida pela autoridade ambiental competente, quando exigível - Pena: Multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais), com acréscimo por exemplar excedente de: I - R$ 200,00 (duzentos reais), por indivíduo de espécie não constante em listas oficiais de espécies em risco ou ameaçadas de extinção; II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por indivíduo de es- pécie constante de listas oficiais de fauna brasileira ameaçada de extinção, inclusive da CITES. C) Artigo 26: - Conduta: Exportar peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem autorização da autoridade competente. - Pena: Multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais), com acréscimo de: user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 48 D IR EI TO A M BI EN TA L I - R$ 200,00 (duzentos reais), por unidade não cons- tante em listas oficiais de espécies em risco ou amea- çadas de extinção; ou II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por unidade constan- te de listas oficiais de fauna brasileira ameaçada de extinção, inclusive da CITES. D) Artigo 29: - Conduta: Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domestica- dos, nativos ou exóticos: - Pena: Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais) por indivíduo. E) Artigo 30: - Conduta: Molestar de forma intencional qualquer espécie de cetáceo, pinípede ou sirênio em águas ju- risdicionais brasileiras: - Pena: Multa de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais). F) Artigo 35: - Conduta: Pescar em período ou local no qual a pesca seja proibida: - Pena: Multa de R$ 700,00 (setecentos reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), com acréscimo de R$ 20,00 (vinte reais), por quilo ou fração do produto da pescaria, ou por espécime quando se tratar de produto de pesca para uso ornamental. - Incorre nas mesmas multas quem: I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espé- cimes com tamanhos inferiores aos permitidos; II - pesca quantidades superiores às permitidas ou me- diante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos; III - transporta,comercializa, beneficia ou industriali- za espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibida; IV - transporta, conserva, beneficia, descaracteriza, industrializa ou comercializa pescados ou produtos originados da pesca, sem comprovante de origem ou autorização do órgão competente; V - captura, extrai, coleta, transporta, comercializa ou exporta espécimes de espécies ornamentais oriundos da pesca, sem autorização do órgão competente ou em desacordo com a obtida; e VI - deixa de apresentar declaração de estoque. 2.1 Infrações contra a flora A) Artigo 43 - Conduta: Destruir ou danificar florestas ou demais formas de vegetação natural ou utilizá-las com infrin- gência das normas de proteção em área considera- da de preservação permanente, sem autorização do órgão competente, quando exigível, ou em desacordo com a obtida: - Pena: Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), por hectare ou fração. B) Artigo 44 - Conduta: Cortar árvores em área considerada de preservação permanente ou cuja espécie seja espe- cialmente protegida, sem permissão da autoridade competente: - Pena: Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 20.000,00 (vinte mil reais) por hectare ou fração, ou R$ 500,00 (quinhentos reais) por árvore, metro cúbico ou fração. C) Artigo 45 - Conduta: Extrair de florestas de domínio público ou áreas de preservação permanente, sem prévia auto- rização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de mi- nerais: - Pena: Multa simples de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais) por hectare ou fração. D) Artigo 46 - Conduta: Transformar madeira oriunda de floresta ou demais formas de vegetação nativa em carvão, para fins industriais, energéticos ou para qualquer ou- tra exploração, econômica ou não, sem licença ou em desacordo com as determinações legais: - Pena: Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais), por metro cúbico de carvão-mdc. E) Artigo 51 - Conduta: Destruir, desmatar, danificar ou explorar floresta ou qualquer tipo de vegetação nativa ou de espécies nativas plantadas, em área de reserva legal ou servidão florestal, de domínio público ou privado, sem autorização prévia do órgão ambiental compe- tente ou em desacordo com a concedida: - Pena: Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por hec- tare ou fração. 2.3 Infrações relativas a poluição e outras infra- ções ambientais A) Artigo 61 - Conduta: Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da biodiver- sidade: - Pena: Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais). B) Artigo 63 - Conduta: Executar pesquisa, lavra ou extração de minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença da autoridade ambiental com- petente ou em desacordo com a obtida: - Pena: Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais), por hectare ou fração. C) Artigo 64 - Conduta: Produzir, processar, embalar, importar, ex- portar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substân- cia tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências esta- belecidas em leis ou em seus regulamentos: - Pena: Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais). user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 49 D IR EI TO A M BI EN TA L - Incorre nas mesmas penas quem abandona os pro- dutos ou substâncias referidas no caput, descarta de forma irregular ou os utiliza em desacordo com as normas de segurança. D) Artigo 66 - Conduta: Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar estabelecimentos, atividades, obras ou serviços utilizadores de recursos ambientais, con- siderados efetiva ou potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais compe- tentes, em desacordo com a licença obtida ou contra- riando as normas legais e regulamentos pertinentes: - Pena: Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais). - Incorre nas mesmas multas quem: I - constrói, reforma, amplia, instala ou faz funcionar estabelecimento, obra ou serviço sujeito a licencia- mento ambiental localizado em unidade de conserva- ção ou em sua zona de amortecimento, ou em áreas de proteção de mananciais legalmente estabelecidas, sem anuência do respectivo órgão gestor; e II - deixa de atender a condicionantes estabelecidas na licença ambiental. 2.4 Infrações contra o ordenamento urbano e pa- trimônio cultural A) Artigo 72 - Conduta: Destruir, inutilizar ou deteriorar: I - bem especialmente protegido por lei, ato adminis- trativo ou decisão judicial; ou II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial. - Pena: Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais). B) Artigo 73 - Conduta: Alterar o aspecto ou estrutura de edifica- ção ou local especialmente protegido por lei, ato ad- ministrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou mo- numental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida. - Pena: Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 200.000,00 (duzentos mil reais). C) Artigo 74 - Conduta: Promover construção em solo não edificá- vel, ou no seu entorno, assim considerado em razão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade com- petente ou em desacordo com a concedida: - Pena: Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais). D) Artigo 75: - Conduta: Pichar, grafitar ou por outro meio conspur- car edificação alheia ou monumento urbano: - Pena: Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). 3. Do processo administrativo para apuração de infrações ambientais A imposição de infrações administrativas depende de uma sequência ordenada de atos, isso é, depende de um processo administrativo, com princípios e garantias atri- buídos ao infrator. Dispõe o artigo 95 que o processo será orientado pelos princípios da legalidade, finalidade, motivação, ra- zoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla de- fesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência, bem como pelos critérios mencionados no parágrafo único do art. 2o da Lei no 9.784, de 29 de ja- neiro de 1999. A conciliação deve ser estimulada pela administração pública federal ambiental, de acordo com o rito estabe- lecido neste Decreto, com vistas a encerrar os processos administrativos federais relativos à apuração de infrações administrativas por condutas e atividades lesivas ao meio ambiente (art. 95-A). Constatada a ocorrência de infração administrativa ambiental, será lavrado auto de infração, do qual deverá ser dado ciência ao autuado, assegurando-se o contradi- tório e a ampla defesa (art. 96). O autuado será intimado da lavratura do auto de infração pelas seguintes formas: I - pessoalmente; II - por seu representante legal; III - por carta registrada com aviso de recebimento; IV - por edital, se estiver o infrator autuado em lugar incerto, não sabido ou se não for localizado no ende- reço (art. 96, §1º). O auto de infração deverá ser lavrado em impresso próprio, com a identificação do autuado, a descrição cla- ra e objetiva das infrações administrativas constatadas e a indicação dos respectivos dispositivos legais e regula- mentares infringidos, não devendo conter emendas ou rasuras que comprometamsua validade (art. 97). O auto de infração, os eventuais termos de aplicação de medidas administrativas, o relatório de fiscalização e a notificação de que trata o art. 97-A serão encaminhados ao Núcleo de Conciliação Ambiental. O relatório de fis- calização será elaborado pelo agente autuante e conterá: I - a descrição das circunstâncias que levaram à cons- tatação da infração ambiental e à identificação da autoria; II - o registro da situação por fotografias, vídeos, ma- pas, termos de declaração ou outros meios de prova; III - os critérios utilizados para fixação da multa acima do limite mínimo, quando for o caso; e IV - quaisquer outras informações consideradas rele- vantes (art. 98, caput e parágrafo único). Constatada a infração ambiental, o agente autuante, no uso do seu poder de polícia, poderá adotar as seguin- tes medidas administrativas: I - apreensão; II - embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas; user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 50 D IR EI TO A M BI EN TA L III - suspensão de venda ou fabricação de produto; IV - suspensão parcial ou total de atividades; V - destruição ou inutilização dos produtos, subpro- dutos e instrumentos da infração; e VI – demolição (art. 101). O autuado poderá, no prazo de vinte dias, contado da data da ciência da autuação, apresentar defesa con- tra o auto de infração, cuja fluência fica sobrestada até a data de realização da audiência de conciliação ambien- tal. Na hipótese de insucesso da audiência de conciliação ambiental, por não comparecimento do autuado ou por ausência de interesse em conciliar, inicia-se a fluência do prazo para apresentação de defesa (art. 113, § 1º). A defesa poderá ser protocolizada em qualquer uni- dade administrativa do órgão ambiental que promoveu a autuação, que o encaminhará imediatamente à unidade responsável, devendo ser formulada por escrito e deve conter os fatos e fundamentos jurídicos que contrariem o disposto no auto de infração e termos que o acompa- nham, bem como a especificação das provas que o au- tuado pretende produzir a seu favor, devidamente justi- ficadas (arts. 114 e 115). A defesa não será conhecida quando apresentada (art. 117): I - fora do prazo; II - por quem não seja legitimado; ou III - perante ór- gão ou entidade ambiental incompetente. Ao autuado caberá a prova dos fatos que tenha alega- do, sem prejuízo do dever atribuído à autoridade julga- dora para instrução do processo. A autoridade julgadora poderá requisitar a produção de provas necessárias à sua convicção, bem como parecer técnico ou contradita do agente autuante, especificando o objeto a ser esclarecido (arts. 118 e 119). As provas propostas pelo autuado, quando imperti- nentes, desnecessárias ou protelatórias, poderão ser re- cusadas, mediante decisão fundamentada da autoridade julgadora competente (art. 120). Encerrada a instrução, o autuado terá o direito de ma- nifestar-se em alegações finais, no prazo máximo de dez dias (art. 122). Oferecida ou não a defesa, a autoridade julgadora, no prazo de trinta dias, julgará o auto de infração, decidindo sobre a aplicação das penalidades. Nos termos do que dispõe o art. 101, as medidas administrativas que forem aplicadas no momento da autuação deverão ser aprecia- das no ato decisório, sob pena de ineficácia. A inobser- vância do prazo para julgamento não torna nula a deci- são da autoridade julgadora e o processo. O órgão ou entidade ambiental competente indicará, em ato próprio, a autoridade administrativa responsável pelo julgamento da defesa, observando-se o disposto no art. 17 da Lei no 9.784, de 1999 (art. 124, caput e parágrafos). Da decisão proferida pela autoridade julgadora cabe- rá recurso no prazo de vinte dias. O recurso hierárquico de que trata este artigo será dirigido à autoridade ad- ministrativa julgadora que proferiu a decisão na defesa, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior (art. 127, § 1º). O recurso interposto na forma prevista no art. 127 não terá efeito suspensivo, exceto na hipótese de justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação. O efeito suspensivo será concedido de ofício ou a pedido do re- corrente (art. 128, caput e parágrafos). Da decisão proferida pela autoridade superior caberá recurso ao CONAMA, no prazo de vinte dias, e será di- rigido à autoridade superior que proferiu a decisão no recurso, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, e após exame prévio de admissibilidade, o encami- nhará ao Presidente do CONAMA. A autoridade julgadora junto ao CONAMA não po- derá modificar a penalidade aplicada para agravar a si- tuação do recorrente, em atendimento ao princípio da vedação a reformatio in pejus (art. 130, § 2º). O recurso não será conhecido quando interposto: I - fora do prazo; II - perante órgão ambiental incompetente; ou III - por quem não seja legitimado (art. 131). POSIÇÃO DO STF, STJ E TRIBUNAIS DE JUSTIÇA ES- TADUAIS Muito comum aparecer em questões de prova, as po- sições da jurisprudência sobre direito ambiental também devem ser cuidadosamente analisadas. Trazemos a se- guir algumas ementas de julgados que pacificam o en- tendimento sobre algumas questões ambientais. DIREITO AMBIENTAL. AGRAVO INTERNO EM RECUR- SO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. AÇÃO CIVIL PÚBLI- CA. PROTEÇÃO AMBIENTAL. DEGRADAÇÃO AMBIENTAL EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. AUSÊNCIA DE QUESTAO CONSTITUCIONAL. SÚMULA 279/STF. 1. A re- solução da controvérsia demanda a análise da legislação infraconstitucional aplicada ao caso, bem como o reexame de fatos e provas constantes dos autos, o que é vedado em recurso extraordinário. Incidência da Súmula 279/STF. Precedentes. 2. Inaplicável o art. 85, § 11 , do CPC/2015 , uma vez que não é cabível condenação em honorários advocatícios (arts. 17 e 18, Lei nº 7.347 /1985). 3. Agravo interno a que se nega provimento, com aplicação da multa prevista no art. 1.021, § 4º , do CPC/2015 . (STF - AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO AgR ARE 1139337 SP SÃO PAULO 0165172- 53.2007.8.26.0000) DEGRADAÇÃO AMBIENTAL. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. INDEFERIMENTO. ANTECIPAÇÃO. EFEITOS. TUTELA. INTERPOSIÇÃO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONVERSÃO. AGRAVO RETIDO. PEDIDO DE RECONSIDE- RAÇÃO. INAPTIDÃO. INTERRUPÇÃO. PRAZO DECADEN- CIAL. INEXISTÊNCIA. EFEITO SUSPENSIVO. 1. A decisão que, a teor do art. 527 , inciso II , do CPC , converte em retido o agravo de instrumento, é passível de impugna- ção pela via do mandado de segurança, cujo prazo deca- dencial de cento e vinte dias (art. 23 da Lei 12.016 /2009) conta-se da ciência dessa decisão e não daquela que exa- mina eventual pedido de reconsideração. 2. O pedido de reconsideração não tem efeito suspensivo nem serve para impedir o início do curso do prazo decadencial. 3. Agravo regimental não provido. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 51 D IR EI TO A M BI EN TA L (STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA AgRg no RMS 47307 SP 2015/0000256-5 (STJ) DEGRADAÇÃO AMBIENTAL. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. POSSIBILIDADE. Ainda que o ajuizamento da ação civil pública não acarrete, de forma automática, a inver- são do ônus da prova, na hipótese dos autos, em atenção ao princípio da precaução, deve ser atribuído à parte ré o ônus de comprovar que a atividade de mineração realiza- da observou os ditames legais. AGRAVO DE INSTRUMEN- TO PROVIDO.(Agravo de Instrumento, Nº 70082080417, Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Newton Luís Medeiros Fabrício, Julgado em: 23-10-2019) TJ-RS - “Agravo de Instrumento” AI 70082080417 RS (TJ-RS) Evidente que tais julgados são apenas exemplos. É re- comendado que o candidato se mantenha atualizado e procure conhecer outras ementas.EXERCÍCIO COMENTADO 1. (PREFEITURA DE VÁRZEA PAULISTA-SP – PROCU- RADOR JURÍDICO – VUNESP – 2016) O art. 37 da Lei n° 9.605/98 estabelece que, independentemente de au- torização ou prévia manifestação da autoridade compe- tente, é conduta autorizada legalmente (não há crime) o abate de animal quando realizado a) por ser nocivo [o animal]. b) para fins científicos e didáticos. c) para controlar reprodução excessiva da espécie. d) em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família. e) para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais. Resposta: Letra D. A questão é bem direta ao ponto, e exige que o candidato conheça as condutas que não são consideradas crimes de abate animal, previstas no artigo 37. São elas: I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família; II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação pre- datória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competen- te; III - (VETADO) IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente. HORA DE PRATICAR! 1. (PG-DF – PROCURADOR – CESPE – 2013) Com refe- rência à responsabilidade penal por infrações ambientais, ao mandado de segurança em matéria ambiental e à fun- ção social da propriedade, julgue os itens subsequentes. Na medida em que o conceito de poluidor, em matéria ambiental, abrange toda pessoa responsável por ativida- de causadora de degradação ambiental, o mandado de segurança na tutela do meio ambiente pode ser impe- trado não apenas contra autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público, mas também contra qualquer pessoa, física ou jurídica, de direito público ou privado, que cause dano ambiental. ( ) CERTO ( ) ERRADO 2. (PG-DF – PROCURADOR – CESPE – 2013) Com refe- rência à responsabilidade penal por infrações ambientais, ao mandado de segurança em matéria ambiental e à fun- ção social da propriedade, julgue os itens subsequentes. A responsabilização das pessoas jurídicas por crimes am- bientais, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade, exclui a responsabilidade das pessoas físicas partícipes do mesmo fato. ( ) CERTO ( ) ERRADO 3. (PG-DF – PROCURADOR – CESPE – 2013) Com refe- rência à responsabilidade penal por infrações ambientais, ao mandado de segurança em matéria ambiental e à fun- ção social da propriedade, julgue os itens subsequentes. Considera-se que a propriedade urbana cumpre plena- mente sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação do espaço territorial previs- tas no plano diretor da cidade; no que tange à proprieda- de rural, isso ocorre quando ela é regularmente registra- da na Divisão de Cadastro Rural do INCRA e no IBAMA. ( ) CERTO ( ) ERRADO 4. (PG-DF – PROCURADOR – CESPE – 2013) Acerca do patrimônio cultural e da proteção ambiental das terras indígenas, julgue os itens que seguem. A promoção e proteção do patrimônio cultural brasileiro é responsabilidade do poder público, com a colaboração da comunidade, por meio de inventários, registros, vigi- lância, tombamento e desapropriação, e de outras for- mas de acautelamento e preservação. ( ) CERTO ( ) ERRADO user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 52 D IR EI TO A M BI EN TA L 5. (PG-DF – PROCURADOR – CESPE – 2013) Acerca do patrimônio cultural e da proteção ambiental das terras indígenas, julgue os itens que seguem. A proteção ambiental das terras indígenas compete à União, sendo atribuição privativa do presidente da Repú- blica autorizar a pesquisa e a lavra das riquezas minerais nessas áreas. ( ) CERTO ( ) ERRADO 6. (PG-DF – PROCURADOR – CESPE – 2013) Acerca do patrimônio cultural e da proteção ambiental das terras indígenas, julgue os itens que seguem. Em rol taxativo, a CF elenca os bens que constituem o pa- trimônio cultural brasileiro, como os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueoló- gico, paleontológico, ecológico e científico. ( ) CERTO ( ) ERRADO 7. (PG-DF – PROCURADOR – CESPE – 2013) Relativa- mente à PNRH, julgue os itens seguintes. Cabe aos Poderes Executivos estaduais e do DF, obede- cidas suas respectivas competências, outorgar os direi- tos de uso de recursos hídricos, sendo responsáveis por regulá-los e fiscalizá-los. ( ) CERTO ( ) ERRADO 8. (PG-DF – PROCURADOR – CESPE – 2013) Relativa- mente à PNRH, julgue os itens seguintes. O Poder Executivo do DF tem a responsabilidade de pro- mover a integração das políticas locais de saneamento básico, de uso, ocupação e conservação do solo e de meio ambiente com a PNRH. ( ) CERTO ( ) ERRADO 9. (PG-DF – PROCURADOR – CESPE – 2013) Acerca dos princípios constantes do Código Florestal e da área de reserva legal, julgue o item abaixo. Como regra, em todo imóvel rural deve ser mantida área com cobertura de vegetação nativa, cujas funções são assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a con- servação da biodiversidade, bem como o abrigo e a pro- teção de fauna silvestre e da flora nativa. ( ) CERTO ( ) ERRADO 10. (PG-DF – PROCURADOR – CESPE – 2013) Tendo em vista as categorias de unidades de conservação que com- põem o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, julgue os itens a seguir. As unidades de conservação somente podem ser criadas por lei, que deverá definir seu regime especial de admi- nistração e as garantias adequadas de proteção. ( ) CERTO ( ) ERRADO 11. (PG-DF – PROCURADOR – CESPE – 2013) Tendo em vista as categorias de unidades de conservação que com- põem o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, julgue os itens a seguir. Nas unidades de proteção integral, não se admite o uso direto ou indireto dos recursos naturais, mas apenas a exploração capaz de garantir a perenidade dos processos ecológicos, mantendo-se a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e eco- nomicamente viável. ( ) CERTO ( ) ERRADO 12. (PG-DF – PROCURADOR – CESPE – 2013) Conside- rando as disposições da LODF a respeito do meio am- biente e a competência em matéria ambiental, julgue os itens a seguir. Após a realização de EIA e de audiência pública, os pro- jetos que tenham significativo potencial poluidor devem ser submetidos à apreciação do Conselho de Meio Am- biente do DF, órgão de composição paritária do qual participam representantes do poder público, de enti- dades não governamentais relacionadas com a questão ambiental e do Corpo de Bombeiros Militar do DF. ( ) CERTO ( ) ERRADO 13. (PG-DF – PROCURADOR – CESPE – 2013) Conside- rando as disposições da LODF a respeito do meio am- biente e a competência em matéria ambiental, julgue os itens a seguir. É competência do DF, concorrentemente com a União, legislar sobre cerrado, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio am- biente e controle da poluição, entre outras matérias. ( ) CERTO ( ) ERRADO 14. (PG-DF – PROCURADOR – CESPE – 2013) Julgue os próximos itens, relativos à proteção do patrimônio cultu- ral e às áreas de preservação permanente. As áreas de preservação permanente localizadas dentro de áreas urbanas consolidadas devem ser desapropria- das e sua vegetação recuperada, em razão da função am- biental que exercem na proteção dos recursos naturais. ( ) CERTO ( ) ERRADO 15. (PG-DF – ANALISTA JURÍDICO DIREITO E LEGIS- LAÇÃO – IADES – 2011) A Administração Pública exige, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade po- tencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade. De acordo com o art. 1º da Re- solução nº 1/86 do CONAMA, assinale a alternativa que conceitua corretamente impacto ambiental. a) Qualquer alteração física, química e biológica ao ser humano, causadas por qualquer forma de bactéria resultante das atividades automatizadas, que direta- mente afetem a saúde e o bem-estar da população e a qualidade dos recursos ambientais. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 53 D IR EI TO A M BI EN TA L b) Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causadas por qual- quer forma de matéria ou energia resultante das ativi- dades humanas, que direta ou indiretamente afetem: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais. c) Resulta em qualquer das condições estéticas e sanitá- rias do meio ambiente. d) Resultam na saúde, na segurança e no bem-estar da população. e) Variação da qualidade dos recursos ambientais, medi- da de acordo com os sistemas internacionais de aferi- ção do bem-estar da população e desenvolvimento da interação da sociedade com o meio ambiente. GABARITO 1 ERRADO 2 ERRADO 3 ERRADO 4 CERTO 5 ERRADO 6 ERRADO 7 CERTO 8 CERTO 9 CERTO 10 ERRADO 11 ERRADO 12 CERTO 13 CERTO 14 ERRADO 15 B user Realce 54 D IR EI TO A M BI EN TA L ANOTAÇÕES _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________