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Direitos Difusos 
e Coletivos 
PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL
MATERIAL RETIRADO DO CURSO DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS EM VÍDEO
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Júlio Camargo de Azevedo. Mestre em Direito Processual Civil pela Universidade de 
São Paulo (USP). Especialista em Direito Processual Civil e Bacharel pela Universidade 
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP). Defensor Público no Estado de 
São Paulo. Coordenador do Grupo de Estudos de Direito Processual Civil da Defensoria 
Pública de São Paulo (GEDPC-DPSP). Membro do Centro de Estudos Avançados de 
Processo (CEAPRO). Mediador formado pelo Instituto de Mediação Transformativa. 
Professor convidado de Cursos Preparatórios para Concurso Público e de Cursos de Pós-
graduação. Vencedor do VII Prêmio “Justiça para Todas e Todos – Josephina Bacariça” 
na categoria Defensor Público.
Tiago Fensterseifer. Doutor e Mestre em Direito Público pela PUC/RS (Ex-Bolsista do 
CNPq), com pesquisa de doutorado-sanduíche junto ao Instituto Max-Planck de Direito 
Social e Política Social de Munique, na Alemanha (Bolsista da CAPES). Atualmente, 
realiza pesquisa em nível de pós-doutorado junto ao Instituto Max-Planck de Direito 
Social e Politica Social de Munique (2018-2019). Conselheiro eleito do Conselho Superior 
da Defensoria Publica do Estado de São Paulo (2008-2009). Membro-colaborador do 
Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Publica do Estado de São Paulo (2007-2012). 
Examinador das disciplinas de Direito Constitucional, Direitos Humanos, Direitos Difusos 
e Coletivos e Princípios Institucionais da Defensoria Pública de diversos concursos para 
o cargo de Defensor Publico Estadual (DP/SP, DP/SC, DP/BA, DP/ES, DP/AM, DP/AP). Autor, 
entre outras, das obras Defensoria Pública, Direitos Fundamentais e Ação Civil Pública 
(São Paulo: Saraiva, 2015) e Defensoria Pública na Constituição Federal (Rio de Janeiro: 
GEN/Forense, 2017); coautor, juntamente com Ingo Wolfgang Sarlet, das obras Direito 
Constitucional Ambiental (6.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019, no prelo), Direito 
Ambiental: Introdução, Fundamentos e Teoria Geral (São Paulo: Saraiva, 2014), obra 
finalista do Premio Jabuti 2015, na Categoria Direito, e Princípios do Direito Ambiental 
(2.ed. São Paulo: Saraiva, 2017); coautor, juntamente com Ingo W. Sarlet e Paulo Affonso 
Leme Machado da obra Constituição e Legislação Ambiental Comentadas (São Paulo: 
Saraiva, 2015). Defensor Público do Estado de São Paulo (desde 2007).
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PROFESSOR TIAGO FENSTERSEIFER
 🏳 DIREITO AMBIENTAL
INTRODUÇÃO: A FORÇA NORMATIVA DOS PRINCÍPIOS E A INTERPRETAÇÃO 
SISTEMÁTICA DO DIREITO AMBIENTAL
Os princípios também são fontes normativas do Direito Ambiental. Não iremos aqui discutir a força 
normativa dos princípios, partindo do pressuposto de que atualmente isso já se trata de questão superada 
tanto na doutrina quanto na jurisprudência. Os princípios jurídicos, portanto, são comandos dotados de 
força normativa, mas, assim como as regras jurídicas em sentido estrito, também carregam conteúdo 
normativo, ou seja, são normas jurídicas, muito embora a diferença na estrutura jurídica de cada uma 
das categorias (princípios e regras). O raciocínio apresentado, por óbvio, também se aplica aos princípios 
do Direito Ambiental, reconhecendo-se a força normativa que lhes é inerente e vinculação do Estado e 
dos particulares às suas premissas.
Em razão de sua natureza jurídico-normativa, os princípios são fundamentais na aplicação e 
desenvolvimento do Direito Ambiental. Na condição de parâmetros materiais eles permitem ao 
intérprete e aplicador do Direito Ambiental (em especial, Juízes e Tribunais) alcançar o verdadeiro sentido 
e “estado da arte” do ordenamento jurídico ambiental, inclusive para o efeito de suprir deficiências e 
lacunas muitas vezes existentes e verificadas, muitas vezes, diante de novas questões ecológicas que 
emergem continuamente. O mesmo se pode dizer em relação ao papel dos princípios jurídicos ambientais 
nos casos de conflito entre a proteção ambiental e a proteção e promoção de outros bens jurídicos de 
hierarquia constitucional, notadamente quando em causa direitos e garantias fundamentais. 
Os deveres de proteção do ambiente devem ser conciliados com a necessidade de proteção de outros bens 
fundamentais e, ao mesmo tempo, devem os objetivos da proteção ambiental ser realizados de modo 
o mais eficaz possível, justamente tendo em conta a conhecida noção de que princípios operam, pelo 
menos em certo sentido e em boa parte dos casos, como mandados de otimização e que não obedecem 
à lógica de “tudo ou nada”. Além disso, considerados os aspectos referidos, a partir dos princípios se 
viabiliza também o próprio controle das ações e omissões dos órgãos estatais e até mesmo de atores 
privados, pois mesmo os atos designados de discricionários da administração pública são sempre atos 
vinculados aos direitos e princípios fundamentais, cabível, portanto, o controle jurisdicional. 
Os princípios são muitas vezes essenciais também para permitir uma (de regra cogente) interpretação 
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sistemática do Direito Ambiental1, precisamente em homenagem, também, aos princípios da supremacia 
e da unidade da Constituição e da ordem jurídica (inclusive em vista do necessário diálogo das fontes 
normativas).
JURISPRUDÊNCIA STJ. Interpretação sistemática do Direito Ambiental. 
“PROCESSO CIVIL. DIREITO AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA TUTELA DO MEIO 
AMBIENTE. OBRIGAÇÕES DE FAZER, DE NÃO FAZER E DE PAGAR QUANTIA. POSSIBILIDADE DE 
CUMULAÇÃO DE PEDIDOS ART. 3º DA LEI 7.347/85. INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA. ART. 225, 
§ 3º, DA CF/88, ARTS. 2º E 4º DA LEI 6.938/81, ART. 25, IV, DA LEI 8.625/93 E ART. 83 DO CDC. 
PRINCÍPIOS DA PREVENÇÃO, DO POLUIDOR-PAGADOR E DA REPARAÇÃO INTEGRAL. (...) 2. O 
sistema jurídico de proteção ao meio ambiente, disciplinado em normas constitucionais 
(CF, art. 225, § 3º) e infraconstitucionais (Lei 6.938/81, arts. 2º e 4º), está fundado, entre 
outros, nos princípios da prevenção, do poluidor-pagador e da reparação integral. (...)”.2
AMBIENTAL. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ANTINOMIA DE NORMAS. APARENTE. 
ESPECIFICIDADE. INCIDÊNCIA DO CÓDIGO FLORESTAL. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. 
MAIOR PROTEÇÃO AMBIENTAL. PROVIMENTO. RESPEITO AO LIMITE IMPOSTO PELO 
CÓDIGO FLORESTAL. 1. A proteção ao meio ambiente integra, axiologicamente, o 
ordenamento jurídico brasileiro, e as normas infraconstitucionais devem respeitar a 
teleologia da Constituição Federal. Dessa forma, o ordenamento jurídico precisa ser 
interpretado de forma sistêmica e harmônica, por meio da técnica da interpretação 
corretiva, conciliando os institutos em busca do interesse público primário. 2. Na espécie, 
a antinomia entre a Lei de Parcelamento do Solo Urbano (Lei n. 6.766/1979) e o Código 
Florestal (Lei n. 12.651/2012) é apenas aparente, pois a primeira estabelece uma proteção 
mínima e a segunda tutela a proteção específica, intensificando o mínimo protetivo às 
margensdos cursos de água. 3. A proteção marginal dos cursos de água, em toda a sua 
extensão, possui importante papel de proteção contra o assoreamento. O Código Florestal 
tutela em maior extensão e profundidade o bem jurídico do meio ambiente, logo, é a 
norma específica a ser observada na espécie. 4. Recurso especial provido.”3
Visto se tratar de critério para solucionar antinomias, destaca-se o reconhecimento do princípio 
hermenêutico “in dubio pro natura”4. Tal princípio, contudo, exige uma adequada compreensão 
e aplicação, devendo ser conciliado com outros princípios de interpretação e aplicação do Direito 
1 FREITAS, Juarez. A interpretação sistemática do direito. 4.ed. São Paulo: Malheiros, 2004.
2 STJ, REsp 625.249/PR, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, j. 15.08.2006.
3 STJ, REsp 1.546.415/SC, 2ª Turma, Rel. Min. Og Fernandes, j. 21.02.2019.
4 Na doutrina, defendendo uma hermenêutica jurídica ecológica, com o reconhecimento do princípio in dubio pro ambiente, 
v. BELCHIOR, Germana Parente Neiva. Hermenêutica jurídica ambiental. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 265.
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em caso de conflitos, como é o caso do assim chamado princípio pro homini consagrado pelo Direito 
Internacional dos Direitos Humanos5, bem como (entre outros) dos princípios da proporcionalidade e da 
razoabilidade, no âmbito de um Estado Democrático, Social e Ecológico de Direito, onde nenhuma das 
agendas constitucionais nucleares (liberal, social e ecológica) podem assumir uma posição preferencial 
apriorística. A respeito do tema, calha referir, de modo a ilustrar a utilização dos princípios em matéria 
ambiental, a posição do Ministro Herman Benjamin, do STJ, em voto emblemático exarado no julgamento 
do REsp 1.198.727/MG, segundo o qual: “a legislação de amparo dos sujeitos vulneráveis e dos interesses 
difusos e coletivos deve ser interpretada da maneira que lhes seja mais favorável e melhor possa 
viabilizar, no plano da eficácia, a prestação jurisdicional e a ratio essendi da norma”. 
JURISPRUDÊNCIA STJ. Princípio hermenêutico “in dubio pro natura”. “ADMINISTRATIVO. 
AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DESMATAMENTO DE VEGETAÇÃO NATIVA (CERRADO) SEM 
AUTORIZAÇÃO DA AUTORIDADE AMBIENTAL. DANOS CAUSADOS À BIOTA. INTERPRETAÇÃO 
DOS ARTS. 4º, VII, E 14, § 1º, DA LEI 6.938/1981, E DO ART. 3º DA LEI 7.347/85. PRINCÍPIOS DA 
REPARAÇÃO INTEGRAL, DO POLUIDOR-PAGADOR E DO USUÁRIO-PAGADOR. POSSIBILIDADE 
DE CUMULAÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER (REPARAÇÃO DA ÁREA DEGRADADA) E DE PAGAR 
QUANTIA CERTA (INDENIZAÇÃO). REDUCTION AD PRISTINUM STATUM. DANO AMBIENTAL 
INTERMEDIÁRIO, RESIDUAL E MORAL COLETIVO. ART. 5º DA LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO 
CIVIL. INTERPRETAÇÃO IN DUBIO PRO NATURA DA NORMA AMBIENTAL. 1. Cuidam os autos 
de ação civil pública proposta com o fito de obter responsabilização por danos ambientais 
causados pelo desmatamento de vegetação nativa (Cerrado). O juiz de primeiro grau e o 
Tribunal de Justiça de Minas Gerais consideraram provado o dano ambiental e condenaram 
o réu a repará-lo; porém, julgaram improcedente o pedido indenizatório pelo dano ecológico 
pretérito e residual. 2. A legislação de amparo dos sujeitos vulneráveis e dos interesses 
difusos e coletivos deve ser interpretada da maneira que lhes seja mais favorável e melhor 
possa viabilizar, no plano da eficácia, a prestação jurisdicional e a ratio essendi da norma. 
A hermenêutica jurídico-ambiental rege-se pelo princípio in dubio pro natura. (...)” (STJ, 
REsp 1.198.727/MG, 2ª Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 14.08.2012).
Mais recentemente e de forma paradigmática, o princípio da progressividade aplicado ao regime jurídico 
de proteção ecológica foi consagrado expressamente, juntamente com o princípio da proibição de 
retrocesso ecológico, no art. 3, c, do Acordo Regional de Escazú para América Latina e Caribe sobre 
Acesso à Informação, Participação Pública e Acesso à Justiça em Matéria Ambiental (2018).
“Artigo 3 - Princípios - Na implementação do presente Acordo, cada Parte será́ guiada 
pelos seguintes princípios: (…) c) princípio de vedação do retrocesso e princípio de 
progressividade (...)”.
5 V. MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de direito internacional público. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 869.
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O princípio da melhoria da qualidade ambiental ou princípio da progressividade em matéria ambiental 
tem encontrado amplo esteio na jurisprudência brasileira, notadamente no âmbito do STJ, sendo, assim, 
uma importante diretriz normativa e hermenêutica para a resolução de conflitos ecológicos.
JURISPRUDÊNCIA STJ. Princípio da melhoria da qualidade ambiental: “PROCESSUAL 
CIVIL E ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. RESPONSABILIDADE POR DANO 
CAUSADO AO MEIO AMBIENTE. ZONA COSTEIRA. LEI 7.661/1988. CONSTRUÇÃO DE HOTEL 
EM ÁREA DE PROMONTÓRIO. NULIDADE DE AUTORIZAÇÃO OU LICENÇA URBANÍSTICO-
AMBIENTAL. OBRA POTENCIALMENTE CAUSADORA DE SIGNIFICATIVA DEGRADAÇÃO DO 
MEIO AMBIENTE. ESTUDO PRÉVIO DE IMPACTO AMBIENTAL - EPIA E RELATÓRIO DE IMPACTO 
AMBIENTAL - RIMA. COMPETÊNCIA PARA O LICENCIAMENTO URBANÍSTICO-AMBIENTAL. 
PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR (ART. 4°, VII, PRIMEIRA PARTE, DA LEI 6.938/1981). 
RESPONSABILIDADE OBJETIVA (ART. 14, § 1°, DA LEI 6.938/1981). PRINCÍPIO DA MELHORIA 
DA QUALIDADE AMBIENTAL (ART. 2°, CAPUT, DA LEI 6.938/1981). (...) 12. Ante o princípio 
da melhoria da qualidade ambiental, adotado no Direito brasileiro (art. 2°, caput, da Lei 
6.938/81), inconcebível a proposição de que, se um imóvel, rural ou urbano, encontra-
se em região já ecologicamente deteriorada ou comprometida por ação ou omissão de 
terceiros, dispensável ficaria sua preservação e conservação futuras (e, com maior ênfase, 
eventual restauração ou recuperação). Tal tese equivaleria, indiretamente, a criar um 
absurdo cânone de isonomia aplicável a pretenso direito de poluir e degradar: se outros, 
impunemente, contaminaram, destruíram, ou desmataram o meio ambiente protegido, 
que a prerrogativa valha para todos e a todos beneficie. (...)” (STJ, REsp 769.753/SC, 2ª 
Turma, Ministro Herman Benjamin, j. 08.09.2009).
O Acordo de Escazú também reconheceu o princípio in dubio pro natura para a resolução de conflitos 
legislativos. Segundo previsão expressa do seu art. 4: 
“(...) 7. Nenhuma disposição do presente Acordo limitará ou derrogará outros direitos e 
garantias mais favoráveis estabelecidos ou que possam ser estabelecidos na legislação 
de um Estado Parte ou em qualquer outro acordo internacional de que um Estado seja 
parte, nem impedirá um Estado Parte de conceder um acesso mais amplo à informação 
ambiental, à participação pública nos processos de tomada de decisões ambientais e à 
justiça em questões ambientais. 8. Na implementação do presente Acordo, cada Parte 
procurará adotar a interpretação mais favorável ao pleno gozo e respeito dos direitos de 
acesso (...).”6 
Tanto o princípio da progressividade quanto o princípio in dubio pro natura, consagrados expressamente no 
Acordo de Escazú (2018), operam na mesma lógica ou imperativo normativo de assegurar o fortalecimento 
6 Disponível em: https://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/43611/S1800493_pt.pdf. Acesso em: 05.08.2019.
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do regime jurídico de proteção ecológica, colocandobalizas diretivas tanto para o legislador quanto 
para o intérprete da norma ambiental, o que é extremamente relevante, por exemplo, não apenas na 
análise de um caso concreto individual ou coletivo de conflito entre distintos bens jurídicos de índole 
constitucional, mas também quanto tal conflito ocorre no plano abstrato e genérico do conflito legislativo 
e do controle concentrado de constitucionalidade da legislação.
1. Rol “exemplificativo” de princípios do Direito Ambiental na legislação ambiental brasileira
- Lei 6.938/81 (PNMA), art. 2º, estabeleceu o primeiro rol de princípios do Direito Ambiental brasileiro: 
“I – ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como 
um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; 
II – racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; III – planejamento e fiscalização do uso 
dos recursos ambientais; IV – proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; 
V – controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; VI – incentivos ao 
estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais; 
VII – acompanhamento do estado da qualidade ambiental; VIII – recuperação de áreas degradadas; IX 
– proteção de áreas ameaçadas de degradação; X – educação ambiental a todos os níveis de ensino, 
inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio 
ambiente”.
- Lei da Mata Atlântica (Lei 11.428/2006), art. 6º, parágrafo único: função socioambiental da propriedade, 
equidade intergeracional, prevenção, precaução, usuário-pagador, transparência das informações e 
atos, gestão democrática, celeridade procedimental e gratuidade dos serviços administrativos prestados 
ao pequeno produtor rural e às populações tradicionais. 
- Lei da Política Nacional sobre Mudança do Clima (Lei 12.187/2009), art. 3º: princípios da precaução, 
da prevenção, da participação cidadã, do desenvolvimento sustentável e o das responsabilidades 
comuns, porém diferenciadas.
- Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010), art. 6º: “I – a prevenção e a precaução; 
II – o poluidor-pagador e o protetor-recebedor; III – a visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, 
que considere as variáveis ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública; IV – o 
desenvolvimento sustentável; V – a ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a 
preços competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades humanas e tragam 
qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do consumo de recursos naturais a um nível, 
no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada do planeta; VI – a cooperação entre 
as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e demais segmentos da sociedade; VII – a 
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; VIII – o reconhecimento do resíduo 
sólido reutilizável e reci-clável como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda 
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e promotor de cidadania; IX – o respeito às diversidades locais e regionais; X – o direito da sociedade à 
informação e ao controle social; XI – a razoabilidade e a proporcionalidade”.
- Novo Código Florestal Brasileiro de 2012 (Lei n. 12.651/2012), art. 1º, § 1º.
1. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E SUA DIMENSÃO ECOLÓGICA
A matriz filosófica moderna da concepção de dignidade humana tem sido reconduzida essencialmente, 
e na maior parte das vezes, ao pensamento do filósofo alemão Immanuel Kant. Até hoje, a fórmula 
elaborada por Kant informa a grande maioria das conceituações jurídico-constitucionais da dignidade 
da pessoa humana.7 A formulação kantiana coloca a ideia de que o ser humano não pode ser empregado 
como simples meio (ou seja, objeto) para a satisfação de qualquer vontade alheia, mas sempre deve ser 
tomado como fim em si mesmo (ou seja, sujeito) em qualquer relação8, seja em face do Estado seja em 
face de particulares. 
Isso se deve, em grande medida, ao reconhecimento de um valor intrínseco a cada existência humana, já 
que a fórmula de se tomar sempre o ser humano como um fim em si mesmo está diretamente vinculada 
às ideias de autonomia, de liberdade, de racionalidade e de autodeterminação inerentes à condição 
humana. 
Atualmente, os valores ecológicos tomaram assento definitivo no conteúdo normativo do princípio da 
dignidade da pessoa humana. No contexto constitucional contemporâneo, consolida-se a formatação 
de uma dimensão ecológica da dignidade humana, que abrange a ideia em torno de um bem-estar 
ambiental (assim como de um bem-estar individual e social) indispensável a uma vida digna, saudável e 
segura. Dessa compreensão, pode-se conceber a indispensabilidade de um patamar mínimo de qualidade 
(e segurança) ambiental para a concretização da vida humana em níveis dignos. Aquém de tal padrão 
ecológico, a vida e a dignidade humana estariam sendo violadas no seu núcleo essencial.
A Declaração de Estocolmo sobre Meio Ambiente Humano (1972) captou bem esse panorama jurídico 
emergente desde a Década de 1970, ao consagrar expressamente no seu Princípio 1 que 
“O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições 
de vida adequadas em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma 
vida digna e gozar de bem-estar, tendo a solene obrigação de proteger e melhorar o meio 
ambiente para as gerações presentes e futuras”.
A qualidade, o equilíbrio e a segurança ambiental, com base em tais considerações, passariam a figurar 
7 V. o art. I da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948): “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e 
direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade”.
8 KANT, Immanuel. Crítica da razão pura e outros textos filosóficos (Coleção Os Pensadores). São Paulo: Abril Cultural, 1974, p. 
229. Na doutrina brasileira, v., por todos, SARLET, “Dignidade da pessoa humana...”
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como elemento integrante do conteúdo normativo do princípio da dignidade da pessoa humana, sendo, 
portanto, fundamental para o desenvolvimento de todo o potencial humano num quadrante de completo 
bem-estar existencial, até mesmo no sentido do reconhecimento de um direito-garantia ao mínimo 
existencial ecológico (ne doutrina: Ingo Sarlet/Tiago Fensterseifer, Daniel Sarmento, etc.).
OPINIÃO CONSULTIVA N. 23/2017 SOBRE “MEIO AMBIENTE DIREITOS HUMANOS” DA CORTE 
INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS.
A Opinião Consultiva n. 23/2017 CIDH que “varios derechos de rango fundamental requieren, como una 
precondición necesaria para su ejercicio, una calidad medioambiental mínima, y se ven afectados en 
forma profunda por la degradación de los recursos naturales”, de modo que se tem como consequência 
disso “la interdependencia e indivisibilidad entre los derechos humanos y la protección del medio 
ambiente”.9
O conteúdo conceitual e normativo do princípio da dignidade da pessoa humana está intrinsecamente 
relacionado à qualidade do ambiente (onde o ser humano vive, mora, trabalha, estuda, pratica lazer, 
bem como o que ele come, veste, etc.). A vida e a saúde humanas (ou como refere o caput do artigo 225 
da CF/1988, conjugando tais valores, a sadia qualidade de vida) só são possíveis, dentrodos padrões 
mínimos exigidos constitucionalmente para o desenvolvimento pleno da existência humana, num 
ambiente natural onde haja qualidade ambiental da água que se bebe, dos alimentos que se comem, do 
solo onde se planta, do ar que se respira, da paisagem que se vê, do patrimônio histórico e cultural que se 
contempla, do som que se escuta, entre outras manifestações da dimensão ambiental. 
Como se percebe, o ambiente está presente nas questões mais vitais e elementares da condição humana, 
além de ser essencial à sobrevivência do ser humano como espécie animal natural.10 Sobre o tema, 
conforme já sinalizamos anteriormente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece como 
parâmetro para determinar uma vida saudável “um completo bem-estar físico, mental e social”, o que 
coloca indiretamente a qualidade ambiental como elemento fundamental para o “completo bem-estar” 
caracterizador de uma vida saudável. Seguindo tal orientação, a Lei 8.080/90 (Lei do Sistema Único de 
Saúde - SUS) incorpora tal conceito no ordenamento jurídico brasileiro (art. 3º, parágrafo único), bem 
como registra o meio ambiente como fator determinante e condicionante à saúde (art. 3º, caput).
Há, portanto, uma lógica evolutiva e cumulativa no que diz com as dimensões da dignidade da 
pessoa humana que também podem ser compreendidas a partir da perspectiva histórica da evolução 
9 CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Opinião Consultiva n. 23/2017 (“Meio Ambiente e Direitos Humanos”), p. 22 
e 25. Disponível em: http://www.corteidh.or.cr/docs/opiniones/seriea_23_esp.pdf. Acesso em 10.04.2018.
10 A partir da leitura que faz da obra de Ulrich Beck, David Goldblat afirma que “os perigos ecológicos colocados por acidentes 
nucleares em grande escala, pela liberação de químicos em grande escala e pela alteração e manipulação da composição 
genética da flora e da fauna do planeta colocam a possibilidade de autodestruição”. GOLDBLAT, Teoria social e ambiente..., p. 
232.
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e consagração político-jurídica dos direitos fundamentais – e sob a ótica internacional, também dos 
direitos humanos -, já que os mesmos, em larga medida, simbolizam a própria materialização da proteção 
e promoção da dignidade humana em cada etapa histórica. Assim como outrora os direitos liberais e os 
direitos sociais foram incorporados ao “patrimônio normativo” conformador do conteúdo do princípio da 
dignidade da pessoa humana, hoje também os direitos de solidariedade, como é o caso especialmente do 
direito a viver em um ambiente sadio, equilibrado e seguro, passam a integrar o seu conteúdo, ampliando 
o seu âmbito de proteção. Daí falar-se, conforme já anunciado anteriormente, em uma nova dimensão 
ecológica para a dignidade humana, em vista especialmente dos novos desafios de matriz ambiental 
que expõem existencialmente o ser humano no cenário contemporâneo de riscos ecológicos.
Esse novo cenário e rearranjo normativo delineado para o princípio da dignidade da pessoa humana é 
perceptível na legislação ambiental brasileira. O melhor exemplo disso a previsão normativa do caput do 
art. 2º da Lei 6.938/81, o qual estabelece que 
“a Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e 
recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições 
ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção 
da dignidade da vida humana”. 
O dispositivo em questão antecipou, por certo, a própria consagração constitucional da proteção 
ambiental, reconhecendo, de forma expressa, a importância da qualidade ambiental para a tutela e 
promoção da dignidade da pessoa humana. Além disso, também no âmbito da Lei da Política Nacional 
do Meio Ambiente, o conceito de ambiente adotado no seu artigo 3º, I, evidencia a essencialidade do 
equilíbrio ecológico para o desenvolvimento pleno da vida humana, dispondo ser o mesmo o “conjunto 
de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e 
rege a vida em todas as suas formas”.
JURISPRUDÊNCIA STJ. Dimensão ecológica do princípio da dignidade da pessoa humana. 
“DIREITO AMBIENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. (...) 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICÁVEL EM SEDE DE RESPONSABILIDADE CIVIL 
AMBIENTAL. DERRAMAMENTO DE ÓLEO. POLUIÇÃO. DEGRADAÇÃO AMBIENTAL. (...) 3. O 
bem ambiental é imensurável, não tem valor patrimonial, trata-se de um bem difuso, 
essencial à coletividade. Dessa forma, a violação da norma ambiental e do equilíbrio 
sistêmico não comporta a ideia de inexpressividade da conduta para aplicação do princípio 
da insignificância, pois o interesse protegido envolve toda a sociedade e, em nome do bem-
estar desta, é que deve ser aplicada. 4. Em qualquer quantidade que seja derramamento 
de óleo é poluição, seja por inobservância dos padrões ambientais (inteligência do art. 3º, 
III, “e”, da Lei n. 6.938/1981, c/c o art. 17 da Lei n. 9.966/2000), seja por conclusão 
lógica dos princípios da solidariedade, dimensão ecológica da dignidade humana, 
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prevenção, educação ambiental e preservação das gerações futuras. (...) 6. Recurso 
especial provido para reconhecer a inaplicabilidade do princípio da insignificância em 
matéria de responsabilidade civil ambiental”.11
3. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DO ANIMAL NÃO-HUMANO E DA NATUREZA
A reflexão em torno da dimensão ecológica do princípio da dignidade da pessoa humana também 
coloca “em cheque” a sua concepção estritamente antropocêntrica no âmbito do Estado Constitucional 
contemporâneo. Retomando aqui a premissa de que a matriz filosófica moderna para a concepção de 
dignidade (da pessoa humana) radica essencialmente no pensamento kantiano, é certamente possível 
questionar o excessivo antropocentrismo que informa tanto o pensamento kantiano quanto a tradição 
filosófica ocidental de um modo geral, especialmente confrontando-a com os novos valores ecológicos 
emergentes nas relações sociais contemporâneas e que reclamam uma nova concepção ética, ou, o que 
talvez seja mais correto, a redescoberta de uma “ética de respeito à vida” (Albert Schweitzer).12 
A vedação de práticas de “objetificação” ou “coisificação” (ou seja, tratamento como simples “meio”) 
não deve, em princípio, ser limitada apenas à vida humana, mas ter o seu raio de incidência ampliado 
para contemplar também outras formas de vida. Essa “objetificação” da vida animal (não humana), 
por exemplo, foi expressamente vedada pelo art. 225, § 1º, VII, da CF/1988, ao assinalar que a norma 
constitucional como dever do Estado: 
“Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco 
sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a 
crueldade”.
O alargamento concepção kantiana para além do espectro humano conduz, portanto, ao reconhecimento 
de um fim em si mesmo inerente a outras formas de vida (ou à vida de um modo geral, seja humana, seja 
não humana), atribuindo-lhes um valor próprio e não meramente instrumental, ou seja, uma dignidade 
que igualmente implica um conjunto de deveres (morais e jurídicos) para o ser humano.
No campo do Direito Ambiental, assume relevo a disputa entre “antropocentristas ecológicos (ou 
moderados)” e “biocentristas e ecocentristas”, disputa essa que tem marcado o debate ambiental 
inclusive na esfera jurídica e gerado umasérie de posições diferenciadas entre teóricos e práticos da 
causa ambiental. Não obstante o fortalecimento progressivo de posições biocêntricas e ecocêntricas, a 
abordagem teórica hoje predominante no campo do Direito Ambiental, é o que se poderia designar de 
um antropocentrismo jurídico ecológico – ou mesmo “relativo” ou “alargado” como sustentam alguns 
11 STJ, AREsp 667.867/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Og Fernandes, j. 17.10.2018.
12 SCHWEITZER, Albert. Filosofia da civilização. São Paulo: Editora UNESP, 2013, especialmente p. 283-302.
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autores (José de S. Cunhal Sendim13, Vasco Pereira da Silva14 e J. R. Morato Leite e Patryck de A. Ayala15) -, 
com o propósito de reconhecer o valor intrínseco e não meramente instrumental atribuído ao ser humano 
e a outras formas de vida não humanas e, é possível afirmar, à própria Natureza em si. 
Essa é a questão colocada no Preâmbulo da Convenção sobre Diversidade Biológica (1992), ao 
consagrar a seguinte passagem: “conscientes do valor intrínseco da diversidade biológica (...)”. O 
“reconhecimento” de um valor intrínseco em outras formas de vida não humanas conduz, a nosso ver, 
à atribuição de “dignidade” para além da esfera humana, além, é claro, de permitir a identificação de 
uma dimensão ecológica da própria dignidade da pessoa humana. A proteção de valores e bens jurídicos 
ecológicos imporá restrições aos próprios direitos e ao comportamento do ser humano, inclusive 
a ponto de caracterizar também deveres morais e jurídicos (o próprio direito ao ambiente possui um 
regime jurídico constitucional de “direito-dever” fundamental). E não apenas para proteger outros seres 
humanos, mas de modo a afirmar valores e proteger bens jurídicos que transcendem a órbita humana.
A atribuição ao Estado de deveres constitucionais de proteção, no sentido de uma proteção jurídica de 
natureza objetiva, mas também a imposição aos particulares (na forma de deveres fundamentais de 
proteção do ambiente), do dever de “preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover 
o manejo ecológico das espécies e ecossistemas (art. 225, § 1º, I)”, bem como de “proteger a fauna e a 
flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem 
a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade” (inciso VII do mesmo dispositivo), nos 
parecem exemplos expressivos de uma tutela jurídica autônoma dos bens jurídicos ambientais (por 
exemplo, a Natureza em si, o bem-estar animal, a fauna e a flora) e mesmo de uma tomada de rumo 
jurídico bastante evidente no sentido contrário ao antropocentrismo clássico. 
A mesma reflexão pode surgir a partir da criminalização de condutas humanas degradadoras do 
ambiente, o que foi levado a efeito no plano infraconstitucional por meio da Lei dos Crimes e Infrações 
Ambientais (Lei 9.605/98)16, regulamentando dispositivo da CF/1988 (art. 225, § 3º). A “criminalização” 
dos maus tratos contra os animais, trazida pela Lei 9.605/98, pode, em certa medida, conduzir ao 
entendimento de que tal norma está fundamentada numa concepção jurídica “biocêntrica” (art. 32) e 
no reconhecimento dos animais não-humanos e da Natureza como “sujeito passivo da criminalidade”, 
ao dispor que configura crime “praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, 
13 SENDIM, José de Sousa Cunhal. Responsabilidade civil por danos ecológicos: da reparação do dano através de restauração 
natural. Coimbra: Coimbra Editora, 1998, p. 98 e ss.
14 PEREIRA DA SILVA, Vasco. Verde cor de direito: lições de Direito do Ambiente. Coimbra: Almedina, 2002, p. 29-30.
15 MORATO LEITE, José Rubens; AYALA, Patryck de Araújo. Dano ambiental: do individual ao coletivo extrapatrimonial (teoria 
e prática). 3.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, p. 77.
16 A criminalização de condutas lesivas ao ambiente e mesmo do reconhecimento da Natureza como “sujeito passivo da 
criminalidade” é tratado por SPORLEDER DE SOUZA, Paulo Vinícius. “O meio ambiente (natural) como sujeito passivo dos 
crimes ambientais”. In: Revista Brasileira de Ciências Criminais, n. 50. São Paulo, Revista dos Tribunais, set./out., 2004, p. 57-90.
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domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos” (caput), bem como que incorre na mesma pena 
“quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, 
quando existirem recursos alternativos” (§ 1º) e que “a pena é aumentada de um sexto a um terço, se 
ocorre morte do animal” (§ 2º). 
O objetivo do princípio da dignidade do animal não-humano e da Natureza é ampliar o quadro de bem-
estar humano para além dos espectros liberal e social, inserindo necessariamente a variável ecológica, 
somado à atribuição de valor intrínseco à Natureza. 
4. PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE (INTRAGERACIONAL, INTERGERACIONAL E 
INTERESPÉCIES)
O princípio da solidariedade encontra-se na base jurídico-constitucional dos direitos fundamentais de 
terceira dimensão ou geração (entre eles, o direito ao ambiente) e do Estado Ambiental ou Ecológico de 
Direito contemporâneo. O princípio da solidariedade aparece, nesse horizonte, como mais uma tentativa 
histórica de realizar na integralidade o projeto da modernidade, concluindo o ciclo dos três princípios 
revolucionários francês: liberdade, igualdade e fraternidade. Trata-se, em última instância, de continuar 
na edificação de uma comunidade estatal que teve o seu marco inicial com o Estado Liberal, alicerçando 
agora novos pilares constitucionais ajustados à nova realidade social e desafios existenciais postos no 
espaço histórico-temporal contemporâneo, em especial no tocante à crise ecológica.
A CF/1988 adotou o princípio da solidariedade como objetivo central do Estado e da sociedade brasileira 
no seu artigo 3º, I, ao estabelecer a “construção de uma sociedade livre, justa e solidária”, além de 
destacar também como objetivo, a “erradicação da pobreza e da marginalização social e a redução 
das desigualdades sociais e regionais”, o que estabelece um novo marco normativo-constitucional, 
consolidando a solidariedade como princípio e valor da nossa ordem jurídica. O princípio da solidariedade 
também aparece consubstanciado no Preâmbulo da Constituição Federal ao estabelecer que os direitos 
sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça 
como valores supremos de uma sociedade fraterna. 
Os direitos fundamentais de terceira dimensão, como é o caso dos direitos ecológicos, que, em vista da 
sua natureza difusa e, portanto, de titularidade dispersa por toda a coletividade, também encontram o 
seu fundamento no princípio da solidariedade e na ideia de justiça ambiental. Na perspectiva ecológica, 
há também a necessidade de se assegurar uma redistribuição justa e equânime do acesso aos recursos 
naturais, sob pena de incidir-se em prática discriminatória, o que se acentua, de forma significativa 
em vista da feição socioambiental que caracteriza alguns aspectos da crise ecológica. Para Ramón 
Martin Mateo, do ponto de vista ecológico, há a exigência de justiça distributiva contida no princípio 
da solidariedade, referindo-se, inclusive, à ideia de “círculos sociais progressivamente ampliados”, o 
que objetiva contemplar uma dupla dimensão intercomunitária e intergeracional para a aplicação do 
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princípio.17
JURISPRUDÊNCIA STF. Princípio da solidariedade e direitos fundamentais de terceira 
dimensão ou geração. “A questão do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado 
– direito de terceira geração – princípio da solidariedade. O direito à integridade do meio 
ambiente – típico direito de terceira geração – constitui prerrogativa jurídica de titularidade 
coletiva, refletindo, dentro do processo de afirmação dos direitos humanos, a expressão 
significativa de um poder atribuído, não ao indivíduo identificado em sua singularidade, 
mas, num sentido verdadeiramente mais abrangente, a própria coletividade social. 
Enquanto os direitos de primeira geração (Direito Civis e Políticos) – que compreendem 
as liberdades clássicas, negativas ou formais – realçam o princípio da liberdade e os 
direitos de segunda geração (Direitos Econômicos, Sociais e Culturais) – que se identificam 
com as liberdades positivas, reais ou concretas – acentuam o princípio da igualdade, os 
direitos de terceira geração, que materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos 
genericamente a todas as formações sociais, consagram o princípio da solidariedade e 
constituem um momento importante no processo de desenvolvimento, expansão e 
reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados, enquanto valores fundamentais 
indisponíveis, pela nota de uma essencial inexauribilidade”. (STF, MS 22.164/SP, Rel. Min. 
Celso de Mello, j. 30.10.1995).
O Princípio 3 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992) consagra que “o 
direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam atendidas equitativamente 
as necessidades de desenvolvimento e de meio ambiente das gerações presentes e futuras”. O conceito 
de desenvolvimento sustentável trazido pelo Relatório Nosso Futuro Comum (1987), elaborado pela 
Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, destaca, como premissa, atender às 
necessidades das gerações presentes, mas sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras 
atenderem a suas próprias necessidades.18 Assim, verifica-se a existência de importante nexo entre o 
princípio da solidariedade e a noção de desenvolvimento sustentável (ou sustentabilidade). A natureza 
difusa do bem ambiental coloca tal feição à titularidade do direito, que, em regra, deve ser usufruído 
tendo em vista o interesse de toda a coletividade. A ideia de um patrimônio comum da humanidade 
também toca de forma direta a questão ambiental, pois busca dar a dimensão de importância dos 
bens ambientais de forma alijada de uma perspectiva individualista, mas, acima de tudo, solidária e 
compartilhada entre todos. 
17 “Este principio tiene intrínseca validez y operatividad por lo que debería razonablemente esperarse su efectividad en 
círculos sociales progresivamente ampliados. Su transcendencia para la tutela del ambiente opera en una doble dimensión: 
intercomunitaria e intergeneracional. La importancia de la aplicación de este principio para la efectividad de la tutela ambiental 
se deriva de las propias exigencias de la justicia distributiva, lo que es válido tanto a escala extra como intracomunitária y 
nacional”. MATEO, “Manual de derecho ambiental...”, p. 44.
18 “Relatório Nosso Futuro Comum...”, p. 46.
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O princípio da solidariedade, além de incidir nas relações jurídicas travadas no âmbito doméstico, deve 
ser projetado para além das fronteiras dos Estados nacionais, o que se impõe pelo próprio contexto 
internacional da maioria dos sistemas naturais, no sentido de ser tomado como um imperativo, ao mesmo 
tempo ético e jurídico, com o propósito de conformar e limitar as práticas sociais (e também estatais) 
predatórias do ambiente, em vista de um desenvolvimento sustentável mundial. O modelo clássico de 
soberania nacional está com os dias contados em razão da crise ecológica e da dimensão transnacional 
dos desafios da proteção ambiental. 
Outro aspecto fundamental que caracteriza o princípio da solidariedade, especialmente na sua aplicação 
voltada para a questão ambiental, diz respeito à solidariedade (o dever de solidariedade) entre as gerações 
humanas presentes (ou viventes) e as gerações humanas futuras, à luz, inclusive, do reconhecimento da 
dignidade de tais vidas potenciais. Para José J. Gomes Canotilho, o significado básico do princípio da 
solidariedade entre gerações circunscreve-se a “obrigar as gerações presentes a incluir como medida de 
ação e de ponderação os interesses das futuras gerações”.19 Essa situação se dá em razão de a proteção 
ambiental, como refere o próprio caput do art. 225 da CF/8820, objetivar a salvaguarda de condições 
ambientais favoráveis ao desenvolvimento da vida humana em patamares de dignidade não apenas para 
as gerações que hoje habitam a Terra e usufruem dos recursos naturais, mas também assegurando tais 
condições para as gerações que irão habitar a Terra no futuro. Isso, por certo, implica, necessariamente, 
um conjunto de deveres e responsabilidades a cargo das gerações presentes para com as gerações 
futuras. 
No plano jurídico, à luz das considerações já desenvolvidas, a vedação das práticas cruéis contra os 
animais (não humanos), conforme estabelecido no art. 225, § 1º, VII, da CF/1988, e no art. 33 da Lei dos 
Crimes e Infrações Administrativas Ambientais (Lei 9.605/98), reforçam a concepção de um princípio de 
solidariedade também entre as espécies naturais. Não apenas em relação aos animais, mas à Natureza 
em termos gerais. A ideia de “solidariedade entre espécies naturais”, portanto, também pode transportar 
o reconhecimento do valor intrínseco de todas as manifestações existenciais, bem como o respeito e a 
reciprocidade indispensável ao convívio harmonioso entre todos os seres vivos na nossa casa planetária 
comum. O princípio da solidariedade passa a ser uma das bases-éticas (e jurídicas) fundamentais da 
sociedade contemporânea na sua caminhada civilizatória, considerando todas as suas dimensões 
(intrageracional, intergeracional e interespécies).
19 CANOTILHO, José J. Gomes. “Direito constitucional ambiental português e da União Europeia”. In: CANOTILHO, José J. 
Gomes; LEITE, José Rubens Morato. Direito constitucional ambiental brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 8.
20 Mais recentemente, a Lei da Mata Atlântica (Lei 11.428/2006) de, de forma expressa, no seu art. 6º, parágrafo único, entre 
outros princípios, o princípio da equidade intergeracional.
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Dimensões do princípio da solidariedade 
ambiental (ou ecológica)
1) Intrageracional
2) Intergeracional
3) Interespécies
JURISPRUDÊNCIA STJ: “ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. RECURSO ESPECIAL. SUPRESSÃO DE 
VEGETAÇÃO.NECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO. PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE AMBIENTAL.
INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO À MENOR PATAMAR PROTETIVO. FATO CONSUMADO. 
INVIÁVEL EM MATÉRIA AMBIENTAL. 1. Na origem, trata-se de ação declaratória ajuizada pelo 
recorrido contra a Fazenda Pública do Estado de São Paulo, na qual, o requerente sustentou 
que, sendo legítimo proprietário dos imóveis descritos na inicial, diligenciou perante o 
órgão competente visando autorização para a supressão da vegetação da área, recebendo 
orientação de que tais procedimentos estão submetidos à Resolução SMA-14, de13 de 
março de 2008, que estabeleceu fatores condicionantes para tal fim. Diante da situação, na 
exordial, arguiu a inaplicabilidade das normas suscitadas, tendo em vista a superveniência 
da legislação ambiental ante a aquisição da propriedade e a aplicabilidade mitigada do 
Código Florestal às áreas urbanas. 2. Inicialmente, é importante elucidar que o princípio 
da solidariedade intergeracional estabelece responsabilidades morais e jurídicas para 
as gerações humanas presentes em vista da ideia de justiça intergeracional, ou seja, 
justiça e equidade entre gerações humanas distintas. Dessa forma, a propriedade 
privada deve observar sua função ambiental em exegese teleológica da função social 
da propriedade, respeitando os valores ambientais e direitos ecológicos. (...)” (STJ, 
REsp 1775867/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Og Fernandes, j. 16.05.2019).
5. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE EM FACE DAS PRESENTES E FUTURAS 
GERAÇÕES
A ação (e omissão) humana está na origem da atual crise ecológica. Dito de outro modo, são justamente as 
práticas inconsequentes e irresponsáveis dos seres humanos, nas mais diversas áreas de atuação, tanto 
privadas quanto públicas, que nos conduziram ao atual estado de risco existencial. Há, nesse sentido, para 
além da responsabilidade na esfera moral, também a necessidade de imposição de responsabilidades 
(deveres e obrigações) no campo jurídico, com o propósito de frear o ímpeto destrutivo que tem nos 
guiado nos últimos séculos, e de modo particularmente acelerado a partir da segunda metade do Século 
XX. É nesse cenário (social, político, econômico e jurídico) que se insere o princípio da responsabilidade. 
Trata-se, sem dúvida, de um dos princípios precursores do Direito Ambiental, muito embora se trate de 
um princípio geral de Direito.
A Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992), entre os aspectos inovadores 
trazidos pelo diploma, onsagrou a denominada “responsabilidade comum, mas diferenciada”, tomando 
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como referência a desigualdade (sobretudo socioeconômica) existente entre os Estados no plano 
internacional e, consequentemente, o fato de alguns Estados (e seus respectivos cidadãos) serem grandes 
poluidores e consumidores de recursos naturais, enquanto outros muito pouco ou nada contribuem para 
a crise ecológica, tanto pelo prisma do presente quanto do passado. De acordo com o Princípio 7, “(...) os 
Estados têm responsabilidades comuns, porém diferenciadas. Os países desenvolvidos reconhecem 
a responsabilidade que lhes cabe na busca internacional do desenvolvimento sustentável, tendo em 
vista as pressões exercidas por suas sociedades sobre o meio ambiente global e as tecnologias e recursos 
financeiros que controlam”. 
Na legislação ambiental brasileira, a “responsabilidade comum, mas diferenciada” foi consagrada por 
meio da Lei da Política Nacional sobre Mudança do Clima (Lei 12.187/2009), precisamente no seu art. 3º, 
ao asseverar que a Política Nacional sobre Mudança do Clima e as ações dela decorrentes, executadas sob 
a responsabilidade dos entes políticos e dos órgãos da administração pública, observarão, entre outros 
princípios, o das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, no âmbito internacional.21 
De modo complementar, o Princípio 13 da Declaração do Rio (1992) assinala que “os Estados irão 
desenvolver legislação nacional relativa à responsabilidade e à indenização das vítimas de poluição e 
de outros danos ambientais. Os Estados irão também cooperar, de maneira expedita e mais determinada, 
no desenvolvimento do direito internacional no que se refere à responsabilidade e à indenização por 
efeitos adversos dos danos ambientais causados, em áreas fora de sua jurisdição, por atividades dentro 
de sua jurisdição ou sob seu controle”. Em outras palavras, o último dispositivo citado destaca o papel que 
cabe ao Estado, tanto no plano interno, no sentido de adotar regime jurídico específico para assegurar 
a responsabilidade pelo dano ambiental, como também no plano externo, ou seja, na relação travada 
pelos Estados no âmbito internacional.22 
No ordenamento jurídico brasileiro, pelo prisma da proteção ambiental, o primeiro diploma que tratou de 
forma diferenciada a temática da responsabilidade pelos danos ecológicos foi a Lei 6.453/77, que regulou 
a responsabilidade civil por danos nucleares e a responsabilidade criminal por atos relacionados com 
atividades nucleares. Além da responsabilização de ordem criminal pelos danos nucleares, o diploma 
em análise consagrou a responsabilidade objetiva, ou seja, independentemente da existência de culpa 
do operador da instalação nuclear, para ensejar a responsabilização civil pelo dano nuclear, bem como a 
natureza solidária atribuída à mesma. Sobre o tema, dispõe o diploma em comento que “será exclusiva 
21 A “responsabilidade comum, mas diferenciada” foi consagrada, no âmbito da legislação ambiental brasileira, por meio da 
Lei da Política Nacional sobre Mudança do Clima (Lei 12.187/2009), mais precisamente no seu art. 3º, ao asseverar que a Política 
Nacional sobre Mudança do Clima e as ações dela decorrentes, executadas sob a responsabilidade dos entes políticos e dos 
órgãos da administração pública, observarão, entre outros princípios, o das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, 
no âmbito internacional.
22 No âmbito internacional, merece destaque também a Declaração da UNESCO sobre as Responsabilidades das Gerações 
Presentes em Relação às Gerações Futuras (1997), adotada pela Conferência Geral da UNESCO (em sua 29ª sessão). Disponível 
em: http://unesdoc.unesco.org/images/0011/001108/110827por.pdf.
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do operador da instalação nuclear, nos termos desta Lei, independentemente da existência de culpa, a 
responsabilidade civil pela reparação de dano nuclear causado por acidente nuclear” (art. 4º, caput), bem 
como que “quando responsáveis mais de um operador, respondem eles solidariamente, se impossível 
apurar-se a parte dos danos atribuível a cada um” (art. 5º). Tem-se aí importantíssima inovação jurídica 
que rompe com o paradigma liberal-individualista clássico do Direito Civil e que será aproveitada, 
pouco tempo depois, muito embora a discussão envolvendo as diferentes teorias sobre a temática 
da responsabilidade civil objetiva23, pela Lei 6.939/81, ao dispor, no seu art. 14, §1º, que também a 
responsabilidade civil em matéria ambiental é de natureza objetiva, ou seja, independentemente da 
existência de culpa do poluidor.
À luz desse cenário consolidado a respeito da responsabilidade pelos danos ambientais, sobretudo 
na esfera cível, a CF/1988, no § 4º do art. 225, veio a aprimorar o regime jurídico até então vigente, 
consagrando expressamente a tríplice responsabilidade (administrativa, civil e penal) do poluidor pelo 
dano ambiental: 
“as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, 
pessoas físicas e jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da 
obrigação de reparar os danos causados”. 
A responsabilização pelo dano ambiental ainda foi complementada de forma expressiva pela Lei 
dos Crimes e Infrações Administrativas em Matéria Ambiental (Lei 9.605/98), inclusive no tocante à 
responsabilização penal da pessoa jurídica em decorrência da prática de crimes ambientais (art. 3º), 
seguindo a diretriz delineada pela própria CF/1988 no dispositivo referido anteriormente. No plano 
infraconstitucional,o principio da responsabilidade foi regulamentado a ponto de alcançar as três 
esferas da responsabilização do poluidor pelos danos causados ao ambiente. A Lei 6.938/81 resultou 
encarregada da responsabilidade civil pelo dano ambiental, ao passo que a Lei 9.605/98, tratou tanto 
a responsabilidade penal quanto a responsabilidade administrativa (art. 70 e ss. 24) na matéria. Mais 
recentemente, reforçando o regime da responsabilidade civil em matéria ambiental, a Lei da Política 
Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/10) consagrou de forma expressa a responsabilidade pós-
consumo, ou seja, a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos (art. 6º, VII). 
O princípio da responsabilidade, de modo similar ao que verificamos no tocante ao princípio da 
solidariedade, também possui múltiplas dimensões (alcançando inclusive os interesses das futuras 
gerações), que guardam relação com outros princípios gerais e setoriais relevantes para a questão 
23 A respeito da discussão teórica sobre a natureza da responsabilidade civil ambiental, v., por todos, BENJAMIN, Antonio 
Herman. “Responsabilidade civil pelo dano ambiental”. In: Revista de Direito Ambiental, v. 9, São Paulo, Revista dos Tribunais, 
Jan../Mar., 1998, p. 5-52.
24 De acordo com o art. 70, caput, da Lei 9.605/98, “considera-se infração administrativa toda ação ou omissão que viole as 
regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente”.
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ambiental. A mensagem mais elementar a ser extraída do princípio da responsabilidade seja a de conter 
o ímpeto destrutivo do ser humano na sua relação com a Natureza, colocando, para tanto, balizas tanto 
de ordem moral quanto jurídicas, inclusive com a utilização, quando necessário, dos recursos mais 
extremos do nosso ordenamento jurídico (e Sistema de Justiça), como é o caso do Direito Penal.
6. PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR E DO USUÁRIO-PAGADOR
A utilização de recursos naturais, no ciclo de produção de bens e serviços, enseja a geração de 
externalidades negativas, notadamente em termos de poluição e degradação ambiental. O princípio 
do poluidor-pagador, tomado em tal perspectiva, objetiva justamente “internalizar” nas práticas 
produtivas (em última instância, no preço dos produtos e serviços) os custos ecológicos, evitando-se que 
os mesmos sejam suportados de modo indiscriminado (e, portanto, injusto) por toda a sociedade.25 Em 
outras palavras, coloca-se a necessidade de vincular juridicamente o gerador de tais custos ambientais (ou 
seja, poluidor), independentemente de ser ele o fornecedor (ou produtor) ou mesmo o consumidor, com 
o propósito de o mesmo ser responsabilizado e, consequentemente, arcar com tais custos ecológicos, 
exonerando-se a sociedade desse encargo. 
No plano internacional, o princípio do poluidor-pagador foi consagrado expressamente pela Declaração 
do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992), precisamente no seu Princípio 16, ao consignar 
que
“As autoridades nacionais devem procurar promover a internalização dos custos 
ambientais e o uso de instrumentos econômicos, tendo em vista a abordagem segundo 
a qual o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo da poluição, com a devida 
atenção ao interesse público e sem provocar distorções no comércio e nos investimentos 
internacionais”.
No ordenamento jurídico brasileiro, a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81), dispõe, 
no seu art. 4º, inciso VII, que se visará 
“a imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os 
danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais 
com fins econômicos”. 
De modo complementar, a Lei 6.938/81 estabelece o conceito de poluidor, no seu art. 3º, IV, como sendo 
“a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por 
atividade causadora de degradação ambiental”. Embora os dispositivos citados não tenham empregado 
diretamente a expressão “poluidor-pagador”, o conteúdo do princípio está ali consagrado. Mais 
25 A respeito das externalidades negativas e o seu decorrente custo social, pelo prisma ecológico, v. NUSDEO, Fábio. 
Desenvolvimento e ecologia. São Paulo: Saraiva, 1975, p. 52.
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recentemente, o princípio do poluidor-pagador aparece consagrado expressamente no art. 6º, II, da Lei 
da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 11.445/2007), mesmo dispositivo do denominado princípio 
do protetor-recebedor.
O conteúdo do princípio do poluidor-pagador não se dirige única e exclusivamente ao fornecedor de 
bens e serviços de consumo, mas também impõe responsabilidades ao consumidor ou usuário de tais 
produtos ou serviços, inclusive de acordo com o conteúdo da parte final da norma inscrita no art. 4º, VII, 
da Lei 6.938/81, conforme já referido. É possível, portanto, identificar o princípio do usuário-pagador 
como um princípio do Direito Ambiental, orientando normativamente o usuário de recursos naturais 
no sentido de adequar as práticas de consumo ao uso racional e sustentável dos mesmos, bem como à 
ampliação do uso de tecnologias limpas no âmbito dos produtos e serviços de consumo, a exigência de 
certificação ambiental dos produtos e serviços, etc. 
A Lei da Mata Atlântica (Lei 11.428/2006) tratou de consagrar normativamente, no seu art. 6º, parágrafo 
único, entre outros princípios, o princípio do usuário-pagador. Antes ainda, de modo similar, a Lei 
da Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9.433/97) também já havia incorporado o mesmo 
entendimento, ao consagrar, no seu art. 5º, IV, como instrumento da Política Nacional de Recursos 
Hídricos, “a cobrança pelo uso de recursos hídricos”. A diretriz geral de ambos os princípios (poluidor-
pagador e usuário-pagador) consiste, portanto, na responsabilização jurídica e econômica pelos danos 
causados ao ambiente com o nítido propósito de desonerar a sociedade, ou, pelo menos, de modo a 
minimizar o fenômeno da “externalização” dos custos ambientais gerados no âmbito das atividades 
de produção e consumos de bens e serviços.
O instituto jurídico da compensação ambiental, previsto no art. 36 da Lei 9.985/2000 (Sistema Nacional 
de Unidades de Conservação), é um exemplo ilustrativo de aplicação concreta do princípio do poluidor-
pagador. O STF, por esse ótica se serviu justamente do princípio para fundamentar sua decisão lançada 
na ADI 3.378 no sentido da constitucionalidade do dispositivo da Lei do SNUC referido. A compensação 
ambiental, por sua vez, representa um mecanismo de internalização dos custos ecológicos de 
empreendimento de significativo impacto ambiental que acarretará inevitavelmente danos ecológicos 
(ex. construção de rodovia, construção de loteamento e condomínio de casas, etc.), direcionando recursos 
(e obrigações de fazer a cargo do empreendedor) para unidades de conservação do Grupo de Proteção 
Integral (não obstante, também seja possível sua reversão em favor de unidades de conservação do grupo 
de uso sustentável, conforme prevê o recém incluído § 4º no art. 36), como forma de mitigar o prejuízo 
ecológico ocasionado.
COMPENSAÇÃO AMBIENTAL E PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR
Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo 
impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento 
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em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é 
obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo 
de Proteção Integral, de acordo com o disposto neste artigo e no regulamento desta Lei.
(Regulamento)
§ 1º O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta finalidade 
não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do 
empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador, de acordo 
com o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento. (Vide ADIN nº 3.378-6, 
de 2008)
§ 2º Ao órgão ambiental licenciador compete definir as unidades de conservação a 
serem beneficiadas, considerando as propostas apresentadas no EIA/RIMA e ouvido o 
empreendedor, podendo inclusive ser contemplada a criação de novas unidades de 
conservação.
§ 3º Quando o empreendimento afetar unidade de conservação específica ou sua zona 
de amortecimento, o licenciamento a que se refere o caput deste artigo só poderá ser 
concedido mediante autorização do órgão responsável por sua administração, e a unidade 
afetada, mesmo que não pertencente ao Grupo de Proteção Integral, deverá ser uma das 
beneficiárias da compensação definida neste artigo.
§ 4º A obrigação de que trata o caput deste artigo poderá, em virtude do interesse público, 
ser cumprida em unidades de conservação de posse e domínio públicos do grupo de Uso 
Sustentável, especialmente as localizadas na Amazônia Legal. (Incluído pela Lei nº 13.668, 
de 2018)
Na jurisprudência, o princípio do poluidor-pagador tem sido um grande aliado no sentido de reforçar o 
regime da responsabilidade civil em matéria ambiental, extraindo eficácia normativa do princípio em 
questão. Não por outra razão, o princípio é comumente empregado como fundamento, sobretudo na 
jurisprudência do STJ, para justificar, por exemplo, a adoção da teoria do risco integral para a hipótese de 
dano ambiental e, portanto, rejeição das excludentes de ilicitude, bem como a reparação integral do dano 
ambiental, admitindo a imposição de obrigações de fazer, não fazer e pagar quantia em dinheiro, além, 
é claro, da inversão do ônus da prova26 e da caracterização do dano moral ambiental coletivo. Conforme 
assinala o Ministro Herman Benjamin, é “pacífica a jurisprudência do STJ de que, nos termos do art. 14, § 
1°, da Lei 6.938/1981, o degradador, em decorrência do princípio do poluidor-pagador, previsto no art. 4°, 
VII (primeira parte), do mesmo estatuto, é obrigado, independentemente da existência de culpa, a reparar 
- por óbvio que às suas expensas - todos os danos que cause ao meio ambiente e a terceiros afetados 
por sua atividade, sendo prescindível perquirir acerca do elemento subjetivo, o que, consequentemente, 
26 STJ, REsp 1.060.753/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, j. 01.12.2009.
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torna irrelevante eventual boa ou má-fé para fins de acertamento da natureza, conteúdo e extensão dos 
deveres de restauração do status quo ante ecológico e de indenização”.27
JURISPRUDÊNCIA STJ. Princípio do poluidor-pagador.
“AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - DANOS MATERIAIS E MORAIS A PESCADORES CAUSADOS POR 
POLUIÇÃO AMBIENTAL POR VAZAMENTO DE NAFTA, EM DECORRÊNCIA DE COLISÃO DO 
NAVIO N-T NORMA NO PORTO DE PARANAGUÁ (...) 2) TEMAS: a) CERCEAMENTO DE DEFESA 
INEXISTENTE NO JULGAMENTO ANTECIPADO, ANTE OS ELEMENTOS DOCUMENTAIS 
SUFICIENTES; b) LEGITIMIDADE DE PARTE DA PROPRIETÁRIA DO NAVIO TRANSPORTADOR 
DE CARGA PERIGOSA, DEVIDO A RESPONSABILIDADE OBJETIVA. PRINCÍPIO DO POLUIDOR-
PAGADOR; c) INADMISSÍVEL A EXCLUSÃO DE RESPONSABILIDADE POR FATO DE TERCEIRO; 
d) DANOS MORAL E MATERIAL CARACTERIZADOS; (...) c) Inviabilidade de alegação de culpa 
exclusiva de terceiro, ante a responsabilidade objetiva.- A alegação de culpa exclusiva de 
terceiro pelo acidente em causa, como excludente de responsabilidade, deve ser afastada, 
ante a incidência da teoria do risco integral e da responsabilidade objetiva ínsita ao dano 
ambiental (art. 225, § 3º, da CF e do art. 14, § 1º, da Lei nº 6.938/81), responsabilizando o 
degradador em decorrência do princípio do poluidor-pagador. d) Configuração de dano 
moral.- Patente o sofrimento intenso de pescador profissional artesanal, causado pela 
privação das condições de trabalho, em consequência do dano ambiental, é também devida 
a indenização por dano moral, fixada, por equidade, em valor equivalente a um salário-
mínimo. e) termo inicial de incidência dos juros moratórios na data do evento danoso. (...)” 
(STJ, REsp 1.114.398/PR, 2ª Seção, Rel. Min. Sidnei Beneti, j. 08.02.2012).
 “PROCESSO CIVIL. DIREITO AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA TUTELA DO MEIO 
AMBIENTE. OBRIGAÇÕES DE FAZER, DE NÃO FAZER E DE PAGAR QUANTIA. POSSIBILIDADE 
DE CUMULAÇÃO DE PEDIDOS ART. 3º DA LEI 7.347/85. INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA. ART. 
225, § 3º, DA CF/88, ARTS. 2º E 4º DA LEI 6.938/81, ART. 25, IV, DA LEI 8.625/93 E ART. 83 DO 
CDC. PRINCÍPIOS DA PREVENÇÃO, DO POLUIDOR-PAGADOR E DA REPARAÇÃO INTEGRAL. 1. 
O sistema jurídico de proteção ao meio ambiente, disciplinado em normas constitucionais 
(CF, art. 225, § 3º) e infraconstitucionais (Lei 6.938/81, arts. 2º e 4º), está fundado, entre 
outros, nos princípios da prevenção, do poluidor-pagador e da reparação integral. Deles 
decorrem, para os destinatários (Estado e comunidade), deveres e obrigações de variada 
natureza, comportando prestações pessoais, positivas e negativas (fazer e não fazer), bem 
como de pagar quantia (indenização dos danos insuscetíveis de recomposição in natura), 
prestações essas que não se excluem, mas, pelo contrário, se cumulam, se for o caso. 2. 
A ação civil pública é o instrumento processual destinado a propiciar a tutela ao meio 
27 STJ, REsp 769.753/SC, 2ª Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 08.09.2009.
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ambiente (CF, art. 129, III). Como todo instrumento, submete-se ao princípio da adequação, 
a significar que deve ter aptidão suficiente para operacionalizar, no plano jurisdicional, a 
devida e integral proteção do direito material. Somente assim será instrumento adequado 
e útil. (...) 5. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, Desprovido.” (STJ, 
REsp 605.323/MG, 1ª Turma, Rel. Min. José Delgado e Rel. p. acórdão Min. Teori Albino 
Zavascki, j.18.08.2005).
“RESPONSABILIDADE CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. DANO AMBIENTAL. 
ROMPIMENTO DO POLIDUTO "OLAPA". POLUIÇÃO DE ÁGUAS. PESCADOR ARTESANAL. 
PROIBIÇÃO DA PESCA IMPOSTA POR ÓRGÃOS AMBIENTAIS. TEORIA DO RISCO 
INTEGRAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA PETROBRAS. DANOS EXTRAPATRIMONIAIS 
CONFIGURADOS. PROIBIÇÃO DA ATIVIDADE PESQUEIRA. PESCADOR ARTESANAL IMPEDIDO 
DE EXERCER SUA ATIVIDADE ECONÔMICA. APLICABILIDADE, AO CASO, DAS TESES DE 
DIREITO FIRMADAS NO RESP 1.114.398/PR (JULGADO PELO RITO DO ART. 543-C DO CPC). 
QUANTUM COMPENSATÓRIO. RAZOÁVEL, TENDO EM VISTA AS PARTICULARIDADES DO 
CASO. 1. No caso, configurou-se a responsabilidade objetiva da PETROBRAS, convicção 
formada pelas instâncias ordinárias com base no acervo fático-documental constante dos 
autos, que foram analisados à luz do disposto no art. 225, § 3º, da Constituição Federal e 
no art. 14, § 1º, da Lei n. 6.938/1981. 2. A Segunda Seção do STJ, no julgamento do REsp 
1.114.398/PR, da relatoria do senhor Ministro Sidnei Beneti, sob o rito do art. 543-C do 
CPC, reconheceu a responsabilidadeobjetiva da PETROBRAS em acidentes semelhantes e 
caracterizadores de dano ambiental, responsabilizando-se o degradador em decorrência 
do princípio do poluidor-pagador, não cabendo, demonstrado o nexo de causalidade, 
a aplicação de excludente de responsabilidade. 3. Configura dano moral a privação das 
condições de trabalho em consequência de dano ambiental - fato por si só incontroverso 
quanto ao prolongado ócio indesejado imposto pelo acidente, sofrimento, à angústia e à 
aflição gerados ao pescador, que se viu impossibilitado de pescar e imerso em incerteza 
quanto à viabilidade futura de sua atividade profissional e manutenção própria e de sua 
família. 4. Recurso especial não provido” (STJ, REsp 1.346.430/PR, 4ª Turma, Rel. Min. Luis 
Felipe Salomão, j. 18.10.2012).
“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. VAZAMENTO DE OLEODUTO. 
INDENIZAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. ELEMENTOS DOCUMENTAIS 
SUFICIENTES. LEGITIMIDADE ATIVA DO PESCADOR ARTESANAL. DANO AMBIENTAL. 
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR. MATÉRIAS DECIDIDAS 
PELA SEGUNDA SEÇÃO. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. REVISÃO. SÚMULA Nº 7/STJ. 1. "Não 
configura cerceamento de defesa o julgamento antecipado da lide (CPC, art. 330, I e II) 
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de processo de ação de indenização por danos materiais e morais, movida por pescador 
profissional artesanal contra a Petrobrás, decorrente de impossibilidade de exercício da 
profissão, em virtude de poluição ambiental causada por derramamento de nafta devido 
a avaria do Navio 'N-T Norma', a 18.10.2001, no Porto de Paranaguá, pelo período em que 
suspensa a pesca pelo IBAMA" (REsp 1.114.398/PR, Rel. Ministro Sidnei Beneti, Segunda 
Seção, julgado em 8/2/2012, DJe 16/2/2012). 2. Extrai-se, ainda, do mesmo voto que "O 
dano ambiental, cujas consequências se propagam ao lesado, é, por expressa previsão 
legal, de responsabilidade objetiva, impondo-se ao poluidor o dever de indenizar". 3. 
Inviável, em sede especial, a revisão dos critérios adotados na origem para a distribuição 
dos ônus sucumbenciais, dadas as peculiaridades de cada caso concreto, nos termos da 
Súmula nº 7/STJ. 4. Agravo regimental não provido” (STJ, AgRg no AREsp 238.427/PR, 3ª 
Turma, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 06.08.2013).
QUESTÃO CESPE (Juiz Federal 5ª Região, 2006): “O princípio do poluidor-pagador autoriza o ato 
poluidor mediante pagamento”. (ERRADA)
Obs. Como explicado na aula, o princípio do poluidor-pagador não representa uma “autorização” ou 
“cheque em branco” para o poluidor poluir como bem entender e depois simplesmente pagar pela 
poluição. Não é isso. Somente naqueles casos em que atividades poluidoras estiverem estritamente de 
acordo com a legislação ambiental (licenciamento, etc.) elas serão admitidas e, ainda assim, deverão 
internalizar os custos ecológicos no processo produtivo (produto ou serviço) ou empreendimento 
(ex. compensação ambiental).
6.1. PRINCÍPIO DO PROTETOR-RECEBEDOR
É um princípio novo do Direito Ambiental, consagrado expressamente na Lei da Política Nacional de 
Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010), conjuntamente com o princípio do poluidor-pagador (art. 6º, II). 
Não obstante os dois princípios tenham uma função econômica no âmbito do Direito Ambiental, os 
seus significados são diametralmente opostos. Ao passo que o princípio do poluidor-pagador objetiva 
“internalizar” no preço dos produtos e serviços os “custos ambientais” gerados no processo produtivo, 
o princípio do protetor-recebedor busca retribuir economicamente aquele que, em benefício de toda 
a sociedade, protege o meio ambiente (estabilidade climática, biodiversidade, recursos hídricos), por 
exemplo, ao manter a cobertura florestal de área de sua propriedade (para além das exigências legais: 
área de preservação permanente e reserva legal). O princípio do protetor-recebedor é concretizado, por 
exemplo, por meio do instituto jurídico-ambiental do pagamento por serviços ambientais, previsto no 
art. 41, I, do Novo Código Florestal de 2012.
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QUESTÃO CESPE (Juiz de Direito SC, 2017): “O pagamento por serviços ambientais tem por 
fundamento: (...) C) o princípio do protetor-recebedor; D) o princípio do usuário-pagador; E) o 
princípio do poluidor-pagador.) (LETRA C CORRETA)
7. PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Tanto as ideologias liberais quanto as socialistas, como bem acentuam José R. Morato Leite e Patryck de 
A. Ayala, não souberam lidar com a crise ambiental e tampouco inseriram a agenda ambiental no elenco 
das prioridades dos seus respectivos projetos político-econômicos, especialmente se se considerar que 
ambos os modelos - o capitalismo industrial e o coletivismo industrial – promoveram um modelo de 
produção extremamente agressivo ao ambiente28. O quadro contemporâneo de degradação e crise 
ambiental é fruto, portanto, dos modelos econômicos experimentados no passado e dos equívocos que 
seguem sendo cometidos, não tendo sido, além disso, cumprida a promessa de bem-estar para todos 
como decorrência da revolução industrial, mas sim, instalado um contexto de devastação ambiental 
planetária e indiscriminada.29 
No mesmo sentido, Vasco Pereira da Silva destaca que o Estado Social “desconhecera em absoluto” a 
problemática ambiental, por estar imbuído de uma “ideologia otimista” do crescimento econômico, 
como “milagre” criador do progresso e de qualidade de vida.30 Somente com a crise do modelo de 
Estado Social ou de Providência, surgida no final dos anos 60 e cujos sintomas mais agudos só foram 
sentidos nos anos 70, com a denominada “crise do petróleo”, que se obrigou a uma tomada generalizada 
de consciência acerca dos limites do crescimento econômico e da esgotabilidade dos recursos naturais.31 
Também data do início da Década de 1970 o Relatório do Clube de Roma sobre os limites do crescimento 
econômico, revelando diversos problemas sociais e econômicos relacionados à crescente poluição 
ambiental e ao esgotamento dos recursos naturais.
Foi precisamente nesse contexto que o conceito de desenvolvimento sustentável foi cunhado no âmbito 
da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, designadamente por meio 
do Relatório Bruntland ou Nosso Futuro Comum (1987), veiculando a noção de que desenvolvimento 
sustentável seria 
“aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as 
gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades”.32
28 MORATO; AYALA, Dano ambiental..., p. 24.
29 Idem, ibidem. 
30 PEREIRA DA SILVA, Verde cor de direito..., p. 18. 
31 Idem, p. 17-18.
32 “Relatório Nosso Futuro Comum...”, p. 43.
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Incorporando o conceito adotado pela Comissão Bruntland, a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento de 1992, no seu Princípio 4, veio a consignar que 
“a fim de alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção do ambiente deverá 
constituir-se como parte integrante do processo de desenvolvimento e não poderá ser 
considerada de forma isolada”. 
No plano normativo nacional, a noção de sustentabilidade encontrou ressonância já na legislação editada 
antes da constitucionalização da questão ambiental. Com efeito, aLei 6.938/81, no seu art. 4º, entre os 
objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente, destaca a “compatibilização do desenvolvimento 
econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico (inciso 
I)” e a “preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e 
disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida” 
(inciso VI). 
Também a Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9.433/97) arrolou, no seu art. 2º, como 
objetivos da PNRH: I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em 
padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; e II - a utilização racional e integrada dos recursos 
hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável. Também a Lei 
da Mata Atlântica (Lei 11.428/2006) consagrou, no seu art. 6º, caput, como objetivo central a proteção do 
bioma da Mata Atlântica com vistas ao desenvolvimento sustentável. 
Nessa mesma trilha, a Lei da Política Nacional sobre Mudança do Clima (Lei 12.187/2009), no seu art. 
3º, arrolou, entre os princípios norteadores da PNMC, o princípio do desenvolvimento sustentável. Além 
dos diplomas referidos, a Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010) consagrou, 
entre os princípios da PNRS, “a visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis 
ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública” (inciso III), “o desenvolvimento 
sustentável” (inciso IV), e “a ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços 
competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades humanas e tragam 
qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do consumo de recursos naturais a um nível, no 
mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada do planeta” (inciso V).
Mais recentemente, o Novo Código Florestal (Lei 12.651/2012) também consagrou o desenvolvimento 
sustentável como o objetivo central do regime jurídico de proteção florestal (art. 1º, parágrafo único). 
Em termos gerais, conforme se pode apreender dos vários exemplos destacados, a legislação ambiental 
brasileira incorporou o princípio do desenvolvimento sustentável e lhe deu vida, passando a ocupar lugar 
de destaque no rol dos princípios do Direito Ambiental moderno. 
Entre os aspectos relevantes do paradigma do desenvolvimento sustentável, está a internalização dos 
custos ecológicos decorrentes das práticas econômicas produtivas, conforme apontado anteriormente 
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no tópico sobre o princípio do poluidor pagador. O Estado Ambiental ou Ecológico de Direito, longe de 
ser um Estado “Mínimo” (permissivo no que diz com o livre jogo dos atores econômicos e do mercado), 
deve ser um Estado regulador da atividade econômica, capaz de dirigi-la e ajustá-la aos valores e 
princípios constitucionais, objetivando o desenvolvimento humano e social de forma ambientalmente 
sustentável. Não por outra razão a nossa Lei Fundamental de 1988 consignou expressamente entre os 
princípios reitores da ordem economia:
“Art. 170 (...) VI – a defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado 
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração 
e prestação.”
O princípio do desenvolvimento sustentável expresso no art. 170 (inciso VI) da CF/1988, confrontado 
com o direito de propriedade privada e a livre iniciativa (caput e inciso II do art. 170), também se presta 
a desmistificar a perspectiva de um capitalismo liberal-individualista em favor dos valores e princípios 
constitucionais ambientais. A propriedade privada e os interesses do seu titular devem ajustar-se aos 
interesses da sociedade e do Estado, na esteira das funções social e ecológica que lhe são inerentes. 
A ordem econômica, constitucionalizada a partir dos princípios diretivos do art. 170 da CF/1988, mas 
também e essencialmente com base também nos demais fundamentos e objetivos constitucionais que 
a informam (por exemplo, os objetivos fundamentais da República elencados no art. 3º), expressa uma 
opção pelo que se poderia designar de um capitalismo ambiental ou socioambiental (ou economia 
ambiental ou socioambiental de mercado) capaz de compatibilizar a livre iniciativa, a autonomia e a 
propriedade privada com a proteção ambiental e a justiça social (e também justiça ambiental), tendo 
como norte normativo, “nada menos” do que a proteção e promoção de uma vida humana digna e 
saudável (e, portanto, com qualidade, equilíbrio e segurança ambiental) para todos os membros da 
comunidade estatal.
Para ilustrar esse projeto normativo em termos práticos, destaca-se, dentre outros instrumentos jurídicos 
criados com o propósito de conciliar as práticas produtivas com a proteção ambiental, o estudo prévio 
de impacto ambiental (art. 225, § 1.º, IV, da CF/88, art. 10 da Lei 6.938/81 e Resolução 237/97 do CONAMA) 
exigido para a instalação de obra ou atividade causadora ou potencialmente causadora de significativa 
degradação ambiental. Em linhas gerais, trata-se de um mecanismo jurídico de ajuste e regulação da 
atividade econômica, que limita o direito de propriedade e a livre iniciativa dos atores econômicos 
privados, conformando o seu comportamento ao princípio constitucional (e dever) do desenvolvimento 
sustentável. O mesmo entendimento é defendido por Cristiane Derani, ao assinalar que a avaliação de 
impacto ambiental incorpora um processo de planejamento para a “sustentabilidade” das atividades 
econômicas, integrado por um conjunto de ações estratégicas em vista de uma melhoria (e também 
melhor distribuição) da qualidade de vida.33 
33 DERANI, Cristiane. Direito ambiental econômico. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 158.
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O constituinte brasileiro delineou no texto constitucional, para além de um capitalismo social, um 
capitalismo ambiental (ou socioambiental), consagrando a proteção ambiental como princípio matriz 
da ordem econômica (art. 170, inciso VI, da CF/1988).34 Nessa perspectiva, além da necessidade de uma 
compreensão integrada do regime jurídico dos direitos fundamentais econômicos, sociais, culturais 
e ambientais (DESCA), de modo a contemplar uma tutela ampla e qualificada da dignidade da pessoa 
humana, tanto sob a perspectiva individual quanto coletiva, a própria noção de sustentabilidade deve 
ser tomada a partir dos eixos econômico, social e ambiental.35 Tais eixos, contudo, devem ser concebidos 
e aplicados de forma isonômica e equilibrada, refutando-se, consoante já frisado, toda e qualquer 
hierarquização prévia, notadamente pelo fato de que é no seu conjunto que tais dimensões se prestam à 
promoção de uma existência digna na perspectiva de uma “economia verde”. 
Por fim, reproduz-se passagem do voto-relator do Min. Og Fernandes do STJ, no julgamento do REsp 
1.546.415/SC, o qual lustra de forma paradigmática a aplicação do principio do desenvolvimento 
sustentável no âmbito jurisprudencial, em caso envolvendo a proteção das áreas de preservação 
permanente consagradas no âmbito do Código Florestal:
“Indubitavelmente o desenvolvimento econômico deve ser obtido com o devido 
saneamento do planeta e com a administração inteligente dos recursos naturais. Caso 
contrário, o suposto desenvolvimento obliteraria a possibilidade de sobrevivência da 
espécie humana. Logo, cuida-se de obter um desenvolvimento sustentávelque respeite 
o ecossistema e proporcione um trato adequado, respeitoso, para com o Planeta Terra. 
Ocorre que a compreensão em contrário senso, incentivando o crescimento humano 
desordenado e desenfreado, ocasionou a degradação que assistimos em todo o mundo. 
Por essa razão, a preservação do meio ambiente tornou-se axiologia preponderante nas 
sociedades contemporâneas, integrando o rol de direitos humanos, tendo em vista sua 
essencialidade na sobrevivência da espécie. Com efeito, integra os direitos fundamentais 
de terceira geração incorporados no texto da Cártula Magna brasileira. Nesse sentido, 
compreendo não ser possível qualquer forma de intervenção antrópica que possa 
representar violação do princípio do meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
uma vez que se trata de direito fundamental da nossa geração e um dever para com 
as gerações futuras. (...) O instituto das áreas de preservação permanente tem objetivos 
expressos em relação à integridade dos ecossistemas e a qualidade do meio ambiente. 
Como se verifica, as área de preservação permanentes têm esse papel de abrigar a 
34 “Art. 170 (...) VI – a defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental 
dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação.”
35 O reconhecimento de três pilares que integram e dão suporte à noção de desenvolvimento sustentável, quais sejam, 
o econômico, o social e o ambiental, é desenvolvida, entre outros, WINTER, Gerd. Desenvolvimento sustentável, OGM e 
responsabilidade civil na União Europeia. Campinas: Millennium Editora, 2009, p. 2 e ss.
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biodiversidade e promover a propagação da vida, assegurar a qualidade do solo e garantir 
o armazenamento de recurso hídrico em condições favoráveis de quantidade e qualidade. 
O sistema normativo brasileiro já́ protegia claramente as áreas de preservação permanente 
desde o antigo Código Florestal. Trata-se de legislação com conteúdo robusto quanto à 
proteção dos nossos biomas.”36
JURISPRUDÊNCIA STF. ADPF 101 (Caso dos “pneus usados”). Princípio do desenvolvimento 
sustentável. O STF, no julgamento da ADPF 101, ocorrido em 24.06.2009, a respeito da importação de 
pneus usados, aplicou de forma emblemática o princípio do desenvolvimento sustentável, fazendo 
consignar, no voto-relator da Ministra Cármen Lúcia, que “o argumento (...) de que haveria afronta ao 
princípio da livre concorrência e da livre iniciativa por igual não se sustenta, porque, ao se ponderarem 
todos os argumentos expostos, conclui-se que, se fosse possível atribuir peso ou valor jurídico a tais 
princípios relativamente ao da saúde e do meio ambiente ecologicamente equilibrado preponderaria a 
proteção desses, cuja cobertura, de resto, atinge não apenas a atual, mas também as futuras gerações”. Na 
decisão do Plenário do STF, reconheceu-se a constitucionalidade da legislação que proíbe a importação 
de pneus usados, na mesma medida em que, na via transversa, se entendeu que a importação de pneus 
usados viola a proteção constitucional conferida ao ambiente.
QUESTÃO VUNESP (Juiz de Direito RJ, 2016): “(...) Esse processo pode ser identificado, quando da 
consagração do princípio do desenvolvimento sustentável, respectivamente, pelo (...) C) Relatório 
Bruntland e Declaração do Rio/92”. (CERTA)
7.1. PRINCÍPIO DO CONSUMO SUSTENTÁVEL
No plano internacional, o Princípio 8 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento 
(1992) dispõe que 
“para alcançar o desenvolvimento sustentável e uma qualidade de vida mais elevada para 
todos, os Estados devem reduzir e eliminar os padrões insustentáveis de produção e 
consumo, e promover políticas demográficas adequadas”. 
O conteúdo do princípio do poluidor-pagador, tomando seu sentido de forma ampla, não se dirige 
única e exclusivamente ao “fornecedor” de bens de consumo, mas também impõe responsabilidades ao 
consumidor de tais produtos ou serviços. Nesse contexto, assume relevo princípio do usuário-pagador, 
de acordo com o qual as práticas de consumo devem ser adequadas ao uso racional e sustentável dos 
recursos naturais, bem como à ampliação do uso de tecnologias limpas no âmbito dos produtos e 
serviços. A respeito do tema, dispõe a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81), no seu 
art. 4º, inciso VII, que se visará “à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou 
36 STJ, REsp 1.546.415 /SC, 2ª Turma, Rel. Min. Og Fernandes, j. 21.02.2019.
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indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com 
fins econômicos”. 
Assim como se espera o cumprimento, por parte dos entes estatais, de políticas públicas no sentido de 
“enquadrar” os fornecedores de produtos e serviços em padrões ecologicamente sustentáveis, há parcela 
de responsabilidade também a cargo dos consumidores para a efetivação de tal “enquadramento 
ecológico” das práticas de consumo. Além das escolhas de consumo feitas pelo consumidor fora da 
sua casa (por exemplo, nos supermercados e shoppings centers), o mesmo também deve empreender 
a utilização sustentável de recursos no seu âmbito “caseiro”, como energia, luz, água, além, é claro, de 
promover a coleta seletiva do seu lixo doméstico.
A responsabilidade pós-consumo (ou responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos), consagrada 
expressamente (art. 6º, VII), na Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010), também 
reforça essa perspectiva, ou seja, os deveres jurídicos dos consumidores. O diploma em análise consagra 
o princípio do consumo sustentável no seu art. 6º, V, ao estabelecer, como princípio geral da PNRS:
“a ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços competitivos, 
de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades humanas e tragam 
qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do consumo de recursos naturais 
a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada do planeta”.
Mais recentemente, a Lei 13.186/2015, que institui a Política de Educação para o Consumo Sustentável, 
com o objetivo de estimular a adoção de práticas de consumo e de técnicas de produção ecologicamente 
sustentáveis. O diploma, por sua vez, estabeleceu no seu art. 1º, paragrafo único, o conceito de consumo 
sustentável, o qual seria:
“o uso dos recursos naturais de forma a proporcionar qualidade de vida para a geração 
presente sem comprometer as necessidades das gerações futuras”.
A Lei 13.186/2015 também traçou os diversos objetivos da Política de Educação para o Consumo 
Sustentável, os quais revelam a forma de operacionalização do princípio do consumo sustentável, 
como, por exemplo, a mudança de atitude dos consumidores, a reutilização e reciclagem de produtos e 
embalagens, a rotulagem ambiental, a certificação ambiental, etc.
Art. 2o  São objetivos da Política de Educação para o Consumo Sustentável:
I - incentivar mudanças de atitude dos consumidores na escolha de produtos que sejam 
produzidos com base em processos ecologicamente sustentáveis;
II - estimular a redução do consumo de água, energia e de outros recursos naturais, 
renováveis e não renováveis, no âmbito residencial e das atividades de produção, de 
comércio e de serviços;
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III - promover a redução do acúmulo de resíduos sólidos, pelo retorno pós-consumo de 
embalagens, pilhas, baterias, pneus, lâmpadas e outros produtos considerados perigosos 
ou de difícil decomposição;
IV - estimular a reutilização e a reciclagem dos produtos e embalagens;
V - estimular as empresas a incorporarem as dimensões social, cultural e ambiental no 
processo de produção e gestão;
VI - promover ampla divulgação do ciclo de vida dos produtos, de técnicas adequadas de 
manejo dos recursos naturais e de produção e gestão empresarial;
VII - fomentar o uso de recursos naturais com base em técnicas e formas de manejo 
ecologicamente sustentáveis;
VIII - zelar pelo direito à informação e pelo fomento à rotulagem ambiental;
IX - incentivar a certificação ambiental.
8. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO AMBIENTAL OU ECOLÓGICA DA PROPRIEDADE (E DA 
POSSE)
O princípio da função ambiental ou ecológica da posse e da propriedade configura-se como sendo um 
princípio geral do Direito Ambiental. Assim como outrora a função social foi consagrada para limitar e 
redefinir o conteúdo do direito de propriedade, hoje também os valores e direitos ecológicos passam a 
conformar o seu conteúdo, com uma nova carga de deveres e obrigações correlatas ao seu exercício. 
A propriedade revela-se como um direito-dever fundamental (art. 5.º, XXIII, da CF/1988), visto que, 
associados ou conexos ao direito de propriedade conjugam-se diversos deveres que incidem sobre a 
conduta do seu titular, limitando o seu exercício em termos sociais e ecológicos (como, por exemplo, dever 
de exploração racional da terra, dever de manutenção do equilíbrio ecológico, dever de recuperação de 
área degradada, dever de não exploração dos trabalhadores etc.). 
Conforme dispõe o texto constitucional, no que tange à propriedade rural (mas tais diretrizes normativas 
também se aplicam em certo sentido à propriedade urbana37), a sua função social é cumprida quando 
atendidos aos seguintes requisitos, conforme disposição expressa do art. 186 da CF/1988: 
I – aproveitamento racional e adequado; 
II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio 
ambiente; 
III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho; e 
IV – exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
37 Art. 1.º, parágrafo único, do Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001). 
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A consagração emergente do princípio (e valor constitucional) da solidariedade, como refere Miguel 
Reale38, ao comentar o “espírito” do Código Civil de 2002, alimenta a ideia de vinculação social do indivíduo-
cidadão e, de certa forma, representa um resgate dos “deveres” (em face dos direitos subjetivos) diante 
do débito do pensamento jurídico liberal-clássico para com os mesmos. A “constitucionalização” do 
direito de propriedade, mediante a integração de outros valores e princípios fundamentais, juntamente 
com a consagração constitucional da sua função ecológica ou socioambiental (art. 186, II, da CF/1988), 
reforçou a noção de que existem deveres fundamentais de proteção ecológica os quais são impostos aos 
proprietários (e possuidores). 
O Código Civil de 2002 reconhece expressamente a função ambiental ou ecológica da propriedade no seu 
art. 1.228, § 1º, ao assinalar que 
“O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades 
econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o 
estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e 
o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas” 
O Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001), no seu art. 1º, parágrafo único,39 assinala expressamente que o 
diploma “estabelece normas de ordem econômica e interesse social que regulam o uso da propriedade 
urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio 
ambiental”, revelando, assim, conteúdo similar ao dispositivo citado anteriormente do Código Civil de 
2012 e transportando para o plano infraconstitucional a configuração deveres ecológicos do proprietário 
no exercício da sua titularidade. 
De modo complementar, a Lei da Mata Atlântica (Lei 11.428/2006), consagrou, de forma expressa, no seu 
art. 6º, parágrafo único, o princípio da função socioambiental da propriedade. Mais recentemente, o Novo 
Código Florestal de 2012 (Lei 12.651/12), reforçando a funcionalidade da propriedade e posse florestal 
e as deveres atribuídos ao seu titular, estabeleceu no seu art. 2º, § 2º, que “as obrigações previstas nesta 
Lei têm natureza real e são transmitidas ao sucessor, de qualquer natureza, no caso de transferência de 
domínio ou posse do imóvel rural”. O mesmo conteúdo aparece reproduzido no 7º, § 1º e § 2º, do diploma 
florestal, designadamente em relação às áreas de preservação permanente (APPs). Com isso, verifica-se 
que a legislação acabou incorporando orientação jurisprudencial já consolidada na jurisprudência do STJ, 
38 Nesse enfoque, Miguel Reale comenta o princípio da socialidade como uma das características mais marcantes do novo 
Código Civil (2002), na medida em que o “espírito social” do novo diploma civilista faz prevalecer valores coletivos sobre os 
individuais (em oposição à matriz liberal-individualista do antigo diploma), sem nunca perder de vista o valor fundante da 
pessoa humana. REALE, Miguel. “Visão geral do projeto de Código Civil”. In: Revista dos Tribunais, v. 752, jun. 1998, p. 23.
39 “Art. 1.º (...) Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto da Cidade, estabelece normas de ordem 
econômica e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem estar 
dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental”.
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no sentido de que o proprietário ou possuidor de imóvel sobre o qual, por exemplo, incida o regime da 
área de preservação permanente ou mesmo da reserva legal, estará obrigado (obrigação real ou propter 
rem) a repará-la mesmo que a degradação tenha tido origem em momento anterior e o seu antecessor 
tenha sido o responsável.40 
Ainda no plano legislativo, é de se registrar que de acordo com o art. 3º, II, tem-se por área de preservação 
permanente (APP) a “área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de 
preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo 
gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas”. No tocante à 
reserva legal, conforme dispõe o art. 3º, III, do novo diploma florestal, a mesma seria a “área localizada no 
interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar 
o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a 
reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo 
e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa”. Ambos os institutos (área de preservação permanente 
e reserva legal) concretizam o princípio da função ecológica da propriedade e da posse, vinculando 
inúmeros deveres de proteção ambiental ao exercício e fruição do direito pelo seu titular.
Trabalhando com o conceito genérico de função ambiental, Antonio Herman Benjamin aponta para a 
existência de uma “trindade de deveres” inerente aoconceito de função, o que encontra expressão na 
imposição de condutas positivas (e não mais apenas negativas) ou múnus que vai além do mero “não 
poluir”, mas também toma forma de missão constitucional no dever de defender, no dever de reparar 
e no dever de preservar, sendo que este último estabelece para o cidadão tanto uma proibição (não 
poluir) quanto uma obrigação positiva (impedir também terceiros de poluírem).41 De igual modo, como 
assevera o autor, não há que falar em um direito adquirido de poluir,42 mas sim, onde a poluição se fizer 
presente, há o dever do proprietário ou possuidor da área degrada de tomar as medidas – negativas ou 
positivas – necessárias ao restabelecimento do equilíbrio ecológico no local.
A função ambiental da propriedade e os correspondentes deveres fundamentais atribuídos ao seu titular 
tem encontrado – como já adiantado - guarida na jurisprudência do STJ, que consolidou entendimento 
no sentido ser incabível o pagamento de indenização ao proprietário de imóvel que tem o seu exercício 
limitado em razão do enquadramento da sua área em algum regime de proteção ambiental (notadamente, 
no caso de área de preservação permanente e reserva legal). Em outras palavras, o STJ compreende que 
40 STJ, REsp 650.728/SC, 2.ª T., Rel. Min. Herman Benjamin, j. 23.10.2007. Mais recentemente, v. REsp 1.237.071/PR, 2.ª T., rel. 
Min. Humberto Martins, j. 03.05.2011.
41 BENJAMIN, Função ambiental..., p. 56.
42 BENJAMIN, Antônio Herman. “Constitucionalização do ambiente e ecologização da Constituição brasileira”. In: CANOTILHO, 
José Joaquim Gomes; MORATO LEITE, José Rubens (Orgs.). Direito constitucional ambiental brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2007, 
p. 124-126. Em conformidade com a rejeição a um suposto “direito adquirido de poluir”, v. STJ, REsp 948.921/SP, 2.ª T., rel. Min 
Herman Benjamin, j. 23.02.2007.
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as limitações sofridas pelo titular do direito de propriedade (e possuidor) em relação a não utilização 
econômica e manutenção da reserva legal e da área de preservação permanente estão amparadas pela 
obrigação que o mesmo tem de manter o equilíbrio ecológico da área sobre seu domínio, de modo que 
não lhe cabe reivindicar qualquer indenização decorrente da limitação sofrida no exercício do seu direito.
JURISPRUDÊNCIA STJ. Função ambiental ou ecológica da propriedade, reserva legal e 
área de preservação permanente. “PROCESSUAL CIVIL. DESAPROPRIAÇÃO. INDENIZAÇÃO. 
COBERTURA FLORÍSTICA. RESERVA LEGAL OU PRESERVAÇÃO PERMANENTE. OBSCURIDADE 
QUANTO À CLASSIFICAÇÃO DA ÁREA INDENIZADA. (...) 4. É firme a jurisprudência do STJ 
sobre a inindenizabilidade, como regra, das Áreas de Preservação Permanente, já que não 
passíveis de exploração econômica direta. Por sua vez, a Reserva Legal, onde se encontra 
vedado o corte raso da vegetação nativa, não pode ser indenizada como se fosse terra de 
livre exploração econômica. Cabe, nesse caso, ao proprietário provar o uso lícito. (...) (STJ, 
REsp 146.356/SP, 2.ª T., Rel. Min. Herman Benjamin, j. 28.08.2009)”. 
“DESAPROPRIAÇÃO DIRETA. IMÓVEL SITUADO NA ESTAÇÃO ECOLÓGICA JUREIA-ITATINS. 
INDENIZAÇÃO PELA COBERTURA FLORÍSTICA. IMPOSSIBILIDADE. ÁREA DE PRESERVAÇÃO 
PERMANENTE. IMPOSSIBILIDADE DE EXPLORAÇÃO ECONÔMICA ANTERIOR AO DECRETO 
EXPROPRIATÓRIO. (...). 1. A indenização pela cobertura vegetal de imóvel desapropriado 
revela-se indevida quando, anteriormente à mencionada desapropriação, sua exploração 
econômica já se encontrava impossibilitada, salvo comprovação pelo proprietário, 
mediante o ajuizamento de ação própria, no sentido de que o mencionado decreto 
acarretou limitação administrativa mais extensa do que aquelas já existentes à época da 
sua edição. 2. A criação da ‘Estação Ecológica Jureia-Itatins’, por intermédio de decreto 
estadual, segundo orientação firmada por esta e. Corte, não acrescentou qualquer limitação 
àquelas preexistentes, engendradas em outros atos normativos (Código Florestal, Lei do 
Parcelamento do Solo Urbano), que já vedavam a utilização indiscriminada da propriedade. 
Precedentes jurisprudenciais do STJ: (REsp 784.106/SP, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ 
22.03.2007; REsp 503.418/SP, Rel. p/ Acórdão Min. João Otávio de Noronha, DJ 07.03.2007; 
REsp 595.748/SP, Rel. Min. Denise Arruda, DJ 17.08.2006) 3. Restou assentado no v. aresto 
hostilizado que: Mesmo antes da implantação da Estação Ecológica de Jureia-Itatins, os 
expropriados, por força do Código Florestal, já não podiam usufruir em sua integralidade 
da área objeto da ação, posto que considerada de preservação permanente. De fato, 
as florestas e demais formas de vegetação natural, localizadas ao longo dos cursos e 
reservatórios de água, nas elevações, nas encostas, nas restingas, nas bordas de tabuleiros 
ou chapadas, nas altitudes acima de 1.800 metros, encontram-se protegidas e não podem 
ser utilizadas, porque submetidas a regime de preservação, conforme art. 2.º, do Código 
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Florestal (Lei 4.771/65). (...). (STJ, AgRg no REsp 873.179/SP, 1.ª T., rel. Min. Luiz Lux, j. 
21.05.2009). 
“ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. RECURSO ESPECIAL. SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO. 
NECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO. PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE AMBIENTAL. INEXISTÊNCIA 
DE DIREITO ADQUIRIDO À MENOR PATAMAR PROTETIVO. FATO CONSUMADO. INVIÁVEL EM 
MATÉRIA AMBIENTAL. 1. Na origem, trata-se de ação declaratória ajuizada pelo recorrido 
contra a Fazenda Pública do Estado de São Paulo, na qual, o requerente sustentou que, 
sendo legítimo proprietário dos imóveis descritos na inicial, diligenciou
perante o órgão competente visando autorização para a supressão da vegetação da área, 
recebendo orientação de que tais procedimentos estão submetidos à Resolução SMA-14, 
de 13 de março de 2008, que estabeleceu fatores condicionantes para tal fim. Diante da 
situação, na exordial, arguiu a inaplicabilidade das normas suscitadas, tendo em vista a 
superveniência da legislação ambiental ante a aquisição da propriedade e a aplicabilidade 
mitigada do Código Florestal às áreas urbanas. 2. Inicialmente, é importante elucidar 
que o princípio da solidariedade intergeracional estabelece responsabilidades morais e 
jurídicas para as gerações humanas presentes em vista da ideia de justiça intergeracional, 
ou seja, justiça e equidade entre gerações humanas distintas. Dessa forma, a propriedade 
privada deve observar sua função ambiental em exegese teleológica da função social 
da propriedade, respeitando os valores ambientais e direitos ecológicos. 3. Noutro 
ponto, destaco a firme orientação jurisprudencial desta Corte de que “a proteção ao meio 
ambiente não difere área urbana de rural, porquanto ambas merecem a atenção em 
favor da garantia da qualidade de vida proporcionada pelo texto constitucional, pelo 
Código Florestal e pelas demais normas legais sobre o tema” (REsp 1.667.087/RS, de 
minha relatoria, Segunda Turma, julgado em 7/8/2018, DJe 13/8/2018). 4. Na espécie, 
não há um fato ocorrido antes da vigência do novo Código Florestal, a pretensão de 
realizar supressão da vegetação e, consequentemente, a referida supressão vieram a 
se materializar na égide do novo Código Florestal. Independentemente da área ter sido 
objeto de loteamento em 1979 e incluída no perímetro urbano em 1978, a mera declaração 
de propriedade não perfaz direito adquirido a menor patamar protetivo. Com efeito, o 
fato da aquisição e registro da propriedadeser anterior à vigência da norma ambiental 
não permite o exercício das faculdades da propriedade (usar, gozar, dispor, reaver) em 
descompasso com a legislação vigente. 5. Não há que falar em um direito adquirido 
a menor patamar protetivo, mas sim no dever do proprietário ou possuidor de área 
degrada de tomar as medidas negativas ou positivas necessárias ao restabelecimento 
do equilíbrio ecológico local. 6. Recurso especial provido”. (STJ, REsp 1.775.867/SP, 2ª T., 
Rel. Min. Og Fernandes, j. 16.05.2019)
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9. PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO PÚBLICA
No âmbito do constitucionalismo contemporâneo, o princípio democrático assume a condição de 
princípio estruturante e indissociável da moderna noção de Estado Constitucional, este compreendido 
como um Estado Democrático de Direito, tal como solenemente enunciado no art. 1º da CF/1988. Mas o 
Estado Democrático consagrado pelo nosso constituinte é também um Estado Ecológico de Direito, para 
o qual o conteúdo do princípio democrático implica, para além de um conjunto de princípios e regras de 
matriz procedimental, um determinado conteúdo, já que a legitimidade se afere com base nessa dupla 
perspectiva, procedimental e substancial. A democracia exige uma peculiar e forte noção de cidadania, 
que, como dá conta o art. 1º, II, da CF/1988, também foi erigida à condição de princípio fundamental 
do nosso Estado de Direito contemporâneo. Não por outra razão, o parágrafo único do art. 1º acima 
citado assinala que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou 
diretamente, nos termos desta Constituição”. A expressão “diretamente”, portanto, agrega a dimensão 
de uma democracia participativa, abrindo espaço para a intervenção direta dos cidadãos nas decisões 
políticas no âmbito de todos os poderes republicanos (Legislativo, Executivo e Judiciário). 
Em linhas gerais, a criação e o aprimoramento de mecanismos capazes de propiciar a participação 
pública no âmbito da atuação dos três poderes republicanos asseguraram maior controle social sobre 
as atividades públicas. Isso, por certo, ganha especial relevância em questões que envolvam direitos 
fundamentais, como é o caso da proteção ambiental. Para reforçar a importância da participação pública 
na temática, destaca-se a natureza de interesse público primário que permeia a questão ecológica, por 
força especialmente da natureza difusa do bem jurídico ambiental. Por congregar o interesse de toda a 
coletividade, a tutela ecológica sempre teve como característica marcante o envolvimento e engajamento 
de atores não estatais, notadamente das organizações não governamentais. O protagonismo da 
sociedade civil na seara da política ambiental contribuiu significativamente para o aprimoramento 
dos mecanismos de participação da sociedade, em termos individuais e coletivos, em todas as esferas 
públicas (legislativa, administrativa e judicial). 
Da parte do Estado, como corolário do seu dever constitucional de proteção ecológica, cumpre ao mesmo 
facilitar e dar condições concretas para que a participação pública na tomada de decisões em matéria 
ambiental se dê de forma qualificada, com a disponibilização, pelos órgãos públicos, de toda a informação 
ambiental disponível e pertinente, o que é hoje reforçado pela nova Lei de Acesso à Informação (Lei 
12.527/2011). Só a partir desse “exercício democrático” constante e reforçado, dando voz e oportunidade 
efetiva de participação à sociedade civil, é que estará plenamente atendido o comando constitucional 
inscrito no caput do art. 225 da CF/88, ao determinar que é dever de todos – Estado e coletividade - a 
defesa e preservação do ambiente para as presentes e futuras gerações. 
O Estado de Direito contemporâneo a luz da Constituição Ecológica de 1988, ao consolidar uma democracia 
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participativa ecológica, pressupõe uma sociedade civil politizada, criativa e protagonista do cenário 
político estatal, reclamando por um cidadão autônomo e participativo, portanto, não submisso à máquina 
estatal e ao poder econômico. O princípio (e o correlato dever e direito) da participação pública, portanto, 
assume a feição de princípio geral do Direito Ambiental. Na medida em que a degradação ambiental em 
termos locais, regionais e planetários aproxima-se de um quadro limite e preocupante, como bem ilustra 
os casos do aquecimento global e da perda massiva de biodiversidade, não se pode conceber um cidadão 
apático ou mesmo conformado com os rumos trágicos delineados pela crise ecológica contemporânea. 
Para tanto, é imperativo conceber um cidadão comprometido com tal momento histórico e que atue 
de forma decisiva no rumo civilizatório, a fim de reverter esse quadro em favor do interesse comum e 
planetário. Registra-se, ainda, que a partir do comando constitucional do caput do art. 225, a defesa do 
ambiente pela sociedade civil não se constitui apenas de mero voluntarismo e altruísmo de uns poucos 
idealistas, mas toma a forma de dever jurídico fundamental, revelando a dupla natureza de direito e 
dever fundamental da abordagem constitucional conferida à proteção do ambiente. Isso tudo, de acordo 
com o que sinalizamos antes, consolida o marco político-normativo de uma democracia participativa 
ecológica. 
9.2. OS TRÊS PILARES DO PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO PÚBLICA EM MATÉRIA 
AMBIENTAL À LUZ DA DECLARAÇÃO DO RIO (1992), DA CONVENÇÃO DE AARHUS 
(1998) E DO ACORDO DE ESCAZÚ (2018)
A Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992) consagrou de forma emblemática 
o principio da participação publica em matéria ambiental no seu Princípio 10, tornando-se, sem dúvida, 
a norma internacional referencial para a conformação do conteúdo inerente a tal principio. Assinala o 
dispositivo citado:
“A melhor maneira de tratar as questões ambientais é assegurar a participação, no nível 
apropriado, de todos os cidadãos interessados. No nível nacional, cada indivíduo terá 
acesso adequado às informações relativas ao meio ambiente de que disponham as 
autoridades públicas, inclusive informações acerca de materiais e atividades perigosas em 
suas comunidades, bem como a oportunidade de participar dos processos decisórios. Os 
Estados irão facilitar e estimular a conscientização e participação popular, colocando as 
informações à disposição de todos. Será proporcionado o acesso efetivo a mecanismos 
judiciais e administrativos, inclusive no que se refere à compensação e reparação de 
danos”.
No dispositivo citado, é possível identificar os três elementos-chave ou pilares que alicerçam o conceito 
e o conteúdo do princípio da participação pública em matéria ambiental: 
a) acesso à informação ambiental;
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b) participação pública na tomada de decisões; e 
c) acesso à justiça em matéria ambiental. 
Os pilares conformadores do regime jurídico de participação ecológica citados dão forma aos 
denominados direitos ambientais procedimentais, como faceta da própria proteção constitucional do 
ambiente e da sua natureza de direito-dever fundamental, apresentam cada vez maior importância no 
âmbito do Direito Ambiental. Pode-se falar até mesmo de uma “onda renovatória”,apropriando-nos da 
expressão cunhada em obra clássica sobre acesso à justiça por Mauro Cappelletti e Bryant Garth43, do 
marco normativo ambiental capitaneada pelos direitos ambientais procedimentais, também denominados 
pela doutrina como direitos ambientais de acesso ou direitos ambientais de participação44, cujo escopo 
maior reside justamente na efetivação da legislação ambiental por meio de uma participação mais ativa 
da sociedade, exercendo maior controle sobre as práticas poluidoras (ou potencialmente poluidoras) do 
ambiente perpetradas por agentes públicos e privados, inclusive tendo por premissa a concepção de uma 
cidadania ecológica.
Posteriormente ass Declaração do Rio (1992), a Convenção de Aarhus sobre Acesso à Informação, 
Participação Pública na Tomada de Decisão e Acesso à Justiça em Matéria Ambiental (1998), muito 
embora o seu espectro limitado inicialmente ao âmbito europeu (mas posteriormente ampliado para 
o plano global), tratou de forma ampla sobre o tema, consagrando a chamada “tríade” dos direitos 
ambientais procedimentais. No ano de 2018, os direitos ambientais procedimentais foram objeto, de 
forma paradigmática, do Acordo Regional de Escazú América Latina e Caribe sobre Acesso a Informação, 
Participação Publica e Acesso ass Justiça em matéria Ambiental, com força vinculante, aprovado no 
âmbito da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) da ONU.45
No tocante ao acesso à justiça, é importante destacar que o mesmo não é sinônimo de acesso ao Poder 
Judiciário. Trata-se de conceito mais amplo, tanto que o Princípio 10 faz questão de deixar claro isso, 
ao dispor que será assegurado “acesso efetivo a mecanismos judiciais e administrativos”. Quando trata 
dos mecanismos administrativos, o dispositivo em questão abre o seu leque normativo para além do 
espectro judicial. De certa forma, o acesso à justiça em questões ambientais cumpre um papel que se 
pode denominar de “subsidiário”, pois somente quando a “participação pública bem informada” não 
tiver força suficiente para afastar situações de lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico ambiental no 
43 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à justiça. Porto Alegre: Fabris, 1988, p. 11-12.
44 A doutrina também utiliza a expressão “direitos humanos procedimentais” (procedural human rights), destacando a tríade 
de direitos relacionados a tal conceito: acesso à informação, participação pública e acesso à justiça (ANTON, Donald K.; 
SHELTON, Dinah L. Environmental protection and human rights. Cambridge: Cambridge University Press, 2011, p. 356 e ss.). Na 
doutrina brasileira, acerca dos direitos ambientais procedimentais, v. MIRRA, Álvaro Luiz Valery. Participação, processo civil e 
defesa do meio ambiente. São Paulo: Letras Jurídicas, 2011.
45 Disponível em: https://www.cepal.org/pt-br/comunicados/america-latina-o-caribe-adotam-seu-primeiro-acordo-regional-
vinculante-protecao-direitos. Acesso em: 08.03.2019.
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âmbito extrajudicial é que a via judicial deverá acionada para corrigir essa situação. Esse raciocínio está de 
acordo com certa tendência contemporânea verificada no cenário jurídico brasileiro, com o propósito de 
priorizar a resolução extrajudicial dos conflitos. 
A utilização do Poder Judiciário para solucionar conflitos ambientais (em especial no tocante ao manuseio 
dos instrumentos processuais coletivos) deve ser utilizada apenas como última salvaguarda, ou seja, 
somente quando as demais instâncias (legislativa e administrativa) tenham fracassado para impedir a 
degradação ecológica. Por fim, traçadas as primeiras considerações sobre o princípio da participação 
pública em matéria ambiental e os seus três pilares, iremos, a partir de agora, analisar cada um deles de 
forma específica e com maior desenvolvimento.
9.2.1. A PARTICIPAÇÃO PÚBLICA NA TOMADA DE DECISÕES EM MATÉRIA AMBIENTAL
Os procedimentos e instrumentos administrativos de que dispõem os titulares do direito fundamental 
ao ambiente ou mesmo os entes públicos (Ministério Público, Defensoria Pública, IBAMA, etc.) ou 
privados (indivíduos, organizações não governamentais de defesa ecológica, movimentos populares, 
etc.) legitimados para promover a sua tutela e promoção podem ser compreendidos, portanto, como 
projeções normativas da perspectiva procedimental suscitada, uma vez que são cruciais para assegurar a 
efetivação da legislação ambiental e salvaguardar o direito em si na hipótese de sua violação ou ameaça 
de violação. Há a configuração de um verdadeiro dever do Estado no sentido de criar tais vias processuais 
ou procedimentais necessárias à efetivação do direito fundamental ao ambiente e, da mesma forma, 
assegurar a participação pública em tais questões, tanto na esfera administrativa quanto judicial. Em 
sintonia com essa afirmação, J. J. Gomes Canotilho assevera que os direitos procedimentais ambientais 
expressam-se sob a forma de direitos de informação, direitos de participação e direitos de ação judicial.46 
Ao Estado cabe assegurar a fruição adequada desses direitos procedimentais ou processuais ambientais 
por parte do público interessado, tanto pelo prisma individual quanto coletivo.
Muito embora o conceito de “público” seja amplo, há, na seara ambiental, tanto em âmbito nacional 
quanto internacional, verdadeiro protagonismo das organizações não governamentais ambientais47, 
não obstante a participação individual das pessoas também ocorrer em diversas situações, inclusive 
no campo da reivindicação judicial da proteção do ambiente (como ocorre, no ordenamento jurídico 
brasileiro, por intermédio do ajuizamento de ações populares). A importância das organizações não 
governamentais (e também das entidades científicas) foi ressaltada no Relatório Nosso Futuro Comum 
(1987). De acordo com o documento, 
46 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. “O direito ao ambiente como direito subjetivo”. In: CANOTILHO, José Joaquim Gomes. 
Estudos sobre direitos fundamentais. Coimbra: Coimbra Editora, 2004, p. 187.
47 Na doutrina comparada, a respeito da importância e do papel das associações civis de defesa do ambiente, v. PRIEUR, Droit 
de l’envitonnement..., p. 137 e ss.
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“os grupos científicos e as ONGs desempenharam papel de destaque no movimento em prol 
do meio ambiente desde o início”, de modo que “as organizações não governamentais e 
grupos de cidadãos foram pioneiros no despertar da consciência pública e na iniciativa 
de pressões políticas que estimularam os governos a agir”. 48
(...) “é preciso que os governos reconheçam e ampliem o direito das ONGs de possuir e ter 
acesso a informações sobre o meio ambiente e os recursos naturais, bem como seu direito 
de serem consultadas e de participarem das decisões sobre atividades que podem ter 
efeitos significativos sobre seu meio ambiente, e de disporem de recursos legais para serem 
indenizadas quando a saúde das pessoas e meio ambiente forem seriamente afetados”.49
O art. 70, § 2º, da Lei dos Crimes e Infrações Administrativas Ambientais (Lei 9.605/98) bem ilustra essa 
condição político-participativa dos cidadãos em matéria ambiental, ao reconhecer que 
“qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá dirigir representação 
às autoridades relacionadas no parágrafo anterior, para efeito do exercício do seu 
poder de polícia”, bem como, de modo complementar, no § 3º do mesmo dispositivo, 
que “autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é obrigada a 
promover a sua apuraçãoimediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena 
de corresponsabilidade”.
Ou seja, além do próprio caput do art. 225 da CF/1988, que estabelece o dever da coletividade no tocante 
à proteção ambiental, a legislação infraconstitucional também se encarrega de estabelecer um regime 
jurídico adequado para que a participação dos cidadãos na proteção ambiental. A Lei da Ação Popular 
(Lei 4.717/65 e art. 5º, LXXIII, da CF/88), a Lei da Ação Civil Pública (Lei 7.347/85) e a Lei do Acesso à 
Informação (Lei 12.527/2011) são bons exemplos normativos desse paradigma participativo ecológico, 
pois colocam ao acesso do público interessado mecanismos eficientes de controle e participação em 
temas afetos ao ambiente. 
O princípio da participação pública aparece consagrado em diversos dispositivos da legislação ambiental 
brasileira no plano infraconstitucional. De modo pioneiro, a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente 
(Lei 6.938/81) estabeleceu, no seu art. 4º, V, como objetivos PNMA a “difusão de tecnologias de manejo 
do meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência 
pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico”. 
Mais recentemente, a Lei da Mata Atlântica (Lei 11.428/2006) consagra, no seu art. 6º, parágrafo único, 
como princípios norteadores do seu regime jurídico, a transparência das informações e atos, a gestão 
democrática, a celeridade procedimental e a gratuidade dos serviços administrativos prestados ao 
48 Relatório Nosso futuro comum…, p. 365.
49 Idem, p. 367.
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pequeno produtor rural e às populações tradicionais. A Lei da Política Nacional sobre Mudança do Clima 
(Lei 12.187/2009) reconhece, no seu art. 3º, caput, como princípio da PNMC, a participação cidadã. A 
Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010), com o mesmo propósito, arrola como 
princípio da PNRS, a “cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e 
demais segmentos da sociedade” (inciso VI), e o “direito da sociedade à informação e ao controle social” 
(inciso X). 
No tocante aos instrumentos legislativos de participação pública ambiental, registram-se, entre outros, 
além do direito de sufrágio ativo e passivo, a iniciativa popular de lei (arts. 14, III, 29, XIII, e 61, § 2º, da 
CF/1988), o plebiscito (art. 14, I, da CF/1988 e Lei 9.709/98) e o referendo (art. 14, I, da CF/1988 e Lei 9.709/98I). 
Muito embora não se tenha visto com frequência a utilização desses instrumentos de participação na 
nossa práxis política, com exceção, por óbvio, do tradicional direito de voto para escolha dos cargos 
eletivos do legislativo e executivo, é possível a utilização dos mesmos com propósitos ecológicos. 
No campo da Administração Pública, há também inúmeros instrumentos administrativos catalisadores 
da participação pública em matéria ambiental. O paradigma democrático-participativo deve conduzir as 
práticas administrativas, abrindo espaço para a participação pública. Entre os instrumentos administrativos 
com viés ambiental que autorizam e potencializam a participação pública, destacam-se a publicação do 
estudo e relatório de impacto ambiental (EIA-RIMA) no âmbito do licenciamento ambiental (art. 225, § 
1º, IV, da CF/88, art. 9º, III, e art. 10, caput e § 1º, da Lei 6.938/81 e Resoluções 01/86, 06/86 e 237/97 do 
CONAMA), inclusive com a previsão de realização de audiência pública (Resolução 09/87 do CONAMA), o 
direito de petição aos órgãos públicos reivindicando acesso à informação ambiental (art. 5º, XXXIII, da 
CF/1988 e Lei 12.527/2011), a participação da sociedade civil nos órgãos colegiados ambientais (art. 39, IV e 
V, da Lei 9.433/97). A título de exemplo, o art. 11 da Resolução 01/86 do CONAMA dispõe que “respeitado o 
sigilo industrial, assim solicitado e demonstrado pelo interessado, o RIMA será acessível ao público. Suas 
cópias permanecerão à disposição dos interessados, nos centros de documentação ou bibliotecas da 
SEMA e do órgão estadual de controle ambiental correspondente, inclusive durante o período de análise 
técnica”.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) configura-se como o mais importante órgão colegiado 
de âmbito nacional, com competência, entre outras, de estabelecer normas, critérios e padrões relativos 
ao controle e à manutenção da qualidade do ambiente com vistas ao uso racional e sustentável dos 
recursos naturais, conforme dispõe o art. 8º, VII, da Lei 6.938/81. Portanto, a presença da sociedade 
civil organizada na composição do CONAMA constitui importante mecanismo de participação pública e 
de cooperação entre governo e sociedade, propiciando o debate de temas ambientais relevantes entre 
representantes da União, dos Estados e Municípios, da iniciativa privada e de organizações da sociedade 
civil. 
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Outro exemplo relevante de participação pública em órgãos colegiados de natureza ambiental diz respeito 
aos Comitês de Bacia Hidrográfica, que integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos 
Hídricos estabelecido pela Lei 9.433/97. Há, nesse sentido, a previsão, no art. 39, IV e V, do referido diploma, 
que os mesmos serão compostos não apenas por representantes de setores públicos, mas também pelos 
usuários de sua área de atuação e das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na 
bacia, além das comunidades indígenas ali residentes ou com interesse na bacia, quando for o caso (art. 
39, § 3º, II).
De acordo com o art. 1º da Resolução 09/87 do CONAMA, que dispõe especificamente sobre as audiências 
públicas, as mesmas têm “por finalidade expor aos interessados o conteúdo do produto em análise e 
do seu referido RIMA, dirimindo dúvidas e recolhendo dos presentes as críticas e sugestões a respeito”. 
Segundo o art. 2º do mesmo diploma, “sempre que julgar necessário, ou quando for solicitado por entidade 
civil, pelo Ministério Público, ou por cinquenta ou mais cidadãos, o órgão de meio ambiente promoverá 
a realização de audiência pública”, bem como, § 1º do mesmo dispositivo, que, com o recebimento do 
relatório de impacto ambiental (RIMA), o órgão público ambiental responsável publicará e anunciará pela 
imprensa local a abertura de prazo de 45 dias para a solicitação de audiência pública para a discussão do 
empreendimento. 50 Também a Lei 9.784/99, que institui procedimento administrativo no âmbito federal, 
estabeleceu, no seu art. 32, a realização de audiência pública como parte do procedimento instrutório, 
o que também incide em matéria ambiental. Mais recentemente, o art. 15 da Lei de Biossegurança (Lei 
11.105/2005), prevê que “a CTNBio poderá realizar audiências públicas, garantida participação da 
sociedade civil, na forma do regulamento. Parágrafo único. Em casos de liberação comercial, audiência 
pública poderá ser requerida por partes interessadas, incluindo-se entre estas organizações da sociedade 
civil que comprovem interesse relacionado à matéria, na forma do regulamento”.
9.2.3. O ACESSO À INFORMAÇÃO AMBIENTAL
 “A Política Nacional do Meio Ambiente visará: (...) V – à difusão de tecnologias de manejo 
do meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais e à formação de 
uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do 
equilíbrio ecológico” (Art. 4º, V, da Lei 6.938/81). 
O acesso à informação ambiental51 constitui componente essencial do exercício pleno da democracia 
participativaecológica e, portanto, além de um dos pilares do princípio da participação pública, assume 
50 O Código Estadual do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul (Lei Estadual 11.520/00) prevê, nos seus arts. 84 e 
85, a obrigatoriedade da realização de audiência pública nos casos de avaliação do impacto ambiental de empreendimentos, 
quando solicitada por uma entidade governamental ou não-governamental legalmente constituída, por 50 pessoas ou pelo 
Ministério Público Estadual ou Federal, sob pena de a licença concedida não ter validade. O dispositivo ainda assegura a garantia 
de manifestação a todos os interessados devidamente inscritos.
51 Sobre a temática da informação em matéria ambiental, v., por todos, MACHADO, Paulo Afonso Leme. Direito à informação e 
meio ambiente. São Paulo: Malheiros, 2006.
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também a condição de direito fundamental, que, ademais de assegurado em caráter geral pelo artigo 5º, 
XIV, da CF/1988, apresenta uma dimensão particularmente relevante na esfera da proteção ambiental. 
Somente o cidadão devidamente informado e consciente da realidade e da problemática ambiental é 
capaz de atuar de forma qualificada no processo político, ensejando a autonomia e autodeterminação 
da sua condição político-participativa. O acesso à informação está diretamente relacionado à própria 
esfera de liberdade do indivíduo. Especialmente num mundo como o de hoje, onde a informação 
circula de forma desordenada e complexa, somente o acesso à informação possibilitará ao indivíduo e à 
coletividade como um todo (as entidades ambientalistas, movimentos populares, etc.) tomarem partido 
no jogo político ambiental.
O acesso à informação ambiental diz respeito ao acesso à informação sobre determinados dados e fatos 
relativos a alguma atividade ou empreendimento. Segundo conceituação trazida pelo Acordo de Escazú 
(2018), no seu art. 2, c: 
“por ‘informação ambiental’ entende-se qualquer informação escrita, visual, sonora, 
eletrônica ou registrada em qualquer outro formato, relativa ao meio ambiente e seus 
elementos e aos recursos naturais, incluindo as informações relacionadas com os riscos 
ambientais e os possíveis impactos adversos associados que afetem ou possam afetar o 
meio ambiente e a saúde, bem como as relacionadas com a proteção e a gestão ambientais”.
O constituinte brasileiro de 1988 mostrou-se preocupado com a questão do acesso à informação de um 
modo geral, ao consagrar duas garantias individuais: primeiramente, como já destacado, mediante a 
norma contida no inciso XIV do art. 5º da CF/1988, ao estabelecer que “é assegurado a todos o acesso à 
informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”. Soma-se a tal 
garantia a previsão contida no inciso XXXIV do mesmo dispositivo constitucional, dispondo que “são a 
todos assegurados, independentemente de taxas: a) o direito de petição aos poderes públicos em defesa 
de direito ou contra ilegalidade ou abuso de poder, e b) a obtenção de certidões em repartições públicas, 
para a defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal”. Os dispositivos citados, 
conforme veremos logo à frente, foram regulamentados no plano infraconstitucional pela Lei de Acesso à 
Informação (Lei 12.527/2011). 
Especificamente em relação à informação ambiental, pode-se destacar o art. 225, § 1º, da CF/1988, que 
estabelece o dever do Poder Público, como forma de assegurar efetividade do direito fundamental ao 
ambiente: 
“exigir, na forma da lei, para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora 
de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que 
se dará publicidade” (inciso IV); e “promover a educação ambiental em todos os níveis de 
ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente” (inciso VI).
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O marco delineado pela Constituição Ecológica de 1988, conforme destacado no parágrafo antecedente, 
atribui deveres ao Estado que repercutem na esfera da informação ambiental, assumindo a condição 
de verdadeiros deveres estatais de informação ambiental. Os deveres estatais em questão encontram-
se reconhecidos no Princípio 19 da Declaração do Rio (1992), ao declarar que “os Estados fornecerão, 
oportunamente, aos Estados potencialmente afetados, notificação prévia e informações relevantes 
acerca de atividades que possam vir a ter considerável impacto transfronteiriço negativo sobre o meio 
ambiente, e se consultarão com estes tão logo seja possível e de boa fé”. Os mesmos deveres estatais de 
informação consagrados no dispositivo citado também encontram incidência no plano doméstico dos 
Estados-Nação e tem como beneficiários a coletividade em geral, indivíduos, entidades ambientalistas, 
etc.
No plano da legislação infraconstitucional, talvez os exemplos que melhor expressam esse dever de 
informação a cargo do Estado sejam a exigência de publicização do estudo de impacto ambiental e do 
relatório de impacto ambiental (EIA-RIMA), previsto na Lei 6.938/81 (art. 10, § 1º) e na CF/88 (art. 225, 
§ 1º, IV)52, bem como, na condição de instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, a criação 
do Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente (art. 9º, VII, da Lei 6.938/81) e a instituição 
do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo IBAMA (art. 9º, X, da Lei 
6.938/81). Com o mesmo propósito de assegurar acesso à informação de natureza ambiental, o art. 5º, 
VI, da Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9.433/97), estabeleceu, como instrumento da PNRH, 
a criação do Sistema de Informação sobre Recursos Hídricos. Outro exemplo peculiar a respeito da 
informação ambiental é a situação prevista no art. 40 da Lei de Biossegurança (Lei 11.105/2005), ao 
determinar que “os alimentos e ingredientes destinados ao consumo humano ou animal que contenham 
ou sejam produzidos a partir de organismos geneticamente modificados ou derivados deverão conter 
informação neste sentido em seus rótulos, conforme regulamento”.
Mais recentemente, o Novo Código Florestal Brasileiro (Lei 12.651/2012) também trouxe alguns pontos 
interessantes em reforço ao acesso à informação ambiental. O primeiro deles diz respeito à criação do 
Cadastro Ambiental Rural, de modo integrado ao SINIMA. Segundo seu art. 29 “é criado o Cadastro 
Ambiental Rural - CAR, no âmbito do Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente - SINIMA, 
registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade 
de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados para 
controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento”. De modo 
complementar, o art. 35 da legislação florestal estabelece mecanismos voltados ao controle da origem 
dos produtos florestais. 
Ainda nesse contexto, merece destaque a Lei do Acesso à Informação (Lei 12.527/2011), que representou 
52 “Art. 225 (...) § 1º (...) IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de 
significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade”.
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um marco extremamente significativo na edificaçãode um sistema público de acesso à informação com 
forte índole democrático-participativa. De modo complementar à Lei de Acesso à Informação Ambiental 
(Lei 10.650/2003), a Lei 12.527/2011 regulamenta, no plano infraconstitucional, o inciso XXXIII do art. 5º, 
o inciso II do § 3º do art. 37 e o § 2º do art. 216 da CF/1988. 
9.2.3. ACESSO À JUSTIÇA EM MATÉRIA AMBIENTAL 
Herman Benjamin refere que, como benefício substantivo da “constitucionalização” da proteção do 
ambiente, deve-se “ampliar os canais de participação pública, sejam os administrativos, sejam os 
judiciais”, com o afrouxamento do formalismo individualista especialmente para os procedimentos 
judiciais, que é a marca da legitimação para agir tradicional.53 O Ministro do STJ defende o entendimento 
de que, em alguns casos, conforme a dicção utilizada pelo legislador constitucional, “essa legitimação 
ampliada pode vir a ser automaticamente aceita pelo Poder Judiciário, sem necessidade de intervenção 
legislativa”54.
A ampliação da legitimidade para a propositura de ações judiciais, especialmente daquelas que 
veiculam a tutela de direitos difusos e coletivos, como é o caso da ação civil pública, está em sintonia com 
a concretização do princípio democrático e da garantia do acesso à justiça. A atuação judicial crescente 
dos cidadãos, individualmente ou por meio de entidades coletivas (associações civis, etc.) ou mesmo 
entes estatais (Ministério Público, Defensoria Pública, PROCON, IBAMA55, etc.), deve ser tida como uma 
legítima forma de atuação política, compatível com os ditames de uma democracia participativa, a qual, 
inclusive, é referida por alguns também como um direito fundamental.56 
No ordenamento jurídico brasileiro, há inúmeros instrumentos processuais que potencializam e 
podem ser utilizados com esse viés participativo-ambiental. Sem dúvida, as duas principais ações que 
tradicionalmente veiculam a proteção do ambiente são a ação civil púbica (Lei 7.347/85) e a ação popular 
(art. 5º, LXXIII, da CF/1988 e Lei 4.717/65). Inúmeros outros instrumentos processuais também podem ser 
acionados para o mesmo propósito. Esse é o caso do mandado de segurança individual e coletivo (art. 
5º, LXIX e LXX, da CF/1988), das ações voltadas ao controle concentrado de constitucionalidade, como é 
o caso da ação direta de inconstitucionalidade - ADI e da ação declaratória de constitucionalidade - ADC 
(Lei 9.868/99), do mandado de injunção individual e coletivo (art. 5º. LXXI, da CF/1988 e Lei 13.300/2016), 
da ação direta de inconstitucionalidade por omissão (art. 103, § 2º, da CF/1988 e Lei 9.898/99) e da 
arguição de descumprimento de preceito fundamental – ADPF (Lei 9.882/99). Até mesmo as ações que 
53 BENJAMIN, Constitucionalização do ambiente..., p. 76.
54 Idem, p. 76.
55 A legitimidade do IBAMA para propor ação civil pública resultou reconhecida jurisprudencialmente em: STJ, REsp 789.640/
PB, 2ª Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 27.10.2009.
56 BONAVIDES, Curso de direito constitucional..., p. 525.
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tutelam direitos de vizinhança, em alguma medida, permitem ao cidadão, de forma individual, promover 
a tutela ecológica.57 Mais recentemente, registra-se a crescente utilização de instrumentos participativos 
no campo judicial como a audiência pública judicial e o instituto do amicus curiae (art. 7º, § 2º, da Lei 
9.868/99).
STF E AUDIÊNCIAS JUDICIAIS AMBIENTAIS
O STF, nesse sentido, tem nos dado um exemplo emblemático já desde 2007 e capitaneado 
a realização de audiências públicas judiciais, permitindo a participação das diversas partes 
interessadas, notadamente em questões de grande envergadura social, como comumente 
ocorre com as questões ecológicas, já que veiculam o interesse de toda a coletividade. 
Especificamente sobre temas que direta ou indiretamente estão relacionados à proteção 
ambiental, destacam-se as seguintes audiências públicas: 
1) Pesquisas com células-tronco embrionárias, em 20 de abril de 2007, referente à ADI 
3.510; 
2) Importação de pneus usados, em 27 de junho de 2008, referente à ADPF 101; 
3) Proibição do uso de amianto, em 24 e 31 de agosto de 2012, referente à ADI 3.937; 
4) Campo Eletromagnético de Linhas de Transmissão de Energia, em 6, 7 e 8 de março de 
2013, referente ao RE 627.189; 
5) Queima da palha da cana-de-açúcar, 22 de abril de 2013, referente ao RE 586.224; e
7) Novo Código Florestal, em 18 de abril de 2016, referente às ADI n. 4.901, ADI n. 4.902, ADI 
n. 4.903 e ADI n. 4.937. 
A realização de audiências públicas judiciais pelo STF é um exemplo paradigmático para o nosso Sistema 
de Justiça, abrindo importantíssimo instrumento de participação pública (e também de acesso à 
informação) na seara judicial. A temática ecológica, conforme se pode verificar dos exemplos trazidos, 
têm suscitado temas de grande relevância social e ocupado grande espaço no nosso Poder Judiciário, 
sendo fundamental que a condução de tais ações judiciais permita a participação pública na tomada de 
decisões judiciais em matéria ambiental. Espera-se, por certo, que outras instâncias judiciais também se 
sintam estimuladas a seguir o exemplo do STF e promover audiências públicas judiciais, especialmente 
no curso de ações coletivas58 e ações voltadas ao controle concentrado de constitucionalidade.
57 PURVIN DE FIGUEIREDO, Guilherme José. A propriedade no direito ambiental. 3.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, 
p. 107 e ss.
58 De acordo o espírito democrático-participativo que deve permear os processos coletivos em matéria ambiental, destaca-se 
decisão emblemática do Juiz Federal Zenildo Bodnar da Vara Federal Ambiental, Agrária e Residual da Circunscrição Judiciária 
de Florianópolis, Proc. 2004.72.00.013.781-9/SC, no sentido de convocar audiência judicial participativa, no âmbito de ação civil 
pública ambiental, sob a alegação de que “é fundamental que o cidadão tenha oportunidade de participar, como sujeito ativo 
e protagonista das decisões ambientais, por intermédio das audiências públicas judiciais, contribuindo para o tratamento 
adequado das lides ambientais. A democratização do acesso à justiça ambiental, com ampla participação popular, é a melhor 
forma de legitimar a atuação do Poder Judiciário na tutela do ambiente e também servirá como mecanismo estratégico de 
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O instituto jurídico-processual do amicus curiae (ou “amigo da Corte”), de modo similar ao que tem 
ocorrido nas audiências públicas judiciais promovidas pelo STF, também tem tido a sua utilização 
crescente no plano judicial brasileiro, permitindo que um terceiro interessado (por exemplo, uma 
entidade ambientalista ou entidade de cunho acadêmico ou científico) intervenha no processo de 
tomada de decisão judicial, frequentemente, em defesa dos interesses de grupos por ele representados, 
lançando informações por meio de parecer e sustentação oral sobre a questão jurídica controvertida. O 
fundamento legal do instituto é o art. 7.º, § 2.º, da Lei 9.868/99 (e, mais recentemente, também o art. 
138 do NCPC), ao prever que: “o relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos 
postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, admitir, observado o prazo fixado no parágrafo anterior, 
a manifestação de outros órgãos ou entidades”. A função da figura do amicus curiae, de acordo com a 
lição de Ingo W. Sarlet, Luiz G. Marinoni e Daniel Mitidiero, “é contribuir para a elucidação da questão 
constitucional por meio de informes e argumentos,favorecendo a pluralização do debate e a adequada e 
racional discussão entre os membros da Corte, com a consequente legitimação social da decisão”.59
AMICUS CURIAE NO NCPC 2015: o NCPC inovou de forma significativa na matéria ao consagrar 
expressamente o instituto do amicus curiae, possibilitando sua aplicação para todo o espectro de 
ações processuais, não mais restrito, portanto, ao plano das ações constitucionais, desde que, é claro, 
preenchidos os requisitos trazidos pelo diploma processual. De acordo com o art. 138 do NCPC, “o juiz 
ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a 
repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das 
partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou 
jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) 
dias de sua intimação”. 60
A ação popular, nesse contexto processual-participativo, é um dos instrumentos processuais com maior 
amplitude democrática. Diferentemente de outros instrumentos, notadamente no âmbito do processo 
civil coletivo (como se verifica na hipótese da ação civil pública), a legitimidade para a propositura da 
ação popular é conferida ao cidadão, o que, do ponto de vista subjetivo, configura-se a partir da sua 
condição político-jurídica de eleitor. Portanto, não há a necessidade de “mediação”, ou seja, substituição 
processual por parte de outras entidades (por exemplo, o Ministério Público ou a Defensoria Pública), 
para a propositura da referida ação. Aí (e no seu objeto) reside o seu caráter altamente democrático-
conscientização e educação ambiental” (In: Revista de Direito Ambiental, n. 46. São Paulo: RT, Abr-Jun, 2007, p. 357-363).
59 SARLET, Ingo W.; MARINONI, Luiz G.; MITIDIERO, Daniel. 5. ed. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 
1110.
60 De modo complementar, regulamenta o art. 138 do NCPC nos seus parágrafos que: “§ 1.º A intervenção de que trata o 
caput não implica alteração de competência nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos 
de declaração e a hipótese do § 3.º. § 2.º Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir 
os poderes do amicus curiae. § 3.º O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas 
repetitivas”.
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participativo. A ação popular foi consagrada no ordenamento jurídico brasileiro por meio da Lei 4.717/65. 
No entanto, a ampliação do seu objeto para abarcar outros bens jurídico, como, por exemplo, a proteção 
ambiental, antes circunscrito à proteção do erário público, somente ocorreu com a edição da Lei 
Fundamental de 1988. Dispõe o art. 5º da CF/1988, LXXIII, que 
“qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao 
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, 
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada 
má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”.
JURISPRUDÊNCIA STJ. AÇÃO POPULAR: “ADMINISTRATIVO. AÇÃO POPULAR. INTERESSE DE AGIR. PROVA 
PERICIAL. DESNECESSIDADE. MATÉRIA CONSTITUCIONAL (...) 3. A ação popular pode ser ajuizada por 
qualquer cidadão que tenha por objetivo anular judicialmente atos lesivos ou ilegais aos interesses 
garantidos constitucionalmente, quais sejam, ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado 
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. 4. A ação 
popular é o instrumento jurídico que deve ser utilizado para impugnar atos administrativos omissivos 
ou comissivos que possam causar danos ao meio ambiente. (...)”. (STJ, REsp 889.766-SP, rel. Min. Castro 
Meira, j. 04.10.2007).
No âmbito da jurisprudência e de modo afinado com ampliação do acesso à justiça em matéria ambiental 
e de modo a assegurar a efetividade do direito à informação, o STJ, de modo a estabelecer um panorama 
processual mais igualitário e participativo,61 tem admitido a inversão do ônus da prova em ação civil 
pública de natureza ambiental, considerando a relação interdisciplinar entre as normas de proteção ao 
consumidor e as de proteção ambiental, bem como o caráter público e coletivo do bem jurídico tutelado. 
No âmbito das ações civis públicas ambientais, nos parece correto que o Juiz deva assumir postura mais 
participativa, de modo a relativizar o princípio do impulso oficial62, em virtude da relevância social do 
tema, bem como por se tratar, na grande maioria das vezes, de pleito que envolve direito indisponível, o que 
repercute, inclusive, na produção de provas, justificando a possibilidade de inversão do ônus probatório 
em tais pleitos, de modo a privilegiar a “paridade de armas” e uma relação equânime entre as partes, 
já que muitas vezes se verifica um grande desequilíbrio técnico e econômico entre as mesmas.63 Essa 
intervenção judicial trata-se, em verdade, não de um “poder”, mas sim de um “dever” constitucional do 
agente político investido do papel de prestar a jurisdição, haja vista o seu compromisso com a efetividade 
61 STJ, REsp 1.060.753/SP, 2.ª T., rel. Min. Eliana Calmon, j. 01.12.2009. Precedente citado: REsp 1.049.822-RS. No mesmo 
sentido, inclusive com referência expressa à incidência do princípio da precaução, v. STJ, REsp 972.902-RS, 2.ª Turma, rel. Min. 
Eliana Calmon, j. 25.08.2009.
62 A doutrina especializada chega a identificar o princípio do ativismo judicial como um dos princípios gerais regentes do 
processo civil coletivo. DIDIER JR.; Fredie; ZANETI JR.; Hermes. Curso de direito processual civil (Vol. 4, Processo Coletivo). 6.ed. 
Salvador: Juspodium, 2011, p. 132 e ss.
63 V. SARAIVA NETO, Pery. A prova na jurisdição ambiental. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010, especialmente p. 135 e ss.
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do processo e a tutela ecológica. 
10. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO
O princípio da prevenção é um dos princípios mais característicos do Direito Ambiental. Além disso, é 
um dos princípios mais “antigos” do regime jurídico de proteção ambiental, para além de corresponder 
inclusive a uma antiga máxima de sabedoria em geral, representada pela conhecida formulação “melhor 
prevenir do que remediar”. Com o avanço científico e conhecimentos mais abrangentes sobre os danos 
decorrentes da poluição e da degradação ambiental, cristalizou-se, especialmente a partir da Década de 
1960, a ideia a respeito da necessidade de se adotarem medidas no sentido de evitar os danos ambientais já 
conhecidos. O princípio da prevenção opera com o objetivo de antecipar a ocorrência do dano ambiental 
na sua origem evitando-se, assim, que o mesmo venha a ocorrer, como, alias, resultou consignado de 
forma elucidativa no em passagem do Preâmbulo da Convenção-Quadro sobre Diversidade Biológica 
(1992), ao assinalar que “é vital prever, prevenir e combater na origem as causas da sensível redução ou 
perda da diversidade biológica”.
Isso em razão de as suas causas já serem conhecidas em termos científicos. A título de exemplo, já se 
sabe que a retirada da mata ciliar provoca a perda da biodiversidade e o assoreamento dos rios, entre 
outras consequências. Conforme a lição de Paulo de Bessa Antunes, “o princípio da prevenção aplica-
se a impactos já conhecidos e dos quais se possa, com segurança, estabelecer um conjuntode nexos 
de causalidade que seja suficiente para a identificação dos impactos futuros mais prováveis”.64 A 
irreversibilidade de certos danos ambientais, como, por exemplo, a extinção de espécies da fauna e da 
flora, reforçam a relevância de se adotarem medidas preventivas, impedindo e proibindo a adoção de 
certas práticas antiecológicas.
Seguindo na análise da matéria, merece destaque a distinção conceitual entre os princípios da prevenção 
e da precaução.65 O princípio da prevenção transporta a ideia de um conhecimento completo sobre os 
efeitos de determinada técnica e, em razão do potencial lesivo já diagnosticado, o comando normativo 
toma o rumo de evitar a ocorrência de tais danos já conhecidos. Nesse sentido, Carla Amado Gomes 
pontua que o princípio da prevenção se traduz na hipótese em que, diante da iminência de uma atuação 
humana que comprovadamente lesará de forma grave e irreversível bens ambientais, tal intervenção 
deve ser travada66. 
O princípio da precaução, por sua vez, conforme analisaremos de forma detida no próximo tópico, tem 
64 ANTUNES, “Direito ambiental...”, p. 45.
65 No plano legislativo, atestando a distinção conceitual entre os princípios da prevenção e o princípio da precaução, v. art. 
6º, parágrafo único, da Lei da Mata Atlântica (Lei 11.428/2006), e art. 3º da Lei da Política Nacional sobre Mudança do Clima (Lei 
12.187/2009) e art. 6º, I, da Lei da Política de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010).
66 GOMES, A prevenção à prova..., p. 22.
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um horizonte mais abrangente, pois objetiva regular o uso de técnicas sob as quais não há um domínio 
seguro dos seus efeitos, como se sustenta, por exemplo, no tocante aos organismos geneticamente 
modificados, a determinadas substâncias químicas e às radiações eletromagnéticas no uso de telefones 
celulares. Aproveitando a lição de Leme Machado, “em caso de certeza do dano ambiental, este deve ser 
prevenido, como preconiza o princípio da prevenção. Em caso de dúvida ou de incerteza, também se 
deve agir prevenindo. Essa é a grande inovação do princípio da precaução. A dúvida científica, expressa 
com argumentos razoáveis, não dispensa a prevenção (...). Aplica-se o princípio da precaução ainda 
quando existe a incerteza, não se aguardando que esta se torne certeza”.67
No âmbito legislativo nacional, a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81), consagra, 
como princípio da PNMA, no art. 2º, além do próprio objetivo de “preservação, melhoria e recuperação” 
da qualidade ambiental, a “ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando 
o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em 
vista o uso coletivo” (inciso I), a “racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar” (inciso II), o 
“planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais” (inciso III), o “controle e zoneamento das 
atividades potencial ou efetivamente poluidoras” (inciso V). Em termos gerais, o conteúdo dos princípios 
citados da Lei 6.938/81 revela a matriz axiológica do princípio da prevenção, em que pese não aparecer a 
expressão “princípio da prevenção” no seu texto.68
A Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992) consagrou o estudo de impacto 
ambiental no seu Princípio 17, ao assinalar que “a avaliação do impacto ambiental, como instrumento 
nacional, será efetuada para as atividades planejadas que possam vir a ter um impacto adverso significativo 
sobre o meio ambiente e estejam sujeitas à decisão de uma autoridade nacional competente”. 
No ordenamento jurídico brasileiro, o art. 10 da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81) 
assinala que “a construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades 
utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como 
capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento 
(...)”. O estudo de impacto ambiental objetiva justamente dimensionar os danos ambientais (conhecidos 
e potenciais) decorrentes de determinada atividade, possibilitando a adoção de medidas voltadas à 
sua prevenção. O mesmo marco normativo encontra-se consagrado no art. 225, § 1º, IV, da CF/1988, 
ao obrigar o Estado a “exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente 
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se 
dará publicidade”. Mais recentemente, o princípio da prevenção resultou consagrado, de forma expressa, 
no art. 6º, parágrafo único, da Lei da Mata Atlântica (Lei 11.428/2006) e no art. 3º da Lei da Política Nacional 
67 MACHADO, Direito ambiental brasileiro..., p. 75.
68 Também identificando a origem normativa do princípio da prevenção no art. 2º da Lei 6.938/81, v. MACHADO, Direito 
ambiental brasileiro..., p. 89.
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sobre Mudança do Clima (Lei 12.187/2009).
Na jurisprudência, a aplicação do princípio da prevenção é verificada de modo bastante recorrente, 
muitas vezes inclusive de forma simultânea com o princípio da precaução. A título de exemplo, podemos 
citar recente julgado do STJ, onde o Min. Felix Fischer fundamentou sua decisão no princípio da prevenção 
para obstar situação que implicava risco de contaminação de bovinos por febre aftosa. Aqui não se está 
diante de situação em que são desconhecidos ou mesmo pouco conhecidos os efeitos negativos em 
termos ecológicos (e também para a saúde pública), já que são conhecidas as causas e efeitos decorrentes 
da contaminação pela febre aftosa, tratando-se apenas de aplicar medida de prevenção para evitar a 
ocorrência do dano ecológico (repita-se, conhecido). Não há dúvida que o contato de um rebanho bovino 
com outro contaminado com a febre aftosa traz um risco certo (e, portanto, conhecido) de contaminação 
para o primeiro, ainda que a contaminação possa não ocorrer no caso concreto. A nosso ver, andou bem o 
Min. Feliz Fischer, muito embora o princípio da precaução também pudesse ser manejado para justificar 
alguma medida protetiva diante dos riscos diretos para o ser humano, onde, salvo melhor juízo, alguma 
incerteza científica ainda possa existir.
“AMBIENTAL. AGROTÓXICOS PRODUZIDOS NO EXTERIOR E IMPORTADOS PARA 
COMERCIALIZAÇÃO NO BRASIL. TRANSFERÊNCIA DE TITULARIDADE DE REGISTRO. 
NECESSIDADE DE NOVO REGISTRO. 1. Somente as modificações no estatuto ou contrato 
social das empresas registrantes poderão ser submetidas ao apostilamento, de modo que 
a transferência de titularidade de registro também deve sujeitar-se ao prévio registro. 2. O 
poder de polícia deve ser garantido por meio de medidas eficazes, não por meio de mero 
apostilamento do produto – que inviabiliza a prévia avaliação pelos setores competentes 
do lançamento no mercado de quantidade considerável de agrotóxicos - até para melhor 
atender o sistema jurídico de proteção ao meio ambiente, o qual se guia pelos princípios 
da prevenção e da precaução. 3. Recurso especial não provido” (STJ, REsp 1.153.500/DF, 
2ª Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 07.12.2010). 
“AGRAVO REGIMENTAL NA SUSPENSÃO DE LIMINAR E DE SENTENÇA. LEGITIMIDADE. PESSOA 
JURÍDICA INTERESSADA. POSSIBILIDADE DE GRAVE LESÃO À ORDEM E ECONOMIA PÚBLICAS. 
EXISTÊNCIA. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO. PEDIDO DE SUSPENSÃO DEFERIDO. AGRAVO 
REGIMENTAL DESPROVIDO. (...) III - O transporte de animais do Estado do Rio Grande do Norte 
(área não livre de febre aftosa) parao Estado do Tocantins (área livre da referida moléstia), 
sem o cumprimento dos normativos aplicáveis, pode, em tese, causar a contaminação 
do rebanho do local de destino, o que enseja grave lesão à ordem e à economia públicas. 
V - A sobrelevação dos riscos permite concluir pela aplicação do princípio da prevenção, 
pois o perigo de grave dano ou de lesão irreversível é passível de ocorrência em caso de 
contaminação. Agravo regimental desprovido” (STJ, AgRg na SLS 1749/RN, Corte Especial, 
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Rel. Min. Felix Fischer, j. 15.05.2013).
QUESTÃO FCC (Juiz de Direito Amapá 2014): “Uma indústria emissora de gases poluentes possui 
projeto para se instalar em zona industrial cuja capacidade de suporte de poluição já está saturada. 
Nesse caso, em obediência ao princípio: (...) D) Da prevenção, o projeto devera ser rejeitado pelo órgão 
ambiental”. (CERTO)
11. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO
O princípio da precaução, como uma espécie de princípio da prevenção qualificado ou mais 
desenvolvido69, abre caminho para uma nova racionalidade jurídica, mais abrangente e complexa, 
vinculando a ação humana presente a resultados futuros. Isso faz com que o princípio da precaução seja 
um dos pilares mais importantes da tutela jurídica do ambiente e, consequentemente, seja reconhecido 
como um dos princípios gerais do Direito Ambiental. O seu conteúdo normativo estabelece, em linhas 
gerais, que, diante dúvida e da incerteza científica a respeito da segurança e das consequências do uso 
de determinada substância ou tecnologia, o operador do sistema jurídico deve ter como fio condutor 
uma postura precavida, interpretando os institutos jurídicos que regem tais relações sociais com a 
responsabilidade e a cautela que demanda a importância existencial dos bens jurídicos ameaçados (vida, 
saúde, qualidade ambiental e até mesmo, em alguns casos, a dignidade da pessoa humana), inclusive em 
vista das futuras gerações. 
A ausência de um conhecimento científico adequado para assimilar complexidade dos fenômenos 
ecológicos e os efeitos negativos de determinadas técnicas e substâncias empregadas pelo ser humano 
podem levar, muitas vezes, a situações irreversíveis do ponto de vista ambiental, como, por exemplo, 
a extinção de espécies da fauna e da flora, além da degradação de ecossistemas inteiros. O princípio 
da precaução opera justamente como um filtro normativo para prevenir tais situações, considerando a 
ausência de domínio científico em relação à determinada técnica ou substância. 
A Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992) consagrou expressamente o 
princípio da precaução no seu Princípio 15: 
“Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser amplamente 
observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de 
danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada 
como razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a 
degradação ambiental”.
O princípio da precaução sempre foi aceito pela doutrina brasileira (e também jurisprudência) antes 
mesmo da Lei 11.105/2005 (quando foi reconhecido pela primeira vez de forma expressa em legislação 
69 KISS; SHELTON, Guide to international environmental law..., p. 95.
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nacional, conforme veremos à frente), de modo a já integrar, sob a ótica “material”, o nosso sistema 
jurídico. Esse entendimento encontra guarida normativa especialmente na Lei 6.938/81, ao dispor, no art. 
2º, V, que se configura, como princípio da Política Nacional do Meio Ambiente, o “controle e zoneamento 
das atividades potencial ou efetivamente poluidoras”, bem como, ao consagrar, por meio do art. 9º, 
os instrumentos da “avaliação de impactos ambientais” (inciso III) e do “licenciamento e a revisão de 
atividades efetiva ou potencialmente poluidoras (inciso IV). 
A CF/1988 também reproduz as mesmas premissas. A matriz constitucional do princípio da precaução 
está contida no art. 225, § 1º, IV e V, ao exigir o estudo prévio de impacto ambiental para a 
“instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do 
meio ambiente” (inciso IV), bem como ao determinar a obrigação do Estado de “controlar 
a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que 
comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente” (inciso V). 
As normas constitucionais suscitadas ditam a cautela jurídica que deve reger as atividades que, 
enquadradas num quadro de incerteza científica quanto a possíveis danos que possam causar ao 
ambiente, tragam um risco, mesmo que potencial, a fim de evitar danos ambientais em relação aos quais 
não se tem uma compreensão exata e segura, em termos científicos. 
A Lei dos Crimes e Infrações Administrativas Ambientais (Lei 9.605/98), ao tipificar o crime de poluição, 
consignou de forma bastante clara que estava implícito no seu corpo normativo o princípio da precaução, 
ao asseverar que se aplica a pena maior prevista no § 2º do seu do art. 54 a 
“quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de 
precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível” (§ 3º).
Mas foi, sem dúvida, a Lei 11.105/2005 (Lei de Biossegurança) que consagrou pela primeira vez, de 
forma expressa e para não deixar pairar qualquer dúvida, até porque a questão do “risco” é um elemento 
central da abordagem da temática da biossegurança, o princípio da precaução no ordenamento jurídico 
brasileiro. Incorporando esse entendimento, dispõe o art. 1º do diploma que 
“esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre a construção, 
o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a 
exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação 
no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados – OGM e seus 
derivados, tendo como diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de biossegurança 
e biotecnologia, a proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal, e a observância do 
princípio da precaução para a proteção do meio ambiente”.
Posteriormente à Lei 11.105/2005, o princípio da precaução também foi consagrado, de forma expressa, 
no art. 6º, parágrafo único, da Lei da Mata Atlântica (Lei 11.428/2006) e no art. 3º da Lei da Política 
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Nacional sobre Mudança do Clima (Lei 12.187/2009) A Lei 11.934/2009 sobre exposição humana a 
campos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos, muito embora não disponha de forma expressa sobre 
o princípio da precaução no seu texto, nos parece um dos melhores exemplos de aplicação prática do 
princípio, inclusive adotando os padrões sugeridos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em vista 
da proteção da saúde pública e do ambiente. Dada a “dúvida científica” posta em relação às possíveis 
consequências à saúde humana e ao ambiente decorrentes das radiações eletromagnéticas, é justamente 
o princípio da precaução que seria o marco normativo regente na adoção da Lei 11.934/2009. 
A fim de preservar e proteger a existência humana de tais riscos, impõe-se uma atuação doEstado e 
dos particulares lastreada no princípio da precaução, pautando-se a sua aplicação também com base no 
princípio in dubio pro natura, conforme tem reconhecido a jurisprudência do STJ. Diante da incerteza 
cientifica quanto a possíveis danos significativos ao ambiente, a proteção ambiental deve prevalecer e 
ser proibida ou retardada (até um melhor domínio da técnica) determinada prática potencialmente 
degradadora dos recursos naturais. Não por outra razão, o princípio da precaução tem servido de 
fundamento para justificar a inversão do ônus da prova em processos judiciais, fazendo recair sobre 
o suposto poluidor o ônus de provar a segurança ambiental da técnica, atividade ou empreendimento 
impugnada.70
QUESTÃO CESPE (Juiz Federal 1ª Região, 2009): ”Assinale a opção correta quanto ao princípio da 
precaução: (...) E) Tal princípio constitui a garantia contra os riscos potenciais que não podem ser ainda 
identificados, devido à ausência da certeza científica formal, e baseia-se na ideia de que o risco de 
dano sério ou irreversível requer a implementação de medidas que possam prever esse dano”. (CERTA)
12. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO (NACIONAL E INTERNACIONAL)
O princípio da cooperação é tido como um dos princípios gerais do Direito Ambiental, tendo a sua 
origem no Direito Ambiental alemão do início da Década de 1970, assim como os já tratados princípios 
do poluidor-pagador e da precaução. A razão para a importância da ideia de cooperação na perspectiva 
ecológica é bastante simples. O efetivo enfrentamento dos problemas ambientais exige a atuação 
articulada e cooperativa de inúmeros atores públicos e privados, nos mais diferentes planos e instâncias 
políticas (local, regional, nacional, comunitária e internacional). Outros temas, como é o caso dos 
direitos humanos, também evocam tal amplitude de articulação e esforços comuns, inclusive em termos 
planetários, para o seu adequado enfrentamento. 
O princípio da cooperação está presente de forma expressa na CF/1988, por intermédio da previsão que 
há no inciso IX do seu art. 4.º sobre a “cooperação entre os povos para o progresso da humanidade”, 
considerando, inclusive, o conteúdo do inciso II do mesmo dispositivo no sentido de estabelecer a 
70 STJ, REsp 1.060.753/SP, 2.ª Turma, rel. Min. Eliana Calmon, j. 01.12.2009.
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“prevalência dos direitos humanos” nas relações do Estado brasileiro no plano internacional. O princípio 
da cooperação, conforme lição de José Rubens Morato Leite e Patryck de A. Ayala, postula uma política 
mínima de cooperação solidária entre os Estados em busca de combater efeitos devastadores da 
degradação ambiental, o que pressupõe ajuda, acordo, troca de informações e transigência no que toca 
a um objetivo macro de toda coletividade, além de apontar para uma atmosfera política democrática 
entre os Estados, visando a um combate eficaz da crise ambiental global.71
O mesmo se verificar na Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992), aparecendo 
o princípio da cooperação, por exemplo, nos Princípios 5, 7, 12, 13, 14, 18, 19 e 27. A título de exemplo, o 
Princípio 7 enuncia que
“os Estados irão cooperar, em espírito de parceria global, para a conservação, proteção 
e restauração da saúde e da integridade do ecossistema terrestre. Considerando as 
diversas contribuições para a degradação do meio ambiente global, os Estados têm 
responsabilidades comuns, porém diferenciadas. Os países desenvolvidos reconhecem a 
responsabilidade que lhes cabe na busca internacional do desenvolvimento sustentável, 
tendo em vista as pressões exercidas por suas sociedades sobre o meio ambiente global e 
as tecnologias e recursos financeiros que controlam”.
Muito embora tais dispositivos tratem da perspectiva internacional, ou seja, dos objetivos e valores que 
devem nortear as relações do Estado brasileiro nas relações internacionais, o mesmo espírito normativo 
de “índole cooperativa” também vincula o Estado no plano interno, notadamente em relação aos 
entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). O melhor exemplo disso é o sistema de 
distribuição de competências (legislativa e executiva) adotado pela CF/1988, o qual estabelece tanto 
competências legislativas concorrentes (art. 24) quanto competências executivas comuns (art. 23) entre 
todos os entes federativos. Revelando tal espírito constitucional “cooperativo”, o art. 23, parágrafo único, 
da CF/1988, assinala, de forma expressa, no tocante ao exercício da competência executiva dos entes 
federativos, que “leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito 
nacional”. Há, à luz do Estado Socioambiental edificado pela de Direito de feição ecológica edificado pela 
CF/88, a consagração do marco do federalismo cooperativo ecológico, como já foi tratado anteriormente.
No âmbito da legislação brasileira infraconstitucional e já sob o enfoque do Direito Ambiental, a Lei dos 
Crimes e Infrações Administrativas Ambientais (Lei 9.605/98) consagrou um capítulo específico sobre a 
cooperação internacional para a preservação do ambiente, destacando a necessidade de ser mantido 
um sistema de comunicações apto a facilitar o intercâmbio rápido e seguro de informações com órgãos 
de outros países (art. 78). O texto em tela revela a preocupação do legislador nacional com a dimensão 
71 MORATO LEITE; AYALA, Dano ambiental..., p. 55-56. 
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multilateral inerente ao enfrentamento dos problemas ambientais. O dispositivo suscitado, por certo, não 
se aplica apenas ao cenário internacional, mas incorpora no ordenamento jurídico nacional o princípio da 
cooperação, devendo o mesmo ser aplicado, como já assinalamos em passagem antecedente, no âmbito 
interno do Estado brasileiro. 
Seguindo essa diretriz normativa, notadamente sob a ótica da competência ambiental administrativa, 
a LC 140/2011 (Competência Administrativa em Matéria Ambiental) incorporou de forma definitiva o 
princípio da cooperação no ordenamento jurídico nacional, ao regulamentar os incisos III, VI e VII, do art. 
23 da CF/1988. Logo no seu art. 1º, o diploma em análise estabelece, como seu propósito nuclear, fixar 
normas para o exercício da competência administrativa em matéria ambiental em vista de possibilitar a 
“cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações 
administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção 
das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em 
qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora”. 
De modo a dar concretude à questão, o diploma estabelece instrumentos de cooperação entre os entes 
federativos nos incisos do seu art. 4.º, como, por exemplo: consórcios públicos, convênios, acordos de 
cooperação técnica e outros instrumentos similares com órgãos e entidades do Poder Público, Comissão 
Tripartite Nacional, Comissões Tripartites Estaduais e Comissão Bipartite do Distrito Federal, fundos 
públicos e privados e outros instrumentos econômicos, delegação de atribuições de um ente federativo 
a outro e delegação da execução de ações administrativas de um ente federativo a outro. Além disso há 
a previsão, no art. 6º do diploma, de as ações de cooperação entre os entes federativos, delimitando, de 
forma minuciosa, as atividades administrativasque cabem a cada um, de modo a atingir os objetivos 
previstos no art. 3º e a garantir o desenvolvimento sustentável, harmonizando e integrando todas as 
políticas governamentais. 
Os particulares (pessoas físicas e jurídicas), nesse contexto, também devem ter como diretriz o princípio da 
cooperação nas relações que travam com outros particulares ou mesmo o próprio Estado, notadamente 
quando estiver em pauta situação de lesão ou potencial de lesão ao ambiente. Não por outra razão, hoje 
se atribui aos particulares deveres fundamentais de proteção ambiental, ou seja, obrigações jurídicas 
(e, portanto, não apenas morais), o que também implica deveres jurídicos de cooperação quando tal se 
fizer necessário para proteger os bens jurídicos ambientais. Esse é, sem dúvida, o espírito constitucional 
consagrado no caput do art. 225 da CF/1988, que coloca como dever da sociedade - e, portanto, não 
apenas do Estado – proteger o ambiente para as presentes e futuras gerações. Mais recentemente, esse 
entendimento resultou cristalizado na Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010), ao 
consagrar como princípio da PNRS, “a cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor 
empresarial e demais segmentos da sociedade”.
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Simulado
 1) A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81) consagrou um rol taxativo dos princípios 
do Direito Ambiental na ordem jurídica brasileira.
2) Não obstante a posição favorável da doutrina no reconhecimento da dignidade do animal-não 
humano, tal entendimento é rejeitado unanimemente pelos Ministros do Supremo Tribunal Federal.
3) O princípio do protetor-recebedor busca retribuir economicamente aquele que, em benefício de 
toda a sociedade, protege o meio ambiente, por exemplo, ao manter a cobertura florestal de área de 
sua propriedade ou posse rural.
4) Muito embora a consagração do princípio da função ambiental ou ecológica da propriedade tenha 
sido reconhecido expressamente pela nossa legislação infraconstitucional, inclusive pelo próprio 
Código Civil de 2002, a nossa Constituição Federal limitou-se a reconhecer apenas a função social.
5) O primeiro diploma legislativo brasileiro a consagrar expressamente o princípio da precaução foi a 
Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81).
GABARITO
Q1 ERRADO
02 ERRADO
Q3 CERTO
Q4 ERRADO
05 ERRADO

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