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Prévia do material em texto

HEBRAICO II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 1
 
 
 
INSTITUTO BÍBLICO PORTUGUÊS 
ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA EVANGÉLICA 
 
 
 
DISCIPLINA: HEBRAICO BÍBLICO II 
 
 
 
PROJECTO 
 
 
 
 
 
GO’EL 
E 
 CASAMENTO LEVIRATO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maria Lucinda Tomás Ribeiro 
 
1998/99 
 
 2
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
Este Trabalho é um Projecto para a discíplina de Hebraico II, leccionada 
pelo prof. Dr. Theron Young. Consiste num estudo acerca do remidor (go’el), 
especialmente no livro de Rute. Os pontos desenvolvidos respeitam a orientação 
dada pelo professor, tanto quanto à bibliografia, como quanto aos tópicos a 
desenvolver. 
 As passagens bíblicas foram extraídas da versão revisada da tradução de 
Almeida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 3
 
 
A - CONCORDÂNCIA 
 
1. Palavras portuguesas usadas na tradução do particípio 
go’el. 
 
De acordo com o Anexo 1 (ver final do trabalho), conclui-se que Go’el significa em 
português: 
� Remidor 
� Redentor 
� Parente mais chegado que vai remir 
� Vingador 
� Vingador do sangue 
 
«A forma participial do qal do verbo tornou-se praticamente um 
substantivo com todos os seus atributos, ainda que possa correctamente ser 
considerada apenas uma forma do verbo. 
O sentido original desta raiz é o de cumprir o papel de resgatador, 
redimindo portanto seu parente da dificuldade do perigo. O termo é usado 
juntamente com os seus derivados 118 vezes. Uma diferença entre esta raiz e a 
raiz muito semelhante pãdâ, “redimir”, é que normalmente há uma ênfase em 
gã’al na redenção como privilégio ou muitos por “parente-resgatador” ou por 
“resgatador”, como faz a ARA. A raiz deve ser distinguida de gã’al II, “manchar, 
macular”.» 1 
 
 
De acordo com outra fonte significa: 
 
 
“… resgatar, redimir, remir, salvar; libertar, livrar; reinvindicar, reclamar (para 
si); pt: resgatador, redentor, vingador…” 2
 
1 HARRIS, Dicionário Internacional de Teologia do Velho Testamento, p. 235 
2 KIRST, Dicionário Hebraico-Português & Aramaico-Português, p. 36 
 4
2. Versículos de Rute que contêm o particípio go’el. 
 
(Para mais pormenor, ver Anexo 2) 
 
 
Rt 2 
 3 
 
 4 
20 
9 
12 
1 
3 
6 
8 
14 
Esse homem é parente nosso, um dos nossos remidores… 
…estende a tua capa sobre a tua serva, porque tu és o remidor… 
…eu sou remidor, porém há ainda outro mais chegado do que eu… 
…eis que o remidor de quem falara ia passando… 
…Disse Boaz ao remidor… 
Então disse o remidor… 
Dizendo, pois, o remidor a Boaz… 
…não te deixou hoje sem remidor… 
 
 
 
B - PESQUISA 
 
 
1. Em termos de parentesco, quem pode/deve servir de 
go’el. 
 
Em termos de parentesco pode servir de Go’el: 
- Irmão do falecido marido, ou um parente próximo, de uma viúva sem filhos ou filhas 
(para as filhas, ver Nm 27:1-11); 
- Um parente próximo em outras situações de redenção; 
- A própria pessoa (este aspecto será referido no próximo ponto). 
 
 “Dt 25:5-10 assevera que essa lei se aplica a irmãos que habitassem 
juntos, mas permite ao irmão vivo a opção de recusar-se. 
O livro de Rute demonstra que que tal costume se estendia para além do 
irmão do marido. Aqui um parente cujo nome não é dado, tinha o dever 
primário, e foi sòmente quando êle se recusou que Boaz pôde casar-se com 
Rute. “ 3 
 
Põe-se, assim, a questão: o que significa um parente próximo? 
 
 
3 WRIGHT e THOMPSON, Matrimónio: IV. A Lei do Levitato, p. 1016 
 5
“Há poucas passagens que tratam da ordem prioritária do parentesco. Os mais 
próximos eram os irmãos, depois os tios, depois os sobrinhos (Lv 25: 48s.).” 4 
 
Esta situação é apenas para a redenção de um terreno. No caso do remidor para 
obtenção de um descendente (para tornar-se herdeiro), é apenas referido, na Bíblia, o 
cunhado de uma viúva, e não qualquer parente (exceptuando o livro de Rute). 
 No caso do livro de Rute, ou consideramos este uma base bíblica para um 
parente próximo poder ser remidor de uma viúva sem filhos, ou então poderemos 
concluir que em relação a Noemi a remissão era apenas acerca do terreno, e que Boaz 
casou com Rute, mais por desejo próprio que por obrigação de lei ou tradição. 
 
 
2. Em que situações foi aproveitada a ajuda do go’el? 
 
 A função do go’el é relacionada na bíblia com várias situações: 
• Redenção de terras 
• Redenção de escravos 
• Vingador de sangue 
• Redenção de ofertas 
• Restituição pela culpa 
• Figurativamente, o Senhor como go’el 
 
� Redenção de terras e outros bens: 
 
Se uma pessoa vendesse a casa ou um terreno para pagar uma dívida, existia o 
direito de redenção. Este consistia na compra posterior do bem vendido sendo devolvido 
ao dono original, com o fim de ser mantido na família. Em Levitico foi estabelecida essa 
lei, podendo ser remidor um parente próximo ou mesmo o antigo dono: 
 
“Também não se venderá a terra em perpetuidade, porque a terra é minha; pois vós 
estais comigo como estrangeiros e peregrinos: Portanto em toda a terra da vossa 
possessão concedereis que seja remida a terra. 
Se teu irmão empobrecer e vender uma parte da sua possessão, virá o seu parente 
mais chegado e remirá o que seu irmão vendeu. E se alguém não tiver remidor, mas ele 
mesmo tiver enriquecido e achado o que basta para o seu resgate, contará os anos 
desde a sua venda, e o que ficar do preço da venda restituirá ao homem a quem a 
vendeu, e tornará à sua possessão…” (Lv 25:23-27) 
 
4 CUNDALL e MORRIS, Juízes e Rute: introdução e comentário, p. 267 
 6
 
Temos exemplos de remissão de terras em Jr 32:6-15 e Rt 2:20; 3:12; 4:4-6. 
 
� Redenção de escravos: 
 
Se um israelita se vendesse a si mesmo como escravo a um estrangeiro, aplicar-se-ia 
também o direito de redenção. 
 
“Se um estrangeiro ou peregrino que estiver contigo se tornar rico, e teu irmão, que 
está com ele, empobrecer e vender-se ao estrangeiro ou peregrino que está contigo, ou à 
linhagem da família do estrangeiro, depois que se houver vendido, poderá ser remido; 
um de seus irmãos o poderá remir; ou seu tio, ou o filho de seu tio, ou qualquer parente 
chegado da sua família poderá remi-lo; ou, se ele se tiver tornado rico, poderá remir-se a 
si mesmo. E com aquele que o comprou fará a conta desde o ano em que se vendeu a 
ele até o ano do jubileu; e o preço da sua venda será conforme o número dos anos; 
conforme os dias de um jornaleiro estará com ele… (Lv 25:47-50)” 
 
� Vingador do sangue: 
 
Em caso de assassínio, a morte deveria sem vingada por um go’el, o vingador de 
sangue. Este teria por missão matar o causador da referida morte sendo paga “vida por 
vida”. O vingador do sangue funcionava como um executor sem culpa. Este seria em 
primeiro lugar o filho do morto, ou se este não existisse, um parente próximo. Em II Sm 
14:11 é descrito um exemplo possível. 
Relacionadas com esta situação foram criadas as cidades de refúgio (Nu 35:12,19-
27; Dt 19:6,12; Js 20:2,5,9). 
 
� Redenção de Ofertas 
 
Em casos de ofertas votivas para com o Senhor, estas poderiam ser resgatadas ao dono 
original, mas sendo pago um preço acrescido de 20% (Lv 27:13, 15, 19, 31). Isto 
significa que o antigo dono poderia dar ao Senhor algo equivalente mas acrescentando 
mais valor. Neste caso o remidor era o próprio dono. Existiam, no entanto, situações em 
que a redenção não seria possível. 
 
� Restituição pela culpa 
 
Em Numeros 5, o go’el recebe a compensação por um pecado como responsável na 
família. 
 7
 
“Disse mais o Senhor a Moisés: Dize aos filhos de Israel: Quando homem ou mulher 
pecar contra o seu próximo, transgredindo os mandamentos do Senhor, e tornando-se 
assim culpado, confessará o pecado que tiver cometido, e pela sua culpa fará plena 
restituição, e ainda lhe acrescentará a sua quinta parte; e a dará àquele contra quem se 
fez culpado. Mas,se esse homem não tiver parente chegado, a quem se possa fazer a 
restituição pela culpa, esta será feita ao Senhor, e será do sacerdote, além do carneiro 
da expiação com que se fizer expiação por ele.” (Nm 5:5-8) 
 
� O Senhor como Go’el 
(Ver Anexo 3) 
 
Nos Salmos e Profetas, o Senhor é chamado de Remidor de Israel. Embora muitas 
vezes em situações sem esperança, Israel viu a ajuda contínua do seu “Redentor”. O 
Go’el é aqui Aquele que o liberta da opressão dos inimigos, e Aquele que socorre o 
oprimido e necessitado. 
Além desta perspectiva, o atributo de Go’el em relação ao Senhor surge muitas vezes 
como afirmação profética do Redentor esperado para salvação de Israel e daqueles que 
por Abraão se tornariam Povo do Senhor: a Igreja. 
 
3. Significado e origem etimológica da palavra 
“Levirato”: 
 
O termo “Levirato” ou “Levitato” deriva do latim levir que significa “cunhado” ou 
“irmão do marido”. 
 
“O termo «levirato» deriva-se da palavra latina levir, «cunhado». O título aqui 
dado refere-se ao costume que havia entre os hebreus de que quando um 
israelita casado morria, sem deixar descendente do sexo masculino, seu parente 
mais próximo era obrigado a casar-se com a viúva, caso esse parente fosse 
solteiro, a fim de dar continuidade ao nome da família do falecido. O filho 
primogênito do novo casal tornava-se o herdeiro do primeiro marido de sua 
mãe.”5 
 
 
5 CHAMPLIN e BENTES, Matrimónio Levirato, p. 181-182 
 
 8
“Esse nome se deriva do têrmo latino levir, que significa “irmão do marido”. 
Quando um homem casado morria sem filhos, esperava-se que seu irmão 
solteiro se casasse com a cunhada viúva. Os filhos dêsse segundo casamento 
eram reputados filhos do primeiro marido. Êsse costume se encontra entre 
outros povos além dos hebreus.”6 
 
 
4. O “Casamento Levirato” e a sua presença na 
interpretação do livro de Rute. O papel potencial dos 
filhos gerados nesse casamento. 
 
Como já foi dito no ponto anterior, o “casamento levirato” consistia no casamento 
de uma viúva sem filhos com um seu cunhado com o objectivo de suscitar descendência 
ao seu falecido marido e assim perpectuar o nome e a herança da família. 
 
“Naturalmente, o propósito era preservar a herança em famílias e clãs 
específicos, o que era muito importante em civilizações agrárias. Um benefício 
secundário era de natureza social: a viúva teria alguém que cuidasse dela, e 
esse foi um factor importante no caso de Rute (ver Rute 1:11; 3:1 ss). Mas 
talvez a lei também tivesse em mira o propósito sentimental de preservar o 
nome do homem que morrera de modo tão lamentável a não deixar herdeiro 
homem.”7 
 
“Esse costume é subentendido na história de Onã (Gn 38:8-10). Onã tomou a 
espôsa de seu irmão, mas recusou-se gerar filhos com ela, visto que não queria 
dar descendência a seu irmão (vers. 9) e seus próprios filhos não teriam a 
herança primária. Esse versículo, todavia, não se pronuncia sobre o controlo de 
nascimento como tal. 
D 25:5-10 assevera que esse lei se aplica a irmãos que habitassem juntos, mas 
permite ao irmão vivo a opção de recusar-se.”8 
 No caso do livro de Rute, existem dois tipos de redenção possíveis: da terra e 
casamento levirato. 
Noemi e Rute eram ambas viúvas, no entanto sabemos pelo texto bíblico que 
Noemi era idosa demais para ter filhos, logo no que diz respeito ao casamento levirato, a 
 
6 WRIGHT e THOMPSON, Matrimónio: IV. A Lei do Levitato, p. 1016 
7 CHAPLIN e BENTES, Enciclopédia de Bíblia teologia e Filosofia, p. 182 
8 WRIGHT e THOMPSON, Matrimónio: IV. A lei do levitato, p. 1016 
 9
hipótese põe-se apenas com Rute. Noemi já havia tido os seus filhos, ou seja, a sua 
descendência, mas por razões que ignoramos ambos os filhos morreram antes dela. 
Quanto a Rute, esta era uma viúva jovem que perdera o marido antes de ter concebido 
filhos. Desta forma, no que diz respeito a Rute podemos encontrar a possibilidade de um 
casamento levirato. No entanto, visto que o irmão de seu marido morrera também, não 
poderia casar com um cunhado. Logo não poderia existir um “casamento levirato” da 
forma como a lei de Moisés o ordenara. 
 É neste contexto que surge únicamente no livro de Rute um go’el que não é 
irmão do marido para perpectuar descendência. Assim, são referidos especificamente 
dois possíveis remidores: um parente próximo cujo nome desconhecemos e Boaz. Noemi, 
referindo-se a Boaz, diz: “Esse homem é parente nosso, um dos nossos remidores” 
(Rt 2:20), ou, numa tradução mais literal, “este homem está mais próximo a nós 
que o nosso parente”. Uma ideia possivel transmitida por este versículo seria que 
Boaz, apesar de, em termos de parentesco, fosse menos chegado que o outro parente, 
devido às circunstâncias favoráveis que se tinham desenrolado, tornara-se mais próximo 
(no aspecto físico e não de parentesco) delas. 
A ideia de casamento com um objectivo de redenção no livro de Rute inclui, 
assim, três pessoas (se exceptuarmos Noemi): Rute, Boaz e o parente próximo. 
Associado a este tipo de redenção podemos aperceber-nos de algo semelhante a 
um ritual. 
 
“Lava-te pois, unge-te, veste os teus melhores vestidos, e desce à eira; porém não te 
dês a conhecer ao homem, até que tenha acabado de comer e beber. 
E quando ele se deitar, notarás o lugar em que se deita; então entrarás, descobrir-lhe-
ás os pés e te deitarás, e ele te dirá o que deves fazer.” (Rt 3:3-4) 
 
“E perguntou ele: Quem és tu? Ao que ela respondeu: Sou Rute, tua serva; estende a 
tua capa sobre a tua serva, porque tu és o remidor.” (Rt 3:9) 
 
 Rute é orientada por Noemi acerca de como incentivar Boaz a agir concretizando a 
sua situação de go’el. Aparentemente o descobrir o pés teria algum significado sobre o 
qual qpenas poderemos especular. Talvez fosse um sinal de humildade ou um convite a 
algo mais íntimo. De qualquer forma, claramente o “estender da capa” era associado de 
alguma forma à remissão através de casamento, uma vez que é estabelecida uma 
relação causal: “estende a tua capa… porque tu és o remidor”. 
 Figurativamente Ezequiel descreveu uma situação semelhante entre o Senhor e 
Israel: 
 
 10
“Então, passando eu por ti, vi-te, e eis que o teu tempo era tempo de amores; e 
estendi sobre ti a minha aba, e cobri a tua nudez; e dei-te juramento, e entrei 
num pacto contigo, diz o Senhor Deus, e tu ficaste sendo minha.” (EZ 16:8) 
 Após a acção de Rute, Boaz compreendeu imediatamente que ela desejava 
casamento. A ideia de redenção e casamento estão ligadas. Podemos perceber que 
falavam a mesma “linguagem”, bastando poucas palavras para que as intenções de cada 
um fossem expressas. 
 
“Ora, é bem verdade que eu sou remidor, porém há ainda outro mais chegado 
do que eu. 
Fica-te aqui esta noite, e será que pela manhã, se ele cumprir para contigo os 
deveres de remidor, que o faça; mas se não os quiser cumprir, então eu o farei 
tão certamente como vive o Senhor; deita-te até pela manhã.” (Rt 3:12-13) 
 
 Devido a tudo o que acabámos de descrever, é possível que a lei acerca do 
“casamento levirato” tenha sido alargada pela tradição a parentes além dos cunhados. 
De qualquer modo, quer chamemos ou não “casamento levirato, existe, sem dúvida, uma 
situação de redenção por casamento. Boaz achou-se na obrigação de redimir Rute, 
embora isso lhe seja algo agradável. 
 Paralelamente ao casamento, é referida a venda de um campo de Noemi, também 
em associação com a redenção. Sobre esta questão falaremos no ponto seguinte. 
Vejamos somente o que sucedeu quando Boaz encontrou o outro parente: 
 
“Disse Boaz ao remidor: Noêmi, que voltou da terra dos moabitas, vendeu a parte da 
terra que pertencia a Elimeleque; nosso irmão. 
Resolvi informar-te disto, e dizer-te: Compra-a na presença dos que estão sentados aqui, 
na presença dos anciãos do meu povo; se hás de redimi-la, redime-a, e se não,declara-
mo, para que o saiba, pois outro não há, senão tu, que a redima, e eu depois de ti. Então 
disse ele: Eu a redimirei. 
Disse, porém, Boaz: No dia em que comprares o campo da mão de Noêmi, 
também tomarás a Rute, a moabita, que foi mulher do falecido, para suscitar o 
nome dele na sua herança. 
Então disse o remidor: Não poderei redimi-lo para mim, para que não prejudique a 
minha própria herança; toma para ti o meu direito de remissão, porque eu não o posso 
fazer. 
Outrora em Israel, para confirmar qualquer negócio relativo à remissão e à permuta, o 
homem descalçava o sapato e o dava ao seu próximo; e isto era por testemunho em 
 11
Israel. Dizendo, pois, o remidor a Boaz: Compra-a para ti, descalçou o sapato.” (Rt 4:3-
8) 
 
 Boaz, toma a iniciativa de falar ao parente acerca da redenção do campo de 
Noemi, tendo sido aceite. No entanto, Boaz como que para dissuadi-lo, chama a atenção 
para o facto de ser necessário casar com Rute para que fosse suscitada descendência ao 
seu falecido marido. Isto, imediatamente, faz recuar o outro. Alegremente, Boaz diz: 
 
“Então Boaz disse aos anciãos e a todo o povo: Sois hoje testemunhas de que comprei 
tudo quanto foi de Elimeleque, e de Quiliom, e de Malom, da mão de Noêmi, e de 
que também tomei por mulher a Rute, a moabita, que foi mulher de Malom, para 
suscitar o nome do falecido na sua herança, para que a nome dele não seja 
desarraigado dentre seus irmãos e da porta do seu lugar; disto sois hoje testemunhas.” 
(Rt 4:9-10) 
 
 Foi assim resolvida a questão da descendência do marido de Rute e 
simultâneamente a compra dos bens de Noemi. Curiosamente, ao ser resolvida a 
situação da descendência do filho de Noemi, foi dada continuidade à descendência desta. 
O filho que nasceu de Boaz e Rute, Obede, foi também descendente de Elimeleque (filho 
de Rute, neto de Noemi). 
 Os filhos deste tipo de casamentos seriam os herdeiros da família do falecido 
marido. No caso que estamos a estudar, Obede herdaria tudo que pertencia à família de 
Elimeleque e tudo que pertencia a Boaz, uma vez que não consta que existisse outro 
descendente de Boaz. 
 
 
 
 
5. Relação entre a venda do terreno e a função do go’el; 
como o casamento entrou na questão da venda: 
 
 Devido a dificuldades económicas Noemi, tem necessidade de vender a sua terra. 
No livro de Rute ficamos com a ideia que o remidor tinha obrigação moral de comprar o 
terreno, embora o acto de redimir seja posterior, quando se dá a devolução ao primeiro 
dono. 
 
 12
“Toda a terra pertence a Deus. Eles apenas retinham em confiança, como 
depositários ou mordomos. Assim, não podiam vendê-la. Se houvesse crise, e o 
dinheiro faltasse, poderiam na verdade, desfazer-se da terra, mas, havia sempre 
o direito e o dever da redenção. Quando a situação financeira de um homem 
melhorava, ele deveria comprar de volta a terra em que Deus o colocara. Se ele 
não pudesse fazer isto, seu go’el deveria fazê-lo, em seu lugar.”9 
 
O go’el, sendo um parente próximo deveria auxiliar a familiar necessitada. 
Quando Rute chamou a Boaz de remidor, este compreendeu imediatamente que se 
referia a casamento e à compra de terra, uma vez que Rute não falou no campo de 
Noemi. Era portanto algo natural para ambos: a remissão só seria completa se casasse 
com Rute e comprasse o campo de Noemi. Por isso Boaz, ao encontrar-se com o outro 
remidor, referiu os dois aspectos juntos. O outro parente também reagiu com 
naturalidade perante o facto de serem necessárias as duas remissões juntas. 
O casamento entrou na questão da venda devido ao facto da função do go’el ter 
sempre um objectivo familiar: resolver um problema de um parente, quer seja financeiro 
ou de descendência. Os problemas que existiam na família do falecido Elimeleque eram 
dois: não existia um herdeiro para Rute e Noemi estava com dificuldades económicas. 
Era assim necessário agir simultaneamente nas duas áreas para que o go’el cumprisse 
totalmente o seu papel. 
Boaz foi o remidor perfeito. Não só remiu a Noemi e Rute quanto ao 
campo e ao casamento, como assim que tomou conhecimento de que Rute era 
nora de Noemi lhe deixou apalhar comida no seu campo. Assim que se 
apercebeu que existia uma ligação familiar procurou ajudar na subsistência das 
duas mulheres. Em Levítico existia uma ordenança para situações assim: 
 
 
“Também, se teu irmão empobrecer ao teu lado, e lhe enfraquecerem as mãos, 
sustentá-lo-ás; como estrangeiro e peregrino viverá contigo. Não tomarás dele 
juros nem ganho, mas temerás o teu Deus, para que teu irmão viva contigo.” 
(Lv 25:35-36) 
 
9 CUNDALL e MORRIS, Juízes e Rute: introdução e comentário, p. 266, 267 
 13
 
Boaz agiu sempre com intenção de auxiliar desinteressadamente, por isso se admirou por 
Rute o ter escolhido para casar e não um homem mais jovem. Considera-se, assim a sua 
actuação digna de admiração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 14
BIBLIOGRAFIA 
 
 
 
A Bíblia Sagrada, Versão revisada da tradução de João Ferreira de Almeida, 
Imprensa Bíblica Brasileira, 1974 
 
 
Bush, Frederic “Ruth/Esther: Word Biblical Commentary” [Dallas, TX: Word 
Books, Publisher] 1996 
 
 
Champlin, Russel Norman e Pr João Marques Bentes “Enciclopédia de Bíblia 
Teologia e Filosofia”, Vol 4 [São Paulo: Editora Candeia] 1991 
 
 
Cundall, Arthur E. e Leon Morris “Juízes e Rute: introdução e comentário.” 
(Série Cultura Bíblica) [São Paulo: Edições Vida Nova] 1986 
 
 
Harris, R. Laird “Dicionário Internacional de Teologia do Velho Testamento, edd. 
[São Paulo: Edições Vida Nova] 1998 
 
 
Kirst, Nelson, et al. “Dicionário Hebraico-Português & Aramaico-Português” [São 
Leopoldo: Sinodal/Vozes] 1994 
 
 
Mandelkern, Solomon “Concordance to the Holy Scriptures [Lipsiae: Veéit et 
Comp.] 1896 
 
 
Ringgren, Helmer Theological Sictionary of the Old Testament, Vol II, edd. 
[Grand Rapids, Ml:Wm. B. Eerdmans] 1975. 
 
 
Wright, J. e J. A Thompson “O Novo Dicionário da Bíblia, Vol II [São Paulo: 
Edições Vida Nova] 1979 
 
 
 
 
 
 
 
 
 15
 ANEXO 1 
Go’el na Bíblia 
(Baseado na “Englishman’s Hebrew-Chaldee Concordance”) 
 
 
Capítulo Vers Qal Particípio Activo: 
Gn 48 16 … que me tem livrado de todo o mal. 
Lv 25 25 
26 
… virá o seu parente mais chegado e remirá… 
E se alguém não tiver remidor… 
Nm 5 
 35 
 
 
 
 
 
8 
12 
19 
21 
24 
25 
27 
Mas, se esse homem não tiver parente chegado… 
…por refúgio do vingador… 
…o vingador do sangue… 
…o vingador do sangue… 
…entre aquele que feriu e o vingador do sangue… 
… da mão do vingador do sangue… 
… e o vingador do sangue o achará… 
Dt 19 6 
12 
…para que o vingador do sangue não persiga o homicida… 
…o entregarão, nas mãos do vingador do sangue… 
Js 20 3 
5 
9 
… refúgio contra o vingador do sangue… 
…o vingador do sangue o perseguir… 
…para que não morresse às mãos do vingador do sangue… 
Rt 2 
 3 
 
 4 
20 
9 
12 
1 
3 
6 
8 
14 
Esse homem é parente nosso, um dos nossos remidores… 
…estende a tua capa sobre a tua serva, porque tu és o remidor… 
…eu sou remidor, porém há ainda outro mais chegado do que eu… 
…eis que o remidor de quem falara ia passando… 
…Disse Boaz ao remidor… 
Então disse o remidor… 
Dizendo, pois, o remidor a Boaz… 
…não te deixou hoje sem remidor… 
II Sm 14 11 …para que o vingador do sangue não prossiga na destruição… 
I Rs16 11 …nem de seus parentes… 
Jb 19 25 …eu sei que o meu Redentor vive… 
Sl 19 
 78 
 103 
14 
35 
4 
…Rocha minha e Redentor meu! 
…e o Deus Atíssimo o seu Redentor… 
…quem redime a tua vida da cova… 
Pr 23 11 …porque o seu redentor é forte… 
Is 41 14 …e o teu redentor é o Santo de Israel. 
 16
 43 
 44 
 
 47 
 48 
 49 
 
 54 
 
 59 
 60 
 63 
14 
6 
24 
4 
17 
7 
26 
5 
8 
20 
16 
16 
 
…o Senhor, vosso Redentor… 
…Rei de Israel, seu Redentor……o Senhor, teu Redentor… 
Quanto ao nosso Redentor… 
…o Senhor, o teu Redentor…4 
…o Senhor, o Redentor de Israel… 
…o teu Salvador e o teu Redentor… 
…o Santo de Israel é o teu Redentor… 
…o Senhor, o teu Redentor. 
E virá um Redentor a Sião… 
…e o teu Redentor, o poderoso de Jacó. 
…nosso Redentor desde a antiguidade é o teu nome. 
 
Jr 50 34 Mas o seu Redentor é forte… 
Capítulo Vers Qal Particípio Passivo: 
Sl 107 2 …digam-no os remidos do Senhor, os quais ele redimiu da mãos do 
inimigo… 
Is 35 
51 
62 
 63 
9 
10 
12 
4 
…mas os redimidos andarão por ele. 
…para que por ele passassem os remidos? 
E chamar-lhes-ão: Povo santo, remidos do Senhor… 
…e o ano dos meus remidos é chegado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 17
ANEXO 2 
Go’el no livro de Rute 
(Baseado na Versão de Almeida Revisada) 
 
“Disse Noêmi a sua nora: Bendito seja ele do Senhor, que não tem deixado de 
misturar a sua beneficência nem para com os vivos nem para com os mortos. Disse-
lhe mais Noêmi: Esse homem é parente nosso, um dos nossos remidores.” (Rt 2:20) 
“E perguntou ele: Quem és tu? Ao que ela respondeu: Sou Rute, tua serva; estende 
a tua capa sobre a tua serva, porque tu és o remidor.” (Rt 3:9) 
“Ora, é bem verdade que eu sou remidor, porém há ainda outro mais chegado do 
que eu.” (Rt 3:12) 
“Boaz subiu à porta, e sentou-se ali; e eis que o remidor de quem ar de jumentos. 
Ela o levou à casa de seu pai, o qual, vendo-o, ele, desviando-se para ali, sentou-
se.”(Rt 4:1) 
“Disse Boaz ao remidor: Noêmi, que voltou da terra dos moabitas, vendeu a parte 
da terra que pertencia a Elimeleque; nosso irmão.” (Rt 4:3) 
“Então disse o remidor: Não poderei redimi-lo para mim, para que não prejudique a 
minha própria herança; toma para ti o meu direito de remissão, porque eu não o 
posso fazer.”(Rt 4:6) 
“Dizendo, pois, o remidor a Boaz: Compra-a para ti, descalçou o sapato.” (Rt 4:8) 
 “Disseram então as mulheres a Noêmi: Bendito seja o Senhor, que não te deixou 
hoje sem remidor; e torne-se o seu nome afamado em Israel.” (Rt 4:14) 
 
 
 
 
 
 
 
 18
ANEXO 3 
O Senhor, nosso Redentor (Go’el)! 
 
Temos chamado ao Messias, que foi imolado como um cordeiro em nosso lugar, 
de nosso “Redentor”, como nosso “Salvador”. Talvez muitos de nós não tenhamos 
compreendido ainda o que isto significa: “O Senhor tornou-se Go’el do seu povo”. 
A Terra foi dada a Adão para que governasse sobre ela (Gn 1:28), como um pai 
oferecendo um presente ao filho que sai de casa para começar a sua vida. 
No entanto, como o filho pródigo, Adão pecou, e ao pecar vendeu o domínio sobre 
a Terra a satanás, que foi chamado pelo próprio Senhor de “príncipe deste mundo” (Jo 
12:31). 
Além da “sua” Terra, Adão vendeu-se como escravo, a si mesmo e à sua 
descendência (Hb 2:15). O Homem ficou, deste modo, perdido. Não teria jamais 
possíbilidade de se redimir a si mesmo, porque o seu inimigo era mais forte que ele e 
porque estava irremediavelmente separado do Criador. Por outro lado não tinha parente 
próximo que lhe servisse de Go’el, tanto quanto à Terra, como quanto à sua escravidão, 
pois Adão era pai da humanidade e toda a sua descendência se tinha tornado escrava. 
Então o Altíssimo Criador enviou o Seu Filho para que este se tornasse Homem, 
tornando-se parente do homem. O Senhor veio habitar num corpo de carne e chamou-se 
a si mesmo de “Filho de homem”. Chamou de irmãos a homens e tornou-se um parente 
muito chegado: o Go’el tão desejado que redimiria o Homem da escravidão e devolveria 
autoridade sobre a Terra tinha chegado! 
Comprou-nos assim, o Senhor, com o preço mais alto que poderia existir: a Vida 
do Filho do Eterno! O seu sangue derramado comprou-nos e comprou a Terra! 
Por isso está escrito: 
 
“E nos ressuscitou juntamente com ele, e com ele nos fez sentar nas regiões celestes em 
Cristo Jesus.” (Ef 2:6) 
 
“… que operou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar-se à sua 
direita nos céus, muito acima de todo principado, e autoridade, e poder, e domínio, e de 
todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro; e sujeitou 
todas as coisas debaixo dos seus pés, e para ser cabeça sobre todas as coisas o deu à 
igreja, que é o seu corpo, o complemento daquele que cumpre tudo em todas as coisas.” 
(Ef 1:20-23) 
 19
 
Paulo orou para que os efésios tivessem revelação que o Senhor ressurrecto 
estava à direita do Pai acima de todo o poder das Trevas, não estava só, pois 
hierarquicamente a Igreja como corpo de Cristo na Terra está também à direita do Pai. 
Aleluia! 
Foi restaurado o direito à liberdade e à posse da Terra! 
Estamos sentados com Cristo à direita do Pai. Esta é uma verdade Posicional. Cabe-nos 
agora tornar a verdade Circunstancial (a nossa vida) de acordo com a Posicional. Este é o 
ministério de cada Discípulo: ser instrumento de autoridade divina na Terra. Somos 
embaixadores do Reino (II Co 5:20) para reconciliar o mundo ao Criador e somos 
agentes da autoridade divina na Terra, para sujeitar o domínio de satanás ao senhorio de 
Cristo. Satanás não é mais “princípe deste mundo”, agora é um invasor que precisa ser 
combatido. Para isso o Espírito Santo nos dá armas e entre elas: o Nome do Senhor ao 
qual todo o joelho se dobra (Fp 2:9-11 ) e a Verdade de que nem somos mais 
escravos, nem a Terra percente a satanás! 
Aquilo que de forma profética surge nos Salmos e Profetas concretizou-se: 
FOMOS REDIMIDOS PELO NOSSO GO’EL!

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