Prévia do material em texto
INTENCIONALMENTE EM BRANCO EB60-MT-20.401 MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E CULTURA DO EXÉRCITO CONDUTAS EM LOCAIS DE CRIME 1ª Edição 2018 Grupo de Trabalho responsável pela elaboração do Manual Técnico Condutas em Locais de Crime (EB60-MT-20.401), 1ª Edição, 2018. 1. Órgão Gestor - DECEx: Gen Bda R1 João Henrique Carvalho de Freitas TC Gustavo Daniel Coutinho Nascimento 2º Sgt QE Rodolfo Marques da Silva 2. Órgão Elaborador - EsIE: Cel Paulo César Bessa Neves Júnior 3. Órgão Executor - EsIE: Cap Maurício Bernardes Miguel Cap Bruno de Andrade Almeida 1º Sgt Perterson Sepúlveda Lopes 2º Sgt Lenon Rodrigues PORTARIA Nr 249/DECEx, de 06 de novembro de 2018. Aprova o Manual Técnico Condutas em Locais de Crime (EB60-MT-20.401), 1ª Edição, 2018 e dá outra providência. O CHEFE DO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E CULTURA DO EXÉRCITO, no uso da delegação de competência conferida pelo Art 44 das Instruções Gerais para as Publicações Padronizadas do Exército (EB10-IG-01.002), aprovadas pela Portaria do Comandante do Exército Nr 770, de 7 de dezembro de 2011, resolve: Art 1° Aprovar o Manual Técnico Condutas em Locais de Crime (EB60-MT-20.401), 1ª Edição, 2018, que com esta baixa. Art 2° Determinar que esta Portaria entre em vigor na data de sua publicação. Gen Ex Mauro Cesar Lourena Cid Chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército Publicada no Boletim do Exército Nr 47, de 23 novembro de 2018. As sugestões para o aperfeiçoamento desta publicação, relacionadas aos conceitos e/ou à forma, devem ser remetidas para o e-mail adout-ch@decex.eb.mil.br Manual Item(Incluir a página afetada) Redação Atual Redação Sugerida Observação/ Comentário FOLHA REGISTRO DE MODIFICAÇÃO (FRM) NÚMERO DE ORDEM ATO DE APROVAÇÃO PÁGINAS AFETADAS DATA INTENCIONALMENTE EM BRANCO ÍNDICE DE ASSUNTOS Pag CAPÍTULO I – GENERALIDADES 1.1 Finalidade .………………………………………...............................…...... 1-1 1.2 Objetivo..........................................................……...............................… 1-1 1.3 Pressupostos básicos …………………………………......….................… 1-1 CAPÍTULO II – DEFINIÇÕES BÁSICAS 2.1 Local de Crime………............................................................................... 2-1 2.2 Distinções entre os locais de crime.................................................…….. 2-1 2.3 Definição de exame de corpo de delito..........................………............... 2.4 Cadeia de custódia...............................................................…................ 2-3 2-3 CAPÍTULO III – CONSIDERAÇÕES JURÍDICAS Generalidades ..........................................….................................................. 3-1 CAPÍTULO IV – CONDUTAS EM LOCAIS DE CRIME 4.1 Crimes contra a pessoa .........……………………..............……................ 4-1 4.2 Autoeliminação (Suicídio).………............................................................. 4-4 4.3 Morte natural ........................................................................................... 4-6 4.4 Crimes contra o patrimônio …….............................................................. 4-6 4.5 Ocorrências de tráfego ............................................................................ 4-10 4.6 Locais de Incêndio................................................................................... 4-13 4.7 Locais de Explosão ................................................................................. 4-17 4.8 Ocorrências com materiais entorpecentes …………............................... 4-19 4.9 Ocorrências com material de informática ………………………............... 4-20 Anexo – Modelo de Termo de Apreensão e Apresentação de Material HISTÓRICO DA ATIVIDADE PERICIAL NO EXÉRCITO BRASILEIRO H-1 INTENCIONALMENTE EM BRANCO EB60-MT-20.401 HISTÓRICO DA ATIVIDADE PERICIAL NO EXÉRCITO BRASILEIRO O advento da atividade policial judiciária nas instituições militares do Brasil teve início a partir do embarque da Força Expedicionária Brasileira (FEB) para os campos da Itália durante a 2ª Guerra Mundial em 1944.1 Ao ser mobilizada a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE), foi criado, em 6 de dezembro de 1943, o Pelotão de Polícia Militar (Pel PM), incluído nas Tropas Especiais daquele grande comando operacional. O Pel PM foi organizado à semelhança do Military Police Platoon do V Exército de Campanha norte-americano, ao qual estava subordinada a FEB. A sua constituição, àquela época, era a duas seções: uma de polícia e a outra de tráfego, cuja missão era disciplinar a tropa embarcada e em campanha.2Ao término do conflito e retornando ao Brasil, o pelotão foi reorganizado, em 27 de outubro de 1945, recebendo a designação de 1ª Companhia de Polícia Militar (1ª Cia PM). Três anos mais tarde, a 1ª Cia PM atuou no controle de danos durante o evento da explo- são do depósito de granadas no bairro de Deodoro, ocorrido no dia 15 de abril. Naquela opor- tunidade, oficiais e praças foram empenhados em isolar a Vila Militar e guarnecer as residên- cias que foram evacuadas por seus moradores. Os militares realizaram o balizamento do trânsito na Vila Militar, congestionada por curiosos e pessoas que trafegavam por aquele local. O Jornal Correio da Manhã registrou, em sua edição do dia 16 de abril: “A Polícia Militar do Exército em ação – grande foi a atividade desenvolvida pela Polícia Militar do Exército. Com as explosões, as famílias dos oficiais e civis abandonaram suas casas. Mesmo os que quiseram permanecer foram aconselhados a procurar lugares mais seguros. Centenas de casas foram abandonadas e escancaradas. Não tiveram seus moradores a calma necessária para trancar as portas e janelas. Tudo ficou ao abandono. Entretanto, a Polícia Militar do Exército entrou em ação, protegendo as casas. Em cada residência aberta, foi colocado um soldado, que só se retirou quando os moradores regressaram. Graças a essa providência, não tiveram os amigos do alheio a oportunidade de agir”.3 A 1ª Companhia de Polícia Militar recebeu, posteriormente, a designação de 1ª Companhia de Polícia Militar do Exército e, após nova reorganização, em 04 de abril de 1951, foi transformada no 1º Batalhão de Polícia do Exército (1º BPE). A atividade pericial, no Brasil, foi implementada pelo 1º BPE ao normatizar, a partir de 11 de setembro de 1957, o primeiro Curso de Investigação Policial e Criminalista, que teve como instrutores os integrantes do Departamento Federal de Segurança Pública, antiga Polícia Civil do Distrito Federal (então na Cidade do Rio de Janeiro/RJ), atual Departamento de Polícia Federal. Em 1960, o repatriamento dos despojos dos soldados expedicionários que se achavam inumados na Itália foi antecedido por uma perícia realizada pela Comissão de Exumação e Acompanhamento dos Mortos do Cemitério de Pistoia. Quatrocentos e sessenta e nove corpos foram exumados, depositados em urnas de madeira e trasladados para o Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial. 1https://jus.com.br/artigos/26364/a-pericia-criminal-militar-no-brasil 2Pinto Júnior, D.V e Barreto, M.P.T. General Zenóbio da Costa, ABI, 1999, p.238. 3Livro Histórico da 1ª Companhia de Polícia do Exército, atual 1º BPE H-1 https://jus.com.br/artigos/26364/a-pericia-criminal-militar-no-brasil https://jus.com.br/artigos/26364/a-pericia-criminal-militar-no-brasil https://jus.com.br/artigos/26364/a-pericia-criminal-militar-no-brasil EB60-MT-20.401 A comissão que assinou as respectivas atas era constituída pelo Gen Div Oswaldo de Araujo Motta, presidente; Cel Art Edson de Figueiredo, Cel Av Francisco Dutra Sabrosa e Ten Cel Art Valmieri Erichesen, assistentes; Ten Cel Med Mário Victor de Assis Pacheco, médico; Ten Cel Int Waston Veiga de Almeida, tesoureiro; e Cap QAO Silvio da Costa Reis, secretário. As atas de exumação foram lavradas em três vias, sendo umapara o arquivo da própria comissão, outra para a Secretaria do Ministério de Estado dos Negócios da Guerra e a última colocada no interior da urna que trouxe cada resto mortal. Nos primeiros anos do século XXI, a perícia e a investigação foram disseminadas no âmbito das Unidades Militares de Polícia de Exército (UMPE) até que, em 20 de dezembro de 2010, foi criado o Curso de Perícia e Investigação Criminal Militar, para oficiais e sargentos. A partir desta data, o curso, que antes era executado nas UMPE, passou a ser centralizado na Escola de Instrução Especializada (EsIE), servindo como marco para a padronização da formação dos peritos e investigadores criminais militares. Em 2016, o curso foi reorganizado e passou a ser realizado, em anos ímpares, para sargentos e, anos pares, para oficiais.O curso de oficiais passou a ser de 40 semanas e o de praças de 32 semanas, com o limite de 20 alunos, tanto para oficiais quanto para sargentos. H-2 EB60-MT-20.401 CAPÍTULO I GENERALIDADES 1.1 FINALIDADE Este Manual de Técnico (MT) tem por finalidade: a) proporcionar orientações jurídicas e técnicas acerca das condutas que devem ser adotadas em locais de crime; b) mostrar a influência que a correta preservação de um local de crime exerce sobre o trabalho pericial e investigativo e, consequentemente, na elucidação de um determinado crime; c) apresentar conceitos básicos sobre preservação de locais de crime, exame de corpo de delito e cadeia de custódia; d) apontar os fundamentos jurídicos que determinam a preservação dos locais de crime e a realização dos exames de corpo de delito; e) descrever os procedimentos corretos para a preservação de um local de crime; f) contribuir para o esclarecimento de dúvidas sobre como agir em um determinado tipo de crime; e g) contribuir para o desenvolvimento da mentalidade de preservação de locais de crime no Exército Brasileiro. 1.2 OBJETIVO Sistematizar procedimentos, responsabilidades e atribuições que propiciem o desenvolvimento e a execução de ações relacionadas à preservação de locais de crime e outras atividades correlatas que criem condições favoráveis para o trabalho dos peritos criminais militares e contribuam para o esclarecimento dos fatos delituosos. 1.3 PRESSUPOSTOS BÁSICOS O Comandante é a Autoridade de Polícia Judiciária Militar de uma Organização Militar (OM). Este, por sua vez, pode delegar seus poderes a um representante legal (Presidente de um Auto de Prisão em Flagrante Delito, Encarregado de Inquérito Policial Militar, Encarregado de Diligências). O Oficial de Dia é o representante legal do Comandante nos dias e horários sem expediente, devendo estar em condições de efetuar prisões em flagrante delito de agentes de fatos criminosos que ocorram durante o seu serviço. Os Aspirantes a Oficial são Praças Especiais e, em virtude disso, não devem ser responsáveis pela lavratura de auto de prisão em flagrante delito. A preservação de um local de crime e a apuração da infração penal são obrigações da Autoridade de Polícia Judiciária Militar ou de seus representantes legais. A correta preservação do local de crime é fundamental para a elucidação da dinâmica do evento em apuração. Tal medida, se negligenciada, poderá acarretar prejuízos irreparáveis à investigação decorrente. Nas infrações que deixam vestígios, é fundamental (e obrigatório) a realização dos exames periciais. Este MT, de conhecimento obrigatório, serve de orientação para as medidas de preservação de locais de crime. Os Comandantes de OM deverão prever instrução(ões) sobre esse assunto para todo o seu efetivo pronto. Vale destacar que qualquer militar poderá se deparar com uma cena de crime, devendo proceder de forma correta no tocante à sua preservação. 1-1 INTENCIONALMENTE EM BRANCO EB60-MT-20.401 CAPÍTULO II DEFINIÇÕES BÁSICAS 2.1 LOCAL DE CRIME De maneira resumida, pode-se definir local de crime como o espaço geográfico onde se consumou uma infração penal ou tenha relação com o fato delituoso. Nestes locais, em decorrência da ação do agente infrator, são deixados vestígios mate- riais (impressões digitais, pegadas, instrumentos de crime, etc) que devem ser periciados no intuito de apontar a autoria da infração cometida e a dinâmica do evento (como ocorreu). Não existe delimitação física para um local de crime. Sua dimensão será de acordo com a dispersão dos vestígios deixados pelo autor da infração, o que influencia no tamanho do isolamento a ser realizado. Os peritos devem analisar todos os vestígios existentes no local de crime. Evidentemente, alguns materiais não terão relação direta com a infração delituosa, sendo descartados, porém, os vestígios que possuem ligação com o crime serão minuciosamente estudados, passando a denominar-se indício. Afere-se que os procedimentos tomados pelos militares que travaram os primeiros con- tatos com o local de crime são fundamentais para evitar a destruição das evidências ou para evitar a contaminação do local com evidências que foram introduzidas após a consumação da ação delituosa. Podem-se citar como por exemplo destes vestígios um cigarro descartado por um curioso, as pegadas deixadas por militares que tiveram livre acesso ao local do crime, etc. Em alguns casos, os vestígios são retirados do local antes da chegada dos peritos. Neste caso, eles não prestarão mais como prova, uma vez que o perito só realiza a do que ele encontra na cena do crime. Não adiantará o militar relatar ao perito que apanhou determinado material no local de crime. O exame do corpo de delito estará irremediavelmente comprometido. “Local de crime constitui um livro extremamente frágil e delicado, cujas páginas, por terem a consistência de poeira, desfazem-se, não raro, ao simples toque de mãos imprudentes, inábeis ou negligentes, perdendo-se, desse modo, para sempre, os dados preciosos que ocultavam à espera da argúcia dos peritos” (RABELO, 1996). Figura 2-1 Perícia sendo realizada em um local idôneo 2.2 DISTINÇÕES ENTRE OS LOCAIS DE CRIME - De maneira geral, existem algumas classificações importantes em relação aos Locais de Crime. Os conceitos a seguir são importantes para a compreensão e para a efetivação do isolamento de um Local de Crime. 2-1 EB60-MT-20.401 2.2.1 Quanto à Preservação do Local. a. LOCAL IDÔNEO: é a denominação do local que foi corretamente preservado e, em função disso, se manteve com as mesmas características e evidências deixadas pelo autor da ação delituosa. Favorece a realização de exames periciais mais precisos. b. LOCAL INIDÔNEO: é a denominação do local que foi alterado em função da ação de curiosos ou de outras pessoas que, de maneira proposital ou não, destroem evidências, subtraem provas ou inserem novos elementos na cena de crime (de forma intencional ou não). É uma situação desfavorável ao perito e pode comprometer os resultados dos exames periciais. Em ambos os casos, o perito realizará os exames forenses pertinentes, porém, quando verificar falhas nos procedimentos de isolamento do Local de Crime, deverá relatar em seu laudo pericial qual era o estado de preservação da Cena do Crime e explicar em que medida o incorreto isolamento do local comprometeu seus exames, conforme parágrafo único do Art 169, do Código de Processo Penal. 2.2.2 Quanto ao Local em si. a. LOCAL INTERNO: é aquele que se encontra em ambiente fechado (uma sala, um galpão, etc). b. LOCAL EXTERNO: é aquele que se encontra fora de edificações ou em vias públicas. Os Locais Internos ou Externos se dividem em IMEDIATOS, que correspondem ao local onde ocorreu o fato em apuração, ou seja, o núcleo da ação do agente, e MEDIATOS, que são as adjacências. Os esforços de preservação devem ser mais contundentes nas áreas imediatas, porém, a Autoridade Policial, ou seu representante legal, deverá atentar para objetos, marcas e manchas encontrados na área mediataque possam ter ligação com a ação delituosa, ocasião em que determinará a ampliação do perímetro da área isolada. ----------- Local Imediato - - - - - - Local Mediato Figura 2-2 Distinção entre local imediato e mediato Recomenda-se que o perímetro do isolamento de uma cena do crime seja consideravelmente grande. É mais fácil diminuir o perímetro do isolamento de uma cena de crime do que ampliá-lo posteriormente, quando vestígios já tiverem sido perdidos e quando a presença de curiosos for maior. 2-2 EB60-MT-20.401 2.3 DEFINIÇÃO DE EXAME DE CORPO DE DELITO A grande maioria das pessoas interpreta que este tipo de exame é aquele realizado em pessoas que sofreram lesões corporais, o que não é verdade. Qualquer exame realizado em uma evidência deixada em um Local de Crime se denomina “Exame de Corpo de Delito”. Desta forma, o exame realizado em uma arma, em uma faca, em uma mancha ou em outro vestígio material que tenha sido empregado ou produzido em uma ação delituosa será alvo de exames periciais. O que se altera é, apenas, a modalidade (finalidade) do exame de corpo de delito. O exame de corpo de delito poderá ser realizado de duas formas: direto, quando faz diretamente no vestígio, ou indireto, quando é feito através de provas testemunhais. Figura 2-3 Exemplo de um tipo de exame de corpo de delito direto 2.4 CADEIA DE CUSTÓDIA A definição e o processamento da cadeia de custódia é outro aspecto relevante para a atividade pericial e para a persecução da ação penal. Em linhas gerais, a cadeia de custódia é o conjunto de procedimentos técnicos e legais que permitirão que os vestígios coletados em uma cena de crime se trans- formem, de forma inquestionável, em provas materiais. Sua finalidade é rastrear o percurso e a manipulação de um vestígio ou evidência, a fim de evitar que a mesma seja adulterada, o que comprometeria a resultado dos exames. A cadeia de custódia se inicia na ação correta dos primeiros militares que tiveram con- tato com a cena do crime. Nesta ocasião, o simples manuseio dos objetos encontrados no local de crime poderá levantar suspeitas sobre a idoneidade de tais vestígios. O perito não pode receber das mãos do militar que estava realizando o isolamento de um local de crime, por exemplo, nenhuma evidência retirada por este militar. Caso fosse aceito, haveria um comprometimento da cadeia de custódia e, consequentemente, uma suspeição acerca da lisura dos resultados finais dos exames. Após chegar no local de crime, o perito registrará, fotografará e realizará a colheita dos vestígios. Estes, por sua vez, serão acondicionados em sacos de evidências, ou outro recipiente mais adequado de acordo com o tipo de vestígio. 2-3 EB60-MT-20.401 Figura 2-4 Colheita e acondicionamento de vestígio Os sacos de evidências são lacrados com etiquetas especiais, que não permitem a abertura do mesmo sem a danificação do lacre, e são repassados à Autoridade Policial, ou a seu representante legal, que realizará a ARRECADAÇÃO daqueles materiais, con- feccionando o termo de apreensão e apresentação de material, conforme o Anexo. Figura 2-5 Formas de embalagens e acondicionamento de vestígios. Nesta ocasião, realizará seus questionamentos (quesitação) sobre a influência de cada um destes materiais na dinâmica do evento, ou seja, o que cada material contribui para a elucidação da ação criminosa. Ao retornar para as mãos do perito, o saco de evidências será deslacrado e serão realizados os exames técnicos e laboratoriais necessários para as respostas aos quesitos formulados. Terminados os exames, os sacos de evidência serão novamente lacrados e remetidos à Autoridade Policial, juntamente com o laudo. Estes materiais deverão ser mantidos nesta situação até que não exista mais a necessidade de exames complementares. 2-4 EB60-MT-20.401 CAPÍTULO III CONSIDERAÇÕES JURÍDICAS GENERALIDADES Este capítulo destina-se a evidenciar alguns Artigos importantes do Código de Processo Penal Militar (CPPM) e do Código de Processo Penal (CPP) no que tange à preservação de um local de crime e da realização de exames periciais. Inicialmente, em seu Artigo 7º, o CPPM define quais autoridades militares exercem as funções de Polícia Judiciária Militar. Verifica-se no item h) que os Comandantes de OM estão relacionados como estas autoridades, conforme abaixo. Art. 7º A polícia judiciária militar é exercida nos termos do art. 8º, pelas seguintes autoridades, conforme as respectivas jurisdições: (....) h) pelos comandantes de forças, unidades ou navios; O mesmo artigo prevê a possibilidade de delegação dos poderes destas autoridades para terceiros, conforme abaixo: § 1º Obedecidas as normas regulamentares de jurisdição, hierarquia e comando, as atribuições enumeradas neste Artigo poderão ser delegadas a oficiais da ativa, para fins especificados e por tempo limitado. De acordo com este artigo, conclui-se que o Aspirante a Oficial, por ser Praça Especial, não deve realizar, por exemplo, um auto de prisão em flagrante delito. O Artigo 12 do CPPM aponta as atribuições da Autoridade Policial Militar, ou de seu representante legal, na preservação do local de crime após a consumação da prática da ação delituosa: Art. 12. Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal militar, verificável na ocasião, a autoridade a que se refere o § 2º do art. 10 deverá, se possível: a) dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e a situação das coisas, enquanto necessário; Neste sentido, o Artigo 169 do CPP é ainda mais esclarecedor, conforme abaixo: Art.169. Para efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. O artigo supracitado destaca, em seu parágrafo único, que os peritos devem registrar as interferências que a preservação deficiente de um local de crime trouxe para as atividades forenses, conforme abaixo: Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos. A atividade Pericial Militar está amparada no CPPM: Art. 48. Os peritos ou intérpretes serão nomeados de preferência dentre oficiais da ativa, atendida a especialidade. Art. 318. As perícias serão, sempre que possível, feitas por dois peritos, especializados no assunto ou com habilitação técnica, observando o disposto no art. 48. Por desconhecimento, algumas Autoridades Policiais Militares solicitam o concurso da Polícia Técnica do Instituto de Criminalística (IC) da cidade onde a OM está sediada. Embora estes IC possam atender tal solicitação, é aconselhável o acionamento da Perícia Militar. Fica evidente pela análise dos artigos do CPPM que se seguem, que a realização de exames de corpo de delito não deve ser alvo do poder discricionário da Autoridade Policial, pois estes exames são OBRIGATÓRIOS nas infrações que deixam vestígios: Art. 328. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 3-1 EB60-MT-20.401 A Autoridade Policial que negligencia o isolamento do local de crime poderá ser responsabilizada, de acordo com o Art 324 do Código Penal Militar (CPM): Art.324. Deixar, no exercício de função, de observar lei, regulamento ou instrução, dando causa direta à prática de ato prejudicial à administração militar: Pena - se o fato foi praticado por tolerância, detenção até seis meses; se por negligência, suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função, de três meses a um ano. COAGIRou SUBORNAR perito constituem-se em crimes previstos nos Artigos 342 e 347 do CPM: Art. 342. Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona, ou é chamada a intervir em inquérito policial, processo administrativo ou judicial militar: Pena - reclusão, até quatro anos, além da pena correspondente à violência. Art.347. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, tradução ou interpretação, em inquérito policial, processo administrativo ou judicial, militar, ainda que a oferta não seja aceita: Pena - reclusão, de dois a seis anos. Da mesma forma, o perito que, fruto de coação ou benefício indevido, omite a verdade ou realiza afirmação inverídica, responde pelo crime de Falsa Perícia: Art.346. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade, como testemunha, perito, tradutor ou intérprete, em inquérito policial, processo administrativo ou judicial, militar: Pena - reclusão, de dois a seis anos. Importante ressaltar que o perito somente realiza exame quando requisitado. Apesar de em algumas guarnições existirem o serviço de perito de dia, não significa que o mesmo ao ser acionado para um local realizará de imediato um laudo pericial. Para isto, há a necessidade de serem formulados os quesitos. Neste sentido, o CPPM em seus Artigos 316 e 317, orienta quanto à formulação de quesitos: Art. 316. A autoridade que determinar a perícia formulará os quesitos que entender necessários. Poderão, igualmente, fazê-lo: no inquérito, o indiciado; e, durante a instrução criminal, o Ministério Público e o acusado, em prazo que lhes for marcado para aquele fim, pelo auditor. Art. 317. Os quesitos devem ser específicos, simples e de sentido inequívoco, não podendo ser sugestivos nem conter implícita a resposta. Deve ser de entendimento de todos que o trabalho do perito é IMPARCIAL, uma vez que o perito age com total autonomia técnica, científica e funcional, sob o risco de desconfigurar a legitimidade da perícia. 3-2 EB60-MT-20.401 CAPÍTULO IV CONDUTAS EM LOCAIS DE CRIME 4.1 CRIMES CONTRA A PESSOA 4.1.1 HOMICÍDIO (Tentativa de Homicídio) Os crimes de homicídio são os que causam maior repercussão e exigem uma série de providências da Autoridade Policial. Podem ser de natureza Dolosa, quando o agente quis produzir o efeito, ou Culposa, quando o agente não desejava produzir o efeito. Em ambos os casos, o Auto de Prisão em Flagrante Delito deverá ser lavrado. Até em situações em que o militar tenha cometido o homicídio em legítima defesa, para evitar, por exemplo, uma invasão ao quartel, a lavratura do APFD poderá ser realizada. Porém, nesta situação, aconselha-se a abertura de IPM e a consulta ao Ministério Público Militar (MPM), a fim de verificar a possibilidade de o indiciado responder ao inquérito em liberdade. Quando um homicídio ocorrer em um PNR ocupado, não caberá à Justiça Militar apurar o crime, uma vez que, quando ocupado, o PNR passa a ser de responsabilidade do cessionário, e não da Administração Militar. Desta forma, o crime será de competência da Justiça Comum, com exceção do homicídio que envolvam dois militares dentro do referido imóvel. PROCEDIMENTOS BÁSICOS O primeiro militar a se deparar com uma cena de crime de homicídio deverá, inicialmente, determinar que o agente da ação delituosa coloque sua arma (ou instrumento do crime) sobre o solo e mantê-lo sob sua custódia. Assim que estiver com a situação sob controle, deverá solicitar apoio dos militares de serviço e realizará um deslocamento em linha reta até a vítima. Somente um militar deverá efetuar este deslocamento. Os demais, caso existam, devem permanecer atentos ao infrator. Esta medida visa, também, o início adequado da preservação da cena do crime. Figura 4-1 Primeiro militar indo em direção à vítima 4-1 EB60-MT-20.401 Verificará se a vítima apresenta sinais vitais (somente isto). Caso positivo, iniciará as medidas básicas de suporte à vida (proteger o ferimento, estancar a hemorragia e evitar o choque). Em horários de expediente, deverá solicitar o acionamento imediato da equipe de saúde da Unidade. A vítima é a MAIOR PRIORIDADE neste tipo de local. Caso o homicídio ocorra em horários sem expediente, deverá analisar, rapidamente, se possíveis ações de remoção da vítima poderão agravar ainda mais o estado de saúde dela. SFC, acionar um socorro de emergência. Caso verifique que a vítima não apresenta sinais vitais, retornará pelo mesmo itinerário realizado anteriormente. Nesta ocasião, fará uma verificação visual nas adjacências do local do crime, a fim de verificar a existência de outras evidências no local, e deverá agir conforme o item acima. Figura 4-2 Retornando pelo mesmo itinerário Não se deve retirar o cadáver do local e nem limpar a cena do crime. Alguns militares alegam terem lavado uma cena de crime no intuito de não impressionar o restante da tropa. Isso é uma adulteração do local de crime e será relatado no laudo. Se for o caso, deve-se aumentar a área de isolamento, de forma que ninguém tenha contato visual com a vítima. Não se deve manusear o armamento que efetuou o tiro. Deve-se deixá-lo sobre o solo, da maneira como foi encontrado. Alguns militares realizam os procedimentos de seguran- ça no armamento para evitar acidentes. Tal medida será desnecessária se o local estiver isolado (sem a presença de curiosos) e guarnecido por uma sentinela. A posição dos regis- tros de segurança do armamento é importante para a caracterização do crime cometido. Deverá providenciar o isolamento do local do crime. Todos os acessos devem ser interrompidos. Qualquer material poderá ser utilizado (cordas, bancos, tábuas, etc). O importante é caracterizar a interdição do local. Caso esteja chovendo, deve-se proteger o cadáver e a cena do crime da melhor maneira possível (montar uma tenda ou estender uma lona sobre o local, por exemplo). Não se deve permitir o trânsito de pessoas de maneira desordenada no local de crime. Quando da chegada do médico para atestar o óbito, o acesso deve ser realizado pelo mesmo itinerário realizado pelo primeiro militar que chegou na cena do crime. O mesmo se aplica ao Comandante da OM, embora seja desaconselhável que o mesmo adentre na área isolada. A lavratura do APFD do autor da ação delituosa deve ser iniciada, caso ele tenha sido encontrado na cena do crime. Caso não tenha sido identificado, iniciar a busca pelo aquartelamento, uma vez que o autor ainda estará em situação de flagrante delito. 4-2 EB60-MT-20.401 Não permitir que o autor do delito tome banho ou lave as mãos até a chegada dos peritos criminais, que deverão colher resíduos de pólvora na epiderme do mesmo. Tal exame depende da autorização do preso para ser realizado. Realizar a apreensão das vestes (farda) do autor do crime. Este material também pode conter resíduos de pólvora e devem ser periciados. Não permitir que os familiares da vítima, caso compareçam ao quartel, tenham acesso à cena do crime. Isso poderá prejudicar a preservação do local e comprometer a correta elucidação dos fatos Solicitar a remoção do corpo da vítima para o serviço de medicina legal. Os procedimentos descritos anteriormente iniciam com a chegada do primeiro militar na cena do crime, porém, é fundamental que os Oficiais e Sargentos assumam a condução dos trabalhos com a maior brevidade possível. O Oficial de Dia é o representante legal do Poder de Polícia do Comandante da OM na ausência deste. A sequência das ações descritas poderá sofrer pequenas alterações. Contudo, a execução dos procedimentos, independentemente de uma sequência rígida,é o mais importante. 4.1.2 LESÃO CORPORAL As lesões corporais podem ter origens diversas. Um disparo ou tiro de arma de fogo, um atropelamento no interior do quartel, uma luta corporal decorrente da discussão entre dois militares, a queda de algum material sobre um militar ou, até mesmo, uma lesão causada em uma partida de futebol. Uma lesão corporal pode ter origem em outra ação delituosa (uma tentativa de homicídio, por exemplo). As oitivas dos militares diretamente envolvidos e das testemunhas são muito importantes para o entendimento do fato. Como ressaltado anteriormente, poderá ocorrer uma lesão corporal em decorrência de um atropelamento no interior da Unidade. Neste caso, a preservação do local seguirá os procedimentos descritos no subitem 4.5. Deve ser dada atenção aos “trotes” (castigos físicos) que são perpetrados por militares em novatos que chegam aos aquartelamentos. Embora tal atitude seja reprovada de maneira veemente pela Força Terrestre, tal fato poderá ocorrer. Chinelo Fio (chicotada) Cassetete Unhas Figura 4-3 Exemplos de lesão corporal 4-3 EB60-MT-20.401 PROCEDIMENTOS BÁSICOS O primeiro militar a se deparar com uma cena de crime de Lesão Corporal deverá, inicialmente, determinar que o agente da ação delituosa coloque o instrumento do crime sobre o solo. Em caso de luta corporal entre militares, deverá separar os contendores para, após isso, avaliar a extensão das lesões corporais produzidas em ambos. Em muitas circunstâncias, a vítima abandonará o local do crime por iniciativa própria ou será conduzida por militares que presenciaram o fato, visando a busca pelo atendimento médico. O Ideal é que os militares que presenciaram o ocorrido iniciem os procedimentos de preservação do local. Porém, se isso não ocorrer, a Autoridade Policial deverá se dirigir até o local do crime e realizar a preservação do mesmo. O local do crime poderá apresentar-se em desalinho, mostrando ter ocorrido uma movimentação violenta, e não deve ser arrumado. Instrumentos utilizados na produção das lesões devem ser encontrados e mantidos no local. Encontrar o instrumento utilizado para perpetrar a ação delituosa é importante, pois muitos deles deixam “assinaturas” características na epiderme da vítima. Isso permitirá que o perito comprove, cientificamente, que o material se trata do instrumento do crime. Vários exames poderão ser realizados nestes materiais com a finalidade de encontrar vestígios biológicos da vítima ou do agressor, ou de ambos. O Médico Legista, através da análise das feridas da vítima, poderá apontar as características do instrumento do crime. Desta forma, a materialidade do instrumento contribuirá para esclarecimento dos fatos. O encaminhamento da vítima após o atendimento médico inicial para a realização de exame de corpo de delito é fundamental. Este exame deve ser repetido após trinta dias do fato que gerou a lesão corporal. Neste segundo exame, a autoridade policial militar deverá se preocupar em verificar se a lesão ocasionada resultou em algum tipo de deficiência ou incapacidade na vítima, e se é permanente ou não. Esta constatação implica na definição do tipo de lesão corporal produzida. Caso as vestes da vítima e do agressor estejam rasgadas, em caso de luta corporal as mesmas devem ser apreendidas pela Autoridade Policial. Caso a lesão corporal seja de natureza culposa, decorrente, por exemplo, do derramamen- to de algum líquido quente sobre a vítima ou da queda de algum material pesado sobre os pés da mesma, a preservação do local será importante para identificar possíveis falhas estru- turais nos equipamentos ou recipientes que continham os materiais que geraram as lesões. 4.2 AUTOELIMINAÇÃO (SUICÍDIO) O suicídio não se caracteriza como um crime contra a pessoa, mas instigar, auxiliar ou induzir alguém a cometê-lo corresponde ao tipo penal previsto no Art 207 do CPM, se a vítima, de fato, põe fim à sua vida. Por outro lado, poderá ser responsabilizado se, ao tentar o suicídio (sem sucesso), ocasionar danos a outras pessoas ou a instalações do aquartelamento. O perito criminal, até finalizar seus exames no local, não poderá afirmar que a extinção de uma vida foi ocasionada por homicídio, suicídio, acidente ou morte natural, e dependerá, em muitos casos, de exames laboratoriais complementares. Os suicídios ocorridos no interior de PNR ocupado, da mesma forma como foi explicado no crime de homicídio, são de competência da Justiça Comum, uma vez que o imóvel está sob a administração do cessionário e não da Militar. PROCEDIMENTOS BÁSICOS Deverá proceder conforme especificado no item homicídio. Porém, um local de suicídio apresenta características particulares e as observações abaixo devem ser alvo de muita atenção por parte dos militares que irão preservar a cena. 4-4 EB60-MT-20.401 A vítima, no intuito de ter sucesso na sua autoeliminação, poderá se trancar em uma instalação. Tal iniciativa fará com que o militar que chegue ao local seja impelido, por exemplo, a arrombar a porta da referida dependência. Se isto ocorrer, a Autoridade Policial e o Perito de Local devem ser informados. Da mesma forma, é natural que a vítima produza uma carta onde justificará os motivos de ter retirado a própria vida. Geralmente, tal carta é deixada de maneira exposta ou são colocadas, por exemplo, em um dos bolsos do uniforme (ou das vestes). NÃO MANIPULAR TAL MATERIAL. Ao subtrair da cena tal vestígio, o militar estará dificultando os exames grafotécnicos que poderiam ser realizados no mesmo. Vale ressaltar que o papel é um excelente suporte para impressões digitais e, desta forma, o militar (por curiosidade) irá sobrepor suas impressões digitais. Figura 4-4 Primeiro militar mexendo erradamente na vítima O instrumento utilizado para cometer o suicídio deve ser mantido no local (pode ser uma arma, uma faca, uma corda, um veneno, um remédio de uso controlado, etc). Tanto o perito de local quanto o Médico Legista analisarão as lesões e suas ligações diretas com o instrumento utilizado, e ajudará na determinação da dinâmica do evento. Em nenhuma hipótese, deve-se limpar os ferimentos existentes no cadáver. Tal atitude, se realizada, poderá dificultar a visualização dos efeitos secundários do tiro, que permitem que o perito possa avaliar a distância em que foi efetuado o disparo. Geralmente, nos suicídios perpetrados com arma de fogo, os tiros são realizados com a arma encostada ou a curta distância. Em casos de enforcamento, uma das formas de asfixia, será necessário, caso a vítima esteja viva, retirá-la da amarração realizada para prestar-lhe o socorro. Caso seja preciso cortar a corda ou outro material utilizado à guisa de corda, as amarrações superiores e o pedaço que estava asfixiando a vítima deverão ser guardados. Isso permitirá que o perito analise a confecção do nó e que possa avaliar se a vítima estava em suspensão total no momento do enforcamento. É natural neste tipo de morte que a vítima, nos momentos que antecedem a ação, suba em uma escada ou cadeira e depois a derrube a fim de que a amarração realizada comece o processo de asfixia. O militar deve deixar estes objetos da forma como foram encontrados, salvo se necessitar usá-los para socorrer a vítima. Caso a vítima esteja sem sinais vitais, deixá-la em suspensão ou da maneira como a encontrou. ERRADO 4-5 EB60-MT-20.401 Figura 4-5 Exemplo de um enforcamento. 4.3 MORTE NATURAL A morte natural é decorrente de problemas patológicos da vítima. Poderá ser decorrente, por exemplo, de um infarto, de uma arritmia cardíaca, de um acidente cardiovascular (AVC), etc. Evidentemente, após apurados os fatos, nenhuma pessoa poderá ser responsabiliza- dapelo acontecido, a não ser que tenha deixado de prestar o socorro devido à vítima. Diferencia-se do homicídio e do suicídio pelo fato de a vítima não apresentar lesões aparentes. Da mesma forma, não se encontram os instrumentos que normalmente seriam utilizados nos homicídios e nos suicídios (armas, facas, etc). Contudo, a vítima, quando em estado agonizante, poderá, de maneira involuntária, causar desalinho na instalação que ocupava, aparentando ter ocorrido uma luta no recinto. De maneira geral, os procedimentos serão executados conforme o que foi apresentado para os casos de homicídios e suicídios. 4.4 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 4.4.1 FURTO O crime de furto está tipificado nos Artigos 240 e 241 do Código Penal Militar. Por se tratar de um crime onde, em diversas ocasiões, torna-se difícil apontar a autoria do delito, as apurações de tais infrações são, por muitas vezes, negligenciadas. Evidentemente, todas as medidas preventivas executadas no sentido de incrementar a segurança orgânica das instalações como, por exemplo, um monitoramento de vídeo de áreas sensíveis e campanhas de conscientização do público interno da OM acerca dos cuidados com os pertences particulares são louváveis, e devem ser realizadas. Embora compreenda-se que a apuração deste tipo de infração penal possa ser trabalhosa e, algumas vezes, infrutífera, a produção de provas materiais (objetivas) e uma investigação eficiente servirão para inibir a ação de futuros infratores, contribuindo para a diminuição do número de delitos desta natureza. Se no decorrer das apurações o material do furto for recuperado, o mesmo deverá ser apreendido pela Autoridade Policial, passando a se constituir em peça do processo administrativo, devendo ser confeccionado um auto de apreensão e apresentação, conforme Anexo. 4-6 EB60-MT-20.401 A restituição do material ocorrerá conforme o Art 191 do CPPM: Art. 191. A restituição poderá ser ordenada pela autoridade policial militar ou pelo juiz, mediante termo nos autos desde que: a) a coisa apreendida não seja irrestituível; b) não interesse mais ao processo; c) não exista dúvida quanto ao direito do reclamante. A vítima de furto, muitas vezes, demora a perceber que seu bem material ou o bem material da União que estava sob sua responsabilidade foi subtraído. Em virtude disso, a contaminação do local, infelizmente, é frequente. Os procedimentos descritos abaixo contribuem para a realização dos exames periciais e, consequentemente, para o sucesso das apurações. PROCEDIMENTOS BÁSICOS Ao constatar a falta do material, deverá, imediatamente, acionar o pessoal de serviço ou o militar mais graduado responsável pela Seção furtada (Encarregado de Material, Comandante de Subunidade, Oficial de Dia, etc). O local deve ser isolado, verificando-se a existência de outros vestígios importantes no local (alicates, chaves de fenda, cadeados rompidos, marcas ou impressões de calçados, vestígios biológicos que podem ter sido deixados pelo autor do crime, possíveis locais de acesso do autor do crime, etc). Desta forma, recomenda-se o isolamento de uma área grande que possa englobar os pontos de acesso possíveis (portas, janelas, telhados, etc) e nenhum material deve ser recolhido. Os vestígios mais importantes de um local de furto são as impressões digitais e a constatação do instrumento utilizado. Por exemplo, para o rompimento de algum lacre (um alicate utilizado para cortar um cadeado, um pé de cabra, uma chave de fenda, etc). A vítima, ao suspeitar da possibilidade da ocorrência do furto, deve evitar ao máximo tocar nas superfícies onde estavam guardados os materiais furtados. Figura 4-6 Militar tocando equivocadamente na superfície onde estava o material furtado Caso tenha que abrir um armário ou porta que estejam arrombados para constatar a consumação do furto, deverá fazê-lo com as mãos calçadas (por luvas, sacos plásticos, etc), a fim de evitar a sobreposição de impressões digitais. É importante, também, que evite realizar tal procedimento da maneira como ele naturalmente seria executado, agindo na maçaneta da porta, por exemplo. 4-7 EB60-MT-20.401 Figura 4-7 Perito analisando uma porta arrombada de maneira cuidadosa. O militar responsável pelo isolamento do local deverá ter especial cuidado com marcas e impressões de calçados. Muitas vezes, o desenho do solado do calçado do infrator ou deformidades observadas na sola, visíveis nas marcas e nas impressões, poderão contribuir decisivamente para a elucidação do fato. Em algumas ocasiões, ao forçar sua entrada em alguma dependência, o autor da infração poderá se ferir deixando no local vestígios biológicos (sangue, por exemplo). Esse vestígio, além de permitir a identificação por intermédio de exames genéticos, contribuirá para que o investigador possa procurar por militares que apresentam ferimentos recentes, incluindo-os na lista de suspeitos. Em relação a cadeados cortados, é possível, caso se encontre uma ferramenta de corte na posse de algum suspeito, realizar exames comparativos no corte efetuado no cadeado encontrado no local (questionado) com o corte produzido propositalmente em outro cadeado do mesmo modelo e tamanho, utilizando a ferramenta encontrada na posse do suspeito. Figura 4-8 Coleta de uma marca de calçado Por ocasião da chegada dos peritos criminais, todos os procedimentos executados devem ser narrados pelos militares que ficaram responsáveis pelo isolamento no local. A autoridade policial, ou seu representante legal deve iniciar os trabalhos investiga- tivos. Para isso, providenciará a identificação de testemunhas que possam contribuir para a elucidação do delito. 4-8 EB60-MT-20.401 4.4.2 DANO O crime de Dano está previsto nos Artigos 259 ao 266 do Código Penal Militar. São exemplos de crimes de dano: a) um militar que, em área sob a administração militar, produz danos no carro de outro militar (arranhar, quebrar para-brisas, incendiar o automóvel, etc) por vingança. Caso o de- lito praticado tenha relação com as funções militares, será considerado como crime militar; b) destruição, inutilização ou deterioração, intencional ou não, de algum material de emprego militar; c) a demolição, mesmo que parcial, de alguma edificação militar que foi atingida por uma viatura conduzida por um motorista imprudente; d) o sumiço de materiais que, estando sob a responsabilidade de alguém, desaparece, não sendo possível comprovar sua destruição, inutilização ou deterioração; e) outros. Figura 4-9 Dano causado a uma instalação No exemplo da figura 4-9, existem duas hipóteses a serem estudadas. A primeira, trata-se de uma simples colisão não intencional com o muro do quartel, situação que não configura crime, porém configura dano ao erário. A segunda hipótese, pode se tratar de um ato intencional de invadir o quartel, o que configura crime. Um acidente de trânsito que danifica uma viatura militar pode ser enquadrado no crime de dano, mesmo que o autor não tenha desejado os efeitos de maneira dolosa. Contudo, na Legislação civil, não existe a tipificação do dano culposo. Desta forma, os procedimentos a serem executados em acidentes de trânsito sem vítimas foram estabelecidos pelo Comandante da Força no ano de 2010 por intermédio das IG 10-44. Tal assunto será tratado no subitem 4.5 deste Manual. PROCEDIMENTOS BÁSICOS O local de crime de dano deve ser isolado, de maneira a evitar o trânsito de pessoas e para impedir que as mesmas venham a sofrer ferimentos causados por materiais que possam se desprender de instalações ou materiais danificados. A perícia deve, evidentemente, ser acionada antes do reparo no material ou da instalação danificada. O perito fará a constatação do dano e indicará a formacomo o mesmo foi perpetrado, não cabendo ao mesmo orçar o valor do dano causado. Da mesma forma, não cabe ao perito definir se o material danificado foi destruído, depreciado ou inutilizado. Dependendo do caso, somente o técnico daquele equipa- mento poderá avaliar a extensão das avarias, também por parecer técnico. Após realizada a perícia, a Unidade poderá, se for o caso, reparar a instalação ou mate- rial danificado. Todos os comprovantes de despesas devem ser anexados aos autos. 4-9 EB60-MT-20.401 4.5 OCORRÊNCIAS DE TRÁFEGO As ocorrências de tráfego envolvendo viaturas militares se constituem na maior demanda de trabalho para os peritos militares. As IG10-44 são bastantes esclarecedoras em relação aos procedimentos que devem ser seguidos em casos de ocorrências de tráfego. A leitura de tal documento deve ser obrigatória para os quadros. Estas IG buscam identificar as causas dos acidentes e a identificação dos responsáveis pelo mesmo. Buscam, ainda, indicar os passos para a instauração de procedimento administrativo e para o ressarcimento dos danos. Figura 4-10 Exemplo de acidente com viatura Nestes tipos de ocorrência, a perícia é um importante vetor para o correto esclare- cimento do sinistro em apuração, porém é importante observar o que a legislação prescreve, conforme a Lei Nr 6174, de 9 DEZ 1974: Art. 1º O disposto nos artigos 12, alínea a, e 339, do Código de Processo Penal Militar, nos casos de acidente de trânsito, não impede que a autoridade ou agente policial possa autorizar, independente de exame local, a imediata remoção das vítimas, como dos veículos envolvidos nele, se estiverem no leito da via pública e com prejuízo de trânsito. Parágrafo único. A autoridade ou agente policial que autorizar a remoção facultada neste artigo lavrará boletim, no qual registrará à ocorrência com todas as circunstâncias necessárias a apuração de responsabilidades, e arrolará as testemunhas que a presenciaram, se as houver. Contudo, sempre que possível, os locais de ocorrências de tráfego com vítima, e até mesmo sem, devem ser preservados a fim de facilitar a realização dos exames periciais. As viaturas militares, por se tratarem de um bem da União (patrimônio público), o exame pericial é importante para o processo administrativo de ressarcimento do dano ou para a correta avaliação da responsabilidade criminal dos envolvidos. 4-10 EB60-MT-20.401 Figura 4-11 Foto de um perito fazendo o local Conforme preconiza o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), em seu Art 301, o motorista que prestar socorro imediato à vítima não poderá ser preso em flagrante. Desta forma, é importante que todos os militares tenham a convicção de que socorrer a vítima é a coisa mais correta a se fazer. O laudo pericial é um dos documentos previstos a serem juntados aos autos da sindicân- cia ou ao IPM instaurado, conforme previsto na letra b, do inciso I, do Art 4º, das IG 10-44. Ao perito criminal cabe apontar no laudo pericial as causas determinantes e concorrentes para o acidente. Para isso, se pautará por cálculos matemáticos e pela análise das sinalizações horizontais e verticais existentes. Ressalta-se, porém, que o perito não realizará exames na parte mecânica da viatura, cabendo esta parte ao responsável pelo Parecer Técnico. Do acima exposto, podem ocorrer situações em que o Parecer Técnico contribua para inocentar um condutor que havia sido responsabilizado pela perícia de local. Isso não indica que o exame de local foi mal realizado e sim que apareceram novos elementos que não poderiam ser levantados pelo perito no local do acidente. Em alguns casos, a Reprodução Simulada dos fatos (reconstituição) pode ser utilizada para a elucidação do evento em apuração, a fim de confirmar o que foi narrado pelos depoentes. Poderá ocorrer situações onde sejam instaurados dois inquéritos em esferas diferentes, na Justiça Comum e na Justiça Militar. Caberá ao MPM e às Autoridades Judiciárias definirem, a posteriori, a competência do processo em apreço. Nesta situação, a Justiça Comum deverá declinar a competência para a Justiça Militar, ou vice-versa, conforme o caso. PROCEDIMENTOS BÁSICOS a.Acidentes de trânsito sem vítimas - O Chefe de viatura, o motorista ou qualquer outro militar deverá, de imediato, realizar a sinalização e o balizamento do acidente. Isso evitará que outros veículos venham a colidir com as Unidades de Tráfego (UT) que estão paradas, o que poderia potencializar o acidente. - O militar mais graduado deverá se certificar de que não existem feridos no acidente em questão e informar o acidente à Unidade Militar à qual pertence a viatura, solicitando o acionamento da equipe pericial e da Polícia Militar. - Dentro do possível, levantar nome, endereço e telefone de contato de testemunhas que tenham presenciado o acidente. Elas podem ser úteis por ocasião das apurações. 4-11 EB60-MT-20.401 - Caso uma das UT tenha produzido uma marca de frenagem no pavimento, a sinali- zação e o balizamento deverão proteger tais vestígios. Isso evitará que motoristas de- satentos acionem o sistema de freio sobre as marcas de frenagem produzidas no mo- mento do acidente, sobrepondo, desta forma, as referidas marcas. - Dentro do possível, deverá controlar o fluxo de veículos na via, evitando, desta forma, remover as UT do local. Nesta ocasião, poderá verificar a possibilidade de desviar o trânsito para alguma rua paralela à via onde ocorreu o acidente, mantendo a fluidez do trânsito. - Quando da chegada dos policiais militares, informará sobre a necessidade do comparecimento da Perícia Militar ao local, tendo em vista que a Viatura pertence ao patrimônio da União. Caso seja orientado pelos policiais a remover as UT, deverá marcar no pavimento a posição dos pneumáticos e fotografará, de vários ângulos, o local do acidente. Isso facilitará o trabalho pericial. Figura 4-12 Marcação da posição dos pneumáticos da Vtr - Não retirar do pavimento os fragmentos decorrentes da colisão. Eles marcam o “Sítio de Colisão” e são importantes para que o perito possa analisar a dinâmica do evento em apuração. Apenas as peças maiores que podem comprometer o trânsito devem ser retiradas. - A viatura deverá ser encaminhada (pelo sindicante ou Encarregado do IPM) para especialistas que possuam condições para realizar o Parecer Técnico. Tal exame se destina a verificar se a viatura, no momento do acidente, pode ter apresentado alguma falha mecânica que possa ter contribuído para o acidente (uma falha no sistema de freios, uma fratura de uma peça do veículo, etc). b. Acidentes de trânsito com vítimas - Deverá realizar todos os procedimentos descritos para acidentes de trânsito sem vítimas. - Iniciará os procedimentos de socorro às vítimas e fará o acionamento do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU) e da Polícia Militar do Estado. - Colaborar com a equipe do SAMU no sentido de apoiar os procedimentos para o socorro às vítimas. - Caso seja requerido o comparecimento dos militares na Delegacia de Polícia Civil a fim de prestar esclarecimentos, aguardará a chegada de outros militares da OM para que a viatura não fique abandonada no local do acidente. Após isso, os militares deslocar-se-ão para a Delegacia e prestarão esclarecimentos à Autoridade Policial. Nesta ocasião, se possível, o Assessor Jurídico da OM ou um Oficial do Estado-Maior da Unidade deve acompanhar as inquirições, dependendo de autorização do delegado. - Instaurar Inquérito para apurar o fato. 4-12 EB60-MT-20.401 4.6 LOCAIS DE INCÊNDIO Os locais de incêndio, assim como os locais de explosão, apresentam características que dificultam, por si só, a realização dos trabalhos periciais pertinentes. Nestes locais, as prioridades são o socorro às vítimas e a contenção dos danos e, destaforma, as alterações no estado das coisas são naturalmente realizadas, o que dificulta a atividade forense. Figura 4-13 Instalação de OM incendiando Em um incêndio, por exemplo, as ações de combate ao fogo e sua completa extinção por intermédio das tarefas de rescaldo acarretam alterações no local do crime em decorrência da força dos jatos de água utilizados para apagar as chamas e devido à necessidade de revirar escombros para apagar fogos não visíveis. Vale destacar que, dependendo da magnitude do incêndio, a edificação consumida pelo fogo pode simplesmente desabar e, desta forma, sobrepor materiais sobre as evidências. Por questão de segurança, a atividade de colheita e análise de evidências só terá início após a liberação da área pelos Bombeiros Militares ou outro grupamento que tenha realizado o combate às chamas. Os incêndios, na maioria das vezes, eclodem fruto de algum material elétrico que foi deixado ligado por períodos prolongados (cafeteira, ventilador, etc). Tal situação pode acarretar, por exemplo, o derretimento do material em apreço e ocasionar curtos- circuitos elétricos. Em alguns casos, vários equipamentos elétricos são ligados, de forma negligente, em uma mesma tomada. Tal medida gera uma sobrecarga da tomada, com consequências como aquecimento e desgastes dos fios, choques elétricos, curtos- circuitos, queima de equipamentos, desperdício de energia e até incêndios. 4-13 EB60-MT-20.401 Figura 4-14 Exemplo de uso excessivo em uma mesma tomada Vale ressaltar que diversos quartéis estão instalados em edificações antigas que, por sua vez, foram dimensionadas para um consumo elétrico inferior às demandas atuais. Estas edificações, em muitos casos, podem apresentar quadro de disjuntores obsoletos e ineficazes que podem não atuar de maneira satisfatória sobre a rede elétrica. Os incêndios podem ter origem em um ato premeditado. Algum militar, por motivos diversos, pode desejar incendiar uma instalação a fim de beneficiar-se de tal sinistro. Deve-se evitar o termo “incêndio criminoso” ao referir-se a um incêndio intencional. É importante destacar que incêndios ocasionados por negligência, imprudência e imperícia, mesmo que de natureza culposa (sem dolo), se incluem na categoria de incêndios criminosos. Identificar o foco do incêndio irá permitir a avaliação se a ação delituosa se constituiu em um dano culposo ou doloso. Em algumas circunstâncias, poderá ter ocorrido um fato imprevisível que não acarretará responsabilidades penais para nenhuma pessoa. Os incêndios em viaturas militares, da mesma forma, se apresentam repletos de complexi- dades, principalmente quando ocorre uma destruição de grandes proporções no referido auto. Em função das características de cada tipo de viatura, que abrangem desde viaturas admi- nistrativas até viaturas blindadas, o perito deverá dispor de um conhecimento apurado sobre o funcionamento dos diversos sistemas automotivos. Neste ponto, o apoio de militares espe- cializados em cada tipo de viatura será de grande valia para o esclarecimento da verdade. Antes de se iniciar a perícia em uma viatura incendiada, é importante definir, evidentemente, se a fonte de calor que causou o incêndio teve início na viatura. O preparo de rações operacionais e o acendimento de fogueiras em áreas de estacionamento podem comprometer a segurança dos veículos. PROCEDIMENTOS BÁSICOS a. Em Instalações - A Autoridade Policial ou seu representante deverá, após controlar o incêndio e socorrer as vítimas, restringir o acesso à área danificada em razão do sinistro. Isso irá ajudar na preservação do local e evitar que pessoas sejam feridas por partes que se desprendam das instalações. - Determinar o corte de energia elétrica para a instalação afetada, caso ainda não tenha sido realizado. De preferência, deverá realizar o corte de energia em uma chave geral da Unidade, a fim de evitar que a caixa de disjuntores da instalação danificada seja manipulada antes dos exames periciais pertinentes. - Iniciar o processo de identificação e oitiva das testemunhas, a fim de nortear os trabalhos periciais. Embora o perito não possa se prender a provas subjetivas, as informações repassadas pelos militares que trabalhavam na repartição danificada e os depoimentos das pessoas que participaram do combate inicial às chamas poderão ser valiosos. Abaixo encontram-se alguns tipos de questionamentos importantes: 4-14 EB60-MT-20.401 Onde foram notados os primeiros sinais de fumaça e as primeiras chamas? Existia alguém no interior da instalação no momento do início do incêndio? Qual foi o horário? Alguém iniciou o combate às chamas? Como estavam dispostos os materiais no interior da instalação? Quais eram os materiais de fácil combustão existentes no local (papel, mantas, lençóis, cortinas, etc)? Existia algum material inflamável acondicionado no interior da instalação? Em qual quantidade? Qual o horário de acionamento do Corpo de Bombeiros? Que hora se iniciou o combate às chamas por estes? Foi necessário arrombar alguma porta ou janela para facilitar o combate ao incêndio? Havia energia elétrica no local? A instalação estava abandonada ou era frequentemente utilizada? Era utilizado algum meio não convencional para iluminação do local (lamparinas, velas, lampiões, etc)? Como estava a situação da rede elétrica da instalação (subdimensionada, reformada recentemente, apresentando constantes incidentes elétricos)? A caixa de disjuntores foi alterada por alguém? Quem? Quem está responsável pelo isolamento e preservação do local? É importante determinar que se providenciem fotos recentes da área incendiada, caso existam, a fim de avaliar como os materiais estavam dispostos na seção (mobiliário, cortina, forro, arquivos, livros, etc). Da mesma forma, deverá determinar que se providencie a planta baixa e a planta elétrica da instalação danificada. A Autoridade Policial deverá, se for o caso, realizar o acionamento da Comissão Regional de Obras (CRO) da Região Militar à qual a Unidade está vinculada ou subordinada. Poderão ser necessárias avaliações técnicas por Engenheiros Militares para verificar a situação estrutural da edificação incendiada. Laudos complementares também poderão ser realizados no sentido de levantar como se encontravam as insta- lações elétricas da referida instalação. Não remover materiais do interior da instalação. Tal medida poderá dificultar a identificação do(s) foco(s) do incêndio por parte do perito. Poderá, da mesma forma, dificultar a busca e identificação de acelerantes (gasolina, álcool, querosene, etc) que possam ter sido utilizados em um incêndio criminoso. Em relação aos acelerantes, é importante destacar que eles são muito utilizados em incêndios criminosos, porém, podem ser identificados pelo perito em partes que, pela falta de oxigênio, não foram plenamente consumidas pelo fogo (frestas do assoalho, partes internas de livros, estofados, etc). O forro da instalação, em madeira ou PVC, também não deve ser retirado antes dos exames periciais. O desprendimento destes materiais poderá causar focos secundários de incêndio e, caso sejam retirados do local prematuramente, poderão criar a impressão de que o incêndio foi criminoso, pela multiplicidade de focos sem explicação lógica. Preservar as janelas e portas de vidro, bem como seus fragmentos. O depósito de fuligem e a maneira como se fragmentaram podem passar informações importantes acerca da velocidade de propagação das chamas. Vale ressaltar que uma maior velocidade de propagação pode indicar o uso criminoso de acelerantes. O mobiliário e as madeiras em geral, quando expostas ao fogo, podem passar a apresentar um fenômeno chamado alligatoring, onde suas superfícies se assemelham ao couro de um crocodilo. A maneira como este fenômeno se apresenta nestes materiais também pode indicar o uso, ou não de acelerantes. 4-15 EB60-MT-20.401 Figura 4-15 Madeira exposta ao fogo As manchasde fuligem existentes nas paredes também devem ser preservadas. Elas são valiosas para a localização do foco do incêndio e para uma análise de como ocorreu a propagação das chamas. Não remover materiais eletrodomésticos e materiais eletrônicos dos locais em que foram encontrados após o incêndio, mesmo que estejam danificados, pois estes materiais podem ter ligação direta com o incêndio. Não remover a fiação da instalação danificada pelo fogo. Identificar se um curto- circuito foi causa ou efeito de um incêndio requer uma análise minuciosa dos condutores de eletricidade. O quadro de disjuntores também deve ser preservado, caso não tenha sido danifi- cado por ocasião do combate às chamas. O perito precisará verificar a amperagem de cada um dos disjuntores e em qual posição cada um deles foi encontrado por ocasião dos exames periciais (ON, OFF ou DESARMADO). Esta última posição poderá indicar um problema na rede elétrica que pode ter ligação direta com o incêndio. Não remover a(s) vítima(s) fatal(is) até a liberação das mesmas pelos peritos de local. b. Em veículos Após o socorro às vítimas, caso existam, e a contenção do sinistro, os ocupantes da viatura deverão efetuar o balizamento do trânsito, no caso do incêndio ter ocorrido em vias públicas, para possibilitar um exame de local nas melhores condições possíveis. Em princípio, a viatura não deve ser removida do local ou de suas imediações. Caso seja necessário, removê-la da via para não comprometer a fluidez do trânsito. O perito, antes de qualquer coisa, deverá analisar se a origem do incêndio se deu na viatura ou se teve causas externas. A manutenção da viatura no local também se faz necessária para que o perito possa avaliar os danos causados a terceiros (outros veículos, edificações próximas, etc). Após o exame do local, a viatura deverá ser removida para a Unidade à qual pertence, e a Autoridade Policial mandará instaurar um parecer técnico por militares especializados, a fim de que sejam verificadas, dentro das possibilidades, como se encontravam o sistema de alimentação, o sistema elétrico ou qualquer outro sistema da viatura que possa ter dado causa ao incêndio. As testemunhas, a exemplo do que foi tratado na seção anterior, devem ser inquiridas com a maior brevidade possível. A Autoridade Policial deve levantar junto ao Batalhão Logístico, ao Parque Regional de Manutenção ou outro órgão competente, se o modelo de viatura incendiada já apresentou algum histórico de falhas mecânicas e, ainda, se tais falhas já ocasionaram incêndios em datas pretéritas. Assim como no incêndio em instalações, a identificação do foco do incêndio e a marcha das chamas são fundamentais para a elucidação do sinistro. 4-16 EB60-MT-20.401 4.7 LOCAIS DE EXPLOSÃO Dependendo do tipo de ocorrência, as perícias em locais de explosão podem ser bastante complexas. Existem quatro tipos de explosão: explosão química, explosão mecânica, explosão elétrica e a explosão nuclear. No cotidiano militar e na rotina administrativa das Unidades, as explosões químicas e mecânicas são as mais prováveis de ocorrerem. As explosões químicas são decorrentes de uma reação química extremamente veloz que ocasiona um aumento exponencial da pressão que, por sua vez, gera uma potente onda de choque (deslocamento do ar) e a elevação considerável da temperatura. Podem-se citar, como exemplos, a explosão de um petardo, de uma granada ou uma mistura ar-combustível (gás confinado em um ambiente fechado). As explosões mecânicas são decorrentes de um aumento de pressão em um recipiente confinador. Neste tipo de explosão, a pressão interna no interior do referido recipiente faz com que o mesmo se rompa (não é necessária uma reação química). Podem-se citar, como exemplos, a explosão de uma caldeira, a explosão de uma panela de pressão, a explosão de um botijão de gás exposto a uma fonte de calor sustentável (incêndio). Diferentemente dos incêndios, onde existe a possibilidade da pessoa se afastar das chamas antes de ser ferida, as explosões, na maioria das vezes, geram lesões severas nas pessoas que se encontram nas imediações do epicentro. A onda de choque e a fragmentação de objetos, que se transformam em estilhaços, são responsáveis por graves ferimentos aparentes (feridas contundentes ou corto- contundentes) ou não (hemorragias internas, por exemplo). As explosões causam danos, também, no ambiente circundante. É natural que se irrompam incêndios e danos estruturais em instalações atingidas por uma explosão, decorrentes do calor e da sobrepressão. Do exposto, as prioridades em um local de explosão, assim como nos locais de incêndio, são o socorro às vítimas e a contenção dos danos. Após realizadas as tarefas iniciais (socorro às vítimas e contenção dos danos), a Autoridade Policial, ou seu representante legal, deve preservar o local da explosão visando os trabalhos periciais pertinentes. O isolamento do local e a restrição ao acesso de pessoas devem ser medidas tomadas imediatamente à fase inicial de atendimento ao sinistro. Em relação ao isolamento da área, a Autoridade Policial deve observar as imediações do local no intuito de identificar os fragmentos oriundos da explosão que foram arremessados na maior distância. A doutrina de exame neste tipo de local preconiza que o isolamento deve ser resultado da seguinte equação matemática: a + 50% = b. Epicentro da explosão fragmentos fragmento mais distante a = Distância do epicentro ao fragmento mais distante localizado b = Raio do isolamento (a + 50% de a) Figura 4-16 Raio de Isolamento A restrição de acesso à área também é importante. Os militares que participaram do socorro às vítimas, após o término desta atividade, tornam-se curiosos e tendem a retirar evidências do local, prejudicando os trabalhos periciais subsequentes. a b 4-17 EB60-MT-20.401 Os danos observados em instalações adjacentes ao local da explosão também devem ser preservados (janelas quebradas, estruturas em alvenaria, etc). O perito tem condições técnicas de estimar a quantidade de carga acionada através de cálculos matemáticos efetuados a partir da avaliação destes danos adjacentes. O epicentro da explosão (local onde o explosivo se transformou) também deve ser preserva- do. Caso o epicentro produza uma cratera quando a carga estava depositada sobre o solo é possível realizar cálculos matemáticos para estimar o valor da carga detonada. Da mesma forma, é possível a realização de exames químicos para a identificação do tipo de explosivo detonado. Figura 4-17 Exemplo de uma cratera A maioria dos incidentes envolvendo explosivos ocorre em atividades de instrução (lança- mento de granadas de mão, acionamento de petardos, etc). Desta forma, a rígida observância das medidas de segurança no manuseio e no transporte destes materiais pode evitar sinistros. Muito cuidado deve ser dado aos engenhos falhados, que na maioria das vezes, estão enferrujados e não permitem uma avaliação precisa sobre o seu poder de letalidade. Desta forma, a remoção deste material, ou sua destruição por simpatia, deve ser executada por elementos especializados. Figura 4-18 Exemplo de engenho falhado PROCEDIMENTOS BÁSICOS O local onde ocorreu o fato deve ser isolado, de maneira a evitar o trânsito de pessoas e para impedir que as mesmas venham a sofrer ferimentos causados por materiais que possam se desprender de instalações ou materiais danificados. Deverá ser priorizado o socorro às vítimas e a segurança do local, ou seja, primeiramente, deve-se verificar a situação dos feridos, realizando os primeiros socorros, SFC, e acionar uma equipe médica. 4-18 EB60-MT-20.401 Atentar para a segurança da área, verificar se existe outro explosivo exposto. Na medida do possível, acionar uma equipe antibombas para a varredura do local, para só depois realizar um trabalho pericial. Após realizado o socorro às vítimas e observada a segurança do local, providenciaro seu isolamento, atentando para a distância referente ao último vestígio encontrado. As testemunhas, a exemplo do que foi tratado na seção anterior, devem ser inquiridas com a maior brevidade possível, a fim de nortear os trabalhos periciais. O perito deverá atentar para a coleta de vestígios referentes ao explosivo e consequente envio para um laboratório especializado para a sua identificação. A Autoridade Policial deverá identificar o tipo de explosivo empregado, o sistema de iniciação utilizado, a possível falha ocorrida, se os autores possuíam habilitação para o manuseio destes materiais e, se possível, realizar uma reprodução simulada, para exemplificar o ocorrido. Vale ressaltar que, neste tipo de ocorrência, é dada prioridade para a segurança, inde- pendentemente da perda de alguns vestígios que contribuiriam para elucidar o fato ocorrido. 4.8 OCORRÊNCIAS COM MATERIAIS ENTORPECENTES Na esfera civil, conforme o Parágrafo 2º do Art 28 da Lei Nr 11.343, de 23 de agosto de 2006, existe uma caracterização para o consumo pessoal, especificado abaixo: Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: (...) § 2 o - Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente. Porém, na esfera militar, tal distinção não ocorre, conforme o Art 290 do COM: ao ser constatada a posse de entorpecentes por um militar, em lugar sujeito ou não à administração militar, o mesmo está incorrendo em crime militar, devendo ser preso em flagrante. Para efeito de lavratura de APF, a OM deverá providenciar a comprovação do entorpecente, através de um laudo de constatação preliminar, para determinar a presença da substância proibida e efetivar a prisão. Realizada esta primeira verificação, faz-se necessário o laudo toxicológico definitivo para a comprovação definitiva da natureza da droga. PROCEDIMENTOS BÁSICOS Após ser constatada a presença de um material similar a entorpecente, a OM deverá providenciar a realização do exame preliminar, normalmente utilizando um reagente para entorpecentes, para a lavratura do APF. Figura 4-19 Exemplo de teste preliminar 4-19 EB60-MT-20.401 Identificado o material, a Autoridade Policial deverá realizar uma revista pormeno- rizada nos pertences do portador, a fim de verificar a existência de mais material. O encarregado do IPM deverá, de posse do material apreendido, solicitar o laudo toxicológico definitivo para laboratório especializado, a fim de confirmar a ocorrência de um crime militar. 4.9 OCORRÊNCIAS COM MATERIAL DE INFORMÁTICA A computação forense pode ser definida como uma coleção e análise de dados de um computador, rede ou dispositivos de armazenamento de forma que sejam admitidas em juízo. Dispositivo de armazenamento é um dispositivo capaz de gravar (armazenar) informação (dados), processar informação, ou ambos. A gravação de dados pode ser feita virtualmente, usando qualquer forma de energia. Um dispositivo que somente guarda informação é chamado mídia de armazena- mento. São tipos de dispositivos de armazenamento: a) dispositivos de armazenamento por meio magnético: discos rígidos; b) dispositivos de armazenamento por meio óptico: CD-ROW, CD-RWS, DVD- ROMS, DVD-RWS; c) dispositivos de armazenamento por meio eletrônico: SSDs, Pen Drive; d) Memória RAM. A memória RAM é um dispositivo de armazenamento temporário de informações que utiliza tecnologia de armazenamento temporária por meio eletrônico e possui alta volatilidade de dados. PROCEDIMENTOS BÁSICOS O procedimento de análise do ambiente consiste na segurança das evidências e da documentação do cenário encontrado. Assegurar que nenhuma pessoa não autorizada adentre ao cenário de perícia. Proteger as evidências digitais de modo que elas não sejam alteradas, forjadas ou destruídas. Se houver indícios, a critério da equipe de perícia de que estão em curso atividades tais como vazamento de dados, destruição de evidências digitais ou ataques contra terceiros, a equipe deverá adotar as seguintes medidas para isolar o equipamento alvo da perícia: a) desligar o equipamento, removendo o cabo de força e/ou removendo sua bateria (somente no caso de destruição de evidências); b) remover qualquer conexão de rede que permita acessos remotos; c) identificar e desativar pontos de acesso sem fio; e d) desativar ou neutralizar qualquer dispositivo de gravação, tais como câmeras e microfones. 4-20 EB60-MT-20.401 ANEXO Modelo de Termo de Apreensão e Apresentação de Material AUTO DE APREENSÃO E APRESENTAÇÃO DE MATERIAL Aos_____dias, do mês de ________________, do ano de ______________, no munícipio___________-____, o ___________(nome/posto/graduação)_____________ autoridade policial designada, servindo no _________(OM)___________, aprendeu os materiais abaixo descriminados e devidamente acondicionados e lacrados, como possíveis vestígios relacionados com o ________( número do APF ou IPM)__________, na presença das testemunhas. Nr Material Lacre Obs Do que, para constar, lavrei o presente Auto de Apreensão e Apresentação, assinado por mim e pelas testemunhas. ___________________________________________ (nome/posto/graduação - Enc IPM ou APF) ___________________________________________ (testemunha) __________________________________________ (testemunha) INTENCIONALMENTE EM BRANCO EB60-MT-20.401 REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Coordenação de Anne Joyce Angher. 2.ed. São Paulo: Rideel, 2004. BRASIL. Decreto-lei Nr 1.002, de 21 de outubro de 1969. Código Processual Penal Militar. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 21 OUT 1969. BRASIL. Decreto-lei Nr 1.001, de 21 de outubro de 1969. Código Penal Militar. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 21 OUT 1969. ESPÍNDULA, Alberi. Perícia Criminal e Cível. 3.ed. Campinas, SP: Editora Millenium, 2009. GARCIA, Ismar Estulano e PÓVOA, Paulo César de Menezes. Criminalística. 2.ed. Goiânia, GO: Editora AB, 2004. GARRIDO, Rodrigo Grazinoli e GIOVANELLI, Alexandre. Ciência Forense: Uma introdução à Criminalística. 2.ed. Rio de Janeiro: Editora Projeto Cultural, 2015. GORRILHAS, Luciano Moreira e BRITTO, Cláudia Aguiar. A Polícia Judiciária Militar e seus desafios: Aspectos Teóricos e Práticos. Porto Alegre, RS: Editora Nubia Fabris, 2016. SANTIAGO, Elizeu. Criminalística Comentada. 1.ed. Campinas, SP: Editora Millenium, 2014. INTENCIONALMENTE EM BRANCO LISTA DE DISTRIBUIÇÃO 1. ÓRGÃOS INTERNOS EXEMPLARES DECEx: - Asse Dout ....................................................................... 01 - DET Mil ........................................................................... 01 - EsIE ................................................................................ 01 2. ÓRGÃOS EXTERNOS - C Dout Ex ....................................................................... 01 - CMSE........................................................................... 01 - CMS............................................................................ 01 - CMO............................................................................. 01 - CMP............................................................................. 01 - CML............................................................................. 01 - CMNE........................................................................... 01 - CMN............................................................................ 01 - CMA............................................................................01 EB60-MT-20.401 COMANDO DO EXÉRCITO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E CULTURA DO EXÉRCITO Rio de Janeiro, RJ, 23 de novembro de 2018. https://doutrina.decex.eb.mil.br