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Fábio Lopes

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Acesse capacetesSW.planetadeagostini.com.br
ou ligue (11) 2171-7111
Colecione já e entre na batalha pela defesa da galáxia!
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Nos fascículos, informações 
sobre fatos importantes da 
saga e descrição detalhada 
dos capacetes, armas e 
uniformes dos personagens.
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ESCALA 1:5
Colecione os capacetes mais emblemáticos da saga Star Wars!
Produtos aprovados pela Lucasfilm
Réplicas em escala 1/5 
Miniaturas em ABS
Reproduções fiéis aos originais
já nas
bancas*
Detalhes e 
decorações 
fiéis
Base expositora 
individualizada
Viseira móvel
AN_CAPACETES_ST_202x266mm_2015.indd 1 5/5/15 11:30 AM
Alemanha separa famílias 58
FOTO-HISTÓRIA
HISTÓRIAS ÍNTIMAS
O mago sedutor 56
LANÇAMENTOS
A revolução de 1924 em São Paulo 52
CULTURA
6A adaptação dos maias às intempéries climáticas
HISTÓRIA HOJE
16HISTÓRIA MALUCATroféu inusitado
30HISTÓRIA ILUSTRADA Dia D
16BANDEIRAS Bandeiras tricolores
32CRÔNICAS Laudo Natel e o Estádio do Morumbi
12ARTE O Grito
14LINHA DO TEMPOHomossexualidade
10COMO FAZÍAMOS SEM...Zero
ALMANAQUE
AGENDA
30 dias que mudaram o mundo 36
CAPA
Duque de Wellington 20
REPORTAGENS
CAPA
20
O “Duque de 
Ferro” que pôs 
fim à supremacia 
napoleônica
Sumário
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Diretor-Superintendente: 
Edgardo Martolio
Diretores Corporativos: 
Marketing: Luis Fernando Maluf (Novos negócios, 
plataformas multimídia e circulação) 
Editorial: Claudio Gurmindo (Núcleo Celebridades) e 
Pablo de la Fuente (Núcleo Novos Leitores e Mensais) 
Publicidade: Arnaldo Bontein Rosa
Conselho de Publicidade: Álvaro Almeida
Administrativo/Financeiro: Ariovaldo Dias
Jurídico e RH: Wardi Awada
Circulação: Marciliano Silva Jr.
Gestão: Osmar Lara
Diretores Executivos: 
Internet e MídiaDigital: Alan Fontevecchia 
TI: Cícero Brandão 
Arte: André Luiz Pereira da Silva 
Diretores: 
Publicidade: Itália Marchiori (RJ), Fernando Leomil (Núcleo 
Celebridades), Maria Rosária Pires (Núcleo Novos Leitores) 
e Raquel Ezequiel (Núcleo Saber, Bem-Estar & Mulher)
Marketing Publicitário e Eventos: Luciana Jordão
Escritório Rio de Janeiro: Claudio Uchoa
Arte: Juliana Cuttin (Núcleo Bem Estar) e 
Kika Gianesi (Núcleo Novos Leitores)
Editores: 
Fotografia: Martín Gurfein (SP e Arquivo) e César Alves (RJ) 
Gerências: 
Logística São Paulo: Gilberto Arcari Escritório Rio de Janeiro: Edinoel 
Silva Faria Circulação: Luciana Romano Eventos: Walacy Prado
Editora: Bia Mendes
Editora de Arte: Luciana Porto Alegre Steckel 
Colaboraram nesta edição: Fábio Marton, 
Fernando Duarte, José Renato Santiago, 
Leonardo Mourão, Mary del Priore (texto). 
Bruno Algarve, Éber Evangelista, Eduardo Schall 
e Hafaell (ilustração)
Publicidade: Carla Bove e Katia Honório (Executivos de Negócio)
ÁREAS COMPARTILHADAS:
FOTOGRAFIA: Priscilla Vaccari (Fotografia-SP), Cadu Pilotto 
(Fotografia-RJ), Samanta Ribeiro e Ramiro Pereira (Assistentes) 
CIRCULAÇÃO: Pablo Barreto MARKETING PUBLICITÁRIO E 
EVENTOS: Bruno Meira (Designer) e Maria Eliza Fedrigo (Analista 
de produto) MARKETING: Bianca Gurgel (Designer), Caroline 
Ryna, Nilton Vieira, Fernando Almeida e Natalie Fonzar (Apoio) 
TI: Dirceu Bueno, Ricardo Jota e Victor Dias Fontes (Assistentes) 
LOGÍSTICA: Anicley Lima, Alexandra Cerqueira e Daniel Ferreira 
ADMINISTRAÇÃO, FINANÇAS E CONTROLE: Adriano Bialli 
(Consultor financeiro), Alessandro Silva (Analista), Manoel Leandro 
(Consultor) e Arthur Matsuzaki (Analista) RECURSOS HUMANOS: 
Renê Santos PROCESSOS: Agnaldo Gama, Henrique Pereira e 
Mariana Cavalcanti ARQUIVO: Carmen Trujilo PRE-PRESS: Gustavo 
Grandjean (Chefe), Alexandre de Sousa, André Uva, Claudio Costa, 
Edvania Silva e Rodrigo Figuerola 
INTERNET E MÍDIA DIGITAL:
EDITOR: Ademir Correa PUBLICIDADE VIRTUAL: Fernanda Neves 
(Gerente), Bruna Oliveira, Deborah Burmeister e Thays Panar 
(Executivas) e (Assistente) PLANEJAMENTO: Roberta Covre 
(Coordenadora) e Anne Muriel (Analista) TECNOLOGIA DIGITAL: 
Nicholas Serrano (Gerente) e Fábio Rocha (Desenvolvedor). 
MARKETING DIGITAL: Victor Calazans (Analista)
REDAÇÃO E CORRESPONDÊNCIA:
SÃO PAULO: Avenida Juscelino Kubitschek, 1400, 
13o andar e cobertura, CEP 04543-000, SP, Brasil, 
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tel.: (0xx21) 2113-2200, fax: (0xx21) 2543-1657
AVENTURAS NA HISTÓRIA 142 (ISSN 1806-2415), ano 12, nº 7
é uma publi cação mensal da Editora Caras Edições anteriores: Para 
comprar edições anteriores, ligue: 0800-777-3022, de segunda a sexta, 
das 07h30 às 17h30. Distribuída em todo o país pela Dinap S.A. 
Distribuidora Nacional de Publicações, São Paulo. AVENTURAS NA 
HISTÓRIA não admite publicidade redacional.
SERVIÇO AO ASSINANTE:
Grande São Paulo: (11) 5087-2112 
Demais localidades: 0800-775 2112 www.abrilsac.com 
Para assinar: Grande São Paulo: (11) 3347-2121 
Demais localidades: 0800-775 2828 www.assineabril.com.br
IMPRESSA NA GRÁFICA ABRIL: Av. Otaviano Alves de Lima, 
4400, CEP: 02909-900, Freguesia do Ó, São Paulo, SP
Outras revistas BONS FLUIDOS, CARAS, MANEQUIM, 
MÁXIMA, MINHA CASA, MINHA NOVELA, RECREIO, SOU 
MAIS EU!, VIDA SIMPLES e VIVA MAIS
Editor Responsável: Wardi Awada
esta edição o leitor encontrará algumas mudanças no for-
mato habitual da revista, como a ausência da tradicional 
Agenda. Há um motivo. Nesse caso porque seu conteúdo 
iria se sobrepor ao material que nos forneceu o livro 365 
Dias Que Mudaram o Mundo, da Editora Planeta. Escolhemos um mês 
inteiro para veicular, junho. 
Sim, queremos que a História pesquisada e publicada em livros tenha 
mais presença nestas páginas. Elas precisam servir de guia para o leitor 
ávido, que muitas vezes desconhece lançamentos preciosos, raros, úni-
cos, com tiragens mínimas, mas com conteúdos fantásticos. Esse livro 
poderá não estar na estante da livraria de sua cidade, mas se você sabe 
de sua existência, porque degustou a obra em nossa AVENTURAS NA 
HISTÓRIA, correrá atrás dele. Hoje, graças à internet, pode-se conseguir 
tudo rapidamente. A revista precisa prestar esse serviço – e fará o má-
ximo para cumprir tamanha missão.
Por questões de espaço, esses ‘trinta dias’ não estão todos na edição 
impressa. Mas os que nas páginas dedicadas ao assunto não encontraram 
vaga são reproduzidos em nosso site, que revigoramos para que seja 
frequentado por pessoas como você, interessadas em saber mais e co-
nhecer tudo. Há muita História desvendada e editada por aí, bem mais 
do que conhecemos, e tanta quanto a nossa curiosidade deseja. Dá dó 
que passe despercebida. Como também dá dó não aproveitar os leitores-
colaboradores, que têm muito a nos dar, a compartilhar, e perdem seu 
entusiasmo por falta de oportunidade. Aos poucos, aqui, eles irão se 
incorporando ao nosso dia a dia. Alguns já estão presentes. Para nós é 
uma satisfação enorme ser essa ponte. A História merece. Você também...
E agora vamos lá, conhecer o Duque de Wellington, que, nada menos, 
derrotou Napoleão Bonaparte, e por isso lhe devemos atenção.
EDITORIAL
N
Boa leitura,
Edgardo Martolio
DIRETOR DE REDAÇÃO
A MESMA REVISTA
NOVOS ARES
4 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
AH143_Editorial.indd 4 5/5/15 9:03 AM
COLAPSO ATINGIU DE FORMA DIFERENTE CIDADES DO NORTE E DO SUL
Históriahoje
As novidades da arqueologia e dos estudos históricos
Os maias são um dos povos pré-colombianos mais fas-cinantes. Por mais de 2 mil 
anos, eles dominaram a Península de 
Yucatán, no que hoje é um território 
dividido pelo México, Belize e Gua-
temala. Em seu auge,eles viviam 
numa rede de dezenas de grandes 
cidades, com arquitetura monumen-
tal, escrita e matemática avançadas. 
Eles acabaram vítimas do próprio 
sucesso – por volta do ano 800, come-
çou uma seca que duraria 200 anos, 
provocada possivelmente pelo mas-
sivo desflorestamento causado pela 
pressão populacional. Grandes cida-
des seriam abandonadas, e não have-
ria mais centros urbanos ou projetos 
arquitetônicos na mesma escala. 
Um novo estudo revelou que os 
maias não foram vítimas passivas da 
catástrofe ambiental. Conduzida 
pelo geólogo Mark Pagani, da Uni-
versidade de Yale (EUA), a pesquisa 
demonstrou que as cidades maias 
foram afetadas de forma diferente 
conforme a região, e que eles muda-
ram seus métodos agrícolas tentan-
do se adaptar. 
As cidades do norte, já acostuma-
das a um clima mais seco, foram bem 
menos afetadas. Ao sul a técnica de 
plantio mudou de coivara – cortar e 
Ruínas da cidade 
maia de Palenque, 
no México. 
As cidades do 
sul nunca se 
recuperaram 
da seca que 
durou 200 anos
MAIAS SE ADAPTARAM AO CLIMA
História
6 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
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queimar a floresta – para plantações 
intensivas e concentradas de milho. 
“O sul era o centro da população 
maia, e sua capacidade de se adaptar 
era limitada”, afirmou Pagani. “O 
norte já estava acostumado a condi-
ções bastante secas, e se saiu muito 
melhor. De fato, houve expansão 
após o colapso, mas as cidades do sul 
nunca se recuperaram.”
A pesquisa estudou isótopos de 
carbono e hidrogênio no solo da Pe-
nínsula de Yucatán. O hidrogênio 
permitiu avaliar as mudanças climá-
ticas, enquanto o carbono deu ideia 
dos métodos de agricultura. 
RECEITA EGÍPCIA CONTRA RESSACA
Exagerou na festa e acordou estragado? Faça um colar de louros e use em 
volta do pescoço. Essa era a receita do Egito ptolomaico. Ela acaba de ser 
traduzida de um papiro do século 1, encontrado em 1898 num lixão da antiga 
cidade de Oxirrinco. Ele é um entre 500 mil documentos encontrados no local. 
Trinta textos médicos foram traduzidos agora pela Universidade de Exeter 
(Reino Unido). Essa é a 80ª tradução desde a descoberta dos papiros, num 
trabalho que vem de mais de um século. Outras revelações incluem um 
método de cirurgia ocular – sem anestesia – para curar pálpebras invertidas. 
CANIBALISMO DAS CAVERNAS
Esqueletos de duas crianças e um adulto de Homem de Neandertal 
mostraram marcas de desmembramento e cortes com facas de pedra, 
indicando que foram devorados. Os restos foram encontrados na França entre 
1967 e 1980, e têm 57 600 anos, mais antigos que a chegada do ser humano 
moderno à Europa. Maria Dolores Garralda, da Universidade de Madri, líder da 
equipe que revisou as ossadas, acredita que pode ter sido canibalismo por 
necessidade, “gastronômico”, ou um ritual funerário – como dos ianomâmis 
no Brasil, que consomem os restos de seus entes queridos até hoje. 
...humanos, do Museu de Londres, serão estudados para 
medir o impacto da Revolução Industrial na biologia humana. 
500 deles são medievais, os outros são pós-industrialização.
15001500esqueletosesqueletos
Inscrição 
em pedra 
de jade, 
do século 5. 
No destaque, 
a figura de K, 
deus maia da 
agricultura
Papiro do séc. I 
encontrado em 
Oxirrinco 
AVENTURAS NA HISTÓRIA | 7
AH143_HISTORIA HOJE.indd 7 5/5/15 8:40 AM
HISTÓRIA HOJE
GARRAFA DO SÉCULO 19 É TESTADA – E APROVADA – 
POR CIENTISTAS FRANCESES
CHAMPANHE DE 170 ANOS
Em 2010, um grupo de mergu-lhadores encontrou um tesou-ro insólito num naufrágio no 
Mar Báltico, na Finlândia, a cerca de 
50 metros da superfície. Uma escuna 
comercial continha 168 garrafas de 
champanhe, com rótulos dissolvidos, 
mas rolhas intactas. Entre elas, esta-
va o Veuve Clicquot Ponsardin, vinho 
caríssimo produzido até hoje. 
James Delgado, historiador da Marinha dos Estados Unidos, sobre a descoberta dos restos de um porta-aviões da Segunda Guerra, 
usado como cobaia nos testes nucleares do Atol de Biquíni e afundado de propósito em 1951.
“Após 64 anos no fundo do mar, o Independence, lá de 
baixo, ainda parece pronto para lançar seus aviões.”
O governo da Finlândia ficou com 
a maioria das garrafas, e algumas 
delas chegaram a ser vendidas por 
100 mil euros em leilões. Mas o cham-
panhe também foi parar em labora-
tórios, onde foi estudado – e provado. 
A primeira impressão do grupo 
de cientistas franceses que conduziu 
o estudo não foi das melhores: os pes-
quisadores anotaram “notas ani-
mais, pelo molhado e queijo”. Mas, 
após alguns minutos, a impressão 
mudou para “churrasco temperado, 
defumado, com notas de couro”, e 
também “frutado” e “floral”. Em ou-
tras palavras, delicioso. 
“Foi incrível. Nunca experimentei 
um vinho assim em minha vida”, afir-
ma Philippe Jeandet, da Universidade 
de Reims, que conduziu o estudo. “O 
aroma ficou na minha boca por horas 
após eu ter experimentado.”
O fundo do mar é um lugar perfei-
to para preservar vinho. Sem luz e a 
baixas temperaturas, eles podem fi-
car por lá por séculos e só melhorar. 
Os cientistas também descobriram 
que o champanhe do século 19 era 
mais doce e menos alcoólico que o de 
hoje. A concentração de açúcar era de 
140 gramas por litro. Atualmente, um 
champanhe chamado “doce” (doux) 
tem apenas 50 gramas, e quase ne-
nhuma marca passa dos 60. 
As garrafas 
encontradas por 
mergulhadores 
em 2010. Acima, 
rolha intacta do 
Veuve Cliquot
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8 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
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ANTES DAS PILHAGENS, VIERAM OS NEGÓCIOS LEGÍTIMOS
VIKINGS
COMEÇARAM COMO COMERCIANTES
Em 793, o monastério da Ilha de Santa Lindisfarne, no norte da Inglaterra, recebeu uma visita-
-surpresa. Saídos de seus barcos adorna-
dos com cabeças de dragão, os visitantes, 
armados, mataram e saquearam, levando 
consigo as relíquias sagradas e os sobre-
viventes, saindo tão subitamente quanto 
chegaram. Foi o início da Era Viking, que 
levaria ao abandono do monastério no 
século seguinte, à conquista da Norman-
dia, na França, e depois toda a Inglaterra. 
Também seriam os primeiros europeus a 
pôr os pés na América.
Os vikings dominavam o mar como 
nenhum povo da época. Mas como apren-
deram isso? Uma equipe de britânicos e 
dinamarqueses descobriram restos de 
chifres de renas norueguesas no sítio ar-
queológico do mercado de Ribe, a cidade 
mais antiga da Dinamarca. Isso quer dizer 
que, no ano 725, data dos achados, já havia 
comércio marítimo de grande distância 
entre os nórdicos. 
“Essa é a primeira vez que temos prova 
que a cultura naval, que foi a base da Era 
Viking, tem uma história em Ribe. É fasci-
nante”, afirma o arqueólogo dinamarquês 
Søren Sindbæk, um dos autores do estudo. 
“Viking” não é um termo usado para 
todos os nórdicos da baixa Idade Média. A 
palavra definia quem saía em expedições 
marítimas para fazer comércio, para eles 
mais importante que as pilhagens. Boa 
parte desse comércio era de escravos, com-
prados de povos islâmicos ou feitos duran-
te as pilhagens. Mas também havia produ-
tos de origem local, como peles, trigo, lã e 
marfim de morsa. A rede comercial nórdi-
ca se estendeu da Groenlândia até Cons-
tantinopla. Os cristãos bizantinos chega-
ram a empregar vikings como soldados. 
INFANTICÍDIO NA TRÁCIA
Três esqueletos de 
crianças, vítimas de 
sacrifício humano, foram 
encontrados numa tumba 
na Bulgária. O sítio 
pertence à cultura dos 
trácios, vizinhos dos 
gregos antigos que foram 
mencionados na Ilíada 
como aliados dos troianos.
MERCÚRIO ASTECA
Uma grande quantidade 
de mercúrio foi encontrada 
em uma sala da Pirâmide 
da Serpente Emplumada, 
em Teotihuacan. 
Os arqueólogos acreditam 
que o metal líquido 
provavelmente 
representasse rios ou um 
lago no mundo dos mortos. 
O MAMUTE PODE VOLTAR
Cientistas terminaram 
de sequenciar os genesdo mamute. Com a 
informação em mãos, 
várias equipes pretendem 
tentar clonar a espécie, 
extinta há 4 mil anos, 
e reintroduzi-la em seu 
ambiente natural, no Ártico.
Os vikings já 
faziam comércio 
marítimo nos 
anos 700
AVENTURAS NA HISTÓRIA | 9
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almanaque
Vida Privada • História Ilustrada • Retrotech • Arte & História • Linha do Tempo
ALMANAQUE Como Fazíamos Sem...
SURGIMENTO DO ZERO REVOLUCIONOU O MUNDO
ZERO
Para Pitágoras 
(à direita), que 
considerava o 
número 1 sagrado, o 
zero era inimaginável
A té a Idade Média, ninguém acreditava que “nada” podia ser um número. E isso gerou 
várias esquisitices que duram ainda 
hoje. Tradicionalmente, o dia come-
ça às 12 horas e daí passa para 1 (o 
relógio de 24 horas, com a hora zero, 
surgiu só no século 19). Também não 
existe o ano zero no nosso Calendário 
Gregoriano, que passa de 1 a.C. para 
almanaquealmanaque
Vida Privada 
almanaque
Vida Privada 
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 História Ilustrada 
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 Retrotech 
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 Arte & História 
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 Arte & História 
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 Linha do Tempo
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 Linha do Tempo
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10 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
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NÚMEROS “IMAGINÁRIOS”
Quanto é a raiz quadrada de -1? Cada vez que os 
matemáticos trombavam com essa conta, ficavam 
coçando a cabeça, sem resposta. Nenhum número 
real pode ser multiplicado por ele próprio e dar -1. 
A solução era criar uma unidade fora do conjunto 
de números conhecidos – o i, a unidade imaginária. 
A ideia surgiu com o italiano Girolamo Cardano, no 
século 16. O nome “imaginário” foi dado por René 
Descartes – era uma ofensa aos matemáticos que 
consideravam esses números aceitáveis, 
mostrando o mesmo tipo de conservadorismo dos 
matemáticos que rejeitavam o zero. O fato é que os 
números imaginários – e complexos, formados pela 
mistura de números reais e imaginários – existem, 
ainda que ninguém tenha que pagar uma conta no 
mercado de 79 + 9i reais. Eles aparecem o tempo 
inteiro em biologia, física, química, engenharia 
elétrica e mesmo economia.
1. d.C. Isso que quer dizer que, entre 
o ano 1 e o ano 100, existem apenas 
99 anos. Por isso, os séculos come-
çam no ano 1, não 0 – na passagem de 
1999 para 2000, as pessoas apenas 
celebraram o último ano do século 
20. Mais esquisito ainda: se o cálculo 
original do ano do nascimento de Je-
sus estivesse correto, ele teria nasci-
do no ano 1 antes de Cristo. (Mas está 
errado: o monge Dionísio Exíguo, 
que calculou o ano de nascimento de 
Jesus no século 6, se embananou nas 
contas – o messias provavelmente 
nasceu entre 7 e 4 a.C.)
Esse é apenas o lado superficial. 
Sem zero, não havia o sistema numé-
rico posicional, nem a ideia de nú-
meros decimais ou negativos, certos 
tipos de equações, plano cartesiano 
ou cálculo. E sem isso não haveria 
como surgir a física newtoniana – 
nem portanto praticamente todo o 
mundo moderno. 
Antes do zero, não existia contabi-
lidade, a ideia que um balanço de 
gastos e entradas tem que fechar em 
zero. A matemática era mais primiti-
va. Ela podia calcular coisas como 
áreas, distâncias, lucros e prejuízos, 
mas não havia como prever como um 
arco sustenta o peso da construção, 
ou como um projétil de catapulta, fle-
cha ou bala se move pelo ar. Tudo era 
feito na base da tentativa e erro – e, 
no processo de aprender, catedrais e 
castelos caíam durante a construção. 
O zero era impensável para os an-
tigos. A matemática surgiu contando 
contas concretas e achando propor-
ções em objetos reais. Para Pitágoras, 
o número 1 tinha um valor sagrado, 
representando a harmonia e unidade 
do universo. Como o nada poderia 
ser alguma coisa? 
Os numerais gregos – assim como 
os romanos – não tinham casas, eram 
sequências de letras representando 
somas de números inteiros. Era tão 
complicado que livros matemáticos 
escreviam muitas vezes os números 
por extenso. Na prática, contas eram 
feitas com o ábaco, não no papel. 
O zero surgiu da ideia de represen-
tar números pela posição – primeiro 
em povos mesopotâmicos, cujo siste-
ma se baseava em 60, não 10, e colo-
cavam um espaço vazio entre as ca-
sas. Por volta do século 1, astrônomos 
greco-romanos, como Ptolomeu, usa-
vam o sistema mesopotâmico, com 
uma bolinha para representar contas 
que davam em nada – mas seu uso 
acabou perdido. Isto é, não deu nada. 
O zero surgiu entre os indianos, 
por volta do ano 650, chegando à Eu-
ropa com os árabes, no século 13. O 
sistema “arábico” foi logo adotado 
por comerciantes, ainda que os ma-
temáticos tenham continuado a tor-
cer o nariz – com exceções, como o 
italiano Fibonacci – até o século 16. 
O médico e 
matemático 
Girolamo 
Cardano: 
inventor dos 
números 
imaginários
AVENTURAS NA HISTÓRIA | 11
AH143_CFS.indd 11 5/5/15 9:00 AM
Edvard Munch nasceu em 1863, mesmo ano em que O Piquenique no Bosque, de Édouard Manet, 
era exposto no Salão dos Rejeitados, 
chamando a atenção para um movimen-
to que nem tinha nome ainda. Era o im-
pressionismo, superando séculos de 
pintura acadêmica. Os impressionistas 
deixaram o realismo para a fotografia e 
se focaram no que ela não podia mos-
trar: as sensações, a parte subjetiva do 
que se vê.
Crescendo durante 
essa revolução, Mun-
ch – que, aliás, tam-
bém seria fotógrafo – 
achava a linguagem 
dos impressionistas 
superficial e científi-
ca, discreta demais 
para expressar o que 
sentia. E ele sentia: 
Munch tinha uma his-
tória familiar trágica: 
perdeu mãe e uma 
irmã na infância, teve 
outra irmã que passou 
a vida em asilos psi-
quiátricos. Tornou-se 
artista sob forte opo-
sição do pai, que mor-
reria quando Munch 
tinha 25 anos e o dei-
xaria na pobreza. O 
artista sempre viveu 
na boemia, entre be-
bedeiras, brigas e romances passageiros, 
tornando-se amigo do filósofo niilista 
Hans Jæger, que acreditava que o suicídio 
era a forma máxima da libertação.
Fruto de suas obsessões, O Grito não 
foi seu primeiro quadro, mas o que o 
tornaria célebre. A inspiração veio do 
que parece ter sido um ataque de pânico, 
que ele escreveu em seu diário pouco 
mais de um ano antes do quadro: “Es-
tava andando por um caminho com dois 
amigos – o sol estava 
se pondo – quando, 
de repente, o céu tor-
n o u- s e ve r m e l h o 
como o sangue. Eu 
parei, sentindo-me 
exausto, e me encostei 
na cerca – havia san-
gue e línguas de fogo 
sobre o fiorde azul-
neg ro e a c idade. 
Meus amigos conti-
nuaram andando, e 
eu fiquei lá, tremendo 
de ansiedade – e senti 
um grito infinito atra-
vessando a natureza”.
Ali nasceria um 
novo movimento ar-
tístico: O Grito seria a 
pedra-fundadora do 
expressionismo, a 
principal vanguarda 
artística alemã dos 
anos 1910 aos 1930. 
O GRITO
ALMANAQUE Arte & História
QUADRO QUE FUNDOU O EXPRESSIONISMO NASCEU 
DE UM ATAQUE DE PÂNICO – E DE UMA MÚMIA PERUANA
ESTRADA RETA
Assim como os dois 
homens ao fundo, 
a estrada não é 
distorcida, dando 
um contraste entre o 
desespero do pintor e a 
indiferença da realidade 
externa. O local foi 
identificado como a 
Estrada Valhallveien, 
que passa pela Colina 
Ekberg, na região sul 
de Oslo, Noruega.
MUITOS GRITOS
Munch produziu quatro versões 
do quadro, entre 1893 e 1910. 
A retratada aqui é a de 1893, 
mas não a primeira. A versão 
em giz-pastel no Museu Munch, 
bem mais simples, foi feita alguns 
meses antes. Existem também 
dezenas de litogravuras em 
preto e branco, impressas pelo 
artista na década de 1890.
12 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
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RAIO X
NOME: O Grito (Skrik)
AUTOR: Edvard Munch
ANO: 1893
TAMANHO: 91 x 73,5 cm
TÉCNICA: Óleo, têmpera, 
pastel e giz de cera 
sobre papelão
LOCAL: Galeria Nacional, 
Oslo, Noruega
O MORTO-VIVO
A figura central curva com a 
distorção da paisagem. Não é 
um autorretrato.A inspiração 
pode ser uma múmia peruana, 
de um guerreiro chachapoya, 
exibida na Exposição Universal 
de Paris, em 1889. Ela foi 
enterrada em posição fetal, 
com as mãos em volta do 
crânio, sugerindo um grito. 
AMIGOS INDIFERENTES
Os dois homens parecem 
indiferentes ao desespero da 
figura central, e isso se revela 
porque não aparecem distorcidos. 
São dois amigos de Munch que o 
acompanhavam no passeio por 
Oslo e que o deixaram para trás, 
sem perceber o que acontecia.
CÉU ALTERADO
Em Oslo, condições 
climáticas às vezes fazem 
o céu ficar vermelho. Mas 
existe uma explicação ainda 
mais curiosa: em 1883 e 
1884, a explosão do vulcão 
Krakatoa, na Indonésia, fez 
o pôr do sol ficar vermelho 
por meses na Europa 
inteira. Ainda que o quadro 
tenha sido feito anos 
depois, a memória pode 
ter servido de inspiração.
PAVOR NA PRAIA
Outro contraste na 
figura é dado pela 
tranquilidade dos 
barquinhos no Fiorde 
de Oslo. A estrada é uma 
atração turística, dando vista para 
um dos pontos recreativos mais 
aprazíveis da capital norueguesa. 
GRITOS LITERAIS
Os gritos podem ter sido literais. 
Em Ekeberg havia dois prédios 
sombrios: o matadouro principal 
de Oslo e o asilo de lunáticos. 
De lá, se ouviam os gritos 
dos animais e dos pacientes 
psiquiátricos. 
PAVOR NA PRAIAPAVOR NA PRAIA
Outro contraste na 
figura é dado pela 
tranquilidade dos 
barquinhos no Fiorde 
de Oslo. A estrada é uma 
AVENTURAS NA HISTÓRIA | 13
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ALMANAQUE Linha do Tempo
HUMANIDADE TEVE ATITUDES DISTINTAS SOBRE O TEMA AO LONGO DA HISTÓRIA
O último imperador ro-mano pagão, Heliogá-balo (203-222), não só 
se travestia como vendia seu 
corpo a outros homens no tem-
plo do deus-sol, ao qual adorava. 
Tal prostituição tinha função 
ritualística: a oferenda do sêmen 
que representava fertilidade. No 
entanto, conforme relatos da 
época, a tarefa não desagradava 
nem um pouco ao imperador. 
Mas se há 1 800 anos, quando 
viveu Heliogábalo, a afeição e a 
atração sexual por pessoas de 
mesmo sexo era tolerada, ao lon-
go da História nem sempre elas 
foram consideradas aceitáveis 
pela religião ou governo. Em 
alguns países muçulmanos, a lei 
islâmica ainda pune esses casais 
com execução. Na Inglaterra, 
medida semelhante foi adotada 
em 1530, sob o reinado de Hen-
rique VIII. A militância gay só 
ganharia voz centenas de anos 
depois, com a fundação do Co-
mitê Científico Humanitário de 
Berlim, em 1897. O órgão iniciou 
uma campanha por uma refor-
ma legal, que abriria o prece-
dente e daria fôlego para o mo-
vimento. Em 192 0, Berlim 
contava com mais bares gays do 
que a Nova York de 1980.
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HOMOSSEXUALIDADE
1432
Florença, na 
Itália, institui 
a “Polícia 
da Noite”, 
para apurar 
acusações 
de sodomia. 
Mais de 17 mil 
casos foram 
investigados. 
A gíria alemã 
para “sodomita” 
no século 14 
era florenzer.
54
O imperador romano 
Nero assume o trono. 
Ele casou-se com o 
jovem Sporus, que 
trajou vestes femininas 
na cerimônia, 
conforme conta o 
historiador Tácito. De 
acordo com um colega 
mais recente de 
Tácito, o historiador 
americano John 
Boswell, esse tipo de 
união formal não era 
incomum entre os 
romanos da época e 
tinha status legal.
530 a.C.
Na Grécia, as 
relações entre 
homens mais 
velhos e jovens 
tornam-se 
comuns. 
Misturavam 
tutelagem e sexo. 
No mesmo ano 
nasce a poeta 
Safo, na Ilha de 
Lesbos. Ela 
inspirou o termo 
lesbianismo.
1483
A Inquisição 
Espanhola tem 
início. Homens 
considerados 
sodomitas eram 
apedrejados, 
castrados e 
queimados. 
Até 1700, 
aproximadamente 
1,6 mil 
pessoas foram 
perseguidas 
pelo suposto 
crime e mais 
de 150 homens, 
assassinados.
1830
O Código Penal 
brasileiro 
descriminaliza a 
homossexualidade. 
A pena de morte 
por sodomia já 
havia sido extinta 
nove anos antes. 
Na contramão, 
apenas dois anos 
depois, a Rússia 
criminaliza o ato 
sexual, punido 
com até cinco 
anos de exílio 
na Sibéria.
14 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
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1990
A Organização 
Mundial da 
Saúde (OMS) retira o 
“homossexualismo”, 
como era grafado, 
da lista internacional 
de doenças. O termo 
fora incluído 13 anos 
antes, na categoria 
de doenças mentais. 
A data passou a ser 
celebrada como Dia 
Internacional contra 
a Homofobia.
1989
A Corte de 
Apelações 
do Estado de 
Nova York (EUA) 
torna-se a primeira 
instância jurídica 
a reconhecer que 
casais do mesmo 
sexo, “desde que 
vivendo juntos há 
mais de dez anos”, 
são considerados 
família para 
atender às 
exigências legais 
para o aluguel 
de imóveis.
1969
Eclode a chamada rebelião de 
Stonewall, bar gay de Nova York, 
quando um grupo de travestis resiste 
a uma batida policial. O conflito, que 
virou definitivamente a maré dos 
direitos LGBT, durou seis dias. No 
mesmo ano, o primeiro-ministro 
canadense afirmou que o Estado 
“não tem lugar nas camas da nação”, 
apoiando a descriminalização 
efetivada naquele ano.
1954
O macartismo 
americano 
viu surgir a 
“ameaça lilás”, 
período de intensa 
perseguição 
aos gays. Na 
Inglaterra, 18 
meses depois de 
ter que escolher 
entre uma 
sentença de prisão 
ou passar por 
castração química 
para “corrigir” 
sua inclinação 
sexual, o gênio da 
computação Alan 
Turing comete 
suicídio com uma 
maçã envenenada. 
Seu trabalho para 
a inteligência 
britânica, na 
Segunda Guerra, 
foi considerado 
essencial.
1933
O Partido Nazista 
alemão dá início à 
perseguição aos 
gays – o regime 
era mais leniente 
com lésbicas. 
Pelo menos 50 
mil homens foram 
presos – muitas 
vezes castrados 
– e entre 5 mil e 
15 mil mortos nos 
campos de 
concentração. 
O traje da prisão 
tinha um triângulo 
rosa, adotado 
pelos gays anos 
depois como 
símbolo do 
movimento.
1895
O escritor irlandês Oscar Wilde é julgado pelo 
crime de “indecência grave” e condenado a dois 
anos de trabalho árduo na cadeia, pelo pai do seu 
amante, Lorde Alfred Douglas. Preso, escreveu 
seu ensaio mais famoso, De Profundis. No mesmo 
ano, o escritor brasileiro Adolfo Caminha publica 
o romance Bom-Crioulo, com protagonista gay.
Frequentadores 
em confronto 
com a polícia no 
Stonewall Inn, 
bar nova-
iorquino ícone do 
movimento LGBT
Oscar 
Wilde e 
Alfred 
Douglas
2001
A Holanda torna-se 
o primeiro país a 
legalizar casamentos 
de pessoas do mesmo 
sexo, que passam a ter 
os mesmos direitos dos 
casais heterossexuais. 
Dois anos depois, o 
Conselho Nacional de 
Justiça (CNJ) brasileiro 
aprova resolução 
determinando que 
todos os cartórios 
do país celebrem 
casamentos entre 
pessoas do 
mesmo sexo.
AVENTURAS NA HISTÓRIA | 15
AH141_LINHA_DO_TEMPO_1.indd 15 5/5/15 8:12 AM
ALMANAQUE História Maluca
Bandeiras & BrasõesALMANAQUE
VARIAÇÕES SOBRE 
O MESMO TEMA
Guerras já foram travadas em nome de 
divergências ideológicas, da conquista e 
da glória, e até mesmo por uma mulher. 
Mas somente os combatentes da Guerra 
do Pacífico podem dizer que lutaram 
pela posse de uma pilha de excremento. 
Conhecida como a Guerra do Salitre, 
o conflito teve início em 1879, com a 
descoberta de enormes depósitos de 
guano, fezes de pássaros e morcegos, 
no Deserto do Atacama. O material era 
o único fertilizante antes do processo 
de obtenção da amônia, no século 20. 
A altercação começou quando a 
Bolívia quis aumentar as taxas sobre 
a exploração de empresas chilenas, 
descumprindo um acordo assinado. 
A disputa logo se tornou uma crise 
diplomática e guerra de verdade. 
Forçado a participar do embate devido a 
uma aliança com a Bolívia, o Peru entrou 
na disputa contra o Chile. Mas as forças 
armadas chilenas eram mais bem 
preparadas. Após uma série de vitórias 
em terra e mar, os chilenos ocuparam 
a capital peruana, Lima. O Peru 
rendeu-se, em 1833, e assinou um 
acordo de paz. Entre outras atrocidades, 
os chilenos saquearam livros da 
Biblioteca Nacional peruana, que só 
seriam devolvidos em 2007. O Exército 
boliviano resistiu por mais um ano, mas, 
sem recursos,também assinou uma 
trégua. O Chile anexou a antiga província 
peruana de Tarapacá e a boliviana 
Antofagasta às suas terras, deixando os 
vizinhos da Bolívia sem acesso ao mar. 
FRANÇA
Entre todas estas, a mais 
emblemática. As faixas 
verticais azul, branca e 
vermelha remetem às cores 
usadas desde a Idade Média 
pela realeza. O design atual 
foi oficializado em 1794. 
O azul e o vermelho eram 
símbolos de Paris e dos 
revolucionários franceses, 
e o branco, da realeza.
PARAGUAI
Os ideais da Revolução 
Francesa contagiaram os 
corações de muitos povos. 
Esta é uma das explicações 
para o Paraguai ter uma 
bandeira tricolor. Há outra 
versão: as cores foram 
usadas pelos voluntários 
paraguaios que participaram 
da defesa de Buenos Aires 
contra invasores ingleses.
Em sua música Almanaque, lançada em 1981, o 
compositor Chico Buarque perguntava, sarcástico: 
“Quem pintou a bandeira brasileira, que tinha tanto lápis 
de cor?” Mais do que um julgamento estético, a piada 
tinha um viés político, já que à época os símbolos 
nacionais eram usados como marketing político pela 
ditadura militar. Mas, se Chico fosse francês, holandês, 
luxemburguês, esloveno, croata, sérvio, eslovaco, russo 
ou paraguaio, talvez fizesse uma canção queixando-se 
exatamente da falta de lápis de cor nas mãos dos 
responsáveis pelas bandeiras desses países. É que todas 
elas trazem a mesma combinação das cores vermelho, 
branco e azul e, ainda que sejam desenhadas de 
maneiras distintas, são facilmente confundidas.
UM INUSITADO 
TROFÉU 
DE GUERRA
16 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
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a) Tratamento para calvície
b) Terapia de eletrochoque
c) Máquina de permanente
d) Eletrodos para estimulação cerebral
e) Secador de cabelos
DESCUBRA O QUE 
É O ESTRANHO 
OBJETO DA FOTO
RESPOSTA: Letra C. Máquina de 
permanente. O cabeleireiro alemão Karl 
Nessler desenvolveu o aparelho para ondular 
cabelos em 1905. O processo envolvia uma 
mistura de soda cáustica, urina de vaca e 
água, assim como bastões de cobre ligados 
a um aquecedor elétrico. O cabelo era tratado 
com a solução e enrolado em torno dos 
bastões – seis horas depois, os cachos 
estavam prontos. A invenção foi aperfeiçoada 
pelos rivais Eugene Suter e Isidoro Calvate, 
que ajudaram a popularizar o método.
O Que É Isto?ALMANAQUE
LUXEMBURGO
O Parlamento de 
Luxemburgo propôs trocar, 
em 2006, a bandeira tricolor 
por um layout diverso: um 
leão vermelho levantado nas 
patas traseiras, sobre um 
fundo de faixas brancas e 
azuis. O argumento forte 
para a troca era evitar que o 
símbolo luxemburguês fosse 
confundido com o holandês. 
RÚSSIA
A bandeira da Rússia, usada 
desde o século 17 em seus 
navios, não tem explicação 
oficial para o significado das 
cores. Mas a importância 
do país determinou a 
escolha dos lápis de cor 
pelos países vizinhos. 
Como aconteceu com os 
símbolos da Sérvia, Croácia, 
Eslovênia e Eslováquia. 
SÉRVIA
 Croácia, Eslováquia e Sérvia 
estampam brasões 
específicos. Mas não fogem 
da coincidência cromática. 
A bandeira sérvia, por 
exemplo, é uma versão 
invertida do pavilhão russo. 
A origem seria um desfile 
de sérvios sem bandeira na 
Rússia. Eles simplesmente 
inverteram a do país anfitrião. 
 HOLANDA
A bandeira tem uma 
explicação curiosa. Era 
branca, azul e laranja, a 
última cor em homenagem 
ao príncipe William I, da Casa 
de Orange. Mas os pigmentos 
do laranja desbotavam 
e ficavam avermelhados. 
O povo manteve William I 
no coração, mas trocou 
o laranja pelo vermelho.
AVENTURAS NA HISTÓRIA | 17
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O Duque de 
Wellington: 
derrota 
definitiva a 
Napoleão 
Bonaparte e 
mergulho na 
política 
20 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
CAPA
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o último dia de 2014, jornais 
britânicos estamparam o obi-
tuário de Valerian Wellesley, 
o Oitavo Duque de Wellington. 
O que puderam destacar da longa trajetória 
do nobre britânico – Valerian Wellesley 
morreu aos 99 anos – foi uma vaga menção 
à contribuição que ele deu a causas de de-
fesa do modo de vida rural no Reino Unido. 
O que parecia mesmo valer a pena mencio-
nar, como de fato fizeram todos os jornais, 
era a incansável dedicação com que o Oi-
tavo Duque de Wellington defendeu e enal-
teceu a memória de seu mais famoso ante-
passado, Arthur Wellesley, o Primeiro 
Duque de Wellington, “o homem que der-
rotou Napoleão Bonaparte”, conforme re-
gistraram os jornais.
O título de duque, com o qual Arthur 
iria inaugurar sua linhagem, foi a recom-
pensa real pela sua participação como co-
mandante do Exército britânico e seus 
aliados na decisiva Batalha de Waterloo, 
em 18 de junho de 1815. Esse choque, no 
qual 118 mil soldados aliados (principal-
mente britânicos e prussianos) enfrenta-
ram 50 mil franceses, e custou 66 mil mor-
tos e feridos em apenas um dia, determinou 
a derrota definitiva do expansionismo 
francês na Europa e o fim da carreira de 
Napoleão Bonaparte, que terminaria exi-
lado na remota Ilha de Santa Helena, onde 
morreria seis anos mais tarde. 
Neste 2015, quando se celebra o bicente-
nário de Waterloo, o Duque de Wellington 
é um dos personagens centrais de uma pro-
funda transformação que afetou o ocidente. 
Trata-se do período das Guerras Napoleô-
nicas, que se estendeu de 1803 a 1815, e no 
qual a França – tornada império por Napo-
leão – se colocou em guerra aberta contra 
quase todas as nações europeias. O sucesso 
militar francês foi proporcionado por uma 
mistura de estratégias de batalha que ludi-
briavam inimigos e inovações, como o uso 
de artilharia para abrir brechas nas linhas 
de defesa inimigas. O imperador Napoleão 
Bonaparte, pela força das armas ou pelo 
terror, anexou ou subjugou por meio de 
acordos ou coerção boa parte da Europa.
NAPOLEÃO
ARTHUR WELLESLEY, O DUQUE DE WELLINGTON, 
LUTOU NOS CAMPOS DA GUERRA E DA POLÍTICA
O HOMEM QUE DERROTOU
TEXTO Fernando Duarte, de Londres
AVENTURAS NA HISTÓRIA | 21
AH142_WELLINGTON_2.indd 21 5/5/15 8:21 AM
CONFLITO GLOBAL
Para os padrões da época, essas guer-
ras podem ser consideradas um con-
flito global, cuja influência atraves-
sou o oceano e impactou fortemente-
até mesmo a construção do Brasil. Em 
1808, foi uma escolta da Marinha 
britânica que permitiu à corte portu-
guesa se mudar de mala e cuia para 
o Brasil. Uma manobra evasiva dian-
te do avanço das tropas do líder fran-
cês na PenínsulaIbérica.
Em todo o mundo ocidental, uma 
das poucas forças capazes de enfren-
tar a máquina de guerra francesa era 
a esquadra da Grã-Bretanha. Dona 
de uma Marinha muito mais robusta 
que a francesa, e favorecida pelo fato 
de ser uma ilha, a nação frustrava as 
tentativas de invasão pelo mar. Mas, 
mesmo seguros em suas terras, os 
britânicos acompanhavam com aten-
ção o avanço territorial de Napoleão.
Afinal, suas colônias sempre pode-
riam ser invadidas.
Em terra firme, o combate era am-
plamente favorável ao imperador 
francês. Mesmo com 220 mil ho-
mens, o Exército britânico era dez 
vezes menor que o contingente fran-
CAPA
22 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
AH142_WELLINGTON_2.indd 22 5/5/15 8:21 AM
cês. Isso sem falar que metade das 
forças inglesas estava mobilizada 
para cuidar da defesa do território. 
O que restava era a que poderia ser 
mobilizada pelo seu “músculo finan-
ceiro”. Dito de outra maneira, Lon-
dres estava com seus cofres bem 
abastecidos pelos negócios gerados 
a partir da Revolução Industrial. 
Com dinheiro na mão era possível 
contratar mercenários austríacos e 
russos para lutar ao seu lado.
A verdade é que, em 1815, Napo-
leão já não era o formidável conquis-
tador de pouco tempo antes. No ano 
anterior, enfraquecido por uma atra-
palhada e mal planejada invasão da 
Rússia, que o obrigou a uma trágica 
retirada, o líder francês havia sido 
apeado do poder pela coligação de 
países que o combatia. Ainda por 
cima, territórios anexados pela Fran-
ça, foram retomados. Exilado na Ilha 
de Elba, Napoleão foi substituído por 
Luís XVIII no trono francês.
Mas, se era odiado pelo resto da 
Europa, Napoleão não saíra do cora-
ção dos franceses, principalmente no 
dos antigos soldados que comandara. 
Assim, após uma ousada fuga de 
Elba, desembarcou no sul da França 
e foi conquistando a adesão de seus 
compatriotas até chegar a Paris, der-
rubar o rei e reassumir o poder. 
A notícia de que Napoleão fugira 
de Elba alarmou líderes europeus. E 
eles tinham razão para se assustar. 
O francês montou um novo Exército 
para tentar reconquistar os territó-
rios perdidos anteriormente. Em 
ataques-surpresa, as forças de Na-
poleão conseguiram momentanea-
mente dividir a coalizão de exércitos 
que se unira contra ele. A ação toda 
convergia para a cidade de Waterloo. 
Lá se encontraria com Arthur Wel-
lesley, muito mais conhecido como 
Wellington.
Ao lado, Napoleão 
após deixar a Ilha 
de Elba e retornar 
à França. Abaixo, 
a fuga da corte 
portuguesa rumo ao 
Brasil: reflexo das 
guerras napoleônicas
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ÃO
AVENTURAS NA HISTÓRIA | 23
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“MEU INÁBIL ARTHUR”
Nascido em 17 de maio de 1769, em 
Dublin, Wellington veio ao mundo 
numa família anglo-irlandesa de ra-
ízes aristocráticas – seu pai era o 
Conde de Mornington e sua mãe a 
Viscondessa de Dungannon. Quarto 
de cinco irmãos, estava fora do cír-
culo mais importante da família. Foi 
o irmão mais velho, Richard, por 
exemplo, quem herdou o título de 
nobreza do pai por ocasião de sua 
morte, em 1781. Isso não quer dizer, 
porém, que Wellington não teve uma 
vida confortável. No mesmo ano da 
morte do pai, Arthur começou os es-
tudos em Eton, na época já a presti-
giadíssima escola particular forma-
dora de personalidades de estatura 
histórica – por lá passaram, por 
exemplo, o atual premiê britânico, 
David Cameron, e o escritor Ian Fle-
ming, além do príncipe William.
Mas quando se olhava para 
Wellington não se via nada que indi-
casse que se estava diante de alguém 
que alçaria voos altos. Sem fazer ami-
gos, ele detestava a escola, que aban-
donou em 1874, quando problemas 
financeiros após a morte do pai fize-
ram com que a mãe não pudesse mais 
pagar a anuidade. A família se mudou 
para Bruxelas, mas a sensação de que 
Arthur estava fadado a uma existência 
medíocre apavorava a mãe, que apeli-
dou o filho de “meu inábil Arthur”.
“Arthur perdeu seu pai quando 
tinha apenas 12 anos, e sua mãe não o 
considerava tão especial quanto os 
demais irmãos. Seus únicos talentos 
pareciam ser tocar violino e cálculos 
aritméticos. Mas mesmo isso ficava 
em segundo plano, diante da consta-
tação de que ele era indolente e antis-
Wellington: 
juventude 
indolente e 
antissocial
CAPA
24 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
AH142_WELLINGTON_2.indd 24 5/5/15 8:21 AM
social, escreveu Norman Gash, um 
dos mais famosos biógrafos do duque.
Em Bruxelas, no entanto, sua vida 
daria uma guinada. Aulas de equita-
ção e esgrima na França abriram ca-
minho para uma carreira militar. Em 
1787, entrou para o Exército britânico. 
Graças às conexões familiares, foi 
promovido a tenente. E o antigo iso-
lamento deu lugar a um Wellington 
que frequentava diversas ocasiões 
sociais e trabalhava como assessor da 
principal figura do Poder Executivo 
da Irlanda, então ainda sob domínio 
britânico. Logo conseguiu uma no-
meação biônica para o Parlamento 
irlandês. Sua ascensão meteórica na 
carreira militar deveu-se muito à 
compra de patentes, algo comum no 
Exército britânico na época.
As primeiras experiências de 
Wellington nos campos de batalha 
parecem ter sido motivadas muito 
mais pelo desejo de ganhar dinheiro 
para pagar dívidas do que por algu-
ma inclinação pelo heroísmo. Em 
1794, juntou-se às forças britânicas, 
que fracassaram contra tropas fran-
cesas na Holanda. Dois anos mais 
tarde, tomou o rumo da Índia, apro-
veitando a nomeação do irmão Ri-
chard Wellesley como governador-
geral. Lá, comandou investidas 
contra as forças locais que se rebe-
lavam contra o domínio britânico. 
Teve sucesso relativo, mas, ao que 
tudo indica, foi na ocasião que co-
meçou a tomar gosto pela coisa.
Os historiadores estão de acordo 
que foi daquelas batalhas que o “inábil 
Arthur” tirou o aprendizado que usa-
ria em seu duelo com Napoleão. 
“Wellington desenvolveu um tipo de 
ataque batizado de Leve e Rápido, que 
tinha por objetivo acabar com a de-
pendência de linhas de suprimento 
muito longas e, consequentemente, 
vulneráveis. Para isso, precisou de-
senvolver um sistema de captação de 
informações que fornecesse inteligên-
cia precisa e atualizada sobre o inimi-
go”, diz o historiador militar Huw 
Davies, autor de um livro sobre as 
estratégias militares do duque.
O duque a 
caminho de 
Waterloo: 
estratégia 
surpreendeu 
os franceses
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AVENTURAS NA HISTÓRIA | 25
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GENERAL DE CIPÓ
Wellington só voltaria à Grã-Bretanha 
em 1805, quando se casou com Cathe-
rine Pankenham, uma aristocrata 
cuja família impedira de se juntar a 
ele anos antes, o que levara o militar 
a queimar seu violino e desistir da 
música. No final desse ano, Napoleão 
ainda esbanjava força e derrotaria, em 
dezembro, na Batalha de Austerlitz, a 
chamada Terceira Coalizão, formada 
pela Grã-Bretanha, o Império Russo, 
a Suécia e outros aliados.
Longe desse campo de batalha, o 
recém-casado Arthur Wellesley na-
morava a política. Em 1806, foi eleito 
MELHOR NA GUERRA 
DO QUE NA PAZ
O HERÓI DE WATERLOO FOI DERROTADO EM CASA
O sangue azul que corre nas 
veias dos aristocratas está 
misturado com um inapelável 
conservadorismo, diz o senso 
comum. Se tal crença carrega 
um pouco de exagero e 
generalização, ela parece se 
aplicar à perfeição ao primeiro 
Duque de Wellington. Enquanto 
ocupava o cargo de primeiro- 
ministro, vetou praticamente 
todas as propostas de reforma 
que chegaram a seu gabinete.
É provável que Wellington 
tenha adicionado ao seu espírito 
conservador o medo de que 
os ideais libertadores da 
Revolução Francesa de 1789 
“contaminassem” os britânicos. 
Nascido em 1769, o duque foi 
contemporâneo da revolução. 
Certamente se horrorizou com 
o grande número de cabeças 
de aristocratas que foram 
guilhotinadas.
Sua teimosia em aceitar 
reformas parlamentares que 
democratizassem o processo 
político no país, incluindo uma 
proposta de ampliar os direitos 
de voto,gerou uma onda de 
insatisfação que levou multidões, 
por exemplo, a atirar pedras 
contra sua casa em Londres, a 
Apsley House. Pressionado por 
todos os lados, o duque renunciou 
ao cargo em 1830, com menos 
de dois anos de mandato.
Mesmo na caserna Wellington 
criou inimizades. Ele se opôs às 
tentativas de profissionalização 
do Exército, o que se trariam 
consequências problemáticas 
para os britânicos no século 
seguinte. Quando eclodiu a 
Primeira Guerra, por exemplo, 
o Exército do país era inferior 
aos vizinhos europeus em 
tamanho e poder de fogo.
Mas a melhor porção do 
duque era mesmo a sua alma 
de soldado. Apesar de nunca 
ter sido um homem pobre, 
biógrafos de Wellington contam 
que a vida militar fez com que 
ele mantivesse alguns hábitos 
austeros, de soldado, até o 
fim de sua vida. Por exemplo, 
dormia numa cama de 
campanha, mesmo quando 
estava em palácios.
Desde sua morte, outros oito 
homens herdaram seu título 
de nobreza, incluindo Arthur, 
o mais velho de seus dois filhos. 
Wellington também permanece 
na lembrança popular por ter 
batizado um prato típico britânico 
– o Beef Wellington, em que 
uma peça de filé é untada com 
patê de foie gras e assada em 
massa folhada. O prato, 
segundo diversas fontes 
históricas britânicas, foi criado 
para comemorar o triunfo 
britânico em Waterloo.
CAPA
26 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
AH142_WELLINGTON_2.indd 26 5/5/15 8:44 AM
deputado no Parlamento britânico e 
assumiu um posto executivo, o de se-
cretário para a Irlanda. Mas guerra é 
guerra, e ele se viu compelido a voltar 
ao campo de batalha algumas vezes. 
A mais importante em 1808, destaca-
do para comandar um batalhão con-
tra forças francesas em Portugal. 
Passaria os cinco anos seguintes ten-
tando expulsar as forças de Napoleão 
da Península Ibérica.
Seus feitos começaram a ser per-
cebidos. Sua reputação não crescia 
somente nos altos círculos. Vitorioso, 
e com a elegância inata das suas raí-
zes aristocráticas, Arthur desperta-
va admiração popular na Grã-Breta-
nha. Isso facilitou seu trânsito por 
círculos políticos e diplomáticos, 
primeiro como embaixador em Paris 
e depois como enviado do governo ao 
Congresso de Viena, cuja meta era 
definir as fronteiras europeias no 
século 19 e pacificar o continente. 
Mas os tempos estavam mais para 
fuzis do que para rapapés. Welling-
ton deixou a sala de reuniões para 
assumir o comando das forças que 
enfrentariam Napoleão em Waterloo.
A batalha foi uma carnificina que 
historiadores descrevem como uma 
das mais cruéis da história. Estima-
Napoleão, depois de 
Waterloo: para ele, 
Wellington era o 
“general de cipó”
se que em seu único dia de escaramu-
ças, 40 mil soldados morreram. 
Wellington, segundo relatos da épo-
ca, teria ficado chocado com o resul-
tado da batalha, o que, no entanto, 
não lhe tirou a satisfação de derrotar 
o inimigo que respeitava. A recíproca 
não era verdadeira. Napoleão não le-
vava o britânico a sério. “Wellington 
admirava os feitos de Napoleão, mas 
ficou irritado ao saber que o francês 
se referiu a ele como um ‘general de 
cipó’, insinuação de que o britânico só 
teria feito sucesso na Índia”, diz An-
drew Roberts, autor de uma biografia 
sobre os dois líderes.IM
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AVENTURAS NA HISTÓRIA | 27
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HERÓIS NA PRAÇA E NO PARQUE
WELLINGTON É ADMIRADO PELOS BRITÂNICOS, MAS NELSON É MAIS
Turistas que passeiam pelo centro 
de Londres podem testemunhar uma 
diferença histórica de tratamento 
entre os dois principais heróis das 
Guerras Napoleônicas. Em Trafalgar 
Square, no alto de uma coluna com 
mais de 50 metros de altura, a estátua 
do almirante Horatio Nelson fita o 
infinito num dos cartões-postais mais 
conhecidos do mundo.
O Duque de Wellington mereceu um 
arco que leva seu nome, localizado na 
parte sul do Hyde Park, homenagem 
com visibilidade bem menor que a 
do comandante naval britânico. 
A diferença de dimensões, altura e 
localização mostram os pesos diversos 
que duas batalhas épicas têm sobre 
o imaginário popular britânico.
Wellington ficou famoso como 
o general que derrotou, em 
1815, o também icônico 
Napoleão Bonaparte. 
Mas para muitos britânicos, 
a Batalha de Trafalgar, em 1805, 
ficou marcada com o auge militar 
do império. Naquela ocasião, 
em um duríssimo combate contra 
a união entre as esquadras francesa 
e espanhola, a Grã-Bretanha não só 
frustrou os planos de uma invasão 
de seu território pelas forças 
napoleônicas como confirmou uma 
hegemonia dos mares que duraria 
mais de um século.
Além de ser tradicionalmente 
mais orientada para o mar (afinal, 
trata-se de uma ilha) do que para 
o combate em terra – algo 
demonstrado pelos números 
inferiores de soldados que Wellington 
tinha à sua disposição, os britânicos 
também se sensibilizaram com o 
fato de Nelson ter morrido durante 
a Batalha de Trafalgar. Já Wellington 
nunca se feriu.
“É preciso lembrar também que 
Wellington enveredou pela política e foi 
primeiro-ministro numa época difícil 
para o país, que tinha se comprometido 
de forma pesada financeiramente com 
as Guerras Napoleônicas. E o duque 
também teve o problema de tentar se 
comportar na política como no campo 
de batalha: ele não sabia delegar, mas 
sim dar ordens”, afirma o historiador 
Paul Johnson, autor de um livro sobre 
heróis em que Wellington e Nelson 
são temas de capítulos.
A diferença da percepção popular 
foi confirmada em enquete realizada 
em 2002, pela rede de comunicação 
estatal britânica BBC. Nela, Nelson 
aparece em 9º lugar, com seis corpos 
de vantagem sobre Wellington, que 
ocupa a 15ª posição. Ainda assim, um 
desempenho notável, ficando à frente 
de personalidades como a ex-premiê 
Margaret Thatcher e até mesmo 
da rainha Vitória, a monarca mais 
longeva da história britânica.
Além disso, “o duque está na 
memória coletiva do país. Há dezenas 
de pubs ingleses, por exemplo, 
batizados em homenagem a ele”, 
afirma Janice Murray, diretora do 
Army National Museum, em Londres. 
Reconhecimento popular maior do 
que esse não se encontra facilmente 
pela Inglaterra.
HERÓIS NA PRAÇA E NO PARQUE
WELLINGTON É ADMIRADO PELOS BRITÂNICOS, MAS NELSON É MAISWELLINGTON É ADMIRADO PELOS BRITÂNICOS, MAS NELSON É MAIS
Turistas que passeiam pelo centro Turistas que passeiam pelo centro 
de Londres podem testemunhar uma de Londres podem testemunhar uma 
diferença histórica de tratamento diferença histórica de tratamento 
entre os dois principais heróis das entre os dois principais heróis das 
Guerras Napoleônicas. Em Trafalgar Guerras Napoleônicas. Em Trafalgar 
Square, no alto de uma coluna com Square, no alto de uma coluna com 
mais de 50 metros de altura, a estátua mais de 50 metros de altura, a estátua 
do almirante Horatio Nelson fita o 
infinito num dos cartões-postais mais 
conhecidos do mundo.
O Duque de Wellington mereceu um 
arco que leva seu nome, localizado na 
parte sul do Hyde Park, homenagem 
com visibilidade bem menor que a 
do comandante naval britânico. 
A diferença de dimensões, altura e 
localização mostram os pesos diversos 
que duas batalhas épicas têm sobre 
o imaginário popular britânico.
Wellington ficou famoso como 
Mas para muitos britânicos, 
a Batalha de Trafalgar, em 1805, 
ficou marcada com o auge militar 
do império. Naquela ocasião, 
em um duríssimo combate contra 
a união entre as esquadras francesa 
e espanhola, a Grã-Bretanha não só 
frustrou os planos de uma invasão 
de seu território pelas forças 
napoleônicas como confirmou uma 
hegemonia dos mares que duraria 
mais de um século.
Além de ser tradicionalmente 
mais orientada para o mar (afinal, 
trata-se de uma ilha) do que para 
o combate em terra – algo 
demonstrado pelos números 
Trafalgar Square: 
Nelson é mais 
reverenciado do 
que Wellington
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LIVROS
Waterloo: The History 
of Four Days, Three 
Armies andThree Battles, 
Bernard Cornwell, 
HarperCollins, 2014
Wellington: The Iron 
Duke, Richard Holmes, 
HarperCollins, 2003
Napoleon and Wellington: 
The Long Duel, Andrew 
Roberts, W&N, 2003
The Napoleonic Wars 
1803-1815, David Gates, 
Pimlico, 2003
SAIBA MAIS
PRIMEIRO-MINISTRO
Ironias e ressentimentos não ga-
nham guerras. Wellington saiu-se 
vitorioso, sobretudo por adotar uma 
postura mais cautelosa e defensiva, 
ao contrário do excesso de confiança 
de Napoleão, que apostou pesado na 
tática de tentar isolar as forças britâ-
nicas e prussianas que lutavam em 
conjunto. Ao final, Napoleão passa-
ria o resto de seus dias exilado na 
Ilha de Santa Helena. Morreria em 
1821, possivelmente de câncer no es-
tômago – a causa da morte até hoje é 
debatida, e fala-se de envenenamen-
to. Já Wellington voltaria para casa 
mais rico e coberto de glórias.
Em 1828, já atendendo pelo título 
de Duque de Wellington, que lhe ha-
via sido concedido como recompensa 
pela derrota impingida a Napoleão, 
foi convidado pelo rei George V a as-
sumir o cargo de primeiro-ministro. 
Sua performance não foi tão vitoriosa 
quanto no campo de batalha. Conser-
vador, ele criou insatisfação por causa 
de sua resistência a reformas sociais 
e políticas, sobretudo ao aumento da 
participação das classes populares 
nas eleições (veja na pág. 34). Mas foi 
em seu governo que uma legislação 
reduzindo drasticamente a discrimi-
nação contra católicos na Grã-Breta-
nha foi aprovada. Foi uma guerra 
política tão acirrada e gerou tamanha 
confusão que o duque precisou duelar 
com um adversário político como for-
ma de não ter sua honra questionada. 
Ele e o conde de Winchilsea trocaram 
tiros, errando de propósito. 
Seu governo durou apenas dois 
anos, mas o Duque de Ferro, como 
ficou conhecido por causa da teimo-
sia política, ocuparia ainda os minis-
Funeral de 
Wellington 
na Catedral 
de St. Paul: 
honraria rara
térios da Guerra, do Interior e das 
Relações Exteriores até se aposentar 
da vida pública, em 1846. Seis anos 
depois, morreria vitimado por uma 
série de derrames. Teve um raro e 
grandioso funeral com honras de 
estado e foi enterrado na Catedral de 
St. Paul. Segundo relatos da época, 
multidões se aglomeraram para ver 
a passagem do caixão.
AVENTURAS NA HISTÓRIA | 29
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ALMANAQUE História Ilustrada
DIA D
ILUSTRAÇÃO Eduardo Schaal
O ATAQUE QUASE SURPRESA 
QUE FORJOU O FINAL DA 
SEGUNDA GUERRA
No dia 6 de junho de 1944, tro-pas norte-americanas, britâ-nicas e canadenses cruza-
ram o Canal da Mancha e desembar-
caram na costa da Normandia, na 
França. O objetivo era criar, a oeste 
da Alemanha, uma nova frente na 
Segunda Guerra, pressionando ainda 
mais os alemães, que desde o ano an-
terior vinham sendo duramente fus-
tigados, do lado oriental, pela contra-
ofensiva dos russos, depois da Bata-
lha de Stalingrado. Mesmo com pesa-
das baixas – cerca de 4 400 soldados 
aliados morreram durante o ataque 
– o objetivo do Dia D foi atingido: os 
alemães passaram à defensiva e, 11 
meses mais tarde, se renderiam, co-
locando fim à guerra na Europa.
DÚVIDA ALEMÃ
O desembarque aliado não pegou os 
alemães totalmente de surpresa, mas 
graças a uma bem-montada simulação 
de movimento de tropas e ao uso de 
contrainformação por espiões infi ltrados, 
Hitler acreditava que o ataque seria em 
Calais, o que o obrigou a espalhar tropas 
por uma grande região litorânea.
COMISSÃO DE FRENTE
Na noite anterior, 1 056 aviões-
bombardeiros despejaram 5 000 
toneladas de bomba sobre as 
casamatas alemãs. À meia-noite, 
19 000 paraquedistas saltaram 
na retaguarda alemã, para 
garantir os fl ancos do campo de 
batalha. Quando o dia amanhecia, 
7 encouraçados, 23 cruzadores 
e 103 destróiers aliados 
bombardearam as baterias 
junto às praias. 
MEIA-NOITE NA NORMANDIA
Ao fi nal do Dia D, um total de 176 000 
tropas dos aliados, apoiados por 10 000 
tanques, veículos e peças de artilharia, 
haviam desembarcado no litoral francês. 
Cerca de 12 500 vítimas entre os aliados 
e 6 000 alemães perderam a vida.
ARMADILHAS 
EM SWORD 
A praia de Sword, na 
qual desembarcaram 
28 845 ingleses da 3ª 
Divisão, estava repleta 
de minas e obstáculos 
de aço, o que retardou o 
avanço, congestionando 
a praia. Os veículos 
e soldados fi caram, 
então, expostos 
ao fogo alemão. 
As baixas foram 
muitas, ultrapassando 
1 000 vítimas.
SWOR
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FRANÇA
INGLATERRA
Normandia
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 M a n c h a
Calais
30 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
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FORÇA DE ATAQUE
Foi o maior desembarque anfíbio 
da História: 7 000 navios, 
lanchas de desembarque e até 
barcos a vela cruzaram os 160 
km de mar que separam a 
Inglaterra da Normandia, 
transportando 195 700 
combatentes, tanques, veículos, 
canhões e outros equipamentos.
O ABATEDOURO 
OMAHA
De longe a batalha 
mais mortífera do 
Dia D. Os 34 250 
norte-americanos do 
1º Exército encontraram 
uma feroz resistência 
dos alemães, que 
atiravam neles do alto 
dos penhascos. Ali, 
mais de 2 000 soldados 
foram mortos ou 
seriamente feridos. 
VENTO INIMIGO 
EM GOLD 
Fortes ventos impediram 
que as lanchas de 
desembarque deixassem 
os ingleses da 50ª 
Divisão na posição 
correta. Quatro 
casamatas de concreto 
dificultavam ainda mais 
o movimento dos 
soldados aliados. 
As vítimas foram 413, 
na praia Gold.
UTAH, A MAIS FÁCIL
Das cinco áreas de 
desembarque, Utah foi 
onde houve menos 
oposição dos alemães. Um 
total de 23 250 soldados 
norte-americanos, da 
4ª Divisão de Infantaria, 
desembarcaram ali. 
O número de vítimas é 
estimado em 197, as 
menores baixas entre 
todos os pontos de 
desembarque.
JUNO DESPROTEGIDA 
O mar agitado em Juno 
provocou o atraso no 
desembarque, fazendo 
com que os 21 400 
soldados da 3ª Divisão 
de Infantaria canadense 
pisassem na areia 
antes dos blindados 
que deveriam protegê-
los. Foram alvos fáceis 
para os canhões e 
ninhos de metralhadora 
alemães. Um total de 
1 200 mortos.
C A N A L D A 
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COMO O MENINO DO INTERIOR IDEALIZOU E 
CONSTRUIU O ESTÁDIO DO MORUMBI
TEXTO José Renato Santiago
ALMANAQUE Crônica
Laudo Natel (no centro) e 
Cícero Pompeu de Toledo 
(segundo da esq. para 
a dir.) apresentam a 
maquete do Estádio 
do Morumbi para a 
imprensa, em 1956 
O GOVERNADOR, 
PRESIDENTE DE CLUBE 
E TORCEDOR
LAUDO NATEL
AH143_CRONICA2.indd 32 5/5/15 8:54 AM
menino Laudo, como diria posterior-
mente, se tornou um são-paulino de 
geração espontânea. 
Ainda com 16 anos, passou a tra-
balhar no Banco Noroeste, onde ficou 
por seis anos e conheceu Amador 
Aguiar, que em 1943 fundaria o Bra-
desco, na cidade de Marília. Umas 
das primeiras ações de Amador foi 
contratar Laudo na nova empresa. 
Embora tímido, Laudo tinha uma 
característica muito apreciada pelo 
povo do interior: adorava uma boa 
prosa. Por causa disso, passou a via-
jar pelo interior do estado, o que o 
levou a conhecer praticamente todas 
as cidades paulistas.
O crescimento do Bradesco fez 
com que Laudo fosse morar na capi-
tal em 1945, próximo ao Estádio do 
Pacaembu, local do qual se tornou 
frequentador para assistir aos jogos 
de seu time, que, liderado por Leô-
nidas da Silva, marcou época na 
década de 1940, ao conquistar os 
títulos estaduais de 1943, 1945, 1946, 
1948 e 1949.
O time tricolor, considerado um 
dos grandes do país, precisava de 
investimentos maiores para formar 
grandes equipes. Então, o temor de 
1934, quando o clube chegou a fechar 
as portas por causa de dívidas, voltou 
a preocupar os dirigentes.
Nasceu na pequena cidade paulista de São Manuel, dis-tante cerca de 300 km da 
capital, em 14 de setembro de 1920, 
Laudo Natel, o filho caçula de quatro 
irmãos do casal Bento e Albertina. 
Seu pai administrava uma fazenda 
local, onde morava com a família, o 
que garantia os recursos que banca-
ram os estudos dos filhos. Naqueles 
tempos o país vivia o auge da Políti-
cado Café com Leite, com a predomi-
nância do poder sob as mãos de pau-
listas, grandes produtores de café, e 
dos mineiros, que produziam leite, 
em uma clara evidência da força do 
setor agrário desses estados.
Sob a liderança de Getúlio Vargas, 
a Revolução de 1930 deu fim a esse 
modelo político ao impedir a posse do 
então governador do estado de São 
Paulo, Júlio Prestes, eleito presidente, 
o que causou grande instabilidade em 
todo o Brasil, mas principalmente 
entre os paulistas e os seguidores de 
Getúlio. O pequeno Laudo viveu na 
pele esse período, sobretudo ao ver 
seus irmãos, Dácio e Washington, se 
alistarem nas forças paulistas que 
promoveram a Revolução Constitu-
cionalista de 1932. Muito embora der-
rotados no confronto armado, os pau-
listas conseguiram voltar a comandar 
seu estado e garantir a promulgação 
de uma nova constituição em 1934.
O orgulho paulista fervilhava sob 
a pele de seus cidadãos, e foi nesse 
tempo que Laudo passou a ouvir falar 
de um time de futebol que, além de 
ter as mesmas cores da bandeira pau-
lista, o vermelho, o preto e o branco, 
também tinha o mesmo nome, São 
Paulo. Ao contrário do pai, que não 
tinha nenhum interesse no futebol, o 
Time do 
São Paulo 
campeão 
estadual 
em 1946
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AVENTURAS NA HISTÓRIA | 33
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Por causa disso, Laudo Natel, que 
já era sócio desde 1946, foi convidado 
a assumir a tesouraria do clube em 
1952, e aceitou por um período de um 
ano. No entanto um novo sonho fez 
com que os planos fossem alterados. 
Juntamente com o presidente do clu-
be, Cícero Pompeu de Toledo, e de 
Manoel Raymundo Paes de Almei-
da, dirigente esportivo, passou a 
trabalhar com afinco em prol da 
construção de um estádio para o clu-
be. Acreditava que apenas dessa 
forma conseguiria manter uma re-
ceita perene, que ajudaria a manter 
a associação. Foi daí que surgiu a 
ideia de adquirir uma área no, na-
quele tempo distante, Jardim Leonor, 
onde não havia sequer uma única 
casa em um raio de 200 metros. Essa 
alternativa era necessária porque a 
área próxima ao Canindé, que per-
tencia ao Tricolor, fora desapropria-
da pela prefeitura para a construção 
da Marginal do Tietê.
Laudo exerceu importante papel 
na gestão do clube, sobretudo na bus-
ca de parceiros dispostos a investir 
recursos para a construção do está-
dio. Com o afastamento de Cícero 
Pompeu de Toledo, por motivos de 
saúde, em 1957, Laudo Natel foi eleito 
presidente do São Paulo Futebol Clu-
be em 23 de abril de 1958, ficando no 
cargo até 10 de abril de 1972, com su-
cessivas reeleições, em 1960, 62, 64, 
66, 68 e 70. Dessa forma passou a ser 
o grande responsável por concretizar 
o sonho tricolor de ter seu estádio 
próprio. A obra levou 18 longos anos 
e só foi possível devido à participação 
de empresas privadas, sobretudo por 
meio de permutas por espaço no es-
tádio, doações e de campanhas pu-
blicitárias, frutos de uma gestão fi-
nanceira extremamente austera.
Diretor do Bradesco, uma das ins-
tituições financeiras que mais cres-
ciam no país, presidente do São Pau-
lo Futebol Clube, que construía seu 
estádio com seus próprios recursos, 
Laudo Natel recebeu um convite inu-
sitado em 1962. O pequeno Partido 
Republicano gostaria de contar com 
ele como candidato a vice-governa-
dor. Naquela época, os votos para 
governador e vice-governador não 
eram vinculados, e o próprio partido 
não acreditava ter condições de com-
petir com as grandes legendas polí-
ticas da época, PSP, PTB, UDN e 
PSD. Após obter autorização do ban-
co e do clube, Laudo saiu como can-
didato. Sem explicitar apoio a ne-
nhum dos candidatos ao cargo majo-
ritário, Laudo derrotou Faria Lima e 
foi eleito. Trabalharia juntamente 
com Adhemar de Barros, que havia 
derrotado Jânio Quadros na eleição 
para o cargo de governador.
Com a cassação de Adhemar pelo 
Regime Militar, que controlava o país 
desde 1964, Laudo Natel se tornou 
governador entre 6 de junho de 1966 
e 31 de janeiro de 1967. Durante esse 
período acumulou os cargos de go-
34 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
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vernador do estado e de presidente 
do São Paulo. Por causa de suas atri-
buições no cargo maior do estado, 
nem sempre ia assistir os jogos do 
tricolor no estádio, mas tinha seu 
lugar reservado na Tribuna de Hon-
ra. Logo desistiu de assistir aos jogos 
da tribuna: era grande o número de 
pessoas que iam ao seu encontro com 
pedidos, afinal ele era o governador 
do estado. Resolveu assistir às parti-
das das arquibancadas, o que tam-
bém se tornou inviável: os torcedores 
passavam o jogo todo reclamando da 
atuação dos jogadores, afinal o time 
vivia seu maior período de jejum de 
títulos, sendo a última conquista no 
distante ano de 1957, justamente o 
último antes de sua posse como pre-
sidente do clube. 
A solução foi ver os jogos de um 
local onde tivesse tranquilidade. O 
lugar escolhido foi o banco de reser-
vas do time, junto à comissão técni-
ca. Durante os jogos, Laudo costu-
mava se manter quieto, comedido, e 
comemorava os gols de forma con-
tida. Ainda assim sua figura auste-
ra junto aos reservas se destacava e 
chamava muita atenção. Em toda 
jogada que tivesse uma marcação a 
favor do São Paulo ou uma não mar-
cação a favor do adversário, era des-
tacado que o governador estava ali, 
e motivou a decisão do árbitro. Além 
disso, não era incomum que muitos 
árbitros trabalhassem como poli-
ciais militares, sob o comando do 
Secretário de Segurança Pública do 
Estado, cargo definido pelo gover-
nador do estado, isto é, era natural 
considerar que, em algumas ocasi-
ões, o árbitro de uma partida do São 
Paulo via seu “chefe” hierárquico no 
banco de reservas do time. Não é 
difícil imaginar que se sentisse in-
timidado com a situação.
De qualquer forma, os fatos de-
monstram que, ao longo dos seus 14 
anos na presidência do São Paulo 
Futebol Clube, Laudo Natel pôde co-
memorar dois títulos estaduais, os 
de 1970 e 1971, sendo que neste último 
ele acumulava o cargo de governador 
do estado – com a vitória frente ao 
Palmeiras por 1 a 0, em 27 de junho. 
Nesse dia, o São Paulo precisava ape-
nas de um empate para conquistar o 
bicampeonato estadual, e o alviverde 
teve um gol legítimo, de Leivinha, 
anulado indevidamente pelo árbitro 
Armando Marques, sob a alegação 
de ter sido marcado com a mão, o que 
claramente não aconteceu. Após 20 
anos no clube, Laudo Natel se desli-
gou da instituição, em 1972, receben-
do o título de “Grande Patrono do 
São Paulo Futebol Clube”. 
O governador 
Carvalho 
Pinto, com a 
esposa, e 
Laudo Natel, à 
esquerda, no 
jogo de estreia 
do Estádio do 
Morumbi
A bênção do 
gramado na 
inauguração, 
em 1960
AVENTURAS NA HISTÓRIA | 35
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AGENDA
36 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
AH143_365DIAS_2.indd 36 5/5/15 8:02 AM
JUNHO DE
1982
1º CRIAÇÃO DO CONSELHO NACIO-
NAL DO MEIO AM-
BIENTE NO BRASIL
(...) Entendida não mais como um 
problema local, mas de espectro na-
cional e mundial, a questão ambien-
tal foi alvo de uma ação governa-
mental no Brasil que busca, se não 
resolver na totalidade os problemas 
vigentes e futuros, ao menos ameni-
zar os efeitos através da moderniza-
ção cada vez maior da produção e 
demanda de produtos por parte dos 
cidadãos brasileiros. (...)
Leia tudo sobre este dia 
que mudou a História no site:
www.aventurasnahistoria.com.br
JUNHO DE
1980
2
LANÇAMENTO 
DA CNN 
No dia 2 de junho de 1980, Ted Tur-
ner, encarnação do sonho americano, 
inovador e ousado em um mundo 
cada vez mais conservador, anunciou 
o surgimento da Cable News Net- 
work (CNN) durante um congresso 
de comunicação em Las Vegas. A 
CNN foi lançada como a primeira 
rede de televisão dedicada unica-
mente às notícias, com transmissões 
todos os diasdo ano, 24 horas por 
dia, divulgando informação útil .(...) 
A CNN, que começou a transmitir 
em 1985, era inicialmente dirigida a 
executivos americanos que se hospe-
davam em hotéis. (...)
Leia tudo sobre este dia 
que mudou a História no site:
www.aventurasnahistoria.com.brILU
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A seção Agenda nesta edição foi 
substituída por esta matéria, que traz os 
fatos relevantes do mês de junho, baseada 
na reprodução de um capítulo do livro 
Os 365 Dias Que Mudaram o Mundo.
imediatamente. Concluída a conten-
da, foi eleito para presidir a Obra 
Pontifícia para a Propaganda da Fé. 
Mais tarde, suas missões como visi-
tador apostólico na Bulgária, na Tur-
quia e na Grécia o converteram em 
“embaixador” do Evangelho no 
Oriente, o que o pôs em contato com 
formas diferentes de religiosidade 
que o enriqueceram e lhe deram ou-
tras visões de mundo. 
Após a Segunda Guerra Mundial, 
Roncalli foi nomeado núncio em Paris 
pelo papa Pio XII, para tratar das re-
lações entre a hierarquia católica fran-
cesa e os regimes pró-nazistas duran-
te a guerra. Empregando um tato 
admirável e uma vontade extre-
mamente conciliadora, Ron-
calli conseguiu consolidar 
firmes laços de amizade 
com uma classe política 
receosa e esquiva.
Em 1952, Pio XII o 
nomeou patriarca de Ve-
neza e, no ano seguinte, ele 
recebeu o capelo cardinalício. 
Sua eleição como papa surpreendeu 
a todos, e desde os primeiros dias de 
seu pontificado sua conduta esteve 
muito afastada da atitude altiva e so-
lene de seus antecessores. Adotou o 
nome de João XXIII e abordou sua 
tarefa com uma humildade que trans-
gredia o rígido protocolo. 
Como pontífice, deu um novo en-
foque ao ecumenismo católico com a 
criação do Secretariado para a Pro-
moção da Unidade dos Cristãos e o 
acolhimento em Roma dos supremos 
hierarcas de quatro Igrejas protes-
tantes. Seu pontificado abriu novas 
perspectivas à Igreja, promovendo 
uma renovação profunda de suas 
ideias e atitudes para adequar a men-
sagem da Igreja aos tempos moder-
nos, corrigindo erros passados e 
JUNHO DE
1963
3 MORRE 
O PAPA 
JOÃO XXIII
Nascido em Sotto il Monte, Bérgamo, 
na Itália, em 1881, com o nome de An-
gelo Giuseppe Roncalli, o futuro pon-
tífice romano era o terceiro de onze 
irmãos em uma humilde família 
camponesa. Aos 11 anos, ingressou 
no seminário de Bérgamo, época em 
que começaria a escrever seu Diário 
da Alma, que continuou durante toda 
a sua vida, com testemunhos de suas 
vontades, reflexões e sentimentos. 
Em 1901, Roncalli abandonou o se-
minário para fazer o serviço 
militar, experiência que o 
ensinou a conviver com 
homens muito diferen-
tes e foi ponto de par-
tida para alguns de 
seus pensamentos 
mais profundos. Cele-
brou a sua primeira missa 
na Basílica de São Pedro em 
1904, um dia depois de ser ordenado 
sacerdote. Depois de se formar como 
doutor em teologia, conheceria o mon-
senhor Radini Tedeschi, que o in-
fluenciaria profundamente e o nome-
aria seu secretário quando foi desig-
nado bispo de Bérgamo. 
Em 1914, a morte repentina do 
monsenhor Tedeschi e o início da 
Primeira Guerra Mundial atrasaram 
seus projetos e sua formação, pois 
teve que se incorporar ao Exército 
Papa João XXIII
AVENTURAS NA HISTÓRIA | 37
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enfrentando os novos problemas 
humanos, econômicos e sociais. 
Para isso, João XXIII promulgou 
as encíclicas Mater et Magistra e Pa-
cem in Terris, nas quais explicitava 
as bases de uma ordem econômica 
centrada nos valores e nas necessi-
dades do homem, falando de “socia-
lização” e da necessidade de estrutu-
ras socioeconômicas cada vez mais 
justas. Ambas as encíclicas signifi-
cavam uma revolução católica das 
questões temporais, pois aceitavam 
a herança da Revolução Francesa e 
da democracia moderna, fazendo da 
dignidade do homem o centro de todo 
o direito e de toda a política e a dinâ-
mica social ou econômica. 
Pouco antes da sua morte, no dia 
3 de junho de 1963, João XXIII con-
vocou um novo concílio que reunisse 
e promovesse a manifestação da Igre-
ja, o Concílio Vaticano II, elaborando 
uma nova teologia dos mistérios de 
Cristo, do mundo físico, do tempo e 
das relações temporais, da história, 
do pecado, do trabalho, da lingua-
gem, da música e da dança, da cultu-
ra, da televisão, do casamento e da 
família, dos grupos étnicos e do Es-
tado. Foi uma tarefa titânica, que 
depois da sua morte foi continuada 
pelo seu sucessor, Paulo VI. 
 
JUNHO DE
1989
4 MASSACRE DA 
PRAÇA DA PAZ 
CELESTIAL 
Na noite de 3 a 4 de junho de 1989, 
civis desarmados foram mortos pelos 
disparos dos soldados ou morreram 
esmagados pelos tanques do Exérci-
to chinês na Praça da Paz Celestial 
(Tian’anmen), em Pequim, depois 
que o Partido Comunista Chinês or-
denou que o Exército pusesse fim aos 
protestos populares que exigiam re-
formas democráticas. Na atualidade, 
o governo chinês continua sem reco-
nhecer a veracidade desses fatos. O 
“incidente” de Tian’anmen, como é 
chamado oficialmente, que acabou 
com a vida de mais de 1 300 pessoas 
e acarretou milhares de prisões e tor-
turas, é uma lembrança fan-
tasma na China.Em 
abril de 1989, Hu Ya-
obang, líder refor-
mista destituído 
pelo presidente 
Deng Xiaoping 
após as primeiras 
revoltas estudan-
tis de 1986, havia 
falecido. Sua morte 
despertou protestos en-
tre a comunidade universi-
tária, indignada pela maneira como 
o líder havia sido tratado pelo Parti-
do. Os estudantes encheram Pequim 
de fotografias dele e levaram coroas 
de flores em sua homenagem ao Mo-
numento aos Heróis do Povo da Pra-
ça da Paz Celestial. 
Yaobang havia lutado pela reabi-
litação dos perseguidos durante a 
Revolução Cultural e era partidário 
de uma mudança política na China, 
o que havia lhe criado inimigos na 
linha dura do Partido Comunista. 
A manifestação de luto se conver-
teu em um protesto popular que de-
nunciava o setor mais ortodoxo do 
Politburo chinês, reivindicando o 
fim da corrupção burocrática e, so-
bretudo, maior liberdade no país. A 
visita oficial do dirigente russo Mi-
khail Gorbatchev, em meados de 
maio, estimulou estudantes, operá-
rios e profissionais de distintas ci-
dades e províncias chinesas a se 
unirem aos protestos. 
Tratou-se de um movimento es-
pontâneo. Seu objetivo não era aca-
bar com o comunismo na China, mas 
pedir reformas. As greves de fome e 
os gritos dos estudantes refletiram 
as reclamações de muitos cidadãos, 
embora a maioria da sociedade chi-
nesa não tenha participado da luta 
deles. Na cúpula comunista, o pri-
meiro-ministro Li Peng, 
partidário do uso da 
força para sufocar a 
revolta, se impôs à 
solução dialogada 
p r o p o s t a p o r 
Zhao Ziyang, se-
cretário-geral do 
partido, que foi 
destituído. Os es-
tudantes, conscien-
tes da presença de cor-
respondentes estrangeiros 
e m Pe qu i m , const r u í r a m e m 
Tian’anmen uma estátua, a Deusa da 
Democracia, para lançar uma men-
sagem ao mundo. 
Liu Xiaobo, um dos líderes infor-
mais dos protestos, tentou sem su-
cesso dialogar com os setores menos 
conservadores do regime para evitar 
uma matança, mas não pôde evitar 
que muitas pessoas morressem de-
baixo dos tanques nas avenidas ad-
jacentes à Tian’anmen; quando o 
Exército chegou à praça, os estudan-
tes combinaram sua retirada. 
Ainda que os militares tenham 
apagado os restos da revolta estudan-
til, a imagem de um rebelde desa-
fiando uma linha de tanques sozinho 
até pará-la deu a volta ao mundo. No 
Ocidente, essa foto se converteu no 
símbolo da resistência democrática 
e, na China, foi usada para mostrar 
o bom trato que o Exército chinês deu 
aos civis em sua intervenção. 
Rebelde desafia 
tanques na China
AGENDA
38 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
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JUNHO DE
1944
6
DESEMBARQUE 
NA NORMANDIA 
Leia tudo sobre este dia que mudou a 
História no site www.aventurasnahis-
toria.com.br e saiba mais na seção His-
tória Ilustrada, página 30 desta edição.JUNHO DE
1494
7
TRATADO DE 
TORDESILHAS 
É conhecido como Tratado de Torde-
silhas o compromisso firmado em 
Tordesilhas, na Espanha, no dia 7 de 
junho de 1494, entre Isabel e Fernan-
do, reis de Castela e Aragão, e João II, 
rei de Portugal. Ele estabelecia uma 
repartição das zonas de conquista e a 
anexação do Novo Mundo por meio 
de uma linha divisória no Oceano 
Atlântico e nos territórios adjacentes 
a ele. Sua assinatura foi necessária 
para cessar a rivalidade entre Portu-
gal e Espanha pela competição no 
descobrimento e na ocupação dos no-
vos territórios ultramarinos. Em 
JUNHO DE
1981
5
DESCOBERTA 
DO HIV
 
O HIV, ou vírus da imunodefici-
ência humana, é um micro-orga-
nismo que ataca o sistema imuno-
lógico humano, debilitando-o e 
tornando-o vulnerável a uma sé-
rie de infecções, algumas delas 
mortais. O vírus do HIV/aids pa-
rasita os linfócitos do corpo hu-
mano, destruindo-os ou impedin-
do-os de realizar sua função cor-
retamente. Com o tempo, a ação 
do vírus sobre o sistema imunoló-
gico diminui sua eficácia, e come-
ça a se manifestar uma série de 
sintomas de uma doença denomi-
nada “síndrome da imunodefici-
ência adquirida (aids)”. 
A infecção pelo HIV está clas-
sificada em três categorias, depen-
dendo do grau de avanço dos sin-
tomas. Categoria A: afetados pela 
fase primária da doença; categoria 
B: apresentam ou apresentaram 
sintomas relacionados com a in-
fecção do HIV diferentes da cate-
goria C, com sintomas como febre 
inferior a 38,5 ºC, diarreia – de 
mais de um mês de duração – e 
grupo de pessoas contagiadas que 
haviam tido parceiros em comum, 
estabelecendo padrões que prova-
vam isso. A doença foi batizada 
então como “síndrome da imuno-
deficiência adquirida” (“aids”, da 
sigla em inglês). 
Nesse mesmo ano, após isolar 
o HIV e realizar estudos posterio-
res, dois cientistas franceses con-
seguiram desenvolver um anticor-
po que identificava os infectados 
entre os grupos de risco. Em 2008, 
eles receberiam o Prêmio Nobel 
da Medicina. Na segunda metade 
dos anos 1980, produziu-se o iso-
lamento social dos infectados, in-
clusive por parte de familiares e 
amigos, fundamentalmente por 
medo de contrair o vírus e como 
fruto do desconhecimento das for-
mas de contágio, o que criou um 
grande alarme social. Por concen-
trar a atenção na comunidade ho-
mossexual, a aids se propagou 
sem controle entre heterossexuais, 
sobretudo na África, na Ásia e na 
Europa Oriental. Atualmente, os 
tratamentos antirretrovirais con-
tribuem para considerá-la uma 
doença crônica, embora seu eleva-
do custo exclua grande parte da 
população. 
herpes-zóster – mais de um episódio, 
ou um episódio com infecção de mais 
de um dermatoma –; e categoria C: 
com quadro de infecções bacterianas 
– tuberculose – ou virais – herpes, 
bronquite, esofagite etc. –, processos 
crônicos, como bronquite ou pneumo-
nia, processos associados ao HIV ou 
processos tumorais, como sarcoma de 
Kaposi, linfoma de Burkitt ou linfoma 
não Hodgkin. Superada a primeira 
fase de infecção, o organismo sofre 
uma redução drástica de linfócitos, 
que faz as defesas se debilitarem, de-
senvolvendo-se infecções bacterianas, 
virais e de outros tipos, com o HIV 
destruindo os micro-organismos res-
ponsáveis por proteger o organismo. 
Nos anos 1980, foram detectados 
vários casos de pneumonia e sarcoma 
de Kaposi com outras patologias crô-
nicas em pacientes geralmente ho-
mossexuais, que apresentavam uma 
carência similar de um tipo de células 
sanguíneas. Em 1981, o HIV foi isola-
do e a doença logo começou a ser co-
nhecida como “peste rosa”, associan-
do o aparecimento de manchas rosa 
na pele com a tendência homossexual 
da maioria dos primeiros casos. 
Em 1984, a doença começou a ser 
considerada uma epidemia, basean-
do-se no estudo realizado com um 
AVENTURAS NA HISTÓRIA | 39
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1493, depois que Cristóvão Colombo 
chegou à América e se tomou conhe-
cimento de que em seu território havia 
povos aborígines que precisavam ser 
evangelizados, os Reis Católicos (Fer-
nando e Isabel, soberanos da Espa-
nha) adotaram as medidas necessá-
rias para garantir todos os direitos 
sobre os territórios descobertos e por 
descobrir. Para isso recorreram ao 
papa espanhol Alexandre VI, que ex-
pediu uma bula papal por meio da 
qual outorgava aos Reis Católicos a 
missão de evangelizar todas as terras 
descobertas e por descobrir. O rei João 
II de Portugal considerou que a bula 
outorgava um privilégio excessivo aos 
reis da Espanha e propôs, diante do 
papa Alexandre VI, dividir os terri-
tórios por descobrir entre Espanha e 
Portugal. O papa traçou uma linha 
divisória no meio do Oceano Atlânti-
co, a cem léguas a oeste das ilhas dos 
Açores e das ilhas de Cabo Verde; a 
parte ocidental ficava sob domínio 
espanhol e a oriental, sob domínio 
português. Os portugueses não se 
conformaram com essa proposta e 
negociaram com os Reis Católicos um 
aumento da distância; no ano 1494, os 
reis da Espanha e de Portugal concor-
daram em que a linha proposta pelo 
papa Alexandre VI passasse a 370 
léguas a oeste das ilhas de Cabo Ver-
de. Esse acordo deu origem ao Trata-
do de Tordesilhas. 
JUNHO DE
632
8
MORRE MAOMÉ 
Maomé, fundador da religião mu-
çulmana, nasceu em Meca, em 575, 
no seio de uma família pobre da 
nobre tribo dos coraixitas. Ficou 
órfão aos 6 anos e foi acolhido por 
seu tio Abu Talib, ao qual acom-
panhou em viagens comerciais. 
Aos 25 anos, Maomé se casou com 
a rica viúva Cadija, de quem teve 
uma filha – Fátima –, além de uma 
posição social mais tranquila 
como comerciante respeitado. Co-
nheceu as duas grandes religiões 
monoteístas de sua época por meio 
das pequenas comunidades cristã 
e judaica de Meca e em suas via-
gens de negócios. 
Aos 40 anos, Maomé começou 
a se retirar para o deserto e a per-
manecer dias inteiros em uma 
caverna do monte Hira, onde 
acreditou receber a revelação de 
Deus – Alá –, que lhe falava pelo 
arcanjo Gabriel e lhe comunicava 
o segredo da fé muçulmana. Ani-
mado por Cadija, começou a pre-
gar a volta da religião de Abraão 
em sua cidade natal, apresentando-se 
como continuador dos grandes pro-
fetas monoteístas anteriores, Abraão, 
Moisés e Jesus Cristo. 
Conseguiu seus primeiros adeptos 
entre as massas urbanas mais humil-
des. Quando seus seguidores se tor-
naram numerosos, as autoridades 
começaram a vê-lo como uma ameaça 
contra a ordem estabelecida; ele foi 
acusado de impostor e as persegui-
ções começaram. Uma parte de seus 
seguidores fugiu para a Abissínia, e 
as ameaças à segurança de Maomé 
chegaram a tal ponto que ele decidiu 
fugir para Medina, no dia 16 de julho 
de 622 – data consagrada como Hégi-
ra. Esse dia se estabeleceria como a 
fundação da era muçulmana. 
Em Medina, Maomé teve contato 
com a comunidade judaica, que o re-
jeitou por sua interpretação errônea 
das Escrituras; ele compreendeu en-
tão que o seu sermão constituía uma 
nova fé e resolveu mudar a orienta-
ção da oração, de Jerusalém a Meca. 
Combinando persuasão e força, Ma-
omé se rodeou de seguidores que 
começaram a assaltar caravanas e 
povoados da região como meio de 
vida, em conflitos que foram exerci-
tando os muçulmanos no uso da for-
ça para submeter e converter os 
infiéis através da “guerra santa”, 
de modo que Maomé se converteu 
em um caudilho religioso, políti-
co e militar. 
Os conflitos entre Medina e 
Meca culminaram com a conquis-
ta desta última cidade pelos mao-
metanos em 630, fruto da pressão 
militar, da negociação política e de 
alianças convenientes. O santuá-
rio da Caaba, em Meca, foi imedia-
tamente consagrado a Alá. Pouco 
antes de morrer, Maomé fez uma 
peregrinação de Medina a Meca, 
que serviu de modelo para um ri-
tual que todo muçulmano deve 
realizar uma vez na vida. 
Maomé foi o criador da teologia 
islâmica refletida no Alcorão, úni-
co livro sagrado dos muçulmanos, 
uma coleção de sentenças inspira-
das por Alá, reunidas durante a 
vida do profeta e recompiladas em 
650. Nosúltimos anos da vida de 
Maomé, o islamismo se estendeu 
ao resto da Arábia, unificando e 
convertendo as diversas tribos 
semíticas politeístas que habita-
vam aquele território em um povo 
unido, o que deu início a uma ex-
pansão sem precedentes. 
AGENDA
40 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
AH143_365DIAS_2.indd 40 5/5/15 8:02 AM
JUNHO DE
1999
9 TERMINA 
A GUERRA 
DO KOSOVO 
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que mudou a História no site:
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JUNHO DE
1967
10
FIM DA GUERRA 
DOS SEIS DIAS 
Em outubro de 1956, Israel atacou o 
Egito, em resposta às incursões de 
comandos árabes de sabotagem ao 
fechamento do Canal de Suez e do 
Porto de Eilat. A guerra do Suez cul-
minou com a retirada egípcia da pe-
nínsula do Sinai e da Faixa de Gaza, 
territórios dos quais um ano mais 
tarde se encarregariam os “capacetes 
azuis” das Nações Unidas. 
Após a crise de Suez, os capacetes 
azuis da ONU separaram as tropas 
egípcias e israelenses em um 
marco de paz muito instá-
vel. Sem possibilidade 
de negociação, o Egito 
buscou o apoio mili-
tar da Síria e da Jor-
dânia e impediu a 
passagem do tráfico 
marítimo israelense 
pelo Estreito de Tiran, 
enquanto Israel provou 
seu desejo de se estabelecer 
permanentemente nos territórios ocu-
pados, iniciando seus grandes proje-
tos de irrigação com água trazida do 
mar da Galileia. 
No dia 18 de maio de 1967, o gover-
no egípcio pediu ao então secretário- 
geral das Nações Unidas a retirada 
das forças da ONU estacionadas em 
território egípcio. Em um ambiente 
de crescente tensão, o Egito recebeu 
o apoio soviético e dos demais países 
árabes, enquanto os Estados Unidos 
apoiaram firmemente Israel. 
Israel acabou com a tensão lan-
çando um ataque surpresa no dia 5 
de junho de 1967. A guerra foi um 
passeio militar para o Exército judeu. 
A ruína de egípcios e jordanianos 
propiciou a antecipação de um ces-
sar-fogo, enquanto a Síria, instigado-
ra da guerra, perdeu as colinas de 
Golã, sendo obrigada a aceitar a tré-
gua das Nações Unidas, justamente 
quando os israelenses se dirigiam a 
Damasco. A guerra havia terminado. 
Em apenas seis dias, Israel, sozi-
nho, havia derrotado seus oponentes 
árabes. Enquanto estes sofreram 15 
mil mortos e 6 mil prisioneiros, os 
israelenses haviam tido tão somente 
777 baixas, 2 586 feridos e dezessete 
prisioneiros. 
Em apenas seis dias, o Sinai egíp-
cio, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia, a 
cidade velha de Jerusalém e as colinas 
de Golã sírias caíram nas mãos 
de Israel. O território ocu-
pado pelo Estado judai-
co passou de pouco 
mais de 20 mil qui-
lômetros quadra-
dos a 102 400. Ape-
sar dos protestos da 
ONU e da desapro-
vação das grandes 
potências, no dia 23 de 
junho o Parlamento israelen-
se acordou a anexação da parte árabe 
de Jerusalém. 
As reações à derrota árabe apare-
ceram já na conferência de chefes de 
Estado árabes celebrada em agosto 
em Cartum, no Sudão, dando lugar à 
constituição da “Frente da Rejeição”: 
os participantes se comprometeram 
a não reconhecer Israel e a não nego-
ciar nem concluir a paz com esse Es-
tado. Enquanto isso, a OLP começava 
a obter sua própria autonomia, diri-
gindo a luta contra o ocupante israe-
lense. As Nações Unidas, por sua 
parte, adotaram, em novembro de 
1967, uma resolução que estipula a 
retirada de Israel dos territórios ocu-
pados, afirmando-se o direito de cada 
nação da região de viver “em paz no 
interior de fronteiras seguras”. 
JUNHO DE
1895
11 PRIMEIRA 
CORRIDA 
AUTOMOBILÍSTICA 
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JUNHO DE
1991
12 BORIS IELTSIN, 
PRESIDENTE 
DA RÚSSIA 
Boris Nicolaievitch Ieltsin foi o po-
lítico russo que acabou definitiva-
mente com o regime comunista da 
União Soviética. Nascido em Sver-
dlovsk em 1931, se afiliou ao Partido 
Comunista da URSS (PCUS) em 1961 
e se tornou funcionário público pou-
co tempo depois. 
Eleito secretário-geral do PCUS 
na atual cidade de Ekaterimburgo, 
em 1976, sua atitude reformista fez 
que o novo secretário-geral, Mikhail 
Gorbatchev, o promovesse a prefeito 
de Moscou em 1985, para lutar contra 
a corrupção. No ano seguinte, Boris 
Ieltsin ingressou no Politburo. 
Ainda que tenha começado a cri-
ticar em público a lentidão das 
Soldados no Monte 
Sinai durante a 
Guerra dos Seis Dias
AVENTURAS NA HISTÓRIA | 41
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reformas libertadoras de Gorbatchev 
e tenha sido afastado da chefatura 
moscovita do partido e do Politburo 
em 1988, Ieltsin já gozava de grande 
popularidade como inimigo radical 
da ditadura comunista e como cam-
peão dos reformistas. Nas primeiras 
eleições pluripartidaristas, Ieltsin 
chegou, por ampla maioria, ao Par-
lamento da URSS em 1989 e à presi-
dência da República Socialista Fede-
rativa Soviética Russa em 1990, 
rompendo definitivamente 
com o Partido Comu-
nista e proclamando 
um programa polí-
tico de mudança, 
baseado na cons-
tr ução de uma 
economia de mer-
cado e na autono-
mia das repúblicas 
em relação ao poder 
central da União Soviética. 
Em junho de 1991, Boris Ieltsin 
afirmou sua posição política ao ga-
nhar as eleições presidenciais dire-
tas. Dois meses depois, um golpe de 
Estado militar de inspiração conser-
vadora contra o governo reformista 
de Gorbatchev reteve a este em uma 
datcha na costa do Mar Negro, en-
quanto Ieltsin enfrentava os golpis-
tas em Moscou, discursando para 
as massas e os militares leais em 
defesa da democracia. 
O golpe fracassou e Ieltsin se con-
verteu no líder mais inf luente do 
momento, o que aproveitou para 
afastar Gorbatchev e acordar com os 
presidentes da Ucrânia e da Bielor-
rússia o desmantelamento da União 
Soviética, continuando seu desenvol-
vimento como Estados soberanos, 
associados à Comunidade dos Esta-
dos Independentes. 
Gorbatchev renunciou. Como pre-
sidente da Rússia, Ieltsin impôs um 
sistema político de corte presidencia-
lista à imagem do modelo americano. 
Propiciou uma aproximação com os 
Estados Unidos, cujo apoio foi vital 
quando, em conflito com a oposição 
parlamentar de comunistas e ultra-
nacionalistas, ordenou que o Exército 
bombardeasse o edifício do Parla-
mento e enviou à prisão os deputados 
contestatários (1994), ou quando re-
primiu com força a tentativa de seces-
são da República da Tche-
tchênia (1994-1995). 
Embora tenha se 
oposto à ampliação 
da OTAN aos paí-
ses que pertence-
ram ao Pacto de 
Va r s óv i a , su a s 
maiores dificulda-
des vieram da libera-
lização econômica. Ielt-
sin desmantelou às pressas 
o sistema de controle estatal dos 
mercados e privatizou as empresas 
públicas, permitindo a livre empresa, 
medidas que suscitaram grande co-
moção social, acentuando as desi-
gualdades, a miséria, a corrupção e a 
criminalidade, e provocando grande 
descontentamento popular, o que le-
vou o Partido Comunista a vencer as 
eleições legislativas de 1995. 
Ieltsin conseguiu se impor a uma 
oposição dividida e voltou a ganhar 
as eleições presidenciais em 1996, 
mas seus problemas de saúde abri-
ram a luta pela sucessão entre seus 
colaboradores. Vladimir Putin, no-
meado primeiro-ministro em agosto 
de 1999, ganhou as eleições legislati-
vas de dezembro desse mesmo ano. 
Ieltsin apresentou sua renúncia à 
presidência da Rússia e Putin assu-
miu o cargo de chefe do Estado e das 
Forças Armadas. 
JUNHO DE
1928
14
NASCE CHE 
GUEVARA 
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JUNHO DE
1215
15
A MAGNA 
CARTA 
A Magna Carta é um documento que 
o rei João sem Terra da Inglaterra 
Boris Ieltsin
JUNHO DE
323 a.C.
13 MORTE DE 
ALEXANDRE, 
O GRANDE 
O rei Alexandre III da Macedônia, 
nascido em Pela, em 356 a.C., su-
cedeu muito jovem ao pai, Filipe 
II – assassinado em 336 a.C. –, 
embora contasse com excelente 
preparo militar e intelectual, tu-
telado pelo filósofo Aristóteles. 
Durante os primeiros anos do 
seu reinado, Alexandre conseguiu 
afirmar a autoridade sobre os po-
vossubmetidos à Macedônia, que 
haviam se rebelado após a morte 
de Filipe. Em 334 a.C., iniciou uma 
campanha militar de vingança de 
toda a Grécia, sob a liderança da 
Macedônia, contra o poderoso e 
extenso Império Persa. 
Com um reduzido Exército de 
30 mil infantes e 5 mil ginetes, 
Alexandre se impôs sobre os per-
sas graças às inovações militares 
AGENDA
42 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
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outorgou aos nobres ingleses no dia 
15 de junho de 1215, no qual se com-
prometia a respeitar os poderes e 
privilégios da nobreza e a não deter-
minar a morte ou a prisão dos no-
bres nem o confisco de seus bens 
enquanto eles não fossem julgados 
por “seus iguais”. 
Até o século XIII, a sociedade 
estava regida pelo sistema feudal, 
em que os barões do reino adminis-
travam seus “feudos” política, eco-
nômica e judicialmente por meio de 
um contrato ou juramento de leal-
dade e obediência, pelo qual os so-
beranos e grandes senhores lhes 
concediam terras ou rendas em 
usufruto, em troca de guardar fide-
lidade, prestar serviço militar e 
participar das assembleias políticas 
e judiciais que o senhor convocava. 
Por sua parte, o rei devia proteger 
os seus barões. O sistema degene-
rou, chegando a uma situação de 
evidente abuso e extorsão. 
João sem Terra havia ascendido 
ao trono em 1199, após a morte, du-
rante um cerco na França, de seu 
irmão mais velho, Ricardo Coração 
de Leão, que não deixou herdeiros. 
No começo do seu reinado, João 
enfrentou o rei Filipe II da França e 
perdeu todos os seus domínios fran-
ceses. Além disso, enfrentou o papa 
Inocêncio III, que o excomungou em 
1209, após o que se viu obrigado a 
governar como vassalo pontifício. 
Sua impopularidade aumentou até 
entre o povo comum, pois os impos-
tos altíssimos e as represálias contra 
os que não pagavam eram cruéis, e 
sua administração de justiça havia 
se tornado extremamente arbitrária. 
Em janeiro de 1215, após um gra-
ve atrito, um grupo de barões exigiu 
uma carta de liberdades como ga-
rantia diante da conduta abusiva do 
rei. Os barões redigiram um docu-
mento – “Artigos dos Barões” –, que 
enviaram ao monarca para que o 
sancionasse com o selo real. 
introduzidas por Filipe – a tática da 
ordem oblíqua –, a excelente organi-
zação e treinamento de suas tropas e 
sua excepcional coragem e gênio es-
tratégico. Alexandre foi obtendo su-
cessivas vitórias ao longo da Ásia 
Menor e do Oriente Médio (Batalha 
de Grânico, 334 a.C.), Síria (Batalha 
de Isso, 333 a.C.), Fenícia (cerco de 
Tiro, 332 a.C.), Egito e Mesopotâmia 
(Gaugamela, 331 a.C.), até tomar as 
capitais persas de Susa (331 a.C.) e 
Persépolis (330 a.C.). Quando Dario 
III, o último imperador aquemênida, 
foi assassinado por um de seus sátra-
pas – Bessos – para evitar que se ren-
desse, este continuou enfrentando 
Alexandre no leste do Irã. 
Uma vez conquistada a capital dos 
persas, Alexandre licenciou as tro-
pas gregas que o haviam acompanha-
do e se fez proclamar imperador, 
ocupando o lugar dos aquemênidas. 
Continuou sua conquista para o les-
te, derrotou e executou Bessos e sub-
meteu a Pártia, a Ária, a Drangiana, 
cação monetária, que possibilitou 
a criação de um mercado imenso; 
impulsionou-se o desenvolvimen-
to comercial com expedições geo-
gráficas e a construção de estradas 
e canais de irrigação. Designou-se 
o grego como língua comum e 
fundaram-se cidades novas no 
Egito, na Síria, na Mesopotâmia, 
na Sogdiana, na Bactriana, na Ín-
dia e na Carmânia. A morte pre-
coce de Alexandre aos 33 anos, 
possivelmente vítima da malária, 
o impediu de consolidar seu im-
pério. Desencadearam-se lutas 
sucessórias, até que o império foi 
dividido entre os diádocos, isto é, 
seus generais – Seleuco, Ptolomeu, 
Antígono, Lisímaco e Cassandro. 
Os Estados resultantes foram os 
chamados “reinos helenísticos”, 
que durante os séculos seguintes 
mantiveram o ideal de Alexandre, 
o Grande, de levar a cultura grega 
ao Oriente, ao mesmo tempo que 
orientalizavam o Mediterrâneo. 
a Aracósia, a Bactriana e a Sogdiana. 
Dono da Ásia Central e do atual Afe-
ganistão, ele se lançou à conquista da 
Índia (327-325 a.C.), concebendo um 
projeto de dominação mundial. Em-
bora tenha conquistado a parte oci-
dental da Índia, o motim de suas 
esgotadas tropas o fez renunciar ao 
propósito de continuar avançando 
para o leste. 
Com a conquista do Império Persa, 
Alexandre descobriu a civilização 
oriental, concebendo a ideia de criar 
um império universal no qual gregos 
e bárbaros, fundidos em suas crenças 
e culturas, constituíssem um único 
povo. Para isso, integrou um grande 
contingente de soldados persas a seu 
Exército, organizou, em Susa, um ca-
samento simultâneo de milhares de 
macedônios com mulheres persas e 
ele próprio se casou com duas prince-
sas orientais: uma nobre da Sogdiana 
e uma filha de Dario III. 
O primeiro passo para a reorgani-
zação do enorme império foi a unifi-
AVENTURAS NA HISTÓRIA | 43
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Como João se recusou a fazer isso, 
os nobres se negaram a manter sua 
fidelidade a ele, se levantaram em 
armas e foram para Londres, assal-
tando e tomando a cidade em maio. 
No dia 10 de junho, o rei se reuniu 
com seus adversários em Runnyme-
de para negociar e, cinco dias depois, 
a chancelaria real elaborou uma Con-
cessão Real, baseada nos acordos 
alcançados, que ficou conhecida 
como “Magna Carta”. No dia 19 de 
junho os barões renovaram seus ju-
ramentos de obediência ao rei. 
O conteúdo faz referência a uma 
Igreja “livre”, à lei feudal, à organi-
zação dos povos, do comércio e dos 
comerciantes, e aos bosques reais, 
além de conter reformas legislativas 
e jurídicas e uma regulamentação do 
comportamento dos oficiais reais. 
A Magna Carta definiu pela pri-
meira vez um princípio constitucio-
nal muito significativo – o do habeas 
corpus, princípio de legalidade –, 
além de estabelecer que o poder do 
rei possa ser limitado por uma con-
cessão escrita. É considerada a base 
das liberdades constitucionais na 
Inglaterra. 
JUNHO DE
1963
16 PRIMEIRA 
MULHER 
COSMONAUTA
No dia 16 de junho de 1963, às 9 
horas e 29 minutos (horário lo-
cal), a nave soviética Vostok 6 
decolou da base espacial de Bai-
konur rumo ao espaço, levando 
como tripulante Valentina Tere-
chkova, que, aos 26 anos de idade, 
se tornaria a primeira mulher e 
primeira civil a viajar ao espaço. 
Surpreendentemente, Tere-
chkova sofria de vertigem, deta-
lhe que ocultou dos seus superio-
res. Por causa do seu pânico das 
alturas, sofreu náuseas e vômitos 
durante os três dias que durou 
sua viagem pelo espaço. 
A missão de Terechkova fazia 
parte de uma pesquisa do pro-
grama espacial soviético, que 
pretendia determinar se as mu-
lheres tinham a mesma resistên-
cia física e psicológica que os 
homens no espaço. 
Por outro lado, parece que ela 
e seu marido Andrian Nikolaiev 
– também cosmonauta – foram 
obrigados a conceber um filho 
como parte de uma experiência 
destinada a criar futuras colônias 
espaciais. O casal estava excessiva-
mente preocupado, já que em experi-
ências anteriores realizadas com ca-
delas prenhes que foram lançadas ao 
espaço os filhotes haviam sofrido 
malformações e morrido poucos dias 
depois de nascer. 
De fato, após o voo de setenta ho-
ras do Vostok 6, Valentina começou 
a sofrer uma série de complica-
ções médicas. Sua gravi-
dez transcorreu com 
dificuldade e ela teve 
que permanecer 
hospitalizada qua-
se o tempo todo. O 
parto tampouco 
foi fácil, mas por 
f im ela deu à luz 
uma menina de as-
pecto normal, embora 
mais fraca e menor do que o 
comum. Ela não pôde comer duran-
te a primeira semana, por isso teve 
que ser alimentada artificialmente e 
viveu sob constante controle médico 
até os 5 anos. Por outro lado, Valen-
tina não pôde se levantar por cerca 
de um mês após a aterrissagem, de-
vido à lenta recuperação da perda de 
cálcio que os astronautas experi-
mentam normalmente. Desde que 
fez 60 anos, ela viveu sob a ame-
açaconstante de hemorragia ou 
de fratura nas extremidades 
inferiores. 
Graças à sua popularidade 
mundial e à sua posição política 
na União Soviética, Terechkova 
se dedicou a ajudar os cidadãos 
com problemas, dando assistên-
cia pessoal a vários orfanatos. 
Além disso, foi uma batalha-
dora incansável do 
movimento femi-
nista soviético na 
luta pela igual-
dade. 
Terechkova 
recebeu muitís-
simas medalhas 
e condecorações 
ao longo da vida, 
entre outras: duas 
Ordens de Lênin, reco-
nhecimento como Heroína da 
URSS; a Medalha de Ouro da Paz 
das Nações Unidas; o Prêmio 
Simba do International Women’s 
Movement; e a Medalha de Ouro 
Joliot-Curie; além de inúmeras 
distinções – doutorados honoris 
causa e medalhas científicas – ou-
torgadas por universidades e so-
ciedades de vários países. 
Valentina Terechkova
AGENDA
44 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
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JUNHO DE
1940
17
A RENDIÇÃO 
DA FRANÇA 
Após o vergonhoso Acordo de Muni-
que (1938) não foram tomadas medi-
das apropriadas para evitar a invasão 
da França, que finalmente ocorreu no 
dia 2 de maio de 1940, quando várias 
divisões de tanques alemães cru-
zaram a fronteira francesa. 
A defesa da França 
era péssima, e, embora 
tecnicamente o seu 
Exército fosse superior 
em número e arma-
mento, os alemães pos-
suíam mais aviões e uma 
nova técnica de combate, a 
blitzkrieg, ou guerra-relâmpago, 
que revolucionou a estratégia militar 
moderna, concentrando forças com-
binadas de forma certeira e coorde-
nada, com blindados apoiados de 
perto por elementos de infantaria 
móvel, força aérea e artilharia, por 
meio de ações de surpresa diante de 
inimigos que não estavam prepara-
dos e que foram incapazes de reagir 
de forma rápida e coerente diante das 
ofensivas alemãs. 
Todas essas táticas não teriam 
sido possíveis sem o desenvolvimen-
to de novas formas de comunicação, 
veículos especializados e uma estru-
tura de comando menos centralizada 
e mais eficiente, com oficiais dotados 
de iniciativa própria. As forças ale-
mãs evitavam o combate direto, in-
terrompendo por meio de ataques 
seletivos as comunicações, as linhas 
de abastecimento e os centros de co-
mando, o que por sua vez afundava 
o moral do adversário. 
No dia 16 de junho, depois que as 
autoridades de Paris a declararam 
cidade aberta com o fim de evitar 
um bombardeio maciço que a des-
truísse, as tropas alemãs entravam 
na capital sem resistência. 
O presidente do Conselho de Mi-
nistros, Paul Reynaud, buscou o fim 
das hostilidades com a Alemanha 
nazista e foi substituído pelo mare-
chal Philippe Pétain, que assinou o 
armistício em Compiègne, pelo qual 
se estabelecia a divisão da Fran-
ça em duas regiões, a ocu-
pada e a do governo fran-
cês colaboracionista de 
Vichy. Parte do norte e 
do oeste da França foi 
ocupada pela Wehr-
macht. Pétain transfe-
riu a capital para Vichy e 
rompeu relações com os bri-
tânicos, convertendo a França ocu-
pada em uma ditadura fascista. O 
general De Gaulle, que havia fugido 
para Londres, fundou o movimento 
França Livre, com exilados e habitan-
tes de colônias francesas, para orga-
nizar a resistência à ocupação. 
Quando os Aliados invadiram o 
norte da África, em novembro de 
1942, alemães e italianos ocuparam 
imediatamente a parte livre que so-
brava da França, que só seria liberta-
da no dia 6 de junho de 1944, com o 
desembarque aliado durante a Bata-
lha da Normandia. Paris só seria li-
bertada no dia 25 de agosto de 1944. 
Após a invasão da Normandia em 
1944, Pétain e Pierre Laval, seu subs-
tituto a partir de 1942, se viram obri-
gados a buscar a proteção da Alema-
nha. Depois, ambos foram captura-
dos, julgados, considerados culpados 
de alta traição e condenados à morte. 
Laval foi executado em 1945, mas 
Charles de Gaulle comutou a pena de 
Pétain para prisão perpétua. 
JUNHO DE
1815
18
BATALHA DE 
WATERLOO 
Leia tudo sobre este dia que mudou a 
História no site www.aventurasnahis-
toria.com.br e saiba mais na matéria 
que começa na página 20 desta edição. 
JUNHO DE
1097
19
CERCO
DE NICEIA 
As Cruzadas foram uma série de ex-
pedições militares realizadas de 1096 
a 1291 em sucessivas etapas pelos ca-
valeiros da cristandade ocidental, sob 
o impulso da Santa Sé, para expulsar 
os muçulmanos da Terra Santa. 
No Concílio de Clermont (1095), o 
papa Urbano II fez um chamamento 
aos senhores feudais cristãos para 
recuperar Jerusalém, apelando ao 
seu dever de vassalagem diante do 
sumo pontífice. Urbano II fez distri-
buir cruzes de tecido vermelho aos 
cavalheiros que se unissem à expe-
dição, para que eles as colocassem 
nas costas ou sobre a armadura. Por 
causa disso, eles foram chamados 
precisamente de “cruzados”. 
Os senhores e os soldados da Pri-
meira Cruzada eram na maioria fran-
ceses; cada capitão comandava o seu 
próprio Exército. Foi acertado que 
todas as forças militares se encontra-
riam nas proximidades de Constan-
tinopla em 1099, para começar a ofen-
siva até a Terra Santa. À frente da 
Primeira Cruzada foram os senhores 
Godofredo de Bulhões, Boemundo de 
Taranto e o conde Raimundo IV de 
Toulouse, no comando de forças lo-
renas, normandas e provençais, 
Charles de Gaulle
AVENTURAS NA HISTÓRIA | 45
AH143_365DIAS_2.indd 45 5/5/15 8:02 AM
respectivamente. Essa cruzada se 
finalizou com sucesso em 1099, e seus 
resultados foram a conquista de Ni-
ceia (1097), Antioquia (1098) e Jeru-
salém (1099), criando o reino de Jeru-
salém e outros portos cristãos na 
costa asiática do Mediterrâneo. 
Os exércitos cruzados saíram de 
Bizâncio com um contingente militar 
bizantino comandado pelos generais 
Manuel Boutoumides e Tatikios e 
iniciaram sua incursão pela Ásia 
Menor durante o primeiro semestre 
de 1097. Ali se uniu a eles o pequeno 
Exército do monge Pedro, o Eremita 
– criador de uma cruzada de gente 
do povo. O primeiro alvo de sua cam-
panha foi a cidade de Niceia, ante-
riormente sob domínio bizantino, 
conquistada pelos turcos seljúcidas, 
que a converteram na capital do sul-
tanato de Rüm, governado por Kilij 
Arslan I. Os cruzados começaram o 
cerco da cidade no dia 14 de maio, 
repartindo a disposição de suas for-
ças nas diferentes seções das mura-
lhas, que estavam bem defendidas 
com duzentas torres. Boemundo 
acampou no lado norte da cidade; 
Godofredo, no leste; e Raimundo e 
Ademar de Monteil, no sul. 
O assédio de Niceia foi longo. As 
tropas do sultão foram derrotadas 
sucessivamente e os defensores, esgo-
tados pelo longo sítio, pediram a Kilij 
Arslan que lhes concedesse a possi-
bilidade de se render diante dos cru-
zados. Este aceitou se render em se-
gredo ao imperador bizantino Aleixo 
I, por temor de que os cruzados des-
truíssem e saqueassem a cidade. Ao 
amanhecer do dia 19 de junho de 1097, 
os cruzados viram os estandartes bi-
zantinos hasteados sobre os muros da 
cidade de Niceia. Além disso, eles não 
tiveram permissão para entrar na 
cidade, exceto em pequenos bandos 
vigiados, o que se tornou uma impor-
tante fonte de conflitos entre o Impé-
rio Bizantino e os cruzados. 
Após entregar a custódia de Ni-
ceia aos bizantinos, os cruzados rei-
niciaram sua campanha até Jerusa-
lém. Niceia foi a primeira grande 
vitória dos cruzados na Terra Santa. 
JUNHO DE
1900
20 REVOLTA 
DOS BOXERS, 
NA CHINA 
A rebelião dos boxers foi a expressão 
do mal-estar chinês diante das inter-
venções econômicas e políticas das 
potências europeias, evidenciadas 
através das “guerras do ópio” contra 
a Grã-Bretanha (1839-1842 e 1856-
1860) e o Japão (1894-1895). 
Os boxers – “boxeadores”, em inglês 
– constituíam uma sociedade secreta, 
os Yi He Tuan – “Punhos Harmonio-
sos e Justiceiros” –, com conotações 
políticas e cujo objetivo principal era 
expulsar os estrangeiros da China. 
Implantada no nordeste do país, seus 
membros adotaram rituais das artes 
marciais, por meio dos quais acredi-
tavam tornar-se invulneráveis às ba-
las. Eram partidários de destituir a 
dinastia reinante e os estrangeiros 
quehaviam alcançado posição proe-
minente, especialmente os missioná-
rios, além de se propor eliminar os 
chineses convertidos ao cristianismo. 
A expansão cristã na China havia 
provocado a transformação da socie-
dade tradicional, o que explica o ca-
ráter xenófobo e ao mesmo tempo 
anticristão dos boxers. 
Em 1898, elementos anticolonia-
listas haviam alcançado suficiente 
poder no governo chinês para buscar 
um acordo com os boxers. O protesto 
antiocidental se iniciou com agres-
sões contra pessoas e bens estrangei-
ros, aparentemente condenados pela 
corte, mas com o beneplácito da im-
peratriz Tseu-Hi, que instigou vários 
governadores provinciais a apoiarem 
a revolta dos boxers em suas jurisdi-
ções. As ações aumentaram em 1899 
– com cortes de linhas de telégrafo e 
destruição das vias ferroviárias –, e 
231 europeus e milhares de chineses 
cristãos foram assassinados. 
Os boxers entraram em Pequim 
em maio de 1900, motivando o envio 
de um contingente de 2 100 soldados 
ocidentais, no mês seguinte, para 
proteger a linha ferroviária que unia 
a cidade com Tianjin. A nomeação de 
um príncipe xenófobo como ministro 
das Relações Exteriores revelou o 
apoio oficial à revolta. A imperatriz 
ordenou a detenção e o regresso da 
coluna ocidental, e uma semana de-
pois os boxers exigiram que os es-
trangeiros abandonassem Pequim 
sob ameaça de morte. 
O conflito levou a uma rebelião 
geral, e os estrangeiros se refugia-
ram na zona diplomática, organi-
zando um exército com quinhentos 
homens pertencentes aos países 
presentes na China – Grã-Bretanha, 
França, Estados Unidos, Japão, Rús-
sia, Alemanha, Áustria-Hungria e 
Itália –, ao qual se uniram as tropas 
enviadas para proteger a via ferro-
viária. No dia 20 de junho, o embai-
xador alemão foi assassinado e, no 
dia seguinte, a imperatriz declarou 
guerra às potências ocupantes. O 
sítio durou seis semanas, até que em 
14 de agosto uma força internacional 
ocupou a cidade. A imperatriz fugiu 
e a coligação multinacional efetuou 
uma repressão implacável. 
A rebelião terminou com o Proto-
colo de 1901 entre as potências estran-
AGENDA
46 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
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geiras e a China, que significou uma 
onerosa indenização – 333 milhões de 
dólares –, a manutenção de um exér-
cito aliado em Pequim e o desmante-
lamento das fortificações chinesas. 
A derrota aumentou a submissão 
do país aos interesses estrangeiros 
– a Rússia expandiu sua influência 
na Manchúria, o que levou à guerra 
russo-japonesa de 1904-1905 –, acar-
retou a perda de confiança na dinas-
tia Qing e estabeleceu os fundamen-
tos que provocariam a Revolução 
Chinesa. Para os vencedores, a rebe-
lião boxer significou a imagem da 
China associada ao “perigo amarelo” 
e, para os vencidos, foi o início de um 
profundo sentimento anticolonial. 
JUNHO DE
1813
21
FIM DA GUERRA 
PENINSULAR 
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JUNHO DE
1941
22 INÍCIO DA 
OPERAÇÃO 
BARBAROSSA
O pacto de amizade e cooperação 
entre a União Soviética e a Alema-
nha, vigente desde agosto de 1939, 
não freou os interesses expansio-
nistas do Reich sobre os territórios 
do Leste. A operação de invasão 
da União Soviética devia começar 
em novembro de 1940, mas o fra-
casso dos italianos na Grécia obri-
gou a acelerar a conquista dos 
Bálcãs. O grosso das forças blin-
dadas e motorizadas da Wehrma-
cht se transportou ao leste, au-
mentando as tropas auxiliares, 
mas não o número de carros, pois 
Hitler confiava na inferioridade 
técnica do Exército Vermelho e na 
potência dos novos carros tipo 
Mark III e IV, mais bem equipa-
dos do que os Panzer. 
Hitler e os generais mais con-
servadores decretaram um avan-
ço por etapas, a fim de constituir 
grandes bolsões de prisioneiros, 
o que evitou o colapso do Exército 
Vermelho e prolongou a guerra. 
Como de costume, os alemães 
invadiram a União Soviética sem 
antes declarar guerra. Na madru-
como libertadores da opressão 
russa, logo comprovaram que 
eram tratados como inferiores e 
retiraram seu apoio. Em troca, 
Stálin fez ressuscitar os velhos 
mitos patrióticos para impulsio-
nar a resistência popular e orde-
nou aplicar a tática de terra arra-
sada: a população, o gado, os tra-
tores e as fábricas foram recolhi-
dos a leste, as fazendas foram 
queimadas e as pontes, afunda-
das; enquanto isso, os soviéticos 
organizavam novas divi-
sões além dos Urais. 
As manobras 
alemãs fizeram 
milhares de pri-
sioneiros soviéti-
c o s , m a s s e u 
avanço foi freado 
lentamente diante 
de um espaço inacabá-
vel, cruzado por escassas 
estradas. Julho foi chuvoso e o 
território se encheu de lama, o que 
fez que os caminhões atolassem, 
enquanto as estradas e as passa-
gens dos rios que contavam com 
plataformas de madeira – que não 
tivessem sido explodidas pelos 
russos – não resistiam ao peso de 
um tanque. O Rio Berezina abor-
tou definitivamente a operação. 
gada de 22 de junho de 1941, três exér-
citos cruzaram a fronteira em direção 
a Leningrado, Moscou e Stalingrado. 
Com os alemães iam tropas romenas, 
húngaras, eslovacas, italianas e fin-
landesas, às quais se uniram, mais 
tarde, voluntários belgas, franceses, 
croatas e espanhóis, iniciando a Ope-
ração Barbarossa. 
Rumo a Bialistok-Minsk, os inva-
sores marcharam em duas colunas 
paralelas, muito afastadas entre si e 
lideradas por unidades de tanques 
que mudaram a direção para to-
mar linhas convergentes, de 
maneira que as forças 
russas de Bialistok fica-
ram encerradas em um 
enorme bolsão; a opera-
ção se repetiu a oeste de 
Minsk e em Przemisl. 
Os russos perderam mui-
tos homens e reconstruíram 
a frente de batalha mais a leste. A 
Wehrmacht repetiu sua manobra de 
cerco em Tallinn, em Narva, a oeste 
do lago Peipus e em Smolensk. 
Hitler ordenou assassinar todos os 
delegados políticos que fossem encon-
trados, mas estes não se deixavam 
capturar com vida, estimulando a 
resistência e o moral de oficiais e sol-
dados. Os nacionalistas ucranianos e 
bálticos, que receberam os alemães 
Inspeção alemã 
em avião russo
AVENTURAS NA HISTÓRIA | 47
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JUNHO DE
1894
23 CRIAÇÃO DO 
COMITÊ OLÍMPICO 
INTERNACIONAL 
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JUNHO DE
1950
24 INAUGURAÇÃO 
DO ESTÁDIO 
DO MARACANÃ 
O ano de 1950 e a década que se se-
guiria foram emblemáticos para a 
História brasileira. No campo da 
política, a ascensão de Getúlio Var-
gas à Presidência da República acon-
teceu nas eleições de outubro de 1950 
– não mais através de golpe ou de 
algum artifício legal, mas pelo voto 
direto, com expressiva votação de 
48,7% dos votos válidos. Ao som da 
marchinha Retrato do Velho, de Fran-
cisco Alves, Getúlio caminhou firme 
para a vitória. Os anos 1950 veriam, 
com Getúlio, a criação da Petrobras, 
da Eletrobras, do Fundo Nacional de 
Eletrificação, do Conselho Nacional 
de Pesquisa (CNPq) e do Banco Na-
cional de Desenvolvimento (BN-
DES). Tudo ao sabor do corte de fi-
nanciamentos dos Estados Unidos 
ao desenvolvimento brasileiro. 
Nessa década, o grande veículo de 
comunicação de massas, o rádio, se 
popularizou, bem como o cinema. A 
Rádio Nacional, com suas ondas cur-
tas, que alcançavam até os EUA, 
apresentava programas de notícias, 
musicais e propagandas. Cantoras 
ícones da música brasileira, como 
Emilinha Borba e Marlene, dividiam 
apaixonadas torcidas sobre qual das 
duas seria a melhor. No cinema, as 
chanchadas dominaram o gosto po-
pular, com filmes produzidos pela 
Atlântida, no Rio de Janeiro, e a Vera 
Cruz, em São Paulo. 
Milhões de brasileiros corriam às 
salas para assistir Grande Otelo, Os-
carito e Derci Gonçalves, para citar 
apenas uns dos muitos artistas da 
preferência nacional. Mas a grande 
paixão brasileira, já desde essa épo-
ca era, sem dúvida, o futebol. O na-
cionalizado “esporte bretão”, prati-
cado desde os campinhos de várzea 
atéos grandes estádios, dividia opi-
niões dos brasileiros em debates in-
findáveis sobre a qualidade de times 
e jogadores, o resultado de partidas 
e campeonatos. 
Contudo, nos anos 1950, os brasi-
leiros veriam pela primeira vez em 
seu país a realização da suprema 
competição do futebol: a Copa do 
Mundo. Cancelados os campeonatos 
de 1942 e 1946, devido à eclosão da 
Segunda Guerra Mundial, surgiu até 
a dificuldade em escolher um local 
para a realização do certame inter-
nacional. Na Europa, devastada pela 
guerra, a oferta do Brasil foi aceita 
e, em 1950, a Copa se realizaria aqui. 
Os estádios escolhidos para os jogos 
foram: em Belo Horizonte, o Estádio 
Raimundo Sampaio; em Curitiba, o 
Durival Britto e Silva; em Porto Ale-
gre, o Estádio dos Eucaliptos; no 
Recife, o Estádio Adelmar da Costa 
Carvalho; em São Paulo, o Pacaem-
bu; no Rio de Janeiro, capital da na-
ção, o Estádio Jornalista Mário Fi-
lho, mais conhecido pelo nome de 
Maracanã, o qual foi especialmente 
construído para sediar os jogos da 
Copa de 1950. 
Em pleno mundo do pós-guerra, 
o Brasil ainda rural apresentava sua 
modernidade, com a criação de gran-
des empresas estatais, a busca de sua 
industrialização, e se tornaria vitrine 
para o mundo, por meio do maior 
evento esportivo do planeta. De tra-
dição no esporte da bola, o Brasil 
entrava como favorito a vencer a copa 
e mostrara-se à altura das expectati-
vas, já que não perdera nenhuma 
partida do quadrangular final do 
torneio – antes da última. 
Nessa fase, humilhou a Suécia no 
dia 9 de julho, com um placar de 7 a 
1. No dia 13, novo massacre, dessa 
vez sobre a Espanha, com um retum-
bante 6 a 1. Esses jogos foram dispu-
tados no estádio que se tornara o 
coração do campeonato, na capital 
do Brasil: o Maracanã. Antes, a se-
leção brasileira já havia empatado 
com a Suíça em 2 a 2 e vencido a Iu-
goslávia por 2 a 0. 
O jogo final do quadrangular e do 
Mundial foi disputado num Maraca-
nã lotado por quase 200 mil pessoas, 
com evidente maioria de brasileiros 
já confiantes em que a Taça Jules Ri-
met seria verde e amarela, já que, na 
pior das hipóteses, o empate garantia 
o título. Perder não estava na lista de 
possibilidades, face à vitoriosa cam-
panha promovida pelo scretch nacio-
nal. O sonho brasileiro acabou aos 34 
minutos do segundo tempo, quando 
Ghiggia desempatou o jogo, que cor-
ria em um nervoso 1 a 1, em favor da 
seleção do Uruguai, que se sagrou 
campeã da Copa do Mundo de 1950. 
Desabava o sonho que começara na 
inauguração do estádio, em 24 de ju-
nho, ali mesmo, no Maracanã, com a 
vitória de 4 a 0 da seleção brasileira 
sobre a seleção do México, com dois 
gols de Ademir, um de Jair e um de 
Baltasar, e agora esvanecia-se dissol-
vido nas lágrimas de milhões de bra-
sileiros, naquela fatídica tarde de 16 
de julho de 1950. 
AGENDA
48 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
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JUNHO DE
1945
26 ASSINATURA 
DA CARTA DAS 
NAÇÕES UNIDAS 
A Carta das Nações Unidas é o docu-
mento por meio do qual se constitui a 
ONU. Sua história remonta ao dia 12 
de julho de 1941, com a Declaração de 
Londres, firmada pelos representan-
tes de Reino Unido, Canadá, Austrá-
lia, Nova Zelândia e África do Sul, 
além dos governos no exílio de Bélgi-
ca, Tchecoslováquia, Grécia, Luxem-
burgo, Noruega, Países Baixos, Polô-
nia, Iugoslávia e França (representa-
da pelo general De Gaulle). Esse do-
cumento se pronunciava a favor da 
preservação da paz de forma conjun-
ta, estabelecendo a cooperação volun-
tária de todos os povos livres como 
base de uma paz duradoura e para 
evitar a ameaça de agressão. 
Posteriormente, em agosto de 1941, 
o presidente dos Estados Unidos, 
Franklin D. Roosevelt, e o primeiro- 
ministro britânico, Winston Chur-
JUNHO DE
1950
25 COMEÇA A 
GUERRA DA 
COREIA
A península da Coreia, que havia 
pertencido ao Japão até o fim da 
Segunda Guerra Mundial, foi di-
vidida e ocupada pela União So-
viética e pelos Estados Unidos em 
1945, tomando como linha de di-
visão o paralelo 38°. Como conse-
quência da Guerra Fria, o terri-
tório ficou fracionado em dois 
Estados: Coreia do Norte, onde, 
em 1948, se estabeleceu uma re-
pública popular comunista diri-
gida por Kim Il-sung; e Coreia do 
Sul, onde Syngman Rhee implan-
tou uma inflexível ditadura pró- 
estadunidense. 
O triunfo da revolução comu-
nista na China em outubro de 
1949 perturbou o equilíbrio geo-
estratégico da Ásia. Stálin, que 
havia sofrido duros contratem-
pos na Europa – o fracasso do 
bloqueio de Berlim e a fuga da 
Iugoslávia ao seu controle –, de-
cidiu recuperar terreno na Ásia 
e incentivou um ataque norte- 
coreano à Coreia do Sul. 
No dia 25 de junho de 1950, as 
tropas de Kim Il-sung cruzaram 
bombardeio atômico do norte da 
China, mas o presidente Truman 
e a maioria do Congresso recusa-
ram, alarmados, uma ação que 
podia levar ao conflito nuclear 
com a União Soviética. Em um 
enfrentamento cada vez mais 
aberto, Truman destituiu Mac- 
Arthur, entre os protestos da di-
reita republicana, e o substituiu 
pelo general Ridgway. 
A União Soviética, por sua 
parte, fez pública sua intenção de 
não intervir na contenda e mani-
festou seu desejo de que dois 
sistemas diferentes co-
existissem na pe-
nínsula. Come-
çaram então as 
negociações, 
que se conclu-
íram em julho 
de 1953, com a 
assinatura do 
a r m i st íc io e m 
Panmunjom, onde 
se estabeleceu uma nova 
linha de demarcação que serpen-
teia em torno do paralelo 38°. 
A sobrevivência do regime 
comunista norte-coreano fez que 
essa fronteira da Guerra Fria te-
nha sido a única que persistiu até 
o século XXI. 
o paralelo 38° e avançaram em dire-
ção ao sul. O regime sul-coreano só 
pôde conservar um pequeno territó-
rio em volta de Pusan. 
A reação americana foi imediata. 
Washington pediu a convocação do 
Conselho de Segurança da ONU e 
obteve um mandato para se colocar à 
frente de um Exército que se opuses-
se à agressão norte-coreana. A ausên-
cia do delegado soviético, que havia 
se recusado a participar das reuniões 
do Conselho em sinal de protesto pela 
negativa estadunidense de aceitar a 
admissão da China Popular, favore-
ceu essa resolução. 
As tropas multina-
cionais da ONU – na 
prática, o Exército 
americano a co-
mando do general 
MacArthur – recu-
peraram, em pouco 
tempo, o ter reno 
perdido e no dia 19 de 
outubro tomaram Pyon-
gyang, a capital da Coreia do 
Norte. Três dias antes, tropas chine-
sas com apoio militar soviético ha-
viam penetrado na Coreia e obrigado 
o exército americano a retroceder; no 
dia 4 de janeiro de 1951, as tropas co-
munistas voltaram a ocupar Seul. 
MacArthur apresentou a opção do 
Refugiados na 
Guerra da Coreia
AVENTURAS NA HISTÓRIA | 49
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chill, assinaram a Carta do Atlântico, 
na qual manifestavam seu desejo de 
que, ao finalizar a guerra, fosse esta-
belecida uma paz que oferecesse se-
gurança às nações e que seus habitan-
tes vivessem livres do temor e da ne-
cessidade, que todas as nações do 
mundo renunciassem ao uso da força 
e fosse promovida a colaboração in-
ternacional para conseguir melhores 
condições de trabalho, progresso 
econômico e segurança social. 
No dia 1º de janeiro de 1942, 26 
representantes assinaram a Decla-
ração das Nações Unidas, onde se 
comprometeram a continuar juntos 
a luta contra as potências do Eixo. 
Nesse documento aparecia pela pri-
meira vez o nome “Nações Unidas”. 
A Conferência de Moscou de no-
vembro de 1943 e a de Teerã, dois 
meses depois, também exortavam à 
criação de uma organização-geral 
internacional baseada na igualdade 
soberana dos Estados, com o fim de 
evitar futuros confrontos. 
Em 1944, começou-se a forjar a 
criação da Organização das Nações 
Unidas na Conferência de Dumbarton 
Oaks, que terminou em outubro des-
se ano. Entre os principais avanços 
obtidos está a proposta da instituição 
de um órgão essencial nas Nações 
Unidas cujo objetivo fosse conservar 
a paz mundial. Posteriormente, naConferência de Ialta, de fevereiro de 
1945, foi especificada a forma de votar 
em tal órgão. 
Por fim, de 25 de abril a 26 de ju-
nho de 1945 foi realizada a Conferên-
cia de San Francisco, que se baseou 
nas Conferências de Dumbarton 
Oaks e de Ialta, além de levar em con-
ta emendas propostas por vários 
governos. Essa conferência redigiu 
a Carta das Nações Unidas e o Esta-
tuto do Tribunal Internacional de 
Justiça, que foram aprovados por 
unanimidade e assinados por todos 
os representantes no último dia. 
A Carta das Nações Unidas en-
trou em vigor em outubro de 1945, 
data em que a China, os Estados Uni-
dos, a França, o Reino Unido, a União 
Soviética e a maior parte dos demais 
signatários depositaram seus instru-
mentos de ratificação. 
JUNHO DE
1880
27
NASCE HELEN 
KELLER 
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JUNHO DE
1895
28 FORMA-SE A REPÚBLICA 
DA AMÉRICA 
CENTRAL 
A América Central se constitui de 
duas partes: a continental (atuais 
Belize, Guatemala, El Salvador, Hon-
duras, Costa Rica e Panamá) e a in-
sular (formada pelas Antilhas). Do 
século XVI ao XIX, os espanhóis 
constituíram na parte con-
tinental a Capitania- 
Geral da Guatemala. 
Sua divisão poste-
rior em vários pa-
íses pode ter sido 
ref lexo da frag-
mentação dos inte-
resses das elites lo-
cais, os criollos, que 
eram os descendentes de 
“peninsulares” (espanhóis) 
nascidos em território americano e 
que controlavam em grande parte a 
política e a economia da região. Con-
tudo, essas elites locais conflitavam 
com as peninsulares, que reservavam 
para si a melhor parte das negocia-
ções econômicas e o poder político. 
Elas buscaram livrar-se do “en-
trave” que representava a metrópo-
le, já que a Espanha no século XIX 
entrara em grave crise econômica, 
que se buscou resolver por medidas 
centralizadoras como o aumento 
abusivo de impostos, o confisco de 
bens e as “doações” voluntárias aos 
cofres espanhóis, que visavam a 
custear guerras e equilibrar as fi-
nanças da Espanha. As pujantes 
colônias americanas eram domina-
das por um Estado atrasado e deca-
dente – como havia se configurado 
a Espanha. Os movimentos de inde-
pendência resultaram no rompi-
mento com a Espanha, mas criaram 
países comandados por elites locais 
conservadoras. 
Quando o México se tornou repú-
blica (1823), a América Central bus-
cou da mesma forma sua indepen-
dência em relação à Espanha, ado-
tando também a república como 
forma de governo. Em 1824 foram 
criadas as Províncias Unidas da 
América Central (formada pelos atu-
ais Guatemala, El Salvador, Hondu-
ras, Nicarágua e Costa Rica). 
Com governo sediado 
na Guatemala, esse 
projeto de federação 
na América Central 
provocou guerras 
civis entre os países 
que a compunham. 
Em 1842, as Provín-
cias Unidas se frag-
mentaram. Outras tenta-
tivas de unificação seriam co-
locadas em prática: de 1842 a 1844 
formou-se a chamada Confederação 
Brasão das 
Províncias Unidas 
da América Central
AGENDA
50 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
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da América Central, que incluiu El 
Salvador, Honduras e Nicarágua. Os 
mesmos países voltaram a se unir de 
1849 a 1852. 
Em 28 de junho de 1895, formou- 
se a República da América Central 
(depois Estados Unidos da América 
Central), que durou até 1898. A últi-
ma tentativa foi em 1921, quando 
Costa Rica, Nicarágua, El Salvador, 
Guatemala e Honduras constituí-
ram a República Federal da Améri-
ca Central, mas, a Guatemala sepa-
rou-se dela em janeiro de 1922, e os 
outros Estados também se tornaram 
soberanos. 
JUNHO DE
2007
29
LANÇAMENTO 
DO IPHONE 
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JUNHO DE
2002
30 BRASIL PENTACAMPEÃO 
MUNDIAL DE 
FUTEBOL 
Os brasileiros mais jovens, que re-
centemente assistiram à fulminante 
derrota da seleção brasileira de fu-
tebol para a seleção da Alemanha 
pelo placar de 7 a 1, em um dos jogos 
das semifinais da Copa do Mundo 
de 2014, realizada no Brasil, não vi-
venciaram as anteriores vitórias do 
selecionado nacional em outros 
eventos do futebol mundial. 
Considerado o país do futebol, a 
seleção do Brasil já havia chegado 
ao pentacampeonato, sendo a única 
a alcançar semelhante número de 
conquistas no torneio, após vencer 
as copas de 1958 (Suécia), 1962 (Chi-
le), 1970 (México), 1994 (Estados 
Unidos) e 2002 (Coréia do Sul e Ja-
pão). Consagraram-se nessas dispu-
tas nomes que se eternizaram na 
história do futebol nacional e mun-
dial, como Pelé (considerado o “Rei 
do Futebol”, com a impressionante 
cifra de mais de mil gols marcados 
em sua vida esportiva), Garrincha, 
Gérson, Rivelino, Tostão e Zagalo, 
entre outros. 
Em 2002, a quatro vezes campeã 
seleção brasileira tentaria a façanha 
do quinto campeonato, após a derro-
ta contra a seleção da França, por 3 a 
0, na Copa do Mundo de 1998, reali-
zada na própria terra francesa. Fica-
riam, em terceiro lugar, a Croácia e, 
em quarto, o selecionado dos Países 
Baixos (Holanda). O time brasileiro 
de 2002 era formado, no jogo em que 
se decidiu o título, por Marcos, Lú-
cio, Roque Júnior e Edmílson; Cafu, 
Gilberto Silva, Kleberson, Ronaldi-
nho Gaúcho (substituído durante o 
jogo por Juninho Paulista) e Roberto 
Carlos; Ronaldo (substituído por De-
nílson) e Rivaldo. 
O treinador da seleção nacional (o 
mesmo da Copa de 2014) foi Luiz Fe-
lipe Scolari (mais conhecido como 
“Felipão”). O Brasil havia feito uma 
campanha perfeita, chegando invic-
to à final, após vencer, na fase dos 
grupos, a Turquia por 2 a 1, a China 
por 4 a 0 e Costa Rica por 5 a 2. Nas 
quartas de final, venceu a Inglaterra 
por 2 a 1, e, na semifinal, a seleção 
infligiu à Turquia mais uma derrota, 
por 1 a 0. 
A final de 2002 foi realizada no 
dia 30 de junho, em Yokohama, no 
International Yokohama Stadium, 
com um público de pouco mais de 69 
mil torcedores, contra a Alemanha. 
Os gols da vitória do Brasil, para o 
delírio dos milhões de torcedores 
brasileiros espalhados por todo o 
país e fixos em seus aparelhos de 
tevê em casa ou em lugares públicos, 
foram marcados no segundo tempo 
do jogo por Ronaldo, intitulado “o 
Fenômeno”, aos 22 e aos 32 minutos. 
Neste evento, o Brasil sagrou-se pen-
tacampeão mundial de futebol, mar-
ca ainda não alcançada por nenhum 
selecionado, vencendo justamente a 
Alemanha por 2 a 0. No terceiro lu-
gar ficou a Turquia, após vencer a 
Coreia do Sul por 3 a 2. 
Doze anos mais tarde, na Copa de 
2014, no Brasil, o selecionado brasi-
leiro viria a conseguir apenas a quar-
ta colocação, após a vexaminosa der-
rota para a Alemanha, perdendo para 
os Países Baixos (Holanda) por 3 a 0. 
A Alemanha sagrou-se tetracampeã 
com o placar de 1 a 0 contra a seleção 
da Argentina, na prorrogação. 
365 Dias Que Mudaram o Mundo. Editora 
Planeta, 816 páginas, Capa dura, R$ 74,90
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CANAL HISTORY CHANNEL, APRESENTA
AVENTURAS NA HISTÓRIA | 51
AH143_365DIAS_2.indd 51 5/5/15 8:03 AM
1Recomenda-se aos brasileiros que pensam que guerras ci-vis, assassinato de morado-res inocentes, ações governamentais tomadas para aterrorizar seus cida-dãos e multidões fugindo para longe das regiões conflagradas são calami-dades que costumam castigar nações longínquas, que leiam este São Paulo Deve Ser Destruída, de Moacir Assun-ção, que trata de um episódio surpre-endentemente pouco conhecido no país: a revolução dos combates que 
Lançamentos • 
Mary Del Priore • Foto-História 
UM MASSACRE 
ALI DO LADO
DESCONHECIDA DOS BRASILEIROS, A REVOLUÇÃO DE 
1924 MATOU E FERIU MILHARES DE PAULISTAS
CULTURA Livros
tiveram lugar na cidade de São Pau-
lo entre 5 e 28 de julho de 1924, quan-
do tropas federais legalistas reprimi-
ram o movimento liderado por ofi-
ciais do Exército insatisfeitos com as, 
como chamavam, oligarquias políti-
cas que se eternizavam no poder.
O episódio, que costuma ser tra-
tado como um desdobramento do 
Movimento Tenentista de 1922,ini-
ciado no Forte de Copacabana no Rio 
de Janeiro – este, sim, mais estudado 
–, foi de uma violência espantosa. De 
Os tanques franceses 
Renault, do Exército 
legalista, esmagaram 
trincheiras e 
apavoraram os rebeldes
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acordo com pesquisas feitas pelo au-
tor, durante os 23 dias do conflito, 
503 pessoas morreram vítimas da 
troca de tiros, balas de canhão e 
bombas lançadas por aviões sobre a 
cidade. Outras 4 846 ficaram feridas. 
Documento oficial elaborado pelo 
então prefeito de São Paulo, Firmia-
no de Morais Pinto, atesta que 1 800 
imóveis foram destruídos, 212 mil 
pessoas evadiram para cidades do 
interior, fugindo do conflito mortal 
de trem, a pé, de bicicleta e até em 
carros funerários. Um número es-
pantoso, quando se sabe que São 
Paulo tinha uma população de 700 
mil pessoas na ocasião. Comparando 
com os 10 milhões de pessoas que 
vivem na cidade hoje, seria o equi-
valente ao êxodo de 3 milhões de 
paulistanos.
O conflito, que se iniciou em um 
sábado com a tomada dos principais 
quartéis da cidade e na vizinha Osas-
co, já no dia seguinte teria de enfren-
tar uma grande ameaça com a chega-
da no porto de Santos de 2 mil fuzi-
leiros navais desembarcados do 
porta-aviões Minas Gerais, onde 
vieram também quatro aviões de 
guerra. Já na sexta-feira seguinte, 
começaram os bombardeios com ca-
nhões sobre os bairros do Brás, Be-
lenzinho e Mooca, na zona 
leste da cidade. A popula-
ção começou a fugir. Os 
rebeldes tentaram negociar 
uma rendição, mas os ata-
ques continuaram, utili-
zando agora aviões. Lutou- 
se em todos os bairros da 
capital durante duas sema-
nas. O bombardeio só foi 
suspenso quando as tropas 
revoltosas, 3 500 soldados, 
abandonaram a cidade em 
um trem para o interior.
Mas o mais instigante 
da obra está na reprodução 
de dezenas de trechos das 
cartas escritas por mora-
dores a parentes, ou depoi-
mentos dados por eles em 
que falam do medo de se-
rem mortos, dos saques 
feitos pela população, que 
chegou a passar fome du-
rante os dias do conflito. E, 
mais chocante, atrocidades 
gratuitas cometidas tanto 
por soldados revoltosos quanto lega-
listas. Um exemplo é o relato de Jose-
phina Moschi, de 42 anos, sobre a 
morte do marido, Augusto Moschi, 
que no dia 9 de julho, ao tentar com-
prar algum alimento em um arma-
zém, na Rua do Hipódromo, passou 
ao lado de uma trincheira dos revol-
tosos. “Um soldado, que parecia em-
briagado, o alvejou, ferindo-o grave-
mente. Augusto foi levado à Santa 
Casa e, após longo sofrimento, fale-
ceu no dia 3 de agosto.”
São Paulo Deve Ser 
Destruída, Moacir 
Assunção, Editora 
Record, 280 págs., 
R$ 49
Grandes incêndios 
foram provocados, 
como o da foto, 
que consumiu um 
armazém na 
Mooca. Abaixo, 
postados no morro 
do bairro da 
Penha, canhões 
legalistas 
atiravam sobre 
residências civis
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2CULTURA Livros
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A Conquista do Brasil 
– 1500-1600, Thales 
Guaracy, Editora 
Planeta, 272 págs., 
R$ 39,90
Os leitores que acompanham esta revista não desconhe-cem que a História do Brasil 
não escapou de revoltas sangrentas, 
perseguições, autoritarismos e até 
massacres, que, de maneira lamentá-
vel, são práticas comuns na saga de 
todas as nações. Portanto, a tese apre-
sentada na introdução deste A Con-
quista do Brasil, do jornalista e escritor 
Thales Guaracy, de que – ao contrário 
do senso comum, que vê os brasilei-
ros e sua trajetória como cordiais e 
conciliadores – a formação 
da nação brasileira se deu 
em meio a violências não 
parecerá nenhuma surpre-
endente revelação.
Mas a obra tem o bem-
vindo mérito de retratar 
um período relativamente 
mal contado da História 
nacional: os primeiros 100 
anos da chegada dos por-
tugueses ao Brasil. E narra 
detalhes saborosos do cho-
OS ÍNDIOS RESISTIRAM, MAS PERDERAM O BRASIL
AS PRIMEIRAS GUERRAS que cultural entre os europeus e os índios que aqui viviam. Estes, aliás, 
tinham uma cultura muito mais di-
versificada do que se imagina. 
Nesse primeiro século, a violência 
campeou sobretudo no li-
toral de São Paulo. Guerras 
entre índios e contra por-
tugueses e franceses, a atu-
ação dos padres jesuítas em 
negociações são contadas 
com detalhes minuciosos. 
Os índios, como se sabe, 
são os grandes derrotados 
no final. Uma leitura que 
mais uma vez confirma que 
o mito do Brasil cordial não 
passa mesmo de um mito.
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FALE COM 
A GENTE
De abril a julho de 1876, o imperador do Brasil, d. Pedro II, fez uma viagem 
de rei aos Estados Unidos. Per-
correu 28 estados, visitou a capi-
tal, Washington, e foi convidado 
pelo então presidente, Ulysses 
Grant, para inaugurar a Exposi-
ção Universal da Filadélfia, onde 
conheceu uma fantástica novida-
de chamada telefone.
A viagem não gerou nenhuma 
aliança política ou acordo comer-
cial, mas rendeu uma meticulosa 
anotação de tudo que o imperador 
viu e refletiu a respeito nos quase 
três meses que cruzou o país de 
costa a costa. Distribuídos em 43 
cadernetas manuscritas, esses diá-
rios de viagem são considerados 
tão importantes que mereceram o 
Prêmio Memória do Mundo, da 
Unesco. Hoje no acervo do Museu 
Imperial, em Petrópolis (RJ), parte 
desses diários estará disponível no 
site do museu até o dia 7 de julho.
D. Pedro gostava de viajar de 
maneira informal, sem o aparato 
que costumava acompanhar os 
monarcas. Seu modo afável e a 
grande curiosidade que tinha cati-
vavam quem com ele se encontrava 
no estrangeiro. Tal curiosidade é 
percebida em trechos dos diários: 
“Vale do Sacramento. Abunda em 
ouro. Produz muita fruta – expor-
tam-se frutos verdes e secos. As 
vinhas já deram colheita de 300 
mil galões de vinho e brandy”, re-
gistrou no dia 29 de abril. E não lhe 
falta humor: “Entrou um homem 
e perguntou-me se eu era d. Pedro 
II, à minha resposta apertou-me
a mão, agradeci-lhe e foi-se, este 
foi o mais simples de muitos 
shakehands que tenho tido”.
MEMÓRIAS REAIS
O DETALHADO DIÁRIO DA VIAGEM DE D. PEDRO II AOS 
ESTADOS UNIDOS ESTÁ NA INTERNET
Viagem de d. Pedro II aos Estados Unidos, 1876
Museu Imperial
Site: www.museuimperial.gov.br/diario-d-pedro-ii
A comitiva 
imperial nas 
Cataratas do 
Niágara, em 
1876. Ao 
lado, o roteiro 
de viagem 
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pulcral, tocavam-se as “macumbas”. 
Distribuíam-se breves para usar jun-
to ao pescoço, cantava-se em língua 
africana e, com “o espírito na cabeça”, 
Juca caía como morto. Era aí que dava 
consultas como “Pai Quibombo”. A 
região era infestada de cor-
tiços, casas de fortuna e 
prostíbulos. Mas em seu 
candomblé eram recebidas 
muitas senhoras elegantes, 
com quem Juca teve ligações 
mais do que espirituais. Se-
dutor e carismático, acabava 
por enfeitiçar as próprias 
clientes, a quem fazia, se-
gundo algumas, “propostas 
indecorosas”. 
Foi processado depois de uma de-
núncia anônima enviada à Justiça e 
publicada no Diário de Notícias, que 
aí viu a possibilidade de monopoli-
zar o tema e multiplicar suas vendas 
com uma sucessão de artigos escan-
dalizados. 
A curiosidade pública transfor-
mou Juca num “herói de horrores”. 
Não faltava quem acusasse: curan-
deiros como ele infestavam a cidade 
J oão Sebastião da Rosa ou Juca Rosa, “senhor de forças sobrena-turais”, foi uma das maiores lide-
ranças religiosas na década de 1870. 
Ex-praça do Exército, descreviam-no 
como um “crioulo entre 36 e 40 anos”, 
“de olhos vivos e pene-
trantes”, alfaiate de pro-
fissão, sempre elegante 
no trajar, alfabetizado, 
cuja mãe africana lhe 
legou “um arcano de 
dar fortuna”. Aborre-
ceu-se no trabalho e 
abraçou a “nefanda 
procissão” de feiticeiro. 
Sua irmandade ti-
nha cerca de 30 pesso-
as, e Juca se autoproclamava “Pai 
Quibombo”. Segundo o jornal Diário 
de Notícias, ele extraía ferros e agu-
lhas de ferimentos, preparava medi-
camentos que levavam à sepultura, 
se casava com várias mulheres no 
“gongá”, batizava seus filhos segun-
do rituais pagãos diante de um ídolo, 
o Manipanço, promovia danças eró-
ticas em frente a imagens santas, e as 
“filhas que não cumprissem obriga-
ções” pagavam-lhe multas em di-
nheiro. Elas trabalhavam e partici-
pavam das cerimônias descalças e 
algumas “nuas” – escandalizava-se 
o jornal! A maioria das mulheres era 
fanaticamente dedicada a Juca. 
Ele era conhecido por “inspirar pai-
xões, tirar o vigor dos indivíduos, 
fazê-los adoecer e sucumbir a molés-
tias”. E tudo por dinheiro – rugiam 
os articulistas!
O “nigromante” recebia numa vila 
situada à Rua do Núncio, depois de 
um “banho de ervas cheirosas”, dian-
te de um altar com imagens, castiçais 
e salva de prata para receber dinheiro. 
Nesse ambiente de luz mortiça e se-
COLUNA Histórias Íntimas
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Sedutor e carismático, 
acabava por enfeitiçar 
as próprias clientes, 
a quem fazia, segundo 
algumas, “propostas 
indecorosas”.
O LÍDER RELIGIOSO QUE DOMINAVA MULHERES E 
HOMENS NO RIO DE JANEIRO IMPERIAL
SENHOR DOS TERREIROS 
E DOS CORAÇÕES 
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e “tudo isso vive à sombra de inqua-
lificável proteção” e nas barbas das 
autoridades. Era fanatismo. Pois 
nenhuma queixa para “pôr cobro nos 
atos de selvageria” chegara jamais 
aos ouvidos da polícia. Juca era pro-
tegido por “políticos e capitalistas”.
Nas fórmulas mágicas que vendia, 
não faltava a presença do catolicismo. 
Sincretismo, aculturação, mestiça-
gem? Pouco importava. O respeitável 
era funcionar como se vê nesta “Re-
ceita para os homens se verem obri-
gados a casar com suas amantes”: 
“Tomem-se 26 folhas de erva de 
santa Luzia e, depois de cozidas em 
seis decilitros de água, meta-se numa 
garrafinha branca bem arrolhada, 
até que tenha no fundo alguns farra-
pos, e sobre o gargalo dessa garrafa 
reza-se a seguinte oração:
‘Ó santa Luzia, que sarais os olhos, 
livra-nos de escolhos, de noite e de 
dia; ó santa Luzia, bendita sejais por 
serdes bendita, no céu descansais’.
Aqui tira-se um 7 de um baralho 
de carta e põe-se-lhe em cima a gar-
rafa, dizendo: ‘Em nome do Padre, 
do Filho e do Espírito Santo, te im-
ploro, Senhora, que assim como esta 
carta está segura, assim eu tenha 
seguro por toda a vida a ( fulano) a 
quem amo de todo o coração e peço-
vos, Senhora, que façais com que me 
leve à Igreja, nossa mãe em Cristo 
Senhor Nosso’. Rezar em seguido 
uma coroa à Nossa Senhora. É pre-
ciso manter a carta debaixo da gar-
rafa até o dia do casamento”. 
Seu julgamento teve início no dia 
5 de janeiro de 1871. A sala, lotada de 
autoridades, gente elegante, “mada-
mas” e seguidores, mais parecia uma 
festa. Um “hábil advogado”, certo dr. 
Felipe Jansen de Castro Albuquer-
que, foi escolhido para defender Juca. 
Segundo o Diário de Notícias, os ad-
vogados de acusação tiveram que 
conduzir uma “luta heroica para ar-
rancar a verdade” de testemunhas 
aterrorizadas pelo olhar que o bruxo 
lhes lançava. 
Seis meses depois, ao final do jul-
gamento, 45 edições de 50 mil exem-
plares de uma brochura sobre o 
processo do “famigerado Juca Rosa” 
eram vendidos nas boas casas do 
ramo. O feiticeiro foi, então, conde-
nado. Não por bruxarias, pois o Có-
digo Criminal do Império não vali-
dava tal crime, mas sim por estelio-
nato. Embora fosse mais um perso-
nagem no mundo do sobrenatural e 
das mandingas, Rosa chocou por 
avançar num território proibido na 
sociedade escravista: o do sexo. Ele 
era o negro que possuía sexualmen-
te brancas, mulatas e negras. Des-
pertava paixões e alisava canelas, 
pernas e braços femininos, ambicio-
nados lugares de desejo masculino, 
para “curá-los”.
 Em plena campanha abolicionis-
ta, Juca Rosa era o ex-escravo que 
enfeitiçava iaiás com carícias. Sua 
magia, mas sobretudo seu poder se-
xual, não podia ficar sem castigo 
exemplar. Foi libertado após seis 
anos de prisão, a 26 de julho de 1877.
Por MARY DEL PRIORE
Doutora em história social com pós-doutorado na École des Hautes Études en Sciences Sociales, vencedora do 
Prêmio Jabuti e autora de Histórias Íntimas – Sexualidade e Erotismo na História do Brasil.
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CULTURA Foto-História
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UM MURO CORTOU A VIDA DE 
BERLIM AO MEIO
P oucos dias depois de esta foto ter sido feita, um muro de concreto de quase 4 metros de altura foi construído onde está a cerca de 
arame farpado, cortando Berlim em duas partes 
– a oriental, comunista, e a ocidental, alinhada 
com os países capitalistas. Isso impediu que as 
duas meninas alemãs voltassem a conversar com 
seus avós, ou até mesmo vê-los. E elas não foram 
as únicas pessoas a terem suas famílias divididas. 
De 13 de agosto de 1961 até 9 de novembro de 1989, 
o muro formou um anel de 155 km em volta da 
porção oriental da cidade, com o objetivo de im-
pedir que seus 2 milhões de habitantes se deslo-
cassem livremente ou se reunissem com parentes 
e amigos que ficaram do lado ocidental. Nos 28 
anos em que o muro esteve de pé, cerca de 5 mil 
alemães orientais tentaram fugir da cidade e 136 
deles foram mortos pelos soldados que patrulha-
vam a construção para evitar as fugas.
O ÚLTIMO OLHAR
Nonononn
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