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PSICOTERAPIA DE GRUPO Sob a perspectiva da Análise do Comportamento Análise do Comportamento A Terapia Comportamental é uma modalidade clínica, fundamentada nos pilares da cientificidade através de pesquisas básicas e aplicadas na área de conhecimento da análise comportamental e na filosofia do Behaviorismo Radical de Skinner. (Terapia de Aceitação e Compromisso - ACT e Psicoterapia Analítica Funcional – FAP). Skinner foi um importante teórico da Análise do Comportamento e fundador do Behaviorismo Radical, filosofia dessa ciência. Ele é comumente alvo de críticas devido às controvérsias e questões polêmicas encontradas ao longo de sua vasta produção. Análise do Comportamento Skinner apresenta uma nova proposta psicológica pragmática preocupada em avaliar, especificar, predizer, controlar comportamentos - problemas no percurso das relações com o ambiente, dentro de um contexto histórico de influência mútua. Assim como, promover um entendimento eficaz, sólido para os fenômenos clínicos cuja finalidade é fazer intervenções eficazes no momento apropriado. Como a análise do comportamento é embasada em um princípio de aprendizagem, o terapeuta pode fazer uso disso ensinando a seus clientes sobre análise do comportamento, sobre relações entre os comportamentos e as consequências, a descrever contingências e construir suas próprias regras (auto- regras). A Conceitos Básicos Comportamento: Interação entre organismo e ambiente. Selecionadas, mantidas e fortalecidas por eventos ambientais. Para acontecer essa interação deve conter: a ocasião em que ocorre uma resposta; a resposta; e as consequências por ela produzidas. Contingências: Relação de dependência que descreve como a probabilidade de um evento pode ser afetada por outros eventos. Identificar relações (Indivíduo\mundo) observando o comportamento podendo compreender qual tipo de consequência ele produz. A Conceitos Básicos Consequência reforçadora: quando mantém ou aumenta a probabilidade de ocorrência da resposta que a produziu. Reforço positivo: adição de um estimulo reforçador; Reforço negativo: retirada de um estimulo aversivo ou punitivo. Consequência punitiva\aversiva: quando diminui a probabilidade de ocorrência da resposta que a antecede. Punição positiva: apresentação de um estímulo aversivo\punitivo; Punição negativa: retirada de um estímulo reforçador. Extinção: Quebra na contingência. Esquiva: Evitar\Fuga. A Conceitos Básicos Regras: estímulos verbais que descrevem contingências, envolvendo, por exemplo, conselhos, instruções e ordens. Ficando mais sob controle da regra do que das consequências geradas no ambiente, diminuindo a probabilidade de desenvolver aprendizagem por meio de experiências vivenciadas. Auto regras: quando as regras são formuladas pelo próprio indivíduo e passam a controlar o seu comportamento. Audiência não punitiva: livre expressão do cliente e o relato livre de censura de aspectos clinicamente relevantes. Aplicabilidade em Grupos O grupo: É necessário, planejar algumas questões antes de iniciar a formação de um grupo: Definir os objetivos do grupo, para assim definir todas as suas características como: número de participantes, se será aberto ou fechado, se será homo ou heterogêneo; Uma das características da AC é a utilização de uma definição objetiva dos problemas para fins da análise funcional. Aplicabilidade em Grupos Não existe uma norma ou recomendação que especifique o número ideal de participantes mas, é recomendável que o número de participantes seja entre 6 e 8 pessoas, para que possa haver vantagens em termos de interação, modelação e aprendizagem interpessoal, permitindo também atenção adequada para analise e intervenção com cada um dos clientes. O grupo poderá ser composto tanto por pessoas semelhantes em termos de idade, tipo de problema, sexo dos participantes, a depender dos objetivos do trabalho. Grupos homogêneos são mais adequados para realizar uma pesquisa com uma temática específica e grupos heterogêneos para temas mais genéricos como habilidades sociais, problemas de relacionamento, ansiedade, etc. Em grupos fechados cada pessoa assume um compromisso de participar por um tempo determinado, já grupos abertos requerem do terapeuta que o mesmo se lembre de que sempre que um novo membro chegar ao grupo deverá ser feito um resumo do que já ocorreu no grupo e uma retomada das regras e condições do grupo. Aplicabilidade em Grupos É recomendável a presença de um terapeuta e de um co-terapeuta, a definição de quem será o terapeuta e o co-terapeuta deve ser feira antes do inicio da sessão, sendo necessária harmonia entre ambos. Enquanto o terapeuta interage com os participantes do grupo, o co-terapeuta observa os participantes, podendo intervir e mudar o foco da análise, caso ache necessário. O co-terapeuta pode observar e registrar os comportamentos verbais e não-verbais dos integrantes do grupo em sua interação com os terapeutas, além de funcionar como um controle de comportamento do terapeuta e vice-versa e aumentam, ambos, as fontes de reforçamento para os participantes do grupo; Aplicabilidade em Grupos A realização de uma ou duas sessões individuais antes do início das sessões do grupo, tem o objetivo de coletar informações sobre as expectativas do cliente, comportamentos considerados como problema pelo mesmo (contingências de aquisição e manutenção), se tem algum diagnostico que pode atrapalhar o trabalho em grupo, como se avalia falando para pessoas desconhecidas, e demais informações importantes. Na primeira sessão grupal , os terapeutas devem dar inicio ao entrosamento entre os integrantes do grupo, retomar e discutir com os participantes as questões de objetivo do grupo e expectativas para o trabalho em grupo, estabelecendo também o contrato e as regras que vão nortear o trabalho (sempre de caráter consensual); Aplicabilidade em Grupos Não existe uma regra especifica para local, duração frequência e valor das sessões de grupo, mas o modelo de encontros semanais com duração de 2 horas é bastante utilizado, muitos profissionais também costumam cobrar o valor de 50% do valor individual e para atender seis ou mais pessoas é necessário uma sala de tamanho grande; Para avaliação na situação de grupo os clientes podem responder a questionários ou inventários já padronizados, aprendendo, assim, a observar e registrar os próprios comportamentos ou realizar registros de certos comportamentos em situações específicas. Aplicabilidade em Grupos O inicio: O ideal é iniciar o processo com um ou dois encontros individuais antes dos encontros em grupo. Esses encontros iniciais servem para coletar informações como as expectativas do cliente em relação ao grupo, comportamentos que consideram problema. O papel do terapeuta é procurar estabelecer-se como audiência não punitiva e explicar os processos e princípios básicos da psicoterapia de grupo. Aplicabilidade em Grupos Na primeira sessão os terapeutas criam condições para os participantes se conhecerem, se apresentando, e exporem suas expectativas iniciais. Delitti (2008) no início do processo, ou seja, nas primeiras 3 ou 4 sessões, os dois objetivos principais são reforçar a classe de respostas de “ser cliente” onde envolvem comportamentos de chegar na hora (pontualidade), não faltar (assiduidade), cooperação no grupo e também retomar a coleta e iniciar a análise dos dados obtidos nas entrevistas individuais. Aplicabilidade em Grupos É também importante que o terapeuta esteja atento para identificar e indicar aos clientes os comportamentos e contingências de vida semelhantes ou que alguma forma favoreçam a interação e a aprendizagem de uns pelas contingências de aprendizagem dos outros. O terapeuta deve também saber lidar com a coesão do grupo pois é uma das variáveis indispensáveis no trabalho grupal. Os membrosde um grupo coeso sentem afeto, conforto e um sentido de pertinência no grupo. Eles valorizam o grupo e sentem que são valorizados, aceitos e amparados pelos outros membros. (YALOM apud DELITTI, 2008). A coesão, no grupo, coloca-se no lugar da relação terapêutica no trabalho individual. Aplicabilidade em Grupos Na situação de grupo cada individuo pode desempenhar o papel de modelo e liberar reforço social para aprendizagem de novos padrões de comportamento o que pode facilitar a generalização para a situação natural. Avaliação Inicial A primeira tarefa do terapeuta é analisar as queixas descrevendo- as em termos de comportamentos específicos passíveis de observação (direta ou indireta) e de mudança. Tratando-se de queixas em análise do comportamento podemos falar em excessos e déficits comportamentais. No contexto grupal existem algumas formas de fazer essa mensuração como: os clientes podem aprender a observar e, se necessário, registras seus próprios comportamentos respondendo a inventários já padronizados; ou fazendo registro de certos comportamentos emitidos em situações específicas. Desenvolvimento do Grupo Durante a sessão o terapeuta deve observar o comportamento do cliente e também se inserir nas contingências. Emitir situações que permita o contato e a identificação das contingências de reforço, assim como o histórico das mesmas que são responsáveis por emitir respostas geradoras de sofrimento. Identificar que contingências mantém esse padrão de comportamento no repertório do cliente. Discriminação e generalização por parte do cliente e do terapeuta. Similaridade funcional entre estímulos. Procedimentos utilizados: reforçamento, extinção, treino, aprendizagem e etc. Métodos mais utilizados: modelação e ensaio comportamental. Modelação e Ensaio Comportamental Modelação e o ensaio de comportamento como estratégia de avaliação: Acontece quando o indivíduo traz dados importantes da sua vida. Dessa forma deve-se observar seu comportamento verbal e não verbal, tom de voz, gestos e etc. Esta observação costuma fornecer dados importantes para a análise das contingências. Modelação e o ensaio de comportamento como estratégia de intervenção: Comportamentos que podem ser instalados ou alterados. Comportamento de observar a si e aos outros, analisar e descrever contingências, habilidades sociais, empatia, comunicação e etc. Modelação e Ensaio Comportamental Os primeiros modelos de comportamentos que o terapeuta apresenta para os clientes são os auto – relatos. O terapeuta traz conteúdos que mostrem empatia e aceitação social. Dessa forma, o terapeuta mostra como os clientes podem liberar reforço social. A modelação pode ser facilitada quando, durante um ensaio de comportamento no grupo o terapeuta der uma instrução prévia oral ou escrita em cartões levando os clientes a ficar sob controle dos estímulos relevantes, dizendo, por exemplo: “prestem atenção ao tom de voz e aos gestos do P nesta situação”. Término do Grupo e Conclusões O terapeuta grupal deve estabelecer condições para a manutenção e generalização dos comportamentos aprendidos no contexto do grupo para seu ambiente natural. Como afirma Skinner (1989) “[...] entretanto, aquilo que o cliente faz na clínica não é a preocupação básica. O que acontece lá é uma preparação para um mundo que não está sob controle do terapeuta.” Podemos dizer que o processo é mais fácil na situação em grupo pois no grupo é mais fácil planejar na generalização pela diversidade de modelos e de contingências de reforçamento. Logo, o terapeuta incentivará este grupo a emitirem comportamentos que são aprendidos e ensaiados no grupo em sua vida. Término do Grupo e Conclusões É comum os terapeutas analítico-comportamentais ensinarem a seus clientes a análise de contingências, para que estes consigam lidar com o seus comportamentos-alo, aqueles que trazem tanto sofrimento. Em suma o trabalho em grupos apresenta vantagens a nível de reforço. E ainda pelo fato da similaridade entre os repertórios do grupo, o que pode ajudar no processo de identificação de comportamentos uns nos outros (modelação). Aplicabilidade e Fatores Terapêuticos de Grupo Instalação da esperança - Para a análise do comportamento a instalação da esperança se dá início quando o terapeuta deve procurar estabelecer uma audiência não punitiva e explicar os processos e princípios básicos da psicoterapia de grupo. - O terapeuta e o co-terapeuta é uma das fontes de reforço do grupo. Coesão grupal - O fator terapêutico de coesão grupal é o sentimento de pertencer a um grupo e possuir afinidade com os seus membros, aceitar e ser aceito pelos demais. - Uma interpretação analítico comportamental nos traz que a coesão é a razão entre a taxa de reforço e de punição liberada pelo grupo. Aplicabilidade e Fatores Terapêuticos de Grupo Comportamento imitativo - Utilizando o próprio princípio do comportamento imitativo para a análise do comportamento - Utilizando a modelagem. Socialização + Compartilhamento de informações - Facilitada através do uso de operantes verbais: 1. Por parte do terapeuta (através do reforço social) 2. Por parte do próprio participante em relação a si 3. Por parte do próprio participante em relação ao outro Referências Ana, Mariana Frediani Sant, and Carolina Laurenti. "UMA POSSIBILIDADE DE ANÁLISE DAS BIOGRAFIAS DE SKINNER DISPOSTAS NOS MANUAIS DE HISTÓRIA DA PSICOLOGIA." V CIPSI-Congresso Internacional de Psicologia. 2012. Análise comportamental clínica [recurso eletrônico] : aspectos teóricos e estudos de caso / Ana Karina C. R. de-Farias & colaboradores. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2010. COÊLHO, C.C.B.; BARROS, M.F.F. Psicoterapia Comportamental em grupo. Psicologia.pt - Psicologia o portal dos psicólogos. 2011. Disponível em: https://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0256.pdf Acesso: 02/04/2020 FEITOSA,J.K.C.; FEITOSA, A.N.C.; OLIVEIRA, A.M. Psicoterapia Analítico- comportamental. Id on Line Revista Multidisciplinar e de Psicologia, Set-Out de 2016, vol.10, n.31, Supl 2, p. 202-235. ISSN 1981-1179 SKINNER, B. F. (1989) Questões recentes na análise comportamental. Merrill Publishing Company. https://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0256.pdf