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UNIME – UNIÃO METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO E CULTURA DIREITO EDEMILSON ANTUNES DA ROCHA JUNIOR DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO Salvador 2018 UNIME – UNIÃO METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO E CULTURA DIREITO EDEMILSON ANTUNES DA ROCHA JUNIOR DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO Trabalho apresentado ao curso de Direito da UNIME – União Metropolitana de educação e Cultura, nem meu Trabalho de conclusão de curso, com o objetivo de apresentar conceitos e definições do tema sugerido. Orientador (a): Nome do Professor Salvador 2018 EDEMILSON ANTUNES DA ROCHA JUNIOR DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO Trabalho apresentado ao curso de Direito da UNIME – União Metropolitana de educação e Cultura, nem meu Trabalho de conclusão de curso, com o objetivo de apresentar conceitos e definições do tema sugerido. Data de Aprovação: Salvador – BA, ______de__________de_________. BANCA EXAMINADORA _______________________________________________ Nome do professor (a), Titulação (Esp., Ms., Dr.). (Orientador – Instituição a qual esse professor (a) pertence) _______________________________________________ Nome do professor (a), Titulação (Esp., Ms., Dr.). (Orientador – Instituição a qual esse professor (a) pertence) _______________________________________________ Nome do professor (a), Titulação (Esp., Ms., Dr.). (Orientador – Instituição a qual esse professor (a) pertence) _______________________________________________ Nome do professor (a), Titulação (Esp., Ms., Dr.). (Orientador – Instituição a qual esse professor (a) pertence) DEDICATÓRIA Opcional. É um espaço reservado a dedicatórias. O autor do projeto deve dedicar seu trabalho. AGRADECIMENTOS Opcional. Agradecer e citar as contribuições que recebeu de terceiros. “É mais fácil obter o que se deseja com um sorriso do que à ponta da espada. ” (William Shakespeare) RESUMO A presente pesquisa tem como objetivo analisar através de pesquisa documental, o aborto e todo seu impacto na sociedade na qual vivemos, com um enfoque voltado para sua descriminalização, para demonstrar as possíveis melhorias e analisar como é em países que a pratica do aborto é legal, trazer dados sobre, se houve uma queda na mortalidade das mulheres que praticam o aborto, se houve conscientização por parte da população, como é visto a prática abortiva pelas religiões de maior relevância no senário nacional, mostrar de maneira clara como poderia ser feito para que as mulheres de classes inferiores que são as maiores vítimas de charlatões que prestam o serviço sem o menor suporte para que tal ato seja feito, mostrar quais são os tipos de aborto, em que situação se admite o aborto de acordo com o código penal brasileiro. A relevância do tema está ligada à necessidade de refletir, pois, é bastante polêmico por ser repudiado, mas, se divide entre grande parte da população. Palavras-chave: Descriminalização; Aborto; Tipos. ABSTRACT The present research aims to analyse through documentary research, abortion and all its impact on the society in which we live, with a focus on its decriminalization, to demonstrate the possible improvements and to analyse how it is in countries that the practice of abortion is legal , if there was a decrease in the mortality of women who practice abortion, if there was an awareness of the population, how abortion practice is seen by the religions of greater relevance in the national senate, to show clearly how it could be done to that lower-class women who are the greatest victims of charlatans who provide the service without the least support for such an act, show what the types of abortion are, where abortion is permitted under the Brazilian Penal Code . The relevance of the theme is linked to the need to reflect, therefore, it is quite controversial to be repudiated, but, it is divided between the populations. Keywords: Decriminalization; Abortion; Types. Sumário INTRODUÇÃO 10 1. CAPITULO I 12 1.1. HISTÓRIA DO ABORTO 12 2. CAPÍTULO II 17 2.1. TIPOS DE ABORTO 17 2.2. QUAIS SÃO AS ESPÉCIES DE ABORTO E QUAIS SÃO PERMITIDAS NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO. 18 2.3. O PREÇO DA CRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO NO BRASIL 21 3. CONCLUSÃO 23 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 25 INTRODUÇÃO A presente pesquisa aborda o tema Descriminalização do Aborto e, tem como objetivo principal de analisar os benefícios que a descriminalização poderá trazer para a sociedade, a criminalização do aborto tem levado milhares de mulheres a óbito e a crescente escalada desses dados, fomentou os caminhos para essa pesquisa. A ilicitude do aborto mata muitas mulheres, não escolhe a classe social, raça ou crença, mas, o que se pode perceber com os estudos é que principalmente as mulheres que se situam abaixo da linha da pobreza são as maiores vítimas desse crime, a situação de miserabilidade em que se encontram, deixa essas pessoas demasiadamente vulneráveis em todos os aspectos, sobretudo quanto à proteção de seu corpo, a falta de conhecimento e a fragilidade econômica, não permite que essas mulheres, que optam pela prática do aborto, façam a escolha de um procedimento adequado e seguro. O fato da prática de aborto ser um crime, afastam essas mulheres dos serviços médicos assistenciais a que tem direito, submetendo-se a procedimentos que na maioria das vezes as levam à morte. O tema suscita muitos debates, sobre a prática do aborto e suas consequências e especialmente sobre a descriminalização do tipo Penal que poderia causar menos mortes. No Brasil a prática é considerada crime desde a criação do Código Penal de 1940 que traz o delito previsto em seu Art. 124, passível de prisão, para quem se submete e para quem pratica o ato abortivo. Este estudo é de grande importância uma vez que, tendo em vista os inúmeros casos de mulheres que morrem realizando o procedimento abortivo em clinicas clandestinas que funcionam de maneira precária sem nenhuma assistência necessária em situações de emergência. Com a legalização do aborto mulheres que não tem um apoio de um profissional, poderão ser auxiliadas da maneira correta para que não ocorram problemas. Cerca de 1/3 das gestações no mundo são indesejadas, e 1/4 das mulheres que estão grávidas tem o desejo de abortar, então criminalizar o aborto não irá mudar nada disso, a solução é procurar meios para viabilizar o aborto. O reconhecimento da competência ética das mulheres para decidir sobre sua sexualidade e reprodução é o princípio dos direitos humanos e da cidadania que substancia os direitos sexuais e reprodutivos. No primeiro capítulo realiza-se um breve histórico a respeito do aborto em geral. No segundo capítulo realiza-se uma pesquisa a respeito dos tipos de abortos conhecidos, e quais são permissíveis no ordenamento jurídico brasileiro. Por fim, no último capítulo irá realizar uma pesquisa a respeito dos aspectos que envolvem a questão do aborto Esta pesquisa adota a metodologia de revisão de literatura de natureza qualitativa, uma vez que se fundamenta em documentos diversos, tais como livros, artigos e periódicos. 1. CAPITULO I 1.1. HISTÓRIA DO ABORTO No campo das Ciências Sociais, assim como do Direito, ampliaram-se, nos últimos anos, os estudos sobre a mulher, sua participação na organização familiar, no trabalho e também na política, entre outros. Etimologicamente a palavra aborto, isto é, o termo “ab-ortus”, traduz a idéia de privar do nascimento, vez que, “Ab” equivale à privação e “ortus” a nascimento. Entretanto, o termo aborto provém do latim “aboriri”, significando “separar do lugar adequado”, e conceitualmente é: “a interrupção da gravidez com ou sem a expulsão do feto, resultando na morte do nascituro” (De Paulo, 2002. p. 13).[footnoteRef:1] [1: De Paulo, Antônio (organização). Pequeno Dicionário Jurídico, Ed. DP&A, Rio de Janeiro. 2002.] Durante a sua evolução, muitos povos voltaram suas atenções para o tema e aprofundaram seus estudos para ter um maior conhecimento do que se tratava. Sobre a evolução histórica doaborto, ''no desenrolar da história da humanidade inúmeros povos estudaram e discutiram a problemática do aborto. Dentre eles estavam Israelitas (no século XVI antes de Cristo), Mesopotâmicos, Gregos e Romanos, mas limitavam-se a compor considerações e críticas de cunho inteiramente moral ''. (MATIELO, 1996, pg. 11).[footnoteRef:2] [2: MATIELO, Fabrício Zamprogna. Aborto e o Direito Penal. 3ª edição. Porto Alegre: Sagra-DC Luzzatto editores. 1996.] Grandes pensadores da antiguidade se interessavam pelo o estudo do aborto, suas causas e métodos e de que maneira com seus estudos poderiam contribuir para tal. Afirma Matielo, 1996, pg. 11, que no período da Antigüidade, “Hipócrates, o grande gênio da incipiente medicina, estudou todo o quadro clínico do aborto, estendendo ainda suas preocupações ao tratamento e aos métodos para induzi-lo”. No entanto, sua atitude, choca-se com o clássico juramento do estudioso desta área, os quais são até hoje, orgulhosamente repetido pelos formandos das Faculdades de medicina em todo o Mundo. A prática do aborto, envolvendo métodos físicos ou químicos, já era documentada em antigas sociedades orientais. Entre 2737 e 2696 a.C., o imperador chinês Shen Nung cita, em texto médico, a receita de um abortífero oral, provavelmente contendo mercúrio. Porém, o risco da ingestão de substâncias nocivas para a saúde das mães, fez como que algumas sociedades e culturas preferissem realizar a prática do infanticídio, ou seja, a morte da criança após o nascimento. A verdade é que os povos primitivos não previam o aborto como um ato criminoso, no entanto, posteriormente, quando o faziam atribuíam a ele severas punições. A aceitação do aborto como exceção à regra geral da proibição esta revestida de norma oral ou legal - surgindo com extrema raridade em algumas legislações antigas, mas impreterivelmente vinculadas ao preenchimento de rigorosos requisitos, já previamente determinados (Matielo, 1996, pg. 12).[footnoteRef:3] [3: MATIELO, Fabrício Zamprogna. Aborto e o Direito Penal. 3ª edição. Porto Alegre: Sagra-DC Luzzatto editores. 1996.] Reportando-se a antiguidade, há evidências que já se interrompiam a gestação, ou seja já havia a prática abortiva utilizando vários métodos, dentres eles o uso de ervas abortivas, realizado por parteiras da época ou mesmo pela própria gestante, desde sempre na Grécia o aborto não era considerado crime, mas, a mulher para abortar precisava de uma autorização por alguém superior a ela na época, no caso de seu marido ou chefe, e no caso o aborto seria punível apenas se lesasse um interesse masculino De acordo com as penas aplicadas na antiguidade afirma Matielo “Se alguns homens renhirem, e um deles ferir mulher grávida, e for causa de que aborte, mas ficando ela com vida, será obrigado a ressarcir o dano segundo o que pedir o marido da mulher, e os árbitros julgarem. Mas, se o desfecho desta situação for à morte dela, dará vida por vida. Olho por olho, dente por dente, pé por pé. Queimadura por queimadura, ferida por ferida, pisadura por pisadura”. Alguns doutrinadores afirmam que as palavras acima transcritas – encontradas nos textos da Bíblia, constituem reflexo estatuído no Código de Hamurabi, pois este, considerado um dos mais antigos diplomas jurídicos, já previa indenizações em casos de aborto provocado, cujo valor variava conforme as conseqüências geradas por este. Pesava-se também se a mulher era livre ou escrava, nesta o valor a indenizar era menor limitando-se a uma quantia paga a seu senhor, já em relação àquela o valor de ressarcimento era bem maior, onde a reparação do dano poderia até mesmo dar-se com a morte de uma filha do provocador do abortamento (Matielo, 1996, pg. 12 e 13).[footnoteRef:4] [4: MATIELO, Fabrício Zamprogna. Aborto e o Direito Penal. 3ª edição. Porto Alegre: Sagra-DC Luzzatto editores. 1996.] Analisando a situação havia uma ligação entre a Bíblia e Código de Hamurabi, pois, nos primórdios o que era o objeto de maior preocupação era o ressarcimento pelo dano causado e não se dava uma atenção tão explicíta com o abordo em si. Em outras pates do mundo, no caso no Oriente buscavam uma solução em relação ao aborto a exemplo disso com o Código de Manu, aplicados no Egito e também na Índia e sanções nele vinham expressas como menciona Matielo. ''...se dele resultasse a morte de gestante pertencente à casta dos padres, o responsável sofreria castigos como se houvesse ceifado a vida de um “Brahmane”, sendo este submetido a penas corporais que, em grau máximo, levariam à morte ''. (Matielo, 1996, pg. 13).[footnoteRef:5] [5: IDEM] Grandes gênios da humanidade que viveram a mais de 2000 (dois mil) anos são reconhecidos até hoje por suas contribuições dados a sociedades, deram seu ponto de vista a respeito do aborto e se posicionaram como favoráveis diante do respectivo tema. Matielo, 1996, pg. 14 afirma que: Renomados estudiosos Antigos, como Aristóteles e Platão, pregavam a utilidade do aborto como meio conter o aumento populacional. Destarte, Aristóteles sugeria que fosse praticado o aborto antes que o feto tivesse recebido sentidos e vida, sem, especificar, contudo, quando se daria este momento. Sócrates, também admitia aborto, sem outra justificativa que não a própria liberdade de opção pela interrupção da gravidez.[footnoteRef:6] [6: IDEM] A civilização romana desde sempre trouxe avanços para a sociedade em um todo, sobre vários aspectos e não seria diferente no que se trata do aborto e por lá o aborto tinha suas respectivas normas. Giza-se, que o início da civilização romana, a punição em relação ao aborto assumiu caráter privado, já que o poder familiar, ou “pater familiae”, - expressão que designava o pai, como o chefe da família -, atribuía a este o poder absoluto sobre os filhos, inclusive daqueles que ainda estavam por nascer. Aqui, caso a esposa procurasse abortar sem o consentimento do esposo, este poderia puni-la severamente, até mesmo com a morte (Matielo, 1996, pg. 14).[footnoteRef:7] [7: MATIELO, Fabrício Zamprogna. Aborto e o Direito Penal. 3ª edição. Porto Alegre: Sagra-DC Luzzatto editores. 1996. ] Os conceitos relacionados com as diferentes discussões sobre mulheres e homens na sociedade, como machismo, sexismo, patriarcado, relações sociais de sexo, relações de gênero, etc., foram originados de movimentos feministas, que lutaram e lutam por uma vida melhor, mais justa e igualitária para as mulheres, ao criticar, portanto, as causas das desigualdades. Movimentos para a descriminalização do aborto tomaram força principalmente na europa, Barchifontaine, 1999, pg. 17 denota que: No final do século XIX e no início do século XX, surgiu na Europa, com mais força na Inglaterra e França, movimentos feministas, preconizando a anticoncepção e defendendo o direito da mulher ao aborto. Entretanto, a partir da década de 20, nos países escandinavos e socialistas, houve flexibilidade maior na legislação. Na Rússia, com a Revolução de 1917, o aborto deixou de ser considerado crime, legislação que influenciou os demais países socialistas nos anos de 50.[footnoteRef:8] [8: DE BARCHIFONTAINE. Christian de Paul. Em defesa da vida humana. Ed. Loyola. ed. 15ª. 1999.] Em regra os países ocidentais de uma certa maneira sempre foram mais liberais que os orientais, e por conta disso assuntos que tinham uma repercussão maior eram vistos como normal. Nos demais países do Ocidente, explica Maria Carneiro da Cunha, “as leis mais liberais datam do final da década de 60 como a lei inglesa de 1967, e a década de 70, quando o aborto se tornou uma questão política, popularizando as opiniões, com partidos conservadores e democratas-cristãos se opondo nos parlamentos e partidos socialistas, social-democratas e comunistas, a favor”. As manifestações foram tão significativas, que conseguiram a mudar a legislação da Itália sobre o aborto, lugar onde a Igreja Católica tem sua sede e seu representante máximo. E, essa luta política é conseqüência da evolução dos costumes sexuais e do novo papel que as mulheres vieram adquirindoa partir dos anos 60 na sociedade, Na qual passaram a ter uma participação mais ampla e a brigar por seus direitos, dentre eles o de controle sobre seu próprio corpo. (Barchifontaine, 1999, pg. 17).[footnoteRef:9] [9: IDEM] Como explica Maria Carneiro da Cunha, em meados da década de 70, no mundo a fora aborto até então não era uma questão política, então ele não tinha uma devida atenção por parte da sociedade, e também não tinha uma atenção por parte dos governantes que não se importavam com sua fiscalização, mas a partir de movimentos expressivos, tomou-se o interesse por parte de partidos políticos dividindo opiniões por parte dos partidos conservadores e democratas, e com essas manifestações conseguiram mudar legislação de um país fortemente católico. Segundo dados da OMS, das 210 milhões de gestações que ocorrem todo ano, entre 46 a 55 milhões, ou seja 22%, culminam em abortos. Destes, cerca de 30 milhões de procedimentos são obtidos legalmente e 20 milhões ilegalmente. Por dia são aproximadamente 126 mil. 78% dos abortos são realizados em países em desenvolvimento e os restantes 22% em países desenvolvidos. Aproximadamente 97 países, com cerca de 70% das mulheres do mundo, tem leis que permitem a estas o aborto clinicamente assistido. Noventa e três países, com cerca de 30% da população feminina, proíbem o aborto ou permitem o aborto apenas em situações especiais como deformações do feto, violações (estupro dentre elas) ou risco de vida para a mãe – nosso país se inclui neste último grupo. Conforme exposto, todos os anos cerca de 20 milhões de abortos são realizados em países onde esta prática é restringida ou proibida por lei – portanto, praticados ilegalmente, na clandestinidade.[footnoteRef:10] [10: JOHNSTON, Robert. Global Abortion Summary. 2000-2007, 2008. Disponível em <http:/www.oms.org>.] Com esses dados estatísticos percebe-se a diferença do percentual de aborto entre os países em desenvolvimento comparado aos países desenvolvidos que na maioria dos casos são esses países desenvolvidos os que permitem o aborto e nem por isso suas taxas abortivas subiram o que há é nada além de uma regularização por parte do estado que assim, poderá fiscalizar tal ato com o intuito de diminuir que mulheres sem nenhuma orientação se submeta a clínicas clandestinas. 2. CAPÍTULO II 2.1. TIPOS DE ABORTO O aborto é pode ser dividido, geralmente, em dois tipos. Entres eles estão o aborto espontâneo e o aborto induzido. Aborto espontâneo, involuntário ou casual, é , como o nome proprio já diz, a expulsão não intencional de um embrião ou feto prematuramente, normalmente antes de 20-22 semanas de idade gestacional.[footnoteRef:11] Uma gravidez que termina antes de 37 semanas de idade gestacional que resulta em um recém-nascido vivo é conhecida como parto prematuro ou pré-termo. Quando um feto morre no interior do útero após a viabilidade, ou durante o parto, geralmente é chamado de natimorto. [11: BUSSTAO, Paulo César. Tipicidade material, aborto e anencefalia, 2005.] Em geral, a causa mais comum de aborto espontâneo nesse primeiro trimestre são as anomalias cromossômicas do feto/embrião, que chegam a contabilizam pelo menos 50% das perdas gestacionais de maneira precoce. [footnoteRef:12] [12: BELO, Warley Rodrigues. Aborto: considerações jurídicas e aspecitos correlatos, 1999.] Entre outras causas, também incluem doenças vasculares (como o lúpus eritematoso sistêmico), diabetes, problemas hormonais, infecções, anomalias uterinas e trauma acidental ou intencional, dentre outras. A idade materna avançada e a história prévia de abortos espontâneos são os dois fatores mais associados com um risco maior de aborto espontâneo. Além deste, existe também o aborto induzido, que também pode ser denominado aborto provocado ou interrupção voluntária da gravidez, é o aborto causado por uma intervenção humana. Ocorre pela ingestão de medicamentos ou por métodos mecânicos. Diante dessa situação, a ética deste tipo de abortamento é fortemente contestada em muitos países do mundo mas é reconhecida como uma prática legal em muitos, sendo inclusive em alguns totalmente coberta pelo sistema público de saúde. Os dois extremos desta discussão definem quando o feto ou embrião se torna humano ou vivo (se na concepção, no nascimento ou em um ponto intermediário) e na primazia do direito da mulher grávida sobre o direito do feto ou embrião com argumentos majoritariamente influenciado pela cultura local incluindo religiosidade. A respeito do aborto induzido, o mesmo é dividido nas seguintes subcategorias: · Aborto terapêutico: aborto provocado para salvar a vida da gestante, para preservar a saúde física ou mental da mulher, para dar fim à gestação que resultaria numa criança com problemas congênitos que seriam fatais ou associados com enfermidades graves, para reduzir seletivamente o número de fetos para diminuir a possibilidade de riscos associados a gravidez múltipla.[footnoteRef:13] [13: BELO, Warley Rodrigues. Aborto: considerações jurídicas e aspecitos correlatos, 1999.] · Aborto eletivo: aborto provocado por qualquer outra motivação. Outras classificações : · Quanto ao tempo de duração da gestação. · Aborto subclínico: abortamento que acontece antes de quatro semanas de gestação · Aborto precoce: entre quatro e doze semanas · Aborto tardio: após doze semanas.[footnoteRef:14] [14: IDEM] 2.2. QUAIS SÃO AS ESPÉCIES DE ABORTO E QUAIS SÃO PERMITIDAS NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO. No nosso ordenamento jurídico são previstos poucos tipos de aborto dentre eles o aborto terapêutico e o aborto sentimental. Excepcionalmente, o Código Penal Brasileiro prevê duas condições em que o aborto poderá ser realizado por um médico, ou seja, poder fazer um “aborto legal”[footnoteRef:15], são elas: quando a gravidez significar risco a vida da mulher grávida; ou quando a gravidez resultar de violencia sexual e o aborto for precedido de consentimento da gestante, ou, se incapaz, por seu representante legal. [15: CAPEZ, Fernando. Direito penal: parte especial. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2004.] Na primeira situação, a lei optou pela preservação da vida da mãe. Isso porque, diante do sacrifício de um ser que ainda não foi totalmente formado, o entendimento é o de que não seria razoável sacrificar a vida de ambos se, na realidade, uma vida poderia ser destruída em favor do outra. Já na segunda situação, o Estado não poderia obrigar a gestante a gerar um filho que seria fruto de um crime – estupro -, vez que danos maiores poderiam ser acarretados, como os danos psicológicos sofridos pela vítima, por exemplo, que, por efeito dominó, iria, em tese, poder trazer uma serie de outras violencias das mais diversas naturezas de todos os lados, seja pela mãe contra o filho, vice-versa, ou até mesmo problemas psicologicos nos quais as vitimas cometeriam crimes contra elas mesmas. Em ambos os casos, não se exige autorização judicial para a prática do aborto legal. Especificamente para o caso de estupro, não é necessário que exista processo contra o autor do delito, muito menos que haja sentença condenatória. Como podemos ver, no brasil apenas dois tipos de aborto são permissíveis, apenas quando há risco a saúde da gestante ou quando a gestação é proviniente de um estupro, e que a vitíma tenha a intenção de abortar. Há ainda a opção aprovada em 2016 pelo Supremo Tribunal Federal de estender a essa opção a gestante para fetos anancefalos.[footnoteRef:16] [16: BUSSTAO, Paulo César. Tipicidade material, aborto e anencefalia, 2005.] O nascituro apenas quando tem a concepção de vida ele detém mais direitos que a genitora, pois, olhando de um ponto que ele está ligado a genitora e que ele está sendo gerado dentro da mulher, o ideal seria que ela tivesse dominío sobre, mas a legislação prevê mais direitos ao feto que apenas está em formação do que a mulher, tirando assim a sua liberdade, tanto a seu corpo, quando a liberdade em si de ter o direito de escolha, sobre levar ou não a gestação adiante, e se vê privada a isso por ter alguémsendo gerada dentro dela que é detentor de mais direitos que a mulher. Em casos de estupro, basta a decisão da mulher para que se tenha acesso ao aborto no Brasil. Segundo uma norma técnica do Ministério da Saúde, o hospital não pode exigir nenhuma autorização judicial, boletim de ocorrência ou exame de corpo de delito para realizar o aborto. Além dos casos de estupro, a lei autoriza o aborto quando a mãe corre risco de vida na gestação ou quando está grávida de anencéfalo. Mas a realidade das mulheres que passam por isso é bem diferente. Segundo o site G1[footnoteRef:17],em 2016, foram feitos dois abortos legais entre 443 estupros registrados. No Acre, segundo o Ministério da Saúde, a incidência de estupros é quase cinco vezes maior que a média nacional. Na capital Rio Branco, há três hospitais que fazem atendimento à mulher. Além deles, existem dois lugares que elas podem procurar: o Centro de Referência em Assistência Social e a Delegacia da Mulher.No Acre só existe um hospital que faz o aborto em mulheres que têm esse direito: a maternidade Bárbara Heliodora. [17: Mulheres que têm direito ao aborto enfrentam dificuldades no Brasil. Disponivel em: <http://g1.globo.com/profissao-reporter/noticia/2017/08/mulheres-que-tem-direito-ao-aborto-enfrentam-dificuldades-no-brasil.html>] Em 2016, o hospital atendeu 248 vítimas de violência sexual, 122 estavam grávidas. Apenas duas fizeram aborto. O aborto no Brasil é permitido até 22 semanas de gravidez ou o feto com até 500g[footnoteRef:18]. “Talvez o nosso serviço seja muito acanhado, talvez não seja de conhecimento de todas essas mulheres. Tem milhares de mulheres que estão escondidas, que estão sendo vítimas e não estão nem em delegacia, nem em unidades de saúde. O estupro é um problema invisível”, afirma a ginecologista Julia Santos Gargnin. [18: IDEM] Ao analizarmos os dados então apresentados, podemos compreender que mesmo o Estado dando o direito ao aborto em casos específicos, há uma dificuldade de se fazer valer o direito concedido, isso se dá pelo descaso que se tem com a saúde no Brasil, e ainda mais com quem realmente está passando por um momento difícil e precisando do serviço, imagine uma mulher estuprada e no seu ventre carrega um filho do estuprador, aquele que lhe causou o maior drama na sua vida, e por negligência do Estado de exercer um direito que lhe é dado, ter que prosseguir com a gravidez indesejada ou terá que procurar outro meio de interromper a gravidez, percebe-se que esse descaso ocorre principalmente em lugares que geralmente são deixados de lado, que não tem uma atenção do governo, como visto nos dados apresentados na região norte do país. 2.3. O PREÇO DA CRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO NO BRASIL A curetagem após aborto é a cirurgia mais realizada pelo SUS, segundo levantamento do Instituto do Coração (InCor). Foram mais de 180 mil procedimentos do tipo apenas no ano de 2015. Pela tabela de valores do Datasus, cada curetagem pós-aborto custa quase duzentos reais. Segundo um levantamento feito pelo site “Aos Fatos”, foram destinados aproximadamente 40 milhões de reais dos recursos do SUS para cirurgias de curetagem ou de esvaziamento do útero por aspiração manual intrauterina (AMIU).[footnoteRef:19] [19: R. R. Souza, “O sistema público de saúde brasileiro”, in B. Negri e A.L.A Viana (orgs.), O Sistema Único de Saúde em dez anos de desafi os. São Paulo: Sobravime, Cealag, 2002, p. 444.] Em uma perspectiva de escala global, a experiência internacional mostra que, quando o procedimento é realizado por profissionais preparados, o número de complicações cai, poupando dinheiro do governo. No Uruguai, que descriminalizou o aborto em 2012, foram registradas 6.676 interrupções e nenhuma morte, com uma taxa ínfima de complicações: 0,007%.[footnoteRef:20] [20: IDEM] Em média uma clínica clandestina, o valor do aborto pode custar R$ 3,5 mil. Em consultórios mais caros, o preço do procedimento chega a R$ 6 mil. Embora um serviço ser mais caro não é sinônimo de procedimento seguro, para ter uma maior segurança as mulheres que desejam fazer a prática do aborto deveriam ter um acompanhamento ideal, e para que isso aconteça necessita de uma intervenção do Estado, legalizando o aborto.[footnoteRef:21] [21: IDEM] Para as mulheres que não tem condições financeiras para arcar com estes custo o que resta é submeter-se a outros meios, a exemplo é o misoprostol mais conhecido como o (Cytotec), que seu valor no mercado custa em média R$ 800,00 (oitocentos reais), e para quem se encontra em uma situação abaixo da linha da pobreza valem-se de ervas tóxicas que se usadas na forma de chá, se tornam abortivo a exemplo é Buchinha do norte que é comercializada na internet em sites conhecidos de compra e venda, que em média chega a custar menos que R$ 10,00 (dez reais) dessa forma se torna acessível. 3. CONCLUSÃO Como podemos ver, a descriminalização desse ato é algo pertinente, uma vez que a permanência dessa pratica ser encarada como um crime gera uma serie de problemas de saúde publica e mortalidade. Como quebra de objeções, que deveriam ser tidas como argumentos finais para mudança definitiva do posicionamento de alguns brasileiros, faz-se necessário a apresentação de alguns últimos dados. Estima-se que no mínimo 500.000 pessoas do sexo feminino sejam estupradas no brasil, sendo que apenas 10% dessas mulheres registram essa violência, esse dado foi coletado do instituto de pesquisa econômica aplicada – IPEA, apresentado em 2014. Sabemos que esse numero no ano de publicação deste artigo é proporcionalmente ao crescimento demográfico e populacional em todo territorio. Como foi dito anteriormente e ao longo da pesquisa, o código penal de 1940 criminalizou o aborto no Brasil, fato, e colocou tres exceções onde essa prática é aceita sem que gere para a gestante nenhum tipo de retalização jurídica, evidente que não a livra da retaliação publica de alguns pensadores aversos a prática. As exceções são de caso de risco de vida da gestante, violência sexual ou anencefalia do feto. Para fazer o procedimento, a vitima não precisa de boletim de ocorrência exceto para casos onde a vitima tem a idade menor de 18 anos. O Supremo Tribunal Federal entendeu que o aborto é constitucional se a interrupção da gestação acontecer nos 3 primeiros meses do feto. Isso porque entende-se que para haver uma vida, o ser precisa ter sensiencia, que é a capacidade de sentir dor, e para isso precisa de um sistema nervoso central. Nessa fase de gestação, esse sistema ainda não foi desenvolvido, então não existe humanidade ali. Não podemos levar em consideração a formação de membros do feto para definirmos se ali existe vida ou não uma vez que conceitualmente o ser humano é mais do que braços e pernas já que existem pessoas que não possuem esses membros e continuam sendo seres humanos, a inexistência de um cérebro é que desqualifica o ser como sendo vivo. Ora, Uma vez que a morte é entendida como a inexistência de atividade cerebral para a doação de órgão, o oposto disso seria o sentido da vida. E se até o presente momento o feto ainda não desenvolveu cérebro não é crime. Os defensores a criminalização do aborto alegam que esse ato é um atentado a vida e que o direito defende a vida, porém essa concepção está carregada de questões religiosas, uma vez que diversas linhas de raciocionios teológicos alegam que a vida começa na concepção. A criminalização do aborto até, pelo menos, nesse momento de gestação, é um atentado contra constituição e fere os direitos de pessoas que não compartilham dessas mesmas cenças religiosas. O estado é laico e não significa que apesar de uma determinada cultura ou crença ser maioria que a minoria tem de ficar a mercer das decisões do grupo majoritário. Isso seria uma imposição O direito é garantido por lei para que mulheres nessas circunstancias pudessem fazer o procedimento porém os próprios agentes de saúde não o fazem alegando consciência do feto, decisões que são tomadas por influencia religiosa. O código medico permiteque, em alguns casos, esse agente se recuse, mas caso um profissional de saúde não possa fazer o procedimento, a unidade de saúde tem que dispor de outro medico que possa fazer. A partir do momento que essas mulheres não acham um sistema seguro disponível para fazer o procedimento elas partem para uma alternativa que pode gerar riscos contra a sua vida. 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