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MERCADO
FINANCEIRO E
DE CAPITAIS
Professora Me. Juliana Franco
Professor Me. Paulo Pardo
GRADUAÇÃO
Unicesumar
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a
Distância; FRANCO, Juliana; PARDO, Paulo.
Mercado Financeiro e de Capitais. Juliana Franco; Paulo Pardo.
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2014. Reimpresso em 2019.
192 p.
“Graduação - EaD”.
1. Mercado Financeiro. 2. Sistema Financeiro. 3. Mercado de
Capitais. 4. Mercado de Ações. 5. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-8084-701-7
CDD - 22 ed. 658.152
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Reitor
Wilson de Matos Silva
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Pró-Reitor Executivo de EAD
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Pró-Reitor de Ensino de EAD
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NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
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James Prestes
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Kátia Coelho
Diretoria de Permanência
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Diretoria de Design Educacional
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Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira
Gerência de Curadoria
Giovana Costa Alfredo
Supervisão do Núcleo de Produção
de Materiais
Nádila Toledo
Supervisão Operacional de Ensino
Luiz Arthur Sanglard
Coordenador de Conteúdo
José Manoel da Costa
Designer Educacional
Camila Zaguini Silva, Fernando Henrique Mendes,
Rossana Costa Giani
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Ilustração Capa
Bruno Pardinho
Editoração
Humberto Garcia da Silva
Qualidade Textual
Hellyery Agda, Jaquelina Kutsunugi, Keren Pardini,
Maria Fernanda Canova Vasconcelos, Nayara
Valenciano, Rhaysa Ricci Correa e Susana Inácio
Ilustração
Robson Yuiti Saito
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha-
mos com princípios éticos e profissionalismo, não
somente para oferecer uma educação de qualida-
de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-
-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo-
cional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cur-
sos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais
de 100 mil estudantes espalhados em todo o
Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá,
Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de
300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de
graduação e pós-graduação. Produzimos e revi-
samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil
exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo
MEC como uma instituição de excelência, com
IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os
10 maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades
de todos. Para continuar relevante, a instituição
de educação precisa ter pelo menos três virtudes:
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferen-
tes áreas do conhecimento, formando profissio-
nais cidadãos que contribuam para o desenvolvi-
mento de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quando
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou
profissional, nos transformamos e, consequentemente,
transformamos também a sociedade na qual estamos
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com
os desafios que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe
de professores e tutores que se encontra disponível para
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
Professor Me. Paulo Pardo
Mestrado em Administração pela Universidade Estadual de Londrina.
Atualmente é coordenador do curso de Gestão Pública do Núcleo de
Educação a Distância da Unicesumar. Trabalhou na coordenação geral
de polos de Educação a Distância da Unicesumar, celebrando convênios
de parceria entre polos e a IES, bem como na gestão de relacionamento
com os polos próprios e parceiros. Trabalha na coordenação do projeto de
pós graduação na Unicesumar. É professor no CHSA - Centro de Ciências
Humanas e Sociais Aplicadas da Unicesumar - Centro Universitário Cesumar.
Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração de
Empresas, atuando principalmente nos seguintes temas: sistema financeiro
nacional, bolsa de valores, mercado de ações, satisfação e clientes. É professor
de pós-graduação na área de Administração da Unicesumar, na cidade de
Maringá, PR. É autor de livros didáticos para Educação a Distância nas áreas de
Logística, Mercado Financeiro e de Capitais, Marketing e Gestão Ambiental,
Teoria Geral da Administração.
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Professora Me. Juliana Franco
Possui graduação e MESTRADO em ECONOMIA pela Universidade Estadual
de Maringá. Esta fazendo Doutorado em Economia pela UEM. Atualmente
é professor do Centro de Ensino Superior Cesumar - Unicesumar e do
Departamento de Economia da UEM
APRESENTAÇÃO
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
SEJA BEM-VINDO(A)!
Olá, caro(a) aluno(a), meu nome é Juliana Franco. Seja bem-vindo(a) a nossa disciplina
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS. Você alguma vez já se perguntou quais os tipos
de aplicações financeiras existentes no mercado além da nossa conhecida Caderneta de
Poupança?
Para responder a esta pergunta é que juntos iremos desvendar, por meio das Unidades
deste livro, o “Fabuloso Mundo do Mercado de Capitais”.
Iniciaremos nosso estudo aprendendo sobre como funciona o sistema financeiro nacio-
nal, quais são as suas principais instituições e o papel de cada uma na organização do
mercado financeiro, principalmente após o processo de globalização, que resultou em
intenso intercâmbio entre os países, em especial os fluxos de capitais.
Neste contexto, o mercado de ativos adquire crescente importância no cenário finan-
ceiro internacional.Seguindo essa tendência, os países em desenvolvimento, como o
Brasil, procuram abrir suas economias para poder receber investimentos externos.
Assim, quanto mais desenvolvida é uma economia, mais ativo é o seu mercado de ca-
pitais. Este mercado é um importante canal para a captação de recursos que permitem
o desenvolvimento das empresas e também se constitui em uma importante opção de
investimento para pessoas e instituições.
Este livro, além de apresentar informações que lhe permitirão saber como e por que
investir no mercado de capitais, aborda conceitos básicos sobre o funcionamento das
bolsas e os custos e riscos que o investidor terá que assumir para operar neste mercado.
Com os conteúdos que serão trabalhados, você entenderá também como funcionam os
mercados derivativos, especificamente os contratos futuros e de opções, a sua relação
com a formação do preço final de diversas commodities e a utilização desses instrumen-
tos para minorar o risco de preço inerente a uma vasta gama de produtos agropecuários.
Os módulos trabalhados neste material não são estanques, ou seja, os elementos
constituintes desses módulos não devem ser estudados ou analisados de maneira
isolada, mas sim interligada, e sempre que possível, vários aspectos serão rememorados
durante o nosso estudo.
Além disso, você observará que na indicação da reflexão será exigida uma breve compo-
sição sobre o assunto. Esta reflexão estará contextualizada dentro de uma problemática,
que por sua vez estará sintetizada por meio de uma pergunta. Assim, o questionamento
é para nortear o início da sua escrita, podendo ser utilizado como pergunta central.
Assim sendo, e para atingir os desafios propostos nesta disciplina, reforço a indicação
das leituras complementares, além das referências que se encontram no final deste ma-
terial, que serão de grande valia para você, e desejo-lhe boa sorte, bons estudos e muito
êxito profissional.
Profª. Me. Juliana Franco
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SUMÁRIO
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INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO
15 Introdução
16 O Surgimento dos Bancos e do Mercado Financeiro
18 Constituição do Sistema Financeiro Nacional
18 Sistema Normativo
27 Subsistema Operativo
29 Agentes Especiais
31 Intermediadores Financeiros
33 Outros Intermediários, Auxiliares Financeiros e Participantes do Mercado
50 Entidades Ligadas ao Setor Financeiro
52 Segmentação do Mercado Financeiro
55 Mercado de Crédito
55 Mercado de Capitais
56 Mercado Monetário
56 Mercado Cambial
57 Considerações Finais
SUMÁRIO
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UNIDADE II
O MERCADO DE CAPITAIS
61 Introdução
61 Participantes do Mercado de Capitais
67 Mercado à Vista e Mercado Derivativo
71 Conhecendo os Produtos Financeiros: Renda Fixa e Renda Variável
74 Títulos Privados
83 Títulos Públicos
85 Fundos de Investimento em Renda Fixa
86 Renda Variável
87 Perfil do Investidor
89 Considerações Finais
UNIDADE III
FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE AÇÕES
93 Introdução
94 As Ações
99 Lote Padrão das Ações
102 O Valor das Ações
103 Remuneração dos Acionistas e seus Direitos
108 Índices de Ações
113 Riscos em Investimentos com Ações
SUMÁRIO
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114 Custos Operacionais do Investimento em Ações
117 Processo de Negociação de Ações
120 Aluguel de Ações
121 A Questão da Especulação
122 Princípios Gerais da Administração de Investimento
126 Escolas de Análise de Investimento
139 Considerações Finais
UNIDADE IV
O MERCADO DE TÍTULOS PÚBLICOS, FUNDOS DE INVESTIMENTO E
FUNDOS IMOBILIÁRIOS
143 Introdução
143 FIFS – Fundos de Investimentos Financeiros
145 O Risco do Investimento em Fundos
146 Características dos Fundos de Investimento
149 Classificação dos Fundos de Investimento
155 Fundos de Investimento Imobiliário
160 Tesouro Direto
162 Considerações Finais
SUMÁRIO
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MERCADO DE DERIVATIVOS
167 Introdução
168 Introdução ao Mercado de Derivativos
172 Funcionamento do Mercado Futuro
182 Funcionamento do Mercado de Opções
187 Considerações Finais
189 CONCLUSÃO
191 REFERÊNCIAS
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Professora Me. Juliana Franco
Professor Me. Paulo Pardo
INTRODUÇÃO AO SISTEMA
FINANCEIRO
Objetivos de Aprendizagem
■ Conhecer o surgimento do mercado financeiro.
■ Conhecer a composição do Sistema Financeiro Nacional.
■ Entender a regulação do sistema financeiro.
■ Entender os conceitos sobre Sociedades Corretoras e Distribuidoras e
Fundo Garantidor de Crédito.
■ Conhecer a segmentação do mercado financeiro.
■ Adquirir noções sobre Bancos de Investimentos, Bancos Comerciais e
Bancos Múltiplos.
■ Ter uma visão sobre entidades ligadas à regulação do mercado de
capitais.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ O surgimento do mercado financeiro
■ Conceitos e definições de financiamento
■ Funções e Objetivos dos Órgãos e Instituições do SFN
■ Outros Intermediários, Auxiliares Financeiros e Participantes do
Mercado
■ Segmentação do Mercado
INTRODUÇÃO
Antes de nos aprofundarmos nos aspectos operacionais dos mercados de capi-
tais, é necessário compreender o porquê do surgimento do mercado financeiro;
as entidades que fazem parte deste sistema; as diferenças entre sistema financeiro
e sistema bancário; bem como aspectos sobre como os mercados são regulados
e segmentados.
Tudo bem se você não é especialista, mas não pense que você é alheio(a) ao
assunto. Afinal, provavelmente você é cliente de um banco, com sua conta cor-
rente ou somente uma caderneta de poupança.
Talvez você já seja um(a) investidor(a) mais experiente e já fez algum tipo
de investimento mais direcionado, como fundos de investimento, CDB, ou apli-
cou no mercado de ações.
E sua casa? É sua? É financiada? Então você já negociou com uma socie-
dade de crédito imobiliário ou com um banco que possui uma carteira de crédito
imobiliário.
Em todos esses casos, você é um ator nesse grande palco que é o mercado
financeiro e de capitais.
Imagine sua vida sem essa complexa estrutura! Quem cuidaria de suas eco-
nomias que você acumulou com algum sacrifício? Guardaria debaixo do colchão?
Não! Além do risco óbvio, seu dinheiro não trabalharia para você, ou seja, não
produziria renda.
E se você precisasse de um dinheirinho extra? Quem te emprestaria? Seu
cunhado não vale! Nessas horas, ter um lugar para buscar esse dinheiro empres-
tado sem ter que ficar se explicando é muito bom. E as sociedades de crédito e
os bancos se prestam muito bem a esse papel. Essas entidades existem para fazer
o grande motor da economia funcionar.
Mas sobre economia falaremos mais para frente.
Vamos conhecer primeiro os diversos aspectos desse interessantíssimo sis-
tema, o SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL.
Introdução
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O SURGIMENTO DOS BANCOS E DO MERCADO
FINANCEIRO
Talvez você esteja curioso(a) em saber onde começou esse próspero negócio dos
bancos e companhias de crédito.
A atividade bancária já existia na Mesopotâmia há 3.400 anos a.C., sendo
praticada nos templos pelos sacerdotes, que já transacionavam com mercado-
rias e faziam empréstimos com juros altos, mesmo sem a existência da moeda.
Naquele tempo, eram usados como moeda o sal, o gado, metais preciosos, entre
outros produtos denominados de moeda-mercadorias.
Segundo os estudiosos de arqueologia, foramos fenícios os primeiros a
realizar operações bancárias. Os romanos deram o nome, hoje universal, à ins-
tituição: “banco”, significando a mesa que os cambistas utilizavam para suas
operações monetárias. Na época, a principal ocupação dos bancos era a troca
de moedas, mas também aceitavam depósitos e faziam empréstimos. A expres-
são “bancarrota” derivou do fato de que, quando o negócio não prosperava, era
costume quebrar a mesa.
Conforme Paul Wonnacott et al. (1982, p. 218), “foi a busca de lucro que deter-
minou o desenvolvimento do sistema bancário, e este processo pode ser melhor
ilustrado pela história dos ourives medievais”. Embora a atividade específica dos
ourives fosse a de trabalhar os metais preciosos, eles também exerciam a função
de recebê-los para que fossem guardados. Prestavam este serviço aos viajantes,
mercadores e elites da época em troca de uma pequena taxa de serviço. Quando
as pessoas depositavam joias, por exemplo, naturalmente lhes eram devolvidos
os mesmos objetos; mas quando os depósitos eram na forma de barras e moedas
de ouro, não havia necessidade de receber o mesmo objeto de volta, conquanto
que o objeto reposto tivesse o mesmo valor. Após algum tempo, o ourives per-
cebia que uma quantia considerável permanecia em estoque, pois as retiradas
dos clientes não ocorriam de uma só vez, além de que sempre havia novos depó-
sitos. Assim, lhe ocorre a ideia de emprestar uma parcela do estoque de ouro:
O ourives emprestaria ouro e receberia em troca o valor corresponden-
te em notas promissórias nas quais eram especificados a taxa de juros
e o período de resgate das mesmas [...]. Neste momento, sua atividade
O Surgimento dos Bancos e do Mercado Financeiro
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deixa de ser a de uma simples casa de penhores para transformar-se na
de um banco comercial, como o conhecemos hoje (WONNACOTT et
al., 1982. p. 219).
É interessante que na Idade Média, em muitos locais, era considerada ilegal a
atividade dos que emprestavam dinheiro cobrando juros. Como a Igreja desa-
provava esta prática, os cristãos abstinham-se de exercê-la, fato que, segundo
alguns autores, explica a preponderância de judeus no ramo. Até hoje, a Igreja
considera usura a cobrança de juros extorsivos, conceito que o direito encam-
pou em seus preceitos.
Conforme Magalhães Filho (1991, p. 136),
A partir do século VI, já estando formadas grandes fortunas comer-
ciais, surgem os primeiros banqueiros, que vão substituir os cambistas
como fonte de crédito. Em vez de se limitarem a emprestar dinheiro,
os banqueiros italianos passarão a aceitar depósitos, descontar títulos e
manter correspondentes em outras praças.
Esses empreendimentos eram principalmente familiares até meados do século
XV, e apenas com a evolução da contabilidade é que surgiram verdadeiras empre-
sas bancárias. O enriquecimento dos banqueiros é um dos fatores que Magalhães
Filho (1991) relaciona com a queda do feudalismo e da monarquia. Mediante
a aquisição de terras – por compra ou recebendo-as como pagamento de dívi-
das dos senhores feudais – eles tornam-se uma classe poderosa, influindo na
mudança do regime monárquico para o regime republicano.
Assim, o surgimento definitivo do mercado financeiro ocorre quando a
economia supera o estágio de escambo (ou de trocas) e passa a utilizar uma mer-
cadoria única, como intermediária de troca de bens e serviços, com aceitação
garantida por lei, servindo como unidade padrão de valor denominada moeda.
Além disto, o desenvolvimento da economia dos países e a dinâmica dos
mercados geraram um crescimento desigual na renda dos agentes econômi-
cos (famílias, empresas e governo). Esse desequilíbrio fez com que surgisse na
economia dois tipos de agentes: superavitários (ganham mais do que gastam) e
deficitários (gastam mais do que ganham). Dentro deste contexto, surge o mer-
cado financeiro, onde o produto negociado é o dinheiro, cuja remuneração é a
taxa de juros.
O mercado financeiro é o meio e o ambiente pelo qual se realizam as transfe-
rências de dinheiro entre os agentes superavitários e deficitários, por meio do
pagamento de uma taxa de juros, permitindo a complementação da renda
das famílias e o financiamento da atividade produtiva no caso das empresas.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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CONSTITUIÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
Segundo Pereira (2013), o sistema financeiro pode ser definido como o conjunto
de instrumentos e instituições que possibilitam a transferência de recursos entre
os agentes econômicos superavitários e deficitários. O mercado financeiro, onde
se processam essas transações, permite que um agente econômico (um indiví-
duo ou uma empresa, por exemplo), sem perspectivas de aplicação em algum
empreendimento próprio, da poupança que é capaz de gerar (denominado agente
econômico superavitário), seja colocado em contato com outro, cujas perspec-
tivas de investimento superam as respectivas de disponibilidades de poupança
(denominado agente econômico deficitário). Assim, a principal função do SFN,
então, é viabilizar a intermediação entre poupança e investimento, possibilitando
ao setor produtivo maior eficiência.
O Sistema Financeiro Nacional pode ser subdividido em entidades que
fazem parte dos Sistemas: normativas, supervisoras e operacionais (BANCO
CENTRAL, 2013):
SISTEMA NORMATIVO
Constituído por instituições responsáveis pela definição das políticas e dire-
trizes gerais do sistema financeiro, sem função executiva, mas fiscalizadora.
Atualmente, no Brasil, funcionam como principais entidades normativas o Conselho
Monetário Nacional – CMN; Banco Central – BACEN e a Comissão de Valores
Imobiliários – CMV. Além destes, também fazem parte das instituições normativas a
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Superintendência de Seguros Privados – SUSEP e a Superintendência de Previdência
Complementar – Previc. As Instituições especiais como o Banco do Brasil – BB,
Caixa Econômica Federal – CEF e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social – BNDES fazem parte do Sistema Operacional de Intermediação Financeira.
A Figura 1 apresenta o organograma das instituições normativas do Brasil.
CONSELHO
MONETÁRIO
NACIONAL (CMN)
BANCO
CENTRAL
(BACEN)
(CVM) COMISSÃO
VALORES
MOBILIÁRIOS
INSTITUIÇÕES
ESPECIAIS
Comissões
Consultivas
SUBSISTEMA
NORMATIVO
Responsável pelo
funcionamento do
mercado �nanceiro e
de suas instituições.
B.B.
BNDES
CEF
Figura 1: Divisão Normativa
Fonte: Mankiw (2006)
CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL – CMN
Preste muita atenção nesse conceito: CMN – É o órgão supremo do Sistema
Financeiro Nacional. Sua finalidade é fixar diretrizes para as políticas monetária,
creditícia e cambial do país. Também é responsável por regular as condições de
constituição, funcionamento e fiscalização das instituições financeiras e por disci-
plinar os instrumentos de política monetária e cambial. Não é um órgão executivo.
Composição do Conselho Monetário Nacional:
■ Ministro da Fazenda (Presidente do Conselho).
■ Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão.
■ Presidente do Banco Central do Brasil.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Competências:
■ Adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da eco-nomia nacional e seu processo de desenvolvimento.
■ Regular o valor interno da moeda, prevenindo ou corrigindo surtos infla-
cionários ou deflacionários de origem interna ou externa.
■ Regular o valor externo da moeda e o equilíbrio do balanço de pagamen-
tos do país.
■ Orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras públicas ou
privadas, de forma a garantir condições favoráveis ao desenvolvimento
equilibrado da economia nacional.
■ Propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financei-
ros, de forma a tornar mais eficiente o sistema de pagamento e mobilização
de recursos.
■ Zelar pela liquidez e pela solvência das instituições financeiras.
■ Coordenar as políticas monetárias, creditícia orçamentária, fiscal e da
dívida pública interna e externa.
■ Estabelecer as metas de inflação.
Atribuições específicas:
■ Autorizar as emissões de papel-moeda.
■ Aprovar os orçamentos monetários preparados pelo BC.
■ Fixar diretrizes e normas da política cambial.
■ Disciplinar o crédito em suas modalidades e as formas das operações
creditícias.
■ Estabelecer limites para a remuneração das operações e serviços bancá-
rios ou financeiros.
■ Determinar as taxas do recolhimento compulsório das instituições
financeiras.
■ Regulamentar as operações de redesconto de liquidez.
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■ Outorgar ao BC o monopólio de operações de câmbio quando o balanço
de pagamento o exigir.
■ Estabelecer normas a serem seguidas pelo BC nas transações com títulos
públicos.
■ Regular a constituição, o funcionamento e a fiscalização de todas as ins-
tituições financeiras que operam no país.
BANCO CENTRAL DO BRASIL – BACEN OU BC
Também conhecido como BC ou Bacen, o Banco Central é a entidade criada
para atuar como órgão executivo central do sistema financeiro, funcionando
como secretaria executiva do CMN. Cabe ao BACEN ou BC a responsabilidade
de cumprir e fazer cumprir as disposições que regulam o funcionamento do sis-
tema e as normas expedidas pelo Conselho.
Competências:
■ Formular e gerir as políticas monetária e cambial, compatíveis com as
diretrizes do Governo Federal.
■ Regular e supervisionar o Sistema Financeiro Nacional.
■ Administrar o Sistema de Pagamentos Brasileiro – SPB e o meio circulante.
Principais atribuições:
■ Emitir papel-moeda e moedas metálicas nas condições e limites autori-
zados pelo CMN.
■ Executar os serviços do meio circulante.
■ Receber os recolhimentos compulsórios dos bancos comerciais e os depósi-
tos voluntários das instituições financeiras e bancárias que operam no país.
■ Realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financei-
ras dentro de um enfoque de política econômica do Governo, ou como
socorro a problemas de liquidez.
É por meio do Banco Central que o Estado intervém diretamente no Sistema
Financeiro Nacional e Indiretamente na Economia.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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■ Regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis.
■ Efetuar, como instrumento de política monetária, operações de compra
e venda de títulos públicos federais.
■ Emitir títulos de responsabilidade própria, de acordo com as condições
estabelecidas pelo CMN.
■ Exercer o controle do crédito em todas as suas formas.
■ Exercer a fiscalização das instituições financeiras, punindo-as quando
necessário.
■ Autorizar o funcionamento de todas as instituições financeiras, estabele-
cendo a dinâmica operacional.
■ Estabelecer as condições para o exercício de quaisquer cargos de direção
nas instituições financeiras privadas.
■ Vigiar a interferência de outras empresas nos mercados financeiros e de
capitais.
■ Controlar o fluxo de capitais estrangeiros, garantindo o correto funcio-
namento do mercado cambial, operando, inclusive, via ouro, moeda ou
operações de crédito no exterior.
■ Determinar, via COPOM, a taxa de juros de referência para as opera-
ções de um dia – a taxa SELIC.
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS – CVM
Este importante componente do Sistema Financeiro Nacional está muito pre-
sente na economia de uma forma geral. Principalmente quando você ouve falar
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sobre o desempenho das Bolsas, no caso do Brasil é a CVM a responsável para
que tudo funcione de forma confiável para os investidores. A CVM é uma autar-
quia vinculada ao Ministério da Fazenda, criada pela Lei 6385, de 07/12/1976,
com a responsabilidade de disciplinar, fiscalizar e promover a expansão, o desen-
volvimento e o funcionamento eficiente do mercado de valores mobiliários, sob
a orientação do Conselho Monetário Nacional.
Segundo Bisi e Feijó (2009), a CVM tem como objetivo promover a expansão
do mercado de capitais, bem como o seu desenvolvimento, por meio da criação
de um ambiente favorável para a emissão e a negociação de ativos. Só não estão
sob a sua regulação os títulos da dívida pública federal, estadual e municipal e
os títulos cambiais de responsabilidades da instituição financeira.
De acordo com a legislação, suas principais atribuições são:
■ Assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de bolsa e
de balcão.
■ Proteger os titulares de valores mobiliários contra emissões irregulares e
atos ilegais de administradores e acionistas controladores de companhias
ou de administradores de carteira de valores mobiliários.
■ Evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação destinadas a criar
condições artificiais de demanda, oferta ou preço de valores mobiliários
negociados no mercado.
■ Assegurar o acesso do público a informações sobre valores mobiliários
negociados e as companhias que os tenham emitido.
■ Assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no mercado
de valores mobiliários.
■ Estimular a formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários.
■ Promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado
de ações e estimular as aplicações permanentes em ações do capital social
das companhias abertas.
■ Quando entrarmos no assunto de Bolsa de Valores e Bolsa de Mercadorias
e Futuros, você vai entender mais claramente como é importantíssima a
função da CVM.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E24
SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS – SUSEP
Você tem um seguro de vida ou previdência privada? A saúde do seu plano ou
da sua apólice deve muito à atuação deste importante ator do Sistema Financeiro
Nacional.
A SUSEP é uma autarquia, vinculada ao Ministério da Fazenda, criada pelo
Decreto-Lei 73/66 de 21/11/1966. A Superintendência de Seguros Privados –
SUSEP é o órgão responsável pelo controle e pela fiscalização do mercado de
seguros, previdência aberta e capitalização.
Suas principais atribuições são:
■ Fiscalizar a constituição, funcionamento e operação das Sociedades
Seguradoras, de Previdência Aberta e de Capitalização, na qualidade de
executora da política traçada pelo Conselho Nacional de Seguros Privados
– CNSP.
■ Atuar no sentido de proteger a captação de poupança popular que se efe-
tua por meio de operações de seguros, previdência privada aberta e de
capitalização.
■ Zelar pela defesa dos interesses dos consumidoresdesses mercados.
■ Promover o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos opera-
cionais a elas vinculados, com vista à maior eficiência do Sistema Nacional
de Seguros Privados e do Sistema Nacional de Capitalização.
■ Promover a estabilidade dos mercados sob sua jurisdição, assegurando
sua expansão e o funcionamento das entidades que neles operam.
■ Zelar pela liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado.
■ Disciplinar e acompanhar os investimentos daquelas entidades, em espe-
cial os efetuados em bens garantidores de provisões técnicas.
■ Cumprir ou fazer cumprir as deliberações do CNSP e exercer as ativida-
des que por este forem delegadas.
■ Prover os serviços de Secretaria Executiva do CNSP.
Sistema Normativo
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SUPERINTENDÊNCIA NACIONAL DE PREVIDÊNCIA
COMPLEMENTAR – PREVIC
Se você for ou pretende ser um funcionário de uma grande empresa, tal como
a Petrobrás, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal ou empresa de teleco-
municações, provavelmente lhe foi ou será oferecido um plano de previdência
complementar.
Este plano, diferentemente do que você encontrará à venda numa institui-
ção bancária, na forma de um plano de previdência dos tipos PGBL ou VGBL,
não é regulamentado nem fiscalizado pela SUSEP por não se tratar de uma pre-
vidência do tipo aberta, e sim do tipo fechada. As movimentações desses planos
de previdência fechada, também conhecidos como Fundos de Pensão, são admi-
nistradas por Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC). Até
recentemente, a fiscalização e regulamentação das EFPC era atribuição da SPC
– Secretaria de Previdência Complementar. No entanto, a SPC funcionava de
maneira precária, com servidores cedidos por outros órgãos de governo, autar-
quias e empresas estatais. Somente 20% de seus servidores eram do quadro da
Secretaria e, dentre estes, não havia atuários e outros profissionais indispensáveis
para atender a um setor com mais de 370 fundos de pensão, que administram
mais de mil planos de benefícios com reservas superiores a R$ 400 bilhões.
Com a promulgação da Lei 12.154, de 23 de dezembro de 2009, criou-se a
PREVIC – Superintendência Nacional de Previdência Complementar, entidade
vinculada ao Ministério da Previdência Social, que assumiu o papel até então
da Secretaria de Previdência Complementar (SPC) na fiscalização e supervisão
dos fundos de pensão.
Para realizar esse trabalho, a PREVIC tem autonomia orçamentária, admi-
nistrativa e financeira. Os recursos são provenientes da TAFIC, uma Taxa de
Fiscalização paga pelos fundos de pensão, de acordo com os recursos de cada
plano administrado.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E26
Com essa autonomia, permite-se à PREVIC exercer sua missão com a neces-
sária segurança econômica, financeira e atuarial, conforme determina a lei.
Também traz maior segurança e condições de fomento para o Sistema.
De acordo com a Lei 12.154, compete à Previc:
■ proceder a fiscalização das atividades das entidades fechadas de previ-
dência complementar e de suas operações;
■ apurar e julgar infrações e aplicar as penalidades cabíveis;
■ expedir instruções e estabelecer procedimentos para a aplicação das nor-
mas relativas à sua área de competência, de acordo com as diretrizes do
Conselho Nacional de Previdência Complementar.
Compete ainda à Previc autorizar:
■ a constituição e o funcionamento das entidades fechadas de previdência
complementar, bem como a aplicação dos respectivos estatutos e regula-
mentos de planos de benefícios;
■ as operações de fusão, de cisão, de incorporação ou de qualquer outra
forma de reorganização societária, relativas às entidades fechadas de pre-
vidência complementar;
■ a celebração de convênios e termos de adesão por patrocinadores e ins-
tituidores, bem como as retiradas de patrocinadores e instituidores; e
■ as transferências de patrocínio, grupos de participantes e assistidos, pla-
nos de benefícios e reservas entre entidades fechadas de previdência
complementar;
■ harmonizar as atividades das entidades fechadas de previdência comple-
mentar com as normas e políticas estabelecidas para o segmento;
■ decretar intervenção e liquidação extrajudicial das entidades fechadas
de previdência complementar, bem como nomear interventor ou liqui-
dante, nos termos da lei;
■ nomear administrador especial de plano de benefícios específico, podendo
atribuir-lhe poderes de intervenção e liquidação extrajudicial, na forma
da lei;
Subsistema Operativo
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■ promover a mediação e a conciliação entre entidades fechadas de pre-
vidência complementar e entre estas e seus participantes, assistidos,
patrocinadores ou instituidores, bem como dirimir os litígios que lhe
forem submetidos na forma da Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996;
■ enviar relatório anual de suas atividades ao Ministério da Previdência
Social e, por seu intermédio, ao Presidente da República e ao Congresso
Nacional; e
■ adotar as demais providências necessárias ao cumprimento de seus
objetivos.
SUBSISTEMA OPERATIVO
Este sistema, também chamado de subsistema de intermediação e institui-
ções auxiliares, é constituído pelos intermediadores financeiros que recebem
os recursos dos poupadores, repassando-os aos tomadores, e por outras institui-
ções que auxiliam o Sistema Financeiro, como as Bolsas de Valores e as bolsas
de mercadorias e de futuros. Os intermediadores financeiros são constituídos
pelas instituições bancárias e não bancárias.
Segundo Lopes e Rossetti (1998), o Setor Bancário é constituído pelos ban-
cos comerciais, sendo-lhes permitido manter depósitos à vista do público (você
pode abrir uma conta corrente neste banco, sendo o dinheiro na sua conta cor-
rente denominado de depósito à vista) e emprestar uma quantia superior as
suas reservas monetárias (os bancos podem emprestar parte de suas obriga-
ções, que são os depósitos à vista). Já o Setor não Bancário é constituído pelas
famílias (pessoas como eu e você), as empresas, o Governo, e pelas Instituições
Financeiras Não Bancárias como BNDES, Bancos de Investimentos, Facturing,
Casas de Câmbio, Bolsa de Valores, entre outros. Estas instituições se diferen-
ciam das instituições bancárias pelo fato de nós não podermos abrir uma conta
corrente. Assim, não recebem depósitos à vista, apenas transferem dinheiro dos
tomadores para os emprestadores.
No mercado atual, como os bancos múltiplos têm atendido seus clientes
com respeito à qualidade do atendimento?
Que canais o cliente tem para resolver seus problemas com essas instituições?
INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E28
Neste subsistema, também podemos alocar os intermediários financeiros que
atuam como Agentes Especiais em promover políticas de interesse do governo.
São eles o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social e os Bancos de Desenvolvimento Regionais.
A Figura 2 apresenta um organograma do Sistema Operativo Nacional ou
de Intermediação Financeira.
Composto pelas instituições
bancárias e não bancárias
que atuam em operações de
intermediação �nanceira.
SUBSISTEMA
OPERATIVO
Instituições
Financeiras Bancárias
Bolsas
Corretoras
DistribuidorasClearings
Figura 2: Subsistema de Intermediação Financeira
Fonte: Mankiw (2006)
Agentes Especiais
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AGENTES ESPECIAIS
BANCO DO BRASIL S.A. – BB
O Banco do Brasil é uma sociedade de economia mista, com controle acioná-
rio da União, cujas funções básicas são: agente financeiro do Governo Federal,
Banco Comercial e Banco de Investimento e Desenvolvimento.
Principais atribuições:
■ Agente financeiro do Governo Federal: recebe os tributos e as rendas
federais, depósitos compulsórios e voluntários das instituições finan-
ceiras; realiza os pagamentos necessários e constantes do Orçamento da
União; efetua redesconto bancário; executa a política de preços mínimos
agropecuários e a política do comércio exterior do Governo, adquirindo
ou financiando os bens de exportação; constitui agente pagador e rece-
bedor no exterior, entre outras operações.
■ Banco Comercial: mantém contas correntes de Pessoas Físicas e Jurídicas;
opera com caderneta de poupança; executa operações de descontos; concede
créditos de curto prazo, além de outras funções típicas de bancos comerciais.
■ Banco de Investimento e Desenvolvimento: opera em modalidades de
créditos de médio e longo prazos, podendo financiar as atividades rurais,
comerciais e industriais e de serviços. Também fomenta a economia de
diferentes regiões.
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CEF
A Caixa Econômica Federal, assim como o Banco do Brasil, também está sob
o controle do governo federal. Mas ao contrário do Banco do Brasil, que é uma
sociedade de economia mista, a Caixa Econômica Federal é uma empresa pública
de propriedade da União e responsável pela operacionalização das políticas do
Governo Federal para habitação popular e saneamento básico, atuando, também,
INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO
Reprodução proibida. A
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como banco comercial e sociedade de crédito imobiliário, caracterizando-se cada
vez mais como o banco de apoio ao trabalhador de baixa renda.
Principais atribuições:
■ Captar recursos em caderneta de poupança, em depósitos judiciais e a
prazo, e aplicar em empréstimos vinculados, preferencialmente à habitação.
■ Aplicar os recursos obtidos junto ao Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço – FGTS – preferencialmente nas áreas de saneamento e infraes-
trutura urbana.
■ Administrar as loterias, fundos e programas, entre os quais podemos des-
tacar o FGTS, o Fundo de Compensação de Variações Salariais – FCVS, o
Programa de Integração Social – PIS, o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento
Social – FAZ e o Fundo de Desenvolvimento Social – FDS.
BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E
SOCIAL – BNDES
Esta instituição também é muito comentada nos noticiários econômicos, dada a
sua importância para o desenvolvimento nacional. Principalmente no momento
em que alguns setores da economia precisam de uma injeção de capital para poder
crescer ou mesmo manter-se, o BNDES mostra-se fundamental. O BNDES é a
instituição responsável pela política de investimento de longo prazo do Governo
Federal, considerado a principal instituição financeira de fomento do país.
Principais atribuições:
■ Impulsionar o desenvolvimento econômico e social do País.
■ Fortalecer o setor empresarial nacional.
■ Atenuar os desequilíbrios regionais, criando novos polos de produção.
■ Promover o desenvolvimento integrado das atividades agrícolas, indus-
triais e de serviços.
■ Promover o crescimento e a diversificação das exportações.
Intermediadores Financeiros
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INTERMEDIADORES FINANCEIROS
BANCO COMERCIAL
Os bancos comerciais são instituições cujo controle pode ser público ou privado,
sendo constituídas sob a forma de sociedades anônimas. Atua na intermediação
entre depositantes e tomadores de crédito. Para isso, recebe depósitos à vista e
efetua empréstimos, de características de curto e médio prazos, principalmente
para pessoas físicas e para capital de giro das empresas.
De acordo com Pinheiro (2006), suas principais atividades podem ser clas-
sificadas como prestação de serviços e concessão de empréstimos:
Prestação de serviços: contas correntes e depósitos diversos; pagamento de
cheques; transferência de fundos; ordem de pagamentos; cobranças; custódia e
guarda de valores; aluguel de cofres; serviços de câmbio.
Concessão de empréstimos: desconto de títulos; adiantamento em conta
corrente; adiantamentos sob garantia de mercadorias; adiantamento sob cau-
ção de títulos de compra e venda; crédito mediante emissão de títulos; crédito
rural; crédito a curto prazo para operações de comércio exterior; crédito pessoal.
BANCO DE INVESTIMENTO
O banco de investimento atua no sentido de canalizar recursos de médio e longo
prazo para suprimento de capital fixo (investimento) e de giro para as empresas.
Ao contrário dos bancos comerciais, os bancos de investimento não apresentam
capacidade de emissão de moeda.
Seu objetivo maior é garantir crédito com características de médio e longo
prazos, em operações de empréstimos e financiamento, a fim de fortalecer o
processo de capitalização das empresas, por meio da compra de máquinas e equi-
pamentos e da subscrição de debêntures e ações.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO
Reprodução proibida. A
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Atuando dessa forma como agentes de financiamento dessas empresas, realizam
operações de maior escala, como repasses de recursos oficiais de crédito, repas-
ses de recursos captados no exterior, operações de subscrição pública de valores
mobiliários (exemplo de valores mobiliários: ações, debêntures), lease-back e finan-
ciamento de bens de produção a profissionais autônomos (ASSAF NETO, 2006).
Além destas operações, os bancos de investimento podem prestar outros
serviços como fianças, avais, administração de carteiras de títulos e valores mobi-
liários, custódias etc.
É bom destacar que um banco de investimento não pode manter contas cor-
rentes. A principal forma de captação de recursos para estas instituições é pela
emissão de CDB e RDB, mediante a captação e repasses de recursos de origem
interna ou externa ou pela venda de cotas de fundos de investimentos adminis-
trados por esses bancos.
Não é raro atuarem como agentes financeiros do BNDES, captando daí recursos
para suas operações. Não podem destinar recursos a empreendimentos imobiliários.
BANCO MÚLTIPLO
Essa forma de apresentação dos Bancos é, sem dúvida, a mais conhecida por você.
Afinal, não importa o lugar onde você more, quase certamente existe uma agên-
cia bancária estabelecida em sua localidade. A forma como os bancos atualmente
são constituídos foi implemen-
tada por meio de uma série de
regulamentações. Basicamente,
podemos dizer que os bancos
múltiplos surgiram mediante a
Resolução 1524/88 de 21/09/1988
do Conselho Monetário Nacional
e regulamentação pela Circular do
Banco Central do Brasil n.º 1364
a fim de racionalizar a adminis-
tração das instituições financeiras.
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Por meio dessa regulamentação, as instituições financeiras que atuavam emope-
rações de banco comercial e de banco de investimento foram autorizadas a se
organizar como bancos múltiplos.
Como consequência, nos anos seguintes, quase todos os bancos comerciais
acabaram por se transformar em bancos múltiplos, permanecendo comerciais
apenas pequenas instituições de importância regional ou ocupantes de peque-
nos nichos de mercado.
Na prática, o que ocorria eram instituições operando como bancos comer-
ciais e bancos de investimento de um mesmo grupo controlador. Com a alteração,
puderam constituir uma única instituição financeira com personalidade jurídica
própria e, portanto, com um único balanço, único caixa, proporcionando signi-
ficativa redução de custos.
Em resumo, o banco múltiplo pode operar simultaneamente com cartei-
ras de banco comercial, de investimento, de crédito imobiliário, de crédito,
financiamento e investimento, de arrendamento mercantil (leasing) e de desen-
volvimento. Constitui-se, portanto, em uma só instituição financeira de carteiras
múltiplas.
OUTROS INTERMEDIÁRIOS, AUXILIARES
FINANCEIROS E PARTICIPANTES DO MERCADO
BOLSA DE VALORES
As Bolsas de Valores são associações civis, sem fins lucrativos, com patrimô-
nio representado por títulos que pertencem às sociedades corretoras membros.
Possuem autonomia financeira, patrimonial e administrativa, sujeitas à super-
visão da Comissão de Valores Mobiliários e obedecendo às diretrizes e políticas
do Conselho Monetário Nacional.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO
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IU N I D A D E34
Principais atribuições:
■ Manter local adequado à realização, entre corretores, de transações de
compra e venda de títulos e valores mobiliários, em mercados livres, orga-
nizados e fiscalizados pelos próprios membros participantes e pela CVM.
■ Criar e organizar os meios materiais, os recursos técnicos e as dependên-
cias administrativas necessárias à pronta, segura e eficiente realização e
liquidação das operações efetuadas no recinto de negociações (pregão).
■ Estabelecer sistema de negociação que propicie e assegure a continuidade
das cotações e a plena liquidez dos papéis no mercado.
■ Dar ampla e rápida divulgação às operações efetuadas em seu pregão.
■ Assegurar aos investidores completa garantia de recebimento pelos títu-
los e valores negociados.
■ Auxiliar a CVM na fiscalização do mercado de capitais.
A BOLSA DE MERCADORIAS & FUTUROS – BM&F
É uma reunião coletiva dos agentes econômicos (corretores, agricultores, indus-
triais, comissários, exportadores, especuladores, entre outros) interessados no
mercado de produtos agrícolas ou industriais agrícolas ou manufatureiros, cujos
produtos sejam passíveis de negociação em lugar e hora previamente determi-
nados para realização de operações de compra e venda.
Os produtos mais comercializados nas bolsas de mercadorias atualmente são: ouro,
dólar (comercial e flutuante), café (arábica ou robusta), algodão, soja e o boi gordo.
A Bolsa de Mercadorias & Futuros – BM&F S.A. é a maior da América Latina
em número de contratos negociados. Além disso, a BM&F é a única bolsa de
futuros atuante no Brasil.
A Bolsa de Mercadorias e Futuros – BM&F é uma associação sem fins lucra-
tivos, organizada para proporcionar a seus membros as facilidades necessárias à
compra e venda de commodities e/ou contratos de liquidação futura.
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O principal objetivo da BM&F é efetuar o registro, a compensação e a liqui-
dação, física e financeira, das operações realizadas em pregão. Tem ainda por
finalidade desenvolver, organizar e operacionalizar mercados livres e transpa-
rentes, para negociação de títulos e/ou contratos que possuam como referência
ativos financeiros, índices, indicadores, taxas, mercadorias e moedas, nas moda-
lidades à vista e de liquidação futura.
Os mercados da BM&F são regulamentados pelo Bacen e pela CVM, a
quem compete disciplinar, fiscalizar e agropecuário desenvolver esse mercado
agropecurário.
SOCIEDADE CORRETORA DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS –
CTVM
Se você decidir operar no mercado de ações, com toda certeza vai ter contato
com esse componente do SFN. As sociedades corretoras são instituições auxi-
liares do Sistema Financeiro Nacional que operam no mercado de capitais com
títulos e valores mobiliários, em especial ações. Fazem a intermediação com as
Bolsas de Valores e de mercadorias. Sua constituição depende da autorização do
Bacen e o exercício de suas atividades depende de autorização da CVM.
Principais atribuições:
■ Operar nos recintos de Bolsas de Valores e de mercadorias.
■ Efetuar lançamento público de ações.
■ Administrar carteiras e custodiar valores mobiliários.
■ Instituir, organizar e administrar fundos de investimento.
■ Operar no mercado aberto.
■ Intermediar operações de câmbio.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO
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IU N I D A D E36
DISTRIBUIDORA DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS – DTVM
São instituições auxiliares do Sistema Financeiro Nacional responsáveis pela
intermediação das operações com títulos, valores mobiliários e commodities.
Preste atenção nisso: as atividades das DTVM têm uma faixa operacional mais
restrita do que as corretoras, uma vez que elas não têm acesso às bolsas de valo-
res e mercadorias. Para operar nesse mercado, as DTVM utilizam-se das CTVM.
Principais atribuições:
■ Subscrição isolada ou em consórcio de emissão de títulos e valores mobi-
liários para revenda.
■ Intermediação da colocação de emissões de capital no mercado.
■ Operações de mercado aberto, desde que satisfaçam as condições exigi-
das pelo Bacen.
■ Instituir, organizar e administrar fundos e clubes de investimento.
■ Exercer funções de agente fiduciário.1
COOPERATIVAS DE CRÉDITO
Instituições financeiras constituídas sob a forma de sociedade cooperativa, tendo
por objeto a prestação de serviços financeiros aos associados, como concessão de
crédito, captação de depósitos à vista e a prazo, cheques, prestação de serviços
de cobrança, de custódia, de recebimentos e pagamentos por conta de terceiros
sob convênio com instituições financeiras públicas e privadas e de correspon-
dente no País, além de outras operações específicas e atribuições estabelecidas
na legislação em vigor.
O potencial das cooperativas de crédito é enorme. Para você ter uma ideia, na
Alemanha são 15 milhões de associados ou algo próximo de 20% do movimento
1 Agente fiduciário: tem como função proteger os interesses do investidor junto à empresa emissora, à CVM
e aos demais órgãos envolvidos
Acesse os links dos sites do Banco Central, Banco do Brasil e da BM&FBO-
VESPA e pesquise sobre os ativos financeiros comercializados por estas en-
tidades:
<www.bacen.gov.br>.
<www.bb.com.br>.
<www.bmfbovespa.com.br>.
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financeiro bancário no país. Na Holanda, mais de 90% das operações de crédito
rural são realizadas por cooperativas de crédito. Nos EUA, 25% da população
são associadas a uma Cooperativa de Crédito.
Enquanto isso, no Brasil...
Bem, no Brasil podemos ter uma visão pessimista ou otimista, depende da
visão do analista. Se for pessimista, o quadro apresentado é ruim, pois apenas2,26% das operações de crédito são realizadas por cooperativas de crédito no
âmbito da área bancária do SFN. Mas numa visão otimista, isto quer dizer que
temos um enorme campo de crescimento, e, se bem geridas, como tem sido, as
cooperativas certamente terão um futuro promissor em nosso país.
As Cooperativas de Crédito Rural atuam basicamente no setor primário da
economia, com vistas a permitir uma melhor comercialização de produtos rurais,
criando facilidades para o escoamento das safras agrícolas.
SOCIEDADES DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO
Você já comprou no crediário em alguma loja? Se sim, talvez o famoso carnê
que você levou para casa não pertença à loja que te vendeu os produtos. Muito
provavelmente, essa compra foi financiada por uma Sociedade de Crédito,
Financiamento e Investimento. Essas instituições são também conhecidas como
financeiras. Têm como função principal o financiamento de bens de consumo
duráveis, serviços e crédito pessoal, por meio dos conhecidos “crediários” ou
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INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO
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CDC – Crédito Direto ao Consumidor. Além desse mais conhecido serviço, as
financeiras também podem realizar repasses governamentais, financiar profissio-
nais liberais autônomos legalmente habilitados e conceder ainda crédito pessoal
(ASSAF NETO, 2006). Não podem manter contas correntes.
Suas principais formas de captação de recursos são: colocação de Letras de
Câmbio – LC (praticamente inexistentes atualmente), que são títulos de cré-
dito sacados pelos financiados e aceitos pelas financeiras para colocação junto
ao público. Ao adquirirem essas LCs, os investidores têm uma dupla garantia: a
do emissor (ou financiado) e da financeira, que aceitou a letra de câmbio; e os
depósitos a prazo fixo sem emissão de certificado, conhecidos como Recibos de
Depósitos Bancários – RDB.
As sociedades financeiras podem ser classificadas como:
■ Independentes, quando atuam sem nenhuma vinculação com outras ins-
tituições do mercado financeiro.
■ Ligadas a conglomerados financeiros.
■ Ligadas a grandes estabelecimentos comerciais.
■ Ligadas a grandes grupos industriais, como montadoras de veículos, por
exemplo (ASSAF NETO, 2006).
SOCIEDADES DE ARRENDAMENTO MERCANTIL
Muitas vezes, ao adquirir um bem durável, como um veículo, o vendedor pode
oferecer a você uma modalidade de aquisição diferente do tradicional financia-
mento. Esta modalidade é o leasing.
O leasing também é muito utilizado para empresas que precisam de bens de
produção, geralmente de valor elevado, e que necessitam adequar o desembolso
de caixa à aquisição do bem.
38 - 39
Sobre as sociedades finaneiras, leia a reportagem abaixo:
BANCOS DE MONTADORAS BATEM RECORDE DE EMPRÉSTIMOS
Tendência de expansão mais modesta apontada pelos grandes bancos não se verifica
nestas instituições financeiras
Segundo reportagem publicada na Revista
Veja, os bancos de montadoras registraram
um elevado crescimento nos emprés-
timos, fato este, explicado pelo bom
desempenho da indústria automobilística
nacional. Mesmo com o fim do Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI), o
setor automobiliístico está batendo recor-
des de venda segundo dados da Federação
Nacional da Distribuição de Veículos Auto-
motores (Fenabrave).
Os Bancos Mercedes-Benz e Volkswagem
registraram recorde de financiamento. No
caso do Banco Volkswagem, o bom desem-
penho é decorrente do crédito direcionado
ao financiamento de compra de caminhões
e ônibus com repasses de recursos do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES), modalidade conhecida
como Finame. No caso do Banco Mercedes-
-Benz, o crédito direto ao consumidor (CDC)
foi o produto com maior crescimento. No
entanto, nos bancos comerciais como Itaú
Unibanco e Bradesco, a carteira de financia-
mento de veículos tem tido expansão mais
modesta, com exceção do Banco do Brasil,
por conta da compra de 49,99% do Banco
Votorantim, focado no financiamento de
veículos, a carteira do BB cresceu mais que
seus concorrentes privados no segundo
trimestre, com aumento de 8,3% na com-
paração com o primeiro trimestre do ano
e 178% em 12 meses.
Para ler a reportagem na íntegra, acesse o site: <http://veja.abril.com.br/noticia/economia/bancos-de-
montadoras-batem -recorde-de-emprestimos>. Acesso em: 20 ago. 2013.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO
Reprodução proibida. A
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IU N I D A D E40
Mas o que é leasing?
Leasing é um arrendamento, ou seja, um contrato pelo qual se cede o uso
e usufruto de um bem móvel ou imóvel por um preço e tempo determinados.
Os principais tipos de leasing são:
■ Leasing operacional: muito parecido com um aluguel, sendo oferecido
geralmente pelas próprias empresas fabricantes do bem.
■ Leasing financeiro: realizado por algumas instituições financeiras, como
bancos múltiplos e sociedades de arrendamento mercantil. A arrendadora
adquire o bem selecionado de um fornecedor e então o entrega para uso
do arrendatário. No final do prazo pactuado, o arrendatário pode exercer
seu direito de compra do bem mediante o pagamento de um valor resi-
dual previamente estabelecido ou, caso não faça essa opção, pode devolver
o bem à arrendadora.
■ Lease-back: esta operação acontece quando uma empresa, proprietária de
um bem, vende este bem à arrendadora e, em seguida, aluga o bem imedia-
tamente, sem que o mesmo sequer seja removido fisicamente. A empresa
passa assim de proprietária para arrendatária do bem. Esta operação é
comum quando uma empresa precisa de reforço no seu capital de giro.
SOCIEDADES DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO
O sonho da casa própria parece estar mais perto de se concretizar no Brasil.
Uma das razões é o fato de contarmos com as Sociedades de Crédito Imobiliário.
De acordo com a definição do Banco Central, as sociedades de crédito imo-
biliário são instituições financeiras criadas pela Lei 4.380, de 21 de agosto de
1964, para atuar no financiamento habitacional. A captação de recursos des-
sas Sociedades vem principalmente de depósitos de poupança, da emissão de
letras e cédulas hipotecárias e imobiliárias e, ainda, de depósitos interfinancei-
ros. Operam, principalmente, no financiamento para construção de moradias,
abertura de crédito para compra ou construção de casa própria, financiamento
de capital de giro a empresas incorporadoras, produtoras e distribuidoras de
material de construção. Obrigatoriamente, as Sociedades de Crédito Imobiliário
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devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima, adotando obrigatoria-
mente em sua denominação social a expressão “Crédito Imobiliário”, conforme
determinação da Resolução CMN 2.735, de 2000.
SISTEMAS DE CUSTÓDIA E LIQUIDAÇÃO DE TÍTULOS – SELIC E CETIP
Um assunto de grande interesse para quem quer realmente conhecer o SFN é o
de liquidação de papéis e operações das instituições financeiras e do Governo.
É importante que você saiba que grande parte dos títulos públicos e privados
negociados no mercado monetário são escriturais, ou seja, não são emitidos fisi-
camente, exigindo maior organização em sua liquidação e transferência. Em razão
disso, as negociações com esses valores são controladas e custodiadas por dois
grandes sistemas, conhecidos como Selic e Cetip. Vamos entender esses sistemas?
Primeiramente, vamos conhecer o Selic, ou Sistema Especial de Liquidação
e Custódia, que foi desenvolvidopelo Banco Central do Brasil e a Andima
(Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto) em 1979, voltado a
operar com títulos públicos de emissão do BACEN e do Tesouro Nacional. Esse
sistema é constituído, na verdade, num grande computador que tem por fina-
lidade controlar e liquidar financeiramente as operações de compra e de venda
de títulos públicos e manter sua custódia física e escritural.
Após a adoção deste sistema, houve uma maior segurança para as opera-
ções de compra e venda de títulos, oferecendo garantias da existência dos papéis
em negociação e dos recursos necessários para a liquidação financeira, ou seja,
o pagamento da operação.
Os pagamentos no Selic processam-se por meio de reservas bancárias, e as
transferências dos títulos entre os investidores somente são autorizadas pelo sis-
tema mediante movimentações nessas reservas (ASSAF NETO, 2006).
Mas quais são os títulos mais negociados no Selic? São os títulos emitidos
pelo Governo Federal.
Vamos conhecer alguns deles?
■ LFT – Letras Financeiras do Tesouro – são papéis com rendimento
pós-fixado.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO
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■ LTN – Letras do Tesouro Nacional – são papéis com rendimento prefixado.
■ NTN-B – Notas do Tesouro Nacional, série B – são papéis pós-fixados
com rendimentos atrelados ao IPCA.
■ NTN-C – Notas do Tesouro Nacional, série C – são papéis pós-fixados
com rendimentos atrelados ao IGP-M.
■ NTN-D – Notas do Tesouro Nacional, série D – são papéis pós-fixados
com rendimentos atrelados ao dólar, também utilizados pelo governo
para atender à demanda do mercado de dólar.
■ NTN-H – Notas do Tesouro Nacional, série H – são papéis pós-fixados
com rendimentos atrelados à TR.
Os vários negócios com esses títulos são acertados diretamente entre os operado-
res das instituições financeiras credenciadas a operar no mercado monetário, que
repassam as informações, via terminal, ao Selic, para que ocorra a transferência do
dinheiro e, a seguir, dos títulos envolvidos nas operações (ASSAF NETO, 2006).
Além do Selic que, como você viu, negocia principalmente títulos públicos
federais, é importante que você também conheça a Cetip.
A Cetip ou Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos
Privados (o nome oficial da empresa é: Cetip S.A. Balcão Organizado de Ativos e
Derivativos) passou a funcionar a partir de 1986 como um sistema bastante seme-
lhante ao Selic, só que abrigando títulos privados. É uma das maiores empresas de
liquidação financeira e custódia da América Latina , sendo incorporada pela B3,
em 14/06/2017. A Cetip é regulada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários)
e pelo Banco Central.
Possui, ainda, estrutura
de Autorregulação, que
supervisiona e fiscaliza as
operações, as atividades da
organização e o mercado
para averiguar se as ativida-
des que acontecem em seus
ambientes estão dentro das
normas.
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A Cetip constitui-se como um mercado de balcão organizado para registro
da negociação de títulos e valores mobiliários de renda fixa.
Registra, custodia e liquida também títulos públicos estaduais e municipais
emitidos após 1992, títulos esses representativos de dívidas de responsabilidade do
Tesouro Nacional, bem como todos os Créditos Securitizados da União, da Dívida
Agrícola, dos Títulos da Dívida Agrária e dos Certificados Financeiros do Tesouro.
O principal título do sistema Cetip é o Certificado de Depósito Interfinanceiro
(CDI), que permite transferência de recursos (liquidez) entre as instituições
do sistema financeiro. A Cetip opera também com outros títulos, como CDB,
Debêntures, RDB; Letras Hipotecárias; Swaps; LCA etc. (B3, 2018; ASSAF NETO,
2006).
Mas como acontecem as operações financeiras na Cetip? Essas operações
processam-se por transferências bancárias de fundos (cheques ou outra forma
equivalente), e somente após as respectivas compensações é que o sistema pro-
videncia as transferências da custódia dos títulos.
Os dois sistemas de liquidação e custódia (Selic e Cetip) têm por obje-
tivo básico promover a boa liquidação das operações do mercado monetário,
propiciando maior segurança e autenticidade aos negócios realizados. Por sua
importância no volume de operações no mercado monetário, o Selic e a Cetip
divulgam periodicamente duas taxas de juros amplamente adotadas pelos agen-
tes econômicos, a taxa Selic e a taxa Cetip (ASSAF NETO, 2006).
Por meio do Selic, as instituições financeiras podem adquirir e vender títulos
todos os dias, criando uma taxa diária conhecida como overnight e representa-
tiva das operações de um dia útil.
Como os títulos negociados no Selic são de grande liquidez e teoricamente
de risco mínimo (títulos públicos), a taxa definida no âmbito desse sistema é
aceita como uma taxa livre de risco da economia, servindo de importante refe-
rencial para a formação dos juros de mercado (taxa básica de juros).
Atualmente, com a entrada em funcionamento do Sistema Brasileiro de
Pagamentos (SBP), a liquidação das operações na Cetip se faz no momento zero,
ou seja, no mesmo dia, e não mais no dia seguinte mediante a compensação de
cheques. Em termos de liquidação financeira das operações, os sistemas Selic e
Cetip passaram a ter o mesmo procedimento de pagamento (ASSAF NETO, 2006).
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As taxas CDI são provenientes da troca de posição financeira dos bancos entre si.
Em operações de um dia, as instituições negociam aplicações e captações de recursos,
visando reforçar suas reservas de caixa ou apurar retornos sobre saldos excedentes.
COMPANHIA BRASILEIRA DE LIQUIDAÇÃO E CUSTÓDIA – CBLC
Após a reestruturação da Bovespa em fevereiro de 1998, criou-se uma empresa
independente que é responsável pela liquidação de operações de todo o mer-
cado brasileiro de ações. Essa empresa é a CBLC, ou Companhia Brasileira de
Liquidação e Custódia.
Interessante que, no próprio site da Bovespa, a definição para esta empresa é:
CBLC – é a câmara da BM&FBOVESPA que presta, em caráter princi-
pal, serviços de compensação, liquidação e gerenciamento de Risco de
Operações do Segmento BOVESPA. Também é responsável pela pres-
tação de serviços de custódia e de central depositária para os ativos
negociados no Segmento BOVESPA (BM&F BOVESPA, online).
A CBLC possui uma estrutura muito moderna e extremamente eficiente de
clearing (ou câmara de compensação) para efetuar atividades de compensa-
ção, liquidação, custódia e controle de risco para os mercados à vista, a termo
e de opções.
Entre os serviços oferecidos pela CBLC, um dos mais importantes é a custódia,
ou seja, a guarda de ações de empresas de capital aberto, bem como certificados
de privatização, debêntures, certificados de investimentos, certificados audiovi-
suais e ainda cotas de fundos imobiliários.
A CBLC é regulada e fiscalizada pelo Banco Central e pela Comissão de
Valores Mobiliários – CVM.
Para você ter uma visão geral da CBLC, veja abaixo as suas principais atribuições:
■ Registrar, liquidar e compensar operações à vista, no mercado a termo e
de opções, quando de responsabilidade das CTVM ou de seus clientes.
■ Receber depósitos e margens para garantia de operações realizadas por
associados da Bolsa e por cuja liquidação a CBLC se responsabilize.
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■ Emitir certificados, visando ao resgate, desdobramento, conversão e trans-
ferência de títulos negociados ou a serem negociados pelas firmas ou
sociedades corretoras.
■ Descontar recibos referentes a títulos depositados e praticar as demais
operações acessórias que visam à boa circulação e liquidação dos títulos
e valores mobiliários negociados.
CLEARING OU CÂMARA DE COMPENSAÇÃO
Ao estudar o funcionamento de um pregão de Bolsa de Valores, um investidor
iniciante talvez fique imaginando como acontece a transferência de propriedade
dos papéis que foram comprados ou vendidos ao longo do dia.
De fato, para que o mercado funcione de forma ordeira e que transmita
confiança aos participantes, é preciso que se tenha certeza que os ganhos dos
investidores serão recebidos e suas operações de compra e venda serão liquida-
das nos prazos e condições que foram acordados.
Esta certeza é proporcionada pelas câmaras de registro, compensação e liqui-
dação, ou simplesmente conhecidas como clearing houses, mediante um sistema
de compensação que se responsabiliza pelos negócios, transformando-se no com-
prador para o vendedor e no vendedor para o comprador.
As clearing são entidades de capital privado, formadas pelos principais ban-
cos do País.
As clearing houses operam sob a proteção de rigorosos mecanismos de
garantias tomadas dos bancos participantes, proporcionando maior segurança
e confiabilidade às operações do sistema financeiro.
Resumindo: a clearing é responsável pelo registro de todas as operações rea-
lizadas, acompanhamento das posições mantidas, compensação financeira dos
fluxos e liquidação dos contratos sob sua responsabilidade.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO
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IU N I D A D E46
SISTEMA DE PAGAMENTOS BRASILEIRO – SPB
Assim como as clearings, que oferecem uma segurança maior ao operar com
títulos e valores mobiliários, quando falamos em sistema financeiro, devemos
pensar em segurança a todos os envolvidos, desde um emitente de um cheque,
até uma empresa que emite uma duplicata de uma venda ou serviço prestado e
que recorre a um banco com o fim de proceder sua cobrança.
A partir de 2002, houve uma reestruturação do Sistema de Pagamentos
Brasileiro, o SPB, objetivando aumentar a segurança contra os diversos riscos a
que o mercado financeiro está exposto. O objetivo primário então do SPB é aumen-
tar a segurança do mercado por oferecer maior proteção contra possíveis rombos
ou quebra em cadeia (o chamado efeito dominó) de instituições financeiras.
É importante você entender que, por definição, o Sistema de Pagamentos
Brasileiro é um conjunto de procedimentos, regras, instrumentos e operações
integradas que, por meio eletrônico, dão suporte à movimentação financeira
entre os diversos agentes econômicos do mercado, tanto em moeda local como
em moeda estrangeira.
A função básica do SPB é permitir a transferência de recursos, o proces-
samento e a liquidação de pagamentos para pessoas físicas, empresas e entes
governamentais.
Pense, então, quando você emite um cheque ou passa seu cartão de débito
ou crédito ao realizar uma compra, ao fazer isso, mesmo que você não se dê
conta, estará acionando o SPB. Até as próprias instituições financeiras valem-
se deste sistema para realizar as transferências diárias que originam-se de suas
próprias transações.
Como ocorrem as transferências de recursos? Todas as instituições mantêm
reservas bancárias junto ao Banco Central. As transferências, então, são as movi-
mentações de saldos dessas contas de reservas. O Banco Central regulamenta a
liquidação financeira dessas contas de reserva bancária e ainda estabelece regras
de controle de riscos a serem seguidas no Sistema de Pagamentos Brasileiro.
Vamos conhecer quem participa desse grande Sistema:
■ Instituições financeiras.
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■ Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia – CBLC (já estudamos
isso, você se lembra?).
■ Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Operações de Ativos
BM&F.
■ Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Operações de Câmbio
BM&F.
■ Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Operações de
Derivativos BM&F.
■ Cetip.
■ Selic.
■ Visanet e Redecard.
■ Tecban (Tecnologia Bancária).
■ Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP).
Todas as transferências de recursos financeiros no SPB são formalizadas por
meio de mensagens eletrônicas transmitidas exclusivamente por intermédio
da Rede do Sistema Financeiro Nacional (RSFN). Essas mensagens são padro-
nizadas e observam procedimentos específicos de segurança (criptografia e
certificado digital).
A RSFN é uma estrutura de comunicação de dados, implementada utilizando-
se tecnologia de rede, criada com o objetivo de suportar o tráfego de mensagens
entre as instituições financeiras titulares de conta de reservas bancárias, entre
as câmaras e os prestadores de serviços de compensação e de liquidação, a STN
(Secretaria do Tesouro Nacional) e o BACEN, tudo dentro do âmbito do SPB.
As transferências realizadas pelo SPB podem ser por meio de liquidação
bruta em tempo real (sigla: LBTR) ou ainda por liquidação diferida líquida (sigla:
LDL), dependendo do tipo de transação.
A LBTR é uma liquidação que ocorre quase em tempo real, ocorrendo ao
longo do dia, de forma simultânea, operação por operação, em todos os dias
úteis para fins de operações praticadas no mercado financeiro.
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Já a LDL é uma liquidação que ocorre em D+0 até D+3, dependendo do tipo de
operação. A liquidação dos recursos entre instituições financeiras é executada em
horários predeterminados durante o dia, pelo valor líquido entre seus participantes.
Para você entender melhor como funciona o esquema de transferência de
recursos, veja a ilustração a seguir:
Banco Central
do Brasil CIP - Câmara Interbancária de Pagamento
SELIC
títulos
públicos
LBTR
SITRAF
transferência
de fundos
HÍBRIDO
SILOC
transferência
de fungos
LDL (D+1)
compe
cheques
LDL (D+1)
CETIP
títulos privados;
swaps; outros
LDL (D+1)
LBTR
CBLC
ações; títulos
privados; opções
LDL (D+1; D+3)
LBTR
Câmara de
Câmbio
câmbio
interbancânrio
LDL (D+1; D+2)
Câmara de
Ativos
títulos públicos
LDL (D; D+1)
RSFN
Rede do Sistema
Financeiro Nacional
Câmara de
Derivativos
mercadorias;
futuros; swaps
LDL (D+1)
STR
transferências
de fundos
LBTR
BM & FBOVESPA
contas de
liquidação
Figura 3: Fluxos de Transferência de Recursos no Mercado Financeiro
Fonte: Banco Central
Vamos reforçar um pouco mais as razões para existir um sistema confiável de
transferência de recursos entre os participantes do mercado.
Você tem ideia, por exemplo, do volume de recursos movimentados por
cheques no Brasil?
Somente em 2008, foram emitidos 2 bilhões de cheques, no valor global de
cerca de R$ 2,6 trilhões, sendo o valor médio por cheque de R$ 1.300,00. Apesar
de seu uso estar caindo gradativamente, ainda é um dos meios preferidos de paga-
mento pelos brasileiros (BACEN, 2008).
Segundo o Relatório Estatitístico do Banco Central do Brasil (2013), no ano
de 2012, as transações comcartão de crédito foram no montante de 4,5 bilhões,
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representando um crescimento de 16,6% em realação a 2011. A Bandeira Visa
representa 50,5% do total das transações com cartão e a MarterCard representa
41,7%. Já as transações de débito tiveram um montante de 4,1 bilhões de volume
de transações no período, sendo 17,7% maior do que em 2011. A bandeira Visa
Electron representou 54,0% do total, enquanto que a bandeira Maestro 42,7%.
Este crescimento pose ser vizualizado na Figura 4.
Com relação ao uso de cheques, verifica-se pela Figura 4 um tendência de
queda do uso deste tipo de meio de pagamento e comparando-se os anos de 2011
e 2012, observa-se queda no uso do cheque de 9,5% e um aumento de 2,1% no
valor total das transações, evidenciando que os cheques estão sendo mais utili-
zados em grandes transações financeiras.
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2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Cartão de
Crédito
Cartão de
Débito
Transferência
de Crédito
Cheque
Débito Direto
Quantidade de Transações
• A partir de 2009 inclui as operações em que as instituições
�nanceiras são as bene�ciárias dos pagamentos.
bi
lh
õe
s
Figura 04: Quantidade de Transações dos Meios de Pagamento
Fonte: Banco Central, 2013
As quantidades de operações de débito direto e de transferência de crédito tam-
bém apresentaram uma tendência de crescimento entre 2006 e 2012 (Figura 4),
evidenciando um aumento em volume de transações entre 2011 e 2012 de 5,4%
e 6,7%, respectivamente. Em termos de valores, as mesmas aumentaram em
33,3% e 19,3%, respectivamente.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO
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Estes dados são muito interessantes e mostram claramente a necessidade de
um sistema eficaz de transferência de valores, como é o Sistema de Pagamentos
Brasileiro – SPB.
ENTIDADES LIGADAS AO SETOR FINANCEIRO
Você já deve ter chegado à conclusão de que o mercado financeiro, com sua com-
plexidade e múltiplos componentes, na forma de diversas instituições, depende
de uma séria regulamentação e acompanhamento para seu funcionamento está-
vel, proporcionando, assim, segurança aos investidores.
Além da regulamentação proveniente do poder público, o mercado também
procura se autogerir, estabelecendo regras de conduta que são incorporadas por
todos os participantes.
Até recentemente, tínhamos duas entidades que desempenhavam um papel
importantíssimo neste contexto, visando dar transparência e estabelecer regras de
autogestão às instituições financeiras. Essas entidades eram a ANBID e a ANDIMA.
Porém, a partir de 21 de outubro de 2009, houve uma integração entre essas
duas entidades, dando origem à ANBIMA – Associação Brasileira das Entidades
dos Mercados Financeiro e de Capitais.
De acordo com o portal da ANBIMA, esta entidade é a representante das
instituições que atuam nos mercados financeiro e de capitais. A Associação
representa mais de 340 instituições, dentre bancos comerciais, múltiplos e de
investimento, asset managements, corretoras, distribuidoras de valores mobili-
ários e consultores de investimento.
Atuando como agente regulador privado, a ANBIMA criou e supervisiona o
cumprimento das regras de sete Códigos de Regulação e Melhores Práticas, atu-
ando conjunta e construtivamente com as instituições públicas brasileiras para
regular as atividades das entidades que atuam nos mercados financeiro e de capitais.
Além disso, segundo a própria ANBIMA, visando estimular a transparên-
cia dos mercados secundários de títulos públicos e privados, a entidade divulga
Entidades Ligadas ao Setor Financeiro
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diariamente índices e taxas médias, utilizados como parâmetros de referência
para os agentes destes mercados, cotações de fundos de investimento, além de
publicar mensalmente boletins técnicos sobre seus mercados.
A Associação também possui importantes iniciativas na área de Educação,
como o site <www.comoinvestir.com.br>, e os prêmios de Mercado de Capitais
e de Renda Fixa, ambos com o objetivo de estimular a produção e disseminação
de conhecimento por meio do incentivo a pesquisas que abordem temas rele-
vantes para o desenvolvimento dos mercados financeiro e de capitais.
Sobre os sete Códigos de Regulação e Melhores Práticas, os campos de abran-
gência desses códigos se referem a:
■ Ofertas Públicas de Distribuição e Aquisição de Valores Mobiliários.
■ Fundos de Investimento.
■ Programa de Certificação Continuada.
■ Serviços Qualificados ao Mercado de Capitais.
■ Private Banking ao Mercado Doméstico.
■ Atividades Conveniadas.
■ Processos.
Vale a pena você pesquisar mais sobre este assunto no portal da ANBIMA,
<http://portal.anbima.com.br>.
Outra entidade que atua no mercado com um objetivo específico é a AMEC
– Associação dos Investidores no Mercado de Capitais.
Esta entidade atua na defesa dos direitos dos acionistas minoritários em com-
panhias abertas. Reúne 40 gestores de recursos de terceiros e atua com o objetivo de
unir esforços para que esses profissionais cumpram o dever de guarda e de preserva-
ção do patrimônio dos cotistas dos fundos de investimento que são geridos por eles.
52 - 53
INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO
Reprodução proibida. A
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SEGMENTAÇÃO DO MERCADO FINANCEIRO
O mercado financeiro está segmentado em quatro tipos principais de mercado,
que se inter-relacionam e, por isto, determinadas operações podem afetá-los
simultaneamente. São eles: o mercado de crédito, o mercado de capitais, o mer-
cado monetário e o mercado cambial.
Não cabe aqui nos aprofundarmos muito em cada um destes mercados, pois
sairá do escopo deste livro, mas iremos apresentar suas principais características
para que você possa entender a dinâmica do mercado financeiro com um todo.
52 - 53
SPREAD BANCÁRIO
O spread bancário é a diferença entre a
taxa de juros que as instituições financei-
ras pagam na captação do dinheiro e a que
cobram dos clientes. A ilustração abaixo
apresenta o processo de intermediação
financeira e a formação do spread bancário.
Capital
Capital
12% a.m.
Remuneração do
Intermediário
Capital + Rendimento
Capital + Rendimento
Remuneração do
Intermediário
0,8% a.m.
Intermediários
Financeiros
Agentes
Superavitários
Agentes
De�citários
Spread Bancário
Fonte: Cartilha XP Educação (2011)
Segundo dados divulgados pelo DIEESE
– Departamento Intersindical de Estatís-
tica e Estudos Econômicos (2013), o Banco
do Brasil anunciou, no início de 2012, o
Programa Bompratodos, e, em seguida,
a Caixa Econômica Federal apresentou o
Caixa Melhor Crédito. Estes programas pre-
viam a redução de diversas taxas de juros
de financiamento direcionados a pessoas
físicas e jurídicas. Além destes, os maiores
bancos privados também anunciaram que
iriam cortar suas taxas de juros.
Estas medidas resultaram em uma queda
do spread geral da economia brasileira em
3,1 pontos percentuais (p.p.), entre março
de 2012 e janeiro 2013, passando de 15,3
p.p. para 12,2 p.p. Com relação às linhas de
crédito pessoa jurídica, a queda do spread
foi de 2,3 p.p. e, para pessoa física, o spread
recuou em 4,0 p.p. no mesmo período.54 - 55
O GRÁFICO ABAIXO MOSTRA A EVOLUÇÃO DO SPREAD BANCÁRIO NO
PERÍODO DE DEZEMBRO DE 2011 A JANEIRO DE 2013.
Evolução do Spread Bancário
Brasil - dezembro de 2011 a janeiro de 2013
Geral Pessoa Jurídica Pessoa Física
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25,0
20,0
15,0
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21,0
14,3
9,2
10,3 10,3 10,1 10,0 9,1 8,3 8,3 7,9 7,5 7,9
7,0
7,88,4
15,2 15,6 15,3 14,8 13,7 12,8 13,0 12,7 12,6 12,4 12,3 11,5 12,2
21,8 22,5 22,0
21,1 19,8
18,7 18,9 18,5 18,7 18,3 17,7 18,0
Gráfico 1: Evolução do Spread Bancário
Fonte: Banco Central do Brasil
Mercado de Crédito
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MERCADO DE CRÉDITO
O mercado de crédito é constituído pelos agentes detentores de recursos finan-
ceiros (agentes superavitários) e pelos agentes captadores de recursos financeiros
(agentes deficitários). Segundo Bisi e Feijó (2011), é nesse mercado que são efe-
tuados os financiamentos de curto e médio prazo, tanto para pessoas físicas
(famílias) como para pessoas jurídicas (empresas, instituições).
Os principais motivos que levam os agentes a necessitar de crédito são: con-
sumo corrente ou de bens duráveis (pessoa física); para formação do capital de
giro ou de capital fixo (pessoa jurídica). Os principais atuantes neste mercado
são: bancos comerciais, bancos múltiplos e financeiras.
Cabe ressaltar que entende-se por bancos múltiplos (ex.: Banco Bradesco)
as instituições financeiras privadas ou públicas que realizam dentro do mercado
financeiro operações ativas, passivas e acessórias das diversas instituições finan-
ceiras, podendo operar conjuntamente como:
■ Banco Comercial (Carteira Base).
■ Banco de Investimento (Carteira Base).
■ Banco de Desenvolvimento (somente Banco Múltiplo Público Governamental).
■ Crédito Imobiliário (Carteira Acessória).
■ Arrendamento Mercantil (Carteira Acessória).
■ Crédito, Financiamento e Investimento (Carteira Acessória).
MERCADO DE CAPITAIS
O mercado de capitais é composto por instituições ditas não monetárias, ou seja,
que não são capazes de multiplicar moeda como as bolsas de valores, sociedades
corretoras e outras instituições financeiras autorizadas, que juntas formam um sis-
tema de distribuição de valores mobiliários, que tem o propósito de proporcionar
liquidez aos títulos de emissão de empresas e viabilizar seu processo de capitalização.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E56
No mercado de capitais, os principais títulos negociados são os representativos
do capital de empresas, como as ações, ou de empréstimos tomados, via mercado,
por empresas como: as debêntures conversíveis em ações, bônus de subscrição e
“commercial papers”. Estes ativos permitem a circulação de capital para custear o
desenvolvimento econômico. Além disto, o mercado de capitais abrange, ainda, as
negociações com direitos e recibos de subscrição de valores mobiliários, certificados de
depósitos de ações e demais derivativos autorizados à negociação (BOVESPA, 2008).
MERCADO MONETÁRIO
O mercado de oferta e demanda por moeda é conhecido como Mercado Monetário.
Este mercado visa ao controle da liquidez monetária da economia, realizado por
meio de uma relação intangível entre fornecedores e tomadores de fundos a
curto e curtíssimo prazo, ou seja, as instituições financeiras e o Tesouro Nacional
negociam entre si o excesso ou a falta de caixa em que incorrem, por meio da
utilização de títulos públicos. Esta operação é denominada de “Open Marketing”.
O Banco Central é o principal agente deste mercado, atuando por meio da
Política Monetária por meio da venda e compra de títulos públicos aos agentes
econômicos (empresas, famílias, bancos), sendo estes papéis negociados tendo
como referência a taxa de juros SELIC. Desta forma, o BC regula a liquidez do
mercado e assim a oferta de moeda.
MERCADO CAMBIAL
O mercado cambial representa a oferta e demanda por divisas (moeda estrangeira)
e seu equilíbrio determina a taxa de câmbio nominal da economia. Segundo Bisi
e Feijó (2011), neste mercado são realizadas as operações que envolvem a neces-
sidade de conversão de moedas estrangeiras em moeda nacional e vice-versa,
Considerações Finais
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sendo operações de curto prazo, realizadas principalmente pelos bancos comer-
ciais e corretoras autorizadas como as casas de câmbio. O intermediário financeiro
compra divisas dos exportadores (fonte de entrada de moeda estrangeira) e vende
para os importadores (fonte de saída de moeda estrangeira).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a), vimos que o Sistema Financeiro é o conjunto de instituições
que faz a intermediação entre os indivíduos que detêm dinheiro sobrando para
aqueles que necessitam de dinheiro. Falando mais tecnicamente, agentes supe-
ravitários e agentes deficitários.
Você já parou para pensar no quanto é importante esse sistema para o desen-
volvimento do país?
Em um país existem pessoas que ganham mais do que gastam e, portanto, preci-
sam guardar seu dinheiro de maneira segura e rentável, ou seja, tem que haver uma
compensação pelo fato de estarmos postergando o nosso consumo, visto que nós
guardamos o dinheiro hoje para poder utilizá-lo no futuro. E em um país com infla-
ção como a nossa, a ideia é que o poder de compra do dinheiro no presente não se
perca no futuro. Assim, quando poupamos, devemos ganhar uma remuneração que é
representada pela taxa de juros. Assim, quais são as possibilidades de aplicação finan-
ceira? Como veremos nas próximas Unidades, o Sistema Financeiro oferece várias.
Por outro lado, para quem é captador de recursos financeiros, qual é a pos-
sibilidade mais segura e mais barata de conseguir recursos? Devemos entender
a dinâmica deste sistema e as características das instituições que o constitui para
que possamos tomar a melhor decisão de investimento e de captação de recur-
sos, por isto abordamos estes fatores nesta Unidade.
Nas próximas Unidades, iremos tratar com mais profundidade das princi-
pais aplicações financeiras e dos principais ativos financeiros, juntamente com
suas formas de remuneração e custos de operacionalização.
58 - 59
1. Em 2010, fomos surpreendidos com mais um escândalo no sistema financeiro:
a quase “quebra” do Banco Panamericano, o banco do Grupo Sílvio Santos. Pes-
quise na Internet os principais fatores que levaram a quase quebra deste banco.
2. Nos últimos anos, houve um esforço em “bancarizar” a população oferecendo
contas correntes simplificadas, possíveis de serem abertas até em casa lotéricas.
Escolha uma instituição financeira de sua preferência e pesquise os tipos de con-
ta corrente oferecidos aos clientes, o público-alvo de cada uma delas e os custos
de mantê-las neste banco.
3. Em 2008, ocorreu a crise financeira dos EUA, levando muitos bancos à bancarro-
ta. Pesquise na internet o que causou a crise e suas consequências para a econo-
mia americana e para o Brasil.
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U
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Professora Me. Juliana Franco
Professor Me. Paulo Pardo
O MERCADO DE CAPITAIS
Objetivos de Aprendizagem
■ Conhecer o dinâmico mercado de capitais e sua composição.
■ Entender as diferenças entre o mercadode bolsa e o mercado de
balcão, o mercado à vista e de derivativos.
■ Conhecer os principais produtos financeiros de renda fixa e variável.
■ Saber identificar o perfil do investidor.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Participantes do Mercado de Capitais
■ Mercado à vista e Mercado de Derivativo
■ Os produtos financeiros: Renda Fixa e Variável
■ O perfil do Investidor
INTRODUÇÃO
Você finalmente conseguiu economizar algum dinheiro e pretende ser um pouco
mais arrojado, investindo em ativos financeiros. O que você deve saber sobre
esse importante, interessante e muitas vezes muito recompensador mercado?
Em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, o investimento em ati-
vos financeiros, principalmente em ações, faz parte do cotidiano das famílias,
clubes de investimento da terceira idade e de parcela importante do empresa-
riado norte-americano.
No Brasil, nos últimos anos, desmistificou-se o investimento em ativos para
o público em geral, graças ao maior esclarecimento e divulgação.
Nossa realidade ainda está distante dos países desenvolvidos no que diz res-
peito ao aplicador mediano, mas o volume negociado em Bolsa de Valores aumenta
significativamente a cada ano que passa. O investidor comum passou a enxergar alter-
nativas de investimentos com rendimentos superiores ao da poupança como uma
excelente oportunidade de ganho e, apesar de ter noção de que se trata de investi-
mentos de risco mais elevado, as possibilidades de retorno vêm na mesma proporção.
O excelente trabalho realizado pela Bovespa em aproximar mais o seu fun-
cionamento da sociedade tem contribuído decisivamente para isso. A Bovespa
é a maior Bolsa de Valores da América Latina, tendo um nível de eficiência e
automatização em níveis de Primeiro Mundo.
Conhecer esse mercado e suas nuances pode ser um grande diferencial na
formação de um profissional do ramo financeiro.
PARTICIPANTES DO MERCADO DE CAPITAIS
Segundo Pinheiro (2007), o Mercado de Capitais pode ser definido como um
sistema de distribuição de valores mobiliários que tem o propósito de viabilizar
a capitalização das empresas e dar liquidez aos títulos emitidos por elas. Além
disto, oferece alternativas rentáveis e seguras de investimento, que envolvem risco.
Introdução
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IIU N I D A D E62
Os participantes do Mercado de Capitais podem ser divididos em dois gru-
pos: os que normatizam e os que operacionalizam. No Brasil dividem-se da
seguinte forma:
Bolsas de
Valores
Clearing
Houses
Sociedades
Corretoras
Emissores
Mercado
de
Capitais
Figura 5: Participantes do Mercado de Capitais
Fonte: <https://www.fator4u.com.br/homebroker/Institucional/ComoInvestir/Educacional/MercadoCapitais.
aspx>
O grupo que normatiza está constituído pelas Bolsas de Valores, Comissão de
Valores Imobiliários e a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia. Já o
Grupo que operacionaliza está constituído pelas Corretoras, Clearing Houses,
Investidores (pessoa física, pessoa jurídica e instituições).
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS – CVM
A Comissão de Valores Mobiliários – CVM é o principal órgão regulador do mer-
cado de ações. É uma autarquia especial, vinculada ao Ministério da Fazenda com
a responsabilidade de disciplinar, fiscalizar e punir irregularidades das empre-
sas com capital aberto, como dos agentes financeiros, corretoras, operadores e
auditores independentes.
A CVM foi criada pela Lei 6.385, de 07/12/76, e cuida de todos os títu-
los emitidos pelas empresas que são direcionados à captação de recursos para
Participantes do Mercado de Capitais
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63
o financiamento de suas atividades, dos derivativos negociados nos mercados
futuros e de opções, e de toda a indústria de fundos.
COMPANHIA BRASILEIRA DE LIQUIDAÇÃO E CUSTÓDIA – CBLC
A CBLC, Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia, é uma sociedade anô-
nima, que faz parte do grupo BM&FBOVESPA, responsável pela liquidação de
operações de todo o mercado brasileiro de ações, respondendo pela custódia,
ou guarda, de 100% dos títulos do mercado acionário brasileiro.
Além do mercado de Ações, a CBLC cuida de outros ativos, como: certificados
de privatização, debêntures, certificados de investimento, certificados audiovisuais e
quotas de fundos imobiliários. A CBLC foi criada como empresa independente a par-
tir de uma reestruturação patrimonial ocorrida no início de 1998 na Bolsa de Valores
de São Paulo – BOVESPA. Assim, a empresa concentra as atividades relacionadas
à compensação, liquidação, custódia e controle de risco para o mercado financeiro.
Para que uma ação seja negociada no mercado de bolsas, é necessário que
esteja custodiada na CBLC.
BOLSA DE VALORES: BM&F BOVESPA: MERCADO DE BOLSA E BALCÃO
Bolsas de valores são locais apropriados para a negociação de compra e venda de
títulos e valores mobiliários com registros, compensação e liquidação das opera-
ções com a ampla divulgação das transações ali realizadas. Além disso, estabelecem
mecanismo e normas para o acompanhamento e a regularização dos mercados,
garantindo a autenticidade e a transparência das operações e sua liquidação.
No caso brasileiro, a BM&FBOVESPA é a principal bolsa de valores, que
administra os mercados de Bolsa e de Balcão Organizado, sendo a diferença
entre esses mercados as regras de negociação estabelecidas para os ativos regis-
trados para cada uma delas.
Entretanto, o Quadro a seguir ilustra as diferenças entre as bolsas de valo-
res e mercadorias (Balcão Organizado), sendo que os principais aspectos quanto
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Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E64
ao vencimento, limite de oscilação, tipos de participantes dos mercados futu-
ros serão abordados na última Unidade deste material. Por hora, busca-se fazer
apenas um breve comparativo.
CARACTERÍSTICA BOLSA DE VALORES BOLSA E MERCADORIAS E FUTUROS
Ativos Negociados Aões ou Índices (cotas em empresas) Produtos ou Contratos
Participantes Empresas, Investidores e Especuladores
Compradores, Vendedores
e Especuladores
Objetivos Participar da "alta" {lucro} Proteger Preços (hedge)
Mercadoria Não negociam com merca-dorias
Negociam com a merca-
doria
Mercado Especulam sobre o mercado Conhecem e atuam no mercado
Vencimento Não há É determinado
Oscilação Não há limite definido Há limite de oscilação
Quadro 1: Diferenças entre as Bolsas de Valores e Bolsas de Mercadorias e Futuros
Fonte: BM&FBOVESPA (2010)
A diferença básica entre as duas bolsas é o tipo de atividade e de objetivo. Na Bolsa
de Valores negociam-se ações, ou seja, cotas de empresas de capital aberto listadas
nessa bolsa, que variam de valor em função de seu desempenho e lucratividade.
Assim, os acionistas estão preocupados com o que a empresa pode oferecer em
termos de ganhos financeiros, com a valorização de suas ações. Enquanto que, na
Bolsa de Mercadorias e Futuros, negociam-se commodities, sendo que os negó-
cios nessa bolsa representam contratos de mercadorias que são negociadas de
acordo com as expectativas das safras ou dos ciclos de produção, e que podem
garantir a disponibilidade e o abastecimento das mercadorias negociadas, ou
seja, buscam reduzir o risco da volatilidadedos preços dos ativos negociados.
64 - 65
HISTÓRIA DA BM&FBOVESPA
Em 1890, um grupo de agentes liderado
por Emílio Rangel Pestana inaugura a Bolsa
Livre, que seria a semente da Bolsa de Valo-
res de São Paulo. Em 1981 a Bolsa Livre é
fechada em decorrência da política do Enci-
lhamento, mas em 1895 é fundada a Bolsa
de Fundos Públicos de São Paulo, dando
continuidade à evolução do mercado de
capitais no Brasil.
Nessa época, as negociações de títulos
públicos e ações de bancos e de empre-
sas eram registradas em enormes quadros
negros de pedra, para que todos pudessem
acompanhar.
Em 1934, a Bolsa se instala no Palácio do
Café. No ano seguinte, ganha o nome de
Bolsa Oficial de Valores de São Paulo.
Na década de 1960, a Bolsa passa a adqui-
rir o caráter institucional, deixando de ser
subordinada ao Secretário da Fazenda do
Estado, com autonomia administrativa,
financeira e patrimonial. Em 1967, passa
a chamar Bolsa de Valores de São Paulo.
Neste mesmo ano, o cargo de Corretor
Oficial deixa de existir e são formadas as
Sociedade Corretoras, constituídas por
ex-Corretores Oficiais e por Corretores
autorizados pelo Banco Central. É nesse
momento que surge a figura do opera-
dor de pregão, pessoas que realizavam os
negócios, sob as ordens das Sociedades
Corretoras, por meio de gritos e gestuais
que se tornariam a marca da Bolsa de Valo-
res.
Em 1972, a BOVESPA é a primeira bolsa
brasileira a implementar o pregão automa-
tizado, com a disseminação de informações
on-line e em real-time, através de uma
ampla rede de terminais de computador.
Em 1990, são iniciadas as negociações atra-
vés do Sistema de Negociação Eletrônica
– CATS, que operava simultaneamente com
o sistema tradicional de Pregão Viva Voz.
Em 1997, é implantado um novo sistema de
negociação eletrônica em substituição ao
CATS, o Mega Bolsa, ampliando o volume
de processamento de informações.
No fim de 1990, são lançados o Home
Broker, que permite que o investidor, por
meio do site das Corretoras, transmita sua
ordem de compra ou venda diretamente ao
Sistema de Negociação da Bolsa e o After-
-Market,que oferece a sessão noturna de
negociação eletrônica.
No ano 2000 ocorre a integração das bol-
sas de valores brasileira e a BOVESPA passa
a concentrar toda a negociação de ações
do Brasil e em 2008 ocorre a fusão entre a
BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros) e
a BOVESPA. Cria-se assim, uma das maio-
res Bolsas de mercado à vista e futuros do
mundo, a BM&F BOVESPA.
Fonte: XP Educação (2011)
O MERCADO DE CAPITAIS
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IIU N I D A D E66
Atualmente, BM&FBOVESPA é o maior centro de negociações da América
Latina, sendo realizadas exclusivamente por meio de seu sistema eletrônico, o
que proporciona maior agilidade e segurança nas transações.
CORRETORAS
As corretoras são instituições financeiras, credenciadas pelo Banco Central e pela
CVM, e fiscalizadas pela Bovespa. São elas que fazem a intermediação entre os
clientes e bolsa de valores e de mercadorias. Sua constituição depende de autori-
zação do Bacen, e o exercício de suas atividades depende de autorização da CVM.
As principais atividades das bolsas de valores, segundo a XP educação (2011), são:
■ Comprar, vender e distribuir títulos e valores mobiliários; por conta de
terceiros.
■ Efetuar lançamentos públicos de ações ou operações de underwriting.
■ Operar com a conta Margem, que é uma norma de negociação de ações
que possibilita ao investidor obter, em uma sociedade corretora, financia-
mento para compra dos títulos e/ou empréstimo dos papéis para venda.
■ Administrar carteiras de valores e custodiar títulos e valores mobiliários.
■ Instituir, organizar e administrar fundos e clubes de investimentos.
■ Intermediar a compra e venda de moeda estrangeira nas atividades de
importação e exportação, bem como no mercado flutuante de moeda
estrangeira.
■ Operar no mercado aberto (open market).
CLEARING HOUSE
A Clearing House, ou Câmara de Compensação, tanto pode ser um departamento
interno (BM&FBovespa) quanto uma organização independente das bolsas (CBOT),
e uma de suas principais funções é garantir que todos os negócios do mercado de
Mercado à Vista e Mercado Derivativo
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derivativos realizados em bolsa sejam liquidados. Cabe a essa instituição garantir
o cumprimento de todos os compromissos (compra ou venda) assumidos.
A Clearing House é o órgão responsável pelo monitoramento da integridade
de todas as transações que ocorrem na bolsa, por meio da verificação da robustez
financeira de ambas as partes envolvidas em uma transação, assegurando que o
comprador e o vendedor concordem com o preço, a quantidade e prazo do con-
trato. Em seguida, seja o contrato pago 5 minutos ou 5 meses depois, esse órgão
garante os termos que cada parte originalmente acordou, seja uma grande ins-
tituição ou um negociador individual. De certo modo, essa instituição presta o
serviço de custódia e de controle de risco das operações financeiras, é o sistema
criado para garantir o fiel cumprimento de todos os negócios.
Esse monitoramento ocorre por meio do registro de todas as operações realiza-
das, acompanhamento das posições mantidas, compensação financeira dos fluxos
e liquidação dos contratos, compensações de ajustes diários, liquidação dos negó-
cios e administração das garantias. Em outras palavras, a função centralizada de
compensação das Bolsas de Mercadorias atua como a contraparte de toda a nego-
ciação, ou seja, atua como comprador para todo o vendedor e como vendedor para
todo o comprador. Assim, como a Clearing House intermedeia todas as negocia-
ções, no mercado futuro, ambas as partes (comprador e vendedor) não se conhecem.
MERCADO À VISTA E MERCADO DERIVATIVO
As operações de mercado podem ser classificadas como mercado à vista e deriva-
tivo. As características de cada um destes mercados serão apresentadas a seguir:
MERCADO À VISTA
O mercado à vista é aquele em que se tem uma data pré-estabelecida de venci-
mento para as operações. Como o próprio nome já diz, a realização do negócio é
O MERCADO DE CAPITAIS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E68
à vista, já sendo realizada a troca entre as partes (comprador e vendedor). Neste
tipo de mercado, predomina o mercado de Bolsa de Valores e de Balcão, já defi-
nidos anteriormente.
MERCADOS DERIVATIVOS
São mercados em que são realizadas operações com liquidação futura para a
gestão do risco de preço de diversos ativos. Não se operam ações e demais títu-
los diretamente. Neste mercado são negociados contratos, os quais possuem
como objeto um ativo real (mercadoria, commodities) ou financeiro (índices,
indicadores, taxas e moedas), com vencimento e liquidação física e financeira,
estabelecidos para uma data futura por um preço determinado no contrato. Nos
mercados derivativos, o que se busca é a transferência de riscos de preço ineren-
tes à atividade econômica entre os participantes (CVM, 2009).
Mas o que são Derivativos?
■ São contratos ou títulos conversíveis cujo valor depende integral ou par-
cialmente do valor de outro instrumento financeiro.
■ São formas de se negociar apenas a variação dos preços de um ativo (pro-
duto), sem a necessidade da negociação física (entrega) das mercadorias.
■ Exemplos:
■ Derivativos agropecuários: os ativos objetos são commodities agrícolas,
como café, soja, açúcar.
■ Derivativos financeiros: o valor de mercado é referenciado em taxas ouíndices financeiros, como taxa de juros, taxas de inflação, taxas de câm-
bio, índices de ações.
As modalidades dos mercados de derivativos são:
1. Mercado a Termo.
2. Mercado Futuro.
3. Mercado de Opções.
Mercado à Vista e Mercado Derivativo
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MERCADO A TERMO
O Mercado a Termo é onde se negocia a compra e venda de uma quantidade
específica de títulos numa data determinada e a um preço já fixado. Estes títulos
negociados são denominados de contrato a termo e foi a primeira modalidade de
derivativo conhecida pela sociedade. No contrato a termo, a parte que se com-
promete a pagar pelo produto assume uma posição comprada, e a parte que se
compromete a vender o item assume uma posição vendida.
Quando um investidor compra a termo, significa que está financiando
a operação. Nessa operação, o comprador do termo solicita a compra
de um ativo ao preço corrente do mercado à vista, a qual é feita pela
contraparte. Na data de vencimento do contrato, o comprador do ter-
mo se obriga a assumir a operação, pagando para a contraparte o va-
lor da compra pago no momento da criação do contrato mais um juro
(geralmente, próximo do CDI) referente ao período contratado. Assim,
encerra-se a operação entre o tomador do termo e a contraparte (BISI;
FEIJÓ, 2011, p. 143).
Características operacionais deste mercado (CVM, 2009):
■ Negociação: os contratos a termo podem ser encontrados em bolsa, mas
são mais comumente negociados no mercado de balcão não organizado
(contratos bilaterais negociados fora das bolsas).
■ Ausência de mobilidade de posições: em geral, os contratos a termo são
liquidados integralmente no vencimento, não havendo possibilidade de
sair da posição antes disso.
■ Essa característica impede o repasse do compromisso a outro participante.
■ Em alguns contratos a termo negociados em bolsa, a liquidação da ope-
ração a termo pode ser antecipada pela vontade do comprador.
■ No contrato a termo realizado no mercado de Balcão (fora da Bolsa), o
prazo mínimo é de três dias, porque o prazo de liquidação da operação
leva este tempo. Já no mercado de Bolsa no Brasil, o prazo mínimo é de
16 dias, no entanto, os contratos costumam ser padronizados, em geral
em prazos de 30, 60 ou 90 dias da data de realização do negócio.
O que é Commodity?
Commodity ou commodities (no plural). Esse termo é utilizado como refe-
rência para todo produto em estado bruto (matéria-prima), ou com peque-
no grau de industrialização, de qualidade uniforme, produzido em grandes
quantidades e por um grande número de produtores, e que pode ser esto-
cado por determinado período sem perda significativa de qualidade.
Principais Tipos de Commodities:
1. Commodity Agropecuária – negociam-se contratos de compra ou de ven-
da de produtos agrícolas, tais como café, soja, milho, boi gordo, açúcar
cristal, álcool anidro.
2. Commodity Mineral – negociam-se contratos de compra ou de venda de
produtos minerais, tais como ouro, prata, zinco, petróleo.
3. Commodity Financeira – negociam-se contratos de compra ou de venda
de produtos financeiros, tais como as taxas de câmbio do dólar norte-a-
mericano, as taxas de juros, ou os índices do Bovespa, conhecidos como
Ibovespa.
4. Commodity Ambiental – negociam-se contratos de compra ou de venda
de produtos ambientais, tais como os Certificados de Redução de Emis-
sões (CRE) – CRÉDITO DE CARBONO.
Fonte: CVM (2009)
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IIU N I D A D E70
MERCADO FUTURO
O Mercado Futuro é uma evolução do Mercado a Termo. Uma operação no
Mercado Futuro de commodities compreende a compra ou a venda de contratos
listados em Bolsa para liquidação em uma data futura específica, previamente
autorizada, sem preço definido. O preço de liquidação do contrato será estipu-
lado no dia do vencimento do mesmo, com base no valor do ativo negociado
no mercado físico.
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Este mercado é uma forma de quem detém ou necessita efetivamente da merca-
doria física garantir um seguro contra as variações indesejáveis de preços para
uma data futura. Além disto, este mercado também pode ser utilizado como uma
alternativa de investimento. Nas operações com contratos futuros, os ganhos ou
perdas para o investidor decorrem dos ajustes diários, que são pagos ou recebi-
dos todos os dias até a liquidação do contrato. No entanto, na Unidade V, iremos
abordar com mais profundidade o funcionamento deste mercado, como parti-
cipar dele e seus riscos para o investidor.
MERCADO DE OPÇÕES
É uma modalidade de mercado a prazo onde são negociados direitos de com-
prar ou de vender um determinado ativo mediante o pagamento pelo comprador
(titular) ao vendedor (lançador) de um valor chamado prêmio, com preço do
ativo e prazo de exercício, previamente fixados. Funciona como um seguro de
preços. As características e Operacionalização deste mercado serão abordadas
na Unidade V.
CONHECENDO OS PRODUTOS FINANCEIROS: RENDA
FIXA E RENDA VARIÁVEL
RENDAS
A possibilidade de auferir uma renda periódica (mensal, semestral, anual ou
outra) é objeto de sonhos de muitas pessoas. Talvez você seja uma delas! Se for,
ótimo! É um objetivo muito válido e perfeitamente possível de se conseguir.
O MERCADO DE CAPITAIS
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IIU N I D A D E72
Como fazer para que isso aconteça? Na verdade, a lógica é simples: ao
invés de você trabalhar para o dinheiro, é o dinheiro que deve trabalhar para
você. Mas para que isso ocorra, é preciso ter dinheiro, e ter dinheiro exige
disciplina. A não ser, é claro, que você seja um felizardo herdeiro de riquezas
acumuladas por outras pessoas ou que seja o sortudo que ganhou um grande
prêmio na loteria.
Como sabemos que nem todos são agraciados dessa forma, uma boa maneira
de ter dinheiro é POUPAR. Muitas pessoas ignoram esse fato, acreditando que
poupar é uma tarefa desgastante e demorada. Essas pessoas têm razão, pelo
menos em parte. Poupar é sinônimo de privação, e poucas pessoas optam por
adiar um prazer do momento pensando no futuro.
Mas a sabedoria universal ensina que o futuro, por mais distante que pareça
estar, um dia chegará. E quando chegar, pode acontecer com a pessoa que não
valorizava o ato de poupar; é mais ou menos o que aconteceu com a cigarra, do
conto infantil da cigarra e a formiga.
Não é que tenhamos que abrir mão de todos os prazeres da vida: signi-
fica apenas que vamos adiar alguns. E muitos descobrem que a poupança pode
começar por uma atitude também muito simples: LIQUIDAR AS DÍVIDAS.
Na verdade, quem tem dívidas está trabalhando pelo dinheiro e por juros: o
dinheiro dos outros e juros que outros estão ganhando. Acho melhor que esse
ganho seja seu, não concorda?
Vamos conhecer algumas formas de obter renda que estão ao alcance de
qualquer pessoa, inclusive ao seu alcance. Basicamente, veremos duas formas
de rendas: RENDAS FIXAS E RENDAS VARIÁVEIS.
Se você sempre recebe exatamente o que esperava de uma aplicação finan-
ceira, estará aplicando em uma operação de Renda Fixa. Já se você não sabe o
quanto irá ganhar no período de aplicação e se o valor inicialmente investido
(principal) será preservado, então você aplicou em operações de Renda Variável.
Vamos assim aprender um pouco maissobre estas rendas.
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RENDA FIXA
A principal característica que define uma renda como fixa é que a sua ren-
tabilidade é previamente definida no momento da aplicação financeira. Os
investimentos em renda fixa, ainda, podem ter a sua remuneração (taxa de
juros, por exemplo) préfixada e pós-fixada. A diferença é que os préfixados
você já sabe exatamente a rentabilidade que irá receber, já no pós-fixado, sabe
previamente qual será a forma de cálculo da sua rentabilidade, mas a mesma
pode variar. Mesmo assim este último é uma renda fixa, porque o valor inicial
do investimento é preservado.
As aplicações em rendas fixas podem ser divididas em três grupos de emis-
sores: o Governo (emissão de Títulos Públicos), Bancos (DCBs, RDBs, Letras
Hipotecárias, Poupança, Letras de Câmbio, Previdência Privada) e Empresas
(debêntures, commercial papers).
Cabe ressaltar que os títulos emitidos pelo Governo são conhecidos como títu-
los da dívida pública do governo (em todas as esferas governamentais), enquanto
os títulos de bancos e empresas são conhecidos como títulos de dívida privada.
Diante disto, os investimentos em renda fixa serão classificados em três níveis:
Títulos Privados, Títulos Públicos e Fundos de Investimento. A Figura abaixo
apresenta a representatividade destes títulos na composição da carteira em Renda
Fixa para 2012.
Composição da
Carteira de Renda Fixa
Fundos de Investimentos
Títulos Públicos Federais
Debêntures
98,22%
0,51%
1,27%
Figura 6: Percentual dos tipos de investimento em Renda Fixa no Brasil
Fonte: <http://www.investimentosfinanceiros.com.br/fundos-de-renda-fixa>
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TÍTULOS PRIVADOS
■ Caderneta de Poupança
A caderneta de Poupança é o tipo de investimento mais tradicional, conservador
e popular do Brasil. Envolve baixos riscos, e por isso sua remuneração nomi-
nal também é baixa.
Todos os depósitos realizados até 3 de maio de 2012 rendem 0,5% ao mês,
mais a Taxa Referencial, a chamada TR.
Rendimento da Poupança (nova regra): quando a taxa de juros estiver acima
de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança será fixo: 0,5% ao mês mais a taxa
referencial (TR); quando a taxa de juros estiver abaixo ou igual a 8,5% ao ano, a
poupança rende 70% da Selic mais a TR.
A poupança possui capitalização mensal, creditada na data de aniversário
da aplicação.
As principais vantagens das aplicações na Poupança são:
■ Liquidez imediata.
■ Investimentos de até o limite de R$ 250 mil por CPF ou CNPJ por insti-
tuição financeira e conglomerado, limitado ao teto de 1 milhão de reais, a
cada período de 4 anos, são garantidos pelo Fundo Garantidor de Crédito.
Assim, em caso de falência do banco, este valor fica garantido.
■ Há isenção de incidência do Imposto de Renda para Pessoas Físicas. Já
as Pessoas Jurídicas sofrem incidência do IR sobre os rendimentos com
as seguintes alíquotas:
■ aplicações de até 180 dias: 22,5%
■ aplicações de 181 dias a 360 dias: 20%
■ aplicações de 362 a 720 dias: 17,5%
■ aplicações acima de 720 dias: 15%
■ CDB – Certificado de Depósito Bancário e RDB – Recibo de Depósitos
Bancários
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Quando se fala de tradição, temos que obrigatoriamente falar de CDB e RDB.
Estes papéis são conhecidos como depósitos a prazo e são os mais tradicionais
títulos de renda fixa emitidos por instituições financeiras para captação de recur-
sos. Esses produtos permitem que o banco e o cliente saibam, com antecedência,
as condições de remuneração para o prazo e valores negociados.
O CDB e o RDB são títulos de captação de recursos financeiros emitidos
pelos bancos. Quem compra estes títulos está emprestando dinheiro aos ban-
cos, recebendo uma remuneração em troca, a taxa de juros.
Que diferença existe entre CDB e RDB? A diferença básica entre os dois títulos
é que o CDB pode ser transferido por meio de endosso, sendo, portanto, nego-
ciado no mercado. Já os RDBs são obrigatoriamente nominativos e intransferíveis,
determinando muitas vezes variações nas taxas de juros pagas aos aplicadores.
Vamos entender como funciona a remuneração dos CDB/RDBs:
CDB/RDB prefixado: o investidor recebe, no vencimento, a remuneração
negociada, conhecida antecipadamente e constante no contrato. Nesta modali-
dade, não existe exigência legal de prazo mínimo. Esta definição fica a cargo de
cada instituição financeira.
CDB/RDB pós-fixado: os índices de remuneração do CDB são obtidos
pela variação do indexador escolhido na contratação. Existe, atualmente, uma
exigência legal quanto ao prazo mínimo de contratação de CDB, conforme o
indexador utilizado.
No quadro abaixo, observamos os prazos de acordo com os indexadores:
INDEXADORES PRAZO MÍNIMO
Taxa Referencial (TR) 1 mês
Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) 1 mês
Taxa Básica Financeira (TBF) 2 meses
Certificado de Depósitos Interfinanceiros (CDI) Não exigido
Taxa Média Selic (TMS) Não exigido
Quadro 2: Prazos de acordo com os indexadores
Fonte: elaborado pelo autor, com base em <www.b2invest.com.br>
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As aplicações em CDB podem ser feitas por qualquer pessoa que seja corren-
tista de um banco e tenha dinheiro para investir. O prazo varia de 30 a 180 dias
e o valor mínimo depende da modalidade disponível no banco. Geralmente, os
bancos oferecem taxas maiores de acordo com o valor investido.
No CDB, há incidência do Imposto de Renda, que varia de 15% a 22,5%,
de acordo com o tempo investido, pago no resgate da aplicação. Não há taxa de
administração. Se o valor ficar aplicado por menos de 30 dias, será cobrado o
Imposto sobre Operação Financeira (IOF).
O risco de aplicação em CDBs é baixo, pois está associado à solidez do banco.
O investidor só perde a aplicação caso a instituição vá à falência. Porém, o FGC
(Fundo Garantidor de Crédito) garante o valor de até R$ 70 mil por CPF, se a
instituição for associada ao Fundo.
■ Previdência Complementar Privada
Talvez os produtos mais “famosos” na prateleira das rendas sejam os de Previdência
Complementar Privada.
Dentre os produtos de Previdência Complementar Privada, estão o PGBL e
o VGBL. O que são estes produtos e para quem se destinam?
PGBL: a sigla vem de Plano Gerador de Benefício Livre (veja o P de Plano,
é uma boa dica para você não confundir com o outro tipo). As regras do PGBL
são simples na sua essência: trata-se de um plano que visa compor uma reserva
matemática para benefício futuro. Muito parecida com o FAPI, não concorda?
O PGBL é oferecido pela maioria dos grandes bancos, e vai outra dica:
como se trata de um produto que vai vincular você a uma instituição financeira
por muitos anos, é preciso saber com quem você vai “casar”, não é mesmo? Se a
Instituição Financeira entrar em dificuldades, apesar da administração do Plano
ser à parte da própria Instituição (inclusive tem CNPJ diferente), pode ser que o
plano seja “contaminado” pela falta de confiança dos investidores.
No PGBL, as contribuições são individuais, ou seja, cada participante tem
o seu plano. Pode ocorrer do empregador querer pagar o plano como um bene-
fício ao funcionário (seria ótimo, não é verdade?),mas ao dinheiro acumulado
somente o participante pode ter acesso.
Para quem se destina o PGBL?
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Aqui vão dicas importantes:
1. O PGBL é destinado a quem declara IRPF no formulário completo e que
utilizará os pagamentos ao plano para abatimento de Imposto de Renda.
2. Para ter esse benefício, o participante do plano também precisa contri-
buir para a Previdência Oficial.
3. Caso o plano seja para um filho menor, o responsável pode abater os
valores pagos na sua declaração. Importante: somando-se todas as contri-
buições para o PGBL (próprio ou para filhos menores), o teto máximo de
abatimento é de 12% da renda bruta tributável anual. Caso o filho menor
tenha mais de 16 anos de idade, é preciso que este menor também con-
tribua para a Previdência Oficial para poder contar com o benefício do
abatimento de IR. Exemplo: imagine alguém que tenha uma renda bruta
anual de R$ 200.000,00. Este contribuinte poderá abater então até 12%
dessa renda a título de previdência privada, ou seja, R$ 24.000,00 (desde
que, é claro, tenha de fato contribuído para isso; é necessário compro-
vação). Ficaria assim: a base de cálculo do IR passaria de R$ 200.000,00
para R$ 200.000,00 – R$ 24.000,00 = R$ 176.000,00.
4. Em caso de saque antecipado, o valor sacado será tributado (lembre-se
que o Leão não é tão manso assim!) de acordo com a tabela progressiva
do IRPF. Geralmente, os percentuais são elevados, podendo chegar a
27,5% do montante (capital mais juros acumulados).
5. Em caso de recebimento do valor na forma de renda mensal, o valor rece-
bido entrará como rendimento tributável (igualzinho ao FAPI) e deverá ser
somado às outras rendas tributáveis para compor a base de cálculo do IRPF.
Portanto, caro(a) aluno(a), pense bem antes de escolher o plano. Isto porque, se
você não se enquadrar na regra número 1 acima, ou seja, se não declarar no for-
mulário completo (ou declara como isento), ou ainda se já atingiu o teto máximo
de abatimento de 12% a título de Previdência Complementar, mas deseja con-
tribuir além desse teto, o ideal para você é o VGBL.
VGBL: a sigla vem de Vida Gerador de Benefício Livre (preste atenção no
V de Vida). Esta forma de previdência complementar privada guarda todas as
características do PGBL na questão de rendimentos, portabilidade, porém, uma
diferença importantíssima é o tratamento fiscal: ao contrário do PGBL, no VGBL
O MERCADO DE CAPITAIS
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não há benefício fiscal algum. Não se podem abater valores pagos neste plano
(que na verdade é uma forma de seguro de vida) na declaração de IRPF.
Porém, a vantagem é que, caso você necessite resgatar o valor total ou parcial
antes da época prevista para recebimento de benefícios, o Imposto de Renda a ser
cobrado incidirá somente nos rendimentos, como acontece em qualquer outra apli-
cação financeira. Isso é ótimo, caso a pessoa decida investir em outro tipo de ativo
financeiro, como um imóvel, por exemplo, durante o período em que está acumu-
lando esses valores. O resgate não trará nenhum prejuízo em relação a impostos.
Essas são apenas algumas características dos planos PGBL e VGBL. Existem
outras, e eu recomendo entrar nos portais das empresas que oferecem esses produ-
tos e simular alguns planos que estejam dentro de seu perfil de renda e interesse.
Recomende isso também a quem você assessorar.
■ Letras Hipotecárias – LH
São títulos emitidos por instituições financeiras autorizadas a conceder crédi-
tos hipotecários, como as sociedades de crédito imobiliário e bancos múltiplos
com carteira imobiliária e a Caixa Econômica Federal, com lastro em financia-
mentos habitacionais.
São emitidas com juros prefixados, flutuantes e pós-fixados em TR, TJLP
ou TBF no prazo mínimo de 180 dias, pois se resgatados antes desse prazo não
remuneram o investidor. O prazo máximo é o do vencimento dos créditos hipo-
tecários caucionados em garantia.
■ Letras de Crédito Imobiliário – LCI
São títulos de crédito, lastreados por crédito imobiliário garantidos por hipoteca
ou por alienação fiduciária de imóvel.
Características:
■ Títulos de renda fixa.
■ Emissão exclusiva de instituições financeiras autorizadas pelo Banco
Central, com carteira de crédito imobiliário.
■ Emitidas sob forma de certificado ou escritural, obrigatoriamente regis-
tradas na CETIP.
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■ Nominativas, transferíveis e de livre negociação no mercado secundário.
■ O preço unitário de emissão é de R$ 1.000,00 (um mil reais).
■ Garantia do emissor e FGC – Fundo Garantidor de Crédito.
■ Lastro de créditos imobiliários (recebível/imóvel) garantidos por primeira
hipoteca ou alienação fiduciária.
■ A LCI poderá contar com garantia pessoal, tais como aval e fiança, adi-
cional de Instituição Financeira.
■ A LCI não poderá ter prazo de vencimento superior ao prazo de quais-
quer dos créditos imobiliários que lhe servem de lastro.
■ Valor Mínimo
Aplicação Mínima: R$ 50.000,00
Resgate Mínimo: R$ 5.000,00
Fonte: <www.cef.gov.br>. Acesso em: 03 jan. 2012.
DEBÊNTURES
São títulos de dívida de médio e longo prazos emitidos por sociedades anônimas
privadas, que conferem ao investidor (debenturista) um direito de crédito contra
a mesma, de acordo com as características constantes na escritura de emissão.
São negociados em Bolsas de Valores e no Mercado de Balcão.
Normalmente, os recursos captados com o lançamento de debêntures são uti-
lizados para financiamento de projetos, reestruturação de passivos ou aumento
do capital de giro das empresas. Cada debênture emitida representa uma fração
do total da dívida contraída pela companhia no ato da emissão e pode ser nego-
ciada no mercado secundário.
Apesar de terem características de títulos de renda fixa (ou seja, têm índices
de remuneração previamente conhecidos, sejam pré ou pós-fixados), as debên-
tures podem ter características de renda variável, como prêmios, participação no
O MERCADO DE CAPITAIS
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lucro da empresa ou mesmo conversibilidade em ações da companhia emissora.
Quem adquire uma debênture, passa a ser credor da empresa, recebe juros
periódicos pelo “empréstimo” e no vencimento recebe de volta o valor pago pelo
título inicialmente.
As debêntures têm algumas classificações que é importante que você conheça.
Essas classificações são quanto à posse, à espécie e à garantia.
Quanto à posse, as debêntures podem ser:
■ Nominativas, quando consta o nome do titular nos certificados que são
emitidos fisicamente.
■ Escriturais, que são emitidas em meio eletrônico, não existindo a emis-
são física do certificado, embora sejam, mesmo assim, nominativas.
Quanto à espécie, podem ser:
■ Simples, ou seja, não conversíveis, quando conferem ao debenturista um
crédito a ser pago com correção monetária e juros.
■ Conversíveis em ações, quando os debenturistas podem receber seu cré-
dito com correção e juros (como nas simples) ou podem convertê-las em
ações da empresa emissora, passando assim da condição de dono de um
crédito para dono de uma “fração” da empresa, ou seja, passa a ser um sócio.
■ Permutáveis, que são debêntures que possibilitam ao detentor, dentro de
condições prévias definidas na escritura de emissãoda debênture, a permuta
deste papel por ações de outra empresa que não a emissora da debênture.
Quanto à garantia, as debêntures podem ser:
■ Com garantia real, quando a garantia é oferecida por bens integrantes do
ativo da empresa emissora ou de terceiros, vinculados por hipoteca ou
penhor, por exemplo.
■ Com garantia subordinada, quando os debenturistas passam a ter privilégio
sobre os acionistas no ativo remanescente em caso de liquidação da empresa.
■ Com garantia flutuante, quando os credores têm preferência geral sobre
os ativos da empresa, não impedindo, no entanto, a negociação destes
bens que compõem o ativo.
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■ Com garantia quirografária e sem garantia: neste caso, não há nenhuma
garantia ou privilégio sobre o ativo da empresa. O debenturista concorre
em igualdade de condições com todos os credores quirografários em caso
de liquidação, sem nenhum tipo de preferência sobre os demais credores.
Obedecida a legislação, as debêntures podem ser remuneradas das formas a seguir:
■ Taxa de juros prefixada.
■ Taxa Referencial (TR) ou Taxa de Juro de Longo Prazo (TJLP), obser-
vado o prazo mínimo de quatro meses para o vencimento ou período de
repactuação.
■ Taxa Básica Financeira (TBF), se expedida por sociedades de arrendamento
ou pelas companhias hipotecárias, analisado o prazo mínimo de dois meses
para vencimento ou repactuação; ou
■ Taxas flutuantes que sejam calculadas de forma regular, de conhecimento
público e que sejam fundamentadas em operações contratadas a taxas de
mercado prefixadas, com prazo não inferior ao período de reajuste estipu-
lado contratualmente.
■ Como alternativa, é permitida a emissão de debêntures com cláusula de cor-
reção monetária fundada nos coeficientes fixados para correção monetária
de títulos públicos federais, variação da taxa cambial ou índice de preços,
ajustada, para mais ou para menos por taxa fixa.
■ As debêntures com cláusula de correção monetária fundamentadas em
índices de preços devem ter prazo mínimo de um ano para o vencimento
ou repactuação, observando que: o pagamento do valor correspondente à
correção monetária não pode ser inferior a um ano; o pagamento do valor
correspondente à correção monetária só pode ocorrer por meio do venci-
mento ou repactuação; e o pagamento de juros e amortização realizados em
períodos inferiores a um ano devem ter como base de cálculo o valor nomi-
nal das debêntures, sem considerar correção monetária inferior a um ano.
Debêntures não atraem os investidores estrangeiros
Segundo reportagem publicada no Jornal Estado de São Paulo em agosto
de 2013, o Governo Federal deve lançar um Programa de Concessões, que
deverá ser submetido a licitações nos próximos meses, direcionado ao inves-
timento em infraestrutura como construção de rodovias, portos e energia,
que deve atrair investimentos de dezenas de bilhões de reais. No entanto, o
maior desafio está na própria esfera pública, que exibe pouca coordenação
interna e acaba afastando investidores.
Um exemplo da ineficiência do governo é a Lei n.º 12.431/2011, que foi es-
crita com o objetivo de atrair investidores estrangeiros para a infraestrutura.
Segundo esta lei, os investidores estrangeiros poderiam subscrever debên-
tures para financiar 51 projetos de rodovias, ferrovias, hidrelétricas, linhas
de transmissão, energia eólica, nuclear, petróleo e gás e comunicação de
dados em banda larga, que exigem investimentos avaliados pelo Ministério
da Fazenda em mais de R$ 100 bilhões. A lei criou benefícios tributários para
os estrangeiros (isenção do Imposto de Renda sobre o lucro e do IOF sobre
o ingresso dos recursos), mas estes benefícios não foram o suficente para
atrair os investidores, visto que, em dois anos, foram colocados apenas R$
3,4 bilhões em debêntures de infraestrutura, ficando muito aquém dos R$
10 bilhões necessários.
Assim verifica-se que os gestores de recursos externos hesitaram em apli-
car nos papéis incentivados, ainda que os emissores sejam confiáveis. Uma
explicação para este comportamento é grande volatilidade do mercado de
capitais, que provoca a desvalorização de títulos de longo prazo - caso das
debêntures de infraestrutura. Assim, se o investidor quiser se desfazer dos
papéis antes do vencimento, estará sujeito a deságios de até 20%. Além des-
tes fatores, tem-se que o risco cambial aumentou e a taxa de juros brasiliera
incentiva os investimentos em randa fixa.
Fonte: Jornal Estado de São Paulo. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/
impresso,debentures-nao-atraem-os-investidores-estrangeiros-,1064543,0.htm>.
O MERCADO DE CAPITAIS
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Títulos Públicos
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■ COMMERCIAL PAPERS
Os commercial papers são títulos de dívida emitidos por empresas, que podem
ou não ser financeiras, direcionados ao financiamento das necessidades de capi-
tal de giro, como compra de estoques, pagamentos de fornecedores, entre outros.
Possuem um prazo de duração mais curto que o das debêntures e por isto são
mais indicadas para investidores com interesse em aplicações de curto prazo,
sendo o prazo mínimo de um mês e no máximo de um ano.
A rentabilidade destes títulos é por meio dos juros pagos pelas empresas
(emissoras dos títulos) aos investidores, podendo ser préfixados e pós-fixados.
Também há a possibilidade de emissão de commercial papers fixados em dóla-
res. A garantia destes títulos está vinculada à saúde financeira da empresa, tendo
um risco maior para o investidor.
Segundo Borges e Lopes (2001), o commercial paper tem como principal fun-
ção permitir ao setor produtivo a captação de recursos no mercado financeiro
a curto prazo, a juros mais baixos que os bancários, para obtenção de capital de
giro, podendo até mesmo vir a financiar projetos de ampliação, desenvolvimento
de produtos/serviços ou mesmo pagamento de impostos.
TÍTULOS PÚBLICOS
Muitos investidores acreditam que investir em papéis do governo é a melhor
opção quando se trata de segurança. Na verdade, eles têm razão. Pense bem: caso
o governo “quebre”, imagine como estará o restante da economia!
O governo sabe desse desejo dos investidores em possuir seus papéis e tam-
bém tem interesse nesses investimentos de títulos públicos. De acordo com o portal
do Ministério da Fazenda, títulos públicos são ativos de renda fixa e possuem a
finalidade primordial de captar recursos para o financiamento da dívida pública,
bem como para financiar atividades do Governo Federal, como educação, saúde
e infraestrutura. Pois bem, pensando nisso, há algum tempo o governo possibili-
tou investimentos em seus papéis de forma mais simples e acessível a praticamente
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qualquer investidor. Trata-se de um sistema de investimento chamado de Tesouro
Direto. Por meio desse sistema o investidor pode, de forma totalmente informati-
zada, comprar os papéis do governo que mais se adaptam ao perfil do investidor.
VAMOS CONHECER ALGUNS DESSES PAPÉIS?
LTN – Letras do Tesouro Nacional: títulos com rentabilidade definida (taxa fixa)
no momento da compra. Forma de pagamento: no vencimento.
LFT – Letras Financeiras do Tesouro: títulos com rentabilidade diária vin-
culada à taxa de juros básica da economia (taxamédia das operações diárias
com títulos públicos registrados no sistema SELIC ou, simplesmente, taxa Selic).
Forma de pagamento: no vencimento.
NTN-B – Nota do Tesouro Nacional – série B: título com rentabilidade vin-
culada à variação do IPCA, acrescida de juros definidos no momento da compra.
Forma de Pagamento: semestralmente (juros) e no vencimento (principal).
NTN-B Principal – Nota do Tesouro Nacional – série B: título com rentabili-
dade vinculada à variação do IPCA, acrescida de juros definidos no momento da
compra. Não há pagamento de cupom de juros semestral. Forma de Pagamento:
no vencimento.
NTN-F – Notas do Tesouro Nacional – série F: títulos com rentabilidade prefi-
xada, acrescida de juros definidos no momento da compra. Forma de Pagamento:
semestralmente (juros) e no vencimento (principal).
Fonte: <www.tesourodireto.gov.br>. Acesso em: 19 fev. 2019.
E SE VOCÊ QUISER INVESTIR NESTES PAPÉIS, COMO PODERÁ
FAZER ISSO?
No lançamento do programa, bastava apenas R$ 100,00 (cem reais) para você
começar a investir, isso com a comodidade de operar com os papéis sem sair de
casa, pois as transações são feitas diretamente via internet. É possível ao inves-
tidor definir sua estratégia de investimento, se de curto, médio ou longo prazo.
Fundos de Investimento em Renda Fixa
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Além disso, as taxas cobradas são muito inferiores à maioria de papéis de
renda fixa existentes no mercado. O investidor pode ainda, caso necessitar, conver-
ter os papéis em dinheiro por vender a preços de mercado todas as quartas-feiras,
dia em que o Tesouro oferece a recompra a preços de mercado.
Outro benefício é fiscal, pois diferente dos fundos de investimento que possuem
o chamado “come-cotas” (que é a cobrança antecipada de parte do Imposto de Renda
duas vezes por ano), no caso do Tesouro Direto, a cobrança do Imposto de Renda
sobre os rendimentos só é feita no momento da venda ou do vencimento do título.
Podem investir nestes papéis qualquer pessoa residente no Brasil que possua
Cadastro de Pessoa Física – CPF e esteja cadastrada em alguma das Instituições
Financeiras habilitadas a operar no Tesouro Direto.
Vale a pena conhecer essa opção de investimento. O Tesouro Nacional
disponibiliza um portal com informações e regras que o investidor é convi-
dado a acessar. O portal é: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br>.
FUNDOS DE INVESTIMENTO EM RENDA FIXA
Um Fundo de Investimento é uma forma de aplicação financeira formada pela
união de vários investidores que se juntam para a realização de um investimento
financeiro, organizada sob a forma de pessoa jurídica, tal qual um condomínio,
visando a um determinado objetivo ou retorno esperado, dividindo as receitas
geradas e as despesas necessárias para o empreendimento.
Com o objetivo de dar maior transparência ao investidor ao comparar fun-
dos em instituições diferentes, algumas regras foram estabelecidas com respeito,
por exemplo, à nomenclatura do fundo. A denominação do fundo deverá con-
ter a expressão “Fundo de Investimento”, com o acréscimo da referência à classe
do fundo, podendo ter ainda expressões que indiquem o tratamento tributário
específico a que estejam sujeitos o fundo ou seus cotistas.
A administração e a gestão do fundo são realizadas por especialistas con-
tratados. Os administradores tratam dos aspectos jurídicos e legais do fundo, os
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gestores da estratégia de montagem da carteira de ativos do fundo, visando ao
maior lucro possível com o menor nível de risco.
Todo o dinheiro aplicado nos fundos é convertido em cotas, que são distri-
buídas entre os aplicadores ou cotistas, que passam a ser proprietários de partes
da carteira, proporcionais ao capital investido. O valor da cota é atualizado dia-
riamente e o cálculo do saldo do cotista é feito multiplicando o número de cotas
adquiridas pelo valor da cota no dia.
Os principais fundos de renda fixa são:
■ Fundo referenciado DI: aplicam em títulos pós-fixados, como os títulos
da dívida pública referenciados pela taxa DI (taxa dos depósitos inter-
bancários). São indicados para cenários de alta de juros.
■ Fundos de renda fixa: aplicam em títulos pós-fixados e pré-fixados de
dívida pública. Indicados para cenários de queda dos juros.
■ Fundos de renda fixa crédito: aplicam parte dos recursos em títulos de
dívida privada, com juros mais elevados.
■ Fundos de renda fixa multi-índices: aplicam no mercado futuro de índi-
ces de inflação ou de juros.
■ Fundos de renda fixa alavancados: aplicam em derivativos para aumen-
tar a rentabilidade de sua carteira. São indicados para os investidores que
não se importam em correr riscos.
Fonte: <http://www.infomoney.com.br>
RENDA VARIÁVEL
Nos investimentos em renda variável, o investidor não tem como saber, ante-
cipadamente, qual a rentabilidade de seus investimentos, visto que o valor do
principal e o prazo de resgate também poderão variar. No entanto, poderá propor-
cionar um retorno maior para o investidor do que o investimento em renda fixa.
Os investimentos em renda variável normalmente são recomendados para
o longo prazo e para investidores que gostam de assumir risco.
Perfil do Investidor
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O mercado de ações é um exemplo típico de renda variável, pois a remunera-
ção deste tipo de investimento dependerá dos resultados obtidos pela empresa ou
instituição emissora do respectivo título. As formas diversificadas de investimento
em ações são representadas pelos Fundos de Ações e Clubes de Investimento,
que serão estudados com maior profundidade na próxima Unidade.
PERFIL DO INVESTIDOR
Qualquer decisão de investimento financeiro começa com um simples exercício
de planejamento e autoconhecimento.
Que tipo de investidor eu sou?
Quanto eu pretendo investir periodicamente?
Quanto eu posso investir periodicamente?
Quais os meus objetivos atuais e planos futuros?
Para cada objetivo, reserve uma fatia do dinheiro poupado e calcule em quanto
tempo precisará de cada fração deste dinheiro. Esta conta é fundamental para
definir um ou mais produtos de investimentos segundo seus objetivos.
Para definir o seu perfil de investidor, o mais importante é considerar sua
tolerância ao risco. Existem pessoas que estão dispostas a tomar maiores riscos
Importante!
Não é possível ter tudo em um único Investimento: Liquidez, Rentabilida-
de e Segurança.
Por que se pode dizer que aplicações em CDB são conservadoras? Por que o
brasileiro prefere aplicar em Caderneta de Poupança?
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do que outras e, portanto, tendem a aguentar melhor as flutuações do mercado.
Assim, existem três perfis básicos de investidores: conservadores, modera-
dos e dinâmicos (ou agressivos).
Os investidores conservadores preferem investimentos de curto prazo e de
renda fixa; os investidores moderados diversificam sua carteira de investimento
em renda fixa e variável e os investidores agressivos possuem grande parte de
sua carteira aplicada em renda variável.
Sua estratégia de investimentos é seu plano para diversificar de forma efi-
ciente os seus investimentos e, assim, atingir as suas metas de forma planejada.
Seja realista consigo mesmo(a) e formule uma estratégia que possadeixar você
seguro(a). Lembre-se também de suas metas, o prazo que seus recursos podem
permanecer aplicados e de outros fatores importantes.
Seu perfil de investidor e a sua estratégia podem mudar com o tempo e com
as suas necessidades. Reveja esses fatores ao longo do tempo e especialmente
quando tiver alguma grande mudança na sua vida, como um aumento no seu
salário ou o nascimento de um filho.
Diante disto, que tipo de investidor você é?
Vale a pena você conhecer o site da Bovespa. Além das informações de mer-
cado que interessam muito aos investidores, você encontrará dicas sobre
educação financeira, cursos rápidos sobre o mercado financeiro e outros co-
nhecimentos que podem ser valiosos no seu dia a dia.
Acesse o link: <www.bovespa.com.br>.
Considerações Finais
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta unidade foi muito interessante, pois nos mostrou um universo todo de pos-
sibilidades de investimentos. As opções, de fato, são muitas. Qual delas mais te
interessou? Em qual você já aplicou algum recurso?
A maioria, de início, vai para aplicações mais conservadoras, como a
poupança. É natural, até pela tradição de segurança e pela facilidade de opera-
cionalização deste investimento. Mas quando a pessoa descobre a possibilidade de
obter uma rentabilidade maior em outros investimentos, passa a aplicar também
em fundos de investimento e alguns, um pouco mais “arrojados”, experimentam
investimentos no mercado de ações.
É importante, como você deve ter percebido ao longo da Unidade, que
você entenda que há um investimento certo para cada tipo de investidor. Esta
característica do investidor – do conservador ao arrojado – deve ser analisada.
Costumo sempre dizer aos meus alunos que uma boa maneira de analisar o perfil
do cliente é conhecer o seu próprio perfil. Assim, é possível que o investimento
adequado seja o escolhido.
Uma observação muito importante: o mercado é extremamente dinâmico.
As regras também mudam com muita rapidez. É necessário, portanto, que você
acompanhe estes movimentos. Fique atento(a) a qualquer decisão do governo
que possa afetar o humor dos investidores. Antecipe-se a esses movimentos com
informações adequadas.
Só assim você, de fato, estará prestando uma consultoria de qualidade aos
seus clientes.
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1. Busque encontrar quais as remunerações para o aplicador que investir em CDBs.
Existe alguma diferença de rentabilidade por volume de dinheiro aplicado?
2. Pesquise se existe diferença de rentabilidade entre investimento em caderneta
de poupança e entre as diversas instituições financeiras que operam com esse
produto.
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Professora Me. Juliana Franco
Professor Me. Paulo Pardo
FUNCIONAMENTO DO
MERCADO DE AÇÕES
Objetivos de Aprendizagem
■ Conhecer o dinâmico mercado de ações e sua composição.
■ Entender as vantagens de ser um investidor em ações.
■ Compreender a forma de negociação de ações.
■ Ter noções dos principais índices do mercado de ações.
■ Conhecer as principais ferramentas de análise do mercado de ações.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ As ações, seus tipos e como mensurar o valor de uma ação
■ Como as empresas podem recomprar ações lançadas em mercado
■ Formas de Negociação de Ações e custos de negociação
■ Índices do mercado de ações
■ Risco e Retorno no Mercado de Ações
■ Aluguel de ações
■ Ferramentas de análise no mercado de ações: Análise
Fundamentalista e Técnica
INTRODUÇÃO
Você finalmente conseguiu economizar algum dinheiro e pretende ser um pouco
mais arrojado, investindo em ações. O que você deve saber sobre esse impor-
tante, interessante e muitas vezes muito recompensador mercado?
Em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, o investimento em ações
faz parte do cotidiano das famílias, clubes de investimento da terceira idade e de
parcela importante do empresariado norte-americano.
No Brasil, nos últimos anos, desmistificou-se o investimento em ações para
o público em geral, graças ao maior esclarecimento e divulgação nesse tipo de
ativo financeiro.
Nossa realidade ainda está distante dos países desenvolvidos no que diz
respeito ao aplicador mediano, mas o volume negociado em Bolsa de Valores
aumenta significativamente a cada ano que passa. O investidor comum passou
a enxergar a Bolsa como uma excelente oportunidade de ganhos e, apesar de ter
noção de que se trata de um investimento de risco mais elevado, as possibilida-
des de retorno vêm na mesma proporção.
O excelente trabalho realizado pela Bovespa em aproximar mais o seu fun-
cionamento da sociedade tem contribuído decisivamente para isso. A Bovespa
é a maior Bolsa de Valores da América Latina, tendo um nível de eficiência e
automatização em níveis de Primeiro Mundo.
Essa “descoberta” das ações tem um efeito importante na economia nacio-
nal, pois o lançamento de ações no mercado primário e sua posterior procura
no mercado secundário tem sido uma fonte de financiamento valiosa para as
empresas que buscam a expansão.
Conhecer esse mercado e suas nuances pode ser um grande diferencial na
formação de um profissional do ramo financeiro.
Introdução
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FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE AÇÕES
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AS AÇÕES
Uma ação representa a menor parcela do capital social de uma sociedade por
ações, se configurando em uma Renda Variável.
As ações são títulos de propriedade de uma parte do capital social da empresa
que as emitiu. O acionista é um dos “donos” da empresa, proporcionalmente ao
número de ações que possui. As ações são títulos de participação negociáveis, que
conferem ao seu possuidor o direito de participação nos resultados da empresa.
O quadro abaixo apresenta as principais características das ações:
PARA O INVESTIDOR PARA A INSTITUIÇÃO EMISSORA
O retorno não é previamente definido, mas potencialmente alto. É um título patrimonial.
Não há obrigatoriedade do retorno do capital e/ou pagamento de
dividendos.
Não representa uma obrigação
perante terceiros.
O investidor torna-se acionista da empresa.
Quadro 3: Características das ações
Fonte: Pinheiro (2006)
A forma mais segura de conseguir bons retornos no investimento em ações é
comprar papéis de empresas bem gerenciadas, que apresentem em suas demons-
trações financeiras lucros sólidos e crescentes. Uma empresa com este histórico
terá sempre demanda por suas ações, e assim tendem a ser negociadas em grande
quantidade, ocasionando preços crescentes.
No entanto, o mercado de ações é vulnerável à especulação financeira, e
uma empresa com este histórico pode ter as suas ações desvalorizadas na bolsa,
decorrente de uma crise financeira internacional, como a que ocorreu em 2008
nos EUA, que levou os investidores internacionais a venderem seus ativos para
resgatar o dinheiro aplicado, com o objetivo de se preparar para a crise. Mas o
investidor não deve vender seus papéis num momento de volatilidade, pois no
longo prazo a valorização acontecerá.
Na BM&FBOVESPA (B3) são negociados ativos de aproximadamente 600
empresas de diferentes segmentos e setores da economia, como: Petrobrás, Vale
do Rio Doce, Natura, Gerdau, Ambev, Itaú, Unibanco, Eletrobrás, Brasil Foods,
Localiza, Braskem, entre outras.
As Ações
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TIPOS DE AÇÕES
Quanto à forma de emissão, as ações podem ser classificadas como:
■ Nominativas (N) – quando são emitidas sob a forma física de cautelas ou
certificados, que comprovam a existência e a posse de certa quantidade
especificada de ações.
■ Escriturais (E) – quando são emitidas sob a forma de registro eletrônico,
no qual os valores são lançados a débito ou a crédito dos acionistas, não
havendo movimentação física de documentos. Nesse caso, o controle fica
a cargo de uma instituição depositária.
Quanto à espécie, classificam-se como:
■ Ordinárias (ON) – proporcionam participação nos resultados da empresa
e conferem ao acionista o direito a voto nas assembleias gerais. O que torna
as ações ordinárias mais interessantes para o investidor é o tag along. A
lei das Sociedades Anônimas determina que todo acionista com ações
ON tenha o direito de participar do Prêmio de Controle, onde o acio-
nista possui o direito de receber por suas ações no mínimo 80% do valor
pago para o controlador no caso de venda da empresa. A principal exi-
gência para as empresas que queiram trabalhar com ações do tipo ON é
de que o capital social da empresa seja composto somente por ações ON
(XP EDUCAÇÃO, 2011).
■ Preferenciais (PN) – garantem ao acionista a prioridade na distribuição de
dividendos, geralmente com percentual mais elevado do que o das ações
ordinárias, isto porque a legislação estabelece dividendo mínimo obrigatório
(25% do lucro) para as ações PNs, e se a empresa não pagar dividendos por
três anos consecutivos, as ações PNs adquirem direito de voto. No Brasil, estas
ações são as que possuem maior liquidez, porque a legislação permite que as
empresas possam emiti-las sem precisar ter sócios com direito de voto, não
correndo o risco de perder o controle da empresa (XP EDUCAÇÃO, 2011).
Exemplo: caso a empresa apresente um lucro pequeno e não puder pagar divi-
dendos para todas as ações, as preferenciais recebem primeiro esse direito. O
restante será destinado às ordinárias.
FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE AÇÕES
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rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E96
O Quadro abaixo apresenta uma síntese dos tipos de ações:
Ações Nominativas = N Emitidas sob a forma de Cautelas ou Certificados
Ações Escriturais = E Emitidas sob a forma eletrônica (sem emissão física)
Ações Ordinárias = ON Com direito a voto
Ações Preferenciais = PN Com preferência na distribuição dos resultados
Quadro 4: Tipos de Ações
Fonte: elaborado pelo autor
IDENTIFICAÇÃO DAS AÇÕES
As ações são apresentadas por um código composto por 4 letras que identifi-
cam a empresa, e um número que identifica o tipo de ação a qual nos referimos.
a. Ações Ordinárias (ON)
Seu código de negociação é formado por quatro letras (empresa) mais o número 3.
Ex.: PETR3, VALE3, TOTS3 etc.
b. Ações preferenciais (PN)
Seu código de negociação inclui os números 4.
Ex.: PETR4.
c. Ações preferenciais diferenciadas por classe (PNA e PNB)
As empresas podem emitir diferentes classes de ações preferenciais, cada uma cor-
respondendo a características diferentes como valores diferenciados de dividendos.
A identificação “A” ou “B” após o PN identifica a série de lançamento da
ação: Preferencial série A, Preferencial série B e o número 5 e 6 após as quatro
letras do código do ativo demonstra se a ação é da série A e B.
Ex.: VALE5 (PNA), ELET6 (PNB).
d. Units
As Ações
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Units são “pacotes” de ações, contendo tanto ações ordinárias quanto preferen-
ciais, sendo assim compostos por mais de uma classe de valores mobiliários.
São negociadas no mercado como uma unidade (pacote fechado) e seu código
de negociação inclui o número 11. O quadro abaixo apresenta a composição
das Units.
NOME DO PREGÃO CÓDIGO COMPOSIÇÃO
ABRIL EDUCA ABRE11 1 ação ON + 2 ações PN
ENERGISA ENGI11 1 ação ON + 4 ações PN
KROTON KROT11 1 ação ON + 6 ações PN
RENOVA RNEW11 1 ação ON + 2 ações PN
SANTANDER BR SANB11 55 ações ON + 50 ações PN
SANTOS BRP STBP11 1 ação ON + 4 ações PN
SEB SEBB11 1 ação ON + 6 ações PN
SUL AMERICA SULA11 1 ação ON + 2 ações PN
TERNA PART TRNA11 1 ação ON + 2 ações PN
Quadro 5: Composição das Units negociadas na BM&FBOVESPA
Fonte: BM&FBOVESTA (2013)
É importante observar no quadro acima que todas as empresas possuem ações
ON, sendo sua quantidade inferior às PN. Isto se explica pelo fato de as ações
ON darem direito a voto, e por isto estão concentradas nas mãos do controla-
dor, tendo assim menor liquidez que as ações PN.
e. BDRs – Brazilian Depositary Receipts
Ações de empresas estrangeiras listadas na bolsa brasileira (cód. 11).
Estão sujeitas à legislação societária dos países de origem.
f. Recibo de Carteira de Ações – RCA
É um recibo representativo de uma carteira de ações, cujas quantidades são per-
feitamente fixadas e conhecidas quando de sua constituição.
FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE AÇÕES
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rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E98
Uma vez constituídos, os recibos são negociados na BOVESPA como se
fossem um título qualquer, com seu valor sendo determinado pelo mercado. A
principal característica do RCA é que ele permite que o investidor compre ou
venda um conjunto de ações por meio de uma única operação.
g. Ações diferenciadas por Níveis:
■ Ações de primeira linha: são ações de empresas tradicionais, de grande
porte e excelente governança corporativa, com o preço de suas ações
valorizadas no mercado. Assim, são ações de alta liquidez e procura no
mercado pelos investidores.
■ Ações de segunda linha: são ações de empresas que apresentam boa
saúde financeira e reputação no mercado, podem ser empresas de grande
e médio porte, tradicionais ou não e que possuem menor liquidez que as
ações de primeira linha. O preço destas ações são mais baixos que os de
primeira linha e são sensíveis aos movimentos de baixa do mercado, ou
seja, o seu preço cai antes das ações de primeira linha e sobem posterior-
mente à alta dos preços da mesma.
■ Ações de terceira linha: são ações de empresas de médio e pequeno porte,
cuja negociação caracteriza-se pela descontinuidade. Por isto se configu-
ram em ações de baixa liquidez.
■ Ações de privatização: são ações de empresas que estão em processo de
privatização, sendo vendidas por meio de leilões. No entanto, podem ter
suas ações negociadas em Bolsa de Valores antes mesmo do processo de
privatização ter sido completado.
FORMA DE NEGOCIAÇÃO DAS AÇÕES
O mercado de ações pode ser dividido em dois segmentos:
Mercado primário: quando as ações de uma empresa são emitidas direta-
mente ou mediante uma oferta pública.
Mercado secundário: as ações já emitidas são comercializadas por meio
das Bolsas de Valores. As empresas não se envolvem nessa etapa. Os negócios
Lote Padrão das Ações
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no pregão das Bolsas são feitos entre antigos e novos acionistas da empresa. O
mercado de bolsa é chamado de mercado secundário.
LOTE PADRÃO DAS AÇÕES
Ao buscar a cotação de ações numa seção de economia num jornal, muitas vezes
você pode se deparar com cotações que não se referem ao valor de uma ação
individual, mas sim de um lote de ações.Um lote de ações é uma certa quantidade de ações que possuem caracterís-
ticas idênticas, considerada ideal para negociação.
São as Bolsas de Valores que definem o lote padrão. Na Bovespa, por exem-
plo, você não consegue negociar ações abaixo de um lote padrão.
Imagine que você queira dar uma ordem de compra ou venda de uma ação
de uma empresa qualquer, cujo lote padrão é de 100 (ou seja, este lote é com-
posto de 100 ações individuais dessa empresa). Sua ordem de compra (ou venda)
deve ser de 100, 200, 300, e assim por diante. Uma ordem de 50, 230, ou qualquer
outra quantidade diferente de um lote padrão é considerada inválida.
Na BM&FBovespa (B3), a maioria dos lotes padrão é de 100 ações por lote,
veja alguns exemplos no quadro abaixo:
NOME DO
PREGÃO DENOMINAÇÃO SOCIAL CÓD.
LOTE DE
NEGOCIAÇÃO
FORMA
DE
COTAÇÃO
MG POLIEST M.G. Poliester S.A. RHDS 1.000 unitária
M. DIASBRAN-
CO
M. Dias Branco S.A. Ind. Com. de
Alimentos
MDIA 100 unitária
MAGAZ LUIZA Magazine Luiza S.A. MGLU 100 unitária
MAGNESITA SA Magnesita Refratários S.A. MAGG 100 unitária
MANGELS INDL Mangels Industrial S.A. MGEL 100 unitária
MAORI Maori S.A. MAOR 100 unitária
FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE AÇÕES
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E100
NOME DO
PREGÃO
DENOMINAÇÃO SOCIAL CÓD.
LOTE DE
NEGOCIAÇÃO
FORMA
DE
COTAÇÃO
MARCOPOLO Marcopolo S.A. POMO 100 unitária
MARGFRIG Marfrig Alimentos S.A. MRFG 100 unitária
MASTERCARD Mastercard Incorporated MSCD 100 unitária
MCDONALDS Mc Donalds Corp. MCDC 100 unitária
MELHOR SP Cia. Melhoramentos de São Paulo MSPA 100 unitária
MENDES JR Mendes Jr. Engenharia S.A. MEND 100 unitária
MENEZES CORT
Terminal Garagem Menezes Cortes
S.A.
MNZC 1.000 unitária
MERC BRASIL Bco. Mercantil do Brasil S.A. BMEB 100 unitária
MERC FINANC Mercantil Brasil Financ. S.A. C.F.I. MERC 100 unitária
MERC INVEST Bco. Mercantil de Investimentos S.A. BMIN 1.000 unitária
MERCK Merck Co., Inc. MRCK 100 unitária
MET DUQUE Metalúrgica Duque S.A. DUQE 100 unitária
METAL IGUACU Metalgráfica Iguaçu S.A. MTIG 100 unitária
METAL LEVE Wahle-Metal Leve S.A. LEVE 100 unitária
Quadro 6: Lote Padrão de Ações Comercializadas na BM&FBovespa
Fonte: BM&FBovespa (2013)
O objetivo em se estabelecer um lote padrão é facilitar os negócios com os ati-
vos e, assim, dar mais liquidez a esse ativo e assegurar uma maior estabilidade
no preço da ação. Quando se vende ou compra um ou mais lotes, se deter-
mina o preço de negociação daquela quantidade de lotes, ou seja, todas as suas
ações serão negociadas pelo mesmo preço. Sendo assim, se uma pessoa colocar
10 lotes de uma ação que tem lote padrão de 100 ações a venda, ou seja, 1000
ações, pelo valor de R$ 10,00 por ação, ela sabe que ao final da negociação rece-
berá R$ 10.000.
O mecanismo de compra e venda por lote padrão pode, num primeiro
momento, parecer um impeditivo para um pequeno investidor, pois um único
lote padrão pode ter um valor de mercado acima de sua capacidade financeira.
Mas, para não impedir o acesso aos pequenos investidores, a Bovespa tem um
mecanismo que permite a comercialização de ações individuais. Com este meca-
nismo, o investidor pode comprar qualquer quantidade de ações até o máximo
do lote padrão. Este mecanismo chama-se mercado fracionário.
Lote Padrão das Ações
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MAS COMO FUNCIONA ESTE MERCADO?
As empresas com ações negociadas na bolsa possuem seu lote padrão pré-esta-
belecido. Para as empresas cujo lote padrão é de 100 ações no mercado principal,
ela negocia apenas 1 ação no mercado fracionário. No entanto, vimos que exis-
tem empresas que são negociadas com lotes padrão maiores, como por exemplo:
1.000 ações, 10.000 ações, 100.000 ações etc.
Como sabemos que as ações são negociadas por meio de códigos, no mer-
cado fracionário não podia ser diferente: o código das ações são seguidos pela
letra “F” no final. Veja um exemplo:
PETR4F = Código para a ação preferencial da Petrobrás no mercado fra-
cionário, com mínimo de uma ação e máximo de 99 ações.
O pequeno investidor, ao atuar no mercado fracionário, tem como vantagem
o baixo custo das transações, no caso de ser cliente de uma corretora. Suponha
que você queira comprar 180 ações de uma empresa que possui um lote padrão
de 100 ações e que as taxas de corretagem, cobradas pela sua corretora, são:
Ordens executadas no mercado principal: R$ 20,00
Ordens executadas no mercado fracionário: R$ 10,00
O investidor pode então comprar as suas ações no mercado fracionário e se
beneficiar da menor taxa de corretagem ao fazer duas compras de 90 ações gas-
tando R$ 10,00 em cada compra, tendo um custo de R$ 20,00, menor do que se
ele fizesse uma compra de 100 ações no mercado principal pagando R$ 20,00 de
corretagem e outra compra no mercado fracionário (80 ações) pagando R$ 10,
gasto, assim, um total de R$ 30,00.
Pode parecer pouca coisa, mas imagine isso multiplicado por vários meses
ou até por vários anos de compras sucessivas. A mensagem aqui é que se deve
dar valor ao dinheiro e fazer o possível para tirar vantagem, mesmo que pequena,
sempre que for possível. No longo prazo, esse tipo de economia poderá fazer
diferença a seu favor.
FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE AÇÕES
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IIIU N I D A D E102
O VALOR DAS AÇÕES
É o preço pelo qual a ação é negociada nas Bolsas de Valores ou no mercado de
balcão organizado.
Mas há diferentes conceitos sobre o valor de uma ação, conforme segue:
Valor nominal: é mencionado no estatuto social da empresa, determina o
valor de uma ação representativa de seu capital, sendo o valor impresso na ação.
É comum as companhias não atribuírem valor nominal as suas ações. Quando
isto acontece, considera-se informalmente que a ação possui valor nominal implí-
cito, sendo o valor do capital social dividido pela quantidade de ações emitidas.
É importante ressaltar que o valor nominal é uma medida puramente contábil.
Valor patrimonial: valor global do patrimônio líquido do exercício consi-
derado, dividido pelo número de ações emitidas. Pode servir como referência
para o exercício de direitos do acionista.
Valor contábil: valor lançado no estatuto e nos livros da companhia. Pode
ser explícito (valor nominal e preço de emissão) ou indiscriminado (sem valor).
Se explícito, pode servir de referencial para o exercício de direitos do acionista.
Valor de liquidação: valor avaliado em caso de encerramento das ativida-
des da companhia. Assume que todos os ativos da empresa sejam avaliados com
uma ótica de liquidação, e em todos os recursos obtidos com a venda será des-
contado o valor das obrigações das empresas com seus credores.
Valor intrínseco: valor real avaliado no processo de análise fundamentalista.
Representa o quanto realmente vale o papel, considerando a capacidade futura
da empresa de gerar lucros. O valor intrínseco das ações depende do desempe-
nho da economia nacional e mundial.
Valor de subscrição: preço de emissão fixado em subscrições para aumento
de capital (não pode ser inferior ao valor nominal contábil). É o valor que paga-
mos para comprar uma ação no ato uma oferta pública.
Valor de mercado: é o valor que os compradores estão aceitando pagar e os
vendedores estão aceitando receber em mercados organizados.
A cotação de uma empresa não guarda coincidência com seu valor nomi-
nal, contábil ou de liquidação. Muitas vezes, o preço das ações não tem nenhuma
relação com o desempenho da empresa.
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Uma máxima de mercado é a seguinte: Uma ação vale hoje o que o mercado
está disposto a pagar por ela.
REMUNERAÇÃO DOS ACIONISTAS E SEUS DIREITOS
POR QUE COMPRAR AÇÕES?
As ações têm rendimentos e resultados distribuídos pela própria companhia,
ou seja, benefícios propiciados aos seus acionistas, sob a forma de proventos
(dividendos, bonificações) ou de direito de preferência na aquisição de ações
(subscrição); e outros decorrentes dos movimentos de preços dos mercados
organizados (PINHEIRO, 2006).
A principal forma de remuneração do acionista se dá por meio da valorização
da cotação das suas ações, cujo preço é determinado diariamente, no mercado de
Bolsa de Valores, decorrente das pressões de oferta e demanda de ações. Mas além
do aumento do valor do preço das ações, o investidor pode aumentar o seu patri-
mônio por meio do recebimento de Dividendos e dos Juros sobre o Capital Próprio.
■ Dividendos: trata-se da distribuição de parte dos lucros de uma empresa,
em moeda, aos seus acionistas. A lei determina que, no mínimo, 25%
do lucro líquido do exercício devem ser distribuídos aos acionistas. A
Assembleia Geral Ordinária é quem determina a parcela de lucro a ser dis-
tribuída sob a forma de dividendo. O montante a ser distribuído deverá ser
dividido pelo número de ações emitidas pela empresa, de forma a garan-
tir a proporcionalidade da distribuição. Veja o exemplo na Tabela abaixo:
Importante!
Desde 1996, os acionistas estão isentos do IR de 15% na fonte sobre o valor re-
cebido em forma de dividendos, ampliando, assim, a rentabilidade das ações.
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IIIU N I D A D E104
DISTRIBUIÇÃO DE DIVIDENDOS
EMPRESA ABCD3
Lucro Líquido 2012 R$ 10 milhões
% de distribuição do lucro (25% a.a.) R$ 2,5 milhões
Número de ações no mercado 2,5 milhões
Dividendo por ação R$ 1,00
Cotação por ação R$ 50,00
Rendimento do Dividendo 2%
Tabela 1: Exemplo de distribuição de Dividendos
Fonte: XP-Educação (2011)
■ Juros Sobre o Capital Próprio: consiste na remuneração sobre o capital
investido na empresa paga ao acionista, podendo substituir total ou parcial-
mente o dividendo. Por meio deste instrumento, a empresa está autorizada
a remunerar o capital do acionista até o valor da TJLP, sendo este valor
considerado como despesa pela empresa, o que reduz a base do lucro tri-
butável, configurando como incentivo fiscal (reduz o pagamento de IR e
CSLL). Para o acionista, a diferença é que ele deverá pagar 15% de imposto
de renda na fonte, tendo assim que ficar atento se o valor anunciado é o
bruto ou líquido. Abaixo está apresentado um exemplo real de como um
acionista ganhou nas a ações do Bradesco PN no período de 2002 a 2010:
REMUNERAÇÃO DOS ACIONISTAS
Como o acionista ganha?
Valorização da cotação
Dividendos + Juros Recebidos
Cálculo da Rentabilidade/Retorno do Investimento:
Retorno = 1 x100
preço atual da ação + Dividendos Recebidos
Preço inicial da ação
Retorno = 1 x100
R$ 33,80 +R$ 19,46
R$ 5,14
Ganho total no período de: 936%
Fonte: XP Educação (2011)
Remuneração dos Acionistas e seus Direitos
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Assim, podemos constatar que a valorização do ativo foi alta, mas os dividen-
dos recebidos também o foram; juntos, geraram uma expressiva rentabilidade
no longo prazo.
Neste outro quadro abaixo, você pode comparar a valorização de ações com
outros tipos de investimento:
INVESTIMENTO RENTABILIDADE NOMINAL
VALL5 248,02%
Ibovespa (fundo passivo*) 160,37%
CDI** 94% (aprox.)
Poupança 50,25%
Dólar -35,93%
Quadro 7: Comparação da valorização das ações da Vale com outros tipos de investimento
Fonte: INI – Instituto Nacional de Investidores: Gráfico Comparativo
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IIIU N I D A D E106
EVENTOS SOBRE AS AÇÕES
■ Desdobramento ou Split
Distribuição gratuita de novas ações aos acionistas, pela diluição do capital em
um maior número de ações, sem alterar o capital social da empresa, com o obje-
tivo de dar liquidez aos títulos no mercado.
Exemplo: vamos supor que ao longo do tempo, uma ação se valorizou alcan-
çando o valor de mercado de R$ 100,00. Para o investidor comprar um lote
composto por 100 ações, ele terá que investir R$ 10.000,00. Considerando que
o pequeno investidor não tenha este valor para investir, a empresa pode decidir
dividir cada uma das suas ações em 10. Deste modo, o investidor que comprou
um lote de ações permanece com o mesmo valor total investido, mas ele passa
a possuir 1000 ações ao invés de 100, tendo agora 10 lotes de ações, tendo cada
lote um valor de mercado de R$ 1.000,00.
■ Agrupamento ou Inplit
Consiste na redução da quantidade de ações em circulação, sem alterar o capi-
tal social da empresa, com consequente aumento do valor de mercado da ação
com o objetivo, entre outros, de valorizar sua imagem no mercado.
Exemplo: vamos supor que uma determinada ação tenha um valor de mer-
cado de R$ 1,00. A empresa, para aumentar o valor da ação, pode decidir agrupar
as ações na proporção de 10 para 1. Feito isto, o investidor que tinha 100 ações
agora passa a ter 10 ações, mas com o valor unitário de R$ 10,00 e o mesmo capi-
tal inicial de R$ 100,00.
DIREITO DOS ACIONISTAS
Além dos já citados acima, os acionistas ainda possuem outros direitos:
■ Subscrição
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Representa um direito dado aos acionistas para que eles adquiram novas ações
por aumento de capital, com preço e prazos pré-determinados. Ela surge como
um benefício ao acionista caso o preço de subscrição seja inferior ao preço de
mercado, se comportando como uma espécie de desconto.
BONIFICAÇÃO
Distribuição gratuita de novas ações aos acionistas, em função do aumento do
capital por incorporação de reservas, lucros em suspenso ou reavaliação de ati-
vos, sendo sempre proporcionais às ações já possuídas.
■ Direito de recompra de ações pelo acionista controlador
A operação de recompra pelo acionista controlador, de acordo com Fortuna
(2007), aumenta o poder do controlador, pois intensifica sua participação no
capital da empresa por ele controlada. Após a recompra, o controlador terá duas
opções: revendê-las mais tarde por um preço maior ou manter as ações recom-
pradas em tesouraria. Outra vantagem na recompra é a economia proporcionada
pelo não pagamento de dividendos sobre a parcela recomprada, permanecendo
os recursos no caixa da empresa.
As operações de recompra foram normatizadas mediante as Instruções CVM
010, 268 e 390, respectivamente de 14/02/1980, 13/11/97 e 08/07/2003, que esta-
belecem regras sobre a aquisição por companhias abertas de ações de sua própria
emissão, para cancelamento ou permanência em tesouraria para posterior alie-
nação. As empresas, por norma, podem recomprar até 10% das ações (por tipo
de ação), descontadas aquelas em mãos do acionista controlador. Até este limite,
as companhias não precisam de autorização da CVM, ficando a decisão a cargo
de uma deliberação dos seus conselhos de administração. Oprazo-limite para
recompra é de 365 dias.
FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE AÇÕES
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IIIU N I D A D E108
ÍNDICES DE AÇÕES
Os índices de ações funcionam como ponto de referência (benchmark) para
medir determinado mercado. Possuem basicamente três objetivos: demonstrar
a variação de preços do mercado, oferecer um parâmetro para a avaliação da
performance dos portfólios e servir como instrumento de negociação no mer-
cado futuro.
A movimentação do mercado de ações é medida por uma variedade
de índices. Segundo Pinheiro (2006), a Bovespa coleta, organiza e divulga
uma série de informações sobre as negociações de índices realizadas em
cada pregão.
Entre os principais índices divulgados pela Bovespa, estão:
■ Índice Brasil (IBrX):
Mede o retorno de uma carteira de ações integrada pelas 100 ações mais negociadas.
■ IBrX 50:
Igual ao anterior, com a diferença de que mede apenas as 50 ações mais negociadas.
■ Índice de Energia Elétrica (IEE):
É um índice setorial, que mede o desempenho das ações do setor elétrico.
■ Índice Setorial de Telecomunicações (ITEL):
Também setorial, mede o desempenho das ações das empresas do setor de
telecomunicações.
■ Índice Valor Bovespa (IVBX-2):
Índice que mede o retorno de uma carteira hipotética construída exclusivamente
com ações de empresas de excelente conceito perante os investidores, classifi-
cadas a partir da 11ª posição, tanto em termos de valor de mercado como de
liquidez de suas ações.
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A tabela a seguir apresenta os principais índices negociados na BM&FBovespa.
ÍNDICE DE AÇÕES DO MERCADO BRASILEIRO:
• Índice Bovespa - Ibovespa
• Índice Brasil 50 - IBrX-50
• Índice Brasil -IBrX
• Índice Brasil Amplo - IBrA
• Índice Mid-Large Cap - MLCX
• Índice Small Cap - SMLL
• Índice de Sustentabilidade Empresarial - ISE
• Índice Carbono Eficiente - ICO2
• Índice Setorial de Telecomunicações - ITEL
• Índice de Energia Elétrica - IEE
• Índice do Setor Industrial - INDX
• Índice de Consumo - ICON
• Índice Imobiliário - IMOB
• Índice Financeiro - IFNC
• Índice de Materiais Básicos - IMAT
• Índice de Utilidade Pública - UTIL
• Índice de Valor BM&FBOVESPA - IVBX-2
• Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada - IGC
• Índice de Governança Corporativa Trade - IGCT
• Índice de Ações com Tag Along Diferenciado - ITAG
• Índice de Dividendos - IDIV
Tabela 2: Principais Índices de ações do mercado Brasileiro
Fonte: BM&FBovespa (2013)
ÍNDICES BOVESPA
O Ibovespa é um índice que mede o valor atual em moeda do país de uma carteira
teórica de ações a partir de uma aplicação hipotética, procurando aproximar-se
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IIIU N I D A D E110
da configuração real das negociações à vista, em lote padrão, na Bolsa de Valores
de São Paulo.
A carteira do Ibovespa é atualizada a cada quatro meses, utilizando como
parâmetro principalmente a liquidez das ações. Assim, o mercado acaba fazendo
uma depuração natural do índice, pois as ações mais procuradas acabam por
fazer crescer sua participação no Ibovespa ao passo que diminui a participação
daquelas com menor potencial de lucros.
Por ser o mercado brasileiro muito concentrado em poucas ações (de oito a
dez ações representam 50% do volume negociado no mercado), o índice possui
alto grau de concentração em sua composição. O índice é composto de acordo
com os três critérios abaixo (XP-EDUCAÇÃO, 2011):
■ Papéis que alcançam 80% de participação acumulada em número de negó-
cios e volume financeiro nos últimos 12 meses.
■ Papéis que tiveram presença em pelo menos 80% das sessões de pregão
desse período.
■ Nenhuma ação pode pertencer ao índice se sua negociação for inferior a
0,1% do volume total de negócios.
ÍNDICES DE AÇÕES COM GOVERNANÇA CORPORATIVA
DIFERENCIADA (IGC)
Índice que mede uma carteira teórica composta por ações de empresas que apre-
sentam bons níveis de governança corporativa.
NÍVEIS DA BOVESPA
Neste ponto, vamos abordar algo que interessa muito aos investidores. São os
chamados níveis da Bovespa.
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Quando falamos anteriormente sobre o IGC – Índice de Ações com Governança
Corporativa Diferenciada da Bovespa, estamos na verdade fazendo diferencia-
ções entre as empresas que têm suas ações comercializadas na Bolsa. O mercado,
então, classifica essas empresas de acordo com suas práticas de governança cor-
porativa e estabelece mercados diferenciados para comercialização de suas ações.
Isso significa padrões e regras de gestão societária estabelecidos em
Regulamento da Bovespa, que objetivam oferecer aos acionistas da companhia
registrada na BOVESPA informações e direitos adicionais aos estabelecidos na
Lei de Sociedades por Ações e demais normas vigentes.
As empresas com melhores práticas de governança recebem selos diferenciais
na Bovespa. São os níveis 1, 2 e Novo Mercado, do menos para o mais avançado.
E quanto às empresas que não se enquadram nesta classificação? Elas também
têm seu ambiente de comercialização, mas pertencem ao mercado tradicional.
A intenção, ao diferenciar as empresas em níveis, é mostrar mais claramente
ao investidor quais empresas seguem boas práticas de governança, o que pode
definir a escolha do investidor por uma ou outra empresa.
E você não concorda que essas práticas deixam mais transparente a relação
com os investidores e evitam, por exemplo, o que era muito comum no passado,
de as empresas fecharem o capital do dia para a noite, os papéis sofrerem forte
desvalorização e o investidor perder dinheiro?
O Novo Mercado é o nível mais avançado de práticas de governança e exige,
por exemplo, que todas as empresas listadas lá tenham somente ações ON.
Outra prática ou diferença é que, no Novo Mercado, para dar liquidez aos
papéis, a empresa precisa manter em circulação uma parcela mínima de ações,
que represente 25% do capital. Bem, são várias as diferenças, e a lista para cada
um dos níveis é grande.
Não é comum uma empresa iniciar a comercialização de suas ações em Bolsa
diretamente no Novo Mercado. O que ocorre, em geral, é as empresas começa-
rem preenchendo os requisitos aos poucos e aí mudar de nível gradativamente.
Atualmente, são várias as empresas que pertencem aos níveis 1, 2 e Novo Mercado.
Pode-se dizer que metade das empresas que representam o volume financeiro diá-
rio da Bolsa já está num desses níveis. Isso é ótimo para o investidor, não acha?
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IIIU N I D A D E112
ÍNDICES INTERNACIONAIS
■ Dow Jones – EUA: é um dos índices mais antigos do mundo, composto por
30 ações, que representam as mais importantes e representativas de cada
setor da economia americana (1/5 de todas as ações negociadas nos EUA e
1/4 das ações negociadas na Bolsa de Nova Yorke, a NYSE). São exemplos
de empresas que fazem parte deste índice: Coca-cola, Walt Disney, General
Motors, Intel, IBM, Mcdonalds e Microsoft (XP EDUCAÇÃO, 2011).
■ S&P500-EUA: é composto pelas ações das principais empresas norte-a-
mericanas, seguindo critérios como: valor de mercado, representatividade
no setor de atuação da empresa e liquidezdas ações. O gráfico abaixo
apresenta a atual composição do índice em termos de setor de atuação:
Setor industrial
Setor de serviços
Setor �nanceiro
Setor de transporte
75%
8%
15% 2%
Gráfico 2: Composição setorial do índice S&P500-EUA
Fonte: elaboração própria baseado em XP-Educação (2011)
■ Nasdaq-EUA: este índice é composto por todos os ativos, norte-america-
nos e estrangeiros, listados na National Assicuation of Securities Dealers
Quotation System (Nasdaq), sendo ponderado pelo valor de mercado das
empresas. Desse modo, cada ativo afeta o índice apenas na proporção de
seu valor de mercado. Atualmente, este índice é composto por mais de
4.000 companhias (XP-EDUCAÇÃO, 2011).
Riscos em Investimentos com Ações
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RISCOS EM INVESTIMENTOS COM AÇÕES
Ficou evidente para você a simplicidade para se operar no mercado de ações,
mesmo para o pequeno investidor.
Mas precisamos saber, como em qualquer outro tipo de investimento, quais
são os riscos associados a esse tipo de operação.
Já vimos que o investidor decide entrar neste mercado em virtude do retorno
potencialmente alto.
Mas, para retornos altos, deve existir a disposição do investidor de correr
riscos mais altos. Daí a importância de conhecer o perfil do investidor, assunto
que já abordamos em nossas considerações anteriores.
As ações são consideradas investimentos de risco, porque não existe uma
forma de garantir que seu capital renda 5, 10 ou 20% ao mês, visto que se trata de
uma renda variável. Por outro lado, são capazes de gerar grandes rendimentos,
principalmente no longo prazo. Como não podemos eliminar o risco, devemos
encontrar formas de minimizá-lo; uma destas formas é por meio da diversifica-
ção, onde a carteira de investimento é composta por ações de diversas empresas
de diferentes setores da economia.
Mas vamos especificar os riscos inerentes ao negócio de ações. São eles:
1. Risco de empresa: este tipo de risco é dividido em dois tipos: o risco eco-
nômico e o risco financeiro.
Por risco econômico, você deve entender que se trata dos riscos associa-
dos à própria atividade da empresa e ao mercado em que a empresa atua.
Por exemplo, pode ser que entre no mercado um forte concorrente da
empresa que acabe por afetar até sua sobrevivência. Ou ainda, pode ser
lançado um produto inovador que concorra diretamente com o princi-
pal produto da empresa, fragilizando sua posição no mercado. Imagine
que alguém patenteasse e passasse a comercializar um produto que subs-
tituísse completamente derivados de petróleo. O que aconteceria com os
preços das ações de empresas petrolíferas?
2. Por risco financeiro, falamos sobre o risco associado ao endividamento
da empresa. Pode acontecer que a empresa trabalhe alavancada, ou seja,
utilize demais recursos de terceiros para suas atividades, o que pode ser
FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE AÇÕES
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IIIU N I D A D E114
bom num primeiro momento, pois pode dar velocidade aos negócios,
porém, o risco financeiro é maior, caso os negócios da empresa não se
concretizem como o planejado.
3. Risco de mercado ou sistemático: este risco está associado ao que pode
ocorrer nos cenários sócio-político-econômico. Este tipo de risco influen-
cia um grande número de ações, em maior ou menor grau.
4. Risco não sistemático: são riscos que afetam uma única ação ou um
pequeno grupo de ações. Assim, os riscos de uma carteira de ações podem
ser muito diferentes dos riscos dos ativos que a compõem.
5. Risco de Liquidez: se você adquire uma ação e em outro momento pretende
vendê-la, é claro que você quer que o negócio aconteça com agilidade.
Muitas vezes, pode acontecer uma dificuldade na conversão do papel
em dinheiro, por não existirem no mercado investidores interessados
na ação que você deseja vender. Para concretizar o negócio, neste caso,
talvez seja necessário vender a um preço inferior ao que você imaginou
e, mesmo assim, ainda pode encontrar dificuldade em comercializar o
papel. Isso é risco de liquidez.
CUSTOS OPERACIONAIS DO INVESTIMENTO EM AÇÕES
Incidem normalmente sobre as operações no mercado secundário os seguin-
tes custos:
■ Taxa de corretagem: é cobrada pela instituição prestadora do serviço ao
executar ordens de compra e venda de ações. Normalmente é uma taxa
negociada livremente entre as partes. A taxa de corretagem pode ser
variável ou fixa. Na taxa de corretagem fixa, o valor cobrado sobre cada
operação (compras e vendas) é igual, sem levar em conta o momento do
investimento. Já na corretagem variável, o valor cobrado incide sobre o
movimento financeiro total (compras+vendas) realizado no mesmo dia
pelo cliente em uma mesma corretora. A BM&FBobespa sugere uma
tabela padrão de taxa de corretagem a ser praticada pelas corretoras, veja:
Custos Operacionais do Investimento em Ações
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TABELA BOVESPA
Até R$ 135,05 = 0,00% + R$ 2,70
De R$ 135,06 até R$ 498,61 = 2,00% + R$ 0,00
De R$ 498,62 até R$ 1.514,68 = 1,50% + R$ 2,49
De R$ 1.514,69 até R$
3.029,37 = 1,00% + R$ 10,06
A partir de R$ 3.029, 38 = 0,50% + R$ 25,21
Figura 7: Taxa de Corretagem da BOVESPA
Fonte: Bovespa
■ Taxa de serviço: representa um valor fixo cobrado pelas instituições para
cobertura de seus custos e varia em torno de R$ 25,00.
■ Emolumentos: é a taxa operacional cobrada pela Bovespa/CBLC, que é de
0,035% para operações comuns de compra e venda de ações. Para opera-
ções do tipo day-trade a taxa é menor, de 0,025% sobre o valor negociado.
No caso de opções, a Bovespa/CBLC cobra também uma taxa de regis-
tro, que é de 0,10% do valor negociado.
■ Taxa de custódia: cobrada a cada compra de ações. A taxa mensal de cus-
tódia é uma taxa cobrada pela manutenção e guarda das ações. Os clientes
que não tiverem posições em ações, e nem fizerem movimentações ao
longo do mês, não pagam esta taxa quanto ao uso do Home Broker.
Para clientes que negociarem valores iguais ou superiores a R$ 1.000,00 no mês, a
taxa cobrada será de R$ 6,90, para clientes que não realizarem operações ou nego-
ciarem valores inferiores a R$ 1.000,00 por mês, a taxa de custódia será no valor de
R$ 25,00. A taxa não leva em consideração o volume de ações mantidas em carteira.
Na mesa de operações, as taxas funcionam de maneira diferenciada, tanto o
cliente que operar quanto o que não operar paga o mesmo valor de R$ 25,00.
Visando à simplificação nas operações com títulos e valores mobiliários, diver-
sas instituições mantêm serviço de custódia de ações e outros títulos. Basicamente,
existem dois tipos de custódia:
COMUM: os certificados e cautelas depositados ficam em nome do depo-
sitante, sendo-lhe entregue em caso de retirada.
FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE AÇÕES
Reprodução proibida. A
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IIIU N I D A D E116
FUNGÍVEL: a quantidade de ações depositadas fica registrada em nome do
investidor. Este sistema é mais simples de administrar e é hoje utilizado pelas
Bolsas de Valores.
TRIBUTAÇÃO SOBRE OS GANHOS – IMPOSTO DE RENDA
Devemos entender a tributação sobre os negócios realizados em bolsa pelo lado
da empresa e pelo lado do acionista.
Para as empresas, as ações geram Imposto de Renda sobre o lucro empre-
sarial e impostos sobre a atividade econômica, que refletem no desempenho
econômico e, é claro, no lucro da companhia.Se você for investidor, vai te interessar muito como funciona a tributação
pelo lado do acionista. Vamos entender este assunto.
O principal imposto é o Imposto de Renda. Este imposto tem como fato
gerador o lucro líquido obtido na venda das ações.
A Base de Cálculo é o resultado positivo entre o valor de venda e o custo de
aquisição do ativo, calculado pela média ponderada dos custos unitários, obti-
dos nas operações realizadas em cada mês. As despesas decorrentes da realização
das operações podem ser deduzidas da base de cálculo.
As alíquotas são de 15% sobre o ganho líquido em operações normais e 20%
sobre o ganho líquido das operações de day-trade.
O recolhimento é apurado quando da venda das ações em períodos men-
sais e pago até o último dia útil do mês subsequente.
Há ainda a retenção na fonte, de 1% sobre os ganhos líquidos das operações
de day-trade e 0,005% (cinco milésimos por cento) sobre os valores de venda
em operações normais.
O contribuinte é o responsável pelo recolhimento. No caso de investidores
estrangeiros, seu representante legal tem essa responsabilidade.
O responsável pela retenção na fonte é a instituição financeira que receber
diretamente a ordem do cliente.
Por que pode ser vantajoso para o investidor utilizar-se do home broker?
Que documentos são necessários para abrir uma conta numa corretora?
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Existe a possibilidade de compensação, que funciona da seguinte maneira:
ao apurar o imposto mensal sobre ganhos líquidos em bolsa, as perdas incorri-
das e o imposto retido na fonte podem ser compensados com os ganhos líquidos
obtidos em outras operações realizadas nos mercados de bolsa, no próprio mês
ou nos meses subsequentes.
Para incentivar pequenos investidores no mercado de bolsa, é concedida
isenção para vendas iguais ou inferiores a R$ 20.000,00 (vinte mil reais), efetu-
adas por pessoas físicas no mercado à vista.
Exemplo hipotético de custo de aquisição de ações:
ITENS CUSTOS
• Compra de 100 ações da Petrobrás
• Preço médio a pagar: 100 x R$ 80,00 (preço unitário) R$ 8.000,00
• Emolumentos da Bovespa: 0,035% x R$ 8.000,00 R$ 2,80
• Comissão de corretagem: 0,5% x R$ 8.000,00 R$ 40,00
• TOTAL DOS CUSTOS EM R$ R$ 42,80
• TOTAL DOS CUSTOS EM % 0,54%
Fonte: Juliano Lima Pinheiro (2006)
PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO DE AÇÕES
Quanto é preciso para começar a investir em ações?
Não existe um valor mínimo exigido para investir na Bolsa. Isso varia em
função do preço das ações que se deseja comprar e até mesmo da Corretora que
o investidor escolher.
FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE AÇÕES
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IIIU N I D A D E118
Como começar a investir?
Há diversas formas de investir em ações:
■ Individualmente: o investidor procura uma Corretora e contrata seus
serviços. Em seguida, com a assessoria dos profissionais da Corretora, o
investidor escolhe as ações que deseja adquirir e transmite a ordem de
compra diretamente para a corretora.
■ Clubes de Investimento: um grupo de pessoas físicas se reúne e procura
uma Corretora para constituir um Clube de Investimentos. Nesse caso,
existe um representante do clube que fica em contato com a corretora
para transmitir as decisões acordadas entre os participantes.
■ Fundos de Investimento: o investidor compra cotas de um fundo de ações,
administrado por uma Corretora de Valores, um Banco ou um Gestor de
Recursos independente, autorizado pela CVM.
O PREGÃO
Dentro do mercado de bolsa, uma das partes mais interessantes é o pregão, que
vem a ser o recinto que reunia os operadores da bolsa de valores para executar
fisicamente as ordens de compra e venda, dadas pelos compradores e vendedo-
res às suas corretoras.
Era uma época “romântica” do mercado de ações, onde se viam operadores
com vários telefones ao mesmo tempo, gritando ordens de compra e venda no
que era conhecido como pregão viva-voz.
Com o avanço da tecnologia, os pregões são totalmente eletrônicos, sem
interferência de operadores, com ganhos de escala importantes para o mercado.
As ordens são colocadas pelos operadores de mesa nas corretoras por meio de
terminais conectados com a bolsa, ou pelo sistema de Home Broker das corre-
toras que canalizam as ordens vindas pela internet, diretamente dos clientes das
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corretoras. Os horários de funcionamento do pregão eletrônico estão apresen-
tados no quadro a seguir:
HORÁRIOS DE NEGOCIAÇÃO
Pregão regular (Horário de Brasília) 10 h às 17 h
After-Market (Horário de Brasília) 17 h e 30 min às 18 h
Pregão Regular (horário de Verão) 11 h às 18 h
After-Market (Horário de Verão) 18 h e 30 min às 19 h
Quadro 8: Horário de funcionamento do pregão
Fonte: elaboração própria
HOME BROKER E AFTER MARKET
Home broker é um canal de relacionamento entre os investidores, corretoras e
o sistema de pregão eletrônico da Bovespa, que agiliza a transmissão de ordens
de compra e venda de ações impostadas via Internet. Por meio desse sistema, as
ordens circulam de forma automática, sem intervenção de operadores. O Home
Broker acata apenas ordens com preços limitados e válidas para o mesmo dia.
Ordens via Internet fora desses parâmetros não transitam via Home Broker.
After Market são negociações eletrônicas de ações no mercado à vista, na
Bovespa, realizadas após o horário do Pregão, no período das 17 h e 30 min às 18
h (horário de Brasília), já no horário de verão, acontece das 18 h e 30 min às 19
h (horário de Brasília). Permite a compra e venda de ações que apresentem base
de preço estabelecido no horário regular de negociação no mesmo dia. Para o
período de After Market há um limite por investidor de R$ 100.000,00, deduzida
desse total alguma ordem efetuada pelo investidor durante o horário do pregão
diurno. Os preços dessas ordens não poderão exceder a variação máxima posi-
tiva ou negativa de 2% em relação ao preço de fechamento do pregão
FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE AÇÕES
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IIIU N I D A D E120
ALUGUEL DE AÇÕES
Se você é dono de um imóvel e não o utiliza para sua moradia, uma opção inte-
ressante para fazer com que o imóvel “trabalhe” para você é alugá-lo.
Você sabia que é possível fazer isso com ações? Isso mesmo! Afinal, as ações são um
patrimônio do investidor, assim como um imóvel, um veículo ou outro bem qualquer.
Mas como alugar ações?
É importante você saber que esse serviço é regulamentado por instruções espe-
cíficas no Conselho Monetário Nacional (Resolução 2268) e também por normas da
própria CBLC – Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (Resolução 009/96).
No aluguel de ações, o dono da ação (locador) permanece com sua posse,
recebendo dividendos e exercendo os demais direitos referentes à ação.
Quem toma as ações emprestadas (locatário) deve dar garantias ao negócio
de no mínimo 100% em títulos definidos na transação, além de um adicional em
função da volatilidade do preço das ações. A figura abaixo apresenta um exem-
plo do funcionamento do aluguel de ações.
COMO FUNCIONA O ALUGUEL DE AÇÕES
Exemplo de operação com aluguel de ações
Tomador
Investidor acredita que as
ações preferenciais da
Petrobras, que valem
R$26 vão se
desvalorizar
Doador
O investidor não tem ações
da estatal. Ele aluga então100 papéis por 1% ao ano e
deposita recursos como
garantia na CBLC*
Ele vende os papéis
no mercado à vista
por R$ 2,600
Se o papel da Petrobras cair,
por exemplo, a R$ 22, o
tomador das ações vai
recomprá-las por R$ 2.2000 e
embolsar a diferença, menos o
custo do aluguel e de
corretagem
Se o papel da Petrobras
subir, mesmo assim ele terá
que recomprar os ativos para
devolver ao doador, amargando
prejuízo
Duração: o prazo mínimo é
de um dia. Não há prazo
máximo
Custo: o valor do aluguel
oscila de acordo com a
procura pelo papel. O
tomador pagará pelo
tempo proporcional que
�car com o papel
HÁ TRÊS TIPOS DE CONTRATO DE ALUGUEL
Reversível ao tomador
O tomador pode encerrar
o contrato a qualquer
momento e devolver as
ações
Reversível ao doador
O doador também pode
encerrar o contrato a
qualquer momento, havendo
um prazo de quatro dias úteis
para a devolução dos papéis
Vencimento �xo
Não é possivel encerrar
o contrato antes do prazo
estipulado
Figura 8: O processo de aluguel de ações
Fonte: BM&FBovespa e Folha (2013)
A Questão da Especulação
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Este tipo de negócio interessa muito às áreas de tesouraria dos bancos, a forma-
dores de preços de mercado e a outros investidores qualificados.
O negócio de aluguel de ações tem processos, prazos e remuneração pre-
viamente definidos.
Para você entender melhor, o prazo médio de um aluguel é de 30 dias rever-
síveis, ou seja, há a possibilidade de devolução antecipada, com o crédito, neste
caso, proporcional aos dias úteis em que o papel ficou de posse do locatário.
No caso da remuneração, o percentual é de 4,5% a.a. sobre o volume alu-
gado, creditado em D+1 com incidência de Imposto de Renda na fonte sobre a
remuneração.
A QUESTÃO DA ESPECULAÇÃO
No mercado de capitais, uma figura tida como nebulosa por quem não conhece
sua função é o especulador.
Será mesmo que se deve temer o especulador?
A própria definição de especulador no mercado nos ajuda a entender seu
papel: aquele que compra ou vende títulos, valores mobiliários, ativos, deriva-
tivos ou commodities, atraído pela especulação, aproveitando-se das oscilações
nos preços para realizar lucros, sem cometer ato ilegal.
Na verdade, os especuladores são participantes do mercado de capitais dis-
postos a correr riscos em troca da esperança de ganhos no futuro. Normalmente,
operam a prazos curtos, tentando antever movimentos do mercado.
Eles são importantes para o aperfeiçoamento dos mercados porque trazem
liquidez, permitindo que quem deseje comprar ações encontre-as com facilidade
e quem deseja vender ações, que possa fazer isso rapidamente.
As verdadeiras figuras nocivas ao mercado são os manipuladores, ou seja,
pessoas ou grupos que têm tanto poder que podem conduzir os preços na dire-
ção que desejam. Muitas vezes, detêm informações privilegiadas e usam essas
informações para tirar vantagem em operações financeiras. Essas figuras, uma
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IIIU N I D A D E122
vez identificadas, devem ser banidas do mercado. Felizmente, as bolsas e a CVM
têm instrumentos para impedir a presença nociva de manipuladores.
PRINCÍPIOS GERAIS DA ADMINISTRAÇÃO DE
INVESTIMENTO
Sob a ótica do investidor, seja ele quem for, um investimento terá um objetivo
de rentabilidade no tempo, ou seja, quanto espera ganhar e em quanto tempo
espera que isso aconteça.
Assim, para atingir seus objetivos, um investidor basicamente precisa analisar:
■ Que possibilidade de perda está disposto a aceitar?
■ Durante qual período de tempo?
■ Qual a expectativa de retorno (rentabilidade, rendimento) do investi-
mento a ser realizado?
Com essas questões em mente, podemos analisar os investimentos quanto a três
aspectos básicos de avaliação: rentabilidade, liquidez e segurança.
Rentabilidade: é o grau de rendimento proporcionado por um investimento
pela valorização do capital ao longo do tempo.
Nesse aspecto, existem dois momentos no cálculo da rentabilidade de um
investimento financeiro:
1. o momento em que a rentabilidade é projetada antes de realizado o inves-
timento e que representa a expectativa de ganho do investidor;
2. o momento em que a rentabilidade é calculada depois de realizado o
investimento, ou seja, a que realmente aconteceu ou está acontecendo.
A rentabilidade projetada é conhecida como a rentabilidade esperada ou retorno
esperado do investimento, ou ex ante.
A rentabilidade calculada depois do investimento realizado é conhecida
como rentabilidade observada, ou ex post.
Princípios Gerais da Administração de Investimento
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No mundo das finanças, essas duas rentabilidades quase nunca coincidem.
Isso na prática só acontece se o investidor trabalhar com taxas prefixadas.
O segundo aspecto é:
Liquidez: é a rapidez com que se consegue transformar um investimento
em dinheiro.
Todo investidor espera poder, num momento de emergência ou necessidade,
converter seu investimento rapidamente em dinheiro. A essa possibilidade de
sacar o mercado financeiro denomina-se liquidez.
Para saber se um investimento tem liquidez é preciso considerar:
1. O tipo e o tamanho do mercado onde o ativo financeiro é negociado.
2. O histórico de negociações daquele ativo, o que possibilita concluir se há
interesse ou não do mercado naquele ativo.
3. Se o momento político e econômico do país é propício ou não ao tipo
de investimento.
4. Qual tempo provável de o cenário se manter igual ao do momento do
investimento.
O terceiro aspecto é:
Segurança: é a certeza do retorno do dinheiro aplicado.
Mas para um entendimento correto do conceito de segurança, é melhor ana-
lisá-lo pelo seu oposto, o risco.
Risco é a incerteza quantificável matematicamente.
É bom saber que todo tipo de investimento tem um risco inerente de perda.
Correr risco é aceitar a possibilidade de perda.
Naturalmente, quase todos são avessos ao risco, a não ser que este venha
acompanhado da possibilidade de ganhos.
Quase invariavelmente, a possibilidade maior de ganhos está associada ao
maior risco.
O importante do risco é que ele seja conhecido e controlado.
Rentabilidade, liquidez e segurança são o tripé que sustenta qualquer inves-
timento financeiro, porém eles nem sempre estão alinhados.
FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE AÇÕES
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IIIU N I D A D E124
É possível afirmar que não
existe um investimento que seja
ao mesmo tempo rentável, seguro
e com liquidez. É nesse ponto que
o investidor terá que exercer sua
preferência.
É interessante o que podemos
aprender com quem já investe há
algum tempo. Esses investido-
res, por vezes, compartilham suas
estratégias de investimento com
iniciantes, o que pode facilitar em
muito a vida de quem começa a
juntar seus recursos visando a um
retorno futuro.
Uma iniciativa neste sentido é
a do INI – Instituto Nacional de Investidores. De acordo com o portal do INI na
Internet, este Instituto é uma instituição sem fins lucrativos que funciona como
uma verdadeira escola para quem quer investir em ações, tendo como objetivo
oferecer à população brasileira um programa permanente de educação e orien-
tação sobre como investir no mercado de ações. Enfatiza a formação de clubes
de investimento e dissemina valores e princípiosque poderão ajudar as pessoas
a tornarem-se investidores conscientes.
O INI recomenda, ao se fazer quaisquer investimentos, seguir o que ele clas-
sifica como 5 Princípios de Investimento. São eles:
1. Investir regularmente
Investir todos os meses – em períodos de alta ou de baixa do mercado – é um
princípio básico para criar uma poupança de longo prazo.
Aplicando uma quantia fixa todos os meses, o investidor acabará comprando
menos ações nos períodos de alta e mais nos de baixa. Isso é uma maneira de
comprar ações por um preço médio. Como é muito difícil saber se a Bolsa vai
Princípios Gerais da Administração de Investimento
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subir ou cair nos próximos dias, comprar sempre é uma boa estratégia. Esse prin-
cípio diminui o efeito das oscilações da Bolsa. Com ele, o investidor ganha com
a valorização das ações no longo prazo.
2. Reinvestir todos os lucros e dividendos
Reaplique no mercado todos os lucros de seus investimentos. Isto permitirá que
os ganhos cresçam com uma capitalização composta. O investidor que faz isso
ganha mais do que se deixasse apenas o capital original aplicado. O brasileiro
costuma chamar a capitalização composta de “juros sobre juros” e, normalmente,
é apresentado a ela quando assume alguma dívida. No caso dos investimentos,
os “juros sobre juros” trabalharão a seu favor.
3. Investir em empresas com grande crescimento
Selecione ações de empresas com vendas e lucros que tenham crescido mais que
o Produto Interno Bruto nos últimos anos. Invista naquelas com perspectivas
de manter esse crescimento no futuro. O método INI ensina como identificar
empresas em crescimento.
4. Diversificar ativos
Algumas ações terão rendimentos menores que o esperado, outras terão rendi-
mentos maiores. Como é impossível prever o futuro com precisão, não se deve
esperar que todos os resultados sejam bons. Diversificando, investindo em várias
ações diferentes, você precisará apenas de um crescimento médio que alcance
sua meta. Assim, uma ação com rendimento abaixo do previsto não provocará
um grande desequilíbrio em seus rendimentos.
5. Exigir boa governança corporativa
Procure investir em empresas que adotam princípios de governança corporativa.
Uma boa governança quer dizer adotar regras que garantam o fornecimento de
informações rigorosas sobre as contas da empresa, que estimulem o aumento da
liquidez das ações na Bolsa e que protejem os acionistas minoritários de deci-
sões dos controladores que possam prejudicá-los.
FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE AÇÕES
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IIIU N I D A D E126
ESCOLAS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO
A análise de investimento para operações em mercados de bolsas pode ser agru-
pada em correntes de pensamentos que seguem duas escolas distintas: a escola
fundamentalista e a escola técnica.
ESCOLA FUNDAMENTALISTA
A análise fundamentalista é uma metodologia para determinar o preço justo
de uma ação fundamentada na expectativa de lucros futuros das empresas. O
preço das ações nas bolsas não é o próprio preço justo, mas reflete uma média
de expectativas entre compradores e vendedores da ação. A cotação de bolsa é
um dado de mercado, enquanto o preço justo é uma avaliação individual. Em
análise fundamentalista, as informações utilizadas geralmente envolvem níveis
futuros e previstos da atividade econômica nacional, setorial e da empresa, além
de considerações políticas que possam influenciar no comportamento de variá-
veis econômicas, afetando as taxas de retorno esperadas e o grau de incerteza a
elas associado. O principal indicador que baliza o preço das ações é o Indicador
Preço/Lucro, mais conhecido como P/L.
Em geral, obtêm-se informações de 2 tipos:
Concretas: informações históricas contábeis e financeiras, disponibilidade
tecnológica, capacidade financeira, fontes de recursos, capital humano, histórico
de desempenho empresarial dos sócios, entre outros.
Potenciais: o momento/oportunidade de mercado, projeções de desempe-
nho, cenários macroeconômicos, risco envolvidos, alternativas de investimento,
valores éticos, socioambientais, entre outros.
A partir da análise conjunta desses elementos, são definidas as premissas
para a elaboração da projeção de resultados para os próximos anos. Essa medida
de desempenho permite construir os fluxos de caixa futuros (a quantidade de
anos projetados depende da natureza da atividade – em geral, são projetados 6
anos/exercícios).
Escolas de Análise de Investimento
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INDICADORES DA ANÁLISE FUNDAMENTALISTA
Segundo Matarazzo (1995), Silva (2001) e Martins (2001), os principais indica-
dores fi nanceiros são:
■ Valor Contábil x Valor de Mercado: o valor patrimonial das empresas
não é necessariamente próximo do valor de mercado. Isto se deve basica-
mente ao fato de que os dados contábeis são escriturais e podem conter
defasagens em relação ao valor considerado justo para a ação, que é um
entendimento subjetivo e pode variar de investidor para investidor. Os
diferentes julgamentos de valor é que fazem, afi nal, o mercado funcionar,
havendo sempre compradores e vendedores e proporcionando liqui-
dez para os ativos. É importante saber que a contabilidade utiliza como
parâmetro o conceito de valor econômico, e não fi nanceiro. Isto signifi ca
que os valores observados nos balanços não têm relação direta com o
valor efetivo de realização, o que é dado pelo mercado.
Quanto aos indicadores que medem a performance da
empresa, vamos começar mostrando aqueles ligados a uma
avaliação estática, que são os Indicadores de Liquidez,
Endividamento e Rentabilidade.
■ Indicadores de Liquidez
Liquidez Corrente = Ativo Circulante/Passivo Circulante.
Indica quanto a empresa tem a receber no curto prazo
em relação a cada unidade monetária que deve no
mesmo período.
■ Liquidez Seca = (Ativo Circulante - Estoques)/Passivo Circulante
Tem o mesmo signifi cado que a liquidez corrente, com exceção do fato
de que os estoques não são considerados como recebíveis, ou seja, não
contam com a realização imediata dos estoques.
■ Liquidez Geral = Ativo Circulante + Realizável a LP/Passivo Circulante
+ Exigível a Longo Prazo
Oferece a mesma indicação da liquidez corrente, mas engloba também
os ativos e passivos a longo prazo.
FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE AÇÕES
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IIIU N I D A D E128
INDICADORES DE ENDIVIDAMENTO
■ Endividamento Geral = Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo/
Patrimônio Líquido
Indica quanto a empresa tem captado junto a terceiros em relação ao seu
capital próprio.
■ Endividamento Oneroso = Dívida Onerosa Total/Patrimônio Líquido
Mede especificamente o comprometimento do capital próprio da empresa
em relação à sua dívida com bancos e outras que têm custo financeiro
embutido (debêntures, desconto de duplicatas etc.).
■ Endividamento Oneroso Líquido = Dívida Onerosa Total –
Disponibilidades/Patrimônio Líquido
Como o nome diz, trata-se do cálculo do endividamento deduzido das dis-
ponibilidades aplicadas no mercado financeiro. É bastante útil nos casos
de empresas que têm baixo custo de captação de empréstimos e o fazem
com intuito de realizar o que chamamos de arbitragem, ou seja, captam
de um lado e aplicam do outro, gerando ganhos líquidos.
INDICADORES DE RENTABILIDADE
■ Rentabilidadedo Patrimônio Líquido = Lucro Líquido/Patrimônio
Líquido
É a taxa de retorno dos acionistas e mede a performance do lucro em rela-
ção ao capital próprio empregado no empreendimento. Normalmente se
utiliza o Patrimônio inicial, mas podem ser necessários ajustes, o que nos
leva a sugerir, em princípio, o emprego do Patrimônio médio do perí-
odo de apuração do lucro.
Rentabilidade do Ativo Total = Lucro Líquido/Ativo Total Médio
Este indicador mede a eficiência global da administração, ou seja, o
retorno obtido em relação ao total de recursos empregados, sejam eles
próprios ou de terceiros.
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■ Pay-Out
É a taxa de distribuição do lucro da empresa para os acionistas na forma
de dividendos ou juros sobre o capital próprio. A legislação exige que seja
distribuído, no mínimo, 25% do lucro líquido após as deduções legais.
Exemplificando, se uma empresa tem lucro de R$ 1,00/ação e distribui
R$ 0,35/ação como dividendos, seu pay-out seria de 35%.
■ Dividend Yield
É calculado tendo como numerador o dividendo distribuído por ação e
como denominador o preço atual da ação. Torna-se especialmente rele-
vante se visto para o futuro, sendo neste caso necessário que tenhamos
uma projeção de lucro e seja estabelecido um pay-out realista. Assim, se
uma ação custa hoje R$ 100,00 e esperamos receber R$ 10,00 em divi-
dendos, o yield seria de 10%, podendo ser visto como um rendimento
da ação, independentemente da valorização em Bolsa.
INDICADORES DE MERCADO
■ Lucro por Ação (LPA): representa a divisão do lucro líquido pelo número
total de ações da empresa. LPA = Lucro Líquido/Número Total de Ações.
■ Valor Patrimonial por Ação (VPA): representa a divisão do Patrimônio
Líquido da empresa pelo seu número total de ações da empresa. VPA =
Patrimônio Líquido/Número Total de Ações.
■ Preço/Lucro (P/L) = Cotação da Ação/Lucro por Ação = Valor de
Mercado/Lucro Líquido.
Indica o tempo de retorno do investimento, partindo-se da premissa que
o lucro apurado se repetirá nos próximos anos. Assume ainda um caráter
de preço relativo, na medida em que seja disponível uma série de proje-
ções para várias empresas para determinado ano.
■ Preço/Valor Patrimonial (P/VPA) = Cotação da Ação/Patrimônio Líquido
por Ação = Valor de Mercado/Patrimônio Líquido.
FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE AÇÕES
Reprodução proibida. A
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IIIU N I D A D E130
EBITDA: quando o assunto em questão é análise de empresa, a geração de caixa
é de extrema importância, pois é por meio dela que se mede a capacidade de pro-
duzir recursos. Vale lembrar que o lucro é um importante indicador. Contudo, na
maioria das vezes, o lucro é afetado por valores exógenos à atividade da empresa,
tais como variações cambiais e resultados não operacionais (Ex.: vendas de ativos).
Neste sentido, a geração de caixa, que trata do desempenho da empresa
levando em consideração somente os ganhos gerados em sua atividade princi-
pal, é de extrema importância, o que nos leva a um estudo mais aprofundado do
balanço. Sendo assim, destacamos a forma mais habitual para o cálculo da gera-
ção de caixa, que é a chamada Geração de Caixa na Atividade, ou Ebitda (Earnings
Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization) cujas iniciais, traduzidas,
significam: Lucro Antes do Imposto de Renda, Juros, Depreciação e Amortização.
Para chegarmos ao Ebitda, basta somarmos ao Lucro da Atividade (Lucro
Bruto descontado das Despesas da Atividade) os valores correspondentes à
depreciação e amortização, que se encontram embutidos no CPV (Custo dos
Produtos Vendidos) e nas Despesas Operacionais. Vale ressaltar que a depre-
ciação não representa saída de caixa, sendo o reconhecimento contábil da perda
de valor por desgaste dos itens que compõem o Ativo Imobilizado da empresa.
Observando a partir da Receita Líquida, o Ebitda vem a ser o resultado da
seguinte sequência: (+) Receita Líquida (-) Custo dos Produtos Vendidos (=) Lucro
Bruto (-) Despesas da Atividade (com vendas, administrativas e outras direta-
mente ligadas às operações) (=) Lucro da Atividade (ou EBIT) (+) Depreciação e
Amortização (valor correspondente ao período sob análise, que pode ser encontrado
no DOAR – Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos) (=) EBITDA.
Margens: nos relatórios de empresas elaborados pela ótica da Análise
Fundamentalista, é muito comum encontrar a comparação dos resultados por
meio das margens, conforme aparece nos trechos abaixo, retirados dos relató-
rios da Belgo Mineira e Telemar.
Belgo Mineira: “A margem bruta foi 3 pontos percentuais maior que a verifi-
cada em jan-set/03, alcançando 42%, apesar da evolução dos insumos de produção
(sucata e gusa)”.
Telemar: “Neste contexto, destacamos que a margem Ebitda ficou em 42,0%,
aumentando 1,3 p.p. nesse período”.
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Para melhor explicar o assunto, de maneira bastante resumida, podemos divi-
dir a análise de balanço em análise vertical e horizontal. Na análise horizontal,
comparam-se os resultados entre os períodos. Neste sentido, confronta-se, por
exemplo, o balanço de dezembro de 2003 contra dezembro de 2004. Desta forma,
pode-se avaliar a evolução da receita, lucro e demais contas entre os períodos.
Já a análise vertical, onde o conceito de margem está inserido, consiste na
divisão de algumas contas por uma principal. As principais margens, em forma
de porcentagem, são:
■ Margem bruta: relação entre o lucro bruto e a receita líquida.
■ Margem Ebitda: relação entre o Ebitda e a receita líquida.
■ Margem da atividade: relação entre o lucro da atividade e a receita líquida.
■ Margem líquida: relação entre o lucro líquido e a receita líquida.
Mediante estes indicadores de rentabilidade das vendas, que são amplamente
utilizados nas análises de empresas, é possível fazer uma avaliação relativa das
contas, ou seja, comparar qual o percentual do lucro bruto em relação à receita
líquida foi maior entre os períodos.
A ESCOLA DE ANÁLISE TÉCNICA
Análise técnica é o estudo dos movimentos passados dos preços e dos volumes
de negociação de ativos financeiros, com o objetivo de fazer previsões sobre o
comportamento futuro dos preços. Para os analistas técnicos, a resposta está
nos gráficos de preços e volumes negociados das ações. Os gráficos traduzem
o comportamento do mercado e avaliam a participação de massas de investi-
dores a induzir as formações de preços. Nessa análise, não importam os lucros
obtidos e projetados, política de dividendos das empresas, expectativas para o
setor de atividade, grau de endividamento etc. O que importa são os fatores de
procura e oferta internos de mercado, sendo importante entender a “psicolo-
gia” do mercado.
FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE AÇÕES
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IIIU N I D A D E132
De acordo com Pinheiro (2006), a análise técnica ou grafista é um estudo que
se dedica à observação da evolução dos mercados com base em sua representa-
ção gráfica. Seu principal pressuposto é de que os preços das ações movem-se
em tendências que de alguma forma podem ser previstas.
Essa análise não requer nenhum conhecimento complexo de economia, nem
de matemática, nem de estatística. Necessita-se, simplesmente, do conhecimento
de algumas normas básicas e sua interpretação.A partir daí, serão o trabalho e
a experiência próprias que definirão sua qualidade.
TIPOS DE GRÁFICOS DA ANÁLISE TÉCNICA
Dentre os gráficos utilizados para análise gráfica nas previsões futuras dos pre-
ços de ações, os mais utilizados são:
■ Gráfico de linha.
■ Gráfico de volume.
■ Gráfico de barras.
■ Gráfico ponto-figura
■ Gráfico candlesticks.
Vamos conhecer alguns desses gráficos?
O exemplo abaixo é um gráfico de barras.
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Este outro gráfico é de ponto-figura.
Conheça também o gráfico candlesticks.
Doji
OPEN
CLOSE
THE BODY 1
Corpo Branco
THE BODY 2
CLOSE
OPEN
Corpo Negro
THE BODY 3
CLOSE
OPEN
PERIODICIDADE DOS GRÁFICOS
Os gráficos podem ter diferentes periodicidades, ou seja, não precisam, necessaria-
mente, representar 1 dia de pregão. Os gráficos em nível de dias mais comuns são:
Por que o investidor mediano pode pensar em investir em ações mesmo em
pequenos valores?
Que empresas conhecidas fizeram lançamento de ações no mercado primá-
rio e que vantagens há nesse mecanismo
134 - 135
FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE AÇÕES
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■ Diário: representa 1 pregão.
■ Semanal: um candle representa todos os pregões da semana.
■ Mensal: um candle representa todos os pregões do mês.
■ Anual: um candle por ano.
■ Intraday: uma outra classe que mostra o que aconteceu durante a ses-
são são os gráficos intraday (também chamados intradia). Em um gráfico
intraday, o intervalo utilizado corresponde, normalmente, a alguns minu-
tos. Os mais comuns: 1, 5, 15, 30 e 60 minutos.
ZONAS DE SUPORTE E RESISTÊNCIA
As principais linhas de tendência, segundo Pinheiro (2006), são as retas de
suporte e resistência. Elas representam os níveis de cotações em que as compras e
as vendas não são fortes o suficiente para seguir o movimento e, portanto, rever-
tem as tendências de queda ou alta, ou seja, quando as cotações estão em queda
e se aproximam do limite inferior, elas perdem força e iniciam um movimento
contrário, de alta, e quando estão subindo e se aproximam do limite superior,
iniciam o movimento de queda.
Dessa forma, podemos dizer que durante o movimento de queda essa reta fun-
ciona como um suporte e no movimento de alta funciona como uma resistência.
134 - 135
A TEORIA DE DOW
Entre 1900 e 1902, Charles H. Dow publicou
uma série de editoriais no The Wall Street
Journal que mais tarde, após sua morte,
foram compiladas e classificadas como Teo-
ria de Dow ou Teoria Dow. Ela é considerada
a mais antiga das explicações teóricas sobre
a existência de grandes tendências no mer-
cado de ações.
Sustenta essa teoria que as ações negocia-
das seguem uma tendência de alta ou de
baixa, a qualquer momento, e para estu-
dar o mercado, é necessária a construção
de uma média da evolução dos preços das
ações, por meio de uma amostra represen-
tativa de ativos.
Daí o surgimento nos EUA do famoso índice
Dow-Jones, que é até hoje o mais conhe-
cido indicador geral do mercado de ações.
A Teoria Dow está baseada em 2 pressupostos:
1. As alterações diárias que ocorrem nos índices consideram o julgamento de todos os
investidores. Portanto, essas alterações descontam tudo o que pode afetar a oferta e
a procura de ações.
2. O mercado apresenta movimentos oscilatórios de três amplitudes distintas: longo
prazo, compreendendo períodos de um ano ou mais; médio prazo, com duração de
três semanas a alguns meses; e curto prazo, com duração de seis dias a três semanas.
FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE AÇÕES
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IIIU N I D A D E136
Suportes e resistências, de maneira simples, são zonas de preços nas quais o
movimento atual do mercado tem grandes chances de parar e reverter. Definições:
■ Suporte: região na qual o interesse de comprar é grande, superando a
pressão vendedora, o movimento de queda tende a parar.
■ Resistência: região na qual o interesse de vender é grande, superando a
pressão compradora, o movimento altista tende a parar.
Não existe nada de mágico com suportes e resistências, o que existe é oferta versus
demanda e psicologia humana. Em uma alta, conforme os preços aumentam, os
ativos vão ficando naturalmente mais caros e menos compradores vão estar dis-
poníveis a pagar determinado preço. Os vendedores, pelo contrário, vão querer
vender como nunca nesses novos valores, aumentando a oferta e contribuindo
para o início da desvalorização (queda).
Podemos ver no gráfico abaixo do índice Bovespa que o mercado subia até
atingir um nível de preços no qual ele parou (resistência). Depois de encontrar
a resistência, o mercado corrigiu caindo um pouco, mas voltou a subir e alcan-
çou a resistência novamente, ponto no qual reverteu para uma tendência de
queda maior.
13.947
13.910
13.873
13.836
13.799
13.762
13.725
13.688
13.651
13.614
13.577
2928252322 24
13.592
jul/03
Fonte: <www.nelogica.com.br>
Em uma baixa o contrário acontece, os ativos tornam-se mais baratos e a demanda
pelos papéis começa a aumentar. Os vendedores já não acham os preços tão
atrativos, diminuindo a oferta. Está aberto o caminho para a valorização (alta).
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Abaixo, temos um exemplo de suporte no índice Bovespa. Note que o mer-
cado vinha em queda até chegar ao valor de 15.780 pontos. A partir desse nível,
a força compradora aumentou e a queda parou. O mercado reagiu, mas voltou
a cair até a linha de suporte mais duas vezes até reverter para uma tendência de
alta de maior intensidade.
15.778
15.864
15.950
16.036
16.122
16.208
16.294
16.380
16.466
16,552
16.579
set/03 Out/03
013029262524
Fonte: <www.nelogica.com.br>
O COMPONENTE PSICOLÓGICO
Que outros fatores ajudam a definir certo preço como suporte ou resistência?
A resposta é simples: memória. As pessoas lembram-se dos valores que com-
praram ou venderam e ganharam dinheiro, lembram-se também dos preços em
que perderam e das emoções boas e más sentidas durante esses eventos. Logo,
o somatório desse histórico de lembranças é um dos fatores que contribui para
a formação dessas zonas de bloqueio.
NEGOCIANDO COM A AJUDA DE SUPORTE E RESISTÊNCIA
A regra para negociar usando suportes e resistências parece simples: comprar no
suporte e vender na resistência. Essa regra sem sofisticação, mas objetiva, pode
Caro(a) aluno(a), para se aprofundar no estudo do fucionamento do mercado
de capitais, bem como os seus ativos comercializados, pesquise os sites abaixo:
<www.bovespa.com.br>.
<www.cvm.gov.br>.
FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE AÇÕES
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rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E138
tornar um investidor extremamente bem-sucedido se ele conhecer o mercado e
tiver uma boa metodologia de operação. Para isso, o investidor deve saber que,
muitas vezes, ocorre o rompimento dos níveis de suporte e resistência, sendo
importante contar com estratégias para proteção do capital e também para apro-
veitar esses acontecimentos. Nesse contexto, um ponto relevante é a força do
suporte e resistência. Quanto mais vezes o mercado “bater e voltar” na linha,
mais forte é a confiabilidadeda barreira de preços.
TRAÇANDO LINHAS DE TENDÊNCIAS
Segundo Pinheiro (2006), para estudo de tendências na análise gráfica, utilizamos
o traçado de linhas como ferramentas de apoio. O traçado de linhas de tendência
possibilita o acompanhamento dos movimentos de alta e de baixa das cotações,
permitindo, com isso, a identificação dos sinais de modificação de direção.
DICAS PARA COMEÇAR A OPERAR NO MERCADO DE AÇÕES
Os passos a seguir são oferecidos para iniciantes em Bolsas de Valores pela pró-
pria Bovespa:
1º passo: o investidor procura uma corretora da Bovespa e preenche um
cadastro contratando seus serviços.
2º passo: com a assessoria da Corretora, o investidor escolhe a ação da
empresa que deseja comprar e dá a ordem para a Corretora.
Considerações Finais
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3º passo: a Corretora executa a ordem dada pelo investidor e compra a ação
na Bovespa.
4º passo: o cliente efetua o pagamento para a Corretora (com recursos pre-
viamente depositados).
5º passo: a Corretora credita as ações adquiridas pelo investidor em sua
conta de custódia, na CBLC.
Agora o investidor é também um sócio da empresa – um acionista.
Parece bastante simples, não é? E de fato é mesmo. Para isso, o investidor
precisa saber o seu perfil, escolher corretamente seus investimentos dentro do
seu perfil e começar a operar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vimos nesta unidade como funciona o mercado de ações e que os pequenos investi-
dores também podem atuar neste mercado por meio das corretoras. Também vimos
que as aplicações possuem custos administrativos e tributários como quase tudo
neste país. Além disto, como as ações são uma renda variável com risco sistêmico e
não sistêmico, devemos diversificar a nossa carteira de ações para minimizar o risco.
Importante também, nesta unidade, é que vimos que os meios de se investir
em ações são bastante diversificados, podendo o investidor fazer individualmente,
por meio de um clube de investimento, ou por meio de um fundo de investimento.
Além disto, aprendemos as principais ferramentas que são utilizadas para a
tomada de decisão no mercado de ações, mediante a elaboração dos indicadores da
escola fundamentalista e da leitura dos gráficos da análise técnica. Ambas as meto-
dologias devem ser utilizadas de forma conjunta para proporcionar uma análise
mais acurada da realidade do valor das ações no presente e suas perspectivas futuras.
Na próxima Unidade, vamos nos aprofundar nos fundos de investimentos
em ações e suas formas de negociação. Aprenderemos também sobre o mercado
de fundos imobiliários e de títulos públicos, sendo estes uma das principais for-
mas de aplicação financeira.
140 - 141
1. Busque conhecer como o mercado de bolsa é afetado por boatos.
2. Pesquise como surgiu o mecanismo de análise técnica, em que país e em quais
circunstâncias.
3. Qual foi o comportamento da rentabilidade média de ações da Petrobras e da
Vale no ano de 2010, 2011 e 2012?
4. Resgate informações sobre movimentos de crash em Bolsas de Valores e o mo-
tivo de terem acontecido.
5. Busque conhecer algumas corretoras que operam na Bovespa e oferecem o ser-
viço de Home Broker.
6. Pesquise que empresa ligada à Bovespa faz a liquidação e custódia de títulos e
valores mobiliários.
7. Pesquise movimentos de recompra de ações por parte de alguma companhia
no mercado. Quando ocorreu, quais empresas usaram deste expediente?
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Professora Me. Juliana Franco
Professor Me. Paulo Pardo
O MERCADO DE TÍTULOS
PÚBLICOS, FUNDOS DE
INVESTIMENTO E FUNDOS
IMOBILIÁRIOS
Objetivos de Aprendizagem
■ Conhecer a operacionalidade dos Fundos de Investimento e
Imobiliários.
■ Entender o risco dos fundos.
■ Conhecer os principais tipos de Fundos de Investimento.
■ Aprender como se opera no fundo.
■ Conhecer o Tesouro Direto.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Fundos de Investimentos
■ Riscos
■ Principais tipos
■ Operações
■ Fundos Imobiliários
■ Tesouro Direto
INTRODUÇÃO
Você que já conheceu muito a respeito do Sistema Financeiro Nacional, seus
principais componentes e o mercado de capitais, pode estar imaginando como
investir se não quiser operar diretamente no mercado de ações.
Na verdade, para o investidor, pequeno ou grande, iniciante ou experiente,
existe um leque muito grande de opções de investimento, de acordo com o per-
fil de cada um.
Os bancos múltiplos, onde a maioria possui algum tipo de operação, pos-
suem a opção de investimento em Fundos, que atende à maioria das expectativas
dos investidores.
Procure conhecer essas opções. Se você possuir uma conta corrente num
banco, busque com o seu gerente ou no site do seu banco as opções oferecidas.
É obrigatória a publicação das regras dos Fundos de Investimento de modo
que o investidor tome uma decisão consciente quando faz a sua opção.
Outra modalidade de investimento como Pessoa Física que se tornou atra-
ente no mercado é o Tesouro Direto. Vale a pena você conhecer essa opção de
investimento, pois ela pode ser mais vantajosa em relação a muitos Fundos de
Investimento atualmente ofertados pelas Instituições Financeiras.
FIFS – FUNDOS DE INVESTIMENTOS FINANCEIROS
Um Fundo de Investimento é
uma forma de aplicação finan-
ceira formada pela união de
vários investidores que se juntam
para a realização de um inves-
timento financeiro, organizada
sob a forma de pessoa jurídica,
tal qual um condomínio, visando
Introdução
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O MERCADO DE TÍTULOS PÚBLICOS, FUNDOS DE INVESTIMENTO E FUNDOS IMOBILIÁRIOS
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IVU N I D A D E144
a um determinado objetivo ou retorno esperado, dividindo as receitas geradas
e as despesas necessárias para o empreendimento.
A CVM – Comissão de Valores Mobiliários, por meio das instruções CVM
409 de 18 de agosto de 2004, a 411 de 26 de novembro de 2004 e a 413 de 30 de
dezembro de 2004, define assim um fundo de investimento:
Fundo de Investimento é uma comunhão de recursos, constituída sob a
forma de condomínio, destinada à aplicação em títulos e valores mobi-
liários, bem como em quaisquer outros ativos disponíveis no mercado
financeiro e de capitais.
Com o objetivo de dar maior transparência ao investidor, ao comparar fundos
em instituições diferentes, algumas regras foram estabelecidas com respeito,
por exemplo, à nomenclatura do fundo. A denominação do fundo deverá con-
ter a expressão “Fundo de Investimento”, com o acréscimo da referência à classe
do fundo, podendo ter ainda expressões que indiquem o tratamento tributário
específico a que estejam sujeitos o fundo ou seus cotistas.
A administração e a gestão do fundo são realizadas por especialistas con-
tratados. Os administradores tratam dos aspectos jurídicos e legais do fundo, os
gestores da estratégia de montagem da carteira de ativos do fundo, visando ao
maior lucro possível com o menor nível de risco. Dependendo do tipo de fundo,
as carteiras geralmente podem ser mais diversificadas ou menos diversificadas,
podendo conter ativos de diversos tipos, tais como ações, títulos de renda fixa,
títulos cambiais, derivativos ou commodities negociadas em bolsas de mercado-
rias e futuros, dentre outros.
Todo o dinheiro aplicado nos fundos é convertido em cotas, que são distri-
buídas entre os aplicadoresou cotistas, que passam a ser proprietários de partes
da carteira proporcionais ao capital investido. O valor da cota é atualizado dia-
riamente e o cálculo do saldo do cotista é feito multiplicando o número de cotas
adquiridas pelo valor da cota no dia. O dinheiro aplicado nos fundos é utilizado
para a compra de títulos diversos como, por exemplo, ações, títulos públicos,
certificados de depósitos bancários (CDB) etc., conforme a política de investi-
mento de cada fundo.
Uma das principais vantagens de se investir em fundos é a comodidade para
o investidor, que prefere deixar sob os cuidados de especialistas a gestão de seus
O Risco do Investimento em Fundos
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recursos. Uma equipe de gestores acompanha e analisa o mercado diariamente
em busca de boas oportunidades de investimento, o que muitas vezes o investi-
dor não tem tempo nem condições de fazer. Em virtude do volume de dinheiro
que capta, o fundo consegue taxas mais vantajosas em várias operações do que
um pequeno e médio investidor individualmente conseguiria.
Os fundos são investimentos com alta liquidez, o que permite, na grande
maioria dos casos, saques a qualquer momento sem qualquer tipo de carência. A
exceção mais importante é no caso dos fundos fechados, os quais não admitem
resgate de cotas, apenas a venda das cotas no mercado secundário. A rentabili-
dade de cada fundo é determinada pela estratégia de investimento adotada pelo
gestor, que deve respeitar as características definidas no seu estatuto. Existem
fundos conservadores e fundos mais agressivos com diferentes graus de risco
definidos de acordo com seu objetivo.
Se um fundo conseguir rentabilidade de 3% em um mês, todos os cotistas terão
a mesma valorização, independentemente do valor aplicado. As taxas e impostos
têm grande importância na rentabilidade do fundo, portanto, vale a pena ficar
atento às taxas cobradas, que variam de acordo com o fundo e com a instituição.
O RISCO DO INVESTIMENTO EM FUNDOS
A carteira de ativos de um fundo de investimento é geralmente formada por
ativos de diversos tipos, com diferentes graus de risco. O risco total da carteira
do fundo é repassado ao aplicador ou cotista do fundo. O risco de um fundo de
investimento pode ser definido como o grau de incerteza na obtenção do retorno
esperado investindo em um determinado fundo. Dessa forma, os fundos podem
ser classificados como de baixo, médio e alto risco. Geralmente, fundos de baixo
risco apresentam um maior nível de segurança ao investidor, mas em contra-
partida, costumam ter um retorno menor. Fundos de alto risco, por outro lado,
podem trazer um retorno mais alto, mas com um grau muito maior de incer-
teza, podendo até mesmo trazer prejuízos aos investidores.
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IVU N I D A D E146
Identificamos, a seguir, quais são os principais riscos que incorrem ao apli-
cador (investidor) em fundos financeiros:
■ Risco de mercado – Risco inerente a oscilações dos mercados onde os ati-
vos financeiros, que fazem parte da carteira do fundo, foram adquiridos.
■ Risco de crédito – Risco de crédito se refere a uma possível incapaci-
dade das instituições financeiras, responsáveis pela emissão dos ativos
financeiros componentes da carteira, de honrarem seus compromissos
financeiros assumidos com os investidores. Essa situação pode ser causada
por problemas financeiros oriundos de uma má administração ou gestão,
dificuldades com planos econômicos etc. Esse problema também pode
ocorrer com a própria entidade administradora do fundo de investimento.
Retorno e risco são duas variáveis que andam juntas no mundo dos investi-
mentos. Quanto maior a possibilidade de retorno, maior o risco envolvido. Por
exemplo, fundos que investem mais do que seu patrimônio no mercado futuro
e que podem ter alta rentabilidade em certos períodos trazem consigo um alto
risco e a possibilidade de rendimentos negativos durante algum período. Já os
fundos mais conservadores procuram garantir mais segurança aos seus investi-
dores e, portanto, rentabilidades menores.
CARACTERÍSTICAS DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO
ADMINISTRADORES DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO
Os administradores de fundos são as instituições financeiras responsáveis legais
perante os órgãos normativos e reguladores, a Comissão de Valores Mobiliários
(CVM) e o Banco Central, além de determinar a política e o regulamento de
cada fundo. Existe também a figura do gestor de fundos, que é responsável pela
escolha dos papéis, avaliação dos cenários e montagem das carteiras. No Brasil,
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existem administradores que realizam a gestão de seus fundos e que também
terceirizam esta gestão para gestores independentes. São profissionais especiali-
zados que acompanham o mercado e procuram definir os melhores momentos
de compra e venda e quais ativos irão compor a carteira do fundo.
O administrador será o responsável pela representação do fundo perante os
órgãos de fiscalização do Governo Federal – Comissão de Valores Mobiliários
(CVM) ou o Banco Central do Brasil. Necessariamente, o administrador deverá
ser de uma instituição financeira aprovada pelo Banco Central do Brasil. Uma
das funções do administrador é a determinação do valor da cota do fundo.
Cada fundo de investimento constitui-se como pessoa jurídica própria, não
se confundindo com a instituição gestora. O que significa que o dinheiro apli-
cado num fundo está resguardado de qualquer eventual problema financeiro que
a administradora ou a gestora venham a ter.
É obrigação dos administradores de recursos fornecerem todo o tipo de
informação relevante para o cotista sobre a política de investimento dos fundos,
os riscos envolvidos e os principais direitos e responsabilidades dos investido-
res e dos gestores. O prospecto e o regulamento do Fundo são os instrumentos
básicos de informação no momento inicial do investimento. Porém, durante o
período de permanência do investidor no fundo, ele deve ser informado sobre
todas as mudanças importantes, seja na equipe de gestores ou no estatuto do
fundo. A utilização do correio eletrônico (e-mail) como meio de comunicação
entre o administrador de fundos e os cotistas é uma das principais inovações
nas regras dos fundos.
Embora a rentabilidade passada não seja garantia de rentabilidade futura, a
evolução do valor das cotas do fundo é um bom parâmetro para se tomar como
base na escolha de um fundo de investimento e seus administradores. Porém, é
importante saber se, na política de gestão praticada, o gestor e os procedimentos
de análises atuais são os mesmos que garantiram aquela rentabilidade passada.
O Administrador deverá ainda contratar os serviços de uma empresa de
auditoria, pois o balanço social do fundo deve ser auditado por uma empresa
independente.
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GESTÃO DOS RECURSOS EM FUNDOS DE INVESTIMENTO
Sem dúvida, uma regra que confere uma transparência maior ao investidor tem
a ver com a gestão dos recursos em fundos de investimento. Você sabia, por
exemplo, que os fundos de investimento têm que ter uma escrituração contábil
própria, para evitar conflitode interesses e também para assegurar a segrega-
ção entre a gestão dos recursos da instituição administradora e os recursos de
terceiros, ou seja, o patrimônio do fundo? Essa regra é conhecida no mercado
financeiro como Chinese Wall, ou Muralha da China.
A instituição administradora do fundo de investimento é a responsável pela
contabilização e controle do ativo e passivo do fundo.
No caso do passivo, representa as fontes de recursos do fundo. O passivo é
constituído dos valores devidos aos cotistas mais as taxas e demais encargos a
pagar. No caso do ativo, representam-se as aplicações financeiras do fundo em
títulos e valores mobiliários.
O Quadro 9 abaixo apresenta as principais características dos fundos de
investimentos:
Administrador Responsável pelo funcionamento do fundo.
Controla todos os prestadores de serviço e defende os interes-
ses dos cotistas.
Gestor Responsável pela compra e venda dos ativos do fundo (gestão)
segundo objetivos e política de investimento estabelecida no
regulamento.
Custodiante Responsável pela “guarda” dos ativos do fundo.
Distribuidor Responsável pela venda das cotas do fundo.
Auditoria Responsável por fiscalizar se o fundo está de acordo com as
normas legais de operação.
Cotista Este é você. Grande ou pequeno investidor, ao aplicar em um
fundo, todos recebem o mesmo tratamento e têm os mesmos
direitos, independente do valor aplicado.
Quadro 9: Características dos Fundos de Investimento
Fonte: XP-Educação (2011)
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CLASSIFICAÇÃO DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é que classifica os fundos de inves-
timento. O processo de classificação de fundos se completa com a classificação
da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (ANBID). A classificação,
com a composição das diferentes carteiras, é a seguinte:
1. Fundo de Curto Prazo – Pode aplicar exclusivamente em títulos públi-
cos federais prefixado ou indexados à taxa SELIC, ou títulos indexados
a índices de preços, com prazo máximo a decorrer de 375 dias, e prazo
médio da carteira do fundo inferior a 60 dias, sendo permitida a utili-
zação de derivativos somente para proteção da carteira e a realização de
operações compromissadas lastreadas em títulos públicos federais.
2. Fundo Referenciado – Deve identificar na denominação a referência do
seu indicador de desempenho – que deve estar expressamente definido na
denominação do fundo – em função da estrutura dos ativos financeiros
integrantes da respectiva carteira, desde que atendidas, cumulativamente,
às seguintes condições:
a. Tenha 80%, no mínimo, de seu patrimônio líquido representado, isolada ou
cumulativamente, por títulos públicos federais, e títulos e valores mobiliá-
rios de renda fixa cujo emissor esteja classificado na categoria baixo risco
de crédito ou equivalente, com certificação por agência de classificação
de risco localizada no país, exceto em relação aos fundos referenciados
em índices do mercado de ações.
b. Estipule que 95%, no mínimo, da carteira seja composta por ativos finan-
ceiros de forma a acompanhar, direta ou indiretamente, a variação do
indicador de desempenho (benchmark) escolhido.
c. O mais conhecido é o DI, que tem como objetivo acompanhar o CDI.
3. Fundo de Renda Fixa – Deve possuir, no mínimo, 80% da carteira em
ativos relacionados diretamente, ou sintetizados via derivativos, ao fator
de risco que dá nome à classe (variação da taxa de juros doméstica ou de
índice de inflação, ou ambos).
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4. Fundo de Ações – Deve possuir, no mínimo, 80% da carteira em ati-
vos relacionados diretamente, ou sintetizados via derivativos, ao fator
de risco que dá nome à classe (variação de preços de ações admitidas à
negociação no mercado à vista de Bolsa de Valores ou entidade do mer-
cado de balcão organizado).
a. Deve possuir, no mínimo, 67% (sessenta e sete por cento) da carteira em
ações admitidas à negociação no mercado à vista de Bolsa de Valores ou
entidade do mercado de balcão organizado.
b. Alguns têm como objetivo superar ou acompanhar a variação de um índice
de mercado.
c. Seu principal fator de risco é a variação nos preços das ações.
d. O objetivo desses fundos deve ser a rentabilidade no LONGO PRAZO.
A Figura 9 abaixo apresenta um relatório do comportamento dos principais fun-
dos de ações.
FUNDOS DE
INVESTIMENTO
CATEGORIA AVALIAÇÃO
RENTABILIDADE
12 MESES
INVESTIMENTO
MÍNIMO
TAXA DE
ADMINISTRAÇÃO
Banrisul Ações FI Ações ativo 5 estrelas 39,0% R$ 100,00 5,00%
BradescoFIC DE FIA
BDR Nível I Ações ativo 5 estrelas 30,1% R$ 10.000,00 2,50%
XP Absoluto Consu-
mo FI de Ações Ações ativo 5 estrelas 17,1% R$ 5.000,00 2,13%
BB Ações Consumo
FICFI Ações ativo 5 estrelas 15,6% R$ 200,00 1,00%
Caixa FI Ações
Consumo Ações ativo 5 estrelas 14,7% R$ 10,00 1,60%
XP Unique Quant FI
Multimercado
Multimer-
cado 5 estrelas 11,3% R$ 1.000,00 2,18%
Caixa FIC Long Short
Multimercado
Multimer-
cado 5 estrelas 76,0% R$ 5.000,00 1,50%
XP Referenciado FI
Referenciado DI
DI e Curto
Prazo 5 estrelas 69,0% R$ 50,00 0,40%
Figura 9: Comportamento dos principais Fundos de Ações
Fonte: XP-Educação (2011)
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5. Fundo Cambial – Deve possuir, no mínimo, 80% da carteira em ativos
relacionados diretamente, ou sintetizados via derivativos, ao fator de
risco que dá nome à classe (variação de preços de moeda estrangeira).
6. Fundo de Dívida Externa – Deve aplicar, no mínimo, 80% de seu patri-
mônio em títulos representativos da dívida externa de responsabilidade
da União, sendo permitida a aplicação de até 20% do patrimônio líquido
em outros títulos de crédito transacionados no mercado internacional.
Para o investidor brasileiro, esse fundo é a única forma de aplicar nos
papéis emitidos pelo governo brasileiro negociados no exterior. Os títulos
representativos da dívida externa de responsabilidade da União devem
ser mantidos, no exterior, em conta de custódia em nome do fundo, no
Sistema Euroclear ou na LuxClear – Central Securities Depositary of
Luxembourg (CEDEL).
7. Fundo Multimercado – Deve possuir políticas de investimento que
envolvam vários fatores de risco, sem o compromisso de concentração
em nenhum fator em especial ou em fatores diferentes das demais classes
previstas. Tem como característica mais forte a flexibilidade.
Os gestores podem investir o quanto quiserem em ativos de diferentes
níveis de risco e apresentam risco maior que outras aplicações mais con-
servadoras.
8. Fundos de Previdência – São fundos de investimento destinados a aco-
lher os recursos captados pelo plano gerador de benefícios livres (PGBLs).
9. Direitos Creditórios – A carteira de investimento desses fundos é com-
posta em sua totalidade por títulos que representam operações realizadas
nos segmentos financeiro, comercial, industrial, imobiliário, de arrenda-
mento mercantil e de prestação de serviços. Esses títulos são conhecidos
como recebíveis e esses fundos possuem uma regulamentação própria
(Instruções CVM 356/2001 e 399/2003 e suas modificações).
Além dos fundos mencionados acima, ainda existe o chamado Fundo Exclusivo,que são fundos cujas cotas pertencem a um único cotista, destinado a atender
especialmente clientes de grande porte, e que são classificados como investido-
res qualificados.
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Investidor qualificado? Mas o que é isso?
São considerados como investidores qualificados:
■ Instituições financeiras.
■ Companhias e sociedades de capitalização.
■ Entidades abertas e fechadas de previdência complementar.
■ Pessoas físicas ou jurídicas que possuam investimentos financeiros em valor
superior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) e que, ainda, atestem por
escrito sua condição de investidor qualificado mediante um termo próprio.
■ Administradores de carteiras e consultores de valores mobiliários.
As taxas que podem ser cobradas pelo Administrador do Fundo, segundo o site
Fundos.com (<http://www.fundos.com/fundosdeinvestimento.htm> Acesso em
02 de Setembro, 2013) são:
■ Taxa de administração: é uma taxa que o administrador cobra para exe-
cutar os trabalhos relativos à gerência administrativa do fundo, essa taxa é
definida (em geral) em termos anuais e incide diariamente sobre o patri-
mônio do fundo. Assim, ao divulgar o valor da cota, o administrador já
terá descontado o valor da taxa de administração.
■ Taxa de performance: é uma taxa que é cobrada em função dos objeti-
vos de rentabilidade que são definidos no estatuto social do fundo, assim,
caso o gestor do fundo ultrapasse esses objetivos, ele fará jus a uma remu-
neração. De igual forma, o administrador, ao divulgar o valor da cota do
fundo, já terá descontado o valor da taxa de performance do fundo. Os
critérios de cálculo da taxa de performance são definidos no estatuto
social do fundo e constam do prospecto.
■ Taxa de entrada ou de saída: é uma taxa que poderá ser cobrada do
investidor quando da aquisição de cotas do fundo (taxa de entrada ou de
carregamento) ou quando o investidor solicita o resgate de suas cotas. Nesse
caso, a taxa de entrada ou de saída não está computada no patrimônio do
fundo, portanto, o valor da cota do fundo divulgado pelo administrador
não contém essa taxa. Como todas as demais taxas, esta também deverá
estar definida no estatuto social do fundo e constar no prospecto do fundo.
152 - 153
Segundo o site Fundos.com (2013), o investidor, ao aplicar os seus recursos financeiros
em um fundo de investimento, estará adquirindo certa quantidade de cotas que repre-
sentarão o patrimônio do fundo de investimento. Para calcular o valor da cota, o admi-
nistrador poderá utilizar duas metodologias:
Cota Fechamento: nessa metodologia, o
Administrador irá determinar o valor da
cota no final do dia e para tanto irá utilizar
o valor do patrimônio do fundo constante
no final do dia. Nessa situação, o investi-
dor somente irá saber o valor da cota no
dia seguinte ao da aplicação.
Cota Abertura: nessa metodologia, o
Administrador irá determinar o valor da
cota no início do dia e para tanto irá uti-
lizar o valor do patrimônio do fundo no
início do dia. Nessa situação, o investidor
sabe no momento da aplicação a quanti-
dade de cotas que está adquirindo.
Assim, de posse do valor da cota, o administrador poderá então calcular a quantidade
de cotas que cada investidor possui e, claro, determinar o valor atual dos investimentos
realizados pelos cotistas, bastando para isso dividir o valor financeiro aportado pelo in-
vestidor pelo valor da cota (em caso de aplicação) ou multiplicar a quantidade de cotas
pelo valor atual da cota para se determinar o valor atual dos investimentos (em caso de
resgate, por exemplo).
Além das metodologias acima mencionadas, o Administrador do fundo poderá adotar a
cota de um determinado dia para aplicação ou para resgate. Em geral, os administrado-
res adotam a cota do dia seguinte (D + 1) para as aplicações e resgates. Essa informação
deverá estar mencionada no estatuto social do fundo e no prospecto.
Alguns administradores adotam também um prazo de carência para efetuar os resgates,
caso o investidor saque durante a vigência da carência ele poderá perder a rentabilidade
entre a data de aniversário da carência e a data do resgate (essa condição deverá estar
mencionada no estatuto social do fundo e no prospecto). Se estiver previsto no estatuto
social do fundo, o Administrador somente poderá resgatar em datas estipuladas.
Fonte: adaptado de <http://www.fundos.com/fundosdeinvestimento.htm>. Acesso
em: 29 out. 2013.
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IVU N I D A D E154
TRIBUTAÇÃO EM FUNDOS DE INVESTIMENTO
O imposto de renda nos fundos de investimento incide sobre a rentabilidade
obtida pelo cotista. O percentual (alíquota) do imposto de renda varia de acordo
com a composição da carteira do fundo de investimento e de acordo com o prazo
médio dos títulos que compõem a carteira do fundo.
Segundo o site Attivo Investimento (<http://www.attivoinvestimentos.com.
br/produtos/fundos-de-investimentos), a tributação dos fundos de investimen-
tos com 67% de sua composição em ações, renda variável, a alíquota será de
15% sobre a rentabilidade obtida e incidirá no momento em que o cotista efe-
tuar um resgate. No último dia útil dos meses de maio e novembro, a Receita
Federal cobra uma parcela do imposto de renda calculado sobre a rentabilidade
obtida pelo cotista. Já o imposto sobre operações financeiras (IOF) incidem
sobre a rentabilidade obtida pelo cotista e caso o prazo entre aplicação e o res-
gate seja inferior a 30 dias e as suas alíquotas sejam decrescentes em função do
prazo como o imposto de renda.
Veja na tabela 3 que o tempo de permanência no fundo (dependendo tam-
bém da classificação deste fundo, se de curto ou longo prazo) determina sua
tributação.
PRAZO MÉDIO DA CARTEIRA DO FUNDO DE INVESTIMENTO ALÍQUOTA
Até 180 dias 22,50%
De 181 até 360 dias 20,00%
De 361 dias até 720 dias 17,50%
Acima de 721 dias 15,00%
Tabela 3: Tributação do Fundo de Investimento (IR)
Fonte: <http://www.fundos.com/fundosdeinvestimento.htm>
No caso do IOF, a tabela 4 nos ajuda a entender a regressão da alíquota ao longo
de um período de 30 dias:
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NÚMERO DE DIAS
DECORRIDOS APÓS A
APLICAÇÃO
IOF (EM %)
NÚMERO DE DIAS
DECORRIDOS APÓS A
APLICAÇÃO
IOF (EM %)
1 96 16 46
2 93 17 43
3 90 18 40
4 86 19 36
5 83 20 33
6 80 21 30
7 76 22 26
8 73 23 23
9 70 24 20
10 66 25 16
11 63 26 13
12 60 27 10
13 56 28 6
14 53 29 3
15 50 30 0
Tabela 4: Tributação do Fundo de Investimento (IOF)
Fonte: BM&FBOVESPA (2013)
FUNDOS DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO
Os Fundos de Investimento Imobiliário foram regulamentados pela Lei 8668 de
25/06/1993 e das Instruções CVM 205 e 206, ambas de 14/01/1994 e com poste-
riores alterações introduzidas pelas instruções 389/03 e 455/07. Essa legislação
determina que cada imóvel (objeto do fundo) deve ser dividido em um deter-
minado número de cotas não resgatáveis (sistema de condomínio fechado),
podendo sua integralização ocorrer à vista ou a prazo. É importante observar
que o fundo imobiliário, sendo do tipo fechado, só começa a funcionar quando
todas as cotas forem vendidas, e qualquer investidor que quiser entrar depois de
O MERCADO DE TÍTULOS PÚBLICOS,FUNDOS DE INVESTIMENTO E FUNDOS IMOBILIÁRIOS
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IVU N I D A D E156
sua colocação primária terá, obrigatoriamente, de adquiri-las em bolsa de valo-
res ou em mercado de balcão organizado, que são os responsáveis pelas ofertas
das cotas de quem deseja vender sua participação no fundo.
Também vale a pena destacar que o cotista não é proprietário dos imóveis
adquiridos com os recursos do fundo.
Como acontece a valorização das cotas destes fundos? A resposta é simples:
a valorização das cotas ocorre pela valorização do imóvel que lastreia o fundo
ou por um índice de preços associado ao fundo. Além disso, os fundos podem
gerar dividendos que tenham como base o aluguel do imóvel vinculado ou outro
qualquer tipo de remuneração idealizada quando de sua constituição.
Os Fundos Imobiliários são formados por grupos de investidores, com o
objetivo de aplicar recursos de forma solidária no desenvolvimento de empreendi-
mentos imobiliários ou em imóveis prontos. Devemos entender que o patrimônio
de um fundo não é constituído de apenas um imóvel, mas podem participar um
ou mais imóveis, parte de imóveis, direitos a eles relativos etc.
Atualmente, já estão em funcionamento mais de 60 fundos imobiliários no
Brasil, com patrimônio total em torno de R$ 2 bilhões (HALFELD, 2008).
Os Fundos Imobiliários, assim como é também o caso dos fundos de ações,
renda fixa, derivativos etc., são regulados e fiscalizados pela CVM por se tratar
de captação de recursos do público para investimento. A cota de um fundo imo-
biliário é valor mobiliário, conforme estabelece o artigo 3º da Lei 8.668/93. Aliás,
um fundo imobiliário é bastante semelhante a uma empresa, com seus acionis-
tas, aumentos de capital, assembleias, distribuições de resultado etc.
O modelo de Fundos Imobiliários adotado no Brasil possui as seguintes
características:
■ Pode ser constituído de bens e direitos imobiliários, que podem ser uti-
lizados para integralização.
■ É, obrigatoriamente, administrado por instituição financeira.
■ Não tem personalidade jurídica própria. A instituição financeira que o
administra “empresta” sua personalidade jurídica ao fundo, tornando-se
proprietária fiduciária dos bens integrantes do patrimônio, os quais não
se comunicam com o patrimônio da instituição.
Fundos de Investimento Imobiliário
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■ Pelo menos 75% do patrimônio do fundo devem estar aplicados em bens
e direitos imobiliários. O saldo em caixa deve ser aplicado em ativos de
renda fixa.
■ Para os casos de fundos destinados a construir imóveis, as integraliza-
ções podem ser parceladas em séries. Os fundos podem, também, efetuar
aumento de capital mediante a emissão de novas cotas.
■ É um fundo fechado, ou seja, não permite resgate das cotas. O retorno do
capital investido se dá por meio da distribuição de resultados, da venda
das cotas ou, quando for o caso, na dissolução do fundo com a venda dos
seus ativos e distribuição proporcional do patrimônio aos cotistas.
VANTAGENS
A utilização de um instrumento moderno, como os fundos imobiliários, para
captar recursos destinados a investir em empreendimentos imobiliários traz inú-
meras vantagens para a operação.
A primeira delas é a possibilidade de fracionar o investimento, trazendo
para este mercado uma massa de investidores de pequeno e médio porte que
não possuem alternativas para investir em imóveis. Ao analisarmos o sucesso da
venda de flats, por exemplo, podemos perceber claramente os fatores que con-
tribuíram para isso:
a. Operação imobiliária em uma faixa de valor, até então, praticamente ine-
xistente (em torno de R$ 100.000,00).
b. Possibilidade de parcelamento do investimento (financiamento direto,
bancário etc.).
c. Sistema de pool de locação, reduzindo as perdas com vacância.
d. Operação terceirizada, evitando o envolvimento do investidor.
Já a mesma operação, utilizando o fundo imobiliário, além de manter as caracte-
rísticas mencionadas, poderia ser oferecida a uma fatia de mercado muito maior,
reduzindo o valor do investimento.
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Vamos pensar em uma outra vantagem do fundo de investimento imobiliário.
Lembra-se de quando falamos que um imóvel convencional tem proble-
mas de liquidez, isto é, quando o investidor quer vender, pode demorar para
transformar o ativo em dinheiro vivo? Pois no caso do FII, a cota do fundo imo-
biliário é um valor mobiliário, isto é, trata-se de um título de propriedade, assim
como as ações, e para vendê-las é bem mais simples que vender um imóvel em
um local específico, que pode não agradar a todos os interessados. Esses títulos
representativos das cotas, uma vez encontrado um comprador, basta ao vende-
dor autorizar a venda, sem a complicação de certidões, escrituras, assinatura
do cônjuge, despesas com ITBI etc. Por isso, podemos dizer que um fundo de
investimento imobiliário agrega as vantagens do mercado mobiliário aos
investimentos em imóveis.
E também por isso a transparência da operação é muito maior, pois todos os
atos do fundo são de responsabilidade da instituição financeira que o administra.
A versatilidade do fundo imobiliário também é uma das vantagens. Voltando
ao exemplo dos flats, em breve teremos uma saturação deste produto no mer-
cado quando a demanda estiver atendida. No caso dos fundos imobiliários, todo
tipo de investimento imobiliário pode fazer parte de suas carteiras. Hotéis, flats,
hospitais, edifícios comerciais, shopping centers, parques temáticos, enfim, qual-
quer empreendimento de base imobiliária é passível de ser incluído.
Além disso, do patrimônio de um fundo também podem participar direitos
imobiliários, como a concessão, o aluguel etc. Exemplificando, é perfeitamente
legal captar recursos via fundo imobiliário para construir um imóvel em terreno
público, havido por concessão, auferindo renda pelo tempo pactuado.
O professor Mauro Halfeld, em seu livro Seu Imóvel: Como comprar bem
(2008), lista algumas vantagens e desvantagens que, em sua opinião, fazem parte
deste tipo de investimento.
O cotista pode se tornar sócio de grandes empreendimentos com os quais
ele nunca sonharia como investidor individual. Por intermédio dos fundos, ele
pode ser sócio de um grande shopping ou de uma gigantesca torre de escritó-
rios, por exemplo.
Alguns fundos investem em prédios prontos já locados, reduzindo o risco
do negócio.
Calculando a rentabilidade de um investimento em fundos:
Exemplo: Um investidor aplica $2.000 em cotas de um fundo que, na data
do investimento, possui um patrimônio líquido de $500.000 e 100.000 cotas.
A partir destas informações, é possível calcular:
■ o valor da cota na data da aplicação: $500.000 / 100.000 = $5
■ número de cotas adquiridas pelo investidor: $2.000 / $5 = 400
Supondo que, em um determinado intervalo de tempo, o patrimônio líqui-
do sofra um aumento de 20% e o número de cotas aumente 9%.
Neste caso, o valor da cota aumentará ($600.000 / 109.000 = $5,5), da mesma
forma como o valor a resgatar (400 x $5,5 = $2.200). E se quisermos calcular a
rentabilidade no período, basta dividir o valor da cota no resgate pelo valor
na data da aplicação e ajustar para o percentual: $5,5 / $5 = 1,1 ou 10%.
Fonte: <http://www.portaldoinvestidor.gov.br/Investidor/Ondeinvestir/Tiposdeinvestimentos/tabid/86/
Default.aspx?controleConteudo=viewRespConteudo&ItemID=150>. Acesso em:23 ago. 2013.
Fundos de Investimento Imobiliário
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O cliente não precisa perder tempo com a administração dos imóveis. Ele
terá profissionais dedicados a isso. Em troca, pagará taxas administrativas.
DESVANTAGENS
No Brasil, ainda não há histórico sobre o desempenho dos administradores, vindo
a dificultar a escolha pelo cliente. É uma decisão baseada apenas na idoneidade
e no desempenho daqueles profissionais em outras atividades.
Hoje, há baixa liquidez nas cotas, o que pode tornar a saída do negócio difí-
cil no curto prazo.
Quase todos os fundos brasileiros investem em apenas um empreendimento. O
ideal seria diversificar, para diluir os riscos.
O MERCADO DE TÍTULOS PÚBLICOS, FUNDOS DE INVESTIMENTO E FUNDOS IMOBILIÁRIOS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IVU N I D A D E160
TESOURO DIRETO
Como vimos na Unidade I, existem vários papéis disponibilizados pelo Governo.
Vamos nos lembrar deles?
■ LFT – Letras Financeiras do Tesouro – são papéis com rendimento
pós-fixado.
■ LTN – Letras do Tesouro Nacional – são papéis com rendimento prefixado.
■ NTN-B – Notas do Tesouro Nacional, série B – são papéis pós-fixados
com rendimentos atrelados ao IPCA.
■ NTN-C – Notas do Tesouro Nacional, série C – são papéis pós-fixados
com rendimentos atrelados ao IGP-M.
■ NTN-D – Notas do Tesouro Nacional, série D – são papéis pós-fixados
com rendimentos atrelados ao dólar, também utilizados pelo governo
para atender à demanda do mercado de dólar.
■ NTN-H – Notas do Tesouro Nacional, série H – são papéis pós-fixados
com rendimentos atrelados à TR.
E se você quiser investir nestes papéis, como poderá fazer isso?
Visando atender a essa necessidade dos investidores, foi criado um programa
pelo Tesouro Nacional chamado de Tesouro Direto, que opera em parceria com
a CBLC – Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (que você também
já conhece).
No lançamento do programa, bastava apenas R$ 100,00 (cem reais) para você
começar a investir, isso com a comodidade de operar com os papéis sem sair de
casa, pois as transações são feitas diretamente via internet.
É possível ao investidor definir sua estratégia de investimento, se de curto,
médio ou longo prazo. Além disso, as taxas cobradas são muito inferiores à maio-
ria dos papéis de renda fixa existentes no mercado. O investidor pode ainda, caso
necessitar, converter os papéis em dinheiro por vender a preços de mercado todas
as quartas-feiras, dia em que o Tesouro oferece a recompra a preços de mercado.
Por que se pode dizer que aplicações em CDB são conservadoras?
Por que o brasileiro prefere aplicar em Caderneta de Poupança?
Qual a diferença em se comprar um imóvel e investir em títulos mobiliários?
Tesouro Direto
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Outro benefício é fiscal, pois diferente dos fundos de investimento que pos-
suem o chamado “come-cotas” (que é a cobrança antecipada de parte do Imposto
de Renda duas vezes por ano), no caso do Tesouro Direto, a cobrança do Imposto
de Renda sobre os rendimentos só é feita no momento da venda ou do venci-
mento do título.
Mas para qual finalidade o governo emite títulos públicos que compõem os
papéis do Tesouro Direto?
Títulos públicos possuem a finalidade primordial de captar recursos para o
financiamento da dívida pública, bem como para financiar atividades do Governo
Federal, como educação, saúde e infraestrutura.
Podem investir nestes papéis qualquer pessoa residente no Brasil que possua
Cadastro de Pessoa Física – CPF e estejam cadastrados em alguma das Instituições
Financeiras habilitadas a operar no Tesouro Direto.
Vale a pena conhecer essa opção de investimento. O Tesouro Nacional disponi-
biliza um portal com informações e regras que o investidor é convidado a acessar.
O portal é: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto/regras.asp>.
Vale a pena você conhecer o site da Bovespa. Além das informações de mer-
cado que interessam muito aos investidores, você encontrará dicas sobre
educação financeira, cursos rápidos sobre o mercado financeiro e outros co-
nhecimentos que podem ser valiosos no seu dia a dia.
Acesse o link: <www.bovespa.com.br>.
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O MERCADO DE TÍTULOS PÚBLICOS, FUNDOS DE INVESTIMENTO E FUNDOS IMOBILIÁRIOS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IVU N I D A D E162
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a), esta unidade nos apresentou os fundos de investimentos e
vimos, por meio deles, como podemos diversificar a nossa carteira de investi-
mentos e como podemos optar por fundos com maior ou menor risco. Os fundos
também são ideais para aqueles que não possuem um alto valor para aplicar,
porém querem comprar ativos, visto que existem fundos que permitem aplica-
ções a partir de R$ 100,00.
É importante, como você deve ter percebido ao longo da Unidade, que
você entenda que há um investimento certo para cada tipo de investidor. Esta
característica do investidor – do conservador ao arrojado – deve ser analisada.
Costumo sempre dizer aos meus alunos que uma boa maneira de analisar o perfil
do cliente é conhecer o seu próprio perfil. Assim, é possível que o investimento
adequado seja o escolhido.
Uma observação muito importante: o mercado é extremamente dinâmico.
As regras também mudam com muita rapidez. É necessário, portanto, que você
acompanhe estes movimentos. Fique atento(a) a qualquer decisão do governo
que possa afetar o humor dos investidores. Antecipe-se a esses movimentos com
informações adequadas, para que você consiga fazer previsões sobre o futuro da
rentabilidade dos fundos, que possuem, em sua composição, grande parcela de
renda variável (ações).
162 - 163
1. Como aplicar em Fundos de Investimentos?
2. Quais são as responsabilidades dos administradores de Fundos de Investimen-
tos?
3. Quais são os principais tipos de fundos de Investimentos no Brasil?
4. Como se classificam os fundos em relação aos riscos?
5. Quais são os encargos que um investidor tem ao investir em fundos de investi-
mentos?’
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Professora Me. Juliana Franco
Professor Me. Paulo Pardo
MERCADO DE DERIVATIVOS
Objetivos de Aprendizagem
■ Conhecer os conceitos e definições do mercado de Derivativos.
■ Apresentar os participantes do mercado de Derivativos.
■ Entender como se opera no Mercado de Derivativos e o seu
funcionamento.
■ Conhecer os riscos para o Investidor.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Conceitos e definições de mercado de Derivativos
■ Participantes do mercado de Derivativos
■ Funcionamento
■ Riscos para o Investidor
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), nesta Unidade lhe será apresentado o Mercado de Derivativos,
que foi citado na Unidade I. Os derivativos se constituem em uma outra forma
interessante de investirmos o nosso dinheiro que pode nos oferecer uma renta-
bilidade muito superior que a poupança e outros investimentos de renda fixa.
No entanto, como já sabemos, quanto maior o retorno, maior o risco. Assim, é
importante aprendermos como é o funcionamento deste mercado, a sua forma-
ção de preços, seus custos e risco.
Como veremos, além dos investidores (especuladores), existe outro impor-
tante participante deste mercado, os hedgers, que são agentes que entram neste
mercado com o objetivo de reduzir o riscoda variabilidade de preços. Você deve
ter ficado confuso(a), mas eu vou lhe explicar: no momento da comercialização,
o produtor agropecuário enfrenta o risco de uma queda abrupta do preço de seus
produtos. Isto ocorre pelas próprias características do setor, onde as safras estão
concentradas em uma determinada época do ano. Assim, o produtor corre um
risco de ter que vender a sua produção a um preço, que é ditado pelo mercado,
que pode ser abaixo de seu custo.
É nesse momento, caro(a) aluno(a), que você desempenha um importante
papel, o de desvendar a sistemática de funcionamento dos múltiplos instru-
mentos de comercialização existentes, bem como desenvolver a capacidade de
planejar cenários e vislumbrar o comportamento do preço de diversas commo-
dities, fatores esses que se constituem em grandes vantagens competitivas para
os produtores, as instituições e os profissionais que atuam nessa área.
Nesse sentido, o presente material busca elucidar os aspectos básicos do fun-
cionamento dos mercados futuros e de opções agropecuárias, mostrando como
o investidor pode ganhar dinheiro com este mercado e como os hedgers podem
reduzir o seu risco de variabilidade de preços das commodities por meio das ope-
rações com derivativos que se constituem em uma eficiente ferramenta de gestão.
Introdução
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MERCADO DE DERIVATIVOS
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VU N I D A D E168
INTRODUÇÃO AO MERCADO DE DERIVATIVOS
Derivativos são ativos financeiros (contratos) cujo valor depende (ou deriva),
de forma integral ou parcial, do valor de outro ativo financeiro ou mercadoria
(commodities) negociada no mercado à vista (CVM, 2009).
Os contratos derivativos só existem porque há a possibilidade de o preço da
mercadoria à vista (ações, moedas, grãos, taxas e índices) variar. Caso o mer-
cado à vista deixe de existir, o derivativo perde a razão de ser. A mercadoria
física, negociada no mercado à vista, referência para o derivativo, é chamada de
ATIVO-OBJETO.
Os derivativos podem ser financeiros e não financeiros:
■ Os derivativos financeiros são os referenciados sobre taxas de juros,
moedas, ações e índices.
■ Os não financeiros são os derivativos sobre os preços das commodities,
como o ouro, petróleo e ativos agropecuários (boi gordo, bezerro, algo-
dão, soja, açúcar, álcool, milho e café).
Na prática, os derivativos são transações nos mercados de futuros, a termo, swaps
e opções, ou contratos com características semelhantes a um ou mais desses ins-
trumentos (contratos de seguro, por exemplo).
Os principais mercados de derivativos estão apresentados como se segue
(CVM, 2009):
a. Mercado a termo:
O contrato a termo foi a primeira modalidade de derivativo conhecida pela
sociedade; é o mercado onde se processam as operações para liquidação dife-
rida, em geral após 30, 60 ou 90 dias da data de realização do negócio.
Resulta em um contrato entre duas partes que concordam em negociar
algum ativo no futuro, a um preço determinado no presente, ficando as partes,
compradora e vendedora, vinculadas uma à outra até a liquidação do contrato.
No contrato a termo, a parte que se compromete a pagar pelo produto assume
uma posição comprada, e a parte que se compromete a vender o item assume
uma posição vendida.
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Características operacionais:
■ Negociação: os contratos a termo podem ser encontrados em bolsa, mas
são mais comumente negociados no mercado de balcão não organizado
(contratos bilaterais negociados fora das bolsas).
■ Ausência de mobilidade de posições: em geral, os contratos a termo são
liquidados integralmente no vencimento, não havendo possibilidade de
sair da posição antes disso. Essa característica impede o repasse do com-
promisso a outro participante.
Exemplo de negociação no mercado a Termo de commodities agrícolas:
Produtor: imagine a situação do cafeicultor ainda no início da produção. Ele
não tem nenhuma garantia do preço que poderá ser praticado ao final da safra.
Comprador: imagine agora a situação do torrefador que compra o café
do produtor e o vende ao consumidor final. Ele também não sabe por qual
preço poderá negociar o café no final da safra.
Negociação: para eliminar os riscos de variações adversas de preço, o ca-
feicultor e o torrefador podem realizar uma operação a termo, tendo como
base os pressupostos do exemplo a seguir:
■ Suponha que, pelo preço de R$ 100,00/saca de 60kg, o cafeicultor con-
siga pagar todos os custos de produção e ainda obter lucro razoável em
sua atividade.
■ Considere também que R$ 100,00 seja o preço máximo que o torrefador
poderá pagar para auferir lucro e não ter prejuízo em sua atividade. Para
ambos, R$ 100,00 é um preço de negociação razoável.
■ Logo, poderão firmar um compromisso de compra e venda em que o pro-
dutor se compromete a vender o café por esse preço no final da safra
e o torrefador se compromete a adquiri-lo pelo mesmo preço na data
predeterminada.
■ Tanto para o comprador como para o vendedor no mercado a termo e em
ambas as situações (alta ou queda de preços), o prejuízo não será visto
propriamente como prejuízo, e sim como algo que se deixou de ganhar,
como um prêmio de seguro.
Fonte: elaboração própria
MERCADO DE DERIVATIVOS
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VU N I D A D E170
■ A movimentação financeira ocorre apenas na liquidação do contrato.
■ Em alguns contratos a termo negociados em bolsa, a liquidação da ope-
ração a termo pode ser antecipada pela vontade do comprador.
b. Mercado de opções:
O mercado de opções é uma modalidade de mercado a prazo onde são negociados
direitos de comprar ou de vender um determinado ativo, mediante pagamento
pelo comprador (titular) ao vendedor (lançador) de um valor chamado prêmio,
com preço do ativo e prazo de exercício previamente fixados.
Uma opção confere, ao titular, o direito (e não obrigação) de comprar ou
de vender um determinado ativo (ação, título ou bem qualquer) por um valor
determinado.
Uma opção pode ser vista como uma apólice de seguro, em particular a
opção de venda é análoga a um seguro de automóvel, pois permite recuperar um
valor predeterminado pelo ativo, mesmo que este tenha desvalorizado muito. Já
a opção de compra é semelhante ao sinal pago na compra de um imóvel, pois
garante o preço fixo e a preferência na compra.
O valor de uma opção e suas características de negociação estão ligadas a
um ativo adjacente. Por exemplo, uma opção da PETROBRAS PN está ligada ao
direito de compra ou venda do ativo PETROBRAS PN (PETR4).
Definições importantes:
■ Opção de Compra: direito de comprar o ativo.
■ Opção de Venda: direito de vender o ativo a um determinado preço e
dentro de um determinado período de tempo no futuro.
■ Titular da opção: é o comprador-proprietário da opção e tem um direito,
e não uma obrigação.
■ Vendedor da opção: é denominado de lançador de uma opção, é obri-
gado a preencher os requerimentos da opção se a opção for exercida.
■ Lançador: aquele que assume a obrigação de vender ou comprar do titu-
lar – se opção de venda ou de compra, se este exercer, o objeto a que se
refere o contrato, ao preço previamente estipulado, a qualquer tempo até
o vencimento da opção.
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c. Mercado Futuro:
Uma operação no Mercado Futuro compreende a compra ou a venda de contratos
referentes a um ativo financeiro (ações, por exemplo) ou ativos reais (commo-
dities) listadas em Bolsa, a um preço acordado entre as partes, para liquidação
(física e/ou financeira) em uma data futura específica, previamente autorizada.
As principais características deste mercado são:
■ Padronização.
■ Elevada liquidez.
■ Risco de crédito baixo.
■ Negociação transparente em bolsa mediante o pregão.
■ Ajustes diários é a equalização de todas as posições no mercado futuro,
com a consequente movimentação diária de débitos e créditos nas con-
tas dos clientes, de acordo com a variação positiva ou negativa no valor
das posições por eles detidas.
■ Possibilidade de encerramento da posição com qualquer participante
em qualquer momento, graças aos ajustes diários do valor dos contratos.
■ Utilização do mecanismo das margens depositadas em garantia para evi-
tar acumulação de perdas decorrentes da falta de pagamento de ajustes
diários negativos.
d. Mercado de Swaps
No Banco do Brasil, você pode adquirir opções de compra (call) ou de venda
(put) de café, algodão, cacau e de soja, referenciadas nas bolsas de Nova
Iorque e Chicago, respectivamente. As opções são do estilo americano, ou
seja, podem ser exercidas a qualquer momento entre a data de lançamento
(aquisição) e a de vencimento.
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VU N I D A D E172
É o mercado onde são trocados índices de rentabilidade por outro com o objetivo de
reduzir riscos de mercado, casar posições ativas com passivas, equalizar preços e ala-
vancar a exposição ao risco. Como exemplo, temos as seguintes situações (CVM, 2009):
■ Uma instituição que possua um ativo a taxas pós-fixadas e queira trocá-lo
por taxas fixas com outra instituição que queira fazer o inverso.
■ Uma instituição que possua o seu passivo atrelado à taxa de CDI e um
ativo atrelado à taxa de câmbio e queira trocar a rentabilidade do câmbio
pela do CDI no mercado de swap, compatibilizando, assim, a variação de
ativo e passivo e retirando este risco de sua estrutura contábil.
FUNCIONAMENTO DO MERCADO FUTURO
PARTICIPANTES DO MERCADO:
Após definirmos o que é um contrato futuro, na seção anterior, passamos para
a definição dos agentes participantes do mercado futuro, são eles:
a. Especuladores:
Assumem o risco devido à possibilidade de obter retornos, levando em conta
sua expectativa quanto aos preços futuros. São pessoas físicas ou jurídicas que
estão dispostas a assumir riscos das variações de preços motivados pela possi-
bilidade de ganhos financeiros por meio da realização de lucros, aproveitando
as flutuações de preços no mercado.
Nos esforços que fazem para conseguir lucros, os especuladores devem pre-
ver, com a maior precisão possível, as oscilações futuras dos preços e das taxas
de juros e de câmbio. Com objetivo de aperfeiçoar essas predições, muitos espe-
culadores empregam tempo e recursos consideráveis para conseguir analisar as
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informações sobre a situação e perspectivas das condições de oferta e procura. São
eles que fornecem a liquidez no mercado representando 90% das negociações.
b. Arbitradores:
Buscam ganhos com a diferença de preços entre mercados distintos. Arbitragem
consiste nas operações simultâneas no mercado físico e de futuros, de compra
no mercado mais barato e venda no mercado mais caro. É necessário que a dife-
rença entre o preço à vista, no mercado físico, e o preço futuro no mercado de
futuros seja maior que os custos de se realizar tal operação, como os custos de
transportes, barreiras fiscais, custos de armazenagem, juros dos empréstimos,
entre outros. A arbitragem pode ser direta e reversa.
Na ARBITRAGEM DIRETA o investidor toma emprestado recursos
(pagando juros), compra a commodity no mercado à vista ou físico a um preço
baixo, a armazena e vende no mercado futuro a um preço alto, para entrega poste-
rior. A operação de arbitragem acaba quando o custo (empréstimo + manutenção
da commodity em estoque) se igualar à diferença entre os preços de compra à
vista e venda a futuro (CVM, 2009).
Já na ARBITRAGEM REVERSA, o investidor toma a commodity emprestada,
a vende no mercado à vista a um preço alto, a compra no mercado futuro a um
preço baixo e investe o dinheiro obtido com a venda numa aplicação financeira
rendendo juros. A operação de arbitragem acaba quando a receita da aplica-
ção financeira se iguala à diferença entre o preço à vista e o futuro (CVM, 2009).
É a existência do processo de arbitragem que assegura a eficiência dos mer-
cados futuros, visto que é o que incentiva os especuladores a investirem neste
mercado (CVM, 2009).
c. Hedgers:
São aqueles que produzem fisicamente o produto ou que compram. Seu único
objetivo é minimizar o risco de mercado no preço do seu produto. No mercado
financeiro, o emprego da palavra hedging refere-se a uma modalidade operacio-
nal que visa proteger uma carteira de títulos ou de commodities contra mudanças
adversas de preços ou de taxas de juro (HULL, 2006).
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rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
VU N I D A D E174
A função do hedger é a de administração do risco. Dessa forma, o hedger,
normalmente, assume uma posição no mercado de derivativos contrária àquela
assumida no mercado à vista.
Exemplo de Hegde cambial:
Um investidor está aplicado em um título do governo indexado ao câmbio,
como uma NTN-D. Para ele se proteger contra uma possível queda futura do dólar,
ele fica VENDIDO em dólar futuro, se apropriando de renda no caso de queda
do valor do mesmo, compensando a perda no carregamento do título à vista.
Esta operação de VENDA futura de câmbio serve também para os exporta-
dores fazerem seu hedge, pois, assim como os detentores de títulos cambiais, eles
também perdem com a queda do dólar. Já para um investidor ou empresa com
dívidas em dólar, ou um importador, o hedge tem de ser feito no outro sentido,
qual seja, o da COMPRA de contratos futuros de câmbio, pois a alta da moeda
americana iria impactar, negativamente, no seu balanço.
d. Outros Participantes do Mercado:
■ Corretoras: trata-se de uma corretora de valores detentora de um título junto à
Bolsa. Ela tem a função de intermediar todas as operações em nome de clientes.
■ Membros de Compensação: também detentora de um título junto à
Bolsa, é uma corretora de valores e de mercadorias que tem como papel
assumir a responsabilidade pelo registro, compensação e liquidação de
todos os negócios realizados pelas Corretoras de Mercadorias, Operadores
Especiais e Permissionárias Correspondentes.
■ Operador Especial: pessoa física ou firma individual que possui, junto à
BM&F, um título que lhe dá o direito de atuar diretamente no pregão, exe-
cutando operações por conta própria ou de uma Corretora de Mercadorias.
■ Sistemas de Garantia e a Clearing House: para que as bolsas possam
assegurar a boa liquidação dos negócios nelas realizados, um sistema de
garantias é administrado pela Clearing House ou Câmara de Compensação.
As compensações das bolsas são realizadas por esta clearing house, que assume
para si todos os compromissos financeiros e vai liquidando as partes. Ou seja, é a
primeira garantidorade todas as operações. Entretanto, é bom frisar que, apesar
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da câmara garantir a operação perante outros membros, a corretora é a garan-
tidora final das posições de seus clientes.
CARACTERÍSTICAS DOS CONTRATOS FUTUROS:
As principais características dos contratos são:
■ Padronização da qualidade, quantidade, prazo de encerramento que per-
mite a negociação sem a “presença” da mercadoria.
A Tabela 5 apresenta como estão padronizados os contratos futuro de commo-
dities na BM&FBOVESPA (B3):
MERCADORIA PADRÃO TAMANHO COTAÇÃO
PRAÇA
REFERÊNCIA
Açúcar cristal especial 270 sc (50 kg) US$/sc São Paulo (SP)
Álcool anidro 30 m³ R$/m³ Paulínea (SP)
Café arábica Tipo 6 100 sc US$/sc Santos (SP)
Boi gordo
42 m; 450-550
kg
330 @ R$/@ Estado de SP
Milho Tipo 2 450 sc R$/sc Campinas (SP)
Soja exportação 450 sc US$/sc Paranaguá (PR)
Bezerro
nelore/anelo-
rado
30 cab R$/cab Estado do MS
Tabela 5: Padronização de contratos futuros
Fonte: elaborada pela autora, baseada em BM&FBOVESPA (2013)
■ Ponto de entrega: serve como referência para a formação dos preços.
■ Reversão da Posição: qualquer uma das partes pode liquidar seu contrato
antes do prazo revertendo sua posição – se comprado, vende, e se vendido,
compra o contrato, encerrando-o. Esta característica permite que o indi-
víduo sem interesse ou necessidade no recebimento físico da mercadoria
ou do ativo possa operar no mercado, uma vez que não corre o risco de
MERCADO DE DERIVATIVOS
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ter que receber o produto ou entregar. Também permite que capitais de
fora do setor sejam investidos nessa atividade. A Figura baixo apresenta
como se dá a reversão de posição no mercado futuro. Quem entra no
Mercado Futuro comprando um contrato assumindo uma posição com-
prada, para encerrar a sua posição, deve comprar um contrato de igual
tamanho, assumindo uma posição vendida e vice-versa.
Abertura de Posição Encerramento de Posição
Compra
Compra
Venda
Venda
Figura 10: Reversão de Posição no Mercado Futuro
Fonte: elaborada pelo autor
■ Descobrir Preços: nos mercados futuros, os compradores e vendedores,
ao discutir a formação de preços, acabam por determiná-los. A desco-
berta dos preços é um processo dinâmico e contínuo, em que se recolhem
informações e se interpretam sinais sobre as forças de oferta e demanda,
e se incorporam novas informações aos preços. Dessa forma, o preço
futuro de uma commodity, estabelecido numa bolsa num determinado
dia, pode ser interpretado como o reflexo do consenso dos agentes de mer-
cado naquele dia sobre quanto será o preço num ponto futuro do tempo.
■ Efeito de retroalimentação entre preços no presente e no futuro: a dinâ-
mica do ajuste das forças de oferta e demanda causa arbitragem entre a
produção presente e futura. Ou seja, um mercado influenciando o outro,
em ambas as direções.
■ Redução das Oscilações de Preços: os mercados futuros contribuem para
diminuir as oscilações de preços decorrentes do caráter sazonal da pro-
dução agropecuária.
■ Exemplo: processadoras podem comprar contratos futuros, assegu-
rando preços e margens e evitando os preços mais altos decorrentes
das entressafras do produto. Assim, pode garantir a oferta do produto
a um preço mais homogêneo durante todo o ano.
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AJUSTES DIÁRIOS, MARGEM DE GARANTIA E CUSTOS
OPERACIONAIS POR CONTRATO
Ajustes Diários:
Numa operação de contrato futuro, não se recebe ou paga nenhum valor adian-
tado, a não ser os Ajustes Diários, que são uma fração muito pequena do valor
total do contrato. Consiste na diferença que a parte vendedora recebe da parte
compradora quando o preço de venda cai, ou paga quando preço de venda sobe.
Prosseguindo em nossa análise, para Fortuna (2000), as margens de garantia,
que veremos a seguir, foram criadas para aumentar a eficiência do ajuste diário,
sendo uma espécie de caução que o investidor tem para depositar para operar
no mercado.
Assim, todos os dias, todas as partes nivelam suas posições, recebendo seus
rendimentos ou pagando suas obrigações e evitam que uma das partes (a que
está sendo prejudicada) deixe de cumprir suas obrigações.
Os ajustes são feitos diariamente por meio da seguinte fórmula:
Posição aberta no mesmo dia:
Posição aberta no dia anterior:
Onde:
PAt = preço de ajuste do dia.
PAt-1 = preço de ajuste do dia anterior.
PO = preço da operação.
T = tamanho padronizado do contrato.
N = número de contratos negociados.
TC = taxa de câmbio do dia.
178 - 179
OPERACIONALIZAÇÃO DO AJUSTE DIÁRIO:
EXEMPLO: um PRODUTOR de SOJA, em
Setembro de determinado ano, fez suas
contas e concluiu que se vendesse a saca
da soja a $10,00 na época de comercializa-
ção conseguiria cobrir o custo de produção
e ter uma margem de lucro. O produtor
pretende comercializar a soja em julho do
próximo ano. Assim, quando a soja estiver
sendo negociada na Bolsa a $10,00 e mais
próximo da época da colheita, ele dará a
ordem ao corretor para vender um deter-
minado número de contratos.
O PRODUTOR AGORA ENFRENTA DUAS SITUAÇÕES:
QUEDA OU ALTA DE PREÇOS DOS CONTRATOS FUTUROS
Vamos supor que o produtor comercializou
10 contratos futuros de 450 sacas de soja
de 60kg cada ao preço de $10,00, e que no
fechamento do dia o preço da saca da soja
caiu para $9,90.
QUANTO QUE O PRODUTOR IRÁ RECEBER DE AJUSTE DIÁRIO?
DADA A FÓRMULA:
AD = (9,90 – 10)* 450*10 = $450,00
AJUSTE DIÁRIO TOTAL = $450,00
AJUSTE DIÁRIO POR CONTRATO = $45,00
AJUSTE DIÁRIO POR SACA = $0,10
Vamos supor agora que no dia seguinte o preço futuro subiu para $10,10/sc. Neste caso
o produtor irá pagar a diferença verificada entre o dia anterior e o atual. Veja:
AD = (10,10 – 9,90)*450*10 = $ 900,00
AJUSTE DIÁRIO TOTAL = $900,00
AJUSTE DIÁRIO POR CONTRATO = $90,00
AJUSTE DIÁRIO POR SACA = $0,20
CONCLUSÃO: o produtor vendeu a sua mercadoria no mercado físico (assumindo hedge
perfeito) por $9,00/sc, mas recebeu de AJUSTES DIÁRIOS $1,00/sc, obtendo exatamente
o que havia planejado: $10,00.
Fonte: elaborado pelo autor
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Assim, tal mecanismo faz com que as posições em aberto sejam liquidadas dia-
riamente, confrontando-se o preço da operação com o preço de ajuste, o qual
é calculado durante a última meia hora ou os quinze últimos minutos do pre-
gão (dependendo de cada contrato) pela média ponderada. Com isso, o risco de
inadimplência é limitado a um dia, sendo coberto pelo depósito de margem
que tanto compradores como vendedores de contratos futuros devem depositar.
MARGEM DE GARANTIA:
É um valor que compradores e vendedores de contratos futuros precisam depo-
sitar na bolsa como garantia dos ajustes diários, ao adquirirem o contrato. As
margens variam de contrato para contrato, mas geralmente oscilam ao redor de
2 a 3 dias de ajuste diário ou de 3 a 5% do valor do contrato, e serão usadas caso
os clientes não honrem seu compromisso de depósito de ajuste diário.
As margens podem ser pagas em: dinheiro, títulos públicos e privados eoutros ativos aceitos na Bolsa. As margens, quando não utilizadas, serão devol-
vidas aos contratantes quando estes zerarem sua posição na Bolsa.
CUSTOS OPERACIONAIS POR CONTRATO:
Os principais custos operacionais sobre as transações com Mercados Futuros,
conforme BM&FBovespa (2011), são:
■ Tarifa Operacional Básica (TOB): é a corretagem cobrada na abertura
e no fechamento da operação ou comissão do corretor, fixada pela Bolsa
em 0,3% sobre o preço de ajuste do dia anterior do segundo vencimento
em aberto.
■ Taxa de Emolumentos (TE): é a despesa referente à elaboração dos con-
tratos e dos documentos. São as taxas que mantêm a Bolsa funcionando;
correspondem a 6,32% da TOB.
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■ Taxa de Registro (TR): é o quinhão do governo, sendo cobrada quando
o contrato é registrado na Câmara de Derivativos; é 1% dos emolumen-
tos. A TR foi historicamente fixada em 20% da TE, porém, na atualidade,
o valor da taxa de registro é de R$ 0,10 para todos os contratos (salvo
alguma alteração na ocasião da editoração e publicação deste material).
■ Taxa de permanência (TP): tem como base de incidência o número de
contratos mantidos em aberto por um cliente em determinado ativo. É
calculada e acumulada diariamente, sendo cobrada no último dia útil de
cada mês, em seu encerramento ou na transferência da posição.
■ Taxa de liquidação (TL): incide na liquidação da operação, no caso das
operações com liquidação física, e objetiva a cobertura das despesas da
clearing com os procedimentos envolvidos na entrega física. Na atuali-
dade, para todos os produtos agropecuários, essa taxa está definida em
0,45% sobre o valor de liquidação financeira no vencimento.
ANÁLISE DA BASE:
A BASE é a diferença entre o preço à vista de uma commodity ou ativo finan-
ceiro e o preço futuro da mesma commodity/ativo financeiro, sendo representado
pela seguinte fórmula:
Bt = St - Ft
Sendo,
St = preço do mercado à vista.
Ft = preço no mercado futuro.
Bt = é a base.
No dia de vencimento do contrato, o preço à vista e futuro devem convergir para
um mesmo patamar. Mas nem sempre isto acontece, devido aos seguintes fatores:
■ Frete entre o mercado local e o ponto de entrega especificado no contrato.
■ Impostos (ICMS).
■ Condições locais de oferta e demanda.
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■ Estruturas dos mercados locais.
■ Custos de armazenagem etc.
Assim, a diferença de base deve ser levada em consideração no momento de
escolher o preço que você irá travar no mercado futuro. Vamos ver um exemplo:
Exemplo:
Em agosto de 2012, um produtor de milho, residente em Ponta Grossa, pre-
tende proteger-se no M. F. para o março do próximo ano. Como ele deve definir
o preço pretendido?
Primeiro: ele deve verificar o diferencial de preços entre Campinas (praça de for-
mação de preços na BM&F) e Ponta Grossa, que no caso é R$ 2,00/ saca (negativo).
Segundo: ele deve avaliar os seus custos de produção, transporte, estocagem e
margem de lucro pretendida e formar o seu preço de venda, que é R$ 19,00/saca.
Terceiro: o preço pretendido pelo produtor deve ser somado ao diferencial de
base. Veja:
VEJA O CÁLCULO DO PREÇO FUTURO
R$/SACA
Custo unitário de produção R$ 13,00
Margem desejada R$ 6,00
Preço desejado R$ 19,00
Base negativa R$ 2,00
Preço Futuro R$ 21,00
PREÇO EFETIVO RECEBIDO PELO PRODUTOR
Sem alteração na Base R$ 19,00
Enfraquecimento de Base em R$ 1,00 R$ 18,00
Fortalecimento da Base em R$ 1,00 R$ 20,00
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VU N I D A D E182
Se não houve diferença de base, o preço negociado seria R$ 19,00, pois a este
preço o produtor pagaria os seus custos e obteria um lucro de R$ 6,00/saca. No
entanto, dada uma base negativa de R$ 2,00, o produtor deve levar esta informa-
ção em suas análises de determinação de preço e tentar negociar um preço de
R$ 21,00, para que consiga manter a mesma margem de lucro desejada. Caso o
produtor não leve em consideração a diferença de base em suas análises, o preço
efetivamente recebido pelo produtor seria R$ 17,00 (19,00-2,00). Caso a base
aumentasse de R$ 2,00 para R$ 3,00 (enfraquecimento da base), o preço efetivo
seria R$ 18,00 (21,00 – 3,00), e se ela reduzisse de R$2,00 para R$1,00 (fortale-
cimento da base), o preço efetivo passaria a ser R$20,00.
FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE OPÇÕES
Opção é um direito negociável, e não uma obrigação, de efetuar uma compra
(call) ou venda (put) de um ativo-objeto em uma data futura, a um preço futuro
predeterminado, mediante o pagamento de um prêmio (STOLLl; WHALEY,
1993). O mercado de opções funciona com um seguro de preços onde o com-
prador da opção adquire o direito de comprar (opção de compra) ou vender
(opção de venda) um determinado ativo por um preço preestabelecido, até uma
data prefixada, pagando por isso um valor chamado de prêmio.
Algumas terminologias são importantes:
■ Titular é o agente comprador da opção, aquele que tem o direito de exer-
cício se lhe interessar.
■ Lançador é o vendedor da opção, tem a obrigação de cumprir o contrato
caso ele seja exercido.
■ O Prêmio é o valor pago pelo titular para ter o direito de vender ou com-
prar a certo preço no futuro.
■ Preço de Exercício é o preço pretendido (strike).
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Quanto à forma de encerramento, as Opções podem ser classificadas como:
■ Opções Europeias: o direito pode ser exercido somente na data de ven-
cimento do contrato (data de exercício).
■ Opções Americanas: o direito pode ser exercido a qualquer momento
até a data de exercício.
No mercado de opções da BM&FBOVESPA (B3), há dois tipos de opções de
ações/commodities:
■ Opções de compra: conferem direito ao seu titular (detentor) de comprar
ações/commodities de uma determinada empresa, em um preço preesta-
belecido, dentro de um período de tempo pré-acordado.
■ Opções de venda: conferem direito ao seu titular (detentor) de vender
ações/commodities de uma determinada empresa, em um preço preesta-
belecido, dentro de um período de tempo pré-acordado.
Ao comprar uma opção, o comprador se protege contra uma alteração de preço
desfavorável, mas ao mesmo tempo pode se beneficiar de uma alteração favorá-
vel de preço. Além disso, a compra de uma opção não requer o recolhimento de
margem de garantia como no futuro, não existindo o risco de receber uma cha-
mada de margem, nem pagamento de ajuste diário.
O comprador da opção pode buscar duas posições distintas de proteção:
■ Proteção de QUEDA do preço: opção de venda (PUT) – garante ao titular
(comprador) a certeza de um preço mínimo de venda para o seu pro-
duto numa data futura. Se o preço cair, o comprador tem a garantia do
preço de exercício.
■ Proteção de alta do preço: opção de compra (call) – garante ao titular
(comprador) a certeza de um preço máximo de compra para o seu pro-
duto numa data futura. Se o preço subir, o comprador tem a garantia do
preço de exercício.
Como a opção é um direito a ser exercido e não uma obrigação, quando
devemos exercê-lo?
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VU N I D A D E184
A figura a seguir sintetizaas posições tomadas pelo comprador da opção:
VENDEDOR
(LANÇADOR)
OBRIGAÇÃO
DE VENDER
OBRIGAÇÃO
DE COMPRAR
DIREITO
DE VENDER
DIREITO
DE COMPRAR
OP. COMPRA
CALL
OP. VENDA -
PUT
COMPRADOR
(TITULAR)
Figura 11: Posições no mercado de opções
Fonte: elaborada pelo autor
Vamos supor que você é um produtor interessado em garantir determinado nível
de preço para o seu produto – milho, soja, café, algodão – e compra uma opção
de venda. Você só irá exercê-la caso o preço no mercado físico esteja num nível
menor que o estabelecido no seu contrato de opção original. Caso o preço vigente
no mercado, na época de comercialização do seu produto, esteja mais alto que
o preço de exercício da opção, você deverá vender o seu produto no físico, sem
exercer o seu direito, tendo como custo apenas o valor do prêmio. O quadro
abaixo apresenta quando devemos exercer a opção, veja:
EXERCÍCIO DA OPÇÃO
Preço físico Tipo de opção
Compra Venda
Preço cai não exerce
Preço sobre exerce não
Quadro 10: Exercício da opção
Fonte: elaborado pela autora
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Quanto à probabilidade de exercício, as opções podem ser classificadas como:
dentro do dinheiro, no dinheiro e fora do dinheiro apresentado no Quadro 11:
TIPO CARACTERÍSTICAS
In-the-money
(dentro-do-dinheiro)
Opção de compra com preço de exercício abaixo do
preço do ativo subjacente ou opção de venda com
preço de exercício acima do ativo subjacente. A opção
tem valor intríseco positivo.
Out-of-the-money
(fora-do-dinheiro)
Opção de compra com preço de exercício acima do
preço do ativo subjacente. A opção tem valor intrínse-
co negativo.
At-the-money
(no-dinheiro)
Corresponde à opção de compra ou opção de venda
com preço de exercício igual ao preço do ativo subja-
cente. O valor intrínseco das opções é zero.
Quadro 11: Classificação das opções quanto à probabilidade de exercício
Fonte: Purcell e Koontz (1999)
Onde podemos comprar opções?
■ Opções de balcão: o Banco do Brasil oferece séries de opções, onde o lan-
çador é o Mcquire Bank (banco australiano).
■ Opções de bolsa: opções de futuros negociadas na BM&F e em bolsas
americanas.
Com relação ao preço de exercício, este é definido como sendo o preço dese-
jado do produto em relação a uma determinada cotação no futuro, e deve ser
confrontado com o preço de exercício na bolsa, levando em conta o valor refe-
rente à diferença de base em relação ao local (é a diferença do preço do ativo
no mercado físico o no mercado de bolsa). Assim, para chegar à proteção real,
é necessário descontar (no caso da venda) o prêmio pago ou somar (no caso da
compra) o valor do prêmio recebido, que é o custo do seguro.
Exemplo: O produtor necessita garantir a venda da soja por US$ 16,00 a
saca, em Ponta Grossa. Somando o diferencial de base para a praça de referência
(CHICAGO / de US$ 1,86/saca) e o prêmio do seguro (US$ 1,00/saca), chega-se
ao preço-alvo ou de exercício, que deve ser a cotação adquirida pelo produtor.
Veja a resolução no Quadro 12:
Caro(a) aluno(a), reforce o seu conhecimento sobre os tipos e funcionamen-
to dos principais derivativos negociados na BM&F. Acessando <www.bmf.
com.br>, na seção educacional, a BM&FBovespa disponibiliza gratuitamen-
te folhetos educativos que apresentam os conceitos e fundamentos básicos
do mercado de derivativos de vários produtos: açúcar e álcool, câmbio, boi,
café, DI, milho, soja, operações EX-PIT e índice Bovespa.
Ou acesse o link:
<http://www.bmfbovespa.com.br/pt-br/educacional/publicacoes/merca-
dos-de derivativos/mercados-de-derivativos.aspx?idioma=pt-br>.
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VU N I D A D E186
CÁLCULO DA DEFINIÇÃO DO PREÇO DE EXERCÍCIO
US$/ saca soja
Custo unitário de produção/saca 11,00
Margem esperada 5,00
Preço esperado (Ponta Grossa) 16,00
Base negativa* 1,86
Preço de referência (Chicago) 17,86
Prêmio (seguro) 1,00
Preço de exercício (Chicago) 18,86
Quadro 12: Definição do preço de exercício
Fonte: elaborada pela autora
*Base negativa é quando o preço no mercado físico é menor que no mercado de opção.
Assim, com o preço alvo do exemplo acima, que deve ser negociado no mercado
de opções, para que o produtor consiga alcançar uma renda líquida $16,00 deve
ser de $18,86, visto que se o produtor exercer a opção, deverá pagar $1,00 de prê-
mio para o lançador e deverá levar em consideração a diferença de base de $1,86.
Quais são as principais diferenças entre os contratos futuros e os contratos
de opções?
Considerações Finais
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a), muitos conceitos e definições sobre mercados de derivativos
foram somados ao seu aprendizado nesta Unidade; essas informações permitirão
a você tomar decisões a respeito do uso destes mecanismos na gestão de risco. A
partir daqui, você poderá aprofundar seus conhecimentos sobre o assunto, pois
já dispõe da base necessária. Lembre-se da definição dos agentes (hedgers, espe-
culadores e arbitradores), do conceito de liquidez e suas dimensões (firmeza,
profundidade e resiliência).
Pratique, acessando o site da BM&FBOVESPA e identificando as princi-
pais características dos contratos (objeto da negociação, quantidade, qualidade,
meses de vencimentos, pontos de entrega etc.) e as informações disponibiliza-
das (preço de ajuste, número de negócios, preço de abertura, mínimo, máximo,
fechamento etc.). A comparação entre contratos futuros e contratos e opções é
útil, na medida em que evidencia características importantes de cada um, como a
padronização e a presença das Clearing Houses que garantem a operacionalidade
de mecanismos como margem de garantia, ajustes diários e limites operacionais.
188 - 189188 - 189
1. No mercado de opções, o comprador de uma opção sobre futuro possui o direito
de comprar ou vender determinado ativo em uma determinada data, e para isso
paga o que chamamos de prêmio.
Quando se compra uma opção de venda, o produtor garante o direito de vender
sua mercadoria ao preço mínimo fixado. Isso quer dizer que se o mercado cair
abaixo desse preço, o produtor ganhará essa diferença e ela compensará a perda
no mercado físico.
Se o mercado vier a favor do produtor, no caso, subir, o preço final de venda não
mais será fixado, já que o produtor tem o direito e não a obrigação de vender no
preço estabelecido.
Logo, ele garante o preço mínimo de venda e terá seu preço máximo ilimitado,
já que não terá que honrar com ajustes na bolsa. Adotando esta estratégia, o
produtor rural pode se proteger da variabilidade de preços.
Diante do exposto acima, o produtor rural pode se proteger da variabilidade de
preços adotando estratégias no mercado futuro ao fazer um hedge de venda, ou
ao comprar uma opção de venda, no mercado de opções. Sendo assim, quais
as principais vantagens em operar no mercado de opções em relação ao
mercado futuro?
2. Tanto as Bolsas de Valores quanto as Bolsas de Mercadorias e Futuros são
conhecidas como Mercados Organizados; são centros de negociação onde se
reúnem compradores e vendedores de ativos padronizados para realizarem
operações. No entanto, muitos agropecuaristas têm dificuldade em entender
como as operações de Bolsa de Mercadorias e Futuros se diferenciam das ope-
rações de Bolsa de Valores. Diante disto, pesquise no site da BM&FBOVESPAquais são as principais diferenças entre estes dois mercados.
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CONCLUSÃO
188 - 189
Caro(a) aluno(a), neste livro procurei mostrar de forma simples e clara como funcio-
na o mercado Financeiro e de Capitais, apresentando a você um leque de oportuni-
dades para investir o seu dinheiro, que podem lhe dar uma rentabilidade superior
à da poupança.
Foi apresentado os diferentes tipos de rendas (fixa e variável) e os ativos que as com-
põem. Vimos também que quanto maior a probabilidade de retorno, maior o risco
do investidor, e que para operar no mercado de rendas variáveis, devemos enterder
a dinâmica da economia e os efeitos sobre os ativos financeiros, pois indentificar
tendências e transformar as mesmas em previsões reais ajuda o investidor na toma-
da de decisão sobre suas aplicações financeiras.
Além disto, aprendemos que para reduzir o risco, devemos diversificar a nossa car-
teira de ativos, e que antes disto devemos saber que perfil de investidor somos, se
conservadores, moderados ou arrojados. Se somos menos avessos ao risco, mais
investimos em rendas variáveis como ações, do contrário, devemos investir mais em
rendas fixas, como títulos públicos, CDB, poupança, pois nestes sabemos o quanto
iremos ganhar.
Portanto, caro(a) aluno(a), para ganhar dinheiro no mercado de capitais, devemos
primeiramente não ter medo de ariscar e estudar todos os custos e possíveis ganhos
que cada ativo pode nos proporcionar. Assim, se aprofunde nos estudos e coloque
em prática o que aprendeu.
Para quem quiser se tornar um corretor, é necessário fazer cursos específicos na pró-
pria Bolsa de Valores e obter as certificações necessárias para atuar na área, sendo
este um mercado de trabalho promissor.
Espero que você tenha muito sucesso em sua carreira e que seja um profissional
diferenciado no mercado.
Um abraço,
Professora Me. Juliana Franco
Professosr Me. Paulo Pardo
CONCLUSÃO
190 - 191
REFERÊNCIAS
190 - 191
ASSAF NETO, Alexandre. Mercado Financeiro. 1. ed. São Paulo: Atlas,1999.
ASSAF NETO, Alexandre. Mercado Financeiro. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Pagamentos de Varejo e Canais de Atendimento
Dados Estatísticos 2012. Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de
Pagamentos – Deban. Outubro, 2013
BISI, T; FEIJÓ, A. Fundamento do Mercado de Ações. Porto Alegre: Leandro & Stor-
mer, 2009.
BM&F BOVESPA. Regulamento de Operações da Câmara de Compensação, Li-
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CADERNO CVM. Mercado de Derivativos na BM&FBOVESPA S.A - Bolsa de Valo-
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CAVALCANTE FILHO, F. da Silva; MISUMI, J.Y. Mercado de Capitais. 5. ed. Rio Janeiro:
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REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS
192 - PB
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