Prévia do material em texto
TURMA EXTENSIVA #Megeano PROCESSO PENAL Inquérito Policial (item 2) CO NT EÚ DO DE M ON ST RA TIV O Sumário @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br CONTEÚDO PROGRAMÁTICO ....................................................................................3 1. INQUÉRITO POLICIAL ...............................................................................................4 1.1. DOUTRINA (RESUMO) ......................................................................................6 2. LEGISLAÇÃO .....................................................................................................34 3. JURISPRUDÊNCIA ..............................................................................................41 Link para inscrição na Turma Extensiva de Delegado de Polícia: h�ps://goo.gl/aqmGZZ 3 Erison Jamil Abdala CONTEÚDO PROGRAMÁTICO (Conforme Edital Mege) 2 PROCESSO PENAL @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br Delegado - DF COORDENAÇÃO ACADÊMICA Thiago Rocha Delegado - DF Raphael Lima Delegado - DF Inquérito Policial 4 INQUÉRITO POLICIAL 2 (conteúdo atualizado em 03-05-2018) 5 Futuro (a) Delegado (a) de Polícia! Antes de iniciar o estudo do presente material, relacionado à inves�gação criminal, sugiro a leitura acurada dos ar�gos 4º ao 23 do Código de Processo Penal. O inquérito policial trata-se do procedimento por excelência no âmbito das atribuições do cargo de Delegado de Polícia. Não poderia ser diferente, é o tema mais cobrado em provas de concursos públicos para ingresso na referida carreira. Proporcionalmente falando, nos úl�mos cinco anos, correspondeu a 22% das questões de Direito Processual Penal. Portanto, afigura-se conteúdo de relevância extrema, formidável, extraordinária, importan�ssima. Já falei que é importante? Pois bem. Desejo um excelente aproveitamento do conteúdo exposto. Bons estudos! Erison Jamil Abdala Apresentação @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 6 1. DOUTRINA (RESUMO) 1.1. CONCEITO O conceito não veio estampado na lei, incumbindo à doutrina tal missão. De acordo com as lições trazidas por Guilherme de Souza Nucci, o inquérito policial é um procedimento preparatório da ação penal, de caráter administra�vo, conduzido pela polícia judiciária e voltado à colheita preliminar de provas para apurar a prá�ca de uma infração penal e sua autoria. 1.2. NATUREZA JURÍDICA Conforme amplamente difundido no seio doutrinário, o Inquérito Policial tem natureza jurídica de procedimento administra�vo. Há quem defenda (doutrina minoritária) que se trata de um verdadeiro “processo administra�vo”. 1.3. FINALIDADE Tem por obje�vo precípuo é servir de lastro à formação da convicção do representante do Ministério Público (opinio delic�), mas também colher provas urgentes, que podem desaparecer, após o come�mento do crime. Não se pode olvidar, ainda, servir o inquérito à composição das indispensáveis provas pré-cons�tuídas que servem de base à ví�ma, em determinados casos, para a propositura da ação penal privada (NUCCI, 2016). Inquérito Civil difere do inquérito policial. Trata-se de procedimento inves�ga�vo conduzido pelo Ministério Público obje�vando a apuração de lesões a interesses transindividuais (difusos, cole�vos e individuais homogêneos), v.g, a tutela do consumidor, do meio ambiente, da ordem urbanís�ca etc. 1.4. POLÍCIA JUDICIÁRIA X POLÍCIA ADMINISTRATIVA O art. 4º do Código de Processo Penal preceitua que a polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respec�vas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. O art. 4º, parágrafo único, do CPP prevê que a competência definida neste ar�go não excluirá a de autoridades administra�vas, a quem por lei seja come�da a mesma função. Portanto, a Polícia Judiciária é a responsável pela presidência do inquérito policial, cuja @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br ATENÇÃO! 7 a�vidade é fiscalizada pelo controle externo da a�vidade policial, exercido pelo Ministério Público (art. 129, VII, da CF/88) sem subordinação hierárquica, cuja dis�nção em relação à Polícia Administra�va será dida�camente explicitada no quadro abaixo. Segundo Guilherme de Souza Nucci, a denominação de polícia judiciária somente se explica em um universo em que não há a direção da inves�gação pelo Ministério Público, como é o brasileiro. Quem preside e conduz o inquérito policial é o Delegado de Polícia ou o Delegado de Polícia Federal. Apenas eles, como se sabe e vem garan�do em Lei (12.830/13 – art. 2º, § 1º). 1.5. PROVAS DURANTE O INQUÉRITO POLICIAL Durante o inquérito policial colhem-se elementos informa�vos, como regra, haja vista que poderão ser produzidas provas para embasar eventual sentença condenatória, denominadas de provas cautelares, não repe�veis e antecipadas, nos termos do art. 155 do CPP, tão cobrado em provas: O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informa�vos colhidos na inves�gação, ressalvadas as provas cautelares, não repe�veis e antecipadas. a) Provas cautelares: provas que devem ser produzidas com urgência em razão do risco de perda do objeto da prova pelo decurso do tempo, com contraditório postergado/diferido. Cita-se como exemplo a interceptação das comunicações telefônicas e a busca e apreensão domiciliar. b) Provas não repe�veis: esta já se trata de uma prova cuja fonte perece após ser produzida, o que inviabiliza, portanto, a sua repe�ção. Como regra, prescinde de autorização judicial e há contraditório postergado/diferido. Cita-se como exemplo o exame de corpo de delito, quando houver ves�gios (crime não transeunte). c) Provas antecipadas: são aquelas produzidas em incidente pré-processual, em virtude de necessidade e urgência, que tramita perante o órgão julgador com a efe�va par�cipação das futuras partes, razão pelo qual são respeitados o contraditório e a ampla defesa (contraditório real), o que legi�mará a u�lização de tais provas na fase processual. Cita- POLÍCIA ADMINISTRATIVA · Função �pica preven�va/ostensiva (atua antes da prá�ca da infração penal); · Função a�pica repressiva. · Estadual e DF: Polícias Militares. POLÍCIA JUDICIÁRIA · Função �pica repressiva (atua após a prá�ca da infração penal); · Função a�pica preven�va/ostensiva. · Preside o inquérito policial; · Estadual e DF: Polícias Civis; · Federal: Polícia Federal. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 8 ATENÇÃO! se como exemplo o depoimento ad perpetuam rei memoriam (art. 225, CPP), consistente no depoimento de testemunha que poderá se ausentar ou falecer até a instrução criminal regular por enfermidade ou velhice. Note-se que as provas cautelares e não repe�veis possuem contraditório diferido/postegrado (produzidas de forma inquisi�va), já as provas antecipadas possuem contraditório real. Este ocorre durante a formação do elemento da prova com a par�cipação das partes e do órgão julgador, já aquele a formação ocorre em certo momento e a par�cipação deles em momento ulterior, quando as partes poderão impugnar e produzir contraprova. O STJ editou a Súmula nº 455, que enuncia a inadmissibilidade da produção de provas antecipadas com o simples argumento de que com o decurso de tempo a testemunha se esquecerá dos fatos. Todavia, no caso específico de testemunha policial, há divergência de entendimento no STJ e no STF, de modo que naquele se admite a prova antecipada com tal jus�fica�va (RHC 64.086/DF), já nesteinadmite-se (HC 130.038/DF). 1.6 CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL Inicialmente, vale ressaltar que o tema “caracterís�cas” costuma ser um dos mais cobrados em provas de Delegado de Polícia dentro dos tópicos de inquérito policial. A fim de melhor viabilizar a memorização das 10 (dez) caracterís�cas, caso não tenha outro método melhor, usa-se a frase “SINA É DOIDO” (mas leia-se ZINA É DOIDO), com cada letra correspondendo a uma caracterís�ca (Sigiloso, Inquisi�vo, Nulidades(inexistência), Autoritariedade, Escrito, Discricionário, Oficialidade, Indisponibilidade, Dispensabilidade, Oficiosidade. Vamos a cada uma delas. 1. Sigiloso: Enquanto o processo criminal em regra é público, o inquérito policial é resguardado pelo sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade, conforme dispõe o art. 20 do CPP. A autoridade policial, por meio do elemento surpresa durante as diligências – a fim de se evitar a perda de elementos e que se maquiem os fatos, caso contrário a inves�gação se tornaria ineficiente – coligirá elementos informa�vos e provas em busca da “verdade real” para instruir o inquérito e viabilizar eventual ação penal. Vale ressaltar a função garan�sta do sigilo, des�nada à proteção dos inves�gados diante da publicidade maçante que permeia fatos delituosos, evitando-se pré-julgamentos quanto à autoria antes mesmo da conclusão da inves�gação (princípio da não culpabilidade). @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 9 O sigilo não se aplica ao juiz, ao Ministério Público e ao advogado, com certa disciplina quanto a este, conforme art. 7º, XIV e § 10º, do Estatuto da OAB e Súmula Vinculante nº 14. 2. Inquisi�vo (Inquisitorial): o entendimento majoritário na doutrina é o de que o inquérito policial é um procedimento inquisi�vo, via de regra, em que não há que se falar em contraditório ou ampla defesa, mesmo com a promulgação da lei 13.245/16, que ins�tuiu como direito do advogado assis�r o inves�gado no curso da inves�gação criminal em sede de inquérito policial ou de outro procedimento. A caracterís�ca é excepcionada pelas seguintes hipóteses em que se oportunizará o contraditório e ampla defesa: a) inquérito instaurado pela Polícia Federal para a expulsão de estrangeiro, nos termos do art. 103, §§ 4º, 6º e 7º, do Decreto nº 86.715/81; b) inquérito instaurado para apurar infração administra�va. 3. Inexistência de nulidades: os vícios do inquérito policial não geram nulidade na futura ação penal, mas tão-somente a ilegalidade e consequente ineficácia do ato pra�cado no bojo dos autos do procedimento inves�gatório. 4. Autoritariedade: presidido por autoridade pública, nos termos do art. 144, §§ 1º, I e IV, e 4º, da CF, no caso, inves�do no cargo de Delegado de Polícia, consoante regulamentado no Estatuto do Delegado de Polícia (art. 2º, §§ 1º e 3º, da Lei nº 12.830/13). 5.�Escrito ou Formal: a teor do art. 9º do CPP, os atos pra�cados devem ser escritos e os atos orais reduzidos a termo. Doutrina minoritária entende que o disposi�vo em comento restou mi�gado com o advento da Lei nº 11.719/08, quanto às alterações do art. 405, §§1º e 2º, do CPP, que por exemplo permite o registro de um depoimento por meio digital já na fase judicial. 6. Discricionário: A persecução criminal, no inquérito policial, é conduzida de maneira discricionária pela autoridade policial, a quem incumbe fazer um juízo de prognose e de diagnose (AVENA, 2017). Juízo de prognose: a autoridade policial decidirá quais as providências necessárias à elucidação da infração penal. Juízo de diagnose: sucederá aquela ao final da inves�gação, quando a autoridade policial apresentará o relatório conclusivo do inquérito policial. Os ar�gos 6º e 7º trazem um rol exemplifica�vo de diligências a serem realizadas pela autoridade policial e o art. 14 prevê expressamente a discricionariedade. Deve-se observar, contudo, as normas cons�tucionais e infracons�tucionais para evitar que a discricionariedade se transforme em arbitrariedade (v.g, medidas resguardadas à reserva de jurisdição, tal qual a interceptação telefônica). @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br ATENÇÃO! ATENÇÃO! 10 A discricionariedade esbarra na oficiosidade quanto à impulsão da inves�gação (ex officio), de modo que a discricionariedade se refere às diligências. Ademais, o exame de corpo de delito é diligência que foge à discricionariedade quando a infração penal deixa ves�gios, por determinação legal (art. 158 do CPP). 7.� Oficialidade: presidido pela Policia Judiciária, órgão oficial do Estado, sendo vedada a delegação da condução do inquérito policial a par�culares. Note-se que apesar do juiz e do membro do Ministério Público requisitarem a instauração do inquérito policial, não podem presidi-lo. 8. Indisponibilidade: um vez instaurado, a autoridade policial não poderá promover o arquivamento do inquérito policial, ainda que em seu juízo de diagnose conclua pela a�picidade do fato ou ausência de indícios quanto à autoria. O inquérito sempre será encaminhado ao Judiciário, independente da conclusão das inves�gações, nos termos do art. 17 do CPP. 9. Dispensabilidade: De acordo com NUCCI, a natureza do inquérito, como já se viu, é dar segurança ao ajuizamento da ação penal, impedindo que levianas acusações tenham início, constrangendo pessoas e desestabilizando a jus�ça penal. Por isso, ao oferecer a denúncia, deve o representante do Ministério Público – o mesmo valendo para a ví�ma – ter como suporte o inquérito policial, produzido pela polícia judiciária, na sua função de Estado-inves�gação, órgão auxiliar do Poder Judiciário nessa tarefa. Eventualmente, é possível dispensar o inquérito, desde que o acusador possua provas suficientes e idôneas para sustentar a denúncia ou a queixa, embora hipótese rara. Assim, excepcionalmente o inquérito policial é dispensável, notadamente quando o Ministério Público ou o ofendido es�verem municiados com acervo probatório suficiente para o ajuizamento da ação penal. 10. Oficiosidade: Ao tomar conhecimento da no�cia do crime (no��a criminis) de ação penal pública incondicionada, por qualquer meio, a autoridade policial é obrigada a agir de o�cio (ex officio), independentemente de provocação, a fim de elucidar a materialidade, a autoria e as circunstâncias da infração penal. 1.7 NOTICIA DO CRIME (NOTITIA CRIMINIS) No�cia do crime (no��a criminis) é o conhecimento pela autoridade policial de um fato aparentemente criminoso, de forma espontânea ou provocada. Pode ser classificada em direta (espontânea ou cognição imediata), indireta (provocada ou cognição mediata), e coerci�va. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br ATENÇÃO! 11 1)� No��a criminis direta (espontânea ou cognição imediata): a autoridade policial toma conhecimento do fato criminoso de forma espontânea por meio das suas a�vidades ro�neiras no exercício da função, pela imprensa ou pelo encontro casual de elementos relacionados ao crime (p. ex., localização da coisa subtraída – res fur�va). 2)� No��a criminis indireta (provocada ou cognição mediata): terceiros levam à conhecimento da autoridade policial. Pode ocorrer por requerimento verbal ou escrito por qualquer do povo (art. 5º, § 3º, do CPP), bem como por requisição de autoridades públicas. Trata-se de verdadeira dela�o criminis. 3)� No��a criminis coerci�va: essa modalidade pode se inserir tanto na direta quanto na indireta descrita nos itens anteriores. Na coerci�va a autoridade policial recebe a no�cia do crime juntamente com o suposto autor do fato criminoso preso em flagrante, por ela própria ou por seus agentes (direta), ou por um par�cular (indireta). 4)�No��a criminis anônima (apócrifa ou inqualificada):É também conhecida como “denúncia anônima” e dela�o criminis apócrifa/anônima. Dela�o criminis SIMPLES e dela�o criminis POSTULATÓRIA: segundo AVENA (2017), “na primeira, o fato apenas é comunicado à autoridade policial, que instaura o inquérito mediante portaria. Já na segunda, além de comunicar o fato, a pessoa legi�mada postula a instauração do inquérito, sendo este o caso da representação do ofendido, nos crimes de ação penal pública condicionada”. 1.8 DELATIO CRIMINIS ANÔNIMA OU APÓCRIFA: Trata-se de comunicação apócrifa à autoridade policial (sem a iden�ficação do comunicante), quer seja por escrito, quer seja verbal por meio de denúncia anônima (disque- denúncia). Perceba que nada mais é do que uma no��a criminis inqualificada. O delegado, após diligências preliminares para a verificação da procedência das informações (VPI – procedimento de verificação de procedência da informação), instaura o procedimento inves�gatório competente (inquérito policial, TC, etc.). Segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial dominante, não se admite a instauração de procedimento policial (inquérito policial, TC, etc.) de imediato com base tão- somente na dela�o criminis anônima/apócrifa ou no��a criminis inqualificada, EXCETO se ela, por si só, já cons�tuir o corpo de delito (v.g, uma carta anônima caluniosa). @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br ATENÇÃO! ATENÇÃO! 12 1.9 FORMAS DE INSTAURAÇÃO É de relevância inicial relacionar os �pos de ação penal, a depender do crime pra�cado, com os tópicos posteriores das formas de instauração do inquérito policial. a) Ação penal pública incondicionada: a persecução penal nos crimes de ação penal pública incondicionada se inicia independe da vontade das (ex officio). Exemplo: Crime de homicídio. b) Ação penal pública condicionada: nesse caso, o início se condiciona à representação do ofendido ou à requisição do Ministro da Jus�ça. Exemplo: Crime de ameaça. c) Ação penal privada: é necessário o requerimento do ofendido para viabilizar o início da persecução penal, contudo, o ofendido é o �tular da ação penal, de modo mesmo havendo requerimento, é necessária o ingresso da ação competente. Exemplo: injúria, calúnia e difamação. Alinhadas essas premissas básicas quanto à ação penal, que serão aprofundadas em tema específico, passa-se à análise das formas de instauração de acordo com o �po de ação penal. 1.10 INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA No caso de crimes de ação penal pública incondicionada, há quatro formas de instauração do inquérito policial pela autoridade policial (art. 5º do CPP) a) Ex o�cio (art. 5º, I, CPP): hipótese em que a autoridade policial, por meio de portaria, determina a instauração do inquérito policial, independente de representação ou requerimento. b) Requisição do juiz ou do Ministério Público (art. 5º, II, CPP): há divergência na doutrina se a requisição pelas autoridades mencionadas ofende o sistema acusatório, mas o entendimento majoritário é o de que se a requisição do MP ou Juiz seja legal, o delegado deve cumprir, e quanto à do magistrado, a requisição pelo juiz transformaria o processo em judicialiforme, incompa�vel com a atual modelo adotado pela Carta Magna, de modo que o juiz oficia o “parquet”, que só então poderá requisitar a instauração. Prevalece o entendimento de que a requisição de autoridades (juiz, MP, etc.) para a instauração de inquérito policial não abrange o indiciamento, pois se trata de ato priva�vo da autoridade policial, cujo entendimento restou consagrado em lei (art. 2º, § 6º, do Estatuto do Delegado de Polícia – Lei nº 12.830/2013). @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br ATENÇÃO! 13 c)� Requerimento do ofendido ou do seu representante legal (art. 5º, II, CPP): do requerimento do ofendido ou de seu representante legal para a instauração de inquérito policial, contendo o máximo de informações (art. 5º, § 1º, CPP), o delegado faz juízo de �picidade e poderá deferir ou indeferi-lo. Na hipótese de indeferimento, é cabível recurso administra�vo ao Chefe de Polícia, nos termos do art. 5º, § 2º, do CPP. Juízo de �picidade e a aplicação do princípio da insignificância ou da bagatela pela autoridade policial: para as provas de concurso para Delegado de Polícia, é mais adequado o entendimento doutrinário, ainda minoritário, de que, por ser bacharel em Direito, possui ap�dão técnico-jurídica para avaliar os elementos do �po penal: �picidade formal e material, an�juridicidade e culpabilidade, cuja posição foi consolidada no Enunciado nº 08 do II Encontro Nacional dos Delegados sobre Aperfeiçoamento da Democracia e Direitos Humanos (2015): O Delegado de Polícia pode aplicar o princípio da insignificância e deixar de lavrar auto de prisão ou apreensão em flagrante, sem prejuízo da instauração de inves�gação policial e do controle interno e externo. Contudo, prevalece o entendimento doutrinário (clássico) de que não poderia fazer tal juízo. d)� Lavratura do auto de prisão em flagrante: o auto referente à formalização da prisão em flagrante é a peça que dá início ao inquérito policial, verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 302 do CPP, enquanto que nas demais formas de instauração acima mencionadas a autoridade policial a faz por meio da peça denominada “Portaria”. 1.11 INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA Quando o crime exigir representação da ví�ma ou do seu representante legal, o inquérito policial não poderá sem ela ser instaurado, porquanto se afigura como uma condição de procedibilidade da ação penal. Relembrando, trata-se da dela�o criminis postulatória. Todavia, o direito de representar não é “ad eternum”, haja vista que, de acordo com os arts. 38 do CPP e 103 do CP, o ofendido decai do direito se não o exerce no prazo decadencial de 06 (seis) meses, contados do conhecimento da autoria, acarretando na ex�nção da punibilidade. No caso de prisão em flagrante, não se lavrará o auto na hipótese em que o ofendido deixar de representar criminalmente contra o “preso em flagrante delito”, no prazo peremptório de 24 horas – prazo fatal para a entrega da nota de culpa e, por conseguinte, para a @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br ATENÇÃO! 14 conclusão da lavratura do auto de prisão em flagrante –, sob pena do preso livrar-se solto (art. 306, § 2º, CPP). A despeito de impedir a autuação em flagrante delito, o autor dos fatos poderá responder criminalmente caso haja a representação o prazo decadencial mencionado. A representação do ofendido ou de seu representante legal prescinde de rigor formal, bastando que de alguma forma se extraia a manifestação inequívoca de que pretende ver o autor responder criminalmente pelos fatos (STJ, HC 130.000/SP, DJ 08.09.2009). Por fim, atualmente a requisição do Ministro da Jus�ça, do Ministério Público ou de autoridade militar responsável pela segurança interna, são consideradas formas de início do inquérito policial no caso dos crimes previstos na Lei de Segurança Nacional (Lei nº 7.170/83), não podendo se olvidar que a autoridade policial da Polícia Federal poderá instaura-lo também de o�cio. A requisição do Ministro da Jus�ça nos crimes come�dos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art. 7.º, § 3.º, b, do Código Penal) e crimes contra a honra come�dos contra o Presidente da República ou Chefe de Governo estrangeiro (art. 141, I, c/c o art. 145, parágrafo único, ambos do CP) é dirigida ao Ministério Público, que desde já formará, se o caso, a opinio delic�. Assim, segundo AVENA, NÃO se trata atualmente de hipótese de início de inquérito policial e há possibilidadede previsão em eventuais �pos penais (art. 100, § 1º, CP). 1.12 INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA Exige-se requerimento da ví�ma ou de seu representante legal, ou, no caso de morte ou declaração de ausência, são legi�mados o cônjuge, ascendente, descendente e irmão – “CADI” – nos termos do art. 31 do CPP. Após o requerimento, o inquérito policial é instaurado, concluído e reme�do ao órgão julgador, onde permanecerá aguardando o transcurso do prazo decadencial para o ajuizamento da ação pelo legi�mado. Quanto à prisão em flagrante, aplica-se a mesma regra da representação, de modo que o requerimento deve ser apresentado no prazo de 24h, caso contrário o preso será posto em liberdade, sem prejuízo da ação penal privada se o requerimento for aviado no prazo decadencial. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br ATENÇÃO! ATENÇÃO! 15 1.13 INVESTIGAÇÃO CONTRA AUTORIDADE COM FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO A inves�gação não se confunde com a prisão em flagrante. Autoridades com foro por prerroga�va de função no STF não podem ser indiciadas nem inves�gadas diretamente pela autoridade policial sem autorização judicial, haja vista que compete ao STF autorizar e fiscalizar a inves�gação, por exemplo, em face de deputados federais e senadores (STF, Inq 2411 QO). Não podem ser inves�gadas, frise-se, diretamente, pois diligências poderão ser requisitadas à autoridade policial pelo referido órgão julgador, além da fiscalização e autorização da inves�gação. Contudo, autoridades com foro por prerroga�va de função em outros tribunais podem ser inves�gadas pela autoridade policial independente de autorização judicial (STJ, REsp 1563962/RN), desde que a inves�gação seja fiscalizada pelo respec�vo foro (STF, Informa�vo nº 856), por exemplo, o prefeito, contra o qual se pode instaurar inquérito policial cujos autos deverão tramitar perante o respec�vo Tribunal de Jus�ça. Há que mencionar, ainda, que a simples menção do nome da autoridade com foro por prerroga�va de função durante as inves�gações não obriga a remessa dos autos da inves�gação para o foro respec�vo (STF, Informa�vo nº 854). Guilherme de Souza Nucci preleciona que não pode a autoridade policial instaurar inquérito e colher provas diretamente; caso, durante uma inves�gação qualquer, encontra indícios de par�cipação de pessoa com prerroga�va de foro, deverá remeter os autos do inquérito ao juízo competente. O STF já rejeitou denúncia instruída com inquérito conduzido em primeira instância que �nha como inves�gado um Deputado Federal (Inquérito nº 3305). 1.14 DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS O Código de Processo Penal es�pula diligências a serem realizadas pela autoridade policial logo que tomar conhecimento da prá�ca de infração penal, conforme incisos do ar�go 6º, de acordo com a discricionariedade inerente à inves�gação criminal. Ressalto que a leitura e releitura dos incisos do ar�go é suficiente e necessária, bem como das comentários constantes dos itens abaixo. I)�Dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais. Trata-se da preservação do local de crime, diligência necessária para o melhor aproveitamento do exame pericial, pois quanto mais intacto es�ver a “cena do crime”, melhor o “expert” terá condições de examiná-la. A Lei nº 5.970/73, em @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br ATENÇÃO! 16 seu art. 1º, excepciona a regra permi�ndo a remoção de pessoas no caso de acidente de trânsito que tenham sofrido lesão, es�verem no leito da via e prejudicarem o tráfego. II)� Apreender os objetos que �verem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais. Tal diligência, assim como a busca precedente (pessoal ou domiciliar), se encontra disciplinada nos arts. 240 e ss. do CPP e prescinde de instauração prévia de inquérito policial, conforme entendimento sufragado pelo c. STJ. Ressalte-se que determinados objetos apreendidos devem ser encaminhados para exame pericial (arts. 158 a 184 do CPP). Os objetos apreendidos não poderão ser res�tuídos caso interessem o processo, cons�tuam instrumentos ou proveito do crime, ou haja dúvida quanto ao direito do reclamante (arts. 118 a 120 do CPP). III)�Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias. O presente inciso é a consolidação da caracterís�ca da discricionariedade na atuação da autoridade policial na condução do inquérito policial, que deverá colher todos os elementos possíveis. Lei Maria da Pena (arts. 11 a 12-A da Lei nº 11.340/06) prevê providências e procedimentos específicos que devem ser adotados pela autoridade policial além das diligências preliminares em comento. IV)�Ouvir o ofendido: trata-se de diligência com relevância para a descoberta de outras fontes de prova a respeito do fato delituoso, contudo, apesar de não prestar o compromisso de dizer a verdade, se der causa à instauração do inquérito policial (ou processo criminal), pode responder por denunciação caluniosa (art. 339 do CP). Vale ressaltar que, caso o ofendido se mostre recalcitrante, é admita a condução coerci�va (art. 201, § 1º, CPP). V)�Ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título VII, deste Livro, devendo o respec�vo termo ser assinado por duas testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura: vale ressaltar que antes de ouvi-lo é necessária a advertência quanto ao direito ao silêncio, em face do princípio do nemo tenetur se detegere, e a assistência de advogado é faculta�va, devendo seguir os ditames do interrogatório judicial no que lhe for aplicável (arts. 185 a 196 do CPP). O termo deve ser assinado por duas testemunhas, todavia, a falta delas incorre em mera irregularidade. A jurisprudência majoritária admite a condução coerci�va sem autorização judicial, o que é de cons�tucionalidade ques�onável, notadamente em relação à fase do interrogatório que é posterior à da qualificação do indiciado, em face do direito cons�tucional retro mencionado. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br ATENÇÃO! 17 O art. 7º, XXI, do Estatuto da OAB foi acrescentado como uma prerroga�va do advogado (e não direito do indiciado, já consagrado na CF/88) de assis�r a seus clientes durante a apuração de infrações, consignando como consequência da não observância a nulidade absoluta do ato e dos dele derivados. A doutrina majoritária explicita que o advogado pode apresentar RAZÕES e QUESITOS tanto ao indiciado quanto às demais pessoas ouvidas (testemunhas, ofendido, etc.). · CURADOR O curador previsto no art. 15 do CPP não é necessário para acompanhar a oi�va do indiciado com idade entre 18 e 21 anos, isso porque a maioridade civil foi alterada para 18 anos pelo Código Civil de 2002, havendo uma revogação tácita das regras de natureza processual dos menores estabelecidos pelo CPP (18 a 21 anos), pois a figura do curador em epígrafe obje�vava o acompanhamento de um “responsável civil” em sua oi�va. Todavia, o curador é necessário no caso de inimputáveis (art. 26, CP e 151 do CPP) e semi-imputáveis, como por exemplo o índio não adaptado ao convívio social. Vale ressaltar que as regras de direito material subsistem a pessoas com idade entre 18 e 21 anos, v.g, a contagem pela metade do prazo prescricional (art. 115, CP). VI)� Proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações: àquele se aplicam os ditames dos arts. 226 a 228 do CPP, enquanto que, nestas, os dos arts. 229 e 230 do CPP. Admite-se, por analogia (verdade real), o reconhecimento fotográfico, aplicando-se lhe as regras do reconhecimento de pessoas. Acareação é procedimentoque envolve pessoas que divergem em seus depoimento, des�nado à solução de pontos divergentes sobre fatos ou circunstâncias relevantes, mediante reperguntas. Diante do princípio do nemo tenetur se detegere, o entendimento esmagador é o de que o inves�gado tem o direito de NÃO colaborar a�vamente na produção de qualquer prova, inclusive a acareação. Contudo, admite-se a execução coerci�va de provas que demandem mero comportamento passivo (por exemplo, reconhecimento pessoal). VII)�Determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias: caso o crime deixe ves�gios, é obrigatório o exame de corpo de delito direto ou indireto (testemunhas, etc.), atualmente única perícia que vincula a autoridade policial, nos termos dos arts. 158 e 167 do CPP. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br ATENÇÃO! ATENÇÃO! 18 @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br O termo “outras perícias” abrange diversos outros exames periciais que podem ser determinados de o�cio pela autoridade policial, EXCETO o exame de insanidade mental, que exige prévia autorização judicial (cláusula de reserva de jurisdição). VIII)�Ordenar a iden�ficação do indiciado pelo processo da�loscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes: a iden�ficação do indiciado está prevista na Lei nº 12.037/09, que regulamentou o disposi�vo cons�tucional que dispõe acerca da não iden�ficação criminal daquele que é iden�ficado civilmente. A iden�ficação será melhor tratada em tópico específico no presente material. Quanto à folha de antecedentes, trata-se de uma das medidas que visa demonstrar a vida pregressa do inves�gado. ATENÇÃO! Os requerentes que solicitarem atestado de antecedentes, neste NÃO poderá conter anotações referentes à instauração de inquérito (art. 20, p. ún., Lei nº 12.681/12). IX) averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua a�tude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter: o presente disposi�vo é bem detalhado e autoexplica�vo, devendo tais esclarecimentos serem objeto de inves�gação pela autoridade policial, tendo em vista que lhe incumbe não só elucidar a materialidade e a autoria, mas também as circunstâncias da infração penal (art. 2º, § 1º, da Lei nº 12.830/13), imprescindíveis para a aplicação de determinadas benesses, ou não (excludentes, qualificadoras do crime, causas de isenção de pena, agravantes, atenuantes, etc). O Estatuto da Primeira Infância (Lei nº 13.257/2016) trouxe mudança legisla�va com o acréscimo do inciso X ao art. 6º do CPP, abaixo transcrito, novidade legisla�va de suma importância para os concursos de Delegado de Polícia. X) Colher informações sobre a existência de filhos, respec�vas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa: Trata-se de novação legisla�va fundada em polí�cas públicas em prol de “dependentes” do inves�gado, e não diretamente a favor deste, notadamente quando recolhido ao cárcere. ATENÇÃO! ATENÇÃO! ATENÇÃO! 19 Segundo AVENA, quanto ao obje�vo dessa disciplina, é, principalmente, dar conhecimento às demais autoridades que atuam na persecução criminal (juiz e Ministério Público) e à defesa cons�tuída, nomeada ou pública do preso, sobre a existência de filhos, menores ou portadores de alguma deficiência, a fim de que possam ser requeridas ou adotadas as medidas necessárias para que não permaneçam eles sem assistência e responsável no período em que o pai ou a mãe es�verem con�dos. Vale acrescentar que a diligência obje�va, também, instruir melhor eventuais representações por prisão (medida excepcional), haja vista a existência de medidas cautelares diversas da prisão. 1.15. REPRODUÇÃO SIMULADA DOS FATOS Denominada por alguns como “recons�tuição do crime”, está prevista no art. 7º do CPP. Trata-se de diligência que obje�va verificar a veracidade das versões constantes dos autos, a fim de melhor aproximar a conclusão da inves�gação ao que realmente aconteceu na prá�ca da infração penal, desde que não contrarie a moralidade ou a ordem pública (por exemplo, nos crimes sexuais). Prevalece o entendimento de que o inves�gado não é obrigado a par�cipar da reprodução simulada dos fatos, pois, frise-se, fere o princípio do nemo tenetur se detegere (STF, HC 96219-MC/SP); bem como que é prescindível a sua in�mação, e de seu advogado, para dela par�cipar em sede de inves�gação criminal, todavia, caso realizada no processo judicial, é imprescindível, em face da ampla defesa e do contraditório. 1.16. DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS ESPECÍFICAS DOS ARTS. 13-A E 13-B DO CPP Trata-se de diligências inves�gatórias que obje�vam acelerar o andamento da persecução penal quando se tratar de crimes gravíssimos indicados pelo próprio legislador, acrescentadas ao Código de Processo Penal com a promulgação da Lei nº 13.344/2016. a) Obtenção de dados cadastrais (art. 13-A, CPP): Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei no8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da inicia�va privada, dados e informações cadastrais da ví�ma ou de suspeitos. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br ATENÇÃO! 20 @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá I - o nome da autoridade requisitante; II - o número do inquérito policial; III - a iden�ficação da unidade de polícia judiciária responsável pela inves�gação. (grifo meu) O disposi�vo em comento permite o acesso imediato e direto de dados e informações cadastrais pela autoridade policial ou pelo membro do Ministério Público, o que sofreu duras crí�cas da doutrina sob o argumento de que seria incons�tucional a prescindibilidade de autorização judicial por ferir o direito à in�midade, contudo, tais dados não estão protegidos pelo art. 5º, X, CF/88, ademais, estar-se-á diante de crimes gravíssimos, as informações são de extrema relevância para o desenrolar da inves�gação e se referem somente aos dados cadastrais da ví�mas ou suspeitos, de modo que eventual juízo de ponderação entre o direito à in�midade e à liberdade das ví�mas, este prevalece. Os crimes gravíssimos referidos no disposi�vo são os de sequestro e cárcere privado, redução a condição análoga à de escravo, tráfico de pessoas, extorsão qualificada pela restrição da liberdade da ví�ma, extorsão mediante sequestro, bem como o de promover ou auxiliar a efe�vação de ato des�nado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro. Segundo Eugênio Pacelli, mesmo que se possa considerar que os dados prestados ofendem, em certa intensidade, a in�midade dos sujeitos em questão, há de se levar em conta que estamos falando de crimes gravíssimos (equiparados aos hediondos, nos termos e condições do art. 12 desta Lei – para fins de livramento condicional), ligados à privação de liberdade das ví�mas. Uma ponderação rasa já aponta a prevalência do interesse inves�ga�vo sobre eventual direito a privacidade. b) Obtenção de informações das Estações Rádio Base – ERB's (art. 13-B, do CPP): Art. 13-B. Se necessário à prevençãoe à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemá�ca que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da ví�ma ou dos suspeitos do delito em curso. § 1o Para os efeitos deste ar�go, sinal significa posicionamento da estação de cobertura, setorização e intensidade de radiofrequência. § 2o Na hipótese de que trata o caput, o sinal: I - não permi�rá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, que dependerá de autorização judicial, conforme disposto em lei; II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não superior a 30 (trinta) dias, renovável por uma única vez, por igual período; 21 @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a apresentação de ordem judicial. § 3o Na hipótese prevista neste ar�go, o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do registro da respec�va ocorrência policial. § 4o Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente requisitará às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemá�ca que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da ví�ma ou dos suspeitos do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz. Em uma leitura dos disposi�vos acima, percebe-se que o § 4º é o único disposi�vo que trouxe alteração substancial na obtenção mais célere das informações, haja vista que os demais disciplinaram regras com mudanças simbólicas. Assim, o acesso às ERB's necessita de autorização judicial, no entanto, caso haja a representação para a quebra e a decisão deferindo ou indeferindo não seja proferida em 12h, é possível que a autoridade requisite diretamente à empresa, condicionada à comunicação do juízo para o qual foi distribuída a representação não decidida. Corrobora tal conclusão o doutrinador Eugênio Pacelli: sem a inserção do parágrafo quarto do ar�go 13-B, nada mudaria no nosso sistema, pois, anteriormente à inovação legisla�va, já era possível ao Delegado pedir os referidos dados via judiciário. Todavia, caso o juiz fique omisso em doze horas, poderá o delegado requisitar diretamente às empresas (somente tendo que comunicar o juiz). 1.17 IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL A iden�ficação criminal tem previsão cons�tucional (art. 5º, LVIII, CF) e restou regulamentada na legislação infracons�tucional (Leis nº 12.037/09 e 12.654/12), de modo que, de regra, não haverá iden�ficação criminal ao civilmente iden�ficado, podendo o legislador infracons�tucional indicar hipóteses em que mesmo iden�ficado civilmente, o indiciado será subme�do à iden�ficação criminal, já exis�ndo no ordenamento jurídico as leis supramencionadas. Trata-se de diligência necessária para que a efe�va pessoa que cometeu o delito seja responsabilizada criminalmente, em observância ao princípio da intranscendência. Classifica-se em três espécies: iden�ficação da�loscópica, iden�ficação fotográfica e iden�ficação do perfil gené�co. a) Iden�ficação da�loscópica: coleta-se as impressões digitais do indiciado para a sua iden�ficação, haja vista que é um dos métodos cien�ficos mais seguros. 22 @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br b) Iden�ficação fotográfica: Iden�ficação a par�r de uma foto. c) Iden�ficação do perfil gené�co (Lei nº 12.654/12 – Lei do Perfil Gené�co): Atualmente, devem ser subme�das à iden�ficação do perfil gené�co pessoas condenadas por crime doloso, com violência ou grave ameaça à pessoa, ou por crimes hediondos. A iden�ficação pode ser realizada por meio da coleta de material biológico para a obtenção do perfil gené�co, inclusive para eventuais confrontos. Vale ressaltar que no âmbito da inves�gação, de um modo geral, a lei deve ser aplicada sob o enfoque do princípio da não autoincriminação, a fim de que eventuais provas colhidas não sejam ilícitas por falta de autorização da pessoa que se pretende iden�ficar. Torna-se imprescindível a leitura da lei seca e o estudo das referidas leis, a serem abordadas pelo professor a legislação extravagante. 1.18 DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS REQUERIDAS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO Mesmo após concluídas as diligências inves�gatórias que a autoridade policial entendera per�nentes, com o encerramento da inves�gação por meio do relatório conclusivo e remessa dos autos ao Poder Judiciário, pode o Ministério Público requisitar ao juiz a devolução dos autos do inquérito policial para novas diligências a serem cumpridas pela autoridade policial, desde que imprescindíveis ao oferecimento da denúncia, para a formação da opinio delic�, tendo em vista ser o �tular da ação penal, nos termos dos arts. 16 do CPP. O art. 47 do CPP, por sua vez, dispõe acerca da requisição de informações e/ou documentos diretamente (sem a devolução do inquérito à Delegacia de Polícia) pelo Ministério Público à autoridade correspondente. 1.19. PRAZOS Os prazos para a conclusão do inquérito policial têm natureza processual, assim, exclui o dia do início e inclui o úl�mo dia, além de prorrogar o prazo para o dia ú�l seguinte caso se inicie, ou se finde, em dia não ú�l (sábado, domingo ou feriado), nos termos do art. 798, § 1º, do CPP. Há divergência na doutrina acerca da natureza do prazo estando o indiciado preso. De acordo com a doutrina majoritária, mantém-se a natureza processual do prazo de conclusão do inquérito, mesmo estando o réu preso. De acordo com Guilherme de Souza Nucci, passa a ter natureza de norma processual mista ou material, ocasião em que a contagem deve ser feita na forma do Código Penal: inclui-se o dia do início e exclui o úl�mo dia, além de não prorrogar para o dia ú�l seguinte. ATENÇÃO! 23 @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br O prazo de conclusão do inquérito policial, de acordo com o art. 10, “caput” do CPP, é de 10 (dez) dias se o indiciado es�ver preso (prisão em flagrante ou preven�va), contado do dia da execução da ordem de prisão; e de 30 (trinta) dias, se es�ver solto (com ou sem fiança). Nessa hipótese, admite-se a prorrogação por prazo fixado pelo juiz, no caso de fato de di�cil elucidação (art. 10, § 3º, CPP). Para facilitar a memorização dos prazos, atente-se para a tabela abaixo: Na hipótese de prisão temporária com prazo inferior ao previsto para a conclusão do inquérito policial, não se altera este. Todavia, se o prazo da prisão temporária for superior, este será também o prazo para a conclusão do inquérito policial. Por exemplo, prisão temporária de 05 (cinco) dias, o inquérito deverá ser concluído em 10 (dez) dias; prisão temporária de 30 (trinta) dias (crime hediondo), o inquérito concluir-se-á também em 30 (trinta) dias. Note-se que a Lei dos Crimes Hediondos prevê o prazo de 30 dias para a prisão temporária, prorrogáveis por igual período (art. 2º, § 4º, da Lei nº 8.072/90). Diante disso, AVENA e Guilherme de Souza Nucci defendem que o prazo para a conclusão inquérito, estando o indiciado preso temporariamente em razão de crime hediondo ou equiparado, segue o da prisão temporária. Consigne-se que parte da doutrina (minoritária) entende que o IP deve seguir o prazo do CPP (10 dias), por falta de previsão legal em sen�do contrário, pois aplicar o prazo da temporária seria interpretação prejudicial ao indiciado. Vale ressaltar que o prazo para a conclusão estando o réu solto é impróprio,de modo que não há consequências jurídicas em sua inobservância. No caso do indiciado preso, o atraso de alguns dias, devidamente demonstrado pelas circunstâncias do caso, não acarreta ilegalidade, contudo, se houver abuso na condução da inves�gação com o atraso injus�ficável, ou se perpetue por vários dias, impõe-se o relaxamento da prisão do indiciado. PRESO SOLTO Regra Geral (art. 10, CPP) Jus�ça Federal Lei de Drogas Crimes contra a economia popular Crime Militar Crime hediondo ou equiparado 10 dias 15 + 15 30 + 30 10 20 Prisão temporária: 30 + 30 30 dias, prorrogáveis 30 dias, prorrogáveis 90 + 90 10 40+20 ------ \\ ----- ATENÇÃO! 24 @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br Segundo Eugênio Pacelli, a superação dos citados prazos de inves�gação não implicará o encerramento defini�vo do inquérito e o seu posterior arquivamento. Trata-se de prazo essencialmente administra�vo, voltado para o bom andamento da a�vidade do Poder Público, ressalvada a possibilidade de soltura do réu preso, por excesso de prazo. Por enquanto, na ordem jurídica brasileira, somente a prescrição tem o efeito de encerrar a persecução penal, por desídia ou insuficiência operacional da Administração. 1.20 RELATÓRIO DA AUTORIDADE POLICIAL A peça lavrada pela autoridade policial ao final da inves�gação denomina-se RELATÓRIO, em que constará o que restou apurado, de forma minuciosa, e a determinação de remessa dos autos ao Poder Judiciário, nos termos do art. 10, § 1º, do CPP, além de proceder, se o caso, ao indiciamento na referida peça conclusiva. A doutrina majoritária entende que o Delegado de Polícia não pode declinar qualquer juízo de valor sobre os fatos, haja vista que o relatório se trata de peça descri�vo do que fora realizado nos autos do inquérito policial, tais como as diligências executadas e as não executadas, apresentando as razões de tempo ou de inviabilidade da não realização delas, inclusive podendo indicar testemunhas não inquiridas e o local onde possam ser encontradas, conforme dispõe o art. 10, § 2º, do CPP. O art. 52 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas) trouxe hipótese excepcional em que o Delegado de Polícia, cuidando-se de crime nela previsto, deve jus�ficar as razões que o levaram à classificação do delito. A �tulo de conhecimento, Norberto Avena entende ser possível o juízo de �picidade por parte da autoridade policial no bojo do relatório independente se é crime da Lei de Drogas, contudo, não lhe é lícito examinar ou tecer considerações no relatório acerca de aspectos rela�vos à ilicitude da conduta ou à culpabilidade do indiciado. Vale ressaltar que o relatório não vincula o �tular da ação penal (MP) que formula sua própria opinio delic�, tampouco o órgão julgador. Por fim, nada obsta que o relatório seja acompanhado de alguma representação na mesma peça, por exemplo, “RELATÓRIO FINAL C/C REPRESENTAÇÃO POR PRISÃO PREVENTIVA”. 1.21 DESTINO DO INQUÉRITO POLICIAL Nos termos do art. 10, § 1º, do CPP, os autos do inquérito policial concluído e relatado ATENÇÃO! 25 @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br devem ser encaminhados – juntamente com os instrumentos do crime e objetos que interessem à prova (art. 11, CPP), tais como documentos, armas, computadores, celulares – ao juízo competente, onde as partes poderão pugnar pela contraprova. Tratando-se de crime de ação penal pública, o juízo remeterá os autos ao Ministério Público; se de ação penal privada, os autos aguardarão a inicia�va ou o requerimento de entrega dos autos pelo ofendido ou representante legal, mediante traslado (art. 19, CPP). Há discussão na doutrina acerca do des�no do inquérito policial (art. 10, CPP), sob o argumento de que o Ministério Público, �tular da ação penal, deveria ser o des�natário direto e imediato, independente do Poder Judiciário. Há julgados do STF acerca do tema quando disciplinado em lei estadual, tratando-se de lei incons�tucional, in verbis: é incons�tucional lei estadual que preveja a tramitação direta do inquérito policial entre a polícia e o Ministério Público. É cons�tucional lei estadual que preveja a possibilidade de o MP requisitar informações quando o inquérito policial não for encerrado em 30 dias, tratando-se de indiciado solto. STF. Plenário. ADI 2886/RJ, red. p/ o acórdão Min. Joaquim Barbosa, j. em 3/4/2014 (Info 741).” A Resolução nº 063/2009 do Conselho da Jus�ça Federal regulamentou a tramitação direta do inquérito policial entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, desde que efetuado tão-somente o registro dos autos na Jus�ça Federal por ocasião da primeira remessa, independente se o Delegado de Polícia Federal requer a dilação do prazo para as inves�gações ou apresenta o relatório final, sendo que, naquele caso, o próprio membro do Ministério Público Federal autoriza a dilação do prazo e res�tui os autos à Delegacia de Polícia Federal. De acordo com o Tribunal Cidadão, a citada resolução e eventuais portarias de juízes singulares não estão impingidas de ilegalidade: “Não é ilegal a portaria editada por Juiz Federal que, fundada na Res. CJF n. 63/2009, estabelece a tramitação direta de inquérito policial entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal. (STJ, RMS 46.165-SP). Pende de julgamento a ADI 4305 perante o STF, proposta pela Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, que ques�ona a cons�tucionalidade da mencionada resolução. 1.22 INDICIAMENTO Trata-se de ato priva�vo do Delegado de Polícia por meio do qual, indicando as circunstâncias do fato e segundo sua análise técnico-jurídica, atribui a determinada pessoa a provável (indícios) autoria ou a par�cipação de uma infração penal, nos termos do art. 2º, § 6º, do Estatuto do Delegado de Polícia (Lei nº 12.830/13), fazendo com que a linha de inves�gação o tenha como suspeito principal. ATENÇÃO! 26 @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br O indiciamento pode ser feito a qualquer momento. Na Portaria de instauração, em despacho em meio à tramitação do inquérito, no relatório final. O indiciamento é ato fundamentado do Delegado de Polícia e deve conter os seguintes pressupostos a ele inerentes, a fim de se evitar constrangimento do inves�gado: a) indícios suficientes de autoria; b) prova da materialidade do delito. O indiciamento é ATO PRIVATIVO do Delegado de Polícia, não se admi�ndo requisições nesse sen�do por outras autoridades públicas (Juiz, membro do Ministério Público, Chefe de Polícia, Comissão Parlamentar de Inquérito, etc.), o que não se confunde com requisição de instauração de inquérito policial, já explorado no presente material. Tal entendimento é consagrado pela maioria esmagadora da doutrina (Guilherme de Souza Nucci, Norberto Avena, e da jurisprudência STF, HC 115015/SP). 1.23 DESINDICIAMENTO Enquanto o indiciamento é ato priva�vo do Delegado de Polícia, o Desindiciamento não. Isso porque o Desindiciamento, ato por meio do qual des�tui o suposto autor ou par�cipe da qualidade de indiciado e principal suspeito da prá�ca deli�va, pode ser determinado de o�cio pela autoridade policial ou por determinação judicial, conforme doutrina e jurisprudência, na hipótese de ilegalidade do ato de indiciamento, inclusive em sede de habeas corpus, cuja decisão judicial pode não se limitar ao Desindiciamento e determinar o trancamento do inquérito policial, se a sua instauração também se afigurar ilegal. 1.24 ARQUIVAMENTO E DESARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL Nos termos do art. 17 do CPP, exauridas todas as diligências cabíveis, o membro do Ministério Público, entendendo que não há indícios suficientes acerca da autoria e/ou prova da materialidade,ou em caso de ulterior rejeição da denúncia ou absolvição sumária do réu, promoverá o arquivamento do inquérito policial com a remessa dos autos ao juízo. Trata-se de ato complexo, tendo em vista que a prá�ca de dois atos: o requerimento do membro do Ministério Público e a decisão do Poder Judiciário. O ordenamento jurídico vigente não permite o arquivamento direto do inquérito policial pela autoridade policial ou pelo membro do Ministério Público. A jurisprudência pátria converge quanto à possibilidade de desarquivamento do inquérito, por cons�tuir coisa julgada formal, quando arquivado por insuficiência de provas, ATENÇÃO! 27 @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br ausência de pressuposto processual ou da condição da ação penal, falta de justa causa; bem como quanto à impossibilidade de desarquivamento, por se tratar de coisa julgada material, no caso de arquivamento por a�picidade do fato ou excludente da punibilidade (salvo no caso de cer�dão de óbito falsa). O STF e o STJ divergem acerca da possiblidade de desarquivamento quando arquivado por manifesta causa excludente da ILICITUDE. A Suprema Corte entende pela possibilidade, já o Tribunal Cidadão entende que não. (STF HC 125.101/SP e STJ REsp 791.471/RJ). Quanto ao arquivamento por excludente de culpabilidade, ainda não há entendimento jurisprudencial, mas a doutrina majoritária preleciona que não se admite o desarquivamento. Há uma classificação na doutrina das espécies de arquivamento do inquérito policial, a saber: arquivamento implícito/tácito (obje�vo ou subje�vo), arquivamento originário, arquivamento indireto e arquivamento provisório. a) Arquivamento implícito ou tácito: não é admi�do pela doutrina e jurisprudência majoritárias e consiste na omissão da denúncia pelo Ministério Público quanto a algum fato criminoso (arquivamento implícito obje�vo) e/ou a algum agente do delito (arquivamento implícito subje�vo), ou até mesmo a alguns deles. O STJ entende que no caso de omissão do Ministério Público quanto à fatos que cons�tuem infração penal e/ou à agentes do delito, é INCABÍVEL ação penal privada subsidiária da pública. (STJ HC 21.074/RJ). b) Arquivamento indireto: ocorre quando o membro do Ministério Público deixa de oferecer denúncia perante o juízo em que atua e oficia pelo declínio da competência, havendo o arquivamento indireto neste juízo e, discordando, o juiz entendido por incompetente pelo “parquet”, julgando-se competente, poderá se valer do art. 28 do CPP (vulgarmente “promotor do 28”), conforme entendimento majoritário da doutrina (AVENA e NUCCI) e da jurisprudência (STJ, CAT 225/MG). c) Arquivamento provisório: trata-se de arquivamento dos autos do inquérito policial quando ausente alguma condição de procedibilidade, por exemplo, a retratação da representação pela ví�ma antes do oferecimento da denúncia de crime de ação penal pública condicionada à representação, ocasião em que há o arquivamento provisório (art. 25, CPP). d) Arquivamento originário: quando requerido pelo representante do Ministério Público nos casos de competência originária nos tribunais (PGJ perante o TJ, PGR perante o STF, ATENÇÃO! ATENÇÃO! 28 @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br etc.). Contudo, no caso dos tribunais superiores (STF e STJ), entendem que o requerimento de arquivamento deve ser atendido pelo órgão julgador, enquanto que na hipótese de requerimento do PGJ, perante os tribunais, o juiz remeterá os autos ao Colégio de Procuradores de Jus�ça (art. 12, XI, da LOMP). O STJ entende que no caso de omissão do Ministério Público quanto à fatos que cons�tuem infração penal e/ou à agentes do delito, é INCABÍVEL ação penal privada subsidiária da pública. (STJ HC 21.074/RJ). · Princípio da devolução (art. 28 do CPP): relembrando, o princípio se aplica quando o juiz discorda do pedido de arquivamento formulado pelo Ministério Público, ocasião em que remete os autos ao Procurador Geral ou a um órgão colegiado de Procuradores do Ministério Público (no âmbito do Ministério Público Federal denomina-se Câmara de Coordenação e Revisão). Ao receber os autos do inquérito, poderão ser tomadas as seguintes decisões pelo Ministério Público: a) Ra�ficar o requerimento de arquivamento, hipótese em que o órgão julgador, mesmo discordando novamente, deverá acatar; b) Requerer a realização de novas diligências; c) Oferecer denúncia, acolhendo o entendimento do órgão julgador; d) Designar outro membro do Ministério Público – na qualidade de longa manus, portanto, não deve se abster de cumprir o fim da designação – para oferecer denúncia. Como regra, não há recurso contra a decisão judicial de arquivamento, contudo, existem duas exceções: a) recurso em sen�do estrito da Lei nº 1.508/51 (contravenções do jogo do bicho e de aposta de corrida de cavalos fora do hipódromo); b) recurso de o�cio da Lei nº 1.521/51 (crimes contra a economia popular). 1.25 TRANCAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL Mesmo sigiloso, o inquérito policial traz um clarividente constrangimento aos envolvidos, notadamente o suposto autor dos fatos, de sorte que se se tratar de constrangimento ilegal, consistente na instauração arbitrária e despida dos pressupostos inerentes ao inquérito policial (indícios de autoria e de materialidade deli�va), é admissível o seu trancamento, inclusive por decisão judicial proferida em sede de habeas corpus sempre que a inves�gação for infundada e abusiva. ATENÇÃO! ATENÇÃO! 29 @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br Admite-se o trancamento, também e de forma excepcional, quando restar evidenciado de forma cristalina (sem necessidade de dilação probatória) a a�picidade do fato, a falta de justa causa para a ação penal e/ou a presença de causa excludente de punibilidade, conforme entendimento da Suprema Corte. 1.26 ATRIBUIÇÃO PARA O INQUÉRITO POLICIAL A atribuição, ou competência administra�va, para a condução do inquérito policial é da autoridade policial, assim, não há que se falar em competência propriamente dita (competência como parte da jurisdição). Vale ressaltar que diligências inves�gatórias pela autoridade policial em outra circunscrição independe de precatória ou requisição, mesmo diante das diretrizes abaixo demonstradas, conforme art. 22 do CPP. Há algumas diretrizes que delimitam o campo de atuação da autoridade policial, com delimitação territorial onde exerce suas atribuições (circunscrição), nos termos do art. 4º do CPP, e de acordo com os seguintes critérios: a) territorial (ra�one loci): local de consumação do delito determina a circunscrição policial responsável pela apuração do delito; b) material (ra�one materiae): corresponde à: b.1) divisão da inves�gação entre as polícias judiciárias (Polícia Civil e Polícia Federal), de modo que à Polícia Federal, em tese, inves�gar crimes de competência da Jus�ça Federal, e, à Polícia Civil, os demais, excetuados os crimes militares; b.2) atribuição das delegacias especializadas (Delegacia de Homicídios, Delegacia de Roubos e Furtos, etc.). c) em razão da pessoa (ra�one personae): leva-se em consideração alguma circunstância da ví�ma com a especialização da autoridade policial e de seus agentes para lidar com tais ví�mas. Por exemplo, mulher (Delegacia de Atendimento à Mulher), criança (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente). Não só o inves�gado possui direitos fundamentais, mas a ví�ma também, razão pela qual a violação da atribuição ra�one personae é passível de controle judicial por meio de habeas corpus, inclusive com o trancamento do inquérito policial, se o caso. 1.27 INCOMUNICABILIDADE DO PRESO Como é cediço, o CPP é norma infracons�tucionale anterior à CF/88, razão pela qual prevalece que o art. 21 do CPP, que prevê a possibilidade de decretação da incomunicabilidade ATENÇÃO! 30 @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br do indiciado com fundamento no interesse da sociedade ou a conveniência da inves�gação o exigir, não foi recepcionado pela Carta Magna, haja vista que em seu art. 136, § 3º, inciso IV, sequer permite a medida em estado de exceção (estado de defesa), quando podem ser limitados direitos fundamentais, ademais, a Lei Maior assegura a assistência da família e de advogado ao preso bem como a comunicação da sua prisão de imediato ao juiz, que hoje também se materializa com as audiências de custódia. O Regime disciplinar diferenciado (RDD) pode ser adotado em prisões cautelares, inclusive durante o inquérito policial. Não há previsão da incomunicabilidade do preso para tal regime, mas, de acordo com o art. 52 da Lei de Execução Penal, de regras mais rígidas da “comunicabilidade” do preso. 1.28. TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA Trata-se de um procedimento mais simples que o inquérito policial des�nado à apuração das infrações de menor potencial ofensivo, com o resumo das declarações das pessoas envolvidas e das testemunhas, determinando-se a realização das perícias necessárias, inclusive o exame de corpo de delito, quando deixam ves�gios. A autoridade policial que tomar conhecimento do fato deve tomar do autuado o compromisso de comparecimento ao juizado especial em dia e hora previamente determinados. Os autos serão reme�dos de imediato ao Juizado Especial Criminal, onde, se o caso, serão aplicados os regramentos da Lei nº 9.099/95. A u�lização eventual de inquérito policial em vez de termo circunstanciado não torna nulo o procedimento, nem passível de trancamento. 1.29. OUTROS PROCEDIMENTOS INVESTIGATÓRIOS O inquérito policial é uma espécie de procedimento de inves�gação de infração (penal), assim, há outras espécies de procedimentos inves�gatórios para apurar infrações à lei (não só penal), abaixo relacionadas, nos termos do próprio art. 4º, parágrafo único, do CPP. a) Inquérito Policial Militar: presidido pela polícia judiciária militar, nos termos do art. 8º do CPPM; ATENÇÃO! ATENÇÃO! 31 b) Inquérito para inves�gar crime pra�cado por juiz ou promotor: presidido pelo respec�vo órgão de cúpula, nos termos da LOMAN e da LOMP; c) Inquérito Civil Público: inves�gação conduzida pelo MP para apurar lesões a interesses transindividuais (em tese não criminal); d) Inquérito Parlamentar: presidido pela Comissão Parlamentar de Inquérito e será reme�do ao Ministério Público para que, se o caso, promova a ação penal. Ademais, o poder de polícia da Câmara e do Senado abrange a prisão em flagrante e a presidência do inquérito no caso de crimes pra�cados em suas dependências (Súmula nº 397 do STF); e) Inquérito administra�vo para apuração de infrações à ordem econômica, presidido pela Superintendência-Geral do CADE. f) Sindicâncias e processos administra�vos para apuração de falta funcional por agentes da Administração Pública g) Inves�gação conduzida por agentes florestais (IBAMA, etc.); h) Inquérito conduzido pela Comissão de Inquérito do Banco Central do Brasil. É admi�do para embasar a denúncia (Informa�vo nº 578/STF); i) Inves�gação par�cular: conduzida por par�culares. Vale ressaltar a Lei nº 13.432/17, que dispõe sobre o exercício da profissão de , prevê em seu art. dete�ve par�cular 5º que o dete�ve par�cular pode colaborar com inves�gação policial em curso, desde que expressamente autorizado pelo contratante. Segundo Eugênio Pacelli, embora a Cons�tuição Federal (art. 144) e a Lei nº 12.850/13 assegurem caber às polícias judiciárias a inves�gação das infrações penais (art. 144), é bem de ver que outras autoridades administra�vas terminam por inves�gar fatos que também cons�tuem crimes, desde que orientadas pelas finalidades e atribuições a elas deferidas em Lei. Assim, a Receita Federal inves�ga infrações fiscais/tributárias; eventualmente, o material então produzido poderá subsidiar ação penal, dado que a ilicitude tributária poderá se compa�bilizar com a ilicitude penal. Com o advento da Lei nº 11.101/05 (Lei de Falências), restou revogado o inquérito judicial presidido pelo juiz com contraditório e ampla defesa des�nado à instrução da ação penal. A figura do juiz inquisidor restou ex�rpada, também, do an�go regramento de combate às organizações criminosas (ADI 1.570-2/04). @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br ATENÇÃO! 32 1.30. INVESTIGAÇÃO CRIMINAL CONDUZIDA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO Tema muito polêmico no seio doutrinário e jurisprudencial se trata da legi�midade do Ministério Público para conduzir inves�gação criminal, havendo argumentos sólidos tanto favoráveis quanto contrários. Contudo, a tendência que se nota na jurisprudência é a de que o Ministério Público possui legi�midade para excepcionalmente conduzi-la – inclusive já decidido em controle difuso de cons�tucionalidade –, já regulamentada por meio da Resolução nº 181/17 do CNMP, com os seguintes temperamentos: a) Observância dos direitos e garan�as fundamentais dos inves�gados; b) Os atos inves�gatórios devem ser necessariamente documentados e pra�cados por membros do MP; c) Observância da cláusula de reserva de jurisdição, quando assim o exigir (ex: interceptação telefônica, quebra de sigilo bancário etc); d) Respeito às prerroga�vas profissionais asseguradas por lei aos advogados; e) Deve ser assegurada a garan�a, diante também do con�do no art. 7º, IV, do EOAB, prevista na Súmula vinculante 14 do STF: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento inves�gatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa; f) A inves�gação deve ser realizada dentro de prazo razoável; g) Os atos de inves�gação conduzidos pelo MP estão sujeitos ao permanente controle do Poder Judiciário. TESE FAVORÁVEL A exclusividade mencionada no art. 144 serve para excluir os demais órgãos de polícia citados nos demais incisos em relação à União. Ademais, a função da polícia judiciária não se confunde com a polícia inves�ga�va, para qual não foi atribuída exclusividade. Dos disposi�vos cons�tucionais acerca do MP é possível inferir tal possibilidade (teoria dos poderes implícitos). Ademais, o CPP e outras leis admitem a inves�gação pelo MP. Argumento superado pela Resolução 13/06 do CNMP, que estabelece regras para a inves�gação criminal pelo MP. TESE CONTRÁRIA A i nve s� ga ç ã o c r i m i n a l p e r te n c e c o m exclusividade à Polícia Judiciária, consoante se extrai do art. 144, §1º, IV, da CF, pois cabe à Polícia Federal exercer com exclusividade as funções da polícia judiciária da União. Ausência de previsão cons�tucional ao Ministério Público, mesmo disciplinando vastos poderes à ins�tuição permanente. Fa l ta d e re g u l a m e nta çã o d a a� v i d a d e inves�ga�va pelo MP. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 33 Não há incompa�bilidade, no sistema acusatório, entre as funções de acusar e inves�gar, até porque a inves�gação é dirigida ao MP. A inves�gação feita pelo MP sofre controle judicial, pois há cláusulas de reserva de jurisdição, sofre controle interno pela Corregedoria e é controlada pelo CNMP. O MP é órgão imparcial que deve estar atento ao cumprimento da lei, podendo inclusive requerer o arquivamento. Súmula 234 do STJ: “a par�cipação do MP na inves�gação não acarreta suspeição ou impedimento paraa denúncia”. O IP é todo dirigido ao MP, ele deve se valer de todas as provas produzidas, inclusive as que beneficiarem o réu, sob pena de responder por abusos. A polícia também teria mais armas que o inves�gado. Ademais, enquanto não apurado o fato, o MP estaria em desvantagem. A inves�gação pelo MP só se dá se for mais eficiente que aquela do IP. Não obje�va esvaziar as atribuições da polícia. Em geral, é eficiente nos crimes come�dos por policiais ou por autoridades polí�cas poderosas. As funções de inves�gar e acusar não poderiam se concentrar no mesmo órgão. A inves�gação real izada pelo MP ser ia descontrolada. Violação da imparcialidade do MP. O MP tenderia a só produzir provas que beneficiassem a acusação Violação do princípio da paridade de armas. O MP poderia escolher o crime a ser inves�gado. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 34 2. LEGISLAÇÃO CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. § 1º A polícia federal, ins�tuída por lei como órgão permanente, organizado e man�do pela União e estruturado em carreira, des�na-se a: (Redação dada pela Emenda Cons�tucional nº 19, de 1998) I - apurar infrações penais contra a ordem polí�ca e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas en�dades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prá�ca tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respec�vas áreas de competência; III - exercer as funções de polícia marí�ma, aeroportuária e de fronteiras; IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. (...) § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. § 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de a�vidades de defesa civil. (...) @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 35 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respec�vas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. Parágrafo único. A competência definida neste ar�go não excluirá a de autoridades administra�vas, a quem por lei seja come�da a mesma função. Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: I - de o�cio; II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem �ver qualidade para representá-lo. § 1º O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível: a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; b) a individualização do indiciado ou seus sinais caracterís�cos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os mo�vos de impossibilidade de o fazer; c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência. § 2º Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia. § 3º Qualquer pessoa do povo que �ver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito. § 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado. § 5º Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. Art. 6º Logo que �ver conhecimento da prá�ca da infração penal, a autoridade policial deverá: I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; II - apreender os objetos que �verem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; IV - ouvir o ofendido; V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respec�vo termo ser assinado por duas testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura; @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 36 VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; VIII - ordenar a iden�ficação do indiciado pelo processo da�loscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua a�tude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter. X - colher informações sobre a existência de filhos, respec�vas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. Art. 7º Para verificar a possibilidade de haver a infração sido pra�cada de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública. Art. 8º Havendo prisão em flagrante, será observado o disposto no Capítulo II do Título IX deste Livro. Art. 9º Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou da�lografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade. Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado �ver sido preso em flagrante, ou es�ver preso preven�vamente, contado o prazo, nesta hipótese, a par�r do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando es�ver solto, mediante fiança ou sem ela. § 1º A autoridade fará minucioso relatório do que �ver sido apurado e enviará autos ao juiz competente. § 2º No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não �verem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas. § 3º Quando o fato for de di�cil elucidação, e o indiciado es�ver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz. Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito. Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 37 Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial: I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos; II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público; III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridadesjudiciárias; IV - representar acerca da prisão preven�va. Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei no8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da inicia�va privada, dados e informações cadastrais da ví�ma ou de suspeitos. Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá: I - o nome da autoridade requisitante; II - o número do inquérito policial; e III - a iden�ficação da unidade de polícia judiciária responsável pela inves�gação. Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão REQUISITAR, mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemá�ca que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da ví�ma ou dos suspeitos do delito em curso. § 1º Para os efeitos deste ar�go, sinal significa posicionamento da estação de cobertura, setorização e intensidade de radiofrequência. § 2º Na hipótese de que trata o caput, o sinal: I - não permi�rá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, que dependerá de autorização judicial, conforme disposto em lei; II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não superior a 30 (trinta) dias, RENOVÁVEL por uma única vez, por igual período; III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a apresentação de ordem judicial § 3º Na hipótese prevista neste ar�go, o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo máximo de (setenta e duas) horas, contado do registro da respec�va ocorrência policial.72 § 4º Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 38 requisitará às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemá�ca que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da ví�ma ou dos suspeitos do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz. Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial. Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito. Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas �ver no�cia. Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão reme�dos ao juízo competente, onde aguardarão a inicia�va do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado. Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes à instauração de inquérito contra os requerentes. Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e somente será permi�da quando o interesse da sociedade ou a conveniência da inves�gação o exigir. Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no ar�go 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n. 4.215, de 27 de abril de 1963) Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de uma circunscrição policial, a autoridade com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar diligências em circunscrição de outra, independentemente de precatórias ou requisições, e bem assim providenciará, até que compareça a autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra em sua presença, noutra circunscrição. Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz competente, a autoridade policial oficiará ao Ins�tuto de Iden�ficação e Esta�s�ca, ou repar�ção congênere, mencionando o juízo a que �verem sido distribuídos, e os dados rela�vos à infração penal e à pessoa do indiciado. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 39 Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insis�rá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. (...) Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informa�vos colhidos na inves�gação, ressalvadas as provas cautelares, não repe�veis e antecipadas. Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. Art. 158. Quando a infração deixar ves�gios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. CÓDIGO PENAL Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber , ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que quem é o autor do crime se esgota o prazo para oferecimento da denúncia. ESTATUTO DO DELEGADO DE POLÍCIA - Lei nº 12.830/13 Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a inves�gação criminal conduzida pelo delegado de polícia. Art. 2º As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, . essenciais e exclusivas de Estado §1º Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial, cabe a condução da inves�gação criminal por meio de inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como obje�vo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações penais. §2º Durante a inves�gação criminal, cabe ao delegado de polícia a requisição de perícia, informações, documentos e dados que interessem à apuração dos fatos. §3º (VETADO). §4º O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso somente poderá ser avocado ou redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho fundamentado, por mo�vo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia da inves�gação. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br40 §5º A remoção do delegado de polícia dar-se-á somente por ato fundamentado. §6º O indiciamento, priva�vo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias. Art. 3º O cargo de delegado de polícia é priva�vo de bacharel em Direito, devendo-lhe ser dispensado o mesmo tratamento protocolar que recebem os magistrados, os membros da Defensoria Pública e do Ministério Público e os advogados. Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. ESTATUTO DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL (Lei nº 8.906/94) Art. 7º São direitos do advogado: (...) XIV - examinar, em qualquer ins�tuição responsável por conduzir inves�gação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de inves�gações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio �sico ou digital; XXI - assis�r a seus clientes inves�gados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respec�vo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos inves�gatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respec�va apuração a) apresentar razões e quesitos; b) (VETADO). (...) §10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direitos de que trata o inciso XIV. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 41 3. JURISPRUDÊNCIA ENUNCIADOS DE SÚMULAS DO STF Súmula Vinculante nº 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento inves�gatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. Súmula nº 523: No processo penal, a falta da defesa cons�tui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu. Súmula nº 524: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do Promotor de Jus�ça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas. Súmula 568 (SUPERADA): A iden�ficação criminal não cons�tui constrangimento ilegal, ainda que o indiciado já tenha sido iden�ficado civilmente. O enunciado foi editado antes da Lei nº 12.037/09. Súmula nº 594: Os direitos de queixa e de representação podem ser exercidos, independentemente, pelo ofendido ou por seu representante legal. Súmula nº 699: Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas se recusando o Promotor de Jus�ça a propô-la, o Juiz, dissen�ndo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal. ENUNCIADOS DE SÚMULAS DO STJ Súmula nº 343: É obrigatória a presença de advogado em todas as fases do processo administra�vo disciplinar. Súmula nº 444: É vedada a u�lização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base. Súmula nº 455: A decisão que determina a produção antecipada de provas com base no art. 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a jus�ficando unicamente o mero decurso do tempo. JULGADOS DO STF Informa�vo nº 580. Habeas corpus. Cons�tucional e processual penal. Possibilidade de denúncia anônima, desde que acompanhada de demais elementos colhidos a par�r dela. Instauração de inquérito. Quebra de sigilo telefônico. Trancamento do inquérito. Denúncia recebida. Inexistência de constrangimento ilegal. 1. O precedente referido pelo impetrante na @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 42 inicial (HC nº 84.827/TO, Relator o Ministro Marco Aurélio, DJ de 23/11/07), de fato, assentou o entendimento de que é vedada a persecução penal iniciada com base, exclusivamente, em denúncia anônima. Firmou-se a orientação de que a autoridade policial, ao receber uma denúncia anônima, deve antes realizar diligências preliminares para averiguar se os fatos narrados nessa “denúncia” são materialmente verdadeiros, para, só então, iniciar as inves�gações. 2. No caso concreto, ainda sem instaurar inquérito policial, policiais federais diligenciaram no sen�do de apurar as iden�dades dos inves�gados e a veracidade das respec�vas ocupações funcionais, tendo eles confirmado tratar-se de oficiais de jus�ça lotados naquela comarca, cujos nomes eram os mesmos fornecidos pelos “denunciantes”. Portanto, os procedimentos tomados pelos policiais federais estão em perfeita consonância com o entendimento firmado no precedente supracitado, no que tange à realização de diligências preliminares para apurar a veracidade das informações ob�das anonimamente e, então, instaurar o procedimento inves�gatório propriamente dito. 3. Habeas corpus denegado. Informa�vo nº 717. DIREITO PROCESSUAL PENAL - INDICIAMENTO POR MAGISTRADO: HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. CRIME CONTRA ORDEM TRIBUTÁRIA. REQUISIÇÃO DE INDICIAMENTO PELO MAGISTRADO APÓS O RECEBIMENTO DENÚNCIA. MEDIDA INCOMPATÍVEL COM O SISTEMA ACUSATÓRIO IMPOSTO PELA CONSTITUIÇÃO DE 1988. INTELIGÊNCIA DA LEI 12.830/2013. . CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO SUPERAÇÃO DO ÓBICE CONSTANTE NA SÚMULA 691. ORDEM CONCEDIDA. 1. Sendo o ato de indiciamento de atribuição exclusiva da autoridade policial, não existe fundamento jurídico que autorize o magistrado, após receber a denúncia, requisitar ao Delegado de Polícia o indiciamento de determinada pessoa. A rigor, requisição dessa natureza é incompa�vel com o sistema acusatório, que impõe a separação orgânica das funções concernentes à persecução penal, de modo a impedir que o juiz adote qualquer postura inerente à função inves�gatória. Doutrina. Lei 12.830/2013. 2. Ordem concedida. (STF. 2a Turma. HC 115015/SP, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 27/8/2013) Informa�vo nº 741. PROCESSO PENAL - RECEBIMENTO DIRETO DE INQUÉRITO POLICIAL E REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES PELO MINISTÉRIO PÚBLICO: Em conclusão de julgamento, o Plenário, por maioria, julgou procedente, em parte, pedido formulado em ação direta para declarar a incons�tucionalidade do inciso IV art. 35 da Lei Complementar 106/2003, do Estado do Rio de Janeiro (“Art. 35. No exercício de suas funções, cabe ao Ministério Público: ... IV - receber diretamente da Polícia Judiciária o inquérito policial, tratando-se de infração de ação penal pública”) — v. Informa�vo 391. O Tribunal reconheceu o caráter procedimental do inquérito e afastou a apontada ofensa à competência priva�va da União para legislar sobre direito processual (CF, art. 22, I). Entretanto, entendeu violado o § 1º do art. 24 da CF, porquanto @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 43 o ato atacado dispõe de forma diversa do que estabelecido pela norma geral editada pela União sobre a matéria, qual seja, o § 1º do art. 10 do CPP [“Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 (dez) dias, se o indiciado �ver sido preso em flagrante, ou es�ver preso preven�vamente, contado o prazo, nesta hipótese, a par�r do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 (trinta) dias, quando es�ver solto, mediante fiança ou sem ela. § 1º A autoridade fará minucioso relatório do que �ver sido apurado e enviará autos ao juiz competente”]. Por outro lado, a Corte afirmou a cons�tucionalidade do inciso V do art. 35 da lei em questão (“V- requisitar informações quando o inquérito policial não for encerrado em trinta dias, tratando-se de indiciado solto mediante fiança ou sem ela”). Asseverou compe�r ao Ministério Público o controle externo da a�vidade policial, a teor do disposto no art. 129, VII, da CF (“Art. 129. São funçõesins�tucionais do Ministério Público: ... VII - exercer o controle externo da a�vidade policial, na forma da lei complementar mencionada no ar�go anterior”). Vencidos os Ministros Marco Aurélio, Roberto Barroso, Cármen Lúcia e Celso de Mello, que julgavam improcedente o pleito. (ADI 2886/RJ, rel. orig. Min. Eros Grau, red. p/ o acórdão Min. Joaquim Barbosa, 3.4.2014) Informa�vo nº 785. (...) O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, inves�gações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garan�as que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob inves�gação do Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva cons�tucional de jurisdição e, também, as prerroga�vas profissionais de que se acham inves�dos, em nosso País, os advogados (Lei 8.906/1994, art. 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade – sempre presente no Estado democrá�co de Direito – do permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente documentados (Enunciado 14 da Súmula Vinculante), pra�cados pelos membros dessa Ins�tuição. (STF. Plenário. RE 593727/MG, Rei. Orig. Min. Cezar Peluso, Red. p/ acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/5/2015). Informa�vo nº 796. DIREITO PROCESSUAL PENAL - INQUÉRITO POLICIAL: Habeas corpus. Processual Penal Militar. Tenta�va de homicídio qualificado (CP, art. 121, § 2º, inciso IV, c/c o art. 14, inciso II). Arquivamento de Inquérito Policial Militar, a requerimento do Parquet Militar. Conduta acobertada pelo estrito cumprimento do dever legal. Excludente de ilicitude (CPM, art. 42, inciso III). Não configuração de coisa julgada material. Entendimento jurisprudencial da Corte. Surgimento de novos elementos de prova. Reabertura do inquérito na Jus�ça comum, a qual culmina na condenação do paciente e de corréu pelo Tribunal do Júri. Possibilidade. Enunciado da Súmula nº 524/STF. Ordem denegada. 1. O arquivamento de inquérito, a pedido do Ministério Público, em virtude da prá�ca de conduta acobertada pela excludente de ilicitude do estrito cumprimento do dever legal (CPM, art. 42, inciso III), não obsta seu @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 44 desarquivamento no surgimento de novas provas (Súmula nº 524/STF). Precedente. 2. Inexistência de impedimento legal para a reabertura do inquérito na seara comum contra o paciente e o corréu, uma vez que subsidiada pelo surgimento de novos elementos de prova, não havendo que se falar, portanto, em invalidade da condenação perpetrada pelo Tribunal do Júri. 3. Ordem denegada. (HC 125101/SP, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, 25.8.2015). Informa�vo nº 819. DIREITO PENAL - CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA: HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. SUBSTITUTIVO DE RECURSO CONSTITUCIONAL. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. CRIMES FISCAIS. QUADRILHA. CORRUPÇÃO. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. DENÚNCIA ANÔNIMA. ENCONTRO FORTUITO DE PROVAS. INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE DE TRIBUTOS TIDOS COMO SONEGADOS. 1. Contra a denegação de habeas corpus por Tribunal Superior prevê a Cons�tuição Federal remédio jurídico expresso, o recurso ordinário. Diante da dicção do art. 102, II, a, da Cons�tuição da República, a impetração de novo habeas corpus em caráter subs�tu�vo escamoteia o ins�tuto recursal próprio, em manifesta burla ao preceito cons�tucional. 2. No�cias anônimas de crime, desde que verificada a sua credibilidade por apurações preliminares, podem servir de base válida à inves�gação e à persecução criminal. 3. Apesar da jurisprudência desta Suprema Corte condicionar a persecução penal à existência do lançamento tributário defini�vo (Súmula vinculante nº 24), o mesmo não ocorre quanto à inves�gação preliminar. 4. A validade da inves�gação não está condicionada ao resultado, mas à observância do devido processo legal. Se o emprego de método especial de inves�gação, como a interceptação telefônica, foi validamente autorizado, a descoberta fortuita, por ele propiciada, de outros crimes que não os inicialmente previstos não padece de vício, sendo as provas respec�vas passíveis de ser consideradas e valoradas no processo penal. 5. Fato ex�n�vo superveniente da obrigação tributária, como o pagamento ou o reconhecimento da invalidade do tributo, afeta a persecução penal pelos crimes contra a ordem tributária, mas não a imputação pelos demais delitos, como quadrilha e corrupção. 6. Habeas corpus ex�nto sem resolução de mérito, mas com concessão da ordem, em parte, de o�cio. (STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016) Informa�vo nº 824. DIREITO PROCESSUAL PENAL - INQUÉRITO POLICIAL: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIMES DE CORRUPÇÃO PASSIVA, PECULATO E ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. DESCABIMENTO DE IMPETRAÇÃO CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA: SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. ALEGAÇÃO DE SUSPEIÇÃO DE DELEGADO DE POLÍCIA E NULIDADE DAS PROVAS: IMPROCEDÊNCIA, INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA E PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. RECURSO ORDINÁRIO DESPROVIDO. 1. É firme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sen�do de que o não exaurimento da jurisdição nas instâncias antecedentes, configurada pela não interposição de @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 45 agravo regimental da decisão monocrá�ca pela qual se negou seguimento ao habeas corpus, configura óbice ao conhecimento das ações e recursos posteriores, por inobservância ao princípio da colegialidade. Precedentes. 2. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal estabelece que a suspeição de autoridade policial não é mo�vo de nulidade do processo, pois o inquérito é mera peça informa�va, de que se serve o Ministério Público para o início da ação penal. Precedentes. 3. É inviável anulação do processo penal por alegada irregularidade no inquérito, pois, segundo jurisprudência firmada neste Supremo Tribunal, as nulidades processuais concernem tão somente aos defeitos de ordem jurídica pelos quais afetados os atos pra�cados ao longo da ação penal condenatória. Precedentes. 4. Recurso ordinário desprovido. (STF. 2ª Turma. RHC 131450/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/5/2016) Informa�vo nº 812. Agravo regimental. Inquérito. Diligências. Requerimento pelo Ministério Público. Deferimento, desde logo, pelo Relator. Admissibilidade. Pretendida manifestação prévia da defesa a respeito desse requerimento e dos documentos que o instruíram. Descabimento. Inaplicabilidade do princípio do contraditório na fase da inves�gação preliminar. Impossibilidade de a defesa controlar, ex ante, a inves�gação, restringindo os poderes instrutórios do relator do feito. Direito de ter acesso às provas já produzidas e formalmente incorporadas ao procedimento inves�gatório. Súmula Vinculante nº 14 do Supremo Tribunal Federal. Recurso não provido. 1. O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que o inquérito policial é peça meramente informa�va, não susce�vel de contraditório. Precedentes. 2. Não cabe à defesa controlar, ex ante, a inves�gação, de modo a restringir os poderes instrutórios do relator do feito para deferir, desde logo, as diligências requeridas pelo Ministério Público que entender per�nentes e relevantes para o esclarecimento dos fatos. 3. Assim, carece de fundamento a pretensão de que seja concedida à inves�gada a oportunidade de se manifestar previamente sobre relatório de análise de informações bancárias e requerimento de diligências com base nele formulado pelo Ministério Público Federal. 4. A Súmula Vinculante nº 14 do Supremo Tribunal Federal assegura ao defensor legalmente cons�tuído do inves�gado o direito de pleno acesso ao inquérito,desde que se trate de provas já produzidas e formalmente incorporadas ao procedimento inves�gatório, excluídas, consequentemente, as informações e providências inves�gatórias ainda em curso de execução e, por isso mesmo, não documentadas no próprio inquérito. (HC nº 93.767, Segunda Turma, Relator o Ministro Celso de Mello, DJe de 1º/4/14). 5. Agravo regimental não provido. (STF. 2ª Turma. Inq 3387 AgR/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/12/2015). Informa�vo nº 825. “Em regra, a autoridade com foro por prerroga�va de função pode ser indiciada. Existem duas previstas em lei de autoridades que não podem ser exceções indiciadas: a) (art. 33, parágrafo único, da LC 35/79); b) Membros do Magistrados Ministério @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 46 Público (art. 18, parágrafo único, da LC 75/73 e art. 40, parágrafo único, da Lei nº 8.625/93). Excetuadas as hipóteses legais, é plenamente possível o indiciamento de autoridades com foro por prerroga�va de função. No entanto, para isso, é indispensável que a autoridade policial obtenha uma autorização do Tribunal competente para julgar esta autoridade”. (Decisão monocrá�ca. HC 133835 MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 18/04/2016). Informa�vo nº 826. DIREITO CONSTITUCIONAL - MINISTÉRIO PÚBLICO: Ementa: CONSTITUCIONAL. CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES ENTRE MINISTÉRIOS PÚBLICOS. MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA PROMOVER A TUTELA COLETIVA DE DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS DOTADOS DE RELEVÂNCIA SOCIAL. POSSIBILIDADE DE ATUAÇÃO DO PARQUET EM FAVOR DE MUTUÁRIOS EM CONTRATOS DE FINANCIAMENTO PELO SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO. QUESTÃO PRELIMINAR. ALCANCE DO ARTIGO 102, INCISO I, ALÍNEA F DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. DISPOSITIVO DIRECIONADO PARA ATRIBUIR COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA AO STF EM CASOS DE CONFLITO FEDERATIVO. REVISITAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA ASSENTADA PELA CORTE (ACO 1.109/SP E PET 3.528/BA). MERO CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES QUANTO À ATUAÇÃO ENTRE DIFERENTES ÓRGÃOS MINISTERIAIS DA FEDERAÇÃO. SITUAÇÃO INSTITUCIONAL E NORMATIVA INCAPAZ DE COMPROMETER O PACTO FEDERATIVO AFASTA A REGRA QUE ATRIBUI COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA AO STF. NÃO CONHECIMENTO DA AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA E REMESSA DOS AUTOS AO PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA (PGR) – (PRECEDENTE FIXADO PELA ACO 1.394/RN). 1. In casu: (i) cuida-se de conflito nega�vo de atribuições entre diferentes órgãos do ministério público para se definir a legi�midade para a instauração de Inquérito Civil em inves�gação de possível superfaturamento na construção de conjuntos habitacionais no Município de Umuarama/PR; e (ii) há suspeita de que construtoras ob�veram, por intermédio da Caixa Econômica Federal, verbas do Sistema Financeiro de Habitação, em valor superior ao necessário para a construção dos conjuntos habitacionais, excesso esse que teria sido repassado aos mutuários da CEF. 2. Em sede preliminar, o tema enseja revisitação da jurisprudência assentada por esta Corte (ACO 1.109/SP e, especificamente, PET 3.528/BA), para não conhecer da presente Ação Cível Originária (ACO). Nesses precedentes, firmou-se o entendimento no sen�do de que simples existência de conflito de atribuições entre Ministérios Públicos vinculados a entes federa�vos diversos não é apta, per si, para promover a configuração de �pico conflito federa�vo, nos termos da alínea f do Inciso I do art. 102 da Cons�tuição da República Federa�va do Brasil de 1988 (CRFB/1988). O caso dos autos remete, consectariamente, a mero conflito de atribuições entre órgãos ministeriais vinculados a diferentes entes federa�vos. 3. Em conclusão, essa situação ins�tucional e norma�va é incapaz de comprometer o pacto federa�vo e, por essa razão, afasta a regra que, em tese, atribui competência originária ao STF. Ademais, em consonância @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 47 com o entendimento firmado por este Tribunal no julgamento da ACO 1.394/RN, o caso é de não conhecimento da ação cível originária, com a respec�va remessa dos autos ao Procurador-Geral da República para a oportuna resolução do conflito de atribuições. (ACO 924, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 19/05/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-204 DIVULG 23-09-2016 PUBLIC 26-09-2016). Pet 3943/MG - INQUÉRITO POLICIAL. Arquivamento. Requerimento do Procurador-Geral da República. Pedido fundado na alegação de a�picidade dos fatos. Formação de coisa julgada material. Não atendimento compulsório. Necessidade de apreciação e decisão pelo órgão jurisdicional competente. Inquérito arquivado. Precedentes. O pedido de arquivamento de inquérito policial, quando não se baseie em falta de elementos suficientes para oferecimento de denúncia, mas na alegação de a�picidade do fato, ou de ex�nção da punibilidade, não é de atendimento compulsório, senão que deve ser objeto de decisão do órgão judicial competente, dada a possibilidade de formação de coisa julgada material. (STF – Pet: 3943 MG, Relator: Cezar Peluso, Data de Julgamento: 14/04/2008, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-092, Divulgação 21-05-2008, Publicação 23-05-2008, EMENT VOL-02320-02 PP-00223). HC 130038/DF - Habeas corpus. Processual penal. Produção antecipada de prova testemunhal (art. 366, CPP). Inexistência de demonstração da necessidade concreta da medida. Invocação de fórmulas de es�lo genéricas aplicáveis a todo e qualquer caso. Inadmissibilidade. Flagrante ilegalidade caracterizada. Writ concedido. 1. A decisão que determina a produção antecipada da prova testemunhal deve demonstrar a presença dos requisitos previstos no art. 225 do Código de Processo Penal. 2. Firme a jurisprudência deste Supremo Tribunal no sen�do de que "[s]e o acusado, citado por edital, não comparece nem cons�tui advogado, pode o juiz, suspenso o processo, determinar produção antecipada de prova testemunhal, apenas quando esta seja urgente nos termos do art. 225 do Código de Processo Penal". Precedentes. 3. Na espécie, o juízo de primeiro grau valeu-se de fórmulas de es�lo, genéricas, aplicáveis a todo e qualquer caso, sem indicar os elementos fá�cos concretos que pudessem autorizar a medida. 4. Ausente a indicação de circunstância excepcional que jus�ficasse a antecipação da produção da prova testemunhal, há que se reconhecer a ilegalidade da colheita antecipada da prova oral na hipótese em exame. 5. Ordem concedida. (STF – HC: 130038 DF – DISTRITO FEDERAL 0005924-78.2015.1.00.0000, Relator: Min. DIAS TOFFOLI, Data de Publicação: DJe- 250 14/12/2015) Informa�vo nº 858: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO. LEGÍTIMA DEFESA . FRAUDE PROCESSUAL. ARQUIVAMENTO DE INQUÉRITO POLIC IAL . DESARQUIVAMENTO POSTERIOR. NOVOS ELEMENTOS DE CONVICÇÃO COLHIDOS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. POSSIBILIDADE. ORDEM DENEGADA. I – O arquivamento de inquérito @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 48 policial não faz coisa julgada nem causa a preclusão. II – Contrariamente ao que ocorre quando o arquivamento se dá por a�picidade do fato, a superveniência de novas provas rela�vamente a alguma excludente de ilicitude admite o desencadeamento de novas inves�gações. III – Ordem denegada. (STF. Plenário. HC 87395/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/3/2017). Rcl 25012 AgR. AGRAVO REGIMENTAL EM RECLAMAÇÃO. PROCESSO PENAL. DECISÃO MONOCRÁTICA. INEXISTÊNCIA DE ARGUMENTAÇÃO APTA A MODIFICÁ-LA. MANUTENÇÃO DA NEGATIVA DE SEGUIMENTO. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO À SÚMULA VINCULANTE 14. INEXISTÊNCIA. DILIGÊNCIAS EM CURSO. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. A inexistência de argumentação apta a infirmar o julgamento monocrá�co conduz à manutenção da decisão recorrida. 2. Autos de inquéritopolicial que estavam circunstancialmente indisponíveis em razão da pendência de realização de diligência sigilosa. Além disso, os autos encontravam-se fisicamente em poder da autoridade policial, providência que, temporariamente, impedia o imediato acesso da defesa. Razões a�nentes à gestão processual que evidenciam ausência de demonstração inequívoca de atos violadores da Súmula Vinculante 14. 3. Agravo regimental desprovido. (Rcl 25012 AgR, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Segunda Turma, julgado em 14/03/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-058 DIVULG 24-03-2017 PUBLIC 27-03-2017) HC 138507. HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL E PENAL. WRIT SUBSTITUTO DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO: ADMISSIBILIDADE. TRANCAMENTO DE INQUÉRITO POLICIAL: AUSÊNCIA DOS REQUISITOS AUTORIZADORES. ORDEM DENEGADA. I - Embora o presente habeas corpus tenha sido impetrado em subs�tuição a recurso extraordinário, esta Segunda Turma não opõe óbice ao seu conhecimento. II - O trancamento de inquérito policial pela via do habeas corpus, segundo pacífica jurisprudência desta Suprema Corte, cons�tui medida excepcional só admissível quando evidente a falta de justa causa para o seu prosseguimento, seja pela inexistência de indícios de autoria do delito, seja pela não comprovação de sua materialidade, seja ainda pela a�picidade da conduta do inves�gado. III - As decisões comba�das harmonizam-se com a jurisprudência desta Suprema Corte, pois, evidenciada possível ocorrência de fato �pico, mostra-se inidônea a via do habeas corpus para o trancamento de inves�gação policial, que cons�tui, como já afirmado, medida de natureza excepcional. IV – Ordem denegada. (HC 138507, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 27/06/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-171 DIVULG 03-08-2017 PUBLIC 04-08-2017) Rcl 24768-AgR. AGRAVO INTERNO. RECLAMAÇÃO. ALEGADA OFENSA À SÚMULA VINCULANTE 24. INEXISTÊNCIA NO CASO CONCRETO. 1. A instauração de inquérito policial para apurar outros crimes, além do previsto no art. 1º da Lei 8.137/1990, não ofende o estabelecido no que enunciado pela Súmula Vinculante 24. 2. Reclamação, cuja finalidade tem previsão @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 49 cons�tucional taxa�va, não admite o aprofundamento sobre matérias fá�cas. 3. A concessão de habeas corpus ex officio pelo STF somente é cabível nas hipóteses em que ele poderia concedê-lo a pedido (art. 102, I, 'i', da Cons�tuição Federal), sob pena de supressão de instância. 4. Agravo interno a que se nega provimento. (Rcl 24768 AgR, Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, julgado em 21/08/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-197 DIVULG 31-08-2017 PUBLIC 01-09-2017) RMS 33995 AgR. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. PENAL E PROCESSO PENAL. ARQUIVAMENTO DE INQUÉRITO POLICIAL A PEDIDO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. FALTA DE INDÍCIOS DE MATERIALIDADE E AUTORIA. TERATOLOGIA. AUSÊNCIA. REVOLVIMENTO DE FATOS E PROVAS. INVIABILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. É manifestamente inadmissível o mandado de segurança contra ato jurisdicional, exceto em caso de flagrante ilegalidade ou teratologia da decisão ques�onada. Precedente: MS 30.669-ED, Tribunal Pleno, DJe de 06/04/2016. 2. A admissão do mandado de segurança contra decisão judicial pressupõe, exclusivamente: i) não caber recurso, com vistas a integrar ao patrimônio do impetrante o direito líquido e certo a que supostamente aduz ter direito; ii) não ter havido o trânsito em julgado; e iii) tratar-se de decisão manifestamente ilegal ou teratológica. Precedente: RMS 32.932-AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe 25/02/2016. 3. A pretensão de revolvimento do contexto fá�co-probatório revela-se manifestamente incabível em sede de mandado de segurança, conforme consolidada jurisprudência: RMS 33.937, Segunda Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe 06/09/2016; RMS 32.811-AgR, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJe 28/10/2016. 4. In casu, o Juízo de primeira instância acolheu pedido de arquivamento de inquérito policial formulado pelo Ministério Público, em decisão juridicamente fundamentada e subme�da à revisão do Tribunal de Jus�ça do Distrito Federal e Territórios e do Superior Tribunal de Jus�ça, que atuaram legi�mamente no exercício de suas competências, observados os limites legais. 5. Deveras, o Superior Tribunal de Jus�ça, no âmbito do MS 21.081-DF, evidenciou a inexistência de teratologia, ilegalidade ou abuso de poder na decisão proferida pelo juízo de primeira instância. Consignou, ainda, a ausência de direito líquido e certo da impetrante, tendo em vista que a decisão de arquivamento de inquérito a requerimento do Parquet, �tular da ação penal pública, não está sujeita a impugnação quanto ao mérito. 6. Para superar o entendimento firmado nas instâncias a quo, seria necessário o revolvimento do contexto fá�co-probatório, manifestamente inviável em sede de Recurso em Mandado de Segurança. 7. Agravo regimental a que se NEGA PROVIMENTO. (RMS 33995 AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 01/09/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-222 DIVULG 28-09-2017 PUBLIC 29-09-2017) MS 35216-AgR. AGRAVO INTERNO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CÂMARA DOS @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 50 DEPUTADOS. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO – CPI. FUNAI E INCRA 2. DELIBERAÇÕES. RELATÓRIO FINAL. ENCAMINHAMENTO AO MINISTÉRIO PÚBLICO E OUTROS ÓRGÃOS ESTATAIS. POSSIBILIDADE. EXTINÇÃO DA CPI. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR. INCOGNOSCIBILIDADE DO MANDAMUS. LEGALIDADE DO ENCAMINHAMENTO AO DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL. ART. 58, § 3º, DA CRFB/88. ART. 6º-A DA LEI 1.579/52, INCLUÍDO PELA LEI 13.367/2016. PRECEDENTES. SÚMULA 266 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. MANDADO DE SEGURANÇA NÃO CONHECIDO. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. 1. A aprovação do Relatório Final da Comissão Parlamentar de Inquérito, no dia 30.05.2017, e a consequente ex�nção da CPI Funai/Incra 2, ensejam a perda do objeto do presente mandamus, por ocasionar a impossibilidade de impugnação de quaisquer de seus atos potencialmente lesivos. Precedentes: MS 25.459 AgR, Relator Min. Cezar Peluso, Tribunal Pleno, DJe 12.03.2010, MS 26.024 AgR, Relator Min. Joaquim Barbosa, Tribunal Pleno, DJ 13.04.2007, MS 23.852 QO, Relator Min. Celso de Mello, Tribunal Pleno, DJ 24.08.2001. 2. As Comissões Parlamentares de Inquérito – CPI possuem permissão legal para encaminhar relatório circunstanciado não só ao Ministério Público e à Advocacia-Geral da União, mas, também, a outros órgãos públicos, podendo veicular, inclusive, documentação que possibilite a instauração de inquérito policial em face de pessoas envolvidas nos fatos apurados (art. 58, § 3º, CRFB/88, c/c art. 6º-a da Lei 1.579/52, incluído pela Lei 13.367/2016). 3. O mandado de segurança não pode ser u�lizado como mecanismo de controle abstrato da validade cons�tucional das leis e dos atos norma�vos em geral, posto não ser sucedâneo da ação direta de incons�tucionalidade. Precedentes: MS 32.809 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, Segunda Turma, DJe 30.10.2014, e MS 25.456 AgR, Rel. Min. Cezar Peluso, Tribunal Pleno, DJ 09.12.2005. 4. Agravo interno a que se NEGA PROVIMENTO. (MS 35216 AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 17/11/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-268 DIVULG 24-11-2017 PUBLIC 27-11-2017) Informa�vo nº 888. DIREITO CONSTITUCIONAL – IMUNIDADE FORMAL. Imunidade formal do Presidente da República e aplicabilidade a codenunciados A imunidade formal prevista no art. 51, I, e no art. 86, “caput”, da Cons�tuição Federal (1) (2), tem por finalidade tutelar o exercício regular dos cargos de Presidente da República e de Ministro de Estado, razão pela qual não é extensível a codenunciadosque não se encontram inves�dos em tais funções.(...). (Inq 4483 AgR-segundo-DF e Inq 4327 AgR-segundo-DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 14 e 19.12.2017). JULGADOS DO STJ Informa�vo nº 519. DIREITO ADMINISTRATIVO. OBRIGATORIEDADE DE O JUIZ REMETER CÓPIAS DOS AUTOS AO MP QUANDO VERIFICAR A EXISTÊNCIA DE INDÍCIOS DE CRIME: A abertura de vista ao Ministério Público para eventual instauração de procedimento criminal, @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 51 após a verificação nos autos, pelo magistrado, da existência de indícios de crime de ação penal pública, não é suficiente ao cumprimento do disposto no art. 40 do CPP. Isso porque o referido ar�go impõe ao magistrado, nessa hipótese, o dever de remeter ao Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao oferecimento da denúncia, não podendo o Estado-juiz se eximir da obrigação por se tratar de ato de o�cio a ele imposto pela lei. Precedente citado: HC 20.948-BA, Quinta Turma, DJ 26/9/2005. ( , Rel. Min. REsp 1.360.534-RS Humberto Mar�ns, julgado em 7/3/2013) Informa�vo nº 552. DIREITO PROCESSUAL PENAL. INDICIAMENTO COMO ATRIBUIÇÃO EXCLUSIVA DA AUTORIDADE POLICIAL: O magistrado não pode requisitar o indiciamento em inves�gação criminal. Isso porque o indiciamento cons�tui atribuição exclusiva da autoridade policial. De fato, é por meio do indiciamento que a autoridade policial aponta determinada pessoa como a autora do ilícito em apuração. Por se tratar de medida ínsita à fase inves�gatória, por meio da qual o delegado de polícia externa o seu convencimento sobre a autoria dos fatos apurados, não se admite que seja requerida ou determinada pelo magistrado, já que tal procedimento obrigaria o presidente do inquérito à conclusão de que determinado indivíduo seria o responsável pela prá�ca criminosa, em ní�da violação ao sistema acusatório adotado pelo ordenamento jurídico pátrio. Nesse mesmo sen�do, é a inteligência do art. 2º, § 6º, da Lei 12.830/2013, o qual consigna que o indiciamento é ato inserto na esfera de atribuições da polícia judiciária. Precedente citado do STF: HC 115.015-SP, Segunda Turma, DJe 11/9/2013. ( , Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 4/11/2014)RHC 47.984-SP Informa�vo nº 554. DIREITO PROCESSUAL PENAL. EFEITOS DO ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL PELO RECONHECIMENTO DE LEGÍTIMA DEFESA: Promovido o arquivamento do inquérito policial pelo reconhecimento de legí�ma defesa, a coisa julgada material impede a rediscussão do caso penal em qualquer novo feito criminal, descabendo perquirir a existência de novas provas. Isso porque a decisão judicial que define o mérito do caso penal, mesmo no arquivamento do inquérito policial, gera efeitos de coisa julgada material. Ademais, a decisão judicial que examina o mérito e reconhece a a�pia ou a excludente da ilicitude é prolatada somente em caso de convencimento com grau de certeza jurídica pelo magistrado. Assim, na dúvida se o fato deu-se em legí�ma defesa, a previsão legal de presença de suporte probatório de autoria e materialidade exigiria o desenvolvimento da persecução criminal. Ressalte-se que a permissão de desarquivamento do inquérito pelo surgimento de provas novas con�da no art. 18 do CPP e na Súmula 524/STF somente tem incidência quando o fundamento do arquivamento for a insuficiência probatória - indícios de autoria e prova do crime. Pensar o contrário permi�ria a reabertura de inquéritos por revaloração jurídica e afastaria a segurança jurídica das soluções judiciais de mérito, como no reconhecimento da ex�nção da punibilidade, da a�pia ou de excludentes da ilicitude. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 52 Precedente citado do STJ: RHC 17.389-SE, Quinta Turma, DJe 7/4/2008. Precedente citado do STF: HC 80.560-GO, Primeira Turma, DJe 30/3/2001. ( , Rel. Min. Nefi Cordeiro, REsp 791.471-RJ julgado em 25/11/2014, DJe 16/12/2014) Informa�vo nº 558. DIREITO PROCESSUAL PENAL. INAPLICABILIDADE DO ART. 28 DO CPP NOS PROCEDIMENTOS INVESTIGATIVOS QUE TRAMITEM ORIGINARIAMENTE NO STJ: Se membro do MPF, atuando no STJ, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação que tramitem originariamente perante esse Tribunal Superior, este, mesmo considerando improcedentes as razões invocadas, deverá determinar o arquivamento solicitado, sem a possibilidade de remessa para o Procurador-Geral da República, não se aplicando o art. 28 do CPP. Isso porque a jurisprudência do STJ é no sen�do de que os membros do MPF atuam por delegação do Procurador-Geral da República na instância especial. Assim, em decorrência do sistema acusatório, nos casos em que o �tular da ação penal se manifesta pelo arquivamento de inquérito policial ou de peças de informação, não há alterna�va, senão acolher o pedido e determinar o arquivamento. Nesse passo, não há falar em aplicação do art. 28 do CPP nos procedimentos de competência originária do STJ. Precedentes citados: Rp 409- DF, Corte Especial, DJe 14/10/2011; AgRg na Sd 150-SP, Corte Especial, DJe 5/5/2008; e AgRg na NC 86-SP, Corte Especial, DJ 11/6/2001. ( , Rel. Min. Humberto Mar�ns, julgado em Inq 967-DF 18/3/2015, DJe 30/3/2015) Informa�vo nº 565. DIREITO PROCESSUAL PENAL - ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL: Na ação penal pública incondicionada, a ví�ma não tem direito líquido e certo de impedir o arquivamento do inquérito ou das peças de informação. Considerando que o processo penal rege-se pelo princípio da obrigatoriedade, a propositura da ação penal pública cons�tui um dever, e não uma faculdade, não sendo reservado ao Parquet um juízo discricionário sobre a conveniência e oportunidade de seu ajuizamento. Por outro lado, não verificando o Ministério Público material probatório convincente para corroborar a materialidade do delito ou a autoria deli�va ou entendendo pela a�picidade da conduta, pela existência de excludentes de ilicitude ou de culpabilidade, ou, ainda, pela ex�nção da punibilidade, pode requerer perante o Juiz o arquivamento do inquérito ou das peças de informação. O magistrado, concordando com o requerimento, deve determinar o arquivamento, que prevalecerá, salvo no caso de novas provas surgirem a viabilizar o prosseguimento das inves�gações pela autoridade policial (art. 18 do CPP). Se discordar, porém, deve o magistrado encaminhar o pedido de arquivamento, com o inquérito ou peças de informação, à consideração do Procurador-Geral de Jus�ça, o qual deverá: a) oferecer a denúncia, ou designar outro órgão ministerial para fazê-lo; ou b) insis�r no arquivamento, estando, nessa úl�ma hipótese, obrigado o Juiz a atender. Poderá, ainda, o Procurador-Geral requerer novas diligências inves�gatórias. Há, portanto, um sistema de controle de legalidade muito técnico e rigoroso em relação ao arquivamento de inquérito @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 53 policial, inerente ao próprio sistema acusatório. No exercício da a�vidade jurisdicional, o Juiz, considerando os elementos trazidos nos autos de inquérito ou nas peças de informações, tem o poder-dever de anuir ou discordar do pedido de arquivamento formulado pelo Ministério Público. Não há, porém, obrigação de, em qualquer hipótese, remeter os autos para nova apreciação do Procurador-Geral. Assim, se constatar per�nência nos fundamentos do pedido de arquivamento, o Juiz terá o poder-dever de promover o arquivamento, não cabendo contra essa decisão recurso. Ademais, no sistema processual penal vigente, a função jurisdicional não contempla a inicia�va acusatória, de maneira que, do mesmo modo que não poderá o Juiz autoprovocar a jurisdição, não poderá obrigar o Ministério Público, diante de sua independência funcional,a oferecer a denúncia ou a ter, em toda e qualquer hipótese, reexaminado o pedido de arquivamento pela instância superior, o respec�vo Procurador-Geral. Ao Ministério Público cabe formar a opinio delic�e, se entender devido, oferecer a denúncia. Desse modo, uma vez verificada a inexistência de elementos mínimos que corroborem a autoria e a materialidade deli�vas, pode o Parquet requerer o arquivamento do inquérito, e o Juiz, por consequência, avaliar se concorda ou não com a promoção ministerial. Uma vez anuindo, fica afastado o procedimento previsto no art. 28 do CPP, sem que, com isso, seja violado direito líquido e certo da possível ví�ma de crime de ver processado seu suposto ofensor (RMS 12.572-SP, Sexta Turma, DJ de 10/9/2007). Cumpre salientar, por oportuno, que, se a ví�ma ou qualquer outra pessoa trouxer novas informações que jus�fiquem a reabertura do inquérito, pode a autoridade policial proceder a novas inves�gações, nos termos do citado art. 18 do CPP. Nada obsta, ademais, que, surgindo novos elementos aptos a ensejar a persecução criminal, sejam tomadas as providências cabíveis pelo órgão ministerial, inclusive com a abertura de inves�gação e o oferecimento de denúncia. ( , Rel. Min. Raul MS 21.081-DF Araújo, julgado em 17/6/2015, DJe 4/8/2015) Informa�vo nº 574. DIREITO PROCESSUAL PENAL - INQUÉRITO POLICIAL: Não é ilegal a portaria editada por Juiz Federal que, fundada na Res. CJF n. 63/2009, estabelece a tramitação direta de inquérito policial entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal. (STJ. 5ª Turma. RMS 46.165-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 19/11/2015). Informa�vo nº 587. DIREITO PROCESSUAL PENAL - CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL: O controle externo da a�vidade policial exercido pelo Ministério Público Federal não lhe garante o acesso irrestrito a todos os relatórios de inteligência produzidos pela Diretoria de Inteligência do Departamento de Polícia Federal, mas somente aos de natureza persecutório-penal. O controle externo da a�vidade policial exercido pelo Parquet deve circunscrever-se à a�vidade de polícia judiciária, conforme a dicção do art. 9º da LC n. 75/93, cabendo-lhe, por essa razão, o acesso aos relatórios de inteligência policial de natureza persecutório-penal, ou seja, relacionados com a a�vidade de inves�gação criminal. O poder @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 54 fiscalizador atribuído ao Ministério Público não lhe confere o acesso irrestrito a "todos os relatórios de inteligência" produzidos pelo Departamento de Polícia Federal, incluindo aqueles não des�nados a aparelhar procedimentos inves�gatórios criminais formalizados. (STJ. 1ª Turma. REsp 1.439.193-RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 14/6/2016). HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. NÃO CONHECIMENTO. PREVISÃO CONSTITUCIONAL EXPRESSA DO RECURSO ORDINÁRIO COMO INSTRUMENTO PROCESSUAL ADEQUADO AO REEXAME DAS DECISÕES DE TRIBUNAIS DENEGATÓRIAS DO WRIT. DENÚNCIA. FURTO QUALIFICADO, CORRUPÇÃO ATIVA E QUADRILHA. NULIDADE DAS INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS BASEADAS UNICAMENTE EM NOTÍCIA ANÔNIMA. ILICITUDE DAS PROVAS CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 1. A Cons�tuição Federal define o rol de competências do Superior Tribunal de Jus�ça para o exercício da jurisdição em âmbito nacional e, no que se refere ao reexame das decisões dos Tribunais Estaduais ou Regionais Federais, quando denegatórias de habeas corpus, estabelece taxa�vamente o instrumento processual adequado ao exercício de tal competência, a saber, o recurso ordinário (ex vi do art. 105, II, alínea "a", da CF). 2. Esta Corte não deve con�nuar a admi�r a impetração de habeas corpus (originário) como subs�tu�vo de recurso, dada a clareza do texto cons�tucional, que prevê expressamente a via recursal própria ao enfrentamento de insurgências voltadas contra acórdãos que não atendam às pretensões veiculadas por meio do writ nas instâncias ordinárias. 3. Verificada hipótese de dedução de habeas corpus em lugar do recurso ordinário cons�tucional, impõe-se o seu não conhecimento, nada impedindo, contudo, que se corrija de o�cio eventual ilegalidade flagrante como forma de coarctar o constrangimento ilegal, tal como ocorre na espécie. 4. A jurisprudência desta Corte tem pres�giado a u�lização de no�cia anônima como elemento desencadeador de procedimentos preliminares de averiguação, repelindo-a, contudo, como fundamento propulsor à imediata instauração de inquérito policial ou à autorização de medida de interceptação telefônica. 5. Com efeito, uma forma de ponderar e tornar harmônicos valores cons�tucionais de tamanha envergadura, a saber, a proteção contra o anonimato e a supremacia do interesse e segurança pública, é admi�r a denúncia anônima em tema de persecução penal, desde que com reservas, ou seja, tomadas medidas efe�vas e prévias pelos órgãos de inves�gação no sen�do de se colherem elementos e informações que confirmem a plausibilidade das acusações. 6. Na versão dos autos, algumas pessoas - não se sabe quantas ou quais - compareceram perante inves�gadores de uma Delegacia de Polícia e, pedindo para que seus nomes não fossem iden�ficados, passaram a narrar o suposto envolvimento de alguém em crime de lavagem de dinheiro. Sem indicarem, sequer, o nome do delatado, os no�ciantes limitaram-se a apontar o número de um celular. 7. A par�r daí, sem qualquer outra diligência, autorizou-se a interceptação da linha telefônica. 8. Desse modo, a medida @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 55 restri�va do direito fundamental à inviolabilidade das comunicações telefônicas encontra-se maculada de nulidade absoluta desde a sua origem, visto que par�u unicamente de no�cia anônima. 9. A Lei nº 9.296/96, em consonância com a Cons�tuição Federal, é precisa ao admi�r a interceptação telefônica, por decisão judicial, nas hipóteses em que houver indícios razoáveis de autoria criminosa. Singela delação não pode gerar, só por si, a quebra do sigilo das comunicações. Adoção da medida mais gravosa sem suficiente juízo de necessidade. 10. O nosso ordenamento encampou a doutrina dos frutos da árvore envenenada, segundo a qual não se admi�rá no processo as provas ilícitas, isto é, contaminadas por vício de ilicitude ou ilegi�midade, sendo certo que todas as demais delas decorrentes também estarão contaminadas com tal vício e deverão ser expurgadas do processo. 11. Habeas corpus não conhecido. Writ deferido de o�cio.(HC 204.778/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 04/10/2012, DJe 29/11/2012) HC 95.838/RJ - PROCURADOR-GERAL. DENÚNCIA ANÔNIMA. E-MAIL: A Turma concedeu a ordem e determinou o arquivamento do procedimento criminal instaurado contra procurador-geral, pois calcado em e-mail contendo denúncia anônima que atribuiu ao paciente, detentor de foro por prerroga�va de função, prá�ca de crime contra a honra. O art. 5º, IV, da CF/1988 veda o anonimato, a fim de coibir tais abusos contra os direitos de personalidade (honra, vida privada e in�midade). Outrossim, ao se admi�r a submissão de uma pessoa com tal prerroga�va, fragiliza-se, sobretudo, a ins�tuição a que pertence e, em úl�ma instância, o próprio Estado democrá�co de direito. Embora não seja descartada a possibilidade de que o MP proceda à inves�gação mediante denúncia anônima, em se tratando de denúncia de crime contra a honra, não prevalecem tais denúncias anônimas. Precedentes citados: HC 44.165-RS, DJ 23/4/2007, e HC 42.914-RS, DJ 19/8/2005. ( , HC 95.838-RJ Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 26/2/2008) HC 307.562/RS. HABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO EM SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO CABÍVEL. UTILIZAÇÃO INDEVIDA DO REMÉDIO CONSTITUCIONAL. VIOLAÇÃO AO SISTEMA RECURSAL. NÃOCONHECIMENTO. 1. A via eleita revela-se inadequada para a insurgência contra o ato apontado como coator, pois o ordenamento jurídico prevê recurso específico para tal fim, circunstância que impede o seu formal conhecimento. Precedentes. 2. O alegado constrangimento ilegal será analisado para a verificação da eventual possibilidade de atuação ex officio, nos termos do ar�go 654, § 2º, do Código de Processo Penal. TENTATIVA DE HOMICÍDIO SIMPLES. ARQUIVAMENTO DO PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO EM QUE SE APUROU A PRÁTICA DE LESÕES CORPORAIS RECÍPROCAS EM RAZÃO DA PRESENÇA DE CAUSA EXTINTIVA DA PUNIBILIDADE. REQUERIMENTO DE REABERTURA DO INQUÉRITO DEFERIDO PELO MAGISTRADO SINGULAR. OFENSA Á COISA JULGADA MATERIAL, COAÇÃO ILEGAL CARACTERIZADA. CONCESSÃO DA ORDEM DE OFÍCIO. 1. Nos termos do ar�go 18 do Código de @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 56 Processo Penal e do verbete 524 da Súmula do Supremo Tribunal Federal, a decisão de arquivamento do inquérito por insuficiência probatória não gera coisa julgada material, sendo possível a reabertura das inves�gações se surgirem novos elementos de convicção. 2. No caso dos autos, o que ensejou o arquivamento do inquérito policial não foi a ausência de provas, mas sim a presença de uma causa ex�n�va da punibilidade, tratando-se de decisão que faz coisa julgada material e impede a reabertura do procedimento apuratório. Doutrina. Precedentes do STJ e do STF. 3. Havendo decisão que ex�nguiu a punibilidade do paciente e determinou o arquivamento dos autos, não se pode admi�r que, posteriormente, o magistrado acolha requerimento do outro envolvido na ocorrência em que apurou a prá�ca de lesões corporais recíprocas, argumentando que não �nha conhecimento do significado do termo representação, e determine a reabertura das inves�gações, sob pena de violação à coisa julgada material. 4. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de o�cio para determinar o trancamento da ação penal instaurada contra o paciente. (HC 307.562/RS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 07/03/2017, DJe 15/03/2017) RHC 64.086-DF - Não há necessidade de prévia autorização do Judiciário para a instauração de inquérito ou procedimento inves�gatório criminal contra inves�gado com foro por prerroga�va de função. Isso porque não existe norma exigindo essa autorização, seja na Cons�tuição Federal, seja na legislação infracons�tucional. Logo, não há razão jurídica para condicionar a inves�gação de autoridade com foro por prerroga�va de função a prévia autorização judicial. (STJ. 5ª Turma. REsp 1563962/RN, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 08/11/2016). @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 57 OBSERVAÇÕES FINAIS Neste conteúdo demonstra�vo não apresentamos as questões referentes à rodada. Na Turma Extensiva, os alunos recebem cadernos de questões acompanhados de gabaritos comentados para revisão dos temas enviados em cada rodada de materiais. O Edital Mege para Delegado de Polícia é composto de 85 itens, totalmente, pensados para fornecer uma base segura ao aluno no enfrentamento dos temas de maior relevância nos concursos voltados para a carreira. O nosso �me agradece a sua atenção em estudar nosso ebook demonstra�vo e aguardamos você para aprofundarmos ainda o mais em busca da sua aprovação. Bons estudos! @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br Página 1 Página 2 Página 3 Página 4 Página 5 Página 6 Página 7 Página 8 Página 9 Página 10 Página 11 Página 12 Página 13 Página 14 Página 15 Página 16 Página 17 Página 18 Página 19 Página 20 Página 21 Página 22 Página 23 Página 24 Página 25 Página 26 Página 27 Página 28 Página 29 Página 30 Página 31 Página 32 Página 33 Página 34 Página 35 Página 36 Página 37 Página 38 Página 39 Página 40 Página 41 Página 42 Página 43 Página 44 Página 45 Página 46 Página 47 Página 48 Página 49 Página 50 Página 51 Página 52 Página 53 Página 54 Página 55 Página 56 Página 57