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JONAS, H. A natureza modificada pelo agir do homem. In: O Princípio da 
Responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Tradução de: Luís 
Barros Montez. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006. Cap. 1 
 
 
Conhecido por dar ênfase aos problemas éticos sociais resultado da tecnologia que a 
civilização ocidental presenciou, sobretudo no século XX quando o progressismo ganhou força, 
Hans Jonas, filósofo alemão nascido em 1903, é considerado um clássico na filosofia 
contemporânea por seu pioneirismo em tratar diretamente das futuras gerações e a 
responsabilidade para com estas. 
 Sua principal obra intitulada Princípio da Responsabilidade: ensaio de uma ética para a 
civilização tecnológica publicada em 1979 são abordados os conceitos de éticas modernas e 
clássicas e as dificuldades em apenas preocuparem-se com o presente e não darem importância 
ao futuro. 
 No primeiro capítulo da obra designada A natureza modificada do agir humano, esses 
diferentes conceitos de éticas são abordados demonstradas as dificuldades na responsabilidade 
para com as gerações futuras. Aborda a ética da responsabilidade, levando a reflexão de que a 
responsabilidade deve ser apreciada não só em primeira pessoa do plural, mas também na 
terceira, sendo dever a preocupação com o próximo, preservando o presente sem o 
comprometimento do porvir. 
 O valor pela natureza deve ser restituído e a preocupação não apenas em relação ao 
homem, mas também na sua sobrevivência. Jonas demonstra durante o texto sua preocupação 
com a vida humana e o planeta, sem arriscarmos nosso futuro diante dos avanços tecnológicos 
constantes. O imperativo/ dever-agir trazido por Hans Jonas reverbera-se na máxima “Age de 
maneira tal que os efeitos de tua ação sejam compatíveis com a permanência de autêntica vida 
humana sobre a terra”, devendo todo e qualquer ato tentar preservar a vida no planeta. 
 A reflexão ética aqui proposta tenta prever os possíveis desfechos do nosso planeta no 
futuro. Hans Jonas utiliza-se da heurística do temor de forma a projetar o medo como condição 
para que o ser humano valorize, defenda o meio ambiente, no sentido de fomentar a 
responsabilidade. 
 O autor nos permite refletir acerca de que limites éticos devemos respeitar na aplicação 
do saber tecnocientífico. 
 
 
 ROBERTO S. BARTHOLO JR; BURSZTYN, M. Prudência e Utopismo: Ciência e 
Educação para a Sustentabilidade. In: Ciência, Ética e Sustentabilidade. Marcel Bursztyn 
(Org.) São Paulo: Cortez, 2001. Cap. 7 
 
 
Ciência, ética e sustentabilidade: desafios ao novo século é uma obra publicada em 
2001. A teoria malthusiana do final do século XVIII trazia o pessimismo do acelerado 
crescimento populacional em detrimento da subsistência. O século XIX trouxe consigo a 
evolução científica e as técnicas evoluíram superando em parte a teoria anteriormente proposta 
por Thomas Malthus. Com ela, uma visão de futuro otimista foi gerada pela crença na ciência 
e a ampliação da seguridade e educação. A civilização que outrora era pautada no sobrenatural 
e místico, passou a ser guiado pelo racional e previsível. 
O século XX, caracterizado pela corrida produtivista, desencadeou uma maior 
especialização, campos cada vez mais restritos, os ganhos na eficiência foram nítidos e a perca 
da visão de conjunto também. 
Na busca do desenvolvimento, com a industrialização deu-se início ao desenvolvimento 
em escala global. Na América Latina, a CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina 
da ONU) diferenciou o crescimento, relacionado a expansão quantitativa da economia, e 
desenvolvimento, mudança qualitativa positiva envolvendo renda e avanços sociais. A 
promoção do crescimento em desenvolvimento dependeria da intervenção, de planejamento. 
Os anos 1960 a 1970 foram marcados pela fraca adoção de planejamento e gerou-se uma 
excessiva valorização da razão econômica e uma negligência da dimensão sociocultural e 
institucional. 
Notadamente, os países mais desenvolvidos, investiram melhor em educação, mesmo 
sendo desprovidos de recursos naturais, observaram que a base de sua riqueza seria uma 
população mais instruída. 
A crise do Estado se deu no desencanto e na perda de confiança no futuro, era clara que 
as expectativas estavam fragilizadas. O novo rumo para esta carência se seu pelo princípio da 
Sustentabilidade, onde agora seria necessário resguardar e assegurar a qualidade de vida das 
novas gerações. 
Hans Jonas propõe um novo princípio da responsabilidade, onde o desenvolvimento 
sustentável possui não apenas modernidade técnica, mas também ética. 
As gerações futuras são vulneráveis a nossos atos, porém não somos vulneráveis as 
gerações futuras. Ainda segundo Jonas, a futurologia dos cenários desejados é conhecida como 
utopia; mas a futurologia da advertência nós ainda precisamos aprender, para o autocontrole de 
nossos poderes desenfreados. 
O desenvolvimento tecnocientífico é nele mesmo a causa e o meio de evitar os males, a 
natureza não os constrange, mas sim, a intervenção antrópica sobre ela. No Estado onde seus 
princípios estão pautados na sustentabilidade, decisões tomadas em consonância com esse 
princípio são decisões éticas, que contribuem para a manutenção e aperfeiçoamento de sistemas 
de perenização da vida. Os resultados das estratégias enquanto mudanças por ações sustentáveis 
não são imediatas. Novamente em maio a evolução da ciência e da técnica, vemos mais uma 
vez o progresso como sendo o redentor, e a prudência deverá estar não apenas presente como 
também se fazer necessária dentro de nossa evolução.

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