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Parte do texto do 
ROTEIRO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA APLICADA AO HOSPITAL GERAL 
 
 Ricardo Werner Sebastiani 
 Maria Lúcia Hares Fongaro 
 
 
 
UTILIZAÇÃO DA CID – 10 EM PSICOLOGIA HOSPITALAR 
 
I - Introdução: 
 
A classificação das Doenças Mentais, ou na terminologia que mais 
recentemente se utiliza - Transtornos Mentais vem sendo alvo de inúmeras discussões 
internacionais com o objetivo de se criar parâmetros universais de classificação e 
codificação, que possam enquadrar em critérios estatísticos e de diagnóstico a maioria 
desses transtornos, de forma a dar uma conotação mais objetiva a quadros que têm 
no aspecto subjetivo sua grande identidade. 
 
Em 1992, coordenado por um grupo de notáveis designados pela Organização 
Mundial de Saúde, foi publicado a CID (Código Internacional de Doenças) em diversas 
versões para as diferentes especialidades médicas entre estes a CID – 10 
(Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento), cujo intuito era o de 
possibilitar a universalização dos critérios diagnósticos dos Transtornos Mentais, a 
exemplo do que já se vinha fazendo com outros tipos de patologia. 
 
A publicação e posterior adoção da CID 10, assim como dos outros 
codificadores de doenças, tornou-se realidade e referência nas normas estabelecidas 
em diferentes países pelos órgãos diretores das políticas administrativas de saúde, 
para que se pudesse equacionar um importante problema que se iniciava na questão 
relativa a administração e dotação de recursos para diagnóstico e tratamento das 
pessoas, até o ponto de se uniformizar critérios para emissão de diagnósticos pelas 
equipes de saúde. 
 
Assim obras como a CID – 10 e o DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais) passaram a ser utilizadas, cada vez mais, nas práticas diárias de 
hospitais, ambulatórios e clínicas, sendo que, não só o médico, mas diversos outros 
profissionais de saúde têm gradativamente adotado esse material como referência de 
codificação diagnóstica. 
 
O Conselho Federal de Psicologia em sua RESOLUÇÃO CFP N.º 07/2003, estabelece 
critérios para a emissão de documentos emitidos pelo psicólogo (atestados, laudos, 
pareceres, etc) e orienta a adoção de critérios codificadores, dando destaque para a 
utilização do CID – 10. Da mesma forma o Ministério da Saúde estabelece, a partir de 
portaria, a obrigatoriedade do uso da CID – 10 para emissão de diagnóstico pelos 
profissionais de saúde que trabalham na rede pública, sendo essa determinação 
aplicada em toda a cadeia de serviços de assistência – de Postos de Saúde e 
Ambulatórios a Hospitais de Especialidade vinculados à Rede SUS. 
 
No entanto, alguns fatores ainda contribuem para uma série de dificuldades na 
utilização desse manual (CID – 10). De um lado ressalte-se que, não obstante aos 
esforços que são sistematicamente feitos, para um adequado enquadramento e 
definição de sinais e sintomas para a classificação e codificação dos Transtornos 
Mentais, a subjetividade e, não raro similaridade destes, ainda é alvo de confusões e 
conflitos no campo acadêmico de definição, e mesmo devido ao desconhecimento, por 
parte de um grupo significativo dos profissionais de saúde, da nosografia, 
psicodinâmica, multifatoriedade e multicausalidade desses quadros. Por outro lado, há 
uma incipiente formação, em inúmeros cursos, em que se incluem vários de 
Psicologia, na adequada capacitação do estudante, para entender identificar, 
diagnosticar e intervir por sobre estes transtornos. A somatória desses fatores acaba 
por criar algumas dificuldades no que se refere a um adequado uso da CID – 10. 
 
Em se tratando da Psicologia Hospitalar, há de se considerar que a, ainda 
nascedoura, estruturação de teorias e métodos dessa especialidade em Psicologia 
apresenta carências de referenciais teóricos, e muitas vezes, vemos severas 
confusões conceituais ocorrendo, uma vez que é bastante comum se tentar fazer uma 
transposição direta de modelos aplicados a Hospitais Psiquiátricos ou da Clínica 
tradicional para uma prática que tem importantes especificidades e diferenças se 
comparada àquelas, das quais busca “emprestado” os ditos referenciais. 
 
No entanto, todos esses obstáculos, não podem ser vistos como pontos 
intransponíveis, ao contrário, podemos considerar que é exatamente a carência de 
metodologias mais específicas que pode, em muitos sentidos, facilitar a utilização de 
referenciais de classificação e estatística como os que são apresentados em manuais 
como a CID – 10, uma vez que há uma clara afinidade na tentativa que a aplicação 
desses materiais propõe, e as necessidades que o dia-a-dia do Psicólogo Hospitalar 
apresenta. 
 
O Hospital Geral é uma instituição que recebe fortes influências do modelo 
biomédico cartesiano, dentro de uma visão nomotética das Ciências da Saúde, e como 
tal está fortemente alicerçado em normas, métodos, códigos, que buscam orientar as 
condutas e procedimentos que são executados nesse tipo de instituição. Não se trata 
aqui de se apregoar o abandono da visão singular da Pessoa Enferma, tão pouco o de 
desvalorizar os aspectos subjetivos e íntimos que cada paciente constrói a partir de 
sua história com o processo doença-internação-tratamento, mas sim, o de aproximar 
ambos modelos (nomotético e idiográfico) tornando-os complementares e não 
antagônicos. Sob esse aspecto acreditamos que a prática diária de atenção 
singularizada a pessoa enferma pode e deve ser adequada ao uso de codificações de 
suas manifestações psíquicas e comportamentais, de forma a podermos construir uma 
importante ponte que marque de forma indelével a transição (construção) que parte do 
referencial biomédico para o biopsicossocial. 
 
II - Considerações Técnicas: 
 
Um primeiro ponto que se gostaria de abordar no presente texto, falando 
especificamente ao Psicólogo Hospitalar, é o de que, embora seja muito importante, o 
desenvolvimento da habilidade técnica de diagnosticar com precisão o transtorno que 
acomete a pessoa que se está atendendo, não representa um fim em si da prática da 
Psicologia Hospitalar, ao contrário, esse é o ponto de partida do real trabalho que o 
Psicólogo Hospitalar tem pela frente na relação de cuidado para com aquela pessoa. A 
adequada identificação (classificação) do transtorno, somada a compreensão mais 
profunda do significado daquela vivência especial no momento do enfrentamento da 
enfermidade/internação/ tratamento, é que constituem o campo no qual irá, de fato, 
acontecer à atuação desse profissional. 
 
Uma das características diferenciadoras da prática da Psicologia Hospitalar em 
relação às práticas clínicas tradicionais em Psicologia é a de que lidamos com uma 
pessoa que enfrenta a sobreposição de sofrimentos orgânicos e psíquicos de forma 
intensa e, via de regra, aguda, não raro vivenciando experiências extremas de vida e 
morte. Essa característica acaba por definir, parte significativa dos Transtornos 
Mentais/Psicológicos que acometem os pacientes hospitalizados, uma vez que fatores 
desencadeados pela patologia de base (fisiológicos, bioquímicos etc), somados ao tipo 
de estratégia terapêutica adotada para o paciente (fármacos, procedimentos intra e 
extracorpóreos, etc), e os aspectos subjetivos das vivências e interações com o meio, 
terão fortes influências sobre o estado psíquico do paciente, somando-se a estes as 
capacidades (maiores ou menores) de recursos de adaptação e enfrentamento que a 
pessoa traz consigo, e que foram desenvolvidos ao longo de sua história de vida. 
 
Essa somatória de fatores determina uma parcela significativa dos transtornos 
observados no Hospital Geral, e deverá ser um dos principais alvos de atenção do 
Psicólogo Hospitalar quando do momento de avaliação da pessoa enferma.A seguir faremos uma série de considerações sobre os diferentes critérios de 
classificação, sempre ressaltando que a avaliação do paciente, por parte do Psicólogo 
pode ter por base as regras estatísticas de incidência e prevalência de sinais e 
sintomas preconizados pela CID – 10, mas que, a leitura qualiquantitativa das 
manifestações do paciente (discurso, postura, histórico de vida, etc.), são nossa 
principal ferramenta de compreensão da pessoa em seu momento particular de 
sofrimento. 
 
A CID – 10 define uma série de categorias de transtornos mentais, divididos em 
subgrupos, os de maior incidência no Hospital Geral estão abaixo listados e na 
sequência do presente texto tratar-se-á de discuti-los estabelecendo-se relação teórica 
entre a classificação nosográfica e os fundamentos das teorias psicológicas. 
 
Recomenda-se ao leitor que acompanhe a leitura tendo em mãos a CID – 10, 
de maneira a poder estabelecer as relações discutidas. 
 
III - Aplicação da CID – 10 em Psicologia Hospitalar: 
 
 F 00 a F 09 – Transtornos Mentais Orgânicos, incluindo sintomáticos. 
 
Os quadros que abarcam os grupos F 00, F 01, F 02 (Demência na Doença 
de Alzheimer, Demência Vascular e Demência em outras doenças classificadas 
em outros locais) classificam os transtornos demenciais associados a causas 
orgânicas, sendo que uma parcela importante desses está associada às Psicoses 
Exógenas (vide texto de apoio em anexo C e D), sobretudo no subgrupo 
organocerebral, e um conjunto importante de transtornos que aparecem com 
frequência significativa em Clínica Geriátrica. 
 
O grupo F 03 classifica todos os processos demenciais não especificados. 
É importante ressaltar-se que essa classificação, na maioria das vezes, é utilizada 
como diagnóstico provisório, devendo-se partir para um trabalho interdisciplinar de 
avaliação global do paciente para que se chegue a um Diagnóstico Diferencial. 
 
Em F 04 – Síndrome Amnéstica Orgânica, não induzida por álcool e outras 
substâncias psicoativas deve-se considerar os quadros de Amnésia Lacunar, 
sobretudo na sua forma pós-traumática, e os quadros de transtornos de memória 
determinados por TCE, TU, Quadros Endócrinos, e outras alterações que afetam o 
S.N.C., incluindo-se aqui hipóxia e anóxia. Note-se que o quadro mnemônico pode 
estar ocorrendo associado a uma série de outros transtornos, devendo-se proceder à 
codificação sempre hierarquizando o quadro principal e após esses os demais. É o 
caso, por exemplo, da Doença de Alzheimer, que tem suas manifestações iniciais 
fortemente marcadas por comprometimentos em Memória de Fixação, evoluindo para 
importantíssima deterioração da Memória Global (Fixação e Evocação), até 
desembocar (em evolução mais ou menos rápida) no Transtorno Demencial codificado 
em F 00. 
 
O Codificador F 05 – Delirium, não induzido por álcool e outras 
substâncias psicoativas, deve ser considerado em diversas situações associadas a 
comprometimentos de SNC, tais como Encefalopatia Hepática, Endocardite Bacteriana 
e alguns tipos de Câncer, considera-se que os transtornos classificados como 
Psicoses Exógenas Sintomáticas e algumas subformas de Psicoses Exógenas 
Tóxicas fazem parte desse grupo de codificação (vide texto de apoio em anexo C e D). 
Observe-se, como especifica nota abaixo, que a codificação de Delirium, deve receber 
atenção especial, uma vez que esse quadro aparece associado a outros com 
perspectivas de classificação mais objetivas. 
 
O grupo codificado sob F 06 (de .0 a .9) – Transtornos mentais decorrentes 
de lesão e disfunção cerebrais e de doença física, compõe um importante grupo de 
transtornos com incidência relativamente alta em Hospitais Gerais, a associação a 
quadros centrais, distúrbios endócrinos como hipertireoidismo e Cushing, má formação 
vascular, Lupus, TCE, neoplasias cerebrais ou de influência remota no SNC, distúrbios 
associados a AVC – I e H, doenças tropicais parasitárias, efeitos de drogas não 
psicotrópicas (corticóides, anti-hipertensivos, entre outras). Essa classificação abarca 
todos os quadros de Psicoses Exógenas Sintomáticas e Tóxicas a exceção, nesta 
última, dos quadros determinados por drogas despersonalizantes–psicodislépticas- 
(vide texto de apoio em anexo C e D). Observe-se então, que pode existir no quadro 
apresentado pelo paciente a ocorrência de F 05 e F 06 em alguma de suas subformas 
simultaneamente: 
 
Nota: Existe uma correlação bastante significativa entre os transtornos identificados 
nos quadros de Delirium (F 05 .0, .1, .8 e .9) e os codificados no grupo F 06, um 
primeiro critério para o diagnóstico diferencial consiste na identificação clara de quadro 
orgânico associado (e desencadeante) do Transtorno, sendo que nesses casos deve-
se priorizar os eixos F 06, considerando-se o Delirium como patoplástico ao quadro de 
base. Observe-se também que as subformas de classificação do Delirium (código F 
05.1) podem aparecer associados a estados demenciais ou (em f 05.8) classificado 
como de ordem mista. 
A se considerar as possibilidades de incidência de quadros de Delirium num 
grupo grande de Transtornos, sugere-se a utilização dessa codificação 
predominantemente naqueles casos onde não se tenha condição de levantamento de 
informes complementares que permitam o Diagnóstico Diferencial (nesse caso como 
H.D.), e mais raramente como diagnóstico principal. 
 
F 30 – F 39 Transtornos do Humor (afetivos) 
 
Uma primeira consideração a se fazer nesse bloco de codificações, é a de se 
ater, principalmente no Hospital Geral, à perspectiva de incidência em grau 
relativamente elevado de Transtornos Afetivos do Humor (orgânico) – F 06.3 os 
quadros infecciosos particularmente, podem desencadear alterações do humor 
(sobretudo depressivas) ocorrência relativamente frequente em UTI, Unidades de MI, 
Isolamento (sobretudo nos pacientes imunodeprimidos – em uso de drogas 
antirrejeição e portadores sintomáticos do HIV). Para essas situações a pesquisa de 
histórico pregresso, a avaliação do grau de crítica do paciente em relação a seu 
estado mórbido (específico e global), e a ausência de correlação com processo de 
Angústia de Morte, devem ser consideradas para a classificação nesse eixo. É de 
extrema importância, particularmente para o trabalho do Psicólogo Hospitalar, 
considerar a inexistência ou pouca efetividade de fatores emocionais graves 
desencadeando o processo depressivo, para se utilizar a classificação F 06.3. Em 
todos aqueles casos em que a gravidade das variáveis psicossociais as quais o 
paciente enfrenta estiverem presentes, deve-se pensar primeiro num transtorno do 
grupo F 30 – F 39, para posteriormente se considerar o fator orgânico como principal 
desencadeante do fenômeno afetivo. (Vide texto de apoio B). 
 
Outra consideração importante se deve ao fato de que nas situações 
específicas de Avaliação Psicológica do paciente hospitalizado em Hospital Geral, 
termos uma incidência muito grande de transtornos associados, principalmente devido 
a circunstâncias vivenciais que afetam a esfera afetiva da pessoa, dado ao alto grau 
de sofrimento determinado pelo processo doença-internação- tratamento. Sendo 
assim, a utilização dos codificadores de Transtornos Afetivos do Humor, deve ser 
acompanhada sempre, por parte do Psicólogo Hospitalar, de avaliação qualitativa, 
principalmente se for considerado o fato de que aqueles transtornos classicamente 
classificados nos grupos das chamadas “Doenças Mentais”, são de incidência muito 
baixa no Hospital Geral, e, ainda mais, se comparados às demandas de Hospitais 
Psiquiátricos e Unidades de Saúde Mental. 
 
Os transtornos classificados em F 30 (de .0 a .9) apresentam maior incidência 
nos subgrupos F 30.0 (Hipomania), F30.1 (Mania sem sintomas Psicóticos). Os 
quadros hipomaníacos normalmente aparecem associados a alterações determinadas 
por interação medicamentosae/ou compondo quadro mais amplo com agitação 
psicomotora e intensa ansiedade. Tanto nesse, como em outros casos onde a 
sintomatologia for mista, é importante avaliar-se qual o quadro de base, e o mais 
importante dentro da avaliação global do paciente e, a partir daí considerar-se os 
demais sinais e sintomas como patopláticos ou complementares. Note-se que nem 
sempre o sintoma mais exuberante é necessariamente o principal. 
 
Os transtornos do grupo F 32 – Episódio Depressivo, tem importante 
incidência no Hospital Geral, sendo anteriormente classificado no grupo das chamadas 
Depressões Reativas (ou menores, ou ainda no DSM V – Luto sem complicação). 
Note-se que de F 32.0 a F 32.9 temos uma gama importante de sub formas nas quais 
podem ser incluídos os quadros de Depressão de Pós Operatório, Depressão Reativa 
Puerperal (não confundir com o Transtorno Depressivo Puerperal) *, os Estados 
Depressivos associados a Luto por perdas (objetivas e simbólicas), nos quais incluem-
se os quadros de amputações, diagnóstico de enfermidade crônica e/ou grave, perdas 
funcionais, e na classificação do Roteiro de Avaliação Psicológica (Sebastiani e 
Fongaro) o quadro de Hospitalismo Negativo como visto neste capítulo, além 
obviamente da fase Depressiva associada ao processo de enfrentamento da morte 
originariamente preconizada por Kubler Ross. Esses episódios podem evoluir na 
dependência dos fatores vivenciais, de estresse intermitente e da sobreposição de 
intercorrências e/ou agravamento do estado clínico de base do paciente, para aqueles 
classificados nos subgrupos F 33 (Transtorno Depressivo Recorrente) e F 34 
(Transtornos Persistentes do Humor). Observe sempre a avaliação diferencial para 
o descarte de fatores exógenos (orgânicos, farmacológicos) que possam concorrer 
para a instalação do Episódio Depressivo. (Vide texto de apoio B) 
 
* Em relação a quadros associados ao puerpério, é importante remeter-se ao Grupo F 
53 – Transtornos Mentais e de comportamento Associados ao Puerpério, não 
classificados em outros locais, que busca a codificação específica de transtornos 
mentais puerperais. Recomenda-se nesses casos, que, quando claramente associado 
o transtorno ao puerpério, e identificadas sintomatologias que possam ser 
enquadradas em outros codificadores que se utilize o critério múltiplo de codificação, 
colocando-se como primeiro referencial diagnóstico os do grupo F 53, e 
posteriormente os demais para qualificação mais específica do transtorno. 
 
F 40 – F 48 Transtornos neuróticos, relacionados ao estresse e somatoformes. 
(Vide texto de apoio A). 
Contempla um número significativo de transtornos mentais e de comportamento mais 
comumente observados no Hospital Geral, destacando-se unidades de Clínica Médica 
e Cirúrgica, UTI e Pronto Socorro. Ressaltem-se os codificadores F 40, F 41 
(Transtornos fóbicos – ansiosos e Outros Transtornos ansiosos) e, 
principalmente os codificados em F 43 (Reação a estresse grave e transtornos de 
ajustamento) e F 45 (Transtornos somatoformes). No caso do grupo F 43.2 (de 0 a 
9 – Transtornos de Ajustamento), torna-se mais uma vez imprescindível à avaliação 
qualitativa do quadro geral, para a busca da mais adequada classificação, uma vez 
que pode haver enquadres mais específicos em outros grupos (como p. ex: F 30 – F 
39). Cabe ressaltar que nas unidades Pediátricas, dado muitas vezes à precariedade 
de condições de coleta de informações, o subgrupo F 43.2 é muito utilizado. 
 
Os Transtornos listados no grupo F 43 como por Ex. F 43.1 (Transtorno de 
Estresse Pós-traumático) podem ser encaixados em diversas situações em Pronto 
Socorro, UTI, Unidades Cirúrgicas, Unidades de Ortopedia e Traumatologia entre 
outras, no entanto deve-se sempre considerar que essa codificação tende a uma 
generalização do quadro do paciente, carregando uma importante falha, no que tange 
a qualificação mais arguta do fenômeno psicológico que o paciente apresenta, esse 
mesmo raciocínio se aplica a codificação F 43.2 (Transtorno de Ajustamento), que, 
no caso do Hospital Geral pode aparecer com intensa frequência. Há que se 
considerar o fato de: Isolamento, a perda da Autonomia, o desconhecido, as 
intercorrências próprias da evolução de um processo patológico, sejam impostas pela 
patologia propriamente dita, u por outras variáveis que cercam a essa (reação 
medicamentosa, sentimentos de invasão e agressão pela manipulação determinada 
pelos procedimentos e/ou aparelhos intra e extra corpóreo) dentre outras, constituem-
se em estímulos estressantes intermitentes que podem levar gradativamente o 
paciente à Falência Adaptativa, criando assim todas as condições para a instalação de 
F 43.2 (0, 1, 2, 3, 4, 5, 8) além de F 43.8 e F 43.9. Todas as alterações (transtornos) 
determinados a partir de Síndrome Geral de Adaptação, sobretudo àquelas derivadas 
da Fase de Esgotamento (Selye, Sebastiani 2) vão encontrar critérios de codificação 
predominantemente nesses subgrupos, incluindo-se aqui os estudos mais recentes de 
Burnout. 
 
Como já foi abordado acima, muitas vezes (na utilização da CID – 10) deve-se 
utilizar mais de um codificador para se buscar uma descrição diagnóstica mais precisa. 
Nesses casos, o critério de Eixos utilizado pelo DSM V mostra-se mais eficiente, no 
entanto a adoção desse manual de codificação no Brasil é menor, principalmente na 
rede hospitalar pública. Recomenda-se, por tanto, que quando houver possibilidade de 
desenvolvimento de normas de utilização de critério diagnóstico baseado na CID – 10, 
onde se possa utilizar codificadores complementares, que assim se proceda, sempre 
estabelecendo como quadro principal (ou o mais importante no momento da avaliação) 
o primeiro código a ser apresentado. 
 
Exemplo: F 32.2 e F 43.21 (Episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos, 
associados à Reação a estresse grave e transtornos de ajustamento com reação 
depressiva prolongada). Nesse exemplo classifica-se o quadro de base (F 32.2 – 
Episódio depressivo grave...) e identifica-se no diagnóstico complementar os vetores 
que desencadearam o quadro de base (F 43.21 determinado por Reação a Estresse 
Grave e transtornos...) 
 
Nota: É importante relembrar, sempre, que mesmo utilizando-se um critério 
codificador que procura ser mais objetivo, como o caso da CID – 10, o adequado 
levantamento de dados do paciente e a pesquisa, sempre que possível, da História da 
Pessoa, devem ser contemplados. 
É exatamente na busca de aprofundar estas informações que foi desenvolvida a CIF, 
como mencionado anteriormente, fator que reforça a importância das leituras 
qualiquantitativas na pesquisa diagnóstica. 
 
No grupo dos Transtornos codificados por F 40 (Transtornos Fóbico-
ansiosos), merecem destaque; F 40.2 Fobias específicas, que podem aparecer 
decorrentes de Sequelas Psicológicas ou Psico-orgânicas associadas a vivências 
traumáticas anteriores (intensas e predominantemente intermitentes por largo período) 
como por ex., em pacientes submetidos a Q.T. e pacientes transplantados em fase de 
readaptação à vida pós transplante (ênfase nos quadros de IRC, onde 
comportamentos novos têm de ser readquiridos, sendo estes antagônicos aos que 
anteriormente se apresentavam, e que quando emitidos provocavam intenso 
sofrimento ao paciente). Já o subgrupo F 40.8 e F 40.9 (Outros transtornos Fóbico-
ansiosos e, Transtorno fóbico-ansioso, não especificado) devem ser considerados 
com atenção, pois só se classifica nessa codificação quadros fóbicos (dentro do 
contexto hospitalar) quando da ausência de qualquer outro dado mais específico de 
classificação das manifestações o paciente. Sempre é válido relembrar que a intensa 
ansiedade (que, via de regra, acompanha como pródromo, os quadros fóbicos) tem 
múltiplos e permanentes fatores de desencadeamento presentes nas situações de 
Doença-Internação-Tratamento. 
 
Especificamente em ProntoSocorro deve-se levar em conta ocorrência de 
quadros de Transtorno de Pânico, atendidos em episódio agudo (queixas pré-cordiais, 
lipotímias, sensação de sufocamento, sudorese intensa, mas com achados clínicos 
pouco significativos pra justificar o quadro do ponto de vista orgânico), a pesquisa de 
história pregressa, a avaliação de comportamento, somado às baixas evidências 
clínicas, geralmente são suficientes para um Diagnóstico Breve, e o consequente 
atendimento emergencial do paciente e orientação para tratamento mais específico 
(psico e farmacoterápico), recomenda-se nesses casos a codificação F 41.0 ou F 40 
(.01, .2 ou .9) dependendo das características patoplásticas que complementam o 
quadro geral e das condições de uma pesquisa mais específica do paciente. 
 
O subgrupo F 41 (.1 a .9), somente deve ser utilizado em dois casos: 
 
Na ausência de maiores dados que permitam uma qualificação mais adequada 
das manifestações psíquicas do paciente ou; 
Como codificador complementar a um quadro de base, se a exuberância do transtorno 
ansioso assim o exigir. 
 
Em F 44, temos subgrupos de classificação de Transtornos Dissociativos 
(conversivos) que remontam às classificações clássicas de Quadro de Neurose 
Conversiva Histérica, em suas diferentes subformas. Note-se que nesses casos estar-
se-á trabalhando por sobre um diagnóstico clássico de transtorno neurótico, que 
apresenta incidência significativa em Hospitais Gerais, sobretudo em unidades de 
Pronto-Socorro. (Vide texto de apoio A) 
 
A utilização do termo “dissociativo” nesses casos (F 44.0, F 44.1, F 44.2, F 
44.4, F 44.6, F 44.7, F 44.8 e F 44.9) está associada às manifestações 
neurovegetativas dos sintomas classificados, com pouca ou nenhuma influência da 
intencionalidade do paciente (inconscientes), mas não se associa o termo a processo 
despersonalizante, ou de desrealização. Há, portanto, considerável higidez nas 
funções mentais de pensamento (Juízo de Realidade), Consciência do Eu, e 
Afetividade, havendo obviamente comprometimentos nessas esferas, mas com 
sintomatologia mais branda, excluindo-se assim a identificação de quadro 
psicotiforme. 
A própria CID – 10 atribui a esses fenômenos origem predominantemente psicogênica, 
e de média gravidade. (vide texto de apoio A). 
 
Em F 45 – Transtornos Somatoformes, encontram-se classificados os 
grandes quadros anteriormente denominados de “psicossomáticos”. A CID – 10 
carrega, sob esse aspecto um importante mérito, que é exatamente o de distinguir e 
classificar em subgrupos distintos (não obstante pertencentes ao mesmo Grupo) os 
quadros Conversivos (acima comentados) e os Somatoformes, ou Psicossomáticos. 
Sob estes temas, reportamos os leitores a texto de apoio A, que discute mais amiúde 
os critérios para diagnóstico diferencial de ambos transtornos, com a utilização de 
critérios qualiquantitativos pautados em leitura psicodinâmica e não estatística como 
se propõe a CID –10. 
 
Nota: Cabe ressaltar, aqui, que a nômina a ser utilizada doravante, substitui os termos 
anteriormente utilizados – Quadros Conversivos ou Neurose Conversiva Histérica 
alterada para Transtornos Dissociativos e, Transtornos Somatoformes para o que se 
classificava anteriormente como Transtornos e Doenças Psicossomáticas. Essa 
observação deve ser seguida sempre que a equipe ou profissional que emite os 
diagnósticos e pareceres pautar-se na CID –10 como referência para estes. Nos casos 
em que a avaliação diagnóstica prescinde codificação universal, pode-se manter 
nômina e classificações clássicas. 
 
F 50 – F 59 Síndromes Comportamentais associadas a perturbações 
fisiológicas e fatores físicos. 
O grupo F 50 – Transtornos alimentares vêm merecendo especial destaque dado ao 
crescente volume de incidência desse tipo de problema em nossa sociedade, e a 
evolução dos serviços hospitalares (incluindo-se os hospitais públicos) que prestam 
serviços especializados às pessoas portadoras desses transtornos. Unidades de 
Psiquiatria e/ou Saúde Mental, Gastroenterologia, Endocrinologia e, mais 
recentemente programas interdisciplinares de atendimento ao portador de Transtornos 
Alimentares, são as instâncias de serviço hospitalar que mais se utilizarão desse 
grupo de classificação. Na grande maioria desses serviços a presença do Psicólogo é 
considerada como peça imprescindível para o êxito dos tratamentos. 
 
Grupo F 51 – Transtornos não-orgânicos do sono; os transtornos do sono 
constituem-se atualmente em uma subespecialidade da neurologia, que vem 
crescendo na medida dos avanços das pesquisas sobre neurotransmissores, funções 
cerebrais e da própria neuropsicologia, nesse sentido, existem diversas classificações 
contempladas pela CID, sob código inicial G 47. É fundamental que se ressalte aqui, 
que a incidência de transtornos não orgânicos do sono podem estar associados a 
quadros depressivos graves, sendo a queixa de alteração dos mecanismos de sono-
vigília, muitas vezes, o sinal prodrômico que leva o paciente em busca de ajuda 
médica. Outros fatores ligados a mecanismos psicológicos (predominantemente) 
podem contribuir para alterações do sono, sendo estes relativamente frequentes no 
Hospital Geral, sobretudo aqueles associados à ansiedade intensa, sentimento de 
perda de controle, medo, isolamento, angústia de morte dentre outros. Mais uma vez 
se ressalta a importância de codificação múltipla (sempre que possível) quando da 
utilização desse grupo diagnóstico. 
 
O Grupo F 53 – Transtornos mentais e de comportamento associados ao 
puerpério, não classificados em outros locais, já foi alvo de observação anterior 
quando discutidos os Transtornos Depressivos, cabendo aqui observação de que as 
alterações mentais e comportamentais havidas durante o período de puerpério devem 
ser avaliadas sempre em comparação à História da Pessoa, uma vez que, muitos 
transtornos mentais podem aparecer com mais exuberância no período de puerpério, 
e/ou haver por parte de equipe de saúde e família uma atenção maior à paciente, mas 
o quadro observado já ser preexistente, ou existir a indicação de fatores pré-mórbidos 
anteriores ao ciclo gravídico-puerperal. 
 
Os transtornos listados no Grupo F 55 – Abuso de substâncias que não 
produzem dependência (física), raramente aparecerão em Hospitais Gerais como 
quadro de base, podendo haver uma incidência pequena como quadro complementar. 
Por outro lado, ressalte-se que principalmente os subgrupos F 55.0 e F 55.2 (Abuso 
de antidepressivos e Abuso de analgésicos) podem ocorrer determinado por 
fatores iatrogênicos e/ou de automedicação. F 55.1 e F 55.3 (abuso de laxativos e 
abuso de antiácidos) podem aparecer como diagnóstico complementar a Transtornos 
Alimentares. Há ainda de considerar-se os quadros hipocondríacos (F 45.2) onde F 55 
aparecerá também como diagnóstico complementar. 
 
Os Grupos F 54 e F 59 devem ser evitados, sempre que possível, como 
codificadores de transtornos mentais, uma vez que incluem uma gama indefinida e 
dissociada de sinais e sintomas, provocando, não raro, uma estigmatização maior do 
paciente, e dificultando, para a equipe de saúde “não psi”, a compreensão melhor do 
quadro apresentado.

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