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E-BOOK EXCLUSIVO
SUMÁRIO
AULA 1:
Diagnósticos em Psicopatologia: 
PASSADO, PRESENTE E FUTURO
AULA 2:
Fundamentos da Psicopatologia:
DO BÁSICO AO AVANÇADO
AULA 3:
Introdução ao Manual Diagnóstico ATUAL
em Saúde Mental (DSM-5-TR)
AULA 4:
Entrevista Diagnóstica NA PRÁTICA!

AULA 5:
5 Passos para um DIAGNÓSTICO ASSERTIVO

001
021
068
111
132
SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
Diagnósticos
em Psicopatologia: 
PASSADO, PRESENTE 
E FUTURO
E S P E C I A L 5 A N O S
AULA 1
1
O que você vai
encontrar nessa aula:
1
2
3
4
5
Por que diagnosticar? 
Diferenciando o normal do 
patológico
Overview do DSM (Manual 
Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais)  
Iniciativas em desenvolvimento - 
HiTOP (Hierarchical Taxonomy

of Psychopathology) e RDoC 
(Research Domain Criteria) 
Psicólogo pode dar diagnóstico?  
SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
2
Atualmente, a existência dos diagnósticos

em saúde mental é inquestionável. 

No entanto, algumas críticas ainda são 

feitas em relação ao diagnóstico, como:
 o diagnóstico é apenas a descrição de um sofrimento natural da 
existência humana. Ou seja, é uma forma de rotular o sofrimento.
 os transtornos mentais não têm marcadores biológicos e 
sintomas patognomônicos. 
Porém, o que sabemos hoje é que os diagnósticos não são formas 
de rotular o sofrimento humano, são ferramentas cruciais para 
compreensão e tratamento dos transtornos mentais. O objetivo 
de qualquer classificação, incluindo a dos transtornos mentais, é 
tornar algo compreensível e inteligível,  agrupando semelhanças e 
diferenças. 
Portanto, diante dos dados alarmantes, questionar a validade dos 
diagnósticos é simplista e desconsidera a urgência de 
tratamento para quem está sofrendo. 
O diagnóstico serve para adotar ações terapêuticas e 
medidas preventivas. Diagnóstico é ciência! 
O NIH (National Institutes of Health) 
divulgou um relatório informando que 
170 mil pessoas com diagnósticos de 
transtornos mentais estão na fila 

para serem atendidas.

https://www.theguardian.com/society/2024/apr/04 nhs-faces-avalanche-
of-demand-for-autism-and-adhd-services-thinktank-warns
 Por que diagnosticar? 1
3
https://www.theguardian.com/society/2024/apr/04/nhs-faces-avalanche-of-demand-for-autism-and-adhd-services-thinktank-warns
https://www.theguardian.com/society/2024/apr/04/nhs-faces-avalanche-of-demand-for-autism-and-adhd-services-thinktank-warns
Para além das críticas, precisamos entender quais os são os 
benefícios do diagnóstico
 validade do diagnóstic
 confiabilidade
 fatores de risc
 prognóstic
 desenvolvimento de tratamento
 comunicação entre profissionais
Além disso, quando falamos em diagnóstico, é fundamental para 
diagnosticar: saber diferenciar o normal do patológico.
SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
4
Discernir o normal do patológico é uma tarefa árdua e 
multifacetada. A fronteira entre essas duas condições é tênue, 
envolvendo debates que perpassam até mesmo esferas religiosas.


Nenhuma abordagem isolada é suficiente para traçar essa linha 
divisória com precisão. 
No entanto, temos algumas tentativas de delimitar o que é 
patológico, entre elas:
 estatístic
 sofrimento
 necessidade de tratamento 
Diferenciando o 
normal do patológico2
5
Entre os modelos, temos:
 Modelo da OMS (Organização Mundial de Saúde): a saúde 
como o complemento entre bem-estar físico, mental e social 
e, não somente, como ausência de doença.
 Normalidade baseada em aspectos funcionais: o fenômeno é 
considerado patológico quando produz sofrimento para o 
indivíduo ou para seu grupo social.
 Normalidade ideal: se estabelece uma norma ideal do que seria 
considerado um indivíduo sadio. 
Além disso, alguns modelos 
buscam definir o que seria 
“normalidade”, na tentativa 
de traçar uma linha entre o 
patológico e o normal.
6
Apesar de todos esses modelos, a questão 
central permanece: como definir o que é normal 
e o que é patológico? 
Nesse sentido, a psicopatologia também recorre aos 
“4 Ds” que auxiliam na compreensão dessa 
diferenciação:
 Deviance (Desvio
 Distress (Sofrimento
 Disfunction (Disfunção)
 Danger (Perigo)
SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
7
Mas, como o DSM-5-TR define 
aquilo que é um transtorno mental?
O DSM-5-TR define transtorno mental como um conjunto de 
sinais e sintomas caracterizado por perturbação clinicamente 
significativa na cognição, regulação emocional ou 
comportamento de um indivíduo que reflete uma disfunção nos 
processos psicológicos, biológicos ou de desenvolvimento 
subjacentes ao funcionamento mental.
Os transtornos mentais também são frequentemente associados 
a sofrimento ou incapacidade significativos que afetam 
atividades sociais, profissionais ou outras atividades 
importantes.
8
De forma resumida, um transtorno mental precisa ter:
 frequênci
 intensidad
 sofrimento clinicamente significativo
Para Canguilhem (Autor do livro "O normal e o patológico"), os 
critérios para definir o que é normalidade dependem de opções 
filosóficas, ideológicas e pragmáticas.
As tentativas de classificação começaram há mais de 
2.000 anos e seguiram por toda a história:
 Aristóteles: o encéfalo era o palco de ideias e o coração a 
sede do comportamento.
 Hipócrates: desenvolve a teoria dos quatro temperamentos
 Joseph Gall: o tamanho do crânio predizia comportamentos 
e habilidades (frenologia)
 Philippe Pinel: pioneiro no tratamento de transtornos 
mentais.
 Wilhelm Wundt: criou o primeiro laboratório de psicologia
 Sigmund Freud: muda a história da psicoterapia
 Kraepelin: afirma que os transtornos mentais têm bases 
biológicas. É considerado o pai da psicopatologia ateórica. 
SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
9
Quais os limites da psicopatologia? 
Como Karl Jaspers observou, a psicopatologia, embora busque 
estudar o homem em sua totalidade, acaba sendo o estudo do 
homem em sua enfermidade. 
Devemos lembrar que cada indivíduo é único e complexo, e que há 
aspectos de sua experiência que podem escapar a compreensão 
psicopatológica tradicional: 
“[...] quanto mais reconhece e caracteriza o típico, o que se acha de 
acordo com os princípios, tanto mais reconhece que, em todo 
indivíduo, oculta algo que não pode conhecer.”

(JASPERS, 1979, p. 12).
10
O que é o DSM?
Quem criou o DSM?
 
O DSM é um Manual Diagnóstico e Estatístico usado por psicólogos 
e psiquiatras do mundo todo para diagnosticar transtornos 
mentais e doenças psiquiátricas. Ele é formado por três 
componentes principais:
 Classificação diagnóstic
 Conjunto de critérios diagnósticos
 Texto descritivo
Criado em 1952 por uma força-tarefa da Associação Psiquiátrica 
Americana (APA), o DSM passou por várias revisões ao longo dos 
anos. 
A APA continua responsável pelas atualizações do manual, 
buscando incorporar novas descobertas de pesquisa e aprimorar a 
precisão diagnóstica. 
Essas revisões são propostas por especialistas no campo, revisadas 
pelos editores e pelo Comitê Diretivo do DSM.
Overview do DSM
3
11
Por que o DSM foi criado? 
A necessidade de uma classificação dos transtornos 
mentais é clara ao longo da história. 
Porém, sempre houve pouco consenso sobre quais transtornos 
deveriam ser incluídos e como organizá-los. 
Com o DSM, a classificação tornou-se mais sistemática, 
facilitando o entendimento e a comunicação entre profissionais 
de saúde mental.  
12
1
2
3
4
Histórico dos
DSM’s
DSM-I: publicado em 1952, continha 132 páginas e 106 
diagnósticos. Tinha como base a psicopatologia psicodinâmica 
e uma baixa confiabilidade. 
DSM-II: publicado em 1968, continha 134 páginas e 182 
diagnósticos. Semelhante ao DSM-I, tinha como base a 
psicopatologia psicodinâmica e uma baixa confiabilidade. 
DSM-III: publicado em 1980, continha 494 páginas e 265 
diagnósticos. Introduz critérios padronizados e uma 
abordagemdescritiva (ateórica), rompendo com a 
psicopatologia psicodinâmica. 
DSM-III-TR: publicado em 1987, continha 567 páginas e 292 
diagnósticos.
13
DSM-IV: publicado em 1994, continha 886 páginas e 297 
diagnósticos. Introduz o sistema multiaxial, com uma 
abordagem politética onde não precisava ter todos os sintomas 
para ter o diagnóstico. 
DSM-IV-TR: publicado em 2000, continha 943 páginas e 297 
diagnósticos.
DSM-5: publicado em 2013, continha 947 páginas e 370 
diagnósticos.  Abandona o sistema multiaxial, onde os 
transtornos eram divididos em eixos, e reorganizou os 
transtornos num novo sistema, onde os transtornos são 
divididos por similaridade e em fases da vida 
(neurodesenvolvimento até neurodegenerativos). Além 
disso, a partir do DSM-5 inicia-se a tentativa de inserir o Modelo 
Dimensional.
DSM-5-TR: publicado em 2022, contém 1142 páginas e trouxe 
um transtorno novo: Transtorno do Luto Prolongado.
Embora o DSM não seja perfeito, é o modelo de classificação 
mais utilizado atualmente e representa uma ferramenta valiosa 
para profissionais de saúde mental. Conhecer sua estrutura e 
sua evolução ao longo do tempo é fundamental para uma 
prática clínica informada e eficaz. 
5
6
7
SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
14
Quando se trata de estudar e classificar

os transtornos mentais, algumas instituições

se destacam:
 American Psychiatric Association (APA): 
Manual Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais (DSM)
O DSM adota um modelo categórico, onde cada transtorno é definido 
por um conjunto específico de características. Neste sistema, as 
psicopatologias são consideradas entidades separadas e o 
diagnóstico é baseado na presença ou ausência de um número de 
sintomas-chave
 Organização Mundial da Saúde (OMS): 
Classificação Internacional de Doenças (CID)
A CID também utiliza um modelo categórico, descrevendo cada 
transtorno em termos de sintomas típicos. Assim como o DSM, a CID 
considera as psicopatologias como categorias independentes e o 
diagnóstico é feito através da correspondência dos sintomas do 
paciente com os perfis prototípicos descritos na classificação.   
Iniciativas em 
desenvolvimento
4
15
 National Institute of Mental Health (NIMH): 
Research Domain Criteria (RDoC)
O RDoC adota um modelo alternativo, sendo uma agenda de 
pesquisa acerca dos transtornos mentais e não um sistema 
diagnóstico em si. 
Ele busca entender os transtornos mentais em termos dimensionais, 
explorando os papéis de sistemas biológicos, psicológicos e 
comportamentais nas diferentes psicopatologias.
 Hierarchical Taxonomy of Psychopathology 
(HiTOP) 
O HiTOP representa uma abordagem alternativa, abandonando a 
noção de categorias fixas em favor de uma perspetiva dimensional.
Neste modelo, os transtornos mentais são classificados em diferentes 
níveis de uma hierarquia complexa, com um fator geral no topo 
responsável por explicar uma variedade de sintomas 
psicopatológicos. 
O diagnóstico pelo modelo HiTOP visa descrever perfis de sintomas, 
adotando uma abordagem mais flexível e dimensional. Em vez de 
classificar os transtornos em categorias independentes (abordagem 
qualitativa) o HiTOP reconhece que as psicopatologias são extremos 
de experiências comportamentais, afetivas, cognitivas e físicas 
(abordagem quantitativa). 
SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
16
Representação hierárquica das relações 
entre as dimensões do modelo HiTOP:
Representação hierárquica das relações 
entre as dimensões do modelo HiTOP:
Nota: Os superespectros destacados em cinza são hipotéticos e demandam validação empírica. 
As variâncias do subfator mania são explicadas pelos espectros do transtorno do pensamento e 
internalizante, e isso está sendo mais bem analisado empiricamente (razão das setas estarem em 
cinza). Parte dos sintomas e traços delineados é apresentada na terceira coluna da tabela.
Fonte: Oliveira e Trentini (2023, p. 349)
SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
17
Então, podemos utilizar 
os novos modelos, 
RDoC e HiTOP, na 
prática clínica?
NÃO! O RDoC e o HiTOP têm surgido como modelos alternativos 
por entenderem a insuficiência e fragilidade do modelo 
categórico do DSM proposto pela APA

nas últimas décadas. 
No entanto, o modelo vigente de classificação permanece 
sendo o DSM-5-TR. 
SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
18
A dúvida quanto a se o psicólogo pode dar diagnóstico

ainda persiste entre alguns profissionais, muitas vezes atribuída 

à Lei nº 12.842/2013 (Ato Médico). 


No entanto, é importante destacar que o inciso do Art. 4º, 

que originalmente limitava o diagnóstico exclusivamente à 
Medicina, foi vetado.
Além disso, a Resolução CFP n.º 006/2019 enfatiza que é facultado ao 
psicólogo o uso de manuais de classificação, como a CID e o DSM. 
Isso significa que, legalmente, os psicólogos estão autorizados a 
realizar diagnósticos psicológicos.
Acesse a Lei clicando aqui
Acesse a Resolução clicando aqui
5 Iniciativas em 
desenvolvimento
19
https://www.google.com/url?q=https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2019/09/Resolu%25C3%25A7%25C3%25A3o-CFP-n-06-2019-comentada.pdf&sa=D&source=docs&ust=1713826386010968&usg=AOvVaw2NICnZh2VQ-U7h2ynNCCra
https://www.google.com/url?q=https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2019/09/Resolu%25C3%25A7%25C3%25A3o-CFP-n-06-2019-comentada.pdf&sa=D&source=docs&ust=1713826386010968&usg=AOvVaw2NICnZh2VQ-U7h2ynNCCra
Entretanto, é crucial entender que dominar o diagnóstico não se 
resume a rotular todas as pessoas com transtornos. 
O papel do psicólogo vai além disso, envolvendo uma avaliação 
cuidadosa e contextualizada, que considera não apenas os sintomas 
apresentados, mas também o contexto social, cultural e individual do 
indivíduo.
Diagnosticar adequadamente requer habilidades técnicas e éticas, 
além de uma compreensão profunda da psicopatologia e dos 
instrumentos de avaliação disponíveis. 
É um processo delicado que exige sensibilidade e responsabilidade 
por parte do profissional.
Portanto, embora os psicólogos tenham o direito e a capacidade de 
realizar diagnósticos psicológicos, é essencial lembrar que isso deve 
ser feito com cuidado e respeito, visando sempre o bem-estar e a 
qualidade de vida dos clientes!
Psicólogo pode dar diagnóstico, 
desde que saiba!
SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
20
Fundamentos 
da Psicopatologia:
DO BÁSICO AO 
AVANÇADO
E S P E C I A L 5 A N O S
AULA 2
21
O que você vai
encontrar nessa aula:
1
2
3
4
5
6
7
8
Semiologia dos transtornos mentais
Avaliação das funções psíquicas
Função psíquica "juízo de realidade"
Função psíquica "pensamento"
3 eixos da psicopatologia
Definição de transtorno mental
Causa do transtorno mental
Cura do transtorno mental e 
prognóstico
SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
22
Semiologia dos 
transtornos mentais1
A semiologia é a ciência dos signos que não se restringe à 
psiquiatria ou à psicologia. É um campo de grande importância 
para o estudo da linguagem, da música, das artes em geral e de 
todos os campos de conhecimento e de atividades humanas que 
incluem a interação e a comunicação entre dois interlocutores por 
meio de sistemas de signos.
A semiologia visa o estudo dos signos, dos significados, e na 
psicopatologia ela está relacionada ao estudo dos sinais e 
sintomas dos transtornos mentais que são interpretados como 
um significado.
E qual a diferença entre sinais e sintomas?
Sinais são observáveis. Exemplo: cuidado	pessoal,	roupas, 
limpeza, comportamentos verbais e não verbais. 
Sintomas são subjetivos e dependem do relato do paciente. 
Exemplo: pensamentos, sentimentos, alucinações, delírios etc. 
23
Esse estudo dos sinais e sintomas é muito importante em 
psicopatologia pois não temos marcadores biológicos para 
transtornos mentais que direcionam o processo diagnóstico. É 
essasemiologia que complementa a entrevista diagnóstica em 
psicopatologia. 
Em resumo, a semiologia psicopatológica une sinais e sintomas 
dos transtornos mentais para chegar em um significado, um 
signo, que vai ser o nome que vai ser dado a determinado 
transtorno.
Porém, falar em psicopatologia é falar em uma "arte" não exata, pois 
da mesma forma que não existem marcadores biológicos para um 
determinado transtorno, também não existem sintomas 
patognomônicos. Ou seja, a presença de um sintoma x não significa 
a presença de um transtorno Y. 
Um mesmo sintoma pode estar 
presente em vários transtornos.
SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
24
SEMANA DA PSICOPATO 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
Se não dá pra diagnosticar um paciente seguindo apenas os seus 
sinais e sintomas, por que precisamos estudar sobre eles? Porque 
só é possível identificar e diferenciar aquilo que se conhece.
E o que precisa ser considerado na hora de 
avaliar um sintoma na psicopatologia?
 Patogênese: a forma dos sintomas. É a sua estrutura básica, 
semelhante nos diversos pacientes e nas diversas sociedades. 
Exemplo: alucinação, delírio, ideia obsessiva, fobia etc
 Patoplastia: o conteúdo dos sintomas que são oriundos da 
história do indivíduo e de sua subjetividade. Elementos que 
mudam a depender de aspectos culturais e da personalidade do 
próprio indivíduo. Ex: o conteúdo de culpa, religioso ou de 
perseguição de um delírio, de uma alucinação ou de uma ideia 
obsessiva.
Entender os sinais e sintomas é 
fundamental para entender e fazer bem o 
diagnóstico do seu paciente. 
25
Para os transtornos mentais, utilizamos a seguinte semiotécnica: 
entrevista direta com paciente e familiares e demais pessoas com 
quem o paciente convive.
E por que isso? É importante conversar com alguém que convive 
com o paciente porque muitos transtornos são egossintônicos.
 Egossintônico - sentido como parte de si mesmo, como o jeito de 
ser da pessoa. Ex: transtorno da personalidad
 Egodistônico - sentido como estranho. O indivíduo nota uma 
mudança em seu funcionamento. Ex: Depressão. 
Então, tem muitas coisas que precisamos saber e entender para além 
de conhecer todos os diagnósticos, dentro da psicopatologia 
descritiva. 
Além disso, desse processo de avaliação dos sinais e sintomas, 
também precisamos avaliar as funções psíquicas. 
Para chegar nesses sinais e sintomas, temos 
técnicas e procedimentos específicos de 
observação e coleta. 
SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
26
Avaliação das 
funções psíquicas2
As funções psíquicas estão relacionadas a nossa 
forma de captar a realidade e de sermos 
influenciados por ela. 
São as funções psíquicas que integram a vida mental. 

São construtos aproximativos da psicologia e da psicopatologia 

que permitem uma comunicação mais fácil e um melhor 
entendimento dos fatos. 
Além disso, principalmente por questões didáticas, as funções 
psíquicas são divididas em dois tipos
 Funções psíquicas elementares ou básicas: consciência, 
atenção, orientação, vivências do tempo e do espaço, 
sensopercepção, memória, afetividade, vontade, 
psicomotricidade e o agir, pensamento, juízo de realidade e 
linguagem;
 Funções psíquicas compostas ou complexas: o eu/self, 
personalidade, inteligência e cognição social. 
2 Avaliação das 
funções psíquicas
27
Didaticamente falando, fica mais fácil dividir dessa forma, mas é 
importante destacar que as funções psíquicas não são entidades 
separadas umas das outras, com vida própria. 
Elas são um todo integrado da vida mental, que funciona de 
forma integrada, inclusive.
Os transtornos mentais não se tratam 
apenas de agrupamentos de sintomas que 
coexistem. Esses sintomas possuem uma 
ligação estrutural entre si e as funções 
psíquicas fazem parte disso. 
SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
28
Da mesma forma que não existe um sintoma exclusivo para cada 
transtorno, também não há uma função psíquica exclusiva para 
cada disfunção. 


Porém, a depender do transtorno - ou do tipo de transtorno - 
temos uma ou outra, ou várias funções psíquicas que podem estar 
alteradas.
Funções mais afetadas nos 

transtornos psico-orgânico
 Nível de consciência, Atenção (também nos quadros afetivos, 
como na mania), Orientação, Memória, Inteligência, Linguagem 
(também nas psicoses)
Funções mais afetadas nos 

transtornos do humor e da personalidad
 Afetividade, Vontade, Psicomotricidade, Personalidade
Funções mais afetadas nos transtornos psicótico
 Sensopercepção, Pensamento, Juízo de realidade, Vivência do 
eu e alterações do Self
SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
29
E como se avalia essas funções psíquicas?

Existem alguns instrumentos que podem auxiliar, mas essa 
avaliação é feita quase que majoritariamente por entrevista clínica. 
Entre os testes e escalas estão:

Para avaliar 
 Bateria Psicológica para Avaliação da Atenção (BPA)
 Teste de Dígitos (Digit Span ou Extensão de dígitos) das 
baterias WISC-III e WAIS-II
 Teste Stroop - teste livre
 Teste de Bourdon
 Testes de desempenho contínuo – TDC
 CTT: Teste das Trilhas Colorida
 TMT: Teste de Trilhas A e 
 Teste de Cancelamento dos Sino
 Teste FDT (Teste dos Cinco Dígitos
 Teste Stroop (Stroop Test)
atenção
A atenção se refere ao conjunto de 
processos psicológicos que torna o ser 
humano capaz de selecionar, filtrar e 
organizar as informações em unidades 
controláveis e significativas.
30
 Para avaliar 
 Escala de depressão e Ansiedade de Hamilton (HAD
 Escala de Ansiedade de Beck
 Escala Breve de Avaliação Psiquiátrica
 Questionário de Sensações Corporai
 Escala de Medo da Avaliação Negativ
 Escala de avaliação de mania de Young, BDI – 
inventário de depressão de Beck 
afetividade
Para avaliar 
 Subtestes Dígitos e Vocabulário do WISC-IV e do WAIS-II
 Subteste de Memória Lógica da Wechsler Memory Scale 
(WMS) 
 Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey (RAVLT) 
 Subtestes de Memória das baterias CERAD e CAMCOG
 Teste de Retenção Visual de Bento
 Teste Comportamental de Memória de Rivermead
memória
As demais funções psíquicas não contam com tantos instrumentos 
disponíveis, por isso essas 3 foram trazidas a título de exemplo.
A “Afetividade” é um termo 
genérico, que compreende várias 
modalidades de vivências afetivas:

1. Humor ou estado de ânimo

2. Emoções

3. Sentimentos

4. Afetos

5. Paixões
A memória é a capacidade de 
codificar, armazenar e evocar as 
experiências, impressões e fatos 
que ocorrem em nossas vidas. 
Tudo o que a gente aprende na 
nossa existência depende 
intimamente da memória.
31
O que é?
Produzir juízos é uma atividade humana por excelência. Ajuizar quer 
dizer julgar. Todo juízo implica, certamente, um julgamento, que, 
por um lado, é subjetivo, individual e, por outro, social, produzido 
historicamente, em consonância com os determinantes socioculturais.
É por meio dos juízos que o ser humano afirma sua relação com o 
mundo, discerne a verdade do erro, assegura-se da existência ou não 
de um objeto perceptível (juízos de realidade ou de existência), assim 
como distingue uma qualidade de outra (juízos de valor). 
Juízos falsos podem ser produzidos

de inúmeras formas e podem ser ou

não patológicos.  
3Função psíquica 
"Juízo de realidade"
32
Erro simples x delírio
Em psicopatologia, a primeira distinção essencial a se fazer é entre 
o erro simples e as diversas formas de juízos falsos determinados 
por transtornos mentais, sendo a principal delas o delírio. 
O erro se origina da ignorância, do julgar apressado, do uso de 
premissas falsas ou da carência de lógica no pensamento.
Os erros simples são social ou psicologicamente compreensíveis, 
enquanto o delírio tem como característica principal serem 
incompreensíveis. 
Os erros são passíveis de correção pela experiência, pelas provas 
e pelos dados que a realidade oferece, por se aprender a pensar 
com lógica, diferente dos delírios.
33
1. Ideias prevalentesou 
sobrevaloradas
O que são?

As ideias prevalentes são ideias que, por conta da importância 
afetiva que têm para o indivíduo, acabam predominando sobre os 
demais pensamentos. É comum o paciente dizer: “Não consigo 
pensar em outra coisa”.
Alguns exemplos de ideias prevalentes 

ou sobrevaloradas em alguns transtornos

ou alterações patológicas
 Anorexia Nervosa (observa-se também na bulimia)
“Tenho certeza de que estou muito gorda”, 

“Minha barriga está enorme”
 Transtorno Dismórfico Corporal
“Meu nariz é disforme, enorme e muito feio”
 Ansiedade de Doença
: “Estou convencido de que tenho câncer de estômago”
 Ciúmes patológico não delirante
“Tenho certeza de que minha mulher está tendo um caso.”
34
Principais alterações psicopatológicas 
do juízo de realidade
2. O Delírio
O que é?

É a principal alteração do juízo de realidade. Equivale a um 

erro do ajuizar que tem origem no adoecimento mental. 

Ideias delirantes típicas, observadas na prática clínica. 


Por exemplo: 
“Tenho certeza de que meus pais (ou os vizinhos) querem me 
envenenar”, 


“Eu sou a nova divindade que tem poderes para acabar com o 
sofrimento no mundo a hora que quiser”, 


”Implantaram um chip em meu cérebro que comanda meus 
pensamentos”.
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35
Karl Jaspers descreveu três características ou 
indícios externos que, do ponto de vista prático, são 
muito importantes para a identificação clínica do 
delírio:
1. O indivíduo que apresenta o delírio tem convicção 
extraordinária, uma certeza subjetiva praticamente absoluta. 
Sua crença é total; a seu ver, não se pode colocar em dúvida a 
veracidade de seu juízo delirante.
2. É impossível a modificação do delírio pela experiência 
objetiva, por provas explícitas da realidade, por argumentos 
lógicos, plausíveis e aparentemente convincentes. 
3. O delírio é, quase sempre, um juízo falso; seu conteúdo é 
impossível. 


De maneira geral, os delírios podem ser divididos 
em delírio primário e secundário.
Delírio primário ou ideias delirantes verdadeiras

- O delírio primário é psicologicamente incompreensível, não 
tem raízes na experiência psíquica do ser humano sadio; por 
isso, é impenetrável.
O verdadeiro delírio expressa uma quebra 
radical na biografia do sujeito.
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36
As chamadas intuições ou ideias delirantes são as ideias que 
surgem como que a partir do nada, sem nenhuma relação com as 
informações perceptuais. 


Podemos ter, como exemplo, as seguintes afirmações: “o diabo vai 
me pegar”, “o senhor diz que é meu médico e que quer me ajudar, 
mas eu sei que também está com eles”, “tenho certeza de que os 
marcianos pretendem acabar comigo” ou “sei que o mundo está 
para se findar”. 
Delírio secundário, ou ideias deliroides, 

e os delírios compartilhados


- Delírio secundário ou ideias deliroides são aqueles que, apesar de 
absurdos, surgem em decorrência de situações desencadeadoras 
compreensíveis, explicáveis e relacionadas com os fatores que as 
causaram (eventos traumáticos, depressão, mania etc.). Por 
exemplo: ideias de grandeza em pacientes maníacos; ideias de 
culpa, ruína ou perseguição em pacientes deprimidos; ideias 
persecutórias em prisioneiros, refugiados, vítimas de violência etc
Os delírios podem ocorrer eventualmente em mais de uma pessoa. 
São os chamados delírios compartilhados da loucura a dois (folie à 
deux). Nesses casos, em geral há um sujeito realmente psicótico, 
com esquizofrenia ou transtorno delirante, por exemplo, que 
apresenta delírio primário e, ao interagir intimamente com outra 
pessoa influenciável (ou com mais pessoas; folie à trois, à quatre 
etc.), acaba por gerar o delírio em tal pessoa.
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37
Surgimento e evolução do delírio: 

estados pré-delirantes


Em geral, os delírios surgem após um período pré-delirante, 
denominado humor delirante. 
Nesse período, o paciente experimenta aflição e ansiedade intensas, 
sente como se algo terrível estivesse por acontecer, mas não sabe 
exatamente o quê.
Curiosamente, após a revelação do delírio, o indivíduo muitas vezes 
se acalma, como se tivesse encontrado explicação plausível para a 
perplexidade anteriormente inexplicável.
38
a)	Delírios de perseguição

O indivíduo acredita com toda a convicção que é vítima de

um complô e está sendo perseguido, que querem envenená-lo, 

prendê-lo, torturá-lo, matá-lo, prejudicá-lo no trabalho ou na escola, 
desmoralizá-lo, expô-lo ao ridículo ou mesmo enlouquecê-lo.
Exemplo:

“Sei que todas as câmeras da rua e os celulares das

pessoas ficam registrando onde estou. Isso é coisa dos

comunistas que querem me matar!”.
b)	Delírio de referência 

(de alusão ou autorreferência)

O paciente acredita ser o centro das atenções, más intenções e 
conspirações, e de que as pessoas estão sempre voltadas para ele, 
observando-o, fiscalizando-o, falando mal dele, olhando para ele etc. 
Exemplo:

"Eles estão falando de mim."
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Principais tipos de delírio:
39
c)	Delírio de influência ou controle 
(também denominado vivência de 
influência)


O paciente acha que sua mente é manipulada ou influenciada por 
pessoas ou entidades sobrenaturais, frente às quais não pode resistir.

Exemplo: 

Paciente acredita que há uma antena que envia raios que controlam 
seus pensamentos e seus sentimentos. 
d) Delírio de grandeza ou missão 

(ou de enormidade)


O paciente possui convicção delirante de ser superior às 
demais pessoas. Tal superioridade pode ser no âmbito da 
inteligência, beleza, poder, riqueza, talento, linhagem familiar, 
características sobrenaturais e religiosas.
Exemplo:
“Eu inventei o micro-ondas, o telefone celular e a internet. Abdiquei 
do reconhecimento e do dinheiro porque os homens fracos 
precisam mais disso que eu.”
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40
e) 	Delírio religioso ou místico


O paciente acha que foi escolhido por Deus para salvar o mundo 
e proclama que recebe mensagens espirituais das divindades, 
que é o portador da Verdade Revelada por Deus, que é onisciente, 
que pode operar milagres, que está em luta contra o demônio etc.
Exemplo:

"Eu sou o mensageiro do Senhor."
f)	Delírio de ciúmes e de infidelidade


O paciente está absolutamente convencido de que o parceiro 
está tendo ou terá um relacionamento sexual com outra pessoa, 
mesmo sem nenhuma evidência, de tal forma que esta convicção 
se torna elemento essencial na sua vida psíquica. 
Exemplo:

“Eu vejo como ela dá bom dia para o porteiro! Ele até abriu a porta 
para ela! Eu sei que estão me traindo!”
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41
g)	Delírio erótico (erotomania, síndrome 
ou delírio de Clerambault)



Aqui, o indivíduo afirma que uma pessoa, geralmente de destaque 
social ou de grande importância para o paciente, está totalmente 
apaixonada por ele e irá abandonar tudo para que possam

ficar juntos, se casar.
h) 	Delírios de falsa identificação
É quando o paciente acredita que as pessoas com as quais ele 
interagia foram substituídas por duplas ou sósias. Tais sósias o 
estariam enganando e, de modo geral, agindo ou tencionando agir 
contra ele.
Também pode acontecer quando o paciente crê que diferentes 
pessoas de seu ambiente são, de fato, uma só pessoa que muda de 
aparência rapidamente; em geral para lhe causar algum mal.
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i) Delírio de ruína (ou niilista)
Há uma convicção delirante de não ter recursos suficientes para 
sobreviver. O paciente, mesmo dispondo de dinheiro ou bens, acha-
se irremediavelmente arruinado, falido, desgraçado, à beira da 
miséria. Cada perda financeira é vivida como a perda de uma 
parte de si mesmo.
Exemplo:
“Vou perder tudo, não vou ter dinheiro para mais nada. Preciso parar 
o tratamento e sair de casa. Vou morar na rua e virar mendigo.”
j) Delíriode culpa e de autoacusação
Envolve uma convicção delirante de ter feito alguma coisa errada 
e sentir-se culpado por isso.
Exemplo:
“Eu roubei uma caneta no hotel há 20 anos. Tem um mandamento 
na bíblia que proíbe isso! Eu sei que vou para o inferno.”
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k) Delírio hipocondríaco
É uma convicção delirante de estar gravemente doente.
Mesmo com exames provando sua saúde, o paciente se apega à 
certeza da doença, às vezes utilizando probabilidades marginais e 
exceções raríssimas para corroborar sua crença.
Exemplo:

“Não adianta me mostrar os exames de novo! O vírus está aqui, eu 
sei! Esses exames só têm 99% de sensibilidade e especificidade. O 
vírus pode ter mutado ou estar escondido em um linfonodo!”
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44
Como avaliar o delírio e as 
demais alterações do juízo 
de realidade?
Existem perguntas que podem ser feitas numa 
entrevista diagnóstica a fim de investigar e avaliar 
essas alterações.
É importante começar a entrevista com perguntas neutras (idade, 
estado civil, onde mora etc.). Depois de estabelecer esse contato, 
vamos com cuidado “chegando perto” dos delírios. Sempre que o 
paciente relatar o delírio ou algo dele, podemos perguntar “como é 
que você sabe disso?”, “como chegou a essas conclusões?”.
45
Delírios de perseguição: 
Você tem motivos para desconfiar de alguém? Alguém tentou 
prejudicá-lo? Recebeu ameaças? Foi roubado ou enganado? 
Alguém o persegue? Tem inimigos? Insultam-o? Por que motivos? 
Trata-se de um complô, de uma “armação”, de uma máfia? 
Como se comporta sua família em relação a você? Também querem 
prejudicá-lo? E seu cônjuge, confia nele? Também quer prejudicá-lo? 
Quando começou a perseguição e por que motivo? Você está certo 
do que me disse ou acha que podem ser “coisas de sua 
imaginação”? Você não está enganado? Como pensa defender-se 
desses perigos?
Delírios de referência:
Observou se as pessoas falam de você quando conversam? Tem 
notado se, na rua ou em outro lugar, alguém o segue ou espia? 
Alguém faz gestos ou sinais quando você passa? Viu nos jornais ou 
na televisão alguma coisa a seu respeito? Conhece as pessoas que 
fazem essas coisas? Que intenção elas têm?
Entre as perguntas que podem 
ser feitas nesse processo de 
avaliação estão:
46
Delírios de influência:
Já sentiu algo externo influenciando seu corpo? Já recebeu algum 
tipo de mensagem? Alguma força externa influencia ou controla 
seus pensamentos? Já teve a sensação de que alguém ou algo 
pode ler sua mente? Já sentiu que seus pensamentos podem ser 
percebidos ou ouvidos pelos outros? Tem a sensação de que 
controlam seus sentimentos, seu corpo ou suas vontades?
Ideias/delírios de ciúmes:
Você confia no seu cônjuge? Tem motivos para suspeitar de sua 
fidelidade? Tem provas de que o enganou ou o traiu? Como foi que 
começou? Como tem certeza de que o traiu?
Delírios de grandeza:
Sente-se especialmente forte ou capaz? Tem algum talento ou 
alguma habilidade especial? Tem projetos, realizações especiais 
para o futuro? Aumentou ultimamente sua capacidade para o 
trabalho? Observou se uma pessoa importante se interessa por 
você? Você é uma pessoa rica?
Delírios religiosos:
Você é uma pessoa religiosa? Já teve contato ou recebeu 
influências de espíritos ou forças sobrenaturais? Você sente que tem 
uma relação especial com Deus? Teve contato com forças 
sobrenaturais, como espíritos, anjos ou demônios? Já conversou 
com Deus? Já conversou com espíritos?
47
Função psíquica 
"Pensamento"4
O que é?
Pensamento é a interpretação que se faz das situações do 
mundo. Sua constituição é resultado da agregação de:


• conceitos (essência das coisas): elemento estrutural básico do 
pensamento que se forma a partir das percepções e representações. 

O conceito é algo puramente cognitivo, intelectivo, não devendo 
ter qualquer resquício sensorial. Não é possível visualizá-lo, ouvi-lo 
ou senti-lo. Ex: conceito de cadeira, conceito de utilidade.

• juízo (relação entre os conceitos): juízos são afirmações ou negações 
de relações entre conceitos e é através deles que a gente 
determina o que é verdadeiro e o que é falso. Ex: a cadeira é útil.

• raciocínio (relação dos juízos): relaciona conceitos e juízos 
formando uma narrativa ou argumentação.
48
O pensamento está fortemente ligado ao juízo de 
realidade, pois se o juízo de realidade for falho, a 
forma de pensar também estará alterada. 
É importante destacar que:
Erros de pensamento podem acontecer na população sem 
transtornos mentais, como é o caso dos erros e vieses, que são 
comuns e sistemáticos.
O viés de confirmação consiste em uma tendência relativamente 
comum de muitas pessoas em distorcer, de modo inconsciente, os 
dados e as percepções da realidade para confirmar hipóteses 
previamente formuladas no início de um raciocínio.
O viés de salto para as conclusões se verifica quando conclusões 
apressadas, sem base nas evidências factuais, são formuladas com 
grau de certeza incompatível com tais evidências
49
O processo do pensar e 
suas alterações
Uma forma de analisar o pensamento é distinguindo os seguintes 
aspectos do processo de pensar: o curso, a forma (ou estrutura) e o 
conteúdo (ou temática) do pensamento.
O curso do pensamento é o modo como o pensamento flui, sua 
velocidade e seu ritmo ao longo do tempo. 
Já a forma do pensamento é sua estrutura básica, sua arquitetura, 
preenchida pelos mais diversos conteúdos e interesses do 
indivíduo. 
Por sua vez, o conteúdo do pensamento pode ser definido como 
aquilo que lhe dá substância, seus temas predominantes, o 
assunto em si. 
A forma e o curso do pensamento estão diretamente relacionados 
pois muitas vezes a alteração de curso acaba alterando a forma e 
vice-versa.
50
As principais alterações do curso do pensamento são a aceleração, 
a lentificação, o bloqueio e o roubo do pensamento.
Também conhecido como taquipsiquismo, refere-se à aceleração 
do pensamento, com uma ideia se sucedendo à outra 
rapidamente, podendo até ser difícil acompanhar o ritmo do 
indivíduo. 
Também conhecido como bradipsiquismo, corresponde a 
lentificação do pensamento. O discurso pode se tornar tão lento 
que chega a parecer sem sentido, confundindo a avaliação. Há 
certa latência entre as perguntas formuladas e as respostas. 
Há uma interrupção abrupta no fluxo do pensamento ou da fala, 
sem motivo aparente. O paciente relata “eu não consigo pensar por 
que a minha mente para de repente”.
· Aceleração do pensamento
· 	Lentificação do pensamento
· Bloqueio ou interceptação do pensamento
Vale lembrar que situações ansiogênicas e de fadiga podem 
ocasionar bloqueios episódicos, como os famosos “brancos” que 
ocorrem com estudantes em provas ou apresentações, o que não 
representa necessariamente um evento patológico.
Alterações do curso do 
pensamento
51
 Roubo do pensamento
 Alterações da forma do pensamento.
· Afrouxamento das associações
É uma vivência, frequentemente associada ao bloqueio do pensamento, 

onde o indivíduo tem a nítida sensação de que seu pensamento

foi roubado de sua mente, por uma força ou ente estranho, 

por uma máquina, uma antena etc.
As alterações formais incluem: afrouxamento das associações, 
descarrilhamento, dissociação e incoerência do pensamento e 
desagregação do pensamento.
Nesse caso, embora ainda haja lógica entre as ideias, é possível observar o 
afrouxamento dos enlaces associativos. As associações parecem mais 
livres, não tão bem articuladas. 
· Descarrilhamento do pensamento
· Dissociação e incoerência do pensamento
· 	Desagregação do pensamento
Aqui o pensamento passa a se extraviar de seu curso normal, toma 
atalhos, desvios, pensamentos supérfluos, retornando aqui e acolá ao seu 
curso original.
Com o agravamento do processo patológico, o pensamento pode tornar-
se totalmente incoerente e incompreensível. Exemplo: “Ontemà tarde eu 
vim à clínica porque estamos em ano de eleições e o padeiro abre somente 
às oito horas.” 

Nesse caso, há uma profunda e radical perda dos enlaces associativos, total 
perda da coerência do pensamento. Sobram apenas “pedaços” de 
pensamentos, conceitos e ideias fragmentados, muitas vezes 
irreconhecíveis, sem qualquer articulação racional.
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Alterações do conteúdo do 
pensamento
O conteúdo do pensamento é aquilo que preenche a estrutura do 
processo de pensar. A principal alteração do conteúdo do 
pensamento é o delírio. 


A observação clínica indica que os principais conteúdos que 
preenchem os sintomas psicopatológicos são:
1. Persecutórios
2. Depreciativos, de ataque à autoestima
3. De poder, riqueza, grandeza ou missão
4. Religiosos, místicos, mágicos
5. Eróticos, sexuais, de ciúmes
6. De culpa
7. Conteúdos hipocondríacos
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Outras alterações do pensamento 
(incluindo juízo e raciocínio)
 Pensamento mágico
 Pensamento inibido
 Pensamento prolixo
 Pensamento obsessivo
O pensamento mágico (PM) pressupõe que uma relação puramente 
subjetiva de ideias corresponde a uma associação objetiva de fatos. 
Por exemplo: "porque vi um carro batido hoje cedo, concluo que meu 
pai irá morrer atropelado nos próximos dias.
Aqui, ocorre a inibição do raciocínio, com diminuição da velocidade 
e do número de conceitos, juízos e representações utilizados no 
processo de pensar; o pensamento torna-se lento, difícil, rarefeito, 
pouco produtivo à medida que o tempo flui.
Aqui, o indivíduo não consegue chegar a qualquer conclusão sobre o 
tema de que está tratando, a não ser após muito tempo e esforço. O 
paciente dá longas voltas ao redor do tema e mescla, de forma 
imprecisa, o essencial com o supérfluo.
Aqui predominam ideias ou representações que, apesar de terem 
conteúdo absurdo ou repulsivo para o indivíduo, se impõem à 
consciência dele de modo persistente e incontrolável.
54
 Ruminações ou pensamento ruminativo perseverativo
As ruminações são formas de pensamento repetitivo que implicam 
preocupações e pensamentos negativos recorrentes, vivenciados 
de forma passiva. O paciente se fixa em palavras ou informações 
usadas anteriormente que, no contexto atual da conversa, não fazem 
mais sentido.
 Como avaliar o pensamento?
Existem algumas formas de avaliar o pensamento e uma delas é 
conduzindo a entrevista com perguntas específicas.
Perguntas para verificar o desenvolvimento e a estrutura global do 
pensamento:
· 	Que diferença há entre a mão e o pé? Entre o boi e o cavalo? Entre a 
água e o gelo? E entre o cristal e a madeira?
· 	Entre 1 kg de chumbo e 1 kg de palha, o que pesa mais? Que diferença 
há entre falar uma coisa errada e dizer uma mentira? E entre a 
admiração e a inveja? E entre ser uma pessoa econômica e ser uma 
pessoa mesquinha, um “pão-duro”?
· 	Que semelhanças há entre o carro, o trem e o avião?
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55
Ao longo da entrevista, verificar o curso do 
pensamento:
Como flui o pensamento do paciente, seu curso (velocidade, ritmo), 
forma e conteúdos? O pensamento é lento e difícil ou rápido e fácil? 
O raciocínio alcança seu objetivo, chega a um ponto final, ou fica 
“orbitando” em temas secundários?
Verificar as formas e os tipos de pensamentos:
O pensamento é coerente e bem compreensível? Ou é vago, com 
trechos incompreensíveis? O pensamento é predominantemente 
incompreensível, muito incoerente? Há associações por 
assonância? Há fuga de ideias? 
É concreto ou revela capacidade de abstração e uso de símbolos e 
categorias de generalização? O pensamento respeita a realidade ou 
segue os desígnios dos desejos e temores do paciente?
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Os 3 eixos da 
psicopatologia5
A psicopatologia tem eixos e, com isso, diferentes formas 
de ver os transtornos mentais. São 3 os eixos principais
Não trabalha com a ideia de diagnóstico, estuda o “fenômeno”. 

Seu principal divulgador e estudioso foi Karl Jaspers que seguia o 
método fenomenológico de investigação e descrição dos fenômenos 
tal como a consciência os percebe, excluindo toda teorização sobre 
sua causa. A psicopatologia fenomenológica seria uma vertente 
sem classificações.
 Psicopatologia Fenomenológica
57
 Psicopatologia Psicodinâmica
A Psicodinâmica é uma abordagem da psicologia que está 
diretamente ligada às teorias trabalhadas pela Teoria Psicanalítica. 
Essa abordagem trabalha os conflitos que estão no nosso 
inconsciente. 
Freud foi seu criador e principal divulgador. Atualmente a psicanálise 
não é considerada ciência e a psicopatologia psicodinâmica tem sido 
cada vez mais abandonada.
Para a psicopatologia psicodinâmica interessa o conteúdo das 
vivências, os movimentos internos de afetos, desejos e temores do 
indivíduo, sua experiência particular, pessoal, singular, não 
necessariamente classificável em sintomas previamente descritos.
As causas para os transtornos mentais estariam no passado do 
indivíduo, na sua história de vida, nos seus vínculos 

parentais e traumas.
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58
Modelo atual, aceito desde 1980 com a chegada do DSM 3, e tem 
como precursor Kraepelin que se opunha às ideias de Freud. 
Para a psicopatologia descritiva, interessa fundamentalmente a 
descrição das formas de alterações psíquicas, as estruturas dos 
sintomas, aquilo que caracteriza e descreve a vivência patológica 
como sintoma mais ou menos típico.
Essa psicopatologia se baseia em um método de classificação 
pautado na nosologia e entende que a causa de todos os 
transtornos mentais é de origem multifatorial, possuindo 

influência genética, biológica, ambiental, familiar e personalidade. 
 Psicopatologia Descritiva

ou Ateórica
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59
O que é um 
transtorno mental?6
Atualmente, o DSM-5-TR define transtorno mental como um 
conjunto de sinais e sintomas caracterizado por perturbação 
clinicamente significativa na cognição, regulação emocional ou 
comportamento de um indivíduo que reflete uma disfunção nos 
processos psicológicos, biológicos ou de desenvolvimento 
subjacentes ao funcionamento mental.
Os transtornos mentais também são frequentemente associados a 
sofrimento ou incapacidade significativos que afetam atividades 
sociais, profissionais ou outras atividades importantes. 
60
Qual a causa do 
transtorno mental?7
Encontrar a causa para um transtorno mental parece ser a busca 
daqueles que recebem o diagnóstico de um. Será que foi o trauma 
que passou na infância? Ou aquela experiência constrangedora na 
adolescência? 
Hoje já é muito definido na literatura que a causa de todo transtorno 
mental é multifatorial. Ou seja, é uma somatória de fatores que 
contribuem para que o transtorno se manifeste na vida do indivíduo. 
Não falamos em relação de causa e efeito quando se trata de 
transtorno mental pois o processo não é tão simples assim. 
Fica mais fácil entender a causa multifatorial de um transtorno mental 
quando entendemos a diferença entre correlação e causalidade. A 
correlação é um dado estatístico e não é um dado suficiente para 
estabelecer causalidade. Correlação é o que o senso comum chama 
de coincidência. Podemos dizer que ser assaltado tem correlação 
com o diagnóstico de TEPT, mas não podemos dizer que é a causa 
dele, pois se assim o fosse, todas as pessoas que fossem assaltadas 
teriam o diagnóstico de TEPT e não é o que acontece, correto?
Estamos sempre em busca de uma resposta 
quantitativa para um problema que é qualitativo. 
61
Para provar a causalidade a gente precisa de muitos estudos 
científicos, especialmente ensaios clínicos randomizados. Apenas	
métodos	científicos mais	rigorosos	podem	atribuir	causalidade. 
O problema é que as relações causais unilaterais e unifatoriais são 
raras na psiquiatria, por issoa multifatorialidade é a teoria mais aceita 
dentro da Psicopatologia. 
O que significa essa multifatorialidade 

do transtorno mental?
Significa que muitos aspectos estão por trás da manifestação de 
um transtorno mental. E um deles são os aspectos biológicos e 
genéticos. Evidências crescentes mostram que nós herdamos uma 
tendência a sermos tensos, irritados e ansiosos. Contudo, uma 
vulnerabilidade genética não “causa” ansiedade ou pânico 
diretamente. Ou seja, acontecimentos estressantes e outros fatores 
no ambiente podem “ativar” esses genes e desencadear 
vulnerabilidades psicológicas e biológicas para a ansiedade. 
Para a psicopatologia ateórica a união de inúmeros fatores junto a 
um ambiente desfavorável pode desencadear um transtorno 
mental. Que é o que chamamos de causa multifatorial. 
Lembre-se: “achados extraordinários 
requerem feitos extraordinários”. 
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62
Modelo da tripla 
vulnerabilidade 8
O modelo da tripla vulnerabilidade é a 

teoria do desenvolvimento dos transtornos mentais

mais aceita e envolve
 Genétic
 Vulnerabilidade psicológica - aspectos da personalidad
 Componente psicológico específico - trauma, abandono, abuso
De acordo com a teoria criada por David H. Barlow, certas 
predisposições podem influenciar na vulnerabilidade de uma 
pessoa ao medo, por exemplo. Ainda segundo essa linha de 
pensamento, a soma desses tipos de vulnerabilidade é um fator que 
ajudaria a contribuir para o desenvolvimento do transtorno de pânico, 
por exemplo. O modelo da tripla vulnerabilidade do pânico ficaria assim:
 Vulnerabilidade biológica: quando a ansiedade e o afeto negativo 
são herdados como características genéticas - pai ou mãe com 
essas características.
 Vulnerabilidade psicológica: quando alguma experiência 
vivenciada durante o desenvolvimento da pessoa leva a sensações 
que fogem ao seu controle, associado a fatores de personalidade
 Vulnerabilidade ambiental: quando a pessoa possui sensações 
derivadas de uma impressão constante de ameaça e perigo.
psicólogo americano 
e professor na 
Universidade de 
Boston
63
Sendo assim, se uma pessoa está sob grande pressão, 
particularmente de estressores interpessoais, determinado estressor 
pode ativar suas tendências biológicas de ser ansioso e suas 
tendências psicológicas de sentir que não é capaz de administrar a 
situação e de controlar o estresse.
Então, sabemos que a causa dos transtornos mentais é uma causa de 
múltiplos fatores - multifatorial. Mas em todos os transtornos todos os 
fatores têm o mesmo peso? Genética, ambiente, história de vida e 
personalidade determinam cada transtorno da mesma forma? Hoje 
sabemos que não. Fatores diferentes têm pesos diferentes para 
cada transtorno. 

Por exemplo:
Nos transtornos alimentares temos uma influência genética, mas as 
pressões do ambiente parecem ser bastante determinantes. 
No transtorno de personalidade antissocial entende-se que os 
fatores genéticos podem apresentar vulnerabilidade, porém, o 
desenvolvimento da criminalidade pode requerer fatores ambientais, 
como falta de contato de boa qualidade na infância com pais 
biológicos ou substitutos - ou ambientes invalidantes como 
chamamos hoje na psicologia. 
Outro exemplo dos diferentes pesos da genética e ambiente é na 
esquizofrenia. A esquizofrenia é um dos transtornos mais biológicos 
que existem. Como sabemos disso? Com estudo de gêmeos 
idênticos. Se o ambiente fosse exclusivamente responsável pela 
esquizofrenia, esperaríamos pouca diferença entre gêmeos idênticos 
e fraternos com relação a esse transtorno.
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64
Caso apenas os fatores genéticos fossem relevantes, ambos os 
gêmeos idênticos sempre teriam esquizofrenia (seriam concordantes) 
e os gêmeos fraternos apresentariam o transtorno 50% do tempo. 
A pesquisa dos estudos sobre gêmeos indica que a verdade está em 
algum lugar entre essas duas possibilidades.
Então, podemos seguramente fazer uma 
generalização: os genes são responsáveis por 
tornar alguns indivíduos vulneráveis à 
esquizofrenia. 
O TDAH é considerado altamente influenciado pela genética. 
Influências ambientais desempenham um papel relativamente 
pequeno no transtorno, quando comparadas a muitos outros - 
como depressão e ansiedade que tem influência mais forte do 
ambiente e de fatores psicológicos. 
Na depressão, por exemplo, as melhores estimativas das 
contribuições genéticas para a depressão alcançam 
aproximadamente 40% para mulheres, mas parecem ser 
significativamente menores para os homens (por volta de 20%). 
Isso significa que 60% a 80% das causas de depressão podem 
ser atribuídas a fatores ambientais.
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65
Existe cura para o 
transtorno mental?
9
Não falamos em cura de transtorno mental, pois não podemos 
garantir que os sintomas não reaparecerão. Em saúde mental falamos 
em remissão de sintomas e isso não significa que o transtorno sumiu, 
significa que houve um retorno à funcionalidade. 
Quando falamos em remissão total, estamos falando em torno de 70% 
de melhora. Quando falamos em remissão parcial, em torno de 50%. 
Quanto de remissão podemos esperar

nos principais transtornos?
Isso vai depender do tipo de transtorno, pois dependendo da sua 
categoria o prognóstico é melhor ou pior.
 Transtornos Episódicos, como transtornos depressivos e 
transtornos de ansiedade, possuem o ambiente como o fator 
desencadeante principal. Nos transtornos episódicos é mais fácil 
falar em remissão total
 Transtornos Crônicos, como a esquizofrenia e o transtorno 
bipolar, possuem uma base genética significativa e nenhum 
tratamento inibe essa questão genética e biológica. Podemos falar 
em remissão desses transtornos, mas o tratamento 
medicamentoso não será interrompido. Mesmo que a remissão 
não seja total podemos falar em retorno a funcionalidade.
Remissão significa retorno à funcionalidade. 
66
Transtornos do Neurodesenvolvimento, como o TDAH e o TEA, 
são os transtornos com os quais já se nasce com. A genética é 
preponderante e o ambiente pode contribuir para uma 
expressão fenotípica mais grave ou menos grave. A remissão 
total é mais difícil nesses casos.
Transtornos Degenerativos, como o Alzheimer, uma vez 
iniciado o processo degenerativo não regride.
Entender todos os aspectos apresentados nesta aula é fundamental 
para que você seja capaz de avaliar o seu paciente corretamente e 
oferecer a ele a melhor intervenção disponível para a sua demanda. 
Psicopatologia não se resume a conjunto de sinais e sintomas, 
como ficou claro. Por isso precisamos estudar e nos aprofundar nesta 
área do conhecimento a fim de não reproduzirmos erros antigos ou 
nos mantermos apegados a modelos obsoletos. 
SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
67
Introdução ao 
em Saúde Mental 
(DSM-5-TR)
Manual 
Diagnóstico ATUAL
E S P E C I A L 5 A N O S
AULA 3
68
O que você vai
encontrar nessa aula:
SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
Qual a implicação do DSM-5-TR

na sua prática clínica? 
Definição de transtorno mental 
Divisão do DSM-5-TR
Categorias diagnósticas do DSM-5-TR
Estrutura de apresentação dos transtornos
Outras seções importantes do DSM
Diferença entre traço e transtorno
Principais mudanças trazidas pelo DSM-5-TR
Instrumentos de avaliação
1
2
3
4
5
6
7
8
9
69
No contexto da prática clínica em saúde mental, o Manual 
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) 
desempenha um papel crucial. A versão mais recente, o DSM-5-TR, 
tornou-se o padrão de referência a partir de janeiro de 2023, 
substituindo as versões anteriores. Para os profissionais que 
desejam manter-se atualizados, é essencial dominar as mudanças e 
atualizações dessa nova edição.
Lembre-se…

Após o lançamento do DSM-5-TR, as edições anteriores 
tornaram-se obsoletas.  
Qual a implicação do 
DSM-5-TR na sua 
prática clínica?
1
70Definição de 
transtorno mental2
Retomando a definição de transtorno mental trazida pelo DSM:
Um transtorno mental é uma síndrome caracterizada por uma 
perturbação clinicamente significativa na cognição, regulação 
emocional ou comportamento de um indivíduo, refletindo uma 
disfunção nos processos psicológicos, biológicos ou de 
desenvolvimento subjacentes ao funcionamento mental. 
Geralmente, esses transtornos estão associados a um sofrimento 
significativo ou incapacidade em atividades sociais, 
ocupacionais ou outras atividades importantes. No entanto, uma 
resposta previsível ou culturalmente aprovada a um estressor 
comum ou perda não é considerada um transtorno mental.
É fundamental destacar que comportamentos socialmente 
desviantes ou conflitos entre o indivíduo e a sociedade não são 
classificados como transtornos mentais, a menos que resultem de 
uma disfunção no indivíduo, conforme descrito acima.
71
SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
Cada transtorno identificado no Manual deve atender a essa definição. 
Embora nenhuma definição seja capaz de abranger todos os aspectos dos 
transtornos contidos no DSM, alguns elementos são essenciais
 a definição caracteriza um transtorno mental como causador de um 
distúrbio clinicamente significativo em vários domínios, resultando em 
sofrimento ou prejuízo. Por vezes, o prejuízo pode ser evidente, 
mesmo que o sofrimento não seja percebido pelo indivíduo 
afetado
 a disfunção identificada é atribuída aos distúrbios subjacentes nos 
processos psicológicos, biológicos ou do desenvolvimento 
subjacentes ao funcionamento mental, requerendo uma avaliação 
abrangente desses processos
 a definição exclui disfunções esperadas ou culturalmente 
aceitáveis, como tristeza temporária após a perda de um ente querido
 a disfunção não é considerada um transtorno mental se decorrer 
de um desentendimento entre o indivíduo e sua cultura mais 
ampla.
Lembre-se: o diagnóstico não se resume apenas aos critérios do DSM.
72
Divisão do

DSM-5-TR 3
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5-
TR) é organizado em três seções principais:
Seção I: essa parte fornece informações introdutórias sobre o 
DSM-5-TR, incluindo instruções sobre o uso do manual e 
considerações importantes. Aqui, são apresentadas orientações 
gerais, juntamente com advertências sobre o uso responsável do 
DSM. Além disso, são fornecidos alertas específicos para questões 
forenses, destacando que as informações diagnósticas do DSM 
devem ser utilizadas com cautela nesses contextos, devido ao risco 
de interpretações inadequadas.
Seção II: essa seção é dedicada à apresentação dos transtornos 
mentais, organizados em grupos e capítulos com base em 
semelhanças e estágios do ciclo de vida, começando na infância 
com os transtornos do neurodesenvolvimento e terminando na 
velhice com os transtornos neurodegenerativos. O DSM-5-TR inclui 
mais de 300 diagnósticos distribuídos em 19 categorias 
diagnósticas nessa seção.
Seção III: aqui são apresentados instrumentos de avaliação e 
modelos emergentes, como o modelo alternativo para os 
Transtornos de Personalidade, que é totalmente dimensional.
73
Categoria 1:
Transtornos do 
Neurodesenvolvimento
Os Transtornos do Neurodesenvolvimento são condições 
com início no período do desenvolvimento e podem afetar o 
funcionamento pessoal, acadêmico ou profissional. Eles se 
manifestam precocemente, em geral antes de a criança 
ingressar na escola. 

Esses transtornos podem variar desde dificuldades específicas 
de aprendizado até déficits mais amplos em habilidades sociais e 
intelectuais. 
Nessa categoria, estão incluídos:
 Transtorno do Desenvolvimento Intelectua
 Transtornos da Comunicação
 Transtorno do Espectro Autista (TEA
 Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH
 Transtorno Específico da Aprendizage
 Transtornos Motores
74
Categoria 2:

Espectro da Esquizofrenia

e Outros Transtornos Psicóticos
Essa categoria engloba transtornos caracterizados por 
anormalidades em um ou mais dos cinco domínios: (1) delírios, (2) 
alucinações, (3) pensamento (discurso) desorganizado, (4) 
comportamento motor grosseiramente desorganizado ou 
anormal (incluindo catatonia) e (5) sintomas negativos. 
Nessa categoria, estão incluídos:
 Transtorno Delirant
 Transtorno Psicótico Brev
 Transtorno Esquizofreniform
 Esquizofrenia
 Transtorno Esquizoafetivo
Observação: é importante mencionar que o Espectro da 
Esquizofrenia e Outros Transtornos Psicóticos inclui o Transtorno 
da Personalidade Esquizotípica. Esse transtorno é incluído neste 
capítulo do DSM porque é considerado parte do Espectro da 
Esquizofrenia, mas sua descrição completa está no capítulo 
"Transtornos da Personalidade”. 
75
Categoria 3: Transtorno Bipolar e 
Transtornos Relacionados
A posição dos transtornos dessa categoria representa uma ponte 
(em termos de sintomatologia, história familiar e genética) entre o 
Espectro da Esquizofrenia e Outros Transtornos Psicóticos e os 
Transtornos Depressivos. 
Nessa categoria, estão incluídos:
 Transtorno Bipolar Tipo 
 Transtorno Bipolar Tipo 
 Transtorno Ciclotímic
 Transtorno Bipolar Induzido por Substâncias
Categoria 4: Transtornos 
Depressivos
A caraterística comum desses transtornos é a presença de

vazio, humor triste ou irritável, acompanhado de alterações 
somáticas e cognitivas que afetam significativamente a 
capacidade de funcionamento do indivíduo. O que difere entre 
eles são os aspectos de duração, principalmente.

Nessa categoria, estão incluídos:
 Transtorno Disruptivo da Desregulação do Humo
 Transtorno Depressivo Maior
 Transtorno Depressivo Persistent
 Transtorno Disfórico Pré-menstrua
 Transtorno Depressivo Induzido por Substância/Medicamento
76
Categoria 5:
Transtornos de Ansiedade
 
Os Transtornos de Ansiedade são marcados pela presença de 
ansiedade excessiva ou persistente, afetando várias áreas da 
vida do indivíduo. Além disso, estão associados a prejuízos sociais, 
ocupacionais ou em outras áreas do funcionamento.
 Nessa categoria, estão incluídos:
 Transtorno de Ansiedade de Separaçã
 Mutismo Seletiv
 Fobia Específic
 Transtorno de Ansiedade Social
 Transtorno do Pânic
 Agorafobi
 Transtorno de Ansiedade Generalizada
 Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância ou 
Medicamento
77
Categoria 6:

Transtorno Obsessivo-
Compulsivo e Relacionados
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo e Transtornos Relacionados 
compartilham comportamentos repetitivos e compulsivos e, 
por isso, foram agrupados na mesma categoria. Eles estão 
localizados logo após os Transtornos de Ansiedade devido ao 
componente de ansiedade presente nos transtornos

dessa categoria. 
Nessa categoria, estão incluídos:
 Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC
 Transtorno Dismórfico Corpora
 Transtorno de Acumulaçã
 Tricotilomania
 Transtorno de Escoriação (skin-picking
 Outro Transtorno Obsessivo-Compulsivo e Transtorno 
Relacionado Especificado
 Transtorno Obsessivo-Compulsivo e Transtorno Relacionado 
Não Especificado
78
Categoria 7:

Transtornos Relacionados

a Trauma e a Estressores
Os Transtornos Relacionados a Trauma e a Estressores compartilham 
uma característica: apresentam um evento estressante 
desencadeante seguido por respostas emocionais intensas.
Nessa categoria, estão incluídos:
 Transtorno de Apego Reativ
 Transtorno da Interação Social Desinibid
 Transtorno do Estresse Pós-traumátic
 Transtorno de Estresse Agud
 Transtornos de Adaptação
 Transtorno do Luto Prolongado
Categoria 8:
Transtornos Dissociativos
Os Transtornos Dissociativos são caracterizados por 
perturbação e/ou descontinuidade da integração normal 
de consciência, memória, identidade, emoção, percepção, 
representação corporal, controle motor e comportamento. 
Nessa categoria, estão incluídos:
 Transtorno Dissociativo de Identidad
 Amnésia Dissociativ
 Transtorno deDespersonalização/Desrealização
79
Categoria 9: Transtorno de 
Sintomas Somáticos e Relacionados
Os transtornos dessa categoria compartilham um aspecto em

comum: a proeminência de sintomas somáticos associados a 
sofrimento e prejuízo significativos. 

Nessa categoria, estão incluídos:  
 Transtorno de Sintomas Somáticos
 Transtorno de Ansiedade de Doença
 Fatores Psicológicos que Afetam outras Condições Médicas
 Transtorno de Sintomas Neurológicos Funcionais
 Transtorno Factício 
Categoria 10: Transtornos 
Alimentares
Os Transtornos Alimentares são caracterizados por uma 
perturbação persistente na alimentação ou no comportamento 
alimentar, resultando em consumo ou absorção alterada de 
alimentos, comprometendo significativamente a saúde física

ou o funcionamento psicossocial do indivíduo. 

Nessa categoria, estão incluídos: 
 Pic
 Transtorno de Ruminaçã
 Transtorno Alimentar Restritivo/Evitativ
 Anorexia Nervos
 Bulimia Nervos
 Transtorno de Compulsão Alimentar
80
Nessa categoria, estão incluídos:
 Transtorno de Insôni
 Transtorno de Hipersonolênci
 Narcolepsi
 Transtornos do Sono Relacionados à Respiraçã
 Transtorno do Sono-Vigília do Ritmo Circadian
 Transtornos de Despertar do Sono Não REM (NREM
 Transtorno do Pesadel
 Transtorno Comportamental do Sono RE
 Síndrome das Pernas Inquieta
 Transtorno do Sono Induzido por Substância/Medicamento 
Categoria 11:

Transtornos da Eliminação
Categoria 12: 

Transtornos do Sono-Vigília
Os Transtornos da Eliminação envolvem a eliminação inapropriada

de urina ou fezes e geralmente são diagnosticados pela primeira

vez na infância ou na adolescência. 

Nessa categoria, estão incluídos:
 Enures
 Encoprese 

Os Transtornos do Sono-Vigília abrangem uma variedade de condições que 
afetam o sono e a vigília. Geralmente, os indivíduos com esses tipos de 
transtorno apresentam queixas de insatisfação envolvendo a qualidade, o 
tempo e a quantidade de sono. O sofrimento e o prejuízo resultantes durante o 
dia são características centrais compartilhadas por todos esses transtornos.
81
Categoria 13: Disfunções Sexuais 
As Disfunções Sexuais abrangem uma variedade de transtornos 
nos quais os indivíduos enfrentam dificuldades em alcançar um 
desempenho sexual. 

Nessa categoria, estão incluídos:
 Ejaculação Retardad
 Transtorno Eréti
 Transtorno do Orgasmo Feminin
 Transtorno do Interesse/Excitação Sexual Feminin
 Transtorno da Dor Gênito-Pélvica/Penetraçã
 Transtorno do Desejo Sexual Masculino Hipoativ
 Ejaculação Prematura
 Disfunção Sexual Induzida por Substância/Medicament
 Outra Disfunção Sexual Especificada e Não Especificada

Categoria 14: Disforia de Gênero 
O termo Disforia de Gênero foi incluído no DSM-5 de 2013, 
substituindo o termo “transtorno de identidade de gênero", usado 
anteriormente no DSM-IV. A mudança da terminologia reflete um 
foco na disforia como um problema clínico, em oposição a 
identidade de gênero em si. 

Nessa categoria, está incluída
 Disforia de Gênero (em crianças e adolescentes e adultos)
82
Categoria 15: Transtornos 
Disruptivos do Controle de 
Impulsos e da Conduta 
Os transtornos dessa categoria são caracterizados pela

falha repetida em resistir, pelo menos em curto prazo, a um 
impulso, necessidade ou desejo de realizar um ato que seja 
recompensador, apesar das consequências, que geralmente 
causam sofrimento e prejuízos significativos no funcionamento. 

Nessa categoria, estão incluídos:
 Transtorno da Oposição Desafiant
 Transtorno Explosivo Intermitent
 Piromani
 Cleptomania
83
Categoria 16: Transtornos 
Relacionados a Substâncias e 
Transtornos Aditivos


Os Transtornos Relacionados a Substâncias e Transtornos Aditivos 
abrangem uma ampla variedade de condições associadas ao 
abuso de drogas e outras substâncias, utilizadas pelas pessoas 
para alterar seu modo de pensar, sentir e se comportar. 
Além dos transtornos relacionados a substâncias, este capítulo 
também inclui o Transtorno do Jogo, pois os comportamentos de 
jogo ativam sistemas de recompensa semelhantes aos ativados por 
drogas de abuso e produzem alguns sintomas comportamentais 
que podem ser comparados aos produzidos pelos Transtornos por 
Uso de Substância. 

Nessa categoria, estão incluídos:
 Álcoo
 Cafeín
 Cannabi
 Alucinógeno
 Inalante
 Opioide
 Ansiolítico
 Estimulantes (anfetamina, cocaína
 Tabaco e outras substâncias
84
Categoria 17: Transtornos 
Neurocognitivos
Os Transtornos Neurocognitivos (TNCs) englobam uma variedade de 
condições em que o déficit clínico primário está na função cognitiva, 
sendo transtornos adquiridos em vez de transtornos do desenvolvimento. 
Nessa categoria, estão incluídas duas classes de Transtornos Cognitivos:
 Delirium: uma condição frequentemente temporária na qual se apresentam 
a confusão e a desorientação;
 Transtorno Neurocognitivo Maior ou Leve: uma condição progressiva 
marcada pela deterioração gradual de uma série de capacidades 
cognitivas. 
Dentro da classe de Transtornos Neurocognitivos Maiores ou Leves, temos 
os seguintes subtipos:
 Transtorno Neurocognitivo Maiores ou Leve
 Transtorno Neurocognitivo Maior ou Leve Devido a Doença de Alzheime
 Transtorno  Neurocognitivo Vascular Maior ou Lev
 Transtorno Neurocognitivo Maior ou Leve Devido a Doença de Parkinson
 Transtorno Neurocognitivo Maior ou Leve Devido a Doença de Huntingto
 Transtorno Neurocognitivo Maior ou Leve Devido a Doença Corpos de Lev
 Transtorno Neurocognitivo Maior ou Leve Devido a Doença Devido a 
Infecção por HI
 Transtorno Neurocognitivo Maior ou Leve Devido a Lesão Cerebral 
Traumátic
 Transtorno Neurocognitivo Maior ou Leve Devido a Doença de Príon. 
85
A partir daqui o DSM sai da ordem do curso de ciclo 
vital, pois não se tem um consenso exato de que fase da 
vida esses transtornos podem aparecer (adolescência 
ou vida adulta). Assim, o DSM deixa Transtornos da 
Personalidade e Parafílicos para o final
Categoria 18:
Transtornos da Personalidade
Um Transtorno da Personalidade é um padrão persistente

de emoções, cognições e comportamentos, difuso e inflexível, 
resultando em um sofrimento emocional duradouro

para a pessoa afetada e/ou para outros

e pode causar dificuldades no trabalho 

e nos relacionamentos. 

Nessa categoria, estão incluídos: 
O grupo A, conhecido como o grupo dos esquisitos ou excêntricos, que inclui
 Transtornos da Personalidade Paranoid
 Transtornos da Personalidade Esquizoid
 Transtornos da Personalidade Esquizotípica
O grupo B, conhecido como o grupo das pessoas que se mostram dramáticas, 
emotivas ou imprevisíveis, que inclui
 Transtornos da Personalidade Antissocia
 Transtornos da Personalidade Borderlin
 Transtornos da Personalidade Histriônic
 Transtornos da Personalidade Narcisista
O grupo C, conhecido como o grupo dos ansiosos ou medrosos, que inclui
 Transtornos da Personalidade Evitativ
 Transtornos da Personalidade Dependent
 Transtornos da Personalidade Obsessivo-Compulsiva
Observação: na Seção III do DSM, quase no final do manual, você vai encontrar o modelo 
alternativo para os Transtornos de Personalidade. É um modelo de personalidade 
totalmente dimensional baseado nos fatores de personalidade ou Big Five, 

como costuma ser mais conhecido.
86
Categoria 19:
Transtornos Parafílicos 
Os Transtornos Parafílicos estão associados a comportamentos 
sexuais atípicos que podem ser prejudiciais para o indivíduo ou 
para os outros. 
Nessa categoria, estão incluídos:
 Voyeurism
 Exibicionism
 Frotteurism
 Masoquismo Sexua
 Sadismo Sexua
 Pedofili
 Fetichism
 Transtorno Transvéstico
87
Estrutura de 
apresentação dos 
transtornos6
A seção II do DSM é a mais longa pois é nela 
que todos os transtornos mentais, de todas as 
categorias diagnósticas, são apresentados. 
Em termos de estrutura para apresentação dos transtornos da 
seção II, o DSM se divide em três componentes principais: a 
classificação diagnóstica, os conjuntos de critérios diagnósticos 
e o texto descritivo.88
Cada diagnóstico do DSM possui um código de diagnóstico 
derivado do sistema de codificação usado por todos os 
profissionais de saúde, conhecido como Classificação 
Internacional de Doenças (CID).
1. Classificação 
diagnóstica
SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
89
Para cada transtorno incluído no DSM, um conjunto de critérios 
diagnósticos indica os sintomas que devem estar presentes (e por 
quanto tempo). 
Embora esses critérios ajudem a aumentar a confiabilidade 
diagnóstica (ou seja, a probabilidade de dois profissionais 
chegarem ao mesmo diagnóstico ao avaliar um paciente), é 
importante lembrar que esses critérios devem ser usados ​​por 
profissionais treinados usando julgamento clínico; eles não devem 
ser usados ​​pelo público em geral.
Após a avaliação dos critérios diagnósticos, os clínicos devem 
considerar a aplicação de subtipos de transtornos e/ou 
especificadores, conforme apropriado.
Quando aplicáveis, critérios específicos para definir a gravidade do 
transtorno (p. ex., leve, moderada, grave, extrema), características 
descritivas (p. ex., com insight bom ou razoável; em ambiente 
protegido) e curso (p. ex., em remissão parcial, em remissão 
completa, recorrente) são fornecidos com cada diagnóstico.
2. Conjuntos

de critérios diagnósticos
SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
90
O texto descritivo fornece informações contextuais para auxiliar 
na tomada de decisão diagnóstica e aparece imediatamente 
após os critérios diagnósticos de cada transtorno, descrevendo o 
transtorno sistematicamente. 
Faz parte do texto descritivo: as características diagnósticas, a 
prevalência, desenvolvimento e curso, comorbidades etc. 
3. Texto descritivo
SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
91
Outras seções 
importantes do DSM
7
Uma seção importante que o DSM traz para a maioria dos transtornos 
é a seção de subtipos e especificadores, que servem para 
aumentar a especificidade do diagnóstico. 
Os subtipos são indicados pela instrução "Determinar" no conjunto de 
critérios (p. ex., em anorexia nervosa, determinar se tipo restritivo ou 
tipo com compulsão alimentar purgativa). 
Em contrapartida, especificadores não têm o propósito de ser 
mutuamente excludentes ou coletivamente exaustivos, por isso mais de 
um especificador pode ser aplicado a um determinado diagnóstico.
Os especificadores (diferentemente dos subtipos) são indicados pela 
instrução "Especificar se"  (p. ex., no transtorno de ansiedade social, 
"Especificar se: somente desempenho") e também servem para indicar 
gravidade. 
Em resumo: podemos ter especificadores e subtipos tanto para 
acrescentar alguma característica para aquele transtorno (exemplo: 
com sintomas ansiosos - o que diminui um pouco as comorbidades) 
como também para especificar a gravidade dos transtornos.
92
Outra seção é a de Transtornos Mentais 
Especificados e Não Especificados, que costuma 
levantar muita dúvida. 
Essa seção serve para apresentações que não se encaixam 
exatamente nos limites diagnósticos dos transtornos em cada 
capítulo. 
Utilizamos "Transtorno Mental Especificado" quando o clínico sabe 
especificar o motivo pelo qual os critérios para tal transtorno não 
foram satisfeitos e "Transtorno Mental Não Especificado" quando o 
clínico não sabe especificar ou optou por não especificar o motivo 
pelo qual os critérios para tal transtorno não foram satisfeitos.
93
Diferença entre 
traço e transtorno
8
Fechar critérios para um transtorno mental não é simples, por 
isso não é a maioria das pessoas que possui um transtorno. Contudo, 
em contrapartida, um número maior de pessoas possui traços de 
alguns transtornos que, mesmo não sendo suficientes para um 
diagnóstico, costumam ser suficientes para causar sofrimento e 
prejuízos, pois a lógica do transtorno se aplica ao traço.
Um exemplo são os traços de personalidade que são padrões 
persistentes de percepção, de relacionamento e de pensamento 
sobre o ambiente e si mesmo que são exibidos em uma ampla 
variedade de contextos sociais e pessoais. 
Os traços de personalidade constituem transtornos da 
personalidade somente quando são inflexíveis e mal-adaptativos, 
causando prejuízo funcional ou sofrimento subjetivo 
significativos. Percebe a diferença entre traço e transtorno? 
Você pode possuir traço da personalidade dependente e não ter 
todos os critérios suficientes para um Transtorno da Personalidade 
Dependente. 
94
Essa ideia de traço vem do modelo dimensional que tem sido 
estudado há muito tempo - desde 1999 -  e se baseia na ideia de 
que podemos descrever o ser humano a partir de um número 
de dimensões nas quais as pessoas se distribuem numa curva 
normal (em forma de sino). 
Traços ou dimensões são encontrados em variados graus entre 
as pessoas e descrevem a frequência de comportamentos que 
expressam tais disposições ao longo do tempo na vida do 
indivíduo, ou seja, operam em bases probabilísticas: as pessoas 
variam de estatura baixa a alta, por exemplo, com a maior parte 
situada no meio da curva. 
95
Principais 
mudanças trazidas 
pelo DSM-5-TR
9
O DSM-5-TR é a primeira revisão publicada do DSM-5. Esse manual 
revisado integra os critérios diagnósticos originalmente publicados do 
DSM-5, com pequenas modificações para mais de 70 transtornos, 
com atualização no texto descritivo que acompanha cada transtorno, 
bem como com a inclusão de um novo diagnóstico, transtorno do luto 
prolongado, e dos códigos dos sintomas para informe de 
comportamento suicida e de autolesão não suicida.
Além disso, o DSM-5-TR inclui uma revisão abrangente do impacto do 
racismo e da discriminação no diagnóstico e nas manifestações dos 
transtornos mentais.
A maioria das alterações foram relativamente pequenas e servem 
para corrigir erros, esclarecer ambiguidades ou resolver 
inconsistências entre os critérios diagnósticos e o texto. 
Vejamos cada uma delas na página seguinte:
96
Diagnósticos e códigos de 
sintomas adicionados
O DSM-5 já havia incluído uma categoria de Transtorno de Luto 
Complexo Persistente como uma “condição para um estudo mais 
aprofundado” na seção 3 do manual. 
No DSM-5-TR, esse transtorno foi adicionado à seção 2, no capítulo de 
Transtornos Relacionados a Traumas e Estressores, pois estima-se 
que após a perda não violenta de um ente querido, 1 em cada 10 
adultos enlutados apresenta o risco de desenvolver Transtorno do 
Luto Prolongado.
Esse transtorno representa uma reação prolongada e mal-adaptativa 
que só pode ser diagnosticada depois que tiverem passado pelo 
menos 12 meses e no caso de crianças, pelo menos seis meses, 
desde a morte de alguém com quem o enlutado tinha um 
relacionamento próximo.
 Transtorno do Luto Prolongado
97
 Transtorno de Humor Não Especificado 
O transtorno de humor não especificado é uma categoria recém-
adicionada. Aplica-se a apresentações nas quais predominam 
sintomas característicos de um transtorno do humor que causam 
sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento 
social, ocupacional ou em outras áreas importantes do 
funcionamento. 
No entanto, no momento da avaliação, eles não preenchem todos os 
critérios para nenhum dos transtornos nas classes diagnósticas 
de transtorno bipolar ou depressivo e é difícil escolher entre 
transtorno bipolar não especificado e transtorno relacionado e 
transtorno depressivo não especificado.
 Transtorno Neurocognitivo Leve

Induzido por Estimulante 
Esse transtorno foi adicionado aos tipos existentes de transtornos 
neurocognitivos leves induzidos por substâncias (álcool, inalantes e 
sedativos, hipnóticos ou substâncias ansiolíticas), em reconhecimento 
ao fato de que sintomas neurocognitivos, como dificuldades de 
aprendizado e memória e função executiva, podem estar associados ao 
uso de estimulantes.
98
Códigos de sintomas 
adicionados:
Os códigos da CID-10-CM para comportamentosuicida

e autolesão não suicida foram adicionados ao capítulo "Outras 
condições que podem ser foco de atenção clínica" que apresenta 
condições e problemas que não são transtornos mentais em si, mas 
para os quais é útil ter uma forma sistemática de registro.
 Comportamento suicida: essa categoria pode ser usada para 
indivíduos que tenham se envolvido em comportamento 
potencialmente autolesivo com pelo menos alguma intenção de 
morrer como resultado do ato.
 Autolesão não suicida: essa categoria pode ser usada para 
indivíduos que tenham se envolvido em danos autoinfligidos 
intencionais ao seu corpo que provavelmente induziram 
sangramento, contusões, ou dor (por exemplo, corte, queimadura, 
esfaqueamento, pancada etc.) na ausência de intenção suicida.
99
Exemplos de mudanças

nos critérios diagnósticos ou 
definição de especificadore
Como era no DSM-5:
A. Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em 
múltiplos contextos, conforme manifestado pelo que segue, atualmente 

ou por história prévia.
A. Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em 
múltiplos contextos, conforme manifestado por todos os itens a seguir, 
atualmente ou por história prévia.
 Transtorno do Espectro Autista
Como ficou no DSM-5-TR:
 Transtorno Bipolar Tipo I
Como ficou no DSM-5-TR:
Como era no DSM-5:
A. A ocorrência do(s) episódio(s) maníaco(s) e depressivo(s) maior(es) não é 
mais bem explicada por transtorno esquizoafetivo, esquizofrenia, 
transtorno esquizofreniforme, transtorno delirante ou transtorno do 
espectro da esquizofrenia e outro transtorno psicótico com outras 
especificações ou não especificado.
B. Pelo menos um episódio maníaco não é melhor explicado por 

transtorno esquizoafetivo e não é sobreposto à esquizofrenia, transtorno 
esquizofreniforme, transtorno delirante ou outro espectro de esquizofrenia 
especificado ou não especificado e outro transtorno psicótico. 
100
Todas as mudanças, como as apresentadas aqui,  
são bem sutis, apenas ajustando o texto para que 
fique mais compreensível ou menos redundante. 
Os critérios diagnósticos foram revisados ​​para vários transtornos, 
principalmente para esclarecimento. Isso inclui mudanças nos 
conjuntos de critérios para os seguintes diagnósticos:
Transtorno do Espectro Autista, Episódio maníaco, Transtorno Bipolar 
I e Bipolar II, Transtorno Depressivo Maior, Transtorno Depressivo 
Persistente, TEPT em crianças, Transtorno Alimentar restritivo/
evitativo, Delirium, Transtornos Mentais Induzidos por Substância/
Medicamento.
Além disso, há mudanças nas definições de especificadores para 
vários transtornos. Esses incluem alterações nos especificadores de 
gravidade para episódio maníaco, o especificador de humor 
congruente/incongruente de humor para transtorno bipolar, o 
especificador de características mistas para transtorno depressivo 
maior e o especificador pós-transição para disforia de gênero.
101
Atualização da terminologia
O DSM-5-TR também inclui atualizações de terminologia e 
nomenclatura. 
O termo “neuroléptico”, aplicado a uma classe de medicamentos, 
é um termo anacrônico que enfatiza os efeitos colaterais. Não 
será mais usado, exceto no caso da amplamente utilizada 
“síndrome neuroléptica maligna”. 
A terminologia nos especificadores de disforia de gênero foi 
atualizada para usar linguagem culturalmente sensível, por 
exemplo, “gênero desejado” foi alterado para “gênero 
experimentado”, “procedimento médico transexual” foi 
atualizado para “procedimento médico de afirmação de gênero”, 
“tratamento hormonal transexual” para “tratamento hormonal de 
afirmação de gênero”, “homem de nascimento” para “indivíduo 
designado homem no nascimento” e “mulher de nascimento” 
para “indivíduo designado mulher ao nascimento”. 
102
Transtornos renomeados
Dois transtornos foram renomeados para adotar o uso atual: 
Deficiência Intelectual agora é Transtorno do Desenvolvimento 
Intelectual e Transtorno de Conversão agora é Transtorno de 
Sintomas Neurológicos Funcionais. 
Além disso, o parêntese “(Fobia Social)” no Transtorno de Ansiedade 
Social foi removido.
103
Cultura, Racismo e Discriminação
A mudança girou em torno da linguagem e da substituição de

termos. Por exemplo: o termo “racializado” é usado em vez de “raça/
racial” para destacar a natureza socialmente construída da raça.
Os termos “minoria” e “não-branca” são evitados porque descrevem 
grupos sociais em relação a uma “maioria” racializada, prática que 
tende a perpetuar hierarquias sociais; o termo emergente “Latinx” é 
usado no lugar de Latino/Latina para promover terminologia inclusiva 
de gênero e o termo caucasiano não é usado.
104
No entanto, é importante lembrar que: quando um novo 
manual é lançado, o antigo fica desatualizado.
Transição na conceitualização de 
transtornos da personalidade 
Embora os benefícios de uma abordagem dimensional para os 
Transtornos da Personalidade tenham sido identificados nas edições 
anteriores, a transição de um sistema diagnóstico categórico de 
transtornos individuais para outro baseado na distribuição relativa de 
traços de personalidade não foi amplamente aceita. 
No DSM-5-TR, os transtornos da personalidade categóricos 
permanecem praticamente inalterados em relação à última 
edição. Contudo, um modelo "híbrido" alternativo é proposto na 
Seção III para guiar novas pesquisas, separando avaliações de 
funcionamento interpessoal e a expressão de traços de personalidade 
patológicos para seis transtornos específicos. 
Em resumo, as alterações do DSM-5-TR consistem em pequenos 
ajustes. Não se trata de um DSM-6, mas de uma revisão do DSM-5.
105
Instrumentos 
de avaliação
10
Conhecer o DSM é importante, pois o levamos em consideração 
durante o processo de avaliação diagnóstica. No entanto, um 
diagnóstico em saúde mental não é feito apenas através de 
checklist de critérios diagnósticos. 
Outras etapas são muito importantes e a principal delas é a que 
envolve a entrevista, que será apresentada na próxima aula. 
Além disso, é possível utilizar fontes complementares como é o caso 
dos instrumentos de avaliação que auxiliam na avaliação de sinais e 
sintomas. 
106
Escalas livres
 Transtorno Bipolar
• Mood Disorder Questionnaire (MDQ) - rastreio da sintomatologia
• Young Mania Rating Scale (YMRS) - avalia a severidade dos sintomas 
maníacos
• Bipolar Depression Rating Scale (BDRS) - avalia os sintomas 
depressivos e estados mistos em pacientes com Transtorno Bipola
 TOC
• Brown Assessment of Beliefs Scale (BABS) ou a Nepean Beliefs Scale

(NBS) - quantifica a capacidade de insight do paciente
• Inventário de obsessões e compulsões (OCIR)
• Y BOCS - Yale Brown Obsessive Compulsive Scal
 Depressão
• Escala de Depressão de Hamilton (HAD) - avaliação da

severidade dos episódios depressivos.
 Ansiedade social
• Escala de Ansiedade Social de Liebowitz (LSAS) - Avalia como a 
ansiedade social desempenha um papel em uma variedade de 
situações
• Escala de Ansiedade Social - Reduzida (SPS-6) - Mensura e rastreia o 
Transtorno de Ansiedade Social
107
 TAG
• Inventário fatorial de personalidade revisado Escala de Ansiedade de 
Hamilton - Avalia a gravidade dos sintomas ansiosos 
• Escala Beck (BAI) - Avalia sintomas como nervosismo, tontura, 
incapacidade de relaxar etc. De uso exclusivo por psicólogos
• Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS) - Rastreia 
ansiedade clinicamente significativa e sintomas depressivos em 
pacientes internado
 Testes específicos -  
exclusivos do psicólogo 
• WISC-IV e WAIS-III - avalia a função psíquica composta inteligência 
• FDT – Five Digit Test - velocidade de processamento da atenção e 
controle inibitório
• Teste de Trilhas Coloridas - avalia atenção 
• Trail Making Test - avalia a atenção (Parte A) e a flexibilidade mental e 
a capacidade de alternar entre categorias cognitivas
•RAVLT - detecta problemas de memória, em demência e em pré-
condições de demência 
• BVMT - Memória episódica visuoespacial
108
 Outras escalas úteis 
• Inventário Fatorial de Personalidade revisado 

- teste que avalia a personalidade a partir dos 5 grandes fatores 

- Big Five. 
• BFP- Bateria fatorial de personalidade 
• Inventário de habilidades sociais
• Escala para avaliação de tendência a agressividade 
• Escala de avaliação de impulsividade 
• Escala de desregulação emocional
• Escala de desesperança BECK - BHS
• Escala de ideação suicida BECK - BSS
• Inventário de ansiedade BECK - BAI
• Inventário de depressão de BECK- BDI II
• Escala OQ-45 - serve para mensurar a evolução do paciente no 
tratamento.
Atenção: nenhuma dessas escalas ou testes substitui 
a entrevista clínica na avaliação do paciente. 
109
O DSM tem suas limitações e isso está escrito no manual, 
inclusive. Ele não tem a proposta de ser perfeito, de abarcar 
tudo e de resolver todas as questões. 
Muitas das críticas que são feitas passam pela não 
compreensão do que é o manual. Não é o ideal, mas é o 
melhor que temos até o momento. 
Ainda não encontramos uma forma melhor de agrupar os 
transtornos mentais, então por enquanto seguimos com essa. 
Para considerar...
110
Entrevista 
Diagnóstica 
NA PRÁTICA!

E S P E C I A L 5 A N O S
AULA 4
111
1
2
3
4
5
6
O que você vai
encontrar nessa aula:
SEMANA DA PSICOPATO 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
Desafios do diagnóstico em saúde mental
A importância do relato do paciente
Tipos de entrevista clínica 
Entrevista inicial x entrevista psicológica 
As 10 etapas da entrevista diagnóstica
Requisitos para uma boa entrevista
112
Desafios do diagnóstico 
em saúde mental1
O objetivo do diagnóstico em saúde mental é o mesmo que em 
qualquer outra área da saúde: servir de norte para a condução do 
tratamento. 
Porém, muitos desafios envolvem esse processo e alguns deles são
 O diagnóstico é subjetivo e depende da 
observação do profissional
Como não temos marcadores biológicos, a avaliação diagnóstica 
depende da observação do profissional e do que o paciente relata

ou apresenta.
 Ausência de sintomas patognomônicos 
Em saúde mental não há sintomas exclusivos de cada transtorno 
mental. Um mesmo sintoma pode fazer parte de vários diagnósticos. 
Entre os transtornos mentais a sintomatologia é compartilhada.
 Relato do paciente
Durante o processo de avaliação, dependemos do relato do paciente

e esse, por sua vez, depende do vínculo, do comprometimento e 
engajamento, do tempo de investigação e do recorte feito pelo 
paciente. Percebe como são muitas variáveis? 
113
A importância do 
relato do paciente
2
Em grande parte, o sucesso em uma entrevista vai depender do 
relato do paciente e de familiares, em alguns casos. Algumas 
variáveis costumam interferir na qualidade desse relato e são elas o 
vínculo, alteração das funções psíquicas e o tempo.
 O vínculo 
O relato depende diretamente da qualidade do vínculo. O paciente 
pode escolher recortes para compartilhar com o terapeuta a 
depender de como ele se sinta nessa relação. 
Porém, a qualidade do vínculo depende de alguns fatores, como:
 A condução da entrevista
O modo como uma pergunta é formulada, o tom de voz utilizado, o 
olhar, os gestos, tudo isso pode orientar o relato do paciente.
 A motivação do paciente
Se o paciente procurou ajuda espontaneamente, pode-se esperar 
que ele tenha uma certa preocupação com seu estado e 
predisposição maior em colaborar. A situação é diferente quando o 
paciente é trazido contra sua vontade.
114
 Funções psíquicas que podem 
afetar o relato
É muito importante que o entrevistador entenda de psicopatologia, 
dos transtornos e seja capaz de verificar as funções psíquicas que 
podem estar alteradas no paciente, já que isso interfere na qualidade 
do seu relato e no seu processo de avaliação. 
O relato estará comprometido se o paciente apresentar alterações no 
juízo de realidade, no pensamento, consciência e linguagem, por 
exemplo. Para isso, o profissional precisa avaliar
 Eixo longitudinal: dados referentes à biografia do paciente
 Eixo transversal: avaliação do estado mental, relacionado ao 
estado mental no momento do exame psíquico do paciente. 
115
A entrevista clínica reúne um conjunto de técnicas de investigação que 
tem um objetivo definido: descartar ou confirmar um diagnóstico, por 
exemplo. 
Existem alguns tipos de entrevista e cada um deles tem uma indicação, 
bem como limitações. Os tipos de entrevista são:  aberta, estruturada e 
semi-estruturada.
O objetivo da entrevista é o que irá direcioná-la. 
 Entrevista aberta
Na entrevista aberta, o entrevistador não segue um roteiro rígido e 
predeterminado, possibilitando que o entrevistado fale o mais livremente 
possível. Esse tipo de entrevista nos dá a oportunidade de observar a 
organização do paciente, por meio da observação da ordem em que os 
assuntos são comunicados, da associação entre eles, das interrupções, 
das respostas emocionais etc. 
Suas principais limitações são: a dificuldade para formulação de 
diagnósticos consistentes, em razão da investigação não sistemática dos 
sintomas; o tempo imprevisível e, muitas vezes, longo para a obtenção de 
informações e o grau de organização ou desorganização do paciente, 
que vai interferir muito nisso tudo. 
Tipos de entrevista 
clínica
3
116
 Entrevista estruturada
Na entrevista estruturada, o modo como se obtêm as 
informações, a sequência das perguntas e os registros dos 
resultados são predeterminados. 
São perguntas feitas previamente em uma ordem que não deve ser 
modificada, sem muita abertura para novas perguntas. 
A principal vantagem desse tipo de entrevista é aumentar a 
confiabilidade. Em razão disso, as entrevistas estruturadas são um 
importante instrumento para as atividades de pesquisa e estudos 
epidemiológicos e são pouco usadas na prática clínica.
 Entrevista semi-estruturada
A entrevista semi-estruturada tem um nível de estruturação

mais fluido, a critério do entrevistador e a depender da condição do 
paciente. Esse tipo de entrevista possibilita certa flexibilidade na 
sequência e/ou no modo de reformular as perguntas.
Ou seja: você tem um roteiro prévio, mas você é livre para adicionar 
ou retirar perguntas conforme a necessidade que você for vendo ali 
na hora. 
117
Regra de ouro da 
psicopatologia: 
Quanto mais desorganizado estiver o paciente, mais 
estruturada deve ser a entrevista. 
Além disso, os primeiros contatos com pacientes muito tímidos, 
ansiosos ou paranoides devem envolver perguntas mais neutras, 
como nome, endereço, profissão, o que gosta de fazer etc. Perguntas 
mais quentes e, por vezes mais constrangedoras para o indivíduo, 
devem ser feitas gradativamente depois. 
118
Entrevista inicial x 
avaliação psicológica 
4
Uma entrevista inicial é feita no contexto da clínica, do hospital, do 
CAPS e o principal objetivo é coletar dados com foco no tratamento. 
Ela também faz parte da avaliação diagnóstica, mas essa por sua vez 
vai além disso. 
A entrevista em psicopatologia faz parte da entrevista clínica e 
tem como objetivo coletar dados para fazer uma formulação de caso 
que guiará o tratamento do paciente. 
Uma avaliação psicológica é um processo diferente, estruturado, 
que não visa tratamento, mas visa a emissão de um documento 
psicológico: laudo, relatório parecer etc. Para isso, instrumentos 
padronizados podem ser utilizados. 
De uma forma geral, a avaliação psicológica pode ser definida como 
um conjunto de técnicas e procedimentos que tem o objetivo de 
verificar determinadas características psicológicas de uma pessoa, 
sendo o psicólogo o único profissional habilitado por lei para 
exercer essa função, podendo usar testes psicológicos para isso. 
119
As 10 etapas da 
entrevista diagnóstica 
5
A entrevista em psicopatologiapossui 10 etapas que 
precisam ser seguidas da forma que são apresentadas. 
Porém, antes da etapa número um, temos a etapa que chamamos 
aqui de etapa zero, pois ela precisa vir antes de todas as demais. 
Conhecer essas etapas é muito importante, mas antes disso é 
imprescindível saber o que devemos e o que não devemos fazer 
durante essa entrevista. 
120
DÊ ao paciente uma breve explicação do propósito da entrevista 
antes de começar.
USE a visão geral para estabelecer a relação e dar o tom para a 
entrevista. Esteja presente com o paciente, demonstrando uma 
postura não julgadora, ao mesmo tempo que mostra profissionalismo 
e limites adequados.
USE a visão geral para coletar informações sobre os sintomas e o 
funcionamento do paciente.
OBTENHA uma visão geral suficiente do estado atual no começo da 
entrevista para entender o contexto no qual a condição se 
desenvolveu. 
USE perguntas abertas para capturar as percepções que o paciente 
tem do problema nas próprias palavras dele.
FAÇA perguntas com intuito de esclarecimento para extrair detalhes 
nas palavras do próprio paciente. Por exemplo:  
 “Você pode me falar sobre isso?” ou “Você quer dizer que...?”.
O que fazer em uma 
entrevista clínica:
121
NÃO peça desculpas pelas perguntas que está fazendo ou pela 
extensão da entrevista. 
NÃO deixe que os pacientes desafiadores tomem o controle da 
entrevista.
NÃO deixe os indivíduos serem desnecessariamente tangenciais. 
Redirecione aqueles que fornecem informações desnecessárias para 
a conclusão da entrevista diagnóstica.
NÃO seja defensivo com pacientes que são irritados ou hostis. Use 
declarações reflexivas para demonstrar empatia.
NÃO ignore os relatos de sofrimento do paciente. Demonstre empatia 
enquanto mantém uma postura objetiva.
NÃO faça perguntas detalhadas.
NÃO faça perguntas tendenciosas. Mantenha-se aberto para formular 
hipóteses. Use perguntas fechadas de forma moderada.
NÃO use a entrevista como uma lista de verificação ou um teste de 
falso ou verdadeiro.
NÃO chame uma crença religiosa subculturalmente aceita ou uma 
ideia supervalorizada de delírio.
NÃO confunda ruminações ou obsessões com alucinações auditivas.
O que não fazer em uma 
entrevista clínica:
122
Etapa 0: Estabelecimento do Rapport
 Acolhiment
 Validação
Etapa 1: Dados Demográficos e História Pessoa
 Nome, idade, sexo, estado civil, ocupação etc
 História educacional e familiar
 História médica e psiquiátrica pessoal, incluindo qualquer 
diagnóstico prévio e tratamentos anteriores
 História de desenvolvimento, eventos traumáticos ou estressantes 
na vida do paciente.
Observação sobre essa etapa:
Essas informações normalmente são coletadas em um contato inicial 
com o paciente. Algumas delas constam na ficha de inscrição do 
paciente e as demais fazem parte da entrevista de anamnese. 
Com essas considerações em 
mente, vamos às etapas de uma 
entrevista em psicopatologia. 
123
Etapa 2: Queixa Principa
 Uma descrição detalhada do motivo pelo qual o paciente está 
buscando ajuda psicológica
 Quando começaram os sintomas, sua gravidade e como têm 
impactado a vida do paciente.

Observação sobre essa etapa:
É muito importante que as anotações realizadas durante a entrevista 
sejam feitas utilizando as palavras do próprio paciente, mesmo que 
pareçam sem sentido. 
O mesmo vale para as informações coletadas com o acompanhante, no 
caso de paciente psicótico ou desorganizado. Além disso, é válido 
sempre fazer resumo do que o paciente relatou. Essa é uma forma de 
ajudar o entrevistador a entender melhor o que foi dito e reforça o 
vínculo, pois o paciente se sente ouvido e compreendido. 
Etapa 3: História da Doença Atua
 Detalhes sobre os sintomas atuais do paciente, incluindo sua 
natureza, duração e padrão de ocorrência
 Fatores desencadeantes e situacionais associados aos sintomas
 Como os sintomas afetam as diferentes áreas da vida do paciente 
(trabalho, relacionamentos, hobbies etc.).
Etapa 4: História Psiquiátric
 História de transtornos psiquiátricos na família
 História de doenças mentais anteriores do paciente
 Uso de substâncias psicoativas (álcool, drogas, medicamentos).
124
Etapa 5: História do Desenvolviment
 Marcos importantes do desenvolvimento infantil, como marcos 
motores, linguísticos, sociais e emocionais
 Eventos significativos durante a infância e adolescência que possam 
ter impactado o desenvolvimento emocional do paciente.
Observação sobre essa etapa:
Se o paciente se mostrar resistente para trazer dados sobre sua história 
de vida ou relatar não se lembrar de nada que mereça ser compartilhado, 
não devemos insistir. 
Isso pode acontecer porque o paciente não se lembra ou porque o 
vínculo ainda não é suficiente. Assim, vamos investigar coisas básicas ao 
invés de insistir e comprometer mais ainda o vínculo. 
Etapa 6: Avaliação do Humor e do Afet
 Exploração dos estados de humor atuais do paciente (tristeza, 
ansiedade, irritabilidade etc.)
 Avaliação do afeto, ou seja, a expressão emocional do paciente 
durante a entrevista (apático, eufórico, deprimido etc.).
125
Etapa 7: Avaliação do Pensamento e Cogniçã
 Exame da clareza do pensamento, coerência, lógica e organização 
das ideias
 Investigação de pensamentos intrusivos, obsessões, compulsões, 
delírios ou alucinações.
Observação sobre essa etapa:
Aqui nessa etapa você pode investigar pontos que julgue necessários. 
Alguns exemplos de perguntas que podem ser feitas a depender da 
demanda são
 Ansiedade psíquica: você está preocupado com alguma coisa? 
Você tem se sentido tenso ou ansioso durante a maior parte do 
tempo? (Quando se sente assim, você consegue saber por quê? De 
que maneira as suas ansiedades ou preocupações afetam o seu dia a 
dia? Existe algo que ajude a melhorar essa sensação?
 Sentimentos de culpa: nos últimos dias, você tem se sentido um 
peso para sua família ou colegas? Você tem se sentido culpado por 
alguma coisa feita no passado? Você acha que o que você está 
passando agora é um tipo de castigo? (Por que você acha isso?
 Humor deprimido: como tem estado o seu humor (alegre, triste, 
irritável)? Você acredita que pode melhorar? (Como esse sentimento 
tem afetado o seu dia a dia?
 Desconfiança: você está com a impressão de que as outras pessoas 
estão falando ou rindo de você? (De que maneira você percebe isso?) 
Você tem achado que tem alguém com más intenções contra você 
ou se esforçando para lhe causar problemas? (Quem? Por quê? 
Como você sabe disso?)
126
 Autoestima exagerada (hostilidade): nos últimos dias, você tem se 
sentido com algum talento ou habilidade que a maioria das pessoas 
não tem? (Como você sabe disso?) Você acha que as pessoas têm 
inveja de você? Você acredita que tenha alguma coisa importante 
para fazer no mundo? Nos últimos dias, você anda impaciente ou 
irritável com as outras pessoas? (Conseguiu manter o controle? 
Tolerou as provocações? Chegou a agredir alguém ou a quebrar 
objetos?
 Conteúdo incomum do pensamento (preocupação somática): 
você acredita que alguém ou alguma coisa fora de você esteja 
controlando seus pensamentos ou suas ações contra sua vontade? 
Você tem a impressão de que o rádio ou a televisão mandam 
mensagens para você? Você sente que alguma coisa incomum 
esteja acontecendo ou está para acontecer? Você sente que tem 
alguma coisa incomum acontecendo no seu corpo ou cabeça?
Etapa 8: Avaliação do Comportamento e da Atitud
 Observação do comportamento não verbal do paciente (postura, 
gestos, expressão facial)
 Avaliação da atitude do paciente em relação à entrevista (cooperação, 
resistência, abertura)
 É de crucial importância que o terapeuta faça sua própria avaliação 
quanto ao paciente ser ou não psicótico. 
Observação sobre essa etapa:
Essa etapa depende da observação do entrevistador e não de perguntas 
feitas ao paciente.
127
Etapa 9: Avaliação do Risc
 É fundamental que seja capaz de determinar rapidamente se o 
pacienteé um suicida
 Exploração de qualquer risco imediato de suicídio, autolesão, 
violência contra os outros ou comportamento de risco
 Avaliação do sistema de apoio social do paciente.
Para isso:
 Faça perguntas claras sobre o risco de suicídio. Não tenha medo de 
perguntar
 O paciente já teve ideação, plano, tentativas de suicídio? Qual 
método? E comportamento autolesivo não suicida? Qual método
 Caso o paciente apresente risco, é necessário realizar uma 
avaliação completa do risco e encaminhar imediatamente para um 
psiquiatra
 É fundamental que o profissional seja capaz de determinar 
rapidamente se o paciente é um paciente suicida ou não.
 Nessa etapa também deve ser explorado qualquer risco imediato 
de suicídio, autolesão, violência contra os outros ou 
comportamento de risco
 Aqui também deve-se avaliar o sistema de apoio social do paciente.
Observação sobre essa etapa:
Nessa etapa, é preciso ficar atento a discursos que são disfarçados, 
como  “eu queria dormir e não acordar”, ou “eu já passei as senhas do 
banco para minha esposa” ou ainda “a vida não tem mais sentido, o 
que eu estou fazendo aqui, queria que Deus me levasse". A avaliação 
de risco suicida acontece na etapa 9, mas ela precisa ser revista 
constantemente. 
128
Etapa 10: Conclusão e Formulação Preliminar
Resumo dos principais pontos discutidos durante a entrevista. 
O feedback recíproco é importante para estabelecer:

(a) se o terapeuta compreende o problema do paciente
(b) se o paciente compreende o que diz o terapeuta.
 O terapeuta resume a narrativa do paciente ou detecta os 
problemas principais. Por exemplo: transcorrido um terço da 
entrevista inicial, sintetiza o problema do paciente e checa se 
entendeu corretamente
 Formulação preliminar dos diagnósticos diferenciais e 
hipóteses de trabalho
 Discussão sobre os próximos passos do tratamento, incluindo 
possíveis intervenções e encaminhamentos necessários.
129
Requisitos para uma 
boa entrevista
6
É importante destacar que os detalhes da entrevista podem variar 
dependendo do contexto clínico, das preferências do terapeuta e 
das necessidades específicas do paciente.
Além disso, um objetivo terapêutico primordial na primeira entrevista - 
além de coletar dados -  é a produção de pelo menos algum alívio de 
sintomas ou redução do sofrimento.
Além disso, é preciso considerar a necessidade de fazer adaptações 
com relação a  forma de comunicação a depender do público 
(criança, adolescente, adulto e idoso) e do contexto (clínica, CAPS, 
hospital). 
A estrutura da entrevista se mantém, ou seja, as informações que 
precisam ser coletadas se mantêm, mas a forma de coletar, de se 
comunicar, sofre alteração por adaptação ao contexto. 
Além de coletar dados, a entrevista precisa 
proporcionar alívio do sofrimento. 
130
Assim, de forma resumida, esses são os 10 passos em 
uma entrevista diagnóstica
 Dados Demográficos e História Pessoa
 Queixa Principa
 História da Doença Atual (HDA
 História Psiquiátric
 História do Desenvolviment
 Avaliação do Humor e do Afet
 Avaliação do Pensamento e Cogniçã
 Avaliação do Comportamento e da Atitud
 Avaliação de Risc
 Conclusão e Formulação Preliminar
Entrevista é treino, mas humanidade não se treina. Seu 
paciente não é um dado a ser desvendado, é uma pessoa que 
precisa ser acolhida e ter seu sofrimento amenizado. 
Na prática, tenha em mente 4 pontos
 Qual é o problema (queixa principal)? Qual o impacto disso na vida do paciente
 Como e por que o paciente desenvolveu esse problema? E por que agora?
 Como eu resolvo o problema?
 Quais são os recursos necessários? Terapia? Qual é o padrão-ouro para essa 
demanda? É necessário o uso de medicação psiquiátrica? Se sim, encaminhar. 
Para isso, 5 habilidades são necessárias
 Capacidade de coletar bem os dado
 Saber sintetizar os tipos de informações coletada
 Saber fazer o exame psíquic
 Saber sintetizar e formular hipótese
 Criar um plano de manejo/tratamento
131
5 Passos para um 
em Psicopatologia
DIAGNÓSTICO 
ASSERTIVO
E S P E C I A L 5 A N O S
AULA 5
132
O que você vai
encontrar nessa aula:
SEMANA DA PSICOPATO 2024 E-BOOK EXCLUSIVO
1
2
3
4
5
6
O que é diagnóstico?
O que é um diagnóstico diferencial? 
Comorbidade x especificador
Passos para realizar um bom 

diagnóstico diferencial 
Algoritmo para diagnóstico diferencial
Diagnóstico diferencial entre transtornos 
133
O que é 
diagnóstico?1
O diagnóstico é a habilidade de distinguir ou decidir. Serve para 
identificar condições mórbidas nos pacientes. 
Quanto mais preciso, melhor; quanto mais amplo, mais impreciso. Na 
elaboração, são considerados sinais observados e sintomas relatados 
pelo paciente. 
A formulação do diagnóstico envolve hipóteses testadas até a 
decisão clínica ser concretizada. 
No diagnóstico diferencial, o profissional não pode chutar; precisa 
saber com segurança.
134
O que é um diagnóstico 
diferencial? 2
O diagnóstico diferencial é uma prática crucial na identificação de 
transtornos mentais. Consiste em uma avaliação minuciosa dos 
sintomas compartilhados por diferentes condições, a fim de 
determinar o diagnóstico mais provável. Isso é especialmente 
desafiador na psicopatologia, onde muitos transtornos têm sintomas 
sobrepostos.
Ao nos depararmos com um paciente e seus sintomas apresentados, 
o trabalho inicial é selecionar os transtornos que poderiam estar 
relacionados. Por exemplo, para sintomas como humor deprimido e 
fadiga, a lista de possibilidades pode incluir Transtorno Depressivo 
Maior, Transtorno Bipolar, entre outros.
Uma vez estabelecida uma lista de diagnósticos diferenciais, o 
próximo passo é coletar informações adicionais, como histórico 
pessoal, observações de terceiros, registros médicos e exames 
laboratoriais. Esses dados ajudam a refinar a lista de diagnósticos 
diferenciais até chegarmos ao diagnóstico mais provável.
É importante manter a mente aberta para a possibilidade de novas 
informações alterarem o diagnóstico ao longo do tratamento. Por 
exemplo, um diagnóstico inicial de Transtorno Depressivo Maior pode 
evoluir para Transtorno Bipolar se novos dados revelarem episódios 
maníacos anteriores não relatados.
135
Comorbidade x 
especificador 3
A comorbidade refere-se à presença de dois ou mais transtornos 
em um mesmo paciente. Isso significa que os transtornos 
coexistem e podem exigir abordagens de tratamento específicas 
para cada um.
Já o especificador é um elemento que descreve características 
específicas de um transtorno. Pode ser usado para indicar a 
gravidade, circunstâncias específicas de início ou sintomas 
adicionais associados.
A diferença crucial entre especificador e comorbidade reside na 
intensidade e gravidade dos sintomas. Comorbidade requer que os 
critérios para cada transtorno sejam atendidos de forma significativa, 
enquanto especificadores são usados para detalhar características 
específicas do transtorno.
136
Passos para realizar 
um bom diagnóstico 
diferencial 4
O diagnóstico diferencial é uma etapa crucial na prática clínica, 
por isso os clínicos precisam dominá-lo. 
São 5 os passos para um bom diagnóstico diferencial. Esses passos 
são amplamente reconhecidos na literatura científica e ajudam a 
identificar com precisão os transtornos subjacentes. 
Vejamos cada um deles a partir da página seguinte:
137
Passo 1: Excluir Transtorno Factício
Passo 2: Excluir Uso de Drogas e Substâncias
Passo 3: Excluir um Transtorno Devido a 
Condição Médica Geral
O primeiro passo é descartar a possibilidade de que o paciente 
esteja simulando sintomas para obter atenção ou vantagens 
específicas.
Em seguida, é essencial investigar se o paciente fez uso de drogas, 
medicamentos ou outras substâncias que possam estar 
influenciando seus sintomas.
Devemos considerar se os sintomas podem ser atribuídos

a uma condição médica subjacente, como problemas de
tireóide ou infecções.
138
Passo 4: Determinaro Transtorno Primário 
Específico 
Passo 5: Estabelecer Limites com a Existência 
de um Transtorno Mental
Após excluir essas possibilidades, o próximo passo é identificar o 
transtorno primário que melhor explica a sintomatologia 
apresentada pelo paciente. Isso é fundamental para fornecer um 
tratamento adequado. Nesse passo também diferenciamos 
Transtorno de Adaptação e Outras Condições Especificadas e não 
Especificadas Residuais.
Por fim, é importante distinguir entre comportamentos considerados 
normais e aqueles que indicam a presença de um transtorno mental. 
Isso requer uma avaliação cuidadosa para determinar se os 
sintomas estão causando sofrimento significativo ou prejudicando o 
funcionamento do indivíduo.
139
Algoritmo para 
diagnóstico diferencial5
 Problemas comportamentais

em adolescentes
Quando um adolescente apresenta comportamentos disruptivos como brigas, 
confusões, xingamentos e violações da lei, a avaliação começa pelo uso de 
substâncias, que é frequentemente considerado antes de transtornos de 
comportamento como Transtorno de Conduta
 Se o uso de substâncias é descartado, considera-se se os comportamentos 
ocorrem no contexto de explosões de raiva desproporcionais, acompanhadas 
de irritabilidade constante. Se sim, explore a possibilidade de Disruptivo da 
Desregulação do Humor
 Se não, questione se há sintomas persistentes de hiperatividade, 
impulsividade e desatenção que começaram antes dos 12 anos e aparecem 
em múltiplos ambientes. Se confirmado, investigue TDAH
 Se não, analise se há um padrão de questionamento e desafio à autoridade. 
Se sim, e se isso é persistente e incomum para o estágio de desenvolvimento, 
considere Transtorno de Conduta ou Transtorno de Oposição Desafiante
 Se comportamentos ocorrem com movimentos estereotipados e déficits 
persistentes na comunicação e interação social, pense em Transtorno do 
Espectro Autista (TEA).
140
 Distratibilidade
Se um paciente apresenta queixas de falta de concentração e desatenção, o 
algoritmo inicia pela consideração do uso de substâncias ou efeitos colaterais de 
medicamentos como benzodiazepínicos
 Se descartado uso de substâncias ou medicamentos, avalie se é 
decorrente de condições médicas gerais com alterações da consciência. Em 
idosos, pode indicar Delirium
 Se o paciente é jovem e sem alteração de consciência, considere se há 
incapacidade de filtrar estímulos e sintomas de humor elevado ou deprimido, 
podendo indicar Transtorno Bipolar ou Depressivo Maior
 Se não há sintomas de humor ou psicóticos, mas há persistência de 
desatenção, impulsividade e/ou hiperatividade, TDAH torna-se uma hipótese 
viável.
 Alucinações auditivas
Ao enfrentar um caso de alucinações auditivas, comece verificando se pode ser 
um comportamento factício ou decorrente do uso de substâncias ou 
medicamentos
 Se houver uso de substâncias e alteração da consciência, pense em 
Delirium
 Se houver uso de substâncias sem alteração da consciência e 
alucinações graves, investigue transtorno psicótico induzido por substâncias
 Se não há uso de substâncias, avalie condições médicas, especialmente em 
idosos
 Se não há outras condições médicas e as alucinações não são 
culturalmente aceitas, analise a possibilidade de transtornos de humor ou 
transtornos conversivos
 Se as alucinações são acompanhadas de outros sintomas psicóticos 
persistentes por mais de 1 mês, considere transtornos como 
Esquizofreniforme ou, se mais duradouros, Esquizofrenia.
141
 Ansiedade
A ansiedade é uma das queixas mais frequentes em contexto clínico. 
Quando um paciente se apresenta com ansiedade, é fundamental não 
assumir imediatamente um diagnóstico, como o Transtorno de Ansiedade 
Generalizada (TAG), sem uma análise detalhada.
Ao se deparar com um paciente ansioso, 

é importante investigar o uso de substâncias

ou medicamentos. 

Tipos de Transtornos de Ansiedade:
Se após descartar fatores externos os sintomas persistirem, considere os 
seguintes cenários
 Ataques de Pânico: se a ansiedade surge abruptamente e atinge um 
pico de intensidade rapidamente, pode ser um indicativo de Transtorno 
de Pânico, especialmente se os ataques são frequentes e disruptivos
 Agorafobia: se a ansiedade é desencadeada em situações onde é difícil 
encontrar rotas de fuga, como em pontes ou lugares lotados
 Transtorno de Ansiedade Social: se a preocupação central é o medo de 
passar vergonha ou ser julgado em situações sociais
 Fobia Específica: se o medo é ligado a objetos ou situações específicas, 
como elevadores ou insetos
 Transtorno de Ansiedade de Doença (anteriormente hipocondria): se há 
uma preocupação persistente e irracional de estar doente, com 
preservação do insight
 Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC): se há pensamentos 
recorrentes e intrusivos que são vivenciados como indesejáveis e causam 
ansiedade significativa.
Muitos jovens, por exemplo, usam psicoestimulantes como Ritalina ou Venvanse 
sem prescrição médica, buscando melhorar o desempenho nos estudos. 
Essas substâncias podem causar efeitos colaterais como taquicardia e tremores, 
que são sintomas ansiosos. Além disso, o consumo excessivo de cafeína 
também pode provocar ansiedade em indivíduos sensíveis. 
Verificar condições médicas, como disfunções na tireoide, também é essencial.
142
Depressão e ansiedade:
Caso a ansiedade esteja acompanhada de profunda tristeza, pode ser um 
indicativo de Transtorno Depressivo Maior com Sintomas Ansiosos.
 Autolesão Não Suicida
Frequentemente associada ao Transtorno da Personalidade Borderline, a 
autolesão também deve ser considerada em outros contextos, como mania 
no Transtorno Bipolar, especialmente se ocorrer em um estado de humor 
elevado. 
Avaliar sempre outras condições psicóticas ou de personalidade antissocial, 
especialmente se há comportamentos agressivos contra terceiros.
143
Diagnóstico diferencial 
entre transtornos
6
- Diagnóstico Diferencial entre Bipolar 
e Esquizofrenia e Esquizoafetivo
A confusão entre Transtorno Bipolar Tipo 1 e Esquizofrenia muitas vezes 
ocorre devido à presença de sintomas psicóticos em ambos. 
No entanto, há características distintivas
 Esquizofrenia: marcada por delírios persistentes, alucinações, 
desorganização verbal e comportamental, e sintomas negativos, como 
embotamento afetivo e dificuldade em compreender metáforas
 Bipolar: os sintomas psicóticos ocorrem exclusivamente durante 
episódios de alteração de humor e tendem a resolver com a 
estabilização do humor.
Para distinguir, é crucial conhecer a história clínica do paciente 

e observar a evolução dos sintomas com a melhora do 

episódio de humor
 Transtorno Esquizoafetivo
O Transtorno Esquizoafetivo apresenta sintomas de transtornos de humor 
junto com características da Esquizofrenia, com sintomas psicóticos que 
persistem mesmo após a resolução dos sintomas de humor.
144
- Diagnóstico Diferencial entre Bipolar 
e Transtorno da Personalidade 
Borderlin
 Transtorno da Personalidade Borderline (TPB): esse transtorno da 
personalidade é marcado por instabilidade nos relacionamentos, na 
imagem de si mesmo e na afetividade. Uma característica central é o 
medo intenso de abandono.
A principal diferença entre esses dois transtornos é que no TPB, a 
instabilidade afetiva é mais reativa e ligada ao contexto interpessoal, 
enquanto no Transtorno Bipolar, as alterações de humor podem 
ocorrer sem um gatilho externo claro e são mais episódicas.
- Diagnóstico Diferencial entre 
Esquizofrenia e TOC


Esquizofrenia e Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) podem parecer 
similares devido à presença de pensamentos intrusivos no TOC, que 
podem ser confundidos com delírios ou alucinações típicos da 
Esquizofrenia. 
Contudo, a principal diferença reside na capacidade de crítica dos 
pacientes. No TOC, os pacientes geralmente reconhecem que seus 
pensamentos obsessivos e compulsões são irracionais ou exagerados, 
embora não consigam controlá-los. Já na Esquizofrenia,essa crítica está 
frequentemente ausente, e os delírios ou alucinações são vivenciados 
como reais.
145
- Diagnóstico diferencial entre 
Transtorno Depressivo Maior e 
Transtorno Depressivo Persistente
O Transtorno Depressivo Maior é caracterizado por episódios de 
depressão severa que duram pelo menos duas semanas, incluindo humor 
deprimido, perda de interesse ou prazer, e outros sintomas como 
alterações significativas no peso, sono, e energia. 
O Transtorno Depressivo Persistente é menos intenso porém mais crônico, 
com sintomas persistentes de tristeza ou humor depressivo na maior parte 
do dia, por um período mínimo de dois anos. 
O Transtorno Depressivo Persistente é muitas vezes considerado uma 
característica de personalidade devido à sua natureza persistente, com 
pacientes frequentemente apresentando irritabilidade e pessimismo como 
traços constantes.
146
Diagnóstico diferencial entre episódio 
depressivo no Transtorno Bipolar e 
Transtorno Depressivo Maior
A depressão vivenciada em ambos os contextos pode ser muito 
similar, mas a diferenciação é feita pela história clínica do paciente. No 
Transtorno Bipolar, episódios de mania ou hipomania são evidências-
chave, enquanto no Transtorno Depressivo Maior não existem tais 
episódios.
Especificadores no Transtorno Depressivo Maior
Existem especificadores que ajudam a detalhar o diagnóstico do 
Transtorno Depressivo Maior, como a presença de sintomas 
ansiosos, características psicóticas, catatonia, início no periparto e 
padrão sazonal.
Comorbidades da Depressão
A depressão pode coexistir com uma variedade de outros 
transtornos, como ansiedade, uso de substâncias, pânico, TOC, 
anorexia, bulimia e Transtorno da Personalidade Borderline. O 
especificador ansioso na depressão é usado quando os sintomas 
ansiosos são presentes mas não intensos ou frequentes o suficiente 
para justificar um diagnóstico separado de Transtorno de Ansiedade.
147
Diagnóstico diferencial entre TAG x 
TOC e TAG x Transtorno de Pânico
O TAG é caracterizado por ansiedade e preocupação excessivas, 
com dificuldade em controlar a preocupação, acompanhadas de 
sintomas como tensão muscular, inquietação e irritabilidade, 
persistindo por pelo menos seis meses.
O TOC é diferenciado do TAG pelos pensamentos intrusivos 
obsessivos, que são mais intensos e persistentes, comparados às 
preocupações mais generalizadas do TAG. O TAG pode incluir 
ataques de pânico, mas estes não são tão frequentes ou imotivados 
como no Transtorno de Pânico.
Diagnóstico diferencial entre 

TAG e TDAH
Embora o TAG e o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade 
(TDAH) sejam diferentes em suas características principais, eles 
podem interagir na medida em que a ansiedade e preocupação do 
TAG afetam a concentração, podendo confundir-se com a 
desatenção típica do TDAH. 
No entanto, a desatenção no TDAH está mais relacionada à 
dificuldade em manter o foco devido à atração por estímulos 
externos ou novidades.
148
Diagnóstico diferencial entre 
o Transtorno da Personalidade 
Obsessivo-Compulsiva (TPOC)

e o TOC
O TPOC é marcado por uma preocupação persistente com ordem, 
perfeccionismo e um controle excessivo sobre si mesmo e os outros. 
Isso inclui uma dedicação intensa ao trabalho e produtividade, 
dificuldade em delegar tarefas e uma abordagem avarenta com 
gastos pessoais e alheios. 
Os indivíduos com TPOC apresentam rigidez, teimosia e uma 
expressão de afeto controlada, geralmente interagindo de forma 
formal e séria.
Ao contrário do TOC, o TPOC não envolve obsessões ou 
compulsões, como rituais ou pensamentos intrusivos 
recorrentes. As semelhanças entre os dois se limitam à rigidez 
comportamental, e ambos os diagnósticos podem coexistir no 
mesmo indivíduo.
149
Diagnóstico diferencial entre 
Transtorno do Espectro Autista (TEA) 
e Transtorno de Déficit de Atenção e 
Hiperatividade (TDAH)
O TEA caracteriza-se por déficits na comunicação social e na 
interação social em diversos contextos, juntamente com padrões de 
comportamento repetitivos e restritos. 
O TDAH, por sua vez, manifesta-se através de sintomas de 
desatenção, hiperatividade e impulsividade, que são inapropriados 
para o nível de desenvolvimento do indivíduo e prejudicam seu 
funcionamento diário. Embora ambos possam apresentar 
dificuldades sociais, as causas são diferentes. 
No TEA, o isolamento é devido a dificuldades na comunicação, 
enquanto no TDAH é frequentemente resultado da impulsividade 
e hiperatividade. Muitos indivíduos com TEA também podem 
apresentar TDAH, o que pode causar confusão nos diagnósticos.
150
Diagnóstico diferencial  entre 
Transtorno da Personalidade 
Antissocial e Transtorno de Conduta
O Transtorno da Personalidade Antissocial é aplicado a adultos (18 
anos ou mais) e inclui um padrão de desrespeito e violação dos 
direitos dos outros, com comportamentos como enganação, 
impulsividade, irritabilidade, irresponsabilidade e falta de remorso.
O Transtorno de Conduta é diagnosticado em crianças e 
adolescentes e é caracterizado por um padrão de comportamento 
que viola as normas sociais e os direitos dos outros, incluindo 
agressão a pessoas ou animais, destruição de propriedade e 
desonestidade.
A principal diferença entre os dois é a idade dos indivíduos. A 
idade é determinante para o diagnóstico; Transtorno de Conduta é 
para menores de 18 anos, enquanto Transtorno da Personalidade 
Antissocial é para maiores de 18 anos.
151
Diagnóstico diferencial entre 
Transtorno Opositor Desafiante (TOD) 
e Transtorno de Conduta 
O TOD caracteriza-se por um humor irritável e comportamento 
desafiante e vingativo. Os sintomas incluem explosões de raiva, baixa 
tolerância à frustração e dificuldades de relacionamento. 
O Transtorno de Conduta manifesta-se por comportamentos mais 
extremos, como crueldade e violação das leis.
O TOD tende a ser menos severo que o Transtorno de Conduta e mais 
focado em problemas de desregulação emocional, sem envolver 
violações legais graves como as associadas ao Transtorno de 
Conduta.
152
Diagnóstico diferencial entre 
Transtorno da Personalidade 
Narcisista e Transtorno da 
Personalidade Antissocial
A principal diferença entre esses dois transtornos é que o narcisista 
tem menos problemas com a lei, já que se preocupa muito com a sua 
imagem. 
Os dois têm em comum a falta de empatia, o fato de não se 
preocuparem com o sentimento dos outros. 
O antissocial rouba e mata, por exemplo, para tirar proveito, por isso 
costuma ter muitos problemas com a lei. O narcisista, por sua vez, é 
manipulador, mas tem pouco ou nenhum problema com a lei. 
Saber realizar um diagnóstico diferencial é imprescindível para 
um diagnóstico assertivo, capaz de orientar o melhor tratamento 
disponível para a demanda do paciente. 
Como qualquer outra habilidade, essa exige treino e uma boa forma 
de treinar é através da simulação de situações, como o que foi feito na 
aula de hoje. 
153
FIM!
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