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CCJ0105 – HISTÓRIA DO DIREIRO BRASILEIRO Plano de Aula 2 O processo de colonização e organização jurídico institucional da América portuguesa. História do Direito Brasileiro AULA 02: O “Brasil” Colonial – 1ª parte Objetivos: 1 - Compreender quais as estratégias da Corte para a colonização da América portuguesa; 2 - Explicar quais os mecanismos utilizados pela Coroa portuguesa para estabelecer a organização jurídico-política da Colônia. 3 - Entender no que consistia a Carta de Doação e o Foral no contexto das Capitanias hereditárias; 4 - Conhecer a estrutura organizacional da justiça na América portuguesa nos séculos XVI e XVII; 5 - Analisar como se organizou a exploração econômica em bases escravistas da Colônia brasileira, principalmente no período conhecido como "ciclo da cana-de-açúcar". Aula 02 2 Temáticas - Livro Didático nas pág. 17 e 28 A chegada dos portugueses Administração Colonial: a) Capitanias Hereditárias; b) Criação do Governo Geral. A escravidão e a economia colonial; Carta de doação, Forais e Sesmarias; Invasões francesa e holandesa. Filmes Temáticos Caramuru, a Invenção do Brasil A Missão Desmundo Como Era Gostoso o Meu Francês Hans Staden República Guarani Aula 02 Caso Concreto 3 (36/49) Com base em que legislação Tiradentes foi, no Século XVIII, condenado à pena de morte? A condenação e a pena aplicadas a Tiradentes foram influenciadas pelas ideias de Cesare Beccaria? Justifique. Nos dias de hoje, é possível haver condenação a pena de morte no Brasil? Justifique. Resolva as questões objetivas do capítulo 1 de seu Livro Didático. 3 Período Colonial (1530 – 1815) Aula 01 Política Colonizadora A vinda dos portugueses para o Brasil atende a necessidades históricas de expansão da economia capitalista de mercado em sua etapa de formação (século XVI). O Estado garantia os lucros da burguesia metropolitana, simultaneamente se fortalecendo, através da tributação. A Igreja assumia o papel de justificadora da empreitada. Capitanias Hereditárias: Documentos Legais Carta de Doação: concessão dos direitos administrativos. A Coroa concedia ao donatário uma capitania hereditária, estabelecia os limites geográficos e proibia o comércio de suas terras, estabelecendo assim o direito a propriedade – de caráter hereditário e o direito do rei (condição de posse). Carta de Foral: concedida pelo rei ou por um senhorio a uma povoação estabelecendo normas de relacionamento dos seus habitantes, entre si e com o senhor que lhes outorgou o documento. Carta de privilégio, concedendo aos moradores da terra um estatuto privilegiado ou de exceção. (C.C. 2) Sesmarias: condicionava o direito à terra mediante seu efetivo cultivo para a produção de alimentos. Foral de Olinda (1537): força jurídica para fundamentar a cobrança exigida pela Prefeitura, na qualidade senhorial (proprietária e administradora do patrimônio da antiga Vila) asseguradas pelo direito à propriedade, pela irretroatividade das leis e pelos Ato jurídico perfeito, direito adquirido e a coisa julgada. O instituto do direito ao foro só pode ser extinto através de acordo entre aforador e senhorio (Quitação através de indenização a Prefeitura de Olinda – 4,5%), o que não ocorreu. Logo, José e seus descendentes deverão continuar a pagar o foro anual (0,2%). (C.C. 2) Ocupar o território sem despesas para a Coroa por meio da entrega do território para exploração de particulares – Capitão Donatário: Aula 01 Capitanias Hereditárias Carta de Foral Povoamento, exploração e dominação do território litorâneo; Despreocupação com os processos de urbanização Problemas iniciais para a implantação da atividade açucareira: grande investimento inicial; enfraquecimento econômico; expulsão dos judeus. Solução: empréstimos holandeses - responsável pelo transporte, refino e distribuição do produto no mercado europeu. Fase do açúcar Aula 02 Capitanias Hereditárias Aula 02 Objetivos: correção de erros das Capitanias e centralização política e administrativa. Cargos auxiliares: Ouvidor-mor (justiça), Provedor-mor (tesouro –cobrança de impostos), Capitão-mor (defesa). Governo Geral (1549) Cada um possuía um regimento próprio e, no campo restrito de sua competência era a autoridade máxima da colônia. Desfazia-se juridicamente a supremacia do donatário. Aula 02 Governador: decidia sobre impostos e assuntos jurídicos; Conselho Ultramarino: ampliar o controle sobre o império colonial. Controle colonial Aula 02 GOVERNADOR-GERAL: coordenar a defesa contra ataques: construir fortes e navios, armar colonos; doar sesmarias; facilitar o estabelecimento de engenhos de cana; montar expedições de exploração da terra; proteger interesses da metrópole sobre o estanco do pau-brasil e impostos; firmar alianças com os índios auxiliar a catequese evitando a escravização dos índios; doar terras aos índios com vistas a integrar estas populações no sistema produtivo colonial. 12 Judiciário no Governo-Geral Aula 02 Plano de Aula 3 OBJETIVOS - Compreender a correlação existente entre a perda de valor econômico do açúcar no mercado internacional e o processo de interiorização da Colônia; - Relacionar o processo de interiorização do processo colonizador com a chamada Era do Ouro e esta com o incipiente processo de urbanização na Colônia e com a consequente mudança do perfil da ocupação; - Perceber os movimentos revoltosos como consequência direta da excessiva carga fiscal imposta aos colonos pela Coroa Portuguesa. - Relacionar o processo de busca pela autonomia política do Brasil e o desgaste do sistema de controle imposto pela Metrópole, com restrições e altos impostos. - Entender os efeitos da Lei da Boa Razão (1769), no contexto das reformas pombalinas e do ideário iluminista, que influenciaram a realidade jurídica na colônia e, posteriormente, no Brasil independente. Aula 03 Temáticas (págs. 28/48) A mineração: a era do ouro e o processo de interiorização Rebeliões no período colonial As conjurações mineira e baiana A legislação Penal e as Ordenações Filipinas; A Lei das Boas Razões e o ideário jus racional A transferência da Corte portuguesa para as Américas Aula 03 CASO CONCRETO – AULA 4 (págs. 48/68) a) O que caracterizou o chamado Poder Moderador no âmbito do Primeiro Império? b) Relacione a fala da Ministra com a crítica de que a atuação do Poder Judiciário como um poder moderador acaba desaguando em uma judicialização da política Interiorização Pecuária aconteceu com o próprio processo de colonização, quando os portugueses trouxeram as primeiras reses para a realização da tração animal, o consumo local e o transporte de cargas e pessoas. O aumento da população bovina gerou um problema aos plantadores de cana devido a ocupação do espaço que era originalmente reservado ao desenvolvimento da economia açucareira. Os primeiros criadores de gado adentraram o território e romperam com os limites do Tratado de Tordesilhas. No século XVIII, Decreto proibiu a criação de gado em uma faixa de terras de 80km, da costa até o interior. Geralmente, os trabalhadores ligados à pecuária eram mestiços, índios e escravos alforriados. A existência de escravos era minoritária e grande parte desses trabalhadores – na qualidade de vaqueiros e peões – recebiam uma compensação financeira, considerada regular, pelos seus serviços. Os vaqueiros, que coordenavam as atividades junto ao gado e comandavam os peões, recebiam 1/4 das crias do rebanho nascidas ao longo de um período de 04 ou 05 anos. Expedições que, partindo de núcleos de povoamento litorâneos ou próximo da costa, penetravam pelo interior desconhecido a pé ou em canoas, usando caminhos utilizados e indicados pelos indígenas, objetivando encontrar riquezas, metais ou pedras raras. Entradas Bandeiras Expedições organizadas pelo governo, formadaspor um pequeno número de homens armados, que saíam pelo interior em busca de riquezas minerais. Incorporaram ao território brasileiro vastas extensões de terras, a oeste da linha de Tordesilhas, alargando o Norte do território brasileiro. As Entradas tiveram caráter oficial. Expedições particulares, em geral organizadas por comerciantes e fazendeiros; De caráter militar, compostas por soldados, escravos, Índios, religiosos, trabalhadores e comerciantes. Bandeirismo Apresador: capturar índios,principalmente nas aldeias organizadas pelos padres jesuítas. Bandeirismo Prospector: à procura de ouro. Fernão Dias que explicou o interior de MG. Sertanismode Contrato: serviços de combate aos índios e aos negros para a classe dominante Expedições Militares A contínua presença estrangeira, especialmente francesa, levou o governo a organizar expedições militares para expulsar os invasores. Na região do rio Amazonas, os portugueses também organizaram diversas expedições militares para a expulsão dos franceses, ingleses e holandeses: Forte de Filipéia de Nossa Senhora das Neves (l584)- na Paraíba, atual João Pessoa. Forte dos Reis Magos (1597) - Rio Grande do Norte, atual Natal. Forte de São Luís do Maranhão (l612) - Maranhão, atual São Luís. Forte de Nossa Senhora da Assunção (l613)- Ceará, atual Fortaleza. Forte do Presépio (1616)- Pará, atual Belém. Aula 03 Tratado de Madri (1750)“ uti possidetis, ita possideatis” (quem possui de fato, deve possuir de direito) Revolta de Beckman (MA – 1684) Guerra dos Emboabas (1707-1709) Guerra dos Mascates (PE – 1709/11) Revolta de Felipe dos Santos (1720) Conjuração Mineira (1789) Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates (1798) Insurreição Pernambucana 1817 Revoltas coloniais Ouro nas Minas Gerais (1694-1698) Código das Minas em 1702. Intendência – administração direta e subordinada à Corte portuguesa. Atribuições: policiamento da mineração; fiscalização e direção das explorações; cobrança de impostos; tribunal de 1ª e última instância. Aumento do fiscalismo e da taxação dos colonos. Controle sobre o escoamento do ouro e escravos. Tributos da Intendência das Minas Casas de Fundição (1720): cobrança do quinto (20% ouro em pó) e uso da casa. Taxa de Captação dos escravos e do Censo das Indústrias (1735): 17 gramas de ouro por cada escravo e pessoa livre que mineravam. Cotas Anuais (1751): pagamento mínimo do quinto - 100 arrobas (1.500 quilos) por ano. Valor não pago e acumulativo. Derrama – intensificação da cobrança dos valores devidos, confisco de bens e objetos de ouro. Fintas (derrama paroquial) Contribuições (donativos variados). Aula 03 Era pombalina - Marquês de Pombal Séc. XVIII (D. José I – 1750/1777) Aula 03 - Criou o Estado do Grão-Pará e Maranhão. - Criou a Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão e a Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba. - Aumentou a fiscalização sobre a exploração de ouro e cobrança de impostos nas regiões auríferas. - Expulsou os jesuítas para aumentar o poder nas áreas controladas por eles, além de tomar posse de propriedades da Igreja Católica no Brasil. - Criou as escolas régias leigas (sem controle religioso). - Em 1759, decretou que as propriedades (territórios) do sistema de Capitanias Hereditárias deveriam voltar para o controle do governo português. - Implantou o cultivo de algodão no Maranhão. - Em 1763, a capital do Vice-reino do Brasil foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro. A medida, adotada pela administração pombalina, decretava também a mudança do eixo econômico da região nordeste para a sudeste da colônia. MARQUÊS DE POMBAL Organização judicial na Colônia 1751 - Tribunal da Relação do Rio de Janeiro - 10 desembargadores e presidido pelo Governador; 1765 - Juntas de Justiça, onde quer que existissem ouvidores de capitania. Legislação “lei da boa razão” de 1769: submeter as leis e costumes vigentes em Portugal e nas colônias ao crivo da “boa razão” (interpretação dos juristas leais ao regime). Decadência da influência do direito romano e eclesiástico no processo de interpretação das normas estatais – lexlegum (norma sobre norma) que estabelecia regras para interpretação das leis e mandava aplicar, no caso de lacuna, o Direito Romano, desde que compatível com a boa razão! “era das codificações” sob a égide da nacionalização e da “razão natural” moderna. Livro V das Ordenações Filipinas: pena de acordo com posição social do réu Acusado ficava preso até a sentença e, caso fosse, executada a pena. Fidalgos, Vereadores, Juízes – sem pena de açoites ou degredo com baraço e pregão. Excluídos de prisão em ferros: Dr. em Leis ou Cânones; Dr. em Medicina; Cavaleiros Fidalgos, de Ordens Militares de Cristo, Santiago e Aviz; Escrivães da Fazenda e Câmara reais e suas mulheres. Penas vis: forca, galés, corte de membro, açoites, marca nas costas, baraço (laço de apertar a garanta) e pregão (descrição da culpa e da pena). Prisão não ultrapassava 04 meses; Perda, confisco dos bens e multas; Prisão simples e com trabalhos forçados; Galés temporárias ou perpétuas; Desterro (deixar o local do crime) e o degredo (residência obrigatória em certo lugar); Degredo Perpétuo; Açoites, decepação dos membros Pena Capital: Morte simples (sem tortura), Morte natural (forca), Morte para sempre (com exposição do cadáver na forca), Morte atroz (com cadáver esquartejado) Morte cruel (com tortura prévia). Penas Aula 01 Tiradentes: Crime de Lesa-Magestade – Pena de morte para sempre Penas previstas no Livro V das Ordenações Filipinas. A morte de Tiradentes foi realizada com requintes de crueldade e violência Cesare Beccaria: iluminista que preconizou a abolição da pena de morte e da tortura, consideradas como inúteis, ineficazes e desumanas. Sob sua influência, a pena de morte foi abolida, pela primeira vez, no Grão-ducado da Toscana (na Itália). Constituição Federal de 1988 – Inc. XLVII do Art. 5º: "não haverá penas de morte, salvo em caso de guerra declarada". Código Penal Militar, de 1969: prevê que a pena deve ser executada por meio de fuzilamento. C.C. 3 1. Expansão Napoleônica Napoleão chegou ao poder através do golpe de 18 Brumário, em 1799, que pôs fim à Revolução Francesa . Em 1804, proclamou-se imperador da França. 2. Bloqueio Continental Com a Revolução Francesa havia se iniciado uma longa luta entre a França revolucionária e os países absolutistas que se sentiam ameaçados pelo seu exemplo. Com a ascensão de Napoleão, essa luta ganhou um novo impulso. Para fazer face ao poderio britânico, Napoleão decretou o Bloqueio Continental em 1806, fechando o continente europeu à Inglaterra. 3. Vinda da Família Real para o Brasil A economia portuguesa havia muito se encontrava subordinada à inglesa. Daí a relutância de Portugal em aderir incondicionalmente ao bloqueio. Napoleão resolveu o impasse ordenando a invasão do pequeno reino ibérico. Sem chances de resistir ao ataque, a família real transferiu-se para o Brasil em 1808, sob proteção inglesa. Começou então, no Brasil, o processo que iria desembocar, finalmente, na sua emancipação política. Aula 03 Apoio dos ingleses no transporte da família real, do tesouro real, dos arquivos, do aparelho burocrático e de toda a corte portuguesa Convenção Secreta de Londres (1807) Fim do Pacto Colonial Carta Régia de 1808 - Abertura dos Portos às Nações Amigas: primeiro ato econômico do príncipe no Brasil para atender a demanda direta dos comerciantes locais, levados a presença dele pelo Conde da Ponte, e cumprindo com os favores devidos aos britânicos, abrira os portos no dia 28 de janeiro de 1808 às "nações amigas". Era o tiro de misericórdia disparado pelo próprio Magistrado Maior de Portugal contra uma prática comercial que rendia ao mercador metropolitano lucros ao redor de 150% (Lisboa ficava com 250 libras e cada 100 enviadas para o exterior). Tratado de Cooperação e Amizade de 1810: assinado pelo Conde de Linhares e pelo lordeStrangford, compostos por 02 acertos: Aliança e Amizade (11 Art. e 2 decretos - não instalação da Inquisição na América) e Comércio e Navegação (com 34 artigos - 15% produtos britânicos ; 16% portugueses e 24% demais nações). Juiz Conservador da Nação Britânica: foro privilegiado aos súditos ingleses, sendo exercido por um juiz brasileiro eleito pelos ingleses residentes no Brasil e aprovado pelo embaixador britânico (cargo extinto em 1831). 1808 – Alvará: liberação da indústria manufatureira Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves – 16/12/1815 Com a transferência da família real em 1808 o Brasil se tornou o centro decisório do Império Português, configurando-se como a parte do Império dotada de maior importância política, econômica e estratégica. Garantiu a permanência da Corte no Rio de Janeiro. Se, para o Senado da Câmara do RJ, o ato de 16/12/1815 constituiu-se em “ilustrada política”, pois levava em consideração a “preeminência” que o Brasil fazia por merecer em função de “sua vastidão, fertilidade e riqueza”, para os portugueses (apoiados pelos ingleses) fazia-se imprescindível o retorno da família real à Europa. A elevação do Brasil à condição de reino, a recusa de D. João a voltar a Portugal e sua coroação como rei em 06/02/1818 (morte de D. Maria I em 1816 e da Insurreição Pernambucana de 1817) reafirmava o crescente peso político do Brasil sobre o Império e a ascendência do Rio de Janeiro sobre as demais partes do país. Congresso de Viena em 1815 ANGELOZZI, Gilberto. História do Direito no Brasil. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2009. CASTRO, Flávia Lages. História do Direito Geral e Brasil. 6. ed. Rio de Janeiro: LumenIuris, 2008. PEDROSA, Ronaldo Leite. Direito em História. 6. ed. Rio de Janeiro: LumenJuris. 2008. LINHARES, Maria Yedda (org.). História Geral do Brasil. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 1990. FAUSTO, Boris. História do Brasil. 13. ed. São Paulo: EDUSP, 2008. SANTOS, Adair J. Roraima: História Geral. Boa Vista: Editora da UFRR, 2010. Bibliografia Aula 03 AVANCE PARA FINALIZAR A APRESENTAÇÃO. PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO AULA 05: ALGUMAS QUESTÕES DA PSICOLOGIA SOCIAL....