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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA DA COMARCA DE BREJO SANTO, ESTADO DO CEARÁ. PROCESSO nº 8332-30.2015.8.06.0052 DEMANDANTE: ROBERLÂNDIO PINHEIRO JACINTO DEMANDADA: M.E. P, REP. PELA GENITORA GRAZIELA ERNESTO ROBERLÂNDIO PINHEIRO JACINTO, já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, que move em face de M.E.P, representado por sua genitora, vem, perante a conspícua presença de Vossa Excelência,por intermédio de seu advogado, por convênio municipal, (Assistência Judiciária Gratuita), apresentar RÉPLICA A CONTESTAÇÃO, com fulcro nos arts. 350 e 437, §1° do NCPC e nos demais dispositivosaplicáveis, mediante os argumentos que passa a expor: 1 - DO BREVE RESUMO DA CONTESTAÇÃO O contestante ventila matérias catalogadas no art. 337 do NCPC, especialmente a incompetência do juízo. Entrementes, alega a defendente que a ação foi proposta em foro incompetente, tendo em conta que o Alimentando residir no Município de Itaju-SP e que, o foro seria o da Comarca de Bariri-SP. Ademais, assevera que, a ação principal que estabelecera a obrigação de alimentos foi na Comarca de Bariri-SP, devendo, pois, ser remetidos os autos para esta comarca, nos termos da lei de regência. Quanto ao mérito, alega em síntese que, a obrigação de prestar alimentos não pode recair única e exclusivamente a genitora do Demandado. Aduz que, a genitora do Promovido trabalha como servente na Prefeitura de Itaju-SP, auferindo renda fixa, possuindo gastos outros além das despesas com sua prole. Infirma, por fim que, a contribuição do Autor a outros filhos não possui o condão de servir como substrato para redução do débito alimentar. Nessa lógica, requer o reconhecimento da incompetência do juízo, com a remessa dos autos, ou a improcedência da ação, de forma a manter incólumes os valores devidos a título de alimentos. 2 – D A PRELIMINAR VINDICADA NA CONTESTAÇÃO Convém antes de adentrar ao âmago da questão de mérito aduzir, ab initio, que, a pretensão da parte Autora é legal e legítima e, visa restabelecer o justo equilíbrio no trato da questão da possibilidade de reajuste da pensão alimentícia. Infere-se que a parte Promovida alegou matérias catalogadas no art. 337 do NCPC. Entrementes, quanto a incompetência ventilada pela Demandada nada tem a opor ou se manifestar como entender de direito. Sobre as questões de mérito aduzidas pelo defendente, o Autor refuta todas fazendo remissão a inicial. Inicialmente, ao contrário do que fora levantado pela Demandada, o Demandante teve sua condição econômica alterada, vez que como sabido o salário tem no passar dos anos perdido o alcance de compra devido a frágil crise que assola o país. O Requerente na época me que fora demandado em Ação de Alimentos detinha possibilidade financeira de pensionar o encargo pactuado, no caso o valor de R$242,00 (duzentos e quarenta e dois reais). Vale dizer, o Autor naquela época possuía condições de arcar com o valor pactuado sem prejuízo de seu próprio sustento. Como prova de sua boa-fé objetiva, aproveita a oportunidade para juntar aos autos os comprovantes de gastos com alimentação, água, luz, despesas com demais filhos menores, recibos fiscais, etc. hodiernamente, a realidade fática que norteou a fixação dos alimentos encontra-se modificada, uma vez que o Promovente continua trabalhando de bicos, auferindo renda informal, fazendo com sua despesa mensal reste comprometida. A presente ação busca corrigir distorções, indicando as medidas razoáveis a ser tomadas e garantindo a razoabilidade a quem pede e proporcionalidade a quem paga. Assim sendo, a Promovida ignora o fato de que o bem-estar de seu filho é resultado de um diligente zelo e cuidado por parte não só do genitor como também da genitora, visando manter, no mínimo, o padrão educacional de seu filho condizente com a situação financeira do alimentando. Doutro giro, assevera a Demandada que aufere renda, trabalhando na Prefeitura Municipal de Itaju-SP, auferindo 01 salário mínimo mensal. Ao que se tem, perfeitamente robusta é a possibilidade de a Demandada contribuir com sua prole, auxiliando o genitor nesse encargo, que decorre da lei e da moral. Como se vê Excelência, a condição econômica da genitora do Promovido é muito mais privilegiada do que a do alimentante, sendo que, a única coisa almejada na presente ação é a equidade entre o binômio possibilidade/necessidade. É salutar deixar as claras que o Promovente não pretende se furtar da obrigação em prestar alimentos, mas sim, apenas requer que essa prestação não comprometa também sua subsistência e a de sua família. De mais a mais, não se traz aos autos nenhum documento idôneo e capaz de evidenciar uma incapacidade laboral por parte da genitora, seja por motivos de doença ou algo similar, notadamente que esteja desempregada. Conforme o louvável magistério da doutrina do mestre YUSSEF SAID CAHALI, em sua obra “dos alimentos”, assevera que, do mesmo modo, aquele que dispõe de rendimentos modestos não pode sofrer a imposição de um encargo que não está em condições de suportar; pois se a justiça obrigasse quem dispõe apenas do indispensável para viver, sem sombra de dúvidas, e mesmo com faltas, a socorrer outro parente que está na miséria, ter-se-ia uma partilha de misérias”. Os alimentos fundamentam-se no dever de solidariedade entre o Promovente e a genitora do Promovido, revelando-se absurda a proposição de que o pensionamento possa servir de estímulo ao ócio ou ao enriquecimento ilícito do alimentando. Desta forma, tendo em vista que houve mudança na situação financeira do Promovente, o mesmo resolve buscar a chancela do Judiciário, para que, seja julgado procedente o pedido, sendo revistos os alimentos devidos ao Promovido, devendo, assim, serem reduzidos ao valor de R$190,00 (cento e noventa) reais. Com relação a constituição de nova família não ter o cunho de reduzir a pensão, a jurisprudência já declinou tal possibilidade, atendendo mais uma vez ao binômio necessidade/possibilidade. Ora, o nascimento de outros filhos, ou de nova família, dar verossimilhança da alegação da redução das possibilidades alimentares de índole financeira. A jurisprudência é cristalina nesse sentido. Verbis: AGRAVO DE INSTRUMENTO. REVISIONAL DE ALIMENTOS. NASCIMENTO DE NOVO FILHO DO ALIMENTANTE. REDUÇÃO NO QUANTUM. ADEQUAÇÃO. Nos casos em que o alimentante não é pessoa de largas possibilidades, o nascimento de novo filho dele, por si só, dá verossimilhança à alegação de redução nas possibilidades. Precedentes jurisprudenciais. NEGADO SEGUIMENTO. EM MONOCRÁTICA. (Agravo de Instrumento Nº 70024873648, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rui Portanova, Julgado em 17/06/2008). CIVIL. FAMÍLIA. AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS. PROLE SUPERVENIENTE. REDUÇÃO DOS RENDIMENTOS DO ALIMENTANTE COMPROVADA. PRETENSÃO DO ALIMENTANDO MANTER O VALOR ESTIPULADO EM ACORDO ANTES DO NASCIMENTO DE NOVO FILHO DO ALIMENTANTE. IMPOSSIBILIDADE. CRITÉRIO DE FIXAÇÃO (CC, ARTS. 1.694, §1º e 1.699). SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. A superveniência de filhos, em certos casos, poderá ser motivo suficiente para a redução do encargo alimentar arbitrado em favor da prole nascida de casamento anterior, porquanto aqueles, sejam quantos forem, têm idêntico direito de serem atendidos na proporção de suas necessidades. Comprovada a redução remuneratória do alimentante, o juiz não só pode como deve reduzir o valor da pensão, mesmo a decorrente de acordo anterior, fundado nas disposições do artigo 1.699 do Código Civil, ajustando-o aos novos fatos e circunstâncias do caso concreto, com vistas a equilibrar os interesses conflitantes dos envolvidos (TJ/SC, AC Nº 530720, 2ª CC, REL. LUIZ CARLOS FREYESLEBEN, JULG: 10/08/2010). NESTA SENDA, O NASCIMENTO DE OUTROS FILHOS DECORRENTE DE NOVA UNIÃO HÁ DE SER CONSIDERADO PARA FINS DE REENQUADRAMENTO DA VERBA ALIMENTAR ANTERIORMENTE IMPOSTA PARA OS FILHOS DO PRIMEIRO RELACIONAMENTO, NA EXATA MEDIDA EM QUE A PROLE DO ALIMENTANTE, EM SUATOTALIDADE, GOZA DOS MESMOS DIREITOS. SERIA INGÊNUO IMAGINAR QUE O AUMENTO DA PROLE NAONÃONHA REFLEXOS PARA O ALIMENTANTE NO MOMENTO DA PRESTAÇÃO DOS ALIMENTOS. A CIRCUNSTÂNCIA DE O ALIMENTANTE FORMAR NOVA UNIÃO, POR SI SÓ, NÃO PODE SER ELEMENTO CAPAZ DE CONDUZIR A REDUÇÃO DA PENSÃO IMPOSTA ADVINDOS DE RELACIONAMENTO ANTERIOR. CONTUDO, SE DESTA UNIÃO SURGEM OUTROS FILHOS, MISTER SE FAZ ADEQUAR-SE A PENSÃO ALIMENTÍCIA PRECEDENTE, SOB PENA DE PENALIZAR INJUSTAMENTE OS REBENTOS, COMO TAMBÉM COMPROMETER A SUBSISTÊNCIA PESSOAL DO PRÓPRIO ALIMENTANTE. 4 – DO DIREITO Funda-se o pedido do Promovente na Lei 5.478/68, que dispõe sobre os alimentos. Com efeito, assim dispõe a referida lei em seu art. 13, §1º que: Art. 13. (...) §1º. Os alimentos provisórios fixados na inicial poderão revistos a qualquer tempo, se houver modificação na situação financeira das partes, mas o pedido será sempre processado em apartado. Na mesma ótica, o art. 15 elucida que, a decisão judicial sobre alimentos não transita em julgado, pode a qualquer tempo ser revista em face da modificação da situação financeira dos interessados. Deste modo, quando se diz “inexiste” coisa julgada material nas ações de alimentos, faz-se referência, apenas ao quantum fixado na decisão, pois, se resultar alterada faticamente a situação das partes pode se alterar os valores da obrigação. O CC, também traz definição sobre a possibilidade de revisão da pensão alimentícia, mais precisamente nos arts. 1.694 e 1.699. Assim, a potencialidade econômica do Autor, junto a necessidade do Réu, são pressupostos da obrigação alimentar, o que impossibilita o sacrifício do primeiro. Logo,de acordo com a legislação de regência, a revisão do quantum está devidamente prevista na atual lei adjetiva civil. 5 – DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer o recebimento da presente réplica, posto que, impugnada a contestação apresentada pelo defendente, bem como rechaçado os documentos que a acompanham, requeremos, DESDE JÁ, O NÃO ACOLHIMENTO DA PRELIMINAR VENTILADA, SENDO, NO MÉRITO, JULGADA TOTALMENTE PROCEDENTE OS PEDIDOS AUTORAIS, PARA REDUZIR A PENSÃO ALIMENTÍCIA PARA O VALOR DE R$190,00 (CENTO E NOVENTA) REAIS, conforme os termos da inicial; Pugna, ainda o Demandante, caso seja acolhido a preliminar ventilada, a nomeação de Defensor Público atuante perante este juízo, posto que a atuação deste Núcleo de Assistência limitar-se-á ao oferecimento desta réplica; A juntada de documentos que instruem a presente ação; A produção de todas as provas legalmente admissíveis em direto (art. 359 do NCPC), especialmente oitiva da parte Autora e da genitora do Réu, caso não haja composição do litígio, bem como inquirição de testemunhas que compareceram independentemente de intimação deste juízo e condenação do Requerido ao ônus da sucumbência. Nestes termos pede e espera DEFERIMENTO. Brejo Santo-CE, 07 de Julho de 2017. Bel. Johan Jacó de Lima Bela. Cícera Marise C. Souza Advogado-OAB/CE 29.081 Advogada-OAB/CE 27.622