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SENTIMENTO E EMOÇÕES NO PROCESSO CLÍNICO Profa Maria Estela Martins Silva Sentimentos e emoções na TC “Da perspectiva behaviorista, sentir é uma espécie de ação sensorial, assim como ver e ouvir, e que é basicamente, resposta de glândulas e musculatura lisa. Aquilo que sentimos são condições do nosso corpo.” “Já discriminar aquilo que sentimos e falar sobre isso são comportamentos aprendidos, produtos da comunidade verbal que nos ensina a descrever o que fazemos, o que pensamos e o que sentimos” (Skinner, 1989). Sentimentos e emoções na TC “Skinner afirmou que as explicações mentalistas acalmam a curiosidade e levam a indagação à imobilidade. Considerou que por ser tão fácil observar os sentimentos e estados mentais num momento e num lugar que os fazem parecer como causas, isto é, imediatamente antes de uma ação, não nos predispomos a investigar mais. Mas uma vez que começamos a estudar o ambiente, sua importância se torna inegável.” Sentimentos e emoções na TC Explicações circulares Estava com raiva Briguei com meu amigo Sentimentos e emoções na TC Estava com raiva Chorei Dei um tapa Fiquei quieto Sentimentos e emoções na TC Tapa Ofensa Raiva ocasiona elicia Sr+ Sentimentos e emoções na TC Chorar Ofensa Raiva ocasiona elicia Sr+ Sentimentos e emoções na TC Calar Ofensa Raiva ocasiona elicia Sav ou Sr+ Sentimentos e emoções na TC Nosso sistema nervoso identifica dor, alterações de temperatura, mudança da posição do corpo... O autoconhecimento surgiu mais tarde e ainda não temos um sistema para identificar quando somos punidos, reforçados, enfim, identificar as contingências em vigor. Sentimentos e emoções na TC Sentimentos e outras formas de comportamentos encobertos são os mecanismos que o organismo possui de perceber os processos comportamentais e sua história de reforçamento. SENTIMENTOS SÃO PISTAS PARA AS CONTINGÊNCIAS! Sentimentos e emoções na TC Sentimentos são comportamentos! Por isso deve-se buscar as contingências das quais são função. É possível uma interação entre contingências respondentes e operantes “A importância de entrar em contato com os sentimentos e de expressá-los é muito vivenciada pelos terapeutas. O cliente vem buscar terapia quando está experimentando sensações, sentimentos de incômodo ou desconforto, ou seja, são os sentimentos que levam uma pessoa a buscar ajuda. Mas o cliente frequentemente não sabe descrever com clareza o que sente (...) Ao não saber descrevê-las e nomeá-las esta pessoa não sabe o que fazer com elas, não sabe analisar as contingências envolvidas, não as utilizando portanto para previsão e controle de seu próprio comportamento. Quando o cliente consegue identificar as relações entre os comportamentos abertos e os encobertos, e consegue perceber de que variáveis eles são função, estará mais apto a modificar seu comportamento e/ou ampliar seu repertório.” Sentimentos e emoções na TC Punição no processo de socialização de sentimentos e emoções + Modelos que não expressavam o que sentiam A falta de expressão desses deve-se, frequentemente, a esquiva de situações que provocam afeto. Insatisfação geral e difusa Sentimentos e emoções na TC “Quanto ao manejo dos sentimentos e emoções no processo clínico, o objetivo principal do terapeuta é o de ajudar seus clientes a entrar em contato com as variáveis controladoras de seus comportamentos, o que inclui, como vimos, perceber seus sentimentos. Para isto é necessário que, como terapeuta, ele observe indícios de que seu cliente possa estar evitando sentir e/ou expor seus sentimentos. Quando isso ocorre, ele pode retomar os estímulos dos quais seu cliente parece estar se esquivando, encorajá-lo a expressar seus afetos e lembranças difíceis.” Sentimentos e emoções na TC A expressão das emoções é importante em, possivelmente, todas as abordagens. Na TC a expressão emocional não elimina o problema (catarse) e nem aparecerá de outra forma (psicossomática). Seu papel é de indicar as contingências vigentes ou que ocorreram na história de vida do cliente. Sentimentos e emoções na TC Sentimentos não determinam suas ações, desta forma, é possível não agir de acordo com seus sentimentos; As emoções não são imutáveis, quando o contexto muda, elas deixam de ser as mesmas. Expressar emoções de maneira assertiva é desejável “O comportamento de identificar afetos envolve observação de comportamentos não verbais, e dos aspectos não vocais das verbalizações: a entonação, cadência, volume da voz, silêncios... Ter um vocabulário desenvolvido de termos que indicam emoções nas suas diferentes intensidades também é uma habilidade desejável. Existem algumas categorias gerais de sentimentos como alegria, tristeza, raiva, medo, confusão. E numa mesma categoria termos diversos indicam intensidades diferentes do mesmo sentimento. Na categoria raiva, pode-se estar enfurecido, aborrecido, ou apenas irritado (Miranda e Miranda, 1993). Um outro recurso do terapeuta para identificar sentimentos é a empatia: observando e escutando seu cliente, ele pode se perguntar como estaria se sentindo se estivesse na situação do outro.” O que é dito deve ser ouvido de forma não literal. Por exemplo, uma pessoa pode relatar durante a sessão que não sabe o que está errado(...) Diz que possivelmente o melhor a fazer é desistir. O terapeuta não estará respondendo aos sentimentos se tentar explicar o que pode estar errado, começar a questionar os fatos, ou mesmo propôr soluções. Ele mostrará estar escutando os sentimentos quando diz à pessoa que ela parece estar perplexa, ou desanimada, e tentada a dar-se por vencida. O cliente provavelmente se sentirá compreendido (...) O terapeuta estará respondendo aos sentimentos e ao conteúdo, se além de identificar o afeto ele procurar relacioná-lo com os eventos ocorridos. Neste caso ele pode usar frases tais como: “diante de... Você se sente...; quando... acontece, você se sente...; você se sente... toda vez que...” Sentimentos e emoções na TC Quando o terapeuta comunica um sentimento que não se relaciona ao que o cliente está sentindo, este costuma corrigi-lo. Sentimento do terapeuta em relação ao cliente “Quando o terapeuta sente irritação, carinho ou tédio frente a um determinado cliente, precisa identificar se tais eventos internos estão relacionados a eventos de sua própria história pessoal, ou se tais encobertos se relacionam a contingências que envolvem o comportamento do cliente e que portanto devem fazer parte de suas relações pessoais em geral. Neste caso, podem ser entendidos como uma amostra de seu comportamento fora da sessão terapêutica e o terapeuta pode mostrar isto a seu cliente.” Referências Meyer, Sonia B. (1997). Sentimentos e emoções no processo clínico. In Delitti, Maly. Sobre comportamento e cognição: a prática da análise do comportamento e da terapia cognitivo-comportamental. Vol 2. São Paulo: Arbytes. Próxima aula Texto: Guilhardi. Autoestima, autoconfiança e responsabilidade.