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UNIVERSIDADE IGUAÇU/CAMPUS V FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE MEDICINA Bárbara Moreira Gomes Dutra Mota Polyana Iunes Rocha Rackel da Silva Freitas OBESIDADE NO BRASIL: uma questão de Saúde Pública. ITAPERUNA – RJ 2018 Bárbara Moreira Gomes Dutra Mota Polyana Iunes Rocha Rackel da Silva Freitas OBESIDADE NO BRASIL: uma questão de Saúde Pública. Trabalho apresentado às disciplinas Anatomia I, sob orientação do Prof. Wagner Mangiavachi, e Metodologia e Técnicas da Pesquisa em Saúde, ministrada pelo Prof. Wagner Luiz Ferreira Lima. ITAPERUNA - RJ 2018 RESUMO O aumento da obesidade no Brasil, nas últimas cinco décadas, fez com que o excesso de peso se tornasse um problema de Saúde Pública, tendo em vista que o sedentarismo associado às dietas calóricas têm causado efeitos prejudiciais à saúde cardiovascular e metabólica. O presente artigo ao priorizar como eixo de suas análises, a obesidade, tenta realizar uma revisão, cujo foco é mostrar que, no contexto da realidade brasileira, a obesidade e suas consequências constituem questão de Saúde Pública. Os muitos estudos que abordam a obesidade apontam para os aspectos multifatoriais que envolvem o excesso de peso e a obesidade abdominal, que em sua origem apresenta tanto causas ambientais, como superalimentação, diminuição de atividades físicas; como também causas genéticas, como tolerância diminuída à glicose. A reeducação alimentar, assim como um tratamento na perspectiva holística surge como caminhos no processo de reversão da obesidade. Palavras-chave: Obesidade- Saúde Pública – sedentarismo - estilo de vida. SUMMARY The increase in obesity in Brazil over the last five decades causes overweight to become a public health problem, since the sedentary lifestyle associated with caloric diets has caused harmful effects on cardiovascular and metabolic health, from the Young age. The present article, when prioritizing as its axis of analysis, obesity, attempts to carry out a review, whose focus is to show that, in the context of the Brazilian reality, obesity and its consequences are a matter of Public Health. The many studies that address obesity point to the multifactorial aspects that involve overweight and abdominal obesity, which in its origin has both environmental causes, such as overfeeding, decreased physical activity; as well as genetic causes such as impaired glucose tolerance. Food re-education, as well as a holistic approach, appear as ways of reversing obesity. Keywords: Obesity- Public Health - sedentary lifestyle. CONHECENDO A OBESIDADE A obesidade caracteriza-se pelo acúmulo excessivo de gordura corporal no ser humano que na maioria das vezes é gerado pela alta quantidade de calorias ingeridas durante as refeições. Quando uma pessoa se encontra obeso, seu corpo fica mais robusto e automaticamente mais cansado devido à grande quantidade de peso que o individuo necessita carregar. Por comprometer o organismo, a obesidade pode acarretar outras diversas doenças como: Hipertensão; Diabetes; Doenças do coração; Artrite; Derrame; Apneia; Pedra na vesícula; Refluxo esofágico; Tumores de intestino. Sendo assim é importante que uma pessoa obesa busque exercitar-se para que o sedentarismo possa ir embora e as calorias possam ser eliminadas até o peso corporal voltar ao normal. INTRODUÇÃO As transformações ocorridas no mundo, a partir da segunda metade do século XX, que atingiram os campos da economia, da cultura das tecnologias de última geração, transformaram hábitos alimentares e estilo de vida. Tal cenário acarretou mudanças nos indicadores nutricionais, sobretudo no aumento do consumo de alimentos calóricos, que contribuem para a obesidade, atualmente vista como um grave problema de saúde pública. A Organização Mundial da Saúde (OMS) ao estabelecer os Índices de Massa Corporal (IMC) consideradas ideais e associados à altura/peso dos indivíduos indicou parâmetros que são referenciais para as pesquisas sobre obesidade em todo o mundo. Dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do ano-referência 2002/2003, indicaram que a obesidade afetava 11,1% da população adulta, com prevalência de 8,9% para os homens e 13,1% para as mulheres. Já nos anos de 2009/2010, o POF já indicava aumento da prevalência geral e, por sexo (homens e mulheres) da obesidade entre brasileiros, com índices gerais (49. 0%), homens (50,1%) e, mulheres (48%). A pesquisa VIGITEL – Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico – (2009), encontrou prevalência de obesidade de 13,9% para a população geral e 48,0% de excesso de peso, sendo que 52,6% para homens e 44,1% para as mulheres. Esses dados permanecem próximos dos atuais e entre as hipóteses relacionadas ao aumento da obesidade encontra-se o declínio do gasto energético, que parece estar associado às alterações nas condições de trabalho na contemporaneidade, como também à prática das atividades físicas. O sedentarismo, o hábito de fumar, hábitos alimentares não saudáveis, história reprodutiva para as mulheres e questões hormonais, consumo de bebida alcoólica, condições socioeconômicas e fatores genéticos. O mais grave deste quadro é o fato de que, cada vez mais precocemente, crianças e adolescentes com sintomas de obesidade têm apresentado aumento da pressão arterial, diabetes, problemas cardíacos e cardiovasculares, além de outros de natureza gástrica e até efeitos sociais que geram problemas psicossociais. A obesidade apresenta efeitos desastrosos, como a morbidade que afasta as pessoas do trabalho, de uma vida digna e socialmente saudável. A implementação de ações de saúde e programas preventivos que, articulem reeducação alimentar, apoio psicológico e atividade física são essenciais para que esse grave problema de saúde pública, não destrua o futuro das gerações desses tempos complexos e consumistas. MULTIFATORES QUE CONTRIBUEM PARA A OBESIDADE NO BRASIL. A obesidade é vista pelas organizações de Saúde em todo o mundo, como uma doença crônica, que é definida como o acúmulo excessivo de tecido adiposo em um nível que compromete a saúde das pessoas que apresentam excesso de peso. (WHO, 1997). As causas da obesidade envolvem segundo os especialistas, fatores genéticos, metabólicos, endócrinos, nutricionais, psicossociais, culturais, caracterizando o seu aspecto multifatorial. Quanto ao parâmetro que define os indivíduos obesos, o IMC, deve ter um valor igual ou superior a 30 kg/m². (POPKIS e DOAK, 1998). Há de se destacar que os fatores de ordem econômico-social geradores de patologias de fundo psicossocial, visto que não é raro, pessoas obesas apresentarem quadros de depressão, baixa estima, pânico, entre outros problemas psicológicos. Ferreira e Magalhães (2005) comentam que valores socioculturais relacionados à obesidade podem variar de uma sociedade para outra pois se no passado, o peso excessivo de uma pessoa estava associado à saúde, na modernidade, os padrões de beleza são narcisistas, dietéticos, higiênicos e fazem o culto à beleza ao corpo enxuto e sem excesso de gordura e jovem. Contudo, algumas tribos africanas defendem mulheres fortes, seios fartos, com imagem associada à maternidade. Atualmente há fortes referências de que fatores socioeconômicos, nutricionais e psicossociais têm sido prevalentes em muitos grupos de pessoas obesas, o que relaciona o ambiente e o modelo de alimentação à obesidade. Pesquisa realizada por pesquisadoras da Fiocruz (2005), com mulheres pobres e obesas da Rocinha, verificou que os critérios para seleção de alimentos encontram-se diretamente ligado às condições econômicas financeiras dessas mulheres, bem como aos hábitos culturais alimentares. Ainda com referência a esta pesquisa, ficou comprovado que a base da alimentação dessas famílias é “arroz, feijão e carne”, com a presença frequente de “farinha”e “macarrão”. O consumo de legumes e verduras foi pouco citado, com algumas referências à “abóbora” e “batata”. As participantes da pesquisa revelaram apreço por frituras, mesmo reconhecendo os perigos dessa dieta, o mesmo ocorrendo com o consumo de açúcar. A pesquisa ainda apontou o desejo de muitas delas consumirem frutas, iogurtes, queijos, carne vermelha, mas reconhecem serem produtos fora do poder aquisitivo que possuem. Estudo realizado por Azevedo e Barro (2012) apontam as variáveis nutricionais como fator preponderante nos quadros metabólicos de obesidade, reafirmando que metabolismo envolve as transformações que os nutrientes sofrem no organismo, fornecendo energia e saúde. Esses mesmo nutrientes, quando substituídos por alimentos gordurosos, são anulados, causando estragos ao tecido adiposo. As autoras ainda analisam a necessidade que os obesos têm de alimentos calóricos, em detrimento dos que são saudáveis e metabolizam nutrientes para o corpo. Outra investigação que aponta para a etiologia multifatorial da obesidade é a de Sá (2008) que analisa os fatores psicológicos comportamentais, ao comentar o “estresse” como um fator de risco, associado aos estados de ansiedade e às causas endócrinas que favorecem a obesidade. O estudo envolveu caixas de um banco privado, 20 homens e 15 mulheres, que apresentam peso acima do padrão e que no dia a dia da função, convivem com pressão ao público, pressão interna, além de lidar o tempo todo com dinheiro e máquinas. A obesidade abdominal prevaleceu sobre os homens, ao passo que as mulheres, apresentaram obesidade corporal geral. As mulheres disseram que o excesso de peso decorre do fato de não terem horário certo para se alimentar sendo esta variável acrescida do fato de ingerirem “besteiras”, como biscoitos, salgadinhos e outras guloseimas. Fator analisado por Costa et.al. (2011) envolve o sedentarismo, representado pela ausência de atividade física. A pesquisa foi realizada junto aos funcionários da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no total de 299 participantes mensurada segundo o Internacional Physical activity Questionnaire (IPAQ). A pesquisa revelou associação entre a ausência de Atividade Física (AF) e os marcadores antropométricos, sendo que a prevalência de obesidade foi de 27, 4% e a prevalência de excesso de peso foi de 63,5% e a prevalência de obesidade abdominal foi de 45, 2% (homens 35,5% e mulheres 63,7%). O nível baixo de atividade física manteve-se associado à ocorrência de obesidade. A desigualdade social aparece como fator desencadeador de obesidade nas análises de Sônia Rocha para o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) de 1994. O estudo da pesquisadora apontou que: [...]Foi possível constatar que a frequência da obesidade entre mulheres pobres no sudeste do Brasil, expressa na realidade, os novos contornos da pobreza urbana e da exclusão social no país. Essa nova conformação social e demográfica acabou por produzir intensas desigualdades no acesso a bens e serviços, incluindo os produtos alimentícios, com impacto maior no sexo feminino. A pesquisa revela um dado importante, que é a vulnerabilidade que a pobreza acarreta, sobretudo, as mulheres que na maior parte dos lares, são chefes de família, a qual tem que alimentar com poucos recursos. Logo, a autora entende que a obesidade não é só uma enfermidade física, mas também social. Cada vez mais, as investigações científicas pesquisam novos fatores associados à obesidade, sendo que um dos campos objeto desse tema é a obesidade infantil, pelo fato do numero de crianças obesas ter crescido de forma exponencial nas últimas décadas. TIPOS DE OBESIDADE Sobrepeso – quando uma pessoa está com sobrepeso, ainda não é obesa, porém não está com o peso ideal para seu corpo. Porém ao diagnosticar-se com sobrepeso, é importante começar um tratamento com boa alimentação e exercícios físicos para que os problemas como colesterol e fadiga não comecem a influenciar no dia a dia. Obesidade – quando o IMC ultrapassa os 30, a pessoa é considerada obesa, além disso, além de haver grandes riscos de adquirir os problemas relacionados à obesidade, o ser humano passa a ter um grande cansaço corporal e dores nas articulações. Obesidade Mórbida: quando o IMC indica obesidade mórbida é sinal de alerta, pois significa que o corpo está com um grande índice de massa corporal podendo causar diversos problemas na saúde. Além disso quando uma pessoa está com obesidade mórbida, locomover torna-se um processo muito mais difícil e voltar ao peso ideal também, comprometendo então, a saúde do individuo. Obesidade infantil – esse tipo é um dos problemas de saúde publica mais graves dos últimos anos, pois uma a cada três crianças sofrem desta doença em todo mundo. Mesmo que a criança consiga reverter a obesidade infantil, problemas como diabetes e hipertensão podem acompanha-las para o resto da vida. Além disso, uma criança obesa tem chances de se tornar um adulto obeso caso ela não faça atividades físicas e se alimente corretamente. Dessa forma, independente do grau da doença, é importante que o individuo busque ajuda médica para seu caso e alimente-se de forma adequada para que seu corpo não sofra futuramente. EFEITOS PATOLÓGICOS DA OBESIDADE. A obesidade é no momento contemporâneo uma doença que tem alcançado proporções epidêmicas, principalmente pelo aumento dos casos, ainda na infância. São muitas as doenças associadas ao sobrepeso e à obesidade, entre elas a diabetes, doenças cardiovasculares, alguns cânceres e outras patologias associadas. Segundo estudos como o National Health and Nutrition Examination Study IIII (2011), realizado com 16 mil participantes, a obesidade foi associada a um aumento da prevalência de diabetes tipo 2 (DM2), doença da vesícula biliar, doença arterial coronariana (DAC), hipertensão arterial sistêmica (HAS), osteoporose (AO) e de dislipidemia. Quando fala da Síndrome Metabólica Mancini (2010) afirma que ela representa um grupo de fatores de risco cardiometabólico, que incluem a obesidade abdominal combinada com a elevação da pressão arterial, glicemia de jejum e triglicerídeos e redução do nível de colesterol HDL. A presença da Síndrome Metabólica está associada a um risco aumentado dos eventos cardiovasculares e a mortalidade. A obesidade abdominal é parte essencial para os fatores de risco da Síndrome Metabólica (SM), estando diretamente associada ao surgimento da Diabetes, tipo 2. Pesquisa realizada por Melo (2012) para a ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica, 2012) apresenta os seguintes dados: Em um estudo prospectivo de coorte que analisou a associação entre SM e a diabetes tipo 2, entre 4.022 pacientes com aterosclerose, obesidade abdominal foi o componente mais fortemente associado ao risco de diabetes, tipo 2. Dados de nove estudos europeus foram examinados para determinar a associação entre SM e adiposidade abdominal em mais de 15 mil homens e mulheres. Os mais obesos apresentaram maior prevalência de DM2. Estudos também comprovaram que a perda de peso reduz o risco de DM2 e seu controle, conforme estudo prospectivo de 20 anos de duração, com 7.176 homens britânicos sendo que a taxa de novos casos de diabetes foi de 11,4 por 1000 pessoas/ano entre indivíduos obesos, contra 1,6 entre os indivíduos de peso normal. Essas pesquisas atestaram que a perda de peso a longo prazo reduz o risco de Diabetes tipo 2. (DPP, 2010). As doenças cardiovasculares são patologias que têm a obesidade com um dos fatores de risco mais graves, incluindo nesse contexto, o infarto do miocárdio, angina, insuficiência cardíaca congestiva (ICC), acidente vascular cerebral, hipertensão e fibrilação atrial. Estudo recente com mais de 37.000 adolescentes mostrou que aqueles com IMC maior, mesmo dentro de normalidade apresentam maior risco de DAC na vida adulta. (MELO, 2012). O estudo da ABESO (2012) ainda comenta sobre o fato de a hipertensão arterial estar fortemente relacionada com a obesidade como um fator de risco paraos fenômenos patológicos cardiovasculares. O Womens Health Study (2011) encontrou associação significativa entre a obesidade e o desenvolvimento da HAS e DM2. Foram pesquisadas 38.172 mulheres livres de diabetes e DCV no início, com média de 10.2 anos de seguimento e taxa de incidência de DM2 ajustada para a idade/1.000 casos em mulheres obesas foram de 7.6 em pacientes normotensas (120/75) versus 20,5 entre as hipertensas. Em relação às doenças respiratórias a apneia obstrutiva do sono compreende episódios de obstrução total (apneia) ou parcial (hipopneia) da via aérea durante o sono, sendo o sobrepeso, um forte fator de risco para essa condição. Um aumento de 10% em quatro anos está associado a um aumento de seis (6) vezes, no risco de desenvolver a síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS). Estudos prospectivos demonstram que as doenças do sono predispõem à obesidade. Segundo Mancini (2010) homens apresentam um risco maior de desenvolver a doença, sendo a idade um fator de risco adicional. A literatura aponta que durante o sono, interrupções no fluxo maiores do que 8 segundos em crianças e 10 segundos em adultos são consideradas anormais e caracterizam a apneia. A SAOS ocorre em 4% dos homens e 2% das mulheres entre 30 e 60 anos. Melo (2012) considera que a obesidade é o maior fator de risco para o desenvolvimento de apneia do sono, que está presente em 40% dos obesos sem queixas sugestivas, em 55% dos adolescentes submetidos à cirurgia bariátrica e em 71% a 98% dos obesos mórbidos. Quanto aos principais critérios de gravidade baseiam-se no número de episódios por hora de sono (ÍNDICE APNEIA, HIPOPNEIA, IAH): de 5 a 15 corresponde a leve; de 15 a 30, moderada; e de 31 ou mais corresponde a grave. A SAOS resulta em uma série de complicações, tais como: hipertensão pulmonar, insuficiência cardíaca direita, hipertensão arterial sistêmica resistente a drogas, acidente vascular cerebral e arritmias noturnas e potencialmente fatais. Em relação às doenças do trato digestivo, Melo (2012) destaca as doenças da vesícula biliar, a pancreatite aguda e as doenças hepáticas gordurosas não alcoólicas. As doenças da vesícula biliar, também chamadas de colecistopatias são especialmente comuns em mulheres. Um estudo inglês (2008) analisou dados de 1,3 milhões de mulheres com idade média de 56 anos, representando 7,8 milhões de pessoas/ano por seguimento, constatando que mulheres com Índice de Massa Corporal (ICM) maior no início do estudo, tinham maiores chances de internação e dias no hospital, por doenças da vesícula biliar, e que 25% das internações por esta patologia estão associadas à obesidade. Quanto à pancreatite aguda, a associação desta à obesidade foi constatada por uma série de estudos, que apontam que a obesidade aumenta a gravidade e mortalidade por pancreatite. O excesso de peso se apresenta como fator de risco principal para complicações locais, falência de órgãos e morte por pancreatite aguda. A obesidade aumenta o risco de pancreatite aguda 2,3 vezes maior de complicações sistêmicas, e 3,8 vezes maiores de complicações locais, além de a mortalidade ser 2,1 vezes maior. O artigo de Melo para a ABESO (2012) ainda discute a associação entre obesidade e doença hepática gordurosa não alcoólica, (DHGNA) que corresponde aos distúrbios como a esteatose, esteato-hepatite, e finalmente cirrose e hepatocarcionoma, sendo que as pesquisas mostram o estresse oxidativo como ligado á obesidade. A DHGNA encontra-se associada à obesidade, dislipidemia, hipertensão e resistência à insulina, os componentes da Síndrome Metabólica que aumentam risco cardiovascular. Ela afeta entre 15% e 30% da população em geral e tem uma prevalência de 70% em pessoas do Diabetes tipo 2. A pesquisa sobre obesidade da Associação da Síndrome Metabólica (2012) ainda aponta as doenças psiquiátricas associadas ao excesso de peso, sobretudo aos quadros depressivos, pois já se sabe que cientificamente os antidepressivos podem ocasionar aumento de peso. Pesquisa da “Behavioral Risk Factor System” (2010) que incluiu 217.379 adultos com depressão atual ou um diagnóstico de depressão ou ansiedade foram significativamente mais propensos a ter comportamentos pouco saudáveis como tabagismo, obesidade, inatividade física e consumo excessivo de álcool. A razão de chance ajustada para depressão e obesidade foi de 1,6x1, para os indivíduos não obesos, aumentando com a gravidade do transtorno depressivo maior. Assim, o transtorno depressivo grave aumentou em 6,5% com IMC, normal, e em 25,9% e com o IMC maior que 35 kg/m², ficando evidente que a prevalência de obesidade é mais que o dobro em pacientes com transtorno depressivo moderado ou grave: 26,4% x 57,8%. No caso das neoplasias, a associação entre obesidade e câncer é confirmada em vários estudos prospectivos. Mancini (2010) comenta que estudos do “American Cancer Prevention Study II”, que envolveu um corte de mais de 900 mil indivíduos sem neoplasias, em 1982, seguidos durante uma média de 16 anos, encontrou forte associação entre obesidade e câncer. Entre os participantes com um IMC de 40 kg/m², a mortalidade por vários tipos de câncer foi de 52%, maior nos homens e 62% maior nas mulheres, do que nos participantes com IMC normal. O IMC também foi associado de forma significativa a maior taxa de morte por câncer no estomago, cólon e reto, fígado, vesícula, pâncreas e mieloma múltiplo. Por fim, há de relacionar a obesidade com o risco de osteoartrose no joelho, de forma ampliada e no quadril, de forma moderada. A relação entre a orteoartrose de quadril e joelho com a obesidade foi verificada no “Rotterdam Study”, inicialmente com 3.585 pacientes, seguido por uma média de 6,6 anos. O IMC maior 27 kg/m² foi associado ao risco 3,3 vezes maior e de progressão da AO no joelho, mas não no quadril. (MELO, 2012). Estudos epidemiológicos realizados pelos mais importantes centros de pesquisa em todo o mundo, pontam que a obesidade é uma doença que se tornou uma questão e Saúde Pública, que exige prevenção e cuidados que diminuam os riscos dos graves problemas patológicos ocasionados em todas as idades e em todas as classes em todo o mundo, pelo excesso de peso. Para que este objetivo seja alcançado é necessário que as Políticas Públicas de Saúde criem ações voltadas para uma companha árdua, que envolva as escolas, como espaço em que as crianças construam hábitos e produzem cultura. A luta contra a obesidade é uma patologia que depende da ressignificação de hábitos alimentares e também culturais. No Brasil, a saúde sempre foi negligenciada e, atualmente, diante da crise política e econômica vivida pelo país, é urgente que as instituições, incluindo ONGS e demais associações institucionais compreendam a importância de se eliminar a obesidade como algo natural. Contudo, conclui-se que a obesidade mata. CONCLUSÃO: A obesidade assume relevância para o campo da saúde, na medida em que está associada a um grande número de doenças incluindo as patologias cardiovasculares, os distúrbios metabólicos, diversos tipos de câncer, patologias de várias ordens. Somam-se a esses danos fisiológicos, os impactos psicossociais relacionados à questão de estigma e da discriminação a indivíduos sob à condição de obeso. A obesidade é atualmente um agravo altamente complexo, que constitui um dos maiores problemas de Saúde Pública. Esta revisão buscou analisar a obesidade, sob o ponto de vista da realidade, que hoje atinge crianças, jovens, adultos, idosos, bem como dos efeitos patológicos do excesso de peso. As pesquisas registradas, a maior parte pelos estudos feitos pela Associação Brasileira da Síndrome Metabólica, demonstra que a obesidade é um problema de saúde multifatorial, que envolve vários campos e múltiplos fatores, que determinam sua gravidade. O estudo tentou demonstrar, principalmente, os graves efeitos do excesso de peso, sendo que para minimizar as altas taxas de pessoas obesas no Brasil, é necessário um trabalho sério de prevenção pelas Políticas Públicas de Saúde, que efetivamentecriem novos hábitos alimentares para toda a população. REFERÊNCIAS Disponível em http://revistapilates.com.br/2017/09/13/pilates-na-obesidade-2/ > Acesso em 30 de outubro de 2018. ABESO. Pesquisa sobre Doenças da Obesidade. Associação Brasileira para Estudo da obesidade e Síndrome Metabólica, 2012. 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