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Ecossistema Bucal
Muitos micro-organismos estabelecem uma morada perene em várias regiões do nosso corpo, mesmo no estado de saúde, constituindo as microbiotas próprias de cada local, já que cada região possui um habitat e condições ambientais diferentes (teores de umidade, pH, composições teciduais, entre outros). Portanto, só colonizam determinada região, micro-organismo que se adaptam à sua condição ecológica.
Ecossistema é o conjunto formado por seres vivos e elementos ambientais, constituído por dois fatores:
Abióticos: habitat (sulco gengival, dentes, mucosa de revestimento, etc..).
Bióticos: constituído por micro-organismos que vivem em um determinado habitat.
A cavidade bucal alberga várias microbiotas bucais (microbiota das superfícies lisas, do dorso lingual, do sulco gengival, e etc) devido a sua complexidade anatômica. É a mais complexa de todo nosso corpo, abrangendo mais de 500 espécies diferentes.
É constituída por micro-organismos classificados em:
Residentes: espécies sempre presentes na microbiota bucal. São sub classificadas em: Indígena (existe em proporção maior do que 1% do total de M.O.S.) e Suplementar (ocorre em proporção menor do que 1% do total de M.O.S.)
Transitórios: espécies vindas de outros habitats (ar, alimento, água, mãos..)
A microbiota passa por várias alterações no decorrer da vida.
Na fase intra-uterina, a nossa cavidade bucal é isenta de micro-organismos. Após o nascimento, os primeiros que chegam à boca são transitórios. Quando o parto é normal, são micro-organismos vindos do canal vaginal da mãe.
Algumas horas depois do nascimento, a boca começa a ser infectada por micro-organismos bucais provenientes das pessoas que estão em maior contato com o bebe (transmissão vertical).
A complexidade da microbiota bucal inicia-se com a erupção dos dentes, que cria duas novas situações ecológicas, dois novos habitats: a superfície dental e o sulco gengival.
A superfície dental propicia condições necessárias para a instalação de bactérias que tem a capacidade de se fixar á elas. Por sua vez, o sulco gengival é um nicho com baixíssimo teor de oxigenação, possibilitando a instalação de bactérias anaeróbias.
Na fase adulto dentado, a microbiota atinge suas proporções máximas. Se ocorrer perda total dos dentes, vão desaparecer as bactérias que tem tropismo para o dente e periodonto, ficando apenas as que possui afinidade com a mucosa. Se a pessoa colocar dentadura artificial voltam instalar-se várias espécies de micro-organismo, devido a presença dos dentes artificiais.
Aderêcia é a fixação ativa de uma bactéria a uma determinada superfície (orgânica ou inorgânica) ou até mesmo em outra bactéria (coagregação) para iniciar a colonização.
As bactérias tem possibilidade de se fixarem a superfície mole ou tecidos duros-dentes- , sendo mediada por adesinas. Dessa interação formam-se pontes de ligação, que são as bases da aderêcia microbiana.
Algumas bactérias consolidam sua aderência usando polímeros de carboidratos e polissacarídeos extracelulares (P.E.C.).
Os P.E.C. , aglutinam as células bacterianas e os receptores teciduais, conferindo uma adesão bastante firme entre eles.
Aderência mediada por P.E.C. , é um importante mecanismo de aderência entre bactérias da mesma espécie. A sacarose é a maior fonte de energia para os estreptococos do grupo mutans. Quando existe pequena quantidade de sacarose na placa bacteriana, os Streptococcus mutans elabora uma enzima que fragmenta a sacarose em glicose + frutose, sendo absorvidos e transformados em energia. Mas quando existe maior concentração de sacarose na placa, S. mutans aproveita uma parte do açúcar para sua necessidade atual e o restante para quando ocorrer escassez dessa fonte de energia. O açúcar é armazenado na forma de P.E.C.
A aderêcia entre bactérias da mesma espécie também pode ser mediada por constituintes da saliva e do exsudato gengival, estando presentes polímeros como a mucina ou glicoproteínas salivar, anticorpos como IgA-S (saliva) e IgM (fluido gengival).
A aderência de bactérias de espécies diferentes também é específica, envolvendo adesinas de uma espécie e receptores da superfície de outra espécie.
Os principais recursos utilizados pelo hospedeiro para regular e controlar a microbiota bucal, podem ser divididos em três grupos:
Endógenos: saliva, fluido gengival, presença ou ausência de dentes e/ou tecidos.
Exógenos: dieta do hospedeiro, qualidade da higiene bucal e uso de antibióticos.
Fatores Sistêmicos: a microbiota bucal pode sofrer algumas modificações em função de alterações sistêmicas fisiológicas e patológicas, como: alteração hormonal, estresse, leucemia, diabetes e imunodeficiências.
Relações Intermicrobianas: comensalismo e sinergismo- protocoperação (+); antagonismo e antibiose (-).
Referência: 
 De Lorenzo, Jose Luiz. Microbiologia para Estudantes de Odontologia. 1.ed. Rio de Janeiro: atheneu editora, 2006.

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