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PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 9
PLANEJAMENTO DE
PRÓTESE PARCIAL
REMOVÍVEL
Fábio Cesar Lorenzoni
Gerson Bonfante
Pedro César Garcia Oliveira
Karin Hermana Neppelenbroek
Marcelo Barbosa
INTRODUÇÃO
Existem vários recursos para restaurar a forma, a função, a estética e a saúde dos arcos
parcialmente edêntulos.1 Do ponto de vista funcional e psicológico, a substituição dos
dentes ausentes por meio de prótese fixa sobre dente ou implante é mais aceita por
pacientes e mais indicada por dentistas. Em muitas situações, as impossibilidades associadas
à disponibilidade financeira e a limitações sistêmicas ou locais impedem o tratamento com
esses recursos.
Todavia, a prótese parcial removível (PPR), quando bem planejada e executada, é
uma excelente alternativa de tratamento.2 Compete ao profissional entender o rela-
cionamento desse tipo de prótese com as estruturas orais para adquirir bases que
lhe possibilitem planejar e executar com sucesso a PPR.3
O objetivo principal da PPR, além de repor os dentes ausentes e as estruturas adjacentes, é
preservar os dentes remanescentes e as estruturas orais associadas.4 Entretanto, é mandatório
que os passos para a sua construção sejam meticulosamente planejados e executados. O
planejamento deve ser o mais simples possível, com o menor número possível de compo-
nentes, desde que desempenhem suas funções.5
A prótese deve ser orientada no sentido único e exclusivo de permitir que o pacien-
te seja reabilitado com conforto e eficiência.
Livia Aguiar Santos
10 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
A PPR não deve ser considerada como um tratamento provisório entre o arco parcialmente
edêntulo e o edentulismo total. Ela deve ser planejada de acordo com propostas e filosofias
para restaurar a função e a estética e manter a saúde do rebordo alveolar, assim como dos
pilares.6 Os controles periódicos, que normalmente são ignorados pelos profissionais e
pacientes, são fundamentais para a preservação dos dentes e das estruturas orais relaciona-
das, bem como, consequentemente, para o sucesso a longo prazo da prótese.
OBJETIVOS
Após a leitura deste artigo, espera-se que o leitor possa:
! reconhecer a necessidade do tratamento com PPR;
! estabelecer um plano de tratamento pré-protético;
! identificar a classificação dos arcos parcialmente desdentados;
! reconhecer a importância dos conceitos de retenção, suporte e estabilidade durante
as fases do planejamento;
! estabelecer um plano de tratamento com PPR;
! reconhecer a importância dos controles posteriores à colocação da PPR.
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 11
ESQUEMA CONCEITUAL
12 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
PERSPECTIVAS E NECESSIDADE DO TRATAMENTO
COM PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
A necessidade de tratamento protético é estabelecida primariamente pelo paciente mediante
sua percepção subjetiva. Dependendo do impacto que a alteração funcional e/ou estética
provoca na vida pessoal, profissional ou afetiva do paciente, este decide procurar tratamento
ou manter a situação. Por outro lado, do ponto de vista profissional, a substituição de qualquer
dente, com exceção dos terceiros molares, é razoável.
Pode-se concluir que a indicação da substituição de dentes ausentes é praticamente
empírica, de acordo com a experiência profissional, alicerçada em uma odontologia
baseada em experiência, e não em evidência.
Durante muito tempo, escreveu-se, em quase todos os livros-texto de odontologia restaura-
dora, como base para filosofias de tratamentos de muitas escolas, que o paciente somente
apresentaria eficiência mastigatória se, e somente se, todos os 28 dentes estivessem presen-
tes,7 condição descrita como síndrome dos 28 dentes.8 Essa noção foi refutada a partir do
trabalho de Käyser (1981)9, que comprovou que pacientes poderiam apresentar função ade-
quada com apenas oito unidades oclusais, ou seja, até o segundo pré-molar, teoria conheci-
da como arco dental reduzido.
Assim, planejamentos com o propósito de substituir dentes, do ponto de vista funcio-
nal, passaram a ser desnecessários, independentemente de sua substituição por PPR, por
prótese parcial fixa (PPF) com ou sem cantilever ou por prótese sobre implantes.
Este é o primeiro ponto a ser considerado durante o planejamento: há real necessi-
dade de substituir os molares ausentes?
Embora seja o paciente que decida o momento de procurar tratamento, o tipo de tratamento
mais apropriado é definido pelo profissional. A situação intra e extraoral, o desejo do
paciente, a idade, as condições de saúde geral, a presença de doenças sistêmicas, a situação
financeira, o número e a distribuição dos dentes remanescentes, a extensão do espaço protético
e as condição das estruturas ósseas são alguns dos fatores que, associados, contribuem para
a tomada da decisão entre as várias modalidades terapêuticas.10,11
Existe um forte relacionamento entre o tipo de prótese e a idade populacional.
Na Europa, observa-se que a utilização de próteses removíveis está fortemente associada a
populações mais velhas, enquanto a prevalência de próteses fixas é maior nos mais jovens11
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 13
Figura 1 – Prevalência de prótese fixa (azul) e removível (laranja) em diferentes grupos populacionais na Suíça.
Nota-se que, com o aumento da idade, aumenta a incidência de próteses removíveis.
Fonte: Adaptado de Ziztmann, Hagmann e Weiger (2007).11
(Figura 1). Dessa forma, é importante entender a transformação sociodemográfica que
vem ocorrendo e conhecer o perfil desses “ novos” pacientes.
O envelhecimento populacional é um proeminente fenômeno mundial. Em 1950, os ido-
sos formavam um contingente de 204 milhões de pessoas no mundo; em 1998, já eram 579
milhões, e projeções indicam que, para o ano de 2050, serão cerca de 1,9 milhão, represen-
tando o montante equivalente à população de crianças de 0 a 14 anos.
De acordo com a mais recente previsão populacional da Organização das Nações
Unidas (ONU), a média de idade para todos os países vai subir de 29 para 38 anos
em 2050.
No momento, apenas menos de 11% da população mundial de 6,9 bilhões de pessoas está
acima de 60 anos. A previsão da ONU para 2050 é de que essa parcela seja de 22% de uma
população de mais de 9 bilhões e que, nos países desenvolvidos, representará 33% da popula-
ção (Figura 2). Tais dados apontam claramente o aumento significativo dessa faixa populacional,
que cresce mais rapidamente do que qualquer outro grupo etário.
14 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
Figura 2 – Estimativa do crescimento da população idosa, isto é, pessoas com mais de 60 anos.
Fonte: ONU, 2009.
A proporção de idosos no Brasil cresce mais rapidamente do que a de crianças. Em 1980,
existiam 16 idosos para cada 100 crianças. No ano 2000, essa relação praticamente dobrou:
cerca de 30 idosos para cada 100 crianças. Na população brasileira, esse grupo etário represen-
tava, na década de 40, cerca de 4% da população; no ano de 1996, já eram 8% e, atualmente,
são mais de 15 milhões, com estimativas de atingir 30 milhões nos próximos 20 anos (13%
da população).
O grupo etário dos idosos também está envelhecendo. A parcela de pessoas com
75 anos ou mais apresentou o maior crescimento relativo nos últimos 10 anos em
relação ao total da população idosa (49%). As mulheres representam a maioria
dessa população (55,1%), cuja maior parte (81%) vive na área urbana.12
O crescimento do contingente idoso é explicado pelo aumento da expectativa de vida, que,
no mundo, aumentou em 19 anos desde 1950. Outros fatores estão relacionados, como a
taxa de fecundidade maior no passado (principalmente após a segunda guerra mundial) e
reduzida no presente, as melhorias nas condições de saneamento básico e os maiores inves-
timentos em promoção de saúde.
Essa transformação na estrutura da sociedade acarreta pressão e desafios para oEstado, a sociedade e os setores produtivos, inclusive a odontologia.
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 15
Paralelamente às transformações sociodemográficas, houve alterações profundas na reten-
ção de dentes nos idosos, mudando o perfil dos pacientes de edêntulos totais para parcial-
mente edêntulos.13 Dados epidemiológicos mostraram a diminuição da incidência do eden-
tulismo total14 e o aumento da retenção do número de dentes na população idosa.15 As
melhorias nas condições de tratamentos (técnicas e materiais) e a busca precoce por atendimen-
to são os principais fatores envolvidos na manutenção de dentes nesse grupo etário.16
Como as projeções sugerem a diminuição do número de dentes perdidos, o manejo
de pacientes idosos com saúde oral e geral, por vezes, comprometida e menos
dispostos a tratamentos extensos (PPF e implantes) do que pessoas jovens17 deve
ser repensado.
Assim, qual é a melhor opção de tratamento para os indivíduos idosos e parcialmente
edêntulos? Será sempre a implantodontia a melhor opção? A resposta certamente é não,
pois a PPR deve ser sempre considerada como uma opção de tratamento para esses pacientes,2
e, dessa forma, estima-se um aumento na demanda por tratamento com PPR.16
A PPR apresenta algumas vantagens, quando comparada à PPF, que se mantém consoli-
dada dentro de um contexto social e profissional.10,11 Pode-se destacar que:
! oferece boa relação custo/benefício;
! consiste em tratamento conservador, requerendo pouca destruição tecidual;
! é de fácil manutenção, se comparada a outros tipos de prótese;
! apresenta-se como solução para situações mecanicamente desfavoráveis para PPF.
Não foram encontradas contraindicações definitivas na literatura, apesar de doenças
como o diabetes e a deficiência de produção de saliva poderem diminuir a capaci-
dade da mucosa de resistir aos traumas mecânicos.17
As PPRs ainda representam uma opção de tratamento, mesmo considerando-se a crescente
tendência de indicação de próteses fixas sobre dentes ou implantes11 quando se observa que
a diminuição da taxa do edentulismo é maior do que a do aumento da indicação de PPR na
Europa.18,19 A prevalência de PPRs nos países europeus varia de 5 a 9% na Suécia, 11% na
Suíça, 14% na Inglaterra, 15% na Dinamarca e 27% na Finlândia.11
Embora apresente algumas desvantagens em relação a outros tipos de próteses e seja desa-
creditada por muitos profissionais e pacientes, a PPR a grampo pode preencher os requisi-
tos necessários para uma reabilitação oral, quando adequadamente indicada e planejada.20
Henderson & Steffel (1974)21 afirmaram que uma PPR pode ser, e o é na realidade, máquina
destrutiva, se for planejada de maneira errada.
16 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
De acordo com Kliemann & Oliveira (1999),22 quando bem confeccionada, dentro
dos limites fisiológicos, a PPR integra-se perfeitamente ao sistema mastigatório.
1. Explique a síndrome dos 28 dentes.
2. De acordo com a filosofia do arco dental reduzido descrita por Kayser (1981), quantas
unidades oclusais são necessárias para a mastigação eficiente?
A) Seis.
B) Sete.
C) Oito.
D) Nove.
Resposta no final do artigo
3. Qual é o primeiro ponto a ser considerado durante o planejamento do tratamento com
PPR? Justifique sua resposta.
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 17
4. Cite ao menos cinco fatores que, associados, contribuem para a decisão entre as várias
modalidades de prótese.
Resposta no final do artigo
5. De acordo com os dados populacionais, há uma alteração sociodemográfica evidente, e
uma nova condição de saúde bucal surgiu na população idosa. Assim, é correto afirmar
que
A) nos países desenvolvidos, há a tendência do aumento do grupo idoso em decorrência
das melhorias nas condições de saúde e de saneamento básico. Concomitantemente,
observou-se o aumento na retenção de dentes remanescentes, embora esse quadro
não seja verificado em países em desenvolvimento.
B) a população idosa é a que menos cresce quando comparada às demais faixas popu-
lacionais, tanto em países em desenvolvimento quanto desenvolvidos, e há aumento
nas taxas de edentulismo total.
C) a população idosa é a faixa etária que mais cresce, e dados epidemiológicos mostram
aumento na retenção dentária nessa população, modificando o perfil do paciente
idoso, tanto em países em desenvolvimento quanto desenvolvidos.
D) visivelmente, nos países em desenvolvimento, há o aumento da faixa populacional
idosa concomitantemente com o aumento dos edêntulos totais e a diminuição dos
parcialmente edêntulos.
Resposta no final do artigo
6. Por que se estima o aumento na demanda por PPR?
Resposta no final do artigo
18 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
7. Quais são as vantagens da PPR?
A) Consiste em tratamento não conservador e de fácil manutenção.
B) Oferece boa relação custo/benefício, exige pouca destruição tecidual e é de fácil
manutenção.
C) Apresenta relação custo/benefício desfavorável, consiste em tratamento conserva-
dor e exige pouca destruição tecidual.
D) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
Resposta no final do artigo
POR QUE PLANEJAR?
O planejamento, cuja importância é extremamente salientada, deve ser fundamentado em
princípios biológicos e mecânicos, o que é essencial para o sucesso da PPR a longo prazo.23
Entretanto, o que se observa é a falta de cuidados com essa fase tão importante. Em uma
pesquisa realizada nos laboratórios comerciais da cidade de São Paulo, observou-se que aproxi-
madamente 75% dos profissionais não enviaram o planejamento ao técnico de prótese.24
Delega-se aos técnicos em prótese dentária (TPD), que raramente conhecem princí-
pios biomecânicos, toda a responsabilidade pela distribuição dos apoios, desenho
dos grampos e conectores etc., o que contribui acentuadamente para o insucesso a
curto prazo e para o descrédito dessa opção de tratamento.
Planejar os vários elementos que compõem uma PPR, a princípio, pode parecer uma
tarefa laboriosa, complicada e que demanda tempo. Frequentemente, os pacientes apresen-
tam-se otimistas no início do tratamento, mas extremamente decepcionados com o resulta-
do final, fazendo queixas como estética pobre, dificuldade mastigatória, instabilidade e dor,
entre outras.25
O resultado final de uma PPR fabricada sem cuidados é, no máximo, regular26 e,
embora seja um tratamento popular, de baixo custo, com possibilidade de repor vários dentes
perdidos, beneficiando tanto a estética quanto a função, a PPR ainda é uma opção pobremente
aceita, sendo que as razões para tal descrédito ainda não estão claras.10
Deve-se entender que planejar não pode ser entendido como uma tarefa laboriosa,
que demanda tempo e tampouco é complicada. Ao contrário, complicado é tentar
corrigir uma prótese que não teve um início alicerçado em fundamentos biológicos
e mecânicos, que foram descritos há muito tempo.
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 19
O planejamento é obtido por meio de condutas diagnósticas que têm o objetivo de coletar
dados que determinem uma sequência lógica de procedimentos pré-protéticos para
reverter a situação preexistente desfavorável.27 Os dados para diagnosticar um arco parcialmen-
te desdentado são provenientes:
! da história médica e dentária do paciente;
! do questionário de saúde;
! do exame da cabeça e do pescoço;
! do exame intraoral;
! do estudo radiográfico e dos modelos de estudo (que auxiliam na determinação dos
planos-guias, da retenção e da via de inserção da PPR);
! de informações colhidas durante a entrevista com o paciente.28
O clínico deve reconhecer as seguintes possibilidades durante a construção do plano
de tratamento:
! o paciente ideal deve ter o desejo de adaptar-se ao uso da prótese;
! o paciente pode ter a necessidade, mas não o desejo de se adaptar ao uso da prótese;
! pode haver a necessidade e o desejo, mas não a habilidade físicapara o uso da prótese;
! nos casos em que não houver o desejo de adaptação, o profissional deve tentar moti-
var o paciente, buscando transformar sua necessidade em desejo.29
O planejamento deve ser formulado após o diagnóstico da situação clínica e da classificação
do arco e deve prever o preparo pré-protético anteriormente à construção e à instalação da
prótese. Paralelamente, o planejamento deve estar focado na preservação das estruturas
que suportam a PPR a fim de evitar cargas danosas sobre os dentes30 e o rebordo alveolar,6
mantendo a saúde do sistema.
8. Apesar de a importância do planejamento ser destacada para o sucesso da PPR a longo
prazo, o que se observa é a falta de cuidados nessa fase. A que cuidados o trecho se
refere?
20 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
9. Analise as afirmativas sobre o planejamento da PPR.
I – Planejar os vários elementos que compõem uma PPR, a princípio, pode parecer uma
tarefa laboriosa, complicada e que demanda tempo. Frequentemente, os pacientes
apresentam-se otimistas no início do tratamento, mas extremamente decepcionados
com o resultado final.
II – O resultado final de uma PPR fabricada sem cuidados é, no máximo, regular e, em-
bora seja um tratamento popular, de baixo custo, com possibilidade de repor vários
dentes perdidos, beneficiando tanto a estética quanto a função, a PPR ainda é uma
opção pobremente aceita, sendo que as razões para tal descrédito ainda não estão
claras.
III – Deve-se entender que planejar não pode ser entendido como uma tarefa laboriosa,
que demanda tempo e tampouco é complicada. Ao contrário, complicado é tentar
corrigir uma prótese que não teve um início alicerçado em fundamentos biológicos
e mecânicos, que foram descritos há muito tempo.
Qual(is) está(ão) correta(s)?
A) Apenas a I.
B) Apenas a II.
C) Apenas a III.
D) A I, a II e a III.
Resposta no final do artigo
10. Quais são as ferramentas diagnósticas que permitem coletar dados a fim de planejar
uma PPR para um arco parcialmente desdentado?
11. Quais são as possibilidades que o clínico deve reconhecer durante a construção do plano
de tratamento da PPR?
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 21
PREPAROS PRÉVIOS
Os preparos prévios compreendem todas as necessidades que a situação clínica impõe, dife-
rentemente dos procedimentos protéticos envolvidos na PPR (Figura 3). A importância dessa
fase está justamente em trabalhar o arco que receberá a PPR de forma a deixá-lo em boa
condição de saúde oral.
Figura 3 – Especialidades envolvidas durante o preparo prévio para o paciente receber a PPR.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A falta ou a falha nos preparos pré-protéticos resulta em uma prótese traumatogênica,
não terapêutica e instável. A PPR sem os cuidados necessários de planejamento e
controles posteriores pode trazer prejuízos biológicos, como aumento nos índices
de cárie e de doença periodontal, levando à perda de dentes pilares. Assim, deve-se
ter certeza de que, durante o preparo pré-protético, o paciente é capaz de higienizar
perfeitamente a boca antes de instalar a PPR.
Alguns preparos protéticos são necessários previamente à moldagem para a confecção
da infraestrutura metálica da PPR. Considerando que todos os dentes pilares devem receber
um grampo, em dentes hígidos ou restaurados, confeccionam-se nichos diretamente na boca.
Nas situações em que está indicada a restauração de um dente pilar com uma coroa protética,
esta deve ser planejada como coroa fresada, ou seja, preparada para receber um apoio (amplo),
um grampo de retenção e um de oposição (Figuras 4A-E).
22 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
Figura 4 – Planejamento de coroa metalocerâmica
para receber PPR dentomucossuportada em um arco
classe I de Kennedy. A) Caso clínico inicial em que o
dente 35 está próximo ao extremo livre. B) Vista oclu-
sal da coroa metalocerâmica fresada com apoio locali-
zado na face mesial. C) Imagem lingual da coroa, em
que se observa amplo apoio e espaço fresado para a
confecção de braço de oposição intracoronário.
D) Nota-se a adaptação do braço de retenção e do
apoio na coroa fresada; adicionalmente, o contorno
final da coroa é fornecido pelo grampo de oposição.
E) Observa-se que a margem inferior da fresagem
deve ficar supragengival.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A B
C D
E
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 23
Os nichos devem ser realizados mesmo diante de coroas já existentes (Figura 5A-B),
com todas as características preconizadas para que o apoio possa desempenhar
suas funções.
Figura 5 – Coroa total metálica. A) Após o preparo do nicho oclusal, houve a perfuração da coroa (ponteira).
B) Essa perfuração pode ser corrigida com o reparo em amálgama.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores
Figura 6 – Raiz residual aproveitada sob a base de uma PPR para melhorar o prognóstico. A) Raio-X final após
várias tentativas frustradas de retratamento endodôntico da raiz mesial. Nota-se o fragmento de lima endo-
dôntica (ponteira) que provavelmente perfurou a parede lateral dessa raiz. A hemissecção radicular foi indica-
da para manter a raiz distal, que recebeu núcleo estojado (B) para oferecer suporte à base de uma PPR
(ponteira), modificando o prognóstico e proporcionando conforto ao paciente (C).
Fonte: Arquivo de imagens dos autores
A exodontia de raízes deve ser indicada somente em situações que comprovadamente
impossibilitem sua manutenção. Quando há a possibilidade de manter uma raiz sob a base
de uma PPR de extremo livre, pode-se modificar a classificação do arco e melhorar o prog-
nóstico do caso. Por exemplo, se a raiz distal de um segundo molar inferior puder ser mantida
sob a base acrílica de uma PPR classe I de Kennedy, essa região passa a ser dentossuportada
(Figura 6A-C).
A B
A B C
24 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
Terceiros molares parcialmente irrompidos devem ser avaliados como provável suporte. Dian-
te dessa situação, a melhor abordagem é a indicação de uma cirurgia de aumento de
coroa clínica, permitindo que o pilar receba os componentes do grampo e favorecendo o
prognóstico do caso6 (Figura 7A-B).
Figura 7 – Cirurgia para aumento de coroa em terceiro molar superior. Vista clínica oclusal após incisão para
exposição do dente (A) e após sutura (B). Atentar para a importância da indicação desse tipo de procedimento,
que proporciona o aumento de retenção, suporte e estabilidade da PPR.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
No extremo livre de uma PPR dentomucossuportada, não há pilar posterior para
proteger a fibromucosa dos esforços mastigatórios. Existem movimentos rotacionais,
nesse caso, que geram torque no pilar e forças que podem ser potencialmente
danosas. O processo de reabsorção óssea é sempre contínuo e pode ser acelerado
em decorrência das forças compressivas ou laterais que incidem sobre a fibromucosa.
Keltjens e colaboradores (1993)31 reportaram que tratamentos com prótese total superior
contra uma PPR classe I de Kennedy são inadequados, pois não possibilitam uma oclusão
estável e duradoura, sobrecarregando a porção anterior da maxila e acarretando aumento da
reabsorção óssea nessa região. Como forma de melhorar o prognóstico para essa situação,
os autores apresentaram dois casos clínicos em que instalaram implantes sob as bases do
extremo livre da PPR e relataram uma melhora na estabilidade oclusal, no conforto e durante
as atividades funcionais.
A B
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 25
Os implantes podem ser indicados sob a base da PPR para melhorar a estabilidade da
prótese e minimizar as resultantes de forças dos movimentos rotacionais.32 Em 2008, Ohkubo
e colaboradores33 afirmaram que o planejamento de implantes sob a base de extremo livre
pode modificar a classificação de classe I ou II de Kennedy para classe III, ou de dentomucossu-
portada para dentoimplantossuportada, e concluíramque um implante por área é suficiente
para melhorar a estabilidade da PPR. Portanto, a cirurgia para a instalação é um procedi-
mento pré-protético, que visa a diminuir os problemas associados à sobrecarga nos pilares e
na fibromucosa.
Restaurações, tratamentos e retratamentos endodônticos, cirurgias endodônticas,
exodontias de raízes que comprovadamente não podem ser mais utilizadas como
suporte para bases de extremo livre, raspagens supra e subgengivais (Figuras 8A-B),
cirurgias periodontais, movimentações ortodônticas para fechamento de diastemas
e para distalizar molares, bem como cirurgias para remoção de toros ou exostoses e
para instalação de implantes, dentre outros procedimentos, sempre devem ser rea-
lizados previamente aos procedimentos para a confecção da PPR, pois podem mo-
dificar sua classificação.
Figura 8 – Procedimento de raspagem e alisamento sub e suprarradicular. A) Aspecto clínico vestibular inicial
dos dentes anteroinferiores, com a presença de placa e cálculo. B) A raspagem e o alisamento são procedimentos
primários em qualquer plano de tratamento em prótese; notar o aspecto após o tratamento da área, restituin-
do a saúde perdida.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A B
26 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
12. Por que a classificação do arco parcialmente edêntulo deve sempre ser realizada após o
preparo prévio da boca?
Resposta no final do artigo
13. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) em relação aos preparos prévios.
( ) Os preparos prévios compreendem algumas necessidades que a situação clínica impõe,
semelhantes aos procedimentos protéticos envolvidos na PPR.
( ) A importância dos preparos prévios está justamente em trabalhar o arco que receberá
a PPR de forma a deixá-lo em boa condição de saúde oral.
( ) A falta ou a falha nos preparos pré-protéticos resulta em uma prótese traumatogênica,
não terapêutica e instável.
( ) A PPR sem os cuidados necessários de planejamento e controles posteriores pode
trazer prejuízos biológicos, como aumento nos índices de cárie e de doença perio-
dontal, sem levar à perda de dentes pilares.
Resposta no final do artigo
14. Por que está indicada a manutenção de raízes tratadas endodonticamente sob a base da
PPR?
Resposta no final do artigo
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 27
15. Sobre os preparos prévios, é correto afirmar que
A) no extremo livre de uma PPR dentomucossuportada, há pilar posterior para proteger
a fibromucosa dos esforços mastigatórios.
B) o processo de reabsorção óssea é sempre contínuo e pode ser acelerado em função
somente das forças compressivas que incidem sobre a fibromucosa.
C) Keltjens e colaboradores reportaram que tratamentos com prótese total superior
contra uma PPR classe I de Kennedy são adequados, pois possibilitam uma oclusão
estável e duradoura.
D) os implantes podem ser indicados sob a base da PPR para melhorar a estabilidade da
prótese e minimizar as resultantes de forças dos movimentos rotacionais.
Resposta no final do artigo
16. Em 2008, Ohkubo e colaboradores afirmaram que o planejamento de implantes sob a
base de extremo livre pode modificar a classificação de classe I ou II de Kennedy para
classe III, ou de dentomucossuportada para dentoimplantossuportada. A que conclusão
os autores chegaram em relação à estabilidade da PPR?
CLASSIFICAÇÃO DOS ARCOS
PARCIALMENTE DESDENTADOS
O objetivo de propor classificações da PPR é separar situações que se repetem, isto é, que
apresentam determinadas características e padrões, com base em critérios previamente esta-
belecidos. Assim, mais de 60 classificações foram propostas, entre as quais se destacam as de
Cummer (1921), Baylin (1928), Kennedy (1928), Godfrey (1951), Beckett (1953), Skinner
(1959), Applegate (1960), Foldvari (1965) etc.
Enquanto alguns sistemas são excessivamente simples, outros são extremamente complexos,
e poucos foram os utilizados pela odontologia. As diferentes classificações foram basea-
das em princípios como:
! topografia;
! rendimento mecânico;
! função;
! fisiologia;
! biomecânica.34
28 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
Pode-se concluir que, com um número tão expressivo de propostas de classificação,
nenhuma é ideal.
O arco parcialmente edêntulo permite inúmeras combinações entre o espaço protético e
os dentes. Cummer, em 1920, calculou a possibilidade de 131.072 combinações diferentes
nos arcos dentários, desde a perda de um elemento até o último remanescente, considerando
as arcadas com 32 dentes. Em virtude desse elevado número de possibilidades, houve a
preocupação em agrupar as situações clínicas semelhantes e classificá-las, de acordo com a
disposição dentária ou a biomecânica. Tal conduta teve o objetivo de facilitar a comunicação
entre profissionais, permitir a visualização rápida do arco e orientar as manobras de planejamento.
Creditou-se a Cummer (1921) a primeira classificação dos arcos parcialmente desdentados;
contudo, a mais empregada é a de Kennedy (1928) com as modificações de Applegate. A
classificação ideal deveria preencher alguns requisitos,35 como:
! permitir a visualização imediata do tipo de arco dentário parcialmente desdentado, o
número e a disposição dos dentes remanescentes na arcada e o tamanho e o número
dos espaços protéticos;
! permitir a diferenciação imediata entre as PPRs dentossuportadas e as dentomucossu-
portadas;
! ser universalmente aceita na comunicação entre os profissionais e técnicos da área;
! obter bases mecânicas de planejamento;
! ser simples e de elaboração lógica a fim de que o usuário não dependa de memorização
para a sua utilização.
As principais bases para a classificação dos arcos parcialmente desdentados são a
topográfica e a biomecânica.
CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A TOPOGRAFIA
A base topográfica preocupa-se exclusivamente com a distribuição dos dentes remanes-
centes e como eles se relacionam com os espaços edêntulos. A classificação de Kennedy
(1925) é puramente topográfica, pois não considera o número de dentes remanescentes
nem a dimensão dos espaços desdentados. Essa classificação dividiu os arcos parcialmente
desdentados em quatro categorias principais, denominadas de classe I a IV, sendo o relaciona-
mento entre os espaços protéticos e dentes remanescentes a base para a sua proposta.
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 29
O que determina a classificação de Kennedy (Figuras 9A-D) é a presença ou a ausência de
dente pilar uni ou bilateral na região posterior do arco, em que:
! a classe I é caracterizada por áreas edêntulas bilaterais localizadas posteriormente aos
dentes remanescentes;
! a classe II apresenta uma única área edêntula localizada posteriormente aos dentes
remanescentes;
! a classe III é representada por uma área edêntula unilateral com dentes localizados
anterior e posteriormente a essa área;
! a classe IV exibe uma área edêntula bilateral localizada anteriormente aos dentes
remanescentes e cruzando a linha média.
Figura 9 – Classes de Kennedy. A) Classe I. B) Classe II. C) Classe III. D) Classe IV.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A B
C D
30 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
Em 1954, Applegate estabeleceu regras que vieram a controlar e facilitar a aplicação da
classificação de Kennedy (Figuras 10A-F), a saber:
! a(s) área(s) edêntula(s) mais posterior(es) sempre determina(m) a classificação;
! as áreas edêntulas adicionais à(s) que determina(m) a classificação serão denominadas
de modificações e designadas por seu número;
! a extensão da modificação não é considerada, apenas o número de áreas edêntulas
adicionais;
! a classe IV não apresenta modificação; qualquer área edêntula posterior à área única
bilateral determinará a classificação;
! a classificação deve ser posterior ao preparo da boca, pois exodontias podem modificar
a classificação;
! se o terceiro molar estiverausente, não deve ser considerado na classificação;
! se o terceiro molar estiver presente e for identificado como pilar, é considerado na
classificação;
! se o segundo molar estiver ausente e não for substituído, não deve ser considerado na
classificação.
Figura 10 – Exemplos da classificação de Kennedy com as regras de Applegate. A) Classe I, modificação 2. B)
Classe I modificação 1. C) Classe II, modificação 2. D) Classe II, modificação 3. E) Classe III, modificação 1.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores
A B C
D E F
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 31
CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A BIOMECÂNICA
A base biomecânica leva em consideração a forma com que os esforços mecânicos são
transmitidos ao tecido ósseo, por meio da mucosa alveolar e/ou do ligamento periodontal.
Segundo os princípios biomecânicos, pode-se dividir a PPR em duas classes principais:
! PPR dentossuportada;
! PPR dentomucossuportada.
Para entender a classificação segundo a biomecânica, é necessário compreender o
relacionamento entre os braços de potência e o de resistência. Quando a PPR está
em função, atuam sobre ela forças que são capazes de desestabilizá-la, provocando
movimentos indesejáveis através de eixos de rotação.
A PPR dentomucossuportada tem o braço de potência maior do que o de resistência,
sendo maior a probabilidade de desestabilizar a prótese. De forma contrária, a PPR dentos-
suportada tem o braço de resistência maior do que o de potência; assim, a estabilidade da
prótese é maior (Figuras 11A-B).
Figura 11 – Classificação segundo a biomecânica. A) Em uma PPR dentossuportada, o braço de potência (P)
é menor do que o de resistência (R), favorecendo a estabilidade da prótese. B) Em contrapartida, quando o
braço de potência (P) é maior do que o de resistência (R), a prótese é considerada como dentomucossuportada
e apresenta menor estabilidade do que a dentossuportada.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores
A B
32 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
A PPR dentossuportada transmite as forças ao tecido ósseo exclusivamente por meio do
ligamento periodontal dos dentes pilares. Já as PPRs dentomucossuportadas apresentam
suporte dental e mucoso, em que os rebordos recebem a força com carga de pressão que é
transmitida ao osso, mesmo considerando a amortização diretamente proporcional à capaci-
dade de dissipação apresentada pelos tecidos moles.
Do ponto de vista biomecânico, as PPRs dentossuportada e dentomucossuportada
são completamente diferentes e, dessa forma, devem ser planejadas com objetivos
distintos. As classificações que foram propostas não têm o objetivo de padronizar o
planejamento para as mesmas situações de arcos parcialmente edêntulos agrupa-
dos dentro de uma mesma classe. Se essa conduta fosse assumida, certamente não
se estariam considerando as variações individuais, como suportes distintos entre os
dentes pilares ou a extensão da área edêntula.
Em um arco classificado como dentossuportado ou classe III, por exemplo, a localização do
apoio no dente 34 seria na face distal, e o grampo de eleição seria o circunferencial, consideran-
do-se que o 37 apresentasse bom prognóstico. Se, nessa mesma situação, o dente 37 apresen-
tasse prognóstico duvidoso, o ideal seria planejar, no dente 34, um apoio na face mesial e um
grampo de ação de ponta, prevendo-se uma possível complicação com o 37. Portanto, mesmo
os casos agrupados dentro de uma mesma classe apresentam particularidades que devem
ser consideradas durante o planejamento.
17. Quais são as principais bases para a classificação dos arcos parcialmente desdentados?
A) Biomecânica e de rendimento mecânico.
B) Topográfica e biomecânica.
C) Funcional e fisiológica.
D) Fisiológica e biomecânica.
Resposta no final do artigo
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 33
18. A classificação proposta por Kennedy foi fundamentada no princípio
A) biomecânico.
B) topográfico.
C) de rendimento mecânico.
D) fisiológico.
Resposta no final do artigo
19. O que determina a classificação de Kennedy é a presença ou a ausência de dente pilar
uni ou bilateral na região posterior do arco. Nesse sentido, ordene as colunas.
(1) Classe I ( ) Exibe uma área edêntula bilateral localizada anteriormente aos dentes
remanescentes e cruzando a linha média.
(2) Classe II ( ) Apresenta uma única área edêntula localizada posteriormente aos
dentes remanescentes.
(3) Classe III ( ) Representada por uma área edêntula unilateral com dentes localizados
anterior e posteriormente a essa área.
(4) Classe IV ( ) Caracterizada por áreas edêntulas bilaterais localizadas posterior-
mente aos dentes remanescentes.
Resposta no final do artigo
20. Caracterize o relacionamento entre os braços de potência e o de resistência nas próteses
dentossuportada e dentomucossuportada.
Resposta no final do artigo
21. A base biomecânica leva em consideração a forma com que os esforços mecânicos são
transmitidos ao tecido ósseo. Cite as formas de transmissão desses esforços tanto na PPR
dentossuportada quanto na dentomucossuportada.
Resposta no final do artigo
34 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
22. Analise as afirmativas a respeito da classificação dos arcos parcialmente desdentados.
I – A PPR dentossuportada transmite as forças ao tecido ósseo exclusivamente por meio
do ligamento periodontal dos dentes pilares.
II – As PPRs dentomucossuportadas apresentam suporte dental e mucoso, em que os
rebordos recebem a força com carga de pressão que é transmitida ao osso, mesmo
considerando a amortização indiretamente proporcional à capacidade de dissipação
apresentada pelos tecidos moles.
III – Do ponto de vista biomecânico, as PPRs dentossuportada e dentomucossuportada são
completamente diferentes e, dessa forma, devem ser planejadas com objetivos distintos.
Qual(is) está(ão) correta(s)?
A) Apenas a I e a III.
B) Apenas a II.
C) Apenas a I e a II.
D) Apenas a III.
Resposta no final do artigo
PRINCÍPIOS BIOMECÂNICOS
Encontrar recursos para reduzir a movimentação sobre os eixos de rotação que a PPR
apresenta é importante para minimizar os danos sobre os dentes pilares e o rebordo alveolar.
Já que não há como neutralizar totalmente as forças resultantes desses movimentos, o pla-
nejamento deve visar a controlá-las da forma mais adequada, minimizando os efeitos sobre
o sistema.
Assim, quanto maior for a participação do componente mucoso na biomecânica da PPR,
maior será o desafio. Portanto, é importante que três conceitos sejam entendidos, a saber:
! retenção;
! suporte;
! estabilidade.
 RETENÇÃO
A retenção é a propriedade que a PPR deve possuir para resistir às forças de gravidade,
viscosidade e adesividade dos alimentos e às forças associadas aos movimentos
mandibulares. Roach descreveu esse princípio como a característica que a PPR deve
possuir para se opor às forças de deslocamento vertical produzidas por atos habituais
do paciente, como fonação, mastigação, deglutição e esforços naturais. Portanto, é
a qualidade que a PPR deve apresentar para evitar os deslocamentos cérvico-oclusais
durante as atividades funcionais.
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 35
Uma grande variedade de fatores mecânicos e fisiológicos está relacionada com a capacida-
de retentiva da PPR, como:
! coordenação muscular (relacionada ao paciente);
! qualidade e quantidade de saliva;
! qualidade do suporte da fibromucosa;
! extensão da base protética;
! número e forma do grampo;
! tamanho e número de planos-guia;
! comprimento;
! diâmetro e material do grampo;
! ângulo de convergência cervical.36,37
A retenção pode ser fisiológica, física ou mecânica.
TIPOS DE RETENÇÃO
Retenção fisiológica
A retenção fisiológica (retenção neuromuscular) é representada pelo equilíbrio dinâmico
entre a prótese e a musculatura paraprotética. É a habilidade e a capacidade do paciente
de manter a prótese em posiçãona boca. Depende do aprendizado e aumenta com o tempo;
portanto, é paciente-dependente.
Retenção física
A retenção física é representada pelos princípios físicos de adesão, coesão e pressão
atmosférica, presentes entre a sela e a mucosa, observados principalmente nas PPRs dento-
mucossuportadas. Dessa forma, quanto melhor for a adaptação entre sela e mucosa, melhor
será a retenção física, que está diretamente relacionada com os procedimentos de moldagem
e de ajustes durante os controles posteriores.
A quantidade e a qualidade da saliva também influenciam a retenção física da PPR,
da mesma forma que influenciariam a de uma prótese total.
Retenção mecânica
A retenção mecânica é didaticamente subdividida em retenção direta e indireta. A retenção
mecânica direta é fornecida pelos retentores extracoronários (grampos circunferenciais ou
de ação de ponta), localizados nos dentes adjacentes às áreas edêntulas, ou por encaixes
36 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
intra ou extracoronários, também denominados de attachments internos ou externos, que
podem ser de precisão ou de semiprecisão.
A retenção friccional oriunda do contato dos componentes da PPR com os planos-
guia também funciona como retenção direta.
A retenção indireta ocorre quando a retenção é realizada em pilares longe do espaço protético
e não se pode esperar uma força retentiva maior do que a oferecida pela retenção direta.38
SISTEMA DE GRAMPOS DE RETENÇÃO
O sistema de grampos de retenção foi descrito por Bonwill em 1899 e é o mais comumente
empregado, principalmente após o advento e o desenvolvimento da implantodontia, que
restringiu a utilização dos encaixes. A ponta ativa do braço de retenção é a única parte
flexível desse sistema e deve ser construída para ultrapassar o equador protético e se alojar
na área retentiva do pilar. Durante o trajeto de inserção, o braço de retenção deve permitir a
flexão e a deformação dessa parte do braço de retenção ao ultrapassar o equador protético
para chegar à área retentiva.
Durante as atividades funcionais, a retenção da prótese deve ser suficiente para
impedir o seu deslocamento no sentido cérvico-oclusal. De forma contrária, o sistema
de grampos não desempenhará adequadamente a função para a qual se destina.
Adicionalmente, além de prover retenção, o grampo é responsável por auxiliar no suporte
da PPR por intermédio dos apoios, impedindo o movimento ocluso-gengival. Contribuir
para a estabilidade da PPR, além de estabilizar o pilar diante da ação de forças horizontais
que tendem a desestabilizá-lo durante a inserção/remoção ou durante a mastigação, também
são outras funções atribuídas ao grampo. Como regra geral, deve apresentar abraçamento
de mais de 180° (Figuras 12A-B).
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 37
Figura 12 – Extensão do abraçamento do grampo
no dente. A) Cada sistema de grampo deve ser plane-
jado para prover contato direto com o retentor em
pelo menos 180o. B) O abraçamento menor do que
o indicado pode implicar a movimentação indesejada
do pilar.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Durante o repouso, os grampos não devem exercer qualquer forma de ação sobre
os dentes pilares, ou seja, devem estar passivos.
Embora o grampo seja uma estrutura única, cada componente apresenta uma função impor-
tante e distinta; portanto, nenhuma parte pode ser desconsiderada ou minimizada. O siste-
ma de grampo deve apresentar:
! um apoio;
! um braço de retenção;
! um braço de reciprocidade ou elemento de oposição;
! um conector menor e esse conjunto, denominado retentor.
A forma e a função do apoio serão comentadas no item sobre o suporte. O braço de reten-
ção tem a função de prover retenção quando forças tendem a deslocar a prótese no sentido
ocluso-gengival. Esse componente apresenta três porções distintas:
! a ponta ativa ou terço terminal;
! o terço médio;
! o terço rígido (Figura 13).
B
A
38 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
Figura 14 – O delineador é utilizado para identificar
a posição da extremidade do grampo de retenção
tanto no sentido vertical (A) quanto no sentido hori-
zontal (B). Vale ressaltar que a localização determina
a quantidade de retenção proporcionada pelo grampo.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Figura 13 – O sistema de retenção de grampo que
atinge a área retentiva através da superfície oclusal
apresenta três regiões distintas. A região c é rígida,
tem origem no apoio e conector menor e projeta-se
na superfície axial do pilar; a área b é considerada
como relativamente rígida e se aproxima do equador
protético. Já a região a é considerada como flexível,
atravessa o equador protético, e sua extremidade se
aloja na região retentiva do dente, de acordo com o
eixo de inserção e de remoção da prótese.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A ponta ativa deve apresentar flexibilidade máxima e estar localizada totalmente na zona
retentiva da coroa. Já as demais áreas devem estar localizadas na região expulsiva, sendo que
o terço médio deve proporcionar uma flexibilidade limitada e cruzar o equador protético
nos casos de grampos circunferenciais.
A localização de cada término do grampo de retenção é determinada pelo delineador
e pode ser analisada tanto no sentido vertical quanto no horizontal (Figuras 14A-B).
Com o modelo posicionado na mesa do delineador, o contato entre a haste delineadora e a
superfície do pilar determina o equador protético de acordo com sua via de inserção. Toda a
área abaixo do equador protético é denominada de zona retentiva, e a área acima de zona
expulsiva.
O equador protético está diretamente relacionado com a via de inserção da prótese,
ou seja, quando se modifica a via de inserção, também se altera o equador protético.
A B
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 39
Na prática, quando há deficiência de área retentiva para qualquer pilar, em um determi-
nado trajeto, pode-se modificar a via de inserção com a finalidade de aumentar a capacidade
retentiva. Outra forma de aumentar a retenção é promover uma reanatomização do equador
protético mediante acréscimo com resina composta. Pode-se também criar áreas retentivas
côncavas na superfície do pilar com uma broca esférica (no 1014) (Figuras 15A-B).
Figura 15 – A) e B) Áreas retentivas côncavas podem ser criadas em esmalte com broca esférica (ponteiras)
como alternativa à deficiência retentiva nos dentes. Essa alternativa pode ser empregada tanto em retentores
diretos quanto indiretos.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores
A ponta ativa do grampo sempre deve estar localizada na zona retentiva dos pilares.
A haste delineadora, em contato com a superfície do pilar, forma um espaço retentivo, repre-
sentando a retenção mecânica. O posicionamento ideal do término do grampo é determi-
nado pelas hastes calibradoras disponíveis nas dimensões de 0,25 (ligas de Co-Cr); 0,50
(ligas de Au) e 0,75mm (fio de aço inoxidável) (Figuras 16A-F).
Figura 16 – A localização do término do grampo de
retenção é determinada pela haste calibradora. A
haste utilizada em A determina a posição do braço
de retenção em 0,25mm, indicada para ligas de Co-
Cr. A ponta do grampo tem posição localizada em
0,50mm, indicada para ligas áureas em B. Já em C, a
extremidade do grampo é localizada em 0,75mm,
quando se utiliza fio de aço. Em D-F, observa-se que
a porção central do grampo deve coincidir com a
marcação do calibrador (traço vermelho).
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A B C
D E F
A B
40 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
Figura 17 – Avaliação do grau de retentividade de
um retentor. Em A, nota-se um ângulo de convergên-
cia cervical maior do que em B. Consequentemente,
o grampo em A apresentará maior força retentiva do
que em B. Portanto, deve-se avaliar a quantidade de
retenção pelo ângulo de convergência cervical, e não
pela distância a que a extremidade do grampose loca-
liza do equador protético.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
O ângulo formado entre a haste calibradora e a superfície dentária é denominado
de ângulo de convergência cervical ou ângulo morto. A retentividade de uma su-
perfície dentária será maior quanto maior for o ângulo de convergência cervical.39
Se um dente pilar apresentar ângulo de convergência cervical acentuado, uma força maior
será necessária para remover o grampo, e isso pode acarretar forças traumatogênicas para o
ligamento periodontal. Assim, pode-se reanatomizar a superfície do pilar com o propósito de
diminuir esse ângulo. A avaliação do grau de retentividade de uma coroa deve ser feita,
portanto, em função do valor do ângulo de convergência cervical, e não da extensão da zona
retentiva (Figuras 17A-B).
Pode-se admitir que um grampo deva ser suficientemente retentivo para que não
seja deslocado por nenhum esforço funcional normal. Porém, não tão retentivo a
ponto de dificultar a retirada voluntária da prótese ou criar problemas de sobrecar-
ga aos dentes suportes. Portanto, o ângulo de convergência cervical é um dos fato-
res que influenciam a capacidade de retenção da PPR.39
A B
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 41
Figura 18 – A secção transversal do grampo de re-
tenção influencia a flexibilidade do grampo; à medi-
da que se diminui essa secção transversal, aumenta-
se a sua flexibilidade. Assim, um grampo com secção
transversal maior (A) apresentará flexibilidade menor
do que um grampo com essa secção menor (B). A
relação largura-espessura ótima é a razão 2:1.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A força retentiva de um grampo aumenta com o aumento do módulo de elasticidade da
liga utilizada. Portanto, ligas de Co-Cr têm maior retentividade do que as áureas. Outros
fatores como diâmetro (Figuras 18A-B) e comprimento do braço de retenção (Figuras 19A-B)
também influenciam na retenção do grampo.40
Figura 19 – O comprimento do braço de retenção
influencia a flexibilidade. Normalmente, a ponta do
braço de retenção termina na região disto-vestibular,
apresentando flexibilidade ótima (A). Quando o braço
de retenção é projetado de forma curta (B), a flexibili-
dade será prejudicada.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
O braço de oposição é o componente do grampo responsável pela reciprocidade e
deve ser considerado durante o planejamento para evitar forças deletérias ao pilar. Como
dito anteriormente, à medida que o braço de retenção ultrapassa o equador protético, este
produz tensão lateral no pilar. Se não houver um elemento de oposição, essa força lateral
não será neutralizada, e danos significativos ao periodonto do pilar serão produzidos. Para
prevenir esses danos, um elemento de oposição deverá ser planejado na face oposta ao
elemento de retenção.
A
B
A B
42 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
Ao inserir a prótese, o braço de reciprocidade deverá tocar o dente ligeiramente
antes do braço de retenção, e esse contato com o dente deve ser mantido até que
a porção terminal do braço de retenção atinja a área retentiva (Figuras 20A-B).
Figura 20 – Relacionamento entre o braço de recipro-
cidade ou de oposição e o de retenção. A) Durante a
inserção da PPR, se a extremidade do grampo de re-
tenção tocar primeiro o pilar, este sofrerá uma tensão
em sentido lingual até que o braço de oposição entre
em contato com o dente, neutralizando essa tensão;
a retenção de 0,25mm é utilizada justamente porque
é semelhante ao movimento dentário proporcionado
pelo ligamento periodontal. B) Se o relacionamento
ocorrer entre esses elementos com retenção excessiva,
poderá provocar danos aos tecidos de suporte. Quan-
do corretamente relacionados por meio de planos-
guia, o grampo de oposição toca primeiro o dente
pilar, neutralizando as forças em direção lingual pro-
duzidas durante a passagem do grampo de retenção
pelo equador protético.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A superfície do pilar deve ser preparada para que o braço de oposição possa cumprir
o papel ao qual se destina.41 Esse é o princípio de funcionamento dos planos-guia
de uma PPR.
A função principal do conector menor é fazer a união entre o conector maior e o grampo.
Dependendo do tipo de grampo, pode haver mais de um conector menor, o que é raro.
Juntamente com os braços de retenção e de oposição, o conector menor:
! auxilia a função de abraçamento;
! mantém o correto relacionamento do grampo com o pilar;
! colabora com a via de inserção/remoção;
! contribui, em pequena escala, para a retenção friccional.40
É importante recordar que somente um grampo de retenção deve ser utilizado por
dente pilar, e este deve ter um componente de reciprocidade do lado oposto.
A superfície vestibular é preferível para a localização do grampo de retenção, embora,
em algumas situações, principalmente nos molares, em decorrência de sua largura mésio-
distal na superfície lingual, pode-se ter a área retentiva na superfície lingual em vez da vestibular.
Grampo de retenção
Elemento de
reciprocidade
A
B
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 43
Existem inúmeras propostas de desenhos de grampos descritos na literatura, cada qual com
uma série de vantagens e desvantagens, mas não existe evidência científica que comprove a
superioridade de um único sistema.41
Em detrimento do grande número de grampos disponíveis, o tipo de suporte da
PPR (dentossuportada ou dentomucossuportada) é um critério a ser utilizado du-
rante a seleção do grampo.42
Duas grandes classes de grampos podem ser descritas pelo modo como chegam à zona
retentiva. O primeiro grupo é conhecido como grampos circunferenciais (ação mecânica de
abraçamento) e o segundo como grampos de ação de ponta (ação mecânica de tropeçamento).
23. Uma grande variedade de fatores mecânicos e fisiológicos está relacionada com a capa-
cidade retentiva da PPR. Cite alguns deles.
24. Sabendo que a retenção é a propriedade que a PPR deve possuir para resistir às forças de
gravidade, viscosidade e adesividade dos alimentos e às forças associadas aos movimen-
tos mandibulares, complete o quadro com os três tipos de retenção.
TIPOS DE RETENÇÃO E SUAS CARACTERÍSTICAS
Retenção fisiológica
Retenção física
Retenção mecânica
44 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
25. Qual é a única parte do sistema de grampo que deve ser flexível?
A) Apoio.
B) Terço médio do braço de retenção.
C) Braço de oposição.
D) Ponta ativa do braço de retenção.
Resposta no final do artigo
26. Sobre o sistema de grampos de retenção, é INCORRETO afirmar que
A) durante as atividades funcionais, a retenção da prótese deve ser suficiente para
impedir o seu deslocamento no sentido cérvico-oclusal. De forma contrária, o sistema
de grampos não desempenhará adequadamente a função para a qual se destina.
B) contribuir para a estabilidade da PPR, além de estabilizar o pilar diante da ação de
forças horizontais que tendem a desestabilizá-lo durante a inserção/remoção ou
durante a mastigação, também são funções atribuídas aos grampos.
C) durante o repouso, os grampos não devem exercer qualquer forma de ação sobre os
dentes pilares, ou seja, devem estar passivos.
D) embora o grampo seja uma estrutura única, cada componente apresenta uma função
importante e distinta; portanto, nenhuma parte pode ser desconsiderada ou minimi-
zada. O sistema de grampo deve apresentar um apoio, um braço de retenção, um
braço de reciprocidade e um elemento de oposição.
Resposta no final do artigo
27. O braço de retenção tem a função de prover retenção quando forças tendem a deslocar
a prótese no sentido ocluso-gengival. Esse componente apresenta três porções distintas.
Quais são elas?
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 45
28. Sobre os princípios biomecânicos da PPR, é INCORRETO afirmar que
A) com o modelo posicionado na mesa do delineador, o contatoentre a haste delineadora
e a superfície do pilar determina o equador protético de acordo com sua via de
inserção. Toda a área abaixo do equador protético é denominada de zona retentiva,
e a área acima, de zona expulsiva.
B) quando há deficiência de área retentiva para qualquer pilar, em um determinado
trajeto, pode-se modificar a via de inserção com a finalidade de aumentar a capacidade
retentiva.
C) o ângulo formado entre a haste calibradora e a superfície dentária é denominado de
ângulo de convergência cervical ou ângulo morto. A retentividade de uma superfície
dentária será maior quanto menor for o ângulo de convergência cervical.
D) se um dente pilar apresentar ângulo de convergência cervical acentuado, uma força
maior será necessária para remover o grampo, e isso pode acarretar forças
traumatogênicas para o ligamento periodontal.
Resposta no final do artigo
29. É correto afirmar que a superfície vestibular é preferível para a localização do grampo de
retenção? Justifique sua resposta.
CLASSES DE GRAMPOS
Grampos circunferenciais
Os grampos circunferenciais foram introduzidos por Nesbitt em 1916 e são assim denomina-
dos em função de sua forma e ação mecânica, abrangendo grande parte da circunferência
da coroa. Seu traçado vai da face oclusal em direção à cervical (Figura 21). São geralmente
empregados em PPRs dentossuportadas e como retentores indiretos, dependendo do planeja-
mento.
46 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
Figura 21 – Direção do traçado, que vai da face oclu-
sal em direção à cervical do grampo de retenção para
atingir a área retentiva do pilar.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Os grampos circunferenciais apresentam boa adaptação à coroa, minimizando a impacção
alimentar, ao contrário dos grampos de ação de ponta. Adicionalmente, proporcionam supor-
te, estabilidade e abraçamento adequados. Dentre as desvantagens relacionadas, destacam-
se a maior cobertura da coroa clínica, quando comparados com os grampos de ação de
ponta, e o fato de serem mais visíveis em áreas estéticas. Entretanto, essas desvantagens
podem ser pouco significativas quando os contornos axiais das coroas dos dentes são adequa-
damente planejados e quando cuidados de higiene oral são mantidos de forma criteriosa
pelo paciente.
É importante recordar que a porção terminal do grampo circunferencial deve ser
curva e em direção oclusal.
Bates (1980)41 comentou que, em casos de PPR dentossuportada, a retenção deve ser suficiente
para manter a prótese no local, pois, nessa configuração de prótese, o paciente aprende a
mastigar sem a necessidade de retenção extrema em função da presença de uma única
via de inserção, o que auxilia na estabilidade da prótese. Por isso, indicam-se preferencialmente
os grampos circunferenciais.
Grampos de ação de ponta
Os grampos de ação de ponta têm essa denominação devido ao pequeno contato que
mantêm com a coroa dentária, quando comparados aos circunferenciais. Seu traçado vai
da face gengival para a oclusal (Figura 22), alcançando a zona retentiva sem cruzar o equa-
dor protético.
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 47
Figura 22 – Direção do traçado de um grampo de
ação de ponta. Esse sistema de grampo atinge a re-
gião retentiva do pilar com traçado que vai da face
gengival para a oclusal.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Ao contrário dos grampos circunferenciais, somente a porção retentiva dos grampos de
ação de ponta entrará em contato com a superfície do pilar. Esses grampos apresentam
melhor ação retentiva do que os circunferenciais, pois ela se dá por tropeçamento, o que
fisicamente é melhor. Estão indicados principalmente para dentes pilares em extremos livres
e em PPR dentossuportada com espaços edêntulos extensos (mais do que três elementos),
bem como para coroas com ângulo de convergência cervical reduzido que não pode ser
modificado por meio de nenhuma técnica, como descrito anteriormente.
Os grampos de ação de ponta, por atingirem a área retentiva através da região
cervical, são considerados mais estéticos do que os circunferenciais, mas acarretam
maior impacção alimentar.
Os grampos de ação de ponta estão contraindicados em situações nas quais o dente pilar
está inclinado para a face vestibular ou lingual, em dentes pilares com contornos anatômicos
de tecidos duro e mole proeminentes e em casos de vestíbulos rasos ou de inserções musculares
e bridas pronunciadas. Como existe um grande número de grampos propostos na literatura,
serão apresentados, a seguir, os mais comumente utilizados, bem como suas indicações.
Tipos de grampos circuferenciais e de ação de ponta
Grampos circunferenciais simples ou Ackers
Os grampos circunferenciais simples são a primeira escolha para molares isolados (Figura 23).
48 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
Grampos circunferenciais geminados
Os grampos circunferenciais geminados são os grampos de escolha para molares (Figura 24).
Figura 23 – Grampo circunferencial simples ou Ackers.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Figura 24 – Grampo circunferencial geminado.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Grampos circunferenciais Y
Os grampos circunferenciais Y são indicados para dentes anteriores e buscam retenção na
superfície proximal do dente suporte. A oposição é fornecida pelo contato interproximal com
o dente adjacente, e o apoio deve estar localizado na face distal (Figuras 25A-B).
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 49
Grampos circunferenciais Ottolengui
Os grampos circunferenciais Ottolengui são a primeira escolha para pré-molares com espaços
edêntulos nas faces anterior e posterior (Figura 26).
Figura 25 – Grampo circunferencial Y. A) Vista proximal da área retentiva do grampo. B) Imagem palatina do
mesmo grampo em que se nota o apoio na distal e a oposição realizada por meio do contato interproximal
com o dente vizinho.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Figura 26 – Grampo de Ottolengui.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Grampos circunferenciais invertidos ou de Gillet
Os grampos circunferenciais invertidos (ou de Gillet) são indicados para molares com área
retentiva na face mésio-vestibular (Figura 27).
A B
50 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
Grampos de ação de ponta
Os grampos de ação de ponta são a primeira escolha para dentes suporte adjacentes a
extremo livre. São indicados para dente suporte anterior a espaço protético extenso, em
situações dentossuportadas (Figura 28).
Figura 27 – Grampo de Gillet.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Figura 28 – Vista vestibular de grampo de ação de
ponta T.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Didaticamente, outra forma de facilitar o planejamento da retenção é observar as
situações mecânicas mais comuns nos elementos pilares contíguos aos espaços
protéticos. Um pilar com extremo livre posterior sempre necessita de um grampo de
ação de ponta, pois essa situação exige retenção máxima.
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 51
O pilar inclinado, muito comum em molares inferiores (mesializado), normalmente apresenta
como região retentiva a sua porção mesial. Nesse caso, pode ser utilizado um grampo circun-
ferencial que alcance a porção retentiva na face mesial (grampo de Gillet ou circunferencial
invertido). O pilar intermediário, situado entre dois espaços edêntulos, geralmente dos
pré-molares, adapta-se melhor ao grampo circunferencial Ottolengui.
O pilar anterior é o que apresenta o maior desafio protético em detrimento da
estética, principalmente quando superior.
Dependendo da situação clínica, pode-se lançar mão de um grampo circunferencial em forma
de Y ou um grampo de ação de ponta, por ser mais estético do que os circunferenciais. O
pilar posterior sem inclinação tem como primeira opção o grampo circunferencial tipo Ackers,
e o grampo geminado também pode ser indicado, dependendo dasituação clínica.
REGRAS DE RETENÇÃO
As regras de retenção para PPRs são apresentadas a seguir.
! Todo o dente contíguo ao espaço protético deve receber retenção; entretanto, a clas-
se III permite exceções em função da área de estabilidade.
! A quantidade de retenção ideal deve ser de 0,25mm (similar à resiliência dentária) e
estar presente em todos os dentes suportes.
! A posição da área retentiva deve estar o mais próxima possível do 1/3 cervical do
dente suporte (próximo ao fulcro).
! A eliminação de áreas de retenção excessiva por meio de desgaste dentário e a criação
de áreas/sulcos/depressões para retenção, se esta for insuficiente ou inexistente, devem
ser realizadas.
52 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
30. Analise as afirmativas sobre os grampos circunferenciais.
I – Os grampos circunferenciais foram introduzidos por Nesbitt em 1916 e são assim
denominados em função de sua forma e ação mecânica, abrangendo toda a circun-
ferência da coroa.
II – O traçado dos grampos circunferenciais vai da face oclusal em direção à cervical.
Esses grampos são raramente empregados em PPRs dentossuportadas e como
retentores diretos, dependendo do planejamento.
III – Os grampos circunferenciais apresentam boa adaptação à coroa, minimizando a
impacção alimentar, ao contrário dos grampos de ação de ponta. Adicionalmente,
proporcionam suporte, estabilidade e abraçamento adequados.
Qual(is) está(ão) correta(s)?
A) Apenas a I.
B) Apenas a II.
C) Apenas a III.
D) A I, a II e a III.
Resposta no final do artigo
31. Sobre os grampos de ação de ponta, é INCORRETO afirmar que
A) têm essa denominação devido ao pequeno contato que mantêm com a coroa dentária,
quando comparados aos circunferenciais.
B) seu traçado vai da face gengival para a oclusal, alcançando a zona retentiva sem
cruzar o equador protético.
C) somente sua porção retentiva, ao contrário dos grampos circunferenciais, entrará
em contato com a superfície do pilar.
D) estão indicados, por exemplo, em situações nas quais o dente pilar está inclinado
para as faces vestibular ou lingual e em dentes pilares com contornos anatômicos de
tecidos duro e mole proeminentes.
Resposta no final do artigo
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 53
32. Por que os grampos de ação de ponta apresentam maior capacidade de retenção do que
os circunferenciais?
Resposta no final do artigo
33. Leia as seguintes afirmativas e indique a que grampos se referem respectivamente.
I – Grampo de primeira escolha para molares isolados.
II – Grampo de escolha para molares.
III – Grampo indicado para dentes anteriores e que busca retenção na superfície proximal
do dente suporte.
A) Circunferencial geminado, circunferencial simples, circunferencial Y.
B) Circunferencial simples, circunferencial geminado, circunferencial Y.
C) Circunferencial Y, circunferencial geminado, circunferencial simples.
D) Circunferencial Y, circunferencial Ottolengui, circunferencial simples.
Resposta no final do artigo
SUPORTE
O suporte pode ser definido como a capacidade que a prótese tem de resistir ao
deslocamento no sentido ocluso-cervical frente às forças mastigatórias. Os elemen-
tos da PPR responsáveis pelo suporte são os apoios, o conector maior, a superfície
basal da sela (dentomucossuportada) e os encaixes.
Como comentado anteriormente, a principal distinção entre uma prótese dentossuportada e
uma dentomucossuportada é a forma de suporte. Enquanto, na primeira, o suporte ocorre à
custa dos dentes pilares, na segunda, há a associação da transmissão de forças para o tecido
ósseo por meio dos dentes pilares e da fibromucosa.
Dessa forma, as próteses dentomucossuportadas constituem um desafio para a odonto-
logia devido à diferença entre a resiliência dentária (0,1mm) da prótese e a da fibromucosa
(1,3mm em média). Portanto, esse tipo de PPR depende do rebordo alveolar para parte de
sua sustentação, associada aos fatores de retenção física anteriormente descritos. Por isso, os
54 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
procedimentos de moldagem e ajustes nos controles posteriores são importantes para man-
ter a saúde dessa região.
NICHOS E APOIOS
Nichos são áreas que podem ser preparadas sobre esmalte, restaurações existentes
ou planejadas em coroas protéticas para o assentamento do apoio, com o objetivo
de conferir suporte à prótese.42
Adicionalmente, o nicho auxilia os demais componentes a permanecer nas posições planejadas,
a manter a relação oclusal estabelecida e a minimizar ou evitar o traumatismo nos tecidos
moles. Em relação ao braço de retenção, o apoio o mantém em posição vertical, impedindo
que ele se desloque em direção apical e traumatize o tecido gengival,40 bem como conservando
o terço final do braço de retenção na área retentiva do dente.
As forças são transmitidas aos pilares por meio dos apoios43, e estes atuam orientando
e distribuindo as cargas no sentido mais próximo possível do longo eixo do pilar.40 Por isso,
devem ser rígidos e receber sustentação dos dentes suportes. Entretanto, esse ponto de vista
não é totalmente corroborado por outros estudos que demonstraram forças oclusais sendo
transmitidas aos pilares por meio de outros componentes dos grampos.44,45
Stern e colaboradores (1971)46 encontraram uma grande quantidade de apoios que não
apresentavam contato com o nicho e especularam que outros componentes dos grampos
localizados na região expulsiva do pilar poderiam auxiliar o suporte. Dunham e colaboradores
(2006)47 verificaram que a maioria dos apoios (76%) não apresentou contato algum com a
superfície dos nichos, resultado que pode estar relacionado com o contato de outros compo-
nentes na região expulsiva do pilar, enfatizando que três pontos de contato na região
expulsiva suprem a necessidade de suporte.
Uma alternativa possível seria realizar o “reembasamento” dos nichos com resina compos-
ta durante a instalação da PPR, embora não haja comprovação científica de que esse proce-
dimento melhore o relacionamento apoio/nicho. Alguns problemas são observados quando
apoios são assentados em superfícies que não receberam preparos prévios adequados, como:
! aumento no contorno da coroa clínica, de forma substancial, podendo levar a interfe-
rências oclusais;
! transmissão das forças mastigatórias ao pilar da mesma forma que dois planos incli-
nados em contato, resultando em forças laterais fora do longo eixo;
! espessuras dos apoios aquém das ideais, mecanicamente frágeis e sujeitas a falhas
prematuras, como a fratura do componente.
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 55
Os nichos deverão ter atenção especial durante o planejamento da prótese e ser
confeccionados com todos os cuidados que um preparo protético exige.
Existe um dilema em relação a toda a PPR dentomucossuportada que consiste em
unir o suporte relativamente estável oferecido pelos pilares com o relativamente
móvel da fibromucosa.48 O planejamento dessa prótese é fundamentado em princí-
pios e técnicas que são diferentes dos da dentossuportada e que se assemelham
aos de prótese total em vários aspectos. À medida que o eixo de rotação (linha de
fulcro) da prótese é anteriorizado, aumenta a participação do rebordo no suporte,
diminui a área de estabilização e piora o prognóstico do tratamento.
Existem fatores que influenciam o suporte da base no extremo livre, como:
! a qualidade do rebordo residual;
! a extensão do recobrimento da base protética;
! a técnica e a precisão da moldagem funcional;
! o assentamento da sela;
! o desenho e a rigidez da armação;
! o número de dentes artificiais;
! a carga oclusal aplicada.
Deve-se levar em consideração que um paciente portador de arco edêntulo do tipo classe I é,
pelo menos, 2/3 desdentado. Decorre desse fato a semelhança que deve existir entre as
bases das próteses totais e das PPRs. O rebordo residual ideal consiste de osso cortical
recobrindoum trabeculado ósseo denso, uma crista ampla, achatada com vertentes laterais
altas, recoberto por um tecido conjuntivo firme, denso e fibroso. Essa é a melhor configuração
de rebordo para sustentar as tensões verticais e horizontais, pois melhora, inclusive, a retenção
das próteses de extremo livre.
Um tecido que se desloca facilmente não suporta adequadamente a base da prótese,
e os tecidos que estivem interpostos não permanecerão saudáveis.
A extensão do recobrimento do rebordo pela sela da prótese influencia o carregamento
e o movimento da base.49 Kaires (1956)50 afirmou que, quanto maior o recobrimento do
rebordo da extremidade livre, maior será a dissipação e a capacidade de resistir aos esforços
verticais e horizontais. Assim, o estresse no pilar será reduzido.44,49,51 Portanto, deve-se tratar
esse rebordo seguindo as recomendações de área chapeável relacionadas com a prótese
total.
56 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
Figura 29 – A falta de adaptação da base da prótese ao rebordo pode provocar dor e desconforto para o
paciente por causa da rotação da PPR sobre a linha de fulcro em direção à fibromucosa. Com essa situação,
ocorre a instabilidade da prótese, e a pressão no tecido gengival sob o conector lingual é capaz de produzir
lesões, como recessão gengival. A) Vista oclusal da prótese (que passou a produzir dor e lesão sob os conectores).
B) Observa-se a “ marca” produzida pela rotação da PPR. Normalmente, o procedimento assumido seria des-
gastar a infraestrutura metálica para aliviar a pressão que produziu a lesão. Todavia, a melhor abordagem é
verificar, por meio de um material de moldagem (C), a desadaptação entre base/rebordo, avaliar a espessura
do material utilizado (D) e fazer o reparo dessa base deficiente.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A técnica de moldagem precisa minimizar a movimentação da base,52 pois produz um
modelo de trabalho mais fiel, possibilitando bases mais precisas, mais justapostas ao rebordo
alveolar, o que diminui a transferência de cargas aos pilares durante a mastigação.53 Isso está
diretamente relacionado com a estabilidade da prótese. Adicionalmente, quando bem adap-
tada, a base oferece retenção auxiliar à prótese. De forma contrária, se houver espaço entre
eles, a sela vai tender a se deslocar em direção ao rebordo, levando instabilidade e forças
laterais ao dente suporte, bem como às áreas de maior compressão do osso. Esses fatores
aceleram o processo de reabsorção do osso alveolar.
Com isso, justificam-se os controles periódicos para checar o relacionamento base/rebor-
do e as correções, se indicadas. A deficiência de assentamento deve ser evidenciada com o
auxílio de algum material, como os feitos à base de borracha (Figuras 29A-D).
A B
C D
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 57
 A rigidez da infraestrutura também é importante para o suporte e a estabilidade da
PPR.
Steffel (1968),2 em uma lista de pontos de consenso sobre PPR, descreveu que a infraestrutura
obrigatoriamente deve ser rígida e que próteses flexíveis, de resina acrílica ou material simi-
lar, são contraindicadas pela falta de rigidez. Portanto, como visto em propagandas de indús-
trias e de laboratórios comerciais, a PPR flexível, no mínimo, é um contrassenso.
A quantidade de carga aplicada na sela é influenciada pelo número de dentes a serem
substituídos; quanto maior esse número, maior a força transmitida ao rebordo. Observou-se
que a redução da mesa oclusal diminui as forças verticais e horizontais que agem sobre as
próteses e as tensões sobre os dentes e tecidos de suporte.50 A reposição dos segundos
molares tem potencial de causar grande quantidade de rotação da prótese em relação ao
seu fulcro principal. Dessa forma, existe a recomendação de evitar a sua reposição, diminuindo
a tensão sobre o dente pilar54 (Figuras 30A-B).
Figura 30 – Em extremos livres, deve-se repor até o primeiro molar, mas a base deve ser o mais extensa
possível (A). Portanto, deve-se evitar a reposição dos segundo molares, diminuindo a alavanca de deslocamento
e a pressão sobre o pilar para melhorar a estabilidade da prótese.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A B
A localização do apoio é fator importante durante o planejamento de prótese com
extremo livre. O apoio localizado na porção mesial do dente pilar reduz significante-
mente a movimentação do pilar adjacente ao espaço protético,44,45,55,56 com menor
quantidade de torque incidente,57 confirmando a necessidade de localizar o apoio
em extremos livres sempre na face mesial.
58 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
Figura 31 – Correlação entre a localização do apoio e o movimento do grampo de retenção. Observa-se a
biomecânica quando o apoio está localizado na face distal de um pilar adjacente ao extremo livre (A). Quando
uma força em direção cervical é aplicada na base, esta se desloca em direção à fibromucosa. O apoio funciona
como fulcro, e todos os elementos que estiverem em posição distal a ele apresentarão direção de movimento
em sentido cervical; em contrapartida, todos os que estiverem em posição mesial se deslocarão em direção
oclusal. Com isso, a ponta retentiva do grampo irá se deslocar em direção oclusal (setas vermelhas), provocan-
do torque no dente pilar. Quando o apoio estiver na face mesial (B), diante da mesma força, como a extremi-
dade de retentiva do braço de retenção está à distal do apoio, este irá se deslocar em direção cervical (setas
verdes) sem provocar forças danosas no pilar.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
De acordo com Robinson (1970),58 quando a força oclusal atua na extremidade livre, o apoio
localizado na face distal do pilar funciona como um ponto de fulcro ao redor do qual os
componentes da PPR rotacionam. Quando uma força é aplicada na base protética, esta apresen-
ta um movimento em direção ao rebordo, e a porção terminal do grampo de retenção movi-
menta-se em direção oclusal contra o equador protético, com uma resultante de força com
direção distal.
Como não há dente na face distal do pilar, essa resultante de força passa a ser
extremamente danosa para o dente suporte.
Em contrapartida, quando o apoio está localizado na face mesial, também há a formação
de um ponto de fulcro, mas, quando forças atuam na base do extremo livre, esta continua
dirigindo-se em direção ao rebordo, e a porção terminal do braço de retenção apresenta
movimento em direção cervical, limitado pelo próprio apoio. Assim, a resultante de força
será transmitida pelo apoio da forma mais paralela possível ao longo do eixo dentário (Figu-
ras 31A-B).
A B
Força Força
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 59
Adicionalmente, o apoio na face mesial auxilia a transmissão das forças a toda a
extensão da fibromucosa de forma mais perpendicular.59 A localização dos apoios
em PPR dentossuportada varia de acordo com a conveniência protética.
REGRAS DE SUPORTE
A seguir, são apresentadas as regras de suporte para PPR.
! Fazer nichos oclusais com parede pulpar plana e perpendicular ao longo do eixo do
dente, paredes axiais expulsivas e ângulos arredondados.
! Proporcionar extensão mínima em esmalte com 1/3 da distância mésio-distal e vestí-
bulo-lingual, com profundidade entre 1,5 e 2,0mm se houver antagonista, e com
1,0mm se não houver antagonista.
! Em extremos livres, sempre utilizar o apoio na porção mesial (vantagem mecânica e
biológica).
! Em classe IV ampla, tratar como extremo livre anterior e localizar o apoio distante do
espaço protético.
! Em prótese dentossuportada, colocar o apoio de acordo com a conveniência oclusal e
estética.
! Em dentes posteriores intercalados, usar apoio oclusal duplo (grampo Ottolengui).
! Em coroas fresadas, fazer o nicho o mais amplo possível no sentido mésio-distal.
! Em dentes posteriores com inclinação excessiva e oclusão deficiente, utilizar apoio
oclusal amplo (macro apoio) com plano-guia mesial(Figuras 32A-C).
Figura 32 – Em dentes posteriores com inclinação excessiva ou oclusão deficiente, está indicado o macro
apoio. Vista oclusal de coroa total metálica que apresentava oclusão deficiente (A). Nesse caso, foi indicado
um grampo circunferencial simples com macro apoio (B), que tinha uma infraestrutura metálica recoberta por
resina acrílica (C) reconstruindo a morfologia oclusal. O macro apoio pode ser totalmente metálico.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A B C
60 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
! Quando a distribuição dos dentes for desfavorável, utilizar conectores maiores amplos
na maxila para obter suporte adicional (Figura 33).
Figura 33 – Chapeado palatino indicado pela defi-
ciência na distribuição dos dentes remanescentes. Esse
tipo de conector maior auxilia o suporte, a retenção
e a estabilidade da prótese e é preferentemente feito
com estrutura metálica e resina.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Figura 34 – A) e B) As classes I, II e IV ampla devem ser moldadas funcionalmente para melhorar a adaptação
entre base e rebordo, de maneira similar a uma prótese total.
! Utilizar raízes ou implantes sob bases de PPR para evitar a situação dentomucossupor-
tada.
! As classes I, II e IV ampla devem receber moldagem funcional (Figuras 34A-B).
A B
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 61
! Avaliar a necessidade de reajustes periódicos da base, no período de 6 a 12 meses.
34. Em relação aos conceitos biomecânicos da PPR, é correto afirmar que
A) o suporte pode ser definido como a capacidade que a prótese tem de resistir ao
deslocamento no sentido ocluso-cervical frente às forças mastigatórias.
B) os elementos da PPR responsáveis pelo suporte são os apoios, o conector maior e os
encaixes.
C) os nichos são áreas preparadas somente sobre esmalte para o assentamento do
apoio, com o objetivo de conferir suporte à prótese.
D) o apoio mantém o braço de retenção em posição horizontal, impedindo que ele se
desloque em direção apical e traumatize o tecido gengival, conservando o terço final
do braço de retenção na área retentiva do dente.
Resposta no final do artigo
35. Que problemas são observados quando apoios são assentados em superfícies que não
receberam preparos prévios adequados?
36. Justifique a seguinte afirmação: “ os nichos deverão ter atenção especial durante o pla-
nejamento da prótese e ser confeccionados com todos os cuidados que um preparo
protético exige” .
62 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
37. É (são) fator(es) que influencia(m) o suporte da base no extremo livre:
A) a qualidade do rebordo residual.
B) a extensão do recobrimento da base protética.
C) a técnica e a precisão da moldagem funcional.
D) todas as alternativas anteriores.
Resposta no final do artigo
38. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) quanto ao planejamento em PPR.
( ) O rebordo residual ideal consiste de osso cortical recobrindo um trabeculado ósseo
denso, uma crista ampla, achatada com vertentes laterais altas, recoberto por um
tecido conjuntivo firme, denso e fibroso.
( ) Um tecido que se desloca facilmente suporta adequadamente a base da prótese, e
os tecidos que estivem interpostos permanecerão saudáveis.
( ) A extensão do recobrimento do rebordo pela sela da prótese influencia o carregamento
e o movimento da base.
( ) Quando bem adaptada, a base oferece retenção auxiliar à prótese. De forma contrária,
se houver espaço entre eles, a sela vai tender a se deslocar em direção ao rebordo,
levando instabilidade e forças laterais ao dente suporte, bem como às áreas de maior
compressão do osso.
Resposta no final do artigo
39. Por que são recomendáveis controles periódicos para checar o relacionamento base/
rebordo da PPR?
40. Por que existe a recomendação de se evitar a reposição de segundo molar em extremo
livre?
Resposta no final do artigo
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 63
41. Justifique a localização do apoio na face mesial do dente pilar adjacente ao extremo
livre.
Resposta no final do artigo
42. É uma regra de suporte
A) fazer nichos oclusais com parede pulpar plana e perpendicular ao longo do eixo do
dente, paredes axiais expulsivas e ângulos arredondados.
B) proporcionar extensão máxima em esmalte com 1/3 da distância mésio-distal e ves-
tíbulo-lingual e com profundidade entre 1,5 e 2,0mm se houver antagonista, e com
1,0mm se não houver antagonista.
C) em extremos livres, evitar utilizar o apoio na porção mesial (vantagem mecânica e
biológica).
D) em dentes posteriores intercalados, usar apoio oclusal duplo (grampo circunferencial
simples).
Resposta no final do artigo
ESTABILIDADE
A estabilidade talvez seja o objetivo principal a ser alcançado em tratamentos com PPRs.
Quanto maior for a estabilidade da prótese, maior será a possibilidade de ela se integrar ao
sistema estomatognático.
A estabilidade é a propriedade que a prótese tem de resistir aos deslocamentos
oblíquos, verticais e horizontais durante as atividades funcionais e parafuncionais,
bem como de permanecer em seu sítio durante o repouso.
Graham e colaboradores (2006)10 constataram que uma das principais queixas relatadas por
pacientes durante a função com PPR é a falta de estabilidade, o que acarreta prejuízos à fala
e provoca dor e desconforto. A estabilidade depende:
! do número de dentes remanescentes e principalmente de sua distribuição;
! da mobilidade dos pilares;
! da qualidade e da disponibilidade do rebordo alveolar;
64 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
! do grau de resiliência da fibromucosa;
! do relacionamento da sela e dos dentes com a musculatura paraprotética;
! do relacionamento interoclusal.22
Vários são os componentes que estabilizam a PPR, como os apoios, os braços de reciproci-
dade, os planos-guia, os conectores menores e o maior e as bases. Os mecanismos desse
sistema devem proporcionar a estabilidade necessária à prótese durante a função. Portanto,
quando se planejam todos esses componentes, também se planeja a estabilidade.
Planos-guia são superfícies dentárias paralelas que guiam o trajeto de inserção da
PPR, aumentando a estabilidade e a retenção friccional.42
O estudo do modelo diagnóstico com o delineador permite visualizar se as superfícies
dentárias apresentam-se paralelas. Se for necessário promover modificações, estas devem
ser realizadas mediante desgastes cuidadosos, orientados por guias. A confecção de planos-
guia em coroas é realizada durante a fase de enceramento.
A condição de estabilidade da PPR é dependente do número e da distribuição estra-
tégica e bilateral dos retentores diretos e indiretos, e, para que essa característica
seja plena, torna-se necessário que tais elementos estejam unidos rigidamente por
meio do conector maior.
Roy, em 1930, ressaltou, em seu trabalho, que os dentes possuem certo grau de movimentação
no sentido vestíbulo-lingual e identificou cinco planos de movimentos: o plano incisal, o
plano canino direito/esquerdo, o plano de pré-molares esquerdo/direito e o plano de molares
direito/esquerdo. Uma prótese, para ser considerada estável, deverá possuir elementos
dentários de suporte localizados em, pelo menos, dois desses planos, atuando em conjunto
para poder proporcionar a neutralização das forças exercidas sobre a prótese. As linhas ima-
ginárias que unem esses pilares, segundo seus planos de movimento, formam uma figura
geométrica denominada polígono de estabilização de forças.
Garber demonstrou o polígono de apoio, que é outra forma de avaliação do posicionamento
dos dentes na arcada, realizada por meio da análise da forma geométrica formada pela
união das linhas imaginárias que atravessam os possíveis dentes pilares. Ao avaliar essa figu-
ra geométrica, pode-se, de forma qualitativa e quantitativa, analisar o fenômeno da
neutralização das forças que atuarão sobre a PPR.PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 65
A análise quantitativa é fornecida por meio da área da figura e reflete o grau de
retenção e de estabilidade da PPR. As áreas de estabilidade das classes I, II, III e IV
são discutidas nas Figuras 35A-D até 38A-D.
Figura 35 – Análise da estabilidade de uma classe I de Kennedy. Em uma situação em que somente os dentes
anteroinferiores estão presentes (A), existe uma linha de fulcro que passa pelos apoios, havendo a necessidade
de elementos de estabilização para criar, por menor que seja, uma área de estabilidade (AE). Dessa forma, pode
estar indicado o grampo contínuo de Kennedy, por exemplo, representado pelo ponto vermelho (B). Portanto,
uma área de estabilidade é criada (C), embora seja muito menor do que a área de deslocamento (AD) (D).
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A B
C D
66 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
Figura 37 – Em uma classe III de Kennedy ou dentossuportada, como não existe eixo real de deslocamento
(A), forma-se somente área de estabilidade (AE) (B).
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Figura 36 – Análise da estabilidade de uma classe II com ausências dos pré-molares e molares inferiores
direitos. A) A localização dos apoios na face mesial do canino e nos molares (indicada em azul) forma uma
linha de fulcro (linha amarela), por meio da qual a PPR rotaciona. B) O ponto vermelho indica o ponto de
contato oclusal mais distal, e isso permite visualizar a área de deslocamento (AD) da prótese. C) Para minimizar
a área de deslocamento, há a necessidade de um elemento de estabilização (ponto azul), que, nessa situação,
é um apoio oclusal na face distal do canino ou na face mesial do primeiro pré-molar. D) Dessa forma, a área de
estabilidade (AE), embora ainda menor do que a de deslocamento, proporciona a estabilidade da prótese.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores
A B
C D
A B
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 67
Figura 38 – Na classe IV de Kennedy, ao contrário da classe I, existe a formação de uma pequena área de
deslocamento (AD) em relação à área de estabilidade (AE). Na ausência dos quatro incisivos superiores, com
apoios localizados na face distal dos caninos, há a formação de uma linha de fulcro (linha amarela) (A). Os
retentores indiretos entre molares e pré-molares, por meio do grampo circunferencial geminado, funcionam
como elementos de estabilização (B). O ponto vermelho indica o ponto de contato oclusal mais anterior, em
que se nota a área de deslocamento (C), que é menor do que a área de estabilidade (D), mesmo com o
retentor indireto entre molar e pré-molar.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Sempre que viável, deve-se escolher os elementos pilares com maior distância possí-
vel entre si a fim de aumentar a área da figura e, consequentemente, a estabilidade (Figuras
39A-B). Com isso, o retentor indireto passa a ter função primordial nos planejamentos de
PPR dentomucossuportada. Nessa situação, a retenção indireta pode ser tanto um grampo
quanto um único apoio, que, se localizado incorretamente, pode exercer forças danosas
particularmente em extremidades livres com suporte ósseo reduzido.48
A B
C D
68 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
Figura 39 – Análise comparativa entre duas classes IV idênticas, com variação somente da localização do
retentor indireto, que, em A, está mais distante da área edêntula do que em B. Consequentemente, maior
área de estabilidade (AE) é obtida em A do que em B.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
O retentor indireto é indicado para aumentar a área de estabilização da prótese,
reduzindo os movimentos que ocorrem sobre as linhas de fulcro. De acordo com Avant
(1966),38 o retentor indireto estabiliza o conector maior, sendo que a rigidez do conector é
importante para que essa estabilização seja plena, mais um argumento que contraindica a
utilização de “ PPR flexível” .
REGRAS DE ESTABILIDADE
As regras de estabilidade para auxiliar o planejamento da PPR estão resumidas a seguir.
! Criar áreas de estabilidade máxima nas classes I, II e IV ampla e suficientes para neu-
tralizar o arco de deslocamento da prótese nas classes III e IV convencionais.
! Para todo o grampo de retenção, providenciar um elemento de oposição.
! Em próteses dentomucossuportadas, combinar grampo de ação de ponta (T ou I) com
braço de oposição.
! Montar dentes artificiais até o primeiro molar em classes I e II (Figuras 40A-B).
A B
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 69
Figura 40 – Comparação entre áreas de deslocamentos (AD), em classe II de Kennedy, com e sem a presença
do segundo molar. Em extremo livre, deve-se evitar a presença do segundo molar (A) por ela aumentar
consideravelmente a área de deslocamento (B), acarretando maior transferência de torque ao dente suporte
e maior instabilidade a uma prótese inerentemente deficiente em estabilidade.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
! Colocar conectores menores rígidos preferentemente na seguinte ordem: (a) contíguo
ao espaço protético, (b) no espaço interproximal e (c) no centro da face lingual (Figuras
41A-B).
Figura 41 – Localização dos conectores menores. A) Idealmente, esses componentes devem estar contíguos
ao espaço protético (setas), emergindo da sela. B) Como segunda opção, devem estar no espaço interproximal
(seta preta) e, se não houver alternativa, devem sair do conector maior e passar pelo centro da face lingual do
pilar (ponteira), opção mais desfavorável.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A B
A B
70 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
Figura 43 – A pré-molarização de caninos (A) está bem indicada quando a contenção em relação cêntrica for
deficiente ou em detrimento do aumento do cíngulo para planejar um apoio oclusal. Atuando dessa forma,
consegue-se a contenção cêntrica e diminui-se o impacto estético, evitando os apoios incisais (B). Preferenci-
almente, essa pré-molarização deve ser realizada em resina composta, embora possa ser confeccionada por
meio de estrutura metálica adesiva cimentada no pilar ou mesmo na coroa, se necessário.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
! Colocar o conector maior no mínimo a 4,0mm de distância da margem gengival.
! Em extremos livres superiores, usar barra palatina anterossuperior (evita a flexão no
sentido látero-lateral) (Figura 42).
Figura 42 – Em extremo livre superior (classe I e II de
Kennedy), deve-se projetar o conector palatino com
barra palatina posterior (ponteira) para evitar a flexão
no sentido látero-lateral da prótese. Em próteses den-
tossuportadas, esse tipo de conector não está indica-
do, pois a flexão é neutralizada pela presença dos den-
tes posteriores.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
! Fazer pré-molarização do canino superior quando a contenção cêntrica em dentes
naturais for deficiente ou ausente (manutenção da dimensão vertical de oclusão),
preferentemente com resina composta (Figuras 43A-B).
A B
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 71
! Manter desoclusão pelo canino (natural ou artificial) sem contato em balanceio.
! Quando dentes posteriores estão excessivamente inclinados (M-L) ou comprometidos
(endopério), planejar como extremo livre.
! Em dentes inclinados, fazer planos-guia para reduzir o ângulo dentogengival.
! Conter dentes posteriores, com eventual possibilidade de extrusão, por meio de apoi-
os oclusais (Figuras 44A-B).
Figura 44 – Dentes posteriores podem ser contidos por meio de apoios. Em A, a armação metálica, sobre
modelo de trabalho, foi planejada para conter uma possível extrusão do dente 28 mediante um apoio oclusal
(ponteira), pois esse dente não apresentava contato oclusal. Tal alternativa foi indicada para esse caso, pois era
uma prótese dentossuportada, classe III de Kennedy. Considerando que a necessidade de retenção não é
máxima e atendendo aos princípios higiênicos que recomendam a diminuição do númerode componentes
sempre que possível, foi projetado somente o apoio oclusal sem os braços de oposição e de retenção. Em B,
vista oclusal do apoio (ponteira).
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A B
72 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
! Em coroas totais fresadas, fazer plano-guia com braço lingual intracoronário (Figuras
45A-E).
Figura 45 – Diante da associação de PPF e PPR, as
coroas sempre deverão ser fresadas (A), com braço
de oposição intracoronário apresentando a maior
extensão possível no sentido ocluso-gengival, com ni-
cho projetado de acordo com a situação biomecânica
(B). Em (C), observa-se que a porção final da fresagem
deve ser na forma de chanfro, e o contorno final da
coroa deve ser produzido pelo braço de reciprocida-
de (D). Em E, vista oclusal do relacionamento entre
coroa e PPR.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A B
C D
E
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 73
Figura 46 – Em coroas totais metálicas, os braços de retenção e de oposição devem ser intracoronários, com
retenção adicional em forma de semiesfera (seta branca – A e nicho adequadamente localizado, em função da
biomecânica do caso (B). Em C, observa-se que a espessura da fresagem permite a confecção tanto dos braços
de retenção quanto do braço de oposição, que são mais largos do que os grampos convencionais.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Figura 47 – Oclusais metálicas, personalizando o re-
lacionamento oclusal, melhorando a capacidade
mastigatória e preservando os dentes de um desgas-
te acentuado, além de manter a dimensão vertical de
oclusão.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
! Em coroas totais metálicas, fazer plano-guia e braços de retenção e de oposição
intracoronários, com retenção adicional em forma de semiesfera no braço de reten-
ção (Figuras 46A-C).
! Fazer oclusal metálica (Figura 47) ou pontos de contato em amálgama (Figuras 48A-D),
se possível, quando o antagonista for dente natural ou PPF.
A B C
74 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
43. Leia as afirmativas a respeito da estabilidade em relação ao tratamento com PPR.
I – A estabilidade talvez seja o objetivo principal a ser alcançado em tratamentos com PPRs.
II – Quanto maior for a estabilidade da prótese, menor será a possibilidade de esta se
integrar ao sistema estomatognático.
III – A estabilidade é a capacidade que a prótese tem de resistir ao deslocamento no
sentido ocluso-cervical frente às forças mastigatórias.
Qual(is) está(ão) correta(s)?
A) Apenas a I.
B) Apenas a II.
C) Apenas a III.
D) A I, a II e a III.
Resposta no final do artigo
Figura 48 – Como forma de evitar o desgaste da
resina acrílica e, consequentemente, do ponto de con-
tato oclusal, pode-se reconstruir a superfície em amál-
gama. Em um primeiro passo, registram-se os pontos
de contatos oclusais (A) para guiar o desgaste do
dente de estoque, criando retenções na base desse
desgaste (B) a fim de condensar amálgama no interior
da cavidade (C) e reanatomizar a superfície oclusal
com os pontos de contato distribuídos sobre a restau-
ração em amálgama (D). Esse procedimento permite
a estabilização dos contatos oclusais.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A B C
D
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 75
44. A estabilidade pode ser considerada como o principal fator na biomecânica da PPR. Por
que se devem criar áreas de estabilidade máxima em classes I, II e IV ampla?
Resposta no final do artigo
45. Cite ao menos cinco fatores relacionados com a estabilidade da PPR.
Resposta no final do artigo
46. Sobre o planejamento em PPR, é INCORRETO afirmar que
A) planos-guia são superfícies dentárias paralelas que guiam o trajeto de inserção da
PPR, aumentando a estabilidade e a retenção friccional.
B) o estudo do modelo diagnóstico com o delineador permite visualizar se as superfícies
dentárias apresentam-se paralelas. Se for necessário promover modificações, estas
devem ser realizadas por meio de desgastes cuidadosos, orientados por guias.
C) a condição de estabilidade da PPR é dependente do número e da distribuição estraté-
gica e bilateral dos retentores diretos e indiretos, e, para que essa característica seja
plena, torna-se necessário que tais elementos estejam unidos rigidamente por meio
do conector maior.
D) sempre que possível, deve-se escolher os elementos pilares com a maior proximidade
possível entre si a fim de diminuir a área da figura e, consequentemente, aumentar
a estabilidade.
Resposta no final do artigo
47. O que é o polígono de estabilização de forças e qual é sua relação com o planejamento
de PPR?
76 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
48. Assinale a alternativa correta sobre o planejamento de PPR.
A) O retentor indireto é indicado para diminuir a área de estabilização da prótese, reduzin-
do os movimentos que ocorrem sobre as linhas de fulcro.
B) O retentor indireto é indicado para aumentar a área de estabilização da prótese,
reduzindo os movimentos que ocorrem sobre as linhas de fulcro.
C) O retentor indireto é indicado para aumentar a área de estabilização da prótese,
aumentando os movimentos que ocorrem sobre as linhas de fulcro.
D) O retentor indireto é indicado para diminuir a área de estabilização da prótese, au-
mentando os movimentos que ocorrem sobre as linhas de fulcro.
Resposta no final do artigo
49. Cite algumas regras de estabilidade para auxiliar o planejamento de PPR.
ESTÉTICA
O paciente pode perder gradualmente a capacidade mastigatória e não ter consciên-
cia da sua deficiência funcional. Todavia, quando a perda de dentes afeta a estética,
a tendência, por parte dos pacientes, é de buscar restaurar a aparência comprometida.
Já a reabilitação da função não é assumida como um assunto de interesse.60
Embora o fator estético possa ser a principal razão pela qual o paciente procura atendimen-
to,61 a revisão de livros-texto dedicados à PPR não contemplam um capítulo exclusivo sobre a
estética. Observam-se, na literatura, sugestões baseadas na experiência de vários autores
com o propósito de melhorar o resultado estético, sem nenhuma comprovação científica
sobre sua real eficácia.
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 77
Com relação aos grampos, sempre que possível, devem-se utilizar grampos de ação de
ponta, pois são considerados mais estéticos do que os circunferenciais por atingirem a área
retentiva através da região cervical, ao contrário dos circunferenciais. Entretanto, o grampo
circunferencial Y é uma opção estética por não apresentar o desenho convencional do gram-
po circunferencial.
A reconstrução de cíngulos em resina composta é um recurso que, dentre outras atribui-
ções, visa a melhorar a estética final. Esse tipo de reconstrução permite a localização de
apoios na face lingual dos dentes, em vez de indicá-los nas faces incisais (Figura 49), como foi
preconizado no passado, quando não se dispunha dos recursos da odontologia adesiva.
Figura 49 – Imagem frontal em que se observam
apoios incisais (setas), recurso utilizado no passado,
com implicação estética negativa, e que foi substituído
pela reconstrução do cíngulo em resina.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A estética é influenciada pela cor, forma e textura dos dentes artificiais. Portanto, o
processo de seleção dos dentes deve ser criterioso. A sua montagem e disposição
no arco e o relacionamento com os dentes remanescentes também são fatores
importantes e que devem ser observados durante a prova estética dos dentes artifi-
ciais da PPR (Figuras 50A-F).
78 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
A caracterização da base da PPR também é importante, principalmente na região anteros-
superior. É possível reproduzir, na resina acrílica da base, a cor, a textura e a anatomia do
tecido gengival, mimetizando-as com os tecidos adjacentes em casos de reconstruções anterio-
res parciaisou para prover aspecto mais natural nos casos de classe IV ampla, por exemplo.
A espessura da base pode ser importante para reabilitar o tecido ósseo deficiente, ofere-
cendo suporte ao lábio e favorecendo o aspecto facial.
REGRAS DE ESTÉTICA
Algumas regras de estética podem ser estipuladas e estão indicadas a seguir.
! Na presença de diastema entre dentes anteriores, combinar a barra dentária com
conectores menores para evitar a visualização do metal ou fechar os espaços com
resina composta.
! Optar pelo apoio oclusal ou lingual em vez do incisal.
! Pré-molarizar o canino inferior (classes I e II) para evitar apoio incisal.
! Usar grampo I em vez do T em áreas visíveis durante a função.
Figura 50 – Além do tipo de retentor indicado para a área estética, a seleção e a montagem de dentes
influenciam o resultado final do tratamento com PPR. Em A e B, vistas lateral e frontal, respectivamente, nota-
se o comprometimento estético devido a grampos mal planejados associados à disposição deficiente dos
dentes. Para eliminar a parte vestibular do grampo, projetou-se uma PPR rotacional (C). Vista mais aproximada
do elemento retentivo desse tipo de PPR (D). O paciente relatava que seus dentes naturais eram mais largos e
compridos, mas o espaço disponível para a montagem de dentes maiores era insuficiente. Dessa forma, o
recurso utilizado foi a montagem dos laterais sobre os incisivos centrais. O resultado final pode ser observado
nas imagens E e F.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A B C
D E F
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 79
! Em classe IV, optar pelo uso de PPR rotacional, com retentores rígidos nos dentes
anteriores.
! Confeccionar oclusais em resina composta, em substituição às metálicas.
SEQUÊNCIA DE PLANEJAMENTO
Quando a PPR é selecionada como opção de tratamento mais adequada, é necessário traçar
um plano de tratamento que contemple considerações a respeito:
! da localização dos nichos;
! da qualidade e do tipo de retenção;
! da localização dos conectores menores;
! do tipo mais apropriado de conector maior.
O planejamento é mais bem conduzido quando realizado de forma sistemática e
ordenada.62
A seguir, descreve-se uma sequência com a proposta de facilitar o planejamento.
1. Determinar o tipo de suporte, se dentossuportado ou dentomucossuportado.
2. Analisar o número e principalmente a distribuição dos dentes remanescentes.
3. Selecionar os retentores diretos.
3.1 Selecionar a localização dos apoios.
3.2 Selecionar o tipo de grampo (circunferencial ou de ação de ponta).
4. Selecionar os retentores indiretos.
4.1 Localizar os apoios, nos casos dentomucossuportados, com área de estabilidade
máxima, e, nos dentossuportados, com área de estabilidade adequada.
4.2 Selecionar o tipo de grampo mais adequado.
5. Selecionar a localização ideal dos conectores menores.
6. Selecionar o conector maior.
7. Prover a maior extensão de base protética possível para os casos dentomucossuportados.
80 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
50. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) no que se refere à estética e ao planejamento da PPR.
( ) Com relação aos grampos, sempre que possível, devem-se utilizar grampos circunfe-
renciais, pois são considerados mais estéticos do que os de ação de ponta por atingi-
rem a área retentiva através da região cervical.
( ) O grampo circunferencial Y é uma opção estética por apresentar o desenho convencio-
nal do grampo circunferencial.
( ) A reconstrução de cíngulos em resina composta é um recurso que, dentre outras
atribuições, visa a melhorar a estética final.
( ) A estética é influenciada pela cor, forma e textura dos dentes artificiais; portanto, o
processo de seleção dos dentes deve ser criterioso.
Resposta no final do artigo
51. Por que a caracterização da base da PPR, bem com a sua espessura são importantes no
que diz respeito à estética da prótese?
52. NÃO é uma regra de estética da PPR
A) na presença de diastema entre dentes anteriores, combinar a barra dentária com
conectores menores para evitar a visualização do metal ou fechar os espaços com
resina composta.
B) optar pelo apoio incisal ou lingual em vez do oclusal.
C) pré-molarizar o canino inferior (classes I e II) para evitar apoio incisal.
D) usar grampo I em vez do T em áreas visíveis durante a função.
Resposta no final do artigo
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 81
53. Quando a PPR é selecionada como opção de tratamento mais adequada, é necessário
traçar um plano de tratamento. Que informações devem estar contidas nele?
54. Ordene a sequência com a proposta de facilitar o planejamento de PPR.
A) ( ) Selecionar os retentores diretos.
B) ( ) Selecionar a localização ideal dos conectores menores.
C) ( ) Prover a maior extensão de base protética possível para os casos dentomucossu-
portados.
D) ( ) Determinar o tipo de suporte, se dentossuportado ou dentomucossuportado.
E) ( ) Selecionar os retentores indiretos.
F) ( ) Selecionar o tipo de grampo mais adequado.
G) ( ) Selecionar a localização dos apoios.
H) ( ) Selecionar o tipo de grampo (circunferencial ou de ação de ponta).
I) ( ) Analisar o número e principalmente a distribuição dos dentes remanescentes.
J) ( ) Localizar os apoios, nos casos dentomucossuportados, com área de estabilidade
máxima, e, nos dentossuportados, com área de estabilidade adequada.
K) ( ) Selecionar o conector maior.
Resposta no final do artigo
POR QUE REDUZIR O NÚMERO DE COMPONENTES
DE UMA PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL?
Embora o tratamento com PPR seja considerado não invasivo, com dano biológico mínimo,
pois os preparos dentários são reduzidos, sua forma propicia maior acúmulo de placa,
permitindo maior contato com os dentes e criando as condições necessárias para o início e a
progressão da atividade cariogênica.6
Cáries radiculares foram estatisticamente associadas aos componentes da PPR. Por-
tanto, deve-se evitar recobrir as regiões radiculares, e a aplicação tópica de flúor é
uma medida preventiva63 (Figuras 51A-D e 52A-B).
82 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
Figura 51 – A PPR é considerada como tratamento com dano biológico mínimo, mas proporciona maior
acúmulo de placa, aumentando os índices de cárie e complicações periodontais. Um paciente apresentou-se
para nova consulta após quatro anos da instalação de uma prótese dentossuportada (A), com queixa relacio-
nada a desconforto no elemento 15. Vista oclusal do relacionamento do grampo com o dente; observa-se
perda da integridade do esmalte (B). A imagem proximal revela acúmulo de placa (seta) e recidiva de cárie na
restauração de resina composta (ponteira), que recebeu preparo de nicho oclusal (C). Após a remoção parcial
da cárie, houve a exposição pulpar (ponteira) (D). Os dados clínicos associados aos radiográficos indicaram
esse dente para o tratamento endodôntico.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Figura 52 – O paciente compareceu à consulta após dois anos de instalação da prótese. Nota-se falta da
integridade do esmalte (ponteira – A) e extensa lesão cariosa (ponteira) sob a restauração em amálgama (B).
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A B
C D
A B
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 83
Tradicionalmente, as PPRs são planejadas com foco em aspectos biomecânicos, como estabili-
dade, retenção, suporte e estética. Entretanto, em adição a essas considerações, é de funda-
mental importância que as PPRs sejam desenhadas de modo que apresentem pouca
influência no controle de placa pelo paciente.30
Vários trabalhos apontam que a PPR aumenta os índices de complicações gengivais e
periodontais e a mobilidade dentária.64-66 Resultados indicaram que o aumento do índice
de placa não foi restrito aos dentes relacionados com componentes protéticos, pois observou-
se aumento de placa tanto no arco oposto quanto na superfície vestibular dos demais dentes67-69
(Figura53).
Figura 53 – Imagem lateral evidenciando o acúmulo
de placa (ponteira) na superfície vestibular de um se-
gundo molar que não estava associado a qualquer
componente da PPR.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Vários trabalhos clínicos sugeriram que o controle apropriado da placa depende,
dentre outros fatores, de excelente controle diário por parte do paciente e de controles
posteriores periódicos.70-72
Jorge e colaboradores (2007)22 sugeriram que a instrução de higiene oral, o correto planejamen-
to e os controles periódicos são fatores essenciais na prevenção de mudanças na mobili-
dade dentária. Portanto, é possível diminuir as complicações periodontais por meio de boas
práticas de higiene oral associadas a consultas rotineiras para tratamentos preventivos.70,73,74
Jacobson (1987)75 apresentou métodos de desenho para as PPRs e definiu que, embora
alguns pacientes possam manter um meticuloso nível de higiene oral, as próteses deveriam
ser fabricadas seguindo alguns princípios que beneficiariam a maioria dos pacientes, incluin-
do aqueles que demonstram uma menor capacidade de controle de placa.
Jacobson enfatizou que a PPR deve apresentar um mínimo de cobertura de tecido
duro e mole, e devem-se eliminar componentes que não apresentam compromisso
com os aspectos biomecânicos (Figuras 54A-B).
84 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
Öwall e colaboradores (2002),76 em revisão da literatura, concluíram que a cobertura gengival
e o íntimo contato entre os componentes da PPR representam risco para o sucesso a longo
prazo da prótese. Portanto, o desenho da PPR deve ser o mais simples possível (com menor
número de componentes) para permitir suas funções e minimizar o impacto sobre a saúde
bucal.41
Conclui-se que as PPRs interferem tanto nos índices de complicações periodontais
quanto de cárie, mas que, com condutas apropriadas de higiene e controles perió-
dicos, elas são extremamente indicadas. O desenho deve incluir todos os compo-
nentes necessários para os requisitos mecânicos (estabilidade, retenção e suporte),
mas, a fim de proporcionar um menor impacto biológico, o planejamento deve ser
simples, com o mínimo de cobertura tecidual77 (dente e periodonto), exceto nas
selas em PPRs dentomucossuportadas.
Figura 54 – Os componentes da prótese devem ser em número suficiente para que esta cumpra com os
requisitos biomecânicos. O excesso de componentes afeta sobremaneira a saúde bucal. A extensão da barra
dentária na região palatina dos dentes anteriores (11, 21, 22), indicada pelas ponteiras, é desnecessária (A).
Em B, observam-se dois conectores menores com elementos de estabilidade (ponteiras) em excesso, pois se
trata de uma classe III, em que a estabilidade deve ser apenas adequada, e não máxima.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A B
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 85
55. Sobre o número de componentes de uma PPR, é correto afirmar que
A) embora o tratamento com PPR seja considerado invasivo, com dano biológico mínimo,
sua forma propicia maior acúmulo de placa, permitindo maior contato com os dentes
e criando as condições necessárias para o início e a progressão da atividade cariogê-
nica.
B) cáries radiculares foram estatisticamente associadas aos componentes da PPR. Portan-
to, é necessário recobrir as regiões radiculares. Além disso, a aplicação tópica de
flúor é uma medida preventiva.
C) tradicionalmente, as PPRs são planejadas com foco em aspectos biomecânicos, como
estabilidade, retenção, suporte e estética. Entretanto, em adição a essas considerações,
é de fundamental importância que as PPRs sejam desenhadas de modo que apresen-
tem pouca influência no controle de placa pelo paciente.
D) vários trabalhos apontam que a PPR aumenta os índices de complicações gengivais e
periodontais e a mobilidade dentária. Resultados indicaram que o aumento do índice
de placa foi restrito aos dentes relacionados com componentes protéticos.
Resposta no final do artigo
56. Quais são os fatores essenciais na prevenção de mudanças na mobilidade dentária?
57. Por que a PPR deve apresentar cobertura mínima de tecido duro e mole e é preciso
eliminar componentes que não apresentam compromisso com os aspectos biomecânicos?
Resposta no final do artigo
86 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
RESUMO DOS PRINCÍPIOS DE PLANEJAMENTO
Não é possível afirmar que o planejamento de uma PPR está fundamentado em pesquisas
científicas, embora esse seja o desejo de quem se dedica a estudar tal área. Várias filosofias
de planejamentos são apresentadas na literatura, tanto em livros-texto quanto em artigos,
sendo que não existe consenso quanto aos muitos ou a todos os aspectos relacionados com
o comportamento biomecânico da prótese.
Certamente, pode-se afirmar que o objetivo principal de todo o planejamento é
preservar os dentes remanescentes, assim como as estruturas relacionadas
(fibromucosa, tecido ósseo, musculatura etc.), antes mesmo de repor dentes perdi-
dos. Dessa forma, os princípios biológicos e mecânicos, assim como o bom senso
devem nortear o planejamento das PPRs.
ARCADAS DENTOMUCOSSUPORTADAS OU CLASSES I, II E IV AMPLA
CLASSE I
Apoios
Os apoios são localizados na região mesial dos dentes adjacentes ao espaço protético.
Retenção direta
Os dentes adjacentes ao espaço protético deverão receber grampos do tipo ação de ponta
em função do melhor rendimento mecânico. Em situações estéticas, pode-se lançar mão do
grampo de ação de ponta I. A porção terminal do braço de retenção deve estar o mais
próxima possível da região cervical do dente.
Retenção indireta
A retenção indireta deve estar o mais distante possível da linha de fulcro. Duas formas
de retenção indireta, que podem ou não estar combinadas, são obtidas:
! por meio do grampo contínuo de Kennedy (Figura 55);
! por meio da placa distal, localizada na porção distal do dente suporte adjacente ao
espaço protético (Figura 56).
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 87
Conectores menores
Os conectores menores devem ser planejados, dentro das possibilidades, com o menor nú-
mero possível. Devem ser rígidos e preferentemente localizados no espaço edêntulo.
Conector maior
O conector maior deve ser o mais simples possível, rígido, distante 4mm da margem gengival
e não deve traumatizar os tecidos gengivais. Na maxila, dependendo do número de dentes
remanescentes, pode-se planejar:
! barra palatina anteroposterior;
! chapeado palatino.
Na mandíbula, dependendo da distância entre a margem gengival e o assoalho bucal, pode-
se planejar:
! barra palatina (Figura 57);
! placa lingual (Figura 58).
Figura 56 – O retângulo indica placa distal, utilizada
como elemento de estabilidade na classe I de Kennedy.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Figura 55 – A ponteira mostra o grampo contínuo
de Kennedy ou barra dentária, indicado como elemen-
to de estabilização na classe I de Kennedy.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
88 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
Figura 59 – Vista da base de resina acrílica, durante a prova dos dentes artificiais, com selado periférico (A) e
após a moldagem funcional (B).
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Figura 58 – Vista intraoral da placa lingual, utilizada
quando não existe espaço suficiente para a barra lin-
gual e que idealmente deve ser indicada quando a
distância entre a margem gengival livre e o assoalho
bucal for menor do que 10mm.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Figura 57 – Imagem lingual intraoral da barra lingual,
que deve estar distante 4mm da margem gengival
livre.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Bases
As bases das próteses devem ser planejadas para recobrir amplamente o rebordo, sem interferir
na musculatura associada e nos movimentos funcionais. Bases amplas favorecem a distribuição
das forças por todo o rebordo, diminuindo a concentração detensões. Adicionalmente,
contribuem sobremaneira para a estabilidade da prótese.
A moldagem funcional do rebordo é passo obrigatório, incluindo o selado periférico
do rebordo (Figuras 59A-B).
A B
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 89
A manutenção periódica da base da prótese é recomendada.
CLASSE II
Apoio
No espaço adjacente ao extremo livre, o apoio deve estar localizado obrigatoriamente na
região mesial do dente suporte. Se houver área de modificação, o apoio pode estar localizado,
em ambos os dentes, próximo ao espaço protético.
 Retenção direta
No dente suporte, próximo ao extremo livre, o grampo de retenção de ação de ponta deve
ser planejado. Na área de modificação, os pilares deverão receber grampo circunferencial
simples.
Retenção indireta
Normalmente, utiliza-se um retentor indireto, podendo ser um apoio, que deve estar locali-
zado no lado oposto ao extremo livre e formar um ângulo de 90o com a linha de fulcro
(Figura 60).
Figura 60 – Exemplo de planejamento inadequado
do elemento de estabilidade em uma classe II de
Kennedy. Na face distal do elemento 13 ou na mesial
do 14, deveria ter sido projetado um nicho para rece-
ber um apoio, com a finalidade de evitar a movimenta-
ção no sentido cérvico-oclusal em torno da linha de
fulcro que passa pelos apoios localizados entre os
dentes 15 e 16 e na face mesial do 24. Observa-se
que, no dente 22, a barra dentária foi adequadamente
planejada como elemento de estabilidade.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Conectores menores e conector maior
As mesmas considerações propostas para a classe I aplicam-se à classe II quanto aos conectores.
90 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
Base
No extremo livre, a base deve apresentar as mesmas características da classe I. Na área de
modificação, não se indica a moldagem funcional, somente a anatômica. O recobrimento
dessa região deve ser determinado pelo conforto, pela aparência e pelos princípios higiênicos,
evitando a impacção de alimentos.
CLASSE IV AMPLA
Apoio
A classe IV ampla deve ser tratada como uma classe I invertida. Os apoios devem estar
longe do espaço protético, ou seja, na face distal do dente suporte adjacente ao extremo
livre (Figuras 61A-B).
Figura 61 – A classe IV ampla deve ser planejada como classe I invertida. Portanto, os apoios devem estar
distantes do espaço protético (ponteiras). As setas indicam raízes residuais que foram mantidas para auxiliar o
suporte na região anterior (A). A qualidade periodontal dessas raízes permitiria a confecção de prótese fixa,
mas a limitação financeira inviabilizou essa opção, que pode ser reconsiderada futuramente pelo paciente. Os
retentores diretos nos dentes pilares devem ser grampos de ação de ponta (ponteiras) (B).
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Sempre que possível, apoios adicionais nos dentes posteriores devem ser planeja-
dos para aumentar a área de estabilidade.
Retenção direta
No dente adjacente ao espaço protético, devem-se planejar retentores de ação de ponta. Nos
dentes longe do extremo livre, indicam-se grampos circunferenciais.
A B
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 91
Retenção indireta
O sistema de grampo nos dentes longe do espaço protético funciona como retenção indireta.
Conectores menores e conector maior
Os conectores menores e o conector maior são empregados como na classe I, mas, nessa
configuração de arco dentomucossuportado, utiliza-se principalmente o chapeado pala-
tino total, com a finalidade de aumentar a estabilidade, o suporte e a retenção da prótese.
Base
A base deverá ser a mais ampla possível, seguindo os princípios de área chapeável da prótese
total. A moldagem funcional com selamento de rebordo é procedimento obrigatório.
ARCADAS DENTOSSUPORTADAS OU CLASSES III E IV
CLASSE III
Apoio
De acordo com a conveniência estética e oclusal, não há regra específica para a localização
dos apoios.
Retenção direta
Como citado nas regras de retenção, a classe III não necessita que todos os dentes próximos
ao espaço protético recebam retentores diretos. Deve-se assegurar que exista área de estabi-
lidade adequada e não máxima, como a exigida nas classes I e II. Em casos de espaço
edêntulo amplo, pode-se planejar, no dente pilar anterior ao espaço, um retentor do tipo
ação de ponta. Esse posicionamento está relacionado com a amplitude do espaço.
Retenção indireta
Como na classe III não existem linhas de fulcros reais, somente virtuais, não há a necessidade
de retentores indiretos.
Conectores menores e conector maior
As regras para os conectores menores são as mesmas para todas as classes e foram descritas
anteriormente. Na maxila, o conector maior em forma de U é o ideal, pois existem dentes
na região posterior que evitam a flexão da peça, ao contrário das situações observadas nas
classes I e II.
92 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
Bases
Não há a necessidade de moldagem funcional, somente a anatômica para as bases, que
devem ter extensão de acordo com a conveniência estética, com o conforto e com os princí-
pios higiênicos.
CLASSE IV
Apoio
Nos dentes próximos ao espaço protético, pode-se planejar o apoio na face distal ou na
mesial, dependendo do tipo de sistema de retenção de grampo selecionado. Nos dentes
longe do espaço protético, deve-se indicar o apoio geminado.
Retenção direta
Nos dentes adjacentes ao espaço edêntulo, pode-se planejar:
! grampo circunferencial em Y, com apoio na face distal do dente suporte e oposição
feita pelo ponto de contato com o dente adjacente, opção mais estética do que o
grampo circunferencial convencional;
! grampo circunferencial convencional, com apoio na face mesial, braço de oposição
por lingual e grampo de retenção buscando área retentiva na face vestibular;
! planos-guia na superfície mesial de cada dente suporte, tipo de retenção indicado
quando se planeja PPR rotacional e, sem dúvida, a melhor opção estética em PPR.
Retenção indireta
A retenção indireta é oferecida normalmente por grampos circunferenciais geminados entre
o segundo pré-molar e o primeiro molar ou entre o primeiro e o segundo molar.
Conectores menores e conector maior
Os conectores menores seguem as mesmas regras descritas anteriormente. Na maxila, deve-
se utilizar o conector maior em forma de U e, na mandíbula, a barra lingual.
Base
Dependendo do espaço edêntulo, pode-se indicar a moldagem funcional da base.
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 93
58. Sobre as PPRs dentomucossuportadas ou PPRs classe I, é INCORRETO afirmar que
A) os apoios são localizados na face mesial dos dentes adjacentes ao espaço protético.
B) os dentes adjacentes ao espaço protético deverão receber grampos do tipo ação de
ponta em função do melhor rendimento mecânico.
C) em situações estéticas, pode-se lançar mão do grampo de ação de ponta I. A porção
terminal do braço de retenção deve estar o mais distante possível da região cervical
do dente.
D) a retenção indireta deve estar o mais distante possível da linha de fulcro.
Resposta no final do artigo
59. Como devem ser os conectores menores e o conector maior nas PPRs dentomucossupor-
tadas ou PPRs classe I?
60. Leia as afirmativas a respeito das PPRs dentomucossuportadas ou PPRs classe II.
I – No espaço adjacente ao extremo livre, o apoio deve estar localizado obrigatoriamente
na face mesial do dente suporte. Se houver área de modificação, o apoio pode estar
localizado, em ambos os dentes, próximo ao espaço protético.
II – No dente suporte próximo ao extremo livre, o grampo de retenção de ação de ponta
deve ser planejado. Na área de modificação, os pilares deverão receber grampo
circunferencial Y.
III – Normalmente, utiliza-se um retentor indireto, podendo ser um apoio, que deve estar
localizado no lado oposto ao extremo livre e formar um ângulo de 45o com a linha
de fulcro.Qual(is) está(ão) correta(s)?
A) Apenas a I.
B) Apenas a II.
C) Apenas a III.
D) A I, a II e a III.
Resposta no final do artigo
94 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
61. Como devem ser o apoio e as retenções direta e indireta nas PPRs classe IV ampla?
62. Sobre as PPRs dentossuportadas ou PPRs classe III, é INCORRETO afirmar que
A) de acordo com a conveniência estética e oclusal, não há regra específica para a
localização dos apoios.
B) a classe III não necessita que todos os dentes próximos ao espaço protético recebam
retentores diretos.
C) como na classe III existem linhas de fulcros reais e virtuais, há a necessidade de
retentores indiretos.
D) as bases não necessitam de moldagem funcional, somente anatômica. Devem ter
extensão de acordo com a conveniência estética, com o conforto e com os princípios
higiênicos.
Resposta no final do artigo
63. O apoio em PPRs dentossuportadas ou PPRs classe IV pode ser planejado próximo ao
espaço protético na face distal ou na mesial, dependendo do tipo de sistema de retenção
de grampo selecionado. O mesmo planejamento é válido para dentes longe do espaço
protético? Justifique sua resposta.
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 95
Figura 62 – PPR classe III, modificação 1. O planeja-
mento consiste na utilização dos dentes vizinhos ao
espaço protético para suporte, estabilidade e retenção
por meio de grampos circunferenciais e apoios oclu-
sais. Nota-se que o sistema de grampos foi unido à
sela por meio de conectores menores junto ao espaço
protético.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Figura 63 – PPR classe III, modificação 1. Em detri-
mento do espaço edêntulo anterior, os laterais recebe-
ram grampo Y, por conveniência estética. Os demais
grampos são circunferenciais, e o dente 26 recebeu
um retentor indireto para permitir estabilidade.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
PLANEJAMENTOS DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
DENTOSSUPORTADA E DENTOMUCOSSUPORTADA
Como discutido e enfatizado anteriormente, o planejamento simples é uma virtude, pois
incorpora um menor número de componentes. A seguir, serão apresentados alguns planeja-
mentos (Figuras 62-76), sem a mínima intenção de esgotar o assunto, com a única proposta
de servir como um guia para outros planejamentos. Idealmente, os casos estudados poderiam
ser planejados com implantes ou PPF e foram selecionados apenas por finalidade didática.
Os apoios estarão representados em azul, os grampos em verde, os conectores
menores em marrom, a sela em alaranjado, o conector maior em cinza e os elemen-
tos de estabilização em vermelho.
96 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
Figura 66 – PPR classe III, modificação 1. Exemplo de
espaço protético extenso, com apenas quatro rema-
nescentes dentários, que estão bem distribuídos no
arco, favorecendo o prognóstico. Para os incisivos cen-
trais, grampos circunferenciais foram planejados, com
apoios localizados na face distal. Os molares também
receberam grampos circunferenciais. Um ponto im-
portante para essa situação foi selecionar um cha-
peado palatino como conector maior, que pode ser
tanto em resina acrílica quanto em metal. Esse tipo
de conector melhora a biomecânica relacionada com
a estabilidade, o suporte e a retenção da prótese.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Figura 67 – PPR classe III, modificação 2. Como os
demais planejamentos de classe III, a localização dos
apoios e o número de retentores devem ser indicados
de acordo com a conveniência protética. Observa-se,
no pré-molar isolado, a seleção de um grampo de
Ottolengui.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Figura 64 – PPR classe IV. Observa-se, nessa situação,
a indicação de grampos circunferenciais nos retentores
diretos, sendo que o trajeto da face distal para a mesial
do grampo de retenção foi desenhado para otimizar
a estética. A localização de retentores diretos nos mo-
lares por meio de grampos circunferenciais geminados
permitiu a obtenção da área de estabilidade.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Figura 65 – PPR classe III, modificação 2. O grampo
Y, em vez de estar localizado na face distal do canino,
foi colocado na face mesial do pré-molar, variação
que pode ser prevista quando o espaço interoclusal
disponível for reduzido. Os demais pilares receberam
grampos circunferenciais e apoios oclusais de acordo
com a conveniência protética. Nota-se que nenhum
elemento de estabilidade foi indicado, pois esse tipo
de classe é potencialmente estável.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 97
Figura 68 – PPR classe III, modificação 1. Nessa situ-
ação, os caninos poderiam receber grampos de ação
de ponta, em função da extensão do espaço protético.
A localização dos apoios poderia ser na face distal, se
o espaço interoclusal na mesial fosse insuficiente.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Figura 69 – PPR classe I. Nos pilares diretos, foram
planejados grampos de ação de ponta em função da
sua maior capacidade de retenção. Adjacente ao es-
paço protético, foi indicada uma placa distal, que tem
o propósito de limitar a rotação da prótese sobre o
seu eixo rotacional. A barra dentária foi desenhada
nos laterais com a finalidade de aumentar a área de
estabilidade e poderia ser contínua, dependendo do
espaço interoclusal disponível.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Figura 70 – PPR classe I. Como na classe I superior,
os mesmos elementos de estabilidade devem estar
presentes, como a placa distal e a barra dentária. O
grampo de ação de ponta sempre será selecionado
para esse tipo de classe. Vale ressaltar que, em PPR
dentomucossuportada, a base da prótese deverá ser
a mais extensa possível, e a montagem dos dentes
artificiais deve restringir-se ao primeiro molar.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Figura 71 – PPR classe I, modificação 1. Embora apre-
sente uma área de modificação, esta não interfere
no planejamento da região principal (extremo livre).
Os dentes adjacentes ao espaço protético, na área de
modificação, deverão receber retenção. Nesse caso,
o pré-molar deverá ser planejado em relação ao extre-
mo livre, e não à área de modificação. Já o incisivo
central deverá receber um grampo circunferencial. Se
houver ausência de contenção oclusal, pode-se lançar
mão da pré-molarização do canino.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
98 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
Figura 72 – PPR classe I, modificação 3. Os grampos
de retenção de ação de ponta, o apoio localizado na
face mesial do pilar e a placa distal funcionando como
elemento de estabilização são componentes que fo-
ram planejados para os pré-molares, como em qual-
quer outro extremo livre. Nesse caso, observa-se uma
boa relação entre os dentes remanescentes, favore-
cendo a estabilidade da prótese. Embora não esteja
representado no desenho, pode-se pré-molarizar os
caninos e indicar o grampo de Ottolengui.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Figura 73 – PPR classe II. Nota-se que, no dente pilar
vizinho ao extremo livre, o grampo selecionado foi o
de ação de ponta com apoio na face mesial e placa
distal como elemento de estabilidade. O lateral rece-
beu uma barra dentária para aumentar a área de es-
tabilidade do caso. Sobre os molares, foi planejado
um grampo circunferencial geminado, o que funciona
com retentor indireto. Para impedir a rotação da PPR
frente a um movimento cérvico-oclusal da base sobre
o eixo rotacional que passa pelos apoios localizados
no canino e nos molares, a face mesial do primeiro
pré-molar foi preparada para alojar um apoio que
funcionará como elemento de estabilidade. Adicional-
mente, os apoios sobre os molares, pré-molar e cani-
no, associados com a barra palatina, criam a maior
área de estabilidade possível para esse arco.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD99
Figura 74 – PPR classe II, modificação 2. Na região
do extremo livre, os componentes utilizados são os
mesmos descritos anteriormente para essa área. A
diferença, nessa situação, relaciona-se com as áreas
de modificação. No canino, foi indicado o grampo
circunferencial Y, por conveniência estética. No pré-
molar, foi indicado o grampo de Ottolengui, por se
tratar de um elemento isolado, e o molar recebeu
um grampo circunferencial. Quando a região retentiva
em molares estiver localizada na face mesial, pode-
se optar pelo grampo de Gillet ou criar uma área
retentiva na área disto-vestibular. Planejaram-se barras
dentárias em ambos os laterais, criando área de estabi-
lidade máxima.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Figura 75 – PPR classe II, modificação 2. A área de
extremo livre deve ser tratada, como foi comentado
em outros exemplos. Na modificação anterior, sobre
o canino isolado, planejou-se o aumento do cíngulo
em resina (não mostrado no desenho), que foi trata-
do com um pré-molar isolado, recebendo um gram-
po Ottolengui. O canino oposto recebeu um grampo
circunferencial, com apoio na face distal, embora tam-
bém possa ser um grampo Y. Nota-se que, em ambos
os caninos, o grampo apresentou trajeto da face distal
para a mesial a fim de otimizar o resultado estético.
O molar recebeu um grampo circunferencial. Vale
ressaltar que a montagem de dentes no extremo livre
restringiu-se ao primeiro molar, com a maior extensão
de base possível.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Figura 76 – PPR classe IV ampla. Observa-se uma
grande área dentomucossuportada anterior aos pila-
res. Dessa forma, a prótese deve ser planejada como
uma PPR classe I, só que de forma invertida. Portanto,
os apoios deverão estar localizados na face distal em
vez da mesial, pois o mesmo princípio biomecânico
que contraindica apoios na face distal da classe I apli-
ca-se a essa situação, mas de forma inversa. O gram-
po de retenção selecionado é o de ação de ponta, e a
placa distal deve ser empregada na face mesial dos
pilares vizinhos ao espaço protético. Os segundos
molares receberam grampo geminado. O chapeado
palatino deve ser sempre empregado nesses planeja-
mentos para aumentar a retenção, o suporte e a esta-
bilidade da prótese.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
100 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
64. Que observações podem ser feitas a partir dos planejamentos apresentados nas Figuras
62-76?
CONCLUSÃO
O objetivo fundamental do tratamento com PPR é restabelecer a função oral e a
estética, sem causar prejuízos às estruturas orais remanescentes (dentes, tecidos
mole e duro). Assim, o trabalho de planejamento é essencial, sendo que o dentista
deve conhecer e aplicar os conceitos de estabilidade, suporte, retenção e estética
em todas as situações.
O preparo da boca faz parte da filosofia do planejamento, e, sempre que possível,
dentes, raízes residuais e terceiros molares devem ser mantidos, assim como a indicação de
implantes. Essas medidas visam a melhorar o suporte, consequentemente, otimizando a ca-
pacidade de adaptação do paciente à prótese e favorecendo o prognóstico. Entretanto, para
o sucesso efetivo a longo prazo, um programa de manutenção periódica deve ser elaborado
como parte integrante do plano de tratamento.
O programa de manutenção periódica deve focar, primariamente, o controle de
placa, que é a principal causa dos insucessos relatados em estudos longitudinais
prospectivos. Outros objetivos devem ser previstos no programa de manutenção
periódica, como a conservação do rebordo alveolar por meio do controle do espaço
entre base e rebordo e a prevenção de traumatismo nos tecidos orais circunvizinhos.
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 101
O sucesso com PPR depende do conhecimento e da habilidade do dentista associados à
atitude do paciente durante o controle diário de placa.
RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS
Atividade 2
Resposta: C
Comentário: Segundo a filosofia do arco dental reduzido, oito unidades oclusais, representa-
das por arcos até segundo pré-molar, seriam suficientes para uma mastigação eficiente, esté-
tica satisfatória e estabilidade oclusal, sendo desnecessário o uso de PPR.
Atividade 4
Resposta: Dentre os fatores que, associados, contribuem para a decisão entre as várias mo-
dalidades de prótese, estão a condição intra e extraoral, o desejo do paciente, a idade e as
condições de saúde geral, a presença de doenças sistêmicas, a situação financeira, o número
e distribuição dos dentes remanescentes, a extensão do espaço protético e as condições das
estruturas ósseas.
Atividade 5
Resposta: C
Comentário: Dados de estudos epidemiológicos sugerem que a população idosa é a que
mais cresce mundialmente. Adicionalmente, estima-se o aumento no número de dentes
remanescentes nessa população. Assim, uma nova condição de edentulismo surge nessa
população, diferente do edentulismo total visto no passado.
Atividade 6
Resposta: Nem sempre a prótese fixa ou a implantodontia são as melhores opções de trata-
mento para a reabilitação de arcos parcialmente edêntulos em pacientes idosos, pois estes
podem apresentar condições locais ou sistêmicas que impossibilitem tais modalidades de
tratamentos. Além desses fatores, os idosos são menos propensos a tratamentos longos, ao
contrário dos pacientes mais jovens. Como há a evidência do aumento da retenção dentária
associado à diminuição dos edêntulos totais, tanto nos países em desenvolvimento quanto
desenvolvidos, estima-se um provável aumento na demanda por PPR.
Atividade 7
Resposta: B
Comentário: As vantagens do tratamento com PPR são consistir em tratamento conservador,
oferecer fácil manutenção, apresentar boa relação custo/benefício, exigir pouca destruição
tecidual e ser de fácil manutenção, dentre outras.
102 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
Atividade 9
Resposta: D
Atividade 10
Resposta: Os dados necessários ao planejamento de uma PPR para um arco parcialmente
desdentado são provenientes da história médica e dentária do paciente, do questionário de
saúde, do exame da cabeça e do pescoço, do exame intraoral, do estudo radiográfico e dos
modelos de estudo (que auxiliam na determinação dos planos guias, da retenção e da via de
inserção da PPR), além de informações colhidas na entrevista com o paciente, que permitem
conhecer os seus desejos e suas condições.
Atividade 12
Resposta: A classificação do arco parcialmente edêntulo deve sempre ser realizada após o
preparo prévio da boca porque este pode modif icar a classif icação da PPR e,
consequentemente, alterar o prognóstico da situação clínica.
Atividade 13
Resposta: F; V; V; F.
Comentário: Os preparos prévios compreendem todas as necessidades que a situação clínica
impõe, diferentemente dos procedimentos protéticos envolvidos na PPR. A PPR sem os cui-
dados necessários de planejamento e controles posteriores pode trazer prejuízos biológicos,
como aumento nos índices de cárie e de doença periodontal, levando à perda de dentes
pilares.
Atividade 14
Resposta: Quando existe a possibilidade de manter uma raiz sob a base de uma PPR de
extremo livre, esta pode modificar a classificação do arco e melhorar o prognóstico do caso,
provendo suporte periodontal adicional.
Atividade 15
Resposta: D
Comentário: No extremo livre de uma PPR dentomucossuportada, não há pilar posterior para
proteger a fibromucosa dos esforços mastigatórios. O processo de reabsorção óssea é sem-
pre contínuo e pode ser acelerado por forças compressivas ou laterais que incidem sobre a
fibromucosa. Keltjens e colaboradores reportaram que tratamentos com prótese total superior
contra uma PPR classe I de Kennedy são inadequados, pois não possibilitam uma oclusão
estável e duradoura, sobrecarregando a porção anterior da maxila e acarretando aumento da
reabsorção óssea nessa região.
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD103
Atividade 17
Resposta: B
Comentário: Existem várias bases para a classificação dos arcos parcialmente desdentados,
mas a topográfica e a biomecânica são as mais utilizadas.
Atividade 18
Resposta: B
Comentário: A classificação proposta por Kennedy é puramente topográfica, pois não consi-
dera o número de dentes remanescentes nem a dimensão dos espaços desdentados.
Atividade 19
Resposta: 4; 2; 3; 1.
Atividade 20
Resposta: Quando a PPR está em função, atuam sobre ela forças que são capazes de
desestabilizá-la, provocando movimentos indesejáveis através dos seus eixos rotacionais. A
PPR dentomucossuportada tem o braço de potência maior do que o de resistência; dessa
forma, a probabilidade de desestabilizar esse tipo de prótese será maior. De forma contrária,
a PPR dentossuportada tem o braço de resistência maior do que o de potência e, portanto, a
estabilidade da prótese é maior.
Atividade 21
Resposta: As PPRs dentossuportadas transmitem as forças ao tecido ósseo exclusivamente
por meio do ligamento periodontal dos dentes pilares, enquanto as PPRs dentomucossupor-
tadas, que apresentam suporte dental e mucoso, transmitem as forças ao tecido ósseo por
meio do ligamento periodontal dos dentes pilares e da fibromucosa.
Atividade 22
Resposta: A
Comentário: As PPRs dentomucossuportadas apresentam suporte dental e mucoso, em que
os rebordos recebem a força com carga de pressão que é transmitida ao osso, mesmo consi-
derando a amortização diretamente proporcional à capacidade de dissipação apresentada
pelos tecidos moles.
Atividade 25
Resposta: D
Comentário: Somente a ponta ativa do braço de retenção deve ser flexível para atingir a
porção retentiva do dente pilar.
104 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
Atividade 26
Resposta: D
Comentário: Embora o grampo seja uma estrutura única, cada componente apresenta uma
função importante e distinta, isto é, nenhuma parte pode ser desconsiderada ou minimizada.
O sistema de grampo deve apresentar um apoio, um braço de retenção, um braço de recipro-
cidade ou elemento de oposição e um conector menor e esse conjunto.
Atividade 28
Resposta: C
Comentário: O ângulo formado entre a haste calibradora e a superfície dentária é denomina-
do de ângulo de convergência cervical ou ângulo morto. A retentividade de uma superfície
dentária será maior quanto maior for o ângulo de convergência cervical.
Atividade 30
Resposta: C
Comentário: O grampo circunferencial foi introduzido por Nesbitt em 1916 e é assim denomi-
nado em função de sua forma e ação mecânica, abrangendo grande parte da circunferência
da coroa. O traçado do grampo circunferencial vai da face oclusal em direção à cervical, e o
grampo é geralmente empregado em PPRs dentossuportadas e como retentor indireto, de-
pendendo do planejamento.
Atividade 31
Resposta: D
Comentário: Os grampos de ação de ponta estão contraindicados, por exemplo, em situações
em que o dente pilar está inclinado para a face vestibular ou lingual e em dentes pilares com
contornos anatômicos de tecidos duro e mole proeminentes.
Atividade 32
Resposta: Os grampos de ação de ponta apresentam maior capacidade de retenção do que
os circunferenciais porque têm ação de retenção por tropeçamento, o que mecanicamente é
mais favorável. Os grampos circunferenciais apresentam ação de abraçamento e, dessa forma,
oferecem menor capacidade retentiva do que os de ação de ponta.
Atividade 33
Resposta: B
Comentário: O grampo circunferencial simples é o grampo de primeira escolha para molares
isolados. O grampo circunferencial geminado é o grampo de escolha para molares. O grampo
circunferencial Y é indicado para dentes anteriores e busca retenção na superfície proximal
do dente suporte.
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 105
Atividade 34
Resposta: A
Comentário: Os elementos da PPR responsáveis pelo suporte são os apoios, o conector maior,
a superfície basal da sela (dentomucossuportada) e os encaixes. Os nichos são áreas que
podem ser preparadas sobre esmalte, restaurações existentes ou planejadas em coroas
protéticas para o assentamento do apoio, com o objetivo de conferir suporte à prótese. Em
relação ao braço de retenção, o apoio o mantém em posição vertical, impedindo que se
desloque em direção apical e traumatize o tecido gengival, conservando o terço final do
braço de retenção na área retentiva do dente.
Atividade 37
Resposta: D
Atividade 38
Resposta: V; F; V; V.
Comentário: Um tecido que se desloca facilmente não suporta adequadamente a base da
prótese, e os tecidos que estivem interpostos não permanecerão saudáveis.
Atividade 40
Resposta: A recomendação de se evitar a reposição de segundo molar em extremo livre existe
porque esta tem potencial de causar grande quantidade de rotação da prótese em relação ao
seu fulcro principal, aumentando a área de deslocamento e, consequentemente, diminuindo
a estabilidade de prótese. Adicionalmente, aumenta a quantidade de carga transferida ao
dente pilar adjacente ao espaço protético.
Atividade 41
Resposta: O apoio localizado na porção mesial do dente pilar reduz significantemente a
movimentação deste em direção ao espaço protético, diminuindo a quantidade de torque
que incide sobre esse dente. O apoio localizado tanto na face mesial quanto na distal do pilar
funciona como um ponto de fulcro ao redor do qual os componentes da PPR rotacionam.
Quando uma força é aplicada na base protética, esta apresenta movimento em direção ao
rebordo, e a porção terminal do grampo de retenção irá movimentar-se em direção cervical
se o apoio estiver localizado na face mesial do dente. Assim, essa porção terminal do grampo
não irá de encontro ao equador protético, evitando a resultante de força para a face distal.
Atividade 42
Resposta: A
Comentário: A extensão mínima em esmalte fica a 1/3 da distância mésio-distal e vestíbulo-
lingual com profundidade entre 1,5 e 2,0mm, se houver antagonista, e de 1,0mm se não
houver antagonista. Em extremos livres, deve-se sempre utilizar o apoio na porção mesial
106 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
(vantagem mecânica e biológica). Em dentes posteriores intercalados, deve-se usar apoio
oclusal duplo (grampo Ottolengui).
Atividade 43
Resposta: A
Comentário: Quanto maior for a estabilidade da prótese, maior será a possibilidade de esta
se integrar ao sistema estomatognático. A estabilidade é a propriedade que a prótese tem de
resistir aos deslocamentos oblíquos, verticais e horizontais durante as atividades funcionais e
parafuncionais, bem como de permanecer em seu sítio durante o repouso.
Atividade 44
Resposta: Como revelaram Graham e colaboradores (2006), a falta de estabilidade é uma
das principais queixas relatadas por pacientes durante a função com PPR, acarretando prejuí-
zos à fala e provocando dor e desconforto. Como, nas classes de arcos parcialmente desdenta-
dos, as PPRs são potencialmente instáveis porque apresentam área de deslocamento sempre
maior do que a área de estabilidade, deve-se sempre buscar, por meio de retentores indiretos
ou de elementos de estabilização, uma área máxima de estabilidade para reduzir a rotação
que ocorre através da(s) linha(s) de fulcro.
Atividade 45
Resposta: São fatores relacionados com a estabilidade da PPR o número e a distribuição dos
dentes remanescentes, a mobilidade dos pilares, a qualidade e a disponibilidade do rebordo
alveolar, o grau de resiliência da fibromucosa, o relacionamento da sela e dos dentes com a
musculatura paraprotética e o relacionamento interoclusal.
Atividade 46
Resposta: D
Comentário: Sempre que viável, deve-se escolher os elementos pilares com maior distância
possível entre si a fim de aumentar a área da figura e, consequentemente, a estabilidade.
Com isso, o retentor indireto passa a ter função primordial nos planejamentos de PPR dento-
mucossuportada.
Atividade 48
Resposta: B
Comentário: O retentor indiretoé indicado para aumentar a área de estabilização da prótese,
reduzindo os movimentos que ocorrem sobre as linhas de fulcro.
PRO-ODONTO | PRÓTESE | SESCAD 107
Atividade 50
Resposta: F; F; V; V.
Comentário: Com relação aos grampos, sempre que possível, devem-se utilizar grampos de
ação de ponta, pois são considerados mais estéticos do que os circunferenciais por atingirem
a área retentiva através da região cervical, ao contrário dos circunferenciais. O grampo
circunferencial Y é uma opção estética por não apresentar o desenho convencional do grampo
circunferencial.
Atividade 52
Resposta: B
Comentário: Optar pelo apoio oclusal ou lingual em vez do incisal.
Atividade 54
Resposta: 3; 9; 11; 1; 6; 8; 4; 5; 2; 7; 10.
Atividade 55
Resposta: C
Comentário: Embora o tratamento com PPR seja considerado não invasivo, com dano biológico
mínimo, pois os preparos dentários são reduzidos, sua forma propicia maior acúmulo de
placa, permitindo maior contato com os dentes e criando as condições necessárias para o
início e a progressão da atividade cariogênica. Cáries radiculares foram estatisticamente asso-
ciadas aos componentes da PPR. Portanto, deve-se evitar recobrir as regiões radiculares, e a
aplicação tópica de flúor é uma medida preventiva. Vários trabalhos apontam que a PPR
aumenta os índices de complicações gengivais e periodontais e a mobilidade dentária. Resulta-
dos indicaram que o aumento do índice de placa não foi restrito aos dentes relacionados com
componentes protéticos, mas observou-se aumento de placa tanto no arco oposto quanto
na superfície vestibular dos demais dentes.
Atividade 57
Resposta: A análise de trabalhos indica uma relação positiva entre o aumento dos índices de
complicações periodontais e das taxas de recidiva de cárie e a PPR. A cobertura gengival e o
íntimo contato dos componentes da PPR representam risco para o sucesso a longo prazo da
prótese. Portanto, o desenho da PPR deve ser o mais simples possível (com o menor número
de componentes) para permitir suas funções e minimizar o impacto sobre a saúde bucal,
favorecendo tanto pacientes que apresentam controle de placa adequado quanto aqueles
que demonstram menor capacidade para tal.
108 PLANEJAMENTO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
Atividade 58
Resposta: C
Comentário: Em situações estéticas, pode-se lançar mão do grampo de ação de ponta I. A
porção terminal do braço de retenção deve estar o mais próxima possível da região cervical
do dente.
Atividade 60
Resposta: A
Comentário: Retenção direta – no dente suporte próximo ao extremo livre, o grampo de
retenção de ação de ponta deve ser planejado. Na área de modificação, os pilares deverão
receber grampo circunferencial simples. Retenção indireta – normalmente, utiliza-se um
retentor indireto, que pode ser um apoio e deve estar localizado no lado oposto ao extremo
livre, além de forma um ângulo de 90o com a linha de fulcro.
Atividade 62
Resposta: C
Comentário: Como na classe III não existem linhas de fulcros reais, somente virtuais, não há
a necessidade de retentores indiretos.
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