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OFTALMOLOGIA CLÍNICA E CIRÚRGICA

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09/02/2018
OFTALMOLOGIA CLÍNICA E CIRÚRGICA
Anatomia e fisiologia do olho:
O bulbo ocular (olho) está localizado dentro de uma cavidade óssea – órbita (crânio). É preenchida pelo bulbo ocular e pelos músculos extraoculares, responsáveis pela movimentação voluntária e involuntária do olho. Entre esses músculos há tecido adiposo preenchendo os espaços.
O bulbo ocular é composto por alguns tecidos que formam involtórios para meios transparentes que fazem com que o olho funcione como uma câmera de refração positiva.
Externamente ao olho há os anexos:
Pálpebras (3ª pálpebra – canto médio, recoberta por conjuntiva tanto na face interna quando externa), as demais têm pele na face externa e conjuntiva na face interna. Servem de proteção, distribuição do filme, manutenção da visão.
Estruturas do bulbo ocular:
Parte mais externa é a túnica fibrosa, composta pela córnea e esclera. Túnica contínua com a córnea, lente anterior e transparente que participa com a refração da luz.
Úvea está internamente a túnica fibrosa, é a túnica vascular e pigmentada, composta pela íris é a parte colorida e que possui esfíncter (pupila) para midríase e miose, controlando a quantidade de luz que atinge a retina e corpo ciliar que fica atrás da íris (triangular e muscular).
Posterior ao corpo ciliar há o coroide (úvea posterior), ela é ricamente vascularizada e pigmentada, onde está aderida a retina (túnica nervosa), a terceira camada interna. Onde estão os fotorreceptores, células nervosas especializadas que recebem o estímulo luminoso, transformam em impulso nervoso para levar ao córtex cerebral e transformar em visão.
O bulbo ocular é preenchido por meios transparentes, na parte anterior, entre a íris e a córnea há a câmara anterior que é preenchida por um liquido transparente, o humor aquoso. Este é produzido pelo corpo ciliar, passa pela câmara posterior e preenche a câmara anterior, é drenado no ângulo iridocorneano. A produção e drenagem do humor aquoso são contínuas, elas devem sempre estar equilibradas para manter a pressão intraocular normal. A inflamação do corpo ciliar pode causar a redução na produção do humor aquoso, caso a drenagem esteja normal, pode ocorrer hipotensão ocular (uveítes). O cristalino (lente) é uma lente biconvexa, transparente e avascular, importante na captação da luz e faz mecanismo de acomodação da luz. Está preso pela fixação das zonolas, elas podem se romper e o cristalino sai do lugar (luxação do cristalino). Atrás do cristalino está o vítreo, substância gelatinosa que preenche o espaço dentro do bulbo, ao contrário do humor aquoso sofre poucas trocas metabólicas ao longo da vida, é formado durante a vida fetal e não há a renovação como o humor aquoso.
A luz vem do meio externo passa pela córnea, pelo humor aquoso, lente e vítreo, atinge a retina e estimula os fotorreceptores, estes vão produzir impulso nervoso pelo nervo ótico, chegar ao córtex visual, levando a formação da imagem.
A córnea é a lente que mais tem refração da luz, depois vem o cristalino que é responsável pela acomodação. Alteração na curvatura da córnea levam a distúrbios de refração (não muito importante em animais). São alterações na curvatura da córnea que levam a miopia, hipermetropia, astigmatismo. As curvaturas do cristalino podem ser modificadas, esse mecanismo é chamado de acomodação. A musculatura do corpo ciliar que realiza contração e relaxamento, quando essa musculatura contrai ela diminui o diâmetro, relaxa as zonolas e o cristalino ficará mais curvo, focar a visão para objetos mais próximos e o contrário para objetos mais longe.
O cristalino com a idade vai perdendo a flexibilidade e diminuindo a capacidade de acomodação de visão. Os animais possuem menor capacidade de acomodação que no ser humano, mas o foco de visão também irá alterar com a idade.
Em relação as cores, dependendo da espécie do animal, eles enxergam mais ou menos cores. Na retina há cones e bastonetes, são dois tipos de fotorreceptores diferentes e tem características diferentes.
Os cones são pouco sensíveis e mais precisos, ou seja, precisam de bastante de luz para serem ativados, mas levam formação de imagens mais definidas. Já os bastonetes são mais sensíveis e menos precisos, precisam de pouca luz para serem ativados, mas menor definição.
Cães e gatos tem capacidade de visão escotópica, que é a visão noturna, enxergam no escuro. Eles possuem maior concentração de bastonetes que cones, tornando possível a visão no escuro, porém a qualidade, definição da imagem. Não possui mácula (região no olho do ser humano que tem 100% de cores).
Nos cães tem 2 tipos de cones estimulados por diferentes espectros de luz, significa que reconhecem 2 cores, há cones que são estimulados por tons de amarelo a vermelho, provavelmente como a intensidade das cores é menor, eles veem tudo em amarelo. Tons de violeta e azul são reconhecidos pelo outro tipo de cones, provavelmente enxergam mais tons de azul que violeta.
Nos gatos tem todos os espectros de luz, possuem menos cones, portanto menos cores ainda que os cães, em cores muito mais pasteis, isso porque enxergam muito melhor no escuro.
Com relação a adaptação a visão noturna, há uma estrutura reflexiva na coroide de cães e gatos que aumenta o aproveitamento do estimulo luminoso. A coroide dos animais costuma ser em sua maior parte pigmentada e possui uma estrutura reflexiva (espelho) chamado Tapetum. O objetivo dele faz a reflexão da luz para estimular mais a retina com pouco estimulo luminoso. Animais de olhos claros, albinos podem não ter o Tapetum e sem pigmentação da coroide.
Exame clínico do olho e procedimentos diagnósticos:
Na anamnese, realiza-la por completo, pode ocorrer doenças oculares por doenças sistêmicas. Fora do padrão de anamnese, perguntar se há secreção, qualidade, quantidade dela, vermelhidão, se coça, se fica de olhos fechados. Com relação a visão, se o comportamento está normal, se altera no claro ou escuro. Por exemplo uma atrofia de retina que começa a afetar os bastonetes, a visão noturna do animal será prejudicada. 
O exame clínico se inicia pela inspeção, avaliando a visão. Avaliar por teste de ameaça (ameaçar de encostar no olho), o reflexo normal é piscar e afastar a cabeça. Colocar o animal no chão e ver como se comporta, colocar obstáculos no meio do caminho para verificar se o animal passa ou tropeça neles, tanto no claro quanto no escuro. Avaliar a simetria entre os olhos, se há diferenças entre eles (tamanho, secreção, fechado ou aberto). Deve realizar o reflexo pupilar a luz, sendo o direto (quando estimula um olho e avalia o reflexo da pupila do mesmo olho) e consensual (quando estimula um olho e verifica a pupila do outro olho). A incidência da luz faz a contração da pupila, portanto no direto deve contrair do olho estimulado e no consensual deve contrair a do outro olho da mesma forma.
Teste lacrimal de Schirmer:
Medir a quantidade de lágrima, colocando um papel filtro no saco conjuntival e manter por 1 minuto, normalmente vem milimetrados para se medir. Os valores normais são > 15mm/min em cães e > 17mm/min em gatos. Se o teste der diminuído, é sugestivo de ceratoconjuntivite seca.
Teste de Fluoresceína:
Corante que não adere no epitélio da córnea íntegra, mas adere na camada que está abaixo do epitélio, o estroma. Se a córnea cora pela fluoresceína significa que está desepitelizado, são ceratites ulcerativas (úlceras de córnea).
Tonometria:
É a mensuração da pressão intraocular, com o uso de aparelhos (tonômetro), na rotina clínica não é comum dispor deste aparelho pelo alto custo, assim para ter uma noção básica se a pressão intraocular está baixa ou alta, é necessário sentir a tensão do olho, sendo que se está mais mole seria uma hipotensão ou se está mais duro, está hipertenso. A utilização desse aparelho sempre será com colírio anestésico. Os valores de normalidade são de 15 a 25mmHg.
Após esses testes pode dilatar a pupila para enxergar o cristalino, vítreo e fundode olho. Em uma sala escura e com um foco de luz branca e direcionada como uma lupa de pala para aumentar a imagem. Iniciar a avaliação das pálpebras, cílios, conjuntiva, córnea, humor aquoso, íris (antes da dilatação), após a dilatação realizar a fundoscopia utilizando um oftalmoscópio. O exame pode com oftalmoscópio direto ou indireto, a desvantagem do direto é ficar com o rosto muito perto do rosto do animal, se o animal não é dócil, pode morder o rosto.
Exames complementares:
Usados especificamente em oftalmologia.
Eletroretinografia:
Avalia a resposta elétrica da retina ao estimulo luminoso. Tem o princípio parecido com o eletrocardiograma. Serão colocados eletrodos, no olho e em uma lente de contato, no paciente sedado, será feito estímulos luminosos e esses eletrodos captam a resposta da retina aos estímulos luminosos. Deve ser realizado a adaptação ao escuro para avaliar a resposta dos bastonetes. Este exame é utilizado em animais que tem cegueira a esclarecer (glaucoma, catarata), verificar se a retina está funcionando. Se a retina está normal e o animal não enxerga, a lesão é em sistema nervoso central. Utilizado em exame pré-operatório em catarata.
Ultrassonografia ocular:
Exame utilizado para avaliar as estruturas que no exame clínico não estão visíveis devido a opacidades.
ALTERAÇÕES:
Pálpebras:
É uma estrutura anexa, composta externamente pela pele e internamente pela conjuntiva. A área apilosa é a rima palpebral, separada em inferior e superior, nesta estão inseridos os cílios nos cães, nos gatos não há cílios e sim pelos modificados, não ficam na rima palpebral. Na rima palpebral há glândulas tarsais, que produzem a parte lipídica da lágrima. A função das pálpebras é proteger o olho e distribuir o filme lacrimal (lubrificação da superfície ocular).
 RIMA PALPEBRAL SUPERIOR
RIMA PALPEBRAL
INFERIOR
TERCEIRA PÁLPEBRA
RIMA PALPEBRAL
INFERIOR
RIMA PALPEBRAL
SUPERIOR
Entrópio:
Inversão da rima palpebral, a pálpebra se volta para a superfície ocular. A face externa que tem pelos entra em contato com a superfície ocular, causando dor, desconforto, pode causar lesão (úlceras de córnea), podem coçar os olhos, ter secreções desde serosa até purulenta. Geralmente é no canto inferior lateral, mas pode acontecer em qualquer parte da pálpebra. Predispostos a essa afecção são ChowChow, Sharpei, São Bernardo, Cocker, Labrador, Rottweiler, Pitbull. Geralmente de desenvolvimento, ou seja, ocorre durante o crescimento de cães jovens, nos primeiros meses ou até o 1 ano de vida.
O tratamento será uma correção cirúrgica retirando o seguimento de pele que está virando para o olho. Será retirado um seguimento elíptico da pele, o tamanho, a área que acomete, quanto a pálpebra vira e largura da pele retirada alterará conforme o entrópio em questão. Faz-se a retirada da pele e a sutura com ponto simples separado. Há dificuldade nessa técnica, pois a porção de pele que será retirada é subjetiva, então há complicações em acertar a quantidade necessária para se retirar. 
 
Na cirurgia irá medir a extensão de onde irá retirar a pele, quanto será necessário puxar (com uma pinça para ter uma ideia de quanto será necessário), estabelecer o diâmetro e tamanho da elipse. O fio utilizado deve ser macio, não utilizar nylon, a cirurgia deve ser feita bem perto da rima palpebral (3 a 4mm). Deixar o tutor ciente que pode recidivar e será necessário uma segunda cirurgia. Gatos também são acometidos, principalmente Persas e Maine Coon. Em Sharpei são os casos mais graves por conta do pelo duro, podendo causar úlceras profundas. No pós-operatório necessário animal permanecer com o colar.
Prolapso da glândula da terceira pálpebra:
A terceira pálpebra é uma estrutura móvel que está no canto médio do olho, é recoberta por conjuntiva nos dois lados, internamente tem uma cartilagem e ela serve para que se mantenha em formato côncavo. Na base da cartilagem, há uma glândula lacrimal, que produz parte (até 50%) da parte aquosa da lagrima. Essa glândula normalmente está bem no fundo, dentro da órbita, não é visível. No prolapso dessa glândula, tem sua estrutura de sustentação frouxa e ela sai do lugar, ocorre em qualquer raça, mas principalmente em raças predispostas (Shih-tzu, Beagle, Lhasa-apso, Cocker, Sharpei, Bulldogs, Canicorso).
A glândula aparece por trás da terceira pálpebra, chamado de olho de cereja (cherry eye), uma vez exposta, essa glândula fica inflamada, avermelhada, edemaciada, começa a ter secreção ocular, mas tudo secundário a exposição da glândula, o problema primário é o de sustentação. 
É uma glândula importante, se ela fica exposta sofrendo inflamação crônica, o tecido glandular começa a ser substituído por fibrose, ela para de funcionar, resultando em olho seco (ceratoconjuntivite seca), se ela for retirada, também resultará em olho seco. Em animais predispostos, que já nascem com o prolapso, se é retirada essa glândula facilmente gera úlceras de córnea.
Não recomendar a retirada da terceira pálpebra, sempre realizar o reposicionamento cirúrgico. Há diversas técnicas para reposicionamento (técnica de ancoramento, técnica de bolso). Irá expor a face interna da terceira pálpebra para achar a glândula, quando encontrar, realizar uma excisão de cada lado, paralelas, na conjuntiva, utilizando elas para cobrir a glândula, realizar uma sutura invaginante contínua passando por cima da glândula.
		 
Pode ser utilizado o fio de nylon que não é absorvível, mas não causa reação, não absorve, mas não causa reação inflamatória. É mais fácil de fazer a cirurgia e tem menor inflamação. Tem também a opção de realizar a sutura com fio absorvível sintético, vicryl, não tem nenhum perigo de migrar e ser necessário anestesiar para retirar o fio como ocorre raramente com o nylon, porém causa uma reação inflamatória maior, é um fio mais áspero, difícil de transpassar. A sutura realizada é a de Cushing.
Pós-operatório, necessário o uso de colar, prescrição de colírio antibiótico e colírio antinflamatório.
Neoplasias das pálpebras:
São frequentes, principalmente em animais idosos, várias neoplasias podem acometer as pálpebras, a princípio qualquer neoplasia cutânea pode acomete-las, o mais comum de origem de glândulas sebáceas, glândulas de meibomio ou glândulas tarsais. Tem aspecto verrucoso, normalmente adenomas de glândulas tarsais, comum em idosos, normalmente assintomática, crescem progressivamente, podem encostar na córnea e causar ulcerações. Comumente o animal coça bastante e acaba arrancando, causando sangramento, começa a incomodar. Sempre melhor retirar precocemente, pois quanto menor a incisão cirúrgica melhor e mais rápida a recuperação da pálpebra.
Se são pequenos e acometem até 1/3 da pálpebra, faz-se a retirada em incisão em V incluindo o tumor, retira a espessura toda da pálpebra e por fim se faz a sutura. Pode ser feito a sutura da conjuntiva e depois da pele. Realizar com ponto simples separado, melhor suturar somente a pele e a conjuntiva se fechar por 2ª intenção para que fique menos fio em contato com o olho
Pele
Conjuntiva
Podem ser malignos (adenocarcinomas, mastocitomas, melanomas), por isso sempre deve ser feita biópsia do material retirado. No pós-operatório necessário o uso do colar, colírio antibiótico e colírio antinflamatório.
Ceratoconjuntivite seca:
Fisiologia da lágrima:
A lagrima é composta por 3 componentes lacrimais. A fase aquosa produzida pela glândula lacrimal orbitária e pela glândula da 3ª pálpebra, a fase lipídica que é produzida pelas glândulas tarsais e o rubio, produzido pelas células globosas da conjuntiva. Quando há desequilibro entre eles, normalmente a redução da produção de líquido, ocorre o acúmulo de muco, que leva o acúmulo de secreções mucosas e com proliferação bacteriana secundária se transforma em mucopurulento. 
O sistema de drenagem ocorre pelas púpitas, a lagrima escorre para o ducto vasolacrimal, quando há a obstrução desse sistema (muito fino), a lagrima começaa escorrer para fora e marca o pelo do animal.
A ceratoconjuntivite seca é a inflamação da córnea e da conjuntiva em função da redução da quantidade de lagrima. Elas compõem a superfície ocular e estas estruturas são totalmente dependentes fisiologicamente de uma lubrificação adequada, uma vez que haja deficiência na lubrificação, ocorrerá inflamação da córnea e conjuntiva, que é muito comum e frequente. Se o animal tem olhos vermelho e secreção ocular, a menor probabilidade é que tenha conjuntivite.
Todos os cães braquicefálicos tem predisposição a esta afecção, tanto na quantidade de lagrima diminuída, quanto pela conformação facial (olhos grandes, muito abertos, muito exposto), a lagrima evapora mais do que deveria, o movimento de piscar é insuficiente, então geram ceratoconjuntivite seca. Isto pode gerar úlceras de córnea. Essas raças possuem deformidades palpebrais, deformidades de cílios, pálpebras abertas demais e olhos secos.
As causas podem ser primárias, a principal é imunomediada, pode ser infecciosa, normalmente cinomose (o vírus lesa o epitélio celular), pode ser congênita (aplasia acinar), iatrogênica (uso de sulfas, atropina, remoção da 3ª pálpebra), manutenção da glândula prolapsada, lesão da inervação das glândulas lacrimais/superfície ocular ou endocrinopatias (diabetes, hiperadrenocorticismo, hipotireoidismo).
Inicialmente apresentam a perda de brilho, acúmulo de muco, olhos vermelhos (quadros inicias), depois pode ocorrer úlceras de córnea ou a doença pode cronificar e o epitélio pode se espessar (metaplasia) e leva a perda de transparência, ocorrer opacidade de superfície, vascularização pela vascularização e pigmentação, secreção fica mucopurulenta, conjuntiva espessa e avermelhada. Pode ocorrer a perda de visão pela pigmentação total da córnea.
Raças predispostas: todos os cães braquicefálicos (Pug, Bulldogs, Shih-tzu, Lhasa-apso), Yorkshire, Beagle, Cocker.
Tratamento:
Substitutos das lágrimas, são paliativos do tratamento, ajudando a controlar os sintomas, podem ser aquosos ou viscoelasticos.
Imunomediadores são os principais agentes de tratamento do olho seco são ciclosporinas a 0,2%/Tacrolimus a 0,03%, ajudam a controlar a doença autoimune, aumentam a produção de lágrima e tem efeito antinflamatório.
Antibióticos podem ser associados no inicio para controlar a secreção mucopurulenta, 15 dias de pois mantem com imunomediador.
A doença não tem cura, o animal irá usar até o final da vida.
Úlceras de córnea:
A córnea é composta por 4 camadas teciduais e o filme pré-corneano (FPC), a camada mais interna é o endotélio da córnea, uma camada única de células cuboides, fina e a membrana basal é chamada de membrana de Dessemet (grande importância clínica), depois há o estroma que é uma camada espessa, importante e por fim o epitélio estratificado não queratinizado. A córnea é uma estrutura transparente, não vascularizada, depende completamente da lagrima e do humor aquoso para sua nutrição e metabolismo. A principal alteração são as ceratites ulcerativas.
A córnea é um tecido rico em terminações nervosas sensitivas, ou seja, há presença de dor. Na lesão de córnea apresentam desconforto manifestado por blefaroespamo, dor, apatia, anorexia e secreção de epífora a secreção purulenta, dependendo de infecção. O diagnóstico é feito pele teste de fluoresceína (adere ao estroma exposto), se a úlcera chega até membrana de Dessemet ela não cora pela fluoresceína. 
O tratamento varia conforme a gravidade da ulceração, há úlceras superficiais não contaminadas que tendem a cicatrizar entre 24 a 48 horas até úlceras profundas, graves, com risco de ruptura, infeccionadas, com risco de endolfitalmite.
O tratamento clínico é essencial, composto por antibiótico tópico, colírio de antibiótico, o sistêmico será necessário nas lesões profundas e contaminadas; acetilcisteína a 10%, EDTA a 0,35% ou soro autólogo são colírios utilizados com a função anticolagenase, a colagenase destrói colágeno, o estroma da córnea é formado de colágeno e algumas bactérias são produtoras de colagenase, a córnea começa a ficar gelatinosa, se dissolve e rompe a córnea. Necessário o uso do colar protetor. Nas úlceras profundas é preciso recobrir para dar sustentação mecânica. Não deve ser usado corticoides e antinflamatórios tópicos, pois prejudicam e retardam a cicatrização e favorecem a colagenase. Em caso de dor pode ser dado analgésico (dipirona).
As úlceras superficiais se coram pela fluoresceína, pois há somente a desepitelização, ocorre edema de córnea e vascularização (resposta importante que é prejudicado com os antinflamatórios).
Úlcera indolente:
Úlcera indolente é um tipo superficial que é causada por um defeito no epitélio onde ele se solta sozinho, comum em Boxer, ocorre em cães idosos, ceratoconjuntivite seca. Onde há epitélio solto, esse defeito não cicatriza, necessário debridar para retirar esse epitélio solto. 
Há vários métodos, inicialmente pode ser feito com um colírio anestésico o debridamento com um cotonete, mas pode não cicatrizar, caso aconteça pode ser realizado a ceratotomia em grade ou pontilhada múltipla (ponta da agulha), tem o objetivo de estimular a fibrose e deve ser feito com anestesia, pois há o risco do animal se mexer utilizando somente o colírio anestésico.
Um terceiro debridamento seria o Diamond burr, que é uma ponteira redonda áspera que vibra, realiza um melhor debridamento, um pouco mais profundo e é possível realizar na maioria dos casos somente com o colírio anestésico. O tratamento clínico deve ser realizado assim como nas demais úlceras. O tempo de cicatrização varia entorno de 1 mês a 2 meses e pode ser preciso intervir mais de 1 vez.
Úlceras estromais:
São as mais graves, podem ser não progressivas (acidente com caco de vidro arranhado), mas não está infectado, pode já estar infectada que fica gelatinosa, chamada de úlcera em Melting que pode evoluir para uma perfuração rapidamente (em 48 horas) ou pode ser profunda o suficiente para ter exposição da membrana de Dessemet, chamada de Descemetocele. Essas duas últimas são consideradas emergências. 
Nas mais complicadas realizar colírio antibiótico de hora em hora (gatifloxacina, amoxifloxacina) e antibiótico sistêmico de amplo espectro (amoxi + clavulanato, enrofloxacina, moxiciclina). Necessário realizar flap de terceira pálpebra para dar sustentação a córnea.
Recobrimentos corneanos:
Flap de terceira pálpebra:
Prende a terceira pálpebra com a pálpebra superior, para manter a umidade e lubrificação. O animal fica de 15 a 20 dias com o flap e depois é feito a retirada.
		
Flap conjuntival pediculado:
Pegar uma parte da conjuntiva, deslocar parcialmente mantendo a vascularização e suturar sobre a perfuração. Microcirurgia, mais especializado, necessitando de material específico. A conjuntiva se incorpora a córnea após 15 a 20 dias e se cura e cicatriza totalmente após 30 a 40 dias.
 
Catarata:
É a opacidade do cristalino (lente biconvexa, vascular, presa pelas zonolas). O cristalino possui cápsula, córtex e núcleo, contéudo que é formado pelas fibras do cristalino. Essas fibras se formam a partir da cápsula, vem da cápsula para o centro, por esse mecanismo o cristalino vai ficando mais denso, as fibras vão se formando ao longo da vida e vão se compactando, endurecem e perde a capacidade de acomodação. Resulta na esclerose nuclear do cristalino, um processo fisiológico de envelhecimento que não compromete a visão, ocorre em todos os cães a partir dos 7-8 anos de idade. Portanto quanto mais idoso o animal é mais denso estará o cristalino e mais esbranquiçado, mas não é uma opacidade real, é um aumento de densidade, mas é transparente e é possível ver o fundo de olho na fundoscopia.
A catarata leva a opacidade focal ou difusa do cristalino e sua cápsula, tem perda de transparência, não passa luz. Há vários estágios de desenvolvimento, vai do transparente até o completamente branco.
No começo há áreas de opacidade localizada, a catarata é incípiente ainda é mais transparenteque opaco.
A opacidade se torna mais difusa, já acomete todo o cristalino, mas ainda é possível ver a cor do Tapetum, há reflexo de fundo (a luz ainda passa), catarata imatura.
A opacidade é total, muito esbranquiçado e o animal não enxerga mais, a catarata é matura.
A opacificação ocorre pela degeneração das fibras do cristalino, pela progressão desse processo, as fibras se rompem e o conteúdo vai se liquefazendo e a catarata entra na fase hipermatura, fica homogêneo com pontos cintilantes e ela reabsorve. Essa reabsorção estimula a inflamação, pode deixar sequelas (glaucoma, descolamento de retina). O tratamento é muito especializado, necessário um veterinário oftalmologista. 
A catarata pode ser congênita, juvenil ou senil. É mais comum a juvenil, por volta dos 6 anos de idade. A causa pode ser hereditárias, congênita (mal formação do cristalino) e pode ser senil, degenerativa (em idosos), pode ser secundária a diabetes principalmente, choque elétrico, radioterapia. A catarata diabética tem evolução muito rápida, a diabetes deve estar controlada por 3 meses antes de realizar a cirurgia.
A cirurgia é feita a retirada do cristalino, há vários métodos cirúrgicos. A mais antiga a extração extracapsular, onde se faz a retirada da cápsula anterior (parte da frente da cápsula do cristalino), retirar o córtex e o núcleo. A cápsula posterior nunca pode ser retirada pois está aderida ao vítreo. Realizar uma incisão ampla na córnea, suficiente para tirar todo o cristalino (em torno de 1cm) e retirar o cristalino como todo. A técnica caiu em desuso, pois causa muito trauma, inflamação.
Outra técnica é a facoemulsificação, faz a liquefação do cristalino por ultrassom, quebra o cristalino em fragmentos pequenos e os aspira, reestabelencendo a transparência. Pode ser colocado uma lente artificial para recuperar a visão normal, sem cristalino o animal fica hipermétrico, volta a enxergar, mas a qualidade da visão é muito pior.

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