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CENTRO PRESBITERIANO DE PÓS-GRADUAÇÃO "ANDREW JUMPER" ANABATISMO VS. CALVINISMO Oslei Nascimento Monografia da disciplina Reformas do Século XVI (Rev. Dr. Alderi Souza de Matos) Londrina 2000 2 INTRODUÇÃO Nesta monografia sobre as reformas do século XVI tentaremos, ainda que de forma muito breve, comparar dois movimentos importantes desse período: o anabatismo e o calvinismo. O desenvolvimento deste trabalho será bastante metódico; seguiremos a ordem dos sete artigos da Confissão de Fé de Schleitheim, escrita por Miguel Sattler em 1527, que representa a perspectiva anabatista e, em contraponto, apresentaremos as correspondentes refutações calvinistas para cada artigo - o batismo, a excomunhão, o partir do pão, a separação das abominações, pastores na igreja, a espada e os juramentos. As refutações ao anabatismo serão extraídas da maior fonte de princípios calvinistas, a obra Instituição da Religião Cristã do próprio João Calvino, acompanhadas, oportunamente, por comentários de outros autores modernos. Por fim, na conclusão, buscaremos refletir como as questões debatidas pelos reformadores do século XVI continuam relevantes para a igreja contemporânea. 3 ANABATISMO VS. CALVINISMO Conforme Tony Lane (1996, 151), o magistério da Reforma renovou a doutrina da igreja, mas a maior parte dela ainda permaneceu intocada: Em particular, eles compartilhavam com o Catolicismo medieval o ideal de um Estado cristão no qual todos os cidadãos são membros batizados de um única igreja com um credo uniforme - o qual inevitavelmente implica na coerção dos dissidentes1. Este ideal citado acima foi desafiado por um grupo para o qual os reformadores protestantes não foram radicais o bastante. Estes eram os anabatistas. Entretanto, enquanto os anabatistas consideravam os reformadores complacentes, João Calvino, considerava seus críticos rigorosos, mas hipócritas (e, nas suas Institutas escreve contra eles, comparando-os aos donatistas, que, com o tempo, chegaram a considerar-se os únicos verdadeiros crentes): Assim também hoje o fazem os anabatistas, que não reconhecendo como Igreja de Cristo a que resplandece com uma perfeição evangélica, sob o pretexto de zelo destroem o que está edificado2. Podemos perceber notáveis diferenças entre os princípios anabatistas e calvinistas. O que faremos a seguir é um exercício, no qual compararemos os artigos da Confissão de Fé de Schleitheim com a posição calvinista, pois este documento, mesmo não sendo um exposição compreensiva de fé (Cf. Tony Lane, 1996, 151), abrange os principais pontos de diferença entre os anabatistas e os reformadores - neste caso, os calvinistas. 1 Tony Lane, Exploring Christian Thougth. 1996, p . 151 2 João Calvino, Institucion de la Religion Cristiana. 1967, p . 977 4 Primeiro, o batismo não é para crianças, mas para aqueles que têm conscientemente decidido serem cristãos. Como está escrito na Confissão: O batismo deve ser ministrado àqueles que aprenderam o arrependimento e a correção da vida, e àqueles que acreditam verdadeiramente que seus pecados foram levados por Cristo, e a todos aqueles que caminham na ressurreição de Jesus Cristo, e desejam ser sepultados com ele na morte, assim aqueles que podem ser ressuscitados com Ele (...) Isto exclui todo batismo infantil, a maior e principal abominação do Papa3. No capítulo XVI das Institutas Calvino dedica muitas páginas à defesa do batismo infantil e apresenta mais de dez refutações aos argumentos anabatistas. O historiador Justo Gonzales explica que, para os radicais... A igreja é uma comunidade voluntária e não uma sociedade dentro da qual nascemos (...) Esse batismo dá a entender que uma pessoa é cristã simplesmente por ter nascido numa sociedade cristã. Porém, tal entendimento oculta a verdadeira natureza da fé cristã, que requer decisão própria4. Os anabatistas viam no batismo infantil uma ameaça de contaminação, pois, como vimos, não podiam aceitar que uma criança fizesse parte da igreja apenas por ter nascido nela. Na verdade, essa posição foi tomada por não aceitarem, em nenhuma hipótese, a união entre Igreja e Estado. Calvino, por outro lado, interpretava o batismo infantil como um sinal para a fé. Para ele, todos os que, com plena confiança, descansam na promessa da misericórdia de Deus para sua descendência, devem apresentar suas crianças para receber este sinal, para consolo e fortalecimento de sua fé, vendo a aliança do Senhor selada no corpo de seus filhos. E mais... O proveito que as crianças recebem é que a Igreja, reconhecendo-os como membros seus, os têm em maior estima; e elas, ao tornarem-se maiores, têm a oportunidade 3 John H. Leith, Creeds of the churches, 1982, p. 284 4 Justo Gonzales, A Era dos Reformadores, vol. 6, 1989, p. 98 5 de inclinar-se mais ao serviço de Deus, que se manifestou a elas como Pai antes que tivessem entendimento para compreende-lo, recebendo-as no rol dos seus desde os seios de suas mães5. O segundo artigo da confissão dos anabatistas é sobre a excomunhão. Para eles, os batizados que caíam em pecado e recusaram a correção deviam ser banidos (excomungados) da comunidade. Muito próximo de seu separatismo e sectarismo estava sua aplicação estrita da excomunhão, usualmente administrada por uns poucos indivíduos. Conforme a confissão, seria aplicada a todos os que caíram em pecado e persistiram nele. Tais pessoas deveriam ser admoestadas duas vezes secretamente, mas na terceira vez seriam disciplinadas ou banidas abertamente, de acordo com Mateus 18:15-17. Todo esse processo deveria acontecer antes da celebração da Ceia. Em suas Institutas, Calvino apresenta uma posição muito parecida, concordando com as admoestações particulares, depois as públicas e, por fim, no caso de incontinência, a excomunhão. E ele aponta três razões para a disciplina na Igreja: 1ª. Para não profanar a própria Igreja e a Ceia; 2ª. Para evitar a corrupção dos bons e 3ª. Para suscitar o arrependimento dos pecadores. Mas, enquanto a disciplina dos anabatistas era aplicada por um grupo seleto, da perspectiva calvinista deveria ser exercida pelo "clero" - assistido pela igreja: Somente digo que a maneira legítima de proceder a excomunhão é que os presbíteros não a façam por si sós, mas com o conhecimento da igreja e sua aprovação (...) a fim de evitar que os presbíteros não façam nada por capricho6. 5 João Calvino, Institucion de la Religion Cristiana. 1967, p. 1049 6 João Calvino, Institucion de la Religion Cristiana. 1967, p. 974 6 Nas Institutas encontramos palavras de moderação na disciplina e aplicação das penas: Porque o que se pretende com a excomunhão é que o pecador se arrependa, se suprimam os maus exemplos, para que o nome de Cristo não seja blasfemado, e Que outros não se sintam incitados a fazer outro tanto7. O terceiro ponto reza sobre a Ceia do Senhor. O partir do pão é uma refeição comunitária em memória de Jesus Cristo e apenas os batizados podem participar (nos termos da Confissão, podemos perceber o quanto estão ligados estes aspectos da sua espiritualidade: batismo e comunhão). Todos aqueles que desejam compartilhar o pão em memória de Cristo, e todos aquelesque desejam beber em memória do sangue vertido de Cristo, devem estar unidos de antemão pelo batismo no corpo de Cristo, o qual é a igreja de Deus e cujo Cabeça é Cristo8. Rigorosos, os anabatistas não permitiam a participação de pessoas por eles consideradas indignas. Mas, ao tratar "dos meios externos ou auxílios de que Deus se serve para nos chamar à companhia de seu Filho, Jesus Cristo, e para nos manter nela" - Institutas, livro IV, capítulo I - Calvino critica esta atitude soberba, contando-os junto aos cátaros e donatistas, dizendo que pretendiam mostrar-se mais hábeis que os outros. Ainda que insistisse que, para que a vida religiosa se conformasse verdadeiramente aos princípios reformadores, os pecadores impenitentes devessem ser excomungados, Calvino revelou-se muito mais tolerante do que os anabatistas. 7 Idem. 8 John H. Leith, Creeds of the churches, 1982, p. 285 7 Se eles tem por sacrilégio o participar na Ceia do Senhor com os maus, são nisto mais severos do que São Paulo. Porque ele exorta a que pura e santamente recebamos a Ceia do Senhor; não nos manda examinar nosso vizinho, ou toda a congregação; o que nos manda é que cada um se examine e prove a si mesmo9. Em quarto lugar na Confissão de Schleitheim vem o que era chamada de Separação da Abominação, isto é, em que os crentes devem separar-se deste mundo pecaminoso, o qual inclui as igrejas e os Estados romanos e protestantes, bem como o serviço militar. São realmente radicais as palavras: Pois verdadeiramente, todas as criaturas existem em apenas duas classes, boas e más, crentes e incrédulas, trevas e luz, o mundo e aquelas que vivem fora do mundo, templo de Deus e ídolos, Cristo e Belial; e um não pode ter parte com o outro10. Outra vez Calvino revela surpreendente longanimidade não apenas para com os fracos, mas também para com os incrédulos. Não é minha intenção sustentar aqui alguns erros, por menores que sejam, nem quero mante-los dissimulando-os e fazendo como se não os víssemos. O que defendo é que não devemos abandonar por qualquer dissensão uma igreja que guarda em sua pureza e perfeição a doutrina principal de nossa salvação e administra os sacramentos como o Senhor os instituiu. Muito mais, se procuramos corrigir o que ali nos desagrada, cumprimos com nosso dever11. Como já observamos anteriormente quanto ao batismo, também neste aspecto os radicais acreditavam que o cristianismo foi estabelecido por uma igreja estatal, geralmente produtora de cristãos apenas nominais. Esta realidade levou-os a oporem-se à este Estado cristão. Na verdade, a maioria dos reformadores discordava desta posição radical: 9 João Calvino, Institucion de la Religion Cristiana. 1967, p. 817 10 John H. Leith, Creeds of the churches, 1982, p. 286 11 João Calvino, Institucion de la Religion Cristiana. 1967, p. 814 8 Apesar de todas as reformas, Lutero e Zwínglio continuaram aceitando os termos fundamentais da relação entre o cristianismo e a sociedade que se havia desenvolvido a partir de Constantino12. Calvino, por sua vez, acreditava que uma igreja bem ordenada deveria ter membros que demonstrassem sua fé através de suas vidas e que o conceito Igreja- Estado não deveria necessariamente ser rejeitado mas, ao contrário, isto levaria a igreja a ser mais diligente em seu chamado à disciplina, mantendo o mal do mundo fora da comunidade. O Rev. Dr. Alderi Souza de Matos explica: Calvino rejeitou o conceito anabatista de que a igreja devia isolar-se da sociedade e cultura circundantes. A relação entre a igreja e o mundo inclui tanto tensão quanto interação. O seu entendimento do governo de Deus e da soberania de Cristo sobre toda a criação, e não somente sobre a igreja, levou-o a defender a participação na sociedade13. Em seu quinto ponto a Confissão de Schleitheim aborda o ministério pastoral, alistando todas as funções concernentes a este ofício. O pastor deveria ser apoiado pela igreja que o escolheu, principalmente nos momentos de maior necessidade... mas, se porventura se tornasse passível de reprovação, também seria rigorosamente disciplinado: Mas se acontecer de passar dos limites, este pastor deverá ser banido ou encaminhado ao Senhor (através do martírio) e outro deverá ser ordenado em seu lugar imediatamente, para que o pequeno rebanho e povo do Senhor não seja destruído14. Calvino também afirma que os pastores deviam ensinar com fidelidade a Palavra, sem adulterar ou corromper a doutrina da vida com o exemplo de suas vidas. Também sobre o apoio aos pastores por parte do rebanho, ele escreve que 12 Justo Gonzales, A Era dos Reformadores, vol. 6, 1989, p. 99 13 Alderi Souza de Matos, Calvino: o exegeta da Reforma (apostila), 1999 14 John H. Leith, Creeds of the churches, 1982, p. 287 9 deviam ser recebidos como embaixadores e apóstolos de Deus, com a honra devida e tendo provido o necessário para a sua subsistência. Quanto à disciplina sobre os pastores, sua posição era ligeiramente diferente: E de fato, convém que o povo seja regido com uma disciplina mais suave e, por assim dizer, mais livre; e que os eclesiásticos apliquem a si mesmos com maior rigor as censuras15. O sexto ponto da confissão reza que a espada é ordenada por Deus para ser usada pelas autoridades e magistrados seculares para punir os maus. Já na Igreja, a única arma a ser utilizada é a excomunhão. É possível identificar dois motivos pelos quais, segundo os radicais, um cristão jamais poderia aceitar o ofício da magistratura: primeiro, porque Jesus Cristo proibiu o uso da violência - assim, um cristão não poderia ordenar as punições da época aos criminosos; segundo, porque para assumir o cargo seria necessário fazer um juramento, o que lhes era proibido. Podemos perceber então que esta questão está muito ligada à Separação da Abominação, que já vimos: Finalmente, observa-se que não é apropriado a um cristão servir como magistrado devido a estes pontos: o governo da magistratura está de acordo com a carne, mas o dos cristãos está de acordo com o Espírito; suas casas e residências permanecem neste mundo, mas as dos cristãos estão no céu; sua cidadania é neste mundo, mas a cidadania dos cristãos é no céu; as armas de seu conflito e guerra são carnais e contra a carne apenas, mas as armas dos cristãos são espirituais, contra as fortificações do diabo16. Os anabatistas se recusavam a aceitar as obrigações normais da cidadania, como pagamento de impostos e serviço militar - atitudes que incomodavam toda a sociedade da época: 15 João Calvino, Institucion de la Religion Cristiana. 1967, p. 984 16 John H. Leith, Creeds of the churches, 1982, p. 289 10 Na Suíça do século XVI não havia exército pago. Cada homem era responsável pela defesa e esperava-se que aparecesse armado e pronto quando o governo o chamasse (...) Para um homem a recusa ao serviço militar era, de fato, renunciar à cidadania (...) A recusa Anabatista em pagar impostos e juros também foi vista como uma rejeição da responsabilidade civil17. Esta recusa não era propriamente porque as taxas eram uma imposição econômica, mas porque era entendida como um instrumento de controle do governo de Zurique sobre as paróquias dentro de sua jurisdição. Por outro lado, Calvino defendia a associação entre a igreja e o Estado,tão detestada pelos radicais. Como outros reformadores, cria que o Estado deveria defender a Igreja das heresias. Ele comentou o anabatismo na primeira edição das Institutas, a qual surgiu no mesmo ano em que a revolta em Münster fracassou: A edição de 1536 explicitamente referiu-se ao governo civil como "o dever da corretamente estabelecida religião" (IV, xx, 3). Nas seções subsequentes, a maioria datada de 1536, apresentou a justificativa de Calvino para o direito do governo deflagrar a guerra (IV, xx, 11, 12), seu direito de coletar impostos (IV, xx, 13), e a defesa do direito do cristão de ir a tribunal (IV, xx, 17-21), todos como antíteses anabatistas18. Por fim, em sétimo lugar, intrinsecamente ligada ao artigo anterior, baseado no texto bíblico de Mateus 5:33-37, vem o ponto sobre os juramentos: os anabatistas consideravam errado qualquer cristão jurar ou proferir algum tipo de voto. Até mesmo a confederação Suíça foi tradicionalmente reconhecida desde um juramento pronunciado em 1921 que era renovado anualmente por sua repetição. Esta atitude trouxe transtornos para a época... Sua recusa em jurar era um elemento sério nesta percepção porque para a sociedade medieval o juramento era a maior parte da cola que mantinha unida a sociedade (...) 17 Howard Clark Lee, Christianity - a social and cultural history. 1991, p. 364 18 Karl H. Wyneken, Calvin and the anabaptism. 1965, p. 23 11 Sem o juramento público, indispensável em qualquer tribunal de justiça, a administração ordinária da vida pública corria o risco de falir19. Calvino, que atuou em Genebra como um jurisconsulto20, e talvez também por isso, possuía opinião diferente, mais moderada, aceitando juramentos e votos em algumas circunstâncias. Mas ele considerou equivocada a interpretação anabatista de Mateus 5:33-37. Os anabatistas (...) condenam, sem exceção alguma, toda classe de juramentos (...) Porque o Deus eterno não somente permite em sua Lei o juramento como coisa lícita - o qual seria suficiente -, mas que inclusive manda, que quando for necessário, juremos (Ex 22:11)21. Na verdade, no livro II, capítulo VIII, artigos 22-27 e também no livro IV, capítulo XIII, artigos 1-21 das Institutas, Calvino, como sempre fez, apresenta uma série de argumentos muito mais profundos e bem construídos do que os dos anabatistas, refutando todos os seus erros. 19 Howard Clark Lee, Christianity - a social and cultural history. 1991, p. 364 20 Manoel B. de Souza, Porque somos presbiterianos. 1963, p. 50 12 CONCLUSÃO Além dos comentários contidos nas Institutas, João Calvino escreveu três grandes tratados contra os anabatistas após sua reinstalação em Genebra, em Setembro de 1541. O primeiro foi escrito em 1542, o terceiro em 1545, mas o segundo - mais interessante - foi em 1544 e era um apresentação sistemática e crítica dos principais pontos do Anabatismo, organizada sobre os sete artigos da Confissão de Shleitheim22... uma pena não termos conseguido encontrar esse material! Na verdade, todas estas questões debatidas no século XVI têm profunda importância para a igreja contemporânea. Já se passaram tantos anos, e alguns assuntos ainda continuam muito atuais, continuam sendo debatidos e, em muitos casos, ainda não foi encontrado um ponto comum entre os segmentos religiosos. Após comparar os sete artigos da Confissão de Fé de Schleitheim com a posição calvinista, lembramo-nos da expressão in medio virtus. Ainda que os radicais tenham apresentado uma posição extremamente rigorosa, e ainda que observemos certa tolerância em Calvino - e seus argumentos sejam, de longe, melhores em todos os aspectos, há algo de positivo em ambas as propostas. "Quem não conhece sua história está fadado a repeti-la" - diz o adágio. Portanto, cremos que a conclusão a que chegamos é simples: a igreja evangélica de hoje não pode repetir erros do passado, como a intransigência, a inflexibilidade e a dificuldade em adaptar-se às mudanças de cada época... deve, como Calvino, saber 21 João Calvino, Institucion de la Religion Cristiana. 1967, p. 282 13 posicionar-se diante das circunstâncias e explicar bem a sua posição; por outro lado, a atitude radical dos anabatistas também nos serve como uma alerta! Um alerta como o do apóstolo Paulo, quando escreveu aos romanos e lhes pediu para que não se conformassem com o presente século (Rm 12:1,2). Ao mesmo tempo em que devemos, como cristãos, estarmos relacionados com o mundo, não podemos nos permitir sermos complacentes e deixar-nos influenciar pelos costumes, hábitos e vícios do mundo. Vemos que esta era uma preocupação autêntica por parte dos radicais - que não deixa de ter sua fundamentação na Palavra de Deus. Assim, concluímos que há preciosas lições a serem aprendidas de todos estes fatos. O cristão de hoje deve caminhar ao compasso dos tempos - como João Calvino, um homem que marcou sua época e além; mas esse mesmo cristão deve também permanecer ancorado na Rocha (que é Cristo), como propunham os anabatistas - ainda que nem sempre soubessem expressar esse desejo! Assim, o homem e a mulher de Deus jamais perderão o seu posicionamento como cidadãos do Reino de Deus vivendo nesta terra. 22 Karl H. Wyneken, Calvin and the anabaptism. 1965, p. 28 14 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA Fontes primárias: Calvino, João. Institucion de la Religion Cristiana. Buenos Aires: Nueva Creacion, 1967. Sattler, Miguel. A Confissão de Fé de Schleitheim. Em: Leith, John H; ed. Creeds of the churches: a reader in christian doctrine from the Bible to the present. Lousiville: John Knox Press, 1982, 3 ed. Fontes secundárias: Gamble, Richard C. Calvin and the Sixteenth-Century Spirituality: Comparison with the anabaptists. Em: Calvin Theological Jorunal, 31 vol, nº 02, 335-358. Grand Rapids: Calvin Theological Seminary, 1996. Gonzales, Justo. A Era dos Reformadores. Uma História Ilustrada do Cristianismo, 6 vol. São Paulo: Edições Vida Nova, 1989. Kee, Howard Clark, ed. Chritianity - a social and cultural history. New York: Machillan Publishing Company, 361-371, 1991. Lane, Tony. Exploring Christian Thought. Nashville: Thomas Nelson Publishers, 151-153, 1996. Matos, Alderi Souza de. Calvino, o exegeta da Reforma. São Paulo: Centro Presbiteriano de Pós-Graduação "Andrew Jumper", apostila, 1999. Souza, Manoel B. de. Porque somos presbiterianos. São Paulo: Edições Princeps, 2 ed, 1963. Wyneken, Karl H. Calvin and the Anabaptism. Em: Concordia Theological Monthly, 36 vol, nº 01, 18-29. Saint Louis: Concordia Publishing House, 1965.