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IBET – INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS
Nome: Rafael Tili Ferreira
Módulo: Tributo e Segurança Jurídica
Seminário nº 5 – Segurança Jurídica e processo: recursos, ação rescisória e coisa julgada
Data da Entrega: 10.05.2014
1 – Tomando o conceito fixado por Paulo de Barros Carvalho acerca do princípio da segurança jurídica:
“dirigido à implantação de um valor específico, qual seja o de coordenar o fluxo das interações inter-humanas, no sentido de propagar no seio da comunidade social o sentimento de previsibilidade quanto aos efeitos jurídicos da regulação da conduta.”
Pergunta-se:
a) Qual a relevância do princípio da segurança jurídica?
Concordo com o entendimento de Paulo de Barros Carvalho no sentido de que o princípio da segurança jurídica trata-se, na verdade, de um sobreprincípio, ou seja, um valor que aparece pela conjunção dos demais princípios.
O referido princípio tem papel de suma importância em nosso ordenamento, pois visa nele incrustar a estabilidade, confiabilidade, previsibilidade, dentre outros.
Como princípio-valor, entendo que deverá agir sobre as demais normas (princípios ou regras) de maneira a norteá-las na busca dos ideais acima transcritos.
Uma vez alcançada a segurança jurídica em nosso sistema, poderemos verificar que as benesses não serão apenas para os administrados que poderão planejar suas vidas e negócios com antecipação e sem medo do que o futuro lhes reserva, mas também ao próprio país que quanto mais ativar essa “garantia” mais investimentos atrairá de modo a desenvolver cada vez mais o país.
b) Indicar e transcrever, se houver, os dispositivos da Constituição Federal de 1988 e do Código Tributário Nacional que pretendem resguardar o valor que subjaz no princípio da segurança jurídica.
Conforme visto anteriormente, o princípio da segurança jurídica não se encontra previsto de forma explícita na Constituição Federal e no Código Tributário Nacional, mas depreende-se do conjunto de outros princípios que operam para realizar, além dos respectivos conteúdos axiológicos, princípios de maior hierarquia, como é o sobreprincípio da segurança jurídica.
Nesse contexto, podem ser citados, como dispositivos da Constituição Federal de 1988 e do Código Tributário Nacional que pretendem resguardar o valor que subjaz no princípio da segurança jurídica, dentre outros, os seguintes:
Legalidade:
“Art. 5º. (...)
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. (CF/88)
"Art. 150. (...)
I - Sem prejuízo de ouras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça". (CF/88.)
“Art. 97. Somente a lei poderá estabelecer: (...)”. (CTN)
Igualdade:
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)”. (CF/88)
Irretroatividade:
“Art. 5º. (...)
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;”. (CF/88)
“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver
instituído ou aumentado;”. (CF/88)
“Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:
a) quando deixe de defini-lo como infração;
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática”. (CTN)
Anterioridade e noventena:
“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
(...)
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b;”. (CF/88)
c) A Súmula Vinculante pode ser reputada instrumento hábil para garantia da segurança?
Esse é um dos fundamentos que encontramos na própria Lei 11.417/2006, que trata das súmulas vinculantes e que dispõe em seu parágrafo 1º do artigo 2º que “§ 1º O enunciado da súmula terá por objeto a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja, entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública, controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão”.
Tal dispositivo induz a crer que a súmula vinculante poderia ser reputada instrumento hábil para a garantia da segurança jurídica. Ocorre que, é requisito para a aprovação da súmula vinculante, previsto no art. 103 da Constituição Federal, que ela deve resultar de reiteradas decisões do Supremo Tribunal Federal proferidas no mesmo sentido.
Dessa forma, entendo que a segurança jurídica foi preservada não com a edição da súmula – que apenas reflete um entendimento pretérito já adotado pelo STF – mas com o posicionamento definitivo da Corte Suprema, que foi firmado por meio de reiteradas decisões no mesmo sentido.
Registro, ademais, que, a meu ver, a súmula vinculante vai de encontro a outros princípios constitucionais, porque “...ainda que decorrente de objetivos saudáveis, em nosso sentir a súmula vinculante não guarda coerência com o princípio constitucional que assegura o livre acesso ao Poder Judiciário.
Se, de um lado, consta do art. 103-A da Constituição Federal a possibilidade de revisão ou de cancelamento de súmula vinculante, de outro lado, não deixa de ser considerável o argumento de que, por fundamento em decisão jurisprudencial, cerceia-se o acesso ao Poder Judiciário.
Por certo, mediante a súmula vinculante e também mediante as súmulas simples, se pretende evitar o aumento do número de demandas em juízo, o que, em nosso entendimento, não deveria ser tratado dessa maneira, cabendo ao Estado organizado prover de meios necessários o Poder Judiciário para prestar a jurisdição, direito fundamental de todos”.
Ainda que se admitisse que a súmula vinculante é instrumento que garante a segurança jurídica, entende-se que outros meios encontram-se disponíveis para que seja resguardado este sobreprincípio, sem que haja violação a outros princípios constitucionais.
2 – Como poderia ser resguardada a segurança jurídica prevista no sistema normativo no contexto social com a mudança de orientação do Supremo Tribunal Federal? (Vide RE 161.031/MG e RE 174.478/SP).
Com base no princípio da proteção da confiança e da boa-fé objetiva, defendido pela Prof. Misabel Derzi, segundo ensina: “A confiança na confiança, que é exatamente a confiança reflexiva e percebida contemporaneamente, converte a confiança em valor, como lembra Niklas Luhmann.
Quando deixa a sua latência e se atualiza, a proteção da confiança manifesta-se, como a resultante de uma concatenação de outros princípios (segurança jurídica, Estado de Direito e igualdade), e ainda pode se apresentar como garantia fundamental, acostado a cada um dos direitos fundamentais, consagrados na Constituição. Nos casos concretos, via de regra, casa-se com a boa-fé objetiva
3 – O que são recursos de fundamentação vinculada? E de fundamentação livre? O que é prequestionamento: (i) na visão da doutrina; e (ii) na visão da jurisprudência dos Tribunais Superiores? Cite pelo menos um precedente do STJ e do STFque fixa o conceito de prequestionamento.
Os recursos podem ter fundamentação livre (ilimitada), ou vinculada (limitada), conforme a questão a ser impugnada. Dessa forma, se a lei determina que qualquer questão pode ser alegada, o recurso tem fundamentação livre, como é o caso da apelação, do agravo de instrumento e dos embargos infringentes.
Por outro lado, se a lei vincula o recurso a determinadas questões, a fundamentação é vinculada. Como ocorre com os embargos declaratórios, o recurso especial e o recurso extraordinário.
Ou seja, a apelação é típico recurso de fundamentação livre, pois pressupõe apenas a sucumbência, ao passo que os embargos infringentes (art. 530 do CPC) e o recurso extraordinário (art. 102, III, da Constituição Federal), p.ex., são recursos de fundamentação vinculada, ou especiais, uma vez que, cada um deles, além da sucumbência, pressupõe outros requisitos de admissibilidade.
Com relação ao prequestionamento, Nelson Nery Júnior ensina: “diz-se prequestionada determinada matéria quando o órgão julgador haja adotado entendimento explícito a respeito”. Existem, entretanto, outras duas correntes: uma defendendo que o prequestionamento decorre da parte haver sustentado, previamente, uma questão, ou seja, informando, noticiando, declinando expressamente na inicial, em contestação, ou em grau recursal, o dispositivo legal ou constitucional, que poderá, eventualmente ser violando, na decisão final.
E outra corrente que defende, não só a suscitação da matéria, previamente, como também que ela tenha sido apreciada pelo aresto recorrido.
O entendimento majoritário da doutrina é no sentido de que para que haja prequestionamento basta que exista decisão sobre aquela questão, independentemente da suscitação da matéria.
Tal posição é a defendida pelo Superior Tribunal de Justiça, que considera prequestionada apenas as questões apreciadas pela decisão recorrida, independente da parte tê-las suscitado.
Registre-se, ainda, que o STJ, na maioria dos casos, é extremamente rigoroso e não considera pré-questionada matéria não mencionada no acórdão proferido pelo tribunal a quo, mesmo tendo sido ventilada oportunamente pela parte e também não importando a oposição de embargos declaratórios para sanar a omissão. Dessa forma, a parte vê-se obrigada a interpor dois recursos para ver julgada a suposta violação à lei que trouxe à baila: um deles baseado no artigo 535, II do Código de Processo Civil com o intuito de sanar a omissão na decisão e, posteriormente, outro relativo à matéria violada.
Nesta esteira, ATHOS GUSMAO CARNEIRO, define: “não é suficiente para que a questão federal tenha sido prequestionada, que tenha sido ela suscitada pela parte, no curso do contraditório, mas é essencial que a matéria tenha sido explicitamente decidida no aresto recorrido, embora não se faça necessária a expressa menção a texto de lei”.
Sobre o tema, transcrevem-se alguns julgados:
AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. ACIDENTE DE TRÂNSITO. CONTRATO DE SEGURO. DANOS MORAIS. COBERTURA. SÚMULAS STJ/5 e 7. PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA STJ/211, DECISÃO AGRAVADA. MANUTENÇÃO. I. A convicção a que chegou o Tribunal a quo quanto à cobertura dos danos morais pela apólice do seguro decorreu da análise do conjunto probatório. O acolhimento da pretensão recursal demandaria o reexame do mencionado suporte. Incide nesse ponto as Súmulas STJ/5 e 7. II. Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo (Súmula STJ/211). III.- Agravo Regimento improvido. (STJ - AGA 201000964060 – D.J. 22.02.2011)
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS. COMPRA E VENDA DE MATÉRIA PRIMA. FORNECIMENTO DE PRODUTO DE MÁ QUALIDADE. NÃO COMPROVAÇÃO. DANO MORAL. INEXISTÊNCIA. RECURSO ESPECIAL. REEXAME DE PROVA. DESCABIMENTO. SÚMULA STJ/7. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA STJ/211. CONTRATAÇÃO EM MOEDA ESTRANGEIRA. POSSIBILIDADE. CONVERSÃO EM MOEDA NACIONAL PELA DATA DO EFETIVO PAGAMENTO. JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA A PARTIR DO VENCIMENTO DE CADA FATURA. I - Interpretando as provas carreadas ao processo, inclusive laudos elaborados pelo assistente técnico da autora, ora recorrente, e pelos peritos do Juízo, concluiu o Colegiado estadual que a matéria prima fornecida pela ré atendia a todas as especificações técnicas, afastando a alegação de que o produto importado teria sido o causador da queda de qualidade de seus produtos finais, bem como de danificar seus equipamentos. II - Em consequência, entendeu o Tribunal de origem que a conduta da recorrida não acarretou o dano moral alegado, tampouco que a formulação do pedido de falência da autora por parte da ré foi abusiva. III - A pretensão de rever essas premissas demanda reexame do acervo fático-probatório da causa, o que é vedado nesta sede excepcional, a teor da Súmula 7 desta Corte. IV - "Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo." (Súmula STJ/211) V - Em se tratando de obrigação constituída em moeda estrangeira, a sua conversão em moeda nacional deve ocorrer na data do efetivo pagamento, incidindo os juros de mora e a atualização monetária a partir do vencimento de dada fatura. Precedentes. VI - Recurso Especial improvido. (STJ - RESP 200700014397 – D.J. de 21.02.2011)
O entendimento do Supremo Tribunal Federal é diverso, nesta Corte a matéria é tida, pela quase totalidade dos julgadores, por pré-questionada apenas pela oposição de embargos declaratórios visando sanar a omissão do julgador de 2ª instância, sendo, portanto, este Tribunal – considerando-se o entendimento de sua jurisprudência preponderante – bem menos burocrático que o Superior Tribunal de Justiça. Confira-se:
EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONVERSÃO EM AGRAVO REGIMENTAL. PROCESSUAL CIVIL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA CONSTITUCIONAL. INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS 282 E 356 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. A matéria constitucional contida no recurso extraordinário não foi objeto de debate e exame prévios no Tribunal a quo. Tampouco foi objeto dos embargos de declaração opostos, o que não viabiliza o extraordinário, por ausência do necessário prequestionamento. (STF - AI-ED 595297 - D.J. de 06.07.2009)
EMENTA Agravo regimental em agravo de instrumento. COFINS. Isenção concedida pela Lei Complementar nº 70/91. Possibilidade de revogação pela Lei Ordinária nº 9.430/96. Matéria constitucional. Reexame em recurso especial. Impossibilidade. Precedentes. 1. Surgindo a questão constitucional na ocasião em que proferido o acórdão recorrido, a interposição pertinente de embargos declaratórios satisfaz a exigência do prequestionamento, ainda que não seja devidamente suprida pelo Tribunal de origem a omissão apontada. 2. O tema referente à possibilidade de revogação, pelo artigo 56 da Lei nº 9.430/96, da isenção para o recolhimento da COFINS, concedida, na forma do artigo 6º, inciso II, da Lei Complementar nº 70/91, às sociedades civis de prestação de serviços de profissão legalmente regulamentada, deve ser dirimido à luz de preceitos constitucionais e, por conseguinte, é insuscetível de apreciação pelo Superior Tribunal de Justiça. 3. Agravo regimental desprovido. (STF - AI-AgR 591818 – D.J. de 28/04/2009)
4 – A empresa Xpto propôs ação de repetição de indébito tributário contra a União, obtendo decisão, transitada em julgado junto ao TRF, reconhecendo a inconstitucionalidade do tributo pago. Mas, proposta execução contra a Fazenda Pública, sobreveio decisão de mérito do STF, em Ação Declaratória de Constitucionalidade, julgando o tributo constitucional. Pergunta-se:
a) É necessário o ajuizamento de ação rescisória pela União visando à cobrança da exação afastada pelo TRF? Se afirmativa sua resposta, sob qual fundamento jurídico do art. 485, V do Código de Processo Civil? Justifique (vide anexoI).
Entendo que a referida hipótese não se abarca naqueles previstas no artigo 485 do CPC, o qual é taxativo.
Como não podemos falar em relativização da coisa julgada nem abrir o leque de hipóteses que permitam o ajuizamento da ação rescisória, na minha opinião não poderá a União negar-se a realizar a restituição do tributo em tela tendo em vista a ocorrência da coisa julgada.
Tal afirmativa se baseia principalmente na efetivação do princípio da segurança jurídica.
Ademais, tendo em vista a declaração de constitucionalidade do referido tributo, tenho que desse momento em diante poderá a União passar a exigí-lo.
b) Ainda se afirmativa sua resposta, depois de transcorrido o prazo de 2 anos para propositura da Ação Rescisória, a decisão pode ser rescindida, nos termos do art. 741, VII do Código de Processo Civil? Justifique.
A resposta acima foi negativa.
5 – Sentença que julga procedente ação anulatória de débito fiscal é levada à publicação no Diário Oficial em 2001, sendo a União (ré) dela intimada pessoalmente no mesmo ano. Não havendo recurso da parte sucumbente (a própria União), os autos são arquivados, certificando-se o trânsito em julgado da sentença em questão. O Contribuinte considera-se, desde então, livre de qualquer ação fiscal decorrente do lançamento tributário que foi objeto da referida ação anulatória. Em 2012, a União, com base no artigo 475, inciso I, do Código de Processo Civil, pede o desarquivamento do processo e a sua remessa ao Tribunal, uma vez que a sentença não teria sido acobertada pela coisa julgada. Pergunta-se:
a) Está correto o entendimento da União?
O entendimento adotado pela União está correto, pois não tendo sido acatada a determinação legal do artigo 475, inciso I do CPC a referida sentença não produziu seus efeitos e também não se pode verificar no caso a ocorrência consequentemente o trânsito em julgado da sentença favorável ao contribuinte.
Importante frisar que a lei nº 10.352/2001 foi publicada no dia 26 de dezembro de 2001 e seu vacatio legis, nos termos do seu artigo 2º, foi de três meses a partir da sua publicação. Assim, a legislação a ser invocada no caso dos autos deveria ser o inciso II do mesmo artigo que dispunha de redação semelhante a do inciso descrito na questão e atualmente vigente.
Vide acórdão do STJ nesse sentido:
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL - RECURSO ESPECIAL - REMESSA NECESSÁRIA - AÇÃO ORDINÁRIA COM PEDIDO DE REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS - SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA DE TRANSAÇÃO - OMISSÃO QUANTO AO REEXAME NECESSÁRIO - ART. 475, CPC, REDAÇÃO ORIGINAL - NULIDADE - ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO - LITISCONSÓRCIO PASSIVO - INADEQUAÇÃO.
1. Transação judicial celebrada perante município e particular, em ação de danos morais, com obrigação de pagar quantia certa. Ato sem participação do Ministério Público e sentença sem remessa necessária. Nulidade detectada pelo Tribunal de Apelação.
2. Considerando que o caso é anterior à Lei n. 10.352, de 26.12.2001, a interpretação do art.475, CPC, deve ser feita à luz de sua redação primitiva. A necessidade de reexame obrigatório, o antigo recurso ex officio, nessas condições, abrange as sentenças que resolvam o mérito da causa, o que incluiria homologação de transação. Precedentes do STJ.
3. A remessa necessária não se submete ao regime comum dos prazos processuais, pois sem ela não poderá ocorrer o trânsito em julgado.
4. O vereador atuou na qualidade de agente político. Sua responsabilidade há de ser apurada, e não há obrigatoriedade de formação de litisconsórcio passivo.
Recurso especial parcialmente provido, tão-somente, para afastar o litisconsórcio necessário; mantido o acórdão quanto aos demais capítulos.
(REsp 714.665/CE, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 28/04/2009, DJe 11/05/2009)
b) O duplo grau de jurisdição é condição para a formação da coisa julgada?
O duplo grau de jurisdição somente é condição para efetivação da coisa julgada nos casos em que especificado em lei, como no acima referido.
Para todos os demais casos, entendo que a decisão do juiz singular, desde que tenha analisado o mérito da questão, tem o condão de fazer coisa julgada.
6 – Um contribuinte recolheu determinado tributo a partir de uma base de cálculo prevista em lei. A instrução normativa regulamentadora (IN n. 01/02) esclareceu que, na base de cálculo, não deveria ser considerado o valor do transporte pago a terceiro (frete). Um ano depois, a IN n. 03/03 esclareceu que o frete pago a terceiro integraria a base de cálculo do tributo em questão. Nesse contexto, o contribuinte consultou você questionando a necessidade de complementação do recolhimento do durante a vigência da IN n. 01/02. O que você responderia? Analise os arts. 100, 103, 146 do CTN na sua resposta.
Exatamente com base no conteúdo exprimido nos referidos artigos eu responderia para meu cliente que ele não necessitaria realizar a complementação do recolhimento do tributo no período de vigência da IN nº 01/02, pois a IN nº 03/03 que passou a incluir na base de cálculo o preço do frete somente terá eficácia a partir do momento de sua publicação; fosse o contrário, estaríamos inutilizando a segurança jurídica através de um aumento da base de cálculo de tributo para fatos pretéritos.