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AVALIAÇÃO DA MARCHA PROF. JOÃO LUIZ PANDOLPHI LOCOMOÇÃO X MARCHA HUMANA Locomoção é toda ação que move o corpo de um animal através do espaço aéreo, aquático ou terrestre. A Marcha é um tipo de locomoção. É um dos atos motores mais automatizados. MARCHA Forma de locomoção no qual o corpo ereto e em movimento é apoiado primeiro por uma das pernas e depois pela outra. Constitui-se de movimentos automatizados que variam de pessoa a pessoa de acordo com a altura, biótipo, estado emocional, uso de calçados, gestação, patologias além de outros fatores. MARCHA A marcha consiste no movimento para frente do corpo ereto, usando as extremidades inferiores para propulsão, e que há um mínimo de energia sendo gasta durante esta atividade. MARCHA Comportamento extremamente complexo, que envolve todo o corpo e requer a coordenação de diversos músculos e articulações”. (SHUMWAY- COOK & WOOLLACOTT, 2003) Andar independente: surge quando o sistema motor aprende a explorar a dinâmica das estruturas passivas do aparelho locomotor, bem como as propriedades do ambiente físico. (THELEN et al., 1986) Início de 10 a 18 meses e padrões próprios da marcha adulta aos 5 anos de idade. (FORSSBERG, 1985) Biomecânica normal da marcha Conceitos de cinemática • CADÊNCIA: Número de passos dados em uma unidade de tempo , normalmente expresso como passos por minuto; • PASSO: Espaço compreendido entre o contato inicial de um pé e o contato inicial do pé contralateral no solo (expresso em tempo ou comprimento); • PASSADA: É o espaço compreendido entre o contato inicial de um pé no solo e o novo contato inicial do mesmo pé ( expresso em tempo ou comprimento) • Uma passada corresponde a dois passos Biomecânica normal da marcha Conceitos de cinemática • CICLO DA MARCHA: é o conjunto de fenômenos compreendido dentro de uma passada e corresponde à sequência de funções de um membro , as quais se repetem igualmente a cada novo contato inicial • Começa com o contato inicial e termina com o próximo contato inicial da mesma extremidade. • É dividido em 2 ciclos: • Fase de Apoio ou Suporte (60%) • Fase de Balanço ou Oscilação (40%) CICLO DA MARCHA Fase de suporte ou apoio (60%) • Contato Inicial • Resposta de Carga • Apoio Médio • Apoio Terminal • Pré-oscilação Fase de balanço ou Oscilação (40%) • Balanço ou Oscilação Inicial • Balanço ou Oscilação Médio • Balanço ou Oscilação Final CICLO DA MARCHA • Momento em que há o contato do calcanhar com o solo. • Ang: 30° de flexão do quadril, 0° de extensão do joelho e 20° de dorsiflexão do tornozelo. • MM: glúteo máximo, isquiostibiais, tibial anterior. • Desaceleração do membro; contato do calcanhar com o solo Contato Inicial CICLO DA MARCHA • Momento em que o pé apoia-se totalmente no chão. • Ang: 20° de flexão de quadril, 15° de flexão do joelho e de flexão plantar. • MM: glúteo máximo, isquiotibiais, quadríceps, tibial anterior. • Aceitação do peso corporal; liberação do membro contralateral. • Distribuição de forças do pé se move gradualmente do calcanhar para o metatarso • Dorsiflexores agem; momento no joelho passa a fletIr e quadríceps aumenta atividade; isquiotibiais previnem hiperextensão do joelho Resposta à carga CICLO DA MARCHA • Momento em que o corpo progride sobre o pé, encontrando-se em apoio unipodal. • Ang: 0° de extensão do quadril e joelho e tornozelo em posição neutra. • MM: glúteo médio e solear. • Membro contralateral em balanço; peso se transfere para a frente • Momento dorsiflexor, contrabalançado pelo tríceps sural. • Momento extensor no joelho; atividade do quadríceps se reduz • Abdução de quadril para liberar membro Apoio médio CICLO DA MARCHA • Momento de avanço do corpo para frente transferindo o apoio para metatarsos. • Ang: 10° de hiperextensão do quadril, joelho à 0°e 20° de flexão plantar. • MM: tríceps sural. • Tríceps sural gera impulso para a fase de balanço, contra a dorsiflexão • Principal atividade de reposição de energia (Winter) • Extensão passiva de joelho • Extensão passiva de quadril Apoio terminal CICLO DA MARCHA • Progressão do corpo à frente, porém sem iniciar a oscilação. • Ang: 0° de quadril, 40° de flexão do joelho e 35° de flexão plantar. • MM: flexores do quadril, bíceps femoral e tríceps sural. Pré-oscilação CICLO DA MARCHA Oscilação • Momento em que a perna é levantada do chão para iniciar o passo. • Ang: 20˚ de flexão do quadril, 60 ˚ de flexão do joelho e 10 ˚ de flexão plantar. • MM: Íliopsoas, adutor longo, sartório, grácil, isquiostibiais, tibial anterior e extensores dos dedos. • O membro inferior continua a avançar para frente, ultrapassando o membro contralateral. • Ang: 30˚ de flexão de quadril e joelho e tornozelo neutro • MM: Flexores do quadril e dorsiflexores • Momento em que o joelho encontra-se em extensão total, antes do contato inicial. • Ang: 30º de flexão do quadril, extensão completa do joelho (0º) e tornozelo em dorsiflexão • MM: Iliopsoas, quadríceps, isquiostibiais, tibial anterior e extensores dos dedos. PRÉ-REQUISITOS PARA UMA MARCHA NORMAL 1. Cada um dos membros inferiores deve ser capaz de suportar o peso do corpo independentemente; 2. O equilíbrio deve ser mantido tanto estática como dinamicamente durante o apoio simples; 3. Em cada passo, o calcanhar é o primeiro a entrar em contato com o solo, seguido em um movimento de rotação pela planta do pé e pelo metatarso falangiano, impulsionando o corpo para o próximo passo. PRÉ-REQUISITOS PARA UMA MARCHA NORMAL 4. Quando no chão, a planta do pé e o joelho não se inclina nem para dentro nem para fora. 5. As pernas movem-se de maneira ritmada, sem “claudicar”. 6. As pernas movem-se simetricamente, com passadas de comprimento uniforme. 7. A pelve continua nivelada, rodando suavemente a cada passo, sem subir, descer ou mover-se demais para os lados. PRÉ-REQUISITOS PARA UMA MARCHA NORMAL 8. Os braços balançam ritmicamente para frente e para trás, contrabalançando os movimentos das pernas 9. O corpo mantém uma boa postura. MARCHA NORMAL Vestibular Visão Sensório- motor MARCHA PATOLÓGICA A marcha normal é uma forma de progressão recíproca (avanço alternado) de membros inferiores, que tem como características o deslocamento com segurança e a economia de energia; Na marcha patológica, há perda de pelo menos um desses princípios. A origem do distúrbio pode estar em um desses componentes do movimento voluntário: fonte do movimento; alavancas articuladas; conscientização do movimento desejado; controle do movimento; energia. Fonte do movimento Estruturas responsáveis: Unidade Motora e o Músculo; Exemplos de patologias que interferem com essas estruturas: poliomielite, neuropatias periféricas e doença neuromuscular Alavancas articuladas Estruturas responsáveis: ossos e articulações; As contraturas articulares e mal formações são exemplos de patologias que podem afetar essas estruturas Conscientização do movimento desejado A conscientização do movimento desejado depende do sistema sensorial . São exemplos de patologias que interferem nesse processo que cursam com a falta de propriocepção (Tabes Dorsalis e Esclerose Múltipla). O controle do movimento Tem como estruturas responsáveis : o sistema piramidal (córtex cerebral) , o sistema extrapiramidal ( núcleos da base), e de coordenação (cerebelo). As síndromes piramidais ( AVE, LM e PC), as síndromes extrapiramidais ( Parkinson), e a ataxia são exemplos de patologias que interferem nisso. O sistema de energia Sistema cardiopulmonar como estrutura responsável . Exemplos de patologias que interferem nesse sistema são as cardiopatiase pneumopatias de forma geral, (geram insuficiência energética absoluta) e as deformidades que impõe uma marcha com alto custo energético (insuficiência energética relativa) MARCHA PARKSONIANA : - BLOCO ENRRIJECIDO SEM MOVIMENTOS AUTOMÁTICOS DOS MMSS; - PASSOS PEQUENOS E RÁPIDOS; - IMPRESSÃO DE CORRER ATRÁS DO SEU CENTRO DE GRAVIDADE; - FESTINADA (ANTERO OU RETRO) TIPOS DE MARCHA PATOLÓGICA TIPOS DE MARCHA PATOLÓGICA Marcha hemiplégica/ Ceifante: a perna é avançada lenta e rigidamente, com movimentação restrita nos quadris e joelhos. As passadas são regulares e curtas, o paciente avança apenas com grande esforço. Marcha TABÉTICA: perda das informações sensoriais dos MMII (propriocepção); - Lesão do cordão posterior da medula, neuropatia periférica sensitivo; - Caminha com base alargada olhando para o solo (perda da capacidade de aproximação do pé no solo) - Bate o pé com força no chão. TIPOS DE MARCHA PATOLÓGICA Marcha ANSERINA: - Aumento da lordose lombar; - Inclinação do tronco (D e E); - Doenças neuromusculares; -Fraqueza dos músculos pélvicos e coxa TIPOS DE MARCHA PATOLÓGICA Ataxia Cerebelar (Ebriosa): Marcha descoordenada; É observada com mais frequência em pacientes com esclerose múltipla, tumores cerebelares e alcoolismo crônico. OBS: Em estrela (ataxia vestibular). TIPOS DE MARCHA PATOLÓGICA MARCHA ESCAVANTE: - Paralisia de dorsiflexão do pé; - Toca com a ponta do pé no solo; - Tropeços e quedas; - Evitar: aumento da flexão do quadril. TIPOS DE MARCHA PATOLÓGICA Marcha TESOURA OU ESPÁSTICA: - Parilisia Cerebral; - Hipertonia extensora dos MMII e adutora; - Alternância cruzada em cada passo. TIPOS DE MARCHA PATOLÓGICA AVALIAÇÃO DA MARCHA Simetria da passada e a harmonia dos passos Passo: deslocamento de um pé Passada ou ciclo da marcha: dois passos, um direito e um esquerdo Dimensões: distância e tempo Comprimento do passo: distância entre o apoio do calcanhar de cada um dos pés. Comprimento da passada é o espaço entre o segundo toque do mesmo calcanhar no solo Observação do movimento: PARÂMETROS NORMAIS DA MARCHA Para uma população entre 8 e 45 anos de idade. A largura da base de suporte = 5-10cm. Ampliação da BS (tontura e insegurança). O CG situa-se 5 cm à frente de S2. Na deambulação normal o CG verticalmente não oscila mais que 5 cm. A pelve e o tronco desviam-se lateralmente 2,5 -5cm. Rotação pélvica total de 8º. Comprimento do passo = 35 a 41 cm. ANÁLISE DA MARCHA Inspeção do calçado O sapato deve se deformar durante a marcha, principalmente na região das dobras sobre a base dos dedos. O sapato ideal deve ter estreitamento na região posterior para prender o calcanhar e quanto mais largo o salto mais seguro. ANÁLISE DA MARCHA A pista de marcha deve ter pelo menos 10 metros de comprimento e a distância entre o paciente e o fisioterapeuta deve ser constante. O número de passos analisados deve ser pequeno e os primeiros e os últimos passos não são boa referência para a avaliação da marcha. AVALIAÇÃO DA MARCHA CINÉTICA CINEMÁTICA QUALITATIVA QUANTITATIVA