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Notas de aulas de eletromagnetismo 6a Aula- “Lei de Gauss “ 1
Neri Alves
Campo elétrico em dielétricos
Eletromagnetismo 2011
Neri Alves
20/09/2013 - 6a Aula
Dielétrico Real
• Cargas livres. Responsáveis pelos processos de condução.
• Cargas ligadas. Polarização elétrica do meio.
Momento de dipolo
P��� � q��
O momento de dipolo tem unidades
[P���]=Cm
1. Quando se aplica um campo elétrico externo em um dielétrico, o campo polariza o
meio, e esta polarização pode variar de ponto para ponto.
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2. O meio polarizado também produz um campo, pois as cargas se separam.
3. O campo produzido pelo meio polarizado “altera” o campo externo que produziu a
polarização.
Como exemplos de momento de dipolo podem citar a polarização eletrônica que ocorre no
átomo de hidrogênio e a polarização molecular que ocorre na molécula de água.
Considere um volume Δv em um meio dielétrico eletricamente neutro. Ao ser polarizado as
cargas se separam o que se caracteriza por um momento de dipolo elétrico.
∆P��� � � r�dq′
∆�
Onde
P��� � q��
Esta quantidade determina o campo elétrico produzido por um Δv em pontos distantes,
comparados com as dimensões deste elemento Δv. No entanto ∆P��� depende do tamanho do
elemento de volume. Por esta razão é mais conveniente usar a expressão
P��� � ∆P���∆�
ou melhor
P��� � lim∆�→�
∆P���
∆�
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E desta forma P��� a polarização elétrica, ou simplesmente polarização do meio é uma função
pontual onde
P��� � P����x, y, z�
Unidades
[�P����� � ��� !" � �
�
#"
Dipolo molecular. Uma molécula é uma pequena Unidade eletricamente neutra, para a
qual pode se escrever que
P���� � � r�dq′�$%&'(%)
Esta é a polarização na molecular (microscopia). Para um conjunto de moléculas num
volume Δv, temos
P��� � 1∆� + P����
,
-./
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Dielétrico Polarizado
Um dielétrico é polarizado quando é colocado em um campo elétrico de tal forma que
ocorre uma separação das cargas, e cada ponto r�, é caracterizado por uma polarização P����r��.
O potencial de um dipolo é
φ�r�� � p�� ∙ �r� 3 r�′�4πε�|�r� 3 r�′�|8
no elemento de volume ΔV’ temos ∆P����r��, logo
∆�′ → ∆P����r�� e assim a expressão acima pode ser reescrita como
φ�r�� � ∆p�� ∙ �r� 3 r�′�4πε�|�r� 3 r�′�|8
mas, como P��� � ∆9���∆�: temos que ∆P��� � P���∆�′, então reescrevendo
φ�r�� � 9����;���∙�;��<;��:�∆=:>?@A|�;��<;��:�|! e no limite em que∆�′ → 0, temos φ�r�� e somando as contribuições de
todo o volume temos
φ�r�� � 14πε� lim∆�:→� +
P����r�� ∙ �r� 3 r�′�∆V′
|�r� 3 r�′�|8
Então
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φ�r�) = 14πε� �
P���(r�) ∙ (r� − r�′)dV′
|(r� − r�′)|8
onde |(r� − r�′)| = �(D − D′)E + (G − G′)E + (H − H′)E�I#
∇:= −∇
∇:→Calculado em r�
∇:→Calculado em r�’
Isto significa que o gradiente operador ∇ calculo em r� é igual ao negativo do mesmo
operador calculado em r�’ onde
∇= ı̂ ∂dy + kO
∂
dz
∇ P 1|(r� − r�′)|Q =?
∇|(r� − r�′)|</ = �(D − D′)E + (G − G′)E + (H − H′)E�</E
SejaS = (D − D′)E + (G − G′)E + (H − H′)E, então
∂|(r� − r�′)|</
dx =
1
2 �d�
<8E 2(x − x:) = −(x − x:)�d�<8E
Similarmente
∂|(r� − r�′)|</
dy = −(y − y′)�d�
<8E
e
∂|(r� − r�′)|</
dz = −(z − z′)�d�
<8E
Logo
Inserção
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∇ P 1|�r� − r�′)|Q = −U(x − x:)ı̂ + (y − y:)ȷ̂ + (z − z:)kOW�d�
<8E
Ou
∇ P 1|(r� − r�′)|Q = −
(r − r′)
|(r − r′)|8
Refazendo os cálculos para r�′ temos o mesmo resultado com o sinal trocado. Veja:
X|(;��<;��:)|YI
Z[ = −
/
E �d�<
!
# 2(x − x:)(−1) = (x − x:)�d�<!# e assim por diante. Então temos que
∇:= −∇
Ou
∇′ P 1|(r� − r�′)|Q =
(r − r′)
|(r − r′)|8
Reescrevendo o integrando
P��� ∙ (r� − r�′)
|(r� − r�′)|8 = P��� ∙ ∇′ P
1
|(r� − r�′)|Q
\ ⟹ 1|(r� − r�′)|
A��� ⟹ P���
P��� ∙ ∇: P 1|(r� − r�:)|Q = ∇: ∙ P
1
|(r� − r�′)| P���Q −
1
|(r� − r�′)| ∇: ∙ P���
Então
Fim da Inserção
∇ ∙ _\A���` = \∇ ∙ A��� + A��� ∙ ∇\
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P��� ∙ (r� − r�′)
|(r� − r�′)|8 = ∇: ∙ P
1
|(r� − r�′)| P���Q −
1
|(r� − r�′)| ∇: ∙ P���
Finalmente
φ(r�) = 14πε� � P∇
: ∙ P 1|(r� − r�′)| P���Q −
1
|(r� − r�′)| ∇: ∙ P���Q dV=
ou
φ(r�) = 14πε� � ∇
: ∙ P���|(r� − r�:)| dV:=
− 14πε� �
∇: ∙ P���
|(r� − r�′)| dV′=
Aplicando o teorema d divergência, a primeira integral pode ser reescrita como
� ∇: ∙ P���|(r� − r�:)| dV:=
= a P��� ∙ nc|(r� − r�:)| dA:d
Assim
φ(r�) = 14πε� a
P��� ∙ nc
|(r� − r�:)| dA:d
+ 14πε� �
_−∇: ∙ P���`
|(r� − r�′)| dV′=
Onde P��� ∙ nc é a projeção de P��� na direção de ne , normal à superfície e lembrando que
�P���� = ��#, tem unidade de carga por unidade de superfície podemos afirmar que a grandeza
P��� ∙ ncrepresenta uma densidade superficial de carga de polarização. Daí
σ9 ≡ P��� ∙ nc
Onde siga é a densidade superficial de carga de polarização.
Como ∇: ∙ P��� é um escalr e tem Unidade ��!, então
ρi ≡ −∇: ∙ P���
Observação se P��� for uniforme não teremos ρi. De forma que :
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φ(r�) = 14πε� a
σ9dA:
|(r� − r�:)|d
+ 14πε� �
ρidV′
|(r� − r�′)|=
= 14πε� �
dq′
|(r� − r�′)|=
No s dielétricos a polarização tem origem nas cargas ligadas (que não se separa).
A polarização é produzida por dipolos e portanto
Qk$l)% = 0
Qk$l)% = a σ9dA:
d
+ � ρidV:
=
= a P��� ∙ ncdA:
d
+ �_−∇: ∙ P���`dV:
=
Onde pelo Teorema da divergência
� ∇: ∙ P��� dV: =
=
a P��� ∙ ncdA:
d
Então
Qk$l)% = a P��� ∙ ncdA:
d
− a P��� ∙ ncdA:
d
= 0
ρi e σ9 são grandezas macroscópica (Superfície e volume) e P��� é uma grandeza
microscópica relativa à molécula.
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O Campo Elétrico
E��� = −∇φ
Deve-se usar ∇(sem linha) pois estamos analisando no ponto P. Sabendo que
∇′ P 1|(r� − r�′)|Q = −∇ P
1
|(r� − r�′)|Q
e
∇′ P 1|(r� − r�′)|Q =
(r − r′)
|(r − r′)|8
Temos finalmente que:
E���(r�) = a σ9 (r − r′)|(r − r′)|8 dA:d
+ � ρi (r − r′)|(r − r′)|8 dV:=
Lei de Gauss em um dielétrico (Deslocamento Elétrico)
Considere um dielétrico com cargas q1, q2 e q3 imersas em seu volume. Sejam q1, q2
e q3 corpos condutores carregados e S1, S2 e S3 as superfícies destes corpos e S uma
superfície Gaussiana envolvendo todas as cargas de polarização. Admita-se que QP seja a
carga de polarização e as cargas reais (excesso de carga e carga externa) Q= q/ + qE + q8
Lei de Gauss
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a E���
d
∙ ncdA = Qk$l)%ε�
Onde nopqrs = Q9 + Q
a E���
d
∙ ncdA = Q9 + Qε�
Mas
Q9 = a σ9dA:
dItd#td!
+ � ρidV:
=
Ou
Q9 = a P��� ∙ nc dA:
dItd#td!
+ � _−∇: ∙ P���`dV:
=
a E���
d
∙ ncdA = Qε� + a P��� ∙ nc dA
:
dItd#td!
+ �_−∇: ∙ P���`dV:
=
A primeira integral não se aplica a superfície de Gauss (S) pois esta foi escolhida no
dielétrico.Usandoo Teorema da divergência
Então
� ∇: ∙ P��� dV:
=
= a P��� ∙ nc
dt dItd#td!
dA
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a E���
d
∙ ncdA = Qε� +
1
ε� a P��� ∙ nc dA
:
dItd#td!
− 1ε� a P��� ∙ ncdt dItd#td!
dA
Ou
a E���
d
∙ ncdA = Qε� +
1
ε� a P��� ∙ nc dA
:
dItd#td!
− 1ε� a P��� ∙ ncdt dItd#td!
dA − 1ε� a P��� ∙ ncd dA
Então
a E���
d
∙ ncdA = Qε� −
1
ε� a P��� ∙ ncd dA
Ou
a ε�E���
d
∙ ncdA + a P��� ∙ nc
d
dA = Q
O que pode ser escrito como:
a (ε�E��� + P���) ∙ ncd dA = Q
Se definirmos u��� = v�E��� + P���, sendo u��� o vetor deslocamento elétrico, podemos reescrever a
integral como:
a u��� ∙ nc
d
dA = Q
Onde Q é a carga Real. Esta é a Lei de Gauss no dielétrico na forma integral.
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Exercícios
1. Mostrar que o ∇´ = ∇´
2. Partindo da relação do potencial para um dipolo elétrico φ(r�) = i���∙(;��<;´���)>?@Ax(;��<;´���)x!
demonstre que a expressão produzido por o potencial num meio polarizado
qualquer numa posição r� é dado por φ(r�) = />?@A P∮
z{ Z)´
x(;��<;´���)xd + |
}{ Z�´
x(;��<;´���)x= Q.
3. Mostrar que a carga total de polarização em dielétrico é nula.
4. Sabendo o potencial produzido por um meio polarizado na posição r� exercício 2,
calcule o campo elétrico nesta posição.Demonstre a lei de Gauss na forma integral
para um meio dielétrico.
5. Uma barra de dielétrico de secção reta A estende-se ao longo do eixo de x=0 a x=L. A
polarização da barra dá se ao longo de seu comprimento e é dada por baxPx +=
2
.
Encontre a densidade volumétrica de carga de polarização e a carga superficial de
polarização em cada extremidade. Demonstre explicitamente que a carga total de
polarização se anula neste caso.
6. Um cubo dielétrico de lado L tem uma polarização radial dada por rAP r
r
= , onde A é uma
constante e kzjyixr ˆˆˆ ++=r . A origem do sistema de coordenadas se situa no centro do
cubo. Encontre todas as densidades de carga de polarização (densidade da carga de volume
e de cada superfície) e demonstre explicitamente que a carga total de polarização se anula.
7. Uma barra de dielétrico com a forma de um cilindro circular reto de comprimento L e raio
R se polariza na direção de seu comprimento. Se a polarização for uniforme e de modulo P,
calcule o campo elétrico resultante desta polarização num ponto sobre o eixo da barra.
8. Demonstre a seguinte relação entre a polarização , e as densidades de carga de polarização
ρ9 e σ9 para uma amostra de dielétrica de volume V e superfície S. | P���dV= | ρ9r�dV +=
| σ9r�dad . Onde r� = xı̂ + yȷ̂ + zkO é o vetor p osição a partir de qualquer origem fixa.
Sugestão desenvolva ∇ ∙ x′r� conforme a identidade vetorial ∇ ∙ _\A���` = \∇ ∙ A��� + A��� ∙ ∇′\