Prévia do material em texto
Riscos e falhas em confiabilidade Classificação de riscos A principal ameaça à confiabilidade de um sistema é a ocorrência de falhas. A prevenção destas falhas é feita através da identificação dos riscos e sua eliminação ou redução. Risco é um termo bastante relativo em muitos casos, no contexto de confiabilidade, o risco inclui dois parâmetros, que são a probabilidade de ocorrência de um evento indesejado e uma escala de severidade da consequência deste evento. Existem diversas formas de classificação de riscos, sendo uma delas: risco aceitável, risco tolerável e risco inaceitável. Um risco considerado aceitável, geralmente significa que a probabilidade de fatalidade é tida como razoável, tendo em conta as circunstâncias e, neste caso, não é necessário um esforço imediato para a redução desta fonte de risco ainda mais. Um risco tolerável implica que, embora se esteja preparado para conviver com este nível de risco, se deve continuar buscando suas causas e tomando medidas com o objetivo de reduzir ou ainda, eliminar a fonte deste risco. Já um risco inaceitável significa que este nível de risco não é tolerado e, além disso, não é permitido que sejam executadas atividades que envolvam este grau de risco. Na extremidade inferior da escala de risco, ainda pode haver a classificação de risco tido como amplamente aceitável, que é um nível de risco abaixo do qual não se buscaria, normalmente, uma maior redução. De acordo com o princípio conhecido pela sigla ALARP (do inglês, As Low As Reasonably Practicable), que significa “tão baixo quanto razoavelmente praticável”, medidas consideradas razoáveis devem ser implementadas em relação aos riscos considerados toleráveis, para reduzi-los ainda mais, até que o custo relativo à redução deste risco seja desproporcionalmente menor em relação ao seu benefício. Dessa forma, é necessário avaliar se a redução do risco é adequada ao valor investido para a redução desse nível de risco. O risco pode ser tratado de muitos ângulos diferentes, um deles é o conceito de que o risco pode ser classificado como risco individual ou risco social. No risco individual, uma pessoa é exposta a um ou mais fontes de risco. Já o risco social, considera que um grupo de pessoas está exposto a um ou mais perigos. O risco social é mais importante que o risco individual uma vez que pode representar um acidente com consequências maiores ou mais graves. O método de análise de risco conhecido por QRA (Quantified Risk Assessment), se refere à uma análise de risco quantitativa completa, incluindo a avaliação da frequência de um evento e suas consequências mensuráveis. Manutenção preventiva A manutenção preventiva está relacionada com a manutenção constante das instalações e de um ambiente operacional satisfatório, com foco na detecção, inspeção e correção sistemática de falhas antes do seu desenvolvimento em grandes falhas, ou ainda, antes de sua ocorrência. A manutenção preventiva se baseia em 7 princípios, que são: Inspeção, Ajuste, Alinhamento, Calibração, Manutenção, Teste e Instalação. Manutenção Centrada em Confiabilidade A Manutenção Centrada na Confiabilidade (MCC) é um programa de manutenção que inclui várias técnicas de engenharia com o objetivo de assegurar que sistemas, equipamentos ou componentes de uma planta industrial continuarão realizando as funções para as quais foram designados dentro das condições pré-estabelecidas e dentro do tempo estimado. A eficácia da MCC está baseada em alguns pilares como: • Envolvimento de diversos tipos de profissionais que executem atividades relacionadas com o sistema em questão, como engenheiros, operadores e técnicos de manutenção, caracterizando um ambiente de engenharia simultânea; • Estudos que incluam a análise e classificação das consequências das falhas, e que possam direcionar as tarefas de manutenção; • Deve-se considerar também as questões que envolvam segurança, meio ambiente, operação e custos; • Investimento em atividades proativas, envolvendo tarefas preditivas e preventivas; • Busca e combate às falhas escondidas, que reduzem a confiabilidade do sistema. A MCC se baseia na definição e conhecimento das funções e padrões de desempenho dos equipamentos. Assim, todos devem compreender o que é esperado de cada equipamento, as funções que ele deve cumprir e o padrão de desempenho que deve ser mantido durante sua vida em serviço. Cada equipamento ou componente de uma planta industrial possui tanto funções primárias quanto funções secundárias, que devem ser mantidas. Manutenção Produtiva Total A Manutenção Produtiva Total (MPT) se baseia em um conjunto de práticas e técnicas que são empregadas com o objetivo principal de maximizar a capacidade dos equipamentos e processos de uma organização. A MPT contempla tanto a manutenção dos equipamentos, como sua instalação e operação. A MPT considera que os colaboradores da organização que executam atividades em determinado equipamento, são aquelas que possuem o maior nível de conhecimento sobre ele. Sendo assim, essas pessoas são as que melhor podem contribuir para as atividades de manutenção, e em atividades de melhoria contínua, com o objetivo de obter melhorias de qualidade e produtividade. A MPT se preocupa com a educação e treinamento dos colaboradores, visando aprimorar a consciência e competência de todos. O foco é colocado na prevenção das perdas associadas aos equipamento e local de trabalho, incluindo conceitos de zero acidente, zero defeito de qualidade, zero quebra. O principal indicador utilizado na MPT é o índice de rendimento operacional global, ou IROG, que inclui os índices de disponibilidade, qualidade e desempenho ou velocidade. FMEA e FTA O FMEA (Failure Mode and Effect Analysis) ou Análise dos Modos de Falha e Efeitos e o FTA (Fault Tree Analysis), ou Árvores de Falhas, são técnicas utilizadas para identificação e classificação de modos de falhas e suas consequências, bem como suas causas. Falha e Modo de Falha são os dois conceitos mais importantes em qualquer análise de confiabilidade de um sistema técnico. A falha é o estado de um item caracterizado pela incapacidade de realizar uma função exigida, excluindo a incapacidade durante a manutenção preventiva ou outras ações planejadas, ou por falta de recursos externos. Uma falha é um estado de um item e pode ter sua origem em uma falha aleatória ou em uma deficiência relacionada ao item, sua localização ou sua aplicação, sendo esta segunda categoria chamada de falhas sistemáticas. Um modo de falha é uma descrição de uma falha, é a forma como podemos observar a incapacidade do item para desempenhar uma função exigida de acordo com os requisitos funcionais. Os efeitos de falha são as consequências que os modos de falha podem ter. Nem todas as consequências de falha são igualmente importantes, e a principal motivação para identificar os efeitos da falha é distinguir os modos de falha mais graves dos menos graves. Essa priorização pode ser útil para manutenção e planejamento de teste, identificação de necessidades de treinamento e para tomar decisões sobre atualizações e projetos de modificação. Atividade extra O FMEA é uma ferramenta vastamente utilizada nas mais diversas áreas da indústria para a identificação de falhas em potencial, com o objetivo de reduzir a probabilidade de ocorrência, reduzir o grau de severidade da sua consequência e aumentar a capacidade de detecção de falhas no processo. Aprenda um pouco mais sobre FMEA aplicado na indústria em: De Aguiar, D. C. Modelo conceitual para a aplicação de FMEA de processo na Indústria Automotiva. 2016, 135f. Tese (doutorado). Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá,2016. Referência Bibliográfica • Smith, D.J. Reliability, maintainability and risk. Practical methods for engineers. Eighth Edition, Butterworth-Heinemann - Elsevier, Great Britain, 2011. • Rausand, M. Reliability of safety-critical systems. Theory and Applications. John Wiley & Sons, New Jersey, 2014. • Dhillon, B.S. Engineering Systems Reliability, Safety, and Maintenance. An Integrated Approach. CRC Press. Taylor & Francis Group, FL, 2017.