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LOGÍSTICA INTERNACIONAL AULA 2 Prof. João Marcos Andrade 2 CONVERSA INICIAL Analisamos nesta etapa um conteúdo relacionado a questões de compatibilidade técnica entre as operações de logística e a essência do meio de atuação da empresa, apresentando informações extremamente relevantes para a gestão dos processos logísticos, mediante a empregabilidade de conhecimentos técnicos de logística. Assim, é possível obter resultados impressionantes, considerando ainda que as empresas que atuam como prestadores de serviço logístico, seja na venda de fretes internacionais, seja em serviços de assessoria aduaneira ou provimento logístico têm a chave para abertura de cenários propensos à geração de ganhos operacionais e financeiros a companhias. É importante que entendamos detalhadamente os processos logísticos, apresentando situações que exemplifiquem a logística como ferramenta competitiva em prol do crescimento da companhia, orientando os colaboradores quanto às principais atividades da logística na execução de projetos de trabalhos de importação e/ou exportação. As atividades dos processos logísticos permitem a manutenção de controle total sobre os custos, os quais, pela sua variação de nomenclatura, definições de cálculos de frete etc., representam atividades diretamente promotoras de obtenção de favorecimentos ou ganhos financeiros, ou, caso não sejam bem geridas, podem representar desgastes e dispêndios financeiros não previstos. CONTEXTUALIZANDO O desenvolvimento tecnológico, bem como as evoluções dos processos de trabalho nas últimas décadas, aliados à crescente abertura de mercado e à formação de blocos regionais, trazem ao novo ambiente empresarial um maior grau de complexidade nas operações. Os desafios de competição, em nível global, com empresas multinacionais e grandes jogadores locais, com táticas e objetivos bem formatados, criam um cenário que requer dessas empresas novas habilidades, estratégias e vantagens competitivas para garantir a eficiência e a lucratividade. Modelos tradicionais, como os de produção em série, que buscavam maior eficiência e menores custos na produção de grandes quantidades, 3 deparam-se com modelos mais flexíveis, que visam atender um cliente mais exigente em diferentes partes do globo. Essa transição de produções enxutas para customizadas faz com que conceitos de competitividade sejam modificados, e que novos modelos, preocupados com qualidade, produtividade e flexibilidade, surjam como alternativa de negócio. Novas ferramentas logísticas tornam-se essenciais para empresas que atuam no mercado internacional. Certamente, aquelas que souberem agregar valor a essas operações, propiciando melhor eficiência na cadeia, terão naturalmente um diferencial estratégico. O incremento do comércio internacional ocasionou a necessidade de meios de transportes e respectiva infraestrutura mais ágil. Essa realidade vem modificando o quadro na movimentação de fluxos materiais e gerando forte modernização desses fluxos, bem como modernizando o setor de transportes, para que este elo da cadeia não se torne uma barreira, mas um ponto solucionável dentro do cenário internacional. O desenvolvimento do conceito de logística como atividade, além da simples movimentação de produtos, transportes e estoques, vem se tornando fundamental para otimizar os fluxos logísticos, integrando fornecedores, distribuidores e demais elos da cadeia com o objetivo de satisfazer as necessidades dos clientes em qualquer parte do globo. Com a redução de quadros inflacionários em grande parte do mundo, as empresas começaram a pensar na redução de custos como forma de voltar a serem competitivas, tendências que também podem ser percebidas no Brasil, onde o corte de custo passou a ser essencial para impulsionar as organizações, sendo a logística uma das principais ferramentas que possibilita esse ajuste. TEMA 1 – PRINCIPAIS ATIVIDADES DA LOGÍSTICA INTERNACIONAL. O transporte representa o elemento mais importante do custo logístico na maior parte das firmas. O frete costuma absorver dois terços do gasto logístico e entre 9% e 10% do produto nacional bruto, para a economia americana como um todo. Por essa razão, o especialista em logística deve ter conhecimento desse tema. 4 Saiba mais O PIB é a somatória de todos os bens e serviços produzidos, durante um ano ou trimestre, por um país, estado ou cidade. Como é um índice econômico, o PIB serve como um termômetro do crescimento nacional (Jehniffer, 2020). Importante contribuição para melhor compreensão da definição relativa ao transporte encontramos na obra Logística Internacional – Uma abordagem para a integração de negócios, de (Robles e Nobre, 2016): O transporte (movimentação) também é um fator da utilidade "tempo", pois determina a velocidade (relação distância/tempo) com que um produto se move de um ponto para outro. O tempo de deslocamento de um produto (ou lead time da movimentação) da origem ao destino abrange os tempos necessários para a preparação do produto para despacho (incluindo embalagem e documentação), o tempo de trânsito no modal de transporte utilizado e o tempo de recebimento, com desembalagem e documentação no destino. (Robles et al., 2016) Saiba mais ROBLES, L. T.; NOBRE, M. Logística internacional – Uma abordagem para a integração de negócios. Curitiba: InterSaberes, 2016. Um sistema de transporte doméstico, por exemplo, refere-se a todo conjunto de trabalho, facilidades e recursos que compõem a capacidade de movimentação na economia. A atividade do transporte na logística internacional inicia-se anteriormente ao embarque, ao carregamento de determinada carga, seja qual for o veículo e modal de transporte. E isso se comprova pelo fato de a preparação dos documentos para acompanhar a carga e a composição de custos a serem praticados sobre os transportes antecederem o carregamento ou estufagem em um contêiner, por exemplo. Baseando-se nessa premissa básica de que o transporte não se inicia na parte física da colocação da carga em um veículo transportador, isso nos traduz a real importância da organização de processos de trabalho na atividade de transporte, pois quanto mais alto for o grau do planejamento desse transporte, mais alto será o nível de sucesso a ser obtido em sua execução. De acordo com Campos e Brasil (2012), embora a logística só possa vir a ser considerada um diferencial empresarial quando as empresas envolvidas perceberem a importância logística integrado, tanto internamente quanto em relação à sua cadeia produtiva, é a integração, em pleno desenvolvimento e harmonia, que possibilita às empresas eu compõem tal cadeia, o ganho 5 de mercado por meio da competitividade, e da eficiência, portanto a consequente melhora nos resultados. 1.1 Armazenagem Não muito distante do transporte, a armazenagem é uma atividade extremamente importante no escopo da logística. Por ser um serviço que reflete posse da mercadoria de terceiros por determinado período, a demanda exige cuidados extras em relação ao transporte. Mesmo o transporte exercendo domínio temporal sobre a mercadoria do cliente, o processo de armazenagem requer maior atenção, pois os riscos envolvidos em sua execução são compreensivelmente maiores, já que, dependendo do tipo ou característica da mercadoria armazenada, maiores serão as atenções atreladas ao seguro, à vigilância, ao controle de entrada e saída, à disponibilização para inspeções e vistorias, entre outros serviços que possam vir a ser requeridos. 1.2 Manutenção de estoques Apesar de ser considerada por muitos como atividade primária, a manutenção de estoques representa significativa atividade para qualquer empresa que dependa da terceirização, considerando o momento ou a configuração da disponibilidadefísica da Companhia, seja por dimensão do espaço de barracão ou pátio. A administração ou gerenciamento de estoques, quando terceirizada, é precedida de ferramentas de acompanhamento, pois a empresa depende do fluxo dos materiais constantes no estoque para dar sequência em suas atividades profissionais. A manutenção de estoques permite à companhia adquirente do serviço uma concentração melhor de esforços e recursos em seu escopo principal de negócio, seu core business, que é a atividade fim a que a empresa se preza a executar, porém o uso extensivo de estoques resulta no fato de que, em média, eles são responsáveis por, aproximadamente, 60% a 75% dos custos logísticos, os quais tornam a manutenção de estoques uma atividade-chave na logística. 6 Saiba mais Plano Nacional de Logística e Transportes – PNLT O PNLT foi desenvolvido pelo Ministério dos Transportes – MT, em cooperação com o Ministério da Defesa – MD. O objetivo é formalizar e perenizar instrumentos de análise, sob a ótica da logística, para dar suporte ao planejamento de intervenções públicas e privadas na infraestrutura e na organização dos transportes, de modo que o setor possa contribuir efetivamente para a consecução das metas econômicas, sociais e ecológicas do país, em horizontes de médio a longo prazo, objetivando o desenvolvimento sustentado. Trata-se, essencialmente, de plano indicativo, em processo de reavaliação periódica, que permitirá visualizar o necessário desenvolvimento do setor de transportes, de acordo com as demandas futuras, resultantes da evolução da economia nacional e sua inserção no mundo globalizado (Ministério da Infraestrutura, [S.d.]. TEMA 2 – A LOGÍSTICA E A INDÚSTRIA 4.0. Mas o que é a Indústria 4.0? Saiba mais O Portal da indústria apresenta um conjunto de definições relativas ao conceito da Indústria 4.0, muito interessante e que desperta interesse em entendê-lo, portanto vejamos a seguir seu conteúdo acessando o link a seguir: INDÚSTRIA 4.0: entenda seus conceitos e fundamentos. Portal da Indústria, S.d. Disponível em: . Acesso em: 25 abr. 2023. 2.1 A indústria 4.0 e a logística Desde o advento da internet, os processos logísticos em nível internacional passaram a ser exercidos em menor tempo, maior capacidade de abrangência em toda a cadeia de suprimentos e com propensão a novos surgimentos de recursos tecnológicos que evidenciem a necessidade de processos logísticos cada vez mais eletrônicos. A necessidade de cumprimento de prazos cada vez mais escassos nos últimos anos, motivada dentre outros fatores, por economia de tempo, de 7 recursos, e agilidade nas produções de diversos produtos, determinou que as atividades logísticas a nível global se performassem com agilidade cada vez mais notável e sem falhas. Todo esse processo de atualização tanto dos meios de comunicação quanto de produção, que alcançaram a indústria, também contribuíram para que a atividade de movimentação de cargas em nível global se realizasse com a máxima eficiência e com o menor tempo, pois a indústria 4.0 exige um aceleramento muito forte e constante nos aspectos de inovações e entregas de resultados cada vez mais ágeis e menos onerosos. 2.2 Comunicação na indústria 4.0 e os impactos na logística Evidentemente que, em qualquer atividade profissional, a comunicação com outras empresas, departamentos, setores, entidades governamentais etc. é sempre necessária e é preciso que ocorra com a maior clareza e objetividade, mas ao longo do tempo, e com a tecnologia cada vez mais avançada, a Indústria 4.0 também apresentou algumas ferramentas que permitem melhorar ainda mais a comunicação, especialmente no que se refere à interface de dados e compartilhamento de informações relativas a processos de trabalho. Nesse contexto, observamos alguns mecanismos novos de compartilhamento de dados e informações, promovidos pela Indústria 4.0, dentre os quais, temos os mais evidentes, que são conhecidos no meio acadêmico das áreas de administração, logística, engenharia eletrônica, mecânica, civil, da computação, mecatrônica etc., além de logística, comércio exterior, dentre outros. Visando auxílio na compreensão dessa linguagem mais contemporânea de nossa década de estudo, vejamos o conteúdo extraído do portal da indústria, do sistema CNI (Confederação Nacional da Indústria), SESI (Serviço Social da Indústria), SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), IEL (Instituto Euvaldo Lodi), referente aos mecanismos tecnológicos promovidos mais recentemente pela Indústria 4.0. O portal apresenta: 1. Inteligência artificial; 2. Computação em nuvem; 3. Big data; 8 4. Cyber segurança; 5. Internet das coisas. Saiba mais Veja as explicações no link a seguir: INDÚSTRIA 4.0: entenda seus conceitos e fundamentos. Portal da Indústria, S.d. Disponível em: . Acesso em: 25 abr. 2023. Todas essas conquistas tecnológicas exigem um empenho cada vez mais acentuado dos profissionais atuantes na indústria, porém também abrange os que estão fora dela, atuando como prestadores de serviços indiretos, e terceiros, como a logística internacional, que, por não produzir algo palpável que possa se definir como produto industrializado, é dependente completamente de ferramentas de apoio para poder manifestar sua atividade da forma mais sólida e eficaz possível. Para que esse cenário seja possível de ser criado pela logística internacional, as ferramentas apresentadas acima são de suma importância para o desenvolvimento de um trabalho sempre voltado para o alcance do atingimento máximo do mais alto nível de excelência nas atividades de coletas, movimentações, entregas de cargas, bem como apresentação de relatórios sempre em consonância com a aceleração dos processos de produção da indústria em seus mais variados setores. 2.3 Logística e Global Sourcing A rápida e constante aceleração nos processos de produção fez com que a logística internacional também se posicionasse de forma atualizada e em condições de acompanhar, sem falhas, todo o universo de desenvolvimento tecnológico, a partir dos anos 90, quando a internet passou a exercer predomínio nas formas de gestão, principalmente da comunicação. O processo operacional de transporte a nível internacional na logística requer uma condução das tarefas, em nível global, por isso a teoria de global sourcing vem se aplicando fortemente nas atividades logísticas em nível internacional. Segundo Razzolini (2013), a prática de global sourcing é uma visão mais abrangente do que a chamada administração da cadeia de suprimentos (Supply 9 Chain Management SCM), pois se trabalha com fornecedores/parceiros e clientes independente da sua localização geográfica no globo terrestre. O mesmo autor também enfatiza o valor de se desenvolverem ferramentas tecnológicas de apoio operacional, quando cita que “é necessário que práticas de pesquisas e desenvolvimento de novos produtos sejam feitas em conjunto, que a transmissão eletrônica de dados Electronic Date Interchange (EDI), seja uma ação constante e que se busque a logística de resposta rápida” Razzolini (2013). TEMA 3 – A LOGÍSTICA INTERNACIONAL E A TECNOLOGIA DOS SISTEMAS OPERACIONAIS (ERP´S) A comunicação entre pessoas do mesmo setor em uma empresa requer muita capacidade de organização dos dados para que os processos de trabalho sejam executados com a máxima qualidade e eficiência. Imaginemos então como deve ser a qualidade da informação entre pessoas de setores diferentes em uma empresa, e ainda em maior grau em empresas distintas, e ainda mais entre empresas de países diferentes. Naturalmente que essas formas de comunicação dependem totalmente de condições tecnológicasavançadas que permitam as trocas de dados, sempre no tempo correto, e com nível de segurança sólido e eficaz. Para auxílio de todas essas necessidades, a tecnologia apresenta os Sistemas de Informações Gerenciais, que, no âmbito internacional, são denominados de enterprise resources planning, os chamados planejamentos de recursos empresariais, os quais medeiam as questões apresentadas entre setores que dependem de determinada tarefa, produto ou serviço, e as obtêm com base em solicitações dirigidas a outros setores ou outras empresas. Nesse contexto, observa-se a importância da comunicação, porém baseada em dados computacionais, isto é, mediante o acompanhamento de ferramentas proporcionadas pela tecnologia da computação, que permite a máxima qualidade nos níveis de comunicação seja de que espécie forem, diga- se, por exemplo, dados técnicos fabris, procedimentos operacionais de determinado setor, e, é claro: troca de dados relativos a procedimentos operacionais logísticos a nível internacional. 10 Taylor (2005) afirma que, com exceção da entrega dos produtos propriamente dita, todas as funções da cadeia de suprimentos podem ser realizadas de maneira mais rápida, barata e precisa pela internet. 3.1 Integração dos Sistemas de Informações Gerenciais Cada empresa tem sua política de informações, e cada vez mais com critérios relativos a compartilhamento dos dados pertencentes a elas, inclusive dadas as questões de estratégias empresariais. Em várias empresas, os profissionais são submetidos a firmarem compromissos de manterem os dados apenas no convívio da empresa, e sem a possibilidade de transferi-los para quem quer que seja do meio externo, ou, quando isso se faz possível, sempre ocorre conforme as regras particulares de cada companhia. De forma mais abrangente em relação aos aspectos práticos da logística internacional, temos as ferramentas de comunicação dos Sistemas de Informações Gerenciais, disponibilizados para atenderem às programações de veículos de transporte, bem como às programações de produções em indústrias. Essas questões permitem a elaboração de estabelecimentos de rotas de coletas de cargas, disponibilidade de veículos com características necessárias para atendimento às especificações de cargas, e de acordo com as obrigações assumidas junto aos clientes, aqui fazendo referência às empresas prestadoras de serviço de transporte em nível internacional. 3.1.1 Interface de dados A troca de informações é sempre de importância vital para as operações de qualquer negócio, e na logística enfrenta questões relacionadas, por exemplo, às barreiras de idioma, cultura, política de estado, dentre outros que podem variar conforme os locais e características de onde a carga está, por onde passará, e até aonde deve chegar. Frente a todas essas particularidades do compartilhamento de informações, por meio do envio e recebimento de instruções de embarque, dados de carga, datas, previsões de embarques e desembarques etc., observa- se a necessidade de uma integração de Sistemas de Informações Gerenciais, que permita a máxima qualidade tanto nos envios quanto no recebimento das informações, que sempre ocorrem, desde a compra, até a entrega final da carga. 11 Taylor (2005) menciona que a internet conseguiu se transformar em um meio de comunicação imensamente aprimorado para a coordenação do trânsito de produtos. 3.1.2 Interface de dados Objetivamente, podemos afirmar que a interface de dados é a troca de informações via sistema, ou seja, um sistema gerenciador de dados, enviando e recebendo dados de outro, exemplo: • Empresa Exportadora localizada na China; • Empresa Importadora localizada no Brasil; • Agente de Cargas localizado na China; • Agente de Cargas localizado no Brasil. Todas essas empresas, de alguma forma, mantêm contatos durante um processo logístico internacional, mesmo que indiretamente, para definição das atividades relacionadas ao serviço de frete internacional, e demais procedimentos necessários para o trânsito internacional. 3.1.2.1 Interface de dados nas cargas do modal aeroviário Imagine que uma carga com uma mercadoria adquirida por uma empresa Brasileira está na Alemanha, e que a comunicação é dificultada pela barreira do idioma, além da distância geográfica. Nesse caso, as soluções passam pela comunicação eletrônica entre exportador, importador e atuantes no transporte internacional, os quais realizam a logística internacional propriamente dita, por meio da troca de documentos relativos às instruções de embarque no país de origem e trâmites internacionais aos quais a carga estará submetida. Nas cargas do modal aeroviário, o Brasil tem o Sistema Gerenciador Mantra (Manifesto de Trânsito), disponibilizado pelo Serpro (Serviço de Processamento de Dados do Governo Federal), no qual as empresas aéreas responsáveis pela entrada da carga no Brasil inserem os dados relativos à sua identificação, como Razão Social do importador, peso bruto da carga, quantidade de volumes, aeroporto de origem, data de embarque e aeroporto de descarga, com as respectivas datas. A seguir, há uma tela de visualização do referido sistema eletrônico (Mantra), o qual é acessado mediante cadastro prévio do usuário junto à Receita 12 Federal do Brasil, porém também é importante considerar que esse sistema tem previsão de ser descontinuado no ano de 2023, ainda sem data específica para esse procedimento. O acesso ao sistema é via internet, por meio do certificado digital de pessoa física, desde que habilitada junto à Receita Federal para o acesso. Figura 1 – Print de tela de acesso ao sistema Mantra Figura 2 – Tela de consulta a uma determinada carga Saiba mais Acesse o link a seguir, em que temos o mesmo print de tela do Sistema Mantra, porém com observações detalhadas: SERPRO. Disponível em: . Acesso em: 25 abr. 2023. Obs.: o acesso é permitido apenas por CPF previamente cadastrado na Receita Federal, com permissão de acesso. 13 O campo HAWB significa House Air Way-bill, que é o número do documento denominado Conhecimento de Embarque da Companhia Aérea que realizou o frete internacional e que identifica a carga durante todo o transporte internacional e também na alfândega brasileira onde ocorrerão os trâmites alfandegários para nacionalização da mercadoria transportada. A seguir, explicações dos campos do Sistema Mantra: Print acima: menciona data de consulta (9/11/2007, hora: 9:33). Print acima: Menciona data e local de embarque (MIA = sigla para o Aeroporto de Miami, VCP = sigla do Aerop. de Viracopos – estado de São Paulo). Print acima: informação do tipo de frete (forma de pagamento). Prep significa Prepaid (pré-pago). Coll significa Collect (a pagar). Print acima: Consignat significa consignatário, que é o importador. Vol significa o volume da carga. 1 é a quantidade, e o 117,000kg é o peso da carga, que obviamente variam conforme o tipo de carga. Print acima: URF significa Unidade da Receita Federal (por onde a carga entrou), que, neste caso da tela, foi 0917700 para o Aeroporto de Viracopos. INF informa a data da chegada da carga, com horário, quantidades de volumes, peso bruto, enquanto o Termo é um número de controle gerado pelo sistema para o Manifesto de Carga, já o RA significa Recinto Alfandegado, que é a parte do Terminal de Carga onde a carga está (neste caso, 8921101, que 14 pertente à empresa concessionária do Aeroporto de Viracopos, que é a Aeroportos Brasil Viracopos S.A). Print acima: EMB significa embalagem, e o código 09 corresponde à embalagem amarrada (há uma tabela de códigos de tipos de embalagem disponível no Sistema Siscomex, que é onde o Sistema Mantra está alocado tecnicamente). Saiba mais Siscomex – Sistema Integrado de ComércioExterior, desenvolvido pelo Serviço de Processamento de Dados do Governo Federal em 1997. Comporta todas as atividades de importação fiscalizadas pela Receita Federal nas alfândegas de entrada e saída (importação e exportação). As datas que aparecem na parte inferior da tela correspondem aos seguintes eventos: • Registrado: o terminal aeroportuário registra dados da caga no Mantra; • Encerrado: o terminal aeroportuário encerra o registro da carga; • Avalisado: a Cia Aérea avalisa as informações do registro; • Visado: o sistema aceita automaticamente as informações quando não há divergência de valores, pesos, e volumes, e se houver uma dessas divergências, um servidor público da Receita Federal no aeroporto local, irá regularizar a informação, e inserir a condição de “Visado”, e a partir deste ponto o importador tem autorização para dar sequência ao processo de nacionalização da importação aérea. A informação de avarias corresponde à condição em que a carga adentrou ao terminal aeroportuário de importação. As letras são códigos também disponíveis em tabela do Aeroporto local. Cada letra tem uma identificação de avarias, por exemplo: a = diferença e peso, c = amassado, g = refitado. Ao consultar as avarias pelo Sistema Mantra, o importador deve proceder às tratativas para acionar a seguradora conforme a extensão da avaria, ou dar prosseguimento ao despacho aduaneiro, conforme melhor lhe convier, tendo em 15 vista que as avarias podem ter ocorrido em qualquer momento da viagem internacional. Saiba mais Está na iminência de substituição do Sistema Gerenciador Mantra. A sistemática de operação das importações brasileiras está sendo atualizada pela Receita Federal em conjunto com o setor de Comércio Exterior do recentemente extinto Ministério da Economia, atualmente denominado Ministério da Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Dentre as atualizações, está a substituição do sistema Mantra pelo Sistema CCT (controle de carga e trânsito), que é um novo gerenciador de dados de carga disponibilizado também pelo Serpro (Serviço de Processamento de dados do Governo Federal), em conjunto com a Receita Federal, que tem previsão de entrar em operação no módulo produção, a partir de junho/2023. A seguir, print de tela de acesso do novo sistema que integra o Projeto NVI – Novo Modelo de Importação da Receita Federal, desenvolvido desde 2018, estando em implantações parciais em módulos. Figura 3 – Print de tela de acesso do novo sistema que integra o Projeto NVI Fonte: Portal Único Siscomex, [S.d.]. Obs.: o acesso é permitido somente por meio de certificado digital. 16 Especificamente sobre o CCT – Controle de Cargas e Trânsito, é importante considerar o dinamismo e a agilidade operacional que ele irá proporcionar ao fluxo logístico de cargas, tendo em vista a necessidade de inserção de dados sempre antecipados por parte da Companhia Aérea, o que facilita muito a operação de manuseio de cargas na alfândega. Saiba mais Até a elaboração desse conteúdo, o Novo Sistema CCT da Receita Federal ainda não havia sido implementado no modo produção (isto é, modo de uso), por isso disponibilizamos o link a seguir, no qual consta o conteúdo completo de utilização do novo sistema, o qual será acessado via internet, pelo Portal Único Siscomex. Link para o manual funcional do Sistema CCT: PORTAL ÚNICO SISCOMEX. Manual CCT Importação Modal Aéreo. Siscomex, [S.d.]. Disponível em: . Acesso em: 25 abr. 3034. Saiba mais Todas as funcionalidades do novo Sistema de Controle de Cargas e Trânsito (CCT) serão disponibilizados neste material, tão logo a Receita Federal divulgue e disponha oficialmente sobre a data de entrada em funcionamento do mesmo (previsão junho/2023). 3.1.2.2 Interface de dados nas cargas do modal aquaviário marítimo Para a operacionalização das cargas do modal aquaviário marítimo, o transportador internacional (armador marítimo) é o responsável por inserir as informações relativas à identificação da carga internacional, no Sistema Siscomex Carga para que a carga seja identificada pelos órgãos fiscalizadores, em especial a Receita Federal, que é a responsável pela fiscalização alfandegária nas importações e exportações. Saiba mais RECEITA FEDERAL. Aduana e Comércio Exterior. Disponível em: . Acesso em: 25 abr. 2024. 17 Nas cargas de importações brasileiras, o transportador internacional (armador marítimo), por meio de parceria comercial com empresas denominadas Agências Marítimas, realiza então as inserções dos dados no sistema eletrônico acima descrito, para que o importador brasileiro possa ter acesso aos dados da carga, como: data de embarque e desembarque, porto de origem e destino, identificação do exportador e importador, além de identificação da carga com dados específicos, como peso bruto, quantidade e tipo de volumes, metragem cúbica da carga, e informações adicionais, que podem variar conforme o tipo de carga, além dos valores de composição do frete internacional, e data de emissão, a qual deverá coincidir com a data de saída do navio no porto de embarque no destino. Nas cargas de exportações brasileiras, o transportador internacional (armador marítimo), por meio das empresas denominadas Agências Marítimas, realiza as inserções dos dados no sistema eletrônico acima descrito, relativos aos dados de embarque em porto brasileiro, com a responsabilidade de lançar a comprovação do embarque da carga, e saída do navio tão logo esta ocorra no porto de origem no Brasil, para que a carga possa ser manifestada na condição de Carga Completamente Exportada no referido sistema. 3.1.2.3 Interface de dados nas cargas do modal terrestre rodoviário Tal qual ocorre nos modais anteriores, as cargas transportadas no modal terrestre rodoviário, nas importações, quanto nas exportações brasileiras, devem ser informadas em sistema gerenciador de dados da Receita Federal, para que seja possível a realização do processo de fiscalização aduaneira. O Sistema Informatizado utilizado para o controle e fiscalização do trânsito aduaneiro no modal terrestre rodoviário, é o Siscomex Trânsito (print a seguir). 18 Figura 4 – Print de página do Trânsito Aduaneiro da Siscomex Fonte: Portal Siscomex, [S.d.b.]. Obs.: o acesso é permitido somente por meio de certificado digital A tela acima apresenta a configuração inicial do Sistema Siscomex Trânsito para utilizações de funcionalidades relacionadas às inserções de dados por parte das transportadoras rodoviárias habilitadas a operarem o Sistema, conforme disposto na legislação específica, Instrução Normativa da Receita Federal n. 248/2002. A referida legislação apresenta as orientações tanto para importadores e exportadores adequarem suas práticas relativas ao transporte de suas cargas pelo modal terrestre rodoviário, e principalmente dita as regras para adequações e providências operacionais que devem ser executadas por empresas prestadoras de serviços de transporte, que devem realizar o transporte de cargas que cheguem ao país por meio das importações, ou deles saiam, por meio das exportações. É importante também enfatizarmos que as cargas originárias do Mercosul nas importações brasileiras são as mais comuns no modal terrestre rodoviário, como também as exportadas pelo Brasil para países limítrofes, membros do citado mercado comum. 3.2 Documento de Trânsito Aduaneiro – DTA O Sistema Informatizado Siscomex Trânsito (tela apresentada anteriormente) recebe as informações por parte da empresa responsável pelo transporte da carga internacional e gera o documento eletrônico denominado 19 Documento de Trânsito Aduaneiro, no qual a carga permanece sob a guardada Receita Federal, desde o início até o final do percurso, a saber: 3.2.1 Cargas de importação As cargas de importação originárias do Mercosul, ao adentrarem ao território nacional, estarão submetidas (assim como qualquer outra vinda do exterior por outro modal) ao processo de despacho aduaneiro, previsto na Instrução Normativa da Receita Federal n. 680/2006 (Brasil, 2006). O importador brasileiro terá duas opções para processar o despacho aduaneiro, podendo optar por efetuar o desembaraço aduaneiro (processo aduaneiro previsto na legislação acima descrita), na alfândega de fronteira por onde a carga adentrou ao Brasil, ponto denominado Zona Alfandegária Primária, ou remeter a carga para um porto seco, que é uma unidade da Receita Federal, disposta em diversas cidades, denominada de Zona Alfandegária Secundária. Se optar pela segunda alternativa, obrigatoriamente a carga será submetida ao procedimento de Trânsito Aduaneiro, no qual a alfândega de fronteira inspeciona a carga apenas parcialmente, e concede ao importador, o direito de transferir para a Zona Alfandegária Secundária (porto seco), o processo de fiscalização para cumprimento das imposições legais de despacho aduaneiro, previstas nas legislações federais Instrução Normativa da Receita Federal n. 680/2006, e Decreto n. 6.759/2009. Durante o percurso de trânsito rodoviário, desde a fronteira terrestre até a localização da alfândega de Zona Alfandegária Secundária (porto seco), escolhida pelo importador, a carga não poderá ser manuseada (salvo exceções previstas na legislação supracitada, por exemplo, acidente de trânsito e outras razões que justifiquem a abertura da carga). Ao sair da fronteira terrestre de Zona Alfandegária Primária da Receita Federal, a carga é submetida ao procedimento de Início de Trânsito, previsto pelo art. 35 da Instrução Normativa da Receita Federal n. 248/2002 (Brasil, 2002), e, ao chegar ao Recinto Aduaneiro de Zona Alfandegária Secundária (porto seco), será submetida ao procedimento de fiscalização para a etapa de conclusão do trânsito aduaneiro, previsto entre os arts. 41 e 53 da mesma legislação (Brasil, 2002). Tendo sido finalizado o trânsito aduaneiro, iniciar-se-á o procedimento de nacionalização da importação, quando então se inicia o procedimento de 20 Despacho Aduaneiro de responsabilidade do importador, conforme previsto na federais Instrução Normativa da Receita Federal n. 680/2006. 3.2.2 Cargas de exportação Nas cargas de exportação, a empresa exportadora terá duas opções de submissão à fiscalização do trânsito aduaneiro: Entrega a carga para a transportadora habilitada a realizar o trânsito aduaneiro, para que conduza a carga até o porto seco (Zona Alfandegária Secundária), para iniciar o trânsito aduaneiro conforme previsto na Instrução Normativa da Receita Federal n. 248/2002, com posterior conclusão de trânsito em Zona Alfandegária Primária da Receita Federal na fronteira internacional. Nesta modalidade, a carga sairá da empresa, sendo conduzida até o porto seco para início do trânsito aduaneiro e despacho aduaneiro de exportação previsto na Instrução Normativa da Receita Federal n. 1.702/20017, não podendo ser manuseada a partir deste momento até ser apresentada pela transportadora rodoviária à alfândega de fronteira, onde ocorrerá a conclusão do trânsito aduaneiro para a posterior transposição de fronteira e, portanto, final do procedimento de exportação. Saiba mais Seguem links para acesso às legislações citadas neste tópico. 1. IN/RFB 248/2002 (trânsito aduaneiro) BRASIL. Secretaria da Receita Federal. Instrução Normativa SRF n. 248, de 25 de novembro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 27 nov. 2002. Disponível em: . Acesso em: 25 abr. 2023. 2. IN/RFB 680/2006 (despacho aduaneiro de importação) BRASIL. Secretaria da Receita Federal. Instrução Normativa SRF n. 680, de 2 de outubro de 2006. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 out. 2006. Disponível em: . Acesso em: 25 abr. 2023. 3. IN/RFB 1702/2017 (despacho aduaneiro de exportação) 21 BRASIL. Secretaria da Receita Federal. Instrução Normativa RFB n. 1702, de 21 de março de 2017. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 23 mar. 2017. Disponível em: . Acesso em: 25 abr. 2023. 3.3 Interface de dados entre Sistemas Informatizados Várias empresas optam por adquirir sistemas informatizados que executem os gerenciamentos de seus dados e que transfiram para o Sistema Siscomex da Receita Federal, os dados relativos às suas importações e exportações, o que propicia uma dinâmica de procedimentos agilizando a gestão de comércio exterior, no que se refere a cumprimento das determinações legais, desde que sejam cumpridas todas as etapas e processos, amplamente expostos nas legislações aduaneiras. TEMA 4 – VALOR ESTRATÉGICO DAS ATIVIDADES DE LOGÍSTICA INTERNACIONAL Ao contrário do que boa parte dos membros de diretorias de pequenas, médias e grandes empresas entendem, a logística tem importante papel estratégico nas companhias, o qual pode ser definido como diferencial competitivo, uma vez que os atuantes dessa área contemplam oportunidades de negociações de compra ou venda de serviços logísticos que proporcionam lucros e vantagens financeiras em execuções de projetos de trabalho. Durante muito tempo, a logística permaneceu como atividade subsidiária das áreas de marketing (distribuição/expedição) e de produção (suprimentos). Entretanto, atualmente essa atividade se apresenta como estratégica para as empresas, em quaisquer dessas vertentes, pois é a responsável pela entrega de produtos aos clientes, agregando valor a esses bens. (Robles; Nobre, 2016) A organização de procedimentos operacionais do setor de logística a favor da companhia podem definir parâmetros de execução de tarefas como as expostas a seguir. 22 4.1 Estratégias para definição de parâmetros de comparação de valores de fretes Na ocasião em que houver necessidade de contratação de frete internacional, o Departamento de Logística Internacional elabora formatos de comparação de preços/custos desse serviço, a saber: 1. Cotações: tomadas de preços para avaliar a melhor oferta; 2. Budgets: definir limites para contratação dos serviços logísticos; 3. Bids: oferta de compra – Licitação para aquisição de serviço. As oportunidades que a logística traz à empresa precisam ser aproveitadas ao máximo, pois a concorrência estará sempre observando o que se sucede entre as operações de projetos de trabalho que envolvem serviços inerentes aos propósitos dos concorrentes ou, em outras palavras, a prática profissional em uma companhia não é observada apenas no local de execução dos projetos de trabalho, mas também pelo meio externo, a saber a concorrência. Por essa razão, faz-se necessária uma avaliação dos custos operacionais da logística, pois é evidente que a contratação de serviços gera dispêndios financeiros, que dependem de gerenciamento preventivo, surgindo então a demanda pelo serviço, que é o tempo que a companhia tem para angariar informações inerentes ao todo do projeto. A partir deste momento, observa-se, por exemplo, a oportunidade de definir o budget para a aquisição do serviço, estipulando um limite de gastos, investimentos em relação a determinado serviço logístico, seja por meio de financiamento bancário, seja financiamento da própria empresa, seja de terceiros sediados no exterior. Independentemente da origem do recurso, é necessário definir o budget, justamente para se ter um horizonte de aondese pode chegar em termos financeiros. Esse procedimento concede à empresa informações capazes de orientar o corpo diretivo na definição de metas e objetivos, pois a previsão financeira para a execução de determinado projeto de trabalho é fator-chave para que a logística contribua positivamente, mesmo gerando custos, pois, quando se programam os valores necessários para as práticas logísticas, surge a possibilidade de demonstração de diferenciais competitivos, considerando que, quanto mais planejamento, organização e ações da logística, maior será o êxito e, 23 consequentemente, maior a obtenção de vantagens competitivas para formação de preço de venda com menor impacto de serviços advindos dos custos logísticos. Por exemplo: os custos altos de fretes internacionais, que, mesmo ligados às variações cambiais, são possíveis de serem previstos quando há a gestão desses serviços e seus custos, mediante a prática de cotações/orçamentos com os fornecedores, para que se obtenha razoável retorno qualitativo sobre todas as etapas de pagamentos aos serviços, uma vez que estas foram pré- organizadas já nas cotações ou orçamentos, e para que o fluxo de caixa da companhia esteja ciente da efetiva necessidade de saída/desembolso financeiro para quitação dos compromissos. Essa organização sistêmica preocupada com a situação financeira gera à empresa confiança no Departamento de Logística para que essa ferramenta se torne um diferencial competitivo para a companhia em suas várias frentes de negócio, mas, principalmente, considerando a organização antecipada de programações para o cumprimento dos compromissos. Há, porém, outra forma de utilizar a logística como diferencial competitivo, que é por meio da venda de serviços logísticos, na medida em que a companhia atua exatamente com a propagação e a execução de serviços logísticos, sendo eles, desde transporte até armazenagem, estocagem, crossdocking, entre outros intermediários de apoio às práticas logísticas. A configuração de escopos de serviços na Organização que realiza a venda de serviços logísticos passa pela necessidade de entender que essas empresas são as responsáveis pela oportunidade de praticar tarefas logísticas, mediante a concepção de que são promotoras de diferenciais competitivos. Essas estratégias de vendas de serviços permitem a realização de prospecções de vantajosas ações de trabalho, tanto para a empresa promotora da venda do serviço logístico, seja agente de cargas ou transportador, quanto estendem as vantagens predefinidas em favor de seus clientes, os adquirentes de seus serviços logísticos. Essa explanação é evidente, ao mesmo tempo que revela a condição de geração de custos pela Logística, também apresenta a programação de vendas de serviços logísticos baseada em opções razoáveis de execução de serviço. 24 Exemplo: a venda de um serviço de frete internacional precisa ser realizada mediante a observação da prática dos valores desse serviço pelo mercado de venda de frete internacional, ou seja, por mais que a aquisição desse frete tenha gerado um custo ao agente vendedor, é necessário que o valor de venda seja fundamentado tanto na possibilidade de aferição de lucro quanto esse lucro esteja numa escala de valores que não ultrapasse a prática convencional do mercado. Caso seja necessário ultrapassar, que seja feito de forma transparente com o cliente, gerando confiança e tornando a logística um diferencial competitivo sólido e pensado a longo prazo. Isso potencializa que adquirente do serviço volte a requisitá-lo ao fornecedor de forma sequencial. TEMA 5 – GESTÃO DOS CUSTOS LOGÍSTICOS Entre as várias funções da logística, uma exige profunda atenção e compreensão: o controle por meio da gestão dos custos logísticos. As empresas dos mais variados setores demandam cada vez mais um serviço melhor, e não estão dispostos a desembolsar nada por ele, o que significa constante melhora no nível de serviço sem custo adicional ou agregado. Se, por um lado, o preço é o elemento que qualifica a empresa a entrar ou mesmo manter-se no mercado; por outro, o nível de serviço diferencia a empresa com relação aos concorrentes. Assim, é possível dizer que a logística assume importante função na constante busca de mercado para seus produtos ou serviços, além, é claro, de agregar valor a eles. Entre várias formas com que a logística contribui para agregar valor aos bens e produtos de uma empresa, estão: • Maior redução no prazo de entrega; • Disponibilidade maior de produtos; • Melhor cumprimento no prazo de entrega; • Entrega com horário determinado • Facilidade de colocação de pedidos. É evidente que, quanto mais a empresa se aplica na diferenciação dos serviços prestados aos seus clientes, mais elevados serão seus custos, o que pode até levar a um estudo pormenorizado, a fim de verificar a viabilidade da operação. 25 Citação dos elementos dos custos logísticos Os custos logísticos são formados, basicamente, por quatro elementos: 1. Processamento de pedidos; 2. Armazenagem; 3. Estocagem; 4. Transportes. Dessa forma, fica mais prática a análise referencial sobre os custos logísticos para uma composição de formato para controle ou gestão. Assim, para fortalecer a compreensão, vejamos uma abordagem detalhada. 5.1 Custos com processamento de pedidos Dos quatro elementos que integram o sistema de custos logísticos, os apurados com o processamento de pedidos têm menor peso, porém sua inclusão se torna necessária porque, em muitos casos, traduz um feedback para a determinação do serviço prestado ao cliente: • Ressuprimento, que se refere às compras; • Venda, que corresponde aos pedidos dos clientes. Ao analisar os custos de processamento de pedidos, é preciso considerar o que normalmente se apura na maioria das empresas, conforme o quadro seguinte: Componente: % Processamento: 29 Recursos Humanos: 33 Materiais: 25 Outros: 13 Total: 100 5.2 Custos com armazenagem A crescente exigência do mercado com relação à disponibilidade, à variabilidade, à rapidez na entrega e à intolerância com relação a erros leva a empresa a manter um eficiente gerenciamento das atividades ligadas ao armazenamento, custos crescem na mesma proporção, tendo em vista as exigências também por parte dos clientes quanto ao serviço. A variação dos custos ocorre conforme o tipo de empresa, a saber: 26 5.2.1 Indústrias Estas foram forçadas a rever suas estratégias de armazenamento, buscando alternativas diante do aumento da quantidade de pedidos e da variabilidade dos itens com o objetivo de amenizar, racionalizar ou mesmo diminuir os custos com esse importante elemento da formação dos custos totais. 5.2.2 Empresas comerciais Os custos com armazenagem são expressivos também, tendo em vista os espaços disponíveis em stands de comercialização, que são disputados, e o próprio giro de estoque, mais veloz. 5.2.3 Custos com estocagem Esses tratam especificamente daqueles ligados aos materiais em si. As empresas vêm se mobilizando para diminuir ao máximo seus valores. Tais custos chegam, em alguns casos, a ser responsáveis por uma faixa entre 10% e 40% do custo total de um produto, segundo estudiosos do assunto. O custo de estocagem é sempre variável e crescente, na medida em que se aumenta o nível de estoques, chegando a um estágio que, quando elevado, pode inclusive prejudicar o capital de giro. Dessa forma, seu controle se faz necessário, e a busca constante por um excelente nível de serviço deve ser um objetivo a ser perseguido pela empresa. Elementos dos custos com estoques • Custos de oportunidade do capital parado; • Custos com impostos e seguros; • Custos com risco de manter estoques; • Custos com faltas; • Custos com transportes. Podemos considerar este o mais importante dos custos logísticos,pois a empresa pode tanto tê-los dentro de sua organização quanto terceirizar a movimentação dos produtos ou mercadorias para o cliente final. 27 Saiba mais Cabe ressaltar uma diferença entre produto e mercadoria: produto é aquele que a Indústria coloca finalmente para venda; mercadoria é o mesmo produto que chega para ser comercializado ao cliente final. Para efeito de ilustração, considere o transporte rodoviário de cargas, pois, segundo especialistas, essa modalidade detém e é responsável por: • Faturamento anual em torno de R$ 45 bilhões; • Movimentação de cerca de 2/3 do total de cargas do país; • Operação com mais de 350 mil transportadores autônomos, 12 mil empresas transportadoras e mais de 50 mil transportadoras de carga própria. Compreende-se com isso que o controle dos custos, para que seja gerenciado com eficácia, demanda uma profunda análise no todo do projeto logístico da empresa, de modo que se obtenha resultado positivo e efetivamente prático sob o ponto de vista tanto financeiro quanto econômico. Consideração importante É importante observarmos duas definições determinantes na gestão de processos, que são os custos fixos e custos variáveis. • Fixos: ocorrem independentemente da movimentação de um veículo. Exemplos: depreciação, remuneração do capital, salários e obrigações trabalhistas em relação aos motoristas e ajudantes eventuais; • Variáveis: variam de acordo com a distância percorrida. Exemplos: combustível, lubrificação, manutenção, pneus, cobertura de risco. 5.1 Parcerias estratégicas para auxílio na gestão de custos A parceria entre empresas permite em diversas ocasiões, uma eficiência de alto nível na condução dos negócios, tendo em vista a complementariedade que uma pode proporcionar à outra, principalmente considerando a amplitude das atividades desenvolvidas pela logística internacional. Para (Campos; Brasil, 2012), “há uma exigência de adaptação ao mercado mundial, em consonância com sua atual realidade, novas tecnologias e técnicas de gestão, busca constante pela otimização dos custos, e minimamente, a manutenção e competitividade no mercado” 28 TROCANDO IDEIAS A todo tempo é possível perceber, no cenário comercial e industrial, um crescente movimento de busca por serviços mais ágeis e menos onerosos, o que não é diferente na logística internacional, a qual, em função de suas atividades operacionais indispensáveis para a coordenação operacional de transportes e movimentações de cargas internacionais, manifesta valores monetários e estratégicos, revelando os impactos que essa atividade pode causar nas operações de pequenas, médias e grandes empresas em nível global. NA PRÁTICA Por que, ao conduzirmos negócios atrelados à logística internacional, é necessário atuarmos com a prática de elaboração de parâmetros de comparação de valores de fretes, como cotações, budgets e bids? FINALIZANDO A junção das estratégias praticadas pela logística internacional permite aos gestores de negócios estabelecer práticas operacionais relativas ao desenvolvimento de processos de movimentação de cargas, especialmente em nível internacional, cenário este permitido por conta das realizações de gerenciamento de dados e ganhos de agilidade por meio dos sistemas informatizados de gestão, os quais garantem praticidade na coordenação de transportes internacionais. A gestão dos custos nos processos logísticos contribui muito para o sucesso operacional entre empresas dos mais variados portes, sempre com acompanhamento dos sistemas informatizados de gestão, pois a evolução das ferramentas tecnológicas para controle de processos concede às empresas o benefício de obtenção de redução de prazos nas movimentações, o que acelera as etapas de coletas e entregas de cargas nos mais variados pontos. 29 REFERÊNCIAS BALLOU, R. H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 1995. BRASIL. Receita Federal. Instrução Normativa SRF n. 248, de 25 de novembro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 27 nov. 2002. CAMPOS, L. F. R.; BRASIL, C. V. M. Logística: teia de relações. Curitiba: InterSaberes, 2012. BRASIL. Secretaria da Receita Federal. Instrução Normativa SRF n. 680, de 2 de outubro de 2006. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 out. 2006. Disponível em: . Acesso em: 25 abr. 2023. BRASIL. Secretaria da Receita Federal. Instrução Normativa RFB n. 1702, de 21 de março de 2017. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 23 mar. 2017. Disponível em: . Acesso em: 25 abr. 2023. INDÚSTRIA 4.0: entenda seus conceitos e fundamentos. Portal da Indústria, S.d. Disponível em: . Acesso em: 25 abr. 2023. JEHNIFFER, J. O que é PIB? Definição, pra que serve, cálculos e tipos existentes. iSardinha, 17 nov. 2020.; Disponível em: . Acesso em: 25 abr. 2023. MINISTÉRIO DA INFRAESTRUTURA. Disponível em: . Acesso em: 25 abr. 2023. PORTAL ÚNICO SISCOMEX. Disponível em: . Acesso em: 25 abr. 2023. _____. Trânsito Aduaneiro. Disponível em: . Acesso em: 25 abr. 203. 30 RAZZOLINI, E. F.; BERTÉ, R. O reverso da logística e as questões ambientais no Brasil. Curitiba: InterSaberes, 2013. ROBLES, L. T.; NOBRE, M. Logística internacional – Uma abordagem para a integração de negócios. Curitiba: InterSaberes, 2016. TAYLOR, D. A. Logística na cadeia de suprimentos: uma perspectiva gerencial. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. 31 GABARITO Solução esperada Para solucionar essa questão, primeiramente necessitamos raciocinar sob o ponto de vista de quem “paga a conta”, que é o Departamento Financeiro, o que permite o raciocínio que nos faz imaginar situações surpresas, como receber uma fatura que não estava na programação de pagamentos para o mês. Por isso, a importante relevância da combinação dos três fatores, como as cotações dos serviços logísticos a serem contratados justamente para provisionamento financeiro de acordo com o que foi predefinido nas cotações e orçamentos, pois o Setor Financeiro se programará de acordo com as disponibilidades monetárias que lhe couber, porém sempre baseado nas informações recebidas do Departamento de Logística, que é o contratante/adquirente do serviço terceiro de logística. Em relação aos budgets, é importante frisar que o Departamento Financeiro e a Alta Direção normalmente são os que definem a composição dessa ferramenta de auxílio à administração, pois os departamentos da empresa terão um leque de opções em termos de valores por períodos preestabelecidos, os quais a nortearão em relação às aquisições de serviços, ou produtos e mercadorias que cada departamento tenderá a praticar. O setor de logística, ao receber seu budget para o período previamente definido, deverá se programar para executar as compras e as aquisições de seus serviços mediante cotações, de forma que sejam atendidos os valores preestabelecidos no budget pela Diretoria, com o Departamento Financeiro. A formação dos BIDs supre a necessidade de se buscar o melhor preço para a prática de determinado serviço, considerando que, se há um budget a ser seguido, a composição dos BID´s (variam na sua duração em termos de tempo, mas na Logística, nunca ultrapassam 2 anos de extensão, ou seja, é um período já conhecido no meio denegócios da logística internacional) definindo parâmetros, como qualidade do serviço esperado na contração, valores, formas de pagamento, entre outros.