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Injúria Renal Aguda medicina de emergência usp aula medcurso DEFINIÇÕES KDIGO CRITÉRIOS Elevação absoluta na creatinina 0,3 mg/dL dentro de 48 horas; ou Aumento relativo 1,5x a creatinina basal sabida ou presumidamente ocorrida na última semana; ou Redução no débito urinário 0,5 mL/kg/hora por um período maior que 6 horas. CLASSIFICAÇÃO *Existem novos biomarcadores que podem se alterar antes da Cr e do débito urinário; ainda são necessários estudos ETIOLOGIAS E FISIOPATOLOGIA PRÉ RENAL 55% Injúria Renal Aguda 1 Fisiopatologia: Função tubular preservada - aumenta reabsorção de água e sódio para restaurar a volemia Urina com baixo conteúdo de sódio e água FENa reduzida Aumento de osmolaridade e densidade urinária Aumento de reasborção passiva de ureia (junto com Na no túbulo proximal) FEUr reduzida Aumento desproporcional da ureia em relação à creatinina (ur/cr 40 Imagem Hipoperfusão renal ou LRA pré-renal principal causa Injúria Renal Aguda 2 causas: hipovolemia, vasodilatação sistêmica, aumento de resistência vascular mecanismo: ativação de SRAA se persistente, pode causar necrose tubular aguda Sepse mecanismo: vasodilatação → ativação de SRAA e vasoconstrição renal também há mecanismo de inflamação que gera dano tubular Síndrome cardiorrenal #Síndrome Cardiorrenal Síndrome hepatorrenal IRA em hepatopatas Cirurgia de grande porte por perda sanguínea, para 3º espaço efeito de anestésicos Cirurgia cardíaca Hipertensão intra-abdominal diminuição de perfusão renal INTRÍNSECA 40% VASOS GRANDES VASOS estenose de a. renal e trombose de veia renal MICROVASCULARES microangiopatias trombóticas MAT síndrome hemolítico-urêmica SHU típica faz parte do grupo das microangiopatias trombóticas MAT mais frequente em crianças 5 anos Injúria Renal Aguda 3 https://www.notion.so/S-ndrome-Cardiorrenal-46abcafb03144a5d92b2a0b34f202a5f?pvs=21 https://www.notion.so/IRA-em-hepatopatas-297baae64d2a41688a3fe6141b9b7985?pvs=21 a lesão endotelial de vasos de pequeno calibre através da oclusão total ou parcial do lúmen do vaso por agregados de plaquetas Etiologia: Escherichia coli, produtora de toxina Shiga (sorotipo O 157H7 Clínica: plaquetopenia + anemia normocítica com provas de hemólise positivas (aumento de DHL, aumento de bilirrubina indireta, aumento de reticulócitos, consumo de haptoglobina e presença de esquizócitos em sangue periférico) + lesão renal aguda ocorrem após quadro de diarreia sanguinolenta tratamento de suporte embolia por colesterol. por ruptura de placa a aterosclerótica de colesterol em geral após CATE ou cirurgia vascular ou após início de anticoagulação clínica disfunção renal progressiva sintomas sistêmicos embólicos, aumento de provas inflamatórias consumo de complemento e eosinofilia tríade clássica: livedo reticular, eosinofilia e lesão renal aguda tratamento de suporte. GLOMÉRULO Patognomônicos de lesão glomerular Hematúria de origem glomerular: caracterizada pela presença de dismorfismo eritrocitário, cilindros hemáticos ou acantócitos no exame de urina Proteinúria em níveis nefróticos: 3,5g/dia em adultos ou 50mg/kg/dia em crianças Injúria Renal Aguda 4 Glomerulonefrite rapidamente progressiva resposta autoimune pode ser primária ou secundária usualmente associada a glomerulonefrites crescênticas - profileração extracapilar em 70% dos glomérulos Causas pauci-imunes - por vasculite de pequenos vasos 5080% 6º década de vida pode ser limitada ao rim GNRP idiopática) ou associada a doença sistêmica (granulomatose com poliangeíte, doença de Churg-Strauss ou poliangeite microscópica) 90% possui ANCA positivo tratamento com pulsoterapia com metilprednisolona 0,5 a 1,0 g/dia por 3 dias e depois prednisona 60 a 80 mg/dia e ciclofosfamida 2 mg/kg de peso via oral ou em pulsos mensais de 0,5 a 1,0 g. Síndrome nefrótica Sindrome nefrítica TÚBULOINTERSTICIAL Necrose tubular aguda NTA causada por uma lesão prolongada das células tubulares, que leva à necrose dessas células túbulos renais sem capacidade reabsortiva - excreções de solutos elevadas e urina diluída FORMA NÃO OLIGÚRICA imagem - fisiopatologia Injúria Renal Aguda 5 ETIOLOGIA isquemia renal: hipoperfusão prolongada (como sepse, choque e desidratação), anemia severa, hipotensão prolongada, estresse cirúrgico com uso de CEC ou clampeamento de vasos pode ter 2 formas: necrose cortical e necrose de papilar renal Necrose cortical: forma grave de lesão isquêmica microvascular (destruição parcial ou total do córtex renal) anúria, hematúria, dor lombar e hipotensão imagem com hipocaptação de contraste na camada cortical etiologia: choque séptico, síndrome hemolítico- urêmica, complicações obstétricas, coagulação intravascular disseminada, picadas de animais peçonhentos, rejeição de enxerto renal, pancreatite, poliarterite nodosa e dissecção da aorta. Necrose de papila renal Injúria Renal Aguda 6 injúrias isquêmicas ao tecido renal na região da medula renal hematúria macroscópica indolor, porém pode estar associada à ocorrência de dor lombar em cólica, hematúria microscópica, sintomas de infecção urinária e lesão renal aguda imagem pielografia excretora =padrão ouro; falta de enchimento das pirâmides renais garra de lagosta calcificação da região medular hidronefrose sem fator obstrutivo Etiologias: anemia falciforme, nefropatia por analgésicos, uso de anti-inflamatórios, vasculites, diabetes mellitus, amiloidose, pielonefrite aguda, pós-transplante renal, tuberculose renal, uso de álcool e doença hepática crônica nefrotoxicidade: agentes exógenos (medicamentos e uso de contrastes) ou endógenos (como a mioglobina na rabdomiólise) Medicamentos Rabdomiólise após trauma, overdose de narcóticos, embolia arterial ou uso de medicamentos que podem induzir grande lesão muscular obstrução tubular por cilindros de mioglobina Síndrome de Lise Tumoral obstrução tubular por cristais de ácido úrico e fosfato de cálcio Nefropatia associada a contraste aumento de Cr e Ur 2448h após exame com contraste; pico em 5º dia Injúria Renal Aguda 7 mecanismo: vasoconstricção renal + hipóxia tecidual + toxicidade direta do contraste maioria é não oligúrica recomendações com pouca evidência: reposição salina isotônica 0,9% 1 mL/kg/h 12 horas antes do procedimento e 12 horas após o procedimento) associada ou não à acetilcisteína 600 mg de 12/12 h) 24 horas antes do procedimento e 24 horas após o procedimento Acetilcisteína não tem indicação (estratégia) Nefrite intersticial aguda NIA reação imune causando processo inflamatório renal clássico: erupção cutânea (maculopapular), artralgia e eosinofilia 510% mais frequente associada a derivados de penicilina costumam apresentar febre mais comum o aumento progressivo de escórias nitrogenadas e creatinina EAS achados dependem de causa proteinúria de baixo grau esterase leucocitária leucócitos ausentes em até 50% de NIA causada por fármacos que não meticilina proteinúria 1g; exceto em AINE nefrótica hematúria microscópica 50% USG rins normais ou discretamente aumentados cintilografia com hipocaptação Diagnóstico suspeitado em pcts com aumento de Cr e EAS com leucócitos, principalmente se eosinofilúria Diagnóstico definitivo: biópsia Injúria Renal Aguda 8 Tratamento de causa base Se drogas: descontinuação da medicação Se sem melhora após 35 dias, iniciar corticoide por 46 semanas; 1mg/kg com máximo de 4060mg de prednisona ⇒ Leptospirose vasculite infecciosa : fase inicial com sintomas inespecíficos fase imune: desidratação, fenômenos hemorrágicos, uveíte, meningite, hemorragia alveolar, LRA e hiperbilirrubinemia tem LRA com NTA e NIA tipicamente poliúrica e hipocalêmica tratamento da LRA com hidratação vigorosa se houver hemorragia pulmonar associada à LRA, é indicada hemodiálise diária e precoce PÓS RENAL 5% LRA pós renal obstrução extrarrenal- hipertrofia da próstata, fibrose retroperitoneal obstrução intrarrenal - nefrolitíase, coágulos sanguíneos Clínica Dor lombar decorrente da distensão do sistema coletor. Redução acentuada do débito urinário. Bexigoma. Urina I hematúria sem dismorfismo eritrocitário + proteinúria tubular (em torno de 1g). Fase de recuperação pode estar associada à poliúria Injúria Renal Aguda 9 ACHADOS CLÍNICOS E AVALIAÇÃO INICIAL MANIFESTAÇÕES são tardias Uremia: náuseas, vômitos, sangramento do TGI, tamponamento pericárdico, dispneia, hipertensão e alterações neurológicas. retenção de escórias nitrogenadas = azotemia manifestação clínica = uremia Cardiovasculares: hipertensão, congestão pulmonar, edema periférico, arritmias, hipotensão e tamponamento. Respiratórios: taquipneia e hiperventilação por acidose. Neurológicos: confusão, sonolência, convulsão e coma devido à uremia. Gastrointestinais: vômitos, HDA e soluços. Débito urinário: oligúria 400 mL/24h) ou anúria 100 mL/24h). Anúria sugere obstrução bilateral Avaliar história clínica, exame físico Fatores de risco doença renal crônica insuficiência cardíaca cirrose hepática doença pulmonar crônica diabetes doenças autoimunes como LES. Injúria Renal Aguda 10 EXAMES COMPLEMENTARES EAS se proteinúria → relação proteína/creatinina ou proteinúria de 24 horas se 2g/24h a origem glomerular é mais provável sangue ausência de hemácias → nefropatia por pimento - mioglobina ou hemoglobina cilindros granulosos - frequentemente associados a NTA céreos - lesão tubular avançada Injúria Renal Aguda 11 leucocitários NIA SÓDIO URINÁRIO FRAÇÃO EXCRETÓRIA DE SÓDIO FENa) 1% LRA pré renal 2% NTA Falsas elevações DRC e duréticos Falsas reduções IC, síndrome hepatorrenal, grande queimado, sepse, rabdomiólise, nefropatia por contraste Injúria Renal Aguda 12 FRAÇÃO EXCRETÓRIA DE UREIA FEUr) não afetado por diuréticos 35% LRA pré renal CREATININA E UREIA SÉRICA Ur/Cr 40 é sugestiva de LRA pré renal Valores de ureia, alterados por: Nutrição, sangramento de TGI, corticoide (aumenta Ur), hepatopatia (reduz ur) Valores de creatinina, alterados por: Massa muscular, idade, raça, gênero Injúria Renal Aguda 13 EXAMES DE IMAGEM em todos os pacientes com lesão subaguda e naqueles com aumento da creatinina sérica de duração incerta. USG renal doppler é útil Se litíase TC sem contraste INVESTIGAÇÃO DE ETIOLOGIA Injúria Renal Aguda 14 Injúria Renal Aguda 15 Injúria Renal Aguda 16 MANEJO Identificar e corrigir fatores reversíveis da LRA hipovolemia, hipotensão, baixo débito cardíaco, sepse, obstrução, hipertensão intra- abdominal e drogas nefrotóxicas. Principais agentes nefrotóxicos a evitar: contraste iodado, AINEs, aminoglicosídeos, anfotericina e vancomicina. a Na LRA pré-renal, evitar diuréticos, iECA e BRA. Injúria Renal Aguda 17 Dieta: hipossódica, baixo potássio. Proteínas: 0,81 g/kg (não dialíticos) e 11,5 g/kg (dialíticos). Ajustar dose de medicamentos conforme função renal. OTIMIZAÇÃO VOLÊMICA E HEMODINÂMICA REPOSIÇÃO VOLÊMICA frequentemente avaliado por meio da sistematização de erro e tentativa manejo depende da apresentação causal LRA pré renal: fluidos melhoram perfusão e função renal NTA isquêmica: fluido para evitar lesão renal secundária IC grave ou disfunção diastólica: expansão volêmica adicional é potencialmente danosa TIPO DE SOLUÇÃO recomendam o uso de cristaloides isotônicos DROGAS VASOPRESSORAS evidências discordantes sobre efeitos em perfusão renal Injúria Renal Aguda 18 DIURÉTICOS DE ALÇA pode ser justificado em pacientes hipervolêmicos Em pacientes sem tratamento prévio com diurético, começamos com 80 mg de furosemida intravenosa IV ou equivalente e avaliamos a resposta com tratamento prévio: uma dose que seja pelo menos o dobro da dose anterior se sem aumento definitivo no débito urinário dentro de duas horas → dobrar a dose (máximo 200mg em dose única) pode ser adicionado tiazídico se falha: considerar necessidade de diálise para controle de volemia CORREÇÃO DE DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ACIDOBÁSICOS HIPERCALEMIA causas de LRA com potássio baixo = leptospirose, anfotericina B e aminoglicosídeos, cisplatina HIPOCALCEMIA HIPONATREMIA HIPERFOSFATEMIA sugere tratamento quando 6 ACIDOSE METABÓLICA distúrbio mais comum TERAPIA DE SUBSTITUIÇÃO RENAL Injúria Renal Aguda 19 MÉTODOS DE HEMODIÁLISE NA LRA CLÁSSICA sessão curta usado em DHE ameaçadores ESTENDIDA indicada em caso de balanço hídrico acumulado CONTÍNUA por 24 horas lenta Injúria Renal Aguda 20 indicado se disnatremias graves, instabilidade hemodinâmica e risco de HIC ACESSO VENOSO PARA HEMODIÁLISE ORDEM DE PREFERÊNCIA Veia jugular interna direita: via preferencial pelo melhor trajeto até veia cava superior. Veias femorais: trajeto retilíneo, porém mais longo. São a segunda opção. Veia jugular interna esquerda: anatomia desfavorável com caminho tortuoso até a veia cava superior. Veia subclávia do lado dominante: deve ser evitada ao máximo pelo risco de complicações vasculares no futuro. Mecanismos de nefrotoxicidade AINE vasoconstrição de aferente IECA/BRA vasodilatação da eferente lesão inicial; mas com efeito nefroprotetor efeito de hipercalemia iSGLT2 vasconstrição de aferente (por bloqueio da absorção de sódio e glicose no túbulo contorcido proximal) Aminoglicosídeos: lesão tubular direta Injúria Renal Aguda 21 LRA com poliúria, perda renal de eletrólitos, hipocalemia e hipomagnesia Anfotericina B nefrotoxicidade renal direta poliúria, hipocalemia e hipomagnesia pode ter acidose metabólica Injúria Renal Aguda 22