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- DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA É aquela que se caracteriza pela existência de um testamento válido e eficaz. Decorre de expressa manifestação de última vontade, está será limitada pelos direitos dos herdeiros necessários, ou seja, pela legítima, tendo eficácia após a morte do testador. Pode ser feito através de testamento ou codicilo. O art. 1.801 CC disciplina os que não podem ser nomeados herdeiros nem legatários. TESTAMENTO: Ato de disposição de última vontade com eficácia pós morte, solene, escrito e com conteúdo patrimonial e/ou não patrimonial (reconhecimento de um filho, perdoar indigno ou deserdado, nomear tutor, testamenteiro, imposição de cláusulas restritivas). CODICILO: Ato de disposição de última vontade com eficácia pós morte. Dispor bens de pequeno valor (normalmente até 10% do acervo hereditário). Pode ter conteúdo não patrimonial. O codicilo pode ser revogado por outro codicilo ou por testamento posterior. Testamento revoga codicilo, mas codicilo não revoga testamento. NATUREZA JURÍDICA DO TESTAMENTO: negócio jurídico unilateral porque o autor da herança tem autonomia de vontade (liberdade na hora de dispor), com efeito mortis causa. CARACTERÍSTICAS DO TESTAMENTO: • Ato personalíssimo: só o próprio pode fazer o seu testamento, não se admite que o testador seja representado ou assistido, também não cabe outorga de poderes para que outra pessoa redija o testamento. O que se admite é que alguém escreva a rogo; • Ato intuito personae: somente a pessoa designada no testamento pode suceder, não cabendo direito de representação; • Ato de eficácia pós morte: o testamento só tem eficácia quando a pessoa falece, não importa com que idade a pessoa tenha feito o testamento e com que idade venha a falecer, é sempre ato de disposição de última vontade; • Ato solene e formal: é necessário cumprir todas as formalidades exigidas pela lei, sob pena de nulidade. Deve ser escrito, exceção testamento nuncupativo, que é oral, só admitido como sub espécie do testamento militar; • Ato gratuito: não há contraprestação, o testador não recebe nada. Imposição de encargo ao beneficiário não lhe retira esta característica; • Ato revogável: em qualquer momento antes do óbito, o testador pode fazer outro testamento revogando o anterior. É nula a cláusula em que se renuncia ao direito de revogar testamento, é considerado cláusula não escrita. O testador pode revogar total ou parcialmente o testamento quantas vezes quiser. Só é irrevogável, se por ventura o testador houver reconhecido filho fora do matrimônio, somente nesta parte. - CAPACIDADE PARA TESTAR Há uma capacidade especial para testar, pois é permitido ao maior de 16 (dezesseis) anos testar sem a necessidade de estar assistido, o que difere de todos os outros atos da vida civil nos quais necessita estar assistido. Somente as pessoas capazes podem testar (aqueles que puderem exprimir sua vontade) A incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento e nem o testamento do incapaz se torna válido com a capacidade. - FORMAS DE TESTAR - ORDINÁRIO • Testamento Público: De acordo com as declarações do testador, na presença de duas testemunhas, o tabelião irá lavrá-lo em seu livro de notas. As formalidades exigidas para este testamento o tornam mais seguro, pois não será extraviado, porém o conteúdo do mesmo é público, o que é uma desvantagem. Os requisitos essenciais para este testamento estão elencados no art. 1.864 CC. O art. 1.867 CC disciplina que ao cego e ao analfabeto só é permitido o testamento público; • Testamento Cerrado: Também chamado de secreto, místico ou carta sigilar. É escrito pelo próprio testador ou a seu rogo. O testador entregará o testamento o oficial do cartório de notas, este não lerá o testamento, somente verificará se é um testamento, lavrará o auto de aprovação (autenticação) e depois irá lacrar e o entregará desta forma ao testador na presença e duas testemunhas; • Testamento Particular: Também chamado de hológrafo. Será redigido pelo próprio testador na presença de três testemunhas, devendo o mesmo ser assinado pelo testador e pelas testemunhas. O próprio testador é quem irá guardar o testamento. - ESPECIAL • Testamento Marítimo e Aeronáutico: só podem ser utilizados em situações emergenciais. Estando a pessoa em viagem, seja em navio ou aeronave. Pode se revestir na forma de público ou cerrado • Testamento Militar: Militares ou pessoas a serviço das forças armadas que estejam em praça sitiada, ou seja, sem comunicação # Testamento Nuncupativo: é uma sub espécie do testamento militar, porem com uma característica que o torna mais especial, é o único testamento verbal. - DOS LEGADOS Legado é a disposição de coisa certa, determinada, individualizada ou de um direito em testamento. O legado é sempre feito em testamento ou codicilo. - ESPÉCIES DE LEGADO: • Legado de coisa alheia: é nulo o legado de coisa alheia, porém há exceções a esta regra: 1ª – quando o testador adquire a coisa legada, após a realização do testamento, o importante é a coisa pertencer ao testador no momento de sua morte e não a época do testamento; 2ª – quando o testador determina a um herdeiro que entregue algum bem de seu patrimônio a um legatário, por ele (testador) designado, condicionando o recebimento da herança a este fato. Se o sucessor não quiser entregar basta não receber a deixa (se for herdeiro necessário não se estende à legítima). Quando o objeto do legado pertence somente em parte ao testador ou ao herdeiro ou ao legatário onerados com a entrega de coisas suas, a disposição só valerá até a parte que os pertencer. Quando o testador no momento da disposição singulariza o objeto do legado, esta só valerá se momento do óbito a coisa se encontrar entre os bens da herança. O mesmo se aplica quando o testador deixa coisa ou quantidade que esteja em local determinado, a disposição só terá validade se a coisa for encontrada no local e na quantidade que for encontrada, se a coisa foi retirada momentaneamente do local a disposição continuará valendo. Quando nada for encontrado, a disposição é nula a não ser que se prove que o testador não tinha conhecimento da mudança; • Legado de usufruto: pode ser vitalício ou temporário. O testador pode nomear o usufrutuário e o nú proprietário, se este não estiver estipulado entende-se que este será o herdeiro (s) legítimo (s), Com o falecimento do usufrutuário ou com o advento da condição a propriedade do nú proprietário passa a ser plena. • Legado de alimentos: o testador é quem deve fixar o valor da pensão alimentícia, se não o fizer quem vai fixar é o juiz, levando em conta as forças da herança, a condição social e a necessidade do legatário. Pode ser vitalício ou temporário, dependendo da vontade do testador. Washington de Barros entende que o legado de alimentos pode ser designado inclusive as pessoas elencadas no art. 1.801 CC, isto porque não se pode privar a pessoa da própria vida, não importando quem seja esta pessoa (posição minoritaríssima). A doutrina é pacífica no entendimento de que as pessoas mencionadas no art. 1. 801 não podem receber nem mesmo legado de alimentos. • Legado de crédito: testador deixa um crédito para o legatário, este legado será cumprido entregando-se o título respectivo ao legatário, ex.: restituição de IR; • Legado de quitação de dívida: o legatário tem dívidas com o próprio testador ou terceiros, o testador poderá perdoá-la (remissão) ou poderá quitá-la, a quitação só será válida para as dívidas contraídas até a morte do testador. Não há compensação de crédito (quando o espólio deve ao legatário e este deve ao espólio), a não ser que haja previsão nesse sentido. - DO DIREITO DE ACRESCER ENTRE HERDEIROS E LEGATÁRIOS – ARTS. 1.941 a 1946 CC Quando o testador contempla vários beneficiários (co-herdeiros e co-legatários) deixando-lhes a mesma herança ou a mesma coisa certa e determinada, em quotas não determinadas,ocorre o direito de acrescer. Se por algum dos motivos, elencados no art. 1943 CC, não tendo sido designado substituto, irá acrescer ao quinhão dos outros beneficiários. Não ocorrerá tal acréscimo, se o testador ao fazer a nomeação conjunta especificou a quota de cada um. - REQUISITOS: • Pluralidade de sucessores; • Quinhões não determinados; • Todos são beneficiados no mesmo testamento (se não é revogação); • Disposição conjunto. - REGRAS: - 1ª regra: quando não há direito de acrescer, o beneficiado é o herdeiro legitimo do testador. # Exceção: se forem co-usufrutuários e não houver direito de acrescer, o beneficiado será o nu-proprietário, ex.: testador deixou a nua propriedade de uma casa para A e como usufrutuários B e C, tendo cada um deles, direito a metade do bem em usufruto. Se um dos co-usufrutuários, for pré-morto, indigno, renunciante ou não cumprir a condição estabelecida no testamento, os direitos de uso e fruição, se consolidam na nua- propriedade, portanto A passará a ter propriedade plena da metade da casa e a nua propriedade da outra metade (art. 1.946 CC). - 2ª regra: quando os quinhões não são determinados, há o direito de acrescer. # Exceção: não há direito de acrescer, se houver previsão de substituição vulgar, ex.: testador deixa uma casa para A e B, se um deles não puder, ou não quiser suceder, deixa para C. B não pode suceder, a casa ficará para A e C. O direito de acrescer só acontece na sucessão testamentária, não ocorre na legítima, porque nesta há o direito de representação. - ESPÉCIES • Conjunção re et verbis (real e verbal ou mista): há conjunção re (coisa), porque o testador deixa o mesmo bem (patrimônio) para duas ou mais pessoas, também há conjunção verbis (cláusula), porque o testador deixa na mesma verba bens para duas ou mais pessoas. Exemplos: - Herança: deixo 20 % dos meus bens para João e Maria. - Legado: deixo minha casa de praia para João e Maria. Obs.: quando há conjunção re et verbis sempre há o direito de acrescer, porque os quinhões não são determinados. • Conjunção re tantum (real): existe conjunção re porque o testador deixa a mesma coisa para duas ou mais pessoas, não há conjunção verbis porque o testador beneficia em cláusulas diferentes. Exemplos: - Herança: 1ª cláusula: deixo todos os meus bens para João. 2ª cláusula: deixo todos os meus bens para Maria. - Legado: 1ª cláusula: deixo minha casa em Búzios para João. 2ª cláusula: deixo minha casa em Búzios para Maria. Obs.: há o direito de acrescer porque o testador beneficia duas ou mais pessoas com o mesmo bem, não importando que as cláusulas sejam distintas. • Conjunção verbis tantum (verbal): não há conjunção re porque o testador deixa bens diferentes para pessoas distintas, há conjunção verbis porque o testador beneficia duas ou mais pessoas na mesma cláusula. Exemplos: - Herança: deixo 20% dos meus para João e 20% para Maria. -Legado: deixo minha casa de Búzios para João e a casa de Petrópolis para Maria. Obs.: não há direito de acrescer porque não há pluralidade de beneficiários para o mesmo bem. - DAS SUBSTITUIÇÕES Haverá substituição sempre que houver previsão no testamento, pois o testador prevendo que as pessoas beneficiadas, sejam herdeiras ou legatárias, não aceitem ou não possam receber a herança nomeia um substituto, art. 1.947 CC. - SUBSTITUIÇÃO VULGAR: é a mais comum, o testador faz a previsão de que uma (ou mais) pessoa vai ocupar o lugar da outra, caso esta não queira ou não possa receber. De acordo com o art. 1.949 CC, o substituto fica sujeito aos encargos e condições impostas ao substituído, salvo se outra for a intenção do testador. - SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMISSÁRIA: art. 1.951 CC. Ocorre quando o testador nomeia um favorecido e designa um substituto, que após o advento de algum ato, recolherá a herança ou legado. • Fideicomitente: pessoa que realiza o ato – testador; • Fiduciário: propriedade resolúvel. Quem ficará com o bem até a morte, termoou cumprimento de condição resolutiva; • Fideicomissário: titular de um direito eventual. Cumprirá uma condição para ter direito ao bem. - SUBSTITUIÇÃOFIDEICOMISSÁRIA O fideicomisso só é instituído sobre a parte disponível não compromete a legítima, pois esta é garantida aos herdeiros legítimos. O atual código somente permite o fideicomisso “em favor dos não concebidos ao tempo da morte do testador”,art.1.952 CC, o benefício é limitado a prole eventual. O código de 1916 previa essa substituição em favor de qualquer pessoa legitimada a suceder. Somente se admite como fideicomissário aquele que ainda não foi concebido ao tempo do óbito do fideicomitente (testador). A lei prevê que se a pessoa designada como fideicomissária à época do óbito já houver nascido desconfigura-se o fideicomisso e aquele que seria o fedeicomissário passa a ser o nú-proprietário e o fiduciário será o usufrutuário. O legislador não previu a possibilidade de que aquele que tenha sido como fideicomissário estivesse em fase de gestação, portanto, nos apresenta as seguintes soluções: • 1ª corrente: caduca o fideicomisso (ineficácia), consolidando-se a propriedade nas mãos do fiduciário; • 2ª corrente: neste caso ocorreu a caducidade, por este motivo quem irá suceder é o herdeiro legítimo do falecido; • 3ª corrente: a propriedade se consolida nas mãos do fideicomissário, pois neste é a vontade do testador que deve prevalecer. O fiduciário tem a propriedade resolúvel do bem, portanto tem todos os direitos inerentes a propriedade, entre eles o de disposição, que significa alienação, porém quem adquirir o bem terá que se sujeitar a condição ou termo ou condição estabelecida pelo testador O art. 1958 CC disciplina a caducidade do fideicomisso, que ocorrerá se o fideicomissário não nascer ou morrer antes do tempo ou da condição ou se renunciar, art. 1.951 CC, o bem ficará com o fiduciário que passará a ter a propriedade plena e não mais resolúvel. - DIREITOS E DEVERES DO FIDUCIÁRIO - DIREITOS: • Indenização pelas benfeitorias úteis e necessárias; • Direito de retenção; • Aos frutos produzidos; • Renunciar ao fideicomisso. - DEVERES: • Prestar caução, quando exigida; • Entregar o bem quando ocorrer a condição ou o termo; • Proceder ao inventário dos bens gravados. - DIREITOS E DEVERES DO FIDEICOMISSÁRIO - DIREITOS: • Exigir o bem fideicomitido; • Ajuizar medidas cautelares de conservação dos bens; • Exigir que o fiduciário faça inventário dos bens gravados e preste a caução; • Renunciar ou aceitar a herança; • Receber a parte que foi acrescida ao fiduciante. - DEVERES: • Pagar pelas benfeitorias; • Pagar pelos encargos pendentes; • Ressarcir o fiduciário por qualquer prejuízo. - DIFERENÇAS ENTRE FIDEICOMISSO E USUFRUTO - FIDEICOMISSO: • O exercício dos direitos ocorre em momento sucessivo, primeiro é exercido pelo fiduciário, depois pelo fideicomissário; • Natureza jurídica: espécie de substituição testamentária; • O fiduciário tem a propriedade resolúvel, já o fideicomissário a propriedade plena. - USUFRUTO: • Os direitos são exercidos concomitantemente pelo usufrutuário e pelo nú- proprietário; • Natureza jurídica: direito real sobre coisa alheia; • O usufrutuário tem o direito de usar e fruir o bem; o nu-proprietário tem o direito de dispor e reivindicar o bem. - DA REDUÇÃO DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS Haverá a redução quando o testador dispõe de mais de 50% de seus bens havendo herdeiros necessários, atingindo desta forma a legítima. Quando isto ocorre é retirada uma parte de cada herdeiro da disponível para que se devolva a legitima, se for fácil o juiz poderá fazê-lo no processo de inventário, se não for o herdeiro deve ajuizar por dependência uma ação de redução da liberalidade testamentária,a ação só aproveita quem ingressa. Havendo incapaz cabe a iniciativa ao representante, devendo o MP zelar pela nomeação de um curador se houver conflito entre o incapaz e o representante. Não havendo herdeiros necessários não se fala em redução, porque o testador pode dispor de todo patrimônio, se a disposição não atingir toda a parte disponível, o remanescente não incluído no testamento caberá aos herdeiros legítimos. - Em que momento deve se verificar se a legítima foi atingida? 1ª corrente: No momento da liberalidade (testamento), portanto em vida. Fundamento: arts. 549 e 2.018 CC. 2ª corrente: após o óbito do testador. Fundamento: só após o óbito é que se conhece todo o patrimônio, o que faz parte da legítima e o que é disponível, porque durante a vida do testador os herdeiros têm mera expectativa de direitos, não existe herança de pessoa viva. - REVOGAÇÃO DO TESTAMENTO A revogação atinge o plano de existência do testamento. Ocorre por ato do próprio testador, porque ele faz um testamento, não importando a forma, revogando o testamento anterior, a extensão pode ser total ou parcial (quando atinge apenas algumas das cláusulas do testamento), seja de forma expressa (quando no novo testamento fica determinada a revogação do testamento anterior) ou tácita (quando o conteúdo do testamento posterior for incompatível com o anterior); Como afirma o professor Silvio Venosa a lei não impede que o testador faça um emaranhado de testamentos válidos, a difícil tarefa será a do interprete em concluir quais são as disposições realmente válidas no momento da morte. Não existe efeito repristinatório na revogação, só existirá quando um terceiro testamento dispuser que o primeiro testamento voltou a valer. O testamento cerrado se revoga com o rompimento do lacre. - ROMPIMENTO Difere da revogação que ocorre por vontade do próprio testador. O rompimento acontece por vontade da lei, todas as disposições deixarão de prevalecer. Haverá o rompimento quando se descobre a existência de um herdeiro necessário superveniente ao testamento, art. 1.973 CC. O legislador entende que se o testador soubesse da existência do herdeiro não teria testado da forma como o fez. - NULIDADES: Atinge o plano de validade do ato jurídico. - ESPÉCIES: • Formal ou extrínseca: atinge todo o testamento, porque solenidade determinada por lei não foi cumprida, exs.: número insuficiente de testemunhas; ausência do auto de aprovação do testamento cerrado; ausência de leitura do testamento para as testemunhas; • Material ou intrínseca (conteúdo): atinge apenas a cláusula nula, via de regra esta nulidade é parcial, exs.: imposição de cláusula juridicamente impossível, legado de coisa alheia, condição contrária a lei, a moral e aos bons costumes. - CADUCIDADE Atinge o plano de eficácia do ato jurídico, ocorrerá por um ato posterior ao testamento, pode ser total ou parcial. Todo testamento nulo também é caduco, porém nem todo testamento caduco é nulo. - CASOS DE CADUCIDADE: • Herdeiro pré-morto; • Perecimento do objeto; • Indignidade; • Alienação do objeto; • A coisa deixada em testamento teve sua forma modificada; • Art. 1.939 CC (elenca os casos de caducidade). - TESTAMENTEIRO É a pessoa designada em testamento pelo próprio testador, tem por finalidade cumprir as disposições testamentárias. Pode atuar em conjunto ou isoladamente, dependendo do que foi determinado no testamento, arts. 1.976 e 1.986 CC. O art. 1.984 CC estabelece a quem cabe o cargo de testamenteiro, quando este não foi designado. O testamenteiro tem que fazer de tudo para que o testamento seja cumprido, a doutina entende que ele deve sustentar sempre que o testamento é válido, mesmo que ele seja nulo (art. 1.981 CC) Tem o direito de receber uma remuneração, art. 1.987 CC, que tem o nome de vintena e varia entre 1% e 5% da herança líquida. Se o testamenteiro for um herdeiro ou legatário poderá escolher entre receber a vintena ou receber a herança ou legado, art. 1.988 CC. O valor da vintena será atribuído de acordo com o esforço, a complexidade e de acordo com o monte. O testamenteiro precisa fazer prestação de contas. Pode renunciar ao cargo e não receber nada ou pode ser destituído por ordem judicial quando não cumprir sua função, a pedido dos herdeiros ou de ofício e não recebe nada. - INVENTARIANTE É a pessoa encarregada de representar o espólio ativa e passivamente nas relações judiciais e extrajudiciais e também de dar prosseguimento ao inventário e, se possível administrar os bens. - FUNÇÕES DO INVENTARIANTE: • Dar andamento ao inventário; • Representar o espólio ativa e passivamente em juízo (ação contra o espólio é o inventariante que deve ser citado). - INVENTÁRIO E PARTILHA - Distribuição: petição simples comunicando ao juiz o óbito, se não houver inventariante escolhido, o juiz nomeará um, v. art, 617 CPC, e o juiz ordenará que ele assine o termo de inventariante, mandará que sejam prestadas as primeiras declarações e citará algum herdeiro que não tenha comparecido voluntariamente. - Finalidade das primeiras declarações: estabelecer os limites objetivos e subjetivos da lide. • Objetivos: dizer qual é o patrimônio do de cujus, descrevendo-o minuciosamente, copiar as medidas se for imóvel, carro, ações, créditos a receber, contas bancárias etc, tem que individualizar o bem; • Subjetivos: definir quem são os sucessores, qualificando-os, ex.: dizer que é filho do falecido, se é ou não casado, se for qual é o regime de bens, se tem algum filho pré-morto etc. o cônjuge pode ser meeiro, meeiro e herdeiro ou só herdeiro, é necessário apresentar as certidões de todos os herdeiros. - Citar o herdeiro: o herdeiro que não compareceu voluntariamente deve ser citado, para que responda se concorda ou não com as primeiras declarações, pode impugnar as primeiras declarações ou o inventariante. Quando a citação do herdeiro for realizada por edital, se ele não comparecer, considera-se presumida a aceitação. - Avaliação do patrimônio: o avaliador judicial vai dizer qual é o valor dos bens, com base no estado de conservação do bem, usando também como base o valor venal do IPTU (imóvel). Feita a avaliação dos herdeiros podem concordar ou impugná-la. Havendo impugnação o juiz decidirá se tem procedência ou não. Após a avaliação é levado ao contador para fazer o cálculo do imposto, depois vai para a Fazenda para que esta se manifeste se concorda ou não com os cálculos. - Últimas declarações: é quando as partes irão re-ratificar as primeiras declarações. - DA PARTILHA Apresenta-se um esboço de partilha, nele constará como os bens serão partilhados, as partes irão se manifestar se concordam ou não no prazo comum de 5 (cinco) dias. Deverão ser apresentadas as certidões dos distribuidores, certidões de quitação fiscal, ex.: IPTU, imposto de transmissão etc. Quando estiver tudo quitado, expede-se o formal de partilha que será constituído pelas peças elencadas no art. 655 CPC, leva-se o formal aos órgãos competentes para as devidas transferências, ex.: RI. - ARROLAMENTO Poderá ser realizado quando a partilha é amigável e todos os sucessores são maiores e capazes. Comunica-se, por petição, ao juiz o óbito e apresentar as primeiras declarações assinada por todos os sucessores, que também devem concordar com a escolha do inventariante. O juiz mandará apresentar as certidões e quitações fiscais, estando tudo correto mandará extrair o formal de partilha, se houver mais de um herdeiro ou a carta de adjudicação se for um único herdeiro. O arrolamento também deve ser levado a Fazenda Pública para que seja calculado o valor do imposto de transmissão. Hoje é possível fazer o inventário em cartório desde que todos os herdeiros sejam maiores e capazes e que o mesmo seja consensual, ou seja, não há discussão com relação à partilha (escritura pública). - COLAÇÃO É a obrigação que o donatário que é o sucessor tem de levarao inventário a doação feita como forma de adiantamento da legítima. Ocorre adiantamento da legítima quando o autor da herança doa patrimônio a um descendente, devendo haver posterior colação no inventário. O objetivo da colação é igualar a legítima dos descendentes que estão concorrendo àquela sucessão. A dispensa da colação pode ser na própria doação ou ser feita posteriormente em testamento, - SONEGAÇÃO É a ocultação dolosa de patrimônio. É necessário haver dolo. Também ocorre a sonegação quando o herdeiro tem que colacionar o bem e não faz. O mais comum é que a sonegação ocorra com bens móveis sem registro. - Ação de sonegação: • Competência: distribuição por dependência ao inventário; • Legitimidade ativa: herdeiro ou credor da herança; • Legitimidade passiva: algum herdeiro, inventariante; • Pena: perda do direito ao bem sonegado; • Prazo: 10 anos a contar do óbito (prescrição). - AÇAO DE PETIÇÃO DE HERANÇA Será ajuizada quando os bens já tiverem sido partilhados e um determinado herdeiro não foi beneficiado, não participou do inventário, ex.: uma pessoa falece deixando dois filhos de paternidade reconhecida e um de paternidade não reconhecida. O patrimônio foi partilhado entre os dois filhos reconhecidos. Após a partilha o filho não reconhecido move ação de investigação de paternidade cumulada com petição de herança. Se os pedidos forem julgados procedentes, a partilha será desfeita, procedendo-se a nova partilha. A ação de investigação de paternidade é imprescritível e nesse caso será proposta em face dos herdeiros, a ação de investigação de paternidade é imprescritível, mas a petição de herança prescreve em 10 (dez) anos. - SOBREPARTILHA Na sobrepartilha mantêm-se a partilha feita e procede-se a uma outra partilha daquilo que ainda não foi partilhado entre os mesmos sucessores. O que puder será partilhado, o que não puder (litigioso, sonegado, esquecido), posteriormente será partilhado. Desarquiva-se o processo de inventário e requer a sobrepartilha do bem este será avaliado, apresentarão as certidões e deverá ser pago o imposto de transmissão. - DO PAGAMENTO DAS DÍVIDAS O pagamento de qualquer divida será realizado dentro das forças da herança, tenha ocorrido ou não a partilha. Quando o espólio tiver um passivo maior que o ativo deverá ser instalado um concurso de credores, sendo necessário verificar os créditos privilegiados. As despesas com o funeral sairão do monte da herança, já as despesas com o sufrágio da alma pertencerá àquele que a ordenar, só irá obrigar o espólio se assim estiver disposto em testamento ou codicilo. - GARANTIA DOS QUINHÕES HEREDITÁRIOS Até o momento da partilha a herança está indivisa, após a partilha o direito do herdeiro é delimitado por seu quinhão, o direito passa a ser individualizado. De acordo com o art. 2.024 CC, havendo evicção os co-herdeiros são reciprocamente obrigados a indenizar, isto se não houver convenção contrária, ou se a evicção ocorrer por culpa do evicto. - DA ANULAÇÃO DE PARTILHA Haverá anulação da partilha realizada, quando houver erro, dolo ou coação. O direito de pleitear a anulação de partilha extingue-se em um ano.