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- DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA 
É aquela que se caracteriza pela existência de um testamento válido e eficaz. Decorre de 
expressa manifestação de última vontade, está será limitada pelos direitos dos herdeiros 
necessários, ou seja, pela legítima, tendo eficácia após a morte do testador. Pode ser 
feito através de testamento ou codicilo. O art. 1.801 CC disciplina os que não podem ser 
nomeados herdeiros nem legatários. 
TESTAMENTO: Ato de disposição de última vontade com eficácia pós morte, solene, 
escrito e com conteúdo patrimonial e/ou não patrimonial (reconhecimento de um filho, 
perdoar indigno ou deserdado, nomear tutor, testamenteiro, imposição de cláusulas 
restritivas). 
CODICILO: Ato de disposição de última vontade com eficácia pós morte. Dispor bens 
de pequeno valor (normalmente até 10% do acervo hereditário). Pode ter conteúdo não 
patrimonial. O codicilo pode ser revogado por outro codicilo ou por testamento 
posterior. Testamento revoga codicilo, mas codicilo não revoga testamento. 
NATUREZA JURÍDICA DO TESTAMENTO: negócio jurídico unilateral porque o 
autor da herança tem autonomia de vontade (liberdade na hora de dispor), com efeito 
mortis causa. 
CARACTERÍSTICAS DO TESTAMENTO: 
• Ato personalíssimo: só o próprio pode fazer o seu testamento, não se admite que 
o testador seja representado ou assistido, também não cabe outorga de poderes 
para que outra pessoa redija o testamento. O que se admite é que alguém escreva 
a rogo; 
• Ato intuito personae: somente a pessoa designada no testamento pode suceder, 
não cabendo direito de representação; 
• Ato de eficácia pós morte: o testamento só tem eficácia quando a pessoa falece, 
não importa com que idade a pessoa tenha feito o testamento e com que idade 
venha a falecer, é sempre ato de disposição de última vontade; 
• Ato solene e formal: é necessário cumprir todas as formalidades exigidas pela 
lei, sob pena de nulidade. Deve ser escrito, exceção testamento nuncupativo, que 
é oral, só admitido como sub espécie do testamento militar; 
• Ato gratuito: não há contraprestação, o testador não recebe nada. Imposição de 
encargo ao beneficiário não lhe retira esta característica; 
• Ato revogável: em qualquer momento antes do óbito, o testador pode fazer outro 
testamento revogando o anterior. É nula a cláusula em que se renuncia ao direito 
de revogar testamento, é considerado cláusula não escrita. O testador pode 
revogar total ou parcialmente o testamento quantas vezes quiser. Só é 
irrevogável, se por ventura o testador houver reconhecido filho fora do 
matrimônio, somente nesta parte. 
- CAPACIDADE PARA TESTAR 
Há uma capacidade especial para testar, pois é permitido ao maior de 16 (dezesseis) 
anos testar sem a necessidade de estar assistido, o que difere de todos os outros atos da 
vida civil nos quais necessita estar assistido. 
Somente as pessoas capazes podem testar (aqueles que puderem exprimir sua vontade) 
A incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento e nem o testamento 
do incapaz se torna válido com a capacidade. 
- FORMAS DE TESTAR 
- ORDINÁRIO 
• Testamento Público: De acordo com as declarações do testador, na presença de 
duas testemunhas, o tabelião irá lavrá-lo em seu livro de notas. 
As formalidades exigidas para este testamento o tornam mais seguro, pois não 
será extraviado, porém o conteúdo do mesmo é público, o que é uma 
desvantagem. 
Os requisitos essenciais para este testamento estão elencados no art. 1.864 CC. 
O art. 1.867 CC disciplina que ao cego e ao analfabeto só é permitido o 
testamento público; 
• Testamento Cerrado: Também chamado de secreto, místico ou carta sigilar. É 
escrito pelo próprio testador ou a seu rogo. O testador entregará o testamento o 
oficial do cartório de notas, este não lerá o testamento, somente verificará se é 
um testamento, lavrará o auto de aprovação (autenticação) e depois irá lacrar e o 
entregará desta forma ao testador na presença e duas testemunhas; 
• Testamento Particular: Também chamado de hológrafo. Será redigido pelo 
próprio testador na presença de três testemunhas, devendo o mesmo ser assinado 
pelo testador e pelas testemunhas. O próprio testador é quem irá guardar o 
testamento. 
- ESPECIAL 
• Testamento Marítimo e Aeronáutico: só podem ser utilizados em situações 
emergenciais. Estando a pessoa em viagem, seja em navio ou aeronave. Pode se 
revestir na forma de público ou cerrado 
• Testamento Militar: Militares ou pessoas a serviço das forças armadas que 
estejam em praça sitiada, ou seja, sem comunicação 
# Testamento Nuncupativo: é uma sub espécie do testamento militar, porem com 
uma característica que o torna mais especial, é o único testamento verbal. 
- DOS LEGADOS 
Legado é a disposição de coisa certa, determinada, individualizada ou de um direito em 
testamento. 
O legado é sempre feito em testamento ou codicilo. 
- ESPÉCIES DE LEGADO: 
• Legado de coisa alheia: é nulo o legado de coisa alheia, porém há exceções a 
esta regra: 
1ª – quando o testador adquire a coisa legada, após a realização do testamento, o 
importante é a coisa pertencer ao testador no momento de sua morte e não a 
época do testamento; 
2ª – quando o testador determina a um herdeiro que entregue algum bem de seu 
patrimônio a um legatário, por ele (testador) designado, condicionando o 
recebimento da herança a este fato. Se o sucessor não quiser entregar basta não 
receber a deixa (se for herdeiro necessário não se estende à legítima). 
Quando o objeto do legado pertence somente em parte ao testador ou ao herdeiro 
ou ao legatário onerados com a entrega de coisas suas, a disposição só valerá até 
a parte que os pertencer. 
Quando o testador no momento da disposição singulariza o objeto do legado, 
esta só valerá se momento do óbito a coisa se encontrar entre os bens da 
herança. O mesmo se aplica quando o testador deixa coisa ou quantidade que 
esteja em local determinado, a disposição só terá validade se a coisa for 
encontrada no local e na quantidade que for encontrada, se a coisa foi retirada 
momentaneamente do local a disposição continuará valendo. Quando nada for 
encontrado, a disposição é nula a não ser que se prove que o testador não tinha 
conhecimento da mudança; 
• Legado de usufruto: pode ser vitalício ou temporário. O testador pode nomear o 
usufrutuário e o nú proprietário, se este não estiver estipulado entende-se que 
este será o herdeiro (s) legítimo (s), Com o falecimento do usufrutuário ou com o 
advento da condição a propriedade do nú proprietário passa a ser plena. 
• Legado de alimentos: o testador é quem deve fixar o valor da pensão alimentícia, 
se não o fizer quem vai fixar é o juiz, levando em conta as forças da herança, a 
condição social e a necessidade do legatário. Pode ser vitalício ou temporário, 
dependendo da vontade do testador. 
Washington de Barros entende que o legado de alimentos pode ser designado 
inclusive as pessoas elencadas no art. 1.801 CC, isto porque não se pode privar a 
pessoa da própria vida, não importando quem seja esta pessoa (posição 
minoritaríssima). A doutrina é pacífica no entendimento de que as pessoas 
mencionadas no art. 1. 801 não podem receber nem mesmo legado de alimentos. 
• Legado de crédito: testador deixa um crédito para o legatário, este legado será 
cumprido entregando-se o título respectivo ao legatário, ex.: restituição de IR; 
• Legado de quitação de dívida: o legatário tem dívidas com o próprio testador ou 
terceiros, o testador poderá perdoá-la (remissão) ou poderá quitá-la, a quitação 
só será válida para as dívidas contraídas até a morte do testador. 
Não há compensação de crédito (quando o espólio deve ao legatário e este deve 
ao espólio), a não ser que haja previsão nesse sentido. 
- DO DIREITO DE ACRESCER ENTRE HERDEIROS E 
LEGATÁRIOS – ARTS. 1.941 a 1946 CC 
Quando o testador contempla vários beneficiários (co-herdeiros e co-legatários) 
deixando-lhes a mesma herança ou a mesma coisa certa e determinada, em quotas não 
determinadas,ocorre o direito de acrescer. 
Se por algum dos motivos, elencados no art. 1943 CC, não tendo sido designado 
substituto, irá acrescer ao quinhão dos outros beneficiários. Não ocorrerá tal acréscimo, 
se o testador ao fazer a nomeação conjunta especificou a quota de cada um. 
- REQUISITOS: 
• Pluralidade de sucessores; 
• Quinhões não determinados; 
• Todos são beneficiados no mesmo testamento (se não é revogação); 
• Disposição conjunto. 
- REGRAS: 
- 1ª regra: quando não há direito de acrescer, o beneficiado é o herdeiro legitimo do 
testador. 
# Exceção: se forem co-usufrutuários e não houver direito de acrescer, o beneficiado 
será o nu-proprietário, ex.: testador deixou a nua propriedade de uma casa para A e 
como usufrutuários B e C, tendo cada um deles, direito a metade do bem em usufruto. 
Se um dos co-usufrutuários, for pré-morto, indigno, renunciante ou não cumprir a 
condição estabelecida no testamento, os direitos de uso e fruição, se consolidam na nua-
propriedade, portanto A passará a ter propriedade plena da metade da casa e a nua 
propriedade da outra metade (art. 1.946 CC). 
- 2ª regra: quando os quinhões não são determinados, há o direito de acrescer. 
# Exceção: não há direito de acrescer, se houver previsão de substituição vulgar, ex.: 
testador deixa uma casa para A e B, se um deles não puder, ou não quiser suceder, deixa 
para C. B não pode suceder, a casa ficará para A e C. 
O direito de acrescer só acontece na sucessão testamentária, não ocorre na legítima, 
porque nesta há o direito de representação. 
- ESPÉCIES 
• Conjunção re et verbis (real e verbal ou mista): há conjunção re (coisa), porque o 
testador deixa o mesmo bem (patrimônio) para duas ou mais pessoas, também há 
conjunção verbis (cláusula), porque o testador deixa na mesma verba bens para 
duas ou mais pessoas. 
Exemplos: - Herança: deixo 20 % dos meus bens para João e Maria. 
 - Legado: deixo minha casa de praia para João e Maria. 
Obs.: quando há conjunção re et verbis sempre há o direito de acrescer, porque 
os quinhões não são determinados. 
• Conjunção re tantum (real): existe conjunção re porque o testador deixa a mesma 
coisa para duas ou mais pessoas, não há conjunção verbis porque o testador 
beneficia em cláusulas diferentes. 
Exemplos: - Herança: 1ª cláusula: deixo todos os meus bens para João. 
 2ª cláusula: deixo todos os meus bens para Maria. 
 - Legado: 1ª cláusula: deixo minha casa em Búzios para João. 
 2ª cláusula: deixo minha casa em Búzios para Maria. 
Obs.: há o direito de acrescer porque o testador beneficia duas ou mais pessoas 
com o mesmo bem, não importando que as cláusulas sejam distintas. 
• Conjunção verbis tantum (verbal): não há conjunção re porque o testador deixa 
bens diferentes para pessoas distintas, há conjunção verbis porque o testador 
beneficia duas ou mais pessoas na mesma cláusula. 
Exemplos: - Herança: deixo 20% dos meus para João e 20% para Maria. 
 -Legado: deixo minha casa de Búzios para João e a casa de 
Petrópolis para Maria. 
Obs.: não há direito de acrescer porque não há pluralidade de beneficiários para 
o mesmo bem. 
- DAS SUBSTITUIÇÕES 
Haverá substituição sempre que houver previsão no testamento, pois o testador 
prevendo que as pessoas beneficiadas, sejam herdeiras ou legatárias, não aceitem ou não 
possam receber a herança nomeia um substituto, art. 1.947 CC. 
- SUBSTITUIÇÃO VULGAR: é a mais comum, o testador faz a previsão de que uma 
(ou mais) pessoa vai ocupar o lugar da outra, caso esta não queira ou não possa receber. 
De acordo com o art. 1.949 CC, o substituto fica sujeito aos encargos e condições 
impostas ao substituído, salvo se outra for a intenção do testador. 
- SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMISSÁRIA: art. 1.951 CC. Ocorre quando o testador 
nomeia um favorecido e designa um substituto, que após o advento de algum ato, 
recolherá a herança ou legado. 
• Fideicomitente: pessoa que realiza o ato – testador; 
• Fiduciário: propriedade resolúvel. Quem ficará com o bem até a morte, termoou 
cumprimento de condição resolutiva; 
• Fideicomissário: titular de um direito eventual. Cumprirá uma condição para ter 
direito ao bem. 
- SUBSTITUIÇÃOFIDEICOMISSÁRIA 
O fideicomisso só é instituído sobre a parte disponível não compromete a legítima, pois 
esta é garantida aos herdeiros legítimos. 
O atual código somente permite o fideicomisso “em favor dos não concebidos ao tempo 
da morte do testador”,art.1.952 CC, o benefício é limitado a prole eventual. O código de 
1916 previa essa substituição em favor de qualquer pessoa legitimada a suceder. 
Somente se admite como fideicomissário aquele que ainda não foi concebido ao tempo 
do óbito do fideicomitente (testador). A lei prevê que se a pessoa designada como 
fideicomissária à época do óbito já houver nascido desconfigura-se o fideicomisso e 
aquele que seria o fedeicomissário passa a ser o nú-proprietário e o fiduciário será o 
usufrutuário. 
O legislador não previu a possibilidade de que aquele que tenha sido como 
fideicomissário estivesse em fase de gestação, portanto, nos apresenta as seguintes 
soluções: 
• 1ª corrente: caduca o fideicomisso (ineficácia), consolidando-se a propriedade 
nas mãos do fiduciário; 
• 2ª corrente: neste caso ocorreu a caducidade, por este motivo quem irá suceder é 
o herdeiro legítimo do falecido; 
• 3ª corrente: a propriedade se consolida nas mãos do fideicomissário, pois neste é 
a vontade do testador que deve prevalecer. 
O fiduciário tem a propriedade resolúvel do bem, portanto tem todos os direitos 
inerentes a propriedade, entre eles o de disposição, que significa alienação, porém quem 
adquirir o bem terá que se sujeitar a condição ou termo ou condição estabelecida pelo 
testador 
O art. 1958 CC disciplina a caducidade do fideicomisso, que ocorrerá se o 
fideicomissário não nascer ou morrer antes do tempo ou da condição ou se renunciar, 
art. 1.951 CC, o bem ficará com o fiduciário que passará a ter a propriedade plena e não 
mais resolúvel. 
- DIREITOS E DEVERES DO FIDUCIÁRIO 
- DIREITOS: 
• Indenização pelas benfeitorias úteis e necessárias; 
• Direito de retenção; 
• Aos frutos produzidos; 
• Renunciar ao fideicomisso. 
- DEVERES: 
• Prestar caução, quando exigida; 
• Entregar o bem quando ocorrer a condição ou o termo; 
• Proceder ao inventário dos bens gravados. 
- DIREITOS E DEVERES DO FIDEICOMISSÁRIO 
- DIREITOS: 
• Exigir o bem fideicomitido; 
• Ajuizar medidas cautelares de conservação dos bens; 
• Exigir que o fiduciário faça inventário dos bens gravados e preste a caução; 
• Renunciar ou aceitar a herança; 
• Receber a parte que foi acrescida ao fiduciante. 
- DEVERES: 
• Pagar pelas benfeitorias; 
• Pagar pelos encargos pendentes; 
• Ressarcir o fiduciário por qualquer prejuízo. 
- DIFERENÇAS ENTRE FIDEICOMISSO E USUFRUTO 
- FIDEICOMISSO: 
• O exercício dos direitos ocorre em momento sucessivo, primeiro é exercido pelo 
fiduciário, depois pelo fideicomissário; 
• Natureza jurídica: espécie de substituição testamentária; 
• O fiduciário tem a propriedade resolúvel, já o fideicomissário a propriedade 
plena. 
- USUFRUTO: 
• Os direitos são exercidos concomitantemente pelo usufrutuário e pelo nú-
proprietário; 
• Natureza jurídica: direito real sobre coisa alheia; 
• O usufrutuário tem o direito de usar e fruir o bem; o nu-proprietário tem o direito 
de dispor e reivindicar o bem. 
- DA REDUÇÃO DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS 
Haverá a redução quando o testador dispõe de mais de 50% de seus bens havendo 
herdeiros necessários, atingindo desta forma a legítima. 
Quando isto ocorre é retirada uma parte de cada herdeiro da disponível para que se 
devolva a legitima, se for fácil o juiz poderá fazê-lo no processo de inventário, se não 
for o herdeiro deve ajuizar por dependência uma ação de redução da liberalidade 
testamentária,a ação só aproveita quem ingressa. Havendo incapaz cabe a iniciativa ao 
representante, devendo o MP zelar pela nomeação de um curador se houver conflito 
entre o incapaz e o representante. 
Não havendo herdeiros necessários não se fala em redução, porque o testador pode 
dispor de todo patrimônio, se a disposição não atingir toda a parte disponível, o 
remanescente não incluído no testamento caberá aos herdeiros legítimos. 
- Em que momento deve se verificar se a legítima foi atingida? 
1ª corrente: No momento da liberalidade (testamento), portanto em vida. Fundamento: 
arts. 549 e 2.018 CC. 
2ª corrente: após o óbito do testador. Fundamento: só após o óbito é que se conhece todo 
o patrimônio, o que faz parte da legítima e o que é disponível, porque durante a vida do 
testador os herdeiros têm mera expectativa de direitos, não existe herança de pessoa 
viva. 
- REVOGAÇÃO DO TESTAMENTO 
A revogação atinge o plano de existência do testamento. Ocorre por ato do próprio 
testador, porque ele faz um testamento, não importando a forma, revogando o 
testamento anterior, a extensão pode ser total ou parcial (quando atinge apenas algumas 
das cláusulas do testamento), seja de forma expressa (quando no novo testamento fica 
determinada a revogação do testamento anterior) ou tácita (quando o conteúdo do 
testamento posterior for incompatível com o anterior); 
Como afirma o professor Silvio Venosa a lei não impede que o testador faça um 
emaranhado de testamentos válidos, a difícil tarefa será a do interprete em concluir 
quais são as disposições realmente válidas no momento da morte. 
Não existe efeito repristinatório na revogação, só existirá quando um terceiro 
testamento dispuser que o primeiro testamento voltou a valer. 
O testamento cerrado se revoga com o rompimento do lacre. 
- ROMPIMENTO 
Difere da revogação que ocorre por vontade do próprio testador. O rompimento 
acontece por vontade da lei, todas as disposições deixarão de prevalecer. Haverá o 
rompimento quando se descobre a existência de um herdeiro necessário superveniente 
ao testamento, art. 1.973 CC. O legislador entende que se o testador soubesse da 
existência do herdeiro não teria testado da forma como o fez. 
- NULIDADES: 
Atinge o plano de validade do ato jurídico. 
- ESPÉCIES: 
• Formal ou extrínseca: atinge todo o testamento, porque solenidade determinada 
por lei não foi cumprida, exs.: número insuficiente de testemunhas; ausência do 
auto de aprovação do testamento cerrado; ausência de leitura do testamento para 
as testemunhas; 
• Material ou intrínseca (conteúdo): atinge apenas a cláusula nula, via de regra esta 
nulidade é parcial, exs.: imposição de cláusula juridicamente impossível, legado 
de coisa alheia, condição contrária a lei, a moral e aos bons costumes. 
- CADUCIDADE 
Atinge o plano de eficácia do ato jurídico, ocorrerá por um ato posterior ao testamento, 
pode ser total ou parcial. Todo testamento nulo também é caduco, porém nem todo 
testamento caduco é nulo. 
- CASOS DE CADUCIDADE: 
• Herdeiro pré-morto; 
• Perecimento do objeto; 
• Indignidade; 
• Alienação do objeto; 
• A coisa deixada em testamento teve sua forma modificada; 
• Art. 1.939 CC (elenca os casos de caducidade). 
- TESTAMENTEIRO 
É a pessoa designada em testamento pelo próprio testador, tem por finalidade cumprir as 
disposições testamentárias. Pode atuar em conjunto ou isoladamente, dependendo do 
que foi determinado no testamento, arts. 1.976 e 1.986 CC. O art. 1.984 CC estabelece a 
quem cabe o cargo de testamenteiro, quando este não foi designado. 
O testamenteiro tem que fazer de tudo para que o testamento seja cumprido, a doutina 
entende que ele deve sustentar sempre que o testamento é válido, mesmo que ele seja 
nulo (art. 1.981 CC) 
Tem o direito de receber uma remuneração, art. 1.987 CC, que tem o nome de vintena e 
varia entre 1% e 5% da herança líquida. Se o testamenteiro for um herdeiro ou legatário 
poderá escolher entre receber a vintena ou receber a herança ou legado, art. 1.988 CC. O 
valor da vintena será atribuído de acordo com o esforço, a complexidade e de acordo 
com o monte. 
O testamenteiro precisa fazer prestação de contas. Pode renunciar ao cargo e não 
receber nada ou pode ser destituído por ordem judicial quando não cumprir sua função, 
a pedido dos herdeiros ou de ofício e não recebe nada. 
- INVENTARIANTE 
É a pessoa encarregada de representar o espólio ativa e passivamente nas relações 
judiciais e extrajudiciais e também de dar prosseguimento ao inventário e, se possível 
administrar os bens. 
- FUNÇÕES DO INVENTARIANTE: 
• Dar andamento ao inventário; 
• Representar o espólio ativa e passivamente em juízo (ação contra o espólio é o 
inventariante que deve ser citado). 
- INVENTÁRIO E PARTILHA 
- Distribuição: petição simples comunicando ao juiz o óbito, se não houver inventariante 
escolhido, o juiz nomeará um, v. art, 617 CPC, e o juiz ordenará que ele assine o termo 
de inventariante, mandará que sejam prestadas as primeiras declarações e citará algum 
herdeiro que não tenha comparecido voluntariamente. 
- Finalidade das primeiras declarações: estabelecer os limites objetivos e subjetivos da 
lide. 
• Objetivos: dizer qual é o patrimônio do de cujus, descrevendo-o 
minuciosamente, copiar as medidas se for imóvel, carro, ações, créditos a 
receber, contas bancárias etc, tem que individualizar o bem; 
• Subjetivos: definir quem são os sucessores, qualificando-os, ex.: dizer que é 
filho do falecido, se é ou não casado, se for qual é o regime de bens, se tem 
algum filho pré-morto etc. o cônjuge pode ser meeiro, meeiro e herdeiro ou só 
herdeiro, é necessário apresentar as certidões de todos os herdeiros. 
- Citar o herdeiro: o herdeiro que não compareceu voluntariamente deve ser citado, para 
que responda se concorda ou não com as primeiras declarações, pode impugnar as 
primeiras declarações ou o inventariante. Quando a citação do herdeiro for realizada por 
edital, se ele não comparecer, considera-se presumida a aceitação. 
- Avaliação do patrimônio: o avaliador judicial vai dizer qual é o valor dos bens, com 
base no estado de conservação do bem, usando também como base o valor venal do 
IPTU (imóvel). 
Feita a avaliação dos herdeiros podem concordar ou impugná-la. Havendo impugnação 
o juiz decidirá se tem procedência ou não. Após a avaliação é levado ao contador para 
fazer o cálculo do imposto, depois vai para a Fazenda para que esta se manifeste se 
concorda ou não com os cálculos. 
- Últimas declarações: é quando as partes irão re-ratificar as primeiras declarações. 
- DA PARTILHA 
Apresenta-se um esboço de partilha, nele constará como os bens serão partilhados, as 
partes irão se manifestar se concordam ou não no prazo comum de 5 (cinco) dias. 
Deverão ser apresentadas as certidões dos distribuidores, certidões de quitação fiscal, 
ex.: IPTU, imposto de transmissão etc. Quando estiver tudo quitado, expede-se o formal 
de partilha que será constituído pelas peças elencadas no art. 655 CPC, leva-se o formal 
aos órgãos competentes para as devidas transferências, ex.: RI. 
- ARROLAMENTO 
Poderá ser realizado quando a partilha é amigável e todos os sucessores são maiores e 
capazes. Comunica-se, por petição, ao juiz o óbito e apresentar as primeiras declarações 
assinada por todos os sucessores, que também devem concordar com a escolha do 
inventariante. 
O juiz mandará apresentar as certidões e quitações fiscais, estando tudo correto mandará 
extrair o formal de partilha, se houver mais de um herdeiro ou a carta de adjudicação se 
for um único herdeiro. 
O arrolamento também deve ser levado a Fazenda Pública para que seja calculado o 
valor do imposto de transmissão. 
Hoje é possível fazer o inventário em cartório desde que todos os herdeiros sejam 
maiores e capazes e que o mesmo seja consensual, ou seja, não há discussão com 
relação à partilha (escritura pública). 
 - COLAÇÃO 
É a obrigação que o donatário que é o sucessor tem de levarao inventário a doação feita 
como forma de adiantamento da legítima. Ocorre adiantamento da legítima quando o 
autor da herança doa patrimônio a um descendente, devendo haver posterior colação no 
inventário. 
O objetivo da colação é igualar a legítima dos descendentes que estão concorrendo 
àquela sucessão. A dispensa da colação pode ser na própria doação ou ser feita 
posteriormente em testamento, 
- SONEGAÇÃO 
É a ocultação dolosa de patrimônio. É necessário haver dolo. Também ocorre a 
sonegação quando o herdeiro tem que colacionar o bem e não faz. O mais comum é que 
a sonegação ocorra com bens móveis sem registro. 
- Ação de sonegação: 
• Competência: distribuição por dependência ao inventário; 
• Legitimidade ativa: herdeiro ou credor da herança; 
• Legitimidade passiva: algum herdeiro, inventariante; 
• Pena: perda do direito ao bem sonegado; 
• Prazo: 10 anos a contar do óbito (prescrição). 
- AÇAO DE PETIÇÃO DE HERANÇA 
Será ajuizada quando os bens já tiverem sido partilhados e um determinado herdeiro não 
foi beneficiado, não participou do inventário, ex.: uma pessoa falece deixando dois 
filhos de paternidade reconhecida e um de paternidade não reconhecida. O patrimônio 
foi partilhado entre os dois filhos reconhecidos. Após a partilha o filho não reconhecido 
move ação de investigação de paternidade cumulada com petição de herança. Se os 
pedidos forem julgados procedentes, a partilha será desfeita, procedendo-se a nova 
partilha. 
A ação de investigação de paternidade é imprescritível e nesse caso será proposta em 
face dos herdeiros, a ação de investigação de paternidade é imprescritível, mas a petição 
de herança prescreve em 10 (dez) anos. 
- SOBREPARTILHA 
Na sobrepartilha mantêm-se a partilha feita e procede-se a uma outra partilha daquilo 
que ainda não foi partilhado entre os mesmos sucessores. 
O que puder será partilhado, o que não puder (litigioso, sonegado, esquecido), 
posteriormente será partilhado. 

Desarquiva-se o processo de inventário e requer a sobrepartilha do bem este será 
avaliado, apresentarão as certidões e deverá ser pago o imposto de transmissão. 
- DO PAGAMENTO DAS DÍVIDAS 
O pagamento de qualquer divida será realizado dentro das forças da herança, tenha 
ocorrido ou não a partilha. 
Quando o espólio tiver um passivo maior que o ativo deverá ser instalado um concurso 
de credores, sendo necessário verificar os créditos privilegiados. 
As despesas com o funeral sairão do monte da herança, já as despesas com o sufrágio da 
alma pertencerá àquele que a ordenar, só irá obrigar o espólio se assim estiver disposto 
em testamento ou codicilo. 
- GARANTIA DOS QUINHÕES HEREDITÁRIOS 
Até o momento da partilha a herança está indivisa, após a partilha o direito do herdeiro 
é delimitado por seu quinhão, o direito passa a ser individualizado. 
De acordo com o art. 2.024 CC, havendo evicção os co-herdeiros são reciprocamente 
obrigados a indenizar, isto se não houver convenção contrária, ou se a evicção ocorrer 
por culpa do evicto. 
- DA ANULAÇÃO DE PARTILHA 
Haverá anulação da partilha realizada, quando houver erro, dolo ou coação. O direito de 
pleitear a anulação de partilha extingue-se em um ano.

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