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- DA SUCESSÃO EM GERAL – Arts. 1.784 – 1.790 CC CONCEITO: Sucessão é o ato pelo qual uma pessoa assume o lugar da outra. Existe uma substituição do titular de um direito. Suceder é substituir. O conteúdo e o objeto da relação jurídica permanecem os mesmos, somente mudam os titulares da relação jurídica. HERANÇA: é o conjunto de direitos e deveres que se transmitem com a morte, para uma ou mais pessoas, que serão as herdeiras do de cujus. - MOMENTO DA ABERTURA DA SUCESSÃO: A abertura da sucessão ocorre no momento da morte do autor da herança, mesmo que os sucessores não tenham ciência do fato. Não se confunde a abertura da sucessão com a abertura do inventário. Os momentos em que estes ocorrem são distintos. A abertura da sucessão ocorre com o falecimento do autor da herança, já a abertura do processo de inventário ocorre quando um dos legitimados elencados no CPC, ajuizar a ação correspondente. O inventário tem por finalidade arrolar, descrever, saldar as dívidas e partilhar o patrimônio. O inventário deve ser requerido no prazo de 60 (sessenta) dias a contar da abertura da sucessão e terminar nos 12 (doze) meses subseqüentes. O art. 1.785 CC determina que o lugar do último domicílio do autor da herança é onde irá se abrir a sucessão. - LEIS APLICÁVEIS: A lei material a ser aplicada é a vigente à data do óbito, porque a abertura da sucessão ocorreu sob a égide desta lei. Já em relação à lei instrumental segue o disposto no CPC. - DIREITO DE SAISINA: É a imediata transmissão da herança no momento do óbito para os herdeiros. É o direito que os herdeiros tem de entrar na posse dos bens que constituem a herança. Somente os herdeiros têm direito de saisina, seja ele legítimo ou testamentário. O legatário não tem direito de saisina. Tudo irá se transmitir como estava no patrimônio do de cujus. - ESPÉCIES DE SUCESSÃO: -Legítima ou legal: é a que decorre da vontade da lei. Dispõe sobre quem irá suceder o de cujus quando este morre sem testamento. A ordem legal preferencial pela qual são chamados os sucessores, é chamada ordem de vocação hereditária, de acordo com o art. 1.829 CC. - Testamentária: é aquela que o testador em vida dispôs sobre seus bens por disposição de última vontade, art. 1.786 CC . Os sucessores beneficiados com a sucessão testamentária são os herdeiros testamentários ou instituídos e os legatários. Os herdeiros testamentários são aqueles que recebem por testamento o direito a quota parte ou fração do patrimônio do de cujus ou ainda a totalidade deste, se não houver herdeiro necessário. Tanto os herdeiros legítimos quando os testamentários recebem a título universal. Assumem o ativo e passivo dentro das forças da herança. Os legatários recebem através de testamento coisa certa, individualizada ou valores determinados sucedem a título singular, recebem apenas o bem legado. - Mista: é a sucessão que ocorre em virtude de lei e ato última vontade. - ESPÉCIES DE SUCESSORES - Legítimo: é o indicado por lei, em ordem preferencial, tem direito a legítima; - Testamentário ou instituído: é o beneficiado pelo testador em ato de última vontade com uma parte ideal do acervo, sem a individualização dos bens; - Legatário: é a pessoa contemplada em testamento com coisa certa e determinada; - Herdeiros necessários: são os parentes em linha reta (descendente e ascendente), não excluídos da sucessão por indignidade ou deserdação e o cônjuge; - Herdeiros facultativos: são os colaterais até o 4º grau; - DA HERANÇA E SUA ADMINISTRAÇÃO - Arts. 1.791 – 1.797 CC O art. 1.791 CC disciplina que a herança é indivisível até a partilha. Essa indivisibilidade diz respeito ao domínio e a posse dos bens hereditários, desde a abertura da sucessão até a atribuição dos quinhões a cada sucessor na partilha. O art. 1.793 CC permite ao herdeiro alienar ou ceder sua quota ideal, que de acordo com o art. 80, II CC é considerado bem imóvel, portanto é necessário escritura pública e se for casado necessita de outorga, salvo no caso de separação de bens. O art. 1.793, § 2º disciplina que não é possível ceder qualquer bem considerado singularmente, porque a herança é uma universalidade, portanto indivisível, e somente a partilha disporá quais os bens irão compor o quinhão de cada herdeiro. A cessão realizada por um co-herdeiro, se outro co-herdeiro quiser o bem cedido ele poderá depositar o valor e haver para si a quota cedida a estranho no prazo de até 180 (cento e oitenta) dias. O art. 1.797 CC enumera a quem cabe a administração da assinatura do compromisso de inventariança. - DA ORDEM DE VOCAÇÃO HEREDITÁRIA - MODOS DE SUCEDER • Sucessão por direito próprio: ocorre a sucessão por direito próprio quando no momento do óbito não há nenhum outro sucessível, com capacidade sucessória entre ele e o autor da herança. • Sucessão por direito de representação: é uma exceção a regra de que o sucessível mais próximo afasta o mais remoto, quando há diversidade de graus entre os que vão suceder. Os mais próximos sucedem por direito próprio, concomitantemente com os sucessores mais afastados que recebem por direito de representação, porque o herdeiro original é pré-morto. No direito de representação a partilha se dá por estirpes, porque os herdeiros estão em graus diversos. O direito de representação só existe na sucessão legítima, não existe na sucessão testamentária. • Sucessão por transmissão: ocorre com a substituição do herdeiro pós-morto (sucessor falecido após o óbito do autor da herança) por seus herdeiros. Há uma sucessão dentro da outra. O que diferencia a sucessão por representação do modo de suceder por transmissão é o momento da morte do sucessor. Na representação, aquele que seria o sucessor do autor da herança falece antes dele. Já no direito de transmissão, o herdeiro morre depois do de cujus. Neste caso irá suceder ao herdeiro pós-morto e não ao autor da herança. - MODOS DE PARTILHAR • Divisão por cabeça: partilha-se por cabeça quando os herdeiros são do mesmo grau e sucedem por direito próprio. Nesta forma de partilhar o acervo é dividido em partes iguais. • Divisão por estirpes: modo de partilhar na sucessão por direito de representação, havendo diversidade de graus. No modo de partilhar por estirpes, conta-se o número de herdeiros que recebem por direito próprio e os que recebem por direito de representação. • Divisão por linhas: forma de partilhar exclusiva da sucessão dos ascendentes, em que vigora o princípio de que o mais próximo afasta o mais remoto. Não há direito de representação na classe dos ascendentes. - ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DA HERANÇA - ACEITAÇÃO: “É o ato jurídico pelo qual a pessoa chamada a suceder declara que deseja ser herdeiro e recolhe a herança.” (Washington de Barros). Retroage a data da morte e produz efeitos independentemente do conhecimento de terceiros. - A aceitação pode ser: • Expressa: o herdeiro por declaração escrita diz que aceita a herança; • Tácita: quando pratica atos condizentes com sua qualidade de herdeiro ou legatário (abertura de inventário, cuidado com os bens, despesas com o funeral, estes atos não exprimem aceitação, mas são fortes indícios); • Presumida: quando o herdeiro permanece inerte, depois de notificado nos termos do art. 1.807 CC, para que declare se aceita ou não a herança, esse interessado geralmente é o credor. A citação é por edital. - RENÚNCIA: É uma declaração unilateral de vontade, sendo que essa declaração deve ser por escritura pública ou termo judicial (perante o juiz do inventário). A renúncia é um ato de desfazimento de bens. - A renúncia pode ser por: • Abdicativa: é a verdadeira renúncia. É feita em favor do monte. Vai ocorrer na primeira oportunidade, ou na citação ou nas primeiras declarações, pode ser por simples atos nos autos do inventário, não precisa de escrituras pública; • Translativa: também chamada de cessão de direitos hereditários. Sempre se faz por escritura públicaque vai para os autos do inventário, o que se leva a registro é o formal de partilha ou carta de ajudicação. - HERANÇA JACENTE – Arts. 1819 a 1823 CC É quando o autor da herança falece sem deixar descendentes, ascendentes, cônjuge, colaterais até 4º grau, testamento válido e eficaz. A pessoa falece sem deixar nenhum sucessor, como não tem ninguém, alguém terá que assumir, titularizar essa herança, este alguém terá que assumir, este alguém será o município, se os bens estiverem situados nele, O Distrito Federal se os bens aí estiverem. A união, se os bens estiverem em territórios. Também é considerado jacente, quando se aguarda nascimento de nascituro, que nascendo será titular da herança, o período que se aguarda a pessoa jurídica se formar (já a pessoa de fato) ou enquanto pendente a condição suspensiva para o herdeiro (sucessor) receber a herança, quando todos são pré-mortos (indignidade e deserdação, inclusive) e também quando todos os herdeiros renunciam. - DA VACÂNCIA Serão declarados vacantes os bens da herança jacente, se após todas as diligências serem cumpridas não aparecerem herdeiros (art. 1820 CC) Após decorrerem 5 (cinco) anos da abertura da sucessão ,os bens arrecadados, ficarão sob o domínio do Município, Distrito Federal ou União, dependendo de onde se localizar o bem (art. 1822 CC) - COMORIÊNCIA Entre comorientes não há transmissão de bens. Podem ser eventos distintos. Não haverá relação sucessória entre eles. Porém com relação a genitores e filhos, existe um entendimento doutrinário e jurisprudencial majoritário, que considera o filho como pré- morto. - INDIGNIDADE É uma pena civil, que priva direito à herança não só o herdeiro, bem como o legatário que cometeu algum dos atos elencados em lei no art. 1.814 CC. A indignidade não é automática, necessita de ação visando a indignidade, movida por quem tenha legítimo interesse na sucessão, no prazo de 4 (quatro) anos a contar do óbito. É possível reabilitar o indigno , se a pessoa ofendida o fizer em testamento. È possível excluir herdeiro legítimo, testamentário e legatário. - DESERDAÇÃO É o ato pelo qual o testador exclui da sucessão, mediante expressa declaração da causa, herdeiro necessário, privando-o de sua legítima. A deserdação é a única forma que o testador tem para afastar os herdeiros necessários da legítima. É a privação dos herdeiros necessários à legítima e à sucessão hereditária, imposta pelo de cujus, em testamento com declaração do motivo. A deserdação atinge somente os herdeiros necessários, portanto descendentes e ascendentes. Apesar do cônjuge ser herdeiro não pode ser deserdado, pois é possível o divórcio. Os casos de deserdação estão elencados nos arts. 1.814, 1.962 e 1.963 CC O testador só poderá perdoar o deserdado por meio de revogação testamentária. O prazo de abertura de ação visando a deserdação é de 4 (quatro) anos a contar da abertura do testamento.