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SEQUELAS NEUROMUSCULARES NO PÓS-COVID-19 Ciências da Saúde, Volume 28 – Edição 138/SET 2024 / 17/09/2024 NEUROMUSCULAR SEQUELARES IN POST-COVID-19 REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202409172046 Gabriel Fadini ; João Paulo Alves do Couto ; Priscila Silva Fadini Resumo Objetivo: O objetivo do trabalho é sintetizar as sequelas neuromusculares do pós-covid-19, utilizando as produções cientí�cas de mesma temática, para identi�car os tipos de sequelas presentes nos pacientes pós-covid-19, caracterizar as manifestações clínicas neuromusculares e analisar as produções sobre as sequelas neuromusculares no pós-covid-19. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa, que visa sintetizar as sequelas neuromusculares do pós-covid-19 utilizando as produções cientí�cas disponíveis, para posteriormente caracterizá-las. Para a obtenção dos dados, foram utilizados os portais: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e National Library of Medicine (NIH), e as bases indexadoras de dados LILACS, Medline e PubMed durante o ano de 2024. A seleção dos estudos foi realizada de acordo com as normas Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA). Resultados: 1 2 3 ISSN 1678-0817 Qualis B2 https://revistaft.com.br/category/ciencias-da-saude/ https://revistaft.com.br/category/edicao138/ https://revistaft.com.br/ https://revistaft.com.br/ https://revistaft.com.br/ Conforme a pesquisa realizada, dentre as sequelas, como a neuropatia, miopatia, polineuropatia de doença crítica, polineuropatia desmielinizante aguda, polineuromiopatia, paralisia de Bell, encefalite, mielopatia medular e meningoencefalite, que afetaram o sistema neuromuscular e foram decorrentes da infecção por covid-19, o achado mais frequente foi a síndrome de Guillain-Barré (SGB), que de 12 estudos selecionados, 6 relataram tal patologia. Considerações �nais: Indica-se que a infecção pelo vírus SARS-CoV-2 está relacionada com o aparecimento das sequelas neuromusculares nos pacientes acometidos, mas que há a necessidade de maior compreensão da patogenia da doença. Ainda não está claro se o vírus tem a capacidade de causar de forma direta as sequelas neuromusculares, quais serão e se aparecerão. Palavras-chave: COVID-19. Polineuropatia. Doença neuromuscular. INTRODUÇÃO COVID-19 é o nome da doença causada pelo vírus coronavírus SARS-CoV- 2, é uma infecção respiratória aguda, que por vezes pode ser grave (BRASIL, 2021). No dia 30 de janeiro de 2020, a OMS declarou o surto do novo coronavírus, uma Emergências de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII), e em 11 de março de 2020, a COVID-19 foi caracterizada como uma pandemia. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (2021), o marco inicial da pandemia se deu na cidade de Wuhan, como vários casos de pneumonia, identi�cando a nova cepa do coronavírus. No Brasil o primeiro caso con�rmado foi no dia 26 de fevereiro de 2020 no estado de São Paulo (CRODA; GARCIA, 2020). A partir desses acontecimentos, e inúmeros no mundo, a doença se expandiu para todas as cidades. SARS-CoV-2 é um vírus envelopado com uma �ta simples de RNA, além de acometer as vias respiratórias, ele também causa doenças no trato gastrointestinal e no sistema nervoso (WIERSINGA, W. Joost et al., 2020). Seu mecanismo de ação para infectar as células humanas, consiste em se ligar com o receptor da Enzima Conversora de Angiotensina 2 (ACE2), este processo é proporcionado por uma proteína chamada proteína S, que é a chave para a fechadura da ACE2. Após se fundir com a enzima através de endocitose, começa o seu ciclo de reprodução. O sistema Renina- angiotensina está presente em todo o nosso corpo, pois faz parte da homeostase da pressão arterial (PA), após ser infectado, os diversos sistemas e órgãos do corpo estão suscetíveis a alterações. (MANTA; SARKISIAN et al., 2022). A patogenia ocorre quando as células de defesa do corpo começam a combater o vírus, levando à in�amação e alterações das células e sua função nos sistemas, as células infectadas desenvolvem uma grande carga viral e entram em um processo de morte celular especí�co chamado de piroptose, liberando enorme quantidade de mediadores in�amatórios, desencadeando uma resposta em cascata. Esse evento é chamado de tempestade de citocinas. (MANTA; SARKISIAN et al., 2022). Após a infecção, a doença cursa com sintomas que variam da forma clínica leve a quadros graves e críticos, que são classi�cados em casos assintomáticos, caracterizados por testagem viral positiva com ausência de sintomas; casos leves com presença dos sintomas mais característicos como tosse, odinofagia, coriza, anosmia, diarreia, dor abdominal, febre, calafrios, mialgia, fadiga e cefaleia; casos moderados, que cursam, além dos sintomas leves, com tosse e febre persistente diária, adinamia, anorexia, diarreia e pneumonia sem gravidade; os casos graves são considerados como síndrome respiratória aguda grave (SARS) (BRASIL, 2021). Além de todos os sintomas citados, a SARS cursa com desconforto respiratório e comprometimento da saturação de oxigênio, persistindo menor que 95% em ar ambiente, levando a hipoxemia, alteração da consciência, desidratação, lesão do miocárdio, cianose central, latergia, convulsão e entre outros; por �m os casos críticos que são sepse, síndrome do desconforto respiratório agudo, insu�ciência respiratória grave, disfunção de órgãos e pneumonia grave (BRASIL, 2021). Além dos sinais clássicos referentes ao aparelho respiratório, sintomas neurológicos, neuromusculares e musculares foram relatados ao longo do curso da doença e após a sua suposta resolução. (HOLANDA; et al, 2021). As afecções mais relatadas foram a mialgia, miosite, miastenia gravis, síndrome de Guillain-Barré, neuropatias envolvendo a junção neuromuscular do músculo respiratório e os próprios músculos, culminando na piora do quadro de insu�ciência respiratória (PALIWAL; et al, 2020). A partir do que foi exposto, o trabalho vigente tem como objetivo sintetizar as sequelas neuromusculares do pós-covid-19 utilizando as produções cientí�cas encontradas de mesma temática. Para tanto, desenvolveu-se de forma a identi�car a partir das produções os tipos de sequelas neuromusculares mais comuns nos pacientes pós-covid-19, caracterizar as manifestações clínicas neuromusculares citadas nas produções e analisar as produções sobre sequelas neuromusculares no pós-covid-19. Metodologia Trata-se de uma revisão integrativa, com o objetivo de sintetizar as sequelas neuromusculares do pós-covid-19 através das produções cientí�cas, para posteriormente caracterizar as manifestações clínicas encontradas nas produções. Para Gil (2017), a pesquisa bibliográ�ca decorre de várias etapas especí�cas e é elaborada a partir de materiais já publicados, cujo objetivo principal é fornecer fundamentação teórica e identi�car o estágio de conhecimento atual sobre um determinado tema. Para uma revisão integrativa, Whittemore (2005) a�rma a necessidade de seguir uma metodologia de pesquisa rigorosa, a �m de proporcionar uma conclusão precisa. Quadro 1 – Descrição da estratégia de busca Estratégia de busca Pergunta norteadora: Quais são as sequelas neuromusculares identi�cadas nas produções cientí�cas? Componentes da estratégia PICo Descrição: População Pacientes com sequelas neuromusculares pós- covid-19 Interesse Sintetizar através de revisão bibliográ�ca as sequelas neuromusculares do pós-covid-19. Contexto Caracterizar os resultados das pesquisas encontradas Desfecho Analisar e separar os resultados. Aquisição dos dados Portais BVS, NIH Base de dados: LILACS, Medline, PubMed Critérios de elegibilidade: Inclusão: a) textos escritos na língua portuguesa e/ou inglesa, b) bases de dados MEDLINE, LILACAS e PubMed, c) amostra composta por sujeitos com sequelas neuromusculares decorrente da infecção pelo Covid-19, d) casos clínicos de humanos a partir de 2021, e) textos completos. Exclusão: Revisões sistemáticas e outros tipos de fonte secundária, resenhas e artigos de opinião, produções, artigos que tratam de outra doença e artigos duplicados. Para formular a questão da pesquisa, foi utilizada a estratégia PICo, onde (P) é a população alvo, foram os pacientes com sequelas neuromusculares pós-covid-19, (I) a área de interesse, a síntese das sequelas neuromusculares, (C) o contexto, que foi a caracterização dos resultados e o (O) o desfecho referiu-se a analisar e separar os resultados, possibilitando assim a formulação dos critérios de busca (quadro 1). Foram utilizados os portais: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e National Library of Medicine (NIH), e as bases indexadoras de dados LILACS, Medline e PubMed durante o ano de 2021 até junho 2024. Os seguintes descritores foram empregados na busca: COVID-19, Polineuropatia, Doença neuromuscular, assim como seus termos alternativos (quadro 2). Os estudos encontrados foram avaliados dentro dos seguintes critérios de inclusão: a) textos escritos na língua portuguesa e/ou inglesa, b) bases de dados MEDLINE, LILACAS e PubMed, c) amostra composta por sujeitos com sequelas neuromusculares decorrente da infecção pelo Covid-19, d) casos clínicos de humanos a partir de 2021, e) textos completos. Os estudos inclusos responderam positivamente aos critérios de inclusão (Quadro 1). Os critérios de exclusão foram: Revisões sistemáticas e outros tipos de fonte secundária, resenhas e artigos de opinião, artigos que não se enquadravam na doença e nas sequelas identi�cadas e artigos duplicados. A pesquisa teve início após uma leitura exploratória dos títulos e resumos dos artigos encontrados nas bases de dados BVS e NIH. Em seguida foi selecionado os artigos que atendessem à pergunta norteadora: Quais são as produções cientí�cas sobre as sequelas neuromusculares do pós- covid? E aos critérios de inclusão e exclusão. Após a pré-seleção, foi realizada a leitura na íntegra e extraídos os conceitos abordados em cada artigo. Quadro 2 – Estratégias de pesquisa nos diferentes portais e bases de dados. Portais/Base de dados Estratégia de pesquisa Produções recuperadas Biblioteca Virtual em Saúde (BVS)LILACS, Medline (COVID-19) or (COVID19) or (Doença pelo Novo Coronavírus (2019-nCoV)) or (Doença por Vírus COVID-19) or (Epidemia de Pneumonia por Coronavírus de Wuhan de 2019-2020) or (Infecção por SARS- CoV-2) or (Surto por 2019-nCoV) or (Virose COVID-19) or (2019 nCoV Disease) or (2019 Novel Coronavirus Disease) or (2019-nCoV Infection) or (COVID- 19 Virus Diseases) or (SARS-CoV-2 Infections) or (Brote de la COVID-19) or (Brote por el Nuevo Coronavirus 2019) or Produções: 39 publicações (Enfermedad del Coronavirus 2019) or (Enfermedad por el Coronavirus 19) or (Infección por el Virus COVID-19) or (Coronavirus disease- 19) or (Infection par le 2019-nCoV) or (Maladie à coronavirus 2019) AND (Polineuropatias) or (Polineuropatia Adqui rida) or (Polineuropatia Adqui rida) or (Polineuropatías) or (Polyneuropathies) AND (Doenças Neuromusculares) or (Neuromuscular Diseases) or (Enfermedades Neuromusculares) or (Miladies neuromusculaires) National Library of Medicine (NIH)PubMed, Medline Produções: 343 publicações. Fonte: dados da pesquisa A seleção dos artigos foi feita através das normas do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) demonstrado em �uxograma na �gura 1. Fonte: Autor Resultados Após selecionar os artigos a serem utilizados na presente pesquisa, foram encontrados 382 artigos no total, desses, 357 foram excluídos após leitura de títulos e resumos, por não conterem o conteúdo relacionado ao tema deste artigo. Dos 25 artigos selecionados para leitura na integra, 13 foram excluídos por não responderem aos critérios de elegibilidade, como serem artigos pagos para ter acesso ou serem revisões bibliográ�cas, resultando em 12 artigos para o uso nesta revisão integrativa. Das evidências selecionadas, 8 foram relatos de casos clínicos, 2 foram estudos de casos clínicos, 1 estudo prospectivo de um paciente e 1 estudo de coorte retrospectivo. Destes, 11 corroboraram para a origem dos acometimentos neuromusculares serem de fato decorrente da infecção prévia do covid-19 e 1 estudo de caso relata que não houve relação entre a infecção do vírus e o aparecimento da alteração neuromuscular do paciente. De acordo com a pesquisa realizada, dentre as sequelas citadas, como a neuropatia, miopatia, polineuropatia de doença crítica, polineuropatia desmielinizante aguda, polineuromiopatia, paralisia de Bell, encefalite, mielopatia medular e meningoencefalite, que afetaram o sistema neuromuscular e foram decorrentes da infecção por covid-19, o achado mais frequente foi a síndrome de Guillain-Barré (SGB), visto no quadro 3, tendo como queixa principal a fraqueza muscular. Quadro 3 – Resultados incluídos na revisão Autor/ano Desenho Objetivo Resultados Conclusão Wegner et al. (2022) Estudo de caso Comparar as complicaçõ es neuromusc ulares em pacientes pediátricos com covid- 19 severa com as de adultos, analisando seus registros. 4 de 36 pacientes pediátricos com covid- 19 apresentara m complicaçõ es: 1 neuromusc ular; 2 neuropatias focal; 1 plexopatia. Pacientes pediátricos apresentara m complicaçõ Os achados neuro�sioló gicos são semelhante s aos achados neuromusc ulares, a miopatia foi a mais frequente. es neuromusc ulares como adultos Chraa et al. (2022) Relato de caso Relatar a evolução do paciente positivo para sars- cov-2 com trombose cerebral associada à polineuropa tia axonal in�amatória aguda. Ocorrência de trombose venosa cerebral e síndrome de Guillain- Barré (SGB) em pacientes com COVID- 19. Mais estudos devem ser realizados em todo o espectro clínico de pacientes com COVID- 19 com sintomas neurológico s. Dean et al. (2021) Relato de caso Relatar o caso de uma paciente que apresentou paralisia aguda do NC X com risco de vida e desenvolvim ento de uma polineuropa Paralisia isolada do NC X esquerdo com evolução para acometime nto dos NCs III, V, XII e X. Falta compreensã o da doença patogênica. É necessário observar as manifestaçõ es imprevisível da doença da COVID- 19. tia progressiva no contexto da COVID- 19. Punga et al. (2021) Estudo prospectivo Caracterizar as característic as eletro�sioló gicas e os biomarcado res plasmáticos da polineuropa tia de doença crítica e miopatia, em pacientes com doença por covid-19 com fraqueza adquirida na unidade de terapia intensiva. Foram incluídos 111 pacientes com COVID- 19, 11 dos quais desenvolver am NIC/CIM. NIC/CIM foi mais prevalente entre pacientes de UTI com COVID-19 com doença grave. Burgos et al. (2021) Relato de caso Investigar um caso de SGB A análise do LCR mostrou Este estudo investigou o primeiro concomitan te com COVID-19 na Colômbia. dissociação proteína- citológica e o diagnóstico de SGB foi con�rmado por meio de exame de condução nervosa e eletromiogr a�a. Foi realizado teste de diagnóstico SARS-CoV-2 com resultado positivo. caso con�rmado de COVID-19 com SGB concomitan te na Colômbia. Mais estudos são necessários para determinar a possível associação entre a exposição à COVID-19 e a SGB. Gigli et al. (2021) Relato de caso Relatar característic as clínicas e eletroneuro miográ�cas de pacientes acometidos por infecção grave por COVID-19, avaliados quanto à O envolviment o neuromusc ular em 6/8 pacientes (75%) 2 tinham CIP, 1 tinha possível CIM, 1 tinha CIPM, enquanto 1 As complicaçõ es neuromusc ulares são frequentes na COVID-19 grave e não podem ser excluídas pela soma das pontuações fraqueza muscular. paciente, com fraqueza clinicament e evidente, mas achados equívocos de eletroneuro miogra�a, foi classi�cado como UTI- AW. Finalmente, 1 paciente foi diagnostica do com neuropatia desmieliniza nte aguda. do MRC acima de 48. IL-6 elevada na admissão pode ser um biomarcado r preditor de AW-UTI em COVID-19. Mohammed et al. (2021) Relato de caso Apresentar um caso de paralisia de Bell associada à COVID-19 numa primigesta a termo. Neste caso, o paciente foi diagnostica do com paralisia de Bell no contexto da COVID-19 em São necessários mais dados epidemioló gicos sobre as manifestaçõ es neurológica s na COVID- ambiente pós- operatório. 19 para estabelecer uma relação causal entre o vírus e os sintomas neurológico s. Saber et al. (2021) Estudo de coorte retrospectiv o Estimar proporção de complicaçõ es neurológica s e psiquiátrica s agudas em 439 pacientes com COVID- 19A frequência relativa do envolviment o do SNC e do SNPOs tipos de comorbidad es associadas às complicaçõ es 50,8% com doença Neurológica Aguda; 26,6% AVC: 12,5% Convulsões: 1,1% Encefalite: 1,4% Encefalopati a Hipóxica: 0,9% Mielopatia Medular: 0,5% Recidiva de Esclerose Múltipla: 0,5% Meningoenc efalite: 0,2% Sintomas Neuropsiqui átricos Na COVID- 19, tanto o SNC como o SNP são afetados. O acidente vascular cerebral foi a complicaçã o mais comum para o SNC, e anosmia e/ou ageusia foram comuns para doenças do SNP. No entanto, ocorreram 6 casos de encefalite, 2 casos de neurológica s Inespecí�co s: 24,1% Localização: SNC: 17,1% SNP: 9,6%. Anosmia e Ageusia: 7,1%. Síndrome de Guillain- Barré: 0,9% Neuropatia Periférica: 0,7% Miastenia Gravis: 0,5% Miosite: 0,5%. mielopatia medular, 2 casos de MG e 2 casos de miosite. Pesavento et al. (2021) Relato de caso Relatar uma série de casos de cinco pacientes afetados por COVID-19 que desenvolver am um espectro de polineuropa tias autoimunes durante a Exame neurológico revelou paresia �ácida em quatro pacientes, com predomínio variável de membros inferiores ou superiores; Dois pacientes Em conclusão, este estudo descreve as característic as clínicas e neuro�sioló gicas da polineuropa tia por SGB em pacientes afetados por COVID-19 e as respostas hospitalizaç ão. Descrever suas característic as clínicas, exames laboratoriais e resposta ao tratamento. também relataram parestesia O quinto paciente desenvolveu quadro clínico ligeirament e diferente, caracterizad o por oftalmopleg ia bilateral, hipoestesia no território dos ramos trigêmeos maxilar e mandibular, paralisia leve do nervo facial inferior direito e ataxia de membros. clínicas à terapia com IVIG, incentivand o o uso da neuro�siolo gia clínica para melhor detectar anormalida des, de�nir o diagnóstico e promover o uso de terapias especí�cas, como IVIG, para tratar esses importantes sintomas neurológico s. Bueso et al. (2021) Relato de caso Relatar caso de pacientes com SGB concomitan te a Paciente positivada para SARS- CoV-2 com dispneia grave Enfatiza-se que, além da insu�ciência respiratória por complicaçã o respiratória por doença da covid-19. diagnostica da com SGB. síndrome do desconforto respiratório agudo em pacientes com COVID- 19, complicaçõ es neurológica s, como SGB, devem ser considerada s como um dos diagnóstico s diferenciais em pacientes com polineuropa tia e di�culdade de desmame do ventilador. Defabio et al. (2020) Relato de caso Relatar caso de paciente cometida Síndrome de toxicidade É importante que os por covid-19 com evolução para arre�exia dos re�exos profundos de membros inferiores. sistêmica por anestésico local (LAST), SGB secundária a COVID-19 e síndrome desmieliniza nte ascendente aguda secundária a causa desconheci da. médicos de emergência compreend am que a SGB pode ocorrer semanas a meses após a infecção por COVID- 19 e que o reconhecim ento e o tratamento imediatos melhoram os resultados. Agergaard et al. (2020) Estudo de caso Investigar eletro�siolo gicamente a função nervosa e muscular periférica em pacientes com sintomas neuromusc ulares persistentes após qEMG mostrou alterações miopáticas em um ou mais músculos em 11 pacientes (55%). Todos os pacientes com qEMG miopática relataram fadiga física A COVID-19 a longo prazo não causa neuropatia de �bras grandes, mas são observadas alterações miopáticas. doença por Coronavírus 2019 (COVID-19). e 8 pacientes sobre mialgia, enquanto 3 pacientes sem alterações miopáticas reclamaram de fadiga física. Legenda – NC = nervo craniano; NIC/CIP = polineuropatia de doença crítica; CIM = miopatia; LCR =líquido cefalorraquidiano; CIPM = polineuromiopatia; UTI-AW = fraqueza muscular adquirida na UTI; qEMG = eletromiogra�a quantitativa. Fonte: Autor Fonte: dados da pesquisa Discussão De acordo com os resultados encontrados, sugere-se que o covid-19 pode deixar sequelas neuromusculares nos pacientes acometidos. Dos 12 artigos selecionados, a sequelas mais citadas foram as polineuropatias e, 6 desses artigos relataram a a Síndrome de Guillain-Barré como sequela. As sequelas neuromusculares provenientes da COVID-19 foram relatadas em diversos estudos de caso, tais como Defabio (2020) Burgos (2021), Gigli (2021), Pesavento (2021), Bueso (2021), dentre outros citados, que observaram a evolução da doença no paciente. De acordo com Paliwal (2020), parte dessas sequelas surgiram durante a fase aguda e cessaram nela, ou persistiram durante todo o curso da patologia e depois que a carga viral foi cessada. Entender a �siopatologia da doença é essencial para entender as sequelas, Yuki (2020) explica que o patógeno causa injúria ao tecido infectado, levando a célula à apoptose, podendo ser posteriormente capitada pelos macrófagos e pelas células dendríticas, essas células apresentadoras de antígeno irão sinalizar para as células T, recrutando-as para ativarem as células B a �m de produzir anticorpos. O processo infeccioso irá propiciar a migração das células de defesas, como linfócitos, monócitos e citocinas pró-in�amatórias. Além da resposta imunitária já esperada da COVID-19, a infecção pode levar a complicações sistêmicas diretamente associadas aos efeitos citopáticos do SARS-CoV-2, como hiperin�amação associada a hipercitocinemia, ocasionando a tempestade de citocinas (TC), no qual há uma liberação exacerbada de agentes pró-in�amatórios e citocinas (ALOMAIR; AL‐KURAISHY et al., 2023). A infecção do SARS-CoV-2 leva a vários outros tipos de tempestades: tempestade oxidativa, tempestade trombótica e tempestade lipídica. Essas tempestades estão interligadas, sendo assim recebem o nome de Tempestade Mista, desenvolvida pela interação das espécies reativas ao oxigênio que geram o estresse oxidativo, pró-in�amatórios, citocinas, ativação do complemento, distúrbio de coagulação e outras vias de sinalização ativadas, justi�cando os vários acometimentos em diversos sistemas no paciente com sintomas graves da COVID-19 (ALOMAIR; AL‐ KURAISHY et al., 2023). Além da in�amação exacerbada, Manta (2022) cita a capacidade do SARS- CoV-2 de infectar os receptores ACE2, glicoproteínas presentes nas células. Paliwal (2020) evidência que essa glicoproteína está de forma abrangente no tecido nervoso, como nos neurônios, astrócitos e oligodendrócitos, substância negra, ventrículos, giros, córtex cingulado posterior e bulbo olfatório. Uma vez dentro do tecido nervoso, é capaz de alterar o transporte celular e se propagar com maior facilidade entre os neurônios. Dentre as sequelas neuromusculares existentes, evidencia-se a Síndrome de Guillain-Barré (SGB), que tem sua �siopatologia intrinsecamente ligada ao processo in�amatório que se desenvolve durante e depois da doença do covid-19. As neuropatias e polineuropatias periféricas são lesões difusas dos nervos periféricos e se evidenciam com fraqueza, dé�cit sensitivo, dor e disfunção autonômica (MERRITT,2018). A Síndrome de Guillain-Barré é uma polineuropatia adquirida especí�ca, que surge após infecções virais das vias respiratórias ou do trato gastrointestinal, imunização ou intervenção cirúrgica. (MERRITT,2018). Bueso (2021) explica que a SGB se desenvolve quando o sistema imunológico ataca os gânglios no sistema nervoso periférico (SNP), caracterizando uma polirradiculoneuropatia desmielinizante in�amatória aguda, relatada principalmente em pacientes em estado grave da doença por Covid-19, processo explicado pela in�amação existente e corroborando para o neurotropismo do vírus. Considerações �nais Indica-se que a infecção pelo vírus SARS-CoV-2 está fortemente relacionada com o aparecimento das sequelas neuromusculares nos pacientes acometidos, mas que há a necessidade de maior compreensão da patogenia da doença. Ainda não está claro se o vírus tem a capacidade de causar de forma direta as sequelas neuromusculares, quais serão e se aparecerão. O estudo contribui signi�cativamente para entender que as doenças neuromusculares, quanto sequelas da covid-19, podem fazer parte de um diagnóstico diferencial das demais etiologias, também corrobora para um maior entendimento do mecanismo patogênico do vírus. Tem como limitação a heterogeneidade do material analisado, composto por casos e pequenas séries de casos, o que di�culta e generaliza os resultados. Outra limitação é o tempo de análise das sequelas, por ser uma doença recente ocasionando o curto tempo de observação do paciente acometido, podendo um estudo transversal trazer novos resultados. Faz-se necessário novos estudos para elucidar o processo de patogênese desses achados e aumentar o tamanho da amostra para futuras análises. Referências Agergaard J, Leth S, Pedersen TH, Harbo T, Blicher JU, Karlsson P, Østergaard L, Andersen H, Tankisi H. Myopathic changes in patients with long-term fatigue after COVID-19. 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Discente do curso de Medicina da UnesulBahia e-mail: gabrielfadini10@gmail.com; Doutor em Engenharia Biomédica Docente do Curso de Medicina da UnesulBahia e-mail: jcouto@unesulbahia.br; Residência em Clínica Médica e-mail: priscilafadini@hotmail.com ← Post anterior Post seguinte → 1 2 3 https://api.whatsapp.com/send?phone=5521981597352&text=Ol%C3%A1%2C%20quero%20publicar%20meu%20artigo! https://revistaft.com.br/reggae-e-poema-o-navio-negreiro-passado-e-presente/ https://revistaft.com.br/medidas-adotadas-para-diminuir-a-poluicao-em-uma-construcao-ecologica/ é um método bibliométrico para avaliar a importância de periódicos cientí�cos em suas respectivas áreas. Uma medida que re�ete o número médio de citações de artigos cientí�cos publicados em determinado periódico, criado por Eugene Gar�eld, em que os de maior FI são considerados mais importantes. Revisores: Lista atualizada periodicamente em revistaft.com.br/e xpediente Venha fazer parte de nosso time de revisores também! 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