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A. Qual a definição de BALT? conjunto do tecido linfoide dos brônquios ( do inglês bronchus-associated lymphoid tissue) B. Explique importância do epitélio respiratório para proteção contra agentes invasores. C. Qual a localização e a função dos pneumócitos dos tipos I e II. D. Analise a anatomia da traqueia e dos pulmões. Tecido linfóide associado às mucosas No corpo, há vários aglomerados de tecido linfóide, situados no tecido conjuntivo das paredes dos sistemas digestório, respiratório e geniturinário, assim como na pele . São locais sujeitos a invasões microbianas frequentes, porque estão expostos ao meio externo ; portanto, a localização do tecido linfoide nesses locais é estratégica para detectar antígenos rapidamente , especialmente microrganismos, e proteger o organismo contra patógenos do meio ambiente. Em alguns locais, esses acúmulos de tecido linfoide formam órgãos permanentes e bem estruturados, como as tonsilas e as placas de Peyer da região do íleo do intestino delgado. Acúmulos temporários de tecido linfoide podem ocorrer em qualquer local de tecido conjuntivo, se houver inflamação ou infecção local, ou a introdução de antígenos, mas desaparecem após se resolver a causa inicial. A pele também apresenta muitas células do sistema imune, como linfócitos, macrófagos e células de Langerhans. O conjunto do tecido linfoide das mucosas é conhecido pela sigla MALT. Há denominações específicas para o tecido linfoide associado ao tubo digestório (GALT, do inglês gut-associated lymphoid tissue), aos brônquios (BALT, do inglês bronchus-associated lymphoid tissue), à pele (SALT, do inglês skin-associated lymphoid tissue), assim como para outros locais do corpo. Principais características do sistema respiratório O sistema respiratório é constituído dos pulmões e de um conjunto de ductos que comunicam os pulmões com o meio exterior. Pela respiração é feita a troca de CO2 do sangue por O2 . Além disso, esse sistema está envolvido na fonação e na recepção de estímulos olfatórios. Distinguem-se no sistema respiratório duas porções com atividades funcionais distintas: a porção condutora e a porção respiratória. Porção condutora Formada por uma sequência de ductos extra e intrapulmonares – fossas nasais, nasofaringe, orofaringe, laringe, traqueia, brônquios e bronquíolos . Além de disponibilizar a passagem de ar, a porção condutora purifica, umedece e aquece o ar inspirado, funções importantes para proteger o delicado revestimento dos alvéolos pulmonares e impedir a sua dessecação. A traqueia e os ductos dela derivados se ramificam de maneira semelhante aos galhos de uma árvore e seu conjunto é denominado árvore traqueobrônquica. Para assegurar a passagem contínua de ar pela porção condutora, é essencial manter o lúmen de seus ductos constantemente aberto. Nesse sentido, a parede dos ductos da porção condutora tem componentes que lhe proporcionam suporte estrutural, flexibilidade e extensibilidade. Conforme o local da porção condutora, esses componentes consistem em um ou vários dos seguintes tecidos: ósseo, cartilaginoso, conjuntivo e muscular liso. - epitélio pseudoestratificado colunar ciliado que repousa sobre uma lâmina própria de tecido conjuntivo Porção respiratória É o segmento constituído de bronquíolos respiratórios, ductos alveolares e alvéolos, todos intrapulmonares . A maior parte do volume pulmonar é ocupado pelos alvéolos, espaços delimitados por paredes muito delgadas através das quais ocorre a troca de CO2 do plasma por O2 do ar inspirado. Elasticidade do sistema respiratório A maior parte do tecido conjuntivo desse sistema tem grande quantidade de fibras elásticas . As vias respiratórias extra e intrapulmonares, assim como os alvéolos, aumentam o seu volume durante a inspiração e, graças às fibras elásticas e, em parte, à musculatura lisa, retornam ao seu estado de repouso na expiração. Epitélio respiratório Grande parte da porção condutora é revestida internamente pelo epitélio denominado epitélio respiratório, embora ele não participe das trocas gasosas entre o sangue e o ar. É um epitélio pseudoestratificado colunar ciliado que repousa sobre uma lâmina própria de tecido conjuntivo. Entre o epitélio e o tecido conjuntivo há uma lâmina basal na qual todas as células de epitélio se apoiam . No entanto, como as células têm tamanhos diferentes, seus núcleos aparecem em diversas alturas no epitélio dando a impressão de existirem várias camadas, razão pela qual é denominado pseudoestratificado. Ao microscópio eletrônico, identificam-se cinco tipos celulares no epitélio respiratório , e ao microscópio óptico, podem ser facilmente identificados três tipos , que são os predominantes: as células colunares ciliadas, as células caliciformes e as células basais. As duas primeiras alcançam a superfície do epitélio, porém as células basais são curtas. Mucosa do sistema respiratório Em vários locais da mucosa, desde as cavidades nasais até a laringe, há áreas não revestidas pelo epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado. São revestidas por epitélio estratificado pavimentoso , que oferece melhor proteção ao atrito. O epitélio estratificado pavimentoso é encontrado nas regiões expostas à possibilidade de abrasão (p. ex., orofaringe, epiglote, pregas vocais). Quando ocorrem modificações na corrente de ar e no direcionamento de substâncias abrasivas do ambiente, áreas do epitélio pseudoestratificado colunar de outros locais podem se transformar em epitélio estratificado pavimentoso. Nos tabagistas , ocorre aumento no número das células caliciformes e redução da quantidade de células ciliadas. O aumento da produção de muco nos fumantes frequentemente leva à obstrução parcial dos ramos mais finos da porção condutora do sistema respiratório. A célula colunar ciliada tem um núcleo elíptico e, em sua superfície apical, tem cerca de 300 cílios. Próximo aos corpúsculos basais dos cílios há numerosas mitocôndrias, que fornecem trifosfato de adenosina (ATP) necessário para os batimentos ciliares. As células caliciformes são o segundo tipo celular mais numeroso. São secretoras de muco. O citoplasma de sua região apical abriga numerosos grânulos de secreção contendo mucinas compostas de glicoproteínas. Não são ciliadas. As células basais são curtas e arredondadas. Apoiam-se na lâmina basal do epitélio, mas não se estendem até a superfície do epitélio. São células-tronco que se multiplicam continuamente por mitose e originam os demais tipos celulares do epitélio respiratório. As células colunares em escova (brush cells) têm numerosos microvilos em sua superfície apical. Em sua superfície basal, há terminações nervosas aferentes, consideradas receptores sensoriais. As células granulares , semelhantes às basais, contêm numerosos grânulos com diâmetro de 100 a 300 nm, que, ao microscópio eletrônico de transmissão, exibem a sua parte central mais densa aos elétrons. Estudos histoquímicos mostraram que fazem parte do sistema neuroendócrino difuso. Funções de defesa no sistema respiratório Devido ao trânsito constante de ar em seu interior, o sistema respiratório está diretamente exposto ao meio externo e sua mucosa é uma interface estratégica entre o meio interno do corpo e o ar inspirado. A mucosa protege o organismo contra as impurezas do ar por meio de vários mecanismos de defesa existentes nas porções condutora e respiratória. As inúmeras células caliciformes do epitélio respiratório, assim como pequenas glândulas situadas na mucosa, secretam grande quantidade de muco para o lúmen dos tubos da porção respiratória. Esse muco deposita-se sobre a superfície do epitélio formando uma lâmina, que é continuamente deslocada por batimento ciliar ao longo da superfície do epitélio, em direção à faringe.Grande parte das partículas de poeira e microrganismos presentes no ar adere ao muco e não alcança os alvéolos, que são os componentes mais frágeis do sistema respiratório. Outro mecanismo de defesa contra antígenos vindos do meio externo é uma camada de grande número de linfócitos dispersos abaixo do epitélio. Além disso, há muitos nódulos linfáticos e linfonodos distribuídos na mucosa ou na região externa dos tubos da porção condutora. Os nódulos fazem parte do conjunto denominado tecido linfático associado às mucosas, conhecido pela sigla MALT . Os linfócitos da mucosa migram, levando para linfonodos informações sobre moléculas estranhas (que podem ou não fazer parte de microrganismos); dessa maneira, podem desencadear uma resposta imunitária . Na mucosa da porção condutora, há ainda grande quantidade de plasmócitos e macrófagos. As áreas da lâmina própria que contém nódulos linfáticos são recobertas por células M. Elas captam antígenos e os transferem para o tecido abaixo da célula, no qual há macrófagos e linfócitos. Na porção respiratória, há uma grande quantidade de macrófagos denominados macrófagos alveolares, localizados nas paredes e no interior dos alvéolos pulmonares. Traqueia A traqueia é um tubo que se continua com a laringe e termina ramificando-se nos dois brônquios principais ou primários (extrapulmonares). É revestida internamente por epitélio do tipo respiratório . A lâmina própria da sua mucosa é formada por tecido conjuntivo frouxo, rico em fibras elásticas, e contém glândulas seromucosas, cujos ductos se abrem no lúmen traqueal . A secreção das glândulas e das células caliciformes do epitélio superficial forma uma lâmina contínua sobre o epitélio, que é movida em direção à faringe pelos batimentos ciliares do epitélio. A traqueia é o tubo que liga a laringe aos brônquios, conduzindo o ar para os pulmões. Para evitar que esse tubo se feche durante a respiração, sua parede contém de 16 a 20 anéis de cartilagem hialina . Esses anéis têm formato de “C” , ou seja, são abertos na parte de trás (voltada para o esôfago). Essa forma permite que a traqueia se mantenha sempre aberta e, ao mesmo tempo, que o esôfago consiga se expandir durante a deglutição, sem ser comprimido. Na região posterior da traqueia, onde os anéis de cartilagem são abertos, existe: ● Músculo liso (chamado músculo traqueal); ● Ligamentos fibroelásticos , que são faixas elásticas que ligam as cartilagens entre si. Essas estruturas completam a parede da traqueia na parte aberta e mantêm sua integridade, sem torná-la completamente rígida. Função dos ligamentos e músculos ● Ligamentos fibroelásticos: impedem que a traqueia se dilate ou se estique demais quando o ar passa. ● Músculo traqueal: pode se contrair ou relaxar, alterando o diâmetro interno (lúmen) da traqueia. Quando o músculo se contrai, o lúmen da traqueia fica mais estreito; quando relaxa, o lúmen se amplia. Esse controle é importante para regular a passagem do ar. Durante o reflexo da tosse , ocorre uma contração brusca do músculo traqueal. Isso faz o lúmen se estreitar e o ar ser expelido com maior velocidade. Esse aumento na velocidade do ar ajuda a remover secreções acumuladas e partículas estranhas que tenham entrado nas vias respiratórias. O reflexo da tosse é desencadeado por receptores sensoriais localizados na parede dorsal da faringe e da traqueia , principalmente na região onde a traqueia se divide em dois brônquios principais (bifurcação traqueal). A traqueia é revestida externamente por tecido conjuntivo frouxo, constituindo a sua camada adventícia, de espessura variada e que se continua com tecido conjuntivo de órgãos adjacentes. Árvore brônquica Os dois brônquios primários ou principais, após curto trajeto, entram nos pulmões pelo hilo pulmonar. Pelo hilo entram também artérias pulmonares e artérias brônquicas e saem vasos linfáticos e veias pulmonares que conduzem sangue oxigenado para o coração e as veias brônquicas. Todas essas estruturas são envolvidas por tecido conjuntivo, e esse conjunto é chamado raiz do pulmão . Os brônquios primários ramificam-se no interior dos pulmões e originam três brônquios secundários no pulmão direito e dois no esquerdo. Cada brônquio secundário supre um lobo pulmonar , sendo, por esse motivo, também denominados brônquios lobares. Esses se dividem repetidas vezes, originando brônquios cada vez menos calibrosos. Seus últimos ramos originam os bronquíolos, que se ramificam originando de cinco a sete bronquíolos terminais, últimos segmentos da porção condutora . À medida que os condutos se segmentam, a estrutura de sua parede se torna mais simples. O epitélio diminui de altura e se transforma de epitélio pseudoestratificado para epitélio simples colunar não ciliado . Essa simplificação é gradual, não havendo transição brusca entre os vários segmentos da árvore brônquica. Brônquios Em sua porção extrapulmonar, os brônquios primários têm estrutura semelhante à da traqueia , sendo suas cartilagens em forma de anéis fechados. ( compare a estrutura histológica da traqueia, dos brônquios e dos bronquíolos, observados em cortes transversais. Note a simplificação da parede e a ausência de cartilagens na parede do bronquíolo. Brônquios e bronquíolos (não estão proporcionais entre si no desenho) são envolvidos por alvéolos pulmonares.) A mucosa dos brônquios é revestida por epitélio respiratório que repousa sobre uma lâmina própria. O epitélio dos bronquíolos e de outras regiões da porção condutora tem as células neuroendócrinas pulmonares isoladas ou em grupos de 80 a 100 células chamados corpos neuroepiteliais. Essas células atuam como sensores de O2 e CO2 nas vias respiratórias e são inervadas por fibras do nervo vago. Em torno da mucosa há uma camada de músculo liso que circunda completamente a parede do brônquio, formada por feixes musculares dispostos em espiral. A contração desse músculo após a morte é responsável pelas pregas longitudinais características da mucosa brônquica, frequentemente observadas em cortes histológicos. Em torno da camada muscular da parede dos brônquios secundários e de suas ramificações há pequenas placas de cartilagem hialina de formato irregular que circundam inteiramente o brônquio . No tecido conjuntivo que envolve a camada muscular e entre as peças de cartilagens há glândulas seromucosas cujos ductos se abrem no lúmen brônquico. Em torno das cartilagens há uma camada de tecido conjuntivo rico em fibras elásticas denominada camada adventícia. Tanto na adventícia quanto na mucosa, são frequentes os acúmulos de linfócitos. Bronquíolos Os bronquíolos têm diâmetro de 1 mm ou menos e suas paredes são mais simples que os segmentos anteriores. Além do menor diâmetro , algumas características importantes para o seu diagnóstico em cortes são: ● Epitélio de revestimento simples colunar ciliado nas porções iniciais, tornando-se simples cúbico ciliado e finalmente sem cílios. As células caliciformes diminuem em número e podem estar completamente ausentes nos segmentos finais dos bronquíolos ● Ausência de cartilagem e de glândulas em suas paredes. A lâmina própria da mucosa dos bronquíolos é delgada e rica em fibras elásticas. A lâmina própria é envolvida por uma camada de músculo liso que circunda toda a parede e sua espessura é proporcionalmente maior que a dos brônquios. Bronquíolos terminais São as porções finais dos bronquíolos. Sua estrutura é semelhante à dos bronquíolos, mas a sua parede é mais delgada, revestida por epitélio colunar baixo ou cúbico, com células ciliadas e não ciliadas. O epitélio dos bronquíolos e dos bronquíolos terminais têm grande quantidade de células em clava, também chamadas células bronquiolares secretoras não ciliadas, anteriormente denominadas células de Clara. Sua superfície apical tem forma de abóbada, é saliente em relação às outras células do epitélio e abriga grânulos secretores que contêm diversas moléculas . Uma das moléculas produzidas é a CC 16, que possivelmente atua controlando a resposta inflamatória local. Lóbulo pulmonar Cada bronquíolo terminal e suas ramificações até os alvéolos constitui um lóbulo pulmonar. formato: pirâmides com ápice voltado para o hilo do pulmão e a base para a superfície pulmonar. superfície delimitada por delgados septos conjuntivos , de difícil visualização no adulto, porém bem observados em fetos. No adulto, esses septos são incompletos, sendo os lóbulos mal delimitados. Porção respiratória Bronquíolos respiratórios e ductos alveolares Cada bronquíolo terminal subdivide-se em dois ou mais bronquíolos respiratórios, que formam a transição entre a porção condutora e a respiratória do sistema respiratório. O bronquíolo respiratório é um tubo curto , às vezes ramificado, com estrutura semelhante à do bronquíolo terminal, porém a sua principal característica é a existência de descontinuidades em sua parede , pelas quais o seu lúmen se comunica diretamente com alvéolos pulmonares A superfície interna dos bronquíolos respiratórios é revestida por um epitélio simples, inicialmente colunar baixo e depois cuboide, podendo apresentar cílios na porção inicial. Esse epitélio não tem células caliciformes , mas pode conter células em clava . O músculo liso e as fibras elásticas de sua parede formam uma camada mais delgada do que a do bronquíolo terminal. Ao longo da parede do bronquíolo respiratório aumenta o número de descontinuidades, acompanhadas de alvéolos que se abrem no seu lúmen . Quando a parede se torna muito descontínua, é constituída quase só de saídas de alvéolos, e o segmento passa a ser considerado um ducto alveolar Devido à grande quantidade de interrupções da parede dos ductos alveolares, as paredes são percebidas nos cortes histológicos na forma de pequenos “botões”. Nesses “botões”, observa-se um revestimento de células epiteliais cúbicas situadas sobre células musculares. As interrupções da parede, intercaladas nos botões, comunicam o lúmen dos ductos alveolares com os últimos segmentos da porção respiratória: os sacos alveolares e os alvéolos. Sacos alveolares e alvéolos Os alvéolos são pequenas bolsas delimitadas por delgada parede, denominada parede alveolar, e seu conjunto se assemelha a favos de mel construídos por abelhas. Os alvéolos ocupam a maior parte do volume dos pulmões, sendo responsáveis pela estrutura esponjosa do parênquima pulmonar . Os sacos alveolares são espaços mais amplos nos quais se abrem vários alvéolos. Estrutura das paredes alveolares Sua porção central é constituída de uma delgada camada de tecido conjuntivo cuja matriz extracelular é rica em fibras elásticas, fibras reticulares e substância fundamental . As fibras elásticas das paredes alveolares se distendem durante a inspiração e se contraem passivamente na expiração , retornando os alvéolos e todo o pulmão ao estado anterior ao da inspiração. As fibras reticulares são importantes para estabilizar as delgadas e delicadas paredes dos alvéolos. No tecido conjuntivo, há células, tais como fibroblastos e leucócitos, mastócitos e macrófagos. Além disso, um importante componente das paredes é uma extensa rede de capilares sanguíneos. As paredes alveolares são revestidas por uma delgada camada de células epiteliais que estão em contato direto com o ar presente no lúmen dos alvéolos . Dois tipos de células participam dessa camada epitelial: o pneumócito tipo I e o pneumócito tipo II. Pneumócito tipo I É uma célula epitelial pavimentosa cujo citoplasma é muito delgado e de difícil visualização em cortes histológicos. Seu núcleo achatado e alongado faz uma ligeira saliência no interior do alvéolo. Em razão da grande extensão de seu citoplasma, os núcleos dessas células estão muito separados uns dos outros . Na maior parte da superfície alveolar, o citoplasma dos pneumócitos tipo I é tão delgado que somente pelo uso de microscopia eletrônica de transmissão foi possível saber que eles formam uma camada contínua na superfície dos alvéolos. Os pneumócitos I aderem entre si por desmossomos e por junções oclusivas que impedem a livre passagem de fluidos do interior da parede para o interior dos alvéolos. A principal função dessas células é constituir uma barreira de espessura mínima, mas que possibilite facilmente as trocas de O2 e CO2 entre o lúmen alveolar e o centro da parede alveolar, em que se localizam os capilares sanguíneos. Pneumócito tipo II Também reveste a superfície alveolar, intercalado nos pneumócitos tipo I . Ambos os tipos de células aderem entre si por meio de desmossomos e junções oclusivas. são células arredondadas que frequentemente fazem saliência no interior do alvéolo . Seu núcleo é esférico, maior e mais claro que dos pneumócitos tipo I. O citoplasma é vacuolizado e pouco corado em cortes histológicos. Por microscopia eletrônica de transmissão, observa-se que essas células apresentam retículo endoplasmático granuloso desenvolvido e microvilos em sua superfície livre. Eles têm em seu citoplasma muitos corpos multilamelares elétron-densos, de 1 a 2 μm de diâmetro Os corpos multilamelares contêm fosfolipídios, proteínas e glicosaminoglicanos que são continuamente sintetizados e liberados por exocitose, através da membrana apical das células, para o espaço alveolar. Essa secreção se espalha sobre a superfície dos alvéolos formando uma delgada película hidrofóbica sobre os pneumócitos tipo I e tipo II denominada surfactante pulmonar, que reveste a superfície dos alvéolos. Ela exerce importantes funções, das quais uma das mais relevantes é reduzir a tensão superficial da parede alveolar, mantendo a delicada estrutura da parede, evitando o seu colapso e o colabamento do alvéolo durante a inspiração . A camada surfactante é renovada constantemente pela secreção continuada de seus componentes. Nos fetos de seres humanos, essa película surfactante lipoproteica aparece nas últimas semanas da gestação, na mesma ocasião em que os corpos multilamelares surgem nos pneumócitos tipo II. Macrófagos alveolares e células dendríticas Há uma grande população de macrófagos e células dendríticas no sistema respiratório , no qual exercem, respectivamente, funções de fagocitose e processamento/apresentação de antígenos a linfócitos T. Os macrófagos alveolares fazem parte do sistema mononuclear fagocitário do organismo. Situam-se nas paredes alveolares e no lúmen dos alvéolos . São também chamados de células de poeira, pois frequentemente têm em seu citoplasma fagossomos contendo partículas de carbono ou outras partículas inaladas e fagocitadas , observadas por microscopia óptica. Barreira hematoaérea O ar no interior dos alvéolos e as hemácias presentes no sangue dos capilares sanguíneos da parede alveolar estão separados entre si por quatro estruturas que compõem a barreira hematoaérea: - citoplasma dos pneumócitos tipo I - a lâmina basal sob essas células - a lâmina basal em torno do capilar - citoplasma da célula endotelial do capilar Esta barreira é muito delgada e sua espessura é de 0,1 a 1,5 μm. Frequentemente, as duas lâminas basais se fundem, diminuindo a distância pela qual os gases devem se difundir. O O2 do ar alveolar passa para o sangue capilar e o CO2 difunde-se em sentido contrário. A liberação do CO2 acumulado no citoplasma das hemácias é facilitada pela atividade catalítica da enzima anidrase carbônica, que atua nas moléculas de ácido carbônico (H2CO3). (A anidrase carbônica ajuda o ácido carbônico (H₂CO₃) dentro das hemácias a se decompor rapidamente em CO₂ e água, facilitandoque o CO₂ seja liberado para o alvéolo e expirado.) Poros alveolares Com certa frequência, as paredes alveolares apresentam poros de 10 a 15 μm de diâmetro que comunicam alvéolos adjacentes . Esses poros equalizam a pressão do ar nos alvéolos e possibilitam a circulação colateral do ar, quando um bronquíolo ou ducto alveolar é obstruído. Fluido alveolar Há uma quantidade mínima de fluido no interior dos alvéolos, que é constantemente removido para a porção condutora, na qual se mistura com o muco dos brônquios, formando o fluido broncoalveolar. Esse líquido contém diversas enzimas, como lisozima, colagenase e betaglicuronidase, provavelmente produzidas pelos macrófagos alveolares e, em parte, pelas células em clava, e tem ação antimicrobiana. Vasos sanguíneos dos pulmões Há nos pulmões dois sistemas separados de vasos sanguíneos. A circulação funcional é representada pelas artérias e veias pulmonares. As artérias pulmonares, do tipo elástico, conduzem sangue venoso do ventrículo direito do coração para ser oxigenado nos alvéolos pulmonares . Nos pulmões, elas se ramificam , acompanhando a árvore brônquica, e seus ramos se colocam em torno das paredes dos brônquios e dos bronquíolos No nível dos ductos alveolares , partem ramos capilares que formam redes muito finas entre as paredes que separam os alvéolos pulmonares . É nessa rede capilar alveolar que ocorrem as trocas gasosas entre o sangue e o ar alveolar ( hematose .) Os pulmões possuem a rede capilar mais extensa e desenvolvida de todo o organismo , o que garante uma grande superfície de contato para a difusão eficiente dos gases respiratórios: ● O₂ passa do ar alveolar para o sangue capilar ; ● CO₂ passa do sangue capilar para o alvéolo , sendo eliminado na expiração. Após essa troca, o sangue agora rico em oxigênio flui para pequenas vênulas , que se unem progressivamente para formar veias maiores . Essas veias pulmonares acompanham o trajeto da árvore brônquica em direção ao hilo pulmonar , onde se reúnem para formar os grandes troncos venosos que conduzem o sangue oxigenado ao átrio esquerdo do coração . Os vasos nutridores compreendem as artérias e as veias brônquicas. As artérias levam sangue com nutrientes e O2 para a oxigenação e nutrição das células do parênquima pulmonar , não participando das trocas gasosas das redes capilares . Os ramos da artéria brônquica acompanham a árvore brônquica até os bronquíolos respiratórios. Os capilares desses ramos se reúnem em vasos que acabam formando as veias brônquicas nos hilos. Vasos linfáticos dos pulmões Vasos linfáticos nascem no parênquima pulmonar e dirigem-se para o hilo acompanhando os brônquios e os vasos pulmonares. São encontrados também nos septos interlobulares. ● Rede profunda: → Está dentro do pulmão , no parênquima e nos septos interlobulares . → Acompanha os brônquios e vasos sanguíneos até chegar ao hilo pulmonar , onde a linfa é drenada para os linfonodos (gânglios linfáticos) . ● Rede superficial: → Está localizada na pleura visceral (a membrana que reveste externamente o pulmão). → Essa rede drena a linfa da superfície do pulmão. → Seus vasos podem seguir pela pleura ou penetrar no parênquima , unindo-se à rede profunda e também indo para os linfonodos do hilo . Pleura A pleura, membrana serosa que envolve o pulmão , é formada por dois folhetos, parietal e visceral, que se continuam na região do hilo pulmonar. Os dois folhetos delimitam entre si, em torno de cada pulmão, uma cavidade, a cavidade pleural. A superfície dos folhetos voltada para a cavidade é revestida por um mesotélio – epitélio simples pavimentoso . Ele repousa sobre uma fina camada de tecido conjuntivo que faz parte da pleura e que contém fibras colágenas e elásticas. O folheto visceral adere ao tecido pulmonar e as fibras colágenas e elásticas desse folheto se continuam com as do parênquima pulmonar. Em condições normais, a cavidade pleural é virtual, contendo apenas uma quantidade mínima de líquido que age como lubrificante, facilitando o deslizamento entre os dois folhetos durante os movimentos respiratórios. A pleura – assim como o revestimento de outras cavidades serosas, por exemplo, o peritônio e o pericárdio – é uma estrutura de grande permeabilidade , o que explica a frequência de acúmulo patológico de líquido entre os dois folhetos pleurais (derrame pleural). Esse líquido deriva de plasma sanguíneo por transudação através da parede dos capilares sanguíneos e vênulas, provocada por processos patológicos. Em contrapartida, na ausência desses, líquidos ou gases contidos na cavidade da pleura são rapidamente absorvidos.