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P1 – ZOONOSES E SAÚDE PÚBLICA AULA 1 - INTRODUÇÃO ÀS ZOONOSES E À SAÚDE PÚBLICA INTRODUÇÃO O que é zoonose? ● "Doenças ou infecções naturalmente transmissíveis entre animais vertebrados e seres humanos, direta ou indiretamente." (Organização Mundial da Saúde - OMS) ● Origem do termo: o ZOON: Animal. o NOSOS: Doenças. AGENTES ZOONÓTICOS ● Período Neolítico (7000 a 2500 a.C.): o Desenvolvimento das sociedades agropastoris. o Estruturação da agricultura. o Domesticação de animais. ● Idade Média (800 a 1200 d.C.): o Cidades medievais dentro dos castelos feudais. o Aglomeração de pessoas, alimentos e resíduos. o Crescimento das populações de animais sinantrópicos. o PESTE BUBÔNICA / NEGRA. ● Idade Moderna (Séculos XV a XVIII): o Surgimento das metrópoles. o Em países subdesenvolvidos, raiva e tuberculose se tornaram frequentes. ● Idade Contemporânea: o Mudanças nos sistemas de produção animal. o Regiões com piores condições de qualidade de vida apresentam maior crescimento populacional. Distribuição geográfica: ● Maior incidência de zoonoses na América Latina, África e Ásia. IMPORTÂNCIA DAS ZOONOSES ● 61% dos 1.500 patógenos humanos são zoonóticos. ● 75% das doenças humanas emergentes ou reemergentes do último século são zoonoses. ● Impacto na saúde pública, saúde animal e saúde ocupacional. Fatores que contribuem para o aumento das zoonoses: 1. Globalização. 2. Aumento na demanda por alimentos de origem animal. 3. Comércio e deslocamento de animais. 4. Impacto ambiental. 5. Aumento da exposição humana a novos agentes. FATORES SOCIOAMBIENTAIS RELACIONADOS ÀS ZOONOSES ● Desmatamento. ● Acúmulo de lixo. ● Circulação livre de animais. ● Criação de animais silvestres em domicílio. ● Crescimento urbano desordenado. Outros fatores: ● Aumento da expectativa de vida. ● Mudanças climáticas (El Niño, La Niña). ● Pobreza e insegurança alimentar. ● Guerras civis e bioterrorismo. EXEMPLOS DE ZOONOSES RELEVANTES ● Gripe Aviária (H5N1). ● Coronavírus (2019-nCoV). ● Raiva. ● Varíola e Monkeypox. ● Peste Bubônica. ● Brucelose, leptospirose e leishmaniose. CONCEITOS E CLASSIFICAÇÕES DAS ZOONOSES Definição histórica: ● 1951 (OMS): "Doenças ou infecções naturalmente transmissíveis entre animais vertebrados e seres humanos." ● Século XIX (Rudolph Virchow): Origem do termo "zoonose". ● 1965 (OMS): Envolve também vetores, portadores e reservatórios. Classificação quanto ao modo de transmissão: ● Vertical: Da mãe para o feto (transplacentária). ● Horizontal: De animal para humano ou vice-versa. o Direta: Contato físico. o Indireta: Através do ambiente, vetores ou alimentos. Classificação quanto ao ciclo de manutenção do agente etiológico: 1. Antropozoonoses: Doença de animais transmitida ao homem (Ex: Raiva, leptospirose, brucelose, leishmaniose). 2. Zooanthroponoses: Doença humana transmitida aos animais (Ex: Tuberculose, sarampo). 3. Anphixenoses: Doenças que podem ser transmitidas em ambos os sentidos (Ex: Estafilococos). Classificação quanto ao ciclo biológico do agente: ● Direta: Não há alteração do agente ao passar de um hospedeiro para outro (Ex: Contato direto, vetor mecânico). ● Ciclozoonoses: Necessita de dois hospedeiros vertebrados distintos (Ex: Cisticercose). ● Euzoonoses: O homem é hospedeiro definitivo (Ex: Taenia solium e Taenia saginata). ● Parazoonoses: O homem é hospedeiro acidental, mas não essencial para o ciclo (Ex: Equinococose-hidatidose). ● Metazoonoses: Agente precisa de um hospedeiro invertebrado para completar seu ciclo (Ex: Febre amarela, leishmaniose). ● Saprozoonoses: Envolve um elemento não animal no ciclo (Ex: Toxoplasmose, Larva migrans visceral). AULA 2 – CONCEITOS EPIDEMIOLÓGICOS CONCEITOS: Parasitismo: Duas espécies, na qual uma se beneficia da outra; Ex: Miíase Comensalismo: Duas espécies associadas com benefício para uma delas mas sem prejuízo para a outra; Ex: Entamoeba coli e ohomem Forésia:Transporte de uma espécie por outra sem envolver qualquer tipo de parasitismo; Ex: Aedes aegypti e o vírus da dengue Simbiose: Interação entre duas espécies que vivem juntas; Ex: Flora intestinal Hospedeiro: pessoa/animal/artrópodes Que em circunstâncias naturais permitem a subsistência ou o alojamento de um agente infeccioso. ● Primário ou definitivo: onde o agente chega a maturidade (fase sexuada) ● Secundário ou intermediário: onde se encontra a fase larvário ou assexuada. ● Amplificador: onde o agente se multiplica, ou por se multiplicar, aumenta repentinamente o numero de agentes infecciosos. ● Acidental: o hospedeiro geralmente não transmite o agente a outros animais. Reservatório: ser vivo ou matéria inanimada onde vive e se multiplica um agente infeccioso, do qual depende para sua sobrevivência, reproduzindo-se de maneira que possa ser transmitido a um hosp. susceítivel. Vetores: seres vivos que veiculam o agente desde o reservatório até o hospedeiro potencial ● Mecânico: transportadores de agentes (insetos, que carreiam nas pastas, probóscides, asas ou trato gastrointestinal contaminados e onde não há multiplicação ou modificação do agente. ● Biológicos: onde os agentes desenvolvem algum ciclo vital antes de serem disseminados ou inoculados no hospedeiro. Fonte de infecção: é o foco de onde o agente infecciosos passa para um novo hosp, podendo ser pessoas, animais, obj, alimentos, agua, etc. CADEIA EPIDEMIOLÓGICA: FONTE DE INFECÇÃO: animais excretando o patógeno com ou sem sintomatologia VIA DE ELIMINAÇÃO: fluídos contendo o patógeno VIA DE TRANSMISSÃO: direta ou indireta – alimentos, fômites PORTA DE ENTRADA: trato resp, dig, tegumentar, genital HOSPEDEIRO SUSCETÍVEL: hosp vertebrado DOENÇA EMERGENTE OU REEMERGENTE “Aquelas só recentemente identificadas na pop humana ou já existentes, mas que rapidamente aumentaram sua incidência e ampliaram sua distrib geográfica.” ● Elas podem surgir de forma inesperada, determinando impactos não só na economia, mas também na estrutura demográfica dos povos. ● 75% das doenças humanas emergentes ou reemergentes do ultimo século são zoonoses. ● Doenças emergentes: aquelas cuja incidência nos seres humanos tem aumentado nas ultimas décadas. o Fatores demográficos, sociais e políticps, econômicos, ambientais, relacionados às mudanças e adaptação dos microrganismos. ● Doenças reemergentes: são as que reaparecem após um período de declínio significativo. o Uso inadequado do tratamento, co-infecção e falha do sistema vacinal. Erradicação: extinção, por métodos artificiais, do agente etiológico da doença, sendo impossível a reintrodução e desnecessária a manutenção de medidas de prevenção ou controle. Eliminação: cessação da sua transmissão em extensa área, persistindo o risco de reintrodução. ● Volta se houver falha na utilização dos instrumentos de controle ou modificações do comportamento da doença. CONTROLE As doenças controladas são as que possuem um número muito baixo de casos, mas é necessário atenção, sendo essencial que todos mantenham o calendário vacinal atualizado, quando houver. ▪A difteria e a rubéola são doenças que já chegaram a não terem nenhum caso notificado no Brasil graças à vacinação, mas atualmente, junto com o tétano, são considera das doenças controladas, ou seja, com um baixo número de casos. CAMPO DE AÇÃO DO MÉDICO VETERINÁRIO 1. Promoção da saúde animal – melhorar a produção e produtividade. 2. Proteção dos alimentos – inocuidade e qualidade nutritiva. 3. Vigilância, prevenção e controle de zoonoses. 4. Proteção do meio ambiente e fauna silvestre. OMS Saúde Pública Veterinária (1946) 1. Prevenção e controle de zoonoses 2. Higiene alimentar com prevenção das toxinfecções de origem alimentar 3. Prevenção e controle da poluição ambiental de origem animal 4.Medicina comparativa, que objetiva o avanço no conhecimento de doenças humanas com o estudo de condições comparáveis em animais. AULA 3 – PEPEL DO MV NO CONTEXTO DA SAÚDE Decreto Nº 78.231, de 12 de agosto de 1976 Art. 5º - As ações de vigilância epidemiológica I. Coleta das informações básicas necessárias ao controle de doenças; II. Diagnóstico das doenças que estejam sob o regime de notificação compulsória; III. Averiguação da disseminação da doença notificada e a determinação da população sob risco; IV. Proposição e execução das medidas de controle pertinentes; V. Adoção de mecanismos de comunicação e coordenação do Sistema; Objetivo da vigilância ● Acompanhar o comportamento epidemiológico das doenças sob vigilância; ● Detectar epidemias e eventos de relevância epidemiológica; ● Propiciar a adoção oportuna de medidas de controle; ● Avaliar as medidas, programas, intervenções de prevenção, controle e erradicação. Disponibilidade de dados Produção de INFORMAÇÃO PARA AÇÃO ● Fluxo de coleta de dados ● Periodicidade ● Tipos de dados Tipos de dados Dados demográficos, ambientais e socioeconômicos ● Permitem quantificar grupos populacionais, com vistas à definição de denominadores para o cálculo de taxas ● Caracterização da dinâmica da população Dados de morbidade ● Detecção imediata ou precoce de problemas sanitários ● Pode apresentar duplicação de registros = necessita de cuidados na coleta e análise da informação Dados de mortalidade ● Indicadores da gravidade do fenômeno vigiado ● Registros sem causa definida: cautela na análise Notificação de emergências de saúde pública, surtos e epidemias ● Constatação de qualquer situação de risco ● Elevação do número de casos ● Introdução de outras doenças não incidentes no local RISCO Probabilidade de ocorrência de uma doença, agravo, óbito, ou condição relacionada à saúde (incluindo cura, recuperação ou melhora) em uma população ou grupo durante um período de tempo determinado Indicador de risco: n de pessoas acometidas / pop ou grupo estudado Agravo à Saúde ou Dano à Saúde ● Mal ou prejuízo à saúde de um ou mais indivíduos, de uma coletividade ou população Marcador de Risco ● Quando são atributos inevitáveis fora da possibilidade de controle ● Predisposição racial ● Grupos de risco Fator de Risco ou Fator de Exposição ● Componentes que podem levar à doença ou contribuir para o risco de adoecimento e manutenção dos agravos de saúde ● Pode ser evitado Exposição Aguda ● Contato de um ou vários indivíduos rápida e intensa a determinado fator/agente ou a determinados ● Fatores de Risco. Exposição Intermitente ● Contato que vai e volta, que ocorre periodicamente, em pulsos no tempo. Exposição Reiterada ● Contato que ocorre repetidamente, de forma sistemática ou contínua. Exposição Múltipla ● Contato com muitos fatores, exposição concomitante ou próxima de vários fatores/agentes ● causadores de agravos à saúde (fala-se geralmente dos riscos ocupacionais). Fator de Proteção ● É o atributo de um grupo com menor incidência de um determinado distúrbio em relação a outros grupos nos quais existe a ausência ou baixa dosagem de tal fator Surto ● Quando dois ou mais pessoas apresentam a doença a partir da mesma fonte de infecção Epidemia ● Coletividade de casos da mesma doença, em número que ultrapassa a incidência normalmente esperada. Endemia ● Ocorrência habitual de uma doença ou de um agente infeccioso em determinada área geográfica. Pandemia ● Quando uma epidemia, surto que afeta uma região, se espalha por diferentes continentes com transmissão sustentada de pessoa para pessoa. NOTIFICAÇÃO Comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde, feita à autoridade sanitária por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para fins de adoção de medidas de intervenção pertinentes. Notificação obrigatória: suspeita ou confirmada. Não aguardar a confirmação do caso, pois pode prejudicar uma intervenção eficaz. A notificação é sigilosa, só podendo ser divulgada fora do âmbito médico-sanitário em caso de risco para a comunidade, direito de anonimato dos cidadãos. Sistemas de Notificação ● Visam padronizar critérios diagnósticos para a entrada e a classificação final dos casos no sistema ● Servem para ampliar ou reduzir a sensibilidade ou especificidade do sistema ● Suspeitos, compatíveis ou confirmados ● Magnitude (altas taxas de incidência, prevalência, mortalidade); ● Potencial de disseminação (vetores ou fontes de infecção); ● Transcendência (relevância, severidade, hospitalização, sequelas); ● Vulnerabilidade (disponibilidade de prevenção e controle da doença); ● Compromissos internacionais (cumprimento de metas de controle, eliminação ou de erradicação); ● Ocorrência de emergências de saúde pública, epidemias e surtos (notificação imediata de todos os eventos de saúde que impliquem risco de disseminação de doenças). ● Sensibilidade: capacidade do sistema detectar casos; ● Especificidade: capacidade de excluir os “não-casos”; ● Representatividade: possibilidade do sistema identificar todos os subgrupos da população ● onde ocorrem os casos; ● Oportunidade: agilidade do fluxo do sistema de informação; ● Simplicidade: facilitar a operacionalização e reduzir os custos; ● Flexibilidade: adaptação do sistema a novas situações epidemiológicas ou operacionais (inserção de outras doenças, atuação em casos emergenciais, implantação de normas atualizadas, incorporação de novos fatores de risco); ● Aceitabilidade: interação do sistema com os órgãos de saúde e a sociedade em geral (participação das fontes notificantes e retroalimentação). Sistemas de Informação em Saúde (SIS) Apoio técnico do Datasus e da Prodabel (BH): a partir das unidades de saúde ● Objetivo: coletar e processar dados sobre agravos de notificação, em todo o território nacional, desde o nível local. o * Doenças e agravos da lista nacional de doenças de notificação compulsória Ficha individual de notificação (FIN) ● Preenchida para cada paciente quando há suspeita da ocorrência de problema de saúde de notificação compulsória. ● Roteiro de investigação, distinto para cada tipo de agravo - também utilizado para notificação negativa. Centros de Informações Estratégicas e Respostas em Vigilância em Saúde (CIEVS) ● Detecção e resposta às emergências de Saúde Pública. ● Análise contínua de problemas na saúde pública, para emissão de “sinal de alerta”; ● Gerenciamento e coordenação das ações em situações de emergência (enfrentamento de epidemias e pandemias). O MV E A SAÚDE PÚBLICA ● Proteção e promoção da saúde humana; ● Prestação de serviços de saúde e cuidados aos animais de estimação; ● Proteção do bem-estar animal; ● Investigação biomédica e segurança alimentar; ● Diagnóstico, controle e vigilância em zoonoses; ● Estudos comparativos epidemiológicos entre med humana e animal; ● Estudos sobre substâncias tóxicas; ● Inspeção de alimentos e vigilância sanitária; ● Supervisão de criação de animais de experimentação; DIREITOS E DEVERES Resolução no 287, de 8 de outubro de 1998 do Conselho Nacional de Saúde e pela Portaria Interministerial no 45 de 12 de janeiro de 2007 dos Ministérios da Educação e da Saúde: ● Relacionam a medicina veterinária como profissão da saúde, define-se a integração, o direito e dever desta classe profissional em atuar na promoção e educação em saúde da população. O SUS instituído pela lei no 8.080 de 19 de setembro de 1990. Artigo 6o, da lei no 8.080, estão incluídas: ● Ações de vigilância sanitária e epidemiológica; de saúde do trabalhador; fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas, para consumo humano. Lei Federal 5.517 de 1968 nos Art. 5o e 6o Competência do médico veterinário:● O exercício de atividade de inspeção e fiscalização sanitário, higiênico e tecnológico de produtos de origem animal ● Responsável pela aplicação de medidas de saúde pública relacionadas a doenças transmitidas de animais para humanos. Sistema único Criação de um modelo de atenção à qualidade de vida da população e do seu meio ambiente Equipe de saúde – Comunidade Estratégia de Saúde da família (eSF) ● Ações com ênfase na saúde e prevenção de doenças ● Promoção da educação em saúde e mobilização comunitária ● Conscientização comunitária por meio de distribuição de informações. Núcleo de apoio à saúde da família (nasf) Equipes multiprofissionais ● Saúde da família ● Atenção básica Qual a importância da Vigilância sanitária e epidemiológica na Saúde Pública ??? ● Proteção e defesa da saúde da população ● Controle do risco sanitário ● Origem europeia (séc. XVII e XVIII) – Alemanha ● Brasil (1976) - Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária - ampliação do controle sanitário de produtos, serviços, portos, aeroportos, fronteiras e saúde dos imigrantes. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) – 1999 ● Coordenar o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária ● Estabelecer normas, propor, acompanhar e executar as políticas, as diretrizes e as ações de vigilância sanitária ● No âmbito de controle de zoonoses: promove a eliminação, diminuição e prevenção dos riscos à saúde e melhorando assim a qualidade de vida da população. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA ● Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE) A vigilância epidemiológica possui como metodologia de controle de doenças zoonóticas, a obtenção de informações por meio de coleta e análise de dados sobre uma determinada enfermidade (ativa) em uma determinada região/população. Desta forma, cria mecanismos de controle tentando identificar pontos em que melhor pode ser instituído medidas de controle e/ou erradicação. Com isto, armazena todas as informações obtidas e disponibiliza à sociedade/profissionais os mecanismos mais eficazes que podem ser adotados frente à uma determinada situação. AULA 4 - ESTRATÉGIAS DE VIGILÂNCIA, PREVENÇÃO E CONTROLE DE ZOONOSES Atuar e intervir, direta ou indiretamente, sobre as populações de animais alvo, de modo a refletir em benefício direto à saúde da população humana. ● Toda ação deve ser precedida por um levantamento epidemiológico. VIGILÂNCIA É a área que deve desenvolver e executar ações, atividades e estratégias de vigilância de zoonoses e, dependendo do contexto epidemiológico, também de prevenção em seu território de atuação. ● Vigilância ativa: monitoradas por programas nacionais de vigilância e controle do MS; zoonoses de relevância regional ou local; emergentes e reemergentes. o Ações de forma permanente (normas técnicas) o Articulação sistemática para atualização quanto à ocorrência de casos humanos. o Monitoramento constante e sistemático das populações. o Articulação sistemática com serviços e instituições públicas e privadas o Desenvolvimento de inquéritos epidemiológicos. ● Vigilância passiva: avaliação/recepção de animal de relevância para a saúde pública; o Prevenção: as ações temporária ou permanente o Educação em saúde na comunidade o Manejo ambiental para controlar/eliminar vetores e roedores. o Vacinação animal - antirrábica de cães e gatos CONTROLE Uma vez constatada a situação de risco de transmissão de zoonose de relevância para a saúde pública no território local, inicia-se a etapa de desenvolvimento e execução do controle da doença, com a finalidade de interromper o ciclo de transmissão da zoonose alvo. MONITORAMENTO Após e durante a aplicação das medidas de controle da zoonose alvo, deve-se monitorar e avaliar sua efetividade. Se necessário, continuar com as medidas de controle, até o alcance do objetivo. ATIVIDADE DAS UNIDADES DE VIGILÂNCIA DE ZOONOSES 1. Recolhimento de animais de relevância para a saúde pública; 2. Remoção de animais (apreensão e captura de animais vertebrados); 3. Alojamento e manutenção dos recolhidos; a. Manutenção e cuidados básicos (exame clínico básico e procedimentos curativos) 4. Destinação dos animais recolhidos CONTROLE DE POPULAÇÕES DE ANIMAIS DE RELEVÂNCIA PARA A SAÚDE PÚBLICA ● Animais domésticos e domesticados A fim de reduzir ou eliminar a doença, apresentando como resultado o controle da propagação de alguma zoonose de relevância para a saúde pública prevalente ou incidente na área-alvo. Ações diretas (controle de zoonoses) ● Campanhas de vacinação Ações indiretas ● Campanhas de castração AÇÕES DE VIGILÂNCIA E CONTROLE DE ROEDORES ● Mais de mil espécies pelo mundo. ● Espécies sinantrópicas - ciclo de transmissão de doenças ● 3 espécies: Rattus norvegicus (ratazana ou rato de esgoto), Rattus rattus (rato de telhado ou rato preto),Mus musculus (camundongo). CONTROLE DE VETORES Controle químico: uso de substancias químicas – p. ex. inseticidas Controle mecânico: adoção de práticas de manejo ambiental Controle biológico: utilizam-se competidores, predadores, parasitos e entomopatogenos para reduzir a população do inseto-alvo. INSPEÇÃO ZOOSSANITÁRIA Feita quando há necessidade de avaliar o risco de transmissão de zoonoses, podendo ser desencadeada mediante denuncia previa ou espontânea, quando houver suspeita de risco a saúde coletiva. Realizada por meio de vistoria em locais públicos ou privados, com presença de animal ou situação ambiental que possa oferecer risco referente as zoonoses. Visa avaliar as condições higiênico-sanitárias, orientar as pessoas do local sobre as medidas a serem adotadas, bem como definir as ações necessárias para minimizar riscos, incluindo medidas de controle de população de animais obedecendo as normatizações vigentes. EDUCAÇÃO EM SAÚDE Sem a participação da sociedade, as medidas de prevenção e controle dos agravos a saúde tornam-se limitadas e ineficientes. A Vigilância de Zoonoses deve conter as informações técnicas e promover a educação em saúde sobre prevenção de doenças em humanos, priorizando a interação do ser humano com os animais e o ambiente. Através de: ● Participação comunitária ● Visitas domiciliares ● Correspondências ● Transversalidade com as equipes de Atenção Básica ● Palestras ● Eventos em espaços públicos ● Atividades em escolas ● Meios de comunicação AULA 5 – MÉTODOS DE PROFILÁXIA E CONTROLE SANITÁRIO PROFILAXIA É o conjunto de medidas adotadas com a finalidade de interromper a cadeia de transmissão de uma enfermidade. As medidas profiláticas podem ser aplicadas a qualquer elo da cadeia epidemiológica. AS MEDIDAS DE PROFILAXIA PODEM SER ADOTADAS EM 3 NÍVEIS DISTINTOS: 1. Prevenção - Evitar o aparecimento da enfermidade em uma população. 2. Controle - Reduzir a frequência e os efeitos de uma doença já presente na população. 3. Erradicação - Eliminar a enfermidade de um território. PREVENÇÃO A ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural da doença, torna improvável seu progresso. ● Prevenção Primária: Promoção da saúde e proteção específica. ● Prevenção Secundária: Diagnóstico e tratamento precoce. ● Prevenção Terciária: Reabilitação. MEDIDAS RELATIVAS ÀS FONTES DE INFECÇÃO – objetivo de limitar a capacidade de transmitir a infecção. 1. Identificação da fonte de infecção: Diagnóstico precoce para evitar a propagação. 2. Notificação: Comunicação oficial da ocorrência da doença às autoridades sanitárias. 3. Isolamento: Segregação da fonte de infecção durante o período de transmissibilidade – facilita a adoção de medidas para a destruição do agente etiológico. o Tipos de Isolamento: o a. Individual o b. Em grupo o c. Isolamento da área (cordão sanitário) 4. Tratamento: Interromper a eliminação do agente etiológico, reduzir o período de transmissibilidadee contaminação ambiental. 5. Sacrifício Sanitário: Abate das fontes de infecção com desinfecção rigorosa. DESTRUIÇÃO DE CADÁVERES ● Enterramento: Deve ocorrer a pelo menos 1,5 m de profundidade, longe de cursos d'água. ● Incineração: Uso de materiais inflamáveis. ● Outros: Cozimento em autoclave, métodos químicos, compostagem. MEDIDAS RELATIVAS AOS MEIOS DE TRANSMISSÃO Objetiva destruir o agente etiológico no período em que se encontra nos diferentes meios de transmissão ou evitar que o agente tenha acesso ao hospedeiro susceptível. 1. Transmissão aerógena: Ventilação, desinfecção do ar, controle de poeiras. 2. Solo: Tratamento adequado de excrementos (medida protetora), drenagem de áreas alagadiças (medida saneadora). 3. Água e Alimentos: Proteção de mananciais, controle de qualidade, tratamento da água. 4. Vetores: Impedir proliferação, uso de inseticidas e barreiras físicas. MEDIDAS RELATIVAS AOS COMUNICANTES – hospedeiros vertebrados que estiveram expostos ao risco de contrair a infecção. 1. Sacrifício: Individual ou massal para evitar propagação. 2. Quarentena: Isolamento pelo tempo correspondente ao período de incubação. 3. Quimioprofilaxia: Uso de medicamentos para prevenção. 4. Imunoprofilaxia: Uso de vacinas e soroterapia. 5. Vigilância Sanitária: Observação dos comunicantes. MEDIDAS RELATIVAS AOS SUSCEPTÍVEIS 1. Medidas Gerais: Alimentação adequada, telagem de instalações, uso de EPIs. 2. Medidas Específicas: Imunização ativa e passiva, quimioprofilaxia. MEDIDAS RELATIVAS À COMUNIDADE ● Educação sanitária como estratégia essencial em campanhas de saúde. ● Controle de doenças zoonóticas como leptospirose, febre maculosa, hantavirose, toxoplasmose, entre outras. AULA 6 – SUS SAÚDE ÚNICA “Saúde é um completo estado de bem-estar físico, mental, social e não apenas a ausência de doença. “ (OMS, 1948) SAÚDE PÚBLICA - O QUE É? PARA QUE EXISTE? A QUEM DEVE SERVIR? É RESPONSABILIDADE DE QUEM? DEFINIÇÃO: Domínio genérico de práticas e conhecimentos organizados institucionalmente em uma dada sociedade, dirigidos a um ideal de BEM-ESTAR DAS POPULAÇÕES, em termos de ações e medidas que EVITEM, REDUZAM E/OU MINIMIZEM AGRAVOS À SAÚDE, assegurando condições para a manutenção e sustentação da vida. (SABROZA, 1994) PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS: Melhor estado de saúde que lhe seja possível atingir constitui um dos direitos fundamentais de todo ser humano, sejam quais forem sua raça, sua religião, suas opiniões políticas, sua condição econômica ou social. (OMS, 1946) Os governos são responsáveis pela saúde de seus povos; eles só poderão desincumbir-se desse encargo tomando as medidas sanitárias e sociais apropriadas. FUNÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA: Viabilizar a estratégia “SAÚDE PARA TODOS”, mediante políticas públicas saudáveis, através da maior e mais efetiva participação da sociedade nas questões de vida, saúde, sofrimento e morte. IMPORTÂNCIA DA SAÚDE PÚBLICA ● Saúde ● Alimentação e nutrição ● Educação ● Condição de trabalho ● Situação de emprego ● Habitação (incluindo saneamento) ● Segurança social ● Recreação, divertimento e liberdades humanas EVOLUÇÃO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE ● Condução do MS integrada somente pelos Estados ● Restrita ao controle de doenças transmissíveis ● Ações de vigilância ambiental e sanitárias praticamente inexistentes Final da década de 80: ● Término da ditadura militar ● Criação do Sistema Único de Saúde (SUS) HISTÓRICO DA SAÚDE NO BRASIL Década de 50 (governo Getúlio Vargas) ➔ Criação do Ministério da Saúde DÉCADA DE 70 - LEI 6.529/76 ➔ Criação do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (MS) “A ação da vigilância epidemiológica compreende as informações, investigações e levantamentos necessários à programação e à avaliação das medidas de controle de doenças e de situações de agravos à saúde.” Reforma Sanitária 1970 8ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE Pronunciamento do sanitarista Sérgio Arouca na 8ª Conferência Nacional de Saúde em março de 1986, Brasília (DF), representa um marco na história do SUS. A Constituição de 1988 consagrou a saúde como um direito social, estabelecendo que os municípios são responsáveis pela política de saúde, inserida no capítulo da Seguridade Social, ao lado da Previdência Social e Assistência Social. Fatores determinantes e condicionantes da saúde: ● Alimentação ● Saneamento básico ● Meio Ambiente ● Trabalho ● Renda ● Educação ● Transporte ● Lazer ● Acesso a bens e serviços essenciais SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS O SUS não é um serviço ou uma instituição, mas um SISTEMA, ou seja, um conjunto de unidades, serviços e ações que interagem para uma mesma finalidade: PROMOÇÃO, PROTEÇÃO E RECUPERAÇÃO DA SAÚDE. PRINCÍPIOS ÉTICOS DO SUS ● UNIVERSALIDADE: Garantia de atenção à saúde para todo e qualquer cidadão. ● INTEGRALIDADE: Sistema de saúde integral (ações articuladas/contínuas; pessoa/comunidade; prevenção/tratamento). ● EQUIDADE: Situações diferentes exigem cuidados diferenciados. PRINCÍPIOS ORGANIZACIONAIS ● DESCENTRALIZAÇÃO: Distribuição das responsabilidades (União, Estados e Municípios). ● REGIONALIZAÇÃO: Serviços organizados geograficamente para atender a população. ● HIERARQUIZAÇÃO: Serviços organizados em níveis crescentes de complexidade tecnológica. CONTROLE SOCIAL NO SUS - Lei 8142/1990: institui a participação da comunidade no SUS através dos Conselhos e Conferências de Saúde. GESTORES DO SUS Os 3 níveis de governo são responsáveis pela gestão e financiamento do SUS de forma articulada e solidária. TRÊS ESFERAS DE GOVERNO ● FEDERAL: Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Saúde, Comissão Intergestores Tripartite. ● ESTADUAL: Secretaria de Estado da Saúde, Conselho Estadual de Saúde, Comissão Intergestores Bipartite. ● MUNICIPAL: Secretaria Municipal de Saúde, Conselho Municipal de Saúde. PROGRAMA DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE (PACS) ● Criado em 1991 para melhorar as condições de saúde da comunidade. ● Parte do Programa Saúde da Família (PSF). ● Agentes atendem entre 150 famílias ou 750 pessoas, realizando ações preventivas e educativas. NORMAS OPERACIONAIS BÁSICAS (NOB) ● Definem critérios para organização e gestão do SUS. ● NOB 91, 92, 93, 96. ● Implementação do Piso da Atenção Básica (PAB) e Programação Pactuada Integrada (PPI). AULA 7 – FEBRE DO NILO OCIDENTAL INTRODUÇÃO ● Doença zoonótica transmitida por mosquitos (Culex spp.); ● Febre e sinais neurológicos em equinos, aves e humanos; ● Sinonímia: febre do vírus West Nile, ou West Nile Virus ● Identificado pela 1ª vez – Uganda, 1937 Grandes surtos reportados: ● 1957 – Israel ● 1963 – Egito ● 1965 – França ● Argélia, Marrocos, Tunísia, Romênia, Espanha, Itália e Rússia ETIOLOGIA ● Vírus West Nile (VWN) ● Família Flaviviridae ● RNA ● Reportado de forma epidêmica na África, Eurásia, América do Norte e Central EPIDEMIOLOGIA ● O vírus já foi descrito em mais de 150 espécies de aves, ● Aves – reservatórios virais, ● Já foi isolado em diversas outras espécies, mas sem causar doenças - Alpacas, cães, gatos, camelos, porcos, coelhos, cobras, tartarugas, jacarés, macacos... ● Maior incidência – épocas chuvosas – vetores ● Vetores: Culex spp. e considera-se a possibilidade dos gêneros Aedes spp., Anopheles spp., entre outros; ● Vetor se infecta ao realizar repasto sanguíneo nas aves - Vírus se multiplica no intestino e glândula salivar do vetor ● Transmissão transovariana no vetor – também ocorre ● Aves - principais reservatórios – elevada viremia comparada a mamíferos ● Mamíferos – acidentais ● Transmissão entre aves – pode ocorrer por ingestão de fezes ou canibalismo ● Galinhas e perus – são mais resistentes - baixa viremia ● Aves migratórias – disseminadoras globais ● Em humanos – aleitamento, transplacentária,transplante de órgãos e transfusão sanguínea – também transmite SINAIS Período de incubação em animais: 3 a 15 dias Equinos e humanos – maioria assintomáticos Equinos Febre é rara + sinais neurológicos (deficiência motora, tropeços, ataxia, quadriplegia, hipermetria, alterações de comportamento (hiperexcitabilidade ou apatia), fraqueza, queda de posteriores, fasciculações musculares no pescoço e tremores faciais da orelha e focinho, perda de visão, paralisia de nervos cranianos, hipersensibilidade ao som, convulsões, coma) Aves Galináceos e psitacídeos: assintomáticos Passeriformes, Charadriiformes e Anseriformes – inapetência, ataxia, paresia, paralisia, opistótono, tremores, hematúria e morte súbita ASPECTOS DA DOENÇA EM HUMANOS ● Mortalidade: 1 a 4% - maior em idosos e imunossuprimidos ● 80 % assintomáticos ● Sinais semelhantes à gripe: febre alta, cansaço, dor de garganta, linfadenopatia, conjuntivite, dor muscular e de cabeça, náuseas, diarreia e lesões maculopapulares na pele ● Pode ocorrer sinais neurológicos semelhantes à poliomielite e Síndrome de Guillain-Barré ● Menos de 1%: encefalite, meningite ou meningoencefalite – maior risco em idosos PRIMEIRO CASO NO BRASIL – PIAUÍ, 2014 POSTERIORMENTE MAIS 3 CASOS FORAM REGISTRADOS NO PIAUÍ. 2019 ● Já havia evidência da circulação viral anteriormente por estudos sorológicos ● O paciente é um adulto jovem que sofreu um quadro de meningoencefalite e foi internado. DIAGNÓSTICO ● ELISA – anticorpos IgM; ● RT-PCR; ● Imunoistoquímica; ● Equinos (Necropsia) ● Polioencefalomielite, ● Congestão de meninges ● Hemorragias no cérebro e medula espinal ● Aves: esplenomegalia, nefrite, pancreatite, miocardite, hemorragia cerebral, meningoencefalite PROFILAXIA E CONTROLE ● Controle de mosquitos ● Controle de água parada ● Evitar água parada em cocheiras ● Repelentes nos animais ● Vacinas – disponíveis para equinos em outros países ● Vacina em aves – resultados controversos ● Humanos: medidas preventivas contra mosquitos AULA 8 – FEBRE MACULOSA INTRODUÇÃO Doença bacteriana, febril aguda e de gravidade variável Rickettsia rickettsii - principal agente causador Doença de elevada letalidade para humanos e cães Sinonímias: febre maculosa das Montanhas Rochosas, febre de Tobia, febre manchada, tifo do carrapato No Brasil, os estados mais acometidos são: ES, MG, RJ E SP ETIOLOGIA Cocobacilo Gram-negativo Bactéria intracelular obrigatória OUTRAS ESPÉCIES DE RICKETTSIA Rickettsia typhi (Tifo endêmico ou murino) Rickettsia prowazekii (Tifo epidêmico ou exantemático) Rickettsia bellii Rickettsia canadensis EPIDEMIOLOGIA Vetores: Carrapatos da família Ixodidae, gêneros Dermacentor e Amblyomma Principais espécies vetoras: Dermacentor variabilis, Amblyomma sculptum (complexo cajennense) Hospedeiros primários: ● A. sculptum: Cavalo, anta e capivara ● A. aureolatum: Aves e pequenos roedores silvestres, cachorro-do-mato e doméstico ● A. dubitatum: Gambá e capivara Hospedeiros acidentais: Humanos e outros mamíferos Reservatórios: Pequenos roedores, lebres, cães, gatos, capivaras, equídeos, canídeos e algumas aves passeriformes A maioria dos casos (>70%) ocorre em adultos do sexo masculino, principalmente em áreas habitadas por capivaras TRANSMISSÃO Nos humanos: Picada do carrapato infectado (saliva do carrapato em 4 - 6 horas), esmagamento do carrapato Nos carrapatos: Transmissão transovariana, transmissão via cópula, transmissão por alimentação simultânea de carrapatos infectados e não infectados FISIOPATOLOGIA Alterações celulares no endotélio vascular Causa trombocitopenia, aumento do tempo de coagulação Toxinas imunosupressoras presentes na saliva do vetor PATOGENIA Multissistêmica e variabilidade de sinais Invasão de células endoteliais de pequenos vasos sanguíneos -> vasculite, edema e coagulopatias (equimoses, petéquias...) Pode causar hipotensão e diminuição da perfusão dos órgãos Patogenicidade depende da cepa, do indivíduo e da carga infectante Período de incubação: 2 a 14 dias SINAIS CLÍNICOS EM ANIMAIS ● Hipertermia ● Depressão e anorexia ● Petéquias e equimoses em mucosas ● Perda de peso ● Claudicação ● Edema de membros ● Dor articular ● Mialgia ● Manifestações neurológicas (convulsões e ataxia) ● Vômito ● Icterícia ● Diarreia ● Dificuldade respiratória ● Conjuntivite, retinite e uveíte ● Lesões cutâneas (edema, hiperemia e necrose) ● Epistaxe, melena e hematúria SINTOMAS EM HUMANOS ▪ ● Período de incubação médio de 7 dias (3 a 12 dias) ● Febre de início súbito ● Dor de cabeça e nas articulações ● Prostração ● Mialgia ● Náusea, vômitos ● Edema generalizado (indica infecção grave) ● Rash maculopapular, principalmente nas palmas das mãos e plantas dos pés, que pode evoluir para petéquias, equimoses e hemorragias ● Casos graves: edema de membros posteriores, hepatoesplenomegalia, insuficiência renal, manifestações pulmonares, meningite, icterícia, coma DIAGNÓSTICO ● Testes laboratoriais: ● Reação de imunofluorescência indireta (padrão ouro – OMS) ● Imuno-histoquímica ● PCR ● Isolamento em ovos embrionados ou cultivo celular ▪ Provas sorológicas: ● Título > 1:64 em amostras pareadas (2-4 semanas) ● Detecção de anticorpos entre 7-10 dias da doença TRATAMENTO ● Diagnóstico precoce é essencial ● Letalidade pode chegar a 80% sem tratamento adequado ● Doxiciclina ● Crianças: Amoxicilina ou Azitromicina ● Artrite recorrente: Ceftriaxona CONTROLE E PROFILAXIA ● Evitar contato com carrapatos ● Vistoriar o corpo a cada 3 horas ● Utilizar roupas adequadas (calças compridas dentro das botas, fitas adesivas dupla face) ● Não esmagar os carrapatos ● Rotação de pastagens ● Aparar gramado rente ao solo para melhor penetração do sol ● Controle químico (acaricidas) ● Armadilhas de CO2 ● Uso de coleiras anti-pulgas ● Retirar carrapatos após retornarem de áreas rurais ● Atividades educativas NOTIFICAÇÃO Investigação epidemiológica deve ser feita em até 48 horas após a notificação AULA 9 – MORMO BACTÉRIA ● Gram-negativa, aeróbia, imóvel e intracelular obrigatória ● Agente causador: Burkholderia mallei DOENÇA AGUDA Febre, inchaço nas narinas, dificuldade respiratória e pneumonia MORMO = ZOONOSE!! ● Hospedeiros: Equídeos (cavalos > jumentos > mulas), podendo ser transmitida a outros animais e ao ser humano pelo contato direto com animais infectados DOENÇA GRAVE Mortalidade próxima de 95% ● Tratamento deve ser rápido e com antibióticos sistêmicos DOENÇA CRÔNICA ● Pode ser assintomática ● Portadores não apresentam sinais clínicos aparentes devido à progressão lenta da doença NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA Para o Código Sanitário para Animais Terrestres da OIE, o mormo é definido como infecção de equídeos por B. mallei, com ou sem presença de sinais clínicos. HISTÓRICO ● Brasil: descrito em 1811, introduzido por animais infectados da Europa ● Alta morbidade e mortalidade, bactéria resistente à antibioticoterapia ● Considerada erradicada em muitas regiões (Europa, América do Norte, Austrália) ● Doença reemergente nas últimas décadas com surtos registrados no Brasil entre 2005-2010 e 2012-2013 ● Epizootia: atingindo muares, cavalos e humanos com sintomas como catarro e cancro nasal CADEIA EPIDEMIOLÓGICA ● Manejo inadequado da propriedade (confinamento/estabulamento facilita a transmissão) Transmissão ● Descarga de exsudatos purulentos (eliminação bacteriana) ● Contágio por ingestão de água e alimentos contaminados ● Lesões de pele e contato com exsudatos ● Fômites contaminados (selas, comedouros, bebedouros) ● Inalação ● Alimentação inadequada ● Movimentação de animais FORMAS DE APRESENTAÇÃO NASAL: Febre alta, tosse, descarga nasal com úlceras nas narinase nódulos nos membros e abdômen PULMONAR: Pneumonia crônica com úlceras na pele dos membros e mucosa nasal (mais comum em cavalos) CUTÂNEA: Formação de nódulos e úlceras nos membros, com secreção amarelada escura ASSINTOMÁTICA: Animais podem carregar a bactéria por anos sem apresentar sintomas ACHADOS CLÍNICOS ● Hipertermia (39,8°C - 40,5°C) ● Descarga nasal muco-purulenta ● Epistaxe (sangue nas narinas) ● Congestão, erosões e úlceras no septo nasal ● Dispneia e respiração ruidosa ● Inapetência ● Em casos crônicos: o Cicatrizes irregulares e úlceras deprimidas na mucosa nasal o Emagrecimento progressivo ACHADOS DE NECRÓPSIA ● Petéquias e equimoses na pleura visceral ● Abscessos e piogranulomas pulmonares ● Nódulos firmes e arredondados no sistema linfático ● Drenagem de pus branco-amarelado na cabeça, pescoço e membros ● Linfoadenopatia, edema de membros e poliartrite TRANSMISSÃO PARA HUMANOS ● Contato direto com secreções e feridas de animais infectados ● Pessoa-pessoa: rara CASO CLÍNICO EM HUMANOS Menino de 11 anos, cuidador de cavalos, apresentou febre, dor torácica e dispneia Evoluiu para pneumonia, abscessos e choque séptico Cultura revelou crescimento de B. mallei Tratamento: meropenem IV por 21 dias, seguido de sulfametoxazol-trimetoprima por 12 semanas Mortalidade de até 50% mesmo com tratamento POTENCIAL BIOTERRORISTA ● Burkholderia mallei é considerada um agente de categoria B pelo CDC ● Capaz de formar aerossóis ● Utilizada como arma biológica na Guerra Civil Americana, Primeira e Segunda Guerras Mundiais DIAGNÓSTICO ● Isolamento bacteriano (ágar sangue ovino 5%) ● Inoculação em cobaios ● Sorologia ● Exames clínicos, anatômicos e histopatológicos DIAGNÓSTICO OFICIAL ● Realizado por laboratórios federais de defesa agropecuária e pelo Instituto Biológico de SP ● Portaria SDA nº 35/2018 (MAPA) ● Testagem: o Prova de triagem (ELISA indireto ou Fixação de Complemento) o Prova confirmatória (Western Blotting) NORMATIVAS IMPORTANTES ● Resolução SAA nº 38/2021 (SP) exige exame negativo para trânsito de equídeos ● Instrução Normativa nº 6/2018 (MAPA) estabelece diretrizes para prevenção, controle e erradicação ● Estratégias incluem educação sanitária, estudos epidemiológicos, fiscalização do trânsito animal, cadastramento de estabelecimentos e resposta imediata a surtos PROFILAXIA E CONTROLE ● Bactéria sensível à luz solar, calor e desinfetantes (iodo, etanol) ● Sobrevive em ambientes úmidos por até 5 semanas ● Limpeza rigorosa de instalações e equipamentos ● Eutanásia obrigatória dos animais doentes e cremação dos cadáveres ● Bloqueio do trânsito animal por 120 dias após o último caso confirmado ● Atualmente, não há vacina eficaz para humanos ou animais