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FICHAMENTO 
Referência: JARDIM, Luis Eduardo Franção. Psicologia Social e Pesquisa com Memória: Método e Reparação de Danos da Ditadura Civil-Militar. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 37 (n. esp.), p. 103–115, 2017. 
Problema de Pesquisa: O autor investiga como as marcas deixadas pela ditadura civil-militar brasileira continuam presentes na sociedade e de que forma a Psicologia Social pode contribuir para a reparação e elaboração desses danos, tanto no nível individual quanto no coletivo. O texto parte da constatação de que o silenciamento e o esquecimento institucionalizados impediram o direito à memória, à verdade e à justiça, criando uma cultura de medo e apagamento histórico.
Objetivo(os): O objetivo principal do artigo é apresentar uma proposta metodológica de pesquisa com a memória, fundamentada na psicologia social, que possa atuar na reparação simbólica e política dos danos deixados pela ditadura. Além disso: 
· Discutir as Clínicas do Testemunho e as Comissões da Verdade como formas de reparação psíquica e política;
· Mostrar como o trabalho com a memória pode ajudar tanto na elaboração subjetiva do sofrimento quanto na consciência coletiva sobre o passado;
· Ressaltar o papel do psicólogo social como mediador entre o sofrimento individual e os fundamentos políticos da violência.
Metodologia: O autor propõe o trabalho com a memória como método de pesquisa, inspirado em Ecléa Bosi (2003, 2009) e em autores da Psicologia Social crítica. Esse método não se limita à coleta de depoimentos, mas envolve escuta sensível, reflexão compartilhada e construção conjunta de sentido entre pesquisador e depoente. O psicólogo social, segundo Jardim, deve realizar um trabalho ampliado e social, mas também íntimo e afetivo, valorizando o diálogo e o vínculo. O artigo também se baseia em Hannah Arendt (2000, 2003) para sustentar a importância da conversa e do pensamento compartilhado na compreensão política e humana dos fatos históricos.
Resultados e discussão: Jardim mostra que as iniciativas do Estado, como as Clínicas do Testemunho (2013–2016) e a Comissão Nacional da Verdade (2012–2014), foram avanços importantes, mas ainda insuficientes para reparar plenamente os danos da ditadura. Ele destaca que a reparação não é apenas jurídica ou financeira, mas simbólica, psicológica e política, e que a memória é o caminho mais potente para essa reconstrução. A memória é entendida como um ato político e de resistência, capaz de romper o silêncio e questionar as estruturas autoritárias que ainda persistem. O autor também faz referência a Pollak (1989), que fala das “memórias subterrâneas”, lembranças abafadas pela história oficial, mas que continuam vivas na sociedade e precisam ser trazidas à tona.
Conclusão: O artigo conclui que lutar pelo direito à memória, à verdade e à justiça é um dever coletivo. As feridas da ditadura permanecem abertas e exigem um trabalho contínuo de escuta, reconhecimento e reflexão. .Para Jardim, lembrar é resistir. A verdadeira reparação é um processo permanente de diálogo entre gerações, que transforma a lembrança em aprendizado e impede a repetição das violências do passado. A Psicologia Social, ao compreender o vínculo entre o sofrimento individual e as estruturas políticas, têm papel fundamental nesse processo, ajudando a transformar a memória em consciência crítica e reconstrução democrática

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