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A trajetória da saúde pública brasileira é marcada 
por um processo de evolução gradual, que 
passou de um modelo excludente e 
assistencialista para um sistema universal e 
integrado, culminando com a criação do Sistema 
Único de Saúde (SUS) em 1988. 
Antes do SUS, o acesso aos serviços de saúde era 
restrito aos trabalhadores formais, vinculados à 
previdência social, enquanto os demais 
dependiam de campanhas filantrópicas ou ações 
pontuais do Estado. Para entender essa evolução, 
é essencial conhecer os órgãos que antecederam 
o SUS: 
- CAPs (Caixa de Aposentadorias e 
pensões 1923-1933) 
Eram organizações por categoria profissional, 
como ferroviários e portuários, financiadas por 
contribuições dos empregados e empregadores, 
prestavam assistência médica e previdenciária 
apenas aos seus associados. 
- IAPs ( Institutos de Aposentadorias e 
Pensões 1933-1966 ) 
Foi criado no governo Getúlio Vargas, unificaram e 
ampliaram as CAPs, eram organizados por 
categoria profissional (ex.: IAPI, IAPC, IAPB, IAPETC), 
ofereciam aposentadoria, pensões e assistência 
médica aos segurados. Financiadas pelos 
empregados, empregadores e pelo governo, 
marcaram a consolidação da previdência social 
corporativa, mas ainda não universal. 
- INPS ( Instituto Nacional de Previdência 
Social 1966-1977 ) 
Criado durante o regime militar, unificou todas os 
IAPs, centralizou a previdência sob controle do 
governo federal, mas apesar da unificação, 
manteve o caráter excludente: só quem contribui 
tinha acesso. Surgem os primeiros convênios com 
 hospitais privados, iniciando o modelo de 
medicina previdenciária. 
- INAMPS ( Instituto Nacional de 
Assistência Médica da Previdência 
Social 1977-1993) 
Criado para separar as funções de assistência 
médica do INPS, gerenciava os serviços de 
saúde dos segurados da previdência. A 
maioria dos atendimentos era terceirizada 
para o setor privado, com altos custos e 
pouca eficiência, esse modelo aumentou as 
desigualdades, pois só os contribuintes tinham 
direito à assistência médica. 
 
REFORMA SANITÁRIA E A CRIAÇÃO DO SUS 
Nos anos de 1970 e 1980, movimentos de 
profissionais de saúde, intelectuais e 
movimentos sociais começaram a questionar 
esse modelo. Nasce então o Movimento da 
Reforma Sanitária Brasileira que defendia: 
● a saúde como direito de todos e dever do 
estado; 
● um sistema universal, integral e gratuito; 
● a participação popular nas decisões de 
saúde; 
● a integração das ações de saúde pública 
e previdenciária. 
 
A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E O SISTEMA ÚNICO 
DE SAÚDE (SUS) 
A Constituição Cidadã de 1988 foi um marco 
na história da saúde pública, pela primeira vez, 
a saúde passou a ser um direito universal. 
Porém, o SUS não foi implantado de forma 
imediata, ele nasceu no papel (na 
constituição), mas precisava ser estruturado 
na prática. Até 1988, quem administrava os 
serviços de saúde pública era o INAMPS e em 
1990 o SUS foi regulamentado através da Lei n° 
8.080/90 e n° 8.142, em 1991 a 1993 houve a 
 
transferência de gestão, onde o Ministério da 
Saúde começou a assumir gradualmente os 
serviços e unidades do INAMPS, onde com o 
Decreto n° 100 o INAMPS foi oficialmente extinto. 
 
A CRIAÇÃO DA SEGURIDADE SOCIAL 
 ( CF/88, Art. 194) 
A seguridade social é um conjunto integrado de 
ações de iniciativa dos poderes públicos e da 
sociedade, destinado a assegurar os direitos 
relativos à: saúde, previdência social e assistência 
social. Seu objetivo é garantir proteção social 
universal a todos os cidadãos, integrando essas 
três áreas em um sistema único e solidário. 
- Financiamento da Seguridade Social 
(CF/88, Art. 195) 
O financiamento é responsabilidade de toda a 
sociedade, de forma direta e indireta, por meio de: 
● Recursos do orçamento da União, dos 
estados, do Distrito Federal e dos 
municípios; 
● Contribuições sociais: dos empregadores, 
sobre folha de salários, faturamento, receita 
e lucro; dos trabalhadores; sobre a receita 
de concursos de prognósticos; dos 
importadores de bens e serviços. 
- Ações e Serviços de Saúde (CF/88, Art. 
197) 
São de relevância pública, cabe ao Poder Público 
dispor sobre regulamentação, fiscalização e 
controle. Podem ser executados pelo Estado 
diretamente, por terceiros ou por entidades 
privadas, desde que respeitem os princípios do 
SUS. 
- Diretrizes do SUS (CF/88, Art. 198) 
O SUS organiza as ações e serviços de saúde em 
uma rede regionalizada e hierarquizada, seguindo 
três diretrizes fundamentais: 
Descentralização: com direção única em cada 
esfera de governo (união, estados, municípios); 
 
Atendimento integral: priorizando as ações 
preventivas, sem prejuízo das assistenciais; 
Participação da comunidade: por meio de 
conselhos e conferências de saúde, 
garantindo o controle social. 
- Recursos mínimos para a Saúde 
A constituição também define percentuais 
mínimos de aplicação de recursos públicos 
na saúde: 
● União: Não menos que 15% da receita 
corrente líquida; 
● Estados: 12% da receita própria; 
● Municípios: 15 da receita própria; 
● Distrito Federal: 12% (competência 
estadual) + 15% (competência 
municipal). 
Esses valores garantem que todas as 
esferas do governo contribuam para o 
financiamento do SUS. 
 
LEI N° 8.080/90 E MODIFICAÇÕES 
Conhecida como Lei Orgânica da Saúde, 
regula: as condições para promoção, 
proteção e recuperação da saúde; a 
organização e o funcionamento dos serviços 
de saúde; define o SUS como conjunto de 
ações e serviços de saúde prestados por 
órgãos e instituições públicas federais, 
estaduais e municipais, inclusive de 
pesquisa, controle de qualidade, produção 
de medicamentos e insumos. 
- Determinantes e Condicionantes da 
Saúde 
A saúde é influenciada por fatores sociais, 
econômicos e ambientais como: 
alimentação, moradia, saneamento, meio 
ambiente, trabalho, renda, educação, 
transporte, lazer e acesso a bens e serviços 
essenciais. 
 
 
 
- Princípios do SUS (art. 7°) 
Além das diretrizes da Constituição, o SUS segue 
princípios específicos: 
1. Universalidade de acesso: todos têm 
direito aos serviços de saúde em todos os 
níveis; 
2. Integralidade: ações preventivas e 
curativas, individuais e coletivas, 
articuladas e contínuas; 
3. Autonomia das pessoas sobre sua 
integridade física e moral; 
4. Igualdade da assistência: sem 
preconceitos ou privilégios; 
5. Direito à informação sobre a própria 
saúde; 
6. transparência: divulgação das 
informações sobre os serviços e seu uso; 
7. Epidemiologia com base: usada para 
definir prioridades e distribuir recursos; 
8. Participação da comunidade: controle 
social; 
9. Descentralização político-administrativa, 
com direção única em cada esfera: ênfase 
na municipalização dos serviços, 
regionalização e hierarquização dos 
serviços; 
10. Integração com meio ambiente e 
saneamento básico; 
11. Conjugação de recursos (financeiros, 
humanos e tecnológicos) entre união, 
estados e municípios; 
12. Capacidade de resolução dos serviços em 
todos os níveis; 
13. Evitar duplicidade de meios para os 
mesmos fins; 
14. Atendimento especializado a mulheres 
vítimas de violência, conforme a Lei n° 
12.845/2013; 
15. Equidade: tratar desigualmente os 
desiguais, garantindo justiça no acesso à 
saúde. 
 
- Regionalização e Hierarquização 
Regionalização: divide o território em 
regiões de saúde, integrando serviços para 
garantir atendimento próximo ao cidadão. 
Hierarquização: organiza os serviços por 
níveis de complexidade (atenção básica, 
média e alta complexidade). 
Ambos asseguram fluxo eficiente de 
usuários e recursos no SUS. 
- Estruturas de Coordenação e 
Articulação 
Criação de Comissões Intersetoriais 
Nacionais (art. 12), ligadas ao Conselho 
Nacional de Saúde, para integrar políticas 
que envolvem outras áreas (educação, 
meio ambiente, trabalho, etc.). 
Comissões Permanentes de Integração 
Ensino-Serviço: definem prioridades e 
estratégias para formação e educação 
permanente de trabalhadores da saúde 
(art. 14). 
- Árease Subsistemas Específicos 
Alimentação e nutrição: ações intersetoriais 
para segurança alimentar e promoção da 
saúde. 
Vigilância Sanitária: conjunto de ações que 
eliminam, reduzem ou previnem riscos à 
saúde pela produção e consumo de bens e 
serviços. 
Subsistema de Atenção à Saúde Indigena 
(arts. 19-A a 19-H): organizar o atendimento 
de forma diferenciada e descentralizada 
para povos indígenas, com financiamento 
próprio. 
- Medicamentos e Tecnologias 
(CONITEC - art. 19-T) 
É proibido ao SUS: reembolsar 
medicamentos experimentais ou sem 
registro na Anvisa. 
Exceções: uso off-label (diferente da bula), 
se aprovado pela CONITEC e respaldado 
por evidência científica, medicamentos 
recomendados pela CONITEC e comprados por 
organismos internacionais para programas do 
Ministério da Saúde. 
- Participação Complementar do Setor 
Privado (arts. 24-26) 
O setor privado pode atuar de forma 
complementar, mediante contratos ou convênios 
com o poder público. Entidades filantrópicas e 
sem fins lucrativos tem preferência. Os valores e 
parâmetros de cobertura são definidos pela 
direção nacional do SUS e aprovados pelo 
Conselho Nacional de Saúde. 
- Servidores do SUS (art. 28) 
Servidores com dois cargos públicos compatíveis 
podem trabalhar em mais de um 
estabelecimento do SUS. 
Exceção: cargos de chefia, direção ou 
assessoramento em regime integral não podem 
acumular funções. 
- Financiamento do SUS (art. 32) 
O SUS é financiado com recursos: 
● Do orçamento da Seguridade Social (art. 
195 da CF/88); 
● Da União, estados, DF e municípios; 
● E de outras fontes, como taxas e 
convênios. 
Os repasses federais para estados e municípios 
são definidos por critérios e critérios técnicos (art. 
35): 
● Indicadores de saúde, desempenho e 
necessidades regionais; 
● Planejamento e orçamento do SUS 
seguem os arts. 36 a 38 da Lei n° 
8.080/90. 
- Planejamento e Avaliação 
O planejamento é ascendente (dos municípios à 
União). 
Deve estar integrado ao orçamento público e 
obedecer às diretrizes dos Conselhos de Saúde. 
Avaliação contínua da eficiência, qualidade e 
 
efetividade dos serviços. 
- Estrutura e Princípios do SUS: 
Aspectos Conteúdo Principal 
Natureza Conjunto de ações e serviços 
saúde de órgãos públicos feder
estaduais e municipais. 
Base Legal Lei n° 8.080/90 + Lei n° 8.142/
(participação social e repass
financeiros). 
Princípios Universalidade, Integralida
Equidade, Descentralizaç
Regionalização, Participação Social
Diretrizes Hierarquização dos serviços e 
integração intersetorial. 
Financiamento Orçamento da Seguridade Social e 
outras fontes públicas. 
Gestão Tripartite (união, estado e município
Controle Social Exercido por Conselhos e 
Conferências de saúde. 
 
 
LEI N° 8.142/90 
Regula a participação da comunidade na 
gestão do SUS e as transferências 
intergovernamentais de recursos financeiros. 
Conselhos e Conferências de Saúde devem 
ter representação paritária, 50% de usuários 
e 50% de trabalhadores e gestores do SUS. 
Define regras para transferência de recursos 
do Fundo Nacional de Saúde (FNS) aos 
estados e municípios. Para receber os 
repasses, os entes federativos precisam 
cumprir certos requisitos (como plano de 
saúde, fundo e conselho de saúde). 
 
RESOLUÇÃO CNS N°453/2012 
Regulamenta o funcionamento dos 
Conselhos de Saúde: composição, 
periodicidade de reuniões, e papel de 
controle social sobre as ações do SUS. 
 
 
 
DECRETO N°7.508/2011 
ORGANIZAÇÃO DO SUS 
Esse decreto complementa a Lei Orgânica da 
Saúde e regulamenta aspectos práticos do 
funcionamento do sistema. 
- Regiões de Saúde (arts. 5° e 6°): 
Deve ter no mínimo, serviços e ações de atenção 
primária, urgência e emergência, atenção 
psicossocial, atenção ambulatorial e hospitalar 
especializada, vigilância em saúde. 
Servem como referência para a transferência de 
recursos entre União, estados e municípios. 
- Redes de Atenção à Saúde (RAS): 
Conjunto articulado de ações e serviços em níveis 
crescentes de complexidade. 
Objetivo: garantir integralidade da assistência e 
continuidade do cuidado ao usuário. 
O acesso universal e igualitário é ordenado pela 
Atenção Básica à Saúde (APS). 
- Continuidade do cuidado (art. 12): 
O usuário deve ter atendimento garantido em 
todas as modalidades da rede (postos, hospitais, 
clínicas, etc.). 
- Responsabilidades dos entes federativos 
(art. 13): 
Garantir o acesso universal e ordenado; executar 
ações de promoção, prevenção e recuperação da 
saúde, conforme pactuado nas Comissões 
Intergestores. 
- Planejamento da Saúde (art. 18): 
Deve ser regionalizado, com base nas 
necessidades dos municípios e metas de saúde. 
- Integralidade da Assistência (art. 20): 
O cuidado deve se iniciar e se completar na Rede 
de Atenção Básica à Saúde, com referenciamento 
do usuário dentro da rede regional e interestadual. 
RENASES E RENAME (art. 24): 
Os entes podem adotar ações e serviços 
complementares à lista nacional, respeitando o 
pacto e o financiamento. O Ministério da Saúde 
deve atualizar, a cada 2 anos: 
 
RENASES (Relação Nacional de Ações e 
Serviços de Saúde); 
RENAME (Relação Nacional de Medicamentos 
Essenciais); 
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 
(PCDTs). 
- Assistência Farmacêutica (art. 28): 
O acesso universal à assistência farmacêutica 
depende cumulativamente de: 
1. O usuário estar sendo assistido por 
ações/serviços do SUS; 
2. Prescrição feita por profissional do SUS; 
3. Prescrição conforme RENAME ou lista 
local de medicamentos; 
4. Dispensação feita em unidade 
indicada pela direção do SUS. 
Isso significa que farmácias particulares fora 
do SUS não estão incluídas no conceito de 
acesso universal da assistência farmacêutica. 
- COAP (contrato Organizativo de 
Ação Pública da Saúde): 
É um acordo de cooperação entre União, 
estados e municípios. 
Objetivo: organizar e integrar ações e 
serviços de saúde dentro da Região de 
Saúde. Visa garantir a integralidade da 
assistência aos usuários. 
 
REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE (RAS) 
As Redes de Atenção à Saúde (RAS) são 
uma forma de organização do SUS que 
busca integrar todos os níveis e serviços de 
atenção à saúde, garantindo continuidade, 
integralidade e eficiência no cuidado ao 
usuário. O SUS historicamente, apresentava 
fragmentação entre serviços e programas, 
ou seja, atendimentos isolados, sem 
comunicação entre profissionais e sem 
acompanhamento contínuo. As RAS surgem 
para superar essa fragmentação e 
estruturar o sistema em redes integradas. 
 
- Objetivos das RAS 
● Garantir atenção integral ao cidadão; 
● Promover coordenação entre serviços de 
diferentes níveis de complexidade; 
● Organizar o cuidado de forma 
regionalizada e hierarquizada; 
● Assegurar o acesso universal e equitativo; 
● Fortalecer a Atenção Primária à Saúde 
(APS) como porta de entrada e centro 
ordenador do sistema. 
- Elementos Constitutivos da RAS 
População e Região de Saúde Definidas: Cada 
rede é estruturada considerando a população e o 
território, com base em suas necessidades de 
saúde e características socioeconômicas. 
Estrutura Operacional: Conjunto de pontos de 
atenção à saúde interligados, unidades, hospitais, 
serviços de urgência, entre outros, que formam o 
corpo funcional da rede. 
Sistema Lógico de Funcionamento: Define o 
modelo de atenção e os fluxos, assistenciais, ou 
seja, como os serviços se articulam para garantir 
cuidado contínuo e resolutivo. 
- Pontos de Atenção à Saúde 
São locais onde são ofertados serviços de saúde à 
população. Exemplos: 
Atenção Básica: Unidades Básicas de Saúde (UBS), 
Estratégia Saúde da Família (ESF); 
Atenção Especializada: Policlínicas, Centros de 
Especialidades, Serviços de Reabilitação; 
Atenção Hospitalar: Hospitais gerais e 
especializados; 
Urgência e Emergência: UPA, SAMU, 
pronto-socorro; 
Atenção Psicossocial: CAPS, ambulatórios de 
saúde mental. 
Os hospitais podem concentrar diferentes pontos 
de atenção, dependendo dos serviços ofertados. 
- Diretrizes para Implementaçãoda RAS 
● Fortalecimento da APS como 
coordenadora do cuidado; 
● Regionalização e hierarquização dos 
serviços de saúde; 
● Integralidade do cuidado, contínuo e 
completo; 
● Humanização e equidade nas ações de 
saúde; 
● Participação social e gestão 
compartilhada. 
 
DETERMINANTES SOCIAIS EM SAÚDE (DSS) 
Segundo o art. 3° da lei n° 8.080/90, os níveis 
de saúde da população refletem a 
organização social e econômica do país. A 
saúde não é determinada apenas por fatores 
biológicos, mas também por condições de 
vida, trabalho e contexto social. 
- Determinantes e Condicionantes da Saúde 
São fatores que influenciam diretamente o 
estado de saúde das pessoas e comunidades, 
como: 
• Alimentação • Moradia 
• Saneamento básico • Meio ambiente 
• Trabalho e renda • Educação 
• Transporte • Lazer 
• Acesso a bens e serviços essenciais. 
Esses fatores estão interligados, quanto 
melhores as condições de vida, melhores 
serão os indicadores de saúde. 
- Importância no SUS 
O SUS deve adotar políticas intersetoriais, 
envolvendo diferentes áreas (educação, 
habitação, transporte, saneamento etc.). As 
ações de saúde devem considerar as 
desigualdades sociais e buscar reduzi-las. A 
atenção à saúde precisa ir além do 
tratamento de doenças, incluindo promoção 
e prevenção. 
 
TRABALHO EM EQUIPE NO CONTEXTO DA SAÚDE 
COLETIVA 
O trabalho em equipe é essencial no SUS 
porque o cuidado em saúde é complexo e 
multidimensional, exigindo a atuação de 
profissionais com diferentes formações e saberes. 
Envolve interação, cooperação e comunicação 
entre os membros da equipe para garantir 
atenção integral ao usuário. O objetivo é garantir 
um atendimento integral, contínuo e resolutivo, 
unindo competências técnicas e relações 
humanas de confiança, respeito e solidariedade. 
- Tipos de Equipes 
Equipes de Agrupamento: profissionais trabalham 
de forma isolada, pouca comunicação entre 
áreas, o cuidado é fragmentado; 
Equipes de Integração Real: atuam de forma 
articulada e colaborativa, compartilham decisões 
e responsabilidades, o cuidado é coletivo e 
centrado no usuário (este é o modelo ideal para o 
SUS). 
- Elementos-Chave do Trabalho em Equipe 
● Comunicação efetiva entre profissionais e 
setores; 
● Interdisciplinaridade, com troca de 
saberes e práticas; 
● Cooperação na tomada de decisões; 
● Corresponsabilidade no cuidado; 
● Humanização nas relações profissionais e 
com o usuário. 
 
EDUCAÇÃO EM SAÚDE 
A Educação em Saúde é o processo educativo 
voltado à construção coletiva de conhecimentos 
sobre saúde, estimulando a participação da 
população e o exercício da cidadania. Não é 
voltada a formação profissional, e sim a 
autonomia do cidadão e o fortalecimento do 
controle social. 
- Objetivos 
● Promover a aproximação do 
conhecimento em saúde pela 
comunidade; 
● Incentivar a participação popular nas 
decisões e políticas públicas; 
● Estimular a autonomia dos usuários 
sobre sua saúde; 
● Fortalecer a gestão social e democrática 
da saúde; 
● Tornar o cuidado mais humanizado, 
integral e participativo. 
- Características da Educação em Saúde 
Deve ocorrer de forma: 
Dialógica - baseada na troca de saberes 
entre profissionais e população. 
Participativa - envolvendo ativamente os 
usuários no processo. 
Emancipadora - estimulando autonomia e 
responsabilidade. 
Criativa e humanizada - respeitando valores 
culturais e sociais. 
- Política Nacional de Educação Permanente 
em Saúde (PNEPS-SUS) 
A PNEPS-SUS promove o desenvolvimento 
contínuo dos trabalhadores da saúde, 
articulando ensino e serviço. 
Princípios (art. 3°): 
• Aprender e ensinar no cotidiano do trabalho; 
• Valorizar experiências e saberes profissionais; 
• Transformar práticas e gestão a partir da 
reflexão crítica. 
Eixos Estratégicos (art. 4°): 
• Formação e qualificação dos trabalhadores; 
• Gestão participativa e democrática; 
• Integração ensino, serviço, comunidade; 
• Valorização da educação permanente como 
política pública. 
 
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 
Os Sistemas de Informação em Saúde (SIS) 
são instrumentos essenciais para o 
funcionamento do SUS. Eles coletam, 
processam e analisam dados sobre as 
condições de saúde da população e os 
serviços prestados, permitindo planejar, 
monitorar e avaliar políticas públicas de 
saúde. 
Esses sistemas garantem a transparência, 
eficiência e integração entre as diferentes áreas 
da gestão pública e da vigilância em saúde. 
- Principais Sistemas de Informação do SUS 
Sigla Nome 
do 
sistema 
Ano 
de 
início 
Doc. 
Básico 
Finalidade 
/ Função 
SIM Sistema de 
Informação 
sobre 
Mortalidade 
1975 Declaração 
de Óbito 
Produz dados 
sobre 
mortalidade e 
causas de 
óbito no país. 
SIH/SUS Sistema de 
Informação 
Hospitalar 
1976 AIH- 
Autorização 
de 
Internação 
Hospitalar 
Controla 
internações 
hospitalares e 
recursos 
financeiros. 
SINASC Sistema de 
Informação 
Sobre 
Nascidos 
vivos 
1990 Declaração 
de Nascido 
Vivo 
Registra dados 
sobre 
nascimentos e 
características 
maternas. 
SINAN Sistema de 
Informação 
de Agravos 
de 
Notificação 
1993 Fichas de 
Notificação 
e 
Investigaçã
o 
Registra - 
doenças e 
agravos de 
notificação 
compulsória. 
SIA/SUS Sistema de 
Informação 
Ambulatori
al 
1994 BPA e APAC Controla 
atendimentos 
e 
procedimentos 
ambulatoriais. 
SISREG Sistema de 
Regulação 
2001 AIH, APAC, 
solicitações 
de exames 
Gerência filas, 
marcações e 
acesso a 
exames, 
consultas e 
internações. 
SISCAM Sistema de 
Informação 
do Câncer 
da Mulher 
2003 Fichas de 
mamografi
a e 
citologia 
Acompanha 
rastreamento e 
diagnóstico de 
câncer de 
mama e colo 
do útero. 
SI-PNI Sistema de 
Informaçõe
s do 
Programa 
Nacional de 
Imunizaçõe
s 
2004 Sub-sistem
as 
eletrônicos 
Controla 
cobertura 
vacinal e 
estoques de 
imunobiológico
s. 
 
SISAB 
(e-SUS 
AB) 
Sistema de 
Informaçã
o da 
Atenção 
Básica 
2013 Ficha 
do 
e-SUS 
Registra e 
consolida 
dados das 
UBS e 
equipes de 
saúde da 
família. 
e-SUS 
Hospit
alar 
Sistema 
Hospitalar 
do SUS 
2014 Módulos 
eletrôni
cos 
Gerencia 
prontuários e 
informações 
clínicas 
hospitalares. 
e-SUS 
SAMU 
Sistema de 
Informaçã
o do SAMU 
2016 Módulos 
Eletrônic
os 
Organiza 
dados de 
atendimento
s móveis de 
urgência e 
emergência. 
e-SUS 
VE 
Sistema de 
Vigilância 
Epidemioló
gica 
2020 Ficha de 
investig
ação 
COVID-1
9 
Centraliza 
notificações 
de doenças 
emergentes 
(como 
COVID-19). 
 
- Importância do SIS 
● Permitem diagnosticar a situação de 
saúde da população; 
● Ajudam no planejamento de políticas e 
investimentos públicos; 
● Fornecem base para vigilância 
epidemiológica e sanitária; 
● Favorecem a integração entre os níveis de 
atenção; 
● Contribuem para tomadas de decisão 
mais assertivas e baseadas em 
evidências. 
 
POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO (PNH) - 
HUMANIZASUS 
Tem como principal função melhorar a 
qualidade das relações entre usuários, 
trabalhadores e gestores do SUS. Ela propõe 
que todos os envolvidos participem 
ativamente da produção do cuidado e da 
gestão dos serviços, estimulando o respeito, o 
diálogo e a corresponsabilidade. 
 
- Princípios da PNH 
● Valorização do protagonismo e da 
autonomia de trabalhadores e usuários; 
● Gestão participativa e democrática dos 
serviços; 
● Acolhimento como prática ética e solidária; 
● Vínculo e escuta qualificada; 
● Trabalho em equipe interdisciplinar e com 
corresponsabilidade; 
● Cuidado integral e humanizado. 
- Dispositivos da PNH (modos de fazer) 
● Acolhimento com classificação de risco: 
organiza a prioridade dos atendimentos 
conforme gravidade e vulnerabilidade; 
● Equipes de referência e apoio matricial: 
garantem cuidado integral e troca de 
saberes entre profissionais; 
● Projeto Terapêutico Singular (PTS): plano 
individualizado de cuidado; 
● Projetos de Saúde Coletiva: ações voltadas à 
comunidade; 
● Colegiados de Gestão e Contratosde 
Gestão: decisões compartilhadas; 
● Sistema de escuta qualificada: ouvidorias, 
grupos focais e pesquisa de satisfação; 
● Programa “Acolhendo os Familiares” garante 
direito a acompanhante e visita ampliada; 
● Programas de Qualidade de Vida dos 
Trabalhadores da Saúde. 
- Marcas e Propósitos do HumanizaSUS 
● Gestão democrática e colaborativa; 
● Fortalecimento do vínculo entre usuários e 
serviço; 
● Ambiência acolhedora e respeitosa; 
● Cuidado centrado no usuário; 
● Valorização do trabalho em saúde. 
 
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA (PNAB) 
A Atenção Básica ou Atenção Primária, é o nível 
central e coordenador do SUS, responsável pelo 
cuidado contínuo, pela 
promoção da saúde e pela prevenção de 
doenças. É o primeiro contato da população 
com o sistema de saúde, sendo o eixo 
principal da rede de Atenção à Saúde (RAS). 
- Objetivos: 
● Garantir acesso universal e equitativo; 
● Coordenar o cuidado entre os diferentes 
níveis de atenção; 
● Promover ações integradas de prevenção, 
tratamento e reabilitação; 
● Fortalecer o vínculo entre equipe e 
comunidade; 
● Reduzir internações e agravos evitáveis. 
- Características da Atenção Básica 
● Acesso universal e gratuito; 
● Territorialização e adscrição de clientela; 
● Longitudinalidade e integralidade do 
cuidado; 
● Coordenação do cuidado e referência 
das RAS; 
● Trabalho em equipe multiprofissional; 
● Participação social e intersetorialidade. 
- Estrutura das Equipes 
● ESF - Equipe da Saúde da família: 
composto por médico, enfermeiro, técnico 
de enfermagem e agentes comunitários 
(ACS). É o modelo prioritário da APS. 
● EAP - Equipe de Atenção Primária: modelo 
alternativo e mais flexível, usado para 
ampliar cobertura em regiões com menor 
estrutura. 
● ESB - Equipe de Saúde Bucal: Atua com 
modalidades diferentes (20h, 30h ou 40h 
semanais) e pode funcionar junto à ESF. 
● Outras Equipes Especiais: consultório na 
rua (população em situação de rua), 
Equipes Ribeirinhas e UBS Fluviais (regiões 
de difícil acesso), Equipes Prisionais, 
Laboratórios de Próteses Dentária (LRPD), 
Unidades Odontológicas Móveis (UOM). 
 
- Programa Saúde na Hora (Portaria n° 
397/2020) 
● Amplia o horário de funcionamento das UBS 
e USF; 
● Permite atendimentos noturnos e aos fins de 
semana; 
● Viabiliza custeio federal adicional; 
● Objetiva reduzir filas e aumentar a 
resolutividade dos serviços. 
- Agentes Comunitários de Saúde (ACS) 
● Realizam visitas domiciliares, ações 
educativas e acompanhamento de famílias; 
● Identificam situações de risco e fazem 
encaminhamentos; 
● Podem executar procedimentos simples 
após capacitação e supervisão profissional; 
● São a ponte entre a equipe e a comunidade. 
- Financiamento da Atenção Básica (Previne 
Brasil) 
Modelo criado em 2019, substituindo o antigo PAB 
fixo e variável. Baseia-se em três componentes 
principais: 
1. Captação Ponderada: valor pago por 
pessoa cadastrada, considerando 
vulnerabilidade, faixa etária e localidade; 
2. Pagamento por Desempenho: vinculado a 
indicadores de qualidade (pré-natal, 
vacinação, controle de hipertensão e 
diabetes, entre outros); 
3. Incentivos para Ações Estratégicas: como 
PSE, Saúde Bucal, Consultório na Rua, UBS 
Fluvial, Academia da Saúde e residências 
multiprofissionais. 
O financiamento é tripartite (União, Estados e 
Municípios) e os repasses são feitos fundo a 
fundo. 
- Credenciamento 
A Portaria n° 1.710/2019 e atualizações posteriores 
(como a n° 804/2020) criaram o 
credenciamento desburocratizado de novas 
equipes, permitindo: 
● Mais autonomia municipal; 
● Agilidade na Implantação; 
● Ampliação da cobertura da Atenção 
Primária. 
 
EPIDEMIOLOGIA E INDICADORES DE SAÚDE 
A epidemiologia é o estudo da distribuição, 
frequência e determinantes dos eventos de 
saúde nas populações humanas. Ela é 
essencial para o planejamento, vigilância, 
prevenção e controle de doenças e para a 
avaliação das políticas públicas de saúde. 
- Importância da Epidemiologia 
● Identifica fatores de risco e causas de 
doenças; 
● Monitora epidemias e surtos; 
● Avalia eficácia de intervenções e 
programas de saúde; 
● Subsidia decisões e planejamentos 
estratégicos no SUS. 
- Doenças Emergentes e Reemergentes 
Emergentes: novas doenças ou agravos (e: 
COVID-19, Zika, SARS). 
Reemergentes: doenças controladas que 
voltaram a causar surtos (ex: dengue, 
tuberculose, sarampo). 
O SINAN é o principal sistema para a 
notificação e acompanhamento dessas 
doenças. 
- Indicadores Epidemiológicos 
1. Morbidade 
a) Incidência: número de casos novos em 
determinado período; 
b) Prevalência: número total de casos 
existentes (novos e antigos); 
c) Letalidade: proporção de óbitos entre 
os doentes. 
 2. Mortalidade 
a) Mortalidade Geral: número total de 
óbitos em uma população; 
b) Mortalidade Infantil: mede a qualidade 
de vida e atenção materno-infantil 
(dividida em neonatal precoce, 
neonatal tardia e pós-neonatal); 
c) Mortalidade Materna: mede a qualidade da 
atenção ao parto e à gestação. 
 
 3. Indicadores demográficos 
a) Taxas de natalidade: fecundidade, 
crescimento populacional e expectativa de 
vida. 
 
 4. Indicadores de Cobertura: 
a) Cobertura vacinal, consultas pré-natais, 
saneamento básico e acesso à água 
tratada. 
- Transição Epidemiológica e Demográfica 
O Brasil vive uma tripla carga de doenças, 
resultado da transição demográfica e social: 
1. Persistência de doenças infecciosas e 
parasitárias; 
2. Aumento das doenças cronicas nao 
transmissiveis (hipertensão, diabetes, 
câncer); 
3. Crescimento das causas externas 
(violência, acidentes). 
Essas mudanças exigem reorganização das 
políticas públicas, com foco em promoção da 
saúde e prevenção contínua. 
- Importância Prática 
A epidemiologia fornece base científica para: 
● Campanhas de vacinação; 
● Controle de endemias; 
● Planejamento de recursos hospitalares; 
● Vigilância de agravos emergentes; 
● Avaliação de programas públicos de 
saúde.

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