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Resumo – Instituições, setor público e 
desenvolvimento no Brasil 
Celso L. Martone 
25.1 Introdução 
O texto tem como objetivo explorar as relações entre instituições e 
desenvolvimento econômico no Brasil. Além disso, a hipertrofia e as disfunções 
do setor público podem ser associadas, em última instância, a falhas 
institucionais, ou seja, instituições falhas impactam negativamente o 
funcionamento do setor público. Posteriormente, é mostrado um gráfico, no qual 
adota a expansão do PIB como medida de desempenho, e mostra que o Brasil 
teve um crescimento inferior em relação a economia mundial e cerca da metade 
dos países em desenvolvimento. Vale destacar também que, se o Brasil tivesse 
crescido à taxa média dos países em desenvolvimento, o PIB seria hoje o dobro 
do que é. 
É necessário também ter uma referência institucional de países que 
deram certo, ou seja, que possuem altos níveis de desenvolvimento e bem-estar, 
pois pode servir de modelo para um tipo de matriz institucional ideal para o Brasil 
adotar. Porém, é importante destacar que a realidade brasileira tem que ser 
comparada e avaliada. O autor também destaca que há um pessimismo em 
relação as instituições brasileiras, pois, as evidências indicam que o país ainda 
está vivendo um processo de destruição institucional. 
25.2 Um paradigma institucional para o crescimento econômico 
Essa frase, “Um paradigma institucional para o crescimento econômico”, 
refere-se a um modelo ou conjunto de crenças e práticas estabelecidas em 
instituições (como governos, organizações internacionais, empresas etc.) que 
são consideradas como fundamentais para promover o crescimento econômico. 
O autor destaca que as instituições cumprem três funções básicas, 
primeiro, elas têm a função de reduzir as incertezas no ambiente econômico e 
social, tornando os resultados das ações dos agentes mais previsíveis. Para o 
autor a efetivação dessas regras por uma autoridade coercitivas permite que os 
agentes possam explorar transações potencialmente vantajosas, desta forma, 
explorando transações potencialmente vantajosas. A previsibilidade ocasiona 
em baixo risco institucional. Portanto, a previsibilidade tem que estar presente 
no direito de propriedade e na obediência aos contratos. 
Em segundo lugar, as instituições formais devem produzir baixos custos 
de transações, o que quer dizer que as regras do jogo sejam as mais claras e 
simples possíveis, assim, evitando a assimetria de informações. 
Em terceiro lugar, as instituições podem estabelecer incentivos e 
desincentivos, que impactam nas ações dos agentes. Estes incentivos podem 
privilegiar as atividades produtivas, que geram renda e riqueza. Se as instituições 
incentivam o que é produtivo e desincentiva o parasitismo, podemos concluir que 
ocorrerá um fomento à inovação, ao conhecimento útil e ao crescimento 
econômico. Porém, vale lembrar que, de pouco adianta uma matriz institucional 
“correta” se os mecanismos de coerção são omissos, ineficazes ou corruptos. 
Além de desempenhar a função de incentivo e coerção, a matriz 
institucional também desempenha os mecanismos de escolha social e tomada 
de decisões, especialmente no âmbito do sistema político. 
O autor também comenta que, as instituições não podem ser rígidas, 
esclerosada e inadaptada, pois a rigidez é desfavorável às forças da inovação e 
do crescimento econômico. Vale ressaltar também que as instituições presentes 
em determinado momento histórico são resultado da herança cultural da 
sociedade. Em relação ao caso do Brasil e da América latina, o que explica o 
baixo crescimento econômico está associado a herança cultural recebida da 
Europa ibérica nos primeiros séculos da colonização e a própria evolução cultural 
desses países a partir daí. 
25.3 Um paradigma institucional para o setor público 
Segundo Martone, o governo tem duas funções fundamentais na 
economia: O provimento de bens públicos e a correção de falhas de mercado 
(externalidades e assimetrias de informação). É importante observar que, num 
sistema representativo verdadeiro, a determinação desses requisitos mínimos é 
função das preferências relevadas pela comunidade em relação a padrões 
desejáveis de qualidade de vida de seus membros e depende, principalmente, 
do nível de bem-estar já alcançado. Além disso, é a comunidade de cidadãos, a 
partir de um processo legítimo de representação política, que deve estabelecer 
os padrões mínimos de qualidade de vida de seus membros. 
Os bens públicos também devem ser financiados por tributos dos 
membros da comunidade. É destacado também que a ética tributária segundo 
Hayek, é quando o conjunto de bens públicos fornecidos pelo Estado possa valer 
pelo menos tanto quanto as contribuições exigidas dos cidadãos. Vale lembrar 
também que, segundo o autor o provimento desses bens pelo governo não deve 
ser um monopólio e não exclui a possibilidade de o setor privado produzi-los, em 
igualdade de condições, terceiro, esses bens devem ser produzidos 
preferencialmente por governos locais ou regionais, pois nessas esferas 
menores é mais fácil conhecer os custos e os benefícios decorrentes de sua 
produção. 
Alguns requisitos para o financiamento dos bens públicos são: Os tributos 
devem ser gerais, transparentes, previsíveis e criar o mínimo de distorções no 
funcionamento dos mercados. 
Impostos gerais: Significa que todos devem pagar os impostos de acordo com 
as mesmas regras, sem truques ou esquemas para evitar pagar o que é devido. 
Transparência: Isso quer dizer que as pessoas precisam entender facilmente 
quanto estão pagando de impostos e por que, ou seja, as informações sobre os 
impostos devem ser claras. 
Previsibilidade: Os impostos devem ter regras estáveis ao longo do tempo para 
que as pessoas possam planejar suas finanças e negócios a longo prazo sem 
surpresas desagradáveis. 
Mínimas distorções: Os impostos não devem atrapalhar muito as decisões 
econômicas das pessoas ou das empresas. Eles não devem criar situações em 
que as pessoas façam coisas apenas para evitar impostos, prejudicando a 
economia. 
Além disso, a carga tributária deve ser proporcional à renda dos 
contribuintes. Políticas de distribuição de renda devem ser feitas explicitamente 
a partir de programas que focalizem preferencialmente os grupos que se 
pretende beneficiar. 
"Alisar" a carga tributária significa que a dívida pública pode ser usada 
para evitar grandes aumentos nos impostos de uma vez só. Por exemplo, se 
acontece algo inesperado que exige que o governo gaste muito dinheiro de uma 
só vez, como uma crise econômica ou uma emergência, o governo pode pegar 
emprestado (ou seja, criar dívida pública) para cobrir esses gastos extras sem 
precisar aumentar muito os impostos agora. Isso ajuda a distribuir os custos ao 
longo do tempo, em vez de sobrecarregar os contribuintes com grandes 
aumentos de impostos de uma vez. E em resumo, a dívida pública é utilizada 
como um recurso para financiar investimentos que trarão vantagens duradouras 
para a sociedade. 
As bases dos tributos são o consumo, a renda e a propriedade, sendo 
esta última um indicador do nível de consumo de bens públicos em nível local, 
quando ele não puder ser medido diretamente. Por fim, foi destacado também 
sobre as falhas de mercado que podem surgir sob a forma de externalidades ou 
de assimetrias de informação. 
25.4 Nem “ordem” nem “progresso” 
A instituição fundamental da sociedade brasileira é um estatuto em 
processo, fluido, efêmero e, sobretudo, não confiável. Também é destacado no 
texto que a constituição brasileira criou uma federação maior do que o país. 
Metade dos Estados brasileiros e cerca de 80% dos municípios só sobrevivem 
com transferências federais (no caso dos Estados) e transferências federais e 
estaduais (no caso dos municípios). Este é um exemplo de parasitismo (rent 
seeking). 
O Brasil gasta 13% do PIB comprevidência social, mais do que o dobro 
do que gastam países com a mesma proporção de idosos e o equivalente ao 
gasto de muitos países europeus, em que a proporção de idosos é superior a 
15%. Além disso, os programas sociais representam 4% do PIB apenas em nível 
Federal. Outro exemplo de rent seeking são os gastos do poder judiciário aos 
servidores, nos quais incluem altos salários e benefícios. 
25.5 O Brasil é uma Cleptocracia 
As transferências maciças de renda feitas no âmbito do setor público são 
arbitrárias, opacas e ditadas pelos interesses da classe política e da burocracia, 
sem o conhecimento necessário dos cidadãos que as custeiam e sem qualquer 
avaliação de custos e benefícios. 
O setor público tem uma restrição orçamentária frouxa especialmente em 
nível federal. Pois, quando os recursos não são suficientes, criam-se tributos, 
aumentam-se alíquotas ou recorre-se ao endividamento público. 
Segundo o autor a razão de a sociedade ainda não ter resistido a esse 
governo cleptocrático está ligado à sua própria evolução cultural. Por fim, a baixa 
qualidade da educação no país contribui para essa falta de resistência a 
cleptocracia. 
25.6 É possível construir uma nova matriz? 
Alguns juristas têm proposto uma revisão constitucional exclusiva como 
início de solução para os problemas institucionais, ou seja, representantes 
seriam eleitos por voto distrital, com o fim específico de revisar a atual 
constituição, de tal forma que ela reflita fielmente a vontade da maioria da 
população. 
Uma segunda alternativa se baseia em um texto constitucional atual, uma 
restrição orçamentária rígida para o setor público para diminuir a expansão do 
Estado de forma gradual. Seja qual for a proposta, os objetivos são claros: 
Melhorar as instituições, limitar o Estado e retomar o desenvolvimento em bases 
permanentes.

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