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EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA 1. Considera as afirmações seguintes relativas ao conhecimento científico e seleciona a alternativa que o descreve corretamente. 1. O conhecimento científico obedece a um método rigoroso e procura garantir que as mesmas experiências produzam os mesmos resultados. 2. O conhecimento científico é mediato. 3. O conhecimento científico recorre a uma linguagem rigorosa e ambígua. 4. O conhecimento científico raramente pode ser usado para as questões que surgem diariamente. (A) 2 e 3 são verdadeiras; 1 e 4 são falsas. (B) 2 é verdadeira; 1, 3 e 4 são falsas. (C) 1 e 2 são verdadeiras; 3 e 4 são falsas. (D) 1 e 3 são verdadeiras; 2 e 4 são falsas. Cenário de resposta 1. (C). 2. O conhecimento científico caracteriza-se, entre outros aspetos, por ser: (A) metódico e subjetivo. (B) qualitativo e assistemático. (C) metódico e explicativo. (D) verdadeiro e definitivo. Cenário de resposta 2. (C). 3. O conhecimento vulgar distingue-se do conhecimento científico porque: (A) o primeiro usa uma linguagem rigorosa e o segundo usa uma linguagem simples, que se adapta ao imediato. (B) o primeiro tem por base a experiência do quotidiano e o segundo tem por base a observação rigorosa dos fenómenos. (C) o primeiro exprime os seus resultados em termos quantitativos e o segundo descreve os fenómenos qualitativamente. (D) o primeiro tem um valor predominantemente teórico e o segundo tem um valor eminentemente prático. Cenário de resposta 3. (B). 4. O problema da indução prende-se com a questão: EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA (A) Do que é a indução. (B) Do que é uma lei científica. (C) De como é possível a descoberta em ciência. (D) Da justificação dos enunciados científicos. Cenário de resposta 4. (D). 5. A primeira sistematização do método indutivo deve-se a: (A) David Hume. (B) Karl Popper. (C) Galileu Galilei. (D) Francis Bacon. Cenário de resposta 5. (D). 6. Considera os seguintes enunciados relativos ao método indutivo. 1. Parte da observação dos fenómenos e faz generalizações. 2. Generaliza a partir das relações observadas entre os fenómenos. 3. Explora várias possibilidades de explicação dos fenómenos. 4. Parte de teorias e não da observação. Devemos afirmar que: (A) 1 e 2 são corretos; 3 e 4 são incorretos. (B) 1, 2 e 3 são corretos; 4 é incorreto. (C) 1, 3 e 4 são corretos; 2 é incorreto. (D) 2 é correto; 1, 3 e 4 são incorretos. Cenário de resposta 6. (B). 7. Considera as afirmações sobre as críticas à observação no método experimental. 1. A observação é o ponto de partida da ciência e é seletiva. 2. A observação nunca é completamente neutra e objetiva. 3. A observação é completamente objetiva e seletiva. 4. A observação é seletiva e nunca é completamente objetiva. Devemos afirmar que: (A) Todas as afirmações são incorretas. (B) Todas as afirmações são corretas. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA (C) 1 e 3 são corretas; 2 e 4 são incorretas. (D) 2 e 4 são corretas; 1 e 3 são incorretas. Cenário de resposta 7. (D). 8. De acordo com o método indutivo: (A) Uma boa teoria deve ser explicativa e preditiva. (B) Ao registar os dados, o cientista deve ser imparcial e aderir a preconceitos. (C) A produção científica tem início na formulação de uma hipótese e não na observação. (D) Uma teoria científica deve ser capaz de explicar exclusivamente os fenómenos passados. Cenário de resposta 8. (A). 9. De acordo com o critério de verificação de teorias: (A) A metafísica também pode ser considerada ciência. (B) Apenas pode ser considerado ciência o que pode ser verificado empiricamente. (C) Tudo pode ser verificado empiricamente. (D) Ser empiricamente verificável é garantia de que a teoria está certa. Cenário de resposta 9. (B). 10. De acordo com o modelo hipotético-dedutivo: (A) a observação é a primeira etapa da criação científica. (B) o ponto de partida para a construção científica é a experimentação. (C) a formulação de hipóteses é um ato essencialmente criativo. (D) através da experimentação, o cientista deve procurar verificar a sua hipótese. Cenário de resposta 10. (C). 11. Os defensores da conceção indutivista de ciência defendem que: (A) A observação não intervém no desenvolvimento da ciência. (B) As teorias científicas permitem fazer previsões precisas. (C) Todo o conhecimento científico é a priori. (D) Os pressupostos acerca da observação são polémicos. Cenário de resposta EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA 11. (B). 12. No método experimental tradicional uma hipótese verificada é aquela que: (A) Foi comprovada pela experiência. (B) Pode ser comprovada pela experiência. (C) Tem de ser comprovada pela experiência. (D) Tem de ser refutada pela experiência. Cenário de resposta 12. (A). 13. Considera as afirmações que se seguem e seleciona a alternativa que as descreve corretamente. 1. É por indução que se inferem as teorias, a partir dos factos observados. 2. Os cientistas propõem teorias sem se basearem na observação. 3. Os cientistas partem de hipóteses ou conjeturas. 4. O ponto de partida de uma boa teoria é sempre a observação. (A) Um indutivista aceita apenas 1 e 3. (B) Um indutivista aceita apenas 2 e 4. (C) Um indutivista aceita apenas 1 e 4. (D) Um indutivista aceita apenas 2 e 3. Cenário de resposta 13. (C). 14. Um defensor da indução, em resposta ao argumento cético de David Hume, afirma que: (A) As inferências indutivas não existem. (B) As inferências indutivas são fruto do hábito. (C) As inferências indutivas são infalíveis. (D) As inferências indutivas são justificáveis. Cenário de resposta 14. (D). 15. Considera as afirmações seguintes relativas ao papel da verificação no desenvolvimento científico e seleciona a alternativa que o descreve corretamente. 1. Para o verificacionismo, as experiências são um meio de confirmar as hipóteses. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA 2. De acordo com o critério de verificabilidade, para que uma teoria possa ser considerada científica, tem de ser composta por proposições observáveis. 3. De acordo com o critério de verificabilidade, para que uma teoria possa ser considerada científica, tem de ser empiricamente verificável. 4. De acordo com o verificacionismo, alguns dados, como a metafísica, podem carecer de verificação empírica e ainda assim ser considerados científicos. (A) 2 e 3 são verdadeiras; 1 e 4 são falsas. (B) 2 é verdadeira; 1, 3 e 4 são falsas. (C) 1 e 4 são verdadeiras; 2 e 3 são falsas. (D) 1, 2 e 3 são verdadeiras; 4 é falsa. Cenário de resposta 15. (D). 16. Segundo a conceção indutivista do método científico: (A) O número de casos observados confirma uma hipótese. (B) O número de casos observados não confirma uma hipótese. (C) As hipóteses nunca podem ser confirmadas. (D) As hipóteses não permitem a generalização. Cenário de resposta 16. (A). 17. Lê o excerto que se segue. Bertrand Russell, nos Problemas da Filosofia, usou o exemplo de uma galinha que acorda todas as manhãs pensando que, uma vez que foi alimentada no dia anterior, sê-lo-á mais uma vez naquele dia. Um dia acorda e o camponês torce- -lhe o pescoço. A galinha estava a usar um argumento indutivo baseado num grande número de observações. Estaremos a ser tão tolos quanto esta galinha ao apoiar-nos tão fortemente na indução? Como poderemos justificar a nossa fé na indução? Este é o chamado problema da indução (…). Nigel Warburton (1998). Elementos Básicosfases dá-se o nome de «revoluções científicas» (…). Estas revoluções da ciência são raras; apesar disso, são responsáveis pelos maiores progressos EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA científicos. Quanto ao modo como progride, podemos dizer que a ciência avança com pequenos passos nos períodos da «ciência normal» e dá saltos de gigante nos períodos da «ciência extraordinária». Tomás: Muito bem, sim senhor! Cláudia: Só mais uma coisa. Ficou claro porque é que Kuhn não subscreve o método proposto por Popper, uma vez que, segundo ele, os cientistas não funcionam desse modo. Agora eu pergunto: qual é o método utilizado pelos cientistas, segundo Kuhn? Tomás: Kuhn afirma (…) que os cientistas se comportam (…) como aquelas pessoas que se especializam na resolução de puzzles ou enigmas. Cláudia: Quer dizer que, para Kuhn, o método científico é um processo de resolução de puzzles… Tomás: Exatamente, só que os puzzles são, neste caso, os problemas científicos. Mas a essência é a mesma: esses problemas específicos dão ao cientista a ocasião e a possibilidade de pôr à prova a sua habilidade. Carlos Café (2001). Eles não sabem que eu sonho. Um jovem poeta no país da ciência. Asa, pp. 126-127. 92.1. Em que difere a postura do cientista em fase de ciência normal e de ciência extraordinária? 92.2. A que correspondem os puzzles na prática de ciência normal? 92.3. Quais as características do progresso científico em ambas as práticas científicas? 92.4. Tendo em conta o modelo proposto por Kuhn, o que conduz a comunidade científica à prática da ciência extraordinária? Cenários de resposta 92.1. Na fase de ciência normal, os cientistas resistem à mudança, são conservadores, orientando-se pelo paradigma dominante; na fase da ciência extraordinária são inovadores e põem em causa o paradigma vigente, procurando novas teorias. 92.2. Em ciência normal, os puzzles correspondem ao trabalho dos cientistas e identificam-se com os problemas científicos que têm para resolver, pondo à prova a sua habilidade e capacidades. 92.3. Em ciência normal, o progresso científico é cumulativo, isto é, vão-se acrescentando problemas resolvidos; em ciência extraordinária, este progresso é mais brusco, fruto da revolução científica que lhe está associada. 92.4. A prática da ciência extraordinária é resultante do período de crise, que se inicia quando as anomalias acumuladas são em tal número e grau que os cientistas já não as podem ignorar, dando assim início a uma tentativa de as resolver fora do paradigma vigente, originando a mudança do paradigma. 93. Lê o excerto atentamente. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA Deste modo começamos com um ponto de partida vago e construímos sobre alicerces inseguros. Mas podemos progredir: podemos às vezes, após alguma crítica, ver que estivemos errados; podemos aprender com os nossos enganos, com a compreensão de que fizemos um erro. (…) [O] nosso ponto de partida é o senso comum e (…) [o] nosso grande instrumento para progredir é a crítica. Karl Popper (1975). Conhecimento Objetivo. Itatiaia, pp. 42-43. 93.1. Analisa criticamente a perspetiva de Thomas Kuhn acerca da evolução científica. Cenário de resposta 93.1. O aluno deverá adotar uma posição crítica acerca do desenvolvimento da ciência, defendendo ou opondo- -se a uma das teses centrais de Thomas Kuhn. 94. Lê o texto seguinte. Kuhn sublinhou a enorme importância da história da ciência para a epistemologia. A sua principal crítica a Popper visou a visão continuísta e cumulativa do progresso científico que aquele defendeu; pelo contrário, para Kuhn a ciência avança na base de crises e roturas, que implicam na conceção do mundo mudanças radicais, às quais dá o nome de revoluções científicas. Javier Echeverría (2003). Introdução à Metodologia da Ciência. Almedina, p. 116. 94.1. Redige um texto em que mostre o que separa Kuhn de Popper relativamente ao progresso e objetividade da ciência. Na tua resposta deves referir: a epistemologia evolucionista de Popper; a incomensurabilidade dos paradigmas; o alcance da verdade em ambos os filósofos. Cenário de resposta 94.1. Kuhn e Popper apresentam-nos diferentes perspetivas face à objetividade e ao progresso da ciência. Para Popper, o progresso é cumulativo; para Kuhn a marca desse progresso são as revoluções científicas. A aproximação à verdade é, em Kuhn, uma ilusão. Os paradigmas são, por natureza, incomensuráveis. Também Popper considera que, em ciência, a objetividade não existe, pois as teorias científicas não passam de meras conjeturas e, como tal, sempre sujeitas, através dos testes a que são submetidas, à refutação. Popper, com a sua perspetiva sobre o progresso científico, contribui para o desenvolvimento da epistemologia evolucionista, pois considera que, tal como na teoria da evolução das espécies, também em ciência só as melhores teorias sobrevivem, ainda que seja apenas por mais um dia, e sempre ameaçadas por eventuais novas teorias rivais. 95. Completa as lacunas com as palavras sugeridas, por modo a que o texto faça sentido. • cientistas • velho • extraordinária • paradigma • crise • transição • normal • científica • objetivos • métodos A transição de um ________________ (1) em crise para um novo paradigma do qual uma nova tradição de ciência ________________ (2) emergirá é tudo menos um processo cumulativo, um EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA processo alcançado mediante uma reorientação ou extensão do velho paradigma. Ao contrário disso, trata-se de uma reconstrução do campo de estudos a partir de novos fundamentos, uma reconstrução que altera algumas das mais elementares generalizações teóricas do campo, bem como muitos dos seus paradigmas ao nível dos ________________ (3) e aplicações. Durante o período de ________________ (4) haverá uma justaposição alargada, embora nunca total, entre os problemas que podem ser resolvidos pelo ________________ (5) e pelo novo paradigma. Mas existirá também uma diferença decisiva no modo de os resolver. Quando a transição se completa, os membros da profissão terão alterado o seu conceito do campo de estudos, dos seus métodos e dos seus ________________ (6). (…) Os ________________ (7) não passam a ver uma coisa como uma coisa diferente. Em vez disso, eles vêem-na simplesmente. (…) Estas ideias aqui antecipadas podem ajudar-nos a identificar a ________________ (8) como um prelúdio apropriado à emergência de novas teorias, sobretudo depois de termos examinado uma versão de pequena escala do mesmo processo, ao discutir a emergência das descobertas científicas. Sendo que a emergência de uma nova teoria corta com uma tradição de prática ________________ (9) e introduz uma nova tradição governada por novas regras e dentro de um novo universo discursivo, é provável que ela ocorra apenas quando se pressente que a tradição anterior está claramente fora do bom caminho. Esta observação não é, no entanto, mais do que um prelúdio à investigação do estado de crise, e, infelizmente, as questões a que ela nos leva requerem mais a competência do psicólogo do que a do historiador. A que se assemelha a ciência ________________ (10)? Como ganha a anomalia contornos normativos? Como trabalham os cientistas quando sabem apenas que algo está errado a um nível fundamental, nível esse para o qual não estão preparados pela educação que receberam? Estas questões têm de ser muito mais investigadas, e essa investigação não deve ser meramente histórica. (…) É frequente que um paradigma emerja, pelo menos em embrião, antes que uma crise se desenvolva muito ou que seja explicitamente identificada. Thomas Kuhn (2009). A estrutura das revoluções científicas. Guerra & Paz, pp. 124-126. Cenários de resposta 95. (1) paradigma;(2) normal; (3) métodos; (4) transição; (5) velho; (6) objetivos; (7) cientistas; (8) crise; (9) científica; (10) extraordinária. 96. Assinala com V as afirmações verdadeiras e com F as falsas. A. Kuhn é um crítico do método de Popper. B. Para Kuhn, a ciência progride por acumulação de conhecimentos e não por saltos bruscos, como em Popper. C. Em ciência normal o conhecimento é cumulativo. D. Um paradigma é um modelo para fazer ciência e um modo de ver o mundo. E. O modelo astronómico de Copérnico é um bom exemplo de paradigma. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA F. A ciência normal é a que se pratica no contexto de um paradigma, tal como acontece com a ciência extraordinária. G. As anomalias são problemas mal resolvidos. H. O cientista, na prática da ciência normal, resolve problemas para os quais já conhece os procedimentos a seguir. I. Pela prática da ciência normal o cientista procede a reajustamentos do paradigma. J. Para Kuhn, o cientista acredita piamente no paradigma. K. Anomalias acumuladas conduzem, mais tarde ou mais cedo, à crise paradigmática. L. Para a crise paradigmática não conta o grau das anomalias acumuladas, mas apenas, o seu número. M. A crise do paradigma abre o caminho à revolução científica. N. Dizer que os paradigmas são incomensuráveis significa afirmar que não servem de critério para se avaliarem mutuamente. O. A evolução da ciência é, para Kuhn, descontínua. P. Tal como para Popper, também para Kuhn a eliminação dos erros aproxima-nos da verdade. Q. Para Kuhn, quando se trata de escolher entre teorias, há que ter em conta critérios subjetivos. R. Um dos critérios objetivos da escolha entre teorias é a simplicidade das teorias em questão. S. Dizer que uma teoria é consistente significa dizer que ela não apresenta incoerências internas. T. Kuhn e Popper concordam que a ciência não é objetiva. Cenários de resposta 96. A. V; B. F; C. V; D. V; E. V; F. V; G. F; H. V; I. V; J. V; K. V; L. F; M. F; N. V; O. V; P. F; Q. V; R. V; S. F; T. V.de Filosofia. Gradiva, p. 174. 17.1. Esclarece em que consiste o problema da indução identificado no texto. Cenário de resposta 17.1. O texto salienta a ideia de que o método indutivo é falível, pois, por grande que seja o número de observações realizadas, nunca estaremos em condições de prever, de forma absoluta, o que virá a suceder no futuro. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA 18. Lê o excerto que se segue. Os cientistas não começam por fazer observações, começam com uma teoria. As teorias científicas e as chamadas leis da natureza não aspiram à verdade: ao invés, são tentativas especulativas de oferecer uma análise de vários aspetos da natureza. São conjeturas: suposições bem informadas, concebidas para serem melhores do que as teorias anteriores. Nigel Warburton (1998). Elementos Básicos de Filosofia, Gradiva. 18.1. Explica por que razão se diz que «as teorias científicas (…) não aspiram à verdade». Cenário de resposta 18.1. As teorias científicas não aspiram à verdade porque a sua veracidade nunca pode ser confirmada de forma definitiva. As teorias científicas são, deste modo, conjeturas, isto é, tentativas de explicação dos fenómenos da natureza tão rigorosas quanto possível. 19. Lê o texto e responde às questões apresentadas. A ciência não é um sistema de enunciados certos ou bem estabelecidos, nem é um sistema que avance continuamente em direção a um estado de finalidade. (…) Ela jamais pode proclamar haver atingido a verdade ou um substituto da verdade, como a probabilidade. (…) Não sabemos: só podemos conjeturar. (…) Essas conjeturas ou «antecipações», esplendidamente imaginativas, são, contudo, cuidadosamente controladas por testes sistemáticos. Uma vez elaborada, nenhuma dessas «antecipações» é dogmaticamente defendida. O nosso método de pesquisa não se orienta no sentido de defendê-las para provar que tínhamos razão. Pelo contrário, procuramos contestar essas antecipações. Recorrendo a todos os meios lógicos, matemáticos e técnicos de que dispomos, procuramos demonstrar que as nossas antecipações são falsas – a fim de colocar, no lugar delas, novas antecipações injustificadas e injustificáveis. (…) O avanço da ciência não se deve ao facto de se acumularem ao longo do tempo mais e mais experiências percetuais. Nem se deve ao facto de estarmos a fazer um uso cada vez melhor dos nossos sentidos. (…) Mesmo o teste cuidadoso e sóbrio das nossas ideias, através da experiência, é, por sua vez, inspirado por ideias: a experimentação é ação planeada, onde cada passo é orientado pela teoria. (…) Somos sempre nós que propomos questões à natureza; somos nós que repetidamente procuramos formular essas questões, de modo a provocar um claro «sim» ou «não» (…); somos nós próprios que, após intenso exame, decidimos acerca da resposta à indagação que propusemos à natureza – após tentativas longas e sérias de obter dela um inequívoco «não». (…) O velho ideal científico da episteme – do conhecimento absolutamente certo, demonstrável – mostrou não passar de um «ídolo». A exigência de objetividade científica torna inevitável que todo o enunciado científico permaneça provisório para sempre. Pode ele, é claro, ser corroborado, mas toda corroboração é feita com referência a outros enunciados, por sua vez provisórios. (…) A visão errónea da ciência trai-se a si mesma na ânsia de estar correta, pois não é a posse do conhecimento, da verdade EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA irrefutável, que faz o homem de ciência – o que o faz é a persistente e arrojada procura crítica da verdade. Karl Popper (1998). A Lógica da Pesquisa Científica. Cultrix, pp. 305-308 (adaptado). 19.1. Explica em que consiste o método proposto por Popper. 19.2. Qual o ponto de partida proposto por Popper? Cenários de resposta 19.1. Basicamente, o método proposto por Popper é o inverso do método experimental simples. Se neste a experimentação tem por função verificar a hipótese, Popper propõe que a experimentação sirva para a refutar, isto é, para provar que ela é falsa. Diz Popper: «O nosso método de pesquisa não se orienta no sentido de defendê-las para provar que tínhamos razão. Pelo contrário, (…) procuramos demonstrar que as nossas antecipações são falsas – a fim de colocar, no lugar delas, novas antecipações injustificadas e injustificáveis». 19.2. O ponto de partida proposto por Popper é a hipótese ou teoria (conjetura). 20. Lê o texto e responde às questões apresentadas. Carla: Imagina que és um cientista que utiliza o método defendido por Popper. Estás empenhado numa pesquisa sobre determinado problema que interessa à tua área de investigação. Já sabemos que não começas por fazer observações, começas com uma teoria (a que é de momento aceite sobre o assunto, por exemplo). No decurso do teu trabalho, fazes determinadas observações que te chamam especialmente à atenção pelo facto de não se adequarem exatamente àquilo que era suposto que acontecesse. (…) Que fazes agora? Marco: Vou fazer testes experimentais para pôr à prova a teoria? Carla: Exatamente. Recordo-te que, para Popper, as teorias nunca podem ser demonstradas ou verificadas; são criadas pelos cientistas como tentativas de compreensão racional de vários aspetos da natureza. As teorias científicas são, portanto, suposições, mas suposições que estão bem fundamentadas. Popper dá- -lhes o nome de conjeturas. Marco: Continua… Carla: Vamos então aos testes. O objetivo destes testes é claro: pôr à prova a teoria, ou seja, as conjeturas. O que se espera é que os testes venham a detetar as falhas da teoria, isto é, que as conjeturas sejam refutadas. É por isso que a este processo (através do qual se detetam os erros de uma conjetura) se dá o nome de falsificacionismo. Marco: E o que é que pode acontecer? Carla: Uma de duas coisas: ou a conjetura resiste às tentativas de refutação ou não resiste. Mas, seja qual for o resultado dos testes, será sempre útil à ciência: se for descoberto que a conjetura tem conteúdos falsos (…), estimulará o aparecimento de uma nova conjetura que resista melhor às tentativas de refutação (…). Carlos Café (2001). Eles não sabem que eu sonho. Um jovem poeta no país da Ciência. Asa, pp. 108-113. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA 20.1. Qual o objetivo dos testes científicos? 20.2. Como chama Popper às teorias científicas? Porquê? 20.3. Porque é que uma teoria falsificada é sempre útil à ciência? Cenários de resposta 20.1. O objetivo dos testes científicos é pôr à prova a teoria e detetar falhas. 20.2. Uma teoria científica é, para Popper, uma conjetura, uma hipótese que ainda não se conseguiu provar que é falsa (o que é muito distinto de afirmar que é verdadeira). 20.3. A teoria falsificada é útil porque permite que possa aparecer uma melhor, isto é, mais resistente às tentativas de refutação, o que se traduz num avanço científico. 21. Lê o texto e responde à questão apresentada. A esta altura, percebe-se claramente a diferença entre verdade e corroboração. Apreciar um enunciado, dando-o como corroborado ou não corroborado, é também uma apreciação lógica e, portanto, intemporal. (…) Entretanto, nunca podemos dizer que um enunciado, como tal, está, por si mesmo, «corroborado» (no sentido em que podemos dizer que ele é «verdadeiro»). Só podemos dizer que está corroborado com respeito a algum sistema de enunciados básicos – sistema aceite até um determinado ponto no tempo. «A corroboração que uma teoria recebeu até ontem» não é logicamente idêntica à «corroboração que uma teoria recebeu até hoje». Por isso, devemos colocar um indicador, por assim dizer, em cada apreciação de corroboração – indicador que caracterize o sistema de enunciados básicos a que a corroboração se associe (por exemplo,a data da sua aceitação). A corroboração não é, portanto, um «valor de verdade»; não pode ser colocada a par dos conceitos «verdadeiro» e «falso» (que estão livres de indicadores temporais). Karl Popper (1998). A Lógica da Pesquisa Científica. Cultrix, pp. 302-303 (adaptado). 21.1. Explica o que se entende por corroboração. Cenário de resposta 21.1. Corroborar uma teoria não é o mesmo que afirmar que ela é verdadeira. A corroboração não atribui nenhum valor de verdade à teoria que passa nos testes a que foi sujeita, isto é, não diz que ela é verdadeira. Diz apenas que a corroboração dá o seu aval a uma dada teoria até um determinado momento, o momento em que ela ultrapassou com sucesso os testes de falsificação. Mas, na próxima bateria de testes a que for sujeita, pode não passar, o que faz com se seja falsificada. Daí que o autor diga que a corroboração é um indicador temporal, coisa que a verdade ou falsidade não são. 22. Lê o texto e responde às questões apresentadas. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA Popper pensava que muitas das afirmações da psicanálise eram infalsificáveis neste sentido. Considerava-se impossível de serem testadas. Por exemplo, se alguém diz que todas as pessoas são motivadas por desejos inconscientes, não há teste para pôr à prova essa afirmação. Cada indício, incluindo as pessoas que negam ser motivadas por desejos inconscientes, é, segundo Popper, apenas visto como mais uma prova de que a psicanálise é válida. O psicanalista dirá: «O facto de você negar o inconsciente demonstra que tem um forte desejo inconsciente de desafiar o seu pai». Mas esta afirmação não pode ser testada, pois não existem provas imagináveis que possam mostrar que é falsa. Por conseguinte, afirma Popper, a psicanálise não é uma ciência. Não pode dar-nos conhecimento como aquele que nos é fornecido pela ciência. (…) Pelo contrário, a teoria de Albert Einstein de que a luz era atraída pelo Sol era falsificável. Fez dela uma teoria científica. Em 1919, as observações da posição aparente das estrelas durante um eclipse solar não conseguiram refutá-la. Mas poderiam tê-lo feito. A luz das estrelas não era normalmente visível, mas, sob as raras condições de um eclipse, os cientistas conseguiram ver que as posições aparentes das estrelas se encontravam onde a teoria de Einstein previa que estariam. Se tivessem parecido estar noutro ponto, isso teria refutado a teoria de Einstein de como a luz é atraída por corpos muito pesados. Popper não achava que estas observações provassem que a teoria de Einstein era verdadeira. Mas a testabilidade da teoria e o facto de os cientistas poderem mostrar que é falsa contavam a seu favor. Nigel Warburton (2012). Uma Pequena História da Filosofia. Edições 70, 2012, pp. 216-217. 22.1. Que critério permite distinguir, segundo Popper, a ciência da não ciência? 22.2. À luz da perspetiva de Popper, a psicologia pode ser considerada ciência? Porquê? Cenários de resposta 22.1. O critério de demarcação que separa, segundo Popper, a ciência da não ciência é a falsificabilidade, isto é, a possibilidade de uma teoria poder ser submetida a testes que a ponham à prova. 22.2. Não. Os enunciados da psicologia, tal como os da psicanálise, não são, segundo Popper, falsificáveis, pois as suas suposições não podem ser sujeitas a testes e refutadas. 23. Lê o excerto que se segue. Além disso, também eu sustento que não se pode asseverar que as hipóteses sejam enunciados “verdadeiros”, mas que são apenas “conjeturas provisórias” (ou algo semelhante) e essa conceção só pode ser expressa por meio de uma apreciação dessas hipóteses. Karl Popper (2013). A Lógica da Pesquisa Científica, Cultrix, p. 291. 23.1. Explica o significado do conceito de teoria corroborada e relaciona-o com as «conjeturas provisórias» referidas no texto. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA Cenário de resposta 23.1. Uma teoria corroborada é uma teoria fortalecida pelo facto de ter resistido às sucessivas tentativas de refutação de que foi alvo. Apesar da sua resistência às tentativas de refutação, a teoria nunca é verificada de forma definitiva, pelo que continua a ser uma conjetura provisória, ou seja, uma explicação provável para determinado fenómeno, que eventualmente pode vir a ser falsificada. 24. Considera o excerto. Não é tanto o número de casos corroboradores que determina o grau de corroboração, mas sim a severidade dos vários testes a que a hipótese pode ser e foi submetida. (…) O grau de corroboração efetivamente alcançado não depende, como é claro, apenas do grau de falsificabilidade: um enunciado pode ser falsificável em alto grau e, ainda assim, estar corroborado de maneira apenas superficial (…). Karl Popper (1998). A Lógica da Pesquisa Científica. Cultrix, p. 293 (adaptado). 24.1. Explica, justificadamente, o que distingue a corroboração da verdade. Cenário de resposta 24.1. Verdade e corroboração não são o mesmo. A verdade é algo acabado, definitivo; a corroboração exige o teste constante e a tentativa de se refutar, falsificar, uma teoria, daí que a corroboração seja apenas provisória. Uma teoria corroborada não é uma teoria verdadeira, mas apenas uma teoria que provisoriamente passou nos testes, até uma próxima tentativa de falsificação. 25. Lê o texto seguinte. Antes de Popper ter começado a escrever sobre o método científico, muitos cientistas e filósofos pensavam que a forma de fazer ciência era procurar provas que apoiassem as suas hipóteses. Se eu quisesse provar que todos os cisnes são brancos, faria um grande número de observações de cisnes. Se todos os cisnes que visse fossem brancos, pareceria sensato concluir que a hipótese «todos os cisnes são brancos» era verdadeira. Este tipo de raciocínio parte da afirmação «todos os cisnes que vi são brancos» e conclui que «todos os cisnes são brancos». Nigel Warburton (2012). Uma Pequena História da Filosofia. Edições 70, p. 214. 25.1. A partir do texto, explicita em que consiste o falsificacionismo, referindo o método e a importância dos testes na proposta de Karl Popper. Cenário de resposta 25.1. Popper propôs o método das conjeturas e refutações. As hipóteses, teorias de partida, são sempre suposições que precisam de ser testadas. Como se diz no texto, afirmar que «todos os cisnes são brancos» a partir de «todos os cisnes que vi são brancos» não faz sentido, pois Popper considera que a ciência não funciona por indução. Daí que proponha, não a verificação das hipóteses, mas antes a sua falsificação, e é aqui que reside a importância dos testes. Segundo Popper, uma teoria científica deve ser sujeita a testes que EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA a tentem falsificar, isto é, que a tentam derrubar provando que é falsa. Basta um único caso, um único teste a que a teoria não resista, para ela ser rejeitada ou corrigida. Mostrar que uma teoria é falsa é o objetivo da experimentação. Por mais provas que tenhamos, nunca poderemos dizer que uma teoria é absolutamente verdadeira. Os testes têm essa função: provar que uma teoria é falsa. 26. Lê o texto seguinte. Uma hipótese científica é uma hipótese cuja falsidade pode ser provada: faz previsões que se podem revelar falsas. Nigel Warburton (2012). Uma Pequena História da Filosofia. Edições 70, p. 216. 26.1. A partir do texto, explica o critério de demarcação proposto por Karl Popper. Na tua resposta deves referir: o que o distingue do critério dos positivistas; o que se entende por critério de demarcação; o critério popperiano de demarcação. Cenário de resposta 26.1. O critério de demarcação científica, isto é, o que permite distinguir uma teoria científica de uma teoria não científica é, para Popper, a falsificabilidade. Uma teoriacientífica é aquela que pode ser falsificada pelos testes a que irá ser sujeita. A falsificabilidade é assim o que distingue a ciência da não ciência. O que distingue o método proposto por Popper do método dos positivistas é que estes têm como critério o verificacionismo, ou seja, uma hipótese é científica se puder ser verificada empiricamente através do método experimental, o que Popper rejeita absolutamente quando questiona o valor preditivo da indução que subjaz ao método positivista. 27. Lê o texto seguinte. A falsificabilidade é um critério de demarcação, mas não de sentido. (…) Entre os enunciados empíricos que têm sentido, por exemplo, «surgirá no céu uma bola de fogo» e «o cometa Halley aparecerá no ano de 1986», o primeiro não é falsificável e o segundo, sim; nesta medida, só o segundo é um enunciado científico. Popper propôs a falsificabilidade como critério de demarcação depois de afirmar que há uma assimetria lógica entre a verificabilidade e a falsificabilidade. Um enunciado universal nunca é dedutível a partir dos enunciados singulares, por muitos que estes sejam (…); mas, em contrapartida, um enunciado singular pode contradizer um enunciado universal e, portanto, refutá-lo. Javier Echeverría (2003). Introdução à Metodologia da Ciência. Almedina, p. 97. 27.1. A partir do texto, mostra em que medida a falsificabilidade é o critério de demarcação de Popper. Na tua resposta deve referir: o papel do erro no progresso científico; o que separa a verificabilidade da falsificabilidade. Cenário de resposta EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA 27.1. O método de Popper é o método das conjeturas e refutações. As hipóteses, enquanto conjeturas, são expostas aos testes com o intuito de serem falsificadas. Só os enunciados empíricos falsificáveis são científicos. É este o critério de demarcação. O erro tem, pois, um papel decisivo no progresso científico. 28. Lê o texto seguinte. Para Popper (…) a ciência nunca alcança a verdade, mas aproxima-se dela propondo sistemas hipotéticos complexos, as teorias científicas (…). Os cientistas, a partir desses sistemas hipotéticos, deduzem consequências que coincidem em grau maior ou menor com a experiência. Mas as teorias científicas nunca são categóricas, mas sim conjeturais. Javier Echeverría (2003). Introdução à Metodologia da Ciência. Almedina, p. 96. 28.1. A partir do texto, discute a diferença entre verdade e corroboração. Cenário de resposta 28.1. Para Popper, verdade e corroboração são coisas distintas. Uma teoria corroborada é uma teoria que passou nos testes até um determinado ponto no tempo. A corroboração não é um valor de verdade, não podendo, como tal, ser identificada com os conceitos de verdadeiro ou de falso, já que estes estão livres de indicadores temporais. 29. Karl Popper foi crítico em relação: (A) Ao poder preditivo da indução. (B) Ao princípio metodológico da falsificação. (C) À ciência em geral. (D) À corroboração das teorias. Cenário de resposta 29. (A). 30. Uma das críticas ao método experimental reside na observação, pois: (A) Ela é objetiva e seletiva. (B) Ela é neutra e seletiva. (C) Ela não é objetiva nem neutra. (D) Ela não é seletiva nem neutra. Cenário de resposta 30. (C). 31. O critério de demarcação para Popper é: (A) A falsidade da teoria. (B) A falsificabilidade da teoria. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA (C) A verificação da teoria. (D) A verificação da falsidade da teoria. Cenário de resposta 31. (B). 32. O método de Popper é conhecido como: (A) Método das conjeturas e verificações. (B) Método das hipóteses e refutações. (C) Método das conjeturas e afirmações. (D) Método das conjeturas e refutações. Cenário de resposta 32. (D). 33. Considera os seguintes enunciados, relativos ao critério de demarcação proposto por Karl Popper. 1. Uma teoria científica é falsificável. 2. Uma teoria científica é verificável. 3. Uma teoria científica deve ser refutável. 4. Uma teoria científica não deve ser corroborada. Karl Popper aceitaria: (A) 1, 2 e 3 e rejeitaria 4. (B) 1 e 2 e rejeitaria 3 e 4. (C) 2 e 4 e rejeitaria 1 e 3. (D) 1 e 3 e rejeitaria 2 e 4. Cenário de resposta 33. (D). 34. O erro, em Popper, tem uma função importante porque: (A) Permite chegar à verdade. (B) Evita a verificação da teoria. (C) Permite a evolução da ciência. (D) Evita encontrar a certeza. Cenário de resposta 34. (C). EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA 35. Considera as afirmações que se seguem e seleciona a alternativa que as descreve corretamente. 1. Só as teorias falsificáveis são científicas. 2. A indução faz sentido em ciência. 3. A experimentação não verifica a hipótese. (A) Popper aceita 2 e 3, mas rejeita 1. (B) Popper aceita 1, mas rejeita 2 e 3. (C) Popper aceita 2, mas rejeita 1 e 3. (D) Popper aceita 1 e 3, mas rejeita 2. Cenário de resposta 35. (D). 36. Para Popper, a teoria da relatividade de Einstein é: (A) Uma teoria científica porque é universalmente verdadeira. (B) Uma teoria científica porque é passível de verificação. (C) Uma dedução que não pode ser sujeita a testes empíricos. (D) Uma teoria científica porque até hoje foi corroborada. Cenário de resposta 36. (D). 37. Segundo o critério de demarcação de Popper, uma teoria científica é aquela que: (A) Foi falsificada pela experimentação. (B) Tem de ser falsificável pela observação. (C) Foi falsificada pela observação. (D) Tem de ser falsificável pela experimentação. Cenário de resposta 37. (D). 38. Considera as afirmações que se seguem, sobre a corroboração na teoria de Popper, e seleciona a alternativa que a descreve corretamente. 1. Corroborar um enunciado não confirma a sua veracidade. 2. A corroboração é um valor de verdade. 3. A corroboração está livre de indicadores temporais. 4. Corroboração não é o mesmo que verdade. (A) 1, 2 e 4 são verdadeiras; 3 é falsa. (B) 3 e 4 são verdadeiras; 1 e 2 são falsas. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA (C) 1, 3 e 4 são verdadeiras; 2 é falsa. (D) 1 e 4 são verdadeiras; 2 e 3 são falsas. Cenário de resposta 38. (D). 39. Para Popper: (A) É a confirmação que está no centro do método científico. (B) É a refutação que está no centro do método científico. (C) É a verificação que está no centro do método científico. (D) É a experimentação que está no centro do método científico. Cenário de resposta 39. (B). 40. De acordo com o Karl Popper: (A) Uma teoria corroborada é uma teoria fortalecida pelas tentativas de falsificação a que foi sujeita. (B) Uma teoria corroborada é uma teoria que foi verificada pela experimentação. (C) Para que uma teoria seja corroborada, deve haver um elevado número de cientistas a defendê-la. (D) As teorias nunca são corroboradas. Cenário de resposta 40. (A). 41. Para Karl Popper: (A) É possível fazer uma observação fenoménica absolutamente imparcial. (B) O método indutivo é o único verdadeiramente científico. (C) Não é possível fazer a verificação definitiva de qualquer teoria científica. (D) O conhecimento científico depende das revoluções paradigmáticas. Cenário de resposta 41. (C). 42. Para Popper, o progresso da ciência faz-se: (A) Por conjeturas e observações. (B) Por experimentações e verificações. (C) Por conjeturas e refutações. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA (D) Por observações e experimentações. Cenário de resposta 42. (C). 43. Considera os enunciados sobre o falsificacionismo. 1. Uma teoria diz-se falsificada quandose provou que é falsa. 2. Um único contraexemplo que negue uma teoria é suficiente para a declarar falsificada. 3. Uma teoria corroborada é uma teoria que é declarada refutada ou falsificada. 4. Uma teoria que passa nos testes de falsificação a que é sujeita diz-se verdadeira. Deve afirmar-se que: (A) 1 e 2 são corretos; 3 e 4 são incorretos. (B) 1 e 3 são corretos; 2 e 4 são incorretos. (C) 2 e 4 são corretos; 1 e 3 são incorretos. (D) 3 e 4 são corretos; 1 e 2 são incorretos. Cenário de resposta 43. (A). 44. Segundo Popper, as hipóteses científicas são enunciados universais e, como tal, não podem ser verificadas. Esta afirmação é: (A) Verdadeira: é impossível falsificar teorias baseadas em casos particulares. (B) Falsa: Popper foi um crítico da perspetiva indutivista do método científico. (C) Verdadeira: Popper foi um crítico da perspetiva indutivista do método científico. (D) Falsa: é impossível verificar todos os casos particulares de um fenómeno. Cenário de resposta 44. (C). 45. Segundo Popper, acerca das teorias ou hipóteses científicas, a única coisa que os cientistas legitimamente podem fazer: (A) É considerá-las verdades que ainda não foram verificadas. (B) É procurar sujeitá-las a testes que provem a sua veracidade. (C) É afirmar que, enquanto não forem refutadas, são verdadeiras. (D) É mostrar ou que são falsas ou que ainda não foi provada a sua falsidade. Cenário de resposta 45. (D). EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA 46. Para Popper, o que caracteriza as hipóteses científicas é: (A) A sua irrefutabilidade. (B) Poderem ser verificadas. (C) A sua falsificabilidade. (D) Não poderem ser testadas. Cenário de resposta 46. (C). 47. De acordo com Popper, a descoberta do erro: (A) Mostra a verificabilidade da ciência. (B) É desprezada pelos cientistas. (C) Mostra a impossibilidade da verdade. (D) É o motor de progresso científico. Cenário de resposta 47. (D). 48. Para Popper, o ponto de partida do trabalho científico: (A) É a observação. (B) É o cientista. (C) É uma teoria. (D) São os testes. Cenário de resposta 48. (C). 49. O falsificacionismo considera não científicas: (A) As teorias impossíveis de falsificar. (B) As teorias passíveis de falsificação. (C) As teorias impossíveis de verificar. (D) As teorias passíveis de verificação. Cenário de resposta 49. (A). 50. Karl Popper defende uma conceção de ciência que assenta: (A) Na rejeição completa da indução. (B) Na rejeição completa da dedução. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA (C) Na rejeição completa da procura da verdade. (D) Na rejeição completa da procura do erro. Cenário de resposta 50. (A). 51. Karl Popper contribuiu para o desenvolvimento da epistemologia: (A) Mecanicista. (B) Positivista. (C) Evolucionista. (D) Organicista. Cenário de resposta 51. (C). 52. Para Popper, a afirmação Todos os mochos piam: (A) É verificável. (B) Não é verificável. (C) Não é falsificável. (D) É falsa. Cenário de resposta 52. (B). 53. No método proposto por Karl Popper: (A) O ponto de partida para a investigação é a constatação de um problema. (B) Recorre-se à experimentação exclusivamente como forma de comprovar a veracidade das hipóteses. (C) A primeira fase é a observação e seguem-se a teoria e a elaboração de experiências no intuito de falsificar a hipótese. (D) É defendida uma conceção indutivista da ciência. Cenário de resposta 53. (A). 54. De acordo com Karl Popper: (A) A verificação de teorias permite uma aproximação aleatória à verdade. (B) A elaboração de hipóteses está associada à capacidade criativa do cientista. (C) A verdade é um ideal regulador. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA (D) Através da falsificação é possível ter a certeza absoluta que uma teoria está correta. Cenário de resposta 54. (C). 55. Popper defende que, quanto mais falsificável for uma dada proposição, mais interessante ela é para a ciência. Qual das proposições seguintes é, de acordo com Popper, mais interessante? (A) Não existem cisnes negros. (B) Todos os cisnes são brancos. (C) Alguns cisnes são negros. (D) Existem cisnes brancos. Cenário de resposta 55. (B). 56. Completa as lacunas com as palavras sugeridas no quadro, por modo a que o texto faça sentido. • demarcação • indutiva • verdadeiro • negativas • verdadeiras • falsidade • progresso • verificá-los • corroborada • empírica Importa acentuar que uma decisão positiva só pode proporcionar alicerce temporário à teoria, pois subsequentes decisões _________________ (1) sempre poderão constituir-se em motivo para rejeitá-la. Na medida em que a teoria resista a provas pormenorizadas e severas, e não seja suplantada por outra, no curso do _________________ (2) científico, poderemos dizer que ela «comprovou sua qualidade» ou foi «_________________» (3) pela experiência passada. Nada que lembre a lógica _________________ (4) aparece no processo aqui esquematizado. Nunca suponho que possamos sustentar a verdade de teorias a partir da verdade de enunciados singulares. Nunca suponho que, por força de conclusões «verificadas», seja possível ter por «_________________» (5) ou mesmo por meramente «prováveis» quaisquer teorias. (…) O critério de _________________ (6) inerente à Lógica Indutiva – isto é, o dogma positivista do significado – equivale ao requisito de que todos os enunciados da ciência _________________ (7) (ou todos os enunciados «significativos») devem ser suscetíveis de serem, afinal, julgados com respeito à sua verdade e _________________ (8); diremos que eles devem ser «conclusivamente julgáveis». Isso quer dizer que a sua forma deve ser tal que se torne logicamente possível _________________ (9) e falsificá-los. Schlick diz: «(…) um enunciado genuíno deve ser passível de verificação conclusiva»; Waismann é ainda mais claro: «Se não houver meio possível de determinar se um enunciado é _________________ (10), esse enunciado EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA não terá significado algum, pois o significado de um enunciado confunde-se com o método de sua verificação». Karl Popper (1972). A Lógica da Pesquisa Científica. Cultrix, pp. 34-42. Cenários de resposta 56. (1) negativas; (2) progresso; (3) corroborada; (4) indutiva; (5) verdadeiras; (6) demarcação; (7) empírica; (8) falsidade; (9) verificá-los; (10) verdadeiro. 57. Lê o texto seguinte. Assuma-se que as crises são uma pré-condição necessária para a emergência de novas teorias e perguntemos de seguida como lhes reagem os cientistas. Parte da resposta, tão óbvia quanto importante, pode ser descoberta se procurarmos perceber o que os cientistas nunca fazem quando confrontados com anomalias, mesmo quando sérias e duradouras. Embora possam começar por perder a sua fé e começar a considerar alternativas, eles não renunciam ao paradigma que os conduziu à crise. Quer dizer, eles não olham para as anomalias como contraexemplos, apesar de ser isso mesmo que, no vocabulário da filosofia das ciências, estas são. Thomas Kuhn (2009). A estrutura das revoluções científicas. Guerra & Paz, pp. 115-119. 57.1. Tendo em conta o texto, explica por que razão podemos afirmar que o cientista é dogmático na defesa do seu paradigma? Cenário de resposta 57.1. O cientista, confrontado com anomalias sérias e duradouras, resiste-lhes. Embora o acumular de anomalias comece a colocar em causa a sua fé no paradigma, o cientista não lhe renuncia de ânimo leve. Como diz o texto, eles não olham para as anomalias como contraexemplos, veem-nas antes como problemas que precisamde ser resolvidos dentro do paradigma vigente, e é nesse sentido que trabalham. 58. Lê, com atenção, o texto seguinte. São episódios – exemplificados nas suas formas mais extremas e facilmente reconhecidas pelo advento do copernicanismo, darwinismo ou einsteinianismo – em que uma comunidade científica abandona o caminho, outrora venerado, de olhar para o mundo e de exercer a ciência a favor de outra abordagem da sua disciplina, em geral incompatível. (…) Ao contrário de uma impressão dominante, a maior parte das novas descobertas e teorias nas ciências não são meras adições ao lote existente de conhecimentos científicos. Para os assimilar, o cientista deve em geral voltar a arrumar o equipamento intelectual e manipulativo em que confiara anteriormente, descartando alguns elementos da sua crença e prática anteriores até encontrar novos significados e novas relações entre muitos outros. Visto que o antigo precisa de ser reavaliado e reordenado quando se assimila o novo, a descoberta e a invenção nas ciências são em geral intrinsecamente revolucionárias. (…) Quase nenhuma das investigações empreendidas, mesmo pelos maiores cientistas, está projetada para ser revolucionária e muito poucas têm quaisquer consequências. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA Pelo contrário, a investigação normal, mesmo a melhor, é uma atividade altamente convergente baseada firmemente num consenso estabelecido, adquirido na educação científica e reforçado pela vida subsequente na profissão. É típico que esta investigação convergente ou de consenso limitado desemboque por fim na revolução. Então, as técnicas e crenças tradicionais são abandonadas e substituídas por outras novas. Mas as alterações revolucionárias de uma tradição científica são relativamente raras, e os períodos extensos de investigação convergente são os preliminares necessários para que apareçam. Thomas Kuhn (2009). A estrutura das revoluções científicas. Guerra & Paz, p. 277. 58.1. A partir do texto, explicita o conceito de revolução científica. Cenário de resposta 58.1. Diz o texto que as revoluções científicas são: «episódios em que uma comunidade científica abandona o caminho, outrora venerado, de olhar para o mundo e de exercer a ciência a favor de outra abordagem da sua disciplina, em geral incompatível». Elas representam o novo e o diferente e, por isso, «visto que o antigo precisa de ser reavaliado e reordenado quando se assimila o novo, a descoberta e a invenção nas ciências são em geral intrinsecamente revolucionários». Nesta medida, a revolução científica transporta uma mudança radical na prática científica praticada até aí: «Então, as técnicas e crenças tradicionais são abandonadas e substituídas por outras novas». 59. Lê o texto seguinte e responde à questão colocada. Começarei por perguntar: quais são as características de uma boa teoria científica? Entre muitas das respostas usuais, selecionei cinco, não porque sejam exaustivas, mas porque são individualmente importantes e em conjunto suficientemente variadas para indicar o que está em jogo. Em primeiro lugar, uma teoria deve ser exata: quer dizer, no seu domínio, as consequências deduzíveis de uma teoria devem estar em concordância demonstrada com os resultados das experimentações e observações existentes. Em segundo lugar, uma teoria deve ser consistente, não só internamente ou com ela própria, mas também com outras teorias correntemente aceites e aplicáveis a aspetos relacionados da natureza. Terceiro, deve ter um longo alcance: em particular, as consequências de uma teoria devem estender-se muito para além das observações, leis ou subteorias particulares, para as quais ela estava projetada em princípio. Quarto, (…) deve ser simples, ordenando fenómenos que, sem ela, seriam individualmente isolados e, em conjunto, seriam confusos. Quinto, (…) uma teoria deve ser fecunda quanto a novas descobertas de investigação: deve desvendar novos fenómenos ou relações anteriormente não verificadas entre fenómenos já conhecidos. Estas cinco características – exatidão, consistência, alcance, simplicidade e fecundidade – são todas elas critérios padronizados para a avaliação da adequação de uma teoria. Juntamente com outras do mesmo género, elas fornecem a base partilhada para a escolha teórica. Thomas Kuhn (1989). A tensão essencial. Edições 70, p. 385. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA 59.1. Apresenta a resposta de Kuhn à pergunta que abre o texto. Cenário de resposta 59.1. Kuhn responde à questão dizendo que uma boa teoria deve ter as seguintes características: ser exata; ser consistente; ter um longo alcance; ser simples; e ser fecunda. Significa isto que, e respetivamente, as consequências deduzíveis da teoria devem concordar com os resultados das experimentações e das observações; a sua consistência deve ser não só interna, mas também externa (com as outras teorias correntemente aceites); o seu longo alcance relaciona-se com a extensão das suas consequências; a sua simplicidade decorre da sua capacidade de ordenar os fenómenos; e a sua fecundidade depende da possibilidade de permitir descobrir novas investigações. 60. Lê o texto seguinte e responde à questão colocada. Quando os cientistas têm de escolher entre teorias rivais, dois homens comprometidos completamente com a mesma lista de critérios para escolha podem, contudo, chegar a conclusões diferentes. Talvez interpretem a simplicidade de maneira diferente ou tenham convicções diferentes sobre o âmbito de campos em que o critério de consistência se deva aplicar. Ou talvez concordem sobre estas matérias, mas difiram quanto aos pesos relativos a ser acordados a estes ou a outros critérios (…). Quer dizer, há que lidar com características que variam de um cientista para outro sem com isso arriscar minimamente a sua adesão aos cânones que tornam científica a ciência. Embora tais cânones existam e devam ser descobertos (…), não são por si suficientes para determinar as decisões dos cientistas individuais. (…) Algumas das diferenças que tenho em mente resultam da experiência anterior do indivíduo como cientista. Em que parte do campo trabalhava ele, quando se confrontou com a necessidade de escolher? Por quanto tempo trabalhou nele; qual foi o seu êxito; e quanto do seu trabalho dependeu de conceitos e técnicas impugnados pela nova teoria? (…) Alguns cientistas põem mais ênfase do que outros na originalidade e têm mais vontade, portanto, em tomar riscos; alguns cientistas preferem teorias compreensivas, unificadas para soluções de problemas exatos e pormenorizados de alcance aparentemente mais restrito. Fatores diferenciadores como estes são descritos pelos meus críticos como subjetivos, e são postos em contraste com os critérios partilhados ou objetivos de onde parti. (…) O meu ponto é, portanto, que toda a escolha individual entre teorias rivais depende de uma mistura de fatores objetivos e subjetivos, ou de critérios partilhados e individuais. Thomas Kuhn (1989). A tensão essencial. Edições 70, pp. 388-389. 60.1. Em que medida os fatores subjetivos se relacionam com os fatores objetivos? Cenário de resposta 60.1. Na escolha das teorias, os fatores objetivos – exatidão, consistência, alcance, simplicidade e fecundidade – não podem deixar de se relacionar com as idiossincrasias de cada um dos cientistas envolvidos. Os fatores subjetivos, diz Kuhn, podem levá-los a conclusões diferentes. Embora as regras e cânones se encontrem bem EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA definidos, não são, no entender de Kuhn, suficientes para determinar as decisões individuais. Assim, Kuhn considera que fatores como: «Em que parte do campo trabalhava ele, quando se confrontou com a necessidade de escolher? Por quanto tempo trabalhou nele; qualfoi o seu êxito; e quanto do seu trabalho dependeu de conceitos e técnicas impugnados pela nova teoria?» vão ter influência na decisão a tomar. Daí que conclua que «toda a escolha individual entre teorias rivais depende de uma mistura de fatores objetivos e subjetivos, ou de critérios partilhados e individuais». 61. Considera o texto e responde às questões que se apresentam de seguida. Do mesmo modo, a ciência normal consagra uma boa parte dos seus esforços à resolução de puzzles, quer dizer, problemas difíceis de enfrentar, mas que em princípio podem ter solução, segundo os critérios de plausibilidade que um paradigma estabelece sempre. (…) As etapas de ciência normal caracterizam-se precisamente pelo facto de nelas se dedicar muitíssimo tempo e esforço à tentativa de solucionar problemas de pouca relevância, mas que têm sentido profundo no interior do paradigma. Seja como for, em qualquer etapa de ciência normal existem numerosas anomalias, quer dizer, factos que de maneira alguma são explicáveis no quadro conceptual do paradigma e que até mesmo o contradizem. Javier Echeverría (2003). Introdução à Metodologia da Ciência. Almedina, p. 122. 61.1. Os puzzles que o cientista resolve em ciência normal são: (A) Problemas fáceis de enfrentar, mas que não têm solução. (B) Problemas difíceis de enfrentar, mas que têm solução. (C) Problemas fáceis de enfrentar, mas que podem ter solução. (D) Problemas difíceis de enfrentar, mas que podem ter solução. 61.2. O paradigma estabelece sempre: (A) Os critérios plausíveis para a solução dos puzzles. (B) As regras aceitáveis para desenvolver as anomalias. (C) Os critérios aceitáveis para evitar os puzzles. (D) As regras plausíveis para a conceção das anomalias. 61.3. A procura da solução dos puzzles em ciência normal: (A) Não tem sentido no interior do paradigma. (B) Tem sentido no interior do paradigma. (C) Não tem importância no interior do paradigma. (D) Tem importância no exterior do paradigma. 61.4. As anomalias que surgem são: (A) Factos explicáveis pelo paradigma, mas que o contradizem. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA (B) Factos inexplicáveis pelo paradigma e que o contradizem. (C) Factos provados pelo paradigma e que o explicam. (D) Factos estranhos ao paradigma, mas que o afirmam. Cenários de resposta 61.1. (D). 61.2. (A). 61.3. (B). 61.4. (B). 62. Lê o texto seguinte. Ao longo da sua formação, os cientistas familiarizaram-se com determinadas linguagens e técnicas cuja eficácia para resolver problemas marcou profundamente o seu modo de considerar os fenómenos, associando-os ao paradigma vigente na comunidade científica da sua época. (…) Tudo isso origina uma série de crenças e de hábitos intelectuais comuns a numerosos cientistas, que, por isso mesmo, formam uma comunidade. Pode haver paradigmas e comunidades rivais, com as suas lutas em torno do poder académico e científico. A ciência vigente num dado momento implica a consolidação de um desses paradigmas. Javier Echeverría (2003). Introdução à Metodologia da Ciência. Almedina, p. 117. 62.1. A partir do texto, mostra a importância do paradigma para a investigação científica. Na tua resposta deves referir: o que dá o paradigma à comunidade científica; em que consiste o trabalho do cientista no âmbito do paradigma; o papel do paradigma. Cenário de resposta 62.1. Uma ciência só o é absolutamente quando surge um paradigma que a sustenta. O paradigma é a noção central da proposta epistemológica de Kuhn. O paradigma dá à comunidade científica os supostos teóricos gerais, as leis e as técnicas para a sua aplicação, estabelece as normas necessárias que tornam legítimo o trabalho dentro dessa ciência e forja uma comunidade científica. – O paradigma coordena e dirige a atividade do cientista no seu trabalho de ciência normal, que é o trabalho científico quotidiano e que, segundo Kuhn, consiste em resolver problemas, enigmas ou puzzles. O trabalho do cientista consiste em adequar a realidade ao paradigma, sendo que esta prática científica articula e desenvolve o próprio paradigma. 63. Lê o texto seguinte. Os cientistas que passaram a vida a trabalhar no interior de um paradigma não costumam aceitar de bom grado uma maneira diferente de ver o mundo. Quando finalmente mudam para um novo paradigma, pode então recomeçar um período de ciência normal, desta vez dentro de um novo quadro de referência. E assim sucessivamente. Nigel Warburton (2012). Uma Pequena História da Filosofia. Edições 70, p. 218. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA 63.1. A partir do texto, mostra em que medida ciência extraordinária e crise se encontram relacionadas na epistemologia de Thomas Kuhn. Na tua resposta deves referir: a relação das anomalias com o paradigma e a caracterização do momento de crise; a importância da ciência extraordinária na mudança de paradigma. Cenário de resposta 63.1. A mudança de paradigma traz consigo todo um conjunto de alterações na prática de ciência normal e na própria visão do mundo. Mas até lá, há todo um conjunto de factos que é preciso perceber. O cientista é dogmático, isto significa que, perante as anomalias que vão aparecendo, ele tenta não perder muito tempo com elas, considerando que o problema reside em alguma falha sua e nunca uma falha atribuível ao paradigma. O que sucede é que, perante o acumular de anomalias, o cientista começa a ter de lidar com elas e a tentar resolvê-las no âmbito do paradigma. A partir deste momento, entra-se no período a que Kuhn chama crise, isto é, no período em que o cientista centra toda a sua atenção em tentar resolver as anomalias no quadro do paradigma vigente. Estamos já não numa prática de ciência normal, mas de ciência extraordinária. Neste período conturbado da prática científica, os cientistas tentam a todo o custo defender o paradigma e encontrar nele as soluções para as anomalias. Como diz Kuhn, neste período de ciência extraordinária, é normal que alguns cientistas comecem a tentar encontrar as soluções fora do paradigma vigente. O que acontece nestes períodos é que dois paradigmas se confrontam: o velho, que tenta resistir, e o novo que tenta afirmar-se. É neste sentido que as anomalias e a ciência extraordinária se relacionam, já que estão na base da mudança de paradigma. 64. Para Kuhn, a ciência normal não tem como tarefa: (A) Determinar os factos significativos no âmbito do paradigma. (B) Garantir o rigor e a precisão da teoria. (C) Descobrir novos factos e inventar novas teorias. (D) Estabelecer a concordância dos factos com a teoria paradigmática. Cenário de resposta 64. (C). 65. Para Thomas Kuhn: (A) A evolução científica está associada à adoção de modelos de investigação designados como paradigmas. (B) A criação de paradigmas é uma das características do período pré-científico. (C) Os paradigmas resultam da aplicação do método indutivo. (D) Um paradigma científico só pode ser alterado quando a ciência alterar o seu objeto de investigação. Cenário de resposta 65. (A). EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA 66. Analisa as proposições seguintes e escolhe a alternativa correta. (A) O conceito “emergência paradigmática” designa a urgência de encontrar um novo paradigma em altura de crise. (B) No período de ciência normal, o paradigma é adotado, não surgindo novas descobertas científicas. (C) Os paradigmas são incomensuráveis, porque não é possível compará-los objetivamente. (D) Para que um paradigma entre em crise, basta que surja uma anomalia. Cenário de resposta 66. (C). 67. Em relação à objetividade do conhecimento científico, Thomas Kuhn considera que: (A) se usarmos um critério rigoroso, podemos estar certosde que o novo paradigma é melhor do que o anterior. (B) não temos forma de garantir que o novo modelo adotado seja melhor do que o anterior. (C) podemos considerar que a evolução científica se dá de forma objetiva. (D) a evolução científica é cumulativa e, por isso, deve ser considerada revolucionária. Cenário de resposta 67. (B). 68. Kuhn rejeita que: (A) A ciência progrida por acumulação e sem conflitos. (B) A evolução do conhecimento científico ocorra por solavancos. (C) A subjetividade interfira na escolha entre teorias rivais. (D) A revolução científica trace um abismo entre teorias rivais. Cenário de resposta 68. (A). 69. A incomensurabilidade que decorre de uma revolução científica revela que: (A) Os opositores estabelecem pontes de concordância entre si. (B) O conhecimento científico adquirido é impossível de quantificar. (C) As anomalias são tantas que se tornam difíceis de quantificar. (D) A divergência e o conflito radicais são uma marca das revoluções. Cenário de resposta 69. (D). EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA 70. Segundo Kuhn, os critérios que determinam a escolha de uma teoria científica são: (A) Objetivos e subjetivos. (B) Objetivos. (C) Subjetivos. (D) Nem objetivos nem subjetivos. Cenário de resposta 70. (A). 71. Segundo Kuhn, uma teoria simples deve: (A) Reordenar os fenómenos. (B) Ordenar as práticas científicas. (C) Reordenar os problemas a resolver. (D) Ordenar os fenómenos. Cenário de resposta 71. (D). 72. Para Kuhn, o longo alcance de uma teoria mede-se: (A) Pela extensão dos seus problemas. (B) Pela extensão das suas consequências. (C) Pela extensão das suas metodologias. (D) Pela extensão das suas anomalias. Cenário de resposta 72. (B). 73. Para Kuhn, uma teoria é fecunda quando: (A) Desvenda novas teorias. (B) Desvenda novas anomalias. (C) Desvenda novos fenómenos. (D) Desvenda novos instrumentos. Cenário de resposta 73. (C). 74. Na presença de um paradigma, a atividade científica desenvolve-se em três fases: (A) Fase normal, fase crítica, fase revolucionária. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA (B) Fase crítica, fase normal, fase paradigmática. (C) Fase normal, fase extraordinária, fase paradigmática. (D) Fase normal, fase extraordinária, fase revolucionária. Cenário de resposta 74. (A). 75. Considera os enunciados seguintes sobre a perspetiva de Kuhn. 1. A ciência extraordinária pratica-se à margem do paradigma dominante. 2. As anomalias acumuladas podem pôr em causa o paradigma. 3. A pré-ciência corresponde à atividade organizada que precede a formação de uma ciência. 4. Os paradigmas são sempre comparáveis quanto aos seus resultados. Devemos afirmar que: (A) 1 e 2 são incorretos; 3 e 4 são corretos. (B) 3 e 4 são incorretos; 1 e 2 são corretos. (C) 2 e 3 são incorretos; 1 e 4 são corretos. (D) 1 e 4 são incorretos; 2 e 3 são corretos. Cenário de resposta 75. (B). 76. Considera os seguintes enunciados sobre a noção de paradigma. 1. Uma «ciência» que não possui um paradigma não tem direito ao título de ciência. 2. O paradigma vigente serve de base tanto ao cientista da ciência normal como ao da extraordinária. 3. O paradigma inclui os problemas e as soluções que devem orientar a investigação. 4. O paradigma em vigor começa a ser contestado mal surgem anomalias. Deve afirmar-se que: (A) 1 e 2 são corretos; 3 e 4 são incorretos. (B) 1 e 3 são corretos; 2 e 4 são incorretos. (C) 2 e 4 são corretos; 1 e 3 são incorretos. (D) 3 e 4 são corretos; 1 e 2 são incorretos. Cenário de resposta 76. (B). 77. Ciência normal é uma expressão que, em Kuhn, designa os momentos da história da ciência em que não há revoluções ou mudanças de paradigma. Esta afirmação é: (A) Verdadeira: o período de ciência normal só acontece uma vez. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA (B) Falsa: no período de ciência normal, o paradigma não é questionado. (C) Falsa: o período de ciência normal só acontece uma vez. (D) Verdadeira: no período de ciência normal, o paradigma não é questionado. Cenário de resposta 77. (D). 78. A ciência extraordinária é um período de: (A) Reajustamento e aprofundamento do paradigma vigente. (B) Resolução de enigmas, tendo por base o paradigma dominante. (C) Adoção de um novo paradigma e de abandono do velho paradigma. (D) Discussão do paradigma vigente em que diminui a confiança neste. Cenário de resposta 78. (D). 79. Segundo Kuhn, o conhecimento científico não evolui por acumulação de verdades ou correção de erros. Esta afirmação é: (A) Verdadeira: só as melhores teorias sobrevivem. (B) Falsa: só as melhores teorias sobrevivem. (C) Verdadeira: a ciência progride por revoluções científicas. (D) Falsa: a ciência progride por revoluções científicas. Cenário de resposta 79. (C). 80. As anomalias são factos polémicos que: (A) Conduzem ao abandono do paradigma. (B) Podem abalar a confiança no paradigma. (C) São sempre resolúveis no âmbito do paradigma. (D) Apenas estão presentes nos momentos de crise. Cenário de resposta 80. (B). 81. Quando certos enigmas que um paradigma não previu são resolvidos segundo a forma prevista pelo paradigma estamos num período de: (A) Crise. (B) Revolução científica. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA (C) Ciência normal. (D) Ciência extraordinária. Cenário de resposta 81. (C). 82. A tese da incomensurabilidade dos paradigmas significa: (A) Não ser possível comparar objetivamente dois paradigmas. (B) Que o novo paradigma é de longe melhor e mais verdadeiro que o anterior. (C) Que a substituição de um paradigma por outro implica avanço em relação ao anterior. (D) Que a mudança de paradigmas dá lugar a uma imagem mais objetiva da realidade. Cenário de resposta 82. (A). 83. O que leva um cientista a aderir a um novo paradigma são: (A) Exclusivamente critérios objetivos e universais. (B) Critérios objetivos, mas também fatores de ordem subjetiva. (C) Critérios impossíveis de identificar, mas nem subjetivos nem objetivos. (D) Exclusivamente fatores de ordem subjetiva e individual. Cenário de resposta 83. (B). 84. Para Thomas Kuhn, a ciência progride por meio de: (A) Acumulação de conhecimentos. (B) Eliminação de erros. (C) Revoluções científicas. (D) Conjeturas e refutações. Cenário de resposta 84. (C). 85. Considera os seguintes enunciados relativos à prática de ciência normal. 1. A ciência normal faz-se para derrubar um paradigma e resolver anomalias. 2. A ciência normal faz-se para derrubar um paradigma e resolver puzzles. 3. A ciência normal faz-se para consolidar um paradigma e resolver anomalias. 4. A ciência normal faz-se para consolidar um paradigma e resolver enigmas. Kuhn afirmaria que: EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA (A) 1 e 2 são verdadeiros; 3 e 4 são falsos. (B) 3 e 4 são verdadeiros; 1 e 2 são falsos. (C) 1 e 3 são verdadeiros; 2 e 4 são falsos. (D) 2 e 4 são verdadeiros; 1 e 3 são falsos. Cenário de resposta 85. (B). 86. Para Thomas Kuhn: (A) É a existência de um paradigma que distingue ciência de não ciência. (B) É a existência de uma crise que distingue ciência de não ciência. (C) É a existência de enigmas que distingue ciência de não ciência. (D) É a existência de um método que distingue ciência de não ciência. Cenário de resposta 86. (A). 87. O que significa dizer que os paradigmas são incomensuráveis, segundo Thomas Kuhn? Cenário de resposta 87. Dizer queos paradigmas são incomensuráveis equivale a dizer que não há forma de os comparar de maneira objetiva e, consequentemente, de concluir que um é melhor que o outro. 88. Esclarece em que consiste um paradigma científico, segundo a perspetiva kuhniana. Cenário de resposta 88. Um paradigma científico é um modelo adotado pela comunidade científica durante um determinado período de tempo e ao abrigo do qual é realizada a investigação. O paradigma em vigor inclui, usualmente, metodologias de investigação, leis, teorias, instrumentos, etc. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA 89. Estabelece a devida identificação entre as afirmações e os conceitos, tendo em conta que a cada conceito pode corresponder mais do que uma afirmação. Conceitos Afirmações A. Pré-ciência B. Comunidade científica C. Paradigma D. Ciência normal E. Anomalia F. Crise G. Ciência extraordinária H. Revolução científica 1. É a prática científica que articula e desenvolve um paradigma. 2. Define os problemas e soluções admissíveis na prática científica normal. 3. Atividade científica que antecede a mudança de paradigma. 4. Falhanços na prática científica normal. 5. É o conjunto de supostos gerais, leis e técnicas que as comunidades científicas adotam. 6. Período em que um novo paradigma se começa a formar. 7. É o estado pré-paradigmático de uma ciência. 8. Grupo em que os cientistas se inserem para desenvolver o seu trabalho de investigação. 9. O estado em que uma ciência é considerada imatura. 10. Atividade científica que se pratica nos períodos de crise. 11. Distingue a ciência da não ciência. 12. Ciência oposta à ciência normal. 13. Estado que marca a acumulação em grande número de anomalias não resolvidas. 14. Período de confronto entre paradigmas. 15. Corresponde ao abandono de um paradigma e à adoção de um novo. 16. É a prática científica que entra em rutura com um paradigma. 17. É a atividade de resolução de problemas dirigida pelas regras paradigmáticas. 18. Conjunto de cientistas que trabalham de acordo com um paradigma. 19. É a ciência praticada na maioria do tempo pelos cientistas. 20. Prática científica que marca o período que sucede à assunção de um novo paradigma. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA Cenário de resposta 89. A: 7, 9; B: 8, 18; C: 2, 5, 11; D: 1, 17, 19, 20; E: 4; F: 6, 13, 14; G: 3, 10, 12, 16; H: 15. 90. Lê o texto, com atenção, e responde à pergunta apresentada. Pensamos normalmente que uma teoria científica é melhor que as suas predecessoras não só porque é um instrumento melhor para descobrir e resolver enigmas, mas também porque é de algum modo uma melhor representação do que é realmente a natureza. Ouve-se frequentemente dizer que uma teoria que se sucede a outra fica cada vez mais próxima, ou se aproxima cada vez mais, da verdade. (…) Enquanto historiador dou-me conta da implausibilidade desta perspetiva. Não duvido, por exemplo, de que enquanto instrumento de resolução de enigmas, a mecânica de Newton é uma melhoria relativamente à de Aristóteles e que a de Einstein é uma melhoria relativamente à de Newton. Mas não vejo na sua sucessão um caminho coerente de desenvolvimento ontológico. Pelo contrário, em certos aspetos importantes, embora de forma alguma em todos, a teoria da relatividade de Einstein está mais próxima da de Aristóteles do que qualquer uma delas da de Newton. Thomas Kuhn (2009). A estrutura das revoluções científicas. Guerra & Paz, p. 275. 90.1. «Ouve-se frequentemente dizer que uma teoria que se sucede a outra fica cada vez mais próxima, ou se aproxima cada vez mais, da verdade.» Por que razão, para Kuhn, esta perspetiva é implausível? 90.2. Contrasta as perspetivas de Kuhn e Popper, a propósito da questão do progresso científico. Cenários de resposta 90.1. Kuhn considera esta perspetiva implausível porque crê que a mudança de paradigma não nos aproxima, necessariamente, da verdade. A sucessão de paradigmas apenas garante uma nova visão do mundo. A incomensurabilidade existente entre os paradigmas não afirma que o novo paradigma esteja mais próximo da verdade, pois o facto de não serem comparáveis entre si não nos permite afirmar que o novo é melhor que o antigo, mas, apenas e só, que é diferente. 90.2. Popper considera que a ciência se aproxima da verdade à medida que os erros vão sendo eliminados. Falar em aproximação à verdade não significa, para Popper, que a alcancemos, mas tão-só que dela nos aproximamos. Kuhn rejeita essa hipótese. Os paradigmas são incomensuráveis e não temos qualquer garantia de nos estarmos a aproximar da verdade. Falar em incomensurabilidade implica falar em universos distintos, que não podem (nem devem) ser comparados. O progresso científico é, para Kuhn, claramente descontínuo. 91. Lê o texto e responde às questões que se seguem. Qualquer que seja o nível de genialidade disponível para as observar, as anomalias não emergem do curso normal da investigação científica enquanto os instrumentos e os conceitos não se tiverem desenvolvido o suficiente para tornar a sua emergência provável e para tornar a anomalia que daí EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES TEMA II | FILOSOFIA DA CIÊNCIA resulta reconhecível como uma violação da expectativa. Dizer que uma descoberta inesperada só começa quando algo sai mal é dizer que ela só começa quando os cientistas sabem exatamente como é que os instrumentos ou a natureza se deviam comportar. (…) Embora o conhecimento da anomalia assinale o começo de uma descoberta, só assinala o início. O que se segue necessariamente, se há algo a descobrir, é um período mais ou menos longo durante o qual o indivíduo e, amiúde, muitos membros do seu grupo procuram transformar a anomalia numa regra. Esse período exige invariavelmente observação e experimentação adicionais e uma reflexão sistemática. Enquanto isto prossegue, os cientistas revêm permanentemente as suas expectativas, em geral os padrões instrumentais e, por vezes, também as suas teorias mais fundamentais. Thomas Kuhn (1989). A tensão essencial. Edições 70, pp. 218-219. 91.1. Qual a atitude do cientista face ao aparecimento das anomalias? 91.2. Quais as condições que permitem o aparecimento das anomalias? 91.3. De acordo com o texto, as anomalias que surgem no período de ciência normal são: (A) Uma justificação da expectativa. (B) Uma consequência da expectativa. (C) Uma previsão da expectativa. (D) Uma violação da expectativa. Cenários de resposta 91.1. Face às anomalias, algo que foge às expectativas que o cientista possui à partida, este e muitos dos seus pares tentam integrá-las no paradigma, mas tal obriga a um trabalho redobrado e a uma revisão permanente, quer das expectativas quer das suas teorias fundamentais. Por isso, muitas vezes, as anomalias são abandonadas e deixadas para uma geração posterior. 91.2. O aparecimento das anomalias está relacionado com o crescente desenvolvimento dos instrumentos e dos conceitos. Só assim estão criadas as condições para que se dê a provável emergência das anomalias e para que estas sejam assumidas pelos cientistas como uma violação das suas expectativas. 91.3. (D). 92. Lê o texto e responde às questões que se seguem. Marco: Segundo Kuhn, a história da ciência é feita de alternâncias entre os períodos de «ciência normal» e os períodos de «ciência extraordinária». A ciência “normal” é o que acontece normalmente, a regra, enquanto a «extraordinária» é a exceção. Durante os períodos de ciência normal, os cientistas resistem à mudança e são conservadores; durante os períodos da ciência extraordinária (…) põem os antigos paradigmas em causa e procuram teorias novas, de acordo com o novo paradigma. A estas