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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP 
 
 
TEORIA GERAL DO DIREITO TRIBUTÁRIO 
1º Bimestre 
 
Profa. Mônica Vieira Bortolassi 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2025/2 
 
 
 
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I) ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS 
 
1. Conceito de tributo 
“Tributo é toda a prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela 
se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e 
cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada” (Artigo. 3º do 
Código Tributário Nacional). 
O tributo é composto dos seguintes elementos: 
● prestação pecuniária: deve ser pago em moeda nacional (dinheiro) ou por outro meio 
que represente a moeda; 
● prestação compulsória:o pagamento do tributo é obrigatório, não sendo facultativo 
nem contratual; 
● não constitui sanção de ato ilícito: o tributo não se confunde com a multa, pois não 
tem caráter punitivo; 
● obrigação ex lege: o dever de pagar o tributo é derivado de lei: Princípio da 
Legalidade Tributária (art. 150, I da CF)- o tributo só pode ser criado ou majorado por 
lei. 
● cobrado mediante atividade administrativa vinculada e obrigatória: o lançamento 
(art. 142 do CTN) é a atividade administrativa vinculada e obrigatória a que se refere o art. 
3º do CTN. 
2. Classificação das espécies de tributos 
O art. 145 da CF dispõe: 
“Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão 
instituir os seguintestributos: 
I - impostos; 
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II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva 
ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao 
contribuinte ou postos a sua disposição; 
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.” 
A interpretação literal do art. 145 da CF leva ao entendimento de que existiriam 
apenas três espécies de tributos: os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria. 
Entretanto, a interpretação sistemática dos arts. 145, 148 e 149 da Constituição Federal leva à 
conclusão de que os tributos se classificam nas seguintes espécies: 
- impostos (art. 145, I da CF); 
- taxas (art. 145, II da CF); 
-contribuições de melhoria (art. 145, III da CF); 
- empréstimos compulsórios (art. 148 da CF); 
 - contribuições: Contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico, de 
interesses de categorias profissionais ou econômicas e contribuições para a Seguridade Social 
(art. 149 e195 da CF); Contribuição de iluminação pública-COSIP (art. 149-A da CF). 
 
2.1. IMPOSTOS: 
 
A definição dos impostos se encontra no art. 16 do CTN: "Imposto é o tributo cuja 
obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal. 
Como se verifica, a hipótese prevista na lei que gerará a obrigação de pagar o 
imposto não está vinculada a nenhuma atividade estatal específica relativa ao 
contribuinte. 
Nesse contexto, o art. 167, IV da Constituição Federal proíbe a vinculação da 
receita de impostos a órgão, fundo ou despesa. 
 
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2.2. TAXAS 
 
O art. 145, II da Constituição Federal dispõe: 
“Art. 145. A União Federal, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
poderão instituir os seguintes tributos: 
II- taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização efetiva 
ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao 
contribuinte ou postos à sua disposição. 
O art. 77 do CTN prevê: 
“Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal 
ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato 
gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou 
potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte 
ou posto à sua disposição.” 
 
As taxas são tributos cobrados pela União, pelos Estados, pelos Municípios e pelo 
Distrito Federal que têm como hipótese de incidência o exercício regular do poder de polícia 
ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao 
contribuinte ou posto à sua disposição. 
O parágrafo 2º, do art. 145 da CF prevê que as taxas não poderão ter base de 
cálculo e fato gerador idêntico a dos impostos. 
As taxas não se confundem com tarifa: Taxa é tributo, tarifa é preço público não 
se sujeitando aos princípios constitucionais tributários. 
2.2.1) Taxas de serviço: 
De acordo com o art. 145, II da CF apenas os serviços públicos específicos e 
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divisíveis poderão ser remunerados por taxas. 
O art. 79, II do Código Tributário Nacional dispõe: 
Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: 
II- específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de 
intervenção, de unidade, ou de necessidades públicas; 
 
Segundo Roque Antonio Carrazza1, os serviços públicos específicos são singulares 
porque são utilizados individualmente e podem ser mensurados. A divisibilidade do 
serviço público a ser tributado pela taxa, por sua vez, está relacionada com a possibilidade 
de avaliação da sua utilização efetiva ou potencial, individualmente considerada. 
O Supremo Tribunal Federal, em decisão plenária, no Recurso Extraordinário 
233.332-6/RJ, manifestou-se quanto à inconstitucionalidade da taxa de iluminação pública 
por reconhecer que o fato gerador desta taxa é um serviço público inespecífico e indivisível. 
Diferença entre taxa (tributo) e tarifa (preço público). 
Tanto as taxas como as taxas como as tarifas remuneram serviços públicos 
específicos e divisíveis. Portanto, qual seria a diferença entre elas? 
- Taxas: as taxas são tributos previstos no art. 145, II da CF e remuneram um serviço 
público específico e divisível compulsório. Ex: taxa de coleta de lixo. 
- Tarifas: as tarifas não são tributos. Remuneram um serviço público específico e 
divisível facultativo. Ex: pedágio, tarifa de energia, tarifa de transporte. 
 
 
 
1Curso de Direito Constitucional Tributário. 24ª ed. rev. ampl. atual. Malheiros, São Paulo, p. 526. 
 
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TAXA TARIFA 
remuneram serviço 
público específico e 
divisível 
remuneram serviço público 
específico e divisível 
Serviço compulsório Serviço facultativo 
Tributo Preço público 
 
2.2.2. Taxa de polícia 
A taxa de polícia tem por hipótese de incidência o exercício do poder de polícia 
diretamente referido ao contribuinte. 
O poder de polícia público pode se manifestar sob várias formas, de acordo com o 
art. 78 do CTN: 
“Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública 
que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a 
prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público 
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da 
produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes 
de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou 
ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. 
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando 
desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com 
observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como 
discricionária, sem abuso ou desvio de poder.” (grifamos) 
Hugo de Brito Machado2 demonstra que são exemplos de taxas de polícia, as“(...) 
taxas nas quais o fato gerador é o exercício do poder, ou da atividade de polícia (...): a taxa 
 
2 Hugo de Brito Machado. Curso de Direito Tributário. 29ª ed. São Paulo, Malheiros, p. 426. 
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de licença para localização e funcionamento, cobrada por diversos municípios brasileiros de 
quem quer se estabelecer com qualquer atividade empresarial; a taxa de licença para 
publicidade, cobrada dos que utilizam os denominados outdoors e outras placas ou faixas com 
anúncios; a taxa de licença para construções ou edificações, entre outras”. 
Outro exemplo de taxa de polícia é a taxa de inspeção sanitária cobrada por algunsmunicípios em contraprestação à fiscalização executada nas instalações sanitárias de bares 
e restaurantes. 
A segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça já se manifestou quanto a 
legalidade da cobrança da taxa de afixação de placas e luminosos: 
A base de cálculo das taxas deve corresponder à quantificação do seu fato imponível. 
 
2.3) Contribuição de melhoria: 
 
Tributo cobrado pela União, pelos Estados, pelos Municípios e pelo Distrito Federal 
que tem como finalidade de instituição o custeio de obra pública, da qual decorra valorização 
imobiliária, tendo como limite total à despesa realizada e como limite individual o 
acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado (art. 81 do CTN). 
 
O art. 81 do CTN determina que a contribuição de melhoria deve respeitar um limite 
global, que corresponde ao total da despesa realizada e um limite individual, ou seja, a 
cobrança deverá ser proporcional ao acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel 
beneficiado. 
 
2.4. Empréstimo Compulsório: 
 
O art. 148 da CF dispõe: 
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“Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos 
compulsórios: 
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade 
pública, de guerra externa ou sua iminência; 
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse 
nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". 
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo 
compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição”. 
 
O empréstimo compulsório é um tributo que, exclusivamente, só pode ser instituído 
por lei complementar, pela União Federal e que tem por finalidade (i) atender a despesas 
extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência, 
e (ii) no caso de interesse público de caráter urgente e de relevante interesse nacional. 
O parágrafo único, do art. 148 da CF, prevê que a receita advinda da arrecadação do 
empréstimo compulsório deve estar vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. 
Trata-se de um tributo restituível. O parágrafo único, do art. 15 do CTN prevê: 
“Art. 15. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir 
empréstimos compulsórios: 
....................................................................................................... 
Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as 
condições de seu resgate, observando, no que for aplicável, o disposto nesta 
Lei.” 
 
Roque Antonio Carrazza3, explica que “se a lei que instituir o empréstimo 
compulsório não previr a devolução integral do produto de sua arrecadação, será 
inconstitucional, por ensejar um confisco vedado pelo art. 150, IV do Texto Supremo”. 
 
O empréstimo compulsório instituído com fundamento no inciso II, do art. 148 da 
CF deve atender o princípio da anterioridade anual e nonagesimal (art. 150, III, b, c da 
CF). 
 
3Roque Antonio Carrazza.Curso de Direito Constitucional Tributário. 24ª ed. rev. ampl. atual. São Paulo, Malheiros, p. 562. 
 
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Em caso de guerra externa, a União Federal poderá instituir simultaneamente, o 
empréstimo compulsório e o imposto extraordinário (compreendidos ou não em sua 
competência tributária, o qual será suprimido, gradativamente, cessadas as causas de sua 
criação) previsto no inciso II, do art. 154 da CF. 
 
II) PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS 
 
1) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
 
 O art. 150, I da CF dispõe: 
“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, 
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça”. 
 
Assim sendo, no Brasil o tributo só pode ser criado ou aumentado através de lei. A 
UF, Estados, Municípios e DF só podem criar ou aumentar tributo através de lei no sentido 
estrito. 
A lei que cria o tributo é a lei ordinária. Existem hipóteses em que a Constituição 
exige lei complementar para a instituição do tributo, a exemplo do empréstimo compulsório 
(art. 148 CF), do imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII CF) ou dos impostos residuais 
(art. 154, I CF). 
Cumpre ressaltar ainda que a atualização monetária do tributo não é considerada 
aumento e, portanto, pode ser veiculada através de ato do Poder Executivo. 
 
2) PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA 
 
• Anterioridade anual (art. 150, III, b da CF): 
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Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, 
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
III - cobrar tributos: 
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os 
instituiu ou aumentou;” 
• Anterioridade nonagesimal (art. 150, III, c da CF): 
“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, 
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
III - cobrar tributos: 
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a 
lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b;” 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 24ª ed. rev. ampl. 
atual. São Paulo, Malheiros, 2008. 
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 29ª ed. São Paulo. Malheiros, 2008. 
MELO. José Eduardo Soares de Melo. Curso de Direito Tributário. 8ª ed., São Paulo, 
Dialética, 2008.

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