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TEORIA GERAL DO PROCESSO Professor: Ronny César Nascimento de Oliveira E-mail: ronny.oliveira@pro.fecaf.com.br Instagram: @ronnycesar.adv “A competência é a delimitação da jurisdição: não restringe o poder do juiz, mas organiza sua atuação para garantir segurança, ordem e justiça no processo.” COMPETÊNCIA A competência é atribuída pela CF ou por uma Lei. São regras que estipulam matérias específicas para “juízos” específicos. É o que limita a atuação jurisdicional. - Jurisdição: Poder de julgamento – Magistrados - Competência: CF ou Lei (medida da jurisdição) Obs.: justamente por conta da unitariedade da jurisdição, a jurisprudência tem admitido que, em certas circunstâncias, possa o juiz absolutamente incompetente proferir decisões (translatio judicii), sendo a mesma sujeita a posterior rerratificação do juízo competente. • Exemplo: Uma pessoa entra com uma ação trabalhista por engano na Justiça Estadual. O juiz estadual concede uma liminar urgente (ex.: reintegração imediata ao trabalho porque o empregado está doente). Depois, o processo é remetido à Justiça do Trabalho, que vai confirmar (ou não) essa decisão. COMPETÊNCIA Fontes da competência. Regras: - CF: Exemplo: art. 109 – Justiça Federal - Constituições dos Estados - Leis Federais - Tratados/Convenções/Acordos internacionais - Regimentos internos do tribunais estaduais (órgãos fracionários). Obs.: competência para ajuizamento da ação, por vezes, aplicar mais de duas regras (mais de duas fontes). COMPETÊNCIA Normas Fundamentais sobre Competência - Princípio do Juiz Natural: não expresso em lei. a) Vedação ao Tribunal de Exceção b) Juiz competente e imparcial - Princípios da Tipicidade e da Indisponibilidade da competência. Regra da inexistência de vácuo de competência. Não é possível negociar competência (ou seja, a priori, é indisponível). Quanto à Tipicidade: são regras expressas, tipificadas. Porém, não pode haver vácuo de competência. - Princípio da competência adequada (“melhor jurisdição”). Busca-se a adequação, a fim de trazer melhor efetividade ao caso. COMPETÊNCIA Normas Fundamentais sobre Competência - KompetenzKompetenz: Ainda que o juiz seja incompetente para julgar certa demanda, ainda assim é competente para verificar se pode julgar ou não. Ou seja, é o primeiro filtro de competência para dizer sobre sua competência para julgar determinada demanda. Usado muito na arbitragem. Todo órgão jurisdicional tem competência para avaliar sua competência Exemplo: Duas empresas assinam contrato com cláusula arbitral. Uma delas entra na Justiça comum dizendo que a cláusula é inválida. O juiz não pode de plano anular a cláusula: quem primeiro decide se a cláusula é válida ou não é o próprio tribunal arbitral → aplicação do Kompetenz-Kompetenz. COMPETÊNCIA Perpetuação da jurisdição Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta. O processo, no momento de sua propositura, é protocolado via sistema, daí, registra-se e é feita a distribuição (se houver mais de uma vara competente). Uma vez fixada a competência, nenhuma alteração no estado de fato (réu altera domicílio) ou de direito (ampliação do teto da competência do órgão em razão do valor da causa) superveniente poderá alterá-la. - Competência por distribuição Art. 284 a 286, CPC - Classificação da competência (sistema translacio iudicii) Art. 64, CPC COMPETÊNCIA - INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA: Matéria, pessoa, função (regra). Às vezes, em função do valor da causa e até territorial. As regras de competência absoluta foram criadas para atender ao interesse público. É matéria de ordem pública. Pode ser alegada a qualquer tempo e grau de jurisdição, por qualquer das partes, e também pode ser conhecida de ofício. Pode ser alegada por meio de preliminar de contestação e até mesmo após eventual trânsito em julgado (ação rescisória, art. 966, CPC) Não admite negócio jurídico processual. Não é alterada pela conexão ou continência. COMPETÊNCIA - INCOMPETÊNCIA RELATIVA: Territorial e valor da causa. Foi criada para atender ao interesse privado. Depende de alegação do réu em preliminar de contestação (sob pena de preclusão), portanto, não pode ser conhecida de ofício (súmula 33/STJ). Admite negócio jurídico. Pode ser modificada pela conexão ou continência (quando há similitude de matérias) Conceito Partes Pedido Causa de pedir Efeito no processo Base legal (CPC/2015) Litispendência Mesmas Igual Igual Extinção da ação posterior Art. 337, VI Conexão Podem ou não ser as mesmas Igual (pode ser diferente) Igual (pode ser diferente) Pode haver reunião das ações para julgamento conjunto Art. 55 Continência Mesmas Uma mais ampla que a outra Iguais Suspensão da ação menor até julgamento da maior Art. 56 COMPETÊNCIA - CRITÉRIOS DETERMINATIVOS DE DISTRIBUIÇÃO DA COMPETÊNCIA INTERNA NO BRASIL: a) Competência em razão da PESSOA: depende da pessoa que figura a demanda (polo ativo ou passivo). Exemplo: Fazenda Pública. Deve ser remetida à Vara específica. ** Foro privilegiado ou prerrogativa de função: pode influenciar o grau de jurisdição (1º, 2º ou o “3º” (instância extraordinária)). Exemplo: MS contra presidente da república: deve ser remetido ao STF. Geralmente, no Cível, ocorre com remédios constitucionais ou ações que envolvam Conselho Nacional do MP. COMPETÊNCIA - CRITÉRIOS DETERMINATIVOS DE DISTRIBUIÇÃO DA COMPETÊNCIA INTERNA NO BRASIL: b) Competência em razão da MATÉRIA: em razão do direito material envolvido. Tem a ver com a natureza da relação jurídica controvertida. O que define é a causa de pedir (fatos + direito). Exemplo: direito trabalhista. STJ: Quando a ação tem como causa de pedir a ocorrência de atos lesivos cuja prática somente foi possível em razão da relação empregatícia, a competência para seu processamento e julgamento é da Justiça do Trabalho. AgInt no CC 190.259/SP, 2ª Seção, Dje 14/04/2023. COMPETÊNCIA - CRITÉRIOS DETERMINATIVOS DE DISTRIBUIÇÃO DA COMPETÊNCIA INTERNA NO BRASIL: c) Competência em razão do VALOR DA CAUSA (art. 292/CPC): Juizado Especial Cível (JEC) – opcional - até 40 S.M; Juizado Especial Federal (JEF) – obrigatório – até 60 S.M; -Art. 63 – possível estipular cláusula de eleição de foro. COMPETÊNCIA - CRITÉRIOS DETERMINATIVOS DE DISTRIBUIÇÃO DA COMPETÊNCIA INTERNA NO BRASIL: d) Competência em razão TERRITORIAL: (art. 46 e ss): Os órgãos jurisdicionais exercem jurisdição nos limites das suas circunscrições territoriais. A competência territorial é a regra que determina em que território a causa deve ser processada. É critério de competência em razão do lugar. Exemplo: Augusto foi aprovado no concurso de Juiz Estadual do RN (TJRN). Assim, poderá desempenhar suas funções no estado do RN e não em qualquer outro. E deverá assumir uma Comarca (se confunde com cidade ou grupo de cidades), limitado a alguma vara específica. COMPETÊNCIA - CRITÉRIOS DETERMINATIVOS DE DISTRIBUIÇÃO DA COMPETÊNCIA INTERNA NO BRASIL: e) Em razão da FUNÇÃO: Competência funcional (ou ratione functionis) é a distribuição de funções dentro do Poder Judiciário, ou seja: qual juízo ou magistrado deve praticar determinado ato processual ou julgar a causa, de acordo com sua função na estrutura judicial. Não se refere a matéria (civil, criminal, trabalhista), nem a território (foro), nem a pessoas (foro privilegiado), mas sim à função do órgão ou cargo. Critérios: grau, especialização, função do magistrado ou órgão; plantão. Exemplo: fase de cognição + executiva (não recursal). COMPETÊNCIA - Leitura: - Competência Justiça Federal: art. 109/CF - Deslocamento do cumprimento de sentença: art. 516/CPC - Grave Violação a Direitos Humanos: art. 109, §5º/CF. - Supressão de órgão judicial/Alteração de competência absoluta:art. 43/CPC Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16