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Clínica Médica de Grandes Animais II ADRIANI MENDONÇA 1 Afecções do Sistema Urinário de Ruminantes SEMIOLOGIA • Alterações clínicas • Exames complementares • Diagnóstico • Tratamento Não pule etapas, não buscamos “apenas” doença, buscamos alterações!! Um paciente pode ter mais de uma enfermidade ANATOMIA INTRODUÇÃO • Doenças gênito-urinárias em menores casos (RGI,TR) • Doenças do trato urinário: subdiagnósticos ou retardo no diagnostico devido clínicos inespecíficos • Meios de diagnósticos: ➢ US ➢ Urinálise (triagem teste reagente como corpos cetônicos: PH, leucócitos e bilurrubina) ➢ Bioquímico • Mais comuns nos ruminantes são hipospadia, uraco patente, dilatação uretral, urolitíase e suas complicações INSPEÇÃO E ANAMNESE Admissão: 09/10/23 Idade: 2 meses Início Sinais clínicos: 2d Queixa principal: aumento de volume ventral do abdome Manejo: mantido a pasto junto a mãe, com acesso ao trato fornecido aos animais adultos Medicado na fazenda: Benzilpenicilina Procaína, Benzilpenicilina Potássica, Estreptomicina 3 doses ALTERAÇÕES TESTE DE TIRAS Proteinúria: • Valores relativos • Lesão renal ➢ Indica lesão glomerular ou nos túbulos renais ➢ Desidratação intensa com baixa perfusão renal ➢ Glomerulonefrites ➢ Nefrose renal • Lesão pós renal ➢ Cistite ➢ Urolitíase ➢ Neoplasia e trauma • Falsos positivos Clínica Médica de Grandes Animais II ADRIANI MENDONÇA 2 ➢ Em neonatos pode estar presente e até 2 dias de vida devido colostragenti ➢ Contaminação com secreção vaginal, fezes Glicosúria: • Maioria dos casos: glicose, corticoides, estresse • Falsos positivos: ➢ Resíduos de penicilinas, tetraciclinas Cetonúria: • Sensibilidade 78% sensibilidade 98% para cetose (clínica ou sub) PH: • QuandoX: Urografia excretora • Uretrocistografia SE a creatinina do líquido abdominal 2X> que a sérica = ruptura da vesícula urinária TRATAMENTO • Cistocentese • Amputação do Processo Uretral • Uso de anti-espasmódicos: Butilescopolamina: 0,8 mg/Kg a cada 8 horas • Acepromazina: 0,15 mg/Kg • Xilazina: 0,05 - 0,1 mg/ Kg. • Uso de Acidificantes da Urina - Cloreto de Amônio (40 mg/Kg/ dia) • Evitar a sondagem - compactação dos cálculos na flexura sigmóide SINAIS CLÍNICOS Admissão: 09/10/23 Idade: 2 meses Início Sinais clínicos: 2d Queixa principal: aumento de volume ventral do abdome Manejo: mantido a pasto junto a mãe, com acesso ao trato fornecido aos animais adultos Medicado na fazenda: Benzilpenicilina Procaína, Benzilpenicilina Potássica, Estreptomicina 3 doses Punção agulha 40 x 12 coletado 900ml líquido sero – sanguinolento (Ph 6,5 e densidade 1,022) Incisão paralela ao prepúcio: Necrose: Correção acidose metabólica: bicarbonato de sódio Procedimento cirúrgico mesmo dia de admissão (09/10/2023) CISTITE ETIOLOGIA • Inflamação e infecção da vesícula urinária • Normalmente do trato urinário das fêmeas adultas ➢ Uretra curta ⚬ distocias/laceração p.parto ➢ Neuropatia do nervo sacral = paralisia nervosa = retenção urinária ⚬ retenção de placenta ➢ Animais jovens ⚬ persistência do úraco • Infecção ascendente Corynebacterium renale SINAIS CLÍNICOS • Cólica abdominal = coices abd. • Oligúria • Inquietação • Cauda em bandeira • Alteração aspecto urina ➢ Piúria, hematúria microscópica e bacteriúria • Urinálise positivos: ➢ Sangue, proteína e pH variável Clínica Médica de Grandes Animais II ADRIANI MENDONÇA 7 DIAGNÓSTICO • Histórico • Sinais clínicos • U.S • Urinálise TRATAMENTO • ATB pelo menos 7d ➢ Penicilina (22.000 U/kg) ➢ Ampicilina (11 mg/kg) • Paralisia vesical ⚬ tratar neuropatia dexa 10mg/kg 1xd por 3d ➢ Sonda de foley • Acidificar urina ➢ Em sal aniônico e promover a diurese. DOENÇA DO SISTEMA GENITAL DE FÊMEAS BOVINAS ETIOLOGIA • Permanência da placenta de 8-12h pós-parto • Incidência 5-15% nos rebanhos • Fatores pré-disponentes ➢ Distocias ➢ Partos pré-maturos ➢ Aborto ⚬ indução ao parto ➢ Deficiência vitamínicas e minerais (vit. C, selênio) ➢ Antônia uterina (relacionado a hipocalcemia) • Doenças infecciosas ➢ Brucella abortus ➢ Salmonella dublin ➢ Campylobacter fetus e fungo SINAIS CLÍNICOS • Presença da placenta exposta • Mal cheiro • Febre (39,5C) • Apatia • Queda no CMS • Queda motilidade ruminal • Desidratação • Baixa produção de leite • Outras enfermidades associadas ➢ DA ➢ Mastite ➢ Metrite ➢ Cetose TRATAMENTO Suporte: • Hidratação ⚬ reposição Ca • Glicose 0,2-0,4g/kg • Hepatoprotetor (mercepton) • ATB ➢ IM ceftiofur 10mg/kg, ou oxitetraciclina. 20mg/kg ➢ Uterina • Hormônio ➢ PGF 2 ➢ Ocitocina • Retirada placenta controverso ➢ Manual: apenas com bastante experiência chances de lacerações Clínica Médica de Grandes Animais II ADRIANI MENDONÇA 8 Retirada manual da placenta: METRITE ETIOLOGIA • Inflamação endométrio e miométrio • Até duas semanas pós-parto • Doenças predisponente e concomitante • Presente em até 40% dos casos • Infecção bacteriana mista • Conteúdo piosanguinolento • Bactérias GRAM – ➢ Quadro endotoxêmico devido ao LPS FISIOPATOGENIA • LPS ➢ Corrente sanguínea (mortas ou na divisão celular) ➢ Se ligam a proteína de ligação a lipopolissacarídeo (LBP) ➢ Apresenta macrófagos e monócitos, o que leva à ativação do receptor toll- like (4 TLR4). ➢ Resposta inflamatória SINAIS CLÍNICOS 3 GRAUS: TODAS COM ÚTERO AUMENTADO DE TAMANHO E COM SECREÇÃO • Grau 1: ➢ Sem quaisquer sinais sistêmicos de problemas de saúde; • Grau 2: ➢ Diminuição da produção de leite, ⚬ opacidade ⚬ febre; • Grau 3: ➢ Sinais de toxemia Inapetência, extremidades frias, depressão e/ou colapso METRITE PUERPERAL AGUDA BOVINA • Histórico: distocia, RAF, pouca produção leite • Inspeção ⚬ desidratação ➢ Apatia ➢ Secreção aquosa vermelho- amarronzada fétida ➢ Cauda em bandeira ➢ Placenta exteriorizada Clínica Médica de Grandes Animais II ADRIANI MENDONÇA 9 DIAGNÓSTICO • Exame físico ➢ Atonia ruminal ➢ Aumento temperatura retal (>39,5) ➢ PING METÁLICO!!! PING: som ressoante agudo pode indicar ou muito gás ou muito líquido em relação em qual órgão!!! D.A, dilatação de ceco, pneumoperitônio, metrites, colapsoruminal Cuidado com dig. equivocados! anamnese + pings+ palpação retal + US • Exame físico ➢ Palpação vaginal e retal ➢ Secreção ➢ Útero flutuante TRATAMENTO • Hidratação ➢ Reposição de Ca ➢ Glicose 0,2mg-0,4mg/kg • Prostaglandina IM • AINE ➢ flunexin pode retardar a expulsão AF ➢ se febre: dipirona 23mg/kg Antibioticoterapia mínimo 5d • sistêmica ➢ Ceftiofur 10mg/kg ➢ oxitetraciclina 20mg;kg • Intrauterina • Oxitetraciclina • Lavagem uterina não recomendado ➢ Risco de piora (aumenta abs. de endot, ruptura, lacerações uterinas) • Monitorar animal, alto risco de deslocamento de abomaso e mastite COMPLICAÇÕES • Endocardite • Poliartrite • Pneumonia • Abscessos sistêmicos • Infertilidade ENDOMETRITE • Inflamação do endométrio • T. pyogenes + F. necrophorum e/ou Prevotella • Presença de corrimento vaginal mucopurulento, branco ou amarelo- esbranquiçado, na vaca pós-parto • Sem acometimento sistêmico, mas prejudica fertilidade • 14-21d p.parto ➢ Animais que tiveram RAF, metrite TRATAMENTO • ATB intrauterino ➢ Alguns levam ao descarte de leite = desuso ➢ Controverso: pouca ação em meio ao material purulento • Se houver CL = Prostaglandina Clínica Médica de Grandes Animais II ADRIANI MENDONÇA 10 Sistema Urinário de Equinos (Uretra das fêmeas é mais globosa e curta, mais perto da vulva) INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA (IRA) Definição: diminuição abrupta na taxa de filtração glomerular renal (aumento de ureia e creatinina= AZOTEMIA); Perca de 75% da função renal. Concomitante = desequilíbrios hídricos, eletrolíticos e ácido base CLASSIFICAÇÃO • Equinos: distúrbios hemodinâmicos e nefrotóxicos (pré-renal e renal). • Pré-renal (diminuição da perfusão sanguínea); • Renal ou Intrarrenal (lesão em parênquima renal e vasos); • Pós-renal (obstrução ou ruptura em trato urinário inferior) FATORES PREDISPONENTES • Condição que leve a hipovolemia ou endotoxemia; • Histórico de administração de medicamentos nefrotóxicos Insuficiência Renal Aguda (IRA) • Microrganismos como as bactérias (Leptorpiras spp., Escherichia coli, Streptococcus spp. e Staphylococcus spp.) • * 1% dos equinos internados em hospitais desenvolve alteração na filtração renal em diferentes graus (GEOR, 2007) ETIOPATOGENIA • INSUFICIÊNCIA PRÉ-RENAL • Cólicas com perda de fluidos gastrointestinais (colite e enterite proximal); • Hemorragia aguda; • Exercícios extenuantes (sudorese intensa); • Endotoxemia; • Hipoalbuminemia • Septicemia • Anestesia – halotano • INSUFICIÊNCIA RENAL OU INTRARRENAL • Falha nos funcionamentos dos glomérulos, túbulos, interstício ou vasos sanguíneos; • Nefrotoxinas (tóxicas ao parênquima renal) (são as campes da insuficiência) • Antimicrobianos (mioglobina acontece mais na rabdomiólise) • Venenos ofídicos • Metais pesados (mercúrio e arsênico) • Mioglobina Clínica Médica de Grandes Animais II ADRIANI MENDONÇA 11 • Hemoglobina • Antiinflamatórios não esteroidais • Infecciosas (Leptospira sp, Streptococcus equi) NEFROTOXINAS • Antimicrobianos: Aminoglicosídeos etetraciclina (necrose das células epiteliais de túbulos proximais) • Mioglobinúria (Rabdomiólise= mioglobina: obstrução de túbulos distais, vasoconstrição renal e isquemia) • Hemoglobinúria (Babesiose, Púrpura hemorrágica, Anemia infecciosa equina) • Acidente ofídico: Serpentes do gênero Bothrops (hemorragia sistêmica, coagulopatias e choque circulatório = menor perfusão renal) • AINE’s (fenilbutazona, flunixim e cetoprofeno) • Normalmente em associação com algum ETIOPATOGENIA • INSUFICIÊNCIA PÓS-RENAL • Equinos são raramente acometidos • Urolitíases obstrutivas • Ruptura de bexiga (fêmeas após o parto e potros neonatos) SINAIS CLÍNICOS • Compatíveis com a doença primária (cólica, sepse, coagulopatias); • Uremia = anorexia e depressão; • Azotemia grave = encefalopatia urêmica • Oligúria (início) (fluidoterapia= edema subcutâneo e pulmonar) • Poliúria • Taquicardia, mucosas hiperêmicas, febre e cólica leve. DIAGNÓSTICO • Sinais clínicos e achados laboratoriais • Aumento plasmático de ureia e creatinina • Diferenciar o tipo de Azotemia • Ureia= 30-40 mg/dL • Creatinina= 1 - 2 mg/dL • Avaliar a diurese – 5 - 15mL/kg/h IRA PRÉ RENAL • Rins saudáveis • Diminuição do fluxo renal • Retenção de sal e água • Concentra a urina • Densidade aumentada (Normal 1025 – 1040) IRA RENAL • Rins perdem a capacidade de concentrar a urina • Isostenúria (1008 – 1014) • Hipostenúria ( 10 - 15 mg/dL = Prognóstico mau INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO • Trato urinário superior (rins e ureteres); • Urolitíases, nefrolitíases • Trato urinário inferior (bexiga e uretra); • Anatômicos e funcionais (paralisia de bexiga); • Cistólitos FATORES PREDISPONENTES • Dano uretral (parto traumático em éguas; neoplasia ou habronemose em machos); • Paralisia de bexiga (disfunção detrusora); • Diminuição do tônus do esfíncter uretral (trauma ou doença neurológica); • Contaminação por cateterização e lavagem da bexiga; • Disfunção neurológica e microorganismos (E. coli, Staphylococcus, Corynebacterium, Candida) SINAIS CLÍNICOS • Localização, duração e severidade da infecção • TUI (sinais de distúrbio do fluxo urinário) • Disúria, estrangúria, polaquiúria, piúria e incontinência; • Eventual hematúria (mucosa lesada); • Raramente sinais sistêmicos (febre, apatia, perda de peso). • Palpação retal auxilia na confirmação da causa (bexiga); • Atonia da bexiga, acúmulo de sedimento sabloso, cálculos • TUS (Sinais sistêmico de infecção) • Febre, apatia, perda de peso; • Normalmente acompanhada de infecção do TUI; • Disúria; • Urólitos (infecção crônica do TUS); • Palpação retal (rins= pielonefrite) DIAGNÓSTICO • Sinais clínicos; • Laboratoriais (sangue) • TUI: ➢ Hemograma e bioquímicos (dentro dos valores): • TUS: ➢ Azotemia ➢ Laboratoriais (urina) Clínica Médica de Grandes Animais II ADRIANI MENDONÇA 13 ➢ *Aumento de leucócitos /bactérias (TUI/TUS) ➢ Complementar: Exame ultrassonográfico dos rins; Endoscopia do TUI TRATAMENTO Antibióticos Considerar: • Sensibilidade do agente; • Concentração no tecido renal e urina; • Atividade do atb em diferentes valores de pH; • Facilidade de administração; • Toxicidade; • Custo; • Compatibilidade • 1 semana TUI • 2 a 6 semanas TUS ANTIBIOTICOS COMUNS • Sulfa + Trimetoprim; • Penicilina e Ampicilina (Corynebacterium, Streptococcus, Staphylococcus); • Gentamicina e Amicacina: Nefrotóxica (utilizar em TUI); • Opção em nefropatas (Penicilina + ácido clavulânico); • Cefalosporina: Ceftiofur (em casos de resistência a sulfa e penicilina) • Outros (enrofloxacina) • *Acompanhar com urocultura Afecções do sistema nervoso central de equinos • Extenso e complexo mecanismo de controle; • Receber e transmitir processos reacionais; SISTEMA NERVOSO CENTRAL: • Protegido (crânio / canal medular) Cérebro = recepção e controle dos impulsos; Hemisférios; Cavidades = ventrículos (formam líquor); Clínica Médica de Grandes Animais II ADRIANI MENDONÇA 14 ALTERAÇÕES DE COMPORTAMENTO • Emitir sons anormais; • Andar de modo compulsivo; • Andar em círculos; • Apoiar a cabeça contra obstáculos; • Morder animais ou objetos inanimados; • Adotar posturas bizarras • DIENCÉFALO: hipotálamo (modula sistema nervoso autônomo, apetite, sede, regulação da temperatura, balanço de eletrólitos) • Tálamo (complexo de núcleos e estão relacionados com nocicepção, propriocepção e consciência). Abriga núcleo do nervo olfatório e do nervo óptico. • Subtálamo (sistema reticular ativador relacionado a consciência) • MESENCÉFALO: relacionado a consciência (sistema reticular ativador), núcleos de nervos cranianos (III, V) e tratos ascendentes e descendentes com presença de atividade motora e sensorial • PONTE: núcleo do nervo trigêmeo (V), formação reticular (centros vitais de respiração e sono), tratos ascendentes e descendentes possuindo atividade sensorial e motora. • BULBO: local com maior acúmulo de nervos cranianos (VI, VII, VIII, IX, X, XI, XII), tratos ascendentes e descendentes possuindo atividade sensorial e motora. • CEREBELO: coordenação de movimentos, tônus muscular, propriocepção inconsciente e equilíbrio. Clínica Médica de Grandes Animais II ADRIANI MENDONÇA 15 • Olfação • Visão • Movimentação de orelhas, pálpebras e lábios • Simetria e tônus da musculatura facial • Apreensão e mastigação dos alimentos • Movimentação de língua e deglutição • I-OLFATÓRIO ➢ Bulbo olfatório • II-ÓPTICO ➢ Diencéfalo • III-OCULOMOTOR ➢ Mesencéfalo • IV-TROCLEAR ➢ Mesencéfalo • V-TRIGÊMIO ➢ Ponte • VI-ABDUCENTE ➢ Bulbo • VII-FACIAL ➢ Bulbo • VIII-VESTIBULOCOCLEAR ➢ Bulbo • IX-GLOSSOFARÍNGEO ➢ Bulbo • X-VAGO ➢ Bulbo • XI-ACESSÓRIO ➢ Bulbo • XII-HIPOGLOSSO ➢ Bulbo SÍNDROMES CLÍNICAS (ENCEFÁLICAS) • Síndrome cerebral: anormalidades locomotoras, depressão, comportamentos alterados, respiração irregular, cegueira (reflexo pupilar normal, pressão da cabeça contra obstáculos), andar em círculos. • Síndrome mesencefálica: anormalidades locomotoras, depressão mental, midríase não responsiva ou miose (visão normal), estrabismo. • Síndrome pontinobulbar: anormalidades locomotoras, alteração de diversos nervos cranianos, depressão mental. • Síndrome vestibular: central; nistagmo horizontal,rotatório, vertical, anormalidades em nervos cranianos V, VI e VII, podem ocorrer sinais cerebelares. Periférica; nistagmo horizontal ou rotatório, possível anormalidade no VII par de nervo craniano. Tanto a central quanto a periférica podem apresentar perda de equilíbrio, quedas, rotação de cabeça e estrabismo. • Síndrome cerebelar: tremores de intenção na cabeça, hipermetria, nistagmos, alteração na resposta de ameaça visual, aumento da área de sustentação do corpo (ampla base). • Multifocal: ocorrência de sinais clínicos que refletem mais de uma síndrome ENCEFALOPATIAS EM EQUINOS ALTERAÇÕES DE ENCEFÁLICAS • Comportamento • Nível de consciência • Posição da cabeça; • Integridade nas funções de nervos cranianos * No mínimo dois desses itens devem apresentar alterações!!! Sinais de Excitação ou irritação: impulsos gerados em > n°, devido hipóxia ou hipoglicemia • Desordens do comportamento e personalidade ➢ Mania ➢ Demência (posturas bizarras, morder objetos inanimados) ➢ Agressividade ➢ Andar compulsivo e sem objetivo (em círculos) ➢ Pressionar a cabeça contra obstáculos Clínica Médica de Grandes Animais II ADRIANI MENDONÇA 16 Tremores musculares: peq., ou grandes músculos Convulsões: tônicas ou clônicas Opistótono: rigidez musc. cervical Hiperestesia: resposta exagerada há estímulos SINAIS Sinais de Liberação: Atividade exagerada, estabelece: • Ataxia cerebelar • Tremores musculares intencionais • Hipermetria • Paresia espástica: motor superior estão integrados com cerebelo afuncional por isso espasticidade Sinais de Deficiência: • Desordens do comportamento e personalidade • Depressão • Sonolência • Coma ➢ Amaurose ➢ Paresia a paralisia flácidas ➢ Hipoestesia a anestesia Sinais de Choque neurológico ➢ Perda momentânea da consciência ENCEFALOPATIA: Edema é o mecanismo que causa transtornos, toda a terapia visa diminuir ou inibir a formação deste. CAUSAS • Tóxicas (LEME/ tétano); • Metabólicas/degenerativa (Encefalopatia hepática); • Infecciosas (MEPE); • Traumáticas (trauma crânio - encefálico) LEUCOENCEFALOMALÁCIA EQUINA (LEME) • Ingestão de grãos de milho/rações contaminados com a toxina (FUMONISINA B1) do fungo Fusarium moniliforme; • Concentrações de Fumonisina B1 > 5 ppm = doenças em equinos; • Ingestão ininterrupta por no mínimo 2 semanas = sinais clínicos; • 10 ppm durante 30 dias pode ser letal • A fumonisina interfere no metabolismo de esfingolipídeo (dano ao endotélio dos vasos de cérebro e hepatotoxicidade; • NEUROTOXICOSE = mais frequente (exposição à baixas concentrações por tempo prolongado); • HEPATOTOXICOSE = exposição à altas concentrações em curto período Neurotoxicose • Micotoxina = edema perivascular e áreas de necrose com liquefação da substância branca de ambos os hemisférios; • Sinais clínicos: 2 a 24 semanas após a ingestão de milho mofado • Apatia, incoordenação, andar a esmo; • Pressionar a cabeça contra a parede, mourões, etc; • Andar em círculos, cegueira, hiperexcitabilidade; • Paresia de posteriores, eventual decúbito lateral, movimentos de pedalar, coma • ÓBITO = pode ocorrer 24 a 48 horas após sintomas ou 2 semanas; • Sobreviventes = sequelas neurológicas Clínica Médica de Grandes Animais II ADRIANI MENDONÇA 17 Hepatotoxicose • Insuficiência hepática = icterícia, edema, hemorragia, perda de peso; • Aumento das enzimas hepáticas e bilirrubinas; • Danos hepáticos = geralmente reversíveis • Perda de peso DIAGNÓSTICO • Histórico de fornecimento de milho mofado (análise alimento= micotoxinas); • Necrópsia (malácea da substância branca= gelatina); • Diferenciais= Intoxicações por inseticidas, raiva, EPM, encefalopatia hepática, trauma craniano TRATAMENTO • Milho mofado eliminado da alimentação; • Carvão ativado ou sulfato de magnésio para eliminação da toxina em TGI; • Fluidoterapia e vitaminas (B1- tiamina) • Reduzir edema cerebral (DMSO, Corticóides, AINES) PROFILAXIA • Testar alimento para micotoxinas antes da ingestão; • Grãos quebrados (desenvolvimento do fungo); • Armazenamento adequado do grão • Controle de umidade da colheita ao armazenamento TÉTANO EM EQUINOS • Doença extremamente fatal (espécies); • Toxina do Clostridium tetani (toxico infecção); • Sinais de hiperestesia, tetania e convulsões; • Bactéria cosmopolita (solo e fezes); • Resistente (forma esporos) • Toxinas que desencadeiam a doença; • Clostridium tetani se multiplica em feridas contaminadas por terras (cascos), feridas cirúrgicas • Liberação de tetanoespasmina e tetanolisina (Ação neurotóxica); • Age no SNC e junções mioneurais (↓ limiar de excitabilidade, aumentando sensibilidade, irritabilidade e contrações espasmódicas da musculatura) • Pode morrer 5 e 15 dias- asfixia (paralisia dos músculos respiratórios); • Sinais clínicos: ➢ Histórico de traumas, castrações, umbigo infeccionado, ferida cirúrgica contaminada, partos distócitos. SINAIS CLÍNICOS • Tremores, rigidez muscular geral; • Marcharígida; • Orelhas eretas ou cruzadas; • Protrusão de terceira pálpebra • Tetania m. masseter prejudicaa alimentação; • Rigidez muscular- postura (“cavalode pau” ou “cavalete”); • Membros estirados e abertos; • Cauda em bandeira; • Hiperreflexia a luz e ruído • Reluta em caminhar, pode cair em posição espástica dos membros; • Convulsões, opistótonos, suor e aumento da temperatura; • Morte = tipo de evolução DIAGNÓSTICO • Simples = apresentação clínica/histórico* DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Rabdomiólise • Laminite Clínica Médica de Grandes Animais II ADRIANI MENDONÇA 18 TRATAMENTO • Antitoxina ou soro antitetânico (200.000 a 300.000 U / IV ou 100.000 intratecal* • Tratamento das feridas (H2O2 10 volumes); • Penicilina procaína e benzatina (40000 UI/kg); • Relaxamento (acepromazina ou diazepam); • Fluidoterapia (acidose); • Manter animal em pé (escuro e silêncio) PROFILAXIA • Soro antitetânico (5000 a 10000 UI, SC antes de cirurgia ou com presença de ferimento); • Vacinação IM (primovacinação, repete com 1 mês e após 1 vez ao ano); • Potro (4 a 6 meses) • Lesões de células hepáticas • Células hepáticas (neutralização ou eliminação de compostostóxicos); • Lesão hepática= origem metabólica, nutricional, medicamentos* ou infecciosa; • Degeneração neurológica grave ETIOLOGIA • Toxina esporodesmina = Fungo Pithomyces chartarum em pastagens; • Plantas com princípios tóxicos = Equisetum pyramidale (Cavalinha) • Mais comuns= Alcalóides da Pirrolizidina (AP): • Crotalaria sp (xique –xiqueou guizo de cascavel); • Cassia ocidentalis (fedegoso); • Senecio braziliensis (flor das almas); PATOGENIA • Envenenamento crônico é mais comum; • Efeitos AP (acumulativos) SINAIS CLÍNICOS • Envenenamento agudo = Depressão, coma e morte; • Envenenamento crônico = doença hepática irreversível: • Perda de peso, alterações neurológicas, icterícia, hemoglobinúria e fotossensibilização; • Alterações neurológicas = Primeiros sinais (alteração de comportamento, apatia, andar a esmo, “head pressing”, “olhar para estrelas” DIAGNÓSTICO • Laboratorial: IHA: • Aumento das concentrações plasmáticas de amônia • Aumento das concentrações séricas de FA e bilirrubinas ➢ Diferencial: Trauma, Encefalite viral, EPM, LEME, Botulismo, meningite TRATAMENTO • Administração de 1 L de Solução de Glicose a 5% por hora, durante 4 horas e repetir; • Antibióticos; Clínica Médica de Grandes Animais II ADRIANI MENDONÇA 19 • Protetores gástricos; Óleo mineral; • DMSO/Manitol; • Melhorar dieta • Prognóstico: dependem do dano hepático (ruim) TRAUMA CRANIOENCEFÁLICOTrauma crânio-encefálico, convulsões e infecções: Edema e inflamação do SNC SISTEMA NERVOSO DOS EQUINOS – MIELOPATIAS EM EQUINOS • Três membranas conjuntivas = Meninges • Externa= dura-máter; • Média = aracnóide; • Interna (vascularizada e delicada) = pia-máter • Espaço epidural = entre periósteo vertebral e dura-máter; • Líquido cefalorraquidiano/ líquor = entre aracnóide e pia-máter MEDULA ESPINHAL • Síndrome cervical • Síndrome cervicotorácica • Síndrome toracolombar • Síndrome lombossacral ANORMALIDADES LOCOMOTORAS DE ORIGEM NERVOSA • Paresia ou fraqueza muscular (incapacidade parcial de realizar movimentos voluntários); Clínica Médica de Grandes Animais II ADRIANI MENDONÇA 20 • Ataxia (sinônimo de incoordenação motora); • Espasticidade (diminuição da flexão articular, passos mais curtos) • Hipermetria (exagerada flexão articular) Incoordenação motora Classificação quanto ao grau de disfunção • 0 = normal de locomoção • 1= dificilmente observada durante a locomoção em linha reta, mas confirmada com manobras especiais; • 2 = facilmente observada durante a locomoção em linha reta e exacerbada com manobras especiais; • 3 = risco de quedas com manobras especiais e geralmente apresenta posturas anormais em estação; • 4= quedas espontâneas durante a locomoção; • 5 = decúbito permanente (Vamos avaliar como é o andar do cavalo em linha reta.) MIELOPATIAS DOS EQUINOS CAUSAS • Congênitas e hereditárias (falta de vitamina E) • Físicas; • Inflamatórias / infecciosas • Tóxicas MIELOENCEFALITE PROTOZOÁRIA DOS EQUINOS • EPM = Equine Protozoal Myeloencephalitis; • Etiologia: Sarcocystis neurona (protozoário); • HD: Marsupiais (gambá) • HI: Desconhecido • Equinos: Hospedeiros aberrantes (um hospedeiro que não está dentro do círculo, mas que acaba sendo contaminado por conta da rotina e manejo. Por conta de armazenamento de feno, quando o local é aberto e não temos um controle do que entra e o que sai) Gamba contamina a ração ou feno, passa a ração para o feno. Não precisa ser grande quantidade de fezes somente uma já é o suficiente para dar uma ataxia. O cavalo ingere a ração contaminada/feno, chega no trato gastrointestinal atinge as arteríolas do lado esquerdos, ele ganha a grande circulação e consegue chegar próximo da medula e consegue atravessar a meninge É conhecida como Bambeira Clínica Médica de Grandes Animais II ADRIANI MENDONÇA 21 EPIDEMIOLOGIA • Distribuição geográfica: Américas; • Equinos de qualquer idade, raça ou sexo; • Maior ocorrência em animais adultos SINAIS CLÍNICOS • Início súbito • Agravamento progressivo; • Disfunções assimétricas; • Ataxia; • Paresia; • Atrofias musculares ➢ Sinais de disfunções encefálicas só ocorrem em 10% dos casos DIAGNÓSTICO • LCR (análise) (é boa para analisar mas na microscopia não tem muitas alterações) • Celularidade normal ou pleiocitose mononuclear; • Hiperproteinorraquia; • WESTERN BLOT* (Ac anti S. neurona no líquor) – DIAG. PADRÃO OURO • ELISA (pode ser feito só que se tiver um trauma ou bactéria ele pode dar positivo, porém não é 100% de que é EPM) Coleta de liquor Coleta mais na lombar na depressão da L7 Coleta de 2 a 3ml Agulha espinhal DIAGNÓSTICO DIFERENCIAIS • Raiva • Encefalomielite Equina a Vírus • Mieloencefalite por Herpes 1 • Trauma • Má formação vertebral TRATAMENTO Protocolo 1: 3 a 6 meses • Sulfa + Trimetoprim: 15 a 20 mg/kg, VO, SID; • Pirimetamina: 1mg/kg, VO, SID Protocolo 2: 28 a 45 dias • Diclazuril: 5 a 10 mg/kg, VO, SID; • Toltrazuril ou outros coccidas • Suplementação com Vit. E; • AINES e DMSO nos 4 primeiros dias de tratamento; Clínica Médica de Grandes Animais II ADRIANI MENDONÇA 22 • Exercícios forçados continuamente por semanas a meses (fisioterapia) ENCEFALOMIELITE EQUINA A VÍRUS • 3 tipos de vírus: família Togaviridae • Gênero Alphavírus: Leste, Oeste e Venezuelana (tem maior patogenicidade); • Ocorrência no Brasil: Tipo Leste • Vetores: Mosquitos (Culex, Aedes, Anopheles) • Equinos de qualquer idade; • Períodos de chuva; • Estados Unidos: humanos • Aves: papel importante • Após picados = viremia- SNC (degeneração); • Meninges (congestão, edema e infiltração celular); SINAIS CLÍNICOS • Início: depressão e febre; • Evolução: Hipersensibilidade a ruídos, excitação, andar em círculos, tropeçar em objetos, amaurose, “head pressing”, membros abertos, posições estranhas, língua pendente, pedalagem e paralisia completa DIGNÓSTICO • Soroneutralização; • Fixação de complemento; • Isolamento de vírus em fragmentos do sistema nervoso (gelo e formol a 10%); • Diferenciais: Trauma, Raiva, EPM, meningite bacteriana • Tratamento: Não há tratamento; • Prevenção: Vacinação (Ela é anual) MIELOENCEFALITE POR EQ HV – 1 ETIOLOGIA • Herpes vírus equino tipo I • Epidemiologia: ➢ Acomete equídeos adultos e raramente jovens ➢ Distribuição mundial ➢ Surto de abortamento, natimortalidade ou morte neonatal ➢ Surto de doença respiratória ➢ Casos individuais de doença neurológico • Vasculite das arteríolas • Necrose isquêmica das substâncias branca e cinzenta medular e encefálica (menos comum) ➢ Início súbito ➢ Evolução com curso estacionário ou recuperação SINAIS CLÍNICOS • Retenção urinária • Disfunção dos membros posteriores (mais comum) • Ataxia • Paresia Disfunções encefálicas ocasionalmente DIAGNÓSTICO • LCR • Xantocromia (alteração de cor no licor, fica amarelado) • Hiperproteinorraquia • Sorologia – Ac séricos • Isolamento viral • PCR • Histopatologia • Diferenciais: Trauma, Raiva, EPM, Encefalite a vírus, Má formação vertebral TRATAMENTO • Redução do edema (AINEs, DMSO, Tiamina) • Sondagens uretrais • Recuperação parcial ou total em semanas a meses • Prevenção: Vacinação Clínica Médica de Grandes Animais II ADRIANI MENDONÇA 23 MIELOPATIA DEGENERATIVA DOS EQUINOS ETIOLOGIA • Incerta • Deficiência de Vitamina E • Predisposição hereditária? • Epidemiologia: ➢ Potros e adultos jovens (6 meses a 3 anos • Mielopatia não compressiva simétrica • Desmielinização dos funículos dorsais da medula espinhal cervical e medula oblonga (raramente) SINTOMAS • Início súbito • Agravamento progressivo • Disfunções nos 4 membros, porém mais grave nos posteriores • Ataxia o Tetraparesia • Paralisia dos músculos adutores da laringe DIAGNÓSTICO • Radiografia da coluna cervical normal (diferencial = má formação vertebral) • LCR sem alterações • Terapêutico • Histopatologia TRATAMENTO • Vitamina E: 1000 a2000 UI/dia, VO • Forragem verde e fresca • Sem resposta em casos crônicos PARALISIA DE NERVOS EM EQUINOS Causas: • Traumatismos (compressões); • Injeções; • Abscessos Nervos mais acometidos: • Nervofacial; • Nervotrigêmio; • Nervoradial; Nervo facial Facial (decúbito/compressão) Nervo trigêmeo Clínica Médica de Grandes Animais II ADRIANI MENDONÇA 24 Facial/ trigêmeo (Decúbito/ compressão) Nervo radial TRATAMENTO • Dexametasona: 0,05 mg/kg , até 3 dias após a lesão; • AINES; • Massagem local com DMSO Tópico; • Fisioterapia/ Acupuntura; • Cama alta nas baias; • Decúbito (Suporte); MÁ FORMAÇÃO OCCIPTO ATLATO – AXIAL • Raças: Árabe, Santadardbread • Sinais Clínicos • Nascimento até 6 meses • Agravamento progressivo • Redução na flexão da cabeça, movimentação restrita • Ataxia • Tetraparesia ➢ Diagnóstico ➢ Palpação das vértebras de conformação anormal (C1 e C2) ➢ Radiografia ➢ Tratamento: Não há Diferenciais: fraturas de vértebras cervicais TRAUMATISMOVERTEBRAL COM COMPRESSÃO MEDULAR • Diagnóstico: Raio x simples e contrastado; • Tratamento: Mesmo para trauma crânio encefálico Afecções do sistema nervoso de bovinos RAIVA ETIOLOGIA • Patologia neurotrópica • Vírus do gênero Lyssavirus, família Rhabdoviridae. • Ocorrência mundial • Caráter irreversível com lesão progressiva do Sistema Nervoso Central e morte. • Zoonose • O principal transmissor de raiva para os bovinos são os morcegos hematófagos. • Transmissão por inoculação da saliva dos animais infectados, mas é possível contrair pelo contato com o sangue e saliva em mucosas. • Período de incubação - 6 meses Clínica Médica de Grandes Animais II ADRIANI MENDONÇA 25 EPIDEMIOLOGIA De maneira geral a raiva bovina possui 3 fases: • Fase Prodrômica: Fase pré-clinica, caracterizada por inquietação e desorientação e, em animais selvagens, perda do medo de contato humano. • Fase Furiosa: mais comum em carnívoros, além do aumento da agressividade, apresenta hiperexcitabilidade, a necessidade de morder, fugas. É incomum em ruminantes. Faz lesões em córtex cerebral, hipocampo e tálamo. • Fase Paralítica: mais comum em ruminantes, manifesta-se quando a doença já está avançada. Os locais afetados são medula espinhal, tronco encefálico e cerebelo PATOGENIA • A raiva é inoculada nos tecidos através de saliva contaminada • Replicação primária nas células musculares e migração retrógrada para SNC • Nova replicação e lesão tecidual causando os sinais neurológicos • Após isso, migra sentido periférico para os tecidos não nervosos, principalmente glândulas salivares. SINAIS CLÍNICOS • Os principais sinais clínicos manifestados por bovinos são a forma paralítica: incoordenação motora, insensibilidade ao toque, flacidez ou desvio lateral de cauda, perda do controle anal, salivação excessiva, mugidos sem som, dificuldade em deglutir, agressividade, paralisia flácida de membros e em casos mais avançados o animal não consegue se levantar. • Os sinais não específicos da doença geralmente são: apatia, animal se isola do grupo, opacidade de córnea e dificuldade em defecar. • A progressão é sempre para a morte DIAGNÓSTICO • Post mortem, através da coleta de tecido nervoso. • Achados histopatológicos: meningoencefalite e os corpúsculos de inclusão intracelular, chamados corpúsculos de Negri • Imunofluorescência direta ou por inoculação intracerebral em camundongos CONTROLE E PROFILAXIA • O vírus é resistente a congelamento e descongelamento e ao pH entre 5 e 9. • Sensível a detergentes, éter, clorofórmio, acetona, etanol, pasteurização e radiação ultravioleta. • Vacinação em zonas endêmicas. • Notificação aos agentes de saúde é obrigatória PNCRH • Desenvolvido pelo MAPA o Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros – PNCRH Clínica Médica de Grandes Animais II ADRIANI MENDONÇA 26 • Objetivo reduzir a incidência nos herbívoros domésticos. • Principais diretrizes são: controle seletivo da população de morcegos hematófagos, vacinação dos herbívoros domésticos, investigação em casos de suspeitas e educação sanitária ENCEFALOPATIA ESPONGIFORME BOVINA ETIOLOGIA • “doença da vaca louca” • Condição degenerativa crônica e transmissível do sistema nervoso central (SNC) de bovinos caracterizada clinicamente por nervosismo, reação exagerada a estímulos externos e dificuldade de locomoção, principalmente nos membros pélvicos. • As alterações espongiformes encontradas no exame microscópico deram o nome à doença. • O agente da EEB é extremamente resistente ao calor, aos processos convencionais de esterilização e não induz resposta imune ou inflamatória. EPIDEMIOLOGIA • Identificada pela primeira vez na Grã- Bretanha em 1986 • Agente etiológico: proteína príon • Adquirida através da alimentação com rações de farinha de carne ou de osso contaminadas pelo agente etiológico. • A ingestão de menos que um grama de cérebro de um animal contaminado é suficiente para produzir a doença. • Não há evidência de que a EEB se dissemine horizontalmente, mas sugere-se que a transmissão materna ou vertical possa acontecer SINAIS CLÍNICOS • O período de incubação - 2 a 8 anos (média 5 anos) • Após o aparecimento dos sinais clínicos – morte entre 3 semanas a 6 meses • Degeneração progressiva do sistema nervoso central e podem apresentar alterações do temperamento, sensibilidade e locomoção. • Decréscimo na produção de leite • Perda de peso, apesar da manutenção do apetite DISTÚRBIOS DE COMPORTAMENTO • Incluem nervosismo, medo ou agressividade, postura anormal, incoordenação e dificuldade em levantar-se. • Movimento espasmódico de todo o corpo • Salivação, olhar assustado com olhos esbugalhados. • Ranger de dentes • Lamber frequente o focinho, franzir o nariz, movimentos nervosos das orelhas. • Nos estágios terminais da EEB, o animal tem dificuldade em levantar-se ou pode permanecer em decúbito permanente DISTÚRBIOS DE SENSIBILIDADE • Reação exagerada ao toque (alteração mais comum), som e à luz. (Pode ser facilmente confundida com tétano) Clínica Médica de Grandes Animais II ADRIANI MENDONÇA 27 DISTÚRBIOS NA LOCOMOÇÃO • Andar rígido • Incoordenação • Hipermetria e ataxia generalizada DIAGNÓSTICO • Atualmente não há teste para detectar a doença no animal vivo. • A doença pode ser confirmada pelo exame microscópico do tecido encefálico ou pela detecção da forma anormal do príon (PrPsc). • Atualmente, no Brasil, o diagnóstico é realizado pelo exame histológico de cortes selecionados do tronco encefálico e por imunohistoquímica. • Envio do cérebro, fixado conforme especificado no informativo Procedimentos para o Diagnóstico das Doenças do Sistema Nervoso Central de Bovinos. ACHADOS DE NECROPSIA E HISTOPATOLÓGICO • Lesões degenerativas, simétricas e bilaterais • Localizam-se em certas regiões da substância cinzenta do tronco encefálico. • Caracterizadas por vacúolos que dão o aspecto espongiforme à substância encefálica CONTROLE E PROFILAXIA • Não há tratamento ou vacina para impedir o aparecimento da doença. • Não importar ruminantes e seus produtos de países considerados de risco • Não alimentar ruminantes com proteína de origem animal, com cama de frango, resíduos da exploração de suínos • Impedir a permanência de carcaças no campo POLIENCEFALOMALÁCIA ETIOLOGIA • Necrose com amolecimento da substância cinzenta do encéfalo. • Síndrome nervosa e não infecciosa • Susceptíveis - ruminantes (bovinos, caprinos, ovinos e bubalinos) • Relacionado com a deficiência de tiamina (vitamina B1) • Atualmente sugere-se etiologia inespecífica com vários fatores conjuntos, como exemplo: associação do alto consumo de enxofre, intoxicação por sal, privação de água, intoxicação por chumbo, administração de certos anti-helmínticos, administração de análogos da tiamina, ingestão de cadáveres, mudança brusca de pasto, infecção por herpesvírus bovino, entre outras (Degenerativa do sistema nervoso central) SINAIS CLÍNICOS • Lesões primárias no telencéfalo e secundárias no cerebelo e tronco encefálico. • Cegueira total ou parcial • Opistótono • Nistagmo, estrabismo • Convulsões • Depressão • Ataxia, decúbito • Bruxismo, sialorréia • Diminuição do tônus da língua, movimentos de pedalagem • Agressividade, excitação Clínica Médica de Grandes Animais II ADRIANI MENDONÇA 28 DIAGNÓSTICO • Dados epidemiológicos, clínicos, de necropsia e histopatológicos. • Luz ultravioleta que permite a visualização de fluorescência das áreas afetadas. • Terapêutico, através da melhora dos animais tratados com tiamina e corticóides.• A tiamina é eficiente no tratamento de outras neuropatias TRATAMENTO • Quando os animais são tratados no início da doença, pode haver recuperação. • Tiamina 10-20 mg/kg IV/IM • Dexametasona 0,2 mg/kg a cada 4-6 horas durante três dias consecutivos. • Intoxicação por enxofre, não existe um tratamento específico, é necessário buscar a provável fonte do mineral e eliminá-la da dieta do animal e, em seguida, oferecer alimentos com baixo teor deste mineral. • Intoxicação por sal/ privação de água, é necessário voltar o fornecimento do líquido lentamente. • Intoxicação por chumbo, geralmente não é realizado um tratamento, porém a fonte de chumbo pode ser retirada. LISTERIOSE BOVINA EPIDEMIOLOGIA • A Listeriose é uma doença infectocontagiosa presente em diversas espécies de animais e também nos seres humanos. • Ruminantes são mais susceptíveis a esta enfermidade. • Bactéria gram-positiva - Listeria monocytogenes • Encontrada no mundo todo nos solos, plantas, silagens, outros alimentos, água, instalações (paredes e pisos) e fezes. • Mais afetado: ovinos, caprinos e bovinos • Fornecimento de silagem inadequada – fermentação primária • Bovinos – baixa incidência • Existem outras fontes de infecção além da via oral, como a mucosa nasal, ocular e genital. • Transplacentária. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Septicemica (visceral) - abcessos hepáticos, esplênicos e em outras vísceras de ruminantes jovens. • Febre, fraqueza, depressão e diarréia; • Normalmente o curso é agudo e o animal evolui para óbito dentro de poucos dias. • Aborto, metrite e placentite em bovinos e ovinos. • Meningoencefalite - andar em círculos, incoordenação, quedas frequentes; desvio lateral da cabeça e do corpo; orelhas, lábios e pálpebras superiores caídos; sialorréia; dificuldade de apreensão, mastigação e deglutição dos alimentos; depressão, podendo evoluir para óbito Clínica Médica de Grandes Animais II ADRIANI MENDONÇA 29 DIAGNÓSTICO • Histórico clínico dos animais. • Exames laboratoriais – coleta de líquor • Isolamento do agente - fetos abortados, leite, fezes, urina, secreções vaginais • Imunohistoquímica • Sorologia TRATAMENTO • Antibióticos de amplo espectro - tetraciclinas e penicilinas. • Hidratação do animal • Isolados, lugares frescos, evitar o estresse PROFILAXIA • Diminuição do fornecimento de dietas exclusivamente compostas de silagem. • Pode sobreviver em alimentos congelados por anos. • Controle de qualidade alimentar adequado – zoonose TETANO ETIOLOGIA • Causada pelo Clostridium tetani ou bacilo de “Nicolaier” • Nos bovinos, o corte e cura de umbigo feito sem assepsia adequada servem de porta de entrada para os esporos, ocasionando o tétano neonatal. • A retenção de placenta após parto distócico realizado sem assepsia pode ocasionar o tétano puerperal SINAIS CLÍNICOS • Hiperexcitabilidade reflexa, movimentos tônicos e espástico da musculatura esquelética. • Distensão abdominal • Agalactia • Ataxia • Desidratação • Constipação intestinal, timpanismo • Cianose, febre, opistótono • Hiperestesia, disfagia • Midríase, taquicardia, incontinência urinária, morte súbita DIAGNÓSTICO • Clínico • Deve-se diferenciar principalmente da intoxicação por estricnina. TRATAMENTO • Antitoxina ou soro antitetânico (200.000 a 300.000 U / IV ou 100.000 intratecal* • Tratamento das feridas (H2O2 10 volumes); • Penicilina procaína e benzatina (40000 UI/kg); • Relaxamento (acepromazina ou diazepam); • Fluidoterapia (acidose); • Manter animal em pé (escuro e silêncio) BOTULISMO ETIOLOGIA • Definido como uma intoxicação, causada pela ingestão ou absorção, por parte da mucosa intestinal, de toxina pré-formada da bactéria Clostridium botulinum. • Doença da vaca caída • Altas taxas de mortalidade Clínica Médica de Grandes Animais II ADRIANI MENDONÇA 30 • “botulismo esporádico” - ingestão de alimento contaminado, podendo ser a silagem ou a água. • “botulismo endêmico” - baixa ou nenhuma mineralização, falta de correção do solo e da carência de nutrientes na dieta. DIAGNÓSTICO • Clínico - paralisia ascendente simétrica • Relacionar a fonte de alimento • Laboratorial: Conteúdo ruminal/intestinal, fragmentos de fígado, pois o órgão metaboliza essa toxina (necropsia), fonte de infecção (alimento suspeito, silagem, água). • Material deve ser enviado rapidamente ao laboratório (48 h), refrigerado em caixas de isopor, em um recipiente hermeticamente fechado. TRATAMENTO • Somente eficiente quando as toxinas não estão ligadas às junções neuromusculares – neurônio não consegue contrair para liberar acetilcolina • Tratamento de suporte PROFILAXIA • Vacinar – 1ª dose primovacinação com reforço em 30 dias -> reforço anual • Cautela com fonte de alimentos contaminados; • Realizar suplementação mineral adequada; • Corrigir o solo • Abolir o uso da cama de frango, já proibida no país; • Controlar o acesso dos animais a fontes de água estagnada; • Retirar carcaças expostas Clínica Médica de Grandes Animais II ADRIANI MENDONÇA 1 Afecções do sistema locomotor de equinos INSPEÇÃO DO SISTEMA LOCOMOTOR LAMINITE • Processo inflamatório que atinge o tecido laminar dos cascos, sendo isto uma simplificação de eventos que resulta em graus variáveis de patologias no casco. Pesquisas recentes sugerem que a laminite é uma doença vascular periférica que manifesta por uma diminuição na perfusão capilar no interior do casco, aumento de desvios artério- venosos (shunting), necrose isquêmica das lâminas e dor. ETIOLOGIA • Muitas teorias • Alimentar • Mecanismos inflamatórios • Mecânica • Transportes longos • Trabalhos Forçados • Caminhadas Longas em Terrenos Duros • Impotência Funcional de Apoio • Endometrite ou infecções sistêmicas Graves • Obesidade e ingestão de pasto viçoso (estrógeno e hipotiroidismo) • Lesão digital relacionada a processos vasoativos - com a formação de desvio artériovenosos. • Mistas CICLO ENTÉRICO DA LAMINITE CLASSIFICAÇÃO E SINAIS CLÍNICOS Quanto a evolução: • Fase de desenvolvimento: ➢ Fase subaguda ➢ Fase aguda ➢ Fase crônica • Laminite subaguda: sinais clínicos leves durando entre 24 a 60h. • Laminiteaguda: • Membros torácicos principalmente, • Deslocando seu centro de gravidade para aliviar a dor • Pulso interdigital, aumento da temperatura dos cascos • Cascos doloridos e apoio sobre os talões • Relutância em se movimentar CLASSIFICAÇÃO Grau 1- Quando em repouso, o cavalo alterna apoio dos membros de modo incessante. A claudicação não é evidente ao passo, mas nota-se andar curto e defendendo se ao trote Clínica Médica de Grandes Animais II ADRIANI MENDONÇA 2 Grau 2 - Os cavalos se movem sem problemas ao passo, mas o andar é entrecortado. Pode levantar uma pata do solo sem dificuldades. Grau 3 - O cavalo se move com grande relutância e resiste em levantar a mão do solo. Grau 4 - O cavalo recusa-se a andar e somente fará se forçado. LAMINITE CRÔNICA • Evolução de uma laminite não tratada, tratada tardiamente ou que o tratamento não foi eficiente, podendo se tornar crônico após 48h. • Deformação do casco • Convexidade da sola • Formação de linhas de crescimento irregular • Crescimento dos talões • Concavidade da muralha CLASSIFICAÇÃO GRAU I – presença de dor sem evidência de comprometimento acentuado da locomoção GRAU II - redução da dor, com comprometimento evidente da locomoção GRAU III – presença de dor e comprometimento da locomoção, sem evidência de infecção podal GRAU IV – Comprometimento da locomoção, evidência de infecção podal, sem manifestação patente dedor GRAU V – Presença de dor, dificuldade de locomoção, infecção, decúbito prolongado PROGNÓSTICO Grau I - 5,5 ou menos favorável para uso atlético Grau II - 6,8 a 11,5 reservado para uso atlético Grau III - superior a 11,5 desfavorável para uso atlético