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A semiótica é o estudo dos signos e de como eles produzem significados. No design, ela é fundamental para compreender como os elementos visuais se comunicam com o público. O material explora os principais conceitos semióticos e suas aplicações práticas no campo do design gráfico e visual. Signo, Significante e Significado Signo é qualquer coisa que representa outra coisa para alguém. Por exemplo, uma placa de “proibido fumar” representa uma regra, não apenas uma imagem. É composto por: ● Significante: a forma física ou perceptível (como uma imagem ou som). Por exemplo, como o som da palavra “cachorro” ou a imagem de um cão. ● Significado: o conceito ou ideia que o signo representa. A ideia que vem à mente quando você vê ou ouve aquele signo. Triângulo de Peirce Charles Peirce classificou os signos em três tipos: ● Ícone: tem semelhança com o objeto (ex: desenho de uma maçã). ● Índice: tem relação causal com o objeto (ex: fumaça indica fogo). ● Símbolo: depende de convenções sociais (ex: letras do alfabeto). Níveis da Semiótica ● Sintático: estuda as relações formais entre os signos (composição, contraste, cor, forma). ● Semântico: analisa a relação entre o signo e seu significado. ● Pragmático: considera a interação entre o signo e seu usuário. Semiótica e Design O designer atua como mediador de mensagens visuais, utilizando signos para construir significados. Um projeto visual eficaz considera: ● Coerência na linguagem visual. ● Contexto cultural do público-alvo. ● Leitura clara e objetiva das mensagens. Comunicação Visual Todo produto de design comunica algo, seja de forma intencional ou não. Elementos como tipografia, cores, ícones e layout são carregados de significados e devem ser usados com intenção estratégica. Aplicações Práticas A semiótica no design auxilia na criação de logotipos, embalagens, interfaces, anúncios e identidade visual. Ela ajuda a evitar interpretações equivocadas e potencializa a comunicação da marca. ● Escolha de cores (ex: vermelho pode indicar perigo ou paixão) ● Uso de tipografias para transmitir personalidade. ● Criação de ícones e logotipos que sejam fáceis de interpretar. Design como linguagem visual O design gráfico funciona como uma linguagem com sua própria gramática: composição, contraste, equilíbrio, ritmo visual. O designer precisa “falar” visualmente com clareza. Cultura e contexto A interpretação de signos muda conforme a cultura e o contexto social. Um símbolo pode ter significados diferentes em lugares diferentes — o designer precisa considerar isso. Interpretação e leitura da imagem As pessoas interpretam imagens de formas diferentes. A semiótica ajuda o designer a antecipar essas leituras e tornar a mensagem mais efetiva. Segundo Peirce, o signo possui três componentes: ● Representamen: a forma do signo (o que é percebido). ● Objeto: aquilo que o signo representa. ● Interpretante: o significado que o observador atribui ao signo. Mas fique atento: no limite, tudo é signo [(substitui o objeto para alguém)]. Um cheiro, um som, um toque, estarão substituindo outras coisas e isso fará deles, em certa medida, signos. Lembre-se que o objetivo aqui é entender de que maneira o seu signo poderá servir de ponte entre o cliente [(interpretante)] e o seu desejo [(objeto)]. No diagrama da figura, as relações têm a função de ajudar a encontrar características do signo [(o artefato que você criou)] que o interpretante [(cliente ou usuário)] associará ao seu objeto [(desejo)]. A duração é substituída pelo círculo, o valor pela pedra, a exclusividade pela forma do solitário, e assim por diante. Relações Icônicas São aquelas em que o signo se assemelha ao objeto representado. A relação é baseada na semelhança visual ou sensorial. Exemplos: ● Um desenho realista de um carro representa um carro. ● Ícones de aplicativos que imitam objetos reais (como uma câmera de verdade para o app de câmera). Relações Indiciais O signo tem uma ligação direta ou causal com o objeto, mas não por semelhança. Exemplos: ● Pegadas indicam a presença de alguém. ● Termômetro indica a temperatura. ● Fumaça indica fogo. Relações Simbólicas São construídas com base em convenções culturais ou acordos sociais. Não têm semelhança ou ligação causal com o objeto representado. Exemplos: ● A palavra “paz” representa um conceito, mas não se parece com ele. ● Cores com significados específicos (ex: vermelho como sinal de alerta). ● Logotipos com formas abstratas que representam marcas. Comparando os três tipos de relação: Tipo de Signo Relação com o objeto Exemplo no design Ícone Semelhança Desenho realista, ícone de câmera Índice Causalidade ou indício Pegada, fumaça, gota de suor Símbolo Convencional/cultural Cruz vermelha, bandeiras, logotipos O Conceito de Dimensões ● Dimensões são categorias que permitem descrever um produto detalhadamente. A organização de um projeto em dimensões (idealmente tripartites) ajuda a identificar aspectos não considerados inicialmente ou áreas que precisam de melhoria. Não há uma maneira única de tratar as dimensões de um produto; diferentes áreas como Linguística, Design, Informática, Medicina e Arquitetura desenvolvem seus próprios sistemas. A palavra "dimensões" é usada para distinguir categorias para organizar informações. Charles William Morris propôs três dimensões para o estudo dos signos: ● Dimensão sintática: estuda as relações entre os signos. ● Dimensão semântica: estuda a relação entre os signos e seus objetos. ● Dimensão pragmática: estuda como os usuários interpretam e empregam os signos. Estudiosos como Roland Barthes (com o livro Sistema de Moda) e Alison Lurie (A Linguagem das Roupas) tentaram relacionar sistemas linguísticos com signos da moda, buscando entender o que as roupas comunicam. Embora arriscadas, essas iniciativas reconhecem que a vestimenta emite um discurso percebido pelos sentidos. A classificação de Morris é considerada mais adequada para o design devido à sua flexibilidade e foco no signo, extrapolando as convenções da linguagem. A Proposta de Lucy Niemeyer Lucy Niemeyer adaptou a classificação da Linguística para a prática do Design Industrial, baseando-se no filósofo Max Bense. Ela propôs quatro dimensões para produtos industriais: ● Dimensão material (hílico). ● Dimensão técnica ou construtiva (semelhante à sintática de Morris). ● Dimensão da forma (semelhante à semântica de Morris). ● Dimensão do uso (semelhante à pragmática de Morris). A abordagem de Niemeyer foca nos interesses produtivos do Design Industrial, mas as correspondências com Morris nem sempre são diretas. A interpretação (pragmática de Morris) pode levar a usos (dimensão do uso de Niemeyer) distintos do projeto original. Niemeyer reconhece que a dimensão pragmática, apoiada pelas dimensões material e sintática, pode não ser suficiente para descrever e explicar um produto, especialmente no que tange à "evocação" que ele provoca. Essa "evocação" deve ser trabalhada na dimensão semântica em um sentido amplo. As Funções do Design de Bernd Löbach Löbach propõe que um produto de design pode ser descrito com base em três funções: prática, estética e simbólica. Um bom design deve atender a todas as três com excelência. Essas funções são aplicáveis tanto a produtos físicos industriais quanto a produtos digitais e não seriados. Embora útil, o sistema de Löbach apresenta sobreposições entre as funções estética e simbólica. A filosofia também busca descrever algo com base em categorias triplas (o que, como, por quê), e Arnheim adaptou isso ao estudo da imagem (epistêmica, estética, simbólica). Função Prática Engloba os aspectos que atendem diretamente às necessidades humanas fisiológicas, como facilidade, conforto e segurança. Inclui ergonomia, funcionalidade e questões de segurança. É importante localizar a função práticaem todas as áreas do design, concentrando-se no uso pelo cliente. É crucial separar a função prática das demais, mesmo que haja empolgação com a estética. Em alguns casos, a "correção" na função prática não se alinha com a usabilidade tradicional (conforto e segurança), como na coroa que prioriza o simbolismo. Exemplos como sapatos de salto alto e carros esportivos que priorizam a experiência do piloto sobre o conforto ilustram a complexidade da função prática. A separação da função prática da simbólica pode melhorar o desenvolvimento de ambas. Analisar um produto sem apelos estéticos permite focar na função prática (exemplo do copo e das camisetas brancas). Em alguns mercados, como o de TVs e celulares, a função prática (inovação tecnológica e uso) é dominante. A correção na função prática nem sempre é determinada pelo mais tecnológico ou ergonômico, podendo haver a negação deliberada de certos confortos por motivos de significado (exemplo do celular minimalista de luxo). É importante conhecer as diversas dimensões e funções para estabelecer hierarquias e justificar escolhas projetuais. Na classificação de Niemeyer, a dimensão pragmática busca incorporar as funções práticas e ampliar o entendimento para o que ocorre com o produto após sua inserção no mercado, incluindo os significados que a ele aderem. Há uma sobreposição entre prático e pragmático nas teorias de design. Niemeyer inclui na dimensão pragmática aspectos pós-produção como o descarte, o que pode ser distante da significação. A dimensão pragmática amplia a função prática ao incluir questões ambientais, esforços repetitivos e usos indevidos. Recomenda-se escolher as dimensões ou funções que melhor representam o produto, separando questões de descarte e usos indevidos de ações interpretativas, mesmo que ambos possam ser pragmáticos. É possível incluir aspectos das dimensões material e sintática na função prática, pois sem eles a função prática não existe. Função Estética Há dois entendimentos de Estética: o estudo da aparência e o estudo do belo. Löbach se volta para o primeiro, considerando como função estética aquilo do produto que os sentidos humanos percebem, principalmente a visão. A função estética recebe o que não é fundamental ao funcionamento do produto, após a identificação da função prática. É tudo o que concretamente precisa estar no produto para ser percebido, mas não é essencial para sua função prática. Löbach se insere na tradição de que "a forma segue a função", onde a função estética (a forma) era vista como acessória à funcionalidade. Embora haja resistência à separação de forma e função, essa identificação de categorias é uma ferramenta útil para o projeto. A função prática de duas chaleiras pode ser semelhante (ferver água), mas a função estética (forma do bico, pegador, cor) é distinta e influencia a decisão de compra. Dentro da categoria "forma", há elementos da função prática (determinados pela funcionalidade, como o formato de garrafas e taças de vinho) e da função estética (apelo visual). Ao analisar a função estética, deve-se evitar incluir questões da função prática, mesmo que isso signifique tratar a forma em duas funções. Há dificuldade em separar a função estética da simbólica, pois ambas se manifestam na forma. Em produções asiáticas, as cores são frequentemente escolhidas pelo efeito visual (função estética) e não pelo significado (função simbólica). A análise da função estética demanda reparar no contraste, linhas, curvas, transparência, etc., separadamente da função simbólica (exemplo do frasco de perfume e da parede colorida). A análise estética se ancora em conhecimentos específicos (linha, direção, ritmo, equilíbrio) além da análise de signos. É crucial analisar e compreender a produção sem a influência da significância, pois a liberdade interpretativa pode levar a explicações superficiais. Separar a função estética da simbólica exige descrever e nomear os detalhes da produção, justificando cor, forma e textura sem recorrer ao simbolismo. Função Simbólica A função simbólica é a categoria para colocar e analisar as relações sígneas estudadas anteriormente, levando em conta a interpretação do cliente. Inclui "associações de ideias" e questões "espirituais, psíquicas e sociais" e emocionais (Löbach). É importante notar que o uso de "símbolo" por Löbach é mais amplo do que na Semiótica de Peirce, englobando o signo como um todo, não apenas convenções. O conteúdo anterior sobre a Semiótica de Peirce é suficiente para analisar o que estaria na função simbólica de Löbach. Na prática, o estético e o simbólico (no sentido amplo) podem ser tratados em uma única dimensão semântica. Niemeyer separa as características sígneas em "referências", considerando-as de forma mais "externa" e pós-produto. A dimensão semântica de Niemeyer se aproxima da pragmática e da função prática de Löbach ao englobar consequências do produto no mundo. É recomendado separar o simbólico do estético (na proposta de Löbach) e treinar o olhar para identificar o efeito do material e das formas sem o recurso ao simbólico. Ao analisar a função simbólica, deve-se lembrar que formas, material e cores estabelecem relações sígneas entre o objeto e o interpretante, sendo específico em vez de apenas dizer que algo "remete a". Afirmações como "a cadeira é bela" ou "o ambiente é moderno" exigem que o designer incorpore beleza e modernidade ao produto por meio de formas, cores e texturas, pois o diálogo principal se estabelece entre o produto e os sentidos do usuário. O frasco de perfume não apenas "remete" a algo, mas "significa" algo por meio de suas características estéticas. O simbólico depende do estético, mas o designer deve saber separá-los. A Semiótica de Peirce ajuda a persuadir o cliente sobre a significância do produto, influenciando sua vida posterior, mas isso requer o respaldo da estética e do estudo dos Dimensão Sintática: A observação da sintaxe pode complementar as funções de Löbach. A sintaxe no design se relaciona com a maneira como as partes de um produto ou serviço estão conectadas harmonicamente. Assim como na linguagem, há uma maneira correta de dispor os elementos para que façam sentido. É preciso que as partes constituintes estejam harmonicamente conectadas, com uma relação contínua, removendo o desnecessário e priorizando o importante. A sintaxe pode ser procurada na estrutura construtiva, fluxos de movimentação do usuário e continuidade de coleções. Semiótica na moda A função estética na Moda: É importante treinar o olhar para identificar o que é puramente estético, separando-o da significação imediata. Retirar um artefato ou imagem de sua posição habitual pode ajudar a focar nas informações estéticas, como forma, cor e texturas. Recursos estéticos podem se sobressair à significância, como no exemplo da pia com louça suja. Em um desfile, o efeito estético é percebido antes da elaboração simbólica. Identificar o "puramente" estético é útil para garantir que esse aspecto esteja bem resolvido, separando-o do simbólico. Relações sígneas na Moda: A Semiótica visa habilitar o designer a introduzir significado naquilo que produz, observando as relações entre o que se vê e sentimentos, sensações ou desejos. As relações icônicas (semelhança), como na folha verde, trazem lembranças e conhecimentos prévios para a interpretação. Indícios, como o vento no tecido e resíduos de cor, levam à compreensão de valores como ser ecológico e agradável de usar. Diferentemente, a Figura 6, com um traje de festa em um ambiente luxuoso, utiliza relações icônicas para remeter à riqueza e mão de obra especializada, e relações simbólicas para indicar uma ocasião comemorativa e uma mulher especial. A análise das fotos revela os valores da marca e o tipo de cliente que desejam atender. A significância deve vir dos elementos concretos do produto. Semiótica nos utilitários As primeirastelevisões e câmeras digitais precisavam ter aparências familiares para minimizar a resistência do cliente. Houve um período em que as pessoas exibiam seus eletrodomésticos orgulhosamente, mas atualmente há uma tendência para escondê-los em armários devido ao espaço escasso. A beleza estética dos utilitários pode determinar se eles ficarão à mostra. Utilitários emitem discurso por meio de sua aparência, e se ficarem visíveis, seus atributos estéticos se associarão às relações sígneas com o desejo do cliente. Em relação às relações sígneas, utilitários tendem a declarar sua função pela forma (relação icônica). Relações indiciais podem valorizar a tecnologia ou acentuar uma lembrança. O investimento criativo na forma perde sentido se os utilitários são escondidos, refletindo um esgotamento sensorial de certos grupos sociais. Celulares e cia: O segmento de dispositivos eletrônicos quase abdicou dos atributos estéticos, com a vinculação entre aparência e desejo tornando-se abstrata. As peças comerciais enfatizam o que se pode fazer com o aparelho (o objeto), e o aparelho em si é discreto. O mercado de telefonia móvel ensina que muitos consumidores não se interessam pelo apelo estético ou avanços tecnológicos, mas sim pelo significado do aparelho, como conexão e produtividade. O objeto "status" perdeu espaço para o objeto "estar em contato". Os celulares respondem à necessidade moderna de isolamento e conexão, substituindo a angústia por um aparelho de comunicação individual (signo). Semiótica nos interiores Os ambientes em que as pessoas vivem são como suas roupas, emitindo informações continuamente. A tendência de valorização do espaço vazio se manifesta em ambientes reduzidos. A arquitetura moderna já incorporava aberturas e ambientes conjugados para romper o isolamento, mas sem sobrecarregar com informações. É preciso encontrar o objeto (desejo) para sugerir uma substituição sígnica confirmada pelo interpretante, considerando o esgotamento sensível das pessoas. Seja gentil com os sentidos do cliente, evitando mensagens inúteis, desagradáveis e confusas. O ambiente deve proporcionar descanso e segurança. Ambientes são arenas delicadas onde o estético e o sensorial precedem a elaboração racional sobre utilidade. É preciso considerar o tempo de exposição ao nível de informação. O objetivo é criar uma agradável sensação aos sentidos do cliente naquela situação específica e durante aquele tempo. Até o ambiente caótico pode ser tratado esteticamente para dar direção e tranquilidade aos sentidos. As ferramentas da Semiótica ajudam a criar "histórias". A compreensão dos signos depende do repertório do interpretante, como no exemplo de Grande Sertão Veredas. Semiótica nas imagens animadas A batalha pela captura dos sentidos é acirrada nas mídias sociais, exigindo comunicação rápida e eficaz. O Cinema é o ponto de partida, com grandes avanços e investimentos. Comerciais de curta duração podem ser verdadeiras obras de arte, como os exemplos da Johnnie Walker, Chanel e Dior Homme. Comerciais televisivos da década de 80 também mostram que mensagens consistentes podem ser comunicadas em pouco tempo com criatividade e talento. A maioria do conteúdo nas redes sociais não consegue capturar a atenção por muito tempo. Bons exemplos têm em comum uma boa história, resultado da clara definição do objeto (desejo) e uma correta sintaxe, utilizando recursos semióticos. A excelência na arte da substituição e a precisa direção dada aos sentidos permitem comunicar muito em pouco tempo. Um look agradável, um desfile ou um ambiente aconchegante são a sintaxe correta das informações sensíveis, uma boa história para os sentidos. A semiótica na animação: Há um mercado significativo para diversos tipos de animação, que exploram a visão e a audição. Uma boa sintaxe, organizando a informação para os sentidos, é essencial. A análise do vídeo da TV Escola "De Onde Vem o Avião" mostra o uso de relações icônicas (personagem Kika, avião), simbólicas (escrita, mapa, relógio) e a narração de Jumbo, o avião falante, com informações duplamente significadas por fala e imagem. A explicação do voo envolve relacionar o avião com o peso (balança, elefantes - relação icônica) e o funcionamento das turbinas (setas, cores - simbolismo). O vídeo utiliza relações indiciais nas relações familiares como pano de fundo, com a figura materna sem rosto e a ausência da figura paterna, gerando conclusões no interpretante. A omissão de indícios pode evitar certos estímulos ou torná-los mais fortes. Semiótica na imagem parada Comunicação Visual é um termo genérico, pois tudo que o olho percebe é, de alguma forma, comunicação visual. A Semiótica é útil para analisar comunicações gráficas. É mais produtivo entender o que formas, cores e texturas comunicam por seus atributos, pois a legitimidade do signo é dada pelo interpretante. As ferramentas são as mesmas para escolher uma fonte tipográfica ou um sofá: a forma comunica por meio da cor, contorno e textura, e o sentido depende de uma boa sintaxe (Figuras 23 e 24). Sistemas de sinalização são estudados pela Comunicação Visual e analisados pela Semiótica de Peirce (objeto substituído por signo). A Figura 25 mostra múltiplos signos (mapa, bandeira, palavras) para um único objeto (Estados Unidos). O amor é um objeto universalmente significado pelo coração (relação simbólica e icônica), como também pela imitação da forma do coração com os dedos (Figura 26 - relação icônica). A compreensão de imagens depende de relações icônicas, como no caso do orelhão (Figura 27), que pode não significar nada para as novas gerações. A Figura 28 (calça jeans, peso e fita métrica) também depende de associações icônicas com perda de peso. Ícones de aplicativos exploram ao máximo as relações icônicas para que o usuário deduza sua função. Relações simbólicas predominam na comunicação visual, pois emissor e receptor precisam "falar a mesma língua" (convenções), como nas setas da Figura 29. A Figura 30 reúne signos cuja principal relação é simbólica (símbolos religiosos). Marcas ambicionam fortalecer suas relações simbólicas, tornando-se "lei" (exemplo da maçã mordida). A relação com um signo pode ser icônica em vez de simbólica, dependendo do conhecimento do interpretante (exemplo do elefante para um aplicativo). A Figura 31 explora ícone (semelhança da forma do ovo), índice (alusão à forma do ovo) e símbolo (capacidade do ovo de gerar vida, convenção ovo-chocolate-coelho na Páscoa). Relações indiciais envolvem conclusões a partir de traços ou pistas de algo que aconteceu, como as gotas de suor na Figura 32, que levam a associar a imagem a "vida saudável". A indústria do jeans usa relações indiciais como valor agregado (desgaste, cortes). A barra desfeita e emendada do jeans na Figura 33 indica crescimento. A história do jeans branqueado com água sanitária nos anos 50 demonstra como o tecido registra histórias lidas por indícios. Acabamentos à mão em diversos artefatos também agregam valor por seus indícios de esforço. A força do índice está no que não aparece, levando o observador a concluir (exemplo do urso de pelúcia e sapato de criança na Figura 34). Raramente um produto ou serviço é assimilado por uma única relação, sendo comum e recomendável haver várias com hierarquia clara. O exercício do postal em alusão ao falecimento de um pet (Figura 35) demonstra o uso de recursos estéticos (centralização, moldura, organização da rosa e vela), relações indiciais (foto do cão vivo, coleira, vela e rosa aludindo a cerimônia/sentimento), icônicas (reconhecimento do cão e coleira) e simbólicas (convenções da vela, flor e cor branca). A sintaxe é crucial, com as relações e atributos estéticos interagindo. A produção de uma imagem para uma campanha sobre mau gerenciamento do tempo (Figura 36) também envolve o uso dessas ferramentas. GABARITO Sob o ponto de vista da valorização do trabalho do design e do seu recurso àSemiótica, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de eventos para que, ao final, um signo novo apareça no mundo. A) Investimneto no repertório de quem deve criar o signo, Existência de produtos “desejantes”, Ação do interpretante, que legitima o significado do signo. Considerando a importância dos processos de significação, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas: I. A esposa estabeleceu com a mesa uma relação predominantemente simbólica. PORQUE II. O projetista explorou as relações simbólicas ao valorizar o trabalho manual. E) As asserções I e II são proposições falsas. Considerando o desafio da abertura de mercado para os artefatos de luxo e a semiótica, avalie as seguintes afirmações: I. A diminuição das diferenças culturais seria benéfica para este mercado. II. Os produtos variam de acordo com os valores do mercado a ser explorado. III. As campanhas impressas levam em consideração as particularidades culturais. IV. O diálogo dos produtos com os valores mais básicos da humanidade seria benéfico para este mercado. D) I, III e IV, apenas. Ao assistir o assassinato brutal de alguém, a perda de um filho por uma mãe, a alegria de alguém que ganha na loteria, o espanto de um pai que vê o filho recém-nascido, essa pessoa pode conhecer sensações e emoções novas. Sobre o ponto de vista da aplicabilidade da Semiótica à prática do Design, experiências como essas: I. Simulam sensações e emoções. II. Aumentam o parâmetro da realidade do espectador. III. Estimulam o jogo entre imaginação e entendimento. IV. Permitem que a pessoa conheça melhor a si mesma. É correto o que se afirma em: D) II, III e IV, apenas. Considerando que as pessoas mencionadas no texto precisarem encontrar comida, por exemplo, com os recursos da Semiótica, analise as afirmativas a seguir: I. (verdadeiro) Recorrer às convenções estéticas, desenhando um prato. II. (falso) Recorrer às convenções sonoras, emitindo ruídos típicos do ato de comer. III. (verdadeiro) Recorrer à simbolização, apontando para placas que representem restaurantes. C) V, F, V. Cada uma das imagens está associada a um segmento especíico, descrito nas sentenças a seguir. Demontre sua compreensão do tema fazendo a associação correta: ( ) Convenção de sinais para projetos de engenharia. ( ) Uso dos atributos físicos dos materiais, pelo Cinema. ( ) Uso do significado e das conveções aplicados às cores, pela teoria da cor. ( ) Uso de linhas, com diferentes características, para substituir outras coisas, na composição. C) 4, 3, 1, 2 Considerando a imagem apresentada, ANALISE as sentenças a seguir, assinalando V ou F para as afirmativas: I. (verdadeiro) As moedas, em metal precioso, são signos não arbitrários. II. (verdadeiro) O sinal de interrogação é uma substituição que depende de convenção. III. (falso) A substiuição da poupança pelo porco, é exemplo de substituição arbitrária. B) V, V, F. Considerando os conceitos de Semiótica, avalie as afirmações a seguir: I. A imagem no quadro A é um relógio. II. O objeto da imagem no quadro A é um relógio. III. A palavra escrita no quadro B é signo para a sensação de fome. IV. A sensação que a palavra no quadro B significa é objeto da representação na foto. D) I, III e IV, apenas. Tom Zém, no artifo, escreve que os cantores da Tropicália estavam munidos de uma “metralhadora semiótica”. Santaella, a seu turno, atribuiu um nome específico para essa ineração entre música e semiótica. A) Intersemiose. A obesidade mental associada ao consumo excessivo de informação de baixa qualidade citada no artifo, considerando o vocabulário adotado nas suas rotas, tem um adjetivo próprio. Considerando as diferentes qualidades de informação, assinale a alternativa que apresenta o adjetivo dado ao tipo de informação descrito no texto apresentado: E) Informação descartável. Sobre o Caravaggio, faz-se o seguinte comentário. I. (falso) A pessoa que pratica a violência terá maiores chances de produzir representações violentas. II. (verdadeiro) Um observador pode conhecer melhor a si mesmo precisando a violência de uma representação. III. (falso) Diminuir a exposição de cenas violentas em jogos, vídeos e imagens, previne a prática de violência em sociedade. E) F, V, F. A popularização de softwares como o Photoshop e aplicativos como o Capcut, reascende o debate proposto por Souza e Loos, porque as ferramentas virtuais criativas tendem a manter os profissionais presos aos limites da: C) Bidimensionalidade. Analise os elementos a seguir e enumere, na ordem sequencial, as contribuições de cada estudioso de Semiótica: I. Immanuel Kant II. Charlie Peirce III. Lúcia Santaella ( ) Escreveu milhares de estudos, deixando uma obra inacabada. ( ) Revolucionou a Filosofia ao expor os limites da razão humana. ( ) Contribuiu para que os estudantes brasileiros de Design tivessem acesso à semiótica de vertente americana. D) II, I, III Quais elementos concretos substituíram os conceitos abstratos: Abstratos I. Botânica II. Memórias III. Jovialidade Concretos ( ) Mesa e telefone verdes ( ) Luminária de pé e almofada esférica ( ) Máquina de escrever cor de rosa e telefone verde A) I, III, II De modo semelhante, ao produzir coleções, o designer deve fornecer, de modo intecional, momentos de dinamismo e de descanso, elementos de continuidade e de ruptura. Ao fazê-lo, colocará em prática uma caracterísica típica da moeda, cuja denominação correta é: A) Paradoxo. Conforme Niemeyer, associe corretamente cada dimensão do produto à sua correspondente classificação semiótica: Dimensões 1. Dimensão do uso 2. Dimensão material 3. Dimensão da forma 4. Dimensão técnica ou construtiva Classificação Semiotica ( ) Hílico ( ) Sintática ( ) Semântica ( ) Pragmática D) 2, 4, 3, 1 De acordo com os estudos da Semiótica, classifique os sentidos (visão, paladar, tato, audição e olfato) pela rapidez de resposta aos estímulos, do mais rápido ao mais lento: A) Visão, audição, olfato, paladar e tato. Observe a foto acima e relacione os itens abaixo: 1. Objeto 2. Relação icônica 3. Simbolismo estético Com a sua característica mais forte na imagem: ( ) Rebeldia ( ) Cores e formas ( ) Movimento Punk E) 1, 3, 2. O profissional, para organizar a informação para os sentidos do observador ou usuário deverá: I. Levar em consideração que os sentidos, captadores de informação, trabalhem isolados. II. Não permitir que haja informações ou estímulos no seu produto ou serviço, sem propósito. III. Assegurar-se de como ocorrerá a interação entre o produto ou serviço, e os sentidos do cliente. IV. Saber que parte do trabalho será executado pelo cérebro do cliente, que fará comparações com o repertório conhecido. B) II e IV, apenas. Sobre as dimensões, assinale a alternativa que denomina corretamente a dimensão que se ocupa das estruturas: A) Dimensão sintática Sobre o valor da Semiotica nos cursos de Design, analise as asserções a seguir, e a relação entre elas: I. Investir no conhecimento da aplicabilidade da semiótica ao Design é uma maneira de ser generoso com as pessoas. PORQUE II. As pessoas que interagem com produções de design significativas, ampliam o conhecimento de suas próprias sensações e emoções. A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. Demonstre como utilizar esse artifício na prática profissional em Design, associando corretamente: 1. Elementos estéticos 2. Significação Aos itens abaixo descritos: ( ) A riqueza do dourado ( ) Linhas estruturais em X ( ) A nobreza da mulher negra ( ) Contraste entre o fosco e o brilhante A) 2, 1, 2, 1 Sobre as relações icônicas, analise as seguintes afirmações: I. São sempre visuais. II. Ocorrem por meio de analogiaou semelhança. III. Dependem fortemente da memória e do repertório do observador. D) F, V, V. São motivos que o designer deve considerar: I. O desejo é fator relevante na decisão de compra. II. Um produto rico em significação aumenta a realidade concreta do cliente. III. Mercados como o do luxo não funcionam com base em aspectos utilitários. IV. Há mercados nos quais os produtos concorrentes se equivalem em termos de qualidade técnica. D) I, III e IV, apenas. No contexto da obra citada, são características da função prática: I. Incluir as questões que podem ameaçar a segurança. II. Incluir aspectos voltados à ergonomia, funcionalidade. III. Atribuir ao usuário a avaliação da correção ou incorreção do produto. IV. Incluir aspectos que atendam diretamente necessidades humanas fisiológicas. D) I, II e IV, apenas. Signo, Significante e Significado Triângulo de Peirce Níveis da Semiótica Semiótica e Design Comunicação Visual Design como linguagem visual Cultura e contexto Interpretação e leitura da imagem Relações Icônicas Relações Indiciais Relações Simbólicas Comparando os três tipos de relação: