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UC2 – SP2 – PUBERDADE FEMININA HIPÓTESE 1: “A PUBERDADE FEMININA OCORRE DOS 8 AOS 13 ANOS E PASSA POR MUDANÇAS BIOPSICOSSOCIAIS QUE OCORREM A PARTIR DA ATIVAÇÃO DO EIXO HORMONAL E ANTECEDEM A MENARCA” a) O que é puberdade feminina? Em qual faixa etária ela ocorre? A puberdade feminina é um processo biológico complexo caracterizado por mudanças físicas, hormonais e psicológicas que marcam a transição da infância para a adolescência e para a capacidade reprodutiva. Trata-se de um período definido como a sequência de eventos que leva ao desenvolvimento das características sexuais secundárias — como crescimento mamário e surgimento de pelos pubianos — e à aquisição da capacidade de reprodução. Em termos de faixa etária, a puberdade feminina geralmente se inicia entre 8 e 13 anos, com média de início entre 10 e 11 anos, e dura de 2 a 5 anos, sendo mais comum uma duração de cerca de 4 anos. Observa-se também variação entre diferentes grupos étnicos: meninas afro-americanas costumam apresentar início mais precoce, entre 8 e 9 anos; meninas caucasianas iniciam em média entre 9 e 10 anos; e meninas asiáticas apresentam início ligeiramente mais tardio. Os critérios de normalidade ajudam a definir alterações: considera-se puberdade precoce quando o desenvolvimento ocorre antes dos 8 anos, puberdade normal entre 8 e 13 anos e puberdade tardia quando, após os 13 anos, ainda não há sinais de desenvolvimento. b) Quais as mudanças físicas esperadas? Existe uma ordem para que elas ocorram? As mudanças físicas da puberdade feminina seguem uma ordem relativamente previsível. A primeira manifestação é a telarca, ou seja, o desenvolvimento mamário, que acontece geralmente entre 8 e 13 anos. Em seguida, ocorre a pubarca, que corresponde ao surgimento de pelos pubianos, entre 8 e 14 anos. Logo depois aparece o estirão do crescimento, quando há aceleração da velocidade de crescimento, entre 9 e 14 anos. Posteriormente surge a menarca, que é a primeira menstruação, ocorrendo entre 10 e 16 anos, com média de 12 a 13 anos. Após esse marco, costuma ocorrer o desenvolvimento de pelos axilares. Para avaliar essas mudanças, utiliza-se a Escala de Tanner, que descreve cinco estágios tanto para o desenvolvimento mamário (M1 a M5) quanto para o desenvolvimento de pelos pubianos (P1 a P5). Essa escala permite acompanhar o ritmo de maturação e identificar se o desenvolvimento está dentro da normalidade. Por exemplo, no estágio M2 ocorre o início da puberdade, com elevação da mama e início da proliferação ductal, enquanto no estágio M5 já se observa uma mama madura com contorno adulto. Para os pelos pubianos, o estágio P2 indica o surgimento inicial, com poucos pelos claros e finos, e no P5 ocorre a distribuição completa, com padrão adulto triangular invertido. Além dessas mudanças, há outras transformações importantes: o crescimento ósseo é acelerado até o fechamento das epífises, acompanhado de aumento da densidade óssea. A composição corporal também se altera, com aumento da gordura e diminuição relativa da massa magra. No sistema genital, ocorre aumento do útero, espessamento do endométrio, alongamento da vagina, mudanças no pH vaginal e desenvolvimento dos lábios. Já no metabolismo, surgem alterações transitórias, como resistência insulínica, aumento da leptina, mudanças no metabolismo lipídico e ajustes no ritmo circadiano. c) O que estimula e influencia a puberdade feminina? Relacione com os âmbitos biopsicossociais. A puberdade feminina é influenciada por um conjunto de fatores biológicos, psicológicos e sociais. Entre os fatores biológicos, destacam-se os genéticos, responsáveis por até 80% da variação temporal. Genes como KISS1, KISS1R, MKRN3 e DLK1 exercem papéis relevantes, sendo que a influência materna tende a ser predominante. A nutrição também é fundamental: a leptina, produzida pelos adipócitos, sinaliza ao cérebro a disponibilidade energética mínima para iniciar o processo puberal, e o acúmulo de gordura corporal acima de 17% é essencial. O IMC exerce grande influência, pois excesso de peso pode antecipar a puberdade, enquanto a desnutrição tende a atrasá-la. No campo endócrino, o sistema IGF e os hormônios tireoidianos são essenciais para o crescimento e maturação, enquanto o cortisol elevado pode atrasar o processo. Os fatores psicossociais também têm grande impacto. O estresse crônico, causado por situações como divórcio dos pais, abuso ou negligência, aumenta o cortisol, o que inibe a liberação de GnRH, atrasando a puberdade. Fatores socioeconômicos baixos estão associados a início precoce, devido a maior exposição a estressores ambientais e dificuldade de acesso a nutrição adequada. Situações familiares, como ausência paterna ou presença de padrastos, também se associam à menarca precoce, possivelmente por mecanismos de adaptação evolutiva e influência de feromônios masculinos. Por fim, fatores ambientais são cada vez mais reconhecidos. Substâncias conhecidas como disruptores endócrinos, como ftalatos, BPA, pesticidas e metais pesados, podem alterar o desenvolvimento puberal. A exposição excessiva à luz artificial também interfere, reduzindo a melatonina, um hormônio que normalmente inibe a puberdade. d) Caracterize o eixo hormonal associado ao desenvolvimento da puberdade feminina. O eixo responsável pelo início e regulação da puberdade é o eixo hipotálamo- hipófise-gônadas (HPG). O hipotálamosecreta o GnRH de forma pulsátil, o que estimula a hipófise anterior a produzir os hormônios FSH e LH. Essa secreção pulsátil é controlada, em parte, pelas kisspeptinas, neuropeptídeos fundamentais na ativação puberal. Na hipófise anterior, o FSH e o LH são secretados em maior frequência e intensidade durante a puberdade. O FSH estimula o crescimento folicular, enquanto o LH promove a maturação final e ovulação. Nos ovários, ocorre a produção de estradiol, principal estrogênio durante a puberdade. Seus níveis aumentam progressivamente, levando ao desenvolvimento das características sexuais secundárias. Além disso, a progesterona, a inibina B e o hormônio anti-Mülleriano (AMH) desempenham papéis reguladores no ciclo menstrual e na reserva ovariana. O processo é controlado por mecanismos de feedback. Em níveis baixos, o estradiol exerce feedback negativo sobre GnRH, FSH e LH. Contudo, quando atinge níveis altos de forma sustentada, inverte o mecanismo, gerando o pico de LH responsável pela ovulação. e) O que é menarca? Quando ela ocorre? A menarca é definida como a primeira menstruação da vida da mulher. Representa um marco fundamental da puberdade, pois indica que o organismo já atingiu um grau de maturidade capaz de iniciar ciclos reprodutivos. A idade média mundial da menarca é de 12,5 a 13,5 anos, variando entre 10 e 16 anos. Existem diferenças étnicas e geográficas: meninas afro-americanas apresentam menarca mais precoce, em torno de 12,2 anos, enquanto meninas caucasianas em média 12,7 anos, e meninas hispânicas em torno de 12,3 anos. Em países desenvolvidos, a menarca tende a ocorrer mais cedo do que em países em desenvolvimento, o que reflete o impacto das condições nutricionais e socioeconômicas. Para que a menarca ocorra, é necessário que a menina já tenha atingido certos marcos físicos e hormonais. Entre eles, estão o estágio M3-M4 da escala de Tanner (desenvolvimento mamário) e o estágio P3-P4 (pelos pubianos), além de parâmetros mínimos como altura em torno de 147 cm, peso de 40 a 45 kg e cerca de 17 a 22% de gordura corporal. Também é preciso que haja maturação hormonal, com níveis sustentados de estradiol acima de 50 pg/mL e pulsos adequados de GnRH e gonadotrofinas. Os primeiros ciclos após a menarca tendem a ser anovulatórios e irregulares, com intervalos entre 21 e 45 dias. O fluxo costuma ser escasso e irregular, podendo apresentar oligomenorreia.A regularidade menstrual, com ovulações consistentes, só se estabelece após 2 a 5 anos. HIPÓTESE 2: “A GAMETOGÊNESE FEMININA, QUE INICIA-SE NO PERÍODO EMBRIONÁRIO, É REATIVADA NO INÍCIO DO CICLO MENSTRUAL, QUE DURA, EM MÉDIA, 28 DIAS” a) Funcionamento do ciclo menstrual O ciclo menstrual é um processo fisiológico cíclico, com duração média de 28 dias (variando entre 24 e 38), que prepara o organismo feminino para uma possível gestação. Ele envolve mudanças simultâneas no ovário, no endométrio e na secreção hormonal, reguladas pelo eixo hipotálamo-hipófise-ovário. A fase menstrual, que corresponde aos dias 1 a 5 do ciclo, inicia-se pela degeneração do corpo lúteo quando não ocorre fecundação. Isso leva à queda abrupta de estradiol e progesterona, o que provoca necrose e descamação da camada funcional do endométrio, resultando na menstruação, com perda sanguínea média de 30 a 40 mL. Nesse período, o FSH começa a se elevar para recrutar novos folículos, enquanto LH, estradiol e progesterona permanecem em níveis basais. Segue-se a fase folicular ou proliferativa (dias 1 a 14), em que ocorre recrutamento de cerca de 15 a 20 folículos, dos quais apenas um se tornará dominante por volta do dia 7, enquanto os demais entram em atresia. O folículo dominante cresce, vasculariza-se e amadurece o oócito primário até o estágio de metáfase I. No endométrio, há regeneração inicial e, em seguida, intensa proliferação das glândulas e do estroma, com aumento da espessura de 3-5 mm para até 10 mm. O perfil hormonal se caracteriza por elevação progressiva de estradiol, declínio gradual do FSH após seu pico inicial, aumento contínuo de LH e secreção de inibina B. A ovulação ocorre em torno do dia 14, desencadeada pelo pico de LH (25 a 100 mUI/mL), precedido por estradiol elevado por mais de 48 horas. O oócito reinicia a meiose, forma o primeiro corpúsculo polar e progride até metáfase II, quando é liberado do folículo por ruptura da parede folicular, mediada por enzimas proteolíticas. Após a ovulação, estradiol sofre queda, enquanto LH e FSH atingem seus maiores níveis momentâneos. Na fase lútea ou secretora (dias 15 a 28), o corpo lúteo se forma a partir da luteinização das células foliculares, produzindo progesterona e estradiol. A progesterona atinge seu pico máximo entre os dias 20 e 22, preparando o endométrio para implantação: há secreção glandular, edema e decidualização do estroma. Caso não ocorra fecundação, o corpo lúteo degenera (luteólise), os níveis hormonais caem abruptamente e o ciclo reinicia. Todo o processo é controlado por mecanismos de feedback: o estradiol exerce feedback negativo no início do ciclo e positivo no pré-ovulatório, enquanto inibinas e ativinas modulam seletivamente FSH. Além disso, fatores locais como AMH, IGF-1 e prostaglandinas ajustam a sensibilidade folicular e a dinâmica da ovulação. b) Gametogênese feminina A gametogênese feminina, denominada oogênese, é o processo de formação e maturação dos óvulos, que se inicia ainda no período embrionário e se prolonga até a menopausa. Durante o desenvolvimento fetal, as células germinativas primordiais migram do saco vitelínico até as cristas genitais, proliferando intensamente até atingir cerca de 7 milhões de células na 20ª semana de gestação. Essas células, agora chamadas oogônias, entram em meiose I e se transformam em oócitos primários, que ficam parados em prófase I (diplóteno). Ao nascimento, restam cerca de 1 a 2 milhões de oócitos, todos já em arresto meiótico. Na infância e até a puberdade, há perda progressiva por atresia, de forma que apenas cerca de 300 a 400 mil oócitos permanecem ao início da vida reprodutiva. Com a ativação do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal na puberdade, folículos são recrutados ciclicamente, retomando a meiose I apenas no ciclo em que ocorre ovulação. Nesse momento, o oócito forma o primeiro corpúsculo polar e progride até metáfase II, etapa em que permanece até a fecundação. O processo de foliculogênese acompanha a oogênese: folículos primordiais com oócito primário evoluem para primários, secundários (pré-antrais), antrais e finalmente o folículo pré-ovulatório de Graaf. Apenas um folículo atinge esse estágio por ciclo, enquanto os demais sofrem atresia. A meiose só se completa caso haja fecundação, com formação do segundo corpúsculo polar e início do desenvolvimento embrionário. c) Processo de ovulação A ovulação corresponde à liberação do oócito secundário do folículo ovariano para a cavidade peritoneal, geralmente no 14º dia do ciclo. Os eventos pré-ovulatórios iniciam-se 36 a 48 horas antes, com o pico de LH e FSH, desencadeado pelo estradiol elevado. O LH promove a retomada da meiose, a ruptura da vesícula germinativa e a formação do primeiro corpúsculo polar. Enzimas como colagenases e plasmina fragilizam a parede folicular, que se torna mais delgada na região do estigma. No momento da ovulação, a pressão intrafolicular aumenta e ocorre a ruptura do estigma, liberando o complexo cumulus-oócito envolto pela corona radiata. Esse complexo é então captado pelas fímbrias da tuba uterina, impulsionado por movimentos ciliares e peristálticos. Após a ovulação, o folículo colapsa e se diferencia em corpo lúteo, que secreta progesterona e estradiol, essenciais para preparar o endométrio. O oócito liberado permanece viável por 12 a 24 horas, degenerando caso não seja fertilizado. Se ocorrer fecundação, ele completa a meiose II, formando o segundo corpúsculo polar e originando o zigoto. d) Componentes do sistema reprodutivo feminino e suas funções O sistema reprodutivo feminino é composto por ovários, tubas uterinas, útero, vagina e genitália externa, todos com funções integradas para possibilitar a reprodução. Os ovários são gônadas femininas localizadas na pelve, responsáveis pela produção dos gametas (oócitos) e pela secreção de hormônios sexuais (estradiol, progesterona e inibinas). Possuem córtex com folículos em diferentes estágios de maturação e uma medula altamente vascularizada. As tubas uterinas ligam os ovários ao útero e são divididas em infundíbulo, ampola, istmo e segmento intramural. Suas principais funções são captar o oócito ovulado, promover a fertilização (geralmente na ampola) e transportar o embrião ao útero. O útero é um órgão muscular oco, responsável pela nidação, desenvolvimento gestacional e expulsão fetal durante o parto. Seu revestimento, o endométrio, sofre variações cíclicas hormonais que culminam na menstruação quando não ocorre gestação. A vagina atua como canal de cópula, via de saída do fluxo menstrual e canal de parto. Seu epitélio estratificado, associado à microbiota dominada por lactobacilos, garante proteção contra infecções. A genitália externa ou vulva compreende monte de Vênus, lábios maiores e menores, vestíbulo, clitóris e glândulas anexas. Tem função protetora, sexual e de suporte anatômico. O clitóris destaca-se como órgão erétil e altamente inervado, fundamental para a resposta sexual feminina. Em conjunto, esses componentes asseguram a produção e transporte dos gametas, a fertilização, a gestação e o parto, desempenhando papéis estruturais, endócrinos e funcionais que garantem a reprodução humana. HIPÓTESE 3: “A ESCOLARIZAÇÃO ACERCA DO PLANEJAMENTO FAMILIAR, DA SEXUALIDADE E DOS MÉTODOS CONTRACEPTIVOS CONTRIBUÍ PARA A DIMINUIÇÃO DE GRAVIDEZ INDESEJADA” a) Quais são e como funcionam os métodos contraceptivos femininos? Qual sua eficácia em porcentagem? Os métodos contraceptivos femininos podem ser classificados em diferentes categorias, sendo os principais os métodos hormonais, os dispositivos intrauterinos, os métodos de barreira, os espermicidas, os métodos naturais ou comportamentais e, por fim, os métodos cirúrgicos definitivos. Dentro dos métodos hormonais, destacam-se oscontraceptivos orais combinados (COC), que contêm estrogênio (geralmente etinilestradiol entre 15 e 35 μg) associado a um progestagênio. Eles atuam principalmente pela supressão da ovulação, por meio da inibição da liberação dos hormônios FSH e LH, além de promoverem o espessamento do muco cervical, dificultando a passagem dos espermatozoides, alterações no endométrio, que reduzem a receptividade para a implantação do embrião, e mudanças na motilidade tubária. Os COC podem ser monofásicos, multifásicos, de uso contínuo ou em doses ultra-baixas. Sua eficácia chega a 99,7% em uso perfeito, mas cai para cerca de 91% em uso típico, com um Índice de Pearl entre 0,1 e 0,9. Apesar da alta eficácia, apresentam contraindicações absolutas, como em casos de tromboembolismo, doenças cerebrovasculares, enxaqueca com aura, hepatopatias graves, câncer de mama e tabagismo em mulheres acima de 35 anos que fumam mais de 15 cigarros por dia. Outra opção são os contraceptivos orais apenas com progestagênio (POP), conhecidos como minipílulas. Eles podem ser à base de noretisterona, levonorgestrel ou desogestrel, sendo este último capaz de inibir a ovulação em até 97% dos ciclos. Seu mecanismo principal é o espessamento do muco cervical, mas também podem alterar o endométrio e reduzir a motilidade tubária. Têm eficácia elevada, variando de 99,5 a 99,7% em uso perfeito, mas menor em uso típico (90-95%). A grande vantagem é poderem ser utilizados durante a amamentação e em situações nas quais o estrogênio é contraindicado. Os contraceptivos injetáveis, como o acetato de medroxiprogesterona (DMPA), aplicado a cada 12 semanas, promovem supressão ovulatória completa, com eficácia acima de 99%. Já o enantato de noretisterona, administrado a cada 8 semanas, também apresenta elevada eficácia, mas com menor impacto na densidade óssea. Esses métodos podem causar efeitos adversos, como irregularidade menstrual, amenorreia, ganho de peso e atraso no retorno da fertilidade. O implante subdérmico de etonogestrel, inserido sob a pele do braço, tem duração de 3 anos e eficácia superior a 99,9%, sendo um dos métodos mais seguros disponíveis. Atua inibindo a ovulação, modificando o muco cervical e o endométrio. Seus efeitos colaterais mais comuns são sangramentos irregulares, cefaleia e alterações de humor. O anel vaginal, que libera etinilestradiol e etonogestrel por três semanas, seguido de uma semana de pausa, apresenta eficácia semelhante à pílula combinada, mas com a vantagem de não exigir uso diário. Já o adesivo transdérmico, aplicado semanalmente, também possui eficácia comparável, embora sua efetividade seja reduzida em mulheres com peso acima de 90 kg. Os dispositivos intrauterinos (DIU) se dividem em duas categorias principais. O DIU de cobre (TCu 380A) atua por meio da liberação de íons de cobre, que são tóxicos aos espermatozoides e provocam uma reação inflamatória estéril no endométrio, tornando-o hostil à fertilização e implantação. Tem eficácia acima de 99% e pode durar de 10 a 12 anos, mas pode aumentar o fluxo menstrual e causar cólicas. Já o DIU liberador de levonorgestrel (SIU-LNG), disponível em diferentes dosagens e durações (3 a 7 anos), tem como principal mecanismo a atrofia endometrial e o espessamento do muco cervical. Além de sua eficácia superior a 99,8%, apresenta benefícios adicionais, como redução do fluxo menstrual, alívio da dismenorreia e proteção endometrial. Os métodos de barreira incluem o preservativo feminino, o diafragma e o capuz cervical. O preservativo feminino, feito de poliuretano ou nitrilo, cobre a vagina, vulva e colo uterino, proporcionando proteção contra gravidez e infecções sexualmente transmissíveis (IST). Sua eficácia é de 79% em uso típico e 95% em uso perfeito. O diafragma, quando utilizado junto com espermicida, cobre o colo uterino e apresenta eficácia de até 94% em uso perfeito. O capuz cervical, semelhante ao diafragma, tem menor eficácia em mulheres que já tiveram filhos, devido às alterações cervicais pós-parto. Os espermicidas, como o nonoxinol-9, destroem a membrana celular dos espermatozoides, diminuindo sua motilidade. No entanto, isoladamente, têm baixa eficácia (72-82%) e ainda podem aumentar o risco de infecções pelo HIV, devido à irritação da mucosa vaginal. Os métodos naturais e comportamentais incluem o método da amenorreia lactacional (LAM), eficaz até os seis primeiros meses de amamentação exclusiva, com taxas próximas a 99%. Outros são os métodos de consciência da fertilidade, como o calendário, a temperatura basal e a observação do muco cervical, que podem ser eficazes se aplicados corretamente, mas exigem disciplina e monitoramento rigoroso. O coito interrompido, apesar de muito utilizado, tem eficácia baixa em uso típico (78%), por depender do autocontrole masculino e não proteger contra IST. Por fim, os métodos cirúrgicos definitivos, como a laqueadura tubária, consistem na interrupção das tubas uterinas por diferentes técnicas cirúrgicas. Apresentam eficácia acima de 99%, mas devem seguir critérios legais no Brasil, como idade mínima de 25 anos ou ao menos dois filhos vivos, além de um prazo de reflexão de 60 dias entre a decisão e a cirurgia. b) O que é e como funciona o planejamento familiar? O planejamento familiar é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o direito fundamental de casais e indivíduos decidirem livre e responsavelmente sobre o número de filhos que desejam ter, o espaçamento entre eles e o momento ideal para engravidar, contando com acesso a informações e métodos contraceptivos seguros, eficazes e acessíveis. No Brasil, o planejamento familiar é garantido pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela Lei nº 9.263/1996, que assegura a autonomia reprodutiva, a liberdade de escolha e o acesso universal a serviços de saúde, vedando qualquer forma de coerção, discriminação ou violência. Políticas públicas como a Política Nacional de Direitos Sexuais e Reprodutivos reforçam a integração do planejamento familiar no SUS, com foco na saúde integral, capacitação de profissionais e participação social. O planejamento familiar não se resume apenas ao uso de contraceptivos, mas envolve dimensões reprodutivas, de saúde e sociais. Abrange a decisão de ter ou não filhos, a prevenção de gravidez indesejada, a redução da morbimortalidade materna e perinatal, o tratamento da infertilidade, o empoderamento feminino e a garantia dos direitos reprodutivos. Os serviços de planejamento familiar envolvem educação e informação (com aconselhamento contraceptivo centrado no cliente), acesso a métodos contraceptivos variados e de qualidade, assistência à infertilidade (com investigação clínica e tecnologias de reprodução assistida), cuidados pré- concepcionais (para reduzir riscos maternos e perinatais) e organização dos serviços em diferentes níveis de atenção, do básico à alta complexidade. c) O que é sexualidade? A sexualidade pode ser compreendida a partir de uma definição abrangente. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), “a sexualidade é um aspecto central do ser humano ao longo da vida e abrange sexo, identidades e papéis de gênero, orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução. A sexualidade é vivenciada e expressa em pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos, práticas, papéis e relacionamentos.” Portanto, não se trata apenas de uma questão biológica, mas de um fenômeno biopsicossocial complexo que integra múltiplas dimensões interdependentes e em constante interação. Entre essas dimensões está a dimensão biológica, que envolve diferentes aspectos, como a diferenciação sexual. O sexo cromossômico pode ser feminino típico (46,XX), masculino típico (46,XY) ou apresentar variações como a síndrome de Turner (45,X) e a de Klinefelter(47,XXY). Já o sexo gonádico ocorre a partir do desenvolvimento embrionário das gônadas, que se diferenciam em testículos ou ovários por volta da 6ª à 10ª semana, dependendo da presença ou ausência do gene SRY. O sexo hormonal se relaciona à produção de hormônios, como testosterona, estradiol e progesterona, responsáveis pelo desenvolvimento das genitálias interna e externa. O sexo cerebral refere-se ao dimorfismo sexual do cérebro, com influência dos hormônios em períodos críticos. Também se inclui a fisiologia da resposta sexual, descrita em modelos como os de Masters e Johnson (1966), Kaplan (1979) e Basson (2001), que detalham fases e componentes da resposta fisiológica, e ainda a neurofisiologia sexual, que envolve o sistema nervoso central, periférico e neurotransmissores que modulam desejo, prazer e comportamento sexual. A dimensão psicológica trata do desenvolvimento psicossexual, descrito por Freud em fases (oral, anal, fálica, latência e genital) e também por etapas observadas na infância e adolescência, quando surgem a curiosidade, as primeiras descobertas e o despertar sexual. Nesse campo também se incluem os aspectos cognitivos, como esquemas e roteiros sexuais, além das emoções que podem facilitar (amor, desejo, prazer) ou inibir (ansiedade, depressão, vergonha) a vivência sexual. A identidade sexual se constrói a partir da identidade de gênero, orientação sexual, papéis de gênero e comportamento, passando por fases da infância até a vida adulta. A dimensão sociocultural evidencia que a sexualidade é construída socialmente e varia conforme época, cultura e valores. Normas, rituais, tabus e expressões da sexualidade são moldados pela família, pares, mídia, educação e religião. Nesse contexto, também se destacam os papéis de gênero — tradicionalmente ligados à masculinidade e feminilidade —, mas que vêm sendo transformados contemporaneamente com o empoderamento feminino, a valorização de novas masculinidades e a fluidez de gênero. A diversidade sexual, expressa em diferentes orientações e identidades de gênero, integra essa dimensão. A dimensão relacional aborda a sexualidade no contexto dos relacionamentos. A teoria triangular do amor de Sternberg propõe a combinação entre intimidade, paixão e compromisso. A comunicação sexual desempenha papel fundamental, sendo necessária a assertividade, a escuta ativa, a empatia e a negociação. Também se destaca a importância do consentimento sexual, que deve ser livre, informado, específico, contínuo e revogável, sendo invalidado em situações de intoxicação, coerção ou relações de poder desiguais. Na dimensão ética e espiritual, a sexualidade é atravessada por valores e princípios como autonomia, não maleficência, beneficência e justiça. Diferentes abordagens éticas — religiosa, secular, situacional e do cuidado — convivem nesse campo. A espiritualidade também interfere na vivência sexual, seja por perspectivas religiosas tradicionais (como no catolicismo, islamismo e judaísmo) ou em práticas que integram sexualidade e espiritualidade, como o tantra e tradições indígenas. Já a dimensão educacional destaca a educação sexual integral, que deve ser científica, laica, inclusiva, emancipadora e contínua. Seus objetivos incluem fornecer conhecimentos, desenvolver habilidades, atitudes e valores relacionados aos direitos humanos e à dignidade. Essa educação deve ser abrangente, com conteúdos adequados à idade e culturalmente relevantes, utilizando metodologias participativas, dialógicas, reflexivas e práticas. Por fim, é importante reconhecer a existência das disfunções sexuais, classificadas pelo DSM-5 em categorias ligadas ao desejo, excitação, orgasmo e dor. A prevalência é significativa, especialmente entre mulheres (40-45%) e homens (20-30%), sendo mais comum a disfunção erétil nos homens e o baixo desejo nas mulheres. As causas podem ser biológicas, psicológicas ou socioculturais, o que reforça a complexidade e multidimensionalidade da sexualidade. d) Relacione como o planejamento familiar e a sexualidade contribuem para a diminuição da gravidez indesejada. A gravidez indesejada pode ser definida como uma gestação que ocorre sem intenção, seja porque não era desejada no momento, seja porque não era desejada em nenhuma circunstância futura. Entre seus subtipos estão a gravidez inoportuna (desejada, mas em momento inadequado), a indesejada (não desejada de forma alguma) e a ambivalente (com sentimentos mistos). De modo mais amplo, fala-se em gravidez não intencional, termo que inclui todas aquelas que não foram especificamente planejadas. Os dados epidemiológicos mostram a magnitude do problema: globalmente, 48% das gestações não são intencionais; no Brasil, segundo a PNS 2013, 55,4% das gestações não foram planejadas, sendo 18,8% indesejadas, 36,6% inoportunas e, entre adolescentes, 76,5% não planejadas. Nesse contexto, o planejamento familiar e a vivência responsável da sexualidade contribuem diretamente para a redução dessas taxas por meio de diferentes mecanismos de prevenção. Em primeiro lugar, a educação sexual integral oferece conhecimento sobre fertilidade, ciclo menstrual e métodos contraceptivos, além de desenvolver habilidades de negociação e tomada de decisão. Evidências científicas, como revisões da Cochrane e relatórios da UNESCO, demonstram redução significativa da gravidez precoce e não intencional em populações que têm acesso a programas de educação sexual. Outro aspecto é o acesso a métodos contraceptivos, que muitas vezes é limitado por barreiras estruturais, individuais ou socioculturais. A ampliação desse acesso, com diversificação de métodos, melhoria dos serviços de saúde e iniciativas inovadoras (como distribuição comunitária e telemedicina), é essencial para diminuir as taxas de gravidez não planejada. O empoderamento feminino também desempenha papel central, ao garantir autonomia reprodutiva e capacidade de decisão sobre se, quando e quantas vezes engravidar. Fatores como escolaridade, participação econômica e social fortalecem a mulher e estão diretamente associados à diminuição da fecundidade e da gravidez adolescente. A comunicação no relacionamento sobre contracepção e prevenção é igualmente fundamental, já que o diálogo e a negociação entre parceiros aumentam o uso consistente e adequado dos métodos e reduzem a ocorrência de falhas. Além disso, políticas públicas eficazes em saúde sexual e reprodutiva, que garantam acesso universal e gratuito a métodos, bem como programas específicos para adolescentes e populações vulneráveis, têm se mostrado estratégias de grande impacto, como evidenciam experiências no Brasil, Reino Unido e Etiópia. Por fim, embora existam barreiras estruturais, socioculturais e individuais, estratégias de superação — como fortalecimento dos sistemas de saúde, campanhas educativas, envolvimento de lideranças e inovações tecnológicas — mostram-se capazes de ampliar o acesso à informação e aos recursos necessários. Assim, planejamento familiar e sexualidade responsável, aliados a políticas públicas e empoderamento social, constituem instrumentos essenciais para a redução da gravidez indesejada. Referências AMERICAN COLLEGE OF OBSTETRICIANS AND GYNECOLOGISTS. Committee Opinion No. 651: Menstruation in girls and adolescents: using the menstrual cycle as a vital sign. Obstetrics & Gynecology, v. 126, n. 6, p. e143- e146, 2015. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA INTERDISCIPLINAR DE AIDS. Diretrizes para o Aconselhamento em DST/HIV/AIDS. 3ª ed. São Paulo: ABIA, 2014. BARROSO, C. et al. Sexuality, contraception and adolescent pregnancy prevention in Brazil. Reproductive Health Matters, v. 27, n. 54, p. 1-12, 2019. BEARAK, J. et al. Unintended pregnancy and abortion by income, region, and the legal status of abortion: estimates from a comprehensive model for 1990- 2019. TheLancet Global Health, v. 8, n. 9, p. e1152-e1161, 2020. BIRO, F. M. et al. 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