Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

A SAÚDE PÚBLICA NO
BRASIL
Aula 1
ASPECTOS HISTÓRICOS DA
SAÚDE PÚBLICA NO
BRASIL
Aspectos Históricos da Saúde
Pública no Brasil
Seja bem-vindo à disciplina de Saúde Pública!
Esta videoaula apresenta elementos importantes para a
compreensão da evolução histórica da Saúde Pública no Brasil
desde o Período Colonial até a Proclamação da República. Nessa
perspectiva, são apresentados como se deu a evolução da oferta
dos serviços de saúde ao longo da história em paralelo aos
acontecimentos econômicos e sociais do Brasil em cada período da
história.
Desejamos a você bons estudos!
Ponto de Partida
Nesta unidade, vamos estudar sobre a evolução histórica da saúde
no Brasil até a Primeira República. O conhecimento da história
desse tema no Brasil permite compreender como as políticas de
saúde evoluíram ao longo do tempo. Isso inclui a criação de
sistemas, programas e estratégias para atender às necessidades da
população. A análise histórica ajuda a identificar os desafios
enfrentados e os sucessos alcançados em diferentes períodos. A
evolução da saúde no Brasil está intrinsecamente ligada às
desigualdades sociais. Compreender a sua linha do tempo ajuda a
identificar as raízes das disparidades em saúde, contribuindo para a
formulação de estratégias mais eficazes e equitativas. A história da
saúde revela como o país enfrentou epidemias e endemias ao longo
do tempo. Essas experiências fornecem lições importantes para o
enfrentamento de desafios semelhantes no presente e no futuro. A
principal proposta deste material é contribuir para o processo de
desenvolvimento de profissionais que aspirem atuar nas mais
diversas áreas da saúde ou do ensino.
Aproveitem bem o conteúdo e bons estudos!
Vamos Começar!
Os povos indígenas, que habitavam o Brasil há centenas de anos,
enfrentavam enfermidades tratadas por meio do conhecimento dos
curandeiros, utilizando plantas e ervas. Com a colonização, os
portugueses trouxeram doenças comuns na Europa naquele
período, resultando na morte de milhares de indígenas
(POLIGNANO, 2020).
A trajetória das políticas de saúde no Brasil está intrinsecamente
ligada à evolução política, social e econômica da sociedade
brasileira, sendo impossível dissociá-las. O processo evolutivo
sempre seguiu a perspectiva do avanço do capitalismo, sujeito a
fortes pressões e intervenções internacionais (ROUQUAYROL;
SILVA, 2018).
Com a chegada da família real ao Brasil em 1808, foi necessário
estabelecer uma estrutura sanitária mínima no Rio de Janeiro, então
capital do país. Até 1850, as condições de saúde pública eram
precárias. Durante esse período, a principal preocupação era o
controle sanitário de navios e portos, visando evitar barreiras
sanitárias impostas pelos países europeus e garantir o fluxo de
exportação dos produtos brasileiros (BAPTISTA; MACHADO; LIMA,
2007).Os períodos entre o Brasil Colônia e o Brasil Império foi de
carência de profissionais médicos, somente em 1808, foi fundada a
primeira escola de Medicina em Salvador na Bahia, no mesmo ano
foi criada a Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro, anexa ao Real
Hospital Militar (PÔRTO, 2006). A economia colonial foi abalada com
uma crise demográfica devido a uma epidemia de sarampo, em
meados do século 17. Desde então as epidemias passaram a
receber a atenção governamental, sobretudo em razão dos
prejuízos causados à política econômica, pois os navios
estrangeiros passaram a evitar os nossos portos com medo do
contágio (CORREA; RANGEL; SPERANDIO, 2004).
As primeiras ações de saúde pública no Brasil Colônia
concentraram-se na proteção e saneamento das cidades,
especialmente aquelas portuárias, assim como no controle e
monitoramento das doenças e dos doentes. Essas práticas visavam
aprimorar, de maneira mais eficaz, o controle das enfermidades.
Evidenciava-se uma preocupação não apenas com a saúde da
população urbana, mas também com a preservação da saúde dos
produtos comercializados. Nesse contexto, a assistência ao
trabalhador limitava-se, em grande parte, à aplicação da prática de
quarentena como medida preventiva para evitar a disseminação de
doenças (BAPTISTA; MACHADO; LIMA, 2007). 
Siga em Frente...
O Brasil deixou de ser uma monarquia e tornou-se uma república
em 1889. A mudança do regime político envolveu a substituição do
sistema monárquico pelo republicano, com a eleição do primeiro
presidente, Marechal Deodoro da Fonseca. Após a Proclamação da
República, estabeleceu-se uma forma de organização jurídico-
política típica do Estado capitalista. A manutenção do controle
político pelos grandes proprietários de terras impôs ainda normas de
exercício do poder que representavam os interesses capitalistas
dominantemente agrários. Apenas a eleição do presidente da
República pelo voto direto, de quatro em quatro anos, produziu lutas
efetivas em que se condensavam os conflitos no interior do sistema
(POLIGNANO, 2020).
Os municípios brasileiros enfrentavam desafios significativos em
relação às epidemias devido à ausência de um modelo sanitário
eficaz. No início do século 21, a cidade do Rio de Janeiro
encontrava-se em uma situação sanitária caótica, marcada pela
prevalência de diversas doenças graves entre a população, como
varíola, malária, febre amarela e, subsequentemente, a peste. Essa
condição resultou em sérias repercussões não apenas para a saúde
coletiva, mas também para setores como o comércio exterior, uma
vez que navios estrangeiros hesitavam em atracar no porto do Rio
de Janeiro devido à precária situação sanitária da cidade
(BERTOLLI FILHO, 1996).
O Brasil testemunhou um marco significativo no seu modelo
sanitário durante o governo de Rodrigues Alves (1902-1906). Nesse
período, o presidente nomeou Oswaldo Cruz para liderar o
Departamento Federal de Saúde Pública. Oswaldo Cruz, médico,
cientista, sanitarista e epidemiologista brasileiro, desempenhou um
papel fundamental no avanço da saúde pública no país, contribuindo
de maneira significativa no enfrentamento de epidemias e na
modernização da prática médica.
Oswaldo Cruz propôs eliminar a epidemia de febre amarela na
cidade do Rio de Janeiro, mobilizando um contingente de 1.500
pessoas dedicadas à desinfecção e ao combate ao mosquito, vetor
da doença. No entanto, a falta de comunicação adequada e as
práticas arbitrárias dos "guardas sanitários" geraram revolta entre a
população. Esse modelo de intervenção, conhecido como
"campanhista", foi concebido dentro de uma abordagem militar, na
qual os objetivos justificavam os meios, e em que o uso da força e
da autoridade era considerado o método preferencial de ação
(COSTA e SILVA et al., 2010).
A onda de descontentamento aumentou com outra iniciativa de
Oswaldo Cruz, a Lei Federal nº 1.261, de 31 de outubro de 1904,
que estabeleceu a vacinação obrigatória contra a varíola em todo o
território nacional. Isso deu origem a um extenso movimento popular
de resistência conhecido na história como a "revolta da vacina".
Apesar das críticas e abusos ocorridos, a abordagem "campanhista"
alcançou conquistas significativas no controle de doenças
epidêmicas, inclusive conseguindo erradicar a febre amarela na
cidade do Rio de Janeiro. Esses sucessos fortaleceram e
consolidaram o modelo proposto, tornando-o predominante como
estratégia de intervenção na área da saúde coletiva por muitas
décadas (BERTOLLI FILHO, 1996).
Durante esse período, Oswaldo Cruz buscou reestruturar a Diretoria
Geral de Saúde Pública, instituindo uma seção demográfica, um
laboratório bacteriológico, um serviço de engenharia sanitária e
profilaxia da febre amarela, a inspetoria de isolamento e
desinfecção, bem como o Instituto Soroterápico Federal, que mais
tarde foi renomeado como Instituto Oswaldo Cruz. Foram integrados
como componentes das iniciativas de saúde o registro demográfico,
permitindo a compreensão da composição e dos eventos vitais
relevantes da população, a introdução do laboratório como apoio
para diagnóstico etiológico, e a produção organizada de produtos
profiláticos destinados ao uso em larga escala (OLIVEIRA, 2000).
Em 1920,Carlos Chagas sucedeu a Oswaldo Cruz e promoveu uma
reestruturação do Departamento Nacional de Saúde, anteriormente
vinculado ao Ministério da Justiça. Carlos Chagas foi um médico,
cientista e sanitarista brasileiro, que desempenhou um papel crucial
no campo da medicina e da saúde pública no Brasil. Ele introduziu
a propaganda e a educação sanitária como elementos rotineiros de
ação, inovando o modelo "campanhista" anteriormente empregado
por Oswaldo Cruz, que era predominantemente fiscal e policial. Sob
a liderança de Chagas, foram estabelecidos órgãos especializados
no combate à tuberculose, lepra e doenças venéreas. A assistência
hospitalar, infantil e a higiene industrial tornaram-se questões
individualizadas. As atividades de saneamento foram expandidas
para além do Rio de Janeiro, alcançando outros Estados, e a Escola
de Enfermagem Anna Nery foi fundada (COSTA e SILVA et al.,
2010).
Ao longo do tempo, à medida que as epidemias foram controladas
nas grandes cidades brasileiras, o modelo "campanhista" deslocou
as suas ações para o campo, concentrando-se no combate das
chamadas endemias rurais. Essa abordagem foi amplamente
adotada pela Superintendência de Campanhas de Saúde Pública
(Sucam) no enfrentamento de diversas endemias, incluindo a
doença de Chagas, esquistossomose, entre outras, e
posteriormente foi incorporada à Fundação Nacional de Saúde
(LUZ, 1991).
Vamos Exercitar?
Reflexão sobre como Oswaldo Cruz controlou as endemias versus
pandemia do Covid-19. Embora tenha havido avanços significativos
nas estratégias de controle de endemias desde a época de Oswaldo
Cruz até os desafios enfrentados com a pandemia de COVID-19, é
importante notar que as circunstâncias são notavelmente diferentes.
Oswaldo Cruz enfrentou endemias em um contexto em que as
práticas de saúde eram mais limitadas, e as condições sanitárias
muitas vezes eram precárias. Comparando isso com a pandemia de
COVID-19, vivemos em uma era de avanços tecnológicos e uma
compreensão mais aprofundada da epidemiologia.
Oswaldo Cruz não teve que lidar com questões como a
desinformação em larga escala, resistência a medidas de saúde
pública e as complexidades de coordenação global durante uma
pandemia. A reflexão sobre a abordagem de Oswaldo Cruz para
controlar endemias nos leva a apreciar o pioneirismo dele em seu
contexto histórico. Contudo, também nos instiga a reconhecer que
os desafios contemporâneos demandam abordagens mais
complexas, multidisciplinares e adaptáveis para lidar com uma
pandemia global, levando em consideração não apenas aspectos
científicos, mas também sociais, políticos e éticos.
Saiba Mais
A história da saúde pública no Brasil resumida em uma conversa
com o professor Gastão Wagner de Sousa Campos, da
Universidade de Campinas. 
A história da saúde pública no Brasil, da Independência à
criação do SUS.
O desafio do novo diretor do Instituto Soroterápico Nacional não era
pequeno: ele precisaria empreender campanhas sanitárias de
https://www12.senado.leg.br/tv/programas/cidadania-1/2022/09/a-historia-da-saude-publica-no-brasil-da-independencia-a-criacao-do-sus
https://www12.senado.leg.br/tv/programas/cidadania-1/2022/09/a-historia-da-saude-publica-no-brasil-da-independencia-a-criacao-do-sus
combate às principais doenças que afetavam o país, como febre
amarela, peste e varíola. A trajetória do médico dedicado à
ciência.
No contexto do nosso sistema capitalista, a priorização da saúde
nunca foi uma constante. Historicamente, a atenção aos temas de
saúde só era direcionada pelos governantes quando a ameaça de
grandes epidemias colocava em risco a economia do país.
Recomendamos a leitura do primeiro capítulo, intitulado "Breve
História da Saúde Pública no Brasil,", da obra "Rouquayrol, Maria
Zélia Rouquayrol: Epidemiologia & Saúde." O referido capítulo está
disponível na página 1 do livro.
Referências Bibliográficas
BAPTISTA, T. W.; MACHADO, C.V.; LIMA, L. D. História das
Políticas de Saúde no Brasil: a trajetória do direito à saúde. In:
MATTA, G. C.; PONTES, A. L. D. M. (org.). Políticas de saúde: a
organização e a operacionalização do SUS. Rio de Janeiro:
Fiocruz; Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, 2007. Cap.
1. Disponível em:
http://www6.ensp.fiocruz.br/repositorio/sites/default/files/arquivos/Co
nfigura%C3%A7%C3%A3oInstitucional.pdf. Acesso em: 10 dez.
2023.
BERTOLLI FILHO, C. História da saúde pública no Brasil. São
Paulo: Ática, 1996.
CORREA, C. R. S.; RANGEL, H. A.; SPERANDIO, A. M. G.
Evolução das políticas públicas de saúde no Brasil. In: MARTINS, J.
P. S.; RANGEL, H. D. A. (org.). Campinas no rumo das
comunidades saudáveis. [S.l.]: IPES Editorial, 2004. Cap. 4.
COSTA e SILVA, C. M.; MENEGHIM, M. C.; PEREIRA, A. C.;
MIALHE, F. L. Educação em saúde: uma reflexão histórica de suas
práticas. Revista Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 15,
https://portal.fiocruz.br/trajetoria-do-medico-dedicado-ciencia
https://portal.fiocruz.br/trajetoria-do-medico-dedicado-ciencia
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786557830000/pageid/23
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786557830000/pageid/23
http://www6.ensp.fiocruz.br/repositorio/sites/default/files/arquivos/Configura%C3%A7%C3%A3oInstitucional.pdf.
http://www6.ensp.fiocruz.br/repositorio/sites/default/files/arquivos/Configura%C3%A7%C3%A3oInstitucional.pdf.
n. 5, p. 2.539-2.550, ago. 2010. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-
81232010000500028&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 13
dez. 2023.
LUZ, M. T. Notas sobre as políticas de saúde no Brasil de
“transição democrática” – anos 80. Physis, Rio de Janeiro, v. 1, n.
1, p. 77-96, 1991. Disponível em:
https://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:rede.virtual. bibliotecas:
artigo. revista:1998;1000547948. Acesso em: 10 dez 2023.
OLIVEIRA, R. M. A produção do conhecimento em escala local:
repensando a relação entre a investigação científica e a experiência
dos grupos populares. 2000. Tese (Doutorado) – Escola Nacional de
Saúde Pública (ENSP/Fiocruz), Rio de Janeiro, 2000. Disponível
em: https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/4576/2/85.pdf. Acesso
em: 10 dez. 2024.
PAIM, J.S.; ALMEIDA FILHO, N. Saúde Coletiva: teoria e prática. 1.
ed. Rio de Janeiro: MedBook, 2014.
POLIGNANO, M. V. História das políticas de saúde no Brasil:
uma pequena revisão. Disponível em:
www.medicina.ufmg.br/internatorural/arquivos/mimeo23p.pdf.
Acesso em: 14 dez. 2023. 
ROUQUAYROL, M. Z.; SILVA, M. G. C. Rouquayrol: epidemiologia
& saúde. 8. ed. Rio de Janeiro: Medbook, 2018.
SOLHA, R. K. T. Sistema único de saúde: componentes, diretrizes
e políticas públicas. São Paulo: Érica, 2014.
Aula 2
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232010000500028&script=sci_abstract&tlng=pt.
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232010000500028&script=sci_abstract&tlng=pt.
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/4576/2/85.pdf.
A ORGANIZAÇÃO DO
SISTEMA DE SAÚDE A
PARTIR DAS CAIXAS DE
PREVIDÊNCIA ATÉ A
CRIAÇÃO DO INSTITUTO
NACIONAL DE
PREVIDÊNCIA SOCIAL
A Organização do Sistema de
Saúde a partir das Caixas de
Previdência até a criação do
Instituto Nacional de Previdência
Social
Seja bem-vindo à disciplina de Saúde Pública!
Esta videoaula apresenta como como ocorreu a criação da
previdência social a partir das Caixa Aposentadoria e Pensões
(CAPS) e Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs). Falaremos
sobre o impacto do golpe de 1964 e as suas consequências para a
saúde no Brasil e a criação do Instituto Nacional de Previdência
Social (INPS). Desejamos a você bons estudos!
Ponto de Partida
A evolução histórica das políticas de saúde pública no Brasil
caracteriza-se, inicialmente, pela construção de um Sistema
Sanitário ineficaz e ineficiente no enfrentamento dos problemas de
saúde da população, agindo de acordo com os interesses
econômicos de cada período. Com aumento da população urbana e
industrialização criou-se a necessidade de organizar a forma como
os serviços de saúde eram ofertados a população.
Vamos Começar!
No início doséculo XX, as Caixas de Aposentadorias e Pensões
(CAPS) foram estabelecidas no Brasil em resposta à necessidade
de criar um sistema previdenciário adaptado às demandas dos
trabalhadores urbanos. Diante das condições precárias de trabalho
e da falta de proteção social, os trabalhadores buscavam garantir
segurança financeira em situações de invalidez, aposentadoria ou
morte.
Os movimentos operários e sindicatos que surgiram nesse período
pressionaram por melhorias nas condições de trabalho e proteção
social. As Caixas foram criadas para atender às demandas
específicas dos trabalhadores urbanos e adaptar modelos
previdenciários estrangeiros à realidade brasileira.
Com o objetivo de estender os benefícios da previdência a todas as
categorias do operariado urbano, as antigas Caixas foram
substituídas pelos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs).
Esses institutos organizavam os trabalhadores por categoria
profissional e não por empresa.
Em 1933, o primeiro IAP, o Instituto dos Marítimos (IAPM), foi
estabelecido no Brasil. Outros surgiram posteriormente para
diferentes categorias profissionais. Até meados da década de 1950,
os IAPs desempenharam um papel crucial no desenvolvimento
econômico, sendo considerados um mecanismo de controle social. 
A assistência médica previdenciária não era prioritária até a década
de 1950, quando a pressão por serviços de saúde aumentou com o
desenvolvimento industrial e a urbanização. Em 1953, o Ministério
da Saúde foi criado, seguido, em 1956, pelo Departamento Nacional
de Endemias Rurais (DNERU), incorporando serviços nacionais de
febre amarela, malária e peste (NICZ, 1988).
Siga em Frente...
Com o advento do golpe militar e o estabelecimento de um regime
autoritário no Brasil em 1964, a situação da saúde pública
deteriorou-se significativamente, especialmente para a parcela mais
vulnerável da população (COSTA E SILVA et al., 2010). Nesse
período, a política de saúde passou a focar na ampliação de
serviços médicos privados (VASCONCELOS, 1999). O governo
começou a adquirir serviços de assistência médica, resultando em
condições ainda mais críticas para os brasileiros (PAIM, 2003).
Durante o período militar, diversas ações foram implementadas,
incluindo a promulgação do Decreto-Lei 200 (1967). Esse
documento estabeleceu as competências do Ministério da Saúde,
atribuindo-lhe a formulação e coordenação da política nacional de
saúde, responsabilidade pelas atividades médicas ambulatoriais,
ações preventivas em geral, controle de drogas, medicamentos e
alimentos, bem como pesquisa médico-sanitária. Em 1970, foi criada
a Superintendência de Campanhas da Saúde Pública (Sucam), com
a incumbência de executar atividades relacionadas à erradicação e
ao controle de endemias, sucedendo o Departamento Nacional de
Endemias Rurais (Deneru) e a campanha de erradicação da malária
(Cunha; Cunha, 1998).
Em 1975, foi oficialmente estabelecido o Sistema Nacional de
Saúde, delineando sistematicamente o campo de atuação na área
de saúde, tanto nos setores públicos quanto privados, com foco no
desenvolvimento de atividades de promoção, proteção e
recuperação da saúde. O documento formalizou a dicotomia na
abordagem da saúde, atribuindo a Medicina curativa ao Ministério
da Previdência e a Medicina preventiva ao Ministério da Saúde. No
entanto, o Governo Federal alocou recursos limitados ao Ministério
da Saúde, impossibilitando a efetiva implementação das propostas
de saúde pública. Na prática, isso representou uma clara preferência
pela medicina curativa, apesar de ser mais dispendiosa, por contar
com recursos garantidos pela contribuição dos trabalhadores para o
INPS (VASCONCELOS, 1999).
O modelo econômico instituído pela ditadura militar entrou em crise
em 1975. Os pobres ficaram mais pobres e a concentração de renda
aumentou consideravelmente, com o país sendo um dos que
apresentavam um dos maiores índices de concentração de renda
em âmbito mundial. A população com baixos salários, contidos pela
política econômica e pela repressão, passou a conviver com o
desemprego e as suas graves consequências sociais, como o
aumento da marginalidade, das favelas, da mortalidade infantil (LUZ,
1991).
O modelo de saúde previdenciário, ao priorizar a medicina curativa,
revelou as suas fragilidades ao ser incapaz de resolver efetivamente
os principais problemas de saúde coletiva, como endemias e
epidemias. Os indicadores de saúde, especialmente a taxa de
mortalidade infantil, apresentaram aumentos significativos. O
aumento contínuo dos custos da medicina curativa, centrada em
serviços médico-hospitalares de complexidade e custo crescentes,
com a diminuição do crescimento econômico e a consequente
redução na arrecadação do sistema previdenciário, contribuíram
para a insuficiência de receitas. O sistema também enfrentou
dificuldades em atender a uma população crescente de
marginalizados, que, sem carteira assinada e contribuição
previdenciária, ficaram excluídos. Além disso, houve o desvio de
verbas do sistema previdenciário para cobrir despesas de outros
setores e realizar obras pelo governo federal (PAIM, 2003). 
Em 1966, ocorreu a unificação de todos os Institutos de
Aposentadorias e Pensões (IAPs) no Instituto Nacional de
Previdência Social (INPS). Os impostos eram deduzidos
mensalmente dos salários dos contribuintes, principalmente os
trabalhadores com carteira assinada. Como resultado, houve uma
concentração significativa de recursos financeiros nas mãos do
Estado, que posteriormente os repassou à iniciativa privada, seja na
aquisição de serviços médicos ou na construção de hospitais.
A intervenção do Estado impulsionou o setor privado, uma vez que a
expansão dos hospitais dependia dos recursos do INPS. A
população economicamente ativa contava com os serviços desse
órgão, resultando em um aumento significativo na contratação de
hospitais e clínicas credenciados no INPS. Dessa forma, as ações
implementadas nesse período direcionaram o sistema de saúde
para uma trajetória crescente de privatização. A saúde passou a ser
tratada como uma mercadoria, inacessível para a maioria da
população.
Os hospitais, embora privados, eram utilizados pelo Estado para
atender aos trabalhadores contribuintes do INPS (trabalhadores
formais). Aqueles que não contribuíam por meio de impostos eram
obrigados a arcar com os custos dos tratamentos ou, caso não
tivessem condições, dependiam da filantropia. 
A filantropia, caracterizada por ajudar de maneira sem fins
lucrativos, era praticada em hospitais e Casas de Misericórdia,
geralmente administradas pela Igreja Católica. Essas instituições
prestavam assistência aos indigentes, pessoas incapazes de pagar
pelos serviços de saúde. 
Nessa época, predominava a abordagem curativa assistencial,
marcada pela construção de hospitais com uma forte inclinação para
a privatização. Acreditava-se que a solução envolvia a criação de
parcerias entre a iniciativa privada e o Estado.
Vamos Exercitar?
Como era o investimento do governo em compra de serviços
terceirizados?
Durante o governo militar, os serviços de saúde eram estruturados
de forma centrada nos hospitais, na fabricação de medicamentos e
na cura de doenças, caracterizando o que chamamos de modelo
hospitalocêntrico curativista. Nesse modelo, a ênfase estava na cura
das doenças, resultando em significativos investimentos na
construção de hospitais, os quais nem toda a população tinha
acesso.
O governo não atribuía importância adequada e relegava a segundo
plano questões importantes, como o cuidado com a população
pobre e trabalhadora que não dispunha de moradia nem de recursos
para uma alimentação adequada. Esses eram problemas
determinantes para as condições de saúde dos cidadãos e
demandavam atenção.
Como a população que não era assalariada ou estava
desempregada obtinha assistência à saúde?
Saiba Mais
Se o governo propusesse uma reforma da Previdência em meados
da década de 1920, não haveria mobilizações, embates, impasses,
polêmica. Pelo menos não na intensidade que se veem hoje. As
mudançassó preocupariam os funcionários das estradas de ferro e
os servidores de uma ou outra repartição pública. Esses eram os
únicos que tinham a aposentadoria garantida por lei. Para saber
mais sobre o tema, leia “Evolução das aposentadorias”.
O seguinte artigo busca compreender como o Golpe Militar
instaurado em 1964 impactou as discussões e as políticas públicas
direcionadas para a universalização da saúde no Brasil. O direito à
saúde no brasil: uma análise dos impactos do golpe militar no
debate sobre universalização da saúde.
Apesar das conquistas alcançadas pelo Sistema Único de Saúde
(SUS), a implantação dos seus princípios e diretrizes ainda não
aconteceu de forma plena. Diante disso, refletiremos ao longo deste
artigo sobre a integralidade e a reorganização tecnológica a partir
das tecnologias leves e da clínica ampliada, não só como diretrizes,
mas como elementos norteadores de uma nova forma de
pensar/fazer saúde. A integralidade da atenção à saúde como
eixo da organização tecnológica nos serviços.
Recomendamos a leitura do seguinte texto que relata a criação do
Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Ele faz parte do
capítulo "Breve História da Saúde Pública no
BrasilROUQUAYROL, M. Z.; SILVA, M. G. C. Rouquayrol:
Epidemiologia & Saúde. O referido conteúdo está disponível na
página 451 e 452 do livro.
Referências Bibliográficas
https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/arquivo-s/primeira-lei-da-previdencia-de-1923-permitia-aposentadoria-aos-50-anos
https://periodicos.ufba.br/index.php/rppgd/article/view/15209
https://periodicos.ufba.br/index.php/rppgd/article/view/15209
https://periodicos.ufba.br/index.php/rppgd/article/view/15209
https://www.scielo.br/j/csc/a/8VxDmKwcrjyknyc5hVj5FNt/
https://www.scielo.br/j/csc/a/8VxDmKwcrjyknyc5hVj5FNt/
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786557830000/pageid/23
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786557830000/pageid/23
CARVALHO, R. B. de; DOS SANTOS, T. O direito à saúde no brasil:
uma análise dos impactos do golpe militar no debate sobre
universalização da saúde / The Right to Health in Brazil : An analysis
of the impact of the military coup in the debate on universalization of
Health. Revista do Programa de Pós-Graduação em Direito, [S.
l.], v. 25, n. 27, 2015. DOI: 10.9771/rppgd.v25i27.15209. Disponível
em: https://periodicos.ufba.br/index.php/rppgd/article/view/15209.
Acesso em: 28 dez. 2023.
COSTA e SILVA, C. M.; MENEGHIM, M. C.; PEREIRA, A. C.;
MIALHE, F. L. Educação em saúde: uma reflexão histórica de suas
práticas. Revista Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 15,
n. 5, p. 2.539-2.550, ago. 2010. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-
81232010000500028&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 14
dez. 2023.
LUZ, M. T. Notas sobre as políticas de saúde no Brasil de
“transição democrática” – anos 80. Physis, Rio de Janeiro, v. 1, n.
1, p. 77-96, 1991. Disponível em:
https://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:rede.virtual.
bibliotecas:artigo.revista:1998;1000547948. Acesso em: 16 dez
2023. [ProQuest Host]
NICZ, L. F. Previdência social no Brasil. In: GONÇALVES, E.
Administração de saúde no Brasil. São Paulo: Pioneira, 1988. p.
163-197. Cap. 3.
PAIM, J.S. Reforma sanitária brasileira: contribuição para a
compreensão e crítica [online]. Salvador: Edufba; Rio de Janeiro:
Fiocruz, 2003. 356 p. ISBN 978-85-7541-359-3. Disponível em:
https://static.scielo.org/scielobooks/4ndgv/pdf/paim-
9788575413593.pdf. Acesso em: 20 dez. 2023.
PAIM, J.S.; ALMEIDA FILHO, N. Saúde Coletiva: teoria e prática. 1.
ed. Rio de Janeiro: MedBook, 2014.
https://periodicos.ufba.br/index.php/rppgd/article/view/15209.
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232010000500028&script=sci_abstract&tlng=pt.
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232010000500028&script=sci_abstract&tlng=pt.
https://static.scielo.org/scielobooks/4ndgv/pdf/paim-9788575413593.pdf.
https://static.scielo.org/scielobooks/4ndgv/pdf/paim-9788575413593.pdf.
ROUQUAYROL, M. Z.; SILVA, M. G. C. Rouquayrol: epidemiologia
& saúde. 8. ed. Rio de Janeiro: Medbook, 2018.
VASCONCELOS J., J. Instituto Nacional de Seguro Social (INSS):
uma análise da "modernização" da previdência social brasileira.
TEDE PUC/ Teses e Dissertações do Programa de Pós-Graduação
da PUC/ Programa de Pós-Graduação em Serviço Social. Porto
Alegre – RS, 1999. Disponível em:
http://tede2.pucrs.br/tede2/browse?
type=author&value=Vasconcelos+Junior%2C+Jorge+Og+deAcesso
em: 18 dez. 2023.
 
Aula 3
O MOVIMENTO PELA
REFORMA SANITÁRIA
O movimento pela Reforma
Sanitária
Seja bem-vindo à disciplina de Saúde Pública!
Esta videoaula explora o desenvolvimento da Reforma Sanitária e a
criação do Sistema Único de Saúde (SUS). O golpe militar de 1964
teve efeitos negativos no Ministério da Saúde, resultando em cortes
orçamentários para a saúde pública. No entanto, a mobilização e a
reivindicação dos trabalhadores foram cruciais para as conquistas
sociais, garantindo parcialmente o direito à saúde e à previdência.
http://tede2.pucrs.br/tede2/browse?type=author&value=Vasconcelos+Junior%2C+Jorge+Og+deAcesso
http://tede2.pucrs.br/tede2/browse?type=author&value=Vasconcelos+Junior%2C+Jorge+Og+deAcesso
Vamos examinar o processo de construção da Reforma Sanitária e a
implementação do Sistema Único de Saúde.
Ponto de Partida
A evolução histórica das políticas de saúde pública no Brasil
caracteriza-se inicialmente pela construção de um Sistema Sanitário
ineficaz e ineficiente no enfrentamento dos problemas de saúde da
população, agindo de acordo com os interesses econômicos de
cada período. Os serviços de saúde estavam organizados por meio
do modelo curativista hospitalocêntrico. O ponto central era ter
hospitais, fabricar remédios e curar doenças. O governo não dava
valor a questões importantes, como cuidar da população pobre e
trabalhadora que não possuía condições de moradia, nem renda
para se alimentar bem. No Brasil não havia uma política de saúde
que considerasse todos os cidadãos igualmente. O direito aos
cuidados médicos era reconhecido apenas aos contribuintes com a
previdência, aqueles trabalhadores de carteira assinada. Essa
situação gerou descontentamento da população, o que
desencadeou a necessidade de mudanças na forma como a saúde
era ofertada para a população. Foi gestado durante muitos anos o
processo de Reforma Sanitária cuja perspectiva fundamental foi a
construção de um Sistema Nacional de Saúde que deveria ser único
para todos os brasileiros.
Vamos Começar!
Na década de 70, no Brasil, não existia uma política de saúde que
contemplasse todos os cidadãos de maneira equitativa. O acesso
aos cuidados médicos era garantido apenas aos contribuintes da
previdência, ou seja, aos trabalhadores formais com carteira
assinada. Essa abordagem excluía parte da população que não se
enquadrava nesse sistema, contribuindo para desigualdades no
acesso aos serviços de saúde.
No Brasil do final dos anos 1970, a saúde era entendida cada vez
mais como uma mercadoria. O setor privado passou a controlar a
prestação de serviços de assistência à saúde individual. Muitas
crianças chegaram a morrer com sarampo e meningite, por
exemplo, na década de 1970. A censura militar não permitia a
divulgação dos números de doenças que aconteciam entre as
crianças. Diante dessa situação, o número de trabalhadores urbanos
aumentava consideravelmente. As ações de saúde pública ficaram
em segundo plano, uma vez que não eram consideradas produtivas
para o crescimento do país.
No final dos anos 1970, surgiu um movimento pela Reforma
Sanitária Brasileira que contestava esse quadro de exclusão e
lutava pela universalização da saúde e pela redemocratização do
país.
Após a crise econômica que resultou na falência do modelo do
regime militar, a situação no Brasil se agravou, principalmente
devido ao descontrole inflacionário, que se manifestou a partir do
final dos anos 70. Nesse contexto, a sociedade mobilizou-se
novamente, demandando liberdade, democracia e eleições diretas
parapresidente da República. O último presidente militar, João
Figueiredo (1979-1985), acelerou o processo de democratização do
país, extinguindo o bipartidarismo imposto pelos militares e criando
partidos políticos. A censura sobre a imprensa foi abolida, os
sindicatos ganharam maior liberdade e autonomia, e as greves
voltaram a ser uma realidade nas cidades brasileiras.
Siga em Frente...
No campo da saúde, o movimento sanitarista foi o precursor da
proposta de construção do Sistema Único de Saúde (SUS). A
reforma sanitária defendia uma série de mudanças essenciais para
a saúde, contando com a participação de diversas representações
sociais, incluindo profissionais da saúde (médicos, enfermeiros,
farmacêuticos, entre outros), intelectuais, partidos políticos de
diferentes correntes ideológicas e movimentos sociais. Ao final da
década de 70, o movimento amadureceu, impulsionado por estudos
acadêmicos e práticos realizados, principalmente, nas faculdades de
Medicina. Nas universidades, a concepção da Medicina passou a
ser mais social, considerando a saúde como um conjunto de fatores
que vão além do bem-estar físico (PAIM, 2003).
Em 1986, ocorreu em Brasília a 8ª Conferência Nacional de Saúde,
que contou com a participação expressiva de trabalhadores,
representantes do governo, usuários e parte dos prestadores de
serviços de saúde. Antecedida por conferências municipais e
estaduais, a 8ª CNS representou um marco na elaboração de
propostas para a reforma do setor de saúde, consolidando a
Reforma Sanitária Brasileira. O seu documento final sistematizou o
processo de construção de um modelo reformador para a saúde,
concebendo-a como resultado das condições relacionadas à
alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho,
transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra, além
do acesso aos serviços de saúde (CUNHA; CUNHA, 1998).
Em 1988, a Assembleia Nacional Constituinte aprovou a nova
Constituição Brasileira, incorporando pela primeira vez uma seção
dedicada à saúde. Essa seção sobre saúde, em grande medida,
incorporou os conceitos e propostas da 8ª Conferência Nacional de
Saúde, refletindo, em essência, a adoção da proposta da Reforma
Sanitária e do Sistema Único de Saúde (SUS). Resultado dos
debates e das diversas propostas relacionadas ao setor de saúde
presentes na Assembleia Nacional Constituinte, a Constituição
Federal de 1988 estabeleceu a criação do SUS, reconhecendo a
saúde como um direito a ser garantido pelo Estado e fundamentado
nos princípios de universalidade, equidade, integralidade,
organização descentralizada, hierarquizada e com participação da
população (COSTA e SILVA et al., 2010).
No que se refere ao processo saúde-doença, é relevante destacar
que a promoção da saúde transcende a esfera das atividades
clínico-assistenciais. Isso implica que o Estado deve proporcionar
não apenas consultas médicas centradas no ambiente hospitalar e
no tratamento de doenças por meio de abordagens curativas. É
fundamental reconhecer que as condições de vida de um indivíduo
desempenham um papel determinante em sua saúde. O cotidiano
pode tanto contribuir para a promoção da saúde quanto para o
surgimento de doenças.
A reforma sanitária propunha um modelo distinto que privilegiava a
saúde coletiva. O indivíduo estava intrinsecamente ligado ao seu
ambiente, sendo este um fator determinante no processo de
adoecer ou manter-se saudável. Adicionalmente, o movimento
sanitário buscava estabelecer um sistema de saúde que atendesse
a toda a população, sem qualquer forma de exclusão.
Vamos Exercitar?
A Constituição de 1988 reconheceu a saúde como um direito de
todos os cidadãos brasileiros. A partir desse marco, buscou-se
estabelecer condições legais para a efetivação de um modelo de
assistência à saúde que fosse universal, um sistema público capaz
de atender a todos os cidadãos, independentemente de sua filiação
profissional ou previdenciária (como no caso de carteira assinada). A
saúde foi proclamada como um direito inalienável do povo brasileiro,
e o Estado assumiu a responsabilidade de garantir esse direito.
O artigo 196 da Constituição Federal do Brasil estabelece o seguinte
princípio: “Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado,
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos, e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção,
proteção e recuperação.”
Esse artigo consagra o princípio da universalidade do direito à
saúde, afirmando que o Estado tem a obrigação de garantir
condições que assegurem o acesso igualitário da população a ações
e serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde, além de
buscar a redução dos riscos de doenças e outros problemas de
saúde.
Saiba Mais
Em aula, Jairnilson Paim, professor da Universidade Federal da
Bahia, analisa a reforma sanitária e a experiência brasileira de
criação do SUS. Trajetória e rumos do SUS.
A Reforma Sanitária Brasileira foi proposta em um período de
significativas transformações e sempre aspirou ser mais do que uma
simples reforma setorial. Desde o seu início, a intenção era que ela
contribuísse para a democracia e a consolidação da cidadania no
país. A Fundação Oswaldo Cruz apresenta um resumo dos eventos
relacionados à Reforma Sanitária.
Saúde Pública ou Saúde Coletiva? Segue uma indicação de
leitura de um artigo sobre o tema.
Foi um evento significativo no contexto da construção do Sistema
Único de Saúde (SUS) no Brasil a Oitava Conferência Nacional de
Saúde: o SUS ganha forma. 
https://pensesus.fiocruz.br/reforma-sanitaria#:~:text=O%20movimento%20da%20Reforma%20Sanit%C3%A1ria,necess%C3%A1rias%20na%20%C3%A1rea%20da%20sa%C3%BAde
http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/judicializacao/pdfs/introducao.pdf
http://www.escoladesaude.pr.gov.br/arquivos/File/saude_publica_4.pdf
https://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/oitava-conferencia-nacional-de-saude-o-sus-ganha-forma
https://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/oitava-conferencia-nacional-de-saude-o-sus-ganha-forma
https://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/oitava-conferencia-nacional-de-saude-o-sus-ganha-forma
Sugestão de leitura sobre a Reforma Sanitária: Saúde coletiva e
reforma sanitária, página 38 do livro: SUS: uma reforma
revolucionária para defender a vida.
Referências Bibliográficas
COSTA e SILVA, C. M.; MENEGHIM, M. C.; PEREIRA, A. C.;
MIALHE, F. L. Educação em saúde: uma reflexão histórica de suas
práticas. Revista Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 15,
n. 5, p. 2.539-2.550, ago. 2010. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-
81232010000500028&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 14
dez. 2023.
CUNHA, J. P. P.; CUNHA, R. E. Sistema Único de Saúde – SUS:
princípios. In: CAMPOS, F. E.; OLIVEIRA JÚNIOR, M.; TONON, L.
M. Cadernos de Saúde. Planejamento e gestão em saúde. Belo
Horizonte: Coopmed, 1998. P. 11-26. Cap. 2. Disponível em:
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/pesquisa/simples/C
UNHA,%20J.%20P.%20P./1010. Acesso em: 23 dez. 2023.
PAIM, J.S. Reforma sanitária brasileira: contribuição para a
compreensão e crítica [online]. Salvador: Edufba; Rio de Janeiro:
Fiocruz, 2003. 356 p. ISBN 978-85-7541-359-3. Disponível em:
https://static.scielo.org/scielobooks/4ndgv/pdf/paim-
9788575413593.pdf. Acesso em: 20 dez. 2023.
PAIM, J.S.; ALMEIDA FILHO, N. Saúde Coletiva: teoria e prática. 1.
ed. Rio de Janeiro: MedBook, 2014.
ROUQUAYROL, M. Z.; SILVA, M. G. C. Rouquayrol: epidemiologia
& saúde / 8. ed. Rio de Janeiro: Medbook, 2018.
 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786559281442/epubcfi/6/30[%3Bvnd.vst.idref%3DSection0006_0008.xhtml]!/4[MIOLO_SUS_22032022_converted]/2[_idContainer051]/2/1:0[%2C8]
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786559281442/epubcfi/6/30[%3Bvnd.vst.idref%3DSection0006_0008.xhtml]!/4[MIOLO_SUS_22032022_converted]/2[_idContainer051]/2/1:0[%2C8]
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232010000500028&script=sci_abstract&tlng=pt.https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232010000500028&script=sci_abstract&tlng=pt.
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/pesquisa/simples/CUNHA,%20J.%20P.%20P./1010.
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/pesquisa/simples/CUNHA,%20J.%20P.%20P./1010.
https://static.scielo.org/scielobooks/4ndgv/pdf/paim-9788575413593.pdf.
https://static.scielo.org/scielobooks/4ndgv/pdf/paim-9788575413593.pdf.
Aula 4
MARCO REGULATÓRIO DA
SAÚDE NO BRASIL:
CONSTITUIÇÃO DE 1988,
TRANSIÇÃO DO INAMPS
PARA O SUS, SUDS E
LEGISLAÇÕES
FUNDAMENTAIS (LEIS
8080/90 E 8142/90
Marco Regulatório da Saúde no
Brasil: Constituição de 1988,
Transição do INAMPS para o SUS,
SUDS e Legislações Fundamentais
(Leis 8080/90 e 8142/90
Olá, seja bem-vindo a mais uma videoaula. Vamos explorar um tema
fundamental para compreender a estrutura do sistema de saúde no
Brasil: o Marco Regulatório da Saúde. A nossa jornada incluirá uma
análise detalhada da Constituição de 1988, os desdobramentos da
transição do INAMPS para o SUS, o papel do SUDS nesse processo
e, claro, as legislações fundamentais que moldam o cenário atual,
como as Leis 8080/90 e 8142/90.
Desejamos a você bons estudos!
Ponto de Partida
Vamos entender como o sistema de saúde foi se organizando,
desde o período do INAMPS até a consolidação do SUS, passando
pelo importante papel desempenhado pelo SUDS.
Além disso, vamos explorar duas legislações fundamentais, as Leis
8080/90 e 8142/90, que são pilares essenciais para o funcionamento
do sistema de saúde no Brasil.
O objetivo é compreender o Marco Regulatório da Saúde.
Vamos Começar!
A Constituição Federal Brasileira de 1988 introduziu o conceito de
Seguridade Social, que engloba ações relacionadas à saúde,
previdência e assistência social. Essas ações devem ser financiadas
pelos Orçamentos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
além de contribuições sociais. No âmbito das políticas sociais, o
Estado é responsável por garantir o direito à educação e à saúde a
todos os cidadãos. Na área da saúde, a Constituição estabeleceu a
criação do Sistema Único de Saúde (SUS), com uma estrutura
descentralizada, hierarquizada e regionalizada, assegurando o
acesso universal. 
O Art. 196 da Constituição Federal define que “A saúde é direito de
todos e dever do Estado...” determinando assim, de maneira clara,
a universalidade da cobertura do Sistema Único de Saúde.
O Parágrafo Único do Art. 198 da Constituição Federal diz: “O
sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com
recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes”.
No final dos anos 1980, surgiu o Sistema Unificado e
Descentralizado de Saúde (SUDS) como uma medida de adaptação
à criação e implementação do Sistema Único de Saúde (SUS). O
SUDS foi estabelecido em 1987, durante a Assembleia Constituinte
que elaborou a Nova Constituição Brasileira.
Podemos considerar o SUDS como uma iniciativa que antecipou a
implementação do SUS, preparando o terreno para a sua criação
após a aprovação da Constituição de 1988. Essencialmente, esse
projeto serviu como um modelo de transição para o SUS, visando
gradualmente transferir a responsabilidade do INAMPS para os
estados e municípios, ou seja, descentralizando ou municipalizando
a gestão dos serviços de saúde.
Foi assim que as propostas do movimento sanitário, que iniciou a
sua caminhada lá nos anos 1970, começaram a ser efetivadas.
Siga em Frente...
A partir de 1990, o INAMPS foi incorporado à estrutura do Ministério
da Saúde. A sua extinção só ocorreu quase três anos após a
promulgação da lei que instituiu o SUS, por meio da Lei n° 8.689,
datada de 27 de julho de 1993. Ao manter o INAMPS, também foram
preservados os seus recursos e a lógica de financiamento e
alocação desses recursos financeiros. Assim, o SUS iniciou as suas
operações na área da assistência à saúde com uma abordagem
universal, utilizando uma instituição originalmente criada para
atender a uma parcela específica da população. O SUDS teve como
principais objetivos: a unificação dos sistemas (Ministério da Saúde
e INAMPS - Ministério da Previdência e Assistência Social) com
consequente universalização da cobertura e a descentralização.
A Lei 8.080/90 institui o Sistema Único de Saúde (SUS), com
comando único em cada esfera de governo, e designa o Ministério
da Saúde como gestor na União. No Capítulo II - Dos Princípios e
Diretrizes, Art. 7º, a lei estabelece a "universalidade de acesso aos
serviços de saúde em todos os níveis de assistência" como um dos
princípios fundamentais do SUS. Essa mudança representa uma
significativa alteração em relação à situação anterior, formalizando a
existência de um Sistema Público de Saúde único e universal no
Brasil.
A Lei 8.080/90, conhecida como Lei Orgânica da Saúde, é uma
legislação fundamental que estabelece as condições para a
organização e o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS)
no Brasil. Promulgada em 19 de setembro de 1990, ela define as
diretrizes para a prestação de serviços de saúde; a formulação e a
execução de políticas de saúde; o controle e avaliação das ações e
serviços de saúde, entre outros aspectos relacionados à saúde
pública no país.
Alguns pontos-chave da Lei 8.080/90 incluem:
Universalidade: garante o acesso amplo, igualitário e sem
discriminação a ações e serviços de saúde para toda a
população.
Integralidade: busca assegurar o conjunto articulado de ações
e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos,
exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade
do sistema.
Equidade: visa à redução das desigualdades no acesso aos
serviços de saúde.
Descentralização: propõe a regionalização e a hierarquização
das ações e serviços de saúde.
Participação da Comunidade: estabelece a participação da
comunidade na gestão do SUS por meio dos Conselhos de
Saúde e das Conferências de Saúde. 
A Lei 8.142 de dezembro de 1990 dispõe sobre a participação da
comunidade na gestão do SUS e sobre as transferências
intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde. Com
relação à participação da 32, a comunidade instituiu, em cada esfera
de governo, a Conferência de Saúde e o Conselho de Saúde.
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um sistema público, nacional e
universal, fundamentado no direito à saúde como cidadania, na
concepção de unicidade e nas diretrizes de descentralização,
integralidade do atendimento e participação da comunidade. A
participação da comunidade é realizada por meio de Conferências
de Saúde, que ocorrem de forma quadrienal em níveis municipal,
estadual e nacional, envolvendo representantes de diversos setores
sociais para avaliar a situação de saúde e propor políticas. Os
Conselhos de Saúde, órgãos permanentes e deliberativos, são
compostos por representantes do governo, prestadores de serviços
e usuários, sendo estes últimos detentores de 50% dos
membros. 
Atuam na formulação de estratégias e controle da execução da
política de saúde em esferas municipais, estaduais e nacional. A
implementação do SUS enfrenta desafios relacionados às
desigualdades no país, particularidades dos problemas de saúde e
características do federalismo brasileiro.
A Lei 8.142/90 complementa a Lei 8.080/90 e trata especificamente
da participação da comunidade na gestão do Sistema Único de
Saúde (SUS) no Brasil. Ambas as leis, conhecidas como Leis
Orgânicas da Saúde, foram promulgadas em setembro de 1990.
Principais pontos da Lei 8.142/90:
Participação Social: estabelece a participação da comunidade
na gestão do SUS, por meio de instâncias colegiadas, como os
Conselhos de Saúde e as Conferências de Saúde.
Conferências de Saúde: determina que as Conferências de
Saúde sejam realizadas em todos os níveis de governo
(municipal, estadual e federal), com representação dos vários
segmentos da sociedade, para avaliar a situação de saúde e
propor diretrizes para as políticas de saúde.
Conselhos de Saúde: institui os Conselhos de Saúde em cada
esferade governo (municipal, estadual e federal), compostos
por representantes do governo, prestadores de serviços,
profissionais de saúde e usuários. Os usuários têm a maioria
dos membros nos conselhos.
Recursos Financeiros: regula a destinação dos recursos
financeiros para a saúde e estabelece critérios para as
transferências intergovernamentais.
A Lei 8.142/90 reforça o caráter participativo do SUS, garantindo a
voz da sociedade na formulação, execução, controle e avaliação das
políticas de saúde. A participação da comunidade, por meio dos
Conselhos e das Conferências, é considerada um elemento
fundamental na construção de um sistema de saúde mais
democrático e alinhado às necessidades da população.
Vamos Exercitar?
O que é saúde?
O conceito de saúde é amplo e pode ter diferentes abordagens
dependendo do contexto, da perspectiva cultural e das definições
adotadas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde
como "um estado de completo bem-estar físico, mental e social e
não apenas a ausência de doença ou enfermidade." 
Essa definição da OMS enfatiza não apenas a ausência de doença,
mas também o bem-estar físico, mental e social. Portanto, a saúde
não é apenas a condição física do corpo, mas também inclui
aspectos emocionais e sociais, refletindo a interconexão entre
diferentes dimensões da vida.
De acordo com o dicionário Aurélio, saúde “é o estado do indivíduo
cujas funções orgânicas, físicas e mentais se encontram em
situação normal”.
Saiba Mais
Deseja explorar mais a fundo as políticas de saúde das décadas de
1970 e 1980? Leia, então, o estudo completo de Jairnilson Silva
Paim. Ações integradas de saúde (AIS): por que não dois passos
atrás.
É essencial compreender o teor das leis para obter informações
mais detalhadas sobre aquelas das quais estamos tratando. Para
consultar as leis mencionadas, acesse os links abaixo: 
Lei 8.080.
Lei 8.142.
Para compreender a organização da forma que o serviço de saúde é
ofertado nos dias dia hoje é importante ler o capítulo “Modelos
Assistenciais em Saúde no Brasil”, página 443, do livro
Epidemiologia e Saúde.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as
condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a
organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá
outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 set.
1990. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csp/v2n2/v2n2a05.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8142.htm
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786557830000/pageid/465
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786557830000/pageid/465
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm. Acesso em: 29
dez. 2023.
BRASIL. Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a
participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde
(SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos
financeiros na área da saúde. Diário Oficial da União, Brasília, DF,
31 dez. 1990. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8142.htm. Acesso em:
Acesso em: 29 dez. 2023.
CARVALHO, R. B. D.; DOS SANTOS, T. O direito à saúde no brasil:
uma análise dos impactos do golpe militar no debate sobre
universalização da saúde / The Right to Health in Brazil: An analysis
of the impact of the military coup in the debate on universalization of
Health. Revista do Programa de Pós-Graduação em Direito, [S.
l.], v. 25, n. 27, 2015. DOI: 10.9771/rppgd.v25i27.15209. Disponível
em: https://periodicos.ufba.br/index.php/rppgd/article/view/15209.
Acesso em: 28 dez. 2023.
FERREIRA, A. B. D. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 5.
ed. Curitiba: Positivo, 2010.
OMS. Organização Mundial da Saúde. (1987). Carta de Otawa para
a promoção e educação para a saúde. Revista de Sanidad y
Higiene Pública, 61, 129-139. 
PAIM, J.S.; ALMEIDA FILHO, N. Saúde Coletiva: teoria e prática. 1.
ed. Rio de Janeiro: MedBook, 2014.
PAIM, J.S. Reforma sanitária brasileira: contribuição para a
compreensão e crítica [online]. Salvador: Edufba; Rio de Janeiro:
Fiocruz, 2003. 356 p. ISBN 978-85-7541-359-3. Disponível em:
https://static.scielo.org/scielobooks/4ndgv/pdf/paim-
9788575413593.pdf. Acesso em: 20 dez. 2023.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8142.htm
https://periodicos.ufba.br/index.php/rppgd/article/view/15209.
https://static.scielo.org/scielobooks/4ndgv/pdf/paim-9788575413593.pdf.
https://static.scielo.org/scielobooks/4ndgv/pdf/paim-9788575413593.pdf.
ROUQUAYROL, M. Z.; SILVA, M. G. C. Rouquayrol: epidemiologia
& saúde. 8. ed. Rio de Janeiro: Medbook, 2018. [MINHA
BIBLIOTECA].
SOUZA, R. R. Construindo o SUS: a lógica do financiamento e o
processo de divisão de responsabilidades entre as esferas de
governo. 2002. Disponível em:
http://www.escoladesaude.pr.gov.br/arquivos/File/saude_publica_4.p
df. Acesso em: 28 dez. 2023.
VASCONCELOS, J.J. Instituto Nacional de Seguro Social (INSS):
uma análise da "modernização" da previdência social brasileira.
TEDE PUC/ Teses e Dissertações do Programa de Pós-Graduação
da PUC/ Programa de Pós-Graduação em Serviço Social. Porto
Alegre – RS, 1999. Disponível em:
http://tede2.pucrs.br/tede2/browse?
type=author&value=Vasconcelos+Junior%2C+Jorge+Og+de.Acesso
em: 18 dez. 2023.
Encerramento da Unidade
A SAÚDE PÚBLICA NO
BRASIL
Videoaula de Encerramento
Olá, estudante! Esta videoaula oferece uma visão abrangente da
evolução histórica da saúde pública no Brasil, desde o Período
Colonial até os dias atuais. Abordamos a criação da previdência
social por meio das Caixas de Aposentadoria e Pensões e Institutos
http://www.escoladesaude.pr.gov.br/arquivos/File/saude_publica_4.pdf.
http://www.escoladesaude.pr.gov.br/arquivos/File/saude_publica_4.pdf.
http://tede2.pucrs.br/tede2/browse?type=author&value=Vasconcelos+Junior%2C+Jorge+Og+de.Acesso
http://tede2.pucrs.br/tede2/browse?type=author&value=Vasconcelos+Junior%2C+Jorge+Og+de.Acesso
de Aposentadoria e Pensões, os impactos do golpe de 1964 e a
formação do Instituto Nacional de Previdência Social. Apesar dos
cortes orçamentários, a mobilização dos trabalhadores garantiu
conquistas sociais na saúde e previdência. 
Ponto de Chegada
A competência da unidade está relacionada ao conteúdo da
videoaula, de forma que busca desenvolver a compreensão do
contexto histórico da saúde pública no Brasil, assim como a
legislação e organização dos serviços de saúde. A videoaula explora
elementos fundamentais para a compreensão da evolução da saúde
pública no país, desde o Período Colonial até os dias de hoje. Ao
abordar a criação da previdência social, os impactos do golpe de
1964 e a formação do Instituto Nacional de Previdência Social
(INPS), ela fornece insights sobre a legislação e estrutura dos
serviços de saúde ao longo do tempo.
A análise do desenvolvimento da Reforma Sanitária Brasileira e a
criação do Sistema Único de Saúde (SUS) também contribuem para
a compreensão da organização dos serviços de saúde. A
abordagem do golpe militar de 1964 e seus efeitos no Ministério da
Saúde, incluindo cortes orçamentários, destaca a importância de
compreender o contexto histórico para apreciar os desafios
enfrentados pelo sistema de saúde.
Além disso, a videoaula examina o processo de construção da
Reforma Sanitária Brasileira, a implementação do SUS, e explora o
Marco Regulatório da Saúde, incluindo a Constituição de 1988 e a
transição do INAMPS para o SUS. As legislações fundamentais,
como as Leis 8080/90 e 8142/90, são discutidas, proporcionando
uma compreensão mais aprofundada da legislação que orienta o
cenário atual da saúde no Brasil.
Portanto, este conteúdo oferece um embasamento histórico e legal
valioso, alinhando-se diretamente com a competência da unidade
em compreender o contexto histórico da saúde pública no Brasil e a
legislação dos serviços de saúde.
É Hora de Praticar!
Laura, uma jovem de dezoito anos, encontrava-se em uma Unidade
Básicade Saúde (UBS), aguardando atendimento, enquanto
expressava descontentamento em relação ao sistema público de
saúde. Durante essa espera, ela teve a oportunidade de dialogar
com Dona Maria, uma mulher de 50 anos, que compartilhou suas
perspectivas sobre a melhoria gradual da situação da saúde no
Brasil. Dona Maria também detalhou as condições do sistema de
saúde quando era jovem. Com base nos ensinamentos desta aula,
qual foi a explicação de Dona Maria para Laura?
Reflita
Como se dava a prestação de assistência à saúde antes da
implementação do Sistema Único de Saúde (SUS)?
Quais foram os fatores que motivaram a população a se mobilizar
em prol do movimento pela reforma sanitária?
Existia algum tipo de controle sobre os recursos financeiros do
Instituto Nacional de Previdência Social (INPS)?
Resolução do estudo de caso
Dona Maria compartilhou com Laura que a organização da
assistência à saúde no Brasil, desde a sua origem, era baseada em
uma abordagem excludente. Não todos os brasileiros tinham o
reconhecimento do direito à saúde; somente aqueles com emprego
formal e contribuições previdenciárias. Com o estabelecimento do
INPS em 1966, o governo optou por favorecer a contratação de
serviços privados, negligenciando a implementação de políticas
sociais de saúde pública. Para o governo, a melhoria da saúde da
população se resumia a investir em hospitais e remédios, seguindo
um modelo curativista hospitalocêntrico.
Dê o play!
Assimile
A saúde pública no Brasil, do Período Pré-colonial até antes da
reforma sanitária.
A trajetória das políticas de saúde no Brasil está intimamente ligada
à evolução política, social e econômica, seguindo a perspectiva do
avanço do capitalismo. Até 1850, as condições de saúde pública
eram precárias, com foco no controle sanitário de navios e portos
para facilitar o comércio exterior. A saúde pública no início do século
20, especialmente no Rio de Janeiro, apresentava condições
caóticas, afetando não apenas a população, mas também o
comércio exterior devido a epidemias, como varíola, malária, febre
amarela e peste. Durante o governo de Rodrigues Alves, Oswaldo
Cruz liderou o Departamento Federal de Saúde Pública,
desempenhando um papel importante no combate a epidemias e
modernização da prática médica.
Oswaldo Cruz buscou reestruturar a Diretoria Geral de Saúde
Pública, integrando registro demográfico, laboratório bacteriológico e
produção de produtos profiláticos. Ao longo do tempo, o modelo
“campanhista” deslocou-se para o combate de endemias rurais,
sendo adotado pela Superintendência de Campanhas de Saúde
Pública e, posteriormente, incorporado à Fundação Nacional de
Saúde.
No início do século XX, as Caixas de Aposentadorias e Pensões
foram criadas no Brasil para atender às demandas dos
trabalhadores urbanos no âmbito previdenciário. A assistência
médica previdenciária ganhou destaque apenas na década de 1950,
com a criação do Ministério da Saúde. Com o golpe militar em 1964,
a saúde pública enfrentou declínio, concentrando esforços na
expansão de serviços médicos privados.
A unificação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs) em
1966, formando o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS),
centralizou recursos nas mãos do Estado. O modelo previdenciário,
com foco na medicina curativa, mostrou fragilidades, resultando em
aumentos nos indicadores de saúde e insuficiência de receitas. A
partir de 1966, a privatização ganhou impulso com a unificação do
INPS, destacando uma abordagem curativa assistencial e a
construção de hospitais com viés para a privatização.
A saúde pública no Brasil, do Período Pré-colonial até antes da
reforma sanitária. 
 
A trajetória das políticas de saúde no Brasil está intimamente ligada
à evolução política, social e econômica, seguindo a perspectiva do
avanço do capitalismo. Até 1850, as condições de saúde pública
eram precárias, com foco no controle sanitário de navios e portos
para facilitar o comércio exterior. A saúde pública no início do século
20, especialmente no Rio de Janeiro, apresentava condições
caóticas, afetando não apenas a população, mas também o
comércio exterior devido a epidemias, como varíola, malária, febre
amarela e peste. Durante o governo de Rodrigues Alves, Oswaldo
Cruz liderou o Departamento Federal de Saúde Pública,
desempenhando um papel importante no combate a epidemias e
modernização da prática médica. 
Oswaldo Cruz buscou reestruturar a Diretoria Geral de Saúde
Pública, integrando registro demográfico, laboratório bacteriológico e
produção de produtos profiláticos. Ao longo do tempo, o modelo
“campanhista” deslocou-se para o combate de endemias rurais,
sendo adotado pela Superintendência de Campanhas de Saúde
Pública e, posteriormente, incorporado à Fundação Nacional de
Saúde. 
No início do século XX, as Caixas de Aposentadorias e Pensões
foram criadas no Brasil para atender às demandas dos
trabalhadores urbanos no âmbito previdenciário. A assistência
médica previdenciária ganhou destaque apenas na década de 1950,
com a criação do Ministério da Saúde. Com o golpe militar em 1964,
a saúde pública enfrentou declínio, concentrando esforços na
expansão de serviços médicos privados. 
A unificação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs) em
1966, formando o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS),
centralizou recursos nas mãos do Estado. O modelo previdenciário,
com foco na medicina curativa, mostrou fragilidades, resultando em
aumentos nos indicadores de saúde e insuficiência de receitas. A
partir de 1966, a privatização ganhou impulso com a unificação do
INPS, destacando uma abordagem curativa assistencial e a
construção de hospitais com viés para a privatização. 
Essa parceria entre iniciativa privada e Estado gerou uma crise no
sistema de saúde, elevando os custos e tornando-o inacessível para
a maioria da população.
Referências
BAPTISTA, T. W.; MACHADO, C.V.; LIMA, L. D. História das
Políticas de Saúde no Brasil: a trajetória do direito à saúde. In:
MATTA, G. C.; PONTES, A. L. D. M. (org.). Políticas de saúde: a
organização e a operacionalização do SUS). Rio de Janeiro:
Fiocruz; Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, 2007. Cap.
1. Disponível em:
http://www6.ensp.fiocruz.br/repositorio/sites/default/files/arquivos/Co
nfigura%C3%A7%C3%A3oInstitucional.pdf. Acesso em: 10 dez.
2023.
BERTOLLI FILHO, C. História da saúde pública no Brasil. São
Paulo: Ática, 1996.
CORREA, C. R. S.; RANGEL, H. A.; SPERANDIO, A. M. G.
Evolução das políticas públicas de saúde no Brasil. In: MARTINS, J.
P. S.; RANGEL, H. D. A. (org.). Campinas no rumo das
comunidades saudáveis. [S.l.]: IPES Editorial, 2004. Cap. 4.
COSTA e SILVA, C. M.; MENEGHIM, M. C.; PEREIRA, A. C.;
MIALHE, F. L. Educação em saúde: uma reflexão histórica de suas
práticas. Revista Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 15,
n. 5, p. 2.539-2.550, ago. 2010. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-
81232010000500028&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 13
dez. 2023.
PAIM, J.S.; ALMEIDA FILHO, N. Saúde Coletiva: teoria e prática. 1.
ed. Rio de Janeiro: MedBook, 2014.
POLIGNANO, M. V. História das políticas de saúde no Brasil:
uma pequena revisão. Disponível em:
www.medicina.ufmg.br/internatorural/arquivos/mimeo23p.pdf.
Acesso em: 14 dez. 2023.
ROUQUAYROL, M. Z.; SILVA, M. G. C. Rouquayrol: epidemiologia
& saúde. 8. ed. Rio de Janeiro: Medbook, 2018.
http://www6.ensp.fiocruz.br/repositorio/sites/default/files/arquivos/Configura%C3%A7%C3%A3oInstitucional.pdf.
http://www6.ensp.fiocruz.br/repositorio/sites/default/files/arquivos/Configura%C3%A7%C3%A3oInstitucional.pdf.
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232010000500028&script=sci_abstract&tlng=pt.
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232010000500028&script=sci_abstract&tlng=pt.

Mais conteúdos dessa disciplina